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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO ‘‘LATO SENSU ’’ PROJETO A VEZ DO MESTRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS, UMA QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA ? Por: Consuelo Regina da Silva Gomes Orientador Prof. Dr. Francisco Carrera Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO ‘‘LATO SENSU ’’ PROJETO A VEZ DO MESTRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS, UMA QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA ? Por: Consuelo Regina da Silva Gomes Orientador Prof. Dr. Francisco Carrera Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO ‘’LATO SENSU’’ PROJETO A VEZ DO MESTRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL, UMA QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA ?

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para a obtenção do grau de especialista em Educação Ambiental Por: Consuelo Regina da Silva Gomes

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AGRADECIMENTOS Aos bons Professores que passaram pela minha vida.

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DEDICATÓRIA

A três pessoas imprescindíveis em minha trajetória : Altair, Zizinha e Anita ( respectivamente Mãe e Avós in memorian )

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RESUMO

Este estudo pretende demonstrar a importância do uso da Educação Ambiental no âmbito empresarial. Inicia-se com o Capítulo 1, em um breve histórico do surgimento da ‘’temática ambiental’’, concentrando por ordem cronológica e de relevância , os principais fatos e eventos que legitimaram a Educação Ambiental no mundo e no Brasil. No Capítulo 2, é feita uma abordagem das políticas públicas e privadas a respeito do meio ambiente, nas corporações. Do surgimento de novas tecnologias e ferramentas de controle, relacionadas ao conceito de desenvolvimento sustentável ( Sistema de Gerenciamento Ambiental, Norma ISO 14000, Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, Crédito de Carbono e outros ). Finalmente no Capítulo 3, a Educação Ambiental é o veio, que nos conduz a uma reflexão e posterior questionamento a respeito do mundo em que queremos viver. Seus principais conceitos, objetivos, metodologias e afins. No fechamento, um estudo de caso que deu certo.

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METODOLOGIA

O presente estudo se desenvolve, a partir de pesquisas bibliográficas em livros, com assuntos relativos ao tema específico, bem como áreas afins. Relatórios empresariais, documentos de auditorias, revistas especializadas, anais, periódicos e congressos específicos na área de estudo. Entrevistas informais, com gestores responsáveis pela área correlata ao estudo proposto.

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SUMÁRIO

Capa..................................................................................................01 Folha de rosto...................................................................................02 Agradecimentos............................................................................... 03 Dedicatórias..................................................................................... 04 Resumo.............................................................................................05 Metodologia.......................................................................................06 Sumário.............................................................................................07 Introdução..........................................................................................08 Capítulo I Breve Histórico da Educação Ambiental .........................10 1.1 Estudos sobre Meio Ambiente no Brasil..........................10 1.2 Cronologia da Educação Ambiental................................10 1.3 Um Novo Milênio e Políticas Públicas.............................17 1.4 Intercâmbio de saberes ..................................................21 Capítulo II Educação Ambiental nas Corporações...........................23 2.1 A Temática Ambiental,nas Empresas.............................23 2.2 Mudanças de Atitudes ...................................................24 2.3 Ferramentas e Estratégias, relacionadas aos conceitos

de sustentabilidade empresarial ................................... 25 2.3.1 ISO 14000 ......................................................................25 2.3.2 MDL ............................................................................ 26 2.3.3 CDC ............................................................................. 27 2.3.4 Responsabilidade Social .............................................. 28 2.3.5 Balanço Social .............................................................. 29 Capítulo III A Educação Ambiental como Mediadora.......................31 3.1 Princípios da Educaçãp Ambiental .............................. 32 3.2 Objetivos da Educação Ambiental ............................... 33 3.3 Fases do Trabalho em Educação Ambiental ............... 34 3.4 Planejamento ............................................................... 36 3.5 Caso de Sucesso ......................................................... 38

Conclusão .................................................................... 39 Anexo ........................................................................... 40 Bibliografia Consultada .................................................45

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem o propósito de identificar e reunir as propostas relativas de

Educação Ambiental, no âmbito empresarial e sua aplicabilidade efetiva . Bem como

avaliar a sua eficácia, na melhoria da qualidade dos serviços ambientais oferecidos por

estas. Comparar as mudanças de atitudes nas corporações, entre os atores envolvidos

antes e após a implantação das ações de Educação Ambiental.

Evidenciar a necessidade da Educação Ambiental nas instituições e sua significativa

contribuição nos processos de melhor aproveitamento de insumos, otimização do uso

racional de energia, e outras fontes de recursos renováveis. Efetivar o compromisso dos

atores envolvidos em objetivos claros, com planejamento de médio e longo prazo, para

obtenção de resultados positivos, de melhores índices de controles ambientais internos

e externos.

Como evidência, constatar que a Educação Ambiental Empresarial pode e deve ser um

instrumento, na melhoria de qualidade de vida das empresas, de funcionários e seus

clientes; contribuindo na obtenção de maiores lucros efetivos de capital social e

financeiro.

Neste sentido, serão feitos estudos de casos, onde ocorreram mudanças significativas

de conceitos e atitudes nas instituições, em relação a Educação Ambiental.

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"O fato é que geramos padrões de crescimento que se traduzem pela incorporação predatória de recursos naturais no fluxo da renda (incorporação predatória do capital da natureza no fluxo da renda), o que significa descapitalizar a natureza, falando em uma linguagem de economês. E porque ao mesmo tempo ainda geramos poluições, ou seja, tudo se passa como se o sistema de produção atual fosse um sistema de produção de riqueza, que se acompanha da reprodução ampliada da pobreza e da exclusão social a nível da sociedade e pela degradação ambiental. Chamar isso de desenvolvimento é muito difícil." ( Ignacy Sachs )

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CAPÍTULO I Breve Histórico da Educação Ambiental

1.1 Estudos sobre meio ambiente no Brasil Há uma boa defasagem do Brasil em relação a Europa e outros países, nas questões ambientais. Estudos deste gênero apareceram na Europa e nos Estados Unidos no início dos anos 70. Neste período, o tema do desenvolvimento, era raro no debate brasileiro e predominaram estudos “ecológicos” técnicos, redigidos sobretudo por cientistas naturais. A questão ambiental ganhou força,durante o processo de redemocratização, quando muitos militantes de esquerda ,retornavam do exílio trazendo consigo preocupações ecológicas dos novos movimentos sociais europeus. São destes ativistas os primeiros ensaios brasileiros sobre a questão ambiental (por exemplo, Vieira, 1989; Minc, 1986; Gabeira, 1987). Entre as décadas de 80 e 90,predominaram estudos sobre “desenvolvimento sustentável”. Produzida fora das ciências sociais ou nas suas fronteiras, este tipo de literatura,juntou especialistas das ciências naturais e das humanidades - filósofos, geógrafos, demógrafos, biólogos, etc , mantendo o crivo da ideologia política, contrária ao do governo vigente.Sugestões de novos modos de interação entre sociedade e natureza, através de um novo “contrato natural" (Amstalden, 1996) e de um novo modelo decisório para o uso dos recursos naturais (Cavalcanti, 1993; et al., 1995). São escritos orientados pelo ideal normativo de uma sociedade menos consumista e mais igualitária. Parte da literatura assume, ainda hoje, a forma de uma filosofia da "crise ecológica”. São livros de reflexão ética, esotérica e até mesmo religiosa sobre os “ataques” da sociedade contra a natureza, associados a uma crise do padrão ocidental de civilização (Aguiar, 1993; Muller & Hösle, 1996; Assmann, 1996; Leis, 1996, 1997, 1998). A maioria propõe modelos utópicos (Leis & Amato, 1995; Lago, 1982) e uma “ética biocêntrica”, reconciliando humanidade e natureza (Unger, 1992; Leis, 1992, 1998). Na segunda metade dos 90, iniciou-se uma profissionalização, diversificação e especialização dos estudos sobre meio ambiente. Este processo consolidou áreas de estudo no interior das ciências sociais.

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1.2 Cronologia da Educação Ambiental Década de 60 1962 Livro “ Primavera Silenciosa” de Rachel Carson - alertava sobre os efeitos danosos de inúmeras ações humanas sobre o ambiente, como por exemplo o uso de pesticidas. 1968 Nasce o Conselho para Educação Ambiental , no Reino Unido. Neste mesmo ano, surge o Clube de Roma que em 1972, produz o relatório “Os Limites do Crescimento Econômico” que estudou ações para se obter no mundo um equilíbrio global como a redução do consumo tendo em vista determinadas prioridades sociais. Década de70 1970 Entidade relacionada à revista britânica The Ecologist elabora o “Manifesto para Sobrevivência” onde insistiam que um aumento indefinido de demanda não pode ser sustentado por recursos finitos. 1972 Conferência das Nações sobre o Ambiente Humano, Estocolmo. Os principais resultados formais do encontro constituíram a Declaração sobre o Ambiente Humano ou Declaração de Estocolmo que expressa a convicção de que “tanto as gerações presentes como as futuras, tenham reconhecidas como direito fundamental, a vida num ambiente sadio e não degradado”(Tamanes - 1977). Ainda como resultado da Conferência de Estocolmo, neste mesmo ano a ONU criou um organismo denominado Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA, sediado em Nairobi. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul criou o primeiro curso de pós-graduação em Ecologia do país. 1975

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12Em resposta às recomendações da Conferência de Estocolmo, A UNESCO promoveu em Belgrado (Iugoslávia) um Encontro Internacional em Educação Ambiental onde criou o Programa Internacional de Educação Ambiental - PIEA que formulou os seguintes princípios orientadores : a Educação Ambiental deve ser continuada, multidisciplinar, integrada às diferenças regionais e voltada para os interesses nacionais. A Carta de Belgrado - constitui um dos documentos mais lúcidos e importantes gerados nesta década. Fala sobre a satisfação das necessidades e desejos de todos os cidadãos da Terra. Propõe temas que falam que a erradicação das causas básicas da pobreza como a fome, o analfabetismo, a poluição, a exploração e dominação, devam ser tratados em conjunto. Nenhuma nação deve se desenvolver as custas de outra nação, havendo necessidade de uma ética global. A reforma dos processos e sistemas educacionais é central para a constatação dessa nova ética de desenvolvimento. A juventude deve receber um novo tipo de educação que requer um novo e produtivo relacionamento entre estudantes e professores, entre escolas e comunidade, entre o sistema educacional e sociedade. Finaliza com a proposta para um programa mundial de Educação Ambiental. 1976 Criação dos cursos de pós-graduação em Ecologia nas Universidades do Amazonas, Brasília, Campinas, São Carlos e o Instituto Nacional de Pesquisas Aéreas - INPA em São José dos Campos. 1977 Realizada a Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental em Tbilisi (ex- URSS) organizada pela UNESCO com a colaboração do PNUMA. Foi o ponto culminante da primeira fase do Programa Internacional de Educação Ambiental, iniciado em 1975. Definiu-se os objetivos, as características da EA, assim como as estratégias pertinentes no plano nacional e internacional. No Brasil, o Conselho Federal de Educação tornou obrigatória a disciplina Ciências Ambientais em cursos universitários de Engenharia. 1978 Os cursos de Engenharia Sanitária já inseriam as matérias de Saneamento Básico e Saneamento Ambiental. 1979 Realização do Seminário de Educação Ambiental para América Latina realizado pela UNESCO e PNUMA na Costa Rica. O departamento do Ensino Médio/MEC e a CETESB publicam o documento “Ecologia - Uma proposta para o Ensino de 1º e 2º graus”.

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13 Década de 80 1985 Parecer 819/85 do MEC reforça a necessidade da inclusão de conteúdos ecológicos ao longo do processo de formação do ensino de 1º e 2º graus, integrados a todas as áreas do conhecimento de forma sistematizada e progressiva, possibilitando a “formação da consciência ecológica do futuro cidadão”. 1987 Estratégia Internacional de ação em matéria de educação e formação ambiental para o decênio de 90 - documento final do Congresso Internacional sobre Educação e Formação Relativas ao Meio-ambiente, realizado em 1987 em Moscou, Rússia, promovido pela UNESCO. Ressalta a importância da formação de recursos humanos nas áreas formais e não formais da EA e na inclusão da dimensão ambiental nos currículos de todos os níveis. O Plenário do Conselho Federal de Educação aprovou por unanimidade, a conclusão da Câmara de Ensino a respeito do parecer 226/87 que considerava necessária a inclusão da Educação Ambiental dentre os conteúdos a serem explorados nas propostas curriculares das escolas de 1º e 2º graus, bem como sugeria a criação de Centros de Educação Ambiental. A UNESCO/PNUMA realizou em Moscou o Congresso Nacional sobre Educação e Formação Ambientais - UNESCO/PNUMA onde foram analisadas as conquistas e dificuldades na área de EA desde a conferência de Tbilisi e discutido uma estratégia internacional de ação em educação e formação ambientais para a década de 90. 1988 Constituição da República Federativa do Brasil dedicou o Capítulo VI ao Meio Ambiente e no Art. 225, Inciso VI, determina ao “ Poder Público, promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino...”. Realização do Primeiro Congresso Brasileiro de Educação Ambiental no Rio Grande do Sul. Realização do Primeiro Fórum de Educação Ambiental promovido pela CECAE/USP, que mais tarde foi assumido pela Rede Brasileira de Educação Ambiental. 1989 Realização da 3º Conferência Internacional sobre Educação Ambiental para as Escolas de 2º Grau com o tema Tecnologia e Meio Ambiente, em Illinois/USA. Década de 90

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14 1990 A Declaração Mundial sobre Educação para Todos: Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem, aprovada na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em Jontien, Tailândia, de 5 a 9 de março de 1990, reitera: “confere aos membros de uma sociedade a possibilidade e, ao mesmo tempo, a responsabilidade de respeitar e desenvolver a sua herança cultural, lingüística e espiritual, de promover a educação de outros, de defender a causa da justiça social, de proteger o meio ambiente....” 1991 Portaria 678/91 do MEC, determinou que a educação escolar deveria contemplar a Educação Ambiental permeando todo o currículo dos diferentes níveis e modalidades de ensino. Foi enfatizada a necessidade de investir na capacitação de professores. Portaria 2421 /91 do MEC, institui em caráter permanente um Grupo de Trabalho de EA com o objetivo de definir com as Secretarias Estaduais de Educação, as metas e estratégias para a implantação da EA no país e elaborar proposta de atuação do MEC na área da educação formal e não-formal para a Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Encontro Nacional de Políticas e Metodologias para a Educação Ambiental, promovido pelo MEC e SEMA com apoio da UNESCO/Embaixada do Canadá em Brasília, com a finalidade de discutir diretrizes para definição da Política da EA. 1992 Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, RIO -92. O MEC promoveu em Jacarepaguá um workshop com o objetivo de socializar os resultados das experiências nacionais e internacionais de EA, discutir metodologias e currículos. Do encontro resultou a Carta Brasileira para a Educação Ambiental. 1993 Portaria 773/93 do MEC, institui em caráter permanente um Grupo de Trabalho para EA com objetivo de coordenar, apoiar, acompanhar, avaliar e orientar as ações, metas e estratégias para a implementação da EA nos sistemas de ensino em todos os níveis e modalidades - concretizando as recomendações aprovadas na RIO 92. 1994 Proposta do Programa Nacional de Educação Ambiental - PRONEA, elaborada pelo MEC/MMA/MINC/MCT com o objetivo de “capacitar o sistema de educação formal e não-formal, supletivo e profissionalizante, em seus diversos níveis e modalidades.”

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15 1995 Foi criada a Câmara Técnica temporária de Educação Ambiental no Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA, determinante para o fortalecimento da Educação Ambiental. 1996 Lei nº 9.276/96 que estabelece o Plano Plurianual do Governo 1996/1999, define como principais objetivos da área de Meio Ambiente a “promoção da Educação Ambiental, através da divulgação e uso de conhecimentos sobre tecnologias de gestão sustentável dos recursos naturais”, procurando garantir a implementação do PRONEA. A Coordenação de Educação Ambiental promove 3 cursos de Capacitação de Multiplicadores em Educação Ambiental - apoio do Acordo BRASIL/UNESCO, a fim de preparar técnicos das Secretarias Estaduais de Educação, Delegacias Regionais de Educação do MEC e algumas Universidades Federais, para atuarem no processo de inserção da Educação Ambiental no currículo escolar. 1997 Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Consciência Pública para a Sustentabilidade – Thessaloniki,1997 onde houve o reconhecimento que, passados cinco anos da Conferência Rio-92 , o desenvolvimento da EA foi insuficiente. Entretanto esse encontro foi beneficiado pelos numerosos encontros internacionais realizados em 1997, na Índia, Tailândia, México , Cuba, Brasil, Grécia entre outras. O Brasil apresentou o documento “Declaração de Brasília para a Educação Ambiental”, consolidado após a I conferência Nacional de Educação Ambiental – CNIA. Reconhece que a visão de educação e consciência pública foi enriquecida e reforçada pelas conferências internacionais e que os planos de ação dessas conferencias devem ser implementados pelos governos nacionais, sociedade civil (incluindo ONGs, empresas e a comunidade educacional), a ONU e outras organizações internacionais. Elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs com o tema “Convívio Social, Ética e Meio Ambiente”, onde a dimensão ambiental é inserida como um tema transversal nos currículos do Ensino Fundamental. A Coordenação de Educação Ambiental do MEC promove 7 Cursos de capacitação de Multiplicadores e 5 Teleconferências. 1998 A Coordenação de Educação Ambiental do MEC promove 8 Cursos de Capacitação de Multiplicadores, 5 teleconferências, 2 Seminários Nacionais e produz 10 vídeos para serem exibidos pela TV Escola. Ao final deste ano, a Coordenação de Educação Ambiental é inserida na Secretaria de Ensino Fundamental - SEF no MEC, após reforma administrativa.

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16 1999 Promulgada a Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999 que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, a que deverá ser regulamentada após as discussões na Câmara Técnica Temporária de Educação Ambiental no CONAMA. Portaria 1648/99 do MEC cria o Grupo de Trabalho com representantes de todas as suas Secretarias para discutir a regulamentação da Lei nº 9795/99 . O MEC propõe o Programa PCNs em Ação atendendo às solicitações dos Estados. Meio Ambiente, uns dos temas transversais, será trabalhado no ano 2000.

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17 1.3 Um Novo Milênio e Políticas Públicas 2000 Relatório do programa Avança Brasil, do Governo Federal, cita um grande número de eventos relacionados à área ambiental em 2000, tais como Ecolatina (Belo Horizonte/MG), e a realização de novas teleconferências de EA. Em 14 de março, é lançada a nova Carta da Terra em Paris (França). A primeira versão fora aprovada, em 1992, na Rio-92. Essa nova versão envolveu oito anos de discussões em 46 países de todos os continentes, somando mais de 100 mil pessoas, das mais variadas procedências. O documento torna-se uma das referências internacionais para a EA, ao lado do Tratado de EA para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, e do Manifesto pela Vida. No mesmo mês, é apresentado um relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Unesco, revelando que o Brasil tem a quarta pior remuneração aos docentes, entre 45 países estudados. Também em março, a Oficina de trabalho Panorama da EA no Ensino Fundamental da COEA/MEC reúne em Brasília 13 especialistas, para discutirem o desenvolvimento da EA no ensino formal no país e formas para garantir sua inserção como política pública no meio escolar. O resultado é apresentado na publicação ‘Panorama da Educação Ambiental no Ensino Fundamental’, publicado pela COEA. Igualmente em março, a Câmara Técnica de EA do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CT-EA Conama), até então temporária, torna-se permanente, como parte de um processo de reestruturação desse conselho. Com a Lei da PNEA promulgada, torna-se o centro de negociações para sua regulamentação. Em maio, o sítio eletrônico do MMA passa a disponibilizar uma seção de EA, na qual, passa abrigar, em julho, a EA Latina, lista de discussão, criada em 1996 no Rio de Janeiro por biólogas/os ambientalistas. No mesmo ano, a COEA/MEC inaugura uma página na internet, onde disponibiliza suas principais publicações, além de criar um boletim eletrônico semanal sobre EA. Em 17 de julho, é criada a Agência Nacional de Água, por meio da Lei 9.984/00. Com isso, consolidam-se as mudanças institucionais nesse setor, geradas pela Lei das Águas. Em 18 de julho, é sancionada a Lei 9.985/00, que cria o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc). Em 21 de julho, a Lei 9.989/00, que institui o Plano Plurianual 2000-2003 (PPA 2000-2003) inclui a EA. Prevê, por exemplo, recursos para que o MMA desenvolva um banco de dados sobre EA, o que permitirá a estruturação de um Sistema de Informações Brasileiro sobre EA (Sibea). Logo, o Programa Nacional de EA (PRONEA) entrará no Programa Avança Brasil, que reúne as principais ações do PPA 2000-2003. 2001

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18 Em 9 de janeiro, é sancionada a Lei 10.172/01, que institui o Plano Nacional de Educação 2001-2010. O texto recomenda o desenvolvimento da EA no meio escolar como prática educativa integrada, contínua, permanente e transversal.

2002 Em março, o Ibama o setor de EA ganha o status de Coordenação Geral de EA (CGEAM/Ibama). Uma das primeiras ações como tal é estruturar o Curso de Formação dos novos Analistas Ambientais, visando o Edital do 1º Concurso Público do Ibama nessa área. Outro desafio é trabalhar, por meio da NEA/RJ, com o Conselho Consultivo do Parque Nacional da Restinga do Jurubatiba (RJ) e o Instituto Brasileiro de Análises Econômicas e Sociais (Ibase), em um projeto piloto em educação e gestão participativa de conservação desse Parque Nacional.Em 25 de junho, após três anos de debates, é promulgado o Decreto Federal 4.281/02, que regulamenta a Lei 9.795/99, da Política Nacional de EA (PNEA).

Decreto Nº 4.281, de 25 de junho de 2002

Regulamenta a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, e dá outras providências.

2003 Em janeiro, o novo presidente da República empossa a seringueira Marina Silva, na pasta do Meio Ambiente, e Cristovam Buarque na da Educação. As nomeações refletem-se na estruturação da EA nos ministérios: Marcos Sorrentino é nomeado na DEA/MMA e Laura Duarte será nomeada em julho na Coordenação Geral de Educação Ambiental (CGE-A/MEC), que substitui a antiga COEA/MEC. Entre 02 e 06 de junho, ocorre o IV Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental (IV Ibero), em Havana (Cuba) e o evento paralelo, II Simpósio de Países Ibero-americanos sobre Políticas e Estratégias Nacionais de EA. Neste, indica-se Foro de Ministros de Meio Ambiente da América Latina e Caribe como instância para implementar um programa para a Aliança Latino-americana e Caribenha de Educação para o Ambiente e o Desenvolvimento Sustentável. O escritório regional do Caribe e América Latina do Programa da ONU para o Meio Ambiente (Orpalc/Pnuma) é indicado

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19para elaborar o documento executivo a ser discutido XIV Reunião do Foro, em novembro.

2004 Em 22 de fevereiro, entra em vigor no Brasil o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, que rege a transferência, manejo e uso de organismos vivos modificados (OGMs), mais conhecidos como transgênicos, propondo transparência nos processos e medidas se segurança para produtores, indústrias e consumidores. Primeiro acordo firmado no âmbito da Convenção da Diversidade Biológica, subscrita em 1992 durante a Rio-92, esse protocolo foi oficialmente proposto em janeiro de 2000 em Montreal, Canadá, e já tinha entrado em vigor internacionalmente em 11 de setembro de 2003.

2005 Começa em 2005, a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (DEDS), conforme definido pela Resolução 254, da Assembléia Geral da ONU. Mas os debates em torno da dicotomia “EA x EDS” não se encerra. Não é a única novidade do ano, que também é o primeiro de uma Década Brasileira da Água, assim definida a partir de proposta da Câmara Técnica de Educação, Capacitação, Mobilização Social e Informação em Recursos Hídricos do CNRH.

2006 Em 22 de fevereiro, o II Encontro do Plano Andino-Amazônico de Comunicação e EA (Panacea), em Iquitos (Peru), reúne representantes dos sete países andino-amazônicos, da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), do GTZ Rio Negro, na Amazônia brasileira. Em setembro, o II Encontro da Juventude pelo Meio Ambiente, em Luiziania (GO), reúne 200 jovens de 15 a 19 anos de idade, de todo país. Na ocasião, acontece o primeiro módulo da formação presencial – previsto pelo recém lançado Programa Juventude e Meio Ambiente e abordando os temas que são os do encontro: EA, educomunicação, fortalecimento organizacional, empreendedorismo e participação política. Criado em parceria com a Rede da Juventude pelo Meio Ambiente (Rejuma), o novo programa planeja o biênio 2005-2006 para consolidar a participação nos 27 Coletivos Jovens estaduais, incentivar a criação de CJs municipais, fortalecer a Rejuma, e formar 100 jovens. Em outubro é Lançado Edital 005/2005 do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA/MMA) para formação de coletivos educadores para territórios sustentáveis. Ele deriva de parceria entre quatro ministérios: do Meio Ambiente, da Educação, da Integração Nacional, e do Desenvolvimento Agrário. Entre 13 e 17 de março, a 3ª Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança (MOP3) em Curitiba (PR), promovido pela ONU, discute o andamento da implementação desse protocolo internacional que regulamenta a Convenção da Diversidade Biológica no quesito dos organismos geneticamente modificados.

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20 Entre 20 e 31 de março o movimento se amplia em Curitiba, com a realização da 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8), também promovida pela ONU, que discute como “tirar do papel” esse, que é o principal tratado internacional para a conservação das espécies, definido durante a Rio 92, e subscrito por 188 países. Há 236 eventos paralelos, mais de 4 mil pessoas, e muitos temas polêmicos a discutir. De 05 a 08 de abril, Joinville (SC) abriga o V Congresso Ibero-americano de EA (V Ibero) que, pela primeira vez, tem o Brasil como país anfitrião e o português como um dos idiomas oficiais, ao lado do espanhol. São mais de cinco mil participantes, dos quais 300 de outros países, e um grande número de atividades: dezenas de palestras, mais de 1,5 mil trabalhos apresentados (pôsteres e comunicações orais), cursos, oficinas e mais de 20 grupos de trabalho, além dos eventos paralelos. A plenária final define pela atualidade do Tratado de EA para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Social, e pela importância de uma disciplina de EA em cursos superiores, para a formação de professores. Crescem, em 2006, as pesquisas sobre a EA desenvolvidas no ensino superior. Uma delas é o “Mapeamento da EA em Instituições de Ensino Superior: Elementos para políticas públicas”, desenvolvida pela Rupea, como GT Programas Universitários da Rebea e apoio da CGEA/MEC, avalia a prática de EA a partir de 22 instituições de ensino superior (IES), constatando uma grande diversidade. Na Fundação Santo André, o professor Luiz Afonso Vaz Figueiredo orienta um trabalho que localiza 521 dissertações e teses sobre EA desenvolvidas no país pelas IES. Com outra base de dados, Leonir Lorenzetti (UFSC) e Demétrio Delizoicov (UnC-Caçador/SC) encontram 736 dissertações e 74 doutorados, desenvolvidos entre 1981 e 2003. Também em 2006, são divulgados os resultados da pesquisa ‘O que fazem as Escolas que dizem que fazem EA?’, que busca complementar os dados dos Censos Escolares do INEP de 2001 a 2004. Realizada pela CGEA/MEC, INEP, Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd) e cinco universidades, ela demonstra, por exemplo, que cerca de dois terços das escolas (66%) ainda exerce a EA por meio de projetos, não necessariamente integrados às demais propostas didáticas .

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1.4 Intercâmbio de saberes 2007 Em janeiro, dando continuidade à Cooperação Brasil Angola no campo da EA, chega uma missão angolana ao Brasil com o objetivo de conhecer as atividades de EA no país e concluir a primeira versão do texto do ProNEA-Angola. Vale saber que, daí a seis meses, em julho, o governo angolano solicitará a renovação desse acordo. É o momento em que o MMA começa a discutir cooperação nos mesmos moldes, para a criação de um programa de EA em Moçambique. Também em janeiro, a publicação de um edital para licitação das obras de transposição do rio São Francisco reacende polêmicas em torno da iniciativa, que divide opiniões entre quem aposta em futuros negócios gerados pela transposição, e quem antevê os problemas econômicos, sociais e ambientais, historicamente afetado pela degradação socioambiental. Em fevereiro, a apresentação da primeira parte do quarto relatório do Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC), da ONU, sobre o estado da arte das mudanças climáticas, em Paris (França), conclui - com 90% de certeza que as atividades do ser humano contribuem para o fenômeno do aquecimento global. A repercussão mundial é intensa. Em abril é relançado o Sistema Brasileiro de Informações sobre Educação Ambiental (Sibea) Redesenhado pelo DE-A/MMA com o Instituto Stela, surge como ferramenta pública do OG-PNEA acoplada à plataforma Lattes, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que reúne currículos de especialistas e pesquisadoras/es de todo o país, e gera sinopses também sobre instituições do ramo e materiais didáticos. Em julho, ocorrem as reuniões de articulação para a III Conferência Nacional do Meio Ambiente (III CNMA). Define-se a data (2008) e o tema “Mudanças Climáticas”. Caberá às plenárias estaduais detalhar o formato, como por exemplo a definição de que a EA entrará no Eixo IV, “Educação e Cidadania Ambiental” . Na mesma época, também ocorre a articulação da III Conferência Nacional Infanto-juvenil pelo Meio Ambiente. Escolhe-se um tema central associado – “Mudanças Ambientais Globais” – e os preparativos incluem a produção de material didático de apoio, para distribuição às 52 mil escolas de Ensino Fundamental no país. Em julho, é lançada a consulta pública para o Sistema Nacional de EA (Sisnea), idealizado como um sistema capaz de integrar e coordenar as relações de gestão e formação em EA, contribuindo para encadear as ações ambientais com as educacionais – tradicionalmente separadas – mas respeitando características de cada setor e cada região, A apresentação ocorre em Salvador (BA), durante dois eventos simultâneos: o Encontro Nacional de Gestores Estaduais de EA e a 8ª Reunião Ordinária do Comitê Assessor do Órgão Gestor da PNEA, quando também é apresentada a primeira versão

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22da proposta. A previsão é de garantir dois eventos, como foros de debate da consulta pública: a III CNMA e o VI Fórum Brasileiro de EA. Em 28 de agosto, é sancionada a Lei 11.516/07, mais conhecida como lei de conversão da MP 366/07. Ela confirma o conteúdo da MP, mas prevê a realização de programas de EA, entre as funções do ICMBio. Entre 24 e 27 de setembro, na mítica Santiago de Compostela (Espanha), acontece o I Congresso Internacional de EA dos Países Lusófonos e Galícia. Lá se reconhecem a necessidade de criar múltiplas estratégias para dar visibilidade às ações de EA nos Países de Língua Portuguesa e Galícia, e de criar um fórum permanente de difusão e atualização do “estado da arte” da EA nos Países Lusófonos. Em novembro são anunciados dois ganhadores do Prêmio Nobel da Paz: o ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore e o IPCC. Isso, mais uma vez, coloca em evidência o tema das mudanças climáticas. No final do mês, entre 24 e 28 de novembro, na cidade indiana de Ahmedabad, tem vez a IV Conferência Mundial de Educação Ambiental para um Futuro Sustentável, ou simplesmente Tbilisi+30. Organizada pelo governo da Índia, Unesco e Pnuma, ela reúne 1,5 mil pessoas de 97 países, segundo os organizadores, tendo, como principal foco, a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, como indica a “Declaração de Ahmedabad 2007: uma chamada para ação. Educação para a vida, a vida pela educação”. A delegação brasileira defende, no evento, a promoção de uma “2ª Jornada do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global” e da “Conferência Internacional Infanto-juvenil pelo Meio Ambiente: “Vamos Cuidar do Planeta”, planejada para 2010, com o Brasil como país sede. Entre 03 e 15 de dezembro, em Bali, Indonésia, a 13ª. Conferência das Partes da Convenção do Clima (COP-13) marca o início oficial do debate das medidas práticas de redução dos gases do efeito estufa após 2012 (“Pós Quioto”), Em destaque, temas que não entraram no Protocolo de Quioto (a vencer em 2012), como o apoio à proteção das florestas “em pé”. O documento final, Plano de Ação de Bali, ganha o apelido de Mapa do Caminho de Bali. " Não podemos mais fazer “vista grossa” para as questões ambientais, como se elas não nos afetassem. Sim, elas estão tão presentes que fazem parte diariamente das nossas vidas." ( Antônio Carlos Teixeira )

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Capítulo II Educação Ambiental nas Corporações 2.1 A Temática Ambiental, nas Empresas

A preocupação mundial com os rumos do desenvolvimento e a exaustão dos recursos naturais teve seu momento marcante na ocasião da reunião do Clube de Roma 1968, onde foi lançado o documento - Crescimento Zero ou Relatório Meadow s. Em 1972, na Conferência Internacional da Organização das Nações Unidas, sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, os países desenvolvidos do “Primeiro Mundo" chamavam atenção para a necessidade da preservação dos recursos naturais. Sabe-se que a preocupação maior naquele momento concentrava-se na exaustão dos recursos naturais energéticos, agravados em seguida, com a crise do Petróleo. A partir desses eventos, o mundo inteiro voltou-se para questão ambiental, mesmo que em passos ainda lentos, sendo no entanto, irreversíveis. No final da década de 80, foi lançado o Relatório Brundtland coordenado pela 1º Ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland "Nosso Futuro Comum", onde consolida - se o conceito de desenvolvimento sustentável. O mundo empresarial dos países desenvolvidos primeiramente, a Inglaterra no final dos anos 80, inicia a formulação de diversas normas de controle ambiental: Environmental Protection ACT (Lei de Proteção Ambiental), elaborada pela British Standarts Institution (BS) BS7750. Esse documento, revisado em 1994, incorporando as propostas acordadas por representantes de mais de 100 países na ECO- 92, tornou-se o gerador e o modelo para o sistema de gerenciamento ambiental . O mundo começa a respirar ares novos de cidadania. Um número cada vez maior de empresas se engajam no aprimoramento de práticas empresariais voltadas para os princípios de justiça social, proteção ambiental e de parcerias com a comunidade, que passam a ser vista como parte interessada. A questão ambiental passa a inserir-se nas organizações empresariais a partir da disseminação e consolidação da série ISO 14000, com suas diferentes normas e resoluções. Dos anos 70 até meados da década de 90, podemos demarcar uma fronteira muito clara da atuação empresarial relativa ao meio ambiente. Da típica postura reativa própria dos anos 70, em que se considerava a relação entre proteção ambiental e desenvolvimento como absolutamente antagônica, uma parte do setor empresarial assumiu uma postura proativa e inseriu-se na comunidade ambientalista em meados da década de 80 como um dos seus membros mais

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24expressivos, ganhando destaque no início da década de 90. Defensor incansável do modelo de desenvolvimento sustentável, advoga a total complementaridade entre a proteção ambiental e o desenvolvimento (Viola, 1992). Acusado pelo ambientalismo radical num recente passado de ser irresponsável para com o meio ambiente por não adotar qualquer mecanismo de prevenção da poluição e dos possíveis acidentes ambientais, conhecido por todos como o vilão da ecologia, pois só assumia os constrangimentos ambientais compulsoriamente por imposição da legislação ambiental, hoje o setor empresarial possui membros considerados como os amigos do verde, dotados de elevado grau de responsabilidade ambiental, cuja adesão ao pacto ecológico ocorre de uma forma sobretudo voluntária, apontada por muitos como fruto do aumento da consciência ambiental (Souza, 1993; Tankersley, 1994; Fortes, 1992; Donaire, 1994; Maimon, 1992). 2.2 Mudanças de Atitudes Coerentemente apresentado, o discurso empresarial verde anuncia uma mudança do rumo proposto em relação ao estilo de desenvolvimento convencional, contornando a omissão das empresas num recente passado extremamente poluidor. Sensibilizadas com a questão ambiental e sinalizando o início de um processo de transição ideológica, teriam agregado os princípios ecológicos ao modus operandi da produção industrial, marcando o início de uma nova fase, baseada nos critérios da sustentabilidade ambiental. O Sistema de Gerenciamento Ambiental (SGA) implantado nas empresas torna-se, a partir de agora, o elemento-chave responsável pela adequação dos interesses empresariais privados à manutenção da qualidade ambiental coletiva e permitirá um significativo avanço na relação entre empresa e meio ambiente. O SGA representa a estratégia empresarial para a identificação, por meio de planos e programas de caráter preventivo, das possíveis melhorias a serem realizadas com o intuito de conciliar definitivamente a lucratividade empresarial com a proteção ambiental, versando tanto nos produtos como nos processos industriais. Uma análise de conjuntura sistêmica, enfocando tanto a relação usualmente considerada a respeito da interação entre a empresa e o meio ambiente como também os aspectos econômicos, políticos e tecnológicos, é suficiente para a constatação de que a incorporação da variável ambiental nas empresas partiu sobretudo de uma sensibilização econômica, e não ecológica, como vem sendo comumente apontado. Essa percepção já sinaliza que tal óptica não corresponde propriamente a um processo de transformação paradigmática, ou seja, uma transição ideológica da racionalidade econômica para a ecológica (Layrargues, 1996). O pano de fundo dessa questão advoga que o setor empresarial vem promovendo uma mudança desde o início da década de 90, quando assumiu uma atitude positiva para com o meio ambiente, mas não mais compulsoriamente, por causa da rigidez da legislação ambiental, e sim voluntariamente, por vislumbrar

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25oportunidades de negócio, ao agregar a variável ambiental na dimensão empresarial. Assim, antecipar-se à legislação ambiental não significaria mais apenas manter ações preventivas para evitar acidentes e riscos ambientais, mas sobretudo obter uma vantagem competitiva no mercado, localizada na variável ecológica. Percebeu-se que o que era considerado um dejeto poderia muitas vezes tornar-se um recurso e, nesse sentido, o primeiro passo em direção à sustentabilidade correspondeu à economia de recursos naturais e energéticos, diminuindo, como conseqüência, o desperdício e a poluição. Além disso, as recentes inovações tecnológicas foram dirigidas para produção das tecnologias limpas ,como uma resposta aos condicionantes da legislação ambiental, das seguradoras, dos acionistas, das barreiras comerciais e da suposta pressão do consumidor, exigindo uma atuação empresarial mais responsável com o meio ambiente. Somente a partir da criação das tecnologias limpas, viabilizou-se a mudança de atitude empresarial. 2.3 Ferramentas e Estratégias, relacionadas aos conceitos de sustentabilidade empresarial. 2.3.1 ISO 14000

Série de normas criadas pela International Organization for Standardization (ISO) sobre a gestão ambiental empresarial, definindo o que uma organização deve fazer para minimizar os efeitos nocivos ao ambiente causados pelas suas atividades. A idéia começou a ser desenvolvida em 1991, quando a instituição passou a elaborar a padronização dos processos de empresas que usam recursos naturais no processo de produção. Em 1983, um comitê foi criado para desenvolver tais regras voltadas para nove setores envolvidos com o meio ambiente (sistema de gestão ambiental, auditoria, rotulagem, avaliação de desempenho, análise de ciclo de vida, definições e conceitos, aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos, comunicação e mudanças climáticas). Depois disso, as normas foram divulgadas e passaram a ser a base para o processo de certificação de gestão ambiental. A ISO 14000 comprova a res-ponsabilidade ambiental de uma empresa ou instituição por meio de auditorias periódicas, durante o processo de certificação e para garantir a manutenteção do certificado. As auditorias são feitas por empresas certificadoras reconhecidas internacionalmente. Essas normas fomentam a prevenção de processos de desastres ambientais.

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2.3.2 MDL

MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO

Previsto no artigo 12 do Protocolo de Kyoto, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, ou MDL, é u m instrumento crucial para promover a redução dos gases causadores do efeito estufa. O MDL promove o desenvolvimento sustentável em países subdesenvolvidos e compensa as emissões de carbono dos países ricos,, identificados em um documento chamado "Anexo l". Com ele, é possível financiar projetos de produção de energia limpa, como a solar e a gerada a partir de biornassa, ou projetos florestais que ajudem a seqüestrar o carbono da atmosfera.

SGA, ou Sistema de Gestão Ambiental, é o método que permite às empresas e instituições alocar recursos, definir responsabilidades e controlar todos os aspectos

relacionados ao impacto dos seus negócios no meio ambiente. O SGA ajuda a estabelecer etapas de avaliação, planejamento e implementação de processos que assegurem a sustentabilidade de um negócio todos eles previstos na norma internacional ISO 14000. A empresa que deseja implantar um SGA tem de observar alguns critérios básicos. O primeiro deles: a gestão ambiental deve estar entre as suas mais altas prioridades. Diretores e gerentes devem adotar o planejamento ambiental como uma rotina, incorporando-o em processos críticos como o estudo do ciclo de vida dos produtos. Ao mesmo tempo, precisam avaliar constantemente os objetivos e metas estabelecidos no SGA - buscando, é claro, aprimorá-los. O próprio processo de análise deve ser padronizado e consolidado, de modo que não dependa apenas da iniciativa individual do gestor.Um bom SGA não envolve apenas o público interno. Os stakeholders - clientes, fornecedores, acionistas, líderes comunitários e ONGs, entre outras partes interessadas, também devem ter alguma participação no sistema. Isso implica desenvolver um canal permanente de diálogo entre essas diferentes esferas de influência, de tal forma que cada uma delas tenha espaço para colocar novas demandas de proteção ao meio ambiente. Os frutos tendem a aparecer com o tempo. Geralmente, o compromisso com o SGA melhora o acesso ao capital e atrai novos investidores .

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2.3.3 Crédito de Carbono

São certificados emitidos quando ocorre a redução de emissão de gases do efeito estufa. Uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) neutralizada corresponde a um crédito de carbono, que pode ser negociado por países ou empresas no mercado internacional. Isso permite dizer que os créditos de carbono dão um valor monetário para a poluição.

Leis e acordos internacionais, como o Protocolo de Kyoto, estabelecem um limite para países desenvolvidos emitirem os gases do efeito estufa. Como esse é um fenômeno global, os créditos comprados podem ser utilizados pelos países desenvolvidos para provar que cumpriram parte de seu compromisso. As nações e indústrias que não atendem a essas metas passam a ser compradores de créditos de carbono. Por sua vez, os países que conseguem cumprir as metas podem vender o excedente da permissão de emissão no mercado nacional ou estrangeiro.

Quem compra os créditos de carbono investe em países em desenvolvimento através do mercado de carbono, ajudando na criação e manutenção de projetos de desenvolvimento sustentável. A negociação de contratos futuros de crédito de carbono ocorre na Bolsa de Chicago e em países como Canadá, República

Tcheca, Dinamarca, França, Alemanha, Japão, Holanda, Noruega e Suécia. A principal

vantagem do comércio dos créditos de carbono é o surgimento de um real esforço na preservação do meio ambiente. Mas isso também beneficia as empresas que investem no setor, pois podem passar a fazer dessa atividade um marketing social de amplo retorno, tanto no mercado interno quanto no externo. Para empresários e governantes, a lógica é pagar para preservar agora e não.ser multado por causa de danos ambientais no futuro.

Existem posições contrárias ao mercado de créditos de carbono. Para muitas pessoas, a idéia não passa de um favorecimento às indústrias, principalmente as dos países mais desenvolvidos, que passam "a ter o direito de poluir" Essa interpretação é rebatida pelos defensores da iniciativa com o argumento de que cada nação possui uma legislação específica para o setor que limita o "direito de poluir".

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2.3.4 Responsabilidade Social

É um conjunto de ações tomadas por cidadãos e empresas que contribuem para o desenvolvimento social. Para as pessoas, isso se traduz em conceitos como o "consumo responsável", que prevê a seleção de produtos e serviços de empresas que também regem seus negócios de forma sustentável. Já a responsabilidade social empresarial é definida pela relação que a empresa estabelece com todos os seus públicos (stakeholders) no curto e no longo prazo.

É possível estabelecer algumas características que evidenciam uma gestão socialmente responsável:

Transparência: a empresa que tem responsabilidade social divulga informações, decisões e intenções de maneira clara e acessível a todos os públicos que se relacionam com ela; Estabelecimento de compromissos: a empresa assume publicamente os seus

compromissos, sejam eles relacionados ao seu público interno, ao futuro, à manutenção de recursos naturais ou à promoção da diversidade;

Envolvimento com interesses variados: a empresa procura dialogar com organizações e especialistas que colaborem para a solução de seus problemas socioambientais; Capacidade de atrair e manter talentos: a empresa se apresenta como uma alternativa que atende aos interesses dos cidadãos e dos profissionais; Comprometimento dos colaboradores: a empresa envolve todos os funcionários e

fornecedores com a gestão da responsabilidade social, demonstrando coerência em seus compromissos;

Capacidade de lidar com situações de conflito: demonstra disposição para

investigar problemas e dialogar, desenvolvendo processos que previnam situações de risco;

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Estabelecimento de metas de curto e longo prazo: a empresa introduz aspectos de responsabilidade social na sua gestão, monitorando-os tal como se fossem indicadores de negócio;

Envolvimento da direção: a empresa entende que a responsabilidade social tem

importância estratégica e, assim, destaca funcionários especialmente para lidar com as questões relacionadas a este tema.

Com gestões socialmente responsáveis, as empresas evitam conflitos, valorizam a imagem institucional e da marca, estabelecem uma relação de lealdade com o consumidor e redobram sua capacidade de recrutar e manter talentos.

2.3.5 Balanço Social Ferramenta que permite demonstrar as ações sociais promovidas por uma empresa ou

instituição. Trata-se de um mecanismo de transparência das empresas, já que torna públicos os gastos e investimentos realizados em benefício dos trabalhadores, do meio ambiente e dá comunidade local, além das ações voltadas para o conjunto da sociedade, como o incentivo ao esporte, à educação e às atividades culturais. No Brasil, a idéia surgiu ainda na década de 70, más só nos anos 80 que algumas empresas pioneiras passam a publicar o Balanço Social. A prática ganhou força principalmente depois que o sociólogo Herbert e Souza, o Betínho, criou, em junho de 1997, uma campanha pela divulgação voluntária das informações. No Brasil, existem dois modelos mais conhecidos: o do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e o do Instituto Ethos.

O modelo do Ibase traduz em números as ações sociais, os projetos culturais e os patrocínios promovidos pelas empresas. Ele também traz indicadores do lado de pessoal e os benefícios concedidos aos funcionários. Segundo o Ibase, nesse modelo, "a sociedade e o mercado são os grandes auditores do processo e dos resultados alcançados" Para estimular um número cada vez maior de grupos empresariais a utilizar essa ferramenta, o Ibase criou, em 1998, o Selo Balanço Social Ibase/Betinho. Empresas que ganham o selo podem divulgar, em campanhas publicitárias institucionais, que investem em saúde, cultura, educação, ambiente e esportes. Para o Instituto Ethos, o balanço social também pode ser utilizado como um instrumento de diagnóstico e gestão, pois reúne informações relevantes sobre o papel social da empresa, permitindo acompanhar a evolução e a melhoria de seus indicadores. Outra vantagem é permitir que se façam comparações entre empresas de um mesmo setor.Além do Ibase e do Ethos, outras entidades e associações promovem a discussão e o incentivo ao uso do Balanço Social no Brasil. Entre elas, a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial

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(Aberje), a Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social (Fides) e a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec). " O que podemos perceber é que todas as ações que busquem equilibrar o bem-estar da humanidade com a conservação e a preservação dos recursos naturais, aliados a técnicas e tecnologias que permitam o desenvolvimento social e econômico e garantam condições favoráveis de vida na Terra para as gerações futuras, estão intimamente ligadas a programas e projetos de EA. " ( Antônio Carlos Teixeira )

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31 Capítulo III 3.0 A Educação Ambiental como Mediadora

Os objetivos da Educação Ambiental estão diretamente relacionados com mudanças de valores e atitudes, as quais, necessariamente, devem passar por reflexões a cerca da visão do ser humano sobre si mesmo, sobre seu ambiente e as relações entre si e o meio construído e o ambiente natural.

Existem diversas formulações sobre o significado de Educação Ambiental. Há, porém, uma caracterização, formulada por Arthur Lucas (1980), que distingue educação "sobre, no e para o ", como sendo:

Educação sobre ou acerca do ambiente compreende ações ou atividades educativas, que têm como objetivo proporcionar informações e formação sobre o meio ambiente e relações que se dão neste ambiente. Seus objetivos incluem a compreensão cognitiva das interações entre os seres humanos e seu meio. As ações dirigidas para o ambiente e seus problemas apoiam-se, basicamente, no conhecimento. Educação no ou por me/o do ambiente toma o meio físico como recurso didático duplo: como meio para investigar e descobrir o mundo mediante a observação e o contato direto e, também, como ponto de partida para desenvolver projetos de aprendizagens integradas, reconhecendo que os comportamentos vêm guiados muito mais pelas nos-sas emoções e valores, do que pelos nossos conhecimentos.

A educação para o ambiente é a parte mais relevante e inovadora do processo, pois tem como objetivo a conservação e a melhoria do meio, isto é, pretende-se, além da aquisição de conhecimentos e de capacidades, desenvolver no indivíduo o envolvimento emocional e o compromisso na procura de soluções para os problemas ambientais.

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Como se pode observar, na Educação Ambiental, os seguintes aspectos deverão estar interrelacionados:

Éticos; Políticos; Sociais; Econômicos; Científicos;

Tecnológicos; Culturais e Ecológicos.

3.1 Princípios da Educação Ambiental

Para o desenvolvimento de toda e qualquer atividade com foco em Educação Ambiental é necessário dar atenção a alguns princípios básicos:

Considerar o meio ambiente de forma holística, ou seja, em seus aspectos naturais e criados pelo homem (tecnológico e social, econômico, político, histórico-cultural, moral e estético); Ter como base o pensamento crítico e inovador, promovendo a transformação e a construção da sociedade; Construir um processo contínuo e permanente, começando na pré-escola e conti-nuando em todas as fases do ensino formal e não-formal; Tratar de questões críticas (poluição, saúde, paz, fome, direitos humanos, degradação da flora e da fauna), suas causas e relações em seu contexto social e histórico; Aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada disci-plina, de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada; Examinar as principais questões ambientais, do ponto de vista local, regional, nacional e internacional, de modo que os educandos se identifiquem com as condições ambientais de outras regiões geográficas; Concentrar-se nas situações ambientais atuais, tendo em conta, também, a perspectiva histórica; Insistir no valor e na necessidade de cooperação local, nacional e internacional para prevenir e resolver os problemas ambientais; Considerar.de maneira explícita, os aspectos ambientais nos planos de desenvolvimento e de crescimento; Destacar a complexidade dos problemas ambientais e alertar para a necessidade de desenvolver o senso crítico e as habilidades necessárias para resolver tais problemas;

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33 Utilizar diversos ambientes educativos e uma ampla gama de métodos para comunicar e adquirir conhecimentos sobre o meio ambiente, acentuando devidamente as experiências pessoais.

3.2 Objetivos da Educação Ambiental

Em relação aos objetivos principais de uma atividade de Educação Ambiental, podemos citar:

1) Consciência: ajudar grupos sociais e os indivíduos a adquirirem consciência do meio ambiente global e ajudá-los a sensibilizarem-se por essas questões.

2) Conhecimento: ajudar os grupos sociais e indivíduos a adquirirem diversidade de experiências e compreensão fundamental do meio ambiente e dos problemas anexos.

3) Comportamento: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a se comprometer com uma série de valores e a sentir interesse e preocupação com o meio ambiente, motivando-os de tal modo, que possam participar ativamente da melhoria e da proteção do meio ambiente.

4) Habilidades: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem as habilidades necessárias para determinar e resolver os problemas ambientais.

5) Participação: proporcionar aos grupos sociais e aos indivíduos a possibilidade de participar ativamente das tarefas que têm, como principal objetivo, resolver os problemas ambientais.

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3.3 Fases do Trabalho em Educação Ambiental

Sensibilização; Mobilização; Informação e Ação.

Nenhuma das fases pode ser desenvolvida isoladamente ou de modo linear. A Educação Ambiental não pode se resumir somente a uma delas, sendo que todas devem ocorrer sob planejamento, controle e avaliação permanente.

No decorrer do processo de Educação Ambiental, encontramos a Interpretação Ambiental como uma de suas principais ferramentas. É de grande importância para o sucesso deste programa de Interpretação Ambiental o planejamento e desenvolvimento das fases anteriormente citadas e é indispensável também:

a) Definir o que queremos; b) Unificar linguagem e procedimentos;

c) Assumir responsabilidades em conjunto; d) Superar os conflitos interpessoais; e) Tomar decisões coletivamente e f) Promover sempre um trabalho sério e organizado.

Apesar das dificuldades de análise das repercussões de um projeto ou de atividades de Educação Ambiental, o desenvolvimento da Interpretação Ambiental não pode ter, como único objetivo, a aquisição de conhecimentos, mas envolver todo um conjunto de novos comportamentos que levem a compreender e proteger o meio.

Estas reflexões nos levam a considerar que a educação para a formação de novas atitudes e de comportamentos exige o planejamento de atividades específicas inter-relacionadas com a aprendizagem de conhecimentos, porém, com características próprias.

A primeira impressão é que os termos "atitude" e "comportamento" têm o mesmo significado, porém, ter atitudes favoráveis em relação ao meio ambiente nem sempre implica em comportamentos responsáveis. Atitude é entendida como tendência a querer

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35atuar de uma forma determinada diante de um tipo de situação, enquanto que comportamento é entendido como atuação concreta. Os comportamentos são expressos por hábitos e costumes que muitas vezes dificultam ações mais positivas frente a diversos problemas ambientais.

Apesar da importância deste conceito de Educação Ambiental, o que vemos muitas vezes em Instituições de Ensino, empresas, organizações e ONGs são atividades isoladas e descontextualizadas sobre o meio ambiente, como a comemoração do Dia do Meio Ambiente, do Dia da Árvore, do Dia do índio ou aulas realizadas focando o meio ambiente como algo distante da realidade diária ou próxima aos alunos ou participantes de atividades realizadas no meio natural.

Estas atividades pontuais na mobilização das pessoas e que fazem-nas relembrar da verdadeira grandiosidade e importância do motivo da celebração, de certa forma contrariam os princípios de orientação da Educação Ambiental, pois não consideram o ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus aspectos naturais e criados pelo homem, (tecnológicos, sociais, econômicos, políticos, histórico-culturais, morais e estéticos), além de não aplicarem um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada disciplina, de modo que o aluno tenha condições de adquirir uma perspectiva global e equilibrada sobre o ambiente. Educação Ambiental, como parte dessa engrenagem pró-sustentabilidade, assume então um novo caminho. O direcionamento de diferentes setores da sociedade, para que envolvidos, estejam comprometidos e atuem em seus espaços próprios de produção e criação como co- responsáveis pela preservação da qualidade sócioambiental. A Educação Ambiental Empresarial passa a ser um dos instrumentos indutores de um modelo de desenvolvimento, que tem como parâmetros e índices de sucesso o estado dos recursos naturais e a qualidade de vida. Com metodologias de investigação e planejamento participativas, produção de material de comunicação, usando das dinâmicas de capacitação e treinamento direcionados à gestão ambiental, vem abraçando este desafio com visibilidade, eficiência e qualidade. As normas da ISO 14001 já exigidas pelo mercado internacional, com certeza atuarão como estimulantes para que, cada vez mais, setores diversos da cadeia produtiva passem a ser atores pró-ativos no gerenciamento ambiental . Segundo Rego (1995), a educação propicia o acesso aos conhecimentos sistematizados e amplia os signigficados construídos espontaneamente. É um processo mediado. É a prátrica social que se constitui em instrumento de compreensão da realidade. A Educação Ambiental constitui um passo preliminar importante de sensibilização e capacitação para a implantação da política ambiental das empresas, que se tornará real através da adoção de um sistema de gestão ambiental. Com a educação ambiental poderá ser garantida a implantação da política ambiental da empresa, envolvendo todos os níveis de funcionários e dar sustentabilidade e qualidade às metas pretendidas e definidas na corporação. A identificação dos efeitos, aspectos e impactos ambientais gerados pelas atividades produtivas da empresa deve ser entendida por todos os funcionários e também deverá envolver em etapas posteriores a comunidade interessada, que inclui a população residente no entorno, lideranças, os clientes e fornecedores. Um programa de educação ambiental no âmbito de toda a empresa deve estimular a participação de todos os setores na apresentação de soluções e propostas para ação,

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36reavaliando os resultados, campanhas de incentivo, seminários e auditorias internas e externas. É importante estar consciente de que a Educação Ambiental é um trabalho educacional completo. Portanto, para implantar um programa de Educação Ambiental, devem-se cumprir todas as fases do processo para atingir sua finalidade. Justen (2004) considera a sensibilização, mobilização, informação, comunicação e ação as fases integrantes deste processo. O Planejamento do Ensino da Educação Ambiental numa empresa deve ser contínuo e permanente, constituído de várias etapas, que podem evoluir em conteúdo e abordagem. O ideal é adotar um Planejamento de Ensino que, além de promover a sensibilidade dos empregados para as questões ambientais, possa igualmente oferecer suporte na Implantação do Sistema de Gestão Ambiental da empresa. Os meios e os instrumentos de divulgação precisam ser planejados em conjunto com os diferentes responsáveis pelo programa, adequando-os aos serviços prestados e às características da clientela atendida, englobando faixa etária, nível intelectual e interesses, entre outros. No meio empresarial, a literatura confirma a carência de autores e a falta de material e programas de Educação Ambiental que permitam ao grupo de empregados desse tipo de organização informar-se e conhecer a real situação do meio ambiente em que vivem.

3. 4 Planejamento O Planejamento do Ensino da Educação Ambiental nas empresas sugere uma

adoção de estrutura básica referencial, conforme os requisitos abaixo apresentados por Cainzos (l999):

a)Definição dos objetivos; b)Definição do público-alvo; c) Justificativas; d)Conteúdos; e)Estratégias e métodos didáticos; f) Atividades a serem desenvolvidas; g)Recursos materiais; h)Avaliação.

A Educação Ambiental nas Empresas normalmente, esta inserida nos programas de gestão ambiental. Onde em sua implantação, a empresa deve iniciar o processo de planejamento através da identificação dos aspectos ambientais e determinar aqueles com o maiores impactos significativos no qual esta inserida. Na identificação dos Aspectos Ambientais consideram-se :

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37Emissões Atmosféricas Descarga de efluentes líquidos Resíduos sólidos e outros Contaminação do solo Uso da água Uso da energia Uso de outros recursos naturais Ruídos Odores Poeiras Temperatura Impacto Visual Efeitos nos ecossistemas Efeitos nos meios sócio econômico e culturais. Após esta etapa de identificação, se faz necessária a percepção da temática ambiental pelas partes interessadas. Há que se chamar a “atenção “, para o “tema “. Dependendo do público alvo, podemos lançar mão de várias estratégias para trabalhar o assunto: oficinas de trabalho e/ou seminários; ciclos de debates e palestras com teatro e dramatização; vídeos; filmes; programas de tv; estudos de casos; simulação; campanhas de mobilização; gincanas; treinamento; mini cursos ; visitas de campo; e etc... A problemática ambiental é extremamente complexa, envolve em sua raiz questões de caráter social, econômico, político e cultural, e deve ser encarada de forma ampla, conjugando esforços nas mais diferentes frentes de atuação, para que as transformações almejadas tornem-se realidade. Por tratar-se no caso específico do meio empresarial, é imprescindível o envolvimento de todos os segmentos e setores envolvidos. O processo pode iniciar-se com pesquisas de opiniões de setores chaves, para delinear possíveis planos de ação e o tipo de abordagem a ser usada. 3.5 Caso de Sucesso Um Exemplo bem sucedido é o programa da Porto Seguro que incentiva os funcionários a abrirem mão de seus cestos de lixo. Resultado: redução de custo no manejo dos dejetos e renda para famílias carentes. Esta simples atitude, como eliminar a lixeira que há embaixo de cada mesa dentro do escritório, pode ser uma boa maneira de reduzir custos, ajudar o meio ambiente e gerar renda para famílias carentes. É o que mostra um programa da Porto Seguro, terceira maior seguradora do país, que incentiva funcionários a abrirem mão das lixeiras. Em cada andar dos sete prédios da matriz da empresa, no centro de São Paulo, ficam agora disponíveis três dispensadoras grandes: uma para lixo orgânico, outra para todo tipo de lixo reciclável e, ao lado da impressora, uma terceira só para papel.Os resultados já começam a aparecer. Segundo Mirian Mesquita, responsável pela área de sustentabilidade e responsabilidade social da Porto Seguro, houve uma redução de custo próxima de R$ 30 mil com o manejo do lixo desde a implantação do projeto, há um ano e nove meses. Do total de resíduos produzidos, cerca de 56%

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38correspondem a material reciclado. Além dos custos com a divulgação e a logística do projeto, o investimento incluiu R$ 11 mil com a compra de uma trituradora. O projeto foi feito em conjunto com a Associação Vira Lata, uma organização sem fins lucrativos que promove projetos na área de reciclagem. No começo da parceria, foram contratados mais 15 funcionários na cooperativa só para reciclar o lixo dos escritórios da Porto Seguro. Nove meses atrás, quando foi lançado o programa de devolução volun-tária das lixeiras individuais, mais 20 funcionários entraram na cooperativa para atender à nova demanda. A Vira Lata, que conta hoje com 100 cooperados, retira 1,4 tonelada de lixo todos os dias da matriz da Porto Seguro e faz sua reciclagem. São produzidos outros 526 quilos de lixo orgânico diariamente. A equipe que faz a limpeza na empresa recebe treinamento para dar seqüência à coleta seletiva, além das lixeiras de cada andar. "É simples ensinar o pessoal da limpeza, porque eles entendem melhor os efeitos que o programa tem para os cooperados da Vira Lata", diz Mirian. As instruções são repetidas mensalmente, já que o serviço de lim-peza é feito por uma empresa terceirizada, a ISS, e há muita troca de pessoas. Para divulgar a idéia, além dos veículos de comunicação interna, Mirian e sua equipe criaram um símbolo para o programa, a Belinha, uma borboleta que estampa todas as lixeiras. Até o início de maio, 57% dos 5 mil funcionários da matriz da seguradora haviam aderido à campanha. A companhia prepara mais uma ação de conscientização para de-volução voluntária das lixeiras. A idéia é que numa próxima fase todas sejam retiradas, ainda que por iniciativa da empresa. A Porto Seguro quer expandir o projeto para 38 unidades em São Paulo e para a filial do Rio de Janeiro. A intenção é impactar seus 7,5 mil funcionários.

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Conclusão As questões ambientais hoje, estão em pauta em qualquer roda de discussões. Antes vocabulários desconhecidos e improváveis, estão sendo usados por todo tipo de público, não é mais um assunto para poucos... Ao contrário, tornou-se uma pauta obrigatória, pertinente e porque não dizer, até uma questão de sobrevivência em um mundo cada vez mais globalizado. No mundo corporativo, estas questões tomam várias nuances, de acordo com as políticas empresariais e interesses específicos ( público ou privado ). No início da era industrial, o lema era ‘’ produzir para crescer ‘’; produzir mais, para crescer mais ainda. Não importando as conseqüências de como isso seria feito, nem o ‘que’ poderia vir a acontecer. A retórica, era de que sem produção, não poderia haver desenvolvimento e posterior crescimento. E este ciclo até hoje nos acompanha, como uma sombra de questionamento. Sabe-se que a capacidade de suporte do planeta (Terra) é finito e que algo deverá ser feito ‘’agora ‘’, para pensarmos em ter um amanhã, menos inóspito não só para as futuras gerações, como também para nós mesmos. Haja visto os recentes acontecimentos ambientais, ligados aos clima. Não é mais uma retórica, falar em Educação. Através dela, gerações acumularam e passaram seus conhecimentos científicos adiante, com estes foram construídas avançadas tecnologias que nos permitiram inclusive; poder rever nossos conceitos de crescimento . Vislumbrar porque não, um desenvolvimento mais criterioso, para com o ‘’ Meio Ambiente’’ ( o lugar ) em que vivemos. Não só o natural, mais também o social, o cultural , o econômico, o educacional. Enfim, ter a opção de ‘’escolha’’, para qual mundo queremos viver.... A Educação Ambiental neste contexto , é uma ferramenta, acima de tudo Ética. Nos faz enxergar pontos de vistas diferentes, mostra que a diversidade é um caminho plenamente possível de se transpor, que as alternativas podem e devem ser experimentadas. Que culturas devem ser respeitadas, que o desenvolvimento não precisa ser a justificativa, para o ‘’ fim’’ de uma determinada espécie. Na Educação Ambiental, percebemos o Ambiente em que vivemos como um todo e não mais como uma floresta distante ... E que o futuro, pode ser viável e até mais produtivo e menos poluente. Que o desenvolvimento não nos traga somente passivos ambientais, mas também alguma esperança de dias possíveis e melhores, aqui mesmo na Terra.

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40 ANEXO

Carta da Terra

PREÂMBULO

Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que ynós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações.

Terra, Nosso Lar

A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, está viva com uma comunidade de vida única. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade da vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todas as pessoas. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.

A Situação Global

Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, redução dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e o fosso entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causa de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.

Desafios Para o Futuro

A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais dos nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem atingidas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais, não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos ao meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados, e juntos podemos forjar soluções includentes.

Responsabilidade Universal

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41Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com toda a comunidade terrestre bem como com nossa comunidade local. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual a dimensão local e global estão ligadas. Cada um compartilha da responsabilidade pelo presente e pelo futuro, pelo bem-estar da família humada e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida, e com humildade considerando em relaçao ao lugar que ocupa o ser humano na natureza. Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, todos interdependentes, visando um modo de vida sustentável como critério comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos, e instituições transnacionais será guiada e avaliada.

PRINCÍPIOS

I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DA VIDA

1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade. a. Reconhecer que todos os seres são interligados e cada forma de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos. b. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.

2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor. a. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais vem o dever de impedir o dano causado ao meio ambiente e de proteger os direitos das pessoas. b. Assumir que o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder implica responsabilidade na promoção do bem comum.

3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas. a. Assegurar que as comunidades em todos níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada um a oportunidade de realizar seu pleno potencial. b. Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a consecução de uma subsistência significativa e segura, que seja ecologicamente responsável.

4. Garantir as dádivas e a beleza da Terra para as atuais e as futuras gerações. a. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras. b. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apóiem, a longo prazo, a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra.

Para poder cumprir estes quatro amplos compromissos, é necessario:

I. INTEGRIDADE ECOLÓGICA

5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial preocupação pela diversidade biológica e pelos processos naturais que sustentam a vida. a. Adotar planos e regulamentações de desenvolvimento sustentável em todos os níveis que façam com que a conservação ambiental e a reabilitação sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento. b. Estabelecer e proteger as reservas com uma natureza viável e da biosfera, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural. c. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçadas. d. Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que causem dano às espécies nativas, ao meio ambiente, e prevenir a introdução desses organismos daninhos. e. Manejar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de formas que não excedam as taxas de regeneração e que protejam a sanidade dos ecossistemas. f. Manejar a extração e o uso de recursos não-renováveis, como minerais e combustíveis fósseis de forma que diminuam a exaustão e não causem dano ambiental grave.

6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução. a. Orientar ações para evitar a possibilidade de sérios ou irreversíveis danos ambientais mesmo quando a

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42informação científica for incompleta ou não conclusiva. b. Impor o ônus da prova àqueles que afirmarem que a atividade proposta não causará dano significativo e fazer com que os grupos sejam responsabilizados pelo dano ambiental. c. Garantir que a decisão a ser tomada se oriente pelas consequências humanas globais, cumulativas, de longo prazoy, indiretas e de longo alcance. d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas. e. Evitar que atividades militares causem dano ao meio ambiente.

7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário. a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas ecológicos. b. Atuar com restrição e eficiência no uso de energia e recorrer cada vez mais aos recursos energéticos renováveis, como a energia solar e do vento. c. Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência eqüitativa de tecnologias ambientais saudáveis. d. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que satisfaçam as mais altas normas sociais e ambientais. e. Garantir acesso universal a assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução responsável. f. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num mundo finito.

8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a troca aberta e a ampla aplicação do conhecimento adquirido. a. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento. b. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que contribuam para a proteção ambiental e o bem-estar humano. c. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a proteção ambiental, incluindo informação genética, estejam disponíveis ao domínio público.

III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA

9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental. a .Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não-contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, distribuindo os recursos nacionais e internacionais requeridos. b. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma subsistência sustentável, e proporcionar seguro social e segurança coletiva a todos aqueles que não são capazes de manter-se por conta própria. c. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem, e permitir-lhes desenvolver suas capacidades e alcançar suas aspirações.

10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimeto humano de forma eqüitativa e sustentável. a. Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro das e entre as nações. b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em desenvolvimento e isentá-las de dívidas internacionais onerosas. c. Garantir que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas. d. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais atuem com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas conseqüências de suas atividades.

11. Afirmar a igualdade e a eqüidade de gênero como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades econômicas. a. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência contra elas. b. Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias. c. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e a educação amorosa de todos os membros da família.

12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social, capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, concedendo especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias. a. Eliminar a discriminação em todas suas formas, como as baseadas em raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou social.

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43b. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticas relacionadas a formas sustentáveis de vida. c. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprir seu papel essencial na criação de sociedades sustentáveis. d. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.

IV.DEMOCRACIA, NÃO VIOLÊNCIA E PAZ

13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e proporcionar-lhes transparência e prestação de contas no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões, e acesso à justiça. a. Defender o direito de todas as pessoas no sentido de receber informação clara e oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que poderiam afetá-las ou nos quais tenham interesse. b. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significativa de todos os indivíduos e organizações na tomada de decisões. c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de assembléia pacífica, de associação e de oposição. d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos administrativos e judiciais independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e pela ameaça de tais danos. e. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas. f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus própios ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais efetivamente.

14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável. a. Oferecer a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que lhes permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável. b. Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na educação para sustentabilidade. c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no sentido de aumentar a sensibilização para os desafios ecológicos e sociais. d. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma subsistência sustentável.

15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração. a. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de de sofrimentos. b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável. c.Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não visadas.

16. Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz. a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações. b. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para manejar e resolver conflitos ambientais e outras disputas. c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até chegar ao nível de uma postura não-provocativa da defesa e converter os recursos militares em propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica. d. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em massa. e. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico mantenha a proteção ambiental e a paz. f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.

O CAMINHO ADIANTE

Como nunca antes na história, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa dos princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta. Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável aos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa, e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo global gerado pela Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca iminente e conjunta por verdade e sabedoria. A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Porém, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem

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44comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade têm um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não-governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade efetiva. Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um instrumento internacional legalmente unificador quanto ao ambiente e ao desenvolvimento. Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação da luta pela justiça e pela paz, e a alegre celebração da vida.

Fonte: http://www.abra144.com.br/ecoredes/numero2/terra.htm

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