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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE Alternativas de Métodos e Técnicas de Ensino no Curso de Direito Por: Dante Bruno Filho Orientador Prof. Ms Carlos Alberto Cereja Barros Rio de Janeiro 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Alternativas de Métodos e Técnicas de Ensino no Curso

de Direito

Por: Dante Bruno Filho

Orientador

Prof. Ms Carlos Alberto Cereja Barros

Rio de Janeiro

2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Alternativas de Métodos e Técnicas de Ensino no Curso de

Direito

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Docência

do Ensino Superior

Por: Dante Bruno Filho

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por tudo que a mim

permite porque sabe o que preciso, e a

todos os meus colegas de turma e

professores pela paciência e lições de

todos os sábados.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos os

meus amigos de turma, pelo apoio e

ensinamentos dessas manhãs de Sábados

ao longo do curso.

5

RESUMO

A proposta desta monografia foi refletir sobre a possibilidade do emprego

pelos professores do curso de graduação de Direito, especialmente das

disciplinas de formação profissional, de outros métodos e técnicas de ensino,

além das aulas expositivas.

Considerando os métodos e técnicas publicados nos manuais de Didática

Geral, procurou-se aplicar alguns deles ao caso particular do ensino jurídico, de

acordo com as habilidades e competências mínimas que os alunos devam

agregar ao longo do curso, conforme preconizados no art. 4º da Resolução Nº 9,

de 29 set. 2004, do Conselho Nacional de Ensino, que regula as Diretrizes

Nacionais do ensino jurídico.

Inicialmente foram expostos conceitos fundamentais ligados à Didática, a

fim de permitir uma melhor compreensão desses mesmos termos técnicos ao

longo das linhas deste trabalho monográfico.

A seguir, no segundo capítulo, após breves reflexões acerca de problemas

atinentes ao ensino jurídico no Brasil, passou-se à apresentação de algumas

técnicas e métodos passíveis de serem aplicados às disciplinas do eixo

profissional da graduação em Direito, acompanhados, na medida do necessário,

de exemplos ilustrativos de matérias como Direito Civil e Penal.

Com relação aos conceitos técnicos ligados ao universo jurídico, optou-se

por esclarecimentos pontuais, de acordo com a utilização dos mesmos durante o

desenvolvimento do segundo capítulo, especialmente no item “Simulações de

Audiências e Tribunal do Júri popular”.

6

METODOLOGIA

As pesquisas foram feitas em diversas bibliotecas de Instituições de

Ensino Superior, como a Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Universidade

Federal do Estado do Rio de Janeiro, Universidade Societária Augusto Motta e

Universidade Cândido Mendes, no que concerne a obras da área da educação,

principalmente de Didática por ser o ramo da Pedagogia que é o responsável

por estudar técnicas e métodos de ensino.

Dessa forma, procurei adaptar os conceitos de Didática Geral ao caso do

Direito, ilustrando na medida do possível com exemplos típicos do universo

jurídico, especialmente quando da exposição de algumas técnicas e métodos a

serem aplicados em aulas de Direito.

Mantive contato com coordenadoria do Curso de Direito da UCAM do

campus Tijuca, oportunidade em que a Profª Nelly Potter, coordenadora do curso

de Direito do campus da Tijuca me indicou o livro Legislação Brasileira sobre

Ensino Jurídico, documento de elevada relevância nas minhas pesquisas, e cuja

Resolução Nº 9, do Conselho Nacional de Educação, de 29 set. 2004 que trata

do Ensino do Curso de Direito em todo o país, foi citada ao longo de todo o

presente trabalho.

É oportuno comentar que, apesar da pesquisa realizada não apenas nas

bibliotecas, mas também na Internet e junto às livrarias especializadas em

educação e em Direito, não foi possível encontrar nenhum trabalho publicado que

tratasse do tema, ressalvada a obra supracitada acerca de legislação do ensino

jurídico, o que revela talvez um certo desinteresse sobre o assunto.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO 1 - Conceitos e Distinções Fundamentais 11

CAPÍTULO II - Alternativas de Procedimentos no Ensino Jurídico 23

CONCLUSÃO 43

ANEXO 45

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

ÍNDICE 53

FOLHA DE AVALIAÇÃO 54

8

INTRODUÇÃO

É sabido que cursos tradicionais de bacharelado como é o caso do

Direito exige do corpo docente que cumpra com o programa notadamente

extenso. Assim, a transmissão dos conhecimentos básicos deve ser observada.

Nesse sentido o método tradicionalíssimo de aulas expositivas é o mais

indicado, tanto no aspecto temporal, quanto da clareza, inclusive particularmente

no caso do Direito por conta de a grande maioria dos iniciantes nunca ter tido

contato com matérias típicas.

Por outro lado, o corpo discente deve não apenas receber as informações

mas também formar senso crítico, reflexivo e deve se motivar o suficiente para

buscar por conta própria o aprofundamento das disciplinas, a fim de atingir uma

formação mais sólida. Nesse sentido, talvez o aspecto motivador do professor

deve contribuir decisivamente para não apenas a iniciativa do aluno, como

também na manutenção desse propósito, isto é, procurar sempre se atualizar e

ganhar autonomia o quanto antes.

Conforme a Resolução Nº 9, de 29 set. 2004, que institui as Diretrizes

Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Direito, ao dispor em seu art.

4º sobre o mínimo de meta quanto as habilidades e competências a ser atingido

pelo aluno de Direito, em seu inciso III assinala, in verbis pesquisa e utilização da

legislação, da jurisprudência, da doutrina e de outras fontes do Direito. Logo,

para levar a efeito esse objetivo, o docente deverá levar em consideração a

existência de outros métodos e técnicas de ensino, como por exemplo o de

projetos de pesquisa, bem como o respeito e estímulo dos princípios regentes do

9

método Montessori, quais sejam, a individualidade, a autonomia e a liberdade de

escolha das fontes a serem pesquisadas (biblioteca, Internet, por exemplo).

Por outro lado, e ainda de acordo com o documento normativo acima

referido, no inciso VI desse mesmo artigo, preconiza-se que o aluno atinja ao

longo do curso a utilização de raciocínio jurídico, de argumentação, de

persuasão e de reflexão crítica. Aqui basicamente surge o ponto fundamental

que despertou em mim a inquietude e a busca do estudo com o apoio nos

mestres da Didática e da pratica de ensino. É que pelo que pude conversar com

vários amigos formados nas mais diversas instituições de ensino de curso de

Direito, a grande maioria dos professores não adotam outras técnicas além da

tradicional, e frise-se uma vez mais, essencial aula expositiva.

Nesse sentido, técnicas como perguntas e respostas, e diversas

dinâmicas de grupo, pensamos, devem contribuir e muito para o atingimento dos

objetivos ora citados. Assim, com o intuito de permitir a desenvoltura da

oralidade, e do poder de argumentação, a técnica de perguntas e respostas

pode ser de grande valia, desde que o mestre tenha claro que precisa estimular

no aluno o espírito de confiança, de busca de leitura, e de que o mesmo perca o

medo de se expressar em público.

E ainda outro aspecto, o da persuasão, é muito importante, afinal o Direito

sendo dialético, e a todo o tempo no processo exigir dos advogados ou

procuradores e promotores de justiça que comprovem o melhor acerto de suas

teses, sendo certo que aquele que convencer o julgador de maneira mais exata,

provavelmente sairá vencedor. É dizer, no processo há nitidamente uma disputa,

um jogo, cujo guardião das regras é o magistrado, e os jogadores, os advogados

de defesa e acusação. Vence aquele que conseguir demonstrar melhor Direito

que o oponente. Para tanto, é preciso desenvolver no futuro operador do Direito o

espírito da persuasão.

Simulações de audiência têm a grande vantagem de não apenas mostrar

em sala de aula o que aproximadamente ocorre na prática, mas de colocar em

prática os predicativos que o estudante de Direito possa adquirir no curso da

graduação. Desta forma, se estimulará a preparação das teses defensivas,

10

acusatórias ou mesmo de julgadores. Além disso, no decorrer da simulação o

professor fará tantas intervenções quantas forem necessárias, a fim de corrigir

possíveis erros ou acrescentar informações de ordem teórica ou mesmo da praxe

forense.

Este trabalho se divide em dois capítulos. O primeiro apresenta os

conceitos e distinções essenciais da Didática, na medida do possível utilizando-

se exemplos de disciplinas do Direito. A seguir, no segundo capítulo se adentrará

no objeto de estudo desta monografia, abordando algumas técnicas e métodos

passíveis de serem aplicados no ensino jurídico, como as técnicas de pergunta e

resposta e dinâmicas de grupo, principalmente simulação de audiências, e de

júris populares.

11

CAPÍTULO I

CONCEITOS E DISTINÇÕES FUNDAMENTAIS

Inicialmente, antes de se adentrar ao objeto em si deste trabalho, qual

seja, no trato de possibilidades do emprego de diferentes técnicas e métodos de

ensino aplicáveis ao curso de Direito, é necessário ter claro alguns conceitos

fundamentais, bem como as distinções entre uns e outros, como didática e

pedagogia, e método e metodologia, enfim.

Preliminarmente, no campo da Didática geral é muito comum a

preocupação dos mestres da Pedagogia em deixar claro aos estudantes o que

cada instituto significa. Neste sentido, é oportuno se percorrer acerca de

conceitos fundamentais a serem tratados no capítulo seguinte.

É de se notar que a maneira como alguns pedagogos encaram a

pedagogia diferem de outros. Não é caso de crítica, mas de se adotar tal ou qual

metodologia. Os conceitos fundamentais aqui adotados, sem desprezar os

demais mestres, fundamentalmente são do eminente professor Claudino Piletti,

mas também se recorreu nesse passo aos igualmente consagrados José Carlos

Libâneo, dentre outros.

A finalidade deste capítulo é de base essencialmente didática, cujos

conceitos se afiguram como fundamentais na medida em que serão repetidos

muitas vezes quando do estudo do segundo capítulo que tratará de alternativas

de métodos e técnicas passíveis de utilização pelo professor em busca de uma

formação o mais eficaz possível do aluno.

12

No que concerne aos termos técnicos relacionados ao Direito preferiu-se,

na medida do indispensável, as conceituações pontuais no decorrer dos

exemplos aplicados ao ensino jurídico.

1.1. Pedagogia

É senso comum que a atividade educativa ocorre nos diversos setores

das relações sociais, como familiar, clubes esportivos, amigos, instituições

religiosas ou assistenciais, no trabalho, junto aos meios de comunicação, dentre

outros tantos.

A educação formal, nas escolas, nas instituições de ensino deve ser

encarada complexamente, como um sistema cuja intencionalidade do processo

de ensino-aprendizagem é ínsito à organização escolar, mas que se interpenetra

com as demais relações sociais que a circundam.

O processo educacional desenvolve-se na Instituição de Ensino por

intermédio da instrução e ensino acumulados por gerações, e naturalmente

atualizados, modificados, enfim.

Nas palavras do Professor José Carlos Libâneo (2001;24), vê-se, além do

conceito do que vem a ser a Pedagogia, mas também a sua importância para o

processo de educação formal, o processo do ensino-aprendizagem.

“A Pedagogia é um campo de conhecimentos que

investiga a natureza das finalidades da educação numa

determinada sociedade, bem como os meios apropriados

para a formação dos indivíduos, tendo em vista prepará-

los para as tarefas da vida social. Uma vez que a prática

educativa é o processo pelo qual são assimilados

conhecimentos e experiências acumulados pela prática

13

social da humanidade, cabe à Pedagogia assegurá-lo,

orientando-o para finalidades sociais e políticas, e criando

um conjunto de condições metodológicas e organizativas

para viabilizá-lo.”

Etimologicamente a palavra pedagogia se decompõe em: PAIS,

PAIDÓS=Criança; AGEIN=conduzir; LOGOS=tratado, ciência.

Modernamente, como ressalta o professor Claudino Piletti (2001;39): “o

conjunto de conhecimentos sistemáticos relativos ao fenômeno educativo.”

Por outro lado, o Prof. Libâneo já apresentando desta feita uma definição

do que seja a Pedagogia, enquanto ciência assevera (2001;16): “A ciência que

investiga a teoria e a prática da educação nos seus vínculos com a prática

social é a pedagogia.”

Já para o Prof. C. Mattos, citado na obra de Piletti supracitada Pedagogia

é filosofia, ciência e técnica da educação.

Portanto, pelos conceitos acima transcritos pelos mestres da Educação, a

Pedagogia é uma ciência que se preocupa em bem formar os seres humanos,

orientando-os no processo de aprendizagem, estabelecendo as ligações

adequadas entre a prática da vida social extra-escolar e o universo da escola.

Cabe ressaltar que há uma evolução do modo como se encara a

Pedagogia, revelada pela existência ao longo da história de diversas tendências

pedagógicas, desde às mais tradicionais até as chamadas pedagogias

contemporâneas. O que se afigura como indiscutível atualmente é que no binômio

ensino-aprendizagem, o aspecto crucial é que o primeiro deve ser o mais eficaz

possível em prol do segundo. Assim, a prática docente deve ser o meio para que

o aluno verdadeiramente aprenda, de maneira autônoma, com as orientações

dos professores.

Em relação à ciência do Direito, é oportuno ressaltar a importância de

uma ação pedagógica nas Instituições de Ensino. Assim, de acordo com os

14

conceitos apresentados, a Pedagogia deve se preocupar com a interface da vida

cotidiana e os objetivos educacionais, no caso, do curso de Direito.

A todo o momento se veiculam notícias por todos os meios de

comunicação de homicídios, fraudes ao erário público, desvios de verbas,

assaltos a bancos, organizações criminosas, etc.

Cabe aos coordenadores do curso e aos professores do Direito a tarefa

de fazer com que os alunos aprendam a diferenciar a linguagem quotidiana da

inguagem acadêmica, a terminologia jurídica adequada, sem se dissociarem da

vida extra-escolar.

Aliás, partindo do universo do aluno, os planos de curso e de aula ganham

maior significado, e deve servir de ponto de partida para o trabalho docente. Uma

estratégia criteriosa deve considerar esse aspecto, o que aliás o nosso grande

mestre Paulo Freire já preconizava.

1.2. Didática

A pedagogia sendo uma ciência como acima afirmado, e a sendo ciência

da educação, estuda a própria educação, a instrução e o ensino. E para isso

compõe-se de diversos ramos como a Teoria da Educação, a Didática, bem

como a História da Educação e da Pedagogia, além da Organização Escolar.

Nesse contexto, o principal ramo da Pedagogia é justamente a Didática.

Ela se encarrega de investigar os fundamentos, condições e modos de

realização da instrução e do ensino.

Como bem ensina o prof. Libâneo (2001;26):

“a ela cabe converter objetivos sócio-políticos e

pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar

conteúdos e métodos em função desses objetivos,

estabelecer os vínculos entre ensino e aprendizagem,

15

tendo em vista o desenvolvimento das capacidades

mentais dos alunos”.

É uma das disciplinas técnicas do aspecto técnico da educação. Numa

dimensão mais sintética, porém lúcida, Didática “é a técnica de estimular, dirigir,

encaminhar, no decurso da aprendizagem, a formação do homem” (AGUAYO).

Portanto, o objeto fundamental da Didática é a técnica de ensino (direção

técnica da aprendizagem), sendo o ramo mais importante da Pedagogia.

A propósito, é justamente essa preocupação, no que concerne aos

procedimentos adequados quanto às possibilidades de o docente do curso de

graduação em Direito empregar variadas técnicas e métodos de ensino, de

acordo com as habilidades e competências a que se vise aprimorar no

educando, que suscitou no autor da presente monografia a vontade de estudar a

respeito.

É clássica a divisão da Didática em Geral (onde se estudam princípios,

normas e técnicas comuns a qualquer tipo de ensino) e Especial (que se ocupa

dos problemas e dificuldades relativas a determinada disciplina, procurando

eliminá-los ou minorá-los).

Particularmente no caso do Direito, o autor da presente monografia não

conseguiu encontrar nenhum livro publicado acerca de Didática aplicada ao

Direito, o que é de se lamentar profundamente, haja vista que é crescente a

procura pelo curso da referida graduação.

Dessa forma, procurou-se a partir dos conceitos fundamentais

encontrados nos manuais de Didática Geral amoldá-los, na medida do possível,

ao ensino jurídico, respeitando-se, entretanto, as peculiaridades desse ramo do

conhecimento humano.

1.3. Metodologia

16

Etimologicamente metodologia significa estudo do caminho para se

chegar à meta, ao objetivo.

Na realidade, a metodologia estuda os métodos de ensino, procurando

classificá-los e descrevê-los, porém sem criticá-los, sem emissão de juízo de

valor.

Tanto a Didática quanto a metodologia estudam os métodos de ensino. A

distinção fundamental entre uma e outra está exatamente no juízo de valor. Desta

forma, enquanto a segunda, como visto acima, não se preocupa em criticar os

métodos, mas apenas em conceituá-los e classificá-los, a Didática se ocupa em

estudar a aplicação mais adequada, fazendo justamente a crítica dos métodos

conhecidos, visando o emprego o mais adequadamente possível.

Como bem salienta o mestre Piletti (2001; 43): “podemos ser

metodologistas sem ser didáticos, mas não podemos ser didáticos sem ser

metodologistas, pois não podemos julgar sem conhecer”.

1.4. Método

Ao conceituar métodos, o mestre Libâneo (2001; 149) assim assevera:

“os métodos são determinados pela relação objetivo-

conteúdo, e refere-se aos meios para alcançar objetivos

gerais e específicos do ensino, ou seja ao “como” do

processo de ensino, englobando as ações a serem

realizadas pelo professor e pelos alunos para atingir os

objetivos e conteúdos. Temos, assim, as características

dos métodos de ensino: estão orientados para objetivos;

implicam uma sucessão planejada e sistematizada de

ações, tanto do professor quanto dos alunos; requerem a

utilização de meios”.

17

Por outro lado, Piletti assim conceitua método: “um roteiro geral para

atividade”. E prossegue o insigne professor (2001;103): (...) “o método indica as

grandes linhas de ação, sem se deter em operacionalizá-las. Podemos dizer

que o método é um caminho que leva até certo ponto, sem ser o veículo de

chegada, que é a técnica”.

Metodologia, método e técnica guardam entre si pontos comuns, mas não

se confundem. A primeira se preocupa em classificar e conceituar os métodos. A

tarefa de criticá-los e aplicá-los adequadamente fica a cargo da Didática. O

método é o elemento que se preocupa em traçar as diretrizes do ensino,

enquanto que as técnicas de ensino vão efetivamente por em prática, em ação

tais diretrizes.

1.5. Técnicas e Procedimentos

São os modos de se operacionalizar os métodos. É como, para se atingir

a um objetivo, se empregasse a técnica tal. Assim, como ensina o professor

Claudino Piletti, Técnica é a operacionalização do método. E o mesmo autor

exemplifica (2001;103): “Se um professor, por exemplo, quer utilizar um método

ativo para atingir seus objetivos, poderá operacionalizar esse método através

da utilização das diferentes técnicas de dinâmicas de grupo.”

Apesar de na prática os termos serem empregados indistintamente como

sinônimos, como podemos perceber, há diferenças, ainda que sutis, nas

nomenclaturas, querendo cada uma palavra significar algo diferente da outra,

ainda que elas pertençam ao mesmo campo semântico.

Por exemplo, no meio acadêmico do curso de Direito, em matéria Penal,

furto e roubo são conceitos que não se confundem, apesar de o estudante de

Direito, no início, reverberar a confusão dos termos que são empregados no dia-

a-dia das pessoas como sinônimos.

18

Já o termo procedimento revela o sentido de sucessão de fases, a

maneira de efetuar algo. É na verdade o modo de se fazer alguma coisa. Tem em

sua consistência a descrição das atividades desenvolvidas tanto pelo docente

quanto pelo estudante.

Cabe aqui ressaltar que na medida em que a concepção do processo

ensino-aprendizagem evoluiu para acentuar tonicamente o aspecto da

aprendizagem, isto é, que o ensino planejado e executado deve ser direcionado

em prol da educação do aluno, de sua autonomia, de sua evolução, também

foram criados métodos e técnicas novas, como são exemplos os métodos de

centros de interesse, o de solução de problemas, o de projetos, as técnicas de

fichas didáticas, a de estudo dirigido, etc...sempre a serem empregados de

acordo com o aspecto que se queira trabalhar com o aluno (as chamadas

competências e habilidades), como a verbalização, o trabalho de pesquisa, a

autonomia, etc...

1.6. Planejamento de Ensino:

Planejamento é estudo. E quanto mais complexa for a situação a ser

enfrentada, tanto melhor e mais necessário será a realização de planejamento.

No processo de planejamento é crucial que se observe alguns fatores: o

objetivo, a meta a ser alcançada; o tempo a ser empregado; o meio para se

alcançar a meta; o que e como fazer; os recursos disponíveis e necessários;

critério de avaliação dos resultados.

O planejamento basicamente pode ser classificado como planejamento

educacional; planejamento de currículo e planejamento de ensino.

O planejamento educacional é o mais amplo. E consiste em decisão

política para incluí-la na melhoria geral do país.

Planejamento de currículo na síntese precisa de Claudino Piletti (2001;63):

“Considerando que o currículo é a soma de experiências vividas pelos alunos

19

de uma escola, é fácil concluir que o planejamento do currículo é o

planejamento dessas experiências.”

No caso do ensino superior, e mais especificamente no do Direito, é o

Conselho Nacional de Educação (CNE) que dispõe a cerca das diretrizes do

currículo como normas de avaliação e das disciplinas obrigatórias (art. 5º, da

Resolução Nº 9 do CNE, que Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do

Curso de Graduação em Direito e dá outras providências).

Nota-se que o planejamento de currículos deve ser elaborado por cada

Instituição de Ensino com a participação de todos aqueles envolvidos com o

processo educacional, como professores, Diretores, coordenadores,

supervisores, etc...

No que concerne ao Planejamento de Ensino, este pode ser

compreendido como a pormenorização do planejamento de currículo. É a

tradução mais concreta e operacional sobre aquilo que o docente fará em aula,

no intuito de permitir ao aluno o atingimento dos objetivos educacionais

propostos.

O planejamento de ensino deverá conter, conforme Piletti (2001;62):

a) Objetivos específicos (ou instrucionais) estabelecidos a

partir dos objetivos educacionais;

b) Conhecimentos a serem adquiridos pelos alunos no

sentido determinado pelos objetivos;

c) Procedimentos e recursos de ensino que estimulem as

atividades de aprendizagem;

d) Procedimentos de avaliação que possibilitem verificar,

de alguma forma, até que ponto os objetivos foram

alcançados.

Desta forma, os planejamentos educacional, curricular e de ensino vão do

mais geral (política de ensino, no caso do planejamento educacional) até o mais

20

específico e não menos importante que é o planejamento de ensino, mais

atinente ao trabalho do docente.

1.7. Avaliação Formativa X Avaliação Somativa

Inicialmente, convém ressaltar a diferença básica entre teste, medição e

avaliação. Desta forma, testar significa um meio para se determinar as

qualidades ou características de algo que se observa, como para se saber se o

avião funciona ou não, se o freio de um carro é eficiente e até quanto é.

Por outro lado, medir se relaciona à quantidade, a extensão, dimensão, ao

grau à capacidade de algo. É valorar, atribuir nota conforme padrão, regra

preestabelecida. O resultado da medição é expresso por um número,

invariavelmente. Assim, se uma quantidade de maçãs pode pesar 1 quilograma,

o termômetro registrar 45 graus na escala Celsius, etc...

Finalmente, avaliação é um conceito mais abrangente, mais complexo. É

oportuna citar a definição do professor Cipriano C. Luckesi, citado por Libâneo

(2001;196), para o qual, avaliação é:

“uma apreciação qualitativa sobre dados relevantes do

processo de ensino e aprendizagem que auxilia o

professor a tomar decisões sobre o seu trabalho. Os

dados relevantes se referem às várias manifestações das

situações didáticas, nas quais o professor e os alunos

estão empenhados em atingir os objetivos do ensino. A

apreciação qualitativa desses dados, através da análise

de provas, exercícios, respostas dos alunos, realização de

tarefas etc., permite uma tomada de decisão para o que

deve ser feito em seguida.”

21

Não é possível desconsiderar a avaliação, aliás, por mais difícil que seja a

mesma, o professor deverá evitar o protocolo apenas de gabarito. Os critérios de

avaliação devem previamente ser elaborado e externado ao aluno, isto é, dar a

conhecer à classe como se processará a avaliação, para evitar futuros

dissabores.

No entanto, o professor deve analisar sempre o qualitativo, e se servir das

avaliações para o aprimoramento de suas futuras aulas, corrigindo os erros e

aprimorando os acertos, sempre em prol da formação do aluno.

No que diz respeito `a avaliação escolar propriamente dita, é oportuno

trazer a definição do próprio pedagogo José Carlos Libâneo (2001;196):

“Podemos definir avaliação escolar como um componente

do processo de ensino que visa, através da verificação e

qualificação dos resultados obtidos, determinar a

correspondência destes com os objetivos propostos e, daí,

orientar a tomada de decisões em relação às atividades

didáticas seguintes.”

Modernamente se tem diferenciado entre avaliação formativa e avaliação

somativa, sendo o primeiro termo destinado à avaliação positiva, que procura

verificar o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, a fim de corrigir e

orientar o curso tanto do professor quanto do aluno em suas atividades, e à

segunda, isto é, avaliação somativa a designar a avaliação em que se destina a

medir, testar o grau de assimilação do educando, mais a afeição do ensino

tradicional, que valoriza a hierarquia, tendo de um lado um professor catedrático,

inquestionável, e do outro lado da ponta o aluno passivo, que, se bom, decora

bem os textos, e tira excelentes notas nas provas. Na avaliação somativa,

sistema clássico de avaliação, o que se privilegia é o conhecimento do absoluto,

o cristalizado, desprezando os aspectos do raciocínio, da comunicação e da

criatividade.

22

No caso do ensino jurídico, como em geral qualquer ensino de quaisquer

graus, a avaliação costuma ter um valor em si mesma. É naturalmente temida e

mascara a sua função crucial, ou seja, a de ser um instrumento possibilitador de

análise dos acertos e erros, e, portanto, que oportunize os reparos necessários, a

permitir a continuação por um rumo melhor no processo educacional,

constantemente avaliado, em busca da eficácia.

Se, no caso do Direito o que se tem por meta é dotar o aluno de

necessários conteúdos técnicos, mas acompanhado de bom nível de raciocínio

jurídico, desenvoltura na argumentação, tanto escrita quanto oral, e por fim formar

cidadãos conscientes, críticos e reflexivos, portanto esse haveria de ser o

verdadeiro propósito, na prática.

E não é apenas em uma prova escrita que se pode verdadeiramente

avaliar o desempenho de um aluno que, por exemplo, é assíduo, participa das

aulas, demonstra raciocínio jurídico e compreensão da matéria, o instrucional nos

dizeres dos mestres da pedagogia, que o mesmo é excelente ou medíocre. Não.

Ou não deveria assim o ser. Pense-se no caso de perda de um ente querido na

véspera da prova, ou no trajeto o mesmo ser assaltado na porta da instituição de

ensino ao chegar para a realização da prova, etc.

Não se desconhece que há diversos fatores a ensejarem o

desencorajamento de uma avaliação mais formativa que somativa, como a

questão do tempo, uma vez que em sua maioria, no caso do Direito, os

professores têm seus escritórios ou empregos públicos que tomam seus tempos,

como é o caso de juízes, promotores, procuradores, etc..Mesmo aqueles que se

destinam exclusivamente ao magistério, em função de necessidades financeiras,

acabam por ter várias turmas, ou vários empregos, enfim, comprometendo o

tempo de atualização e o destinado à avaliação reflexiva e analítica.

De qualquer forma, a avaliação formativa reconhece a diversidade cultural,

ritmos, estilos de conhecimento, classes sociais diversas, as necessidades

especiais de cada aluno.

Da mesma forma, o professor é o parceiro do aluno, o orientador, o

mediador entre o conteúdo e a aprendizagem. A avaliação nessa perspectiva

23

estimula o autodesenvolvimento do aluno, a auto-aprendizagem do mesmo. É a

avaliação formativa parte do processo de construção do conhecimento, ou seja, é

contínua e regula a própria metodologia que vem sendo adotada pelo professor.

Consoante os princípios da pedagogia mais crítica, o professor deve agir

como um estimulador e orientador da aprendizagem, sendo que o mais

importante é aprender a aprender.

24

CAPÍTULO II

ALTERNATIVAS DE PROCEDIMENTOS NO ENSINO

JURÍDICO

2.1. Problemas do Ensino Jurídico no Brasil

O ensino de modo geral sofre diversos reveses ao longo do tempo.

Um dos mais marcantes se relaciona com o reflexo da política neoliberal na área

de educação.

A demanda é por profissionais, de técnicos para o preenchimento

das vagas exigidas no mercado. Por outro lado, o chamado eixo de formação

geral, responsável pelo pensamento crítico-reflexivo desejável a qualquer adulto,

especialmente os de nível de formação superior, fica relegada a plano

secundário.

As disciplinas como Filosofia, História, Antropologia, Sociologia,

etc... são o suporte que garante (ou pelo menos existem para isso) esse aspecto

formativo cidadão ao graduando, a fim de partilhar o conhecimento e interferir na

sociedade positivamente. Aliás, a própria Lei de Diretrizes e Bases (LDB), em

seu art. 43 ao tratar das finalidades da educação superior, de certa forma aponta

para a necessidade da formação do aluno-cidadão, ao longo dos seus sete

incisos, consciente de direitos, deveres e da responsabilidade de percepção dos

problemas a seu redor, nacionais, regionais ou mesmo internacionais.

Mas a demanda mercadológica enfoca o aspecto técnico, e

preferencialmente especialista na área. O advogado sabedor das leis e como

usá-las; o contador, como regularizar as contas da empresa, etc...O fato é que

cada vez mais o mercado influencia exacerbadamente no ensino universitário. É

preciso, no entanto, que as Instituições de Ensino Superior (IES) não se afastem

25

das missões elevadas que são preconizadas pelas leis: dos eixos educacionais

e sociais, ainda que devam estar atentas às exigências mercadológicas.

O ensino superior, como bem lembra as professoras Selma

Pimenta e Lea Anastasiou (2002;43), quanto ao aspecto educacional pode ser

sintetizado como “ensino, pesquisa e extensão”. Além disso, há o aspecto

sociológico, mais afeto à realidade que a cerca. A Instituição de Ensino Superior

juntamente com o universitário cidadão compartilham o conhecimento, e prestam

à coletividade serviços (como fazem os escritórios modelos, os serviços médicos

e de psicologia gratuitos, etc...).

No que concerne ao ensino jurídico, além da questão metodológica a que

se circunscreve o objeto deste trabalho, no que toca ao modus faciendi dos

planos de aula, às técnicas e aos métodos outros além das aulas expositivas, há

também o problema mais ainda profundo, de política de ensino, ontológico.

Existem basicamente duas formas de se ensinar o jurídico. Uma vertente de

modelo dogmático, mais alinhado com as exigências mercadológicas, que

reproduz o conhecimento jurídico, apenas para aplicação das normas

abstratamente previstas em geral pelo poder legislativo. Por outro lado, o modelo

de tendências zetécnicas, mais consentâneo com o desenvolvimento do Direito

enquanto centro de produção e de pesquisa do conhecimento jurídico. Dentro

desta visão, o Poder Judiciário, além de aplicar o Direito, deve se organizar e

exercer o poder que ostenta para interpretar e criar direitos, na linha direta com

as mudanças sociais.

De qualquer forma, as diferentes escolas de pensamento trazem

ínsitas concepções mais amplas. No plano de aplicação do Direito ao caso

concreto, a função jurisdicional, a cargo do Poder Judiciário, em nosso sistema

(sistema legal), há o emprego pelos juízes das leis criadas pelo legislativo (e, às

vezes pelo executivo, em sede de medida provisória), apenas se valendo em

caso de lacunas da lei, pela eqüidade, analogia e princípios gerais do Direito.

Enfim, a tripartição clássica de Montesquieu se distingue nitidamente: O poder

legislativo prioritariamente legisla, ou seja, elabora normas em tese que devem

ser respeitadas por todos; o poder executivo se encarrega de administrar o

26

interesse público, gerir; já o poder judiciário tem a missão primária de exercer a

jurisdição, isto é, aplicar a lei ao caso concreto controvertido.

Já no modelo anglo-saxão (berço das escolas zetécnicas) os juízes

são dotados de maior liberdade ao decidirem, e as decisões jurisprudenciais

dos Tribunais têm peso muito grande, muitas vezes criando direitos para os

casos judiciais.

Mas o que aqui se busca frisar não é a opção de prós e contras a

essa visão, o que exigiria praticamente profunda alteração, não apenas cultural,

mas também, a nosso sentir, uma nova Constituição Federal, na medida em que

a atual preserva a independência harmônica entre os três poderes, sendo que tal

norma insculpida do texto magno em seu artigo 3º é norma inalterável pelo

constituinte derivado. Ou seja, deveria ser fundada nova ordem constitucional, um

novo texto, flexibilizando a intromissão de um poder em outro.

O que aqui se vislumbra é a questão de visão, de princípio-

metodológico. A visão dogmática tem o mérito de trabalhar com os institutos

jurídicos consolidados ao longo do tempo, já construído, solidificado, ao passo

que a visão zetética se aproxima mais da criatividade, de uma maior

independência, que explore uma formação mais crítico-reflexiva, exatamente de

acordo com o preconizado na norma da Lei de Diretrizes e Bases (Lei nº

9836/96), bem como na Resolução Nº 9 do Conselho Nacional de Educação, de

29 de setembro de 2004 (em anexo), no que concerne ao curso de Direito.

Creio que o ideal é combinar os dois métodos (dogmático e

zetético). Não se pode desprezar a bagagem acumulada dos institutos

tradicionais, o conhecimento já existente, basilar. Por outro lado, o aspecto

crítico-reflexivo, o criativo são exigências óbvias e dignificantes. O meio-termo,

repita-se, é o desejável.

De qualquer forma, o docente tem a liberdade (ou se espera que

tenha o apoio da reitoria da Instituição de Ensino Superior) para empregar

técnicas e métodos de tal modo que contribua eficazmente para a formação do

bacharelando.

27

O professor de Direito Aurélio Wander Bastos em seu texto “Pensar

e Saber os Novos Rumos do Ensino Jurídico no Brasil” inserto no livro Legislação

do Ensino Jurídico no Brasil, da editora Primyl (2004;21) ao comentar a respeito

das novas perspectivas metodológicas exigidas no ensino do Direito

hodiernamente, e que os docentes devem estar atentos, assim assevera:

“Modernamente, a adaptação do ensino jurídico às

situações e demandas sociais não apenas exige o

incentivo aos novos métodos de ensino, como o

complemento aos modelos discursivos, mas também

exige a abertura dos tradicionais programas aos novos

padrões de exigência constitucional, com as novas

dimensões da moderna formação jurídica. Não temos,

hoje, como fugir dos pré-requisitos formativos propostos

pela Constituição nas áreas do Direito Civil, Processual e

Penal, assim como dos parâmetros reflexivos que

invertem a vocação exclusiva da defesa dos direitos

individuais sem relevar os novos flancos dos direitos

difusos e coletivos, sem esquecer da reversão vocativa de

tradicionais institutos jurídicos.”

A busca da formação eficaz e que vai ao encontro das linhas

mestras preconizadas no art. 43 da LDB (finalidades da educação superior), bem

como, mais proximamente ao caso do ensino jurídico, ao art. 4º da Resolução Nº

9 do CNE, de 29 de setembro de 2004, exige esforço de todos os agentes da

educação, a começar pela elaboração de projetos pedagógicos das IES bem

elaborados, com objetivos claros, seleção de conteúdos e disciplinas

adequados, que priorizem os conhecimentos essenciais ao aluno e permitam ao

estudante condições de adquirir solidez de conteúdo, evolução em termos

reflexivos e críticos, além da construção de raciocínio jurídico em vez de alunos

28

robustecidos pela “meras decorebas para aprovação”, bem ao feitio das

primeiras escolas dos jesuítas no Brasil.

É justamente para se obter resultados o melhor possível que o

professor deve a todo tempo buscar o aprimoramento didático, empregando

métodos e técnicas encartados nos melhores manuais de Didática Geral que já

são reconhecidamente eficientes pela chamada “nova escola” em harmonia e em

complementação às aulas expositivas, de acordo com o que se visa conferir ao

bacharelando em termos de habilidades e competências mínimas, para usar dos

termos da Resolução Nº 9 do CNE, de 29 de setembro de 2004.

Nesse sentido, a seguir se procurará expor a título de exemplo

alguns métodos e técnicas divulgados nos manuais de Didática Geral, que de

certa forma enfocam determinadas habilidades e competências. Dessa forma, o

professor, em atenção ao que se é preconizado pela legislação de ensino que

aliás está em sintonia com o que se espera realmente de um futuro agente do

Direito, isto é, que seja dotado de habilidades e competências como a de ter

bom repertório do vocabulário jurídico, ter boa argumentação, ser crítico, reflexivo,

etc. pode fazer uso, para levar a efeito o seu plano de aula, da combinação de

vários métodos e técnicas, visando os resultados que se esperam.

2.2. Algumas Técnicas e Métodos Alternativos para as

Aulas de Direito

Ao se iniciar o presente tópico que trata mais de perto do objeto em

si desta monografia, isto é, sobre a possibilidade do emprego de diferentes

técnicas e métodos (já conhecidos), além das aulas expositivas para uma melhor

formação dos bacharelandos do curso de Direito, convém ter claro o que a

legislação atual prevê acerca do que se visa ao final do curso de graduação em

Direito.

É de domínio comum, todos reverberam na sociedade, que um

advogado, promotor de justiça, jurisconsulto, magistrado, enfim deve ser dotado

29

de capacidades relacionadas ao verbo, ou seja, escrita e fala corretas. Mas não

somente. Deve o futuro profissional do Direito (modernamente batizado de

operador do Direito, ou melhor ainda, agente do Direito) conhecer os princípios

jurídicos, ter boa base cognitiva sobre os diversos ramos do Direito, como Civil,

Processual Civil, Penal, Processual Penal, Empresarial, Constitucional, etc...

E como poderiam as IES e o corpo docente ajudar o aluno? Nesse

sentido, é oportuna trazer à baila novamente o que já fora predito no capítulo 1: o

professor eficiente é aquele que planeja, cumpre o programa, emprega boa

didática, mas o resultado não é essencial. Se der, ótimo. Se não, a culpa deve

ser do aluno. Já o professor eficaz é o que, além de ser eficiente, se preocupa

com a formação do aluno. Valoriza a avaliação como verdadeiro “FEEDBACK”

para medir o desempenho, o crescimento dos seus alunos, além de servir para o

aprimoramento de suas futuras aulas: replanejamento, mudanças, aparos das

arestas, enfim porque a formação do aluno é a meta das metas para esse

profissional. Afinal de contas, o acento tônico na relação ensino-aprendizagem

recai primordialmente no segundo. As aulas (essenciais, como os são os

mestres) não devem bastar em si mesmas; antes, visam o aspecto formativo do

aluno.

Assim é que a Resolução Nº 9, de 29 de setembro de 2004 que

institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Direito,

em seus artigos 3º e 4º enumeram os objetivos, ou melhor, as finalidades a que o

curso deve possibilitar ao bacharelando, futuro operador do Direito.

O art. 3º, mais genérico, na medida em que dispõe sobre a

formação do aluno enquanto cidadão, consciente de sua nova posição na

sociedade (como aliás a nossa Lei de Diretrizes e Bases, em seu art. 43

preconiza), além do formativo profissional crítico-reflexivo assim dispõe, in verbis

:

“O curso de graduação em Direito deverá assegurar, no

perfil do graduando, sólida formação geral, humanística e

axiológica, capacidade de análise, domínio de conceitos e

30

da terminologia jurídica, adequada argumentação,

interpretação e valorização dos fenômenos jurídicos e

sociais, aliada a uma postura reflexiva e de visão crítica

que fomente a capacidade e a aptidão para a

aprendizagem autônoma e dinâmica, indispensável ao

exercício da ciência do Direito, da prestação da justiça e

do desenvolvimento da cidadania”.

Por outro lado, o art. 4º da referida resolução enumera ao longo de

seus oito incisos, as aptidões, habilidades e competências que ao

bacharel deve ser possibilitado. É esta a redação desse artigo:

“O curso de graduação em Direito deverá possibilitar,

pelo menos, as seguintes habilidades e competências:

I - leitura, compreensão e elaboração de textos, atos e

documentos jurídicos ou normativos, com a devida

utilização das normas técnico-jurídicas;

II – interpretação e aplicação do Direito;

III – pesquisa e utilização da legislação, da

jurisprudência, da doutrina e de outras fontes do

Direito;

IV – adequada atuação técnico-jurídica, em diferentes

instâncias, administrativas ou judiciais, com a devida

utilização de processos, atos e procedimentos;

V – correta utilização da terminologia jurídica ou da

ciência do Direito;

VI – utilização do raciocínio jurídico, de argumentação,

de persuação e de reflexão crítica;

VII – julgamento e tomada de decisões; e,

31

VIII – domínio de tecnologias e métodos para

permanente compreensão e aplicação do Direito”.

Logo, este dispositivo normativo tem por objetivo as competências e

habilidades mínimas que as instituições devem proporcionar aos bacharelandos

em Direito, ao término dos cursos.

É oportuno ressaltar neste momento que este artigo servirá como

uma espécie de termômetro, ou melhor, de causa, motivo para que o docente

utilize a técnica A ou B, o método X ou Y, de acordo com a ênfase a ser

abordada na disciplina e no conteúdo programático, a fim de desenvolver

primordialmente tal ou qual habilidade / competência.

Por exemplo, se o docente deseja trabalhar numa determinada

semana a capacidade de o aluno ler, compreender e elaborar um documento

jurídico (v.g., uma petição inicial) poderia sugerir à turma que ela pesquisasse em

bibliotecas, jornais, revistas especializadas ou Internet e criassem uma história e

dela então pudessem cada um produzir uma petição inicial (a primeira petição

elaborada por intermédio de advogado que narrará o caso ocorrido e fará o

pedido ao juízo que o conceda ao final do regular processo judicial), com todos

os requisitos legais constantes e exigidos nos artigos 282 e 283 do Código de

Processo Civil (CPC), como juízo competente, qualificações do autor e do réu, a

causa fática do pedido, o pedido propriamente dito, por exemplo, que o réu ao

término do processo seja condenado a pagar ao autor R$ 1000,00 em razão de

dívida contratual devida, vencida e não paga, valor da causa para efeitos de

custas judiciais, a indicação dos meios probantes a que se valerá ao longo da

instrução probatória, e finalmente o requerimento de citação do réu para que

responda à dita petição. Nesse caso, talvez a utilização do método que melhor

atenderia ao referido objetivo fosse o conhecido “método de projetos”.

Por outro lado, calha ressaltar, que o presente trabalho pretende

destacar a importância de o docente atentar para a possibilidade do emprego

das diferentes técnicas e métodos já conhecidos, mas pouco ou nunca utilizadas

em aulas da graduação em Direito. Isso de maneira alguma questiona ou exclui o

32

tradicional, porém vitorioso e necessário método de aulas expositivas no

processo ensino-aprendizagem.

O que se questiona é a utilização praticamente exclusiva do referido

método. Ora, por que não completá-lo com os demais métodos ou técnicas

conhecidos? Afinal, na pedagogia moderna é pacífico que o alvo, o centro do

processo ensino-aprendizagem é o aluno, a sua formação, cabendo ao docente

possibilitar a este uma formação o mais eficaz possível.

Finalmente, o enfoque do desenvolvimento desta monografia está

na formação profissional do aluno, portanto, e desta maneira toda a formação

fundamental e prática, eixos, aliás, preconizados em todos os cursos de

graduação e, no caso do Direito, pela resolução Nº 9 do CNE, em seu artigo 5º,

não serão objeto de estudo no enfrentamento deste tema monográfico.

Como bem sintetiza as autoras Selma Pimenta e Lea Anastasiou

em seu Docência do Ensino Superior, vol. I (2002;88), as Instituições de ensino

superior tem por finalidade: ensino, pesquisa e extensão.

No que concerne ao ensino, este é revelador modernamente no

binômio ensino-aprendizagem, a indicar que os professores e as IES hão de

preparar os seus planos de curso e de aulas, de tal modo que os alunos

adquiram os conhecimentos necessários (habilidades e competências) às suas

formações.

Em relação à pesquisa ela acentua o caráter mais autônomo, mais

independente do formando, porquanto deve o mesmo ir às bibliotecas, navegar

na Internet, ler diversos artigos em revistas especializadas da área, etc.

2.3. A Técnica de Perguntas e Respostas.

Essa técnica consiste em o professor dirigir perguntas aos alunos

sobre algum ponto que estes tenham estudado ou mesmo a respeito de alguma

experiência dos alunos.

33

É oportuno trazer à colação os objetivos dessa técnica

mencionadas pelo consagrado professor da PUC de Campinas – SP Claudino

Piletti (2001;107):

• “fazer com que o aluno estude por conta própria, a fim de

ganhar confiança em sua capacidade de interpretar fontes

de informações, sem a assistência do professor;

• facilitar o desenvolvimento da capacidade de expressão

do aluno;

• possibilitar melhor conhecimento do aluno, seu tipo de

personalidade, sua instrução e formação, o que facilitará a

atividade didática.”

Dessa forma, o professor de Direito atento aos oito incisos do

artigo 4º da Resolução Nº 9, de 29 set. 2004, pode completar as suas

aulas expositivas com a técnica em comento, afinal, o aluno deverá se

estimular a estudar as matérias a serem objeto de perguntas,

especialmente para ter um bom desempenho no que tange à utilização da

legislação, da jurisprudência, da doutrina e de outras fontes de Direito

(inciso VI do artigo 4º da referida resolução do CNE).

Ademais, o estudante se empenhará (ou pelo menos deveria se

empenhar), e nesse sentido, ao pesquisar, ele aprimorará a utilização da

legislação, da jurisprudência, da doutrina e demais fontes do Direito

(inciso III do artigo 4º).

Ressalte-se que o professor poderá inverter os papéis, isto é, de

forma que o aluno formule perguntas e o professor as responda.

2.3.1. Procedimentos da Técnica de Perguntas e

Respostas:

34

Ao utilizar tal técnica, o docente deverá obedecer aos seguintes

passos:

a) O professor faz a apresentação do tema e motiva os

alunos para o estudo. Deve fazer também uma

indicação precisa das fontes de informação a serem

estudadas, indicando o número de páginas para que o

campo de estudo figure bem delimitado. Essas

indicações são para todos os alunos.

b) Os alunos passam a estudar o tema individualmente ou

em grupo. Enquanto isso, o professor organiza um

roteiro de questões com base nos textos indicados.

c) Com base no roteiro elaborado, o professor faz as

perguntas aos alunos. Dirige a primeira pergunta a

todos e espera que um voluntário se apresente para

respondê-la. Caso isso não ocorra, ele indicará um

aluno para fazê-lo. Após a resposta, o professor

pergunta à classe se está de acordo. Se a resposta for

satisfatória, passa para a pergunta seguinte. Caso a

reposta não seja satisfatória, deverá insistir para que

surja a retificação por parte de outro aluno. Pode

também estimular uma discussão com a participação

de todos os alunos da classe, até chegar a uma

conclusão satisfatória. O professor deve fazer com que

todos os alunos participem da discussão. Deve

estimular principalmente os mais arredios e tímidos.

d) Ao final, o professor fará uma apreciação sobre os

trabalhos. Se julgar necessário poderá marcar outra

aula para uma nova etapa de perguntas e respostas

sobre o mesmo tema.” (Piletti, 2001;22)

35

Ao utilizar esse método, o professor de Direito, ao mesmo tempo

em que diversifica as suas aulas expositivas, terá melhores chances de trabalhar

principalmente a questão da autonomia do bacharelando, já que este deve

consultar os textos indicados, além de exercitar a comunicação e expressão do

aluno em público, fatores cruciais para o profissional da área. Dessa forma, crê-

se, o item VI do art. 4º da resolução Nº 9 do CNE deverá ser melhor contemplado.

Desnecessário lembrar que uma técnica ou método não exclui

outra(o)s. O importante é o docente ter claro o que deseja e necessita trabalhar

quanto a um dado aspecto da formação do aluno, e adequar os procedimentos

mais indicados para o caso, sempre em prol do desenvolvimento do estudante.

2.4. Unidades Didáticas

De acordo com esse método, o ensino deve ser desenvolvido

através de unidades mais abrangentes, amplas, porém significativas e coerentes.

A definição de unidade, enquanto método, conforme Henri C.

Morrinson (diga-se de passagem, trata-se do primeiro a utilizar esse termo, em

1926) é a seguinte: “Um aspecto completo e significativo do meio, de uma

ciência organizada, de uma arte, ou de uma conduta, que uma vez aprendido

resulta em uma adaptação da personalidade.”

(apud, Piletti: 2001;112)

É de se notar que o Direito, embora se divida classicamente entre

Direito Privado (Empresarial, Civil e Trabalho) e Direito Público (Constitucional,

Administrativo, Processual, Internacional Público, Internacional Privado,

Financeiro, Tributário, Penal), na verdade é um só! E uma das tarefas mais

difíceis para todos os estudantes e operadores do Direito de um modo geral é

Vê-lo (o Direito) como ele é: uno, embora divisível didaticamente de acordo com

a maior relevância de interesses: se particular, será predominantemente privado.

36

Se público, preponderará o acento tônico no caráter publicista e para fins

didáticos será classificado como Direito Público, conforme a velha classificação

de Ulpiano.

Como exemplo da fragilidade em termos essenciais de tal

classificação, imagine-se um assunto topicalizado no Direito Civil: Família. Há

todo um capítulo no Código Civil Brasileiro destinado a regular de maneira geral

a família. Tanto nos aspectos de casamento, filiação, parentesco, regime de

bens, dissolução, etc...Não há dúvidas de que o Direito Civil é do ramo do Direito

Privado, mas a Constituição da República (Direito Público) trata a partir do art.

225 da Família, além do que no Código Penal há todo um capítulo que trata dos

crimes contra a Família.

Assim, o aluno de Direito deverá interpretar tal classificação de

maneira relativa, apenas em termos didáticos e de acordo com a preponderância

de interesses, sem excluir o outro, no exemplo acima, o público. Nesse sentido o

art. 4º da Resolução Nº 9 em seu inciso II dispõe, textualmente:

............

II – interpretação e aplicação do Direito.

Desta maneira, este inciso deve ser muito bem explorado e

merecer muita atenção tanto da coordenação do curso quanto e, principalmente,

por parte do professor, haja vista o grau de importância ímpar para a carreira que

exige o tempo todo do militante aguçada leitura e interpretação correta dos textos

legislativos, doutrinários e jurisprudencial, além de provas produzidas pela parte

adversa. Crê-se nesse aspecto que esse método deve completar

adequadamente as aulas expositivas do docente.

É que, consoante a definição do método pelo seu próprio criador,

deve-se planejar unidade de ensino ou aprendizagem em forma de conjunto

complexos, significativos e baseados nos agrupamentos da própria vida.

37

É o próprio precursor do método, Morrinson, que ao criá-lo procurou

vencer as fortes limitações de ensino executado de forma isolada,

compartimentada, estanque, sob a forma de pontos ou lições.

Ao revés, o referido mestre apresentou a sua contribuição através

de uma metodologia mais consentânea com o universo mais real, de maior

alcance dos interesses do aluno.

São as seguintes as fases a serem cumpridas pelo professor na

execução desse método, de acordo com Piletti (2001;113):

a) Atividades iniciais – nessa fase, também chamada de

sondagem, procura-se precisar o tema a ser estudado

e os interesse e necessidades dos alunos. Isso pode

ser feito através de conversas, discussões filmes,

análise de acontecimentos da atualidade, consulta a

revistas e jornais, excursões, etc...

Por exemplo, no caso do Direito, na disciplina de Direito de Família,

se o tema a ser tratado é o Casamento, o professor deve procurar buscar gancho

no senso comum, já despertando nos alunos a curiosidade para o assunto. Para

tanto, o docente pode citar casos (julgados ou conhecido na sociedade) que se

amoldem ao tema, e sirvam de incentivo aos estudantes.

b) Planejamento das unidades e subunidades – O

Professor, juntamente com os alunos, procura

sistematizar os estudos e as realizações a efetuar.

Formulam-se perguntas, equacionam-se problemas,

lançam-se projetos, programam-se excursões, etc...

Inicialmente aconselha-se o Professor planejar as suas aulas a partir de uma

visão constitucional (no caso do casamento), previsto principalmente no capítulo

38

VII da nossa Constituição da República (arts. 226 até 230 da CRFB), para depois

abordar as regras do Código Civil acerca do casamento, além da outra forma de

se inaugurar família, isto é, a união estável.

c) Execução – Uma vez realizado o planejamento, os

alunos põem-se a trabalhar para efetivar as tarefas

programadas. Realizam entrevistas e leituras;

consultam dicionários, revistas e jornais; recolhem

dados em filmes e programas de televisão; visitam

instituições sociais e organizam debates e discussões.

Por exemplo, os alunos consultam os diversos livros em bibliotecas,

em sítios da Internet, jurisprudências dos Tribunais, etc. e poderão participar de

debates sobre o pesquisado, a fim de trocarem suas experiências,

conhecimentos.

d) Atividades Conclusivas – Essas atividades têm como

objetivo a fixação, a ilustração, a concretização e a

síntese. Nessa fase pode-se utilizar os seguintes tipos de

atividades: dramatizações, contos, jograis, desenhos,

murais, cartazes, cadernos de notas, álbuns, relatórios,

exposições, etc.

O docente poderia promover uma discussão sobre o pesquisado,

incentivando a expressão do estudado pelos alunos, conduzindo-os a uma

reflexão sobre todas as fases do casamento; sua importância, inclusive de ordem

social e/ou moral, bem como seus requisitos de existência, validade, eficácia,

repercussão patrimonial para os cônjuges, o poder familiar, a extinção do

casamento, etc.

39

e) Verificação da aprendizagem – A verificação da

aprendizagem pode ser levada a efeito através de provas

objetivas e da observação do comportamento dos alunos

quanto aos aspectos intelectual, emotivo, motor e social

com predominância de um deles, conforme a natureza da

aprendizagem.”

É importante que o docente dite as regras do jogo logo nos

primeiros dias de aula, inclusive os seus critérios de avaliação: grau obtido nas

provas e testes, participação nas aulas, apresentação de trabalhos de pesquisa,

etc.

2.5. Método de Solução de Problemas:

Para este método, ensinar é propor problemas e que por outro lado,

aprender é justamente a resolução deles.

Este método está na linha direta do aprimoramento do pensamento crítico-

reflexivo, haja vista que instiga no estudante o desejo de resolver o problema

proposto e o fazer de forma satisfatória.

Nas praxes forenses, se por um lado muitas situações são parecidas, por

outro lado, inúmeros casos são novidades para o profissional enfrentar,

especialmente para os recém-formados. Nesse sentido, o professor de Direito

poderá se valer desse método, em complemento às suas aulas expositivas, para

suscitar no aluno o contato com um desafio, tal como os múltiplos que estão por

vir.

É de se notar que este aspecto há de ser explorado por quaisquer

profissionais que desejam serem bem-sucedidos em suas respectivas

profissões, não sendo diferente para o futuro operador do Direito, como

advogados, magistrados, promotores, jurisconsultos, analistas, enfim. Assim é

40

que o artigo 4º da resolução Nº 9 do CNE, já diversas vezes citado por ser para o

presente trabalho o artigo mais importante da legislação ápice que regula o

ensino jurídico nacional, em seus incisos VI, parte final e o VII apontam para

habilidades e competências ora citadas, quais sejam, in verbis:

.........

VI – utilização de raciocínio jurídico, de argumentação, de

persuação e de reflexão crítica; (grifo nosso)

VII – julgamento e tomadas de decisões.

São os seguintes os princípios básicos do referido método:

1) Os hábitos só resolvem as situações rotineiras; por isso, a escola deve

desenvolver o pensamento reflexivo, pois só este resolve as situações novas.

2) Explicando ao aluno o porquê das coisas e de seu comportamento,

fazemos com que ela adquira hábitos de reflexão que a preparem para uma

mudança de comportamento, repleta situações novas às quais ele deverá se

adaptar.

3) Para desenvolver o pensamento reflexivo, o professor deve apresentar

ao aluno problemas que exijam solução reflexiva.

Há que se ter cuidado na hora da escolha de problemas para o adequado

aproveitamento do método, sendo certo que o problema a ser proposto deve ter

valor funcional, isto é, que seja útil no dia-a-dia da prática, no caso jurídica, de

preferência deve respeitar o nível intelectual do aluno, e que seja comum ao dia-

a-dia (não problematizar inicialmente questões desatualizadas ou de difícil

ocorrência). Outrossim, o problema deve ser apresentado de forma atraente,

como, por exemplo, uma história intrigante de um furto ou de um roubo, ou ainda

41

um caso de legítima defesa, enfim. Nem se diga que o fato a ser analisado e

solucionado deve ser narrado de forma clara e precisa, além de ser conduzido e

orientado de forma segura pelo docente.

2.6. Simulações de Audiências e de Tribunal de Júri

Popular:

Inicialmente convém tecer alguns comentários básicos acerca do

significado técnico do que venham a ser audiências e Júri Popular no universo

técnico-jurídico.

Em sede dos ramos do Direito Processual, que trabalhista, Cível ou Penal,

via de regra, existem quatro fases básicas, num sentido geral, que são

conhecidas, sendo todas elas importantes para o regular processo, o que se

costuma chamar no Direito de princípio do devido processo legal, que aliás é

garantia constitucional constante do art. 5º, inciso LIV da Constituição Federal.

A primeira dessas fases é a fase “Postulatória”, em que consiste na

proposição pelo advogado da parte autora de ação por meio da chamada

petição inicial que contém os fatos ocorridos, bem como a fundamentação

jurídica (causa de pedir) e o pedido propriamente dito, e em face do suposto réu.

O juiz ao receber essa petição inicial e verificando estar a mesma de acordo com

os requisitos da lei ordenará a citação do réu (ato pelo qual se dá ciência ao réu

da ação proposta em face dele, e para que o mesmo responda ao pedido contra

ele formulado pela parte autora da ação, normalmente apresentando a chamada

contestação, por meio de advogado, contratado ou público, como no caso do Rio

de Janeiro, dos Defensores Públicos.

A segunda fase é a chamada fase Instrutória, oportunidade em que as

partes produzem as provas e contra-provas, a fim de demonstrarem ao juiz que

um têm mais razão do que o outro. Dentre outras, as mais conhecidas são as

provas documentais, as testemunhais, os depoimentos pessoais e as periciais.

42

Excetuando-se o primeiro caso (produção de provas documentadas,

normalmente apresentada junto às primeiras petições de cada parte, ou seja,

com a petição inicial do autor e, no caso do réu, com a contestação), as demais

produções probatórias são realizadas em audiências, presididas pelos juízes que

as conduzem de acordo com a lei.

A terceira fase é a decisória, em que o juiz prolata a decisão através do

ato-fim processual conhecido por sentença, cumprindo o dever que o Estado tem

de prestar a jurisdição, ou seja, de aplicar o ordenamento jurídico ao caso

concreto por intermédio de um regular processo, após a iniciativa das partes, via

direito constitucional do exercício da ação.

A quarta fase, a rigor, poderá ou não acontecer que é a chamada fase

recursal. Assim, se aquele que perdeu (ainda que em parte) poderá recorrer da

decisão a si desfavorável para que um órgão da instância superior aprecie o seu

recurso. Normalmente tal órgão é um Tribunal, composto de desembargadores

(juízes mais experientes) que irá apreciar o recurso interposto.

Portanto, as audiências normalmente se dão na segunda fase do processo

desenvolvido na primeira instância, a fase da instrução probatória, e têm por

finalidade última ou a conciliação ou o convencimento do juiz, ao ouvir as partes

(autor e réu), as testemunhas e, se for o caso, o perito a cerca de questões

técnicas, como o médico legista, no caso de lesões corporais, dúvidas sobre

laudos cadavéricos; ou mesmo perito-engenheiro sobre condições de segurança

de prédios a serem demolidos, etc.

No que concerne ao famoso Tribunal do Júri, no Brasil, é órgão de

primeiro grau de primeira instância, embora composto por um conselho de

sentença de sete jurados (qualquer cidadão idôneo sorteado), que respondem

aos quesitos, opinando pela condenação ou pela absolvição do réu e pelo juiz-

presidente, este técnico, da carreira da magistratura o qual é responsável pela

condução da sessão e pela ordem da mesma, além de fazer a dosimetria (o

cálculo da quantidade de tempo que ficará o réu preso, se o mesmo for

condenado pelo conselho de sentença que é soberano).

43

Registre-se ainda que a competência do Tribunal mínima do Júri é para os

crimes dolosos (intencionais) contra a vida, como é o caso dos homicídios, tanto

nas formas consumada (a vítima morreu) quanto nos casos de tentativa (isto é, o

crime não se consumou por circunstâncias alheias à vontade do agente; por

exemplo, o homicida atira na vítima, mas antes que concluísse o homicídio, chega

a polícia que o impede de consumar o crime, restando a pessoa apenas com

ferimento na perna, ou seja, houve, no caso, não lesão corporal, mas sim,

tentativa de homicídio a ensejar a aplicação, ao final do processo penal, contra o

autor da infração a pena relativa ao homicídio consumado, reduzida de 1/3 a 2/3).

Ocorre que num julgamento de Júri popular, a necessidade de o

advogado, promotor ou juiz conhecerem não apenas a lei, as regras de

procedimento (pois qualquer desvio do rito popular poderá levar à anulação do

mesmo, havendo desperdício de tempo, dinheiro, além de contribuir para a

demora da solução do caso, e, portanto, da resposta do Estado à solução da

questão), mas também o profissional deve saber se posicionar e ter boa dose de

controle emocional para a sustentação de suas teses e rebater as da parte

contrária, e ser persuasivo. No caso do juiz-presidente, ele fiscaliza o

procedimento, admoesta as partes para litigarem com boa-fé, a se comportarem

com urbanismo, com ética.

Dessa forma, no caso das audiências, comuns a quaisquer processos,

tanto de ritos ordinários, quanto de ritos sumários e sumaríssimos (os dos

juizados especiais ou mais popularmente conhecidos por juizados de pequenas

causas), o futuro profissional deve conhecer as posturas adequadas e os

momentos em que devam se manifestar, como proceder, quais os pronomes de

tratamentos adequados, como por exemplo, ao se dirigir o advogado ao

magistrado, deve tratá-lo de Meritíssimo quando o mesmo preside alguma

audiência.

No caso do Tribunal do Júri a situação ainda é mais delicada, e

merecedora de atenção pelo professor e pela própria Instituição de Ensino, por

várias razões, como as já acima citadas, pelo rigor da lei, a exigir o cumprimento

das diversas etapas do procedimento, além dos embates serem acalorados,

44

cheios de técnicas de oratória e de convencimento, estratégias de persuasão, ou

seja, pressões de todos os lados.

Portanto, pelo acima exposto que retrata a vida do dia-a-dia de um

profissional típico do Direito (advogado, procurador, Defensor Público, Juiz)

justifica-se plenamente, creio, a preocupação da inclusão de técnicas de

dinâmicas de simulações de audiências e do Tribunal do Júri popular, sendo que

a Universidade Cândido Mendes, campus Tijuca, possui instalação própria

destinada exclusivamente para a simulação de Júris populares, o que é

merecedor de aplausos.

Conclusão

De acordo com a legislação brasileira de educação (Constituição Federal,

Lei de Diretrizes e Bases da Educação e Resoluções) há basicamente três eixos

fundamentais a serem trabalhados ao longo da educação formal, principalmente

45

nos cursos de graduação em licenciaturas e bacharelados: eixos de formação

fundamental, profissional e prática.

No primeiro caso, o estudante tem maior contato com as ciências da

antropologia, sociologia, filosofia, história, etc., enfim, aprimora o aspecto mais

geral, dando ênfase à formação humanista, cidadã.

Nos dois últimos, entretanto, o enfoque é mais direcionado ao aspecto de

formação profissional, ao labor técnico. O eixo profissional cinge-se às lições e

conhecimentos teóricos. No que concerne ao eixo prático, são trabalhados, na

graduação no caso do Direito, através de estágios supervisionados, como nos

diversos escritórios de advocacia, na Defensoria Pública, nos cartórios das

justiças estadual e federal, além dos núcleos de escritórios modelos organizados

pelas instituições de ensino jurídico, dentre outros.

Entretanto, o presente trabalho teve por meta abordar, dentro do universo

do ensino jurídico, possibilidades do emprego de diferentes técnicas e métodos

já conhecidos no processo de ensino-aprendizagem no curso de graduação em

Direito, principalmente nas disciplinas concernentes ao eixo profissional, tais

como Direitos Civil, Processual, Penal, Constitucional, Empresarial, Internacional,

etc...

É comum o uso, em salas de aula, quase exclusivo do método de aulas

expositivas pelos professores em geral, especialmente no ensino universitário.

Tal método tradicional é essencial, não apenas pela economia de tempo para se

cumprir programas normalmente extensos como é o caso do Direito, mas

também por ser indicado para que os alunos tenham as explicações básicas das

matérias, e a seguir deslancharem por si sós de maneira autônoma em seus

estudos, na construção do conhecimento.

Entretanto, o que se procurou no presente trabalho foi ressaltar a

importância de os professores (do Direito) atentarem para a existência de

diferentes métodos e técnicas que já são conhecidos, os quais podem vir a

complementar suas aulas expositivas, e conferir ao formando uma formação mais

sólida, na medida em que cada método ou técnica explora melhor determinadas

habilidades e competências em proveito do aluno.

46

Logo, espera-se que todos os que se envolvam no processo ensino-

aprendizagem na graduação do Direito estejam atentos às diversas

possibilidades que a Didática propicia, a fim de favorecer uma formação o mais

completa possível do aluno, e tornar as atividades dos professores

verdadeiramente eficazes, a contribuírem para o aspecto autônomo do corpo

discente.

Como ressalta o pesquisador e educador, Edgard Morin, no prólogo do

seu consagrado “Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro”

(2000:14):

“É necessário desenvolver a aptidão natural do espírito humano para

situar todas essas informações em um contexto e um conjunto. É preciso

ensinar os métodos que permitam estabelecer as relações mútuas e as

influencias recíprocas entre as partes e o todo em um mundo complexo.”

ANEXO

INTERNET WWW.mec.gov.br/cne/resolução.shtm (*)CNE. Resolução CNE/CES 9/2004. Diário Oficial da União, Brasília, 1º, de

outubro de 2004, Seção 1, pgs. 17 e 18.

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

47

CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR

RESOLUÇÃO CNE/CES N° 9, DE 29 DE SETEMBRO DE 2004(*)

Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Direito

e dá outras providências.

O Presidente da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de

Educação, no uso de suas atribuições legais, com fundamento no art. 9º, § 2º,

alínea “c”, da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, com a redação dada

pela Lei nº 9.131, de 25 de novembro de 1995, tendo em vista as diretrizes e os

princípios fixados pelos Pareceres CES/CNE nos 776/97, 583/2001, e 100/2002,

e as Diretrizes Curriculares Nacionais elaboradas pela Comissão de

Especialistas de Ensino de Direito, propostas ao CNE pela SESu/MEC,

considerando o que consta do Parecer CES/CNE 55/2004 de 18/2/2004,

reconsiderado pelo Parecer CNE/CES 211, aprovado em 8/7/2004, homologado

pelo Senhor Ministro de Estado da Educação em 23 de setembro de 2004,

resolve:

Art. 1º A presente Resolução institui as Diretrizes Curriculares do Curso de

Graduação em Direito, Bacharelado, a serem observadas pelas Instituições de

Educação Superior em sua organização curricular.

Art. 2º A organização do Curso de Graduação em Direito, observadas as

Diretrizes Curriculares Nacionais se expressa através do seu projeto

pedagógico, abrangendo o perfil do formando, as competências e habilidades,

os conteúdos curriculares, o estágio curricular supervisionado, as atividades

complementares, o sistema de avaliação, o trabalho de curso como componente

curricular obrigatório do curso, o regime acadêmico de oferta, a duração do

curso, sem prejuízo de outros aspectos que tornem consistente o referido projeto

pedagógico.

48

§ 1° O Projeto Pedagógico do curso, além da clara concepção do curso de

Direito, com suas peculiaridades, seu currículo pleno e sua operacionalização,

abrangerá, sem prejuízo de outros, os seguintes elementos estruturais:

I - concepção e objetivos gerais do curso, contextualizados em relação às suas

inserções institucional, política, geográfica e social;

II - condições objetivas de oferta e a vocação do curso;

III - cargas horárias das atividades didáticas e da integralização do curso;

IV - formas de realização da interdisciplinaridade;

V - modos de integração entre teoria e prática;

VI - formas de avaliação do ensino e da aprendizagem;

VII - modos da integração entre graduação e pós-graduação, quando houver;

VIII - incentivo à pesquisa e à extensão, como necessário prolongamento da

atividade de ensino e como instrumento para a iniciação científica;

IX - concepção e composição das atividades de estágio curricular

supervisionado, suas diferentes formas e condições de realização, bem como a

forma de implantação e a estrutura do Núcleo de Prática Jurídica;

X -concepção e composição das atividades complementares; e,

XI - inclusão obrigatória do Trabalho de Curso.

§ 2º Com base no princípio de educação continuada, as IES poderão incluir no

Projeto Pedagógico do curso, oferta de cursos de pós-graduação lato sensu, nas

respectivas modalidades, de acordo com as efetivas demandas do desempenho

profissional.

Art. 3º. O curso de graduação em Direito deverá assegurar, no perfil do

graduando, sólida formação geral, humanística e axiológica, capacidade de

análise, domínio de conceitos e da terminologia jurídica, adequada

argumentação, interpretação e valorização dos fenômenos jurídicos e sociais,

aliada a uma postura reflexiva e de visão crítica que fomente a capacidade e a

aptidão para a aprendizagem autônoma e dinâmica, indispensável ao exercício

da Ciência do Direito, da prestação da justiça e do desenvolvimento da

cidadania.

49

Art. 4º. O curso de graduação em Direito deverá possibilitar a formação

profissional que revele, pelo menos, as seguintes habilidades e competências:

I - leitura, compreensão e elaboração de textos, atos e documentos jurídicos ou

normativos,com a devida utilização das normas técnico-jurídicas;

II - interpretação e aplicação do Direito;

III - pesquisa e utilização da legislação, da jurisprudência, da doutrina e de outras

fontes do Direito;

IV - adequada atuação técnico-jurídica, em diferentes instâncias, administrativas

ou judiciais, com a devida utilização de processos, atos e procedimentos;

V - correta utilização da terminologia jurídica ou da Ciência do Direito;

VI - utilização de raciocínio jurídico, de argumentação, de persuasão e de reflexão

crítica;

VII - julgamento e tomada de decisões; e,

VIII - domínio de tecnologias e métodos para permanente compreensão e

aplicação do Direito.

Art. 5º O curso de graduação em Direito deverá contemplar, em seu Projeto

Pedagógico e em sua Organização Curricular, conteúdos e atividades que

atendam aos seguintes eixos interligados de formação:

I - Eixo de Formação Fundamental, tem por objetivo integrar o estudante no

campo, estabelecendo as relações do Direito com outras áreas do saber,

abrangendo dentre outros, estudos que envolvam conteúdos essenciais sobre

Antropologia, Ciência Política, Economia, Ética, Filosofia, História, Psicologia e

Sociologia.

II - Eixo de Formação Profissional, abrangendo, além do enfoque dogmático, o

conhecimento e a aplicação, observadas as peculiaridades dos diversos ramos

do Direito, de qualquer natureza, estudados sistematicamente e contextualizados

segundo a evolução da Ciência do Direito e sua aplicação às mudanças sociais,

econômicas, políticas e culturais do Brasil e suas relações internacionais,

incluindo-se necessariamente, dentre outros condizentes com o projeto

pedagógico, conteúdos essenciais sobre Direito Constitucional, Direito

50

Administrativo, Direito Tributário, Direito Penal, Direito Civil, Direito Empresarial,

Direito do Trabalho, Direito Internacional e Direito Processual; e

III - Eixo de Formação Prática, objetiva a integração entre a prática e os

conteúdos teóricos desenvolvidos nos demais Eixos, especialmente nas

atividades relacionadas com o Estágio Curricular Supervisionado, Trabalho de

Curso e Atividades Complementares.

Art. 6º A organização curricular do curso de graduação em Direito estabelecerá

expressamente as condições para a sua efetiva conclusão e integralização

curricular de acordo com o regime acadêmico que as Instituições de Educação

Superior adotarem: regime seriado anual; regime seriado semestral; sistema de

créditos com matrícula por disciplina ou por módulos acadêmicos, com a adoção

de pré-requisitos, atendido o disposto nesta Resolução.

Art. 7º O Estágio Supervisionado é componente curricular obrigatório,

indispensável à consolidação dos desempenhos profissionais desejados,

inerentes ao perfil do formando, devendo cada instituição, por seus colegiados

próprios, aprovar o correspondente regulamento, com suas diferentes

modalidades de operacionalização.

§ 1º O Estágio de que trata este artigo será realizado na própria instituição,

através do Núcleo de Prática Jurídica, que deverá estar estruturado e

operacionalizado de acordo com regulamentação própria, aprovada pelo

conselho competente, podendo, em parte, contemplar convênios com outras

entidades ou instituições e escritórios de advocacia; em serviços de assistência

judiciária implantados na instituição, nos órgãos do Poder Judiciário, do

Ministério Público e da Defensoria Pública ou ainda em departamentos jurídicos

oficiais, importando, em qualquer caso, na supervisão

das atividades e na elaboração de relatórios que deverão ser encaminhados à

Coordenação de Estágio das IES , para a avaliação pertinente.

§ 2º As atividades de Estágio poderão ser reprogramadas e reorientadas de

acordo com os resultados teórico-práticos gradualmente revelados pelo aluno, na

forma definida na regulamentação do Núcleo de Prática Jurídica, até que se

possa considerá-lo concluído, resguardando, como padrão de qualidade, os

51

domínios indispensáveis ao exercício das diversas carreiras contempladas pela

formação jurídica.

Art. 8º As atividades complementares são componentes curriculares

enriquecedores e complementadores do perfil do formando, possibilitam o

reconhecimento, por avaliação de habilidades, conhecimento e competência do

aluno, inclusive adquirida fora do ambiente acadêmico, incluindo a prática de

estudos e atividades independentes, transversais, opcionais, de

interdisciplinaridade, especialmente nas relações com o mercado do trabalho e

com as ações de extensão junto à comunidade.

Parágrafo único. A realização de atividades complementares não se confunde

com a do Estágio Supervisionado ou com a do Trabalho de Curso.

Art. 9º As Instituições de Educação Superior deverão adotar formas específicas e

alternativas de avaliação, interna e externa, sistemáticas, envolvendo todos

quantos se contenham no processo do curso, centradas em aspectos

considerados fundamentais para a identificação do perfil do formando.

Parágrafo único. Os planos de ensino, a serem fornecidos aos alunos antes do

início de cada período letivo, deverão conter, além dos conteúdos e das

atividades, a metodologia do processo de ensino-aprendizagem, os critérios de

avaliação a que serão submetidos e a bibliografia básica.

Art. 10. O Trabalho de Curso é componente curricular obrigatório, desenvolvido

individualmente, com conteúdo a ser fixado pelas Instituições de Educação

Superior em função de seus Projetos Pedagógicos.

Parágrafo único. As IES deverão emitir regulamentação própria aprovada por

Conselho competente, contendo necessariamente, critérios, procedimentos e

mecanismos de avaliação, além das diretrizes técnicas relacionadas com a sua

elaboração.

Art. 11. A duração e carga horária dos cursos de graduação serão estabelecidas

em Resolução da Câmara de Educação Superior.

Art. 12. As Diretrizes Curriculares Nacionais desta Resolução deverão ser

implantadas pelas Instituições de Educação Superior, obrigatoriamente, no prazo

máximo de dois anos, aos alunos ingressantes, a partir da publicação desta.

52

Parágrafo único. As IES poderão optar pela aplicação das DCN aos demais

alunos no período ou ano subseqüente à publicação desta.

Art. 13. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, ficando

revogada a Portaria Ministerial n° 1.886, de 30 de dezembro de 1994 e demais

disposições em contrário.

Edson de Oliveira Nunes

Presidente da Câmara de Educação Superior

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CAHALI, Yussef Said (org.). Código Civil, Código de Processo Civil, Constituição

Federal. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.

53

CARNEIRO, Moaci Alves. LDB fácil: Leitura Crítico-Compreensiva: Artigo a

Artigo. 11 ed. rev. e atual. Petrópolis, Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2004.

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1999.

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Paulo: Cortez Editora, 2004.

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PILETTI, Claudino. Didática Geral. 23 ed. São Paulo: Editora Ática, 2001.

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VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil, vol. VI: Direito de Família. 4ed. São Paulo:

Atlas, 2004.

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

55

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 11

Conceitos e Distinções Fundamentais 11

1.1 – Pedagogia 12

1.2 – Didática 14

1.3 – Metodologia 15

1.4 – Método 16

1.5 – Técnicas e Procedimentos 17

1.6 – Planejamento de Ensino 18

1.7 – Avaliação Formativa X Avaliação Somativa 19

CAPÍTULO II 23

Alternativas de Procedimentos no Ensino Jurídico 23

2.1 – Problemas do Ensino Jurídico no Brasil 23

2.2 – Algumas Técnicas e Métodos Alternativos para as Aulas de Direito 27

2.3 – A Técnica de Perguntas e Respostas 31

2.3.1 – Procedimentos da Técnica de Perguntas e Respostas 32

2.4 – Unidades Didáticas 34

2.5 – Método de Solução de Problemas 38

2.6 – Simulações de Audiências e de Tribunal de Júri Popular 39

CONCLUSÃO 43

ANEXO 45

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

ÍNDICE 53

FOLHA DA AVALIAÇÃO 54

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

56

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: