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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE A NECESSIDADE DE PLANEJAMENTO E CONTROLE DO CAPITAL DE GIRO NAS EMPRESAS Monografia apresentada como requisito final de avaliação ao Curso de Pós Graduação – Lato Senso - em Finanças e Gestão Corporativa, pela Universidade Candido Mendes. Orientado pelo Professor Vilson S. Carvalho. Rio de Janeiro RJ – Março de 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

A NECESSIDADE DE PLANEJAMENTO E CONTROLE DO CAPITAL DE GIRO NAS EMPRESAS

Monografia apresentada como requisito final de avaliação ao Curso

de Pós Graduação – Lato Senso - em Finanças e Gestão Corporativa, pela Universidade Candido Mendes.

Orientado pelo Professor Vilson S. Carvalho. Rio de Janeiro RJ – Março de 2005

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AGRADECIMENTOS

A todos os autores, corpo docente do Projeto “A Vez do Mestre”, aos colegas de trabalho e amigos, aos alunos e pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a confecção deste trabalho acadêmico e sua constante atualização.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta pesquisa a minha mulher Queila e aos meus filhos Lucas e Luiza, pelas horas que deixaram de desfrutar da minha companhia e pelo carinho e atenção que recebi da minha família.

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INTRODUÇÃO

O objetivo do presente trabalho é apresentar um estudo do Capital de Giro

abordando o conceito, a importância, as contas do ativo circulante e as contas do

passivo circulante, capital circulante líquido, risco e retorno.

O capital de giro na gestão financeira das empresas é de fundamental

importância, haja vista estar relacionado diretamente com o ciclo operacional e com

o giro dos negócios.

O desenvolvimento do mundo financeiro e comercial tornou o trabalho do

administrador financeiro mais difícil e exigente. Para garantir sua sobrevivência no

mercado, as empresas dependem efetivamente da qualidade das decisões que

envolvem principalmente o capital de giro, bem como da capacidade analítica do

administrador para compreender o problema em toda sua extensão, e do

conhecimento técnico para definir a melhor solução.

O planejamento e controle calcados em metodologia que permite avaliar e

conhecer a situação econômica da empresa tem o papel fundamental de transformar

as ações realizadas em valores econômico-financeiros, que comparados com os

valores inicialmente projetados, possam ser mantidos e ou redirecionados no sentido

de alcançar os resultados esperados.

O perfeito controle do fluxo de caixa aliado à boa administração do capital de

giro próprio ou de terceiros, significa na prática a solvência ou a insolvência da

empresa. Segundo o SEBRAE, a maioria das empresas não passam do segundo ano e

isso por causa da falta de capital de giro, que é o principal recurso para uma empresa

que está iniciando suas atividades.

Elaboramos o presente estudo monográfico, o qual apresenta no seu Capítulo I

todo o planejamento desta Monografia, caracterizando todos os seus aspectos

metodológicos.

O Capítulo II aborda a necessidade das empresas, independente de seu porte ou

ramo de atividade, de estabelecer critérios e métodos eficientes de controle, voltados

para a administração do capital de giro. Destaca também a importância e abrangência

do fluxo de caixa, administração de valores a receber e demais indicadores

operacionais, visando sua eficácia como instrumento de gestão empresarial.

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No Capítulo III enfocamos, de forma sucinta e objetiva, sem detalhar

minuciosamente cada etapa, a Metodologia Básica para implementação de

Planejamento e Controle do Capital de Giro nas Empresas. Sem a pretensão de

esgotar o assunto, objetivamos sinalizar os pontos e caminhos que permitem dar uma

visão geral sobre a forma de preservar o equilíbrio financeiro das organizações.

Procuramos focalizar neste estudo, a análise, o controle e a administração do

capital de giro dentro de uma realidade prática, sem abrir mão do embasamento

teórico necessário.

Apresentam-se ainda as conclusões e questionamentos finais e as referências

bibliográficas.

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METODOLOGIA DA PESQUISA

O trabalho em questão foi desenvolvido a partir de pesquisa recente sobre o

tema da Necessidade de Planejamento e controle do Capital de Giro.

Para o procedimento do estudo e pesquisa, fizeram-se necessários os seguintes

procedimentos metodológicos:

TIPO DE PESQUISA

O presente estudo tem como base a abordagem qualitativa, o qual para

OLIVEIRA (1977), não pretende mensurar unidades ou categorias, mas permite ao

pesquisador formas adequadas para entender as relações entre os fenômenos e

consequentemente chegar a verdades e razões de sua existência.

Dentro do processo da pesquisa científica, classificamos como pesquisa

exploratória, que segundo MARTINS (1997), é o embasamento teórico, encontrado

na leitura de livros, periódicos, dissertações e quando possível, consultas a

especialistas e profissionais envolvidos com o tema a ser tratado.

Segundo OLIVEIRA (1997), a pesquisa exploratória caracteriza-se pela

descoberta de diretrizes e alternativas, possibilitando obter informações acerca de

determinado tema, obtendo informações amplas sobre o assunto.

O mesmo autor entende que a pesquisa teórico-bibliográfica é a base de todas

as pesquisas de campo das ciências sociais e humanas, tendo por finalidade conhecer

as diferentes formas de contribuição científica, já produzidas em um determinado

campo de conhecimento.

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ÁREA DE ABRANGÊNCIA

Por caracterizar-se como estudo bibliográfico, a pesquisa basicamente

restringiu-se a área teórica ligada às questões de planejamento e controle do setor

financeiro das organizações, enriquecida com o estudo e análise de casos, envolvendo

demonstrativos contábeis, análise de balanços e simulação de informações cadastrais

de empresas.

PASSOS DA PESQUISA

- Escolha de tema;

- Delimitação do assunto;

- Determinação de objetivos da pesquisa;

- Elaboração do plano de trabalho

- Projeto;

- Seleção da bibliografia pertinente ao assunto;

- Montagem e reflexão do contexto da monografia;

- Redação das conclusões e questionamentos finais;

- Elaboração final da monografia;

- Entrega e avaliação;

Feito o estudo e análise do projeto, desenvolveu-se a presente monografia, que

será apresentada a Universidade Candido Mendes, como requisito final de avaliação

do Curso de Pós-Graduação Lato-Sensu, especialização em Finanças e Gestão

Corporativa.

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LISTA DE SIGLAS

AC - Ativo Circulante

Atm - Ativo Total Médio

CCL - Capital Circulante Líquido

CF - Ciclo Financeiro

CO - Ciclo Operacional

DF - Despesas Financeiras

DP - Dividendos e Participações

ELP - Exigível a Longo Prazo

GAF - Grau de Alavancagem Financeira

IOG - Investimento Operacional em Giro

LL - Lucro Líquido do Exercício

NCG - Necessidade de Capital de Giro

NIG - Necessidade de Investimento em Capital de Giro

PC - Passivo Circulante

PLm - Patrimônio Líquido Médio

PMC- Prazo Médio de Compras

RPL - Realizável a Longo Prazo

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SUMÁRIO

FOLHA DE ROSTO.............................................................................. 1

AGRADECIMENTO............................................................................. 2

DEDICATÓRIA..................................................................................... 3

INTRODUÇÃO...................................................................................... 4

METODOLOGIA.................................................................................. 6

LISTA DE SIGLAS............................................................................... 8

CAPÍTULO I – O QUE É CAPITAL DE GIRO............................... 13

1.1 – Questões Norteadoras da Pesquisa................................................................ 15

1.2. – Pressupostos................................................................................................... 16

1.3 – Fatores Qualitativos da Análise..................................................................... 16

1.4 – Objetivos da Pesquisa..................................................................................... 17

1.5 – Definição de Termos....................................................................................... 17

1.5.1 – Planejamento Estratégico................................................................... 17

1.5.2 –A função Financeira nas Empresas.................................................... 18

1.5.3 –Administração do Capital de Giro..................................................... 18

1.5.4 – Estrutura Financeira da Empresa.................................................... 19

CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................... 21

2. – A Necessidade de Planejamento e Controle do Capital de Giro nas

Empresas.................................................................................................................. 21

2.1 – Planejamento................................................................................................... 21

2.1.1 – Conceito.............................................................................................. 21

2.1.2 – Níveis de Planejamento..................................................................... 22

2.1.3 – Premissas Básicas.............................................................................. 23

2.1.4 – Aspectos Críticos................................................................................ 24

2.1.5 – Controle.............................................................................................. 24

2.1.6 – Fases do Processo de Controle.......................................................... 25

2.1.7 – Relação Custo/Benefício.................................................................... 28

2.1.8 – Planejamento e Controle do Capital de Giro.................................. 29

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2.1.9 – Administração das principais Contas do Ativo Circulante........... 29

2.2 – Administração do Capital de Giro................................................................ 30

2.2.1 – Capital Circulante Líquido................................................................ 33

2.2.2 – Relação Entre Lucratividade e Risco na Administração do Capital

de Giro....................................................................................................................... 34

2.2.3 – Capital de Giro Próprio, Nulo e de Terceiros.................................. 36

2.2.4 – Capital de Giro e Liquidez................................................................. 36

2.2.5 – Liquidez Geral..................................................................................... 37

2.2.6 – Liquidez Corrente............................................................................... 37

2.2.7 – Liquidez Seca....................................................................................... 38

2.3 – Fluxo de Caixa................................................................................................. 38

2.3.1 – Abrangência do Fluxo de Caixa........................................................ 41

2.3.2 – Administração de Valores a Receber................................................ 43

2.4 – Avaliação da Estrutura Financeira das Empresas e Dimensionamento dos

Investimentos em Capital de Giro.......................................................................... 46

2.4.1 – A necessidade de Investimentos em Capital de Giro....................... 46

2.4.2 – capital de Giro, Liquidez e Indicadores Operacionais.................... 50

2.4.3 – Ciclo Operacional (CO)...................................................................... 50

2.4.4 – Ciclo Financeiro (CF)......................................................................... 51

2.4.5 – Prazo Médio de Compras (PMC)...................................................... 51

2.4.6 – Prazo Médio de Estoques................................................................... 52

2.4.7 – Prazo Médio de Recebimentos........................................................... 52

CAPÍTULO III – METODOLOGIA BÁSICA DE

PLANEJAMENTO E CONTROLE DO CAPITAL DE GIRO NAS

EMPRESAS.......................................................................................... 54

3.1 – Capital de Giro e Rentabilidade.................................................................... 54

3.1.1. Alavancagem Financeira..................................................................... 54

3.2 - Apuração e Análise do Fluxo de Caixa.......................................................... 56

3.2.1. Modelo de Caixa Mínimo Operacional............................................... 57

3.2.2. Fluxo do Capital Circulante Líquido.................................................. 58

3.3 – Análise da Estrutura Financeira e Posição do Equilíbrio da Empresa..... 59

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3.3.1. Metodologia de Apuração da Necessidade de Investimento em

Capital de Giro......................................................................................................... 59

3.3.2. Necessidade de Investimento em Capital de Giro e Saldo

Disponível................................................................................................................. 60

3.3.3. Necessidade de Investimento em Capital de Giro e Saldo

Disponível................................................................................................................. 61

CONCLUSÕES E QUESTIONAMENTOS FINAIS........................ 64

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................ 66

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CAPÍTULO I

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O QUE É CAPITAL DE GIRO

Diante de um novo conceito empresarial iniciado com a Globalização, que

permitiu a entrada no país de empresas estrangeiras com alto grau de

desenvolvimento tecnológico, as empresas nacionais, independente de seu porte ou

ramo de atividade, deparam-se cada vez mais com a necessidade de aprimorar seu

gerenciamento de resultado para possibilitar sua permanência de mercado.

Neste contexto, a administração financeira promoveu nas últimas décadas

notável evolução teórica em seus conceitos, absorvendo significativa mente melhoria

de qualidade técnica.

Consequentemente, a administração do capital de giro vem sendo casa vez mais

reconhecida como área de extrema importância para o equilíbrio financeiro das

empresas, tendo participação decisiva no sucesso dos negócios.

O capital de giro tem participação relevante no desempenho operacional das

empresas, cobrindo geralmente mais a metade de ativos totais investidos.

Uma administração inadequada do capital de giro resulta normalmente em

sérios problemas financeiros, contribuindo efetivamente para a formação de uma

situação de insolvência.

Segundo DI AUGUSTINI (1996, 15), o capital de giro é, para as empresas,

uma parcela de seu capital total, todavia tão necessário quanto o capital fixo e pelo

dinamismo de suas mutações, ganha em importância a sua administração.

É importante ter em conta que a administração do capital de giro trata dos

ativos e passivos correntes como decisões interdependentes. Por exemplo, a perda da

liquidez pela maior participação de estoques no ativo circulante deve ser compensada

por um maior volume de caixa; a presença de passivos de prazos mais curtos exige

ativos correntes mais líquidos, e assim por diante.

Diante de seu contexto no mercado, as empresas formalizam estratégias

operacionais de atuação, principalmente em relação à administração do capital de

giro, avaliando seus investimentos correntes e selecionando os passivos mais

adequados. Por exemplo, uma possível alternativa de retomada das vendas pode

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processar-se pelo incentivo das vendas a prazo, exigindo-se, neste caso, maior volume

de investimento circulante.

Para ASSAF NETO (1997), “a administração do capital de giro encontra-se

inserida no contexto das decisões da

empresa, permitindo melhor entendimento

de como as organizações geram, aplicam e

gerenciam seus recursos financeiros.

Constitui-se, em outras palavras, num

conjunto de regras que tem por objetivo a

preservação da saúde financeira da

empresa” (NETO, 1997: P. 14).

A administração do Capital de Giro abrange a administração das contas

circulantes da empresa, que incluem ativos circulantes e passivos circulantes. Esta

área da Administração Financeira deve funcionar eficientemente, a fim de assegurar o

sucesso da empresa a longo prazo e a realização do seu objetivo principal que é a

maximização de lucros. Se o administrador financeiro não puder administrar

eficientemente o capital de giro, essas considerações à longo prazo tornam-se

irrelevantes.

O comportamento do capital de giro é demasiadamente dinâmico, e desta

forma, exige modelos eficientes e rápidos de avaliação da situação financeira da

empresa. Uma necessidade de investimento em giro mal dimensionada é certamente

uma fonte de comprometimento da solvência da empresa, com reflexos imediatos na

situação econômica e na rentabilidade.

A falta de adequação quantitativa e qualitativa em casa momento, bem como a

escolha ineficiente entre as inúmeras fontes e formas de financiamento do giro,

poderá representar a diferença entre a liquidez e a insolvência, crucial no dia a dia das

empresas, ou ainda, entre o lucro e o prejuízo, fundamental para a manutenção dos

negócios.

A administração inadequada do capital de giro ocorre principalmente pela falta

de sincronismo do volume de vendas das empresas, o qual é lastreado pelos estoques,

valores a receber e caixa; sazonalidades dos negócios, que por sua vez determina

variações nas necessidades de recursos durante o ciclo produtivo; fatores cíclicos da

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economia, como recessão, comportamento de mercado, concorrência, fatores

climáticos, etc.; tecnologia, principalmente aplicada aos custos e tempo de produção;

políticas de negócios, centradas em alterações nas condições de venda, crédito,

produção, etc.

As concordatas e falências geralmente constituem o desfecho natural para as

soluções inadequadas dos problemas de gestão do capital de giro. Muitas vezes

ouvimos dizer que determinada empresa tornou-se insolvente devido ao excesso de

imobilização. Em geral isto significa que foram desviados para outra finalidade

recursos que deveriam estar financiando o giro, fazendo com que a organização

recorra a capital de terceiros, normalmente onerosos para suprir esta deficiência, com

a conseqüente elevação dos custos e diminuição da rentabilidade. Ocorre também em

alguns casos, que os planos de expansão não levaram na devida conta as necessidades

adicionais de recursos para financiar o giro das operações.

Uma empresa é um sistema aberto e, como tal, está sujeita às forças que atuam

no cenário econômico, financeiro e social.

Pode-se dizer que, assim como as pessoas, as empresas também nascem e

morrem. Ente as causas da morte empresarial está o desequilíbrio econômico

financeiro. Esse desequilíbrio ocorre quando o capital de giro da empresa se revela

cronicamente insuficiente para bancar seu nível de atividade.

1.1 QUESTÕES NORTEADORAS DA PESQUISA

- Por que é necessário planejar e administrar com eficiência o Capital de Giro nas

empresas?

_Qual a importância da apuração e análise do Fluxo de Caixa nas organizações

empresariais?

_Existem métodos de avaliação da estrutura financeira e da posição d equilíbrio das

empresas?

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1.2. PRESSUPOSTOS

Em relação aos questionamentos acima expostos é possível pressupor que:

- Diante de seu contexto no mercado, as empresas dependem cada vez mais de

uma eficiente estratégia operacional. A falta de planejamento e, sobretudo, do

pensamento estratégico leva a empresa a não ter rumos. A mensuração do capital de

giro em níveis adequados com vista a certo resultado econômico, torna-se fator

fundamental para o administrador financeiro, notadamente nos dias atuais, em que as

adversidades de conjuntura econômica afetam profundamente os resultados esperados

pela empresa.

- O instrumento básico de gestão do capital de giro de uma empresa é fluxo de

caixa, que deve ser apurado e analisado periodicamente a fim de propiciar

acompanhamento e planejamento constantes dos capitais investidos, constituindo-se

num indispensável sinalizador dos rumos financeiros dos negócios.

- Para permitir com razoável precisão técnica é melhor conhecer e avaliar a

estrutura financeira de uma empresa dispomos de métodos de avaliação da posição de

equilíbrio dos empreendimentos, sendo baseado na distinção de seus ativos e passivos

circulantes em itens operacionais e financeiros. Além de proporcionar uma avaliação

mais analítica da posição financeira da empresa, o critério possibilita de maneira

simples e dinâmica, que se identifiquem as efetivas necessidades de capital de giro da

empresa, ou seja, o volume de investimento operacional em giro adequado a seu

equilíbrio financeiro.

1.3. FATORES QUALITATIVOS DE ANÁLISE

Constituem-se em fatores qualitativos de análise em nossa pesquisa, os

seguintes aspectos:

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- Necessidade de planejamento estratégico eficiente.

- Importância dos modelos de análise econômica financeira.

- Adequação das necessidades de giro da empresa.

- Exigência da revisão dos procedimentos de controles internos.

- Planejamento financeiro de curto e longo prazo.

- Equalização do ciclo operacional e financeiro da empresa.

- Ambiente econômico e as decisões empresariais.

1.4. OBJETIVOS DA PESQUISA

- Proceder a estudos visando a necessidade de planejamento e de se estabelecer

critérios eficientes de controle empresarial;

- Apontar, através de pesquisa bibliográfica teórica, os objetivos básicos da

função financeira, para uma boa gestão de recursos com a finalidade de maximização

de resultados;

- Verificar dentro dos novos conceitos de gestão empresarial, através de estudos

teóricos, a importância da utilização de metodologia que permita a avaliação de

equilíbrio além de melhor conhecer e avaliar a estrutura financeira das empresas.

1.5. DEFINIÇÃO DE TERMOS

1.5.1. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

É uma metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida

pela organização, visando maior grau de interação com o ambiente. Pode-se dizer

também, que é uma forma de encarar os negócios com métodos e antevisão,

antecipando-se aos fatos. Ele deve ser suficientemente flexível para se adaptar às

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necessidades de sobrevivência da empresa, com crescimento no mercado onde atua. É

um processo desenvolvido para o alcance de uma situação desejada, de modo mais

eficiente e efetivo, com a melhor concentração de esforços e recursos.

1.5.2. A FUNÇÃO FINANCEIRA NAS EMPRESAS

Todas as atividades empresariais envolvem recursos financeiros e orientam-se

para a obtenção de lucros.

A função financeira compreende um conjunto de atividades relacionadas com a

gestão dos fundos movimentados por todas as áreas da empresa. Essa função é

responsável pela obtenção dos recursos necessários e pela formulação de uma

estratégia voltada para otimização do uso desses fundos. Encontrada em qualquer tipo

de empresam, a função financeira tem um papel importantíssimo no desenvolvimento

de todas as atividades operacionais, contribuindo significativamente para o sucesso

do empreendimento.

1.5.3. ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

O objetivo da administração do capital de giro é administrar cada um dos

ativos e passivos circulantes da empresa, de tal forma que um nível aceitável de

capital circulante líquido seja mantido.

O capital de giro ou capital circulante identifica os recursos que giram ou

circulam várias vezes em determinado período. Corresponde a uma parcela de capital

aplicada pela empresa em seu ciclo operacional, caracteristicamente de curto prazo, a

qual assume diferentes formas ao longo do processo produtivo e de venda.

Diante de seu contexto de mercado, as empresas formalizam estratégias

operacionais de atuação principalmente em relação à administração do capital de giro,

avaliando seus investimentos correntes e selecionando os passivos mais adequados.

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A quantificação das necessidades de giro envolve decisões, de forma que a

otimização das aplicações de curto prazo seja condicionada a liquidez da empresa e

aos prazos dos financiamentos. Entre as principais medidas de política de capital de

giro, destacam-se aquelas que visam manter os indicadores de giro e liquidez, dentro

dos limites previstos pelo administrador financeiro.

1.5.4. ESTRUTURA FINANCEIRA DAS EMPRESAS

A análise da estrutura financeira de uma empresa envolve o estudo de um

conjunto de indicadores operacionais que refletem todas as decisões tomadas com

relação ao capital de giro e seu equilíbrio financeiro.

O capital circulante líquido – CCL indica o volume de recursos de longo prazo

alocados para financiar o giro. A necessidade de capital de giro – NCG, também

definida investimentos operacionais em giro – IOG, por outro lado, revela o

montante de capital permanente que uma empresa necessita para financiar seu capital

de giro. Esse volume é determinado pelo nível de atividade da empresa, ou seja,

produção e vendas e prazos operacionais.

A análise da liquidez envolve basicamente o conhecimento da capacidade

financeira de uma empresa em liquidar seus diversos compromissos passivos nos

prazos pactuados. Para essa finalidade, são utilizados diversos indicadores

operacionais de avaliação da liquidez, como liquidez corrente, liquidez seca, giro do

circulante, entre outros. Estas medidas financeiras procuram explicar e qualificar essa

capacidade de pagamento da empresa.

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CAPÍTULO II

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2. A NECESSIDADE DE PLANEJAMENTO E CONTROLE DO

CAPITAL DE GIRO NAS EMPRESAS.

2.1. PLANEJAMENTO

Nunca se ouviu dizer que alguém tenha sido prejudicado por ter-se exercido em

algum tipo de planejamento. Pelo contrário, muita gente acaba tendo insucesso

quando não planeja. Não há dúvidas de que prevenir é melhor que remediar. Parece

claro também que as coisas funcionam melhor, no momento de agir, se foram

planejadas. Para tanto, é necessária a coleta de dados e informações, ponto de partida

para a elaboração de alternativas de ação. Assim, fica fácil escolher a alternativa que

proporcionará a consecução dos objetivos, de forma mais rápida e eficiente.

2.1.1. CONCEITO

O planejamento tornou-se uma necessidade que cresce a cada dia, pois as

empresas atuam dentro de uma economia altamente dinâmica, onde a mudança é a

regra e não a exceção.

Planejar é uma forma de acompanhar as mudanças e de estar preparado para

incorporá- las, antes que se transformem em realidade. É tentar antecipa- las e não

andar a reboque delas. Pode ser visto também como o inverso da improvisação,

possibilitando escolha de alternativas de ação, estabelecendo condições para se

resolver situações de emergência que venham a ocorrer.

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O planejamento ainda proporciona uma ação com propósitos claramente

definidos, integrando todos os níveis da empresa. Cria ambiente para delegação de

autoridade e condições para controlar o que foi programado.

Resumindo, planejar não é simplesmente prever o futuro, cada dia mais incerto.

Mais importante que isso é estar preparado para enfrentar problemas e dificuldades

que possam ocorrer em nosso trabalho.

2.1.2. NÍVEIS DE PLANEJAMENTO

As idéias básicas do funcionamento dos sistemas também se aplicam ao

planejamento. A participação, de forma integrada, dos funcionários, nos diferentes

níveis ou segmentos da empresa, é fundamental para o atingimento dos objetivos

globais da organização.

Para melhor visualização dos níveis de planejamento, vamos dividir a empresa

em três grandes segmentos e descrever as atribuições de cada um:

a) Nível Estratégico

É o planejamento desenvolvido pela cúpula da empresa, geralmente de longo

prazo. Chama-se estratégico porque define as grandes linhas de ação. É o ponto onde

os objetivos globais são fixados, permitindo uma visão da totalidade do sistema e

norteando a ação dos demais segmentos. São esses os objetivos que buscam

representar estados futuros a atingir, orientando os esforços de todos e procurando

evitar a perda de energia em atividades improdutivas. O planejamento a nível estratégico considera as relações da empresa com o

ambiente onde atua, levando em conta as tendências das economias nacional e

mundial, o contexto governamental, as filosofias, os pontos fortes e fracos do

ambiente interno da organização, etc.

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b) Nível Diretivo ou de Gestão

É o planejamento formulado no nível de diretorias, normalmente de médio

prazo.

Aqui, as grandes linhas definidas no planejamento estratégico começam a

ganhar corpo, sob a forma de planos específicos de ação, os quais são divididos em

sub-planos, de acordo com as atividades específicas de cada área. Temos, então, o

planejamento de recursos financeiros, de capital de giro, de pessoal, de material, e

assim por diante.

c) Nível Operacional

É um planejamento quase sempre de curto prazo, elaborado para os setores

encarregados da execução das tarefas. Considera as diretrizes e objetivos já definidos

nos segmentos anteriores e tem sempre presente as peculiaridade local.

2.1.3. PREMISSAS BÁSICAS

O planejamento constitui um alicerce da administração. É através dele que as

coisas acontecem. Listamos alguns lembretes importantes:

-Planejar é pensar antes de agir e, por isso, exige imaginação e capacidade para

visualizar as atividades propostas;

-Planejar não é somente uma atividade lógica e racional; envolve intuição,

tentativa e erro;

-O julgamento das pessoas está presente, auxiliado por mecanismos lógicos de

alta confiabilidade, como por exemplo, processamento de dados;

-Na fixação de metas, deve-se levar em conta potencialidades de trabalho de

grupo. Metas ambiciosas poderão comprometer resultados;

- Não deve, necessariamente, existir separação entre planejadores e executores;

-Quem planeja deve ter um mínimo de participação na execução; quem executa

um mínimo de participação na elaboração dos planos. Planejamento e execução

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devem ser vistos como processos contínuos, interdependentes e não como

compartimentos estanques;

-A flexibilidade é indispensável para que os grupos situados no nível

operacional tenham condições de fazer ajustes e adaptações que levem a melhores

resultados;

-Planejar é uma forma de evitar improvisação;

2.1.4. ASPECTOS CRÍTICOS

O planejamento apresenta aspectos críticos que, se não observados, podem criar

resistência a função de planejar e comprometer o resultado da empresa como um

todo, conforme abaixo:

-O planejamento desprovido de clareza e objetividade dificulta a compreensão

e a divulgação daquilo que a empresa deseja;

-O planejamento não elimina totalmente os riscos, embora os minimize;

-Planos a longo prazo apresentam maior risco, por melhor que sejam os dados e

informações obtidas;

-Os planos tendem a ser inflexíveis;

-Em época de crise, o planejamento tem a tendência de gerar centralização de

poder decisório;

-O grau de incerteza das informações gera desconfiança nas previsões;

-Alguns planejamentos não são colocados em prática porque, quando acabados,

já estão desatualizados ou não aceitos por superiores.

2.1.5. CONTROLE

O Controle é a função do processo administrativo que mede e avalia os

resultados da ação empresarial, iniciada com planejamento, organização e direção.

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O administrador trabalha com a finalidade de conseguir os resultados

planejados. O sucesso ou fracasso desses resultados são julgados em função das

metas definidas. Isso implica controle, ou seja, acompanhamento e avaliação e, se

necessário, pronta correção do que está sendo feito, para assegurar a obtenção dos

resultados de acordo com os planos.

O controle é necessário porque:

-O trabalho de previsão de ocorrências, desenvolvido no planejamento, envolve

incertezas que requerem acompanhamento permanente na sua execução;

-A execução do planejamento e as informações adicionais sobre condições

sobre condições do meio ambiente podem sugerir novas alternativas de execução,

nem sempre previsíveis no estágio inicial do planejamento;

-O comportamento humano, diante dos objetivos traçados, pode apresentar

reações positivas ou negativas, facilitando ou prejudicando a obtenção de resultados;

O controle está presente em todas as formas de ação empresarial. Os

administradores passam a boa parte de seu tempo observando, revendo e avaliando o

desempenho de pessoas, de métodos e processos de trabalho, da maquinaria e

equipamentos, etc.

O controle apresenta, também, as seguintes características operacionais:

-Dinâmica – deve-se buscar e validar métodos capazes de levar a empresa a

conhecer melhor sua forma de atuação;

-Equilíbrio – a função controle tem por finalidade manter o sistema dentro de

limites permissíveis, isto é, manter o equilíbrio entre as variações;

-Integração – os diversos tipos e meios de controle completam-se dentro da

estrutura, numa constante interação e interdependência;

-Autonomia – apesar das características anteriores, o controle possui condições

específicas de não-subordinação e outras atividades.

2.1.6. FASES DO PROCESSO DE CONTROLE

a) Estabelecimento de padrões

Os padrões representam o desempenho desejado e podem ser tangíveis ou

intangíveis, vagos ou específicos, mas sempre relacionados com o resultado de que se

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deseja alcançar. Existem padrões de quantidade, de qualidade, de tempo, de custos de

ética, etc. Em suma, os padrões são balizamentos a serem observados na busca dos

objetivos e metas, e se apresentam para serem executados administrativa ou

operacionalmente.

É desejável que se trabalhe com padrões tangíveis, de preferência numéricos,

que possam dar maior exatidão à comparações. Também há de se observar um alto

grau de realismo no seu estabelecimento, evitando-se assim, reações de

comportamento, tais como frustrações pelo esforço despendido na busca de padrões

intangíveis.

Ainda quando do estabelecimento de padrões, devemos observar que:

_O envolvimento dos responsáveis pela execução do trabalho a ser controlado

contribui substancialmente para o aprimoramento das metas, torna as pessoas mais

conscientes da responsabilidade que deverão assumir;

-Determinar pontos estratégicos de controle, isto é, pontos onde deverão ser

implementadas medidas de controle para se evitar custos desnecessários e aperfeiçoar

o próprio processo de controle.

b) Acompanhamento e Mensuração do Desempenho

O acompanhamento e a mensuração do desempenho real não são tão simples

quanto parecem. Embora a inspeção do trabalho possa resumir-se em observações

visuais ou corriqueira anotação aritmética, verifica que certas tarefas demandam a

elaboração de complexos relatórios, em função das características dos problemas

encontrados. Enfim, os controles administrativos pressupõem a existência de um

sistema de informação ou até se confundem com ele.

Os critérios para se medir o desempenho devem estar perfeitamente definidos e

em total harmonia com os padrões estabelecidos, a fim de evitar distorções que levem

as interpretações errôneas sobre o desempenho ou mesmo sobre os padrões antes

estabelecidos.

c) Comparação dos Padrões com os Resultados Conseguidos

Acompanhando e medindo o desempenho real, passamos a comparar os dados

obtidos com os padrões estabelecidos.

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Embora seja tarefa de fácil compreensão, este passo exige acurada

sensibilidade, pois determinarão a necessidade ou não de alguma interferência no

processo, sopesados as mutações, influências e expectativas do meio ambiente. Por

outro lado, se as atividades normalmente ocasionam alguma variação, nem todas as

variações demandam alguma correção. Em certas tarefas podemos estabelecer limites

de tolerância, ou seja, concentramos nossas atenções naquelas variações que

ultrapassam os limites superiores e inferiores de tolerância que determinamos.

d) Adoção de Ações Corretivas

A comparação pode indicar quando as atividades não estão levando aos

resultados desejados e exigem medidas corretivas. Seu propósito é corrigir os desvios

em relação ao padrão e reduzi- los ou elimina- los, a fim de que o trabalho possa

continuar.

Colocando as coisas em ordem, a ação corretiva procura fazer com que as

atividades caminhem de acordo com o que foi determinado. Muitas vezes, porém, o

problema não reside na execução das tarefas. Aí, a correção pode gerar a reavaliação

e revisão das funções administrativas, da seguinte forma:

- Planejamento – quando o problema é de planejamento incorreto, a ação

corretiva do controle deve permitir uma reavaliação e revisão, adequando-o à

realidade e às possibilidades concretas de sua execução;

- Organização – se o problema reside na maneira como as coisas foram

organizadas e estruturadas, embora o planejamento tenha sido bem feito, o controle

deve orientar a ação corretiva para a reorganização estrutural, normativa e

operacional;

- Direção – outras vezes, o problema reside na direção. Embora as tarefas

tenham sido muito bem planejadas e organizadas, a sua direção falhou em algum

aspecto e a ação corretiva de fazer-se presente para eliminar ou atenuar essas falhas;

- Controle – caso o problema seja decorrente do próprio controle, a ação

corretiva deve possibilitar seu auto-aperfeiçoamento, corrigindo erros que podem

estar localizados no estabelecimento de padrões, no acompanhamento e mensuração

do desempenho, na comparação dos padrões com os resultados conseguidos, ou na

própria ação corretiva.

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2.1.7. RELAÇÃO CUSTO/BENEFÍCIO

A relação custo/benefício é facilmente identificada. Numa visão simples

podemos comparar custos financeiros com receitas obtidas. Correlacionando este

elemento, podemos constatar se uma operação é vantajosa ou não.

Na análise dos resultados deve-se observar a validade de um investimento em

função de suas respostas. Se positivas, a análise abrangerá os mecanismos de sua

manutenção e acréscimos; se negativas, a análise compreenderá a capacidade, em

função do componente tempo e suportá- las até uma possível revisão.

O processo de controle torna-se, invariavelmente, um sistema de informações

necessário à manutenção dos resultados. Nesse sentido, raramente podemos

considerar que uma informação seja útil. Todas e quaisquer informações enriquecem

o processo.

Quando analisamos um sistema de controle com o objetivo de decidir se ele

deverá ser mantido ou eliminado, precisamos comparar o custo decorrente da

utilização do sistema com o benefício por ele produzido.

Embora tal atitude possa ser considerada evidente, nem sempre ela é adotada. É

comum verificarmos a existência de extensos relatórios e dados estatísticos sem

qualquer utilização prática.

Não devemos esquecer que a pesquisa. A tabulação e o registro de dados

envolvem custos. O tempo gasto em buscar tratamento das informações atinge, às

vezes, valores elevados.

Portanto, o controle só se justifica à medida que os benefícios resultantes se

mostrarem superiores aos custos envolvidos. Caso contrário, ele deverá ser

suprimido.

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2.1.8. PLANEJAMENTO E CONTROLE DO CAPITAL DE GIRO

Os conceitos e fundamentos de planejamento e controle acima descritos

aplicam-se na empresa como um todo ou isoladamente nos diversos setores ou

departamentos da organização. Especificamente na administração do capital de giro, o

planejamento e controle é fator determinante para que a empresa alcance seus

objetivos de um modo mais eficiente e efetivo.

A falta de planejamento e controle ou ainda o crescimento desordenado, são

alguns dos pecados comuns a muitas pequenas e médias empresas. Esses problemas

de gestão, no atual ambiente de competição acirrada,, as pequenas e médias empresas

são afetadas de maneira mais dura, em função de sua estrutura econômica e

financeira.

Determinar o nível adequado do capital de giro com vistas a obtenção de um

resultado econômico,, torna-se fator fundamental para o administrador financeiro,

principalmente nos dias atuais, onde concorremos com grandes empresas e

enfrentamos adversidades de conjuntura econômica que afetam os resultados

esperados pela empresa.

Nesse sentido a qualificação das necessidades de giro envolve decisões, de

forma que a otimização das aplicações de curto prazo seja condicionada à liquidez da

empresa e aos prazos de financiamento. Entre as principais medidas de política de

administração de capital de giro, destacam-se aquelas que visam manter os

indicadores de giro e liquidez, dentro dos limites previstos pelo administrador

financeiro.

2.1.9. ADMINISTRAÇÃO DAS PRINCIPAIS CONTAS DO ATIVO

CIRCULANTE

Aplicações Financeiras - o volume de recursos em aplicações financeiras,

deve ser em título de curto prazo que apresentem alta liquidez, tendo em vista a

possibilidade de a empresa necessitar de recursos para movimentação do seu giro;

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Clientes - e a política de concessão de crédito, que visa essencialmente o

aumento das vendas, deve ser comparada com prazos de recebimentos, uma vez que,

quanto maior os prazos de financiamento a clientes, maiores serão as necessidades de

capital de giro, e por conseguinte, maior o volume de recursos em rentabilidade

alternativa .

Estoques - o volume de investimentos em estoques depende fundamentalmente

do tipo de atividades que a empresa exerce. Assim, a diretriz estabelecida pelo

administrador financeiro visa a alocação eficiente dos recursos em estoques, de forma

que o nível médio e o lote ótimo dos estoques sejam compatibilizados ao custo de

oportunidade dos recursos aplicados.

2.2. ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

Existem várias definições para o capital de giro que são utilizadas em função

das abordagens de diversos autores. Entretanto, é o consenso que o capital de giro

está associado aos itens circulantes do balanço patrimonial.

Segundo MARTINS & ASSAF NETO (1985): “O conceito de capital de giro ou

capital circulante está associado aos recursos que

circulam ou giram na empresa em determinado

período de tempo. Ou seja, é uma parcela de

capital da empresa aplicada em seu ciclo

operacional “ (MARTINS & ASSAF NETO,

1985: p. 276).

Para GITMAN (1978), “o objetivo da administração do capital de giro é administrar

cada um dos ativos circulantes e passivos

circulantes da empresa, de tal forma que um nível

aceitável de capital circulante líquido seja

mantido” (GITMAN, 1978: p.140)

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Nesse contexto, os ativos circulantes mais importantes são: caixa, títulos

negociáveis, duplicatas a receber e estoques. Cada um desses ativos deve ser

administrado eficientemente, a fim de se manter a liquidez da empresa ao mesmo

tempo em que se evita um nível elevado de qualquer um deles. Os passivos

circulantes básicos são: duplicatas e títulos a pagar, salários e ordenados a pagar e

despesas financeiras a pagar. Cada uma dessas fontes de financiamento a curto prazo

devem ser cuidadosamente administrada, até se ter a garantia de que elas são obtidas

e usadas da melhor forma possível.

De acordo com MARTINS (1986), “o conceito de capital de giro costuma apresentar

diferentes interpretações, que são aplicadas

segundo os critérios e a natureza do estudo

desenvolvido. Em virtude de terem sido

esboçados, muitas vezes metodologias alternativas

de cálculo que de acordo com as definições

consideradas, é fundamental que se descrevam os

principais conceitos e formas de mensuração do

capital de giro, conforme são usualmente

considerados”. (MARTINS, 1986, p. 276)

Para ASSAF NETO (1997) “ O termo giro refere-se aos recursos correntes (curto

prazo) da empresa, geralmente identificados como

aqueles capazes de serem convertidos em caixa no

prazo máximo de um ano. A delimitação de um

ano não costuma ser seguida por empresas cujo

ciclo produção/venda/produção ultrapasse

caracteristicamente este prazo (estaleiros,

atividades rurais, etc.), prevalecendo nesta

situação o ciclo operacional para se definirem os

recursos correntes “. (ASSAF NETO, 1997, p. 14)

Os elementos de giro, diante da definição apresentada, são identificados no

ativo circulante e passivo circulante, ou seja, no curto prazo.

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O capital de giro é representado pelo ativo circulante, isto é, pelas aplicações

correntes, identificadas geralmente pelas disponibilidades, valores a receber e

estoques. Num sentido mais amplo, o capital de giro representa recursos demandados

por uma empresa para financiar suas necessidades operacionais identificadas desde a

aquisição de matérias-primas, ou mercadorias, até o recebimento pela venda do

produto acabado.

Os elementos que compõe o ativo circulante não costumam apresentar

sincronização temporal equilibrada em seus níveis de atividade. Evidentemente, se as

atividades de seus vários elementos de forma perfeitamente sincronizada, não haveria

necessidade de se manterem recursos aplicados em capital de giro. Por exemplo, se

todas as vendas fossem realizadas à vista, não existiriam investimentos em valores a

receber.

Desta forma, pelo fato de as atividades de produção, venda e cobrança, não

serem sincronizadas entre si, faz-se necessário o conhecimento integrado de suas

evoluções como forma de dimensionar mais adequadamente o investimento

necessário em capital de giro e efetivar seu controle. O enfoque da área financeira

para a realização desta tarefa centra-se, basicamente, na procura da eficiência na

gestão de recursos. O que é feito através da maximização de seus retornos e

minimização de seus custos.

O nível e a importância do capital de giro variam, evidentemente, em função

das características de atuação de cada empresa e do desempenho da conjuntura

econômica.

A administração do capital de giro diz respeito à administração das contas dos

elementos de giro, ou seja, dos ativos e passivos correntes e às inter-relações

existentes entre eles. Neste conceito é estudado fundamentalmente o nível adequado

de estoques que a empresa deve manter, seus investimentos em créditos e clientes,

critérios de gerenciamento do caixa e a estrutura dos passivos correntes, de forma

consistente com os objetivos enunciados pela empresa e tendo por base a manutenção

de determinado nível de rentabilidade e liquidez.

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2.2.1. CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO

O capital circulante líquido – CCL – é mais diretamente obtido pela diferença

entre o ativo circulante e o passivo circulante. Reflete a folga financeira da empresa e,

dentro de um conceito mais rigoroso, o CCL representa o volume de recursos de

longo prazo (exigibilidade e patrimônio líquido) que se encontra financiando os

ativos correntes (de curto prazo).

Segundo GITMAN (1978), “ a definição mais comum de capital circulante

líquido – CCL é a diferença entre os ativos

circulantes e os passivos circulantes da

empresa. Se os ativos circulantes excederem

os passivos circulantes, a empresa tem CCL.

A maioria das empresas precisam operar

com certo montante de CCL, mas a

quantidade exata depende muito da

indústria. As empresas com fluxos de caixa

muito previsíveis, como as de eletricidade,

podem operar com CCL negativo; contudo,

a maioria das empresas precisa manter

níveis positivos de CCL “. (GITMAN, 1978,

p. 141)

A aplicação do CCL para determinar a liquidez da firma, baseia-se num

fundamento teórico que estabelece que quanto maior for à margem segundo a qual os

ativos circulantes de uma empresa cobrem as suas obrigações de curto prazo

(passivos circulantes), mais capaz ela será de pagar suas contas na data do

vencimento. Contudo, surge um problema, devido aos diversos graus de liquidez

relativos a cada ativo circulante e passivo circulante. Embora os ativos circulantes

não possam ser convertidos em caixa exatamente no momento desejado, quanto maior

for o montante o montante de ativos circulantes, será mais provável converter-se

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alguns ativos circulantes em caixa, para se pagar uma dívida na data de seu

vencimento.

O que torna o CCL necessário é a natureza não-sincrônica dos fluxos de caixa

da empresa. As saídas de caixa resultantes do pagamento de obrigações correntes são

relativamente previsíveis. Em geral, no momento em que se incorre numa obrigação,

fica-se sabendo quando as contas vencem. Por exemplo, quando se compra

mercadorias à prazo, as condições de crédito concedidas à empresa, exigem o

pagamento numa data já estabelecida. A mesma previsibilidade é característica dos

títulos a pagar, ordenados a pagar e juros a pagar, que possuem datas estabelecidas de

pagamento.

A incapacidade da maioria das empresas em confrontar recebimentos com

pagamentos é que torna obrigatório manter fontes de recebimentos (ativos

circulantes) em nível superior às obrigações correntes.

2.2.2. RELAÇÃO ENTRE LUCRATIVIDADE E RISCO NA

ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

Existe uma relação entre lucratividade e risco numa empresa. A lucratividade,

neste contexto é medida pelo lucro líquido, enquanto o risco é medido pela

probabilidade da empresa tornar-se tecnicamente insolvente. O lucro de uma empresa

pode ser aumentado de dois modos: através de um número maior de vendas ou

através da redução de custos. Os custos podem ser reduzidos pagando-se menos por

um item ou serviço, ou usando-se os recursos de maneira proveitosa. Qualquer

redução nos custos deve aumentar o lucro de uma empresa. O lucro pode também

aumentar, investindo-se em ativos mais rentáveis, que possam gerar níveis mais

elevados de vendas. É fundamental compreender como o lucro é aumentado e

reduzido, para se ter idéia da relação entre lucratividade e risco.

Uma das formas mais comuns de se mensurar o risco de insolvência técnica é

através do montante do capital circulante líquido – CCL ou índice de liquidez

corrente. Supõe-se que tanto maior o montante do CCL possuído pela empresa,

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menos risco ela apresenta. Em outras palavras, quanto mais CCL ela tiver, mais

líquida será, portanto, menor será a probabilidade de insolvência técnica.

Para ASSAF NETO & SILVA (1997), “como regra geral, as decisões

financeiras, incluindo aqui aquelas

de capital de giro, são baseadas na

comparação entre risco e retorno”.

(ASSAF NETO & SILVA, 1997: p.

22)

Uma empresa pode decidir minimizar o montante de seus investimentos em

capital circulante como estratégia para reduzir seus custos, notadamente os

provenientes de suas fontes de financiamento.

Neste objetivo de cortar custos e promover maiores lucros, a unidade decisória

envolve-se com o dilema risco-retorno, cuja conciliação traz normalmente conflitos

ao processo decisório. É aceito que tanto maior o CCL mantido por uma empresa,

mais ampla é a sua folga financeira e menor seu risco de insolvência, ou seja,

apresenta-se bastante estreita a relação entre capital de giro, folga financeira e

insolvência.

È preciso não ignorar, por outro lado, que uma maior segurança mantida por

uma folga financeira crescente incorpora um custo de oportunidade mais elevado para

a empresa, pressionando negativamente seus resultados.

Para qualquer volume de atividade, quanto maior o montante de recursos

aplicados em ativos correntes menores, tende a ser a rentabilidade oferecida pelo

investimento e, em contrapartida, menos arriscada se apresenta a política de capital de

giro (maior folga financeira), que promove retornos relativos inferiores àqueles

apurados ao optar-se por uma estrutura financeira de menor liquidez, com o mais

reduzido volume de capital de giro.

De maneira inversa, um montante mais reduzido de CCL, ao mesmo tempo em

que sacrifica a margem de segurança da empresa elevando seu risco de insolvência,

contribui positivamente para a formação da rentabilidade do investimento ao

restringir o volume de fundos imobilizados em ativos de menor rentabilidade.

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Esta relação risco-retorno comporta-se de forma que nenhuma alteração na

liquidez ocorre sem que se promova, em sentido contrário, modificações na

rentabilidade. Assim na definição do nível adequado de recursos a serem

imobilizados em ativos correntes, a empresa deve levar em conta sua opção entre

risco e retorno.

2.2.3. CAPITAL DE GIRO PRÓPRIO, NULO E DE TERCEIROS.

Quando relacionamos os itens circulantes do balanço patrimonial (ativo e

passivo), podemos identificar três situações possíveis de capital de giro.

a) Capital de Giro Nulo - é a reação em que o ativo circulante é igual ao

passivo circulante, ou seja, os haveres, bens e direitos conversíveis no prazo até um

ano são iguais às dívidas ou obrigações exigíveis no mesmo prazo.

b) Capital de Giro Próprio - é a relação em que o ativo circulante é maior do

que o passivo circulante, ou seja, os haveres, bens e direitos conversíveis no prazo de

até um ano são maiores do que as dívidas ou obrigações exigíveis no mesmo prazo.

c) Capital de Giro de Terceiros - é a relação em que o ativo circulante é

menor que o passivo circulante, ou seja, os haveres, bens e direitos conversíveis no

prazo de até um ano são menores do que as dívidas ou obrigações exigíveis no

mesmo prazo.

2.2.4. CAPITAL DE GIRO E LIQUIDEZ

Os indicadores de liquidez medem a capacidade de uma empresa em pagar suas

dívidas exigíveis no prazo de até um ano, exceto a liquidez geral que engloba todas as

obrigações e ativos conversíveis. Em outras palavras, a liquidez é uma medida de

avaliação da capacidade financeira da empresa para satisfazer os compromissos com

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terceiros. São indicadores muito utilizados pelos profissionais de crédito e venda,

principalmente nas decisões de venda a prazo e empréstimos em geral.

2.2.5. LIQUIDEZ GERAL

É a relação entre a soma do ativo circulante (AC) e o realizável a longo (RLP) e

a soma do passivo circulante (PC) com o exigível em longo prazo (ELP).

A liquidez geral demonstra quanto a empresa possui de recursos não

imobilizados em ativo permanente para cada real de dívida total (curto e longo prazo).

Se o índice for menor do que 1, para manter sua liquidez, a empresa dependerá de:

- geração de lucros;

- renovação e/ou renegociação de dívidas;

- alienação de ativo fixo.

2.2.6. LIQUIDEZ CORRENTE

A liquidez corrente mede a relação entre o ativo circulante (AC) e o passivo

circulante (PC), ou seja, o total de haveres e direitos circulantes e as dívidas de curto

prazo.

Demonstra a quantidade de haveres que a empresa possui e podem ser

convertidos em reais no prazo de até um ano, para pagar as dívidas exigíveis com

prazo compatível.

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2.2.7. LIQUIDEZ SECA

A liquidez seca é uma medida mais sensível porque exclui dos haveres, bens e

direitos conversíveis de difícil realização para pagamento das obrigações.

Entre os haveres circulantes que podem ser convertidos em reais no prazo de

até um ano, alguns itens apresentam normalmente baixa liquidez ou

incompatibilidade de conversão em relação aos demos itens:

-Estoques - geralmente, são de difícil conversibilidade em moeda corrente. As

matérias-primas e os produtos em elaboração necessitam ser transformados em

produtos acabados para venda. Os produtos acabados, por sua vez, precisam ser

transformados mediante venda; processo sujeito a variáveis externas como:

comportamento do mercado consumidor; condições da concorrência; restrições

decorrentes da política monetária e creditícia.

-Despesas Antecipadas – são os recursos aplicados em despesas que serão

apropriadas futuramente, tais como: aluguéis, seguros, comissões, contratos de

câmbio, etc.

-Adiantamentos – são os valores entregues a funcionários ou a terceiros;

aquisições de serviços, matérias-primas, produtos, serviços, etc.

Resumindo, a liquidez seca é a “prova de fogo” da aferição da capacidade

financeira a curto prazo.

2.3. FLUXOS DE CAIXA

O instrumento básico de gestão do capital de giro na tesouraria de uma empresa

é o fluxo de caixa, que representa a diferença, em regime de caixa, entre as saídas e

entradas. O fluxo de caixa deve ser elaborado em períodos diários, a fim de propiciar

acompanhamento e planejamento constante do capital de giro.

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Para MARTINS & ASSAF NETO (1986), “ A administração de caixa visa,

fundamentalmente, manter uma

liquidez imediata necessária para

suportar as atividades de uma

empresa. Por não apresentar nenhum

retorno operacional explícito, o salde

de caixa ideal deveria ser nulo.

Evidentemente, essa posição extrema

é inviável, já que a empresa precisa

normalmente manter certo nível de

caixa para, entre outras razões, fazer

frente à incerteza associada ao seu

fluxo de recebimentos e

pagamentos”. (MARTINS & ASSAF

NETO, 1986: p. 298).

Segundo ASSAF NETO & SILVA (1997), “Os contextos econômicos

modernos de concorrência de

mercado exigem das empresas maior

eficiência na gestão financeira de

seus recursos, não cabendo

indecisões sobre o que fazer com

eles. Sabidamente, uma boa gestão

de recursos financeiros reduz

substancialmente a necessidade de

capital de giro, promovendo maiores

lucros pela redução principalmente

das despesas financeiras”. (ASSAF

NETO & SILVA, 1997: p.35).

Em verdade, a atividade financeira de uma empresa requer acompanhamento

permanente de seus resultados, de maneira a avaliar seu desempenho, bem como

proceder aos ajustes e correções necessários. O objetivo básico da função financeira é

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prover a empresa de recursos de caixa suficientes de modo a respeitar os vários

compromissos assumidos e promover a maximização de seus lucros.

É neste contexto que se destaca o fluxo de caixa como um instrumento que

possibilita o planejamento e o controle dos recursos financeiros de uma empresa.

Gerencialmente, é indispensável ainda em todo o processo todo o processo de tomada

de decisões financeiras.

Conceitualmente, o fluxo de caixa é um instrumento que relaciona os ingressos

e saídas (desembolsos) e recursos monetários no âmbito de uma empresa em

determinado intervalo de tempo. A partir da elaboração do fluxo de caixa é possível

prognosticar eventuais excedentes de escassez de caixa, determinando-se medidas

saneadoras a serem tomadas.

O fluxo de caixa é de fundamental importância para as empresas, constituindo-se

numa indispensável sinalização de rumos financeiros dos negócios. Para se manterem

em operação, as empresas devem liquidar corretamente seus vários compromissos,

devendo como condição básica apresentar o respectivo saldo em seu caixa nos

momentos dos vencimentos. A insuficiência de caixa pode determinar cortes nos

créditos, suspensão de entregas de materiais e mercadorias, e ser causa de uma séria

descontinuidade em suas operações.

O conflito básico da administração financeira resume-se no conhecido dilema

risco x retorno. A manutenção de saldos de caixa propicia folga financeira imediata à

empresa, revelando melhor capacidade de pagamento de suas obrigações. Neste

posicionamento, a administração não deve manter suas reservas de caixa em níveis

elevados como forma de maximizar a liquidez. Ao contrário, deve buscar um volume

mais adequado de caixa sob pena de incorrer em custos de oportunidades crescente. É

indispensável que a empresa avalie criteriosamente seu ciclo operacional. De maneira

a sincronizar as características de sua atividade com o desempenho do caixa.

Os fluxos de caixa costumam apresentar-se sob diferentes formas: restritos,

operacionais e residuais, podendo ainda relacionar o conjunto das atividades

financeiras da empresa dentro de um sentido amplo, decorrente das operações.

É importante que se avalie também que limitações de caixa não se constituem

em característica exclusiva de empresas que convivem com prejuízo. Empresas

lucrativas podem também apresentar problemas de caixa como conseqüência do

comportamento de seu ciclo operacional, Por outro lado, problemas de caixa

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costumam ocorrer, ainda, em lançamentos de novos produtos, fases de expansão de

atividades, modernização produtiva, etc.

GITMAN (1978, p. 159), recomenda que as estratégias básicas que devem ser

seguidas pela empresa na administração eficiente de caixa são:

- Retardar, tanto quanto possível, o pagamento de duplicatas a pagar, sem

prejudicar o conceito de crédito da empresa, aproveitando, porém, quaisquer

descontos financeiros favoráveis;

- Girar os estoques com a maior rapidez possível, evitando faltas de estoques

que podem resultar em interrupção na linha de produção ou numa perda de vendas;

- Receber o mais cedo possível as duplicatas a receber, sem perder vendas

futuras, devido a técnicas severas de cobranças. Os descontos financeiros, se

economicamente justificáveis, podem ser usados para realizar este objetivo.

As implicações gerais dessas estratégias para a empresa podem ser

demonstradas, visualizando-se o processo de fluxo de caixa.

2.3.1. ABRANGÊNCIA DO FLUXO DE CAIXA

Comenta ASSAF NETO & SILVA (1997, p. 37), que o fluxo de caixa descreve

as diversas movimentações financeiras da empresa em determinado período de

tempo, e sua determinação tem por objetivo preservar uma liquidez imediata essencial

à manutenção das atividades da empresa. Por não incorporar explicitamente um

retorno operacional, seu saldo deve ser o mais baixo possível, o suficiente para cobrir

as várias necessidades associadas aos fluxos de recebimentos e pagamentos. Deve-se

ter em conta que os saldos mais reduzidos de caixa podem provocar, entre outras

conseqüências, perdas de descontos financeiros vantajosos pela incapacidade de

efetuar compras a vista junto dos fornecedores. Por outro lado, posições de mais

elevada liquidez imediata, ao seu tempo que promovem segurança financeira para a

empresa, apuram maior custo de oportunidade. Em essência, este é o dilema risco e

rentabilidade presentes nas finanças das empresas.

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42

Ao apurar o saldo líquido destes fluxos monetários, o instrumento do fluxo de

caixa permite que se estabeleçam prognósticos com relação a eventuais sobras ou

faltas de recurso, em função do nível de caixa desejado pelas empresas.

O fluxo de caixa não deve ser enforcado como uma preocupação exclusiva da

área financeira. Mais efetivamente, deve haver comprometimento de todos os setores

empresariais com os resultados líquidos de caixa, destacando-se:

- A área de produção ao promover alterações nos prazos de fabricação dos

produtos, determina novas alterações nas necessidades de caixa. De forma idêntica, os

custos de produção têm importante reflexos sobre o caixa;

- As decisões de compras devem ser tomadas de maneira ajustada com a

existência de saldos disponíveis de caixa. Em outras palavras, deve haver

preocupação com relação a sincronização dos fluxos de caixa, avaliando-se os prazos

concedidos para pagamento das compras com aqueles estabelecidos para recebimento

de vendas;

- Políticas de cobrança mais ágeis e eficientes, ao permitirem colocar recursos

financeiros mais rapidamente à disposição da empresa, constituem-se em importante

reforço de caixa;

- A área de venda, junto com a meta de crescimento da atividade comercial,

deve manter um controle mais próximo sobre os prazos concedidos e hábitos de

pagamentos de clientes, de maneira a não pressionar negativamente o fluxo de caixa.

Em outras palavras, é recomendado que toda decisão envolvendo vendas deva ser

tomada somente após uma prévia avaliação de suas implicações sobre os resultados

de caixa (exemplo: prazo de cobrança, despesas com publicidade e propaganda, etc.);

- A área financeira deve avaliar criteriosamente o perfil de seu endividamento,

de forma que os desembolsos necessários ocorram concomitantemente à geração de

caixa da empresa.

Uma adequada administração dos fluxos de caixa pressupõe a obtenção de

resultados positivos para a empresa, devendo ser focalizada como um segmento

lucrativo para seus negócios. A melhor capacidade de geração de recursos de caixa

promove, ente outros benefícios à empresa, menor necessidade de financiamento dos

investimentos em giro, reduzindo seus custos financeiros.

Dessa forma, o objetivo fundamental para o gerenciamento dos fluxos de caixa

é atribuir maior rapidez às entradas de caixa em relação aos desembolsos ou, da

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mesma forma, aperfeiçoar a compatibilização entre a posição financeira da empresa e

suas obrigações correntes.

As principais áreas que podem contribuir para o melhor desempenho do fluxo

de caixa, acelerando os ingressos ou retardando os desembolsos, inserem-se

basicamente nas fases de ciclo operacional. É sabido que a extensão do ciclo

operacional é fator determinante das necessidades de recursos do ativo circulante. Ele

é determinado através de:

- Negociações com fornecedores e outros credores visando alongar os prazos de

pagamento;

- Medidas mais eficientes de valores a receber, sem prejuízo de vendas futuras,

objetivando reduzir o volume de clientes em atraso e inadimplentes;

- Decisões tomadas nas áreas com intuito de diminuir os estoques e incrementar

seu giro;

Concessão de descontos financeiros, sempre que economicamente justificados,

na expectativa de redução dos prazos de recebimentos das vendas, etc.

Os sistemas de cobrança, por seu lado, devem ser avaliados com base em sua

facilidade de pagamento e rapidez de emissão e entrega das faturas e duplicatas aos

seus clientes. A Agilidade do sistema revela-se mais indispensável, ainda, no caso de

clientes que pagam somente em determinado dia do mês, ou que apresentam um

processo lento de pagamento.

De maneira ampla, o fluxo de caixa é um processo pelo qual uma empresa gera

e amplia seus recursos de caixa determinados pelas várias atividades desenvolvidas.

Neste enfoque, ainda, o fluxo de caixa focaliza a empresa como um todo, tratando das

mais diversas entradas e saídas de caixa refletidas por seus negócios.

2.3.2. ADMINISTRAÇÃO DE VALORES A RECEBER

Crédito diz respeito à troca de bens presentes por bens futuros. De um lado,

uma empresa que concede crédito, troca produtos por uma promessa de pagamento

futuro. Já uma empresa que obtém crédito recebe produtos e assume o compromisso

de efetuar o pagamento no futuro.

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Para MARTINS (1986), “ talvez o principal insumo a ser estudado na definição de

uma política global de crédito diga respeito

à análise do risco das vendas a prazo, ou

seja, a decisão sobre qual o tratamento que

deve ser dispensado às solicitações de

crédito, à definição dos prazos e aos critérios

de cobrança de clientes. Como conseqüência

também dessas decisões deve a empresa

definir os principais parâmetros de risco que

estaria disposta a assumir ”. (MARTINS,

1986: p. 327)

O resultado de uma operação de crédito refere-se ao compromisso assumido

pelo comprador em quitar em quitar sua dívida. Este compromisso pode estar

expresso num instrumento como duplicata a receber, nota promissória, cheque pré-

datado, comprovante de venda por cartão de crédito, etc.

Num mercado de capitais eficiente não deveria existir a figura da concessão de

crédito. Caso um comprador precisasse de recursos para adquirir o produto, este

financiamento poderia ser obtido em qualquer instituição financeira, a determinada

taxa de juros.

Esta visão teórica, no entanto, não confirmada pelo dia-a-dia das empresas, em

que se evidencia a importância e necessidade da gestão de valores a receber. Isto

acontece mesmo numa economia inflacionária, em que a concessão de crédito poderia

implicar arcar com perdas com a desvalorização da moeda.

Os títulos, cheques e duplicatas a receber representam um investimento

considerável para a maioria das empresas. A administração eficiente desses recebíveis

pode proporcionar uma economia razoável para a empresa. O objetivo global da

empresa em relação à administração de valores a receber, não deve ser simplesmente

receber os títulos o mais rápido possível; deve-se também considerar as relações de

benefício-custo envolvidas nas várias áreas da administração de valores a receber.

Essas áreas são as determinações de política de crédito, condições de crédito e

políticas de cobrança.

As políticas de crédito têm duas dimensões: os padrões de crédito e a análise de

crédito. A empresa precisa determinar o nível adequado de risco a aceitar, de modo a

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maximizar o lucro. As relações básicas aqui são os custos de esforços administrativos,

período de cobrança, o nível de perdas com devedores incobráveis, e o nível de

vendas. Sempre que os padrões de crédito forem afrouxados ou arrochados, é preciso

considerar essas variáveis. A análise de crédito, embora não seja uma ciência exata,

trata da obtenção e avaliação das informações de crédito a respeito dos solicitantes de

crédito, a fim de determinar se eles podem satisfazer os padrões de crédito da

empresa. O julgamento subjetivo do gerente de crédito é um insumo importante para

a decisão de crédito.

As condições de crédito têm três componentes: o desconto financeiro, o período

do desconto financeiro e o período de crédito. Variações em cada uma dessas

variáveis afetam as vendas, o lucro, o período médio de cobrança e a despesa com

devedores duvidosos da empresa. O efeito exato de uma medida tomada para se

alterar qualquer dos três componentes das condições de crédito, depende da direção e

do grau da variação. Há técnicas analíticas para avaliar tais decisões, ponderando as

relações benefício-custo.

As políticas de cobrança determinam o tipo e grau do esforço para receber as

duplicatas e títulos vencidos. As decisões com relação ao nível dos esforços de

cobrança e dos benefícios oriundos da redução de períodos de cobrança e da

diminuição de devedores incobráveis. Existe um ponto além do quais os dispêndios

adicionais com cobrança não dão um retorno suficiente; a empresa deve conhecer

esse ponto. Existem procedimentos quantitativos para avaliar as políticas de cobrança.

São bastante semelhantes aos usados para avaliar padrões de crédito e condições de

crédito. Os procedimentos básicos de cobrança são cartas, ligações telefônicas, visitas

pessoais, a utilização de agências de cobrança e a ação judicial. Os métodos

efetivamente usados dependem da empresa. Com o uso generalizado de

computadores, grande parte do processo de cobrança (considerado como parte do

processo de envio de duplicatas) foi automatizada, eliminado assim, muito serviço

burocrático exigido antes.

A venda a prazo pode ser justificada como importante estratégia de mercado. É

bastante comum, particularmente no varejo, o uso da venda a prazo, visando

proporcionar um volume médio de venda superior à venda a vista. Nesta situação, a

empresa pode optar por oferecer crédito como forma de incentivar as vendas por

impulso.

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As possíveis razões da venda a prazo não respondem isoladamente pela

existência de crédito. Na prática, observa-se que cada situação pode prevalecer uma

possível razão para que a empresa admita vender a prazo.

2.4. AVALIZÇÃO DA ESTRUTURA FINANCEIRA DAS

EMPRESAS E DIMENSIONAMENTO DOS INVESTIMENTOS

EM CAPITAL DE GIRO.

A integração da empresa com o ambiente externo é fundamental, pois, a cada

momento, recebe informações vitais para sua sobrevivência. As informações

constituem a nova moeda da sociedade econômica.

A análise da empresa, com ênfase nos subsistemas e no ambiente externo,

denominá-se “Enfoque Sistêmico” e tem sua atenção voltada para a liquidez. Uma

boa liquidez sugere empresa em franco desenvolvimento, pois sua sobrevivência

interessa a toda a sociedade (acionistas, financiadores, empregados, fornecedores,

clientes e governo).

2.4.1. A NECESSIDADE DE INVESTIMENTOS EM CAPITAL DE

GIRO

A análise da liquidez envolve basicamente o conhecimento da capacidade

financeira de uma empresa em liquidar seus diversos compromissos passivos nos

prazos pactuados. Para essa finalidade, são utilizados diversos indicadores

operacionais de avaliação da liquidez, como liquidez corrente, liquidez seca geral,

etc.

Não obstante sua importância e uso generalizado, esses indicadores não

costumam fornecer informações mais conclusivas a respeito de determinada evolução

na posição financeira corrente e esperada da empresa, omitindo principalmente as

efetivas necessidades de investimentos em capital de giro.

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Segundo ASSEF NETO & SILVA (1997), “ Uma importante metodologia de

estudo da posição de equilíbrio de uma

empresa é aquela baseada na distinção de

seus ativos e passivos circulantes em itens

operacionais (ou cíclicos) e financeiros.

Além de proporcionar uma avaliação mais

analítica da posição financeira da empresa, o

critério permite ainda de maneira

relativamente simples e dinâmica, que se

identifiquem as efetivas necessidades de

capital de giro da empresa, ou seja, o

volume de investimento operacional em giro

adequado ao seu equilíbrio financeiro “.

(ASSEF NETO & SILVA, 1997:p.53).

O método acima enfocado, que permite com bastante precisão técnica avaliar e

conhecer melhor a estrutura financeira das empresas é conhecido por Necessidade de

Capital de Giro – NCG. É importante ressaltar o caráter dinâmico da análise, em

conjunto com a posição mais estática das medidas financeiras mais convencionais.

A análise da necessidade de capital de giro – NCG, também chamada de

Investimento Operacional em Giro – IOG, enfoca o ciclo operacional do sistema

empresa, tendo como referencial de pesquisa os seus demonstrativos financeiros. A

ênfase será sobre as aplicações e fontes cíclicas.

A rigor, nada na empresa é literalmente espontâneo e não oneroso. Contudo, a

concessão e a obtenção de certos recursos e ou regalias decorrem, fundamentalmente,

no mero custo/benefício/oportunidade da presença da empresa no mercado. Em outras

palavras: para participar de determinada atividade é preciso que as organizações se

amoldem às práticas peculiares do mercado.

Para o processo de avaliação das necessidades de capital de giro é

indispensável que se quantifiquem, a partir da estrutura patrimonial da empresa, os

grupos classificados como circulante operacional, circulante financeiro e permanente

(não-cíclico).

O ativo circulante financeiro (caixa, banco e aplicações financeiras) é formado

sem apresentar necessariamente um vínculo direto com o ciclo operacional da

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empresa, não denota, por conseguinte, qualquer comportamento preestabelecido,

variando mais diretamente em função da conjuntura e do risco de maior ou menor

liquidez que a empresa deseja assumir.

O ativo circulante operacional (duplicatas a receber, estoques, adiantamentos d

despesas, do exercício seguinte) é composto de valores que mantêm estreita relação

com a atividade operacional da empresa. Estes elementos influenciados pelo volume

de negócios (produção e vendas) e características das fases do ciclo operacional

(condições de recebimentos das vendas e dos pagamentos a fornecedores, prazo de

estocagem).

Pelas características básicas enunciadas, os ativos circulantes operacionais

devem manter coerência com o ciclo operacional da empresa, de forma que o volume

dos investimentos nestes itens seja representativo de suas necessidades de

investimento em capital de giro.

O investimento fixo (ativo permanente e realizável a longo prazo) inclui os

direitos a receber da empresa a longo prazo e o ativo permanente propriamente dito.

São valores inscritos tipicamente como de longo prazo ( não circulante).

O passivo circulante financeiro (empréstimos bancários, financiamentos,

duplicatas descontadas, dividendos e imposto de renda), inclui as dívidas da empresa

junto a instituições financeiras e outras obrigações que também não apresentam

nenhuma vinculação direta com sua atividade operacional. Alterações que venham a

ocorrer no volume de atividade ou nas fases operacionais não repercutem diretamente

sobre o passivo financeiro, refletindo, estas variações basicamente sobre os elementos

cíclicos.

O passivo circulante representa as obrigações de curto prazo identificadas

diretamente com o ciclo operacional da empresa. As características de formação

dessas contas são similares as do ativo circulante operacional definido anteriormente,

representando as dívidas de funcionamento (operacionais) da empresa.

O passivo permanente compõe-se das fontes de financiamento em longo prazo

próprias (patrimônio líquido) e de terceiros (exigibilidades) cuja importância no

equilíbrio financeiro de uma empresa é financiar necessidades permanentes de

recursos.

Diante da descrição acima, os ativos circulantes operacionais representam, em

essência, os investimentos que a empresa deve efetuar em itens operacionais de giro,

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ou seja, em valores a receber (motivados por vendas a prazo), estoques (determinados

pelas necessidades de estocagem) e despesas operacionais incorridas, porém de

competência do exercício seguinte.

Subtraindo-se desse total os respectivos financiamentos operacionais (passivo

de funcionamento), como fornecedores, salários e respectivos encargos sociais,

impostos indiretos e taxas a pagar, obrigações que fundamentalmente compõem o

passivo circulante operacional, chega-se ao valor do ativo circulante operacional

líquido, que representa a efetiva necessidade de capital de giro – NCG – da empresa.

Em outras palavras, quando a atividade operacional da empresa criar um fluxo

de saídas de caixa mais rápido que o da entrada (os pagamentos dos fatores de

produção ocorrem antes do recebimento da venda), identificando-se claramente uma

necessidade permanente de investimento em seu giro, que é apurada pela diferença

existente entre os ativos e passivos cíclicos ou seja:

Necessidade de Capital de Giro (NCG) ou Investimento Operacional em

Giro (IOG) = Ativo Circulante Operacional. (-) Passivo Circulante Operacional.

Por outro lado, a necessidade de investimento em capital de giro pode também

ser negativa, evidenciando-se neste caso um excesso de funcionamento, fontes

operacionais de fundo, em relação aos investimentos operacionais circulantes. Esta

situação denota, de maneira inversa, que os passivos de funcionamento se encontram

financiando não somente os ativos circulantes operacionais, mas também outros

elementos do ativo. É o caso, por exemplo, de uma empresa que adquire uma

mercadoria para pagamento em 60 dias, e a vende e recebe em 40 dias, direcionando

os recursos levantados para fora do âmbito circulante.

Deve ser observado que o nível necessário de investimento em capital de giro é

influenciado pelo ciclo financeiro da empresa, ocorrendo maior demanda de recursos

quanto mais longos seus prazos se apresentarem. Alongamento nos prazos de

cobrança, por exemplo, elevam naturalmente a necessidade de investimento

operacional em giro. Empresas com ciclo financeiro mais curto exigem, em

contrapartida, menores investimentos em ativos circulantes operacionais,

demandando pela maior rotação de seus elementos, menor necessidade de

investimento em capital de giro.

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Da mesma forma, alterações que venham a produzir-se nas fases operacionais

também modificam o volume de capital necessário ao giro. Ao se verificarem

reduções nos prazos de pagamentos a fornecedores, ou acréscimos nos prazos de

estocagem e cobrança, para citar alguns exemplos, o investimento necessário em

capital de giro eleva-se, indicando maior demanda por recursos permanentes de

financiamento (exigível a longo prazo e patrimônio líquido).

2.4.2. CAPITAL DE GIRO, LIQUIDEZ E INDICADORES

OPERACIONAIS.

Capital de giro e liquidez possuem estreita ligação, a medida que ambos

relacionam itens circulantes do balanço patrimonial. Alem dessa ligação, o capital de

giro depende ainda do comportamento de alguns indicadores operacionais.

Podemos definir como indicadores operacionais aqueles que medem os ciclos

de atividades dentro do ciclo operacional da empresa.

Por outro lado, os indicadores de prazos médios, também conhecidos com

índices de atividade, indicam a dinâmica de algumas verbas do patrimônio, isto é,

quantos dias elas levam para girar durante o exercício (rotação). Não devem ser

analisados individualmente, mas sempre em conjunto.

A análise dos prazos médios constitui importante instrumento para se conhecer

a política de compra e venda adotada pela empresa. A partir dela pode-se constatar a

eficiência com que os recursos estão sendo administrados (duplicatas a receber,

estoques e fornecedores).

2.4.3. CICLO OPERACIONAL (CO)

O ciclo operacional indica o tempo decorrido entre o momento em que a

empresa adquire as matérias-primas/mercadorias e o momento em que recebe o

dinheiro relativo às vendas. É expresso da seguinte maneira:

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Ciclo Operacional = Prazo Médio de Estocagem + Prazo médio de

Recebimentos.

2.4.4. CICLO FINANCEIRO (CF)

Integrado ao ciclo operacional temos o ciclo financeiro, que representa

basicamente o ciclo de recursos financeiros na atividade operacional da empresa.

O ciclo financeiro é o tempo decorrido ente o instante do pagamento dos

fornecedores pelas mercadorias adquiridas e o recebimento pelas vendas efetuadas. É

o período em que a empresa necessita de financiamento complementar do seu ciclo

operacional.

Revela-se pela seguinte fórmula:

Ciclo Financeiro = Prazo Médio de Estocagem + Prazo Médio de

Recebimentos (-) Prazo Médio de Compras.

2.4.5. PRAZO MÉDIO DE COMPRAS (PMC)

O prazo médio de compras exprime o prazo que a empresa vem obtendo de

seus fornecedores para pagamento das compras de matérias-primas e/ou mercadorias.

Assim, podemos dizer que o prazo médio de compras é o número de dias que

decorre, em média, entre a compra e o respectivo pagamento.

Quanto maior for o PMC, melhor será a situação da empresa, pois estará

financiando o seu giro com recursos não onerosos. É dado pela fórmula:

Prazo Médio de Compras = Fornecedores : Montante de Compras x 360

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2.4.6. PRAZO MÉDIO DE ESTOQUES

Exprime o número de dias, em média, em que os estoques são renovados

(vendidos).

Assim, prazo médio de estoques é o número de dias que decorre, em média,

ente a compra e a venda ou, também, o número de dias, em média, em que os

estoques ficam parados na empresa. Considera-se ideal que os estoques girem o mais

rápido possível. Revela-se pela fórmula:

Prazo Médio de Estoques = Estoques : Custo dos Produtos Vendidos x 360

2.4.7. PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTOS

Exprime o prazo médio de recebimentos das vendas totais da empresa,

indicando o tempo decorrido entre as vendas de seus produtos e o efetivo ingresso de

recursos. O ideal é que o recebimento das vendas se efetue no menor prazo possível.

Revela-se pela fórmula:

Prazo Médio de Recebimentos = Clientes : Receita Operacional Bruta x

360.

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CAPÍTULO III

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METODOLOGIA BÁSICA DE PLANEJAMENTO E

CONTROLE DO CAPITAL DE GIRO NAS EMPRESAS

3.1. CAPITAL DE GIRO E RENTABILIDADE

A rentabilidade positiva pode contribuir para melhorar a situação econômica da

empresa. Isso ocorre quando os lucros forem reinvestidos, aumentando, assim, seu

patrimônio líquido (processo dinâmico), e, por conseguinte diminuindo a necessidade

de recursos de terceiros. Por outro lado, os prejuízos produzem reflexos negativos na

situação econômica, uma vez que corroem o patrimônio líquido, aumentando a

necessidade de recursos de terceiros.

As empresas brasileiras que recorrem a capital de giro de terceiros ou a fonte e

mecanismos de financiamento precisam analisar cuidadosamente a relação existente

entre o custo do capital de giro e a rentabilidade proporcionada em sua operação:

atividade operacional.

3.1.1. ALAVANCAGEM FINANCEIRA

O termo alavancagem é bastante usado para descrever a capacidade que a

empresa possui para usar ativos ou fundos com um custo fixo, a fim de aumentar os

retornos de seus proprietários. A alavancagem crescente eleva a incerteza de retornos

e, ao mesmo tempo, amplia a grandeza do possível retorno.

MARTINS & ASSAF NETO (1985), definem alavancagem financeira como “o

efeito de tomar, numa ponta, recursos de

terceiros a um custo y, aplicando-se na outra

ponta (nos ativos) a uma taxa x; a diferença

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vai para os proprietários e altera o retorno

sobre o patrimônio líquido, para mais ou

para menos do que aquele que seria obtido

caso todo o investimento fosse feito apenas

com recursos próprios”. ( MARTINS &

ASSAF NETO, 1985).

A alavancagem financeira resulta da presença de encargos financeiros fixos no

fluxo de lucros da empresa. Esses encargos não variam com o “lucro antes de juros e

imposto de renda” da empresa.

Portanto, a alavancagem financeira é definida como a capacidade da empresa

usar custos financeiros fixos para maximizar os efeitos das variações no “lucro antes

do importo de renda”. Quanto maiores forem os custos financeiros fixos, maior será a

sua alavancagem financeira.

O Grau de Alavancagem Financeira – GAF é revelada pela seguinte fórmula:

GAF = (LL + DP: PLm) : (LL + DP + DF : ATm), Onde:

- GAF = Grau de Alavancagem Financeira;

- LL = Lucro Líquido do Exercício;

- PLm = Patrimônio Líquido Médio;

- DF = Despesas Financeiras;

- DP = Dividendos e Participações (distribuídos);

- Atm = Ativo Total Médio.

Em última análise, o Grau de Alavancagem Financeira resume-se na

comparação entre rentabilidade do patrimônio líquido e a rentabilidade dos

investimentos.

Na utilização da fórmula acima descrita, sempre que o Grau de Alavancagem

Financeira – GAF for inferior à unidade, revela que as despesas financeiras incidentes

sobre os capitais de terceiros onerosos afetaram o resultado da empresa, provocando

redução da rentabilidade dos capitais próprios.

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Quando o Grau de Alavancagem Financeira – GAF for igual a unidade,

evidencia que a empresa não utilizou recursos de terceiros, ou então, que os encargos

financeiros incidentes não influenciam na rentabilidade do Patrimônio Líquido,

revelando que os ganhos da empresa obtidos pela aplicação dos recursos onerosos

foram exatamente iguais aos juros pagos.

Por outro lado, se o Grau de Alavancagem Financeira – GAF for superior à

unidade, indica que os capitais de terceiros onerosos alavancaram a rentabilidade dos

capitais próprios. Isto ocorre quando os juros incidentes sobre os recursos de terceiros

forem inferiores aos ganhos que a empresa obtém com sua utilização.

3.2. APURAÇÃO E ANÁLISE DO FLUXO DE CAIXA

De acordo com MARTINS & ASSAF NETO (1986), ”A administração de

caixa visa, fundamentalmente, manter uma

liquidez imediata necessária para suportar as

atividades de uma empresa. Por não

apresentar nenhum retorno operacional

explicito, o saldo de caixa ideal deveria ser

nulo. Evidentemente, essa posição extrema é

inevitável, já que a empresa precisa

normalmente manter certo nível de caixa

para, entre outras razões, fazer frente à

incerteza associada ao seu fluxo de

recebimentos e pagamentos”.(MARTINS

&ASSAF NETO, 1986: p. 298).

Para uma eficiente administração de caixa, se faz necessário que as

organizações adotem um modelo como padrão para apuração ao fluxo de caixa.

O demonstrativo das origens e aplicações de caixa, que permite analise as

movimentações dos recursos financeiros que foram manuseados pela empresa e que

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resultaram em determinada variação em seu saldo final de caixa. As origens ou fontes

de recursos são identificadas em aumentos de passivos e patrimônio líquido e

reduções de ativos, tais como valores a pagar, em dívidas por financiamentos e em

empréstimos bancários, aporte de capital acionário, venda de imobilizado, etc. As

aplicações ou usos de recursos ocorrem por incrementos nos ativos ou reduções de

passivos e patrimônio líquido, como compras do imobilizado e outros bens

permanentes, amortizações de dívidas, pagamentos de dividendos, etc.

De maneira simplista, a elaboração do fluxo de caixa processa-se pela

comparação de demonstrativos contábeis de inicio e fim de período. Um nível maior

de detalhamento e qualidade do relatório gerado que ocorre somente pelo acesso a

informações adicionais àquelas produzidas pelos demonstrativos convencionais,

revelando-se os vários movimentos de caixa.

3.2.1. MODELO DO CAIXA MÍNIMO OPERACIONAL

Uma forma simples de estabelecer o montante de recursos que uma empresa

deverá manter em caixa é através do Caixa Mínimo Operacional. Esta técnica, pouco

sofisticada, pode ser útil no estabelecimento de um padrão do investimento em caixa.

Para obter o Caixa Mínimo Operacional, basta dividir os desembolsos totais

previstos por seu giro de caixa. Por sua vez, para obter o giro de caixa, basta dividir

por 360, se a base for em dias e o período de projeção for de um ano, pelo ciclo de

caixa ( ciclo financeiro). Relembrando, o ciclo d caixa de uma empresa corresponde

ao período compreendido entre o pagamento da compra da matéria-prima até o

momento do recebimento das vendas.

Pode-se dizer que, quanto maior for o giro de caixa e, consequentemente menor

o ciclo financeiro, mais reduzido se apresentam às quantidades exigidas para o caixa.

Na busca da administração de caixa mais eficiente, a empresa deve procurar, dentro

das condições de seus negócios, maximizarem o giro do seu caixa. Com isso, como o

Caixa Mínimo Operacional é obtido pela divisão dos pagamentos pelo giro, um giro

de caixa alto gera uma necessidade menor de caixa operacional.

O fluxo de caixa operacional representa basicamente os resultados financeiros

(no sentido estrito de caixa) produzidos pelos ativos identificados diretamente na

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atividade da empresa. Constitui-se, em outras palavras, numa medida dos recursos

financeiros gerados pelas atividades estritamente operacionais e disponíveis em

termos de caixa.

Uma das mais importantes aplicações gerenciais do fluxo de caixa operacional

é permitir o estabelecimento periódico dos valores máximos, suportáveis pela geração

interna de caixa da empresa, de amortização de dívidas. O que se pode extrair, em

outras palavras, com as informações contidas neste fluxo de fundos é a possibilidade

de adequar melhor perfil de pagamento dos passivos da empresa com a sua

capacidade de geração de caixa.

O caixa mínimo operacional, por sua simplicidade de cálculo, oferece alguns

inconvenientes técnicos e por isso deve ser adotado com certos cuidados pela

empresa, avaliando-se principalmente se suas características se adequam à realidade

de seus negócios.

3.2.2. FLUXO DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO

A Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos – DOAR - descreve o

fluxo do capital circulante líquido de uma empresa. Através deste relatório, podem ser

avaliadas as transações que promoveram variações no saldo do Capital Circulante

Líquido – CCL e, consequentemente, na posição de folga financeira da empresa.

Em sentido mais amplo, a DOAR permite que se identifique os fluxos

financeiros que promoveram alterações no CCL, indicando suas origens (aumentos do

CCL) e aplicações (redução do CCL).

Identicamente ao fluxo de caixa, deve ser considerado que não são todas as

transações que afetam o CCL. Por exemplo, pagamento de dívidas de curto prazo e

compras de estoques são operações verificadas no âmbito exclusivo do circulante, não

promovendo modificações no valor do CCL. Da mesma forma, a liquidação de uma

exigibilidade a longo prazo, através da obtenção de um financiamento também de

longo prazo e mesmo montante, é operação que envolve unicamente itens de longo

prazo, e não exerce nenhuma influência no nível do capital circulante líquido.

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3.3. ANÁLISE DA ESTRUTURA FINANCEIRA E POSIÇÃO DE

EQUILÍBRIO DA EMPRESA.

3.3.1. METODOLOGIA DE APURAÇÃO DA NECESSIDADE DE

INVESTIMENTO DE CAPITAL DE GIRO.

A Análise da Necessidade de Investimento em Capital de Giro – NIG, também

chamada de Investimento Operacional em Giro – IOG, enfoca o ciclo operacional do

sistema empresa, tendo como referencial de pesquisa os seus demonstrativos

financeiros. A ênfase será sobre as aplicações e fontes cíclicas.

A necessidade de Investimento em Capital de Giro – NIG, ou Investimento

Operacional em Giro – IOG, é a diferença entre as aplicações cíclicas (Ativo

Circulante Cíclico – ACC) e as fontes cíclicas (Passivo Circulante Cíclico – PCC),

que se renovam automaticamente no dia-a-dia e estão intimamente ligadas às

atividades da empresa e que ocorrem de forma espontânea e natural.

Aplicações Cíclicas – ACC - é o somatório das seguintes contas:

- Duplicatas a Receber (menos provisão para devedores duvidosos);

- Estoque ( matéria-prima, produtos em elaboração e produtos acabados);

- Adiantamento a Fornecedores;

- Mercadorias em Trânsito;

- Importações em Curso (de matéria-prima);

- Despesas Antecipadas.

Fontes Cíclicas – PCC - é o somatório das seguintes contas:

- Fornecedores (de matéria-prima/mercadorias);

- Salários a Pagar e Comissões a Pagar;

- Encargos Sociais a Recolher (INSS, FGTS, etc.);

- Imposto de Renda Retido na Fonte (sobre a folha de pagamento);

- Contas a pagar (referentes despesas operacionais);

- Adiantamento de Clientes;

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- Imposto a Pagar.

A Necessidade de Investimento em Capital de Giro – NIG revela-se pela

seguinte fórmula:

NIG = Aplicações Cíclicas (-) Fontes Cíclicas.

Quando o resultado for positivo, significa que a empresa tem necessidades de

capital de giro, que deverá ser obtido junto a seus proprietários ou junto a terceiros

(onerosos).

O resultado sendo Negativo significa que a empresa dispõe de sobra de

recursos para o giro, que poderá ser destinada a aplicação no mercado financeiro ou

financiar itens do ativo permanente.

3.3.2. FONTES DE COBERTURA DA NIG

Como visto acima, a empresa NIG negativa não necessita de financiamento

bancário. Ao contrário, é indicativo de sobra de recursos para aplicar no mercado

financeiro, caso não tenha optado por investimentos no Ativo Permanente ou

distribuição de lucros. Quando a NIG é positiva a empresa tem de buscar recursos

próprios ou de terceiros (onerosos) para completar seu capital de giro.

Fontes Onerosas – O que caracteriza essa fonte é o custo financeiro dos

recursos alocados no giro. Geralmente, a empresa recorre a bancos para financiar essa

parcela de NIG.

Há que se ter presente que eventuais parcelas lançadas inicialmente em Fontes

Cíclicas, poderão ser classificadas como onerosas. É o caso, por exemplo, de tributos

e impostos não pagos nas datas certas. A partir daí, há incidência de correção, juros e

multa, descaracterizando, por conseguinte, sua condição natural de espontânea.

Fonte Operacional – no decorrer do exercício social podem, e devem,

acontecer lucros. Esses lucros, acrescidos das despesas não monetárias constantes dos

custos dos produtos vendidos ( depreciação, por exemplo), vão sendo incorporados à

conta caixa, quando do recebimento das vendas e, consequentemente, agregando-se

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giro dos negócios da empresa, constituindo-se fonte operacional de financiamento da

NIG.

No final do exercício, o lucro líquido expresso na Demonstração de Resultados

do Exercício – DRE deve receber ajustes no sentido de se conhecer efetivamente o

montante financeiro dessas fontes naturais.

3.3.3. NECESSIDADE DE INVESTIMENTO EM CAPITAL DE

GIRO E SALDO DISPONÍVEL.

De acordo com ASSAF NETO & SILVA (1997), “ Os ativos circulantes

operacionais representam, em essência, os

investimentos que a empresa deve efetuar em itens

operacionais de giro, ou seja, em valores a receber

(motivados por vendas a prazo), estoques

(determinados pelas necessidades de estocagem) e

despesas operacionais incorridas, porém de

competência do exercício seguinte. Subtraindo-se desse

total os respectivos financiamentos operacionais

(passivos de funcionamento, como fornecedores,

salários e respectivos encargos sociais, imposto

indiretos e taxas a pagar, obrigações que

fundamentalmente compõe o passivo circulante

operacional líquido, que representa a efetiva

necessidade de investimento em capital de giro – NIG

da empresa”. (ASSAF NETO & SILVA, 1997: p. 55).

Partindo-se desse pressuposto, quando atividade operacional da empresa criar

um fluxo de saídas de caixa mais rápido que o de entrada (os pagamentos dos fatores

de produção ocorrem antes do recebimento as venda, por exemplo), claramente uma

necessidade permanente de investimento em seu giro, que é apurada pela diferença

existente entre os ativos e passivos cíclicos anteriormente mencionados, ou seja:

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Necessidade de Investimento em Capital de Giro (NIG) = Ativo Circulante

Operacional (-) Passivo Circulante Operacional.

Por outro lado, a necessidade de investimentos em capital de giro pode também

ser negativa, evidenciando-se neste caso um excesso de funcionamento, fontes

operacionais de fundos, em relação aos investimentos operacionais em circulante.

Essa situação denota, de maneira inversa, que os passivos de funcionamento se

encontram financiando não somente os ativos circulantes operacionais, mas também

outros elementos do ativo. É o caso, por exemplo, de uma empresa que adquire

determinada mercadoria para pagamento em 40 dias, e a vende e recebe em 30 dias,

direcionando os recursos levantados para fora do âmbito do circulante.

Deve ser observado que o nível necessário de investimento em capital de giro é

influenciado pelo ciclo financeiro da empresa, ocorrendo maior demanda de recursos

quanto mais longo seus prazos se apresentarem. Alongamento nos prazos de

cobrança, por exemplo, elevam naturalmente a necessidade de investimento

operacional em giro. Empresas com ciclo financeiro mais curto exigem, em

contrapartida, menores investimentos em ativos circulantes operacionais,

demandando, pela maior rotação de seus elementos, menor necessidade de

investimento em capital de giro.

Da mesma forma, alterações que venham produzir nas fases operacionais

também modificam o volume de capital necessário ao giro. Ao se verificarem

reduções nos prazos de pagamentos e fornecedores, ou acréscimos nos prazos de

estocagem e cobrança, para citar alguns exemplos, o investimento necessário em

capital de giro eleva-se, indicando maior demanda por recursos permanentes de

financiamento (exigível em longo prazo e patrimônio líquido).

Além da influência do ciclo financeiro e operacional, o investimento em giro

depende também do volume de negócios da empresa, ou seja, de suas vendas. Em

outras palavras, quanto maior o crescimento das vendas, mais elevadas se apresenta

as necessidades de recursos aplicados em ativos circulantes operacionais (duplicatas a

receber, estoques, etc.). Esta situação torna-se mais evidente se, para aumentar as

vendas, a empresa decide conceder maiores prazos de pagamento a seus clientes. Por

outro lado, é razoável esperar também que o crescimento das vendas possa vir

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acompanhado de incremento nos passivos circulantes de funcionamento, tais como

fornecedores, salários a pagar, impostos sobe vendas a recolher, etc., financiando

parte da variação da atividade.

Em suma, a necessidade de investimento em capital de giro depende

fundamentalmente do volume de atividade (produção e vendas) da empresa e seu

ciclo financeiro, definido pelas características da natureza de seus negócios e

sazonalidades, que determinam, conforme se comentou, os giros (rotações) das fases

operacionais e os valores das contas cíclicas. É uma necessidade operacional

permanente de recursos, devendo, em condições de equilíbrio, ser financiada com

fundos também de longo prazo.

Em situação de elevação do investimento necessário em giro, é importante que

a empresa gere recursos de caixa provenientes de suas operações de modo a poder

financiar esta maior demanda por recursos operacionais permanentes. Se os recursos

gerados internamente não forem suficientes para cobrir necessidades adicionais, deve

a empresa recorrer a empréstimos de longo prazo ou novos aportes de capital

acionário de forma a preservar seu equilíbrio financeiro.

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CONCLUSÕES E QUESTIONAMENTOS FINAIS

No presente estudo abordamos o tema “ A Necessidade de Planejamento e

Controle do Capital de Giro nas Empresas”, com ênfase na importância da

implementação e adequação de metodologia que permita a tomada de decisões de

forma segura e tempestiva.

Concluímos que toda e qualquer empresa, independente de seu porte ou

atividade, deve-se implementar um modelo do planejamento e controle do capital de

giro, tendo em vista a sua participação relevante no desempenho operacional das

empresas.

O estudo foi elaborado através de uma revisão bibliográfica e possibilitou uma

visão generalizada da administração do capital de giro, enfocando técnicas de gestão,

risco, fluxos de caixa, análise e dimensionamento dos investimentos em giro,

administração do disponível e valores a receber, que uma vez administrados de forma

integrada e planejada contribuirá sobremaneira para se alcançar os objetivos da

empresa bem como a maximização de seus resultados.

Conclui-se ainda, que o capital de giro constitui-se no fundamento básico da

avaliação do equilíbrio financeiro de uma empresa. Pela análise de seus elementos

patrimoniais são identificados os prazos operacionais, o volume de recursos

permanentes que se encontra financiando o giro e as necessidades de investimento

operacional.

O principal executivo da empresa, em conjunto com sua equipe diretiva, em

reunião periódica, deverá analisar as informações geradas nos relatórios do

planejamento financeiro, em seus mais variados aspectos e, tendo estas informações

como base, decidir sobre as alternativas viáveis da correção das deficiências

evidenciadas, para a melhoria permanente de seus resultados econômico-financeiros.

Para que se adote efetivamente o planejamento e controle nas empresas, a

cultura da informação deve ser disseminada por toda a empresa, conscientizando os

responsáveis pela geração e apresentação de dados importantes na qualidade dessas

informações e seu peso para o desenvolvimento dos negócios.

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A implementação de métodos de planejamento e controle nas empresas e a

utilização de demonstrativos gerenciais, deve ser entendido por todos como um

grande diferencial competitivo em relação aos concorrentes. Deve ser um sistema

flexível e completo, objetivando proporcionar aos empresários, informações sólidas e

consistentes, auxiliando assim de forma concreta e segura, na administração do seu

empreendimento.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Capital de Giro. São Paulo: Atlas, 1997.

02. DI AUGUSTINI, Carlos Alberto. Capital de Giro – Análise das Alternativas.

São Paulo: Atlas, 1996.

03. GITNAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. São Paulo:

Harper & Row do Brasil, 1978.

04. BANCO DO BRASIL. Apostila do Curso Anfic.

05. BANCO DO BRASIL. Apostilas do Curso Análise do Crédito.

06. LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina. Fundamentos de Metodologia

Científica. São Paulo: Atlas, 1991.

07. MARTINS, Eliseu & ASSAF NETO, Alexandre. Administração Financeira.

São Paulo: Atlas, 1990.

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CELSO BITTENCOURT WERNER FILHO

FINANÇAS E GESTÃO CORPORATIVA

Matrícula: 29422

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