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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A ÉTICA NA CONTABILIDADE APLICADA NAS EMPRESAS
Por: Arthur Rivera Tavares
Tutor ou orientador
Prof. Ms. Marco A. Larosa
Rio de Janeiro
2002
ii
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A ÉTICA NA CONTABILIDADE APLICADA NAS EMPRESAS
Apresentação de monografia ao Conjunto
Universitário Cândido Mendes como
condição prévia para a conclusão do Curso
de Pós-Graduação “Lato Sensu” em
Finanças e Gestão Corporativa.
Por : Arthur Rivera Tavares.
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus professores, meus
amigos e meus pais que proporcionaram e
incentivaram e me estimularam na
realização do curso.
iv
DEDICATÓRIA
Dedico aos meus pais Arthur e Rose,
minha companheira Claudia que sempre me
estimulou e esteve presente em todos os
momentos, aos meus irmãos Ricardo e
Maristela aos amigos que fiz durante o
período do curso.
v
RESUMO
É um estudo realizado com base nas ações do cotidiano que fala sobre ética e sobre
conduta dentro e fora das empresas, ou seja, em nossa vida pessoal e em nossa vida
profissional.
Um assunto que não deveria, mas consegue gerar muita polêmica e discussão em
torno do fato de ser ético ou não. Agir corretamente não é tão fácil quanto se pensa, e nós
vemos isso com muita clareza nesta pesquisa que vem exemplificar as situações que nos
são propostas e que nos colocam em prova quase a todo o momento, mostrando tudo o que
podemos fazer para tentar agir sempre com ética e dentro das normas de conduta que são
impostas e padronizadas pela sociedade, como atitudes corretas e éticas, tanto para a área
pessoal quanto no campo profissional.
vi
METODOLOGIA
O método escolhido para a pesquisa é o estudo descritivo, com abordagem
qualitativa, tendo como técnica de coleta de dados a análise documental. “Os métodos
qualitativos tendem a produzir idéias em profundidade e holísticos sobre um fenômeno,
porque a coleta de dados tende a ser rica e intensa, focalizando a totalidade do fenômeno”.
Esta abordagem preocupa-se com a compreensão das pessoas e seu ambiente dentro de suas
complexidades; enfatiza o conhecimento da experiência humana, tal como ela é vivida.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................................... 01
CAPÍTULO I.................................................................................................................... 1.Ética e Valores
1.1 Problemas Morais e Éticos 1.2. Desenvolvendo uma Perspectiva Ética
02
CAPÍTULO II................................................................................................................... 2.Conceito de Ética 2.1 Função da Ética
11
CAPÍTULO III................................................................................................................. 3.Risco e Chance na profissão. 3.1. Disposição de Proteger Valores Éticos 3.2 Código de Ética Profissional do Contador 3.3. Papel do Contador na Sociedade 3.4. Prescrição Normativa de Conduta 3.5.Processo de Mudança para a Ética na Empresa
17
CAPÍTULO IV................................................................................................................. 4. Conceitos Relacionados com Dilemas Éticos 4.1 Realçando o Caráter Ético da Empresa 4.2.Atributos de um bom Profissional da contabilidade 4.3.A função do Diretor de Ética
25
CAPÍTULO V..................................................................................................................
5. Estudo de casos 5.1. Escândalos revelam que práticas contábeis fogem das origens 5.2.A falência da Enron
31
CONCLUSÃO.................................................................................................................. 37
REFERÊNCIAS................................................................................................... 38
viii
INTRODUÇÃO
Este estudo trata da ética na contabilidade dentro das empresas e teve como objetivo
mostrar como se lida com dilemas normais do dia a dia, dentro de organizações que se
preocupam com aspectos éticos e outras organizações que tentam demonstra e criar
programas éticos visando alterações nas condutas profissionais.
O assunto ética é complexo, porque envolve atores educacionais, sociais,
econômicos e psicológicos e tem repercussões dentro das organizações que causam
aspectos a sua estrutura.
Apesar de toda esta complexidade ainda são poucos os profissionais que se
interessam por tal tema. Talvez seja, devido a densidade do assunto, ou porque a ética esta
intimamente ligada a resolução de problemas do nosso cotidiano, que determina o modo de
agir profissional.
As pessoas que lidam com a ética muitas vezes entram em conflito com seus
próprios conceitos e valores, atualmente devido a escassez de oportunidades e dificuldades
em solucionar certos problemas rompem limites morais e éticos de conduta.
Procurei mais a diante para melhor entendimento da questão de ética nas
organizações, exemplificar situações recentes envolvendo problemas éticos.
O método escolhido para a pesquisa é o estudo descritivo, com abordagem
qualitativa, tendo como técnica de coleta de dados a análise documental. “Os métodos
qualitativos tendem a produzir idéias em profundidade e holísticos sobre um fenômeno,
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porque a coleta de dados tende a ser rica e intensa, focalizando a totalidade do fenômeno”.
Esta abordagem preocupa-se com a compreensão das pessoas e seu ambiente dentro de suas
complexidades; enfatiza o conhecimento da experiência humana, tal como ela é vivida.
CAPTULO I
1.Ética e Valores
Ao nascer, cada pessoa tem seu próprio “berço”, que lhe serve como primeiras
referências na vida e sobre a vida, e é representado pelo conjunto de condições que o
cercam, entre as quais encontramos: a família à qual pertence; a classe econômica da qual
faz parte àquela família; a raça da qual faz parte, a religião a que pertence; o país onde
nasceu (incluídas as diferenças de cultura, de leis) etc...
Parte dessas condições iniciais seja por esforço individual, seja em virtude de fatos
alheios à vontade das pessoas, pode ser modificada ao longo da existência, enquanto outra
parte lhes acompanhará ao longo de toda sua vida. O que é importante notar é que essas
condições estarão influenciando as pessoas em todos os momentos.
Adicionalmente às condições que a cercam, cada pessoa recebe, desde cedo, um
conjunto de informações a respeito da vida, informações estas que tratam de assuntos
relacionados à sociedade e que abrangem, entre tantas outras, questões ligadas à “justiça
social” entre os homens.
Como é de se esperar, o comportamento das pessoas é fortemente influenciado pelas
condições que cada uma tem a seu redor, da mesma forma que pelas informações adicionais
que recebe pela vida afora. Tal fato ocorre em virtude da visão de vida de cada pessoa estar
totalmente dirigida por aquelas condições e informações.
x
Vale destacar que o comportamento das pessoas não é estável, em face das
modificações sofridas nas condições que acompanham cada pessoa durante a vida. Não é
imutável, também, em virtude da capacidade que cada uma tem de analisar e entender as
informações que lhes são passadas, caso em que pode modificar seus valores e transformar
seu comportamento.
Uma visão clara da diferença entre os valores das pessoas e, em conseqüência, dos
comportamentos pode ser vista naquilo que diz respeito ao atendimento de suas
necessidades no dia a dia.
É próprio do ser humano, e até mesmo imperativo a sua sobrevivência, buscar
satisfazer a uma série de necessidades, tais como: alimentar-se, vestir-se, abrigar-se das
ações da natureza, divertir-se etc... Essas necessidades, ainda que inerentes a todos os seres
humanos têm seu atendimento diretamente atrelado às condições que os cercam em cada
fase da vida.
Na escala de valores de uma família de baixa renda, o valor atribuído às
necessidades básicas, certamente, encontra-se em patamar superior ao do valor atribuído às
necessidades menos imediatas, como o lazer. Esse quadro é diferente quando a escala de
valores é de uma família de alta renda, cujas necessidades básicas já estão, a priori,
totalmente atendidas.
Como é natural, quanto maior o distanciamento verificado entre as condições de
vida das pessoas, certamente será maior a diferença no que se refere ao conjunto de
informações recebido de forma individual, da mesma forma que diferentes serão as
necessidades a que cada uma busca atender de maneira mais imediata, vale dizer, maior
será o distanciamento entre seus valores.
Determinadas sociedades, por exemplo, veneram alguns tipos de animais como se
deuses fossem. Pra esse tipo de sociedade, o valor atribuído ao animal, com certeza, é
xi
superior ao valor atribuído pelo segundo tipo de sociedade, que enxerga aquele animal tão
somente como um simples animal, às vezes, como fonte alternativa de alimento.
Como pode ser percebida, a diferença verificada entre as pessoas e,
conseqüentemente, entre as sociedades, entre as sociedades são traduzidas por pensamentos
e por comportamentos distintos, como regra geral, estando diretamente associadas aos
valores que atribui às coisas e aos fatos.
Essas diferenças, como é de se esperar, provocam o aparecimento de conflitos no
meio da sociedade, uma vez que colocam frente a frente pessoas que buscam atingir
diariamente vários objetivos e que enxergam a vida através de seus próprios valores.
As descobertas principais foram simultaneamente consoladoras e perturbadoras. Os
pontos positivos incluíam:
• Os empregados têm orgulho da empresa. Sentem-se bem com os altos padrões da sua
função e finalidade;
• Os empregados acham que a alta administração leva em conta as necessidades deles a
curto e longo prazos;
• Nenhuma desobediência geral das regras foi localizada pelos grupos representativos;
• Os empregados querem fazer o que é certo;
• A ética é considerada como uma ampliação de valores – “bom senso, certo ou errado, a
maneira como fomos criados”.
Uma característica fundamental de organizações é sua estrutura de tomada de
decisões (Argyris e Schon, 1978; French, 1984; McCoy, 1985). Trabalhando dentro desta
estrutura, membros organizacionais tomam decisões que afetam não somente suas vidas.
mas também as de todos os participantes de uma organização – trabalhadores,
consumidores, investidores, cidadãos e assim por diante. O processo de reflexão ética pode
ajudar a tomar tais decisões, porque possibilita aos decisórios tornarem-se cientes dos
julgamentos de valor e pressuposições que funcionam de forma implícita ao longo do
processo de tomada de decisão.
xii
Você não pode tomar uma decisão à cerca do que fazer – uma decisão sobre
políticas – sem usar julgamentos de valor e fazer pressuposições. Infelizmente, ao fato
desses aspectos do processo de tomada de decisão não serem tão óbvios quanto são os
dados empíricos, eles são freqüentemente ignorados, mesmo quando desempenham um
papel maior na determinação de escolhas do que todos os dados disponíveis. A análise ética
ajuda os decisórios a entender, avaliar e empregar estes elementos do processo.
Descobrir julgamentos de valor e avalia-los pode criar acirrados desacordos em
grupos. Talvez esta seja uma razão das pessoas ignorarem julgamentos de valor como faz a
maioria. De qualquer modo, para que a análise ética realmente funcione em organizações,
nós precisamos aprender como lidar com desacordos. Não ter habilidades para lidar com
desacordos pode resultar numa reflexão ética que realmente impede que um grupo tome
decisões.
Um treinamento na reflexão ética pode assegurar que os decisórios de todos os
níveis tenham as habilidades e ferramentas conceituais necessárias para se engajarem
ativamente no processo total. Devido ao fato da ética ser principalmente um processo,
podemos delinear uma série de passos que vão da formulação de um assunto ou questão à
descoberta da resposta. Por mais que esbocemos o mapa da tomada de decisão, ele não
coincide exatamente com o processo real de interação humana. Entretanto, um mapa pode
ainda nos ajudar, especialmente aqueles que não tenham passado anteriormente por esta
área. De modo que serão apresentadas diversas etapas que pertencem ao processo de
reflexão ética, e você pode usar o formulário e os exercícios em seu próprio treinamento.
O primeiro passo é entender o próprio processo de tomada de decisão como um
processo de escolha. O que isso significa? Significa que tomar decisões em organizações
envolve escolher uma entre várias opções e fazê-lo por algumas razões. Algumas vezes,
uma proposta é a única possível, mas isto raramente coincide com a situação real. Dada
uma interpretação particular da situação e julgamentos de valores e pressuposições em
particular, pode ser necessária uma opção, mas se você mudar estes fatores também mudará
as opções possíveis. Além disto, o sentido da ação moral assume que as pessoas e
xiii
organizações têm possibilidade de escolha. Precisamos estar certos de que conhecemos este
aspecto da perspectiva ética.
1.1 Problemas Morais e Éticos
O fato de as pessoas fazerem parte de uma mesma sociedade não implica que elas
sejam iguais, isto é, que pensem da mesma forma, que acreditem nas mesmas coisas, que
individualmente busquem o mesmo objetivo, que desejem atender às mesmas necessidades
e etc... De modo geral, cada pessoa carrega seus próprios valores e suas próprias crenças. É
natural, portanto, que, adicionalmente à constatação de que cada sociedade tem seus
interesses próprios, cada pessoa, de modo individual, tem seus interesses articulares.
Considerando-se que cada pessoa apresenta suas próprias crenças e seus próprios
valores, buscando alcançar seus interesses particulares, a fim de ver supridas suas
necessidades, é fácil imaginar que ela tenha, da mesma forma, sua maneira própria de
comportar-se.
A perseguição de objetivos diferentes por parte de pessoas que se comportam de
maneira desigual, isto é, a busca de interesses distintos, intra e intersociedades, conduzem
ao surgimento de conflitos de interesses, algumas vezes entre indivíduos, outras entre o
indivíduo e a sociedade, o que significa que em determinados momentos às pessoas
precisam decidir qual interesse atender em primeiro plano, qual comportamento adotar
diante de determinadas situações ou, de outro modo, decidir sobre o que é justo, o que é
certo, o que é errado o que é bom, e o que é ruim.
Tais conflitos de interesses, envolvendo questões sobre o justo, o certo, o errado, o
bom, o ruim, em várias situações, em face do comportamento adotado pelas pessoas,
individualmente ou pelas sociedades como um todo, podem trazer como conseqüência
prejuízos capazes de atingir tanto quem assumiu o comportamento (tomou a decisão) em
defesa de seu próprio interesse, quanto quem teve seu interesse contrariado.
Tome-se, por exemplo, um aluno que procura “colar” de seu colega ao lado, durante
um exame. De tal situação, podemos destacar dói comportamentos distintos do aluno: o
xiv
primeiro, que diz respeito ao fato de o mesmo não se ter preparado adequadamente para o
exame; o segundo, que se refere ao ato de solicitar “cola” ao colega.
O primeiro comportamento, ainda que contrariando o objetivo do professor
(preparar o aluno), traz prejuízo tão-somente para o aluno que não busca uma preparação
adequada. Já o segundo comportamento, que contraria, da mesma forma, o objetivo do
professor (avaliar o grau de preparação do aluno), pode trazer o prejuízo tanto para o aluno
que solicita a “cola”, como para o aluno que passa a mesma, desde que assim o faça.
Como se percebe, ainda que o ser humano seja obrigado a viver em sociedade, tal
convivência nem sempre é pacifica, sendo tão mais difícil quanto maiores forem os
conflitos de interesses nela existentes. Vale lembrar que quanto maior for a distancia
existente entre as condições de vida de cada segmento da sociedade, mais complexa se
torna à solução para tais conflitos.
A questão que se coloca é: o que é direito quando o interesse de determinada pessoa
contraria o de outra, isto é, o que é certo ou errado, bom ou ruim, justo o injusto, para todas
as pessoas?
Todos esses problemas estão presentes em qualquer sociedade, e relacionados com
o comportamento das pessoas, podem ser apontados genericamente como problemas
ligados à ética. A seguir são destacados alguns desses problemas:
• Carro que avança um sinal vermelho;
• Funcionário que aceita um suborno;
• Marginal que realiza um assalto;
• Divórcio de um casal;
• Briga entre torcidas de times adversários;
• Conflito de gangs de rua;
• Proibição a pessoas de determinada raça ou cor de freqüentar um local;
• Guerra entre dois povos etc...
xv
Os problemas citados a seguir incluem a falta de conscientização e mesmo de
interesse pelos assuntos éticos:
• Pouco interesse pela questão da ética empresarial;
• Aceitação de altos administradores como lideres capazes, mas com pouca
conscientização das opiniões dos empregados.
• Os empregados identificam os gerentes de nível médio, vendas, marketing e
pessoal de finanças como os que têm maior probabilidade de aplicar pressões que levam a
pequenas infrações das regras – sendo que a principal entre elas é a necessidade de
conquistar novos clientes e entregar o produto no devido tempo, dentro da programação.
• Os engenheiros confiam em rotinas, contando com o sistema para identificar
qualquer fracasso ou infração de regras.
• Alguns empregados acreditam que seus cargos não envolvem decisões éticas.
• Quase todos os empregados temporários rejeitam a idéia de que desempenham
qualquer papel na conduta ética da empresa.
• A idéia do treinamento ético per se é muitas vezes rejeitada. Alguns julgam-no
desnecessário (confiando, mais uma vez, em sistemas), impossível de ensinar (não há
maneira de resolver todas as contingências) e irrelevante (a empresa não tem problemas
éticos).
1.2. Desenvolvendo uma Perspectiva Ética
A maioria de nós tem acostumado-se com a apresentação de diversas perspectivas.
Por exemplo, durante a cobertura de mídia do terremoto Loma Prieta em 1989 no norte da
Califórnia, ficamos sabendo sobre suas prováveis conseqüências políticas, econômicas e
psicológicas. O mesmo evento foi interpretado de diferentes modos e de perspectivas
diferentes e cada interpretação aumentava nosso entendimento sobre as conseqüências
gerais do terremoto. Outra perspectiva, e a que nos interessa aqui, é a ética. Para se engajar
com êxito em reflexões éticas, nós precisamos de uma perspectiva que trará à luz as
dimensões morais da vida organizacional.
xvi
Uma característica distinta de uma perspectiva é sua linguagem. Quando você
começa a usar uma linguagem especifica, também passa a selecionar aqueles aspectos da
situação que a linguagem designa. Fale como um economista e verá as coisas do ponto de
vista econômico. Fale como um psicólogo e verá as coisas do ponto de vista psicológico.
Alem disso, usar uma linguagem particular o leva a fazer os tipos de perguntas possíveis de
se responder nessa linguagem. A pergunta “Quais são os custos e benefícios?” abre a
possibilidade para respostas econômicas. A pergunta “Quais os níveis de necessidade que
esta política atenderá?” abre a possibilidade para respostas psicológicas.
As perguntas que uma perspectiva ética nos encoraja a fazer trazem a mente
algumas coisas que outras perspectivas passam ao largo. Por exemplo, a questão ética “Eu
estou sendo responsável para com os outros?” pode trazer à tona as obrigações que nos
temos uns para com os outros. É claro, a linguagem de responsabilidade representa apenas à
parte da linguagem ética. A disciplina da ética traz consigo uma rica tradição de
interpretação e diversas abordagens para interpretara conduta humana. Cada abordagem
configura a situação em um padrão especial, permitindo-nos ver algumas coisas que
provavelmente não vimos antes.
Apesar de falar que é necessário um vocabulário especial para adotar uma
perspectiva, isto não é uma garantia de que esta perspectiva seja alcançada. Palavras podem
ser separadas de seu contexto original no mundo e as pessoas podem empregá-las
livremente. Isto acontece o tempo todo.A palavra interface é um bom exemplo. Antes,
interface estava ligada principalmente á informática, mas agora até as pessoas estão
“interfaceando” umas com as outras. Quando as palavras desligam-se de seu contexto
original, rapidamente tornam-se peças separadas do jargão, como se fossem importantes,
mas não nos dizendo muito.
O termo responsável, por exemplo, tem um significado conotativo positivo, mas
pode facilmente tornar-se um mero jargão se não revelar também algo sobre o mundo real.
Qual é o significado denotativo de responsabilidade? Não revela um mundo de ação
humana, de pessoas e organizações tendo poder – a capacidade de responder? Não mostra
xvii
também pessoas como atores que se importam, com as conseqüências de seus atos para
com os outros? A palavra revela um mundo especial e assume um modo particular de olhar
as coisas – uma perspectiva ética.
CAPÍTULO II
O CAMPO DA ÉTICA
2.Conceito de Ética
xviii
Para bem entender o que é ética, cumpre citar alguns conceitos clássicos desse ramo
da filosofia, bem como recordar a origem do termo.
Usada alternadamente com o mesmo significado, a palavra ética e moral tem a
mesma base etimológica: a palavra grega ethos e a palavra latina mores, ambas significando
hábitos e costumes.
A moral, como sinônimo de ética, pode ser conceituada como o conjunto das
normas que em determinado meio, granjeiam a aprovação para o comportamento dos
homens.
A ética, com expressão única do pensamento correto, conduz a idéia da
universidade moral, ou ainda, à forma ideal universal do comportamento humano, expressa
em princípios validos para todo pensamento normal e sadio.
Na verdade, não há agrupamento humano que não obedeça a normas morais,
embora o que pareça natural a uma sociedade não o seja para outra, além do que uma
coletividade pode adotar diferentes normas morais, uma para uso interno e outra para uso
externo.
O termo ética assume diferente significado, conforme o contexto em que os agentes
estão envolvidos. Uma definição particular diz que a ética nos negócios e o estudo da forma
pela qual normas morais e pessoais se aplicam às atividades e aos objetivos da empresa
comercial. Não se trata de um padrão moral separado, mas do estudo de como o contexto
dos negócios cria seus problemas próprios e exclusivos à pessoa moral que atua como um
gerente desse sistema ““.
Outro conceito difundido de ética nos negócios diz que é ético tudo que esta em
conformidade com os princípios de conduta humana; de acordo com o uso comum, os
seguintes termos são mais ou menos sinônimos do ético: moral, bom, certo, justo, honesto.
xix
Este é o caso, por exemplo, do auditor contábil independente, que foi escalado, por
seu gerente de auditoria, para auditar as contas de uma empresa e que tem relações de
parentesco com o presidente dela.
Ao aceitar tarefa, o profissional estará agindo de acordo com sua crença, a de que
ele consegue separar assuntos pessoais dos profissionais e que, portanto, nada há de errado
em auditar as referidas contas.
O comportamento esperado do auditor é de que ele recuse o serviço, em nome do
que a sociedade entende ser o procedimento correto, que é clara desvinculação entre o
executor dos serviços e o presidente da empresa, pois aquele devera um parecer
absolutamente isento sobre a veracidade ou não dos dados contidos nos relatórios
auditados.
O comportamento esperado da empresa, também a luz da ética profissional, será de
que ela substitua o auditor designado. Espera-se, assim, estar comunicando implicitamente
a sociedade que a firma de auditoria age com absoluta retidão de procedimentos e em
conformidade com suas expectativas.
O problema central para a ética tem sido o duplo trabalho de: (1) analisar o
significado e a natureza do elemento normativo moral do comportamento humano, do
pensamento e da linguagem; e (2) avaliar o significado e a natureza do comportamento
humano, apresentando os critérios para justificação das regras e do julgamento do que é
moralmente correto ou errado, bom ou mau (ética normativa).
Constituem-se exemplos de julgamentos normativos:
• um auditor não deve integrar a equipe de trabalho que verifica as contas de um
cliente do qual seja amigo pessoal;
• não se deve sonegar na declaração de imposto de renda;
• vocês fizeram um péssimo investimento;
xx
• a fixação de preços pelo governo é injusta;
• um parlamentar não deve se subscrever emendas ao Orçamento Fiscal de que
alguma forma o beneficiem;
• a Câmara Setorial é um bom foro para discutir preços;
• Toda industria poluente deve adotar as necessárias medidas de segurança quando
da instalação de uma unidade.
Os julgamentos não normativos, Por sua vez, são neutros. Eles descrevem,
nomeiam, definem, reportam e fazem predições a respeito de certo estado de coisas. Por
exemplo:
• Sonegar ou não na declaração do imposto de renda é atitude individual;
• Você teve prejuízo com seu investimento;
• Estas informações não conferem com as do auditor;
• Muitos brasileiros acreditam que a Câmara Setorial é um bom foro para se
discutir preços;
• O relatório final apontou que a empresa deveria ter adotado as necessárias
medidas de segurança quando da instalação de uma filial.
Velasquez escreve que algumas vezes, entretanto alguns julgamentos não
normativos podem ser usados para expressar julgamentos normativos. Exemplifica:
“Quando eu digo (...) ‘seu investimento foi um mal negocio’, eu quis dizer ‘ você fez o
investimento errado’”.
Assim, para se determinar se um julgamento é ou não normativo, deve-se
estabelecer se é meramente descritivo ou se é prescritivo. Julgamentos normativos são
prescritivos, enquanto os julgamentos não normativos são descritivos.
A ética estuda somente os julgamentos que dizem respeito ao que é moralmente
certo ou errado, bom ou mau. Certo, errado, bom e mau são termos aplicados segundo
padrões ou critérios implícitos ou explícitos. O padrão pode ser legal, gramatical ou
estético.
xxi
Exemplificando, o padrão pode ser legal quando se julga como moralmente errado o
ato de dirigir do lado esquerdo da rua porque uma lei estadual proíbe; ou padrão pode ser
gramatical quando se julga como gramaticalmente incorreto terminar frases com
preposições; ou os padrões podem ser estéticos, quando se julga que Vidas secas é
esteticamente bom porque os críticos de leitura assim o consideram.
Mas quando determinado ato é considerado moralmente bom ou mau, os padrões
considerados são de natureza moral. Estes incluem normas especificas e princípios morais
gerais.
As normas morais são padrões de comportamento que proíbem ou sancionam certas
atitudes individuais. Exemplos de normas morais são a proibição do falso testemunho,
roubo, agressão.
Os princípios morais são padrões gerais de comportamento que são usados pra se
avaliar a adequação das políticas das instituições sociais e do comportamento individual.
2.1 Função da Ética
É de se entender que quando ocorrem mudanças no rumo da humanidade ou mesmo
de uma sociedade composta por um agrupamento menor de pessoas, como os habitantes de
um país, tais alterações ocorrem em nível de pessoas. Desse modo, as mudanças no âmbito
de uma sociedade só acontecem caso a maior parte das pessoas que a compõem assumam
novos hábitos de vida.
No plano individual, uma pessoa pode alterar seu comportamento, refletindo essa
mudança em suas ações, independentemente de qualquer mudança ocorrida das demais
pessoas da sociedade.
xxii
• Quando uma pessoa resolve abandonar hábitos com fumar ou beber esta alterando
o curso de sua história.
• Quando uma sociedade inteira muda seus princípios religiosos, como foi o caso do
Irã com a adoção do Islamismo, com a conquista árabe (século xii d.C.), esta alterando o
curso de sua história.
As modificações no modo de agir representam tão somente um aspecto pratico no
cotidiano das pessoas. Como é de se esperar, elas não ocorrem sem razoes que as
sustentem, que representam um aspecto conceitual, relacionado com a justificação de
crenças e valores que cada pessoa tem da vida. Deve ser lembrado, ainda, que o ser
humano, ao mesmo tempo em que se mostra racional, a ponto de refletir sobre sua vida,
modificando o rumo até então dado à mesma, ele carrega uma carga muito grande de
sentimentos que podem conduzi-lo a irracionalidade.
Ambos os fatores, racionalidade e sentimento provocam alterações nas crenças e,
por conseguinte, nos valores que cada pessoa traz consigo. O passo seguinte, portanto, é
representado pela mudança das ações, refletindo um novo comportamento, que pode
apresentar um caráter temporário ou definitivo.
A história atual nos mostra exemplos de alguns presidentes de países democráticos,
todos eleitos pelo voto direto do povo, que em virtude de comportamento antiético
assumido durante o exercício do poder foram obrigados a renunciar, antecipando assim o
final do seu mandato.
A ética quando bem interpretada e adotada como forma de conduta e modo de
convivência em sociedade, faz com que as pessoas passem a agir honestamente, respeitando
os valores e o direito de cada individuo e mesmo políticos se agissem com ética seriam
mais respeitados e lembrados.
xxiii
CAPÍTULO III
COMPORTAMENTO ÉTICO
Em determinada época da história o homem começou a desenvolver estudos
e tomar conhecimento de sua existência e passou a se discutir, o que seriam
procedimentos éticos e como torná-los comum à sociedade fazendo assim
com que fossem padronizados.
3.Risco e Chance na profissão
Ao longo da história, o desenvolvimento do ser humano, qualquer que seja o campo
observado (ciências, artes, tecnologia), tem sido impulsionado por uma busca incessante em
xxiv
atingir dois objetivos: (1) conhecer a si próprio; e (2) suprir suas necessidades. Esses
objetivos continuam vivos até hoje.
À medida que persegue aqueles objetivos, a espécie humana acumula
conhecimentos e desenvolve-se. O progresso do conhecimento humano, notadamente ao
longo do século atual, é algo que desafia a imaginação e que pode ser visto em todos os
campos do conhecimento humano, da medicina a informática, da tecnologia ao lazer.
Muitos foram os fatores que influenciaram o desenvolvimento do conhecimento
humano ao longo da história e, ainda hoje, continuam a influencia-lo. Entre eles, não
poderiam deixar de ser notado o fator especialização.
Se, no inicio, o homem sabia tão pouco sobre si mesmo e sobre a terra em que
habitava (que certamente era possível a um único ser humano ter em mente todo o
conhecimento à época existente), com o passar do tempo essa tarefa se torno impossível. A
cada nova descoberta, mais era preciso descobrir, e o caminho encontrado foi dividir a
missão.
Temos então, nesse contexto, o surgimento de segmentos especializados de
conhecimentos, ou seja, de profissionais especializados, como médicos, contadores,
advogados, atores etc... Cada um deles tem preocupações limitadas por campos específicos
de conhecimentos e destinadas a atender a necessidades também específicas.
Dentro dessas especializações foram surgindo outras novas, cujo objetivo era
explorar campos e necessidades mais especificas.
Ainda que a especialização tenha contribuído e continue a contribuir de maneira
valiosa para o desenvolvimento da espécie humana, no que diz respeito ao comportamento
ético dos profissionais, ela traz consigo algumas particularidades que podem acarretar
prejuízos para a sociedade ou, mais especificamente para quem necessitam de um
especialista.
xxv
No meio contábil, muitas situações podem acontecer e, ainda que não envolvendo o
risco direto de vidas humanas, também são passíveis de discussão.
Como exemplo a situação de uma empresa falida, que a decretação de falência
ocorreu logo após o encerramento do exercício, com a simultânea divulgação das
demonstrações contábeis devidamente acompanhadas do parecer dos auditores
independentes, emitidos sem ressalvas. Será que os auditores independentes observaram
todas as regras determinadas pelos órgãos competentes?
Outra situação seria aquela de uma empresa cujos administradores procuram seguir
corretamente todas as normas fiscais e, de repente, recebe uma autuação do fisco em face
de irregularidades em sua contabilidade. Onde estava o contador? Qual regra deixou de ser
observada?
É certo em qualquer profissional, independentemente de sua especialização, está
sujeito a cometer um erro, ainda que busque a perfeição a todo o momento, este
profissional tem que estar o mais atento possível e se manter fora de qualquer situação que
denigra sua imagem, para isso deve cumprir todas as regras éticas aplicáveis.
Quando uma pessoa necessita da atuação de um profissional especialista em um
determinado ramo de atividade, na maior parte dosa casos fica totalmente dependente
daquele profissional, isto porque não conhece a atividade e, portanto, não consegue avaliar
se seu trabalho está sendo realizado da maneira que se espera.
Esse fato não implica que ele aproveitará todas as oportunidades que se apresentem
para praticar a má ação, até porque, apesar da especialização, os riscos continuam a existir e
nenhum profissional, por mais especializado que seja, não é o único em seu campo de
atuação. Isto quer dizer que sempre haverá alguém capaz de avaliar sua performance. Vale
citar que as profissões têm suas regras próprias a serem seguidas e, portanto, também suas
próprias punições. No caso dos contadores, as penalidades ficam por conta do Conselho
xxvi
Federal de Contabilidade, dos Conselhos Regionais de Contabilidade e da Comissão de
Valores Mobiliários.
Os profissionais de contabilidade têm em seu cotidiano as mesmas chances e riscos
que qualquer integrante da sociedade os quais exercem profissões que estão envolvidas com
os bens e capital de terceiros, ou médicos que estão envolvidas com vidas etc...
3.1. Disposição de Proteger Valores Éticos
Apesar da presença da ética em todas as sociedades, em qualquer delas as situações
nas quais a ética é afrontada surgem com a maior freqüências.
• Todas as companhias terão que cumprir um código formal de ética e conduta nos
negócios.
• O código de ética estabelece os altos valores dos empregados e o padrão pelo qual
eles deverão julgar sua própria conduta e a da companhia.
• Toadas às companhias deveriam ser abertas e estimular os empregados a
comunicar violações do código aos seus superiores, sem receio de punição.
• As companhias têm obrigação de adotar fiscalização escrita de suas atividades,
com o cumprimento das leis federais e denuncia voluntária de violação.
• Assumir responsabilidade pública pelo compromisso destes princípios.
• A ética esta diretamente associada ao bom comportamento.
3.2 Código de Ética Profissional do Contador
Alem de servir como guia a ação moral, o código de ética profissional possibilita
que a profissão de contador declare seu propósito de:
• Cumprir as regras da sociedade; que são consideradas normais para sociedade.
• Servir com lealdade e diligencia; manter em sigilo todo e qualquer documento.
• Respeitar a si mesma; ter respeito à integridade do profissional.
xxvii
O objetivo do código de ética para o contador é habilitar esse profissional e adotar
uma atitude pessoal, de acordo com os princípios éticos conhecidos e aceitos pela
sociedade.
O código de ética profissional do contador contém os princípios éticos aplicáveis a
sua profissão. Tais princípios dizem respeito à:
• Responsabilidade, perante a sociedade, de atuar com esmero e qualidade,
adotando critério livre e imparcial;
• Lealdade, perante o contratante de seus serviços, guardando sigilo profissional e
recusando tarefas que contrariem a moral;
• Responsabilidade para com os deveres da profissão mesma, aprimoramento
técnico, inscrições nos órgãos de classe;
• Preservação da imagem profissional, mantendo-se atualizado em relação às novas
técnicas de trabalho, adotando, igualmente, as mais altas normas profissionais de conduta.
O contador deve contribuir para o desenvolvimento de difusão dos conhecimentos próprios
da profissão. O respeito aos colegas deve ser sempre observado.
O contador deve manter o comportamento social adequado às exigências que lhe faz
a sociedade. Não basta, assim, a preparação técnica, por melhor que ela seja. É preciso
encontrar uma finalidade social superior nos serviços que executa.
Os itens constantes de um código de ética podem ainda ser mais sucintos:
• Seja honesto; relatar sempre a veracidade dos fatos.
• Seja responsável; com documentos e prazos com o cliente.
• Seja eficiente; realizar o trabalho com afinco e correção.
• Seja preparado; estar sempre atualizando os conhecimentos.
• Seja digno; manter sempre uma postura acima de qualquer duvida.
• Seja justo; tomada de decisão independente de quem esteja envolvido.
• Seja bom. Trabalhar em função de um grupo, e para o seu crescimento.
xxviii
Como exemplo prático do que nenhum empregado deve fazer, podemos ter:
• Aceitar qualquer pagamento ou presente direto ou indireto para fazer negócios no
interesse da companhia;
• Pleitear reembolso por despesas que não podem ser plenamente documentadas e
verificadas como uma despesa legítima do negócio;
• Fazer uso dos equipamentos da companhia ou facilidades para fins pessoais;
• Dar a conhecimentos informação confidencial de computador ou outros arquivos para
qualquer pessoa não autorizada a recebê-la;
• Ter interesse em negócio ou organização que possa comprometer o exercício
independente do julgamento, para um melhor interesse da empresa.
3.3. Papel do Contador na Sociedade
O contador desempenha função importante na análise e aperfeiçoamento da ética na
profissão contábil, pois sempre está à volta com dilemas éticos, nos quais deve exercer, na
plenitude de sua soberania, seu papel de profissional independente.
No caso do contador que é solicitado a assinar as demonstrações contábeis com
omissões de informações, ele não só deve abster-se de assinar referidas demonstrações,
como também deve propor soluções alternativas que preservem os interesses da empresa e
o seu próprio, desde que não contrarie os princípios éticos.
Agentes morais são pessoas que podem considerar cursos alternativos de ação e
podem justificar suas escolhas com boas razoes. Adotar uma perspectiva ética frente a
alguém, colegas de trabalho, significa atribuir este poder a eles. A outra implicação do
poder de escolher, é claro, é a responsabilidade pela escolha. Alguns indivíduos podem não
possuir ou até mesmo perder seu poder de escolher, é claro, é a responsabilidade pela
xxix
escolha. Por exemplo, a capacidade diminuída é uma apelação legal que tenta mostrar que
réus no momento de seu ato não podiam distinguir o certo do errado e não tinham
capacidade de escolha. De uma perspectiva ética, a intenção em tais casos é mostrar que
esses indivíduos não deveriam ser vistos como agentes morais.
As condições de flexibilidade dos papéis humanizariam e até acrescentariam humor
ao processo de tomada de decisão, bem como permitiriam um entendimento renovado para
todos.
3.4. Prescrição Normativa de Conduta
Entre os deveres dos contadores para com a sociedade figura o alto padrão de
conduta ética.
• Competência – Manter um nível adequado de competência profissional,
aperfeiçoando-se através de treinamento constate. Adequar-se aos dispositivos legais
pertinentes (leis, regulamentos, instruções, medidas provisórias, código de ética de
profissão). Preparar relatórios claros e completos, com recomendações apropriadas após
cada análise.
• Sigilo – Guardar segredo de toda informação confidencial da empresa. Informar
os subordinados, bem como monitora-los, de forma a manter o sigilo das informações.
Abster-se de usar informações confidenciais em proveito próprio ou para pessoas
relacionadas.
• Integridade – Evitar conflitos de interesse, avisando as partes envolvidas do
conflito potencial. Recusar qualquer presente que possa influenciar suas ações, evitar tomar
qualquer atitude que possa prejudicar a empresa de atingir seus objetivos de forma ética.
Reconhecer e comunicar à administração da empresa qualquer limitação profissional no
exercício da função. Comunicar toda e qualquer informação, julgamento e opinião à
administração da empresa.
• Objetividade – Adotar linguagem clara e objetiva, evidenciar toda informação
relevante que possa influenciar o usuário do relatório financeiro.
xxx
Como acontece com a maioria das grandes empresas, a empresa já instituíra um
conjunto reinado de mecanismos para definir o que era conduta aceitável e garantir o
cumprimento das regras.
Entretanto, por melhores que essas políticas e rotinas pudessem ser, a alta
administração precisava tomar medidas que sinalizassem uma mudança no status que
estimulassem a criação de padrões aprimorados de conduta. Esse esforço para despertar um
compromisso geral na empresa inclui palestras inspiradoras, treinamento e publicação de
material de apoio desenvolvido pela empresa ou por consultorias especializadas.
3.5.Processo de Mudança para a Ética na Empresa
Embora as características sejam obrigatoriamente diferentes entres as organizações
individuais, o método da empresa para aumentar seu compromisso com a conduta ética
proporciona um modelo básico válido para uso geral. Uma vez que a necessária
compreensão sobre como os problemas devem ser tratados e a importância que tem, se
desenvolvem normalmente ao longo do tempo com discussões e experiências, e que a
administração da empresa esteja aberta a fase de adaptação.
O passo seguinte consiste em definir os objetivos do programa ético, formular as
políticas e praticas apropriada. Empresas cometem um erro grave ao copiar programas de
conscientização ética que algumas empresas fazem ou dizem que estão fazendo. O
problema é que considerações de formato, de importância critica, nem sempre são visíveis e
podem ocultadas.
Falar de uma organização como comunidade moral permite reconhecer o
significado moral da interação humana e das relações dentro das organizações. Traz à
mente as ligações ou as relações que unem os membros da comunidade. O tipo e a estrutura
destas ligações podem, certamente diferir entre diferentes comunidades, e os membros
xxxi
podem estar unidos como aliados ou como adversários. Comunidade não significa ausência
de conflitos, o que mantém a comunidade unida serve como fundação para o seu caráter
moral. A questão não é se uma organização é uma comunidade moral, mas sim que tipo de
comunidade moral.
IV. O PROFISSIONAL E O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO
Os profissionais de contabilidade devem ser preparados para o mercado de trabalho
e tudo que este oferece, e isso vale para todas as carreiras, devido às situações que surgem e
as possibilidades de solução desses problemas que estão ligados intimamente a nossos
cotidianos.
4. Conceitos Relacionados com Dilemas Éticos
O profissional de contabilidade enfrenta vários dilemas éticos no cotidiano do
exercício de sua profissão. Tais situações surgem na esfera dos conceitos de dever, justiça,
responsabilidade, consciência e vocação.
O contador encarregado do registro contábil e acompanhamento de uma grande
empresa, por exemplo, pode ter, entre suas responsabilidades profissionais e pessoais que:
• Fazer relatórios gerenciais sobre o desempenho da empresa;
• Saber dos detalhes operacionais de operações financeiras internacionais;
• Ter conhecimento da estrutura das demonstrações contábeis dos paises que
transacionam com a empresa em que trabalha;
xxxii
• Conhecer a conjuntura internacional tendências de migração dos capitais de
variados paises;
• Ter as finanças pessoais controladas, de modo a servir de exemplo na empresa;
Para se desenvolver uma organização responsável, precisamos entender a geração e
o uso do poder, o tipo de justiça que devemos praticar e os direitos individuais que
devemos respeitar. Se um sistema é justo e os direitos são respeitados, os grupos terão o
poder de fazer o que é certo.
Os trabalhadores falam do direito de se organizar, de pagamento igual para trabalho
igual, de igualdade de oportunidade, de justiça, de greve, de treinamento, de processo justo
e de condições de trabalho seguras.
Os investidores falam de direitos a lucros, gerencia efetiva e de responsabilidade
organizacional.
Justiça é a primeira virtude de instituições sociais, como a verdade é do sistema de
pensamento. Não importa que seja econômica, uma teoria deve ser rejeitada se não for
verdadeira da mesma forma leis e instituições, não importa quão eficientes e bem ordenadas
sejam, devem ser reformadas ou abolidas se forem injustas. Reconhecer o significado de
justiça ainda não responde a questão sobre que tipo de justiça as organizações devem
praticar. As organizações não praticam justiça de forma igual. De fato, uma estrutura
organizacional cria uma grande quantidade de desigualdades.
4.1 Realçando o Caráter Ético da Empresa
Quando surge um conflito ético cuja solução não seja viabilizada pelos padrões
presentes no código de ética da classe contábil, o contador deve, com vistas a saná-lo,
discutir a questão com o superior não envolvido, esclarecer conceitualmente a raiz da
duvida na intenção de obter um curso de aça e, se o conflito persistir, é melhor submete-lo a
um órgão representativo de organização.
xxxiii
Ao implantar ou elevar os padrões éticos de conduta na empresa, o alto escalão
algumas dificuldades diferentes, quando comparadas com a situação de administrar um
processo já em andamento. A primeira é a necessidade de mudar o pensamento e o
comportamento interno, em vez de simplesmente preservar hábitos e compromissos de uma
empresa já acostumada a padrões existentes. Os colaboradores desta empresa precisam
entender o que se espera deles e as razoes de novas metas. Tem que receber garantias de
que as mudanças serão de seu melhor interesse, ou que no mínimo não os afetará. E para
isso terão de desenvolver novos hábitos e atitudes.
Pra praticar a reflexão ética nas empresas, precisamos das condições certas e de
algum treinamento. Não precisamos introduzir nada totalmente estranho na vida
organizacional. Nas organizações, as pessoas já usam seus julgamentos de valor e
suposições na tomada de decisões.
A primeira e principal condição para a reflexão ética é a comunidade moral da
organização e a vida moral de seus membros e associados. O modo como as outras pessoas,
o nosso ambiente e nós convivemos constitui nossa vida moral. Nossa moralidade refere-se
a nossos modos característicos de agir e responder a situações e atividades (caráter).
A ética surge da vida moral, depende dela em relação a ela e não obstante tem uma
certa independência. A independência da ética vem do ato de reflexão, de pensar sobre
nossas respostas morais ‘as situações. Pensar sobre a vida profissional moral envolve um
ato de afastamento dela e de torna-la objetivo de pensamento e reflexão.
Embora nossas convicções e respostas morais tragam algo para a reflexão ética, elas
não direcionam completamente as reflexões, nem fornecem tudo que precisamos para
entender as situações ou para descobrir o melhor curso de tomada de decisão
organizacional.
A reflexão ética acontece sempre em contextos específicos e alguns são mais
abertos a reflexão que outros. Algumas estruturas organizacionais assumem que a verdade é
xxxiv
descoberta e revelada através da autoridade ou do dogma, enquanto outras assumem que a
verdade emerge através do dar e receber do debate.
4.2.Atributos de um bom Profissional da contabilidade
Pode-se afirmar que uma das qualidades mais observadas em um profissional de
contabilidade é a honestidade. Saber se ele é fiel à verdade todo o tempo, seria uma garantia
de que as informações sob seu cuidado terão o sigilo preservado. Outros requisitos, no
entanto, são necessários ao bom exercício da contabilidade: competência, produtividade e
sociabilidade.
Através de sua competência, o profissional de contabilidade mostra o quanto pode
ser hábil e sofisticado na produção de informação; através de sua produtividade, ele
consegue otimizar o tempo disponível, de sorte a produzir mais informação; por meio da
sociabilidade, ele mostra como lidar com o cliente e como cruzar a fina linha entre relatar a
verdade e não perder o cliente, acrescido de novas oportunidades na carreira. Para adquirir
uma consciência ética é preciso:
• Acreditar em valores;
• Ter a capacidade de refletir;
• Possuir senso de comunidade.
A capacidade de pensar nos interesses de outras pessoas envolvidas no processo
decisório é de importância crucial para a formação da consciência ética. O reconhecimento
de se receber um ser dependente dos outros ajuda a entender que o procedimento ético é a
regra que deve presidir o relacionamento interpessaoal.
4.3.A função do Diretor de Ética
Administradores graduados que participam da elaboração de programas de ética a
ser implantado nas empresas. Passar o conhecimento de uma nova forma de conduta e
xxxv
normas comportamentais que tem por interesse principal resolver e absorver os problemas
do cotidiano de qualquer estrutura.
O trabalho desses administradores em resolver problemas espinhosos traz uma
poderosa experiência de aprendizagem, nos força a rever o pensamento sobre rotinas em
vigor. As oportunas e bem pesadas respostas da alta administração às preocupações dos
empregados e as questões inesperadas serviram de reforço do anúncio inicial do
compromisso da empresa com a ética nos negócios.
Estabelecer as linhas de comunicação nos negócios entre diretorias de empresas
diferentes e também dentro da empresa com negociações entre diretoria e empregados.
Finalmente a responsabilidade pelo cumprimento e compromisso empresarial
precisa ser transmitida de cima para baixo através das fileiras. Esta delegação de
competência é de importância critica para criar uma força motivadora capaz de saturar toda
a empresa. Os gerentes de linhas operacionais são os que estão em melhor posição para
adotar e adaptar procedimentos relativos a operações especificas.
Embora este método possa parecer simples, e talvez até mesmo fácil, essas
impressões estão longe de ser corretas, como revela a seguinte avaliação dos esforços da
empresa para montar um programa de ética.
Ao encarar as organizações, e especialmente as corporações de negócios, como
agentes morais, assume-se que elas são responsáveis pelo que fazem. Algumas pessoas
gostam, de acreditar que, da mesma forma que crianças pequenas ou animais, as
corporações somente reagem a estímulos externos, por exemplo, opinião publica, condições
de mercado e preferências de do consumidor e realmente não consideram o que é certo ou
errado. Entretanto, isto parece mais uma interpretação do que elas deveriam fazer. Para
pensar acerca disto, precisamos entender o que significa chamá-las de agentes morais.
Conforme afirmado previamente, a função moral envolve a habilidade para considerar
cursos alternativos de ação, de escolher um curso em relação a outro e de justificar a
xxxvi
decisão apelando para padrões apropriados de conduta. Podem as corporações fazer tal
coisa? Esta questão tem causado muito debate e podemos descobrir o que significa falar de
organizações como agentes morais ao examinarmos alguns dos argumentos.
A condição de poder esta relacionada tanto aos participantes quanto ao próprio
processo ético como parte de um sistema organizacional. Para a reflexão ética ser efetiva e
realmente induzir a participação, o próprio processo precisa ser fortalecido, o que por sua
vez fortalece aqueles que se engajam nele. Os poderes podem também ser entendidos como
direitos, e é possível falar dos direitos dos participantes como forma de se determinar os
poderes com os quais foram habilitados. Estes direitos incluem o direito a informação
relevante, o direito de se reunir e o direito de falar livremente, todos os quais podem ser
justificados não somente por regras e relações dentro das organizações, mas também em
termos de direitos humanos básicos. Os direitos necessários para a efetiva reflexão ética
não são extraordinários, mas apenas os direitos comuns de qualquer pessoa. Ao mesmo
tempo, esses direitos precisam ser conhecidos no contexto organizacional. A combinação
de justiça e de direitos permite que possamos entender mais profundamente o significado
de cada um.
xxxvii
CAPÍTULO V
5. Estudo de casos
Exemplo 01:
José trabalha na industria de refrigerante Dálmata há vinte anos. Ele é o gerente de
compras, na atual função há oito anos. O salário de José é de R$ 3000,00. A direção da
empresa esta satisfeita com ele, já que nenhum setor da fabrica tem reclamado da falta de
pecas. Tal presteza no fornecimento é o resultado de uma política de aproximação com os
fornecedores, ele mantém uma amizade pessoal com todos eles, costumando até adquirir
pecas para estoque, quando aqueles estão com dificuldades para faturar.
No natal de 2002, José recebeu duas passagens aéreas para Paris, ida e volta em
vôos em primeira classe. Elas foram presentes de Maria, gerente de vendas da Luminar,
industria de pecas, a principal fornecedora da Dálmata. As passagens foram brindadas para
que ele e esposa descansassem do ano desgastante que terminava. De pronto, José foi até
seu diretor de compras. Salientou que estava indeciso sobre a utilização ou não da
passagem, tendo em vista ser ela um presente de um fornecedor.
Achava ele que, se se aceita, estaria sendo antiético com a empresa. Embora
parabenizasse José pela atenção em comunicar-lhe o fato, o diretor não sabe o que opinar,
pois seu gerente de compras é, parar ele, de absoluta confiança, além do que, não quer
envolver-se em sua vida particular. A opinião do diretor torna-se mais difícil à medida que
a Dálmata não tem um código de ética. Como agir nesta situação?
Conclusão
Uma forma útil e lógica de analisar uma situação com muitas informações é dividi-
la em partes:
xxxviii
• José é o gerente de compras, estando na atual função há oito anos.
A direção da Dálmata incorre em erro de segurança lógica ao manter um
funcionário em uma posição chave, a de gerente de compras, por oito anos. Não existe um
período ideal de permanência em determinada função. Ele varia de empresa para empresa.
Pode-se afirmar, no entanto, quer oito anos é um período demasiado, longo,
proporcionando oportunidades de fraudes.
• Costumando até adquirir pecas para estoque quando aqueles (fornecedores) estão com
dificuldades para faturar.
Agindo por conta própria, Jose imobiliza recursos da empresa para salvaguardar
interesses dos fornecedores, ale’m de incorrer em custos desnecessários de manutenção do
estoque. Tal atitude é nociva à empresa e antiética. Pode-se dizer que a falta de um código
de ética contribuiu para que José agisse daquela forma, pois ele se viu inteiramente livre
para operar segundo padrões que achava correto ou conveniente a seu interesse pessoal.
• No natal de 2002, José recebeu duas passagens aéreas para Paris, presente da gerente de
vendas.
O comportamento amigo de José para com os fornecedores sugestionou o presente.
O valor dele ultrapassa seguramente seu salário de, no mínimo, dois meses. A ausência de
um código profissional favoreceu o relacionamento intimo entre o gerente e os
fornecedores. Além do caráter de José, nada havia que desmarcasse as posições de cada
um. Assim, a direção da empresa é tão responsável quanto José pelo recebimento do
presente.
• De pronto, José foi até seu diretor de compras.
Vê-se, pela informação, que José tomou a atitude correta, que é a de procurar
superior hierárquico em casos de presentes em espécie ou de valor relevante.
• O diretor não sabe o que opinar, pois seu gerente de compras é de absoluta confiança.
xxxix
A direção da empresa não consegue tomar uma posição diante do que acontece. A
falta de um código de ética contribui para a indecisão. Uma atitude racional seria convencer
José a devolver referidas passagens, de forma polida, mas firme.
A empresa deveria iniciar o processo de elaboração de um código de ética. Tal
código iria ajudar seus funcionários a agir em situações como a relatada.
Exemplo 02:
Abel trabalha em um grupo financeiro, ele é contador da Distribuidora de Títulos
Orneia. A empresa de auditoria independente eficiência acaba de ganhar a ocorrência para
auditar o grupo. Abel foi escalado pela Orneia para acompanhar os trabalhos da Eficiência,
providenciando documentos solicitados e esclarecendo procedimentos. Os sócios da
empresa estão em duvida se a presença de um funcionário da instituição auditada, junto a
sua equipe de auditores, pode ser considerada falta de ética.
Conclusão
Do ponto de vista da ética profissional, Abel pode participar dos trabalhos de
auditoria, sem tirar a independência da Eficiência com relação ao grupo financeiro. A
Eficiência usara os serviços do Abel tal qual usaria aqueles de um auditor interno, não se
configurando falta de ética.
Exemplo 03:
A firma de auditoria Clone opera no mercado nacional há vinte e dois anos. Tem
uma ótima reputação, tendo em sua carteira de clientes diversas instituições de médio e
grande porte.
xl
A Clone acaba de fazer uma boa proposta de trabalho para Amanda Silva, controle
de um banco, instituição financeira, cliente da Clone. Os sócios desta empresa de auditoria
questionam-se se é correta a contratação, do ponto de vista ético.
Conclusão
A luz da ética profissional, a Clone será considerada independente, se Amanda
estiver claramente dissociada do banco no período de contratação. A referida profissional
não deverá ter participado dos serviços de auditoria no período em que tiver recebido a
proposta de emprego. Assim, a contratação do controle para o quadro de profissionais da
empresa de auditoria é um ato administrativo normal, cabendo à empresa apenas evidenciar
a separação de Amanda Silva dos serviços de auditoria no período da admissão.
5.1. Escândalos revelam que práticas contábeis fogem das origens
Tudo indica que nos últimos anos temos vivido perigosamente, ao menos do ponto
de vista contábil. A contabilidade, uma disciplina nascida há séculos, reassumiu um
destaque que ninguém poderia esperar. O mundo empresarial se relaciona com o exterior de
diferentes maneiras, e uma delas é através das informações financeiras elaboradas levando
em conta determinados princípios contábeis.
O escândalo da WorldCom surpreende muito mais do que o da Enron, por revelar-se
mais elementar. A fraude na WolrdCom ocorreu porque a empresa registrou como
investimentos( ativo em seu balanço patrimonial) o que eram despesas (demonstrativo de
resultados), o que inflou resultado nos últimos trimestres. Em razão de nos concentrarmos
em variáveis cada vez mais sofisticadas, nos esquecemos de aspectos extremamente
básicos. Há muitas pessoas que encaram a contabilidade como mero registro contábil e, por
isso, como um procedimento mecânico.
O caso da WorldCom mostra bem as relações entre balanço patrimonial e
demonstrativo de resultados, das quais muitos se esquecem ou sequer tem consciência. Não
xli
há duvida de que, no mundo financeiro, o demonstrativo de resultados é mais importante do
que o balanço patrimonial.
No entanto, o demonstrativo de resultados e o balanço estão intimamente
relacionados. Para gerar resultados as empresas necessitam ter ativos, circulantes e fixo,
materiais e intangíveis. Todos esses ativos são financiados com recursos próprios e de
terceiros, que representam o passivo. Mas para que algo esteja no ativo e seja um
verdadeiro ativo empresarial, deve ter a capacidade de gerar recursos. O que aconteceu foi
que o ativo perdeu a capacidade de gerar despesas, como consumo de um recurso,
passando, portanto pela conta de resultados.
Nesse caso da WorldCom ocorreram dois problemas, o primeiro é identificar que o
ativo deixou de ter valor e o outro esta nos caminhos usados para dar baixa de um ativo. O
método normal é contabilizar uma despesa no período em que ela ocorre.
O que acontece é que profissionais mau formados que trabalham em empresas que
não se preocupam com programas de ética, tem certas atitudes que denigrem a categoria e
levam a sociedade e os meios de comunicação a terem visões distorcidas e generalizadas
dos profissionais de contabilidade.
A volta às origens e aos fundamentos passa, por uma melhor instrução contábil, não
tanto de simples aritmética, mas de compreensão da contabilidade.
Se compreendermos os fundamentos talvez nos seja mais fácil compreender uma
realidade cada vez mais complexa.
5.2.A falência da Enron
O fim veio para a Enron quando suas finanças obscuras e suas declarações não
muito diretas assustaram os investidores e a Dynegy. O argumento decisivo surgiu
quando os banqueiros da Dynegy passaram horas analisando um rascunho supostamente
xlii
final do comunicado trimestral da Enron a Securities Exchange Commission - e tiveram
o desprazer de descobrir duas páginas com números diferentes quando a declaração
foi tornada pública.
As dívidas com vencimento no quarto trimestre haviam saltado
de menos de US$ 1 bilhão para US$ 2,8 bilhões. Pior ainda, o dinheiro em caixa -
para o qual a Dynegy havia contribuído recentemente com US$ 1,5 bilhão - havia
encolhido de US$ 3 bilhões para US$ 1,2 bilhões. A Dynegy teve uma reunião de
duas horas com o novo tesoureiro da Enron, que estava no cargo havia duas
semanas, diz uma fonte interna. Ele não tinha idéia da origem daqueles
números.
Devido à manipulação, dos números muitos investidores que sempre mantinham
investimentos pesados na Enron se assustaram com as modificações nos números e
perderam dinheiro acreditando em números falsos o que significa que houve falta de ética
empresarial e a única solução foi abrir falência e aceitar que houve fraude nos números e
que a contabilidade está diretamente ligada ao fato. Empresas do porte da Enron não
mantém um setor de contabilidade dentro da empresa como se fosse mais um setor, mas
sim contratam empresas que prestam o serviço de contabilidade, que emitem todos os
demonstrativos referentes ao período vigente e estas informações no caso da Enron foram
registradas no local errado o que gerou um resultado falso que findou na falência da Enron.
xliii
CONCLUSÃO
Ao longo desta pesquisa, obtém-se com certeza a comprovação da importância da
ética e seus procedimentos básicos dentro de uma empresa, na vida social e no cotidiano. O
convívio dentro de uma sociedade onde não se seguem padrões éticos e morais é bastante
complexo.
Se todos fossem educados desde o inicio de suas vidas seguindo as normas morais
de convivência em sociedade e no ambiente profissional, muitos conflitos seriam evitados.
A ética visa questões morais e de conduta para melhor estabelecer o convívio social
de que tanto depende o ser humano.
Portanto, a ética deveria estar mais presente em nossas vidas e em todos os
momentos, desde o mais formal até os mais prazerosos e descontraídos.
xliv
REFERÊNCIAIS:
AGUILAR, Francis J. A ética nas empresas. Trad. Ruy Jungmann – Rio de Janeiro: Editora
Jorge Zahar, 1996.
BROWN, Marvin T. Ética nos negócios. Trad. Flávio Denny Steffen, Ver. Téc. Luciano
Zajdsznajder – São Paulo: Editora Makron Books, 1993.
LISBOA, Lázaro Plácido. Ética geral e profissional em contabilidade – Direção geral:
Eliseu Marinho – Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis e Financeiras / FIPECAFI.
CONTABILIDADE, Conselho Regional, Código de Ética Profissional do Contabilista:
Resolução CFC n0 803/96, de 10.10.1996. São Paulo.
xlv
GURRIARÁN, RAMÓN, Escândalos revelam que práticas contábeis fogem das origens.
Mensário Brasileiro de Contabilidade, nº 959/960, p. 7-8, jul/ago, 2002.
