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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
Creche: um espaço de desenvolvimento infantil
Por: Danielle Santos da Rocha
Orientadora
Professora Geni Lima
Rio de Janeiro, 2011.2
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
Creche: um espaço de desenvolvimento infantil
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como
requisito parcial para obtenção do grau de especialista em
Psicopedagogia.
Por: . Danielle Santos da Rocha
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que colaboraram para que este trabalho fosse concluído. A Professora Geni Lima, que com muita paciência e dedicação contribui para realização deste trabalho.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos que me ajudaram e meus alunos, grandes atores neste processo.
5
RESUMO
A presente pesquisa aborda a creche como um espaço de desenvolvimento
infantil. Desta forma, aborda um breve histórico sobre a infância concepção de infância
e as mudanças pelas quais ela passou em virtude dos diferentes momentos históricos-
sociais. Além disso, é enfocada a relação cuidar e educar na infância dentro do espaço
creche. E a formação do educador como um profissional da área da educação.
Foi concluído que a infância não permaneceu estática durante o tempo e sim,
modificou-se de acordo com um contexto histórico e social na qual está inserida.
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METODOLOGIA
A pesquisa será qualitativa. A pesquisa qualitativa, para os autores
como Chizzotti e Minayo (1993), está centrada na idéia de que os dados não se
constituem como “ coisas isoladas, acontecimentos fixos, captados em só instante de
observação”. Nela, ainda de acordo co estes autores há uma constante interação entre
sujeito e objeto. Pode ocorrer o caso em que, nela, sujeito e objeto se confundam em
alguns momentos. Ela não busca leia gerais de causa e efeito mas principalmente captar
o sentido subjetivo que o autor social empresta à sua ação (Weber, 1949). Além do mais
ao chegar ao fim desta minha investigação não serão submetidos análise estatístico-
matemático.
Quanto as técnicas de coleta de dados empregadas neste trabalho,
emprega-se aqui técnicas de pesquisas bibliográficas, pesquisa documental e análise de
conteúdos.
Por pesquisa bibliográfica entende-se a identificação, localização e
compilação dos dados escritos em livros, artigos e revistas, publicação de órgão oficial
etc. não fazendo-se a conclusão o resumo material e sem estabelecendo novas relações
entre os elementos que constituem o tema.
Por pesquisa documental entende-se pesquisa através de documentos
cientificamente autênticos a fim de descrever e comparar fatos sociais.
Por análise de conteúdo entende-se a ampliação à análise de textos
escritos ou qualquer comunicação fazendo assim a influência desse contexto no estilo.
Como pesquisa não prevê da a acampo, estas técnicas de coletas de dados
se mostarem mais aconselháveis, nesse caso, como afirmam Chizzotti (1998) e Minayo
(1993).
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SUMÁRIO
Introdução 8
Capítulo I 10
O que é infância?
Capítulo II 18
Cuidar X educar no espaço da creche
Capítulo III 27
A formação do educador na creche
Conclusão 30
Bibliografia 31
8
Introdução
O mundo é pequeno para quem
nasce para conquistá-lo e não para quem
sonha que pode conquistá-lo ainda que
tenha razão.
Fernando Pessoa
O objetivo deste trabalho dar-se pela atuação profissional em creches,
para entender melhor essa relação educar x cuidar, onde ainda é encontrado situações de
exclusão social, pois os educandos ainda são tratados de modo assistencialista e não
como crianças em pleno desenvolvimento.
Segundo Vigostky (1988), as funções psicológicas, da linguagem e da
subjetividade da criança ocorrem através das interações indivíduo-meio, uma relação
dialética, desde o nascimento, envolvendo-se com outros indivíduos, mais experiências ,
com quem estabelece vínculo afetivo, em ambientes organizados e adaptados por
adultos para atender suas necessidades de desenvolvimento global.
As “carências e dificuldades perante uma escola com desejos de mudança
social”. Essa é uma perspectiva colocada por Kramer (1982) quando analisa os
programas compensatórios para infância, e o objetivo destes, no sentido de uma
reversão desse quadro que se apresenta.”Como deixar de ser inf-ans (aquele que não
fala), como adquirir voz de poder num contexto que de uma lado, infantiliza os
sujeitos sociais, empurrando para frente o momento de maturidade e, de outro os
adultiza jogando para trás a curta etapa da primeira infância?”
A presente monografia propõe reflexões sobre as diferentes concepções
de infância e sua relação com a sociedade através dos tempos, até os dias atuais. A partir
do entendimento dessas concepções é preciso buscar uma visão clara e eficaz que possa
se aplicada durante a relação que se estabelecerá entre o educando e a escola.
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O tema em foco será relação educar X cuidar dentro do ambiente da
educação infantil, onde a creche está inserida, recebendo crianças de 6 meses a 5 anos
em pleno desenvolvimento global.
Essa pesquisa de cunho bibliográfico, desenvolvida através dos trabalhos
de vários autores que tratam do assunto, tais como Áries (1981), Freire (1993;1996),
Kramer (1982;1998;2001), Vigotosk (1988), Soares (2000), que propõe uma educação
mais viva e que leve em conta a realidade do educando em seu meio social.
Segundo Freire (1993,p.29). “Não há educação sem amor. O amor
implicaluta contra egoísmo.Quem não é capaz de amar os seres inacabados não pode
educar. Não há educação imposta. Quem não ama não compreende o próximo, não
respeita.Não há educação do medo. Nada se pode temer da educação quando se ama.”
Dessa forma, será desenvolvida no capítulo I, um breve histórico abordando a
infância e sua conceituação da Idade média(XV-XVI) até o século XIX e a forma em
que era vista e como tratada dentro do período citado.
Já no capítulo II
O capítulo III
10
Capítulo I
O que é infância?
[...] a criança é um elemento da
sociedade e, como tal, deve ajusta-se nesse
contexto.Porém seu mundo, suas formas de
ver o mundo, de senti-lo e apreende-lo de
relacionar-se com esse mundo é diferente
do adulto. A infância é marcada pela
tensão desse ajustamento contraditório. A
criança não é melhor ou pior que o adulto,
ela é diferente. Diferente porque pensa e
sente diferente. E como pode pensar
diferente se o adulto não é outra coisa
senão uma extensão da criança.
( Damazio,1994,p.24)
O tema em pauta visa compreender como se configura a infância no
contexto atual, pois a família vem sofrendo grandes mudanças, principalmente, a partir
do século XX. Deste modo, faz-se necessário um breve histórico sobre a infância, para
se ter uma visão da evolução de tal conceito ao longo da história.
A criança é um ser que faz historicamente, dentro de uma concepção de
vida na sociedade, em determinado contexto histórico, produzido dentro da cultura. Não
há uma infância única idealizada. Existem diversos tipos de infâncias onde estão
presentes contradições a ambigüidades.
Arroyo (1994, p.88) afirma que “ A infância não existe como categorias
estática, como algo sempre igual. A infância é algo que está permanente construção.
“Portanto, ao longo da história da humanidade serão encontradas diferentes concepções
de infância nos contextos históricos e social.
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Na Idade Média, não existia um sentimento de infância de diferenciasse a
criança do adulto, ela era considerada adulto em miniatura, e realizava as mesmas
atividades dos mais velhos. Neste período, o importante era que a criança crescesse pra
inserir-se rapidamente no mundo adulto, onde participavam do trabalho e de outras
atividades realizadas no meio social em que estavam inseridas. “ A infância nessa época
era vista como estado de transição para vida adulta” ( Faria, 1997 p.11).
Segundo o autor citado acima, independentemente da condição social as
crianças a partir dos sete anos de idade, eram colocadas em famílias estranhas para
aprenderem os serviços domésticos, a criança nesta fase era aprendiz e o mestre o
anfitrião.
Era através de serviços doméstico que o mestre transmitia conhecimento
a uma criança, utilizado de experiência prática e o valor humano que pudesse possuir.
Portanto , o serviço doméstico que o mestre nesta época era confundido como
aprendizagem de uma forma muito comum na educação, tato para os ricos como para
os pobres.
A criança pela prática, e essa prática
não parava nos limites da profissão, ainda
mais porque na época não havia (e por muito
tempo ainda não haverá) limites entre a
profissão e a vida particular; a participação
na vida profissional- expressão bastante
anacrônica, aliás- acarretava a participação
na vida privada com a qual se confundia
aquela. (Áries,1981, p228)
As pessoas não conservavam as crianças em casa, elas eram enviadas a
outras famílias para morar e começar suas vidas em um novo ambiente e aprender boas
maneiras. Com isso fazia-se com que a criança escapasse do controle da família
genitora, mesmo que voltasse a ela mais tarde, depois de adulta, o que nem sempre
acontecia. Nesta época, a família não podia alimentar um sentimento de vida entre pais
12
e filhos, isso quer dizer que eles não amavam seus filhos. Portanto a família era uma
realidade moral e social, ou seja, mais que sentimental.
Áries explica que ( 1981,p.70)
[...]a idade média vestia
indiferentemente todas as classes de idade
preocupando-se apenas em manter visíveis
através da roupa os degraus da hierarquia
social. Nada, no traje medieval, separava a
criança da adulto. Não seria possível
imaginar atitudes mais diferentes com
relação a infância.
Neste período da história ( Idade Média) não havia separação das pessoas
por idade, apenas divisão de classe, marcada pela riqueza e pelo vestuário. Não existia
um traje reservado à infância. Porém a criança deixava a faixa de tecido que era
enrolada em torno do corpo, os cueiros, e passavam a se vestir como as mulheres e os
homens da mesma classe social.
Os colégios nesta época eram freqüentados por indivíduos de todas as
idades, e era reservado a uma pequena quantidade de clérigos. Um adulto interessado
em aprender assistia aula junto com uma turma infantil, isso era comum, pois o que
importava era o que estava sendo ensinado. “Deste modo, o ingresso na escola
significava uma outra forma de entrada da criança no mundo dos adultos.[...] O mestre
apenas limitava a transmitir conhecimentos aos alunos não se interessando com o
comportamento deles fora da classe” (Faria,1997, p.12).
O século XVII se compôs em dois momentos, em sua primeira metade a
criança aos sete anos já podia ir para o colégio, em segunda metade a política
educacional determinou em adiar a idade escolar para os dez anos, justificando essa
atitude pela fraqueza, imbecilidade e incapacidade. Nesse período entre dez e vinte e
cinco anos de idade independente de sua condição social todos poderia freqüentar as
mesmas escolas.
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Nesse mesmo século, a educação se voltou para prática teórica e
pedagógica feitas nas escolas, esse fator foi muito valorizado pelos pais. Tal educação
também se propunha a moralização e padronização dos bons costumes, fazendo com
que a criança passasse a ser centro das atenções e houvesse um forte sentimento de
família. Áries (1981, p.232) admite que:
A substituição da educação prática
pela teórica e o apelo dos moralistas
foram correspondidos pelos pais através da
preocupação” de vigiar seus filhos mais
perto e não de não abandoná-los mais,
mesmo temporariamente, aos cuidados de
outra família.
A partir da Revolução Industrial, do Iluminismo e da Constituição dos
Estados Laicos que forma oferecidos os registros das primeiras iniciativas de
atendimento à infância. Então surgiriam os asilos que abrigavam as crianças filhas de
mães operárias.
Na época de transição do feudalismo para o capitalismo, ocorreram
alterações nas relações sociais e organização familiar, e a escola interferiu no
sentimento de infância. Neste período a criança nobre tornou-se fonte de alegria dos
adultos, surgindo então um sentimento de dor, e piedade pelas crianças que morriam
cedo. É importante ressaltar que essa recepção era apenas para os fidalgos. As crianças
das classes desfavorecidas não se beneficiavam desse tratamento, eram vistas como
crianças da Idade Média, ou seja, adultos em miniatura.
A escola deixou de ser um local reservado pelos clérigos e se tornou um
instrumento de iniciação social, da passagem do estado de infância ao adulto. Com isso,
se deu uma grande preocupação por parte dos educadores, eles teriam que isolar a
juventude do mundo sujo doa adultos e mante-la na ingenuidade primitiva e treina-la
para melhor resistir as tensões dos adultos. Mas, esse preocupação não era só de
educadores, e sim, dos pais, pois eles queriam ficar mais perto de seus filhos e não
abandoná-los mais, mesmo estando provisoriamente aos cuidados de outra família.
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Áries diz, “ a substituição da aprendizagem pela escola exprime também uma
aproximação da família e das crianças, do sentimento da família e do sentimento da
infância, outrora separada. A família concentrou-se me torno da criança”.
Esta estimativa pai-criança, gerou um sentimento da família e de
infância, que antes do século XVIII não existia, como a criança se tornou o centro das
atenções, e a família começou a se organizar em torno dela. As escolas se multiplicavam
no início desse século com o objetivo de aproximar as famílias, impedindo desta
maneira o afastamento de pais e das crianças.
Na mesma medida em que o
trabalho passa a ser cada vez mais distante
do ambiente da família, há uma tentativa de
prolongar o tempo da infância e ai a infância
passa a ser uma categoria que pouco mais
tempos de nossas vidas, conseqüentemente,
ela cresce em termos de relevância social .
( Arroyo, 1994,p.89)
A família tornou-se uma instituição educativa e a criança passou a ser
alvo de castigos corporais, no ambientes familiares, logo o uso do chicote se tornou
comum nas escolas e nas famílias. O castigo físico tornou-se uma maneira de “educar”,
de fornecer valores morais, de disciplinar a criança. Assim, ( Faria 1997, p. 13) aponta
que, “ a ofensa física não era aplicada aos fidalgos, pois era uma atitude degradante que
somente podia ser aplicada à plebe. Mas todas as crianças, independente das condições,
estavam submetidas ao chicote”.
No início do uso do chicote era somente para os meninos maiores, depois
foi estendido por toda população escolar desde os adolescentes até mais crescidos. A
partir daí o adolescente começou a ser afastado do meio do adultos e juntando-se com as
crianças com as quais partilhavam das ofensas corporais.
De acordo com Faria:
A especialização de um traje para as
crianças e a introdução do castigo corporal
para os meninos, representaram os primeiros
15
sentimentos particulares da infância.
Podemos afirmar também que, o vestuário e
o chicote forma os primeiros instrumentos
de separação das crianças dos adultos nas
classes aristocráticas, marcado assim, o
reconhecimento da infância da classe
dominante. (1997, p. 14)
Só a partir do século XVIII que o ensino foi elevado às meninas, portanto
elas demoraram mais para ir a escola, aprendiam através da prática, dos costumes nas
casas de outras famílias ou de seus pais. “Também neste século, foi criado um ensino
para o povo e outra para as classes burguesas e aristocráticas, começando assim a
discriminação social no sistema educacional” (ibid).
Segundo Lanter (1999), a educação no Brasil se deu nos séculos XVI e
XVII. Os modelos filosóficos sobre a criança, tiveram inspirações européias, pois eram
executadas pelos jesuítas originados de lá. A educação aplicada tinha um fundamento
moral e religioso.
A cristianização da hierarquia do ponto de vista cultural, aplicação da
cultura do poder dominante, dos portugueses, era patente em relação aos índios nativos
que eram metidos pelos professores, os jesuítas a uma transformação e uma
desfiguração sendo então, trabalhados para aplicarem a obediência e a submissão.
O adulto que estava ao lado das
crianças pequenas, tinha um único objetivo
de doutriná-las e, sobre o jesuíta,
obviamente, não havia nenhuma
expectativa de formação ou
profissionalização para atuar no universo
infantil,posto que sua missão era religiosa.
A infância é percebida como um momento
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de oportunidade para catequese porque é
também momento de unção, iluminação e
revelação.( Lanter, 1999 p. 23).
No século XVIII, forma trazidos para o Brasil três Rodas de Expostos: a
primeira em Salvador, logo em seguida outra no Rio de Janeiro e a última em Recife.
Essas Rodas foram criadas pelos governantes que tinham como objetivo salvar as
crianças que acabavam de nascer, que muitas vezes eram abandonadas. A Roda cuidava
dessas crianças para mais tarde serem encaminhadas para o trabalho produtivo e
forçado.
Segundo Leite in priori (1991), a Roda de Expostos foi uma das
principais iniciativas sociais de orientar a população pobre no sentido de transforma-las
em classe operária, deste modo as crianças estariam afastadas da perigosa camada que
envolve a prostituição e a vadiagem.
A Roda foi discutida em muitos locais. A partir do momento em que
todas pais deixavam os bebês nela, mantinham o anonimato, ou seja, a criança crescia
sem saber quem eram seus pais e vice-versa. È importante lembrar que antes de existir
as Rodas Expostas, eram abandonados nos adros das igrejas e no beiral das portas.
No século XIX, a mortalidade infantil revela certa indiferença ao valor da
criança, a partir daí as escolas começaram a descobrir a classe médica que passou a
insistir na necessidade dos filhos serem criados pelas próprias mães, pois cada criança
achada (depois de abandonada) era uma criança perdida.
No final do século XIX, a mortalidade infantil não era tão vivenciada
como muito sofrimento, isso porque, a criança morta representava um “anjinho”. Está
conotação angelical da criança valia tanto para os riscos quanto para os pobres.
Neste período as escravas tinham que conciliar o trabalho e o cuidado
com as crianças, no entanto, elas tinham hábito de amarrar os filhos nas costas para
trabalhar. O destino destas crianças eram muitas vezes a Roda de Expostos. Faria (1997,
p. 15) ressalta que:
17
A idade de cinco a seis anos
parece encerrar uma fase na vida da
criança escrava. Dos seis aos doze anos ela
aprece desempenhando algumas
atividades, geralmente pequenas tarefas
auxiliares. Dos doze em diante, as meninas
e os meninos eram vistos como adultos no
que se refere ao trabalho e à sexualidade.
A Roda recebia crianças de qualquer cor, mas era mais freqüentada pelos
filhos dos escravos, ou seja, os proprietários não queriam assumir responsabilidade com
encargos dos filhos deles de colocavam-os na Roda. “[...] desejavam da escrava um
trabalho incompatível com a permanência do filho junto da mãe: o aluguel ou uso das
escravas como amas-de-leites”. Faria (ibid).
No final do século XIX, os juristas brasileiros criam a categoria “menor”,
para se referirem às crianças e adolescentes que não estavam sob a autoridade dos pais e
tutores e eram tidas como abandonadas.
A infância abandonada que vivia entre a vadiagem e roubo, era tratada
pelos juristas, com um caso de polícia. Os delgados recolhiam as crianças que
povoavam os centros das cidades, os mercados e as praças e que por incorrer em delitos
passavam a ser chamadas de menores criminosos e eram encaminhados às cadeias.
Através das várias leituras sobre os autores citados acima percebe-se que
a partir do século XVIII a criança começa a ganhar importância, passando a existir
então um sentimento de particularidade da infância, e de sua relação ao mundo adulto,
pois ela passa a ser reconhecida pela sociedade como sujeito de diretos públicos e
sociais.
A visão tanto da educação quanto dos órgãos que cuidam da infância não
é estática, ela evoluiu num sentido de promover uma melhor assistência. Como um dos
exemplos pode ser citado a criação, em 1990 do Estatuto da Criança e do Adolescente.
18
Capítulo II
Cuidar X educar no espaço da creche
Na sociedade atual não entendemos mais o espaço creche como depósito
de crianças, é um lugar de desenvolvimento, onde são oferecidos aos pequenos tudo que
necessitam para um desenvolvimento integral e harmonioso, capaz de suprir suas
necessidades físicas, biológicas, sociais, intelectuais e afetivas de forma integrada.
Surgimento das Creches
Na Europa, no final do século XVIII e início XIX, a creche tinha como
objetivo atender crianças de zero a três anos, durante o período em que suas mães
trabalhavam com um simples caráter assistencialista.
No Brasil, este espaço surge ao fim do século XIX, em decorrência do
processo de industrialização do país. Neste período ocorre um grande crescimento das
cidades, pela migração das áreas mais pobres, onde buscavam trabalho para que suas
condições de vida pudessem melhorar.
Em virtude desta demanda os problemas desta classe mais pobre só
aumentaram o desemprego e o subemprego. Na busca de uma solução e contenção
deste desenvolvimento desordenado, o Estado articula um plano assistencialista para
esta camada da população.
A filantropia torna-se “uma adaptação da antiga caridade que se
preocupava com a diminuição do custo social, com a reprodução da classe trabalhadora
e com o controle da vida dos pobres, de modo a garantir dominação do capital”
(Cipriano, 2003:64).
19
Os donos de indústrias, por conta própria, constroem vilas operárias,
próximas as fábricas, com lojas, escolas, creches, clubes com o apoio das instituições
filantrópicas, mulheres da alta sociedade e do Estado.
Por volta dos anos 20, o Estado concede estímulos fiscais ao atendimento
a criança. O governo fornece os profissionais, material pedagógico e mobiliário e cabe a
sociedade a organização e manutenção deste serviço. Estas instituições tinham como
objetivo modificar os hábitos e costumes das populares, fazendo com que se adaptassem
ao estilo da sociedade dominante.
O atendimento à infância teve grande influencia médica, como parte de
um grande projeto de saneamento básico, necessário a um país que desejava crescer e
ter um conceito de sociedade civilizada e moderna.
A Igreja Católica baseando-se no amor ao próximo, caridade e
fraternidade dá sua contribuição assistencial à classe trabalhadora.
Na década de 40, o Estado desenvolve uma política assistencial global,
colocando nas instituições oficiais um pessoal qualificado na área da saúde para atender
essa demanda.
No ano de 1943, com o surgimento da CLT (Consolidação das Leis do
Trabalho), são criados os berçários para atender os filhos das trabalhadoras durante o
período de amamentação. Segundo Vieira (1988), é a primeira ação direta na questão
das creches como instituição.
As creches integram-se a uma política de proteção a infância, ligada a saúde, e
suas instalações deveriam seguir os conceitos de higiene, sob a orientação de pediatras,
enfermeiras, assistentes sociais e funcionários treinados na área de higiene infantil.
Nestes espaços havia pouca preocupação com a educação da criança, mas com
a criação das escolas maternais, que embora não tinham cunho pedagógico, as propostas
pedagógicas foram dando início as pré-escolas, oferecendo educação e assistência
social.
20
Na década de 60, as exigências quanto à estrutura física fora diminuída ficando
simplificada, contando somente com a participação da comunidade. Havia bastante
dificuldade em estar ao lado do Estado e manter os moldes definidos pelo mesmo.
As creches domiciliares surgem em grandes proporções e como uma grande
alternativa de suprir a demanda da população. O objetivo era a guarda adequada das
crianças por um baixo custo e com a participação da comunidade. Com um grande
número de crianças desnutridas e um número insuficiente de estabelecimentos o Estado
cria os centros de recreação.
“O programa de emergência propunha, o
título experimental, o centro de recreação, um tipo
de unidade simples, onde as crianças de poucos
recursos ficariam abrigados durante os
impedimentos de sua mãe para o trabalho ou outras
necessidades material ou moral, recebendo
alimentação, imunizações. O pessoal seria o
mínino indispensável, recrutando entre pessoas de
boa vontade, à base do voluntariado. (Vieira,
1988).”
A década de 70 é marcada por um longo processo de abertura política onde a
Igreja Católica, o movimento feminista e as comunidades pobres da periferia marcam
sua luta em prol de seus direitos. O movimento feminista teve grande importância neste
período de dificuldades onde as mulheres buscavam seu lugar e direitos.
A Constituição de 1988 confirma a creche como instituição educativa, um
direito da criança, da família e do Estado (artigo 208, inciso IV) e pela LDB 1996
(artigo 30 /I/II). A Educação Infantil será oferecida em: I – Creches, ou entidades
equivalentes para crianças até 3 anos de idade, II – pré-escolas, para as crianças de 4 a 6
anos de idade, o que difere de um passado somente assistencialista.
21
Segundo Kramer (1994), a denominação da instância responsável pela
educação / cuidado da criança de 0 a 6 anos de idade é tão importante quanto a
discussão de seus objetivos.
A história da creche no Brasil não pode
prescindir das representações de seus profissionais,
uma vez que os programas oficiais não retratam a
prática e os conceitos que realmente são
trabalhados na creche. São muitas vezes
idealizados, fruto de políticas inadequadas,
amparando muitas vezes em pressupostos
epistemológicos superados e contestados pela
maioria dos autores. (Cipriano, 2003).
Conceito atual de creche
Creche, hoje, não é mais conhecida como depósito, deve construir em seus
espaços montados de tal forma que se transforme em ambientes especiais, oferecendo as
crianças tudo que precisam para se desenvolverem integral e harmoniosamente, física e
psicologicamente, atendendo ás suas necessidades físicas, biológicas, sociais,
intelectuais e afetivas de forma integrada.
A creche é um espaço especialmente criado para oferecer condições ótimas que
propicie e estimule o desenvolvimento integral e harmonioso da criança sadia nos
primeiros anos de vida. Tem como finalidade responder aos cuidados integrais na
ausência da família.
Este espaço não deve ser confundido com hospital, clínica ou enfermaria, que
têm a estrutura para receber crianças doentes, e sim um espaço de pleno
desenvolvimento global. Quando adoece, a criança deve permanecer em casa, até sua
total recuperação, pois na creche não recebe a atenção devida, pois neste espaço não há
médicos e sim profissionais da área da educação.
Com o objetivo de exercer os cuidados básicos de saúde e educação, durante o
período de afastamento da família, prestando assistência integral, a criança durante sua
22
permanência, cuidando de sua segurança física, emocional, higiene, alimentação, afeto e
educação.
A creche pode ser o melhor espaço para uma criança crescer se construída e
planejada para oferecer condições ótimas de estímulo ao seu desenvolvimento, através
do calcado em bases afetivo-sociais. Um lugar perfeitamente adequado para a criança
crescer, mesmo longe do seu ambiente familiar.
O currículo e suas propostas
Segundo a LDB (1996), a Educação infantil tem por objetivo geral desenvolver
as capacidades inatas da criança de zero a cinco anos e integrá-la no meio social em que
vive. De acordo com os parâmetros e diretrizes desta lei, para desenvolver o trabalho
pedagógico deve ser traçado um plano de curso em que sejam determinados os
Conteúdos Procedimentais, Atitudinais e Conceituais.
O currículo de atividades de uma creche deve ser compreendido como o
conjunto de atividades de todas as experiências oferecidas a fim de promover o
desenvolvimento pleno da criança, suas capacidades inatas e sua interação social no
meio em que vive. Tudo que envolve a criança dentro da creche faz parte do currículo
de vida e aprendizagem, agindo sob sua formação e influencia na estruturação de sua
personalidade.
É de função da creche a promoção de experiência que estimulem o
desenvolvimento das capacidades de cada criança. Sendo assim, as atividades serão de
rotina, relacionadas a troca de roupa, banho, higiene, sono e alimentação, outras
atividades devem ser oferecidas para que seja estimulado o desenvolvimento afetivo,
emocional e social. As atividades de rotina devem estar sempre envolvidas numa
relação afetivo-social, de cunho educativo.
Essas experiências da ação do adulto X criança devem ser sobre o meio
ambiente sendo de caráter físico, intelectual, social ou afetivo. Na atividade, embora,
predomine a informalidade sobre a formalidade precisam ser pensadas e planejadas para
23
que ofereça a criança melhores e mais complexas oportunidades de crescimento e
construção de conhecimento.
O trabalho do educador é, basicamente, selecionar os estímulos adequados a
promoção do desenvolvimento, tendo sempre em mente a criança como um todo
indivisível, sem compartimentos, com suas potencialidades e dificuldades, com objetivo
de desenvolver suas potencialidades e o suporte para vencer eventuais dificuldades.
Os três eixos da Educação Infantil
O Referencial Curricular para Educação Infantil sugere três grandes eixos em
torno dos quais todas as atividades Psicopedagógicos do currículo devem gerar: o
brincar, o movimento e o conhecimento de si.
“A intervenção intencional baseada na
observação do brincar das crianças,
oferecendo material adequado assim como
um espaço estruturado, permite o
enriquecimento das competências
imaginativas e organizacionais infantis.
(Referencial Curricular da Educação
Infantil, 1996)”
O brincar é o principal modo de expressão da infância. É uma linguagem, por
excelência, para a criança aprender, se desenvolver, explorar o mundo, ampliar a
percepção sobre ele e sobre si mesma, organizar seu pensamento, trabalhar suas
emoções, sua capacidade de iniciativa e de criar e se apropriar da cultura.
Na Educação Infantil um espaço de brincar é assegurar uma educação numa
perspectiva criadora e que respeita a criança e seus modos de estar no mundo. Brincar é
uma atividade que se aprende na relação com o outro e que sofre contínuas mudanças ao
longo do tempo.
24
A idade, a experiência de vida das crianças e seus parceiros permitem que os
seus modos de brincar se transformem. É o educador que tem, com sua experiência e
conhecimentos sobre como as crianças brincam e por que brincam, um relevante papel
na garantia da presença do brincar nas rotinas, nos espaços e no oferecimento de
brinquedos e materiais na Educação Infantil. É ele, também, que faz a diferença na
transmissão de brincadeiras tradicionais de uma geração para outra, perpetuando essa
importante manifestação cultural.
As brincadeiras de faz-de-conta funcionam como cenário no qual as crianças
tornam-se capazes não só de imitar a vida como também de transformá-la, constituindo-
se uma atividade interna delas, baseada no desenvolvimento da imaginação e
interpretação da realidade, sem ser ilusão ou mentira.
Por meio do brincar de faz-de-conta, as crianças buscam superar contradições,
motivadas pela possibilidade de lidar com o acaso e com a ficção quando assumem
papéis e desenrolam um enredo construído pelas interações com outras crianças, sempre
imprevisível. A brincadeira cria, então, novidades, e permite à criança, vivenciar
concretamente a elaboração e negociação de regras de convivência e expressar uma
visão própria do real, embora por ele marcado. Elas ainda elaboram sentimentos e
emoções, ao mesmo tempo em que desenvolvem importantes habilidades, trabalham
alguns valores de suas comunidades, examinam práticas do seu dia-a-dia, vivenciam
outras formas de ser e pensar, são capturadas por representações sociais sobre
determinados eventos.
A brincadeira no processo educativo deve ser incluída nas experiências que
compõem as aprendizagens das crianças nas diversas dimensões, como: a linguagem
oral e escrita, linguagens artísticas, questões relativas à natureza e sociedade,
conhecimentos matemáticos, corpo e movimento entre tantas outras. Nesse sentido, ela
deve ser uma atividade diária no cotidiano da Educação Infantil, possibilitando à criança
aprender pelo brincar, criar e renovar as brincadeiras e fortalecer suas culturas lúdicas.
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Nesta fase da vida, infância, o ato motor faz com que ela se aproxime do mundo
que cerca. O movimento precisa ser planejado como função tônica, ou seja, “ nas
variações musculares responsáveis pela qualidade dos gestos, pela manutenção das
posturas e pelo equilíbrio, que são ações sobre objetos, tenho um papel fundamental na
expressão” (Referencial Curricular da Educação Infantil, página 41 e 42).
É pelo corpo e seus movimentos que as crianças atuam dando significado ao
ambiente em que vive, interage com pessoas e objetos e interpretados por seus
parceiros. A linguagem corporal constitui uma possibilidade de se aproximar da cultura
e se comunicar com o mundo.
A criança se movimenta desde que nascem, e crescem adquirindo cada vez
maior controle sobre seu próprio corpo. O desenvolvimento e crescimento que
caminham faz parte de um trajeto da natureza das intenções. A significação do
movimento depende das habilidades motoras próprias de cada estágio de
desenvolvimento que são executadas neste espaço.
Neste sentido, a Educação Infantil, deve oferecer um ambiente físico e social
onde a criança se sinta protegida e acolhida, ao mesmo tempo segura e desafiada a
arriscar-se e vencer os obstáculos, expandido assim, sua capacidade física e motora. O
movimento humano é mais do que um simples deslocamento do corpo no espaço
constitui uma linguagem que permite agir sobre seu meio e atuar sobre o ambiente
humano.
“O estabelecimento de um clima de
segurança, confiança, afetividade, incentivo,
elogios e limites colocados de forma clara e afetiva
dá o tom de qualidade da interação ente educadores
e crianças.” (Referencial Curricular da Educação
Infantil, página 80).
A criança precisa sentir-se segura dentro do ambiente que se encontra, o
conhecimento de si e do outro são ferramentas essenciais para que todo o eixo de
trabalho seja voltado para a identidade e autonomia, pautado assim, na ética, respeito,
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liberdade e solidariedade. Nesta relação, o vínculo é uma fonte contínua de significados
junto ao educador que valoriza suas relações pessoais e intrapessoais. O educador
precisar ser espontâneo, verdadeiro e autêntico na sua relação com a criança,
respeitando-a como parceiro nas interações.
“Por ser ainda criança, também seu olhar é
jovem. E por ser criança, ela também tem a
fantasia como instrumento para explicar o
mundo. E o desmedo da liberdade, guiada
pela espontaneidade, ela invade tudo que
seu olhar alcança sem duvidar de seu
entendimento.” (Manoel de Barros).
A Educação Infantil tem um papel importante na formação do indivíduo, pois é
neste movimento que a criança inicia seu o processo de descoberta de si, do outro e do
mundo que a cerca. A criança é sujeito integral do seu desenvolvimento. O educador
atua de forma a testemunhar esse processo, diariamente, neste rico período em que a
criança se encontra a descoberta de si e do mundo.
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Capítulo III
A formação do educador
A formação do educador segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional deve ser o ensino médio, formação no Curso Normal, ou curso de Pedagogia
com habilitação na educação infantil.
“Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são:
I – professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio;
II – trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas;
III – trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim.
Parágrafo único. A formação dos profissionais da educação, de modo a atender às especificidades do exercício de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes etapas e modalidades da educação básica, terá como fundamentos:
I – a presença de sólida formação básica, que propicie o conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas competências de trabalho;
II – a associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados e capacitação em serviço;
III – o aproveitamento da formação e experiências anteriores, em instituições de ensino e em outras atividades.” (NR)
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Esta formação não ocorre pelo acúmulo de cursos, palestras e técnicas, mas
também por uma reflexão crítica sobre sua prática construção e reconstrução de uma
identidade pessoal, tão importante é investir em sua profissão.
De acordo com Perrenoud, o professor profissional deve ser visto como uma
pessoa autônoma, dotada de competências específicas sobre uma base de conhecimentos
racionais, reconhecidos, oriundos da ciência, legitimada pela Universidade, ou de
conhecimentos explicitados, da sua prática. Sua prática sendo contextualizada, seu
conhecimento passa a ser autônomos e professados de maneira racional.
“(...) durante muito tempo predominou uma
concepção na pesquisa pedagógica dos
professores que os reduzia a um elemento
passivo dentro de um sistema educacional.
(...) Os professores ficavam reduzidos a
objetos a serem modificados, seja mediante
pressão ou por força da lei, mudando suas
condições de trabalho ou mediante a
persuasão. (Contreaus, p.229).
A profissionalização é constituída por um processo de racionalização dos
conhecimentos da ação de práticas no seu dia a dia. O profissional cabe colocar as suas
competências em ação em situações diversas em seu ambiente de trabalho.
O professor profissional é um articulador do processo ensino-aprendizagem e de
suas articulações partilhadas.
O educador infantil deve ser um estimulador do desenvolvimento, coordenador
das motivações de seu grupo, interagindo de forma cooperativa com a criança.
Nesse contexto, o educador, deve ter uma concepção integrada do
desenvolvimento infantil e ter uma mesa importância às ações de cuidado e educação e
as manter articuladas com a rotina diária. A organização cuidadosa do espaço deve ser
observada em seu efeito sobre as interações e o brincar, sendo a avaliação uma forte
aliada na realização das modificações.
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Portanto, o educador, tem papel fundamental em sua relação cotidiana com as
crianças, pois pela sensibilidade identifica necessidades, desejos, fortalece relações e
promove atividades significativas de aprendizagem ao grupo, usando diferentes recursos
numa relação de vivência da aprendizagem, que os torna uma importante via de mão
dupla.
O educador cuida da criança quando a reconhece que é capaz de atuar
ativamente em seu processo desenvolvimento e de aprendizagem, atua de forma a
interagir e ampliar experiências no seu desenvolvimento global, que o brincar é fonte
rica de aprendizado, prioriza ações individuais, escuta as contribuições trazidas, é uma
referência re responsabilidade, promove relação de confiança coma família e tem um
olhar observador e investigativo nos diferentes contextos.
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Conclusão
Esse trabalho procurou mostrar a infância e sua configuração através dos
tempos. Esta não existiu de uma forma estática e sim de acordo com um contexto
histórico e social na qual estava inserida.
Os conceitos de infância forma determinados pela modificação de formas de
organização da sociedade. O modelo capitalista institui classes sociais diferentes, na
qual o papel da criança se tornou também diferente. Deste modo, o enfoque desta
pesquisa foi refletir sobre a relações existente entre o conceito de infância e as classes
sociais no contexto contemporâneo, bem como a participação da escola.
A creche como um espaço de desenvolvimento infantil deve proporcionar a
criança um relação com o mundo de forma criativa. A rotina entra para caracterizar este
espaço como um rico cenário de idéias e um elenco pronto a desenvolver-se.
Pôde-se constatar que a infância no cenário atual, diversificada e desigual
promove trajetórias de vida que configuram uma infância encurtada”, tanto nas classes
sociais
No que se refere a formação do educador não basta ter um curso que não
possibilite a reflexão de sua prática, pois é através desta reflexão que o trabalho
profissional do educador se enriquece, sendo avaliado diariamente, dando oportunidade
de fazer, avaliar e refazer.
Esta pesquisa nos trouxe uma reflexão sobre as mudanças de concepções de
infância, a formação do educador e sua concepção de cuidar. Essas mudanças foram
necessárias para a construção de uma base sólida de reflexão e da formação de um
profissional.
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