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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM A NEUROCIÊNCIA E A AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DO DEFICIENTE VISUAL. Por: Cinthia Lopes Veiga Orientadora Professora Marta Relvas Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A NEUROCIÊNCIA E A AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ENSINO E

APRENDIZAGEM DO DEFICIENTE VISUAL.

Por: Cinthia Lopes Veiga

Orientadora

Professora Marta Relvas

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A NEUROCIÊNCIA E A AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ENSINO E

APRENDIZAGEM DO DEFICIENTE VISUAL

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Neurociência Pedagógica.

Por: Cinthia Lopes Veiga.

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AGRADECIMENTOS

Ao senhor Deus, aos meus pais José

Carlos e Marli, ao meu irmão Moisés, a

minha cunhada Raquel, a Neiva, aos

meus familiares, as amigas Amanda,

Fátima, Ana, Geany, Rita, Margareth,

Cristiane, Andreia, Simone, Viviane e

Yara, aos funcionários da AVM Barra e

Niterói, aos professores Elisete

Tavares, Luciano, Vasco e a Marta

Relvas.

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais José Carlos e Marli, as

minhas sobrinhas Amanda e Larissa e a

todos aqueles que vêm na educação à

esperança de transformar vidas.

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RESUMO

O presente trabalho aborda a Neurociência e a afetividade no

processo de ensino e aprendizagem do deficiente visual estando voltada a

todos que educam principalmente os profissionais interessados em Educação

especial. O mesmo investiga o processo educacional do deficiente visual

baseado no sistema sensorial considerando a afetividade; já que os seres

humanos são dotados de emoção, conhecimentos estes racionados à

educação inclusiva levando a refletir sobre as características frequentemente

utilizadas que envolvem a neurociência e que repercutem na vida prática,

busca incitar novas maneiras de solucionar desafios relacionados à educação

especial. Ao longo da pesquisa é apresentada a deficiência visual: o conceito e

informações relevantes, mencionando as leis sobre educação especial, os

professores e escolas neste contexto; abordando o sistema sensorial,

sensações somáticas e especiais, a Sinestesia bem como aprendizagem e

recursos utilizados como o braille, o reglete, o espaço físico e mobiliário, a

interação social, afetividade em sala de aula e a neuroplasticidade.

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METODOLOGIA

Metodologia utilizada foi à pesquisa bibliográfica em livros, revistas e

sites das áreas de neurociência, afetividade e sobre o ensino do deficiente

visual.

A monografia está dividida em seis capítulos: o primeiro descreve a

deficiência visual, a lei, a educação especial e a escola.

O segundo capítulo descreve o sistema sensorial seguindo de uma

breve apresentação dos órgãos do sentido: tato, paladar, olfato, audição e

visão, sinestesia.

O terceiro capítulo identifica problemas visuais tais como: miopia,

hipermetropia, astigmatismo, estrabismo, ambliopia, daltonismo, moléstias que

prejudicam a visão, acidentes oculares e o papel do professor diante destes

distúrbios.

O quarto capítulo enfatiza a aprendizagem e seus recursos: Braille,

reglete, sorobã, livro didático adaptado, livro acessível, recursos tecnológicos,

atividades, espaço físico e mobiliário.

O quinto capítulo analisa a interação social e a afetividade em sala

de aula, relacionando o comportamento emocional e a teoria cognitiva

fisiológica.

O sexto capítulo tem como foco a neuroplasticidade e a deficiência

visual.

O presente trabalho se baseia nas obras relacionadas a problemas

de aprendizagem do deficiente visual e o professor das escritoras Elisabete da

Assunção José e Maria Teresa Coelho, os saberes e as práticas de inclusão do

deficiente visual de Marilda Moraes Garcia Bruno, a formação continuada dos

professores da educação especial de Izida Maria Campos, Elizabet Dias Sá e

Myriam Beatris Campolina Silva e a Neurociência de Marcus Lira Brandão,

Roberto Lent, Connors, Kendel e Parker.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 07

CAPÍTULO I - Deficiência visual ...................................................................... 08

CAPÍTULO II - Sistema Sensorial .................................................................... 13

CAPÍTULO III - Distúrbios na saúde física: visão ............................................. 23

CAPÍTULOVI - Aprendizagens e recursos ....................................................... 36

CAPÍTULO V - Interação social e a afetividade na sala de aula ...................... 43

CAPÍTULO VI - Neuroplasticidade ................................................................... 49

CONCLUSÃO .................................................................................................. 53

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................... 54

BIBLIOGRAFIA CITADA .................................................................................. 56

WEBGRAFIA .................................................................................................... 59

ÍNDICE ............................................................................................................. 61

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INTRODUÇÃO

Durante a vida escolar educadores se defrontam com diversas

situações devendo estar preparado para atuarem com alunos especiais. Entre

as modalidades de Educação Especial as deficiências visuais são as que

menos têm profissionais qualificados. Por esta razão os estudos das práticas

pedagógicas aliadas a neurociências e a afetividade voltadas para o ensino dos

deficientes visuais seriam fundamental para inserção no sistema escolar e

combate a segregação das pessoas cegas.

As aprendizagens dos cegos seguem relacionadas à movimentação

do corpo, quando os sentidos captam informações, as terminações neurais

enviam informações para os córtices sensoriais, da audição, do paladar, do

olfato e das sensações somáticas. A pele, com seus receptores sensíveis a

excitações táteis, de temperatura, de dor e de pressão situados em toda sua

espessura, também transmite as informações recebidas; os sentidos

possibilitam ler o mundo. Aliados a emoção que tornam o ambiente de

aprendizagem mais prazeroso e resgatando o papel social do educando e

também o bem estar do mesmo.

A presente pesquisa tem como um de seus objetivos: analisar as

relações entre o cérebro, as emoções e a aprendizagem no contexto do

deficiente visual. Apresentando as funções cerebrais, as sensações e as

percepções de acordo com a prática de ensino dos cegos; citando a

neuroplasticidade, a capacidade de reorganização do cérebro conforme o uso

no contexto dos deficientes.

Refletindo sobre o desenvolvimento das habilidades do cego através

dos sentidos do corpo humano. Tendo como ponto de partida a seguinte

indagação: quais são as contribuições que a neurociência e afetividade podem

trazer aos deficientes visuais?

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CAPÍTULO I

DEFICIÊNCIA VISUAL

Deficiência visual define-se como a perda total ou parcial, congênita

ou adquirida, da visão; o nível de acuidade visual podendo variar o que

determinam dois grupos de deficiência. Cegueira - perda total da visão ou

pouquíssima capacidade de enxergar, levando os indivíduos a necessitarem do

Sistema Braille como meio de leitura e escrita, e a baixa visão ou visão

subnormal caracteriza-se pelo comprometimento do funcionamento visual dos

olhos, mesmo após tratamento ou correção. Textos impressos ampliados ou

com uso de recursos óticos especiais fazem parte do processo de leitura e

escrita das pessoas com baixa visão. (FUNDAÇÃO DORINA).

Portanto as pessoas com deficiência visual podem ser cegas ou ter

baixa visão, os cegos usam outros sentidos para sua aprendizagem e

desenvolvimento e o Sistema Braille para ler e escrever. “Os sentidos do tato,

audição, olfato e paladar assimilam os estímulos externos que serão integrados

ao cérebro, possibilitando a percepção, análise e compreensão do ambiente e

boa adaptação a ele”.

A baixa visão - alteração significativa da capacidade funcional da

visão, decorrente de fatores isolados, tais como: baixa acuidade visual

significativa, redução importante do campo visual. Alterações para visão de

cores e sensibilidade aos contrastes, que interferem ou limitam o desempenho

visual. (LARAMARA).

A maior parte das crianças com deficiências visuais já nascem com

essa condição em decorrência de doenças congênitas ou hereditárias. Outras

crianças podem adquiri-las mais tarde, se as crianças se tornam deficientes

visuais após os cinco anos de idade, já terão desenvolvido praticamente todo

seu potencial visual, podendo conservar imagens e memória visual. As

crianças que nascem cegas ou perdem a visão muito cedo terão suas

necessidades de aprendizagem diferentes daquelas das demais crianças.

(BRUNO, 2006).

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As crianças com baixa visão apresentam grandes diferenças com

relação ao grau de visão que possuem e também no que se refere ao seu

aproveitamento, pois vários fatores podem influenciar seu desempenho visual.

Quanto mais uma criança permanece olhando, principalmente de perto, mais

seu cérebro será estimulado e mais vai aprender a discriminar formas,

contornos, cores, figuras e símbolos, acumulando maior variedade de imagens

e memórias visuais. (LARAMARA).

Em decorrência da deficiência sensorial, apresentam necessidades

específicas, caminhos e formas peculiares de aprender e assimilar o real.

Necessitam de mais tempo para vivenciar e organizar suas experiências,

aprender e construir conhecimentos. Compreendidas essas especificidades

pela família e professores, poderão se beneficiar e obter sucesso na inclusão

escolar e sócia. (BRUNO, 2006).

“Um ambiente pobre em significados diminui as

oportunidades de interação saudável com a realidade, faltando

matéria-prima fundamental para a emergência de possibilidades de

reconstrução das representações mentais, que caracterizam a vida

saudável dos seres humanos, a partir de interações sócio-culturais.

Pode-se afirmar que, quando falta o significado, a patologia da

alienação mental se instala. Deixa de existir então, a mediação entre

o sujeito que aprende e o conhecimento” (Vygotsky, 1987).

Vários estudos revelam que as deficiências visuais, por si somente,

não acarretam dificuldades cognitivas, emocionais e de adaptação social.

Entretanto, as formas de interação, comunicação e significados socialmente

construídos são fatores determinantes para o processo de desenvolvimento,

aprendizagem e adaptação social das crianças com deficiência visual.

(BRUNO, 2006).

1.1. A Lei e a Educação Especial.

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A atual Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional, Lei nº

9.394, de 20-12-1996, trata, especificamente, no Capítulo V, da Educação

Especial. Define-se por modalidade de educação escolar, oferecida

preferencialmente na rede regular de ensino, para pessoas com necessidades

educacionais especiais. Assim perpassa transversalmente todos os níveis de

ensino, desde a educação infantil ao ensino superior. Esta modalidade de

educação considerada como um conjunto de recursos educacionais e de

estratégias de apoio que estejam à disposição de todos os alunos, oferecendo

diferentes alternativas de atendimento. (IBC).

PORTARIA N.º 319, de 26 de fevereiro de 1999. O MINISTRO DE

ESTADO DA EDUCAÇÃO, no uso de suas atribuições e considerando o

interesse do Governo Federal em adotar para todo o País, uma política de

diretrizes e normas para o uso, o ensino, a produção e a difusão do Sistema

Braille, em todas as modalidades de aplicação, compreendendo especialmente

a Língua Portuguesa, a Matemática e outras Ciências, a Música e a

informática; considerando a permanente evolução técnico-científica que se

passa a exigir sistemática avaliação, alteração e modificação dos códigos e

simbologia Braille, adotados nos Países de língua portuguesa e espanhola; e,

finalmente, considerando as necessidades dos estabelecimentos de

permanente intercâmbio com comissões de Braille de outros países, de acordo

com a política de unificação do Sistema Braille, a nível internacional. (IBC)

Ações devem dar condições de outras existirem, devem

desencadear outras, assim confluir em um mesmo ponto: inclusão no

ambiente. Inclusão no meio ambiente e também os clientes, os amigos e os

trabalhadores. Não se pode apenas garantir adaptação no espaço, deve-se ir

além, devemos garantir mudanças de comportamentos que, certamente,

provocarão as mudanças nos espaços, tornando-os cada vez mais ambientes

ricos em aprendizagem. (ALMEIDA, 2011).

1.2. Deficiência Visual e a Educação.

A educação inclusiva desempenhando importante papel de

transformação cultural em relação à deficiência visual, principalmente, no que

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diz respeito às reflexões sobre os mitos e estereótipos atribuídos às pessoas

cegas e de baixa visão nos diferentes momentos históricos. A construção social

da deficiência visual, através dos tempos, tem sido repleta de mitos,

estereótipos e barreiras atitudinais influenciando as relações sociais, as formas

de interação e a formação do autoconceito dessas pessoas. (BRUNO, 2006).

Crianças com deficiência visual poderão ser ajudadas na escola

comum? Grande dúvida que, no primeiro momento, assombram pais, dirigentes

e professores nos centros de educação infantil. Essas crianças poderiam se

beneficiar de um currículo normal? Elas não necessitariam de um currículo

especial, próprio para suas necessidades? A escola e os professores estariam

preparados para receber e trabalhar com crianças que não enxergam?

Diretores, professores e pais ficam apreensivos e preocupados, quando, pela

primeira vez, crianças cegas ou com baixa visão vão ser incluídas na creche ou

pré-escola. Naturalmente, quando não existem relações de proximidade,

conhecimento ou quando não tiveram experiências com essas crianças criam-

se certas resistências. Mas, ao passar o tempo, com a convivência, experiência

e trabalho com crianças deficientes visuais, muitas escolas e professores têm

relatado as experiências como sendo positiva e não constituindo um grande

problema. Com orientação adequada, algumas mudanças e adaptações na

escola, no currículo e na maneira de interagir e ensinar, todas as crianças

podem se beneficiar da convivência e aprendizagem junto com outras crianças

que aprendem por caminhos diferentes. (BRUNO, 2006).

Por isso, necessitam de um ambiente estimulador, de mediadores e

condições favoráveis à exploração de seu referencial perceptivo particular. No

mais, não sendo diferentes de seus colegas que enxergam no que diz respeito

ao desejo de aprender, aos interesses, à curiosidade, às motivações, às

necessidades gerais de cuidados, proteção, afeto, brincadeiras, limites,

convívio e recreação dentre outros aspectos relacionados à formação da

identidade e aos processos de desenvolvimento e aprendizagem. Devem ser

tratados como qualquer educando no que se refere aos direitos, deveres,

normas, regulamentos, combinados, disciplina e demais aspectos da vida

escolar. (CAMPOS, 2007).

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Nesse sentido, há um comportamento gerador expectativas

negativas nas escolas por parte de muitos profissionais no momento de

receberem uma nova criança ou adulto, aluno, no caso da escola, ou um novo

usuário, no caso da saúde, para acompanhamento. Esses profissionais, dada a

especificidade do quadro e a severidade da deficiência do novo usuário, ou

aluno a ser atendido, tendem a acreditar que não será possível inserir a criança

deficiente em sala de aula, pois não nunca houve experiências com quadros

assim. Ou, não seria possível ministrar aulas para cegos já que não ocorreu

uma preparação anterior, como estudos específicos para área ou vivências no

cotidiano. (ALMEIDA, 2011).

Nem somente de boa vontade farão com que os professores tenham

trabalhos significativos nos quesitos competências pedagógicas. No entanto,

ficarem por detrás desses escudos e não se colocarem disponíveis para a

aprendizagem converte a uma escolha não muito feliz para educação.

(ALMEIDA, 2011).

Se os educadores estiverem na retaguarda e não se colocarem

abertos a aprender e a construir uma trajetória para realidade da escola

inclusiva, essa realidade nunca será percebida no dia a dia. Podendo ser o

resultado ainda pior no futuro, pois terão se perdido a chance de, hoje,

começarem uma trajetória de inclusão social, a partir das mais diferentes

instituições, que no futuro, far-se-á ainda mais forte. (ALMEIDA, 2011). “A

educação especial segue precisando de um misto de coragem e vontade,

traduzidas em disponibilidade para o novo”. (ALMEIDA, p.27, 2011).

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CAPÍTULO II

SISTEMA SENSORIAL

O sistema sensorial composto por receptores sensoriais, estruturas

responsáveis pela percepção de estímulos provenientes do ambiente

(exterorreceptores) e do interior do corpo (interorreceptores). Essas

terminações sensitivas do sistema nervoso periférico são encontradas nos

órgãos dos sentidos: pele, ouvido, olhos, língua e fossas nasais. Estes têm a

capacidade de transformar os estímulos em impulsos nervosos, os quais são

transmitidos ao sistema nervoso central, que por sua vez, determina as

diferentes reações do nosso organismo.

Os receptores sensoriais são classificados de acordo com o estímulo

que conseguem captar: quimiorreceptores: transmissores de informações

acerca de substâncias químicas dissolvidas no ambiente. Localizam-se

principalmente na língua e no nariz; termorreceptores: detectam estímulos de

variação térmica. São encontrados na pele; mecanorreceptores: conseguem

captar estímulos mecânicos. Localizam-se na pele; fotorreceptores: detectores

de luz encontrados nos olhos e receptores de dor: classe de dendritos

presentes na pele humana. (PORTAL SÃO FRANCISCO).

De acordo com Ana Luisa Miranda Vilella disponível no site

afh.bio.br os sentidos fundamentais do corpo humano - visão, audição, tato,

gustação ou paladar e olfato - constituem as funções que propiciam ao corpo

o relacionamento com o ambiente. Por meio dos sentidos, os corpos percebem

muita coisa do que está envolta; contribuindo para a sobrevivência e integração

dos indivíduos com o ambiente em que vive.

Existem determinados receptores, altamente especializados,

capazes de captar estímulos diversos. Tais receptores, chamados receptores

sensoriais, são formados por células nervosas capazes de traduzir ou converter

esses estímulos em impulsos elétricos ou nervosos que serão processados e

analisados em centros específicos do sistema nervoso central (SNC), onde

será produzida uma resposta (voluntária ou involuntária). As estruturas e o

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modo de funcionamento destes receptores nervosos especializados são

diversos.

Tipos de receptores:

Exteroceptores: respondem a estímulos externos, originados fora

do organismo.

Proprioceptores: os receptores proprioceptivos encontram-se no

esqueleto e nas inserções tendinosas, nos músculos esqueléticos (formando

feixes nervosos que envolvem as fibras musculares) ou no aparelho vestibular

da orelha interna. Detectam a posição do indivíduo no espaço, assim como o

movimento, a tensão e o estiramento musculares.

Interoceptores: os receptores interoceptivos respondem a estímulos

viscerais ou outras sensações como sede e fome.

Em geral, os receptores sensitivos podem ser simples, como uma

ramificação nervosa; mais complexos formados por elementos nervosos

interconectados ou órgãos complexos, providos de sofisticados sistemas

funcionais.

Pelo tato – percebe-se o frio, o calor, a pressão atmosférica, etc;

pela gustação identificam-se os sabores; pelo olfato percebem-se os odores ou

cheiros; pela audição captam-se os sons; pela visão observam-se as cores, as

formas, os contornos, etc.

Portanto, em relação ao corpo os órgãos dos sentidos estão

encarregados de receber estímulos externos. Esses órgãos são: a pele para o

tato; a língua para a gustação; as fossas nasais para o olfato; os para a

audição; os olhos para a visão.

Fonte: http://www.afh.bio.br/sentidos/sentidos1.asp#orgaos

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2.1. Olfato

O olfato (juntamente com o paladar) - uma quimiocepção, sentido

detector de substâncias químicas. Os sentidos do olfato detectam moléculas,

ou minúsculas partículas, conhecidas como odorantes que flutuam no ar. Nos

seres humanos, o olfato torna-se muito mais sensível que o paladar sendo

capaz de distinguir mais de 10.000 odores. Tecido epitelial especializado

provê-se uma zona do olfato, conhecido como epitélio nasal. Além de alertar

para perigos, como fumaça e gás venenoso, o olfato presta-se importante

contribuição à apreciação de alimentos e bebidas. (PARKER, 2007).

Percebe-se o cheiro através de moléculas de odores que chegam ao

muco que reveste a cavidade nasal. No teto da cavidade, as mesmas tocam os

cílios (terminações microscópicas, semelhantes à pêlos, das células receptoras

olfatórias). Se as moléculas de odores corretas se encaixam no receptor de

mesmo formato na membrana do cílio, como uma chave numa fechadura,

impulsos nervosos são gerados. Os impulsos são parcialmente processados

por neurônios intermediários, denominados glomérulos, no bulbo olfatório.

(PARKER, 2007).

Fonte: http://www.afh.bio.br/sentidos/Sentidos9.asp

2.2. Tato

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O sentido do tato - proporcionado por receptores sensitivos

microscópicos (que são terminações especializadas de células nervosas) na

pele ou em tecidos mais profundos. Alguns receptores estão embutidos em

cápsulas de tecido conectivo, enquanto outros permanecem nus. Diferentes

formatos e tamanhos de receptores detectam uma gama de estímulos, como

toque suave, calor, frio, pressão e dor. Esses receptores retransmitem seus

sinais através da medula espinal e da parte inferior do encéfalo até uma faixa

em torno do córtex cerebral conhecida como córtex somestésico ou “centro do

tato”. (PARKER, 2007).

Fonte: http://auladefisiologia.wordpress.com/2010/10/03/sistema-sensorial-orgaos-do-sentido/

São vários os receptores táteis, porém cada um com sua função

específica:

As terminações nervosas livres são responsáveis pela percepção

dos estímulos mecânicos, térmicos e dolorosos; toda dor provocada é captada

por estímulo recebido por meio destas.

O corpúsculo de Ruffini - responsável por captar sensações do calor.

O corpúsculo de Krause - responsável por captar sensações de frio.

O corpúsculo de Meissner - responsável pelas sensações experimentadas

rapidamente por meio do toque. (AULADEFISIOLOGIA).

2.3. Paladar

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Funcionando de maneira semelhante ao olfato. O paladar e seus

receptores nas células gustatórias detectam substâncias químicas específicas

dissolvidas na saliva por um método de “chave e fechadura”. Grupos de células

receptoras são conhecidos como papilas gustatórias. Crianças têm cerca de

10.000 papilas gustatórias cada uma, mas com a idade esse número tenderá a

diminuir, caindo para menos de 5.000. Localizam-se principalmente sobre e

entre as protuberâncias presentes em certas regiões da superfície superior da

língua (papilas línguas). Também existem algumas papilas gustatórias no

palato (teto da boca), na garganta e na epiglote. (PARKER, 2007).

Tato, paladar e olfato são receptores que percebem pressão, dor e

temperatura se distribuem pelo corpo todo. O paladar e o olfato, em contraste,

são “sentidos especiais” porque seus receptores são complexos, localizados e

detectam estímulos específicos. (PARKER, 2007).

Fonte: http://auladefisiologia.wordpress.com/2010/10/03/sistema-sensorial-orgaos-do-sentido/

2.4. Orelha, ouvido e audição.

A orelha divide-se em três partes: a orelha externa compreendendo

a orelha e um canal levemente sinuoso (meato acústico externo), o meato

dirige-se as ondas sonoras para a segunda região, a orelha média. Os

elementos da orelha média amplificam as ondas sonoras e as transferem do ar

para o líquido da orelha interna. Incluem as membranas timpânicas, os três

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menores ossos do corpo, os ossículos da audição, que ocupam a cavidade da

orelha média (cavidade timpânica), preenchidas por ar. A orelha interna,

preenchidas por líquidos, transformam as ondas sonoras em sinais nervosos

no interior da cóclea, possuem formato de caracol. A cavidade timpânica se

conecta a faringe através da tuba auditiva e, assim o ar externo. Essas

conexões permitem a transferência da pressão atmosférica para cavidade,

igualando a pressão do ar em cada lado da membrana timpânica e evitando

sua deformação quando a pressão externa altera-se. (PARKER, 2007).

2.5. Audição

As orelhas atuam como conversores de energia, transformando

diferenças de pressão no ar, conhecidas como ondas sonoras em impulsos

nervosos eletroquímicos. As ondas sonoras, que geralmente ocorrem como um

padrão complexo de frequências fazem os tímpanos vibrarem no mesmo

padrão. As vibrações são conduzidas através da cadeia de ossículos, que se

desloca como uma alavanca curva e força a base do estribo a atuar como um

pistão, empurrando e puxando a membrana flexível da janela do vestíbulo da

cóclea. Os movimentos desencadeiam ondas através da perilinfa do inferior da

cóclea. Estas, por sua vez, transferem sua energia vibratória ao órgão espiral,

que tem o formato de um tubo e acompanha as curvas da cóclea. (PARKER,

2007).

Fonte: http://auladefisiologia.wordpress.com/2010/10/03/sistema-sensorial-orgaos-do-sentido/

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2.6. Processo de equilíbrio

Equilíbrio não se trata de um sentido único, mas um processo

envolvendo uma gama de entradas sensoriais, análise no encéfalo e saídas

motoras. As entradas chegam dos olhos microrreceptores em músculos e

tendões e sensores de pressão na pele, como nas plantas dos pés. O vestíbulo

e os canais semicirculares da orelha interna, preenchidos por líquido, também

desempenham um papel-chave, incorporam células sensórias ciliadas similares

às da cóclea. O vestíbulo respondendo principalmente à posição da cabeça em

relação à gravidade (equilíbrio estático), enquanto os canais reagem

principalmente à velocidade e à direção dos movimentos da cabeça (equilíbrio

dinâmico). Na prática, todos eles respondem à maioria das posições e dos

movimentos da cabeça. (PARKER, 2007).

Orelhas, audição e equilíbrio: as orelhas proveem o sentido da

audição, detectam a posição e a movimentação da cabeça, por isso são

essenciais para o equilíbrio. As partes envolvidas com a audição e o equilíbrio

se localizam em áreas diferentes da orelha, mas a função das duas baseia-se

em receptores com células ciliadas. (PARKER, 2007).

2.7. Olhos e visão

A visão segue fornecendo ao encéfalo mais entradas que todos os

outros sentidos cominados, cada nervo óptico contém um milhão de fibras

nervosas e estima-se que mais da metade das informações da mente

consciente entrem através dos olhos. (PARKER, 2007).

Fonte: http://auladefisiologia.wordpress.com/2010/10/03/sistema-sensorial-orgaos-do-sentido/

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2.8. A sequência da visão

Raios de luz entram nos olhos através das suas partes anteriores, as

córneas transparentes em formatos para fazerem o foco fino da imagem,

mecanismos conhecidos como acomodação. A luz prossegue-se através do

humor vítreo, no interior do bulbo do olho, e formando uma imagem de cabeça

para baixo na retina. A retina contém mais de 120 milhões de células cones e

cerca de 7 milhões de células bastonetes, convertem em sinais nervosos a

energia luminosa incidente sobre elas. Os bastonetes estão dispersos por toda

a retina e respondem a baixos níveis de luminosidade, mas não diferenciam

cores. Os cones concentram-se na fóvea central, necessitam de maior

luminosidade para funcionar e distinguem cores e detalhes finos. As fibras

nervosas provenientes dos bastonetes e cones se conectam, através de

células intermediárias da retina, às fibras que formam o nervo óptico. Através

disso, a imagem é transmitida ao córtex visual do cérebro, onde a mesma

recoloca-se na posição normal. (PARKER, 2007).

2.8.1- Acomodação

A córnea segue proporcionando a maior parte do poder de

focalização do olho, desviando os raios luminosos de maneira a convergirem,

permitindo foco mais fino na retina. O ajuste fino efetuado pela lente, cujo

formato é alterado pelo músculo ciliar, formando um anel em torno dela.

Quando o músculo se contrai, a lente elástica espessa-se, promovendo a

focalização dos objetos próximos pelo aumento da convergência das ondas

luminosas. Quando o músculo ciliar relaxa-se a lente torna-se mais plana e

fina, permitindo ao olho a focalização de objetos mais distantes. (PARKER,

2007).

2.8.2 - Vias visuais

Os sinais nervosos dos nervos ópticos esquerdos e direitos

convergem, na base do encéfalo, numa junção cruzada denominada quiasma

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óptico, as fibras que transportam sinais do lado esquerdo de cada retina

juntam-se e seguem como tracto óptico esquerdo de cada retina até o córtex

visual esquerdo. Igualmente, as fibras dos lados direitos das duas retinas

juntam-se como tracto óptico direito e vão para o córtex visual direito. Devido à

distância entre os olhos, enxerga-se um pouco diferente o mesmo objeto por

cada olho, quanto mais próximo o objeto mais diferentes são essas visões que

comparadas julgam a distância do mesmo. A combinação das visões dos dois

olhos numa imagem única é denominada visão binocular. (PARKER, 2007).

2.8.3- No entorno do olho

As estruturas acessórias situadas em torno do olho não estão

diretamente envolvidas na visão, mas auxiliam o olho a funcionar e permanecer

saudável. As pregas cutâneas das pálpebras contem um músculo em formato

de anel (esfíncter) conhecido como orbicular do olho. Quando se contrai,

estreita o centro da fenda para fechar as pálpebras, protegendo o olho e

espalhando o líquido lacrimal sobre a conjuntiva. Os líquidos fluem da glândula

lacrimal para lavar a sujeira e poeira da superfície e proporcionar proteção

antimicrobiana. Adicionalmente, existem seis pequenos músculos, semelhantes

a tiras, ligando o bulbo do olho à parte posterior da órbita, no crânio.

Conhecidos como músculos extra-oculares ou extrínsecos do olho, puxam ou

giram o olho na órbita focando a visão para cima ou para baixo, para dentro ou

para fora. Esses músculos têm ação muito rápida e são controlados por ramos

dos nervos oculomotor, troclear e abducente, que são nervos cranianos.

(PARKER, 2007).

2.9. Sinestesia

Segundo Paula Loredo no artigo disponível no site brasilescola.com

a sinestesia refere-se a condição neurológica do cérebro que interpretando as

diferentes formas e sinais percebidos pelo sistema sensorial provocando uma

confusão neurológica da percepção de vários sentidos de uma só vez. Não se

considera uma doença mental, e sim uma forma diferente de interpretação de

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os sinais do cérebro, uma em cada duas mil pessoas possuem sinestesia, e

essas pessoas podem ver sons, sentir cores ou o paladar das formas. A

sinestesia revela-se como um processo involuntário do cérebro, de causa

desconhecida. Em 1960, descrevendo John Locke pela primeira vez a mesma,

relatando o caso do cego que percebendo o som de uma trompa descobriu-se

o que era a cor vermelha. Na medicina, o primeiro caso registrado de

sinestesia se deu em 1922 com uma criança de quatro anos de idade.

Sinestesia espelho-toque: condição ao qual se faz sentir os toques

que veem outros indivíduos receberem. Acredita-se que a sinestesia espelho-

toque seja causada em parte pelos neurônios-espelho, que produzem um

sentido extremamente desenvolvido de empatia emocional. Os neurônios-

espelho ativam-se quando pessoas seguem realizando uma atividade ou, em

menor grau, quando vendo outras pessoas fazendo uma atividade. Aqueles

que têm sinestesia espelho-toque possuem neurônios-espelho muito ativos,

significando que o efeito é bastante acentuado, outras pesquisas sobre a

sinestesia espelho-toque poderiam levar a descobertas de diferentes condições

relacionadas à empatia, como a esquizofrenia, a síndrome de Asperger e o

autismo. (CIÊNCIA. UOL).

2.9.1- Outros tipos de sinestesia

Em seu nível mais básico, considera-se a sinestesia como uma

mistura dos sentidos, o termo origina-se das palavras gregas "syn" (união) e

"aesthesia" (sentido). Existem quatro tipos principais de sinestesia, que podem

ser difíceis de separar ou podem ser encontrados juntos em uma única pessoa.

Sinestesia cor-grafema: as cores são associadas a números, palavras ou

letras; sinestesia som-cor : os sons são associados a cores; sinestesia palavra-

sabor as: palavras são associadas a sabores e sinestesia sabor-toque os

sabores são associados a sensações físicas. (CIÊNCIA. UOL).

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III CAPÍTULO

DISTÚRBIOS NA SAÚDE FÍSICA: VISÃO

Os distúrbios na saúde física são apresentados por crianças que

possuem limitações do tipo: deficiência visual ou auditiva, defeito ou disfunção

de qualquer parte do corpo, anemias crônicas, epilepsia e até mesmo

verminoses.

Muitos distúrbios não são percebidos pelos familiares durante o

desenvolvimento da criança.

Os reconhecimentos destes distúrbios físicos a tempo contribuem

para correções precoces da aprendizagem escolar permitindo a profilaxia de

futuros problemas de conduta. (COELHO e JOSÉ, 2003).

3.1. Anatomia do olho

Visão: capacidade que os indivíduos têm de perceberem o universo

que os cerca; oitenta por cento da relação dos seres humanos com o mundo se

dão por meio do sentido da visão. Os sentidos da visão deverão ser

aproveitados de maneira plena; se fundamentalmente toda a via sensorial

visual estiverem em perfeitas condições (os dois olhos, os nervos ópticos, as

vias ópticas cerebrais e o córtex visual occipital). (MANUAL PROJETO OLHAR

BRASIL, 2008).

Olho - órgão sensorial da visão e suas partes principais:

• Córnea – parte anterior transparente, a qual protege o olho;

• Íris - parte colorida do olho responsabiliza-se por regular o fluxo de

luz para a retina;

• Pupila – localiza-se no centro da íris; porta de entrada de luz para a

retina;

• Cristalino - lente dos olhos e se localiza atrás da íris;

• Retina – localizada no fundo do olho, parte responsável pela

recepção das imagens, fundamental para o sentido da visão;

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• Mácula – região da retina que se responsabiliza pela nitidez da

visão e pela visão de cores;

• Nervo Óptico – nervo transmissor do estímulo visual para o

cérebro. (MANUAL PROJETO OLHAR BRASIL, 2008)

.

Fonte: http://luizmeira.com/anatomia.htm

3.1.1- Globo ocular:

Composto de três camadas: esclerótica, corióide e retina;

esclerótica constitui-se da camada fibrosa; a corióide: formada por tecido

conjuntivo com células pigmentadas e vasos sanguíneos e a retina: camada

interna que se comunica com o cérebro pelo nervo óptico. (NOVO ATLAS DO

CORPO HUMANO, 2001).

3.1.2 - A sensação visual

A luz, chegando à retina, estimulando a camada de cones e

bastonetes, que originam ondas elétricas que se transmitem pelo nervo óptico.

O nervo óptico ao entrar no cérebro dirige-se a região responsável pela visão

onde se processa o fenômeno de "formação das imagens”. Cada olho

recebendo e enviando ao cérebro uma imagem, no entanto, os objetos são

vistos como um só, devido à capacidade de fusão das imagens em uma só, a

visão binocular (com os dois olhos) dando um maior campo visual e noção de

profundidade. (LUIZMEIRA).

3.2. Desenvolvimento da visão:

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A percepção visual embora muito baixa ao nascer, melhorando com

rapidez durante o primeiro ano de vida, particularmente nos três primeiros

meses, como resultado do desenvolvimento das estruturas oculares, do

cérebro e da própria experiência das crianças (a criança precisa “ver” para

desenvolver a visão), até alcançarem uma visão completa aos seis anos de

idade. Por ocasião do nascimento as crianças enxergam pouco, porém, o

suficiente para o contato com pessoas que cuidam delas e com os brinquedos

pendurados no berço. A partir de então, o desenvolvimento visual segue-se

gradual e progressivo, integrado à maturação global da criança. (MANUAL DE

SAÚDE OCULAR, 2008).

•Primeiro mês de vida: fixam com olhar um objeto, encontram seus

contornos e os acompanham no limite do movimento dos seus olhos,

reconhecem o limite do rosto da mãe, particularmente o cabelo e o queixo,

diferenciando-os de outras pessoas. Capazes de distinguir a cor vermelha e a

verde, a utilização de brinquedos com estas cores estimulam as crianças;

•segundo mês de vida: além de reconhecerem os limites do objeto,

começam a explorar o seu interior (identificação dos objetos). As glândulas

lacrimais respondem às emoções (choro com lágrimas) e inicia-se o sorriso

social;

•terceiro mês de vida: ao adquirirem o controle cervical (sustentação

da cabeça) as crianças passam acompanhar o objeto desviando a cabeça em

sua direção;

•quarto mês de vida: ocorrem às associações de fixação do objeto e

dos movimentos manuais, procedendo à função de pegar objetos próximos.

Crianças brincam com as mãos (autodescoberta) e com a roupa; reconhecem

objetos do seu cotidiano e rostos familiares;

•sexto mês de vida: permanecem sentadas com apoio explorando

melhor o seu meio ambiente; nessa fase as crianças desviam o corpo na

intenção de visualizar o objeto (rola na cama);

•sétimo mês de vida: permanecem sentadas sem apoio, brincam

com a imagem no espelho, mudam o olhar e exploram o ambiente, pegam

objetos e os examinam;

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•oitavo mês de vida: após adquirir a percepção visual de

profundidade, começam a engatinhar;

•décimo mês de vida: permanecem em pé com apoio, explorando

objetos a sua altura;

•décimo segundo mês de vida: discriminam objetos e pessoas,

andam na busca de objetos visualizados. (MANUAL DE SAÚDE OCULAR,

2008).

3.3. Identificação dos problemas visuais.

De acordo com as informações da Brasil Medicina e da fonte

Vanessa Comunicação DTM- USP que se encontram no portal Triângulo

Mineiro (2004) a Organização Mundial de Saúde estima-se que cerca de 7,5

milhões de crianças em idade escolar sejam portadoras de algum tipo de

deficiência visual. Destas, 25% apresentariam sintomas; os outros 75%

necessitariam de testes específicos da visão para identificar o problema. Na

expectativa de modificar as estatísticas segundo Amaryllis Avakian

coordenadora do Setor de Catarata do Hospital das Clínicas/FMUSP as

crianças deveriam ser examinadas por oftalmologistas, a observação a

respeito das mudanças de comportamento das mesmas, como colocar um livro

ou uma revista muito perto ou longe dos olhos; reclamações constantes de

dores de cabeça ou forçar a vista para enxergarem. Os números publicados

pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), baseados nas campanhas de

Triagem Visual dos projetos Bem Brasil e Olho no Olho, aproximadamente 20%

dos escolares apresentam alguma alteração ocular e 10% dos alunos do

ensino fundamental necessitam de correção óptica por serem portadores de

erros de refração. Problemas de visão comuns em crianças são a hipermetropia, a

miopia, astigmatismo, estrabismo, a ambliopia (o chamado olho preguiçoso), a

conjuntivite e a catarata congênita. De acordo com Amaryllis Avakian, a maioria

das disfunções podem ser corrigidas, desde que tratadas desde pequenas pelo

oftalmologista. A prevenção de acidentes domésticos relacionados a facas,

tesouras e quaisquer outros objetos pontiagudos ou cortantes precisam ser

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mantidos fora do alcance das crianças, panelas quentes podem causar

queimaduras, produtos de limpeza, alergias, e batidas na quina da mesa, furo

nos olhos.

Tendo a oportunidade de contato diário com os alunos, observá-los

em diferentes situações e alterações do comportamento no desempenho de

atividades. (COELHO e JOSÉ, 2003).

Alguns sinais e sintomas de distúrbios de visão são identificados:

Pelo modo de agirem: esfregar os olhos com frequência;

sensibilidade à luz; piscar excessivamente; apertar os olhos; inclinar a cabeça

quando firmar a vista; chegar perto da lousa para copiar; apresentar

irritabilidade, turbulências e faltas de interesses nas atividades escolares;

insegurança em brincadeira ao ar livre; fatiga-se facilmente com o esforço

visual. (COELHO e JOSÉ, 2003).

Pelas queixas: não enxergar bem; visão atrapalhada, embaçada ou

confusa; tonturas e dores de cabeça; dores nos olhos; náuseas ao forçar a

vista. (COELHO e JOSÉ, 2003).

Pela observação: olhos inflamados e vermelhos; purgação;

pálpebras; vermelhas ou crostas; lacrimejamento; estrabismo; terçóis

frequentes. (COELHO e JOSÉ, 2003).

Durante a leitura e a escrita sentem dificuldades para ler e escrever

(com letras, números e linhas), deixando para depois certo período da leitura;

seguram o livro muito perto ou muito afastado dos olhos; perdem o lugar na

página. (COELHO e JOSÉ, 2003).

3.3.1- Miopia

O erro de refração em que a imagem focaliza-se antes de chegar à

retina, A miopia carreta dificuldades para enxergar à distância e comumente

aproximam-se dos objetos para vê-los melhor e preferem usar a visão para

perto. Franzir a testa e apertar os olhos são sinais comuns em pacientes

míopes não corrigidos. (MANUAL PROJETO OLHAR BRASIL, 2008).

Podendo acarretar problemas na conduta nos alunos, míopes

limitam suas atividades e interesses para objetos próximos (a leitura e a

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escrita), e evitam brincadeiras que exijam uma visão à distância ou rápida

locomoção – atitudes que o levam a tornar-se tímido ou até mesmo a participar

de determinadas atividades.

A progressão da miopia não se dá pelo esforço para enxergar, o uso

de óculos apropriados ou lentes de contato segundo oftalmologistas são

medidas necessárias para a correção do defeito. Neste caso, ler com boa

iluminação, em boa postura e evitar leitura em veículos em movimento.

(COELHO e JOSÉ, 2003).

3.3.2 Hipermetropia

Hipermetropia enxerga-se bem de longe, mas faz-se um esforço

visual maior para poder enxergar bem de perto, havendo resistência às

atividades que exijam visão para perto (leitura, artesanato, costura...) mesmo

em crianças e jovens, graus baixos de hipermetropia na infância são freqüentes

e normais. (MANUAL PROJETO OLHAR BRASIL, 2008).

Os que apresentam esse problema conseguem enxergar bem

objetos que estão à distância, mas não com nitidez os que estão mais

próximos. Necessita-se de acomodação para formar uma imagem nítida na

retina, mas a acomodação constante dos olhos podem causar astenopias

(desconforto visual), dor de cabeça, tonturas, nervosismo, vômitos e problemas

musculares na região. (COELHO e JOSÉ, 2003).

Os hipermetropes apresentam cansaço visual, principalmente para

leitura e escrita, preferem atividades que não exijam detalhes de percepção,

dedicando-se mais aos esportes (corridas, futebol, bicicletas, brincadeiras ao ar

livre). (COELHO e JOSÉ, 2003).

Segundo os oftalmologistas quando não existem queixas nem

sintomas de astenopia, desnecessárias são as correções, com crescimento a

tendência natural do defeito de refração diminuir, assim, crianças

hipermetropes que usam óculos podem ter o grau diminuído, ou mesmo deixar

de usá-los, conforme orientação dos especialistas em oftalmologia. (COELHO

e JOSÉ, 2003).

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3.3.3- Astigmatismo

As imagens distorcidas, focalizadas em dois pontos separados na

retina, visão dos que possuem astigmatismo são imagem borrada, como a de

uma televisão com a antena desregulada onde se visualizam “fantasmas” de

cada imagem; os astigmatismos médios e altos alteram a visão igualmente

para perto e para longe. (MANUAL PROJETO OLHAR BRASIL, 2008).

O astigmatismo brando possuindo caráter assintomático, ou

astigmatismo mais intenso podendo causar sintomas como visão borrada,

astenopia, fadiga ou dores de cabeça. (COELHO e JOSÉ, 2003).

Aqueles que possuem astigmatismo geralmente apresentam: dor de

cabeça, sensação de peso, margens das pálpebras irritadas, queimação e

vermelhidão nos olhos. Mostram desinteresse por atividades que exijam

esforço prolongado dos órgãos visuais, conforme orientação de oftalmologistas

as correções realizam-se por meio de óculos sendo feita quando houverem

queixas ou sintomas. (COELHO e JOSÉ, 2003).

3.3.4- Estrabismo

Doença popularmente camada de olho torto, onde não existem

melhoras espontâneas, constituem em quebras no paralelismo dos olhos.

Quando se observa um objeto, os olhos devem se posicionar paralelamente

para que consigam fundir numa só as imagens que cada um dos olhos, estas

imagens são recebidas pelo cérebro. Já, quando se olha de perto, os olhos

devem convergir e, igualmente, focar o mesmo ponto. Qualquer alteração

nesse sincronismo caracteriza-se um estrabismo, podendo ser congênito (estar

presente ao nascimento ou surgir nos primeiros meses de vida) ou adquirido

(associado à fraqueza muscular, à hipermetropia ou à miopia). Raramente, o

estrabismo podendo ser causado por traumatismo, catarata ou doenças

cerebrais, podem acometer um olho ou os dois olhos. (ARIETA, CARAVALHO

E JOSÉ, 2006).

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Existem casos em que a fraqueza orgânica, a fadiga ou o estado

emocional da criança provocam uma formação deficiente das imagens.

Aparecendo então um desvio dos olhos, por insuficiência na fusão das imagens

do cérebro, dessa forma, manifesta-se um estrabismo latente (disfarçado),

quando as crianças estão sonolentas ou nervosas. Nem sempre ocorrem

sozinho, podendo vir associado a outros distúrbios. (COELHO e JOSÉ, 2003).

3.3.5 - Ambliopia

O estrabismo, quando não tratado, pode-se levar à ambliopia (olho

preguiçoso), pois o cérebro recebendo imagens diferentes dos dois olhos, não

conseguindo fundi-las em uma só, levando a pessoa a enxergar duplo. Para

evitar essa imagem dupla, o cérebro suprime a imagem do olho desviado,

passando a enxergar com um olho só. (ARIETA, CARAVALHO E JOSÉ, 2006).

Os métodos utilizados de acordo com especialistas na área para

detectarem esses distúrbios consistem em medir a visão de cada olho

separadamente, a ambliopia sendo descoberta e tratada precocemente, antes

da idade escolar, período em que a visão está se desenvolvendo, corrigindo-a.

(COELHO e JOSÉ, 2003).

A oclusão do olho bom, para forçar o olho mais fraco (de acordo

com o caso), podendo ser necessários o uso dos óculos podem ser

necessários; o tampão indispensável no tratamento dos amblíopes, nem

sempre são aceitos pelos pais ou pela criança, conforme oftalmologistas são

único meio eficaz de correção do problema, o tratamento seguido

corretamente, sobre orientação médica e na época adequada, com grandes

possibilidades curas, que em sua maioria ocorrem em quase 100% dos casos.

(JOSE e COELHO, 2003).

3.3.6- Daltonismo

Anomalia pela qual não se distingui cores, podendo ser resultados

de infecções ou perturbações no nervo ótico, mas na grande maioria dos casos

são características hereditárias.

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As pessoas que possuem essa deficiência não estão consciência do

problema, descobrindo-a apenas quando realizam determinados tipos de

testes. (COELHO e JOSÉ, 2003).

3.3.7- Moléstias que prejudicam a visão:

Conjuntivite:

Inflamação da conjuntiva, levando a desconfortos oculares tais

como: sensação de areia, secreção (pus), olhos vermelhos, lacrimejamento e

coceira. Existem vários tipos de conjuntivites, tais como: infecciosa, alérgica e

traumática, geralmente quando apresentam quadros de alergias oculares,

prolongado-se os tratamentos, pois os fatos que desencadeiam as alergias

podem permanecer por muito tempo. Oftalmologistas informam que os usos de

colírios antialérgicos evitam coçar os olhos, compressas de água fria (não

gelada) e limpeza palpebral com xampu específico, são algumas medidas

adotadas como parte da rotina diária do paciente alérgico. (ARIETA,

CARAVALHO E JOSÉ, 2006).

Tão logo se perceba os sintomas em alguns alunos, deverão orientá-

los quanto à higiene visual necessária para evitarem maior contaminação

através da mão e de lenços de pano, bem como providenciar o

encaminhamento a um oftalmologista. (COELHO e JOSÉ, 2003).

Cuidados a serem tomados por 15 dias, como medida preventiva no

caso de conjuntivite:

• não deixar as crianças coçarem os olhos;

• lavar as mãos frequentemente com água e sabão (inclusive embaixo das

unhas – utilizando-se de uma escovinha) e após isso, enxaguar com álcool;

• trocar a toalha e fronha da criança todos os dias (a toalha de mão que a

criança vai usar não poderá ser usada por outras pessoas);

• não interromper, por conta própria, o uso do medicamento prescrito, mesmo

apresentando melhora nos primeiros dias, seguir todas as etapas conforme

orientação médica pois se o tratamento não for completa;

• não deixar a criança dar beijos ou cumprimentar alguém com as mãos;

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• para retirar a secreção (remela) ocular do olho da criança, utilizar água

filtrada fervida e morna, evitando esfregar os olhos;

• solicitar o afastamento do aluno da escola por 7 dias, se necessário, solicitar

atestado ao oftalmologista;

• não tomar banho em piscina, mar ou banheira;

• reforçar a alimentação com sucos ricos em vitamina C (laranja, limão...), evitar

excesso de exercícios físicos e dormir bem. (ARIETA, CARAVALHO E JOSÉ,

2006).

Terçol:

Em geral surge uma “bolinha” na pálpebra, próximo aos cílios,

significando que uma das glândulas palpebrais se obstruiu. Existem glândulas

superficiais que, quando obstruídas, recebem o nome de “terçol” e que se

resolvem espontaneamente de 5 a 7 dias e outras mais profundas que, quando

obstruídas, recebem o nome de “hordéolo interno”. Os tratamentos para os

hordéolos internos consistem na aplicação de pomadas oftálmicas (têm

componentes fortes e necessitam de receita e acompanhamento médico) e

compressas de água morna, dependendo da gravidade podem ser removidos

cirurgicamente. (ARIETA, CARAVALHO E JOSÉ, 2006).

Blefarite

Inflamação aguda ou crônica do bordo palpebral, inflamação da

epiderme do bordo livre palpebral sendo frequente e recidivante. (RAMALHO,

2006).

Nictalopia

Impossibilidade de adaptação visual no escuro ou em ambientes

com pouca luz, provocada por uma deficiência de vitamina A na alimentação.

Distúrbios estes que não provocam alterações nos tecidos dos olhos, seus

tratamentos consistem na ingestão de vitamina A prescrita pelo médico. Tanto

a xeroftalmia como a nictalopia somente se manifestam em pessoas

desnutridas. (COELHO e JOSÈ, 2003).

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Xeroftalmia

Estabelecendo a função lubrificar a conjuntiva, encontra-se a

vitamina A. A carência destas vitaminas produzem ressecamentos nessa

membrana, provocando a xeroftalmia.

Doença grave podendo levar até à cegueira, pois a conjuntiva se

degenera. (COELHO e JOSÉ, 2003).

Dacriocistite (lacrimejamento)

Inflamação do saco lacrimal, devido obstrução do canal

nasolacrimal, impedindo a passagem das lágrimas. Além dos distúrbios

citados, existem ainda outros que podem aparecer no decorrer da vida, como

catarata, glaucoma, distúrbios visuais provocados pelo diabetes, cujos

sintomas não foram descritos por serem doenças mais comuns na idade

adulta. (COELHO e JOSÈ, 2003).

Acidentes oculares

Por serem muito ativas, as crianças encontram-se mais expostas a

esse tipo de acidente, nas brincadeiras e nos momentos de recreação podem

ocorrer desde contusões simples até traumatismos graves. (COELHO e JOSÉ,

2003).

As causas mais frequentes de lesões oculares acidentais são:

mordidas ou picadas de animais, fogos de artifício e ferimentos causados por

tesouras, facas arame e espingarda de pressão. Acidentes oculares devem ser

evitados através ações preventivas por parte dos adultos, conforme a idade

das crianças ensiná-las a manusear adequadamente determinados utensílios.

Podendo ser eficaz, mais do que proibi-las de tocar neles. Por outro lado, não

existem motivos para deixar ao alcance os objetos mais perigosos, sobretudo

os pontiagudos, assim como produtos de limpeza, inseticidas, ácidos e tintas.

(COELHO e JOSÉ, 2003).

O ambiente físico em que vivem ou do qual se utilizam também

precisa ser adequado à segurança dos mesmos. Maçanetas, ganchos e outras

saliências existentes no local devem ser instalados acima do nível de seus

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olhos, havendo assim menores possibilidades de ocorrerem acidentes

oculares. (COELHO e JOSÉ, 2003).

3.4. O papel do professor nos problemas visuais

Os professores verificam a existência de problemas visuais em seus

alunos, através da observação de suas atitudes e rendimento escolar, além da

aplicação de testes de acuidade. (COELHO e JOSÉ, 2003).

Após a triagem, encaminham ao serviço de saúde da escola ou a

uma oftalmologista, aqueles alunos que apresentam distúrbios que necessitam

de assistência especializada. (COELHO e JOSÉ, 2003).

Desenvolvem programas educativos de prevenção de problemas

visuais com alunos e respectivos pais, nesses programas, devem ser bastante

reforçados os aspectos de higiene, atitudes e hábitos que preservam a saúde

dos olhos. (COELHO e JOSÉ, 2003).

Segundo Fernando Moraes a respeito da deficiência visual no ensino

regular que se encontra o portal da Millenium- revista do ISPV- nº. 28 –

Outubro de 2003; os professores do ensino especial, no seguimento das

responsabilidades que se encontram ligadas ao apoio direto que deverão

dispensar à criança e à família, bem como aos respectivos professores

regulares, as seguintes etapas:

• Proporcionar os apoios necessários para que as crianças cegas

possam ter sucesso escolar numa classe/turma regular;

•dar apoio ao professor do ensino regular, respondendo às suas

dúvidas sobre a cegueira, bem como contribuírem para que os outros alunos se

sintam à vontade com a criança cega;

• fazer eventuais sugestões ou demonstrar modos de procedimento

que possam conduzir à melhores resultados no ensino da criança;

•inculcar nas crianças as aptidões suplementares de que possam

necessitar. Aptidões e conhecimentos em que as crianças cegas ou com visão

reduzida necessitam para adaptarem-se às exigências da vida, em integração

social, atividades da vida diária, educação sensorial, utilização do ábaco,

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digitação de um texto, etc. Aptidões que professores de ensino regular não

costumam estar familiarizados a desenvolver, sendo indispensáveis à criança,

dever-lhe-ão ser transmitidas pelo professor do ensino especial.

•adaptar materiais didáticos, tais como questionários, folhas de

exercícios, mapas e gráficos, por forma as quais crianças cegas ou com visão

reduzida os possam compreender;

•disponibilizar todos os utensílios e equipamentos específicos de

que crianças cegas necessitem: máquina Braille, livros em Braille, papel

especial, meios informáticos, livros com caracteres ampliados, canetas de

feltro, papel pautado próprio para visão reduzida, lupas, etc;

•assegurar possibilidades de recuperação ou apoio complementar

nas matérias que os alunos tenham dificuldade em assimilar na classe/turma

regular. O apoio pedagógico virá juntar-se ao ensino dispensado na turma e

sendo necessário quando os alunos revelarem dificuldades em

compreenderem certas partes de conteúdos ou aulas;

•servir de elo de ligação entre a casa e a escola, nomeadamente

informando os pais acerca dos progressos das crianças e indicando-lhes os

exercícios as quais as mesmas deverão fazer em casa sob a sua orientação.

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CAPITULO IV

APRENDIZAGEM E RECURSOS

As crianças com deficiência visual e com deficiência múltipla

(associada a visual) necessitam de estimulações multissensoriais,

estimulações estas ajudam a completar, integrar e assimilar as informações

que necessitam saber sobre o meio, as pessoas e os objetos. Por meio destas

estimulações que as mesmas poderão obter referências de outras vias

perceptivas para estabelecerem e manterem contato adequado com o meio e

sentirem-se seguras. Essas referências perceptivas ou sensoriais serão

oferecidas aos órgãos íntegros, ou seja, para aqueles que não sofreram

influencia da deficiência e também para aqueles comprometidos, pois as

crianças desenvolverão sua própria maneira de integrar as informações.

Crianças desprovidas da visão que não recebem nenhum tipo de estimulação

ou ainda que a recebam de modo empobrecido ou deficitário tornam-se

passivas, não recebendo estímulos visuais não buscam ou alcançam os

objetos, dificultando a exploração do meio em que vivem e assim

desenvolvimento global da mesma. (OLHOS DA ALMA).

4. 1. Braille

Criado por Louis Braille, em 1825, na França, o sistema Braille,

conhecido universalmente como código ou meio de leitura e escrita das

pessoas cegas, baseia-se na combinação de 63 pontos que representam as

letras do alfabeto, os números e outros símbolos gráficos. A combinação dos

pontos obtém-se pela disposição de seis pontos básicos, organizados

espacialmente em duas colunas verticais com três pontos à direita e três à

esquerda de uma cela básica denomina-se cela Braille. (CAMPOS, 2007.)

A escrita em relevo e a leitura tátil baseiam-se em componentes

específicos no que diz respeito aos movimentos das mãos, mudança de linha,

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adequação da postura e manuseio do papel. Processos que requerem os

desenvolvimentos de habilidades do tato que envolvem conceitos espaciais e

numéricos, sensibilidade, destreza motora, coordenação bimanual,

discriminação, dentre outros aspectos. Por isso, o aprendizado do sistema

braille realiza-se em condições adequadas, de forma simultânea e

complementar ao processo de alfabetização dos alunos cegos. (CAMPOS,

2007).

4.2. Reglete:

Segundo Luciane Maria Molina Barbosa no site braillu.com o reglete

corresponde a uma régua dupla, que se abre e se fecha com apoio de

dobradiças no canto esquerdo, e em cuja abertura destinada ao papel (com

uma gramatura equivalente ou superior a 120), sendo fixado entre a régua

superior e a inferior. Na régua superior, encontra-se retângulos vazados, cada

um compreendendo 6 pontos, na disposição de uma “cela” Braille e na inferior,

pode-se encontrar várias “celas” Braille todas em baixo relevo. O punção,

instrumento furador com uma base de apoio e uma ponteira metálica, será

colocado dentro de cada janela, e uma a uma pressiona-se os pontos

desejados para cada letra, por esse motivo, denomina-se "escrita mecânica”.

Escrita feita da direita para a esquerda, sendo que o relevo será encontrado ao

retirar e virar a folha, já que quando aperta-se o punção na folha, o relevo será

formado na face contrária e ao retirá-la, a leitura processa normalmente: da

esquerda para a direita. Existem diferentes tipos de regletes e

punções,variando desde modelos menores (reglete de bolso) até os maiores,

esses últimos geralmente acompanham uma prancheta de madeira para fixar e

apoiar melhor o papel. Existem de alumínio e plástico,com diferentes números

de linhas e celas. (BARBOSA, 2009).

4.3. Sorobã

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Instrumento utilizado para trabalhar cálculos e operações

matemáticas; espécie de ábaco que contém cinco contas em cada eixo e

borracha compressora para deixar as contas fixas. (CAMPOS, 2007).

4.4. Livro Didático Adaptado

Os livros didáticos são ilustrados com desenhos, gráficos, cores,

diagramas, fotos e outros recursos inacessíveis para os alunos com limitação

visual. A transcrição de um texto ou de um livro para o sistema Braille tem

características específicas em relação ao tamanho, à paginação, à

representação gráfica, aos mapas e às ilustrações devendo ser fiel ao

conteúdo e respeitar normas e critérios estabelecidos pela Comissão Brasileira

do Braille. (CAMPOS, 2007).

As adaptações parciais ou integrais desses livros são complexas e

podem ser realizadas nos Centros de Apoio Pedagógico aos Deficientes

Visuais (CAPs) ou em serviços similares, ficando a produção em grande escala

sob a responsabilidade das instituições especializadas em parceria com o

Ministério da Educação. (CAMPOS, 2007).

4.5. Livro Acessível

Os livros acessíveis visam contemplar a todos os leitores, para isso,

devem ser concebidos como um produto referenciado no modelo do desenho

universal. Significando que devem ser concebido a partir de uma matriz

possibilitando a produção de livros em formato digital, em áudio, em Braille e

com fontes ampliadas. Esse livro não disponível, nas prateleiras das livrarias e

das bibliotecas e se constitui como objeto de debate que depende de

regulamentação e de negociação entre o governo e os elos da cadeia produtiva

do livro. Enquanto isso surgem os primeiros livros de literatura infantil em

áudio-livro ou impressos em tinta e em Braille com desenhos em relevo ou

descrição sucinta das ilustrações. Trata-se de iniciativas pontuais e isoladas

que representam um grão de areia no universo da cultura e da leitura para as

pessoas cegas e com baixa visão. (CAMPOS, 2007).

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4.6. Recursos Tecnológicos

Os meios informáticos tendem a facilitar as atividades de

educadores e educandos, possibilitando a comunicação, a pesquisa e o acesso

ao conhecimento. Existem programas, leitores de tela com síntese de voz,

concebidos para usuários cegos, que possibilitam a navegação na internet, o

uso do correio eletrônico, o processamento de textos, de planilhas e uma

infinidade de aplicativos operados por meio de comandos de teclado que

dispensam o uso do mouse. Entre os programas destacam-se. (CAMPOS,

2007).

DOSVOX: sistema operacional desenvolvido pelo Núcleo de

Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Possuem

conjuntos de ferramentas e aplicativos próprios além de agenda, chat e jogos

interativos.

VIRTUAL VISION: software brasileiro desenvolvido pela

Micropower, em São Paulo, concebido para operar com os utilitários e as

ferramentas do ambiente Windows. Distribuído gratuitamente pela Fundação

Bradesco e Banco Real para usuários cegos, no mais, comercializado.

JAWS: software desenvolvido nos Estados Unidos e mundialmente

conhecido como o leitor de tela mais completo e avançado, possuindo uma

ampla gama de recursos e ferramentas com tradução para diversos idiomas,

inclusive para o português. (CAMPOS, 2007).

4.7. Atividades

Algumas atividades predominantemente visuais devem ser

adaptadas com antecedência e outras durante a sua realização por meio de

descrição, informação tátil, auditiva, olfativa e qualquer outra referência que

favoreçam a configuração do cenário ou do ambiente. (CAMPOS, 2007).

Apresentação de vídeos com cenas mudas e leituras de legendas

simultâneas, não havendo dublagens para que as lacunas sejam preenchidas

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com dados da realidade e não apenas com a imaginação, requerem a

descrição oral de imagens. (CAMPOS, 2007).

Esquemas, símbolos e diagramas presentes nas diversas disciplinas

devem ser descritos oralmente, os desenhos, os gráficos e as ilustrações

devem ser adaptados e representados em relevo. No ensino de línguas

estrangeiras priorizarem-se a conversação em detrimento de recursos didáticos

visuais que devem ser explicados verbalmente. Experimentos de ciências e

biologia devem remeter ao conhecimento por meio de outros canais de coleta

de informação. (CAMPOS, 2007).

Atividades de educação física adaptadas com o uso de barras,

cordas, bolas com guiso etc. Os alunos devem ficar próximo dos professores

recorrendo a ele para demonstrar os exercícios ao mesmo tempo em que

aprendem. Outras atividades que envolvem expressão corporal, dramatização,

arte, música, desenvolvidas com pouca ou nenhuma adaptação. Os alunos

cegos participam de praticamente todas as atividades com diferentes níveis e

modalidades de adaptações que envolvem criatividade, confecção de material

e cooperação entre os participantes. (CAMPOS, 2007).

4.8. Espaço Físico e Mobiliário

Alunos cegos não percebem a configuração do espaço físico de

forma imediata , tal como ocorrem com os que enxergam. Por isso, sendo

necessário possibilitar o conhecimento e o reconhecimento do espaço físico e

da disposição do mobiliário. A coleta de informações se dará de forma

processual e analítica através da exploração do espaço concreto da sala de

aula e do trajeto rotineiro dos alunos: entrada da escola, pátio, cantina,

banheiros, biblioteca, secretaria, sala dos professores e da diretoria, escadas,

obstáculos. As portas devem ficar completamente abertas ou fechadas para

evitar imprevistos desagradáveis ou acidentes, o mobiliário estável e qualquer

alteração avisada. Convém reservar um espaço na sala de aula com mobiliário

adequado para a disposição dos instrumentos utilizados por esses alunos que

devem incumbir-se da ordem e organização do material para assimilar pontos

de referência úteis para eles. (CAMPOS, 2007).

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Os sentidos possuem as mesmas características e potencialidades

para todas as pessoas. As informações tátil, auditiva, sinestésica e olfativa são

mais desenvolvidas por pessoas cegas, pois recorrem a esses sentidos com

mais freqüência para decodificar e guardar na memória as informações. Sem a

visão, os outros sentidos passam a receber a informação de forma intermitente,

fugidia e fragmentária. O desenvolvimento aguçado da audição, do tato, do

olfato e do paladar torna-se resultante da ativação contínua desses sentidos

por força da necessidade. Portanto, não se trata de fenômeno extraordinário ou

um efeito compensatório. Sentidos remanescentes funcionam de forma

complementar e não isolada. Os sistemas auditivos desempenham papel na

seleção e codificação dos sons que são significativos e úteis, a habilidade de

atribuir significado a um som sem perceber visualmente a sua origem torna-se

difícil e complexa. As experiências táteis não se limitam ao uso das mãos. O

olfato e o paladar funcionam conjuntamente e são coadjuvantes

indispensáveis. (CAMPOS, 2007).

O sistema háptico refere-se ao tato ativo, constituído por

componentes cutâneos e sinestésicos, através dos quais impressões,

sensações e vibrações detectadas indivíduos são interpretadas pelo cérebro e

constituem fontes valiosas de informação. As retas, as curvas, o volume, a

rugosidade, a textura, a densidade, as oscilações térmicas e dolorosas, entre

outras, são propriedades geradoras de sensações táteis e imagens mentais

importantes para a comunicação, a estética, a formação de conceitos e de

representações mentais. Uma demonstração surpreendente da capacidade de

coletar e processar informações pela via do tato constitui-se no tadoma,

mecanismos de comunicação utilizados por pessoas surdocegas. Trata-se de

uma comunicação eminentemente tátil permitindo entender a fala de uma

pessoa, ao perceber as vibrações e os movimentos articulatórios dos lábios e

maxilares com a mão sobre a face do interlocutor. (CAMPOS, 2007).

Pessoas desenvolvem processos particulares de codificação que

formam imagens mentais, a habilidade para compreender, interpretar e

assimilar a informação ampliando de acordo com a pluralidade das

experiências, a variedade e qualidade do material, a clareza, a simplicidade e a

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forma como os comportamentos exploratórios são estimulados e

desenvolvidos. (CAMPOS, 2007).

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CAPITULO V

INTERAÇÃO SOCIAL E A AFETIVIDADE EM SALA DE

AULA

A interação social ao que se refere à construção de vínculos e a

formação de laços afetivos. O educador, nas primeiras etapas de vida, na qual

as crianças ainda não se comunicam verbalmente, atentando para saber ouvir

e compreender a linguagem do corpo, as formas de expressar emoções,

sentimentos e temores que as crianças com deficiência visual utilizam. Agitar

as mãos, balançar a cabeça ou o tronco para se comunicarem dizendo que

estão felizes, que querem brincar mais; deitar, abaixarem a cabeça e fechar os

olhos poderiam estar querendo dizer que se cansarão. Se apertar muito os

olhos, rodopia ou se agitar intensamente, pode ser sinal de que estão tensas

ansiosas ou enfadadas com a situação. (BRUNO, 2006).

Em virtude da ausência da visão e privação sensorial, as crianças

com deficiência visual necessitam de mais tempo para elaborar a noção de

permanência do objeto, essencial sentir-se segura ao separar-se das mães,

saber que as mães existem mesmo não estando presente e que voltarão para

buscá-las. (BRUNO, 2006).

Algumas crianças prolongam essa forma primitiva de brincar com o

corpo porque é o que dão conta de fazer, e isso lhes dá prazer. Outras, talvez,

porque ainda não adquiriram ação funcional ou função de mão, para

compreender como os objetos funcionam para poderem aprender novas formas

de brincar. (BRUNO, 2006).

Crianças que não enxergam, ou que enxergam pouco, necessitarão

que as pessoas que cuidam das mesmas lhes mostrem-nos próprios corpos

como são os gestos sociais, dar tchau, jogar beijo, cantar parabéns, bater

palmas. Mostrar como os objetos funcionam, como se brinca, como subir

descer escadas, entrar e sair de espaços pequenos, vencer os obstáculos são

atividades que não necessitam ser ensinadas às outras crianças, pois elas

aprendem naturalmente pela imitação na convivência social. (BRUNO, 2006).

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A construção da identidade depende da qualidade da relação,

interação e comunicação entre as crianças com deficiência visual, os adultos e

as crianças de sua idade no grupo. A satisfação das necessidades básicas por

seus cuidadores e educadores e a possibilidade de conviver, de brincar, de

trocar experiências, de imitar outras crianças permitem a identificação e a

construção do eu diferenciado, da personalidade e da identidade.

Desafio que se impõe aos educadores, como dizia Gusdorf, “o

professor de humanidade”, os educadores podendo ajudar cada criança a

construir sua identidade mediante experiências e vivências significativas,

construídas por um caminho que próprio, mas na ação coletiva. O uno no todo,

o individual articulado ao coletivo, a diversidade e a diferença como

enriquecimento para todos. (BRUNO, 2006).

5.1. Aprendizagem e afetividade:

“Um ambiente pobre em significados diminui as

oportunidades de interação saudável com a realidade, faltando

matéria-prima fundamental para a emergência de possibilidades de

reconstrução das representações mentais, que caracterizam a vida

saudável dos seres humanos, a partir de interações sócio-culturais.

Pode-se afirmar que, quando falta o significado, a patologia da

alienação mental se instala. Deixa de existir então, a mediação entre

o sujeito que aprende e o conhecimento” (Vygotsky, 1987).

5.1.1- A respeito do comportamento emocional:

A emoção tem sido objeto de várias teorias que vem sendo

formuladas desde fins do século passado. Não abordando totalmente os

aspectos das emoções, em geral, desenvolvidas com base em um ou alguns

aspectos das emoções de forma que ao estudarem estas teorias oferecerem

elementos importantes para a pesquisa da neurobiologia da ansiedade.

(BRANDÃO, 2004).

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5.1.2 - Teoria cognitivo-fisiológica:

Concilia as teorias de James e Cannon na medida em que propõe a

experiência emocional derivando de mecanismos periféricos, centrais e

fisiológicos ocorrendo durante as emoções (sudorese, taquicardia etc.)

informam ao cérebro a existência da ativação do meio interno. Dependendo

dos contextos físicos e sociais em que ocorrem e também das experiências

passadas em lidar com essas situações rotulam-se o estado emocional como

medo, amor, alegria, raiva ou tristeza. A interpretação cognitiva ou a

representação no cérebro do ocorrido no meio interno e externo durante uma

situação particular vivida, associada a mecanismos de memória, determinam o

estado emocional. (BRANDÃO, 2004).

5.1.3- Aprendizagem

De acordo com Neli klix Freitas no artigo Desenvolvimento umano,

organização funcional do cérebro e aprendizagem no pensamento de Luria e

de Vygotsky disponível no site ciênciaecognição.org (2006), vol 9 : o processo

de construção do conhecimento evoca-se as sensações que devem integrar-

se em esquemas de ação, o que requerem as participações da percepção e a

estruturação das representações mentais; os homens e a capacidade de

agirem sobre o mundo, acomodar-se a ele, diferenciar-se qualitativamente, e

não apenas captá-lo passivamente. As sensações encontram-se na base do

processo de construção do conhecimento, e são conduzidas centrípetamente

ao cérebro, e não mais a outros órgãos.(LURIA, 1980).

Os três fatores básicos no estabelecimento da aprendizagem e

memória são a aquisição, o armazenamento ou retenção e a evocação de

informações. Estes processos, em conjunto, conferem ao indivíduo os

requisitos mínimos para sua adaptação ao meio em que vive. (BRANDÃO,

2004).

A aprendizagem refere-se à aquisição de novos conhecimentos e a

memória refere-se à fixação ou retenção desses conhecimentos adquiridos,

para se construir uma memória passa-se pelo processo de assimilação.

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Através desse processo enviam-se as informações para a memória de curta ou

de longa duração.

Neste momento, ativando o Hipocampo, o mesmo ajudando a

selecionar onde os aspectos mais importantes para fatos, eventos serão

armazenados e estando envolvido também, com o reconhecimento de

novidades e com relações espaciais. Filtram os dados, usam e jogam fora

informações de curto prazo e se encarregam de enviarem outras para

diferentes partes do córtex cerebral.

Guardando informações, bem como as classificando de acordo com

seus diferentes tipos, o lobo frontal; que quando acessado “vasculha-se” a

memória à procura de informações guardadas no córtex. Nessa área cerebral

as diferentes memórias se completam dando origem ao raciocínio. (RELVAS,

2008).

5.1.4 - Afetividade

“A escola, um lugar onde se educa, mas, principalmente,

onde se deve estudar a personalidade do aluno.” Buscando

compreender o desenvolvimento de forma integrada, levando em

conta os domínios: cognitivo, afetivo e motor na tentativa de ver o

educando de um modo mais integral.” (Wallon, 2008).

Medeiam os registros das informações e as transformam em

conhecimento, favorecem as lembranças dos registros e estimulam a conexão

dos neurônios que criam os registros. Quanto maior for número de conexões,

mais registros e mais conhecimento. (CUNHA, 2008).

Possuindo o cérebro uma intricada rede de circuitos com grande

concentração de neurônios que armazenam, interpretam e emitem respostas

diante de estímulos, possuindo também a capacidade de promover

modificações em suas conexões, possibilitando novas aprendizagens. O

ambiente ensinando ao cérebro e as emoções também, biologicamente,

existem no cérebro as produções de impulsos eletroquímicos que resultam em

funções mentais, pensamentos, sentimentos, dor, alegria e movimentos. Essas

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atividades mentais são decorrentes de estímulos que produzem as sinapses,

as sinapses ocorrem pela conexão entre neurônios, ocasionando a liberação

de uma substância chamada neurotransmissor, que emitem respostas

nervosas e transmite informações.

Adrenalina, acetilcolina e noradrenalina são neurotransmissores com

ação excitatória. Dopamina e ácido gama aminobutírico (GABA) possuem ação

inibitória, enquanto a serotonina determinam excitação ou inibição. Os mesmos

são produzidos no organismo por meio da alimentação ou das atividades

físicas, em momentos de prazer, dor, cansaço, alegria, estimulando ou inibindo.

Podem encorajar para superar desafios ou aprisionar implacavelmente.

(CUNHA, 2008).

As memórias necessitam de dois mecanismos fundamentais

(RELVAS, 2007): a fixação, para o acréscimo de novas informações, e a

evocação, para a revivência dos traços anteriormente assimilados. Os afetos

estimulam os dois mecanismos. Por esta razão, muitos estudiosos da

neurociência falam do cérebro afetivo-emocional, onde as emoções são

organizadas, em regiões interconectadas, dando equilíbrio ao comportamento

humano. As mesmas ajudam ao aprendente na concentração, no fluxo de

atenção, no registro, na lembrança e, fundamentalmente, no prazer de

aprender e ensinar, estabelecendo vínculos educativos entre professor e aluno.

(CUNHA, 2008).

Os alunos que chegam à escola com o estigma das dificuldades de

aprendizagem parecem, a princípio, um solo inoportuno para o aprendizado.

Todas as tentativas anteriores fracassaram, o rótulo que os acompanha os

toma e lhe dás sobrenome. Esses alunos, qualquer aluno, ou qualquer outro

lugar, estarão impelidos dos processos químicos do corpo, a interação

biológica entre os órgãos, as ininterruptas correntes elétricas que produzem as

sinapses no cérebro, que descerram aprendizados. (CUNHA, 2008).

No entanto, determinando a existência da qualidade ou modificando

a qualidade do aprendizado refere-se ao afeto. São as emoções que ajudam a

interpretar os processos químicos, elétricos, biológicos e sociais; a vivência das

experiências que são amadas; determinando a qualidade de vida. Por esta

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razão, estão aptos a aprender quando amarem, quando desejarem quando

forem felizes. (CUNHA, 2008).

De acordo com Piaget: em primeiro sentido, pode-se dizer que a

afetividade intervém nas operações da inteligência; estimulando-as ou

perturbando-as; sendo a causa de acelerações ou de atraso no

desenvolvimento intelectual; mas não modificando as estruturas da inteligência

enquanto tal... Em um segundo sentido, pode-se dizer, ao contrário, que a

afetividade intervém nas estruturas da inteligência; sendo fonte de

conhecimentos e de operações cognitivas originais. (SAMPAIO, 2011).

Qualquer reflexão sobre o futuro da educação e da formação

de professores atentando para os movimentos e as interações

afetivas no espaço para aprendizagem, que reorganizam a relação

com o saber por meio dos interesses e dos desejos do aprendente.

Não somente isso, mas deve-se atentar também para a condição

docente de prazer e bem- estar. (CUNHA, 2009).

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CAPITULO VI

NEUROPLASTICIDADE

6.1. Neuroplasticidade

Segundo Relvas (2008) defini-se a Plasticidade Cerebral como a

denominação das capacidades adaptativas do Sistema Nervoso Central e sua

habilidade para modificar sua organização estrutural própria e funcionamento.

O desenvolvimento da plasticidade cerebral ocorre-se ao longo da

vida, do mesmo depende todo o processo de aprendizagem e reabilitação das

funções motoras e sensórias. A propriedade do sistema nervoso permitindo o

desenvolvimento de alterações estruturais em resposta à experiência,

adaptação a condições mutantes e a estímulos repetidos.

Fato melhor compreendido através do conhecimento do neurônio,

da natureza das suas conexões sinápticas e da organização das áreas

cerebrais. A cada nova experiência do indivíduo, portanto redes de neurônios

são rearranjadas, outras tantas sinapses são reforçadas e múltiplas

possibilidades de respostas ao ambiente tornam-se possíveis.

As reconexões neuronais, reorganização responsável pelas

modificações que são observadas no sistema nervoso do indivíduo. Por esses

meios, diz-se que os indivíduos podem aprender e reaprender atividades

desenvolvidas previamente de forma espontânea e harmoniosa.

O sistema nervoso das crianças em desenvolvimento são mais

plásticos, que o sistema nervoso dos adultos, a atuação correta e eficaz na

estimulação da plasticidade sendo de fundamental importância para a máxima

da função motora/sensitiva do aprendente, visando facilitar o processo de

aprender a aprender no cotidiano escolar.

Acreditava-se que os cérebros adultos eram limitados e sem

possibilidades de mudança, sendo que nos últimos anos neurocientistas

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descobriam que os cérebros mudam durante a vida. A plasticidade disparando

mecanismos pelos quais os cérebros se modificam (remodelam) ao aprender.

Exercícios mentais, tais como: fazer contas, aprender novo jogo de

tabuleiro, ler atentamente e refletir sobre o texto, jogar quebra-cabeça são

alguns exemplos de ginástica cerebral. Já as crianças nascem com um quarto

da massa cerebral de um adulto, tendo todos os neurônios que precisarão

durante toda vida. Se devidamente estimuladas serão fundamentais para o seu

desenvolvimento. (RELVAS, 2008).

Grandes desafios atuais na neurobiologia da aprendizagem e

memória seguem esclarecendo os mecanismos neurais responsáveis por estes

processos ou, em outras palavras, quais seriam os mecanismos neuroquímicos

acionados quando se adquirem uma informação ou recordam-se de algum

evento. Ideias propostas a este respeito relacionam os mecanismos de

codificação da memória de curto prazo à própria atividade primária das células

nervosas. Uma vez ativadas pelos eventos ambientais, as atividades neurais

seriam mantidas por certo tempo em decorrência da ação reverberativa dentro

de uma alça neuronial. O hipocampo e/ou outras estruturas do lobo temporal

medial parecem ser importantes para memórias de reconhecimento de objetos,

memória espacial e ouras tarefas características da memória declarativa, mas

não para aquelas associadas à memória não declarativa. No caso H.M. danos

ao hipocampo não determinaram prejuízo à memória para eventos que

ocorreram bastante tempo antes da lesão, o mesmo se recordava bem dos

eventos que ocorreram no início de sua vida. A lesão do hipocampo afeta,

portanto, a memória armazenada temporariamente por um período de horas e,

eventualmente, dias. Entretanto, essa lesão não afeta a memória das

informações que já passaram por essa estrutura, e que foram transferidas para

outras regiões encefálicas. (BRANDÃO, 2004).

Os estímulos ambientais constituem a base neurobiológica da

individualidade do homem. As mudanças ambientais interferem na plasticidade

cerebral e, consequentemente, na aprendizagem. Definindo a aprendizagem

como modificação do SNC, mais ou menos permanentes, quando os indivíduos

são submetidos a estímulos/experiências de vida, que vão se traduzir em

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modificações cerebrais. Dessa forma, ficando claro que as alterações plásticas

são as formas pelas quais se aprende. (RELVAS, 2009).

6.2. Deficiência visual e a neuroplasticidade

Estudos recentes indicam que os cérebros de pessoas cegas

conseguem se reprogramar para que a região associada à visão processe

sons, dando-lhes a habilidade de percepção espacial através da audição e

ainda a capacidade extraordinária de compreender falas ultrarrápidas. Esses

são exemplos perfeitos de neuroplasticidade, a capacidade de reorganização

do cérebro de acordo com o uso. Os desenvolvimentos de certas habilidades

fazem diferença se as pessoas nasceram cegas – nunca receberam nenhum

estímulo visual – ou se ficaram cegas quando criança ou adulto.

(FONOCOMUNICA, 2011). No Canadá, os pesquisadores compararam a atividade cerebral de

pessoas com visão e de pessoas que nasceram cegas e descobriram que as

áreas dos cérebros que normalmente trabalham com os olhos para processar

visão e percepção espacial, podem efetivamente se reprogramar para

processar informação sonora, ao invés da visão. Para chegarem nessa

descoberta, os pesquisadores avaliaram a atividade cerebral de 11 indivíduos

que nasceram cegos e 11 que não, enquanto eram expostos a uma série de

sons num equipamento de ressonância magnética. Na Alemanha, averiguou-se

que os cegos conseguem compreender a fala em velocidades ultrarrápidas,

muito além das que pessoas que enxergam conseguem compreender. Ao

conversar rapidamente, verbaliza-se aproximadamente 6 sílabas por segundo.

Um narrador hiperativo anunciando as advertências no final da propaganda

consegue verbalizar a 10 sílabas por segundo, o limite absoluto de

compreensão para pessoas com visão. Os cegos, entretanto, conseguem

compreender falas aceleradas a até 25 sílabas por segundo. Seres humanos

não conseguem falar tão rápido assim, então os cientistas tiveram que usar um

sintetizador computadorizado para gerar uma fala nessa velocidade.

Os pesquisadores queriam descobrir o que acontecia dentro do

cérebro de pessoas cegas que lhes davam esses “super poderes”. Examinando

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as regiões do cérebro ativadas pelos cegos e não cegos enquanto eles ouviam

a falas ultrarrápidas dentro de uma máquina de ressonância magnética,

descobriu-se que nas pessoas cegas a parte do córtex cerebral que

normalmente responde a visão estava respondendo a fala. Justamente pelo

fato da visão ser um sentido tão importante para os humanos, uma grande

parte do cérebro devotada ao processamento visual, área muito maior do que a

dedicada a qualquer outro sentido. Em pessoas cegas, todas essas potências

cerebrais seriam inutilizadas, mas de alguma forma os cérebros de pessoas

cegas conseguem se reprogramar para conectar as regiões auditivas do

cérebro ao córtex visual. Pesquisadores acreditam que a idade em que as

pessoas perdem a vista podem ser críticas para que os cérebros consigam

conectar-se a região de controle da audição com as regiões que processam

visão. Em pessoas que nasceram cegas, a região do córtex visual não

desenvolveram-se adequadamente por não receber nenhum estímulo, o que

tornará mais difícil sua reprogramação. Jovens que perderam a visão depois

que essas regiões desenvolveram-se, entretanto, têm mais facilidade até do

que adultos. As sinapses (conexões entre os neurônios) do córtex visual

atingem um pico com 8 meses de idade e depois 40% dessas sinapses são

gradualmente removidas até atingir uma densidade estável aos 11 anos de

idade aproximadamente. Justamente nesse período da vida em que se têm

sinapses “em excesso” que os pesquisadores acreditam ser mais fáceis para o

cérebro se reprogramar. (FONOCOMUNICA, 2011).

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CONCLUSÃO

A escola deve ser um espaço democrático, é preciso pensar em

formas diferenciadas para atender todo tipo de situação. Qualquer aluno de

necessidades especiais ou não, preocupar-se com a inclusão desse indivíduo

na sociedade dando-lhe a oportunidade de crescer e fazer parte dela.

A Educação Especial vem crescendo no país; se dispondo a

preencher lacunas deixadas por uma educação não tão “inclusiva”; apostando

neste foco reunindo no presente trabalho uma proposta a respeito do deficiente

visual (que tem a menor demanda de professores) relacionando a neurociência

e a afetividade, relatando a aprendizagem desenvolvida através dos sentidos,

das percepções e como o cérebro deve organizar informações refletindo sobre

a produção do conhecimento num sentindo destes alunos.

Construído sobre a prática educativa o diálogo da neurociência:

saberes cognitivos, emocionais e científicos. O dia a dia do deficiente visual, a

pesquisa sobre o processo de ensino e aprendizagem, desde o espaço físico

até os recursos utilizados, em conjunto com a compreensão da anatomia

humana, apresentam ensinamentos para ampliar o campo educacional.

Entender como o funcionamento do aprendizado ocorre dentro e fora

do corpo, à importância dos sentidos: a audição: interpretar os sons, o tato:

analisar as texturas, formas, as partes, o olfato: analisar odores, o paladar:

apreciar ou distinguir os diferentes sabores e o sistema sensorial que é o

receptor sensorial envolvido no processamento dos sentidos, a construção das

experiências, os treinos dos sentidos, a capacidade motora e a plasticidade

cerebral remodelando as experiências de acordo com as necessidades e

fatores do meio ambiente.

Partindo dos fundamentos dos princípios da neurociência que

valoriza a dimensão cognitiva, que leva em consideração o emocional, o lado

afetivo que envolve os processos de aprendizagem, ou seja, ser humano na

sua totalidade.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO ......................................................................................... 02 AGRADECIMENTO ......................................................................................... 03 RESUMO ......................................................................................................... 04 METODOLOGIA .............................................................................................. 05 SUMÁRIO ........................................................................................................ 06 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 07 CAPÍTULO I - Deficiência visual ...................................................................... 08 1.1 - A Lei e a Educação Especial ................................................................... 09 1.2 - Deficiência Visual e a Educação .............................................................. 10 CAPÍTULO II - Sistema Sensorial .................................................................... 13 2.1- Olfato ..................................................................................................... 15 2.2- Tato ......................................................................................................... 15 2.3- Paladar ..................................................................................................... 16 2.4- Orellha ..................................................................................................... 17 2.5- Orelha, ouvido e audição .......................................................................... 18 2.6- Processo de equilíbrio .............................................................................. 19 2.7- Olhos e visão ............................................................................................ 19 2.8- A sequência da visão ................................................................................ 20 2.8.1- Acomodação ......................................................................................... 20 2.8.2- Vias visuais .......................................................................................... 20 2.8.3- No entorno do olho .................... 20 2.9- Sinestesia ................................................................................................. 21 2.9.1- Outros tipos de sinestesia ........................ 2Erro! Indicador não definido. CAPÍTULO III - Distúrbios na saúde física: visão2Erro! Indicador não definido. 3.1- Anatomia do olho ................................................................................ 2Erro! Indicador não definido. 3.1.1- Globo ocular ........................................................................................... 24 3.1.2- A sensação visual .......................................................................... 24 3.2- Desenvolvimento da visão ...................................................................... 24 3.3- Identificação do problemas visuais ........................................................... 24 3.3.1- Miopia .................................................................................................. 27 3.3.2- Hipermetropia ........................................................................................ 28 3.3.3- Astigmatismo ......................................................................................... 29 3.3.4- Estrabismo ............................................................................................. 29 3.3.5- Ambliopia ................................................ Erro! Indicador não definido.0 3.3.6- Daltonismo ............................................... Erro! Indicador não definido.0 3.3.7- Moléstias que prejudicam a visão ............ Erro! Indicador não definido.1 3.4- O papel do professor nos problemas visuaisErro! Indicador não definido.3 CAPÍTULOVI - Aprendizagens e recursos ......... Erro! Indicador não definido.6 4.1- Braille ....................................................... Erro! Indicador não definido.6

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4.2- Reglete .................................................... Erro! Indicador não definido.7 4.3- Sorobã ....................................................... Erro! Indicador não definido.7 4.4- Livro didático adaptado .............................. Erro! Indicador não definido.8 4.5- Livro acessível ............................................ Erro! Indicador não definido.8 4.6- Recursos tecnológicos ................................ Erro! Indicador não definido.9 4.7- Atividades ................................................. Erro! Indicador não definido.9 4.8- Espaço físico e mobiliário ......................................................................... 40 CAPÍTULO V - Interação social e a afetividade na sala de aula4Erro! Indicador não definido. 5.1- Aprendizagem e afetividade ...................................................................... 44 5.1.1- A respeito do comportamento emocional ............................................... 45 5.1.2- Teoria cognitiva fisiológica ..................................................................... 45 5.1.3- Aprendizagem ......................................... Erro! Indicador não definido.6 5.1.4- Afetividade ........................................ Erro! Indicador não definido.6 CAPÍTULO VI - Neuroplasticidade ..................... Erro! Indicador não definido.9 6.1 - Neuroplasticidade .................................... Erro! Indicador não definido.9 6.2 - Deficiência visual e a neuroplasticidade ................................................ 51 CONCLUSÃO ............................................................................................... 53 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ......................... 5Erro! Indicador não definido. BIBLIOGRAFIA CITADA .................................................................................. 56 WEBGRAFIA ............................................................................................... 59 ÍNDICE ......................................................................................................... 61