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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM ARTETERAPIA NO CANTO CORAL Por: Maurilio dos Santos Costa Orientador Prof. Ms. Fátima Alves Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

ARTETERAPIA NO CANTO CORAL

Por: Maurilio dos Santos Costa

Orientador

Prof. Ms. Fátima Alves

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

ARTETERAPIA NO CANTO CORAL

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Arteterapia.

Por: . Maurilio dos Santos Costa.

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AGRADECIMENTOS

....a Deus, toda honra e toda glória;

que me sustenta e tem me dado

sabedoria para crescer...

...aos amigos de sala que com amizade

e carinho, puderam me ajudar com

suas experiências como docentes ...

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DEDICATÓRIA

....a minha esposa Heth Neto Costa,

eterno e grande amor da minha vida .......

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RESUMO

A pesquisa sobre o tema Arteterapia no Canto Coral, após o

enfoque de sua aplicabilidade na ária artística do Canto Coral, trará a todos

uma visão mais abrangente de como solucionar os problemas emocionais e

psíquicos das pessoas que entoam o canto coral em coros profissionais ou

amadores, assim como aos maestros um melhor conhecimento técnico de

como solucioná-los.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada na elaboração deste projeto monográfico

foi a pesquisa bibliográfica. O tema Arteterapia no Canto Coral foi abordado

através de leituras, análises e interpretações de livros, artigos científicos, teses,

revistas e jornais que serviram para dar suporte necessário à elaboração desta

monografia.

O acesso a sites da internet, também foram exaustivamente

utilizados como complementação à esta pesquisa, promovendo desta forma um

aprofundamento dos temas: Arteterapia, o Canto Coral e a Música com o

objetivo de oferecer e afirmar a importância de um novo olhar sobre a ponte

entre o inconsciente e a consciência no processo da construção do indivíduo

enquanto ser humano.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O Conceito de Arteterapia 10

CAPÍTULO II - Música 24

CAPÍTULO III – Musicoterapia e

Arteterapia no Canto Coral 31

CAPÍTULO IV – Canto Coral 34

CONCLUSÃO 40 ANEXO I 41 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42

BIBLIOGRAFIA CITADA 43

ÍNDICE 44

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INTRODUÇÃO

Ao abordar o tema “Arteterapia no Canto Coral”, como dispositivo

positivo às gerações contemporâneas e principalmente às gerações futuras, é

preciso que os leitores interessados, tenham como objetividade, a importância,

a aplicação e o resultado da sua aplicabilidade, como produto criativo, através

das pesquisas e métodos terapêuticos da arteterapia na arte do canto coral,

extendendo às áreas instrumentais como Orquestras, às Bandas, os conjuntos

instrumentais de Rock. Importante ressaltar que as pesquisas com Arteterapia

não são exclusividade somente das terapias aos setores artísticos, mas

também aos diversos setores de trabalho do ser humano, como por exemplo, a

aplicação da arteterapia aos funcionários de uma empresa, aos jogadores da

equipe de um time de futebol, etc.

Para desenvolver o tema Arteterapia no Canto Coral, foi

necessário pesquisar os conceitos e a história tanto da Arteterapia através de

seus principais pesquisadores e estudiosos como Jung, Lou de Olivier, Nise da

Silveira, como o Canto Coral, seu conceito e a sua criação através dos grandes

musicólogos.

Estudar arteterapia e aplicá-la na arte de Canto Coral, prova que

por ser o canto uma arte que lida com o emocional dos indivíduos, ela pode

curar tanto coletivamente quanto individualmente os problemas psíquicos das

pessoas, como distúrbios mentais, rítmicos, cardíacos, autismo, demências,

tensões nervosas, comportamentos sociais e culturais, que podem ser tratados

por terapeutas e musicoterapeutas com o emprego das técnicas expressivas e

os métodos terapêuticos com exercícios de relaxamento, expressão corporal e

dança, as técnicas com utilização de materiais apropriados em arteterapia,

como atividades práticas em pintura, desenho, visualização com música

relaxante e transformação pessoal pelas imagens.

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Após a abordar questões cruciais da importância da arteterapia

como ciência que cura os problemas psíquicos dos indivíduos é muito

importante que o leitor deste assunto saiba que o Canto Coral proporciona a

convivência entre os integrantes e traz muitos benefícios para a saúde, tanto

física, como mental. Através de exercícios vocais os componentes conseguem

diminuir ou até mesmo abandonar vícios como o fumo e álcool. Ele traz

benefício muito grande para saúde.

Portanto, é muito interessante que o leitor, depois de ler sobre a

pesquisa do tema “Arteterapia no Canto Coral” reflita da importância que tem

em aplicar a arteterapia aos componentes do coro (que são os pacientes)

quando alguns desses componentes apresentam problemas de saúde,

distúrbios, etc.

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CAPÍTULO I

O CONCEITO DE ARTETERAPIA

Dentre vários conceitos dos grandes estudiosos em Arteterapia,

pode-se dizer que Arteterapia é um processo terapêutico que se utiliza de

materiais plásticos e sensoriais com o objetivo de facilitar a emergência de

conteúdos inconscientes pessoais e coletivos, sua decodificação e a sua

integração ou transformação. Ela considera ser o homem, um ser criativo e

do desenvolvimento da sua criatividade, depende toda a saúde psíquica e por

conseqüência , melhor qualidade de vida do ser humano.

“ O anseio criativo vive e cresce dentro do homem como uma árvore no solo do qual extrai seu alimento. Por conseguinte, faríamos bem em considerar o processo criativo como essência viva na alma humana.” (JUNG, 1987, p.65).

Segundo Jung, existe em nossa psíque, movimento em direção

à saúde. As artes por suas características expressivas e transformadoras,

evidenciam muito esse movimento.

“ Esse processo parte do pressuposto de que o homem é capaz de atingir sua totalidade, e que pode curar-se “ (JUNG, 1987, pág 101).

Nise da Silveira, renomada Arteterapeuta, nasceu em Maceió em

1906, formou-se em Medicina, na Universidade da Bahia, como psiquiatra, mas

não era adepta dos meios usuais de tratamento aos pacientes, como

eletrochoques, insulinoterapia. Para ela esses métodos eram considerados

agressivos. Foi presa como comunista e afastada do serviço público de 1936

até 1944. Porém em 1946 ela criou a chamada “Seção de Terapêutica

Ocupacional”, sendo reconhecido como “Centro Psiquiátrico Pedro II”. Em

1952, introduzindo a psicologia Junguiana no Brasil, ela fundou o Museu do

Inconsciente, onde reunia obras produzidas nos ateliês de pintura. O método

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ateliê caracterizava um seguimento da Arteterapia. Em 1952 ela cria a

chamada Casa das Palmeiras, onde os pacientes podiam estar sob ambiente

acolhedor e respeitoso. Nise, no entanto, era grande conhecedora das teorias

de Freud, que defendia a idéia de um inconsciente herdado (desde o início até

os ancestrais), porém em Jung , ela se identifica mais e pesquisa o chamado

Inconsciente Coletivo. Em 30 de outubro de 1999, faleceu após ter sido

destacado por Jung em um Congresso Internacional de Psiquiatria , em

Zurique, um trabalho de uma mandala feito por um aluno dela.

Lou de Olivier, outra grande pesquisadora de Arteterapia, após ter

passado por sérios problemas nada vida, como acidente aéreos, AVC,

acidentes automobilísticos, aos 16 anos escreveu “Eu inteiro, metade de mim”,

muito forte para sua época. Após concluir graduação em Educação Artística,

bacharelado em Artes Cênicas, e estendendo até Musicoterapia, passou a

estudar Psicanálise Clínica. Usa de experiências práticas, consigo mesma

como cobaia, baseando-se em seus acidentes e seqüelas. Em Arteterapia

destacam-se “Acontece nas melhores famílias” e “Distúrbios de Aprendizagem

e Comportamento.”

Arteterapia e a Criatividade A criatividade tem origem na palavra “criar” derivada do latim

“creare” que significa produzir, fazer, criar.

Foi no período pré-histórico, com desenhos e figuras em paredes

de cavernas que o homem pré-histórico manifestou os seus primeiros indícios

da criatividade. Deste modo, ele se comunicava, se expressava. Como já se

sabe, as necessidades do ser humano o levaram a motivá-lo, a inventar, criar.

Machdos, lanças, foram invenções da criatividade do homem para sua

sobrevivência, pois ele precisava da caça de animais, da pesca, da colheita de

frutas e raízes. Também foi na pré-história que se deu a invenção da roda

como processo criativo.

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Hoje, com a escrita, linguagem, como fator importante da

comunicação, o homem é capaz de questionar, pesquisar, sobre a sua criação,

seu processo. Dentre os povos mais antigos, já num período mais avançado

da história, foram os Gregos.

Criatividade na cronologia do tempo

1)Grecia - aqui deu-se o início da criatividade;

2)Roma - a igreja católica com seu fortalecimento não permitiu o

avança da criatividade;

3)Século XVII, - volta dos estudos acerca da criatividade;

Renascentista

4)Século XVIII - aparece a figura de Kant, como gênio filosófico deste

século;

5)Século XIX - aumentam questões sobre o ser criativo e criatividade;

6)Século XX - os estudos são muito enfatizados.

“Segundo Freud, criatividade é o resultado de uma tensão

entre realidade consciente e pulsões inconscientes”.

6.1)Em 1946 – Nise da Silveira aplica a arte como fator terapêutico e é

reconhecida

6.2)Em 1953 - Osborn desenvolveu a técnica “Brainstorm”;

6.3)Em 2005 - Egan publicou um trabalho sobre os fatores que

influenciam a criatividade.

Segundo relato, vários outros pesquisadores desenvolveram seus

trabalhos sobre criatividade. Nos tempos primitivos, o homem entendia que a

criatividade era uma dádiva divina, tudo era atribuído como presente divino.

Outra visão filosófica a respeito da criatividade no passado era de

considerá-la como forma de loucura. O comportamento humano não se

adequava ao comportamento estabelecido pelo seu convívio social, era

considerado ser anormal.

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13 “O processo criativo é um caminho espiritual. E essa aventura fala de nós, de nosso ser mais profundo, do criador que existe em cada um de nós, da originalidade, que não significa o que todos nós sabemos, mas que é plena e originalmente nós”. (NACHMANOVITCH, 1993)

Em uma outra visão filosófica moderna, o homem, artista, passa

ser visto como gênio.

A criatividade segundo alguns filósofos.

1) Aristóteles - a criatividade era oriunda do próprio ser, de sua própria

mente;

2) Platão - a criatividade era vista como forma de loucura;

3) Socrates - a criatividade era inspiração divina, era transcendental;

4) Descartes - definia a criatividade como vinda da alma;

5) Kant - explicava-a como processo natural e saudável;

6) Darwin - no século XIX afirma que a criatividade era uma força

inerente à própria vida, era uma manifestação interior do

próprio indivíduo.

A criatividade do ponto de vista do criador.

De acordo com Fliger:

“todos os indivíduos são criadores por diversas maneira e em diversos graus. A natureza da criatividade permanece a mesma, que se produza um novo jogo ou uma sinfonia. A criatividade situa-se em uma região que em cada indivíduo depende da área de expressão e capacidade”. (FLIGER, 1961)

A criatividade é um potencial em todos os indivíduos. Cada ser

tem sua própria forma de criar e vivenciar o processo criativo de acordo com

suas necessidades. Todos os homens são criativos, dependendo da

habilidade de cada um, a sua criatividade pode ser mais ou menos

desenvolvida.

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“O ser que usa a sua criatividade tem mais sucesso na vida, é mais feliz, tem uma vida mais engraçada e feliz” . (NETTO, 2004) “Pessoas criativas têm níveis de consciência e atenção maior que as demais. Isto dá a elas uma sensibilidade elevada, além de estarem sempre dispostas a enxergar novas possibilidades e buscar relações entre as coisas.” (FILHO, 2005)

A criatividade e a imaginação.

É de fundamental importância trabalhar principalmente com a

criança, a sua imaginação para se obter um desenvolvimento muito mais

produtivo à sua criatividade. Segundo pesquisadores deve-se trabalhar a

imaginação e a fantasia das crianças muito cedo por meio dos contos de fadas,

dos desenhos infantis, das cantigas, das cirandas, das lendas, etc.

Segundo Torrance, as técnicas de relaxamento muito usadas em

Arteterapia como tratamento, exercem grande influência no processo criativo.

Trabalhar a imaginação de uma criança e trabalhar com a

criatividade favorece o fluxo de informações, imagens, sentimentos, sensações

do inconsciente para o consciente, também o mesmo do consciente para

inconsciente, fazendo assim com que este fluxo seja saudável, mudando o que

é negativo para positivo.

Ao criar, acrescentamos ao que fazemos ou realizamos um pouco

do nosso universo interior.

“Caminhar criativamente é ter a possibilidade de concretizar, de dar forma às sensações, aos sentimentos ou às imagens que estão inconscientes ou reprimidas. E ao ganhar concretude, podem transmutar, transformar, ou transcender.” (CHIEZA, 2004)

A criatividade, arte e ludicidade.

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O ser humano ao envolver-se com a arte faz com que haja

despertamento em sua imaginação, percepção, cognição, criatividade e

sensibilidade de se expressar livremente por meio das linhas, das cores, das

formas, da música (o canto coral, a orquestra), da dança, da pintura. O

trabalho com arte é gratificante, é lúdico.

“O “Fazer arte” envolve o sensório, o emocional, o cognitivo e o intuitivo.” (URRUTIGARAY, 2003)

Criatividade e autoestima.

A criatividade deve ser vista como um processo a ser cultivado,

que conduz ao autoconhecimento e à liberdade interior.

“Branden vê a autoestima como a saúde da mente e uma necessidade humana fundamental, pois o ser humano sem autoestima não pode realizar o seu potencial.” (in GOLINELLI & SANTOS, 2002)

Autoestima também pode ser a aceitação que o indivíduo tem de

si mesmo, a vivência de ser adequado a vida e às exigências que a mesma

coloca.

“Autoestima é a confiança em nosso direito de ser feliz, com a sensação de que temos o direito de expressar nossas necessidades e desejos de desfrutar os resultados de nossos esforços.” (BRADEN in GOLINELLI & SANTOS, 2002).

Criatividade e saúde mental.

O processo da criatividade é um processo terapêutico. A

influência da arte sobre o ser humano tem aplicação terapêutica. Entende-se a

sua utilização como escape emocional. Através da expressão artística, o ser

humano pode se libertar de suas tensões.

Imaginar um coro de crianças. Aplicar em dado momento a elas

atividades lúdicas e artísticas:

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1) Essas atividades vão proporcionar intenso prazer as crianças ao canto

coral;

2) Tanto atividades lúdicas, quanto artísticas, vão envolver o seu afetivo

emocional;

3) Também vão influenciar em suas imaginações, invenções, criatividade, etc.

4) Ambas as atividades vão levar para o espiritual, para algo que seja belo,

que as satisfaz intensamente.

Arteterapia, criatividade e o processo criativo.

O processo criativo depende do estado emocional dos interesses,

da motivação, do envolvimento, do empenho e da dedicação do criador, porque

cada ser poderá apresentar time diferenciado ao vivenciar as etapas do

processo criativo. Nas fases do processo criativo há muita influência quanto às

condições ambientais, sociais e culturais.

“Nada pode deter o criativo. Se a vida está cheia de alegria, a alegria aumenta o processo criativo. Se a vida está cheia de dor, a dor alimenta o processo criativo.” (NACHMANOVITCH, 1993)

Imaginar um coro de crianças ou adulto composto de indivíduos

de diversos ambientes sociais, como moradores de periferias, pobres, sem

dinheiro, sem recursos culturais desde as suas formações:

Qual o papel do maestro (um ser criativo) ?

Este é um coro que além de seus problemas culturais, possui

problemas técnicos relevantes.

Como o maestro resolverá o problema ? Tomar como base um

maestro que tem em sua formação, estudos e técnicas de Arteterapia.

1ª etapa: a percepção do problema a ser resolvido;

2ª etapa: a preparação à resolução dos problemas das várias maneiras. O

criador (maestro) deve abordar, ler, discutir, informar-se;

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3ª etapa: a incubação. Deve-se, aqui, trabalhar com hipóteses em nível

inconsciente, após investigar, ler e obter informações sobre as

questões a serem resolvidas.

4ª etapa: a iluminação. Aqui será o momento do aaaaaa........., encontrei.

Vem a mente, então, “a” ou “as” respostas.

5ª etapa: a procura de idéias. O indivíduo procura várias idéias, combinando,

transformando.

6ª etapa: processo de solução e resolução dos problemas. É a fase em que

ele aperfeiçoa a idéia.

Porém, a criatividade pode ser bloqueada ?

Sim. Ao tratar-se de indivíduos com problemas de má-formação

cultural sócio-econômica, poderá impedir no caso, do maestro, todo esse

processo criativo. A rigidez, o conformismo, a apatia, a falta de imaginação, o

medo de errar, a preguiça mental, o medo de mudanças, do novo, a pressão

psicológica, a falta de tempo, etc.

Para criar é preciso se livrar de obstáculos. Os obstáculos

(barreiras) podem ser:

1) Barreiras culturais:

Dependendo da sociedade (o coro propriamente dito), do

ambiente, você poderá tecer idéias e comentários a fim de bloquear as idéias

criativas.

1º- é uma idéia ridícula;

2º- isto nunca foi tentado antes;

3º- não é problema nosso;

4º- a mudança será muito radical;

5º- não há tempo suficiente;

6º- não é prático e viável para nossa realidade;

7º- do velho jeito, sempre deu certo. No caso do coro, o maestro terá que

solucionar o problema batendo, ensaiando, repetindo até chegar lá.

8º - a direção da instituição não vai achar uma boa idéia;

9º - isso já funcionou em algum lugar?

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10º- não é adequado para nossa idade (não para um coro de crianças, mas

para um coro adulto).

2) Barreiras perceptuais :

Como se vê, pelo seu próprio nome, esta é uma barreira que está

ligada diretamente aos órgãos dos sentidos, como audição, visão, olfato.

Neste caso pode-se executar por exemplo uma canção e não ouvir, não sentir,

não perceber suas desafinações. Um coro pode apresentar um canto coral no

qual seus componentes não percebem individualmente ou coletivamente os

problemas de desafinação através da audição.

3) Barreiras emocionais:

Estas barreiras impossibilitam a exploração de idéias. Ao

analisar, no caso de um coro, cada indivíduo com seus problemas sociais, esta

pode ser uma barreira ou obstáculo muito importante ao insucesso, ou melhor

ao produto criativo.

As barreiras emocionais podem ser por:

1)Medo do fracasso – não arriscar, para não sofrer uma vergonha, ou melhor, o

temos de não dar certo;

2)Medo de brincar – medo de parecer algo muito banal;

3)Medo do desconhecido – medo de situações onde não há a probabilidade de

se ter o sucesso;

4)Medo de perder o controle – medo de encontrar as soluções rápidas para os

possíveis problemas.

Evidentemente que para haver a criação, que na verdade é o

produto criativo resultado da criatividade, é preciso que se tenha um bom

ambiente criativo.

De acordo com os estudiosos e pesquisadores, o ambiente

criativo, deve oferecer suporte para a criatividade.

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Quando se é criança, o lar, que é o ambiente infantil, deve ser

saudável.

“As manifestações artísticas, iniciadas nos primeiros anos de vida podem significar para nossos filhos a diferença que existe entre indivíduos adaptados e felizes e outros que, apesar de toda a capacidade, continuam, às vezes desequilibrados e encontram dificuldades em suas relações com o próprio ambiente.” (LOWENFELD, 1954)

Arteterapia e a importância de vivenciar técnicas

Em Arteterapia, para criar, é preciso ter técnica e ao mesmo

tempo libertar-se dela. Portanto deve-se praticar até que a técnica se torne

inconsciente. Descobrir e explorar os diferentes materiais e vivenciar as várias

possibilidades de técnicas torna o profissional mais capaz de lidar com os

improvisos.

É importante para o profissional em Arteterapia vivenciar e testar

as técnicas que pretende aplicar em seus pacientes. Esta prática pode apontar

as possíveis dificuldades e possibilitar os ajustes necessários.

“Sem aprendizado das técnicas de uma atividade, até o mais promissor dos talentos se embota, já com o treinamento apropriado, mesmo um talento, mediano pode tornar-se a base da criatividade.” (GOLEMAN, KAUFMAN & RAY, 1992)

Materiais utilizados para a prática da Arteterapia.

1) Papéis – papel A4 e A3, papel crepom, papel machê, papel pardo, papel

celofane, etc.

Os papéis usados pelo arteterapeuta devem ter função de base

para os trabalhos. Cabe ao arteterapeuta saber usar papéis indicado às

tarefas expressivas.

2) Materiais secos – lápis de cor, giz de cera, pastéis a óleo, pastéis seco, lápis

de carvão, etc.

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3) Tintas – guache, acrílica, tinta para pintura a dedo, cola colorida, nanquim,

tinta plástica, etc.

4) Materiais para colagem – revistas, jornais, tecidos, purpurina, lantejoulas,

fitas, barbante, lã, linha, etc.

5) Massas – massa de sabonete, massa de miolo de pão, massa de jornal e

cola, massa de modelar, massa de farinha.

Arteterapia e atividades expressivas

O tema Arteterapia no canto coral sempre irá exigir de um

arteterapeuta o conhecimento dessas atividades expressivas.

Em um coro, na maioria das vezes formado por elementos

(cantores do coro) com técnicas vocais diferentes de classes sociais diferentes,

de problemas emocionais distintos é bom que o maestro seja um músico

terapeuta tanto um Arteterapeuta.

Em Arteterapia as atividades expressivas são as que permitem

espontânea expressão das emoções, dando portanto forma na linguagem dos

sons, das cores e dos movimentos.

Elas podem ser:

1 – Relaxamento;

2- Relaxamento simples;

3 – Relaxamento por visualização com música;

4 – Outras.

Em Arteterapia existem várias outras técnicas de atividades

expressivas, como aquelas que favorecem a expressão do autoconceito, da

auto imagem, dos sentimentos. Porém, todas elas podem ser aplicadas tanto

em crianças, adolescentes, adultos e idosos por arteterapeutas que conhecem

bem o momento adequado às necessidades do paciente.

Se você, porém, deseja atuar como arteterapeuta em uma área

específica como sugere o tema: A Arteterapia no Canto Coral, em coletivo,

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precisa conhecer bem e saber aplicar a principal técnica tanto à Arteterapia

como Musicoterapia, que é a técnica de Relaxamento.

O tema sugere com muita clareza a solução dos muitos

problemas que podem vir a acontecer às pessoas de um coro, problemas estes

emocionais, problemas de audição, problemas respiratórios, problemas

rítmicos, problemas de aprendizado, entre outros, problemas de cansaço vocal

que em muitas vezes leva um coro a fadiga, desgaste e a desafinação.

Em muitas vezes, os problemas não são coletivos, ou seja, todos

os componentes apresentam o mesmo problema, porém, mais individuais.

Como solucionar um problema de cansaço vocal ou de desafinação em um

coro ?

1) Se for coletivo (todos os componentes) :

- o maestro (conhecedor de técnicas arteterapêuticas e se possível das

técnicas musicoterapêuticas), visualiza os pontos musicais do canto coral ou

melodia;

- a criatividade e o uso das técnicas expressivas, para a solução do problema;

- o 1º exercício para restaurar a saúde vocal, a técnica de relaxamento. As

técnicas de relaxamento são excelentes para iniciar qualquer tentativa de

solução ao problema. Elas mobilizam os sentimentos, o equilíbrio emocional e

as tensões;

- o ambiente deve ser favorável à aplicação dessas técnicas;

- o arteterapeuta deve usar música calma e suave para o relaxamento, se

possível, sem barulhos. Evidentemente, ele deve usar outra música que não

seja a mesma, pois o importante é o resultado do relaxamento como solução

das tensões.

2) Se for individual ou somente um número pequeno de coralistas ou pacientes

(3 ou 4)

2.1 – o maestro (arteterapeuta e músicoterapeuta)

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- Evidencia certamente os cantores que estão destoando ou enfocando as

desigualdades de timbres, ritmo, respiração, percepção.

- Selecione o ambiente para os exercícios, ou melhor, o uso de técnicas

expressivas. Não deve expor essas pessoas ao restante do grupo, porque

certamente a criatividade seria bloqueada e o resultado não seria positivo.

- As técnicas devem ser as mesmas se aplicadas ao coletivo, focando um

tempo maior, ou uma atenção melhor a essa ou essas pessoas.

- A técnica de relaxamento com músicas calma e suave, vídeos é a melhor

para tirar as tensões nervosas e a insegurança ou pensamento de que não

consigo como os outros.

- A técnica da expressão corporal, também, é muito importante, pois dá melhor

equilíbrio, concentração e imaginação.

- Desenvolver memória, coordenação, escrita, desinibição e integração ao

grupo.

- Desenvolver percepção visual e memória.

- Desenvolver percepção visual, confiança em si próprio e nos outros.

- Desenvolver capacidade de imitação, concentração, integração de grupo,

mímica, emissão de sons.

- Desenvolver coordenação motora, equilíbrio, ritmo.

- O ideal para o arteterapeuta, se tem em sua agenda tempo hábil, é dedicar

estas sessões de terapias em separado de acordo com a necessidade de cada

um. Pessoas que apresentam distúrbios de aprendizagem necessitam de

estímulos de coordenação, memória, concentração, etc.

- Além das técnicas de Pintura, Desenho, o arteterapeuta deve aplicar aos

problemas apresentados no canto coral, a Dança e a Expressão corporal. Elas

dão bons movimentos involuntários ao relaxamento e coordenação motora

(rítmo). Nesta terapia pode-se desenvolver também pedindo a todos que se

espreguicem e sintam cada parte do corpo, lentamente, sentindo o corpo

relaxado e alongado. Aproveitar também para girar lentamente a cabeça em

vários sentidos, para esquerda, para direita e no sentido do seu corpo.

Evidentemente, que as pessoas (no caso do coro), sentirão melhor saúde vocal

(técnica de arteterapia) e possivelmente as cordas vocais distensionadas,

relaxadas. Em muitas vezes, as pessoas estão com problemas nas cordas

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vocais. Nestes casos, o terapeuta ajudará com os exercícios e também

indicando (aconselhando) a procurar um clínico ou um psicólogo com formação

clínica e patológica.

2.2 – o maestro (somente um musicoterapeuta)

- Neste caso, para responder e aplicar técnicas expressivas às pessoas ou

todo o grupo com problemas de terapia, é melhor que mais adiante se faça um

estudo específico sobre musicoterapia. e suas técnicas terapêuticas.

e- O maestro desenvolverá exercícios com sons, música, harmonia, ritmo.

- O maestro, não poderá desenvolver trabalho com o grupo que seja corporal e

mental. Estes somente ao arteterapeuta por desenvolver o lado psíquico do

indivíduo.

- Nestes casos:

A conclusão pode ser: além de seus efeitos terapêuticos no tratamento

de vários distúrbios, a música facilita o aprendizado, que a torna eficiente

também no tratamento de distúrbios de aprendizagem. A musicoterapia pode

tratar distúrbios como limitrofia, autismo, demências, esquizofrenias, e muitos

outros.

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CAPÍTULO II

MÚSICA

Muito antes de tecer análises, comentários, definições e todo

histórico sobre o canto coral, a sua origem, sua existência até os dias de hoje e

como será para as gerações futuras, e de extrema importância para o ser

humano, saber da origem da música, como tudo começou e aconteceu, desde

a criação, até mesmo porque no universo em que se vive, se convive com

todos os sons (ruídos) possíveis, como sons dos trovões, dos pássaros, da

água, dos motores, das buzinas, da chuva, dos mares, dos rios e etc.

“No princípio era o verbo (som), e o verbo (som) estava com Deus e o verbo (som) era Deus.” (Evangelho de São João, cap´. 1, vers. 1). Márcia Victório, Reflexões e Práticas, sob a Educação Musical nas Escolas de Ensino Básico.

Desde a criação do mundo que existe a Música. Se seguir

fielmente a Bíblia Sagrada, e ler em gênesis a respeito do primeiro dia da

criação do homem, a música fazia parte ali na criação do Universo, “No

princípio era o verbo (som) ...” Música é som.

A conscientização do processo de aprendizagem, assim como a

linguagem, a música e o ensino estabeleceram grande integridade para o

desenvolvimento do homem. Deus falando a Adão e Eva no Jardim, já

indicava que era som a voz de Deus

Desde o gênesis que a música através de pinturas em quadros

nas cavernas, paredes, demonstravam que o ato de cantar e dançar eram

importantes à vida do ser humano, e por intermédio da música e da dança, os

indivíduos podiam expressar seus sentimentos como também estenuar suas

emoções. Os elementos oferecidos a ele, em seu ambiente social,

aumentavam e lhe influenciava no Conhecimento Musical. O homem verificou

que podia construir certos instrumentos para emitir som: flauta, citara, adufe.

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“ O essencial é que a música é um meio do espírito, o meio mais sutil que penetra nos átomos do homem,através do corpo inteiro, não somente através de seus ouvidos, que pode fazê-los vibrar. Ela é o meio mais importante de colocar o homem em contato com seu criador.” (STOKHAUSEN, apud FREGTMAN, 1989, p.34)

A medida que a música se evoluia, novas formas de

manifestação, novos sons, novos ritmos e melodias, geraram a Aprendizagem.

Na idade média, o ensino da música teve grande enfoque nas

Universidades junto a determinadas disciplinas, como aritmética, geometria,

astronomia, etc.

Na Renascença houve a possibilidade do surgimento do outro

lado da música, o da expressão, da performance. A visão teórica e a visão

prática restauraram do pensamento grego, a música como ciência, tanto como

arte.

Mas foi na Reforma que se viu a necessidade de se popularizar o

ensino da música, aumentando os benefícios da educação a um número bem

maior de indivíduos. Luteranos e Calvinistas pregavam, então, uma Educação

Musical para crianças e jovens.

Educação Municipal evoluiu, ganhou espaço, e, portanto, tomou

vulto. Maurice Martenot, compositor francês, em 1949, incorporou recursos

para o ensino do Canto e da Iniciação Musical, baseados na Psicopedagogia

Infantil e nas técnicas de concentração e relaxamento corporal. Hoje, sem

dúvida, podemos evidenciar bastante estas técnicas como técnicas de

Arteterapia no Canto Coral. Quando aplicadas, é notório as melhorias da

expressividade, da saúde psíquica, da saúde vocal (das pessoas do coro),

tanto na sua individualização, como no seu coletivo, por ser o coro um grupo de

pessoas que interpretam ou entoam o Canto Coral.

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No Brasil, foi através das missões jesuísticas que encontramos os

primeiros registros da Educação Musical. Porém, nas Escolas Normais, onde

a música foi considerada parte integrante na formação de docentes. E para

coroar este movimento, no governo Getúlio Vargas, surgiu o grande movimento

do Estado Novo, o Canto Orfeônico, tendo como bandeira a figura do maestro

Heitor Villa-Lobos. Villa-Lobos fazia apresentações em praças públicas, na

barreira do Vasco, reunindo todos os corais das escolas, principalmente das

Escolas Normais, evidenciando, assim, a importância do Canto Coral. O

Canto Orfeônico esteve presente nas escolas brasileiras até o final da década

de 60. Um pouco mais tarde, enfraquecido, talvez pela ausência de um

entusiasta como Villa-Lobos, ou talvez, pela política do não apoio a música

brasileira, o movimento Canto Orfeônico surgiu como uma disciplina chamada

Educação Artística. Talvez grandes interesses políticos, fiquem mais fácil de

acreditar, hoje, de ter sido retirado do cenário qualquer movimento que fosse

estadista (o governo de Getúlio).

Com a evolução do Ensino Musical, com a criação do Canto

Orfeônico no Brasil, que na realidade nada mais era o chamado Canto Coral,

torna-se mais compreensível abordar mais especificamente esta arte que é

uma das mais expressivas, tanto na história Universal, quanto principalmente

no Brasil.

“Educar é inventar, improvisar é inventar; Educar musicalmente é possibilitar ao aluno mais uma forma dele reinventar a vida.” (Márcia Victorio, Reflexões e Práticas, sob a Educação Musical nas Escolas de Ensino Básico, p. 32.)

A música e a arteterapia

É importante destacar, já no inicio deste trabalho, uma forma de

“escutar” o mundo, para que se compreenda a noção de música.

Assim como o Hermeto Pascoal e muitas outras pessoas, deve-

se acreditar que é possível escutar música em tudo. O nosso próprio corpo é

uma orquestra completa: respiração, batimentos cardíacos, ritmos dos

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movimentos, nossa voz ,etc.. As ruas produzem “música urbana”

constantemente (como já dizia Renato Russo): motores, buzinas, sirenes, etc.

E o que dizer da natureza? Trovão, chuva, vento, rio, mar, pássaros....

Incontáveis sons!

Entender a música dentro de um conceito amplo pode ser útil para

o processo arteterapêutico, do qual falaremos mais adiante.

O poder de cura da música

Parece quase um milagre, afirmar que a música é capaz de

proporcionar saúde, sensibilidade e equilíbrio ao ser humano. Tantos

benefícios são comprovados cientificamente através da literatura estudada. A

música age em três níveis: biológico, psicológico e social.

Na antiguidade, a respeito do nível biológico, Pitágoras dizia que

corpo e mente ficam sintonizados com a harmonia do universo através de uma

receita muito simples: MÚSICA e dieta vegetariana. Sobre sua receita há

controvérsias médicas sobre o segundo elemento, mas sobre o primeiro não há

dúvidas. A musicoterapia, ciência que estuda a relação do homem com o

som, comprova que a música é capaz de curar, pois sua utilização adequada

por meio de profissionais capacitados restaura funções do ser humano e

melhora sua integração e seus relacionamentos interpessoais,

consequentemente isto melhora a qualidade de vida, previne doenças e

reabilita em alguns aspectos físicos.

Musicalizar é possível também em casa e na escola, aliás, isto

pode ser feito muito cedo, desde os primeiros meses de um bebê ainda no

útero materno. Neste sentido a música pode ser auxiliar na questão do

desenvolvimento psicológico das pessoas. Como já foi estudado, os bebês

reagem a estímulos sonoros durante a gestação e a música que a mamãe ouve

e canta para seu bebê cria uma comunicação inconsciente entre eles, que

posteriormente tem um efeito calmante para o filho quando reconhece aquelas

músicas que lhe traziam tranqüilidade durante a vida intra-uterina. O som da

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música também ajuda a estabilizar os batimentos cardíacos do feto e acelerar

as conexões neurológicas.

O homem antigo desconhecia métodos organizados de “terapia

dos sons”, mas, na verdade, nem precisava deles, pois conhecia e vivenciava

espontaneamente influência dos sons sobre sua realidade.

O terror provocado pelos trovões, a tranqüilidade gerada pelo

ruído de uma chuva fina, o enlevo produzido pelo canto de um pássaro, o

êxtase a que se é conduzido pelo som de uma flauta: todos esses sentimentos

são frutos de efeitos que atraíram e exerceram forte influência sobre o ser

humano.

A mitologia grega também é rica em informações sobre técnicas

terapêuticas de caráter musical. Asclépio, ou Esculápio para os romanos, filho

de Apolo e deus da medica no qual, acreditavam os gregos descendia o próprio

Hipócrates, tratava seus doentes fazendo-os ouvir cânticos considerados

mágicos.

Homero, por sua vez, famoso historiador que precedeu Platão,

afirmava que a música foi uma dádiva divina para o homem: com ela, poderia

alegrar a alma e assim apaziguar as perturbações de sua mente e seu corpo.

Em todas as culturas antigas, sejam elas egípcia, persa, grega,

indiana, chinesa, japonesa ou qualquer outra, existem importantes referências

sobre terapia musical ou sobre a conexão entre música e transformação do

estado de espírito. Entre os gregos, ainda, a flauta do semideus Pã ficou

famosa não só por encantar as pessoas como também porque eliminava os

maus sentimentos acumulados no organismo destas.

Platão revelou especial admiração pelo estudo dos efeitos da

música sobre os seres humanos e, em particular, por seus efeitos terapêuticos.

Afirmava que “a música é o remédio da alma” e que chega ao corpo por

intermédio dela.

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Assim sendo, percebemos que tanto os conhecimentos de nossos

ancestrais (gregos, egípcios), quanto as ciências modernas (Musicoterapia),

entendem a música como uma fonte de poderosa influência sobre a alma e o

corpo dos seres humanos.

A música e a Arteterapia – Conclusão

A arteterapia tem como objetivo principal colaborar para a

reintegração e individualização do sujeito, gerando uma melhoria na sua

qualidade de vida. O meio para alcançar este objetivo é a Arte (com todas as

suas modalidades: artes plásticas, teatro, dança, música, etc.)

A Arteterapia tem o seu foco no sujeito e não na sua obra

(produto artístico). Assim sendo, dentro do setting Arteterapêutico, não é

preciso ser um exímio desenhista para desenhar, nem estudar as artes cênicas

para atuar, ou conhecer harmonia e solfejo para cantar. O principal, no

processo arteterapêutico, é que o sujeito se sinta segura e livre de julgamento

para que possa se expressar criativamente. A partir da sua produção criativa,

ele pode entrar em contato com as questões que precisam se trabalhadas,

seus conflitos, suas sombras, seus recalques. Ele tem a possibilidade de se

reorganizar mental e efetivamente, encontrando o seu caminho para a

individualização.

O uso da música neste processo deve se dar com esta leveza e

esta liberdade. Tendo conhecido o poder de cura da música e sua influência

sobre os estados psíquicos e emocionais das pessoas, ela vem a ser uma

poderosa alidada no trabalho com a Arteterapia.

A simples audição de uma música pode trazer à tona conteúdos

emocionais importantes para a terapia; o trabalho com letras de músicas

(leitura, colagens, etc.) também pode ser muito revelador; a produção de ritmos

e sons pode propiciar momentos catárticos, de liberação de energias contidas;

o trabalho corporal a partir de determinada música pode liberar o sujeito de

antigas amarras; observar os ritmos corporais pessoais pode trazer uma

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grande riqueza de conteúdos. Enfim, a música pode (e deve) ser utilizada de

inúmeras maneiras no setting de Arteterapia, vindo a ser uma grande

colaboradora para o processo de individualização do sujeito.

Importante é saber que o ensino da música pode ser considerado

terapêutico, porém não tornar isso um equívoco na medida em que o simples

fato de tocar, ou ouvir um instrumento, ou cantar em um coro pode ser

relaxante, mas curativo.

O canto, por exemplo, é considerado como música porque as

cordas vocais são consideradas instrumentos musicais. Qualquer ser humano

que tenha algum distúrbio poderá até aprender música, mas deverá ter

acompanhamento terapêutico e jamais imaginar que somente tocando um

instrumento ou cantando (canto coral) conseguirá controle ou cura de seus

distúrbios.

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CAPÍTULO III

MUSICOTERAPIA E ARTETERAPIA NO CANTO CORAL

Pode-se definir a musicoterapia como sendo a utilização da

música com seus elementos (sons, ritmos, melodias, harmonia) por um

musicoterapeuta com um paciente ou grupo (grupo que podem ser pessoas

do coro que entoam o canto coral) para facilitar e promover a comunicação,

relação, aprendizagem, mobilização, expressão e outros objetivos terapêuticos

no sentido de alcançar necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e

cognitivas.

Em 1950, foi fundada a Associação Nacional para Terapia, nos

Estados Unidos. No Brasil, inciou-se em 1970/1971 em Paraná e 1980, na

Universidade do Rio de Janeiro.

A musicoterapia, na realidade, começou segundo os grandes

historiadores por intermédio de Pitágoras. As experiências em musicoterapia

começaram tratando os doentes mentais com sessões musicais no século V,

AC, por Pitágoras. Ela é a ciência baseada em medicina e música (ritmo,

harmonia, som).

De todas as técnicas disponíveis, a musicoterapia tem sido quase

sempre a que mais resultados apresenta em se tratando de controle ou cura

dos distúrbios.

Em musicoterapia, a música é percebida e entendida por meio da

parte do cérebro que capta estímulos de emoções, sensações e sentimentos.

Vários testes em pacientes comprovaram que a música tem influência direta na

taxa de pulsação, pressão sanguinea, digestão, músculos, glândulas e sistema

nervoso. A música pode ser ouvida, entendida, sem, necessariamente, ser

interpretada pelo cérebro. Isto que dizer que você pode executar uma tarefa

qualquer, não prestar atenção na música, mas mostrar reações a ela.

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A conclusão pode ser: além de seus efeitos terapêuticos no

tratamento de vários distúrbios, a música facilita o aprendizado, que a torna

eficiente, também, no tratamento dos distúrbios de aprendizagem. Os

distúrbios podem ser: limitrofia, autismo, demências, esquizofrenia e muitos

outros.

Dentre todas as técnicas disponíveis a musicoterapia é a que

apresenta os melhores índices de resultados do controle e cura dos distúrbios

(limitrofia e autismo).

Pesquisas, também, nesta área, mostram que o uso de certos

instrumentos como violão, teclado, violino, piano, podem até curar. Essa

modalidade de tratamento é contagiante, pois em uma grande porcentagem de

pessoas com o tempo passam a tocar um instrumento. Antes elas somente

ouviam, agora com o tratamento surge até mesmo o desejo de compor

melodias.

Esta técnica afirma que nenhum distúrbio e realmente incurável e,

portanto, pode se reverter casos considerados graves. Cabe ressaltar aqui,

casos de adultos e crianças desafinadas em um coro, ao musicalizá-las através

de um instrumento como flauta doce, é um caso típico da reversão deste

problema considerado grave. O resultado final: afinação ou acuidade auditiva.

O atendimento clínico através de musicoterapia aos pacientes se

faz com exercícios práticos. A musicoterapia tem exercícios específicos que

somente poderão ser dados ou aplicados por profissionais, como por exemplo:

o tipo de música aceitável a cada caso e a cada paciente, a modalidade e a

intensidade dos sons e da música para cada paciente. Para haver êxito no

tratamento é melhor que ele seja individualizado.

Arteterapia ou musicoterapia, qual delas deve-se procurar? Aos

cantores de um coro (considerados como pacientes) qual delas o maestro deve

procurar para solucionar os problemas ?

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Depende. Importante é saber que a musicoterapia está contida

na arteterapia, porém o trabalho corporal e mental não poderá ser tratado pela

musicoterapia. O profissional que estuda arteterapia pode ser um

musicoterapeuta aplicando sessões de musicoterapia, mas um

musicoterapeuta somente poderá usar técnicas de arteterapia se estudar e

conhecer bem as técnicas para aplicar as sessões de arteterapia.

Voltando ao tema arteterapia no canto coral, o que se pode

entender é que em um grupo de pessoas (um coro) , nem sempre pode curar

os possíveis distúrbios apresentados particularmente de cada elemento do

coro, somente pela arteterapia ou musicoterapia. Exercícios somente de

relaxamento como na arteterapia talvez não solucionem problemas crônicos

como nódulos nas cordas vocais, laringite, etc. Cabe ao maestro, não sendo

um musicoterapeuta ou arteterapeuta, exigir a contratação de profissional para

criar exercícios de acordo com as deficiências das cada elemento.

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CAPÍTULO IV

CANTO CORAL

Após ter enfocado o tema arteterapia em todas as suas

modalidades e abordado seus vários aspectos, pode-se agora descrever

algumas considerações a respeito do canto coral.

Canto coral é o nome dado ao conjunto de atividades ligadas a

um coro ou a uma capela. Sobre o ponto de vista mais específico, canto coral

e coro precisam ser bem redefinidos: o coral é a peça musical, executada

através de uma escrita musical (coral da Cantata BWV de Bach, Coral do

Oratório de Haendel); coro é conjunto de elementos que entoam e interpretam

a peça musical. Entendendo melhor, pode-se dizer que os cantores do coro

através de suas vozes entoam o canto coral.

Ainda que afeito à música, o canto coral vai além das questões

musicais e converte-se numa atividade que envolve a sociologia, a psicologia,

a antropologia, a fonoaudiologia e outras ciências afins.

Ninguém pode afirmar com exatidão quando o canto coral teve

início. O que se tem são registros que nos fazem supor a sua antiguidade.

Um dos mais antigos se encontra na Caverna de Cogul, na Espanha, datando

do período neolítico. Essa imagem nos faz crer que existia canto e dança

coletivos já na pré-história e ainda que de maneira muito rudimentar o canto

coral estava presente. Os primeiros coros aparecem na Europa por volta do

ano 1000 nos mosteiros e comunidades religiosas, numa herança do culto

judaico, acredita-se porém, que no século I os cristãos em Roma já cantavam

em coro. Na Grécia Antiga se faz referência a um coro, ligado ao teatro grego.

Com o desenvolvimento da linguagem musical, no século X, se

tem registro em escrita neumática que sugere o canto coletivo. No século XII

surgem os primeiros registros específicos de música feita para coro. Na

atualidade o canto coral é amplamente difundido e é praticado em

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universidades, escolas, igrejas, associações, clubes e empresas, além de

grupos independentes que realizam um trabalho de grande aceitação.

A maioria dos grupos de canto coral (cerca de 90% no mundo

todo em 1980) se diz amador, em contraposição aos grupos profissionais, que

são aqueles em que os cantores são contratados e tem o canto coral como

trabalho.

Nesta perspectiva, o canto coral pode ser considerado segundo a

sua natureza profissional ou amadora, sem juízo de valor qualitativo.

Os coros profissionais são mantidos por instituições públicas,

governos e grandes teatros. Na Letônia empresas privadas contratam cantores

para atuar em seus coros, e apresentam repertório erudito (acadêmico) e

folclórico.

Os coros amadores, longe de serem tecnicamente inferiores aos

profissionais, são mantidos por universidades, escolas particulares, músicos,

fundações e empresas.

Tipologia: um coro é visível a separação dos cantores em naipes.

Sem levar em consideração a qualidade do coro pode-se fracionar o canto

coral nos seguintes tipos:

Coros profissionais oficiais : normalmente ligados a uma

instituição pública da área da cultura. Secretarias de cultura, fundações e etc.

apresentam repertórios clássicos e os cantores são músicos. Regente,

preparadores vocais, cantores e músicos co-repetidores são remunerados. No

mundo todo é rara a incidência deste tipo de grupo. No Rio de Janeiro

podemos citar como exemplo o Coro do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Coros oficiais : são grupos de canto coral amadores, apenas o

regente e músico acompanhante são remunerados, os cantores são

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voluntários, não obstante serem músicos. Apresentam repertório de alta

qualidade.

Coros universitários: grupos formados em universidades e

faculdades. A maioria desses grupos não é ligada ao departamento de música

da referida universidade, são ligados às pró-reitorias de extensão e abertos à

comunidade. O regente é um professor da instituição e os cantores são

pessoas da comunidade. Os coros universitários apresentam repertório de alta

qualidade e costumam sagrarem-se campeões em concursos internacionais. É

um dos tipos mais antigos de coro.

Coros de igreja: o mais antigo tipo de coro, os coros de igreja são

formados por religiosos músicos, o canto coral se desenvolveu nas atividades

dos coros de igreja. Apresentam repertório sacro e religioso de altíssima

qualidade e excelência musical. Giovanni Pierluigi da Palestrina e Johann

Sebastian Bach escreveram para este tipo de coro.

Coros de empresa: são corais formados por funcionários e

colaboradores dos mais diversos tipos de empresa. As empresas investem na

qualidade de vida de seus funcionários e obtem resultados artísticos. Nos

Estados Unidos e na Europa existem ótimos coros de empresa que realizam

repertório de música popular e folclórica. É nesse tipo de grupo que os

regentes obtem maior remuneração. No Brasil, temos o coro da Petrobras

entre outros.

Meninos cantores : tipo praticamente extinto, formado por

meninos e homens, normalmente ligado a igreja católica. Os meninos

cantavam a parte de soprano e alto e os homens as partes de tenor e baixo, a

Capela Sistina, do Vaticano é um dos últimos remanescentes desse tipo de

formação.

Coros com fins terapêuticos e sociais : recentemente (a partir de

1990) apareceram em festivais e encontros de corais grupos que se reúnem

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para utilizar o canto coral com fins terapêuticos, como na musicoterapia,

também tem se apresentado grupo ligados a instituições sociais voltadas a

jovens e adolescentes em situação de risco. Nesses grupos os regentes são

contratados e assumem outros papéis.

Canto coral na perspectiva da Música

Sob a perspectiva da música que um coro produz, o canto coral

baseia suas atividades na execução de peças musicais escritas especialmente

para coro ou arranjos para coro de canções folclóricas e populares. Com o seu

acompanhamento instrumental.

Na idade média o canto coral era uma atividade reservada aos

homens, portanto, os compositores arranjavam suas peças no formato TBBx

(tenor – barítono – baixo), com o advento da Reforma Protestante as mulheres

começaram a participar do canto coral e os compositores se adaptaram no

sentido de escrever no formato SATB (soprano, alto ou contralto, tenor e

baixo), embora os corais luteranos sejam arranjos com variações melódicas de

algum cantochão original do período da idade média. Todos os grandes

compositores escreveram para coro e o canto coral teve seu período áureo sob

os compositores Giovanni da Palestrina e Johann Sebastian Bach.

Um arranjo para coro tem a característica fundamental de um

Arranjo Musical, e o Piano serve como o instrumento chave para o

acompanhamento, quando necessário, aonde as quatro vozes do coro são

representadas igualmente na partitura deste instrumental musical.

As canções populares e folclóricas se adaptam muito bem ao

canto coral e seus arranjadores, não raro, tem o status de co-autores da

canção.

No estilo “A Cappella” (em italiano), um grupo canta sem

acompanhamento de instrumentos. Cada naipe executa uma parcela da

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harmonia da canção: um deles pode ser responsável pela melodia de cada

frase musical enquanto os outros fazem o acompanhamento; ou a linha

melódica se desenvolve no próprio arranjo harmônico das quatro vozes que se

intercalam ou revezam a parte da linha melódica.

Estilo antifonal : tradicionalmente é em geral cantado durante

uma missa quando dois coros cantam um refrão, alternadamente, durante a

leitura dos Salmos.

Estilo responsorial: no estilo responsorial erudito e tradicional, que

surge na música medieval, os solistas cantam os versos e o coro canta o

refrão. Comum também noutros períodos, em cantatas e noutros estilos da

música barroca, principalmente quando no uso de dois corais, e também em

oratórios, e mais tarde nas óperas e até outros estilos na música popular

quando há coro, assim em outros gêneros de obras para coro. Ainda é comum

se referir ao estilo responsorial devido as perguntas e respostas entre o cantor

solista e o grupo coral, em que, a cada frase da melodia, eles intercalam o

texto.

O Canto Coral na perspectiva da Fonoaudiologia

Com o recente aperfeiçoamento da fonoaudiologia, os

agrupamentos de Canto Coral passaram a contar com essa ciência no trabalho

em prol da beleza e longevidade vocal dos cantores. A relação entre a

Fonoaudiologia e o Canto Coral se estabelece no conceito de saúde vocal e os

profissionais dessa área tem no Canto Coral um vasto campo para trabalho e

pesquisa. A fisiologia da voz, a higiene e saúde vocal, o aquecimento e

desaquecimento vocal, as técnicas vocais e as especificidades da voz cantada

são pontos onde o Canto Coral e a Fonoaudiologia se encontram.

Técnicas vocais para o Canto Coral.

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Não se pode falar em uma técnica vocal para o canto coral.

Como a maioria dos coros apresenta repertórios ecléticos (eruditos, folclóricos

e populares) os especialistas apontam para aplicação de técnicas variadas e

apropriadas ao repertório de o coro executa, referem-se à técnica vocal como o

modo, a maneira de cantar.

Basicamente, a técnica respiratória para o canto se sustenta no

apoio diafragmático para a emissão da voz e na respiração diafragmática-

intercostal, muito embora no Oriente se apresente técnicas respiratórias

bastante diversas e de igual eficácia. Além das técnicas relativas as

respiração, emissão, projeção, articulação e dicção o canto coral também se

utiliza de técnicas de relaxamento físico e psíquico (isto nada mais é que

técnicas expressivas de arteterapia).

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CONCLUSÃO

A experiência do trabalho com arteterapia proporciona a

possibillida de de reconstrução e de integração de uma personalidade.

Contribuindo como procedimento prático e apoiado num referencial teórico de

suporte, permite a aquisição da autonomia como objetivo ou meta para melhora

da vida humana. Pois ao ser possível integrar, pela atuação consciente, o

resultado do criado com a temática emocional oculta na representação

apresentada, o sujeito adquire a condição de transcender as suas vivências

imediatas, experimentando novos sentimentos e disponibilizando-se para

novas oportunidades.

A percepção das imagens – formas pelo autor da obra podem,

pela condução do arteterapeuta como mediador do processo, trazer clarificação

ou conscientização de acontecimentos psíquicos não identificados ou não

percebidos.

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Anexo I

Qual o papel do maestro criativo ?

(maestro)

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

1 - AGUIAR, Ritamaria., NINSENBAUM, Esther. MUSICOTERAPIA

Superando Fronteiras. Tradução de Juan Soulet, CC&P Editores Ltda.,

1999.

2 - DE OLIVIER, Lou. PSICOPEDAGOGIA E ARTETERAPIA. Teoria e

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3 - DINÁ, Lúcia Chaves Rocha. Brincando com a CRIATIVIDADE.

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4 - SAWREY, James M. , TELFORD, Charles W. Telford. PSICOLOGIA DO

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5 - URRUTIGARY, Maria Cristina. Interpretando IMAGENS

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6 - URRUTIGARY, Maria Cristina. ARTETERAPIA: a transformação

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7 - VICTÓRIO, Márcia. O BÊ-A-BÁ DO DÓ-RÉ-MI Reflexões e Práticas

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Janeiero: Wak, 2011.

8 - VICTÓRIO, Márcia. Impressões Sonoras. Música em Arteterapia. Rio

de Janeiero: Wak, 2008.

9 - Artigos de jornais, revistas e pesquisa da internet.

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BIBLIOGRAFIA CITADA

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pessoal pelas imagens. Rio de Janeiro: Wak, 2003

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 7

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - O Conceito de Arteterapia 10

CAPÍTULO II - Música 24

CAPÍTULO III – Musicoterapia e Arteterapia no Canto Coral 31 CAPÍTULO IV – Canto Coral 34

CONCLUSÃO 40

ANEXO I 41 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42

BIBLIOGRAFIA CITADA 43

ÍNDICE 44