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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE AS INTELIGENCIAS MÚLTIPLAS NA PRÁTICA ESCOLAR Por: Ana Augusta Barros Guimarães Maia Orientador Proª Fabiane Muniz Rio de Janeiro Março de 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

AS INTELIGENCIAS MÚLTIPLAS NA PRÁTICA ESCOLAR

Por: Ana Augusta Barros Guimarães Maia

Orientador Proª Fabiane Muniz

Rio de Janeiro Março de 2005

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2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

AS INTELIGENCIAS MÚLTIPLAS NA PRÁTICA

ESCOLAR

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em psicomotricidade.

Rio de Janeiro Março de 2005

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AGRADECIMENTOS

... A todos os autores, corpo docente do projeto “A vez do mestre”, em especial a Profª Fabiane Muniz pela orientação nesse trabalho e aos meus colegas de turma por termos passado juntos, momentos maravilhosos em sala de aula.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho aos meus pais, minha filha Ana Cecília, minha rose, meus irmãos e familiares e ao meu noivo, obrigada pelo apoio e companheirismo que demonstraram durante todo esse tempo.

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5 EPÍGRAFE

O segredo da felicidade está em olhar todas as maravilhas do mundo e nunca se esquecer da sua missão ou do seu objetivo.

Paulo Coelho

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RESUMO

Através desse trabalho, intitulado “As Inteligências Múltiplas na Prática Escolar”, permite ao professor criar um ambiente que a criança mergulhe em suas descobertas, brinque, vivam suas fantasias, visto que o espírito infantil é bastante dinâmico e criativo. No entanto, nesse exercício de suas potencialidades físicas e mentais irão se desenvolvendo dando abertura ao bom funcionamento de todas as peças da engrenagem rumo a múltiplas leituras. Será necessária uma visão do pensamento humano com maior abrangência daquelas aceitas pelos estudos cognitivos tradicionais, sendo inegável a influência de teorias como as de Gardner e também de Piaget que vê todo pensamento humano como uma luta pelo ideal do pensamento científico. A abordagem no Capítulo I proporciona conhecer sobre os conceitos da inteligência múltipla, no qual afirma que o desenvolvimento das características de cada um proporciona a disseminação da máxima potencialidade de cada ser. No Capítulo II, fala sobre as inteligências múltiplas no ambiente escolar, tratando do desenvolvimento das crianças. No Capítulo III, trata especificamente das práticas que permitiram o desenvolvimento das capacidades de cada aluno. No Capítulo IV, estudamos então a importância da psicomotricidade, que é à base do desenvolvimento psicomotor de cada indivíduo, propiciando assim o aproveitamento das técnicas empregadas para desenvolver o potencial dos alunos. Assim, a decisão por esse tema se deu devido à necessidade da compreensão da mente humana na sua capacidade cognitiva, propiciando um estudo que abranja de forma enfatizada desenvolver o conhecimento dos alunos com inúmeras técnicas de ensino, não desmerecendo as crianças que possuem dificuldades no seu desenvolvimento, pois é a obrigação dos pedagogos propiciarem planos de ensino que atinjam a meta única de educar o aluno da melhor maneira possível, independente das suas dificuldades.Assim o presente estudo, permitirá compreender mais sobre o mundo teórico das “inteligências múltiplas” e o uso na ambiente escolar, possibilitando a compreensão e a diversificação de educar diferentes perfis de intelectos entre os alunos, propiciando assim um papel inovador para o educador. Todo o processo de ensino deverá ser bem articulado, estabelecendo assim uma educação homogênea e adaptável com a situação do grupo em sala de aula, assim o professor terá papel importante em elaborar um plano de aula que atenda as exigências de alunos com capacidades cognitivas em suas diversas amplitudes. Dessa forma, é extremamente fundamental que haja a implantação dessa concepção do lúdico como recurso pedagógico para o desenvolvimento das inteligências múltiplas, visto que é uma técnica de grande aproveitamento e bem disseminada.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO---------------------------------------------------------------------------------- 8

1. MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS----------------------------------------------------------- 10

2. AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NA EDUCAÇÃO------------------------------- 18

3. DESENVOLVIMENTO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

CONCLUSÃO

26

41

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INTRODUÇÃO

A escolha por este tema surgiu, devido o gosto pela diferenciação de

cognição que cada indivíduo possui e o desejo em fornecer aos educadores

subsídios necessários e indispensáveis à sua prática pedagógica com o

trabalho das “inteligências múltiplas”, e também servir de guia para os

professores que trabalham na área da Educação Infantil, pois é necessário

considerar que educar uma criança é favorecer a sua adaptação ao

ambiente escolar, ajudando-a a desenvolver suas potencialidades e adquirir

mecanismos positivos de adaptação frente a situações novas.

Cabe, portanto, ao professor, permitir que a criança mergulhe em

suas descobertas, brinque, vivam suas fantasias, visto que o espírito infantil

é bastante dinâmico e criativo. No entanto, nesse exercício de suas

potencialidades físicas e mentais irão se desenvolvendo dando abertura ao

bom funcionamento de todas as peças da engrenagem rumo a múltiplas

leituras. Portanto, o educador precisa saber que há uma diferença entre ler e

contar uma história, os cuidados que deve ter na escolha dos livros, os

recursos que poderá utilizar para obter maior sucesso na hora do conto das

histórias. E como é fundamental a freqüência que se deve ler para as

crianças, oferecendo múltiplas diversidades de técnicas de ensino, no qual

as brincadeiras, os jogos, a música e a leitura propiciarão a sociabilizarão

entre os amigos em sala de aula, possuindo papel fundamental no

desenvolvimento do “eu” de cada aluno.

Na verdade a falta de formação do professor faz com que, muitas

vezes, ele não saiba trabalhar as diferenças individuais em sala de aula,

assim o trabalho em equipe entre os alunos, permitirá a assimilação de

características de assimilação e desmembramento de dúvidas que

ocorreram em sala de aula, seja na interpretação de histórias, na resolução

de jogos e/ou na assimilação da concepção do entendimento de desenhos.

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9 Também são poucas as escolas que oferecem um treinamento

nessa área de desenvolvimento, mesmo sabendo que o propósito escolar

deveria ser o de desenvolver as inteligências e ajudar as pessoas a atingir

objetivos particulares e inteligentes, porque se esse aspecto é estimulado, a

criança se desenvolve mais harmonicamente.

É imprescindível mencionar os objetivos e os valores que a

Literatura Infantil desenvolve na educação; dentre os mais importantes estão

os de recrear, estimular a criatividade, desenvolver a reflexão e a crítica,

além de desenvolver a sensibilidade e outros. Essas e outras contribuições

interligadas diretamente a ela, que tem pela frente muitos desafios a serem

vencidos, conquistando o espaço merecido para modificar o cenário das

bibliotecas e das salas de aulas.

Com a teoria das Inteligências múltiplas, pode-se explorar a

educação através de variadas formas, cabendo ao professor instituir planos

de aulas diferenciados, unindo a música, jogos, teatro, histórias etc.

O Objetivo desse trabalho, será auxiliar de forma prática a todos ao

profissionais ligados à educação que necessitam, por muitas vezes, maiores

informações a respeito das inteligências múltiplas para poder complementar

seu trabalho que contribui para o crescimento e desenvolvimento humano

com todas as suas capacidades.

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1. MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS

1.1 Conceito

No início do século XX, o psicólogo francês Alfred Binet foi

convidado por autoridades francesas para criar uma forma instrumental pelo

qual pudesse prever quais crianças que teriam sucesso nos liceus de Paris.

Devido à intensa migração das províncias para a capital e devido a

imigrantes de origem desconhecida, o público local acreditava ser

necessário saber quem não avançaria com desenvoltura pelo sistema de

ensino da época.

Alfred Binet tomou uma direção diferente dos demais psicólogos de

sua época: ele se interessou pelo trabalho da mente sobre o aspecto normal,

no lugar de estudar a mente patológica. Ele queria encontrar um modo de

medir as habilidades de pensar e de raciocinar, independentemente da

educação em campos específicos.

Assim, em 1905 ele conseguiu desenvolver um teste pelo qual as

crianças executariam tarefas, como seguir ordens, copiar um desenho,

nomes de objetos, e colocar algo em ordem. Ele aplicou esse teste em

crianças que freqüentavam a escola e criou um padrão baseado nos seus

resultados. Por exemplo, se 70% das crianças com oito anos pudessem

superar um determinado teste, então o sucesso no teste representava oito

anos de idade de nível de inteligência. Dessa forma, a partir do trabalho de

Binet, o termo Q.I. (Quociente Intelectual) entrou para o vocabulário

cotidiano. O Q.I. é a razão entre a idade mental e a idade cronológica dos

indivíduos, com a média de 100. Então uma criança com idade de oito anos

que passasse no teste de 10 anos teria um Q.I. de 10 / 8 x 100, isto é, 125

(BINET,2005).

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11 Esse instrumento desenvolvido por Binet testava as habilidades das

crianças nas áreas verbais e lógicas, já que os currículos acadêmicos

enfatizavam, sobretudo o desenvolvimento da linguagem e da matemática.

O conceito de inteligência não avançou muito nas demais décadas

às contribuições pioneiras do psicólogo Binet. Dessa forma, os testes de

inteligência eram tidos como uma ferramenta de seleção.

Nos Estados Unidos, esses testes eram utilizados na identificação

de quem tinha mente fraca, para determinar as crianças normais, os dotados

e por fim para verificar quem se ajustava para servir ao exército. Foi utilizado

intensamente para testar mais de um milhão de recrutas para a primeira

guerra mundial. Assim, por volta de 1920, os testes de inteligência se

tornaram uma prática educacional nos EUA e na maioria do oeste europeu.

Assim os testes de QI passaram a ser elaborados e utilizados para

vários fins, como explicar o fracasso escolar, avaliar candidatos a empregos

e outros fins. Alguns pesquisadores adotaram os testes com boas intenções,

outros já o fizeram para rotular e classificar pessoas. Os testes de QI

caminharam junto com a crença milenar de que a inteligência era herdada.

1.2 Múltiplas Inteligências e a visão de Gardner

Mas contrapondo-se a visão uniforme de formas de avaliação da

mente das pessoas, Howard Gardner, psicólogo, neurologista e excelente

professor da universidade de Harvard, apresenta uma visão alternativa de

inteligência. Uma visão que reconhecia muitas facetas diferentes e

separadas da cognição, reconhecendo que as pessoas têm forças cognitivas

diferenciadas e estilos cognitivos contrastantes. A essa abordagem ele deu o

nome de Teoria de Inteligências Múltiplas. Assim, Gardner junta os

elementos teóricos da neurologia, da psicologia cognitiva, do estudo de

superdotados e de crianças diferentes, examina as implicações educacionais

de suas concepções, contrapondo-as com as existentes. Baseado nestas

pesquisas questiona a tradicional visão da inteligência, uma visão que

enfatiza as habilidades lingüística e lógico-matemática. Segundo ele, todos

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12 os indivíduos normais são capazes de uma atuação em pelo menos oito

diferentes áreas intelectuais. Ele sugere que não existem habilidades gerais,

duvida da possibilidade de se medir a inteligência através de testes de papel

e lápis e dá grande importância a diferentes atuações valorizadas em

culturas diversas. Ele define inteligência como “a capacidade de resolver

problemas ou de elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais

ambientes culturais ou comunitários” (GARDNER, 1995, p.14).

Gardner identificou além das inteligências lingüística, lógico-

matemática, as espaciais, musical, corporal-cinestésica, interpessoal,

intrapessoal e naturalista.

Inteligência lingüística - Os componentes centrais da inteligência

lingüística são uma sensibilidade para os sons, ritmos e significados das

palavras, além de uma especial percepção das diferentes funções da

linguagem. É a habilidade para usar a linguagem para convencer, agradar,

estimular ou transmitir idéias. Gardner indica que é a habilidade exibida na

sua maior intensidade pelos poetas, teatrólogos, escritores, novelistas,

oradores, humoristas, compositores e outros. Em crianças, esta habilidade

se manifesta através da capacidade para contar histórias originais ou para

relatar, com precisão, experiências vividas.

Inteligência lógico-matemática - Os componentes centrais desta

inteligência são descritos por Gardner como uma sensibilidade para

padrões, ordem e sistematização. É a habilidade para explorar relações,

categorias e padrões, através da manipulação de objetos ou símbolos, e

para experimentar de forma controlada; é a habilidade para lidar com séries

de raciocínios, para reconhecer problemas e resolvê-los. É a inteligência

característica de matemáticos, cientistas, programadores de computadores,

advogados, banqueiros e outros. Gardner, porém, explica que, embora o

talento cientifico e o talento matemático possa estar presentes num mesmo

indivíduo, os motivos que movem as ações dos cientistas e dos matemáticos

não são os mesmos. Enquanto os matemáticos desejam criar um mundo

abstrato consistente, os cientistas pretendem explicar a natureza. A criança

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13 com especial aptidão nesta inteligência demonstra facilidade para contar e

fazer cálculos matemáticos e para criar notações práticas de seu raciocínio.

Inteligência musical - Esta inteligência se manifesta através de uma

habilidade para apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical. Inclui

discriminação de sons, habilidade para perceber temas musicais,

sensibilidade para ritmos, texturas e timbre, e habilidade para produzir e/ou

reproduzir música. Pode ser encontrada nos compositores musicais dos

mais diversos estilos, nos músicos profissionais, bandas de rock e outros. A

criança pequena com habilidade musical especial percebe desde cedo

diferentes sons no seu ambiente e, freqüentemente, canta para si mesma.

Inteligência espacial - Gardner descreve a inteligência espacial como a

capacidade para perceber o mundo visual e espacial de forma precisa. É a

habilidade para manipular formas ou objetos mentalmente e, a partir das

percepções iniciais, criar tensão, equilíbrio e composição, numa

representação visual ou espacial (incluindo pintura, desenho e escultura). É

a inteligência dos artistas plásticos, dos engenheiros, arquitetos,

navegadores, pilotos, cirurgiões, escultores, pintores e artistas gráficos. Em

crianças pequenas, o potencial especial nessa inteligência é percebido

através da habilidade para quebra-cabeças e outros jogos espaciais e a

atenção a detalhes visuais.

Inteligência corporal-cinestésica - Esta inteligência se refere à habilidade

para resolver problemas ou criar produtos através do uso de parte ou de

todo o corpo. É a habilidade para usar a coordenação grossa ou fina em

esportes, artes cênicas ou plásticas no controle dos movimentos do corpo e

na manipulação de objetos com destreza. Esta inteligência pode ser vista

nos atores, atletas de diferentes modalidades esportivas, artesãos, mímicos,

instrumentistas, dançarinos e muitos outros. A criança especialmente dotada

na inteligência sinestésica se move com graça e expressão a partir de

estímulos musicais ou verbais demonstra uma grande habilidade atlética ou

uma coordenação fina apurada.

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14 Inteligência interpessoal - Esta inteligência pode ser descrita como uma

habilidade para entender e responder adequadamente a humores,

temperamentos motivações e desejos de outras pessoas. Na sua forma mais

primitiva, a inteligência interpessoal se manifesta em crianças pequenas

como a habilidade para distinguir pessoas, e na sua forma mais avançada,

como a habilidade para perceber intenções e desejos de outras pessoas e

para reagir apropriadamente a partir dessa percepção. Crianças

especialmente dotadas demonstram muito cedo uma habilidade para liderar

outras crianças, uma vez que são extremamente sensíveis às necessidades

e sentimentos de outros.

Inteligência intrapessoal - Esta inteligência é o correlativo interno da

inteligência interpessoal, isto é, a habilidade para ter acesso aos próprios

sentimentos, sonhos e idéias, para discriminá-los e lançar mão deles na

solução de problemas pessoais. É o reconhecimento de habilidades,

necessidades, desejos e inteligências próprias, a capacidade para formular

uma imagem precisa de si próprio e a habilidade para usar essa imagem

para funcionar de forma efetiva. Como esta inteligência é a mais pessoal de

todas, ela só é observável através dos sistemas simbólicos das outras

inteligências, ou seja, através de manifestações lingüísticas, musicais ou

sinestésicas. Pode ser encontrada nos filósofos, psiquiatras e conselheiros

espirituais.

Inteligência naturalista – Esta inteligência se refere à habilidade em lidar

com situações ligadas à natureza. “A oitava inteligência tem a ver com o

mundo natural: ser capaz de entender diferenças entre diversos tipos de

plantas, de animais. Todos nós as temos em nosso cérebro”. (GARDNER

apud ANTUNES, 1998, p.61). Esta é a inteligência dos naturalistas,

botânicos, geógrafos e paisagistas.

Segundo Gardner os seres humanos dispõem de graus variados de

cada uma das inteligências e maneiras diferentes com que elas se

combinam, se organizam e se utilizam dessas capacidades intelectuais para

resolver problemas.

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15 Ele ressalta ainda que estas inteligências embora sejam

independentes uma das outras, elas raramente funcionam isoladamente.

De que forma um jogador de futebol, um arquiteto, um piloto, um

cirurgião, um escultor, um ribeirinho, uma criança, enfim centenas de outros

indivíduos utilizam suas inteligências? Gardner nos responde que todos

utilizam forma combinada. O jogador, por exemplo, utiliza a inteligência

espacial e corporal-cinestésica, um arquiteto usará a lógico-matemática

associada a espacial, um compositor utiliza a inteligência lingüística

combinada com a musical e assim todos os outros exemplos. Apesar de

serem independentes elas trabalham juntas e todas podem ser

desenvolvidas.

Gardner postula que todos os seres humanos possuem todas as

inteligências, independente do local onde moram, seja na Amazônia ou na

Antártica. O que difere um indivíduo do outro são os genes e as experiências

de vida. Um ribeirinho que mora na ilha do Marajó ira usar suas inteligências

de forma diferente de um analista da bolsa de valores de Tókio ou de um

professor de teorias da comunicação da Califórnia nos Estados Unidos.

Para Gardner, todos nós podemos ir bem longe se identificarmos

nossos pontos fortes e trabalharmos para desenvolvê-los. No entanto isso

não nos torna gênios, de maneira nenhuma.

O sistema educacional baseia-se em uma concepção unidimensional

de inteligência e numa concepção uniforme da escola a qual esta assentada

num tronco comum de programas de ensino, num conjunto de dados, de

conceitos e de disciplinas em que cada aluno deve desenvolver as mesmas

habilidades, privilegiando aqueles que demonstram o QI mais elevado.

Dessa forma a escola supervaloriza a capacidade de leitura e a

capacidade lógico-matemática. Um indivíduo que tenha um bom

desempenho nessas áreas é considerado inteligente.

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16 Contrapondo-se a essa visão unidimensional da inteligência, a

Teoria das Inteligências múltiplas concebe a escola de maneira totalmente

diferente.

Considera que os indivíduos possuem potenciais e estilos cognitivos

específicos, sua concepção de escola é completamente oposta àquela em

que o individuo era visto meramente como um ser passivo, receptor de

informações, não atuando como ser ativo.

Na Teoria das Inteligências Múltiplas a escola está centrada no

individuo. O objetivo principal deve ser o de possibilitar o desenvolvimento

de todos os tipos de inteligências, ajudando os indivíduos a atingir os

objetivos profissionais e pessoais característicos de sua inteligência.

As inteligências consideradas são sucintamente explicadas na

Tabela 1, assim como os meios mais propícios e tecnologias afins

(CAMPBELL, CAMPBELL & DICKINSON, 2000).

Tabela 1 – Inteligências Múltiplas

Inteligência e

Capacidade

Receptivos a Tecnologia de apoio

Lógica – matemática

(L/M): manipular números,

conceitos abstratos,

resolver problemas lógicos.

Levantar e testar

hipóteses. Uso de

símbolos para representar

objetos ou conceitos.

Resolução de problemas

e comprovação de

resultados lógicos.

Proporcionar

oportunidades para

pesquisa e observação.

Chamar a atenção com

números ou estatísticas.

Exercícios de resolução

de problemas. Jogos

lógicos quebra cabeça,

Classificação, gráficos,

códigos. Ambiente de

experimentação.

Musical (MUS): se

expressar a través da

música. Responde com

interesse a uma variedade

Música de fundo e sons

musicais. Utilizar música

como estímulos para

memorizar ou chamar a

Música nas atividades,

transmitir emoções

através de sons. Propiciar

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17 de sons. Modifica seu

estado de ânimo com

certas músicas.

atenção.

a fala sobre o texto.

Sinestésica (CIN):

resolver problemas ou

elaborar produtos

utilizando o corpo ou

partes do corpo. Ser

sensível a ambientes e

sistemas físicos. Prefere

atividades onde se integre

o corpo e a mente.

Movimento, Teatro,

dramatização.

Simulações. Jogos de

associação espacial,

fluxogramas

sinestésicos. Aprende

melhor fazendo do que

ouvindo.

Teclado, Mouse,

movimento da cabeça.

Observar movimentos

espaciais na tela (se sentir

dentro do ambiente).

Realidade Virtual.

Interpessoal (INTP): gosta

da interação com outras

pessoas, entendê-las e

criar empatia. Comunica-

se com facilidade. Pode

perceber pontos de vista

diferente.

Aprendizagem

colaborativa,

Desenvolvimento de

perspectivas múltiplas.

Chamar a atenção

mediante personagens e

suas histórias.

Atividades de trabalho

cooperativo. Interatividade

alta. Uso de fala e de

personagens animadas.

Ecológica (ECO):

Identificar

padrões, classificar e

categorizar. Curiosidade

por exploração do mundo,

entender como funciona.

Importância das

percepções.

Propiciar a pesquisa,

facilitar a observação,

experimentar hipóteses,

manipular bases de

dados. Chamar a

atenção com elementos

da natureza.

Integrar conhecimentos

para avaliar hipóteses.

Ambientes construtivistas.

Cenário e exemplos

ecológicos.

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18

2. AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NA EDUCAÇÃO

2.1 Desenvolvimento Infantil

Galvão apud Kishimoto (2002) coloca as diferentes etapas

identificadas no desenvolvimento infantil que tem como característica o

conjunto de necessidades e interesses sendo cada uma delas preparação

para as etapas seguintes. A cada uma destas etapas é estabelecido um

modo novo de interagir com o ambiente.

A criança em determinada idade interage com um ou outro aspecto

do seu meio retirando deles aspectos importantes para o seu

desenvolvimento.

A autora coloca as necessidades da interação com o meio

fornecedor de "alimento cultural", isto é, linguagem e conhecimento para que

haja um melhor desenvolvimento. Isso faz com que a psicogenética

Walloniana não veja esse fator do desenvolvimento de forma linear. Essa

passagem de uma etapa a outra etapa do desenvolvimento infantil um

processo pontuado por conflitos resultantes dos desencontros entre a ação

da criança e o ambiente exterior.

Wallon apud por Oliveira (1997) vê os conflitos como propulsores do

desenvolvimento fazendo com que eles levem a criança a atingir a próxima

etapa do seu desenvolvimento. Este se dá através de uma construção

progressiva em que as fases são alternadamente caracterizadas por sua

predominância afetiva e cognitiva.

Segundo a autora, a psicogenética de Wallon identifica campos que

agrupam as diversas funções psíquicas. A afetividade, o ato motor, a

inteligência são campos funcionais que aparecem pouco diferenciados e vão

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19 tornando-se independentes um do outro no decorrer do tempo. São nestes

campos funcionais onde as atividades infantis são distribuídas.

A diferenciação entre os campos ocorre ao longo do desenvolvimento.

Inicialmente a consciência apresenta-se de forma confusa, na qual o sujeito

confunde-se com a realidade exterior. A diferenciação só se é adquirida

progressivamente e a distinção entre o eu e o outro se dá através das

interações sociais.

A autora discorre que para o recém-nascido não há diferença entre

ele e o outro nem mesmo no campo corporal, ele não faz a diferenciação do

seu corpo das superfícies exteriores. Essa percepção acontece através da

interação com os objetos e com seu próprio corpo, podendo então

estabelecer relações entre os movimentos e as sensações que experimenta

com aquelas que pertencem ao seu próprio corpo.Quando a criança é capaz

de reconhecer os limites do seu corpo ela também esta construindo o seu

recorte corporal.

Essa é uma etapa da diferenciação entre o espaço objetivo e o

subjetivo, ela ocorre durante o primeiro ano de vida, é uma etapa que

formação do eu corporal. Existe também a etapa da integração do corpo das

sensações ao corpo visual que seria a junção do que o sujeito sente a

opinião da sua imagem vista pelos outros. Isso é percebido pela maneira

como a criança reage frente ao espelho, reconhecendo ou não sua imagem

refletida.

O eu psíquico, segundo a autora, e construído a partir da construção

corporal.

No terceiro ano de vida a criança muda sua conduta em relação com

o meio, ela tinge uma fase de afirmação do eu onde adota um ponto de vista

individual e uma personalidade exclusiva.

Nesse momento a criança opõe-se a tudo que é diferente dela a fim

de testar sua independência. Ela esforça-se para ter papel de destaque

tendo muitas vezes atitudes que podem ser interpretadas como agressivas

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20 querendo sabotar um parceiro no qual identifica uma superioridade qualquer.

Essa exarcebação é um movimento necessário para destacar, criando assim

a noção do eu.

Kishimoto (2002) cita que a criança depois de garantir, de certa forma,

a formação do eu, essa crise de oposição dá lugar a uma fase de

personalismo mais positivo. No primeiro momento, a criança empenha-se

em obter a admiração dos outros. No momento seguinte predomina a

atividade de imitação, onde ela incorpora as atitudes e o papel social de

quem as atrai reaproximando-se do outro ao qual tinha negado. Ao fazer

isso a criança enriquece o seu eu e alarga suas possibilidades.

O recém-nascido depende da ajuda de parceiros mais experientes

para que possa garantir sua sobrevivência, o bebê sozinho não é capaz de

ajustar-se as circunstâncias exteriores. A primeira atividade do bebê que

atua de maneira adequada é a de desencadear no outro, reações que os

leve a satisfazer suas necessidades. A maneira que se expressa demonstra

seus estados afetivos e suas necessidades. A maneira que se expressa

demonstra seus estados afetivos e suas disposições orgânicas.

O meio em que esta criança está inserida acolhe e interpreta suas

reações. O outro age visando atender as necessidades do recém-nascido.

Nessa intervenção ocorre ainda uma intensa comunicação afetiva, onde o

dialogo e baseado em elementos corporais e expressivos.

Oliveira (1997) coloca que o bebê vai pouco a pouco estabelecendo

correspondências entre os atos e os ambientes, a forma como suas reações

diversificam-se tornam-se cada vez mais intencional.

A criança passa a ver através da ação do outro que os movimentos

são formas de expressão e não apenas descargas de impulsos. As reações

que ela provoca com seus movimentos funcionam com combustível para as

novas manifestações.

A autora cita a necessidade do outro estar presente durante as

crises emocionais, na ausência do outro essas crises tendem a perder sua

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21 força. O mesmo ocorre nas atividades infantis onde a criança necessita de

"oxigênio social" para as suas manifestações.

Através do mecanismo de contagio, que leva a todos os sujeitos

estabelecerem reações similares, ocorre uma comunhão imediata das

emoções. Essas emoções aparecem como forma de adaptação.

Winnicott (2000) define a mãe insuficientemente boa, sendo aquela

que não tem capacidade de se identificar com as necessidades do filho.

Essa mãe pode corresponder a uma mãe real ou a uma situação, isso seria

a representação da ausência de algo que a criança tenha apego.

A mãe insuficientemente boa não responde aos gestos e as

necessidades do bebê, substituindo-os pelos seus. A pior das mães é aquela

que muda de maneira radical suas atitudes fazendo com que o bebe não

possa confiar nela, dividindo os cuidados a diversas pessoas, tornando-se

uma mãe dividida em pedaços, dando-lhe a experiência da complexidade

dos cuidados que lhe são prestados, e não da simplicidade que seria

desejável.

Winnicott (2000) esclarece que quando o simbolismo acontece, já

existe a distinção entre os objetos internos e externos e que ele abre campo

ao processo que torna a aceitação das diferenças e similaridades algo capaz

de ser realizado.

O autor enfoca que é através do brincar que o indivíduo pode utilizar

sua personalidade integral e que é no processo de criação que ocorre a

descoberta do eu (self). E é no brincar que o sujeito manifesta também sua

criatividade, sendo através da percepção criativa que se sente à vida como

sendo digna de ser vivida, pois é neste modo de impulso criativo que se

toma forma e o mundo passa a ser testemunha dele.

Winnicott (2000) tira o foco da idéia de criação como sendo as

encontradas nas obras de arte, interessando pela criatividade como sendo

aquela que relaciona-se ao estar vivo, a qualidade de vida do homem. Isto é,

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22 a abordagem do individuo a realidade externa, a capacidade dele de se

tornar uma pessoa ativa e fazer parte na vida da comunidade.

O autor coloca que o impulso criativo pode ser considerado uma coisa

em si, algo que se faz presente quando qualquer pessoa se inclina para

fazer alguma coisa.

O brincar, segundo o autor, facilita o crescimento e conduz aos

relacionamentos grupais, deve-se permitir que através dos brinquedos,a

paciente criança se comunique utilizando uma sucessão de idéias,

pensamentos e sensações.

Oliveira (1997) trabalha a idéia de Vigotsky que coloca o ambiente

escolar como sendo uma situação comprometida para a promoção dos

processos de aprendizagem e desenvolvimento.

Vigotsky trabalha o brinquedo, pois este possui relações nítidas

quanto ao desenvolvimento infantil. Ele refere-se especificamente as

brincadeiras denominadas de faz de conta, como brincar de casinha ou

escolinha.

A autora cita que as situações concretas exercem grandes influencia

sobre o comportamento das crianças. Numa situação imaginaria a criança

age num mundo imaginário onde os significados são estabelecidos pela

brincadeira e não pelos elementos concretos presentes nela. Essa realidade

ausente que é representada no brincar ajuda a criança a separar objeto e

significado.

Pontua-se também a necessidade de regras para que as atividades

do brincar ocorram, enfocando o ajustamento a determinados papeis, pois

não é qualquer comportamento que é aceitável no âmbito de uma dada

brincadeira.

Conforme Oliveira (1997) a pré-escola poderia utilizar-se das

atividades como brincar e o faz de conta uma vez que estas situações atuam

positivamente no processo de desenvolvimento das crianças, contribuindo

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23 para que elas entendam o universo particular dos diversos papeis que

desempenham.

A autora destaca o interesse de Vigotsky nas funções psicológicas

superiores, buscando compreender os mecanismos psicológicos mais

complexos e que envolvem o controle consciente do comportamento. O ser

humano pode pensar nos objetos ausentes e planejar eventos que ainda não

foram vividos, estes são mecanismos superiores, pois não apresentam

ações reflexas nem reações automatizadas.

O homem é capaz de intervir numa relação, tornando esta relação

que antes era direta, numa relação mediada. Daí, surge o conceito de

mediação, que tornou-se um conceito central para compreensão das

concepções Vigotskianas sobre o funcionamento psicológico.

Oliveira (1997) cita o trabalho de Vigotsky sobre a noção da relação

do homem com o mundo como não sendo uma relação direta. Na relação

entre o homem e o mundo real, existem mediadores que auxiliam a atividade

humana.

O que fornece ao individuo as formas de compreender e organizar o

real é o grupo cultural ao qual ele pertence, este grupo constitui o

instrumento psicológico que faz a mediação entre o mundo e o individuo.

Este grupo onde as crianças nascem e desenvolvem-se operam de

modo particular na ordenação do real, fornecendo um ambiente estruturado,

onde os elementos são carregados de significados.a autora coloca que cada

sujeito é ativo interagindo com sua subjetividade no mundo cultural, assim

sendo a vida social passa a ser um processo dinâmico.

A criança ao longo de varias experiências inicia a incorporação dos

significados atribuídos pelos adultos e compreender o significado dos gestos

inicialmente estabelecidos por situações especificas, começando assim a

incorporar significados a partir das interpretações dos outros.

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24 A linguagem é o sistema simbólico básico de todos os grupos

humanos, pois é através dela que ocorrem grande parte dos sistemas

simbólicos servindo então como mediadora destes sistemas.

Oliveira (1997) cita a evolução do individuo onde existe uma fase pré-

verbal no desenvolvimento do pensamento e uma fase pré-intelectual no

desenvolvimento da linguagem que ocorre antes da associação do

pensamento e da linguagem. É no significado encontrado na linguagem que

ocorre a mediação simbólica entre o individuo e o mundo real.

Rego (1995) afirma que a linguagem permite a comunicação entre os

indivíduos compartilhando significados pelo grupo social, eventos e

situações. É por esse motivo Vigotsky coloca a mediação simbólica como

parte do processo de funcionamento mental do homem.

A autora enfatiza a importância dada por Vigotsky ao papel que a

interação social possui no desenvolvimento do ser humano. Quanto à

utilização da linguagem, a criança utiliza a fala como meio de comunicação,

e assim estabelece contato com outras pessoas. Posteriormente a fala que

era dirigida passa a ser internalizada, passando a ter alem das funções

emocionais e comunicativas a ter também a função planejadora. E assim a

criança consegue ir alem das experiências imediatas permitindo que ela

realize operações psicológicas mais complexas.

Vigotsky (1998) coloca que o aprendizado da criança tem inicio muito

antes que ela comece a freqüentar a escola. Aprendizagem esta inter-

relacionada com o desenvolvimento desde o primeiro dia de vida da criança.

A criança pode ir alem dos limites de sua capacidade imitando uma

variedade de ações, isso é de fundamental importância, pois usando a

imitação, as crianças são capazes de fazer muitas coisas, contribuindo

assim para seu desenvolvimento.

Oliveira (1997) pontua o aprendizado como sendo chave para o

despertar dos processos internos do desenvolvimento, que ocorre devido ao

contato do individuo com o ambiente cultural. Sendo que o desenvolvimento

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25 individual acontece num ambiente social e a relação com o outro é

extremamente importante para o processo de construção do ser psicológico.

O aprendizado impulsiona o desenvolvimento, assim a escola passa a

auxiliar na construção deste ser psicológico que vive nas sociedades que

possuem uma cultura escolarizada, porem a escola a partir do nível de

desenvolvimento real da criança ao construir seu processo de ensino-

aprendizagem.

O ser humano é desde sua concepção uma fonte de desejo. A

imagem inconsciente do corpo do corpo é o lugar inconsciente onde as

emoções são recebidas e emitidas, inicialmente elas estavam focalizadas

nas zonas de prazer. É como uma memória inconsciente do que já foi vivido.

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26 3. DESENVOLVIMENTO DAS INTELIGÊNCIAS

MÚLTIPLAS

3.1 A Brincadeira, a Socialização e a Construção do

Conhecimento

A brincadeira é uma aprendizagem social, a brincadeira não é inata

aprende-se a brincar. Cabe a nós educadores proporcionar e criar um

ambiente que estimule a brincadeira. Pois a criança desenvolve-se pela

experiência social, nas interações que estabelece, desde cedo com a

experiência dos adultos e do mundo que por eles foi criado. A brincadeira é

uma atividade social privilegiado de interação específica e fundamental que

garante a interação e construção do conhecimento da realidade vivenciada

pelas crianças e de constituição do sujeito-criança como sujeito produtor de

sua história. É no brincar que as crianças se podem colocar desafios e

questões além de seu comportamento diário tentando compreender os

problemas que lhes são propostos, pois ao brincar, ao mesmo tempo em

que desenvolvem sua imaginação, elas constroem relações reais entre elas.

Na visão de Vigostsky (1996), a interação social é o fator

determinante para o sujeito passar de nível de pensamento pseudoconceito,

para o nível de elaboração de conceitos. No contexto escolar, interagindo

com os demais, os alunos inferem as estruturas dos conceitos e os

significados dos mesmos. Este é o espaço privilegiado para que se processe

a aproximação dos conceitos empíricos com os conceitos científicos, que

são sistematizados em situações de aprendizagem no processo educativo.

Assim, para que os jogos contribuam pedagogicamente com a socialização,

a construção e reconstrução do conhecimento é preciso diminuir o

autoritarismo do professor, criar situações para o desenvolvimento da

autonomia, incrementar ações que favoreçam a troca de opiniões e

sugestões nas atividades.

Brincar é apropriar-se de elementos da realidade e atribuir-lhes

novos significados, essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da

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27 articulação entre a imaginação e a imitação da realidade. Toda brincadeira é

uma imitação transformada, no plano das emoções e das idéias vivenciadas

anteriormente. Ao brincar as crianças recriam e repensam os

acontecimentos que lhes deram origem, o principal indicador da brincadeira,

entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam. A brincadeira

favorece a auto-estima das crianças, auxiliando-as a superar

progressivamente suas aquisições de forma criativa, pois brincar contribui,

na interiorização de determinados modelos de adulto, em diversos grupos

sociais.

Essas significações atribuídas ao brincar transformam-no em um

espaço singular de constituição infantil. É na brincadeira que as crianças

transformam os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos

gerais com os quais ela brinca, sendo que ao assumir um determinado papel

numa brincadeira a criança deve conhecer algumas de suas características.

Seus conhecimentos vêm da imitação de alguém ou de algo

conhecido, de uma experiência vivenciada. É no ato de brincar que a criança

estabelece os diferentes vínculos entre as características do papel

assumido, suas competências e as relações que possuem com outros

papéis e generalizando para outras situações.

As brincadeiras de faz-de-conta, os jogos de construção e aqueles

que possuem regras, como os jogos de sociedade, jogos tradicionais,

didáticos, corporais, propiciam a ampliação dos conhecimentos infantis por

meio da atividade lúdica. Por meio das brincadeiras o professor pode

observar e constituir uma visão dos processos de desenvolvimento das

crianças em conjunto ou em particular, registrando suas capacidades de uso

das linguagens, assim como de suas capacidades sociais e dos recursos

afetivos e emocionais que dispõem.

Para Vigotsky (1998), a brincadeira cria para a criança uma zona de

desenvolvimento proximal, que é a distancia entre o nível atual de

desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver

independentemente um problema, e o nível desenvolvimento potencial

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28 determinado através da resolução de um problema com a orientação de um

adulto. Ainda conforme o autor a brincadeira possui três características, a

imaginação, a imitação e a regra. Elas estão presentes em todos os tipos de

brincadeiras.

Em minha docência enquanto educadora a brincadeira tem

fundamental importância na perspectiva do meu trabalho, pois as crianças

aprendem brincando, neste espaço de interação elas vivenciam situações

familiares, de trabalho, na qual a brincadeira se transforma num fator

educativo no processo pedagógico. Esta atividade não surge do nada, mas

da influência da educação formal, inicial pelos seus familiares. Se o

professor considerar que a brincadeira deva ocupar um espaço central na

educação infantil, criando espaços, oferecendo materiais e partilhando das

brincadeiras ele estará possibilitando as crianças, uma forma criativa, social

e partilhada, e ao mesmo tempo estará transmitindo valores.

3.1.1 Faz-de-Conta

O faz de conta surge por volta de três anos, nesta fase a criança

dedica-se longos momentos ao jogo solitário criando e assumindo diferentes

papéis. A criação de personagens imaginários é um jogo no qual se constata

o progresso da criança com relação à coerência. À medida que evolui, o faz-

de-conta assume diferentes funções dependendo do contexto em que se

realiza.

Quando a criança não pode participar do mundo adulto, ela

realiza seus desejos através do faz-de-conta, pois é através do faz-de-conta

que a criança tem a possibilidade de experimentar diferentes papéis sociais

que conhece e vivência no cotidiano de sua história de vida.

Vygotsky (1996), enfatiza a importância do brinquedo e da

brincadeira do faz-de-conta para o desenvolvimento infantil, quando a

criança coloca várias cadeiras uma atrás da outra dizendo tratar-se de um

trem, percebe-se que ela já é capaz de simbolizar tal capacidade, representa

um passo importante para o desenvolvimento do pensamento. É na

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29 brincadeira que a criança se comporta além do comportamento habitual de

sua idade, além de seu comportamento diário. A criança vivência uma

experiência no brinquedo como se fosse maior do que é na realidade. Para

este pesquisador o brinquedo fornece a estrutura básica para mudanças das

necessidades e da consciência da criança.

Sabe-se que toda a criança ao chegar à escola já traz consigo uma

ampla bagagem de conhecimentos e estes devem ser considerados pela

escola, pois é entre a palavra e o mundo que os educadores devem se

preocupar, a qual poderá tornar-se a principal intermediária entre o leitor e o

mundo. Faz-se necessário que na escola estejam previstos na rotina

escolar, períodos destinados ao jogo livre, permitindo que as crianças

interajam entre si e com os objetos de forma espontânea. É pelo brincar e

repetir a brincadeira que a criança saboreia a vitória da aquisição de um

novo saber fazer, incorporando-o a cada novo brincar.

O jogo é fundamental, pois brincando e jogando, a

criança amplia seus esquemas corporais e mentais

aprendendo e assimilando o mundo que a cerca, bem

como produz e reproduz, transformando o real que se

apresenta, conforme seus desejos e interesses na

busca de seu ideal. (Rizzo, 1987, p.43).

Compreender a brincadeira como mais um eixo de organizador

do trabalho, é de fundamental importância, pois é através dela que se

estabelece o vínculo entre o imaginário e o real. É através da brincadeira do

faz-de-conta que a criança tem a possibilidade de trabalhar com a

imaginação. A criança organiza o seu pensamento através de vivências

simbólicas, elaborando o seu real. A brincadeira constitui-se em um

momento de aprendizagem em que a criança tem a possibilidade de viver

papéis, de elaborar conceitos e ao mesmo tempo exteriorizar o que pensa

da realidade. Assim, a brincadeira é uma atividade humana e social,

produzida a partir de seus elementos culturais, deixa de ser encarada como

uma atividade inata.

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30 3.1.2 O Jogo Simbólico

É importante que o educador observe o que as crianças brincam,

como estas brincadeiras se desenvolvem o que mais gostam de fazer, em

que espaços preferem ficar, o que lhes chama mais atenção, em que

momento do dia estão mais tranqüilas ou mais agitadas. Este conhecimento

é fundamental para a estruturação espaço-temporal tenha significado. É

importante que nos períodos de jogos de livre escolha às crianças tenham o

tempo para construir a brincadeira e desenvolvê-la. Pois a capacidade de

imaginação da criança transforma sensivelmente a forma de interação dela

com o mundo. Ela passa a inventar o mundo, surgindo novas maneiras de

interpretá-lo, que caracteriza um novo tipo de atividade lúdica denominada

jogos simbólicos.

Os jogos simbólicos ocorrem a partir da aquisição da representação

simbólica, pela imitação, pois a criança é capaz de imitar algo presente.

Esses jogos de imitação ocorrem entre dois ou três anos de idade pela

utilização do seu corpo todo, onde ela assume papéis imitando vozes,

gestos e formas de locomoção.

“A verdadeira linguagem social das crianças, quer dizer, a

linguagem utilizada em atividades fundamental da criança, o jogo, é uma

linguagem de gestos, movimentos e mímicas, tanto quanto uma linguagem

de palavras”. (Piaget, 1988, p.76).

O jogo simbólico constitui uma atividade real essencialmente

egocêntrica e sua função consiste em atender o eu por meio de uma

transformação do real em função de sua própria satisfação. O jogo é um

vínculo que une a vontade e o prazer durante a realização de uma atividade.

No jogo simbólico as crianças tornam-se autoras de seus papéis,

escolhendo, elaborando e colocando em prática suas fantasias e

conhecimentos, sem a intervenção direta do adulto, podendo pensar e

solucionar problemas de formas livres das pressões e situações da realidade

imediata.

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31 “São, sobretudo os conflitos afetivos que aparecem no jogo

simbólico. Podemos ter certeza, quando ocorre alguma cenazinha

banal no almoço, que uma ou duas horas depois o drama será

reproduzido num brinquedo de bonecas e, sobretudo, conduzido

a uma solução mais feliz, ou porque a criança aplica à sua

boneca uma pedagogia mais inteligente do que a dos pais, ou

porque integra no jogo o que o seu amor próprio a impedia de

sentar à mesa”. (Piaget, 1988, p.83):

O brinquedo simbólico ocorre também em função de expressões e

ações culturais. As complexidades destas brincadeiras dependem das

experiências físicas e sociais vividas pelas crianças, enriquecendo seu

repertório e nutrindo seu imaginário.

Desde a época anterior a Cristo já havia uma preocupação em

discutir o valor do jogo na vida da criança, Platão preconizava o valor

educativo do jogo, apesar de dar a criança à liberdade do jogo. Com a

evolução, muitos autores vêm dando ênfase no estudo do jogo e de sua

importância nas várias culturas indistintamente.

Embora Kishimoto (2003), numa ampla revisão bibliográfica,

encontre referências ao uso do jogo na educação que remontam a Roma e a

Grécia antiga, se tomarmos como marco apenas a história mais recente,

veremos que é deste século, preponderantemente na sua segunda metade,

que vamos ter entre nós as contribuições teóricas mais relevantes para o

aparecimento de propostas de ensino que incorporam o uso de materiais

pedagógicos em que os sujeitos possam tornar parte ativa na aprendizagem.

As contribuições de Piaget, Bruner, Wallon e Vigotsky que,

definitivamente, marcam as novas propostas de ensino em bases mais

cientificas, portanto é recente a consciência de que os sujeitos ao

aprenderem, não o fazem como meros assimiladores de conhecimentos,

mas há um processo de aprendizagens determinados componentes internos

que não podem ser ignorados pelos educadores.

A idéia de um ser humano relativamente fácil de moldar e dirigir a

partir do exterior foi progressivamente substituída pela idéia de

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32 um ser humano que seleciona, assimila, processa, interpreta e

confere significações aos estímulos e configurações de estímulos.

Segundo o autor esta perspectiva tem contribuído para por em

relevo a inadequação de certos métodos essencialmente

expositivos que simplificam os papéis dos professores e dos

alunos como de simples transmissores e receptores de

conhecimentos. Esta nova perspectiva sobre a ação educativa

tem servido para revitalizar as propostas pedagógicas, como

ponto de partida necessária para uma verdadeira aprendizagem.

(COLL, 1994, p.100).

Neste contexto o jogo desde cedo é de fundamental importância na

vida da criança, pois enquanto ela brinca está explorando e manuseando

tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços físicos e mentais sem

se sentir coagida pelo adulto, onde passa a ter sentimentos de liberdade e

satisfação pelo que faz dando valor e atenção às atividades vivenciadas. A

criança brinca porque gosta de brincar e é ai que reside sua liberdade e o

jogo é uma atividade que parte da própria vontade do ser humano. Portanto

a intervenção do adulto no jogo da criança fez-se necessária se esta se

apresentar de uma forma de orientação e incentivo às atividades exercidas

pela criança, fazendo com que ela se empenhe cada vez mais naquilo que é

proposto ou descoberto por ela mesmo. É através do jogo que a criança

apresenta características de um ser livre motivado por uma necessidade da

realidade pessoal. Podemos perceber que a maior parte do tempo na idade

infantil é dedicada ao jogo e esta dedicação e interesse se dá a partir do

momento que são oferecidos à criança objetos e situações de

entretenimento, e esta atitude do adulto só terá características de jogo se for

absorvido pela criança no sentido de prazer e esta necessidade deve ser

respeitada e entendida como um aspecto importante na vida dela. O jogo

tem por função permitir ao indivíduo realizar o seu eu, ostentar a sua

personalidade e seguir seus interesses.

Aos poucos os jogos e brinquedos vão possibilitando as crianças às

experiências de buscar coerência e lógica nas suas ações, governando a si

e ao outro. Elas passam a pensar sobre suas ações nas brincadeiras, sobre

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33 o que falam e sentem, não só para que os outros possam compreendê-las,

mas também para que continuem participando das brincadeiras.

Em Kishimoto (1997) encontramos que Dewey modificou as idéias de

Froebel, estabelecendo novos eixos do interesse infantil. Ele via as crianças

como seres sociais e afirmava que a aprendizagem ocorreria de forma

espontânea, por meio do jogo, em situações do cotidiano, tais como:

Preparar o lanche, representar peças para a família, brincar de faz-de-conta

com temas familiares. Dewey concebeu o jogo, como atividade livre, como

uma maneira de se compreender os problemas do cotidiano.

“Utilizar o jogo na educação infantil significa transportar para o

campo do ensinoaprendizagem, condições para maximizar a construção do

conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer, da

capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora”. (KISHIMOTO, 1997).

É muito interessante recriar espaços para jogos espontâneos como:

canto de boneca, biblioteca, teatro, blocos de madeiras; jogos de pátio

como: jogo de tiro ao alvo, boliche, corrida de saco, corrida com colher, com

empecilhos com limites de espaço e tempo, ovo choco, cantigas de roda,

polícia e ladrão, brincar com palavras através de trava língua, caça palavras,

adivinhas, carta enigmática, diagramas, poesias, paródias e muita outras

brincadeiras, pois todo mundo brinca se você brinca. O momento de

resgatarmos o prazer do estar brincando juntos, afetos, solidariedade,

compreensão que só as brincadeiras com os outros podem nos

proporcionar.

Nesse resgate buscaremos como educadores novos modos de

educação que garantem que o brincar faz parte da criança.

Kishimoto (1997) ainda se refere a Henry Wallon, dizendo que para

ele o jogo provém da imitação, que representam uma acomodação ao

objeto. Ele vê na imitação uma participação motora do que é emitido e um

certo prolongamento de imitação do real. A atividade lúdica é uma forma de

exploração, de infração da situação presente.

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34 Sabemos que através do jogo e pelo brinquedo a criança vai se

constituindo como sujeito e se organizando. A criança parte primeiro das

brincadeiras com o seu corpo para aos poucos ir diferenciando os objetos ao

seu redor. Desde bem pequena a criança vai conhecer o mundo, isso

depende das relações que constituem aos que estão à sua volta e como eles

interagem, é pelo brincar que as crianças expressam e se comunicam e é

através das brincadeiras que elas começam a experimentar e a fazer

interações com os objetos e as pessoas que estão a sua volta.

Faz-se necessário oferecer as crianças pequenas a possibilidade da

brincadeira ou de jogos simbólicos que em algum momento são organizados

e dirigidos por eles e, em outro momento, organizados pelo educador, porém

de livre opção das crianças. A possibilidade de participar desde a

construção, dos mais diferentes materiais como fantasia, máscaras,

fantoches, dramatizações, se constituem em um espaço de vivência onde a

criança trabalha com imitação e a representação.

Sabemos que hoje vivemos numa sociedade em que a violência se

encontra a todo o momento e nossas crianças ao buscar recursos no

ambiente que as cerca, vão se apropriando deste rico vocabulário, que é a

violência, gerada pela sociedade, a cultura lúdica está marcada por essa

estrutura, nos jogos derivando uma aparência de espontaneidade da

brincadeira de guerra, como toda a brincadeira, é uma construção social.

3.2 Brinquedos, Brincadeiras e os Meios de Comunicação.

Na concepção de Brougere (1997) os meios de comunicação vem

transformando a vida cultural das crianças, em particular a vida lúdica,

devido a sua forte contribuição na divulgação dos brinquedos

industrializados e comercializados. O brinquedo contribui para o

desenvolvimento da cultura lúdica, através de sua apropriação durante uma

brincadeira, pois o brinquedo serve de suporte para as representações.

Através das imagens que a televisão mostra, fornece as crianças conteúdos

para as suas brincadeiras na qual as crianças se transformam em

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35 personagens vistos pela televisão a qual oferece uma linguagem comum a

todas, mesmo pertencentes a ambientes diferentes.

Pois a brincadeira permite que a criança se aproprie de certos

conteúdos da televisão. Durante a brincadeira a criança se apropria dos

objetos lúdicos de que ela dispõe, é claro que a televisão influencia sobre a

imagem do brinquedo e sobre seu uso, com certeza estimula o consumo.

“A televisão não se opõem à brincadeira, mas alimenta-a,

influencia-a, estrutura-a na medida em que a brincadeira não

nasceu do nada, mas sim daquilo com o que a criança é

confrontada. Reciprocamente, a brincadeira permite a criança

apropriar-se de certos conteúdos da televisão.”(BROUGERE,

1997, p.56)

Os adultos têm mania de planejar os brinquedos das crianças,

criando brinquedos na visão de adultos e não na visão das crianças. O

brinquedo pronto corta a criatividade das crianças, impondo a elas o tipo de

brincadeiras a ser criado. O brinquedo industrializado é projetado pelo adulto

para a criança conforme a sua concepção e não da criança, restringindo a

criatividade e a atividade lúdica.

Sabemos que o brinquedo está cada vez mais ligado a uma história,

a um determinado universo, e é através da brincadeira que a criança

encontra um meio de viver a cultura que a cerca, tal como ela é

verdadeiramente e não como ela deveria ser.

3.3 Brincando a Criança Aprende a Agir na Esfera Cognitiva

Conforme a faixa etária da criança, evoluem os interesses de

brincar, o seu desenvolvimento sócio-efetivo e seus hábitos culturais, pois é

importante que experimente os mais variados tipos de brinquedos sem

preconceitos culturais.

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36 Brincar é uma das coisas mais importantes na vida da criança, de tal

forma que a privação de brincar pode torná-la infeliz, perdendo o significado

de viver, portanto é na magia do brinquedo que desenvolve a auto-estima, a

imaginação, a confiança, o controle e o relacionamento interpessoal.

Vygotsky (1996) considera o brinquedo como uma importante fonte de

promoção de desenvolvimento, contribuindo com o ensino sistematizando

para ampliar os horizontes da criança aprendiz. O mesmo estimula a

representação, a expressão de imagens que lembram aspectos da

realidade, onde sua função é dar a criança um substitutivo dos objetos reais,

para que possa manipulá-los. Oportuniza uma organização para a iniciação

de relações emocionais e proporciona o desenvolvimento da socialização.

É necessário que a criança brinque para expressar suas fantasias,

desejos e experiências, pois no mundo do faz-de-conta é possível destruir o

que incomoda e novamente reconstruí-los, colocando-se no mundo externo

a própria realidade interna para poder dominar seus medos e angústias.

Pelo brinquedo a criança recria o mundo, refaz os fatos, para adequá-las da

capacidade de assimilação, aos passos necessários para a compreensão,

há dois passos o cognitivo e o afetivo. Algo pode caber no cognitivo, mas

não no afetivo e o brinquedo como o jogo facilita os dois.

Segundo Vyotsky:

A primeira etapa de brinquedo da criança é a sensório – motora,

caracterizada pela exploração repetitiva do seu corpo, possui

como função o seu auto conhecimento e diferenciação com o

meio ambiente, seu brinquedo é solitário. Da fase sensório –

motora, a criança passa ao brinquedo paralelo, brinca ao lado das

outras, mas o brinquedo não se realiza com elas: passa a brincar

com objetos junto a outras crianças, sem haver interação.

A fase seguinte é a do brinquedo associativo, brinca em conjunto,

divide materiais e imitam-se uma as outras, e quarta fase é

cooperativo, a criança é um membro de um grupo que chega a

um produto comum, distingue a realidade da fantasia nos seus

jogos e é por meio do brinquedo que projeta-se nas atividades

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37 dos adultos procurando ser coerente com os papéis assumidos.

(1996, p.10).

Segundo Janice Vidal Bertoldo citado por Vygotsky:

O brinquedo pode criar uma zona de desenvolvimento proximal

(capacidade que a criança possui), pois na brincadeira pode

comportar-se num nível que ultrapassa o que está habituada a

fazer, funcionando como se fosse maior e melhor do que é. (1996,

p.11).

Ainda, a brincadeira possui três características: a imaginação, a

imitação e a regra. Estão sempre presentes tanto nas tradicionais de faz-de-

conta como nas que existem regras. A imaginação é um processo novo para

a criança e constitui uma característica típica de atividade humana

consciente, pois surge da ação, é a primeira manifestação de emancipação

da criança em relação às restrições situacionais.

Sob o ponto de vista do desenvolvimento da criança, a brincadeira

traz vantagens sociais, cognitivas e afetivas.

Segundo Bertoldo apud Winnicott “a brincadeira é universal e

própria da saúde: o brincar facilita o crescimento e portanto, a saúde”. (2000,

p.12)

O ato de brincar conduz aos relacionamentos grupais, sendo uma

forma de comunicação, onde incorpora valores morais e culturais em que as

atividades lúdicas visam o auto-estima, auto-conhecimento, pois conduzem

à imaginação, à fantasia, à criatividade e uma porção de vantagens que

ajudam moldar suas vidas, como crianças e como adultos.

Em nossas vidas, está sempre presente a matemática,

conseqüentemente nas vidas das crianças, em suas brincadeiras, quando

reparte os brinquedos ou experimenta roupinhas nas bonecas e sem

perceber está dividindo e medindo.

Não existe nada que a criança precisa saber que não possa aprender

brincando, pois as brincadeiras faz-de-conta possibilitam uma aproximação

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38 do aluno com os conhecimentos matemáticos e incentivam desenvolver

estratégias de resolução de problemas.

3.4 O Jogo Favorece a Aprendizagem de Noções

Matemáticas

O mundo da criança é rico e mutável, pois inclui permanentemente

jogos de fantasia e realidade. Uma criança que brinca num local e com jogos

adequados necessários para sua idade vive com menos ansiedade e mais

feliz, portanto, ao jogar a criança investiga, experimenta e aprende

necessitando completar a sua atividade lúdica, que deve ser respeitada.

Segundo Piaget (1988, p.107), “por meio da atividade lúdica, a

criança assimila ou interpreta a realidade a si própria”.

A escola deve possibilitar à criança um ambiente aberto às

explorações, para que por meio dos jogos, possam assimilar as realidades

intelectuais, para que estas não permaneçam exteriores à sua inteligência,

onde o jogo tem um valor educacional muito grande, contribui

significativamente no processo ensino-aprendizagem e é na relação inter

pessoal que se aprende a colaborar,repartir,ceder, compartilhar experiências

e organizar idéias.

Nas primeiras séries, a criança inicia o processo de alfabetização,

não só em uma língua materna como também na linguagem matemática,

construindo o seu conhecimento segundo as diferentes etapas de

desenvolvimento cognitivo.

Segundo Huizinga, em seu clássico Homo Ludens afirma que:

O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dento de

certos e determinados limites de tempo e de espaço, seguindo

regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias,

dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento

de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da

vida cotidiana. (2000, p.14).

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39

O jogo pode ser visto como resultado de um sistema lingüístico que

funciona num determinado contexto social; sistema de regras e objeto,

enquanto fato social, assume a imagem, o sentido atribuído pela sociedade,

dependendo do lugar e da época, os jogos assumem significações distintas

fato percebido nos tempos do Romantismo o jogo aparece como algo sério e

destinado a educar a criança.

Jogar é um fato cultural, em todos os tempos e apresenta

manifestações, características e significados que variam conforme o

ambiente, a época, os costumes e os modos de vida dos povos.

Na última década, o jogo tornou-se um objeto de interesse de

psicólogos, educadores, pesquisadores como decorrência da sua

importância para a criança e da constatação de que é uma prática que

auxilia o desenvolvimento a construção ou potencialização de

conhecimentos e tem favorecido a concepção de ensino e aprendizagem

que acredita na utilização do jogo como metodologia para a aprendizagem

matemática.

A Matemática e o jogo, devem percorrer caminhos em conjunto, pois

leva-se em consideração de que a criança pode construir conhecimentos

sobre qualquer área, num contexto que lhe seja favorável, vivenciando

situações, refletindo sobre elas, levantando hipóteses, estabelecendo

conclusões e dividindo com o outro o pensar.

As investigações sobre o significado do conteúdo dos jogos e o

conteúdo de aprendizagem em matemática têm revelado a aproximação

entre dois processos com características e alcances diferentes. Sendo, um

fenômeno cultural com múltiplas manifestações que variam conforme a

época o jogo, a cultura ou o contexto, onde se caracteriza uma situação de

jogo a atividade da criança, sua intenção em brincar, a presença de regras

lhe permitem identificar sua modalidade. O segundo considera o jogo como

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40 estratégia didática, facilitadora da aprendizagem, as situações são

planejadas e orientadas pelo adulto, visando o aprender.

Cumprirá o jogo, uma dupla função-lúdica e educativa, aliando

finalidades do divertimento e prazer, outras como desenvolvimento afetivo,

cognitivo, físico, social e moral manifestada em um grande número de

competências como escolha de estratégias, ações sensório-motoras,

interação, observação e respeito a regras.

Através do jogo, a criança constrói símbolos, por tanto, deve ter

oportunidade de inventar, construir relações matemáticas, em vez de

simplesmente entrar em contato com o pensamento pronto, formular suas

hipóteses a partir de ensaio e erro, para confirmá-las e refutá-las.

Os jogos promovem o crescimento emocional e social, de forma

agradável e dinâmica, pois há sempre um desafio interessante e vivo,

fazendo com que aprendizagem seja natural e rápida.

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CONCLUSÃO

É imensamente importante, que os pedagogos enxerguem a

natureza do uso da brincadeira nas práticas pedagógicas, propiciando assim

momentos de descontração para os alunos e facilitando o relacionamento

professor/aluno.

As técnicas a serem empreendidas, influenciarão o desenvolvimento

dos alunos, assim cabe ao professor interagir com diversas práticas para

estimular o desenvolvimento apto naturalmente em cada aluno.

Através da brincadeira, a criança estabelece uma atividade maior

para o seu desenvolvimento, onde poderá construir os seus pensamentos e

adaptando-se ao ambiente, dessa maneira podemos afirmar que o brincar

não é somente um facilitador da aprendizagem, mas sim um fator

fundamental e essencial para um bom desenvolvimento global do indivíduo,

pois possibilita a criança a melhorar sua relação com outras pessoas,

assumir responsabilidade, adaptações a situações frustradoras e percepção

geral de si mesmo como sujeito.

É fundamental a implantação dessa concepção do lúdico como

recurso pedagógico, exigindo-se desta nova postura profissional uma visão

do mundo atual, no qual cada fenômeno se estabelece no conjunto das

relações, onde tudo interage exercendo influência, onde nada mais se

encontra pronto e acabado, não havendo mais espaço para verdades

absolutas.

Através do lúdico as crianças se libertam das amarras rotineiras que

são impostas na sala de aula, assim como toda criança gosta de

brincadeiras, porque não unir o prazer ao útil?

É imprescindível que os educadores adotem uma postura cada vez

mais enfática nas dinâmicas lúdicas e percebam a importância de sua

aplicação na aprendizagem, proporcionando à criança um clima prazeroso,

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42 cheio de alegria e espontaneidade, propondo atividades e estimulando-as

que descubram o mundo e a si mesmas.

Com este trabalho, pode-se constatar que muitos autores alegam que

as crianças aprendem brincando, pois o brinquedo é uma necessidade, onde

as crianças buscam a satisfação e a realização dos seus desejos.

Todo o trabalho deve partir das necessidades e interesses de alguém,

assim através desse trabalho preocupou-se em realizar um aprofundamento

sobre a importância da brincadeira no âmbito escolar, propriamente para as

crianças da pré-escola, apesar de que as brincadeiras também se apliquem

ao nível das séries iniciais, mas com diversificações à altura dos

conhecimentos desse nível escolar que a criança freqüenta.

O professor deve estar ciente da necessidade de diversificar as aulas,

propiciando intensos momentos de aprendizagem somados ao prazer do

que é novo, e uma forma apropriada, sem dúvida, é através da prática

diversificada que estimulará o desenvolvimento e a criatividade das crianças.

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OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade: educação e reeducação

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44 OLIVEIRA, Zilma de Moraes. Creches: crianças, faz de conta & cia. Rio de

Janeiro: Vozes, 1997.

PIAGET, Jean. A formação do símbolo da criança. Rio de Janeiro: Zahar,

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VIGOTSKY, L.S. A formação social da mente. 7ª ed. São Paulo: Martins

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WINNICOTT, D.W. O brincar e a realidade. 16ª ed. Rio de Janeiro: Imago,

2000.

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ------------------------------------------------------------------------- 3

DEDICATÓRIA--------------------------------------------------------------------------------- 4

RESUMO----------------------------------------------------------------------------------------- 6

SUMÁRIO---------------------------------------------------------------------------------------- 7

INTRODUÇÃO---------------------------------------------------------------------------------- 8

1. MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS---------------------------------------------------------- 10

1.1 Conceito------------------------------------------------------------------------------- 10

1.2 Múltiplas Inteligências e a visão de Gardner--------------------------------- 11

2. AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NA EDUCAÇÃO----------------------------- 18

2.1 Desenvolvimento Infantil---------------------------------------------------------- 18

3. DESENVOLVIMENTO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS------------------- 26

3.1 A Brincadeira, a Socialização e a Construção do Conhecimento------- 26

3.1.1 Faz-de-Conta------------------------------------------------------------- 28

3.1.2 O Jogo Simbólico-------------------------------------------------------- 30

3.2 Brinquedos, Brincadeiras e os Meios de Comunicação------------------- 34

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3.3 Brincando a Criança Aprende a Agir na Esfera Cognitiva---------------- 35

3.4 O Jogo Favorece a Aprendizagem de Noções Matemática-------------- 38

CONCLUSÃO----------------------------------------------------------------------------------- 41

Referências Bibliográficas-------------------------------------------------------------------- 43

Anexo---------------------------------------------------------------------------------------------- 45

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PROJETO VEZ DO MESTRE

Pós-Graduação “lato Sensu”

AS INTELIGENCIAS MÚLTIPLAS NA PRÁTICA ESCOLAR

Ana Augusta Barros Guimarães Maia

Aprovado em ______de_______________de________.

Nota Final: _________(____________________________).

___________________________________________

Professora da disciplina Projeto Monográfico

Proª Fabiane Muniz

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ANEXO