61
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA DESTINAÇÃO FINAL DOS PNEUS INSERVÍVEIS COMO MECANISMO DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL Por: Mario Jorge de Mesquita Seixas Orientador Profa. Maria Esther de Araújo Oliveira Rio de Janeiro 2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA

DESTINAÇÃO FINAL DOS PNEUS INSERVÍVEIS COMO

MECANISMO DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

Por: Mario Jorge de Mesquita Seixas

Orientador

Profa. Maria Esther de Araújo Oliveira

Rio de Janeiro

2011

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA

DESTINAÇÃO FINAL DOS PNEUS INSERVÍVEIS COMO

MECANISMO DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Educação

Ambiental.

Por: Maria Esther de Araújo Oliveira

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, acreditando ser o

criador deste planeta. In memoriam,

agradeço a meus pais Brenno e Alice

pelos bons valores morais que me

passaram e a meu irmão João Luiz.

Agradeço em especial a Idalina Maia e

também ao corpo docente desta pós-

graduação em Educação Ambiental

pela contribuição em minha formação

profissional e aprendizado adquirido.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos os indivíduos

que de uma forma ou de outra, tenham

compreendido a importância de lutar pela

preservação Ambiental e de que o planeta

não se resume em si próprio e nas suas

necessidades.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

5

RESUMO

A Resolução n.416 de 30 de setembro de 2009, vai dar cumprimento à

destinação final dos pneus inservíveis de forma adequada e ambientalmente

correta, sendo a Reciclanip a entidade de coleta e destinação final destes

pneus. A metodologia realizada é a pesquisa Bibliográfica e o nosso objetivo é

analisar a importância da Educação Ambiental neste processo, concluindo-se

então, ser a Educação ambiental fundamental para viabilizar este mecanismo

em todas as etapas deste processo e também que seja ele realizado de

maneira sustentável, não poluindo e atuando de modo que venha a preservar o

meio ambiente, contribuindo assim para melhoria da qualidade de vida e

sustentabilidade em nosso planeta.

Palavras-chaves: Pneus inservíveis; Reciclanip; Educação Ambiental.

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

6

METODOLOGIA

A base bibliográfica que sustenta a hipótese é a Resolução n. 416 de 30

de setembro de 2009 e a Reciclanip, que é a entidade de coleta e destinação

final dos pneus inservíveis. A Revisão Bibliográfica, base teórica desta

pesquisa obtida mediante consulta aos livros e periódicos disponíveis na

Biblioteca Nacional e/ou outras que tenham como foco a constituição dos

pneus, Educação Ambiental, destinação final dos pneus e demais assuntos

afins. Assim realizada mediante leitura sistemática, selecionando pontos de

interesse, que permitem a elaboração de Fichamentos que darão sustentação

ao pensamento crítico do autor, confirmando, ou não, a hipótese determinada.

Outra fonte de informações acerca do tema é a Internet e as indexações de

artigos em sites acadêmicos como o Scielo e Lilacs.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO. 08

CAPÍTULO I - Pneus – vida útil. 10

CAPÍTULO II - Riscos ambientais decorrentes do descarte inadequado

Dos pneus. 18

CAPÍTULO III – Diretrizes da Resolução n.416 de 30 de setembro de 2009. 24

CAPÍTULO IV – A Reciclanip. 40

CAPÍTULO V – A importância da Educação Ambiental para o alcance das

Metas da Reciclanip. 45

CONCLUSÃO. 52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 53

ÍNDICE. 60

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

8

INTRODUÇÃO

O Brasil investiu priorizando a circulação dos veículos automotores nas

suas cidades e estradas, diferente dos países da Europa que optaram pelo

transporte em ferrovias. A intensificação da indústria automobilística gerou a

instalação de seus parques industriais no Brasil. Segundo o Departamento

Nacional de Trânsito (DENATRAN), na última década o total de veículos

dobrou alcançando 64,8 milhões em dezembro de 2010. Nos últimos dez anos

a demanda brasileira por pneus chegou a 324 milhões de unidades. Levando-

se em conta que a vida útil do pneu depende do seu uso e do seu desgaste,

em determinado momento esgotam-se todas as possibilidades de reforma, e

ele tem que ser descartado. E é aqui que começa a dificuldade em abrir mão

deste bem de consumo sem fazer com que ele se torne um passivo ambiental.

Dentro deste contexto o problema passa a ser: Qual a importância da parceria

entre Educação Ambiental e a logística da coleta da Reciclanip?

A proposta do estudo surgiu com a leitura da Resolução n. 416 de 30

de setembro de 2009, que disciplina o gerenciamento dos pneus inservíveis ao

entender que seu descarte inadequado coloca em risco a qualidade do meio

ambiente e a saúde pública.

A Resolução n. 416 de 30 de setembro 2009, determina em seu art. 7º

a criação de um Plano de Gerenciamento de Pneus inservíveis e recomenda

sua ampla divulgação. O inciso IV motiva a “descrição dos programas

educativos a serem desenvolvidos junto aos agentes envolvidos e

principalmente, junto aos consumidores” e aqui os profissionais de Educação

Ambiental têm papel fundamental, pois estão habilitados a processar estas

informações para a sociedade e consumidores, conscientizando-as sobre o

armazenamento adequado deste passivo ambiental. Além da questão da

conscientização da responsabilidade da sociedade pela produção de lixo, a

Educação Ambiental pode realizar um trabalho de divulgação da localização

dos eco-pontos e incentivar os consumidores a participar da proposta de

reaproveitamento dos pneus, evitando que o meio ambiente e a saúde pública

venham a sofrer danos com a disposição inadequada deste bem de consumo.

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

9

O objetivo geral é analisar, a importância da Educação Ambiental na

destinação final dos pneus inservíveis, como mecanismos de preservação

ambiental.

Com a finalidade de encadear um raciocínio crítico, estabelecem-se

como objetivos específicos: a) analisar as fases de vida útil dos pneus a partir

da Resolução n. 416 de setembro 2009; b) identificar os principais riscos ao

meio ambiente e à saúde pública provocada por uma disposição inadequada

dos pneus inservíveis; c) estabelecer as diretrizes que constam na Resolução

n. 416 de setembro de 2009 para destino final dos pneus inservíveis; d) relatar

a criação da Reciclanip como mecanismo de coleta dos pneus, enumerando os

ecopontos e as principais destinações finais; e) expor a importância da

educação Ambiental para a divulgação da tarefa da Reciclanip.

A Educação Ambiental, dentro deste enfoque, apresenta-se como um

potencial instrumento de conscientização das partes envolvidas no processo da

destinação apropriada dos pneus, sem poluir o meio ambiente. Este trabalho

não tem a pretensão de explicar como se dá a logística da Reciclanip, mas sim

refletir a importância das parcerias e dos convênios no que diz respeito a ações

que beneficiam de modo geral a sociedade como um todo. O objeto do estudo

aqui é o mecanismo criado para coletar e dar destinação final aos pneus e a

importância que o profissional de Educação Ambiental assume ao fazer parte

desta parceria neste processo.

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

10

CAPÍTULO I

PNEUS – VIDA ÚTIL

Em 1839, o inventor Americano (EUA) Charles Goodyear criou a

vulcanização da borracha, extraída do látex da seringueira (arvore da família

das euforbiáceas (hevea spruceana) também conhecida como árvore-da-

borracha.), tornando possível que esse material fosse usado para a fabricação

de pneus para bicicletas, carroças e décadas depois em carros.

Ferreira (2009, p.1590), define: - Pneus, Ref. “Pneumático”, do Grego

Pneumatikós, pelo latim pneumaticu, - aro de borracha, inflado por ar

comprimido, com que se revestem rodas de veículos.

Do latim pneumaticus derivado do ‘sopro’, pneumático, mais conhecido

como pneu, define-se o artefato circular inflamável feito com a borracha de alta

resistência e material de reforço, de criação de Charles Goodyear, o qual é

inflado tanto com ar como com água. O pneu é utilizado para rodagem de

veículos em geral – carros de passeio, ônibus, caminhões, tratores, bicicletas,

carrinhos de mão etc. (WIKIPEDIA, 2011)

Andrietta (2009, p. 1) define pneu como “um tubo de borracha cheio de

ar e ajustado ao aro da roda do veículo, permitindo a tração do veículo e, ao

mesmo tempo, absorvendo os choques com o solo sobre o qual o veículo

trafega”.

“A banda de rodagem é composta de 83% de carbono,

7% de hidrogênio, 2,3% de oxigênio e 6% de cinzas

minerais. Além da Borracha, os pneus apresentam em

sua composição arames de aço, utilizado como estrutura

de reforço, e tecido de náilon ou poliéster” (LOPES et al,

2002, p.2).

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

11

A Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos – ANIP (2011)

ressalta que o pneu, uma das mais importantes peças automotivas e com

diferentes destinações e de acordo com especificações técnicas, combina

“perfeitamente processos e matérias primas, como borracha natural, borracha

sintética, derivados de petróleo como o negro fumo, cabos de aço, cordonéis

de aço ou náilon, produtos químicos como enxofre”.

Andrietta (2009, p. 4) enfatiza que a constituição de um pneu típico,

além de enxofre, compostos de zinco como aceleradores, outros compostos

ativadores e anti-oxidantes inclui:

“[...] uma mistura de borracha natural e de elastômeros

(polímeros com propriedades físicas semelhantes às da

borracha natural), também chamados de "borrachas

sintéticas". A adição de negro de fumo confere à borracha

propriedades de resistência mecânica e à ação dos raios

ultra-violeta, durabilidade e desempenho”.

Andrietta (2009, p.2) salienta que “além da borracha, existem, como

matéria prima do pneu, o negro de carbono ou negro de fumo, fibras orgânicas

- nylon e poliéster, arames de aço, derivados do petróleo e outros produtos

químicos.” Pela sua dificuldade em reciclar o negro-fumo, essencial à maior

resistência e desempenho do pneu, vem sendo substituído pela sílica na

construção do pneu ecológico.

Segundo Lopes et al (2002) a vulcanização melhora as propriedades

químicas da borracha natural ou sintética1 de maneira que ela adquire “maior

força tênsil e resistência à dilatação e à abrasão, e torna-se elástica a uma

variedade maior de temperatura”.

Para a Resolução n.416 de 30 de setembro de 2009, em seu inciso I do

art. 2º pneu ou pneumático constitui-se no:

1 Atualmente acrescentam-se negro-de-fumo (que lhe imprime a cor preta) e oxido de zinco ao enxofre para aprimorar a qualidade da borracha e sem estes elementos a durabilidade seria menor. (LOPES et al, 2002)

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

12

“[...] componente de um sistema de rodagem, constituído

de elastômeros, produtos têxteis, aço e outros materiais

que quando montado em uma roda de veiculo e contendo

fluido(s) sobre pressão, transmite tração dada a sua

aderência ao solo, sustenta elasticamente a carga do

veiculo e resiste à pressão provocada pela reação do

solo;”

De um modo geral, dependendo dos cuidados do usuário e do seu uso,

os pneus possuem a durabilidade de 25 mil a 70 mil Km. Os principais

cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio

dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade em seus sulcos

de aproximadamente 3,5 mm, a calibragem periódica com pressão

recomendada pelo fabricante (recomenda-se ainda a calibragem sempre que o

carro for viajar). Quando os sulcos atingirem 1,6 milímetros o pneu deve ser

substituído. Se apresentar bolhas ou deformações o limite de 1,6mm não

precisa ser observado e o pneu deve ser substituído prontamente, pois sua

estrutura está comprometida (WIKIPEDIA, 2001).

1.1 – Ciclos de vida útil do pneu

O desgaste dos pneus é condicionado tanto pelo modelo do veículo,

sua utilização e pelos cuidados de manutenção do usuário. A maioria dos

veículos de passeio apresenta um desgaste maior nos pneus dianteiros em

razão da predominância da tração dianteira e maior peso no eixo dianteiro

(WIKIPEDIA, 2011).

Leite (2009) considera manufatura ao processo industrial que

reaproveita partes de um produto. No processo insere-se o pneu em uma das

três classificações: novo, recauchutado ou reutilizado.

O inciso II do art. 2º da Resolução 416 de 2009 considera como novo

àquele pneu de “qualquer origem, que não sofreu qualquer uso, nem foi

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

13

submetido a qualquer tipo de reforma e não apresenta sinais de

envelhecimento nem deteriorações”, que pode ser classificado nas 40.11 da

Nomenclatura Comum do MERCOSUL-NCM (BRASIL, 2009).

Segundo Veloso (2009, slide 2) pneu novo corresponde ao artefato

“que não sofreu qualquer uso, nem foi submetido a qualquer tipo de reforma, e

não apresenta sinais de envelhecimento nem deteriorações de qualquer

origem.”.

Por pneu usado o inciso III do art. 2º considera àquele “que foi

submetido a qualquer tipo de uso e/ou desgaste, classificado na posição 40.12

da NCM, englobando os pneus reformados e os inservíveis.”

“Os pneus usados, dependendo de suas condições,

podem ser vendidos diretamente no mercado de segunda

mão, ou são vendidos para empresas que realizam

reforma dos pneus. Depois de reformados os pneus

retornam para o mercado de reposição” (MOTTA, 2008, p.

172).

A reforma de um pneu constitui-se no processo pelo qual o pneu usado

é submetido, com a finalidade de reutilizar-se novamente a sua carcaça

aumentando a sua vida útil. (Observa-se que para o inciso IV do art. 2º da

Resolução n.416 de 30 de setembro de 2009, na reforma dos pneus é possível

aplicarem-se três processos, a saber: a) recapagem – “processo pelo qual um

pneu usado é reformado pela substituição de sua banda de rodagem¨, b)

recauchutagem - ¨Processo pelo qual um pneu usado é reformado pela

substituição de sua banda de rodagem e dos ombros¨, c) remoldagem -

¨processo pelo qual um pneu usado é reformado pela substituição de sua

banda de rodagem, ombros e toda a superfície de seus flancos¨.). Na

Resolução estes são os três processos para a reforma de pneus descritos e

caracterizados.

De acordo com Andrietta (2009, p. 4) por recauchutagem compreende-

se a reforma do pneu sem cortes ou deformações e banda de rolagem

apresentando os sulcos e saliências que promovem a adesão ao solo, em que

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

14

é “resposta e vulcanizada a camada superior de borracha da banda de

rolamento.” O autor relata que os pneus de caminhão podem ser

recauchutados por cerca de Seis vezes enquanto desaconselha à

recauchutagem por mais de uma vez para automóveis.

O INMETRO (2006) considera pneu reformado como àquele pneu

usado que passou por um dos processos para reutilização de sua carcaça –

recapagem, recauchutagem ou remoldagem.

Quando se esgotam as alternativas de reformar o pneu o art. 2º da

Resolução estabelece que ele passe a ser inservível, ou seja, sem condições

para rodar nas estradas com segurança e impõe no inciso VI a:

“[...] destinação ambientalmente adequada de pneus

inservíveis: procedimentos técnicos em que os pneus são

descaracterizados de sua forma inicial, e que seus

elementos constituintes são reaproveitados, reciclados ou

processados por outra(s) técnica(s) admitida(s) pelos

órgãos ambientais competentes, observando a legislação

vigente e normas operacionais específicas de modo a

evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, e a

minimizar os impactos ambientais adversos” (BRASIL,

2009).

A Reciclanip (2011a) acompanha o ciclo do pneu desde que “ele sai da

fábrica até sua destinação final ambientalmente adequada”. O ciclo de vida dos

pneus ao sair da fábrica inclui a sua entrada no mercado revendedor2, que por

sua vez, os repassa para os consumidores e estes ao utilizarem os pneus vão

estendendo sua vida útil com a reforma ou compra de outros pneus que já

passaram também pelo processo de reforma, que são os pneus de¨ Segunda

mão¨ ou ¨Recauchutados¨. Findo o ciclo de vida útil (– capacidade de

rodagem), os pneus são, obrigatoriamente, trocados por unidades novas. Aqui,

ao adquirem pneus novos os considerados como inservíveis ou inúteis, pois

não apresentam mais qualquer condição ou possibilidade de uso e/ou 2 O mercado revendedor além dos pneus novos também opera com reformados.

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

15

reaproveitamento, passa à categoria de potenciais passivos ambientais. A

Reciclanip disponibiliza os ecopontos (pontos de armazenamento temporário),

que operam com duas alternativas: - A primeira seria o transporte e a entrega

dos pneus inservíveis ainda sem processamento direto às empresas

interessadas no reaproveitamento (que é o caso dos contentores de barragens

também chamados de amortecedores laterais em pistas de corrida), - A

segunda alternativa seria o transporte dos pneus inservíveis do ponto de coleta

até as empresas que realizam a moagem/trituração cujo produto final é o pó ou

lasca de borracha que serão levados para as empresas como matéria prima

para a produção de outros bens e objetos ou combustível. No Brasil é bastante

comum o reaproveitamento de pneus inservíveis como um tipo de combustível

alternativo para as indústrias de cimento, além de outros usos diversos como: -

na fabricação de solados para sapatos, borrachas de vedação, pisos

industriais, pisos especiais utilizados em quadras poliesportivas, dutos pluviais,

Tapetes para automóveis, dentre outros. Existem também, estudos mais

recentes para a utilização de pneus inservíveis como componentes para a

fabricação de manta asfáltica e asfalto-borracha. E estes estudos e pesquisas

têm sido acompanhados com grande interesse pela indústria de pneumáticos

de modo geral.

A Resolução n.416 de setembro de 2009 entende que o pneu

descartado de forma inadequada, é um Passivo Ambiental que deve ter sua

destinação final o mais próxima de sua geração, ressaltando a obrigatoriedade

de que seja na forma ambientalmente adequada e segura, uma vez que já

atingiu o fim de sua vida útil, sem apresentar mais condições de reforma para

seu uso.

1.2 – A questão dos pneus reformados estrangeiros

Em 2000 a Câmara de Comércio Exterior – CAMEX pronunciou-se

contrária à comercialização de pneus estrangeiros reformados, em especial os

pneus chineses amplamente considerados como similar aos produtos

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

16

brasileiros. A queixa inicial era do sistema de dumping cuja finalidade de operar

com preços baixos foi a de se manter no mercado brasileiro. Esta polêmica foi

resolvida com a taxa antidumping, como mecanismo para igualar os preços

entre os produtos dos países e garantir uma concorrência justa.

Andrade (2008) ressalta que outra questão que discordava da

comercialização dos pneus estrangeiros reformados repousava no fato de que

os importadores internacionais ignoravam o impacto ambiental que o descarte

inadequado de seus produtos implicavam no meio ambiente, uma vez que eles

não priorizavam questões como o pós-venda, o pós-consumo. A Resolução

416 de 2009 pôs fim à esta questão ao determinar, em seu art. 1º, a

responsabilidade dos fabricantes e importadores com o descarte dos pneus

(BRASIL, 2009).

Durante Vários anos esta polêmica foi sendo alimentada na justiça, com

as liminares judiciais que os importadores de pneus e empresas

recauchutadoras impetravam, obtendo sucesso, e com isto, mantendo este

comércio sempre aceso e operante. Na realidade ao venderem pneus

reformados o comércio estrangeiro acabava ¨exportando problemas¨, uma vez

que transferiam o problema da destinação final deste resíduo para outros

países. Esta postura ameaçou o meio ambiente por aumentar o número de

carcaças sem fiscalização. Motta (2008, p. 170) salienta que em 2000, a

Portaria n. 8 da Secretaria do Comércio Exterior – SECEX que, em seu art. 39

determinava que não seria deferida licença de importação de pneumáticos

recauchutados e usados, proibindo a concessão de licenças para a importação

de pneus recauchutados (reformados) e usados “utilizando o argumento de que

estes pneus entrariam no país com vida útil curta e logo se transformariam em

passivo ambiental”.

A proibição de comercialização de pneus estrangeiros usados, que os

transforma em passivos ambientais dentro do país, fortalece o pensamento de

que a “liberdade do comércio internacional e de importação de matéria-prima

não deve representar mecanismo de transferência de passivos ambientais de

um país para outro”, o que foi regulamentada pela decisão do Supremo

Tribunal Federal que, em Junho de 2009, contestou decisões judiciais

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

17

anteriores, confirmou a proibição da entrada de pneus usados no país, pondo

fim à polêmica dos pneus asiáticos (BRASIL, 2009).

“A maioria dos juízes que participou da votação concluiu

que a Constituição Brasileira estabelece que o Estado tem

de zelar pela saúde e pelo meio ambiente ecologicamente

equilibrado. A maioria dos juízes considerou que os pneus

usados que entram no Brasil são somente “lixo ambiental”

(RECICLANIP, 2009).

Segundo a Reciclanip (2009) não houve veto à livre concorrência, mas

sim o reconhecimento judicial de que os pneus usados apresentam vida útil

reduzida, se transformando em passivos ambientais, aos quais os importadores

negligenciavam sua responsabilidade sobre a destinação final. Pneus novos

poderiam, e continuam podendo, ser comercializados no Brasil, desde que os

importadores observem a legislação nacional sobre a destinação final destes

resíduos.

O consultor jurídico do Ministério do Meio Ambiente Gustavo Trindade

(2005), em entrevista ressalta que a proibição de importação de pneus usados

de outros países se dá por duas questões: ambientais e de saúde pública, o

que fazia do Brasil destino dos resíduos gerados na Europa e Ásia.

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

18

CAPÍTULO II

RISCOS AMBIENTAIS DECORRENTES DO DESCARTE

INADEQUADO DOS PNEUS

Segundo Vieira (2007) é impossível pensar em consciência ambiental

sem se falar na busca e consolidação de novos valores acerca da forma de ver

e viver no mundo, possibilitando a construção de novos padrões cognitivos

dentro da relação homem/natureza que reconheçam a sua interdependência.

Num contexto marcado pela degradação permanente do

meio ambiente e do seu ecossistema, a problemática

envolve um conjunto de atores do universo educativo em

todos os níveis, potencializando o engajamento dos

diversos sistemas de conhecimento, a capacitação de

profissionais e a comunidade universitária numa

perspectiva interdisciplinar. (JACOBI, 2005, p. 240)

Jacobi (2005) vai realçar a importância da multiplicação dos riscos

ambientais quando se pensa nas transformações pelas quais a sociedade

passa. Assim “num contexto marcado pela degradação permanente do meio

ambiente e do seu ecossistema, isso envolve um conjunto de atores do

universo educativo em todos os níveis”, o que eleva decisivamente o papel dos

educadores como intermediários da passagem de informações aos alunos –

cidadãos, de maneira a auxiliá-los em seu posicionamento crítico, em seu olhar

reflexivo, mobilizando-os à conscientização da crise socioambiental, à

transformação de hábitos e práticas sociais, à formação de uma cidadania

ambiental comprometida com a questão da sustentabilidade.

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

19

2.1- A descartabilidade

O mundo globalizado convive com uma intensa descartabilidade no

pós-consumo, o que gera resíduo nem sempre de fácil eliminação, dai a

necessidade de legislações específicas, como a que diz respeito à destinação

final dos pneus inservíveis. Segundo Leite (2009) são diversos os fatores que

alimentam a alta descartabilidade, todos tendo como origem o avanço

tecnológico que torna hoje obsoleto o produto de última geração de ontem.

Outra questão é a que se relaciona ao preço para o reparo/conserto do bem

frente ao seu preço comercial que, muita das vezes desmotiva o conserto,

dando-se preferência por adquirir um produto novo.

Esta descartabilidade reduz o ciclo de vida mercadológico de alguns

produtos, em que pese o Poder Público nem sempre estar preparado para

receber alguns destes resíduos. Assim como ocorre com os pneus inservíveis,

aos qual o Estado é frágil como depositário, também ocorre com pilhas,

baterias, chips – o lixo eletrônico, ou mesmo com o lixo hospitalar (LEITE,

2009).

“Uma nova cultura ambientalista, voltada para as idéias

de reduzir, reusar e reciclar (os denominados 3R), se

contrapõe à ‘cultura do consumo’, com o lema de

comprar, consumir e dispor. Essa contraposição de

culturas é consubstanciada por críticas ambientalistas à

‘cultura do consumo’, que até o momento predominam na

sociedade em geral” (LEITE, 2009, p. 130).

A cultura ambientalista nasce preocupada com o futuro do planeta e da

garantia à vida futura, exigindo da sociedade respostas aos impactos negativos

causados pelos processos produtivos ao meio ambiente.

Quando se esgotam “a capacidade dos sistemas de disposição final

tradicionais desses bens de pós-consumo, os aterros de diversas

classificações e a incineração” levou o Governo a intervir para a resolução do

problema da disposição do lixo ou da redução dos resíduos mediante o reuso e

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

20

a reciclagem conforme ressalta Leite (2009 p. xiv). Buscando abrandar os

efeitos poluentes que foram causados no meio ambiente, alguns custos dos

danos ecológicos decorrentes do impacto de alguns resíduos são distribuídos

justamente entre aqueles que recebem lucro com sua comercialização – o

fabricante.

2.2 – Riscos ambientais

Para Motta (2008) o percentual que estica o ciclo de vida útil dos pneus,

reformando-os ou reusando-os, é de 46,8% e os outros 53,2% são inservíveis,

embora a autora não faça distinção para os pneus inservíveis que são

reaproveitados isoladamente, como no exemplo dos balanços em parques

infantis. Muito provavelmente estas unidades estejam inseridas no item ‘não

controlada’.

Para o IBAMA (2010), há um claro decréscimo na proporção entre a

fabricação ou importação de pneus e as unidades descartadas. Em cada 8

unidades de pneus criam-se 5 descartes.

Uma hipótese para este decréscimo é a possibilidade da disposição

domiciliar (não computados pelo órgão), ou seja, o aproveitamento de pneus

inservíveis sem a participação das entidades destinadas ao reaproveitamento.

Exemplo disso são as carcaças dos pneus aproveitadas como out-doors em

estradas anunciando a proximidade de Borracheiros, ou ainda, como vasos de

plantas, nos balanços de parques, escolas infantis e jardins públicos ou

particulares. (GUADAGNIN, CECHELLA e MARIANO, 2010).

Para Lopes et al (2002, p. 3) os pneus inadequadamente descartados

são aqueles facilmente encontrados nos “aterros sanitários, lixões, mares,

margens de rios, beira de estradas, fundos de vales e terrenos baldios”,

ressaltando que este tipo de armazenamento origina uma série de

inconvenientes ao meio ambiente e à saúde pública.

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

21

Almeida (2010) relata ser a fumaça negra da queima de pneus um dos

piores poluentes, pois “possui um material particulado, um pó muito fino que

permanece no ar por um longo período e, lentamente, vai se depositando no

ambiente”. Seu efeito é devastador por constituir-se em um poluente altamente

potente, que contribui para o efeito estufa e produz a chuva ácida.

Andrade (2008) registra que o descarte de pneus a céu aberto é

inadequado por várias razões, inclusive por poder transformar-se em

criadouros artificiais para a proliferação de mosquitos Aedes Aegypti, vetor que

transmite a Dengue e a Febre Amarela. O mosquito “se reproduz 4.000 vezes

mais em depósitos de pneus que entram em contato com a chuva do que em

seu habitat natural.”.

“O acúmulo de pneus usados no ambiente é uma ameaça

tão grave à saúde da população e ao meio ambiente que

as autoridades nacionais, como ocorre em todo o mundo,

são obrigadas a lançar mão das técnicas de eliminação

disponíveis para evitar danos ainda maiores, ainda que

não as considerem plenamente adequadas” (TRINDADE,

2005).

.

Quando os pneus são inadequadamente jogados no lixo ou queimados

ao final do seu uso eles geram poluição atmosférica. Esotico (2010) ressalta

que o descarte inadequado dos pneus inservíveis em aterros sanitários não

resolvem questões referentes à sua longa e lenta decomposição, além de

avolumar os aterros, ocupando enormes espaços.

Andrade (2008) também salienta o malefício do descarte a céu aberto

que contribui sobremaneira para o entupimento das redes de esgotos, além de

favorecer enchentes, poluir os rios ou contribuir para a sua obstrução e

assoreamento. O autor registra que somente no rio Tietê, em São Paulo, nos

últimos anos foi retirado mais de 120 mil pneus.

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

22

Ao se falar em pneus Andrade (2008, p. 16) destaca haver

mecanismos de análise do passivo ambiental gerado pelos pneus, garantindo a

responsabilidade social da indústria e importadores e elenca a Avaliação do

Ciclo de Vida – ACV, a qual “avalia as consequências ambientais de um

produto durante todo o seu ciclo de uso e produção, desde a retirada da

matéria prima, custos ambientais de produção, transporte, destinação ou até o

custo de reciclagem”, como também a Análise de Risco Ambiental – ARA, a

qual “estuda o potencial de degradação e poluição de determinada atividade, a

fim de facilitar a prevenção e remediação dos seus danos ao meio ambiente”.

O descontrole no descarte dos pneus inservíveis levou ao Estado a

criar a Resolução n. 416 de setembro de 2009, revogando as anteriores, a qual

estabelece como responsabilidade do fabricante e importador o gerenciamento

dos pneus considerados inservíveis.

2.3- Passivos Ambientais

Ballou (2001) considera como passivo ambiental todo agente

descartado inadequadamente e que causa danos ao meio ambiente. Quando o

agente desse passivo é o cidadão, pouco se pode fazer em razão da não

identificação – sacos de lixo jogados na rua servem como exemplos, mas

quando o agente é pessoa jurídica existem legislações que os penalizam como

agente poluidor e os obrigam a reverter à agressão, fazendo com que a

natureza retorne ao seu status quo natural.

Segundo Milaré (2008, p. 167) passivo ambiental são toda matéria

prima descartada em locais impróprios, que podem contaminar o solo, as

águas subterrâneas e que implicam em aplicação de recursos financeiros para

a sua reparação. Segundo o autor a legislação responsabiliza o agente

causador do dano ambiental pela sua reparação..

Em suas considerações iniciais a Resolução n. 416 de setembro de

2009 entende que a disposição inadequada dos pneus inservíveis como

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

23

Passivo Ambiental, o qual pode gerar sérios riscos ao meio ambiente e à saúde

pública.

Andrade (2008, p. 16) salienta que os pneus sem condições de serem

reformados – inservíveis “são considerados por essência Passivo Ambiental.

Quando depositados na natureza, o prazo estimado para a sua decomposição

é de 600 anos.” Não há consenso quanto às unidades consideradas como

Passivo Ambiental: enquanto as organizações ambientais estimam em 100

milhões de unidades3, os fabricantes negam este valor, afirmando que muitos

destes pneus já foram recolhidos.

Faccio (2010) coordenador da Reciclanip fala em 150 anos para a

borracha se decompor; Esotico (2010) destaca que a demora para a

decomposição da borracha gera importantes impactos ambientais negativos.

Ambos concordam na importância de urgência de mecanismos eficientes para

o recolhimento do pneu e sua destinação final adequada, e no aumento de

investimentos para a reciclagem deste material que não deve ser descartado,

de forma alguma, na natureza.

Motta (2008, p. 167) salienta que Passivo Ambiental envolve o conceito

de “obrigação ambiental contraída por um agente [...] devido a ações passadas

que geraram degradação, e que envolvem investimento de recursos para

amenização ou extinção dos danos causados.” A legislação brasileira

considera a responsabilidade pagadora do agente causador, obrigando-o a

reparar os danos causados.

3 A Comissão Especial sobre a Política Nacional de Resíduos em 2006 estimou um passivo de 75 milhões de pneus destruídos fora das normas do IBAMA.

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

24

CAPÍTULO III

DIRETRIZES DA RESOLUÇÃO No416 DE 30 de

setembro de 2009

Os documentos legais acerca da destinação adequada dos pneus

inservíveis vieram em socorro da sociedade, pois por mais consciente que as

indústrias de pneus e seus revendedores ou borracheiros seja, a proteção do

meio ambiente esbarra no maior dos seus empecilhos – o mercado vive e

sobrevive pelo lucro e é fantasia crer que ele, espontaneamente, promoverá

ações e medidas de proteção ambiental (ANDRADE, 2008).

Segundo Lopes et al (2002) a partir de 1999 o Conselho Nacional do

Meio Ambiente (CONAMA), determinou mediante o art. 1º da Resolução n. 258

que as empresas que fabricam (indústrias) e as importadoras de pneus são

obrigadas a coletar os pneus considerados como inservíveis e dar destinação

final a eles ressaltando que este destino deve ser ‘ambientalmente adequado.’

Porem, esta Resolução veio a ser revogada pela Resolução n. 416 de 30 de

setembro de 2009.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) determina conforme

a Resolução n. 416 de 30 de setembro de 2009, a responsabilidade de coletar

e dar fim adequadamente dos pneus inservíveis ao fabricante e aos

importadores de pneus novos para reposição. Ocorre que, devido a algumas

diretrizes impostas pela legislação, torna-se complexa a sua aplicação.

3.1 – Entendimentos das diretrizes da Resolução n. 416 de 2009

A Resolução n. 416 de setembro de 2009, parte da premissa máxima

de que os pneus devem ter sua vida útil ampliada, por isso recomenda sua

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

25

reforma e reciclagem antes de terem destinação final, que deve ser

ambientalmente adequada.

O art. 1º da Resolução determina que:

“Os fabricantes e os importadores de pneus novos, com

peso unitário superior a 2,0 kg (dois quilos), ficam

obrigados a coletar e dar destinação adequada aos pneus

inservíveis existentes no território nacional, na proporção

definida nesta Resolução”.

Para operacionalizar-se a destinação final dos pneus inservíveis, o § 1º

estimula que distribuidores, revendedores, destinadores, consumidores finais

de pneus (o usuário) como também o Poder Público venham a programar, em

articulação com os fabricantes e importadores procedimentos para a coleta dos

pneus inservíveis dentro do território nacional. O § 2º veda o entendimento de

que reforma de pneu seja considerada como fabricação ou destinação

adequada, pois que reforma nada mais é do que a extensão da vida útil do

pneu e o art. 1º é quem diz respeito a pneus inservíveis para o consumo. O §

3º permite ao fabricante ou importador a contratação (terceirização) de

empresa para coleta de pneus, embora a contratação não exima os

responsáveis legais pelo cumprimento das obrigações que são previstas no

caput do art. 1º, que é responsabilizar-se pela destinação final.

O inciso V do art. 2º considera pneus inservíveis àqueles que

apresentam danos irreparáveis em sua estrutura que o impedem de serem

reformados e de rodar nas estradas com segurança. Para o inciso VI do

referido artigo por destinação ambientalmente adequada de pneus inservíveis

são considerados os:

“[...] procedimentos técnicos em que os pneus são

descaracterizados de sua forma inicial, e que seus

elementos constituintes são reaproveitados, reciclados ou

processados por outra(s) técnica(s) admitida(s) pelos

órgãos ambientais competentes, observando a legislação

vigente e normas operacionais específicas de modo a

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

26

evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, e a

minimizar os impactos ambientais adversos”.

Para a destinação ambientalmente adequada a Resolução determina a

estruturação de Pontos de Coleta, ou seja, locais previamente “definido pelos

fabricantes e importadores de pneus para receber e armazenar provisoriamente os

pneus inservíveis” (inciso VII). A complexidade de instalar locais apropriados

inclui o conhecimento do quantitativo de pneus inservíveis para cada localidade

ou região, subsidiando parâmetros para a dimensão das unidades (LOPES et

al, 2002).

O inciso VIII, entende como sendo uma central de armazenamento dos

pneus inservíveis, aquele local que se presta temporariamente à recepção e

armazenamento dos pneus inservíveis, ainda inteiros ou mesmo os já

processados, ou seja, (picados, ou em lascas, ou em pó de borracha ). Este

local é disponibilizado pelo fabricante ou importador de maneira a favorecer a

logística da destinação.

Outra tendência positiva da Resolução 416 é que, ao mesmo tempo em

que se preocupa e propõe soluções para o impacto ambiental que a disposição

inadequada dos pneus inservíveis promove, a estratégia dos ecopontos surge

como fone de geração de empregos em vários níveis, inclusive para

administradores, pois estes pontos precisam ser gerenciados de forma

profissional. A Resolução inaugurou neste segmento – produção e venda de

pneumáticos, o sistema de logística reversa, uma vez que obriga fabricantes e

importadores a coletar os pneus inservíveis, dando-lhes alternativas para

reaproveitamento (nova entrada na cadeia produtiva) e, esgotadas estas

alternativas, devem ser dispostos em condições consideradas ambientalmente

adequadas, ou seja, de maneira a não impactar negativamente o meio

ambiente. (BERTAGLIA, 2009).

O inciso IX, trata da fórmula para o mercado de reposição (MR). A

fórmula é composta pelo quantitativo produzido (P) pela indústria de pneus

(unidades novas) mais o quantitativo dos pneus que foram importados (I) para

consumo interno. Deste valor subtraem-se as unidades de pneus destinadas à

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

27

exportação (E) (sem consumo interno) mais o quantitativo de pneus que

equipam os automóveis novos (EO), pois estas unidades não configuram

‘mercado de reposição’. Desta forma é possível montar a fórmula que

determinará a quantidade de pneus (1produzido= 1 inservível) que deverão ter

destinação final ambientalmente adequada:

MR = (P + I) – (E + EO) = quantidade de pneus inservíveis a ter

destinação final sob a responsabilidade dos fabricantes e importadores.

A logística da Reciclanip inclui a estruturação e funcionamento dos

Pontos de Coleta, bem como um sistema de transporte viável, que vai recolher

os pneus destes pontos, transportando-os para as empresas interessadas em

realizar a trituração ou moagem, o que é feito por uma empresa especializada.

Entendendo-se que o volume financeiro desta logística fica a cargo da

Reciclanip.

Georgino (2008) salienta que as empresas interessadas em receber os

resíduos processados dos pneus inservíveis ou mesmo eles na forma de pneus

para reaproveitamento devem estar cadastradas no IBAMA.

Art. 3o A partir da entrada em vigor desta resolução, § 1o Para efeito de controle e fiscalização, a quantidade de que trata o caput deverá ser convertida em peso de pneus inservíveis a serem destinados. § 2º Para que seja calculado o peso a ser destinado, aplicar-se-á o fator de desgaste de 30% (trinta por cento) sobre o peso do pneu novo produzido ou importado.

O art. 3º prevê que “para cada pneu novo comercializado para o

mercado de reposição”4, a indústria de pneus ou as importadoras serão

responsabilidade pela destinação adequada a um pneu inservível.

Trindade (2005) mostra-se bastante cauteloso no que diz respeito ao

estabelecimento de metas ambiciosas e a exigência de seu cumprimento.

Segundo o consultor a capacidade brasileira de eliminação dos pneus

inservíveis não é ilimitada e “as alternativas hoje existentes de eliminação, no

Brasil e no mundo, não são a um só tempo plenamente adequadas do ponto de 4 Os pneus novos para fabricação não são contabilizados tal qual já estava explícito no inciso V do art. 2º que trata da fórmula para obter-se o quantitativo do mercado de reposição.

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

28

vista ambiental e viáveis economicamente”, sendo uma realidade nada

motivadora do ponto de vista econômica como é o caso do co-processamento.

Andrade (2008, p. 17), coloca que a Resolução do CONAMA determina

que todos os pneus fabricados devam ser destinados de forma ambientalmente

adequada, mas aponta a dificuldade da indústria em alcançar estas metas, pois

“estima-se que 36,9% são retidos por seus antigos usuário, 17% têm destino

desconhecido, alguns são utilizados na reformação, e que somente cerca de

20% desse número é propriamente reciclado.” Sendo assim, fica impossível

aos fabricantes e importadores ter controle sobre a destinação de todos os

pneus, por isso a Resolução não é totalmente cumprida.

O art. 4º torna obrigatório o Cadastro Técnico Federal (CTF) junto ao

IBAMA, de todos os fabricantes, importadores, reformadores, assim como dos

destinadores (empresas que recebem o resultado da reciclagem dos pneus ou

eles mesmos para reaproveitamento).

Conforme o art. 5º, no período máxima de um ano os fabricantes e

importadores de pneus novos, obrigatoriamente deverão declarar ao IBAMA,

mediante Cadastro Técnico Federal (CTF), qual foi a destinação que deram

aos pneus inservíveis. Esta prestação de contas levará em consideração o

somatório do peso de todos os pneus novos para reposição, reduzido ou

diminuído do peso do seu desgaste natural (30%) conforme estabelece o art. 3º

desta Resolução. E o § 1º ressalta que o descumprimento desta prestação

pode acarretar, ao importador, a suspensão da liberação de importação.

Na situação em que vier a resultar um saldo do balanço de importação

e exportação, então, o § 2º estabelece que este possa ser compensado entre

os fabricantes e importadores de pneus novos definidos no art. 1º, mediante os

critérios e procedimentos a serem estabelecidos pelo IBAMA. E se houver

excedentes quando for cumprida a meta de destinação dos pneus, o § 3º

determina que este quantitativo possa ser empregado no período seguinte

(subsequente). Também inversamente, quando não for alcançada a meta, o §

4º prevê que, além das sanções previstas ou cabíveis como (multas) por

unidade, o valor será acumulado como obrigação para o período subsequente.

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

29

“§ 5º Para efeito de comprovação junto ao IBAMA, poderá

ser considerado o armazenamento adequado de pneus

inservíveis, obrigatoriamente em lascas ou picados, desde

que obedecidas as exigências do licenciamento ambiental

para este fim e, ainda, aquelas relativas à capacidade

instalada para armazenamento e o prazo máximo de 12

meses para que ocorra a destinação final”.

Quando se fala em sanções cabíveis o art. 70 do Decreto n. 6.514 de

2008 impõe pena de multa de R$ 400,00 (quatrocentos reais) por unidade tanto

por importar pneu usado ou reformado em desacordo com a legislação como

para “quem comercializa, transporta, armazena, guarda ou mantém em

depósito pneu usado ou reformado, importado nessas condições” (§ 1o)

(BRASIL, 2008).5

No Art. 6º, os destinadores deverão comprovar periodicamente junto ao

CTF do IBAMA, num período máximo de 01 (um) ano, a destinação dos pneus

inservível, devidamente licenciada pelo órgão ambiental competente.

Art. 7o Os fabricantes e importadores de pneus novos deverão elaborar

um plano de gerenciamento de coleta, armazenamento e destinação de pneus

inservíveis (PGP), no prazo de 6 meses a partir da publicação desta

Resolução, o qual deverá ser amplamente divulgado e disponibilizado aos

órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA.

§ 1o O PGP deverá conter no mínimo os seguintes requisitos:

I - descrição das estratégias para coleta dos pneus inservíveis,

acompanhada de cópia de eventuais contratos, convênios ou termos de

compromisso, para este fim;

5 Em 2002 a multa do IBAMA por unidade não descartada adequadamente era de R$ 0,30 e o custo para destruir um pneu corretamente era de R$ 1,80, o que equivaleu para sete empresas em 2004 multas de R$ 20 milhões que, pode parecer um valor alto, mas naquele contexto era mais lucrativo pagar multa do que estruturar condições de oferecer destino final aos pneus considerados inservíveis. (ANDRADE, 2008)

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

30

II - indicação das unidades de armazenagem, informando as

correspondentes localização e capacidade instalada, bem como informando os

dados de identificação do proprietário, caso não sejam próprias;

III - descrição das modalidades de destinação dos pneus coletados que

serão adotadas pelo interessado;

“No Brasil, os pneus inservíveis são reaproveitados de

diversas formas, como combustível alternativo para as

indústrias de cimento, na fabricação de solados de

sapato, em borrachas de vedação, dutos pluviais, pisos

para quadras poliesportivas, pisos industriais, asfalto-

borracha e tapetes para automóveis” (RECICLANIP,

2011).

IV - descrição dos programas educativos a serem desenvolvidos junto

aos agentes envolvidos e, principalmente, junto aos consumidores;

V - número das licenças ambientais emitidas pelos órgãos competentes

relativas às unidades de armazenamento, processamento, reutilização,

reciclagem e destinação; e.

VI - descrições de programas pertinentes de auto-monitoramento.

§ 2o O PGP deverá incluir os pontos de coleta e os mecanismos de

coleta e destinação já existentes na data da entrada em vigor desta Resolução.

§ 3o Anualmente, os fabricantes e importadores de pneus novos

deverão disponibilizar os dados e resultados dos PGPs.

§ 4o Os PGPs deverão ser atualizados sempre que seus fundamentos

sofrerem alguma alteração ou o órgão ambiental licenciador assim o exigir.

Segundo Trindade (2005) muito dificilmente o planeta se livrará dos

pneus dada a sua importância nas atividades de transporte de carga ou

passageiros, o que implica na inevitável geração de resíduos indesejáveis e

potencialmente capazes de impactar negativamente o meio ambiente, daí o

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

31

mérito em “implementar sistemas eficientes de gestão desses resíduos, com

vistas a minimizar sua geração e os efeitos nocivos que os mesmos podem

causar”.

É por causa da existência de um grande numero de pneus que rodam

nas estradas do Brasil, que é necessário criar estratégias para a coleta dos

pneus inservíveis visando receberem uma destinação adequada

ambientalmente. Assim o art. 8º determina que os fabricantes e importadores

de pneus novos, sozinhos ou em parcerias programem Pontos de Coleta dos

pneus. Os exemplos são os pontos de vendas, as borracharias, os municípios

e qualquer outro ente jurídico conveniente. Conforme o § 1º para cada 100 mil

habitantes deve-se implantar (um) posto de coleta no prazo máximo de 1 anos

após a publicação da Resolução. O § 2º determina que naqueles municípios

em que não houver Ponto de Coleta o atendimento será realizado através de

sistemas locais e regionais apresentados no PGP.

Art. 9o Os estabelecimentos de comercialização de pneus são

obrigados, no ato da troca de um pneu usado por um pneu novo ou reformado,

a receber e armazenar temporariamente os pneus usados entregues pelo

consumidor, sem qualquer tipo de ônus para este, adotando procedimentos de

controle que identifiquem a sua origem e destino.

§ 1o Os estabelecimentos referidos no caput deste artigo terão prazo

de até 1 (um) ano para adotarem os procedimentos de controle que

identifiquem a origem e o destino dos pneus.

§ 2o Os estabelecimentos de comercialização de pneus, além da

obrigatoriedade do caput deste artigo, poderão receber pneus usados como

pontos de coleta e armazenamento temporário, facultados a celebração de

convênios e realização de campanhas locais e regionais com municípios ou

outros parceiros.

O art. 10. O armazenamento temporário de pneus deve garantir as

condições necessárias à prevenção dos danos ambientais e de saúde pública.

Parágrafo único. Fica vedado o armazenamento de pneus a céu aberto.

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

32

Segundo o art. 11 o processo de coleta e destinação final dos pneus

inservíveis deve ser aprimorado, o que implica no compromisso dos fabricantes

e importadores de pneus novos divulgarem os Pontos de Coleta e das centrais

de armazenamento (inciso I) como também incentivar o usuário do pneu a

entregá-lo nos Pontos de Coleta ou nas centrais de armazenamento como

também no próprio ponto de comercialização, o que inclui lojas de

revendedores e borracheiros (inciso II); o inciso III responsabiliza os fabricantes

e importadores de pneus novos pela promoção de estudos e pesquisas no que

se refere a atualizar o desenvolvimento das técnicas de reutilização e

reciclagem dos pneus, assim como o aperfeiçoamento da cadeia logística

(cadeia de coleta e destinação adequada e segura de pneus inservíveis); o

inciso IV estimula o desenvolvimento de ações no sentido de articular todos os

agentes da cadeia de coleta e destinação final dos pneus.

De acordo com a Resolução 416 de 2009 a Reciclanip e as prefeituras

realizam Convênio de Cooperação Mútua, no qual a Prefeitura cede local,

coberto e protegido, com sistema que evite acúmulo de água, dentro de

normas específicas de segurança e higiene para o recebimento e

armazenamento dos pneus inservíveis (GEORGINO, 2010).

A Reciclanip (2011 d) estabelece como estratégias de estruturar pelo

país a cadeia de pontos de Coleta e destinação dos pneus inservíveis em

parceria com as redes de revendedores e reformadores, Poder Público (no

caso as Prefeituras) e com a sociedade de maneira que possa gerenciar estes

passivos ambientais de forma ambientalmente adequada ao seu destino final.

É fundamental, e a isso a entidade se propõe apoiar estudos e pesquisas

acerca do ciclo de vida útil dos pneus e estimular novas alternativas para a

destinação do pneu inservível. Outra estratégia, talvez a mais abrangente, seja

a disposição da entidade em desenvolver “em conjunto com o poder público,

programas e ações de conscientização ambiental para à população”, pois

somente esclarecida a sociedade se conscientizará acerca da importância da

sua participação. De muito pouco serve uma legislação ambiental se ela não

for do conhecimento da população.

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

33

O art. 12, confirmando o disposto no § 3º do art. 1º da Resolução 416

de 2009, permite aos fabricantes e importadores a contratação de serviços

especializados para coletar os pneus, em que pese que a terceirização da

coleta não os exima de sua responsabilidade com a destinação final. O

parágrafo único estabelece que “a simples transformação dos pneus inservíveis

em lascas de borracha não é considerada destinação final de pneus

inservíveis”, pois que mesmo esta transformação precisa ter destinação final

ambientalmente adequada.

No momento em que a legislação brasileira impõe aos fabricantes e

importadores de pneus a responsabilidade sobre a destinação final deste bem

o setor de pneus poderia buscar soluções isoladamente e cada um dos

fabricantes programar ações que levassem à destinação final dos pneus

inservíveis, com cada um desenvolvendo a sua cadeia reversa, com união de

esforços. Assim a ANIP, associação que congrega os mais importantes

produtores de pneus instalados no Brasil, criando a Reciclanip, abriu condições

para que cada fabricante arcasse com as suas obrigações (dando

sustentabilidade financeira à entidade) e à entidade coubesse a

responsabilidade sobre a coleta em pontos estratégicos dos pneus, a triagem

para as empresas cadastradas no IBAMA, o transporte daqueles pneus que

passam por processos de trituração e transportá-los às empresas interessadas

(cimenteiras em geral para uso como combustível), impedindo que os pneus se

transformem em passivos ambientais e cumprindo as determinações legais.

Esta proposta fomentou a união canalizando no mesmo fluxo reverso,

reduzindo o ônus individual dos fabricantes de pneus.

Art. 13. A licença ambiental dos destinadores de pneus inservíveis

deverá especificar a capacidade instalada e os limites de emissão decorrentes

do processo de destinação utilizado, bem como os termos e condições para a

operação do processo.

A Resolução impede que pneus ainda considerados em condições de

uso ou reforma sejam descartados e considerados como passiveis de

destinação final (art. 14).

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

34

O art. 15, embora não solucione a questão veda algumas opções de

disposição dos pneus por não serem ambientalmente adequadas disposição no

meio ambiente tais como “abandono ou lançamento em corpos de água,

terrenos baldios ou alagadiços, aterros sanitários e a queima a céu aberto” mas

não esclarece claramente o que seja disposição final e ambientalmente

adequada

A Resolução 416 de 2009 aboliu a disposição dos pneus inservíveis

nos aterros, pois estes não são projetados nem operados de forma eficiente

para receber pneus, que são resíduos de baixa compressibilidade e lenta

degradação, avariando os aterros sanitários. A solução mais fácil a curto e

médio prazo seria a “disposição destes materiais em locais apropriados e de

fácil acesso à reciclagem” quando se pensa em minimizar o impacto ambiental

e agravos à saúde pública que a disposição inadequada de pneus promove.

(LOPES et al, 2002, p.2)

Reza o art. 16:

“O IBAMA, com base nos dados do PGP, dentre outros

dados oficiais, apresentado pelo fabricante e importador,

relatará anualmente ao CONAMA, na terceira reunião

ordinária do ano, os dados consolidados de destinação de

pneus inservíveis relativos ao ano anterior.”

O IBAMA informará ao CONAMA: a quantidade nacional total dos

pneus fabricados ou comercializados pelos importadores (inciso I); o

quantitativo de pneus inservíveis por unidade da federação que deverão

receber destinação final (inciso II); o quantitativo de pneus inservíveis

destinados por categoria de destinação, incluindo aqueles que estiverem sob o

regime de armazenamento temporário (inciso III); o inciso IV determina que o

IBAMA informe as “dificuldades no cumprimento da presente resolução, novas

tecnologias e soluções para a questão dos pneus inservíveis, e demais

informações correlatas que julgar pertinente”.

Em artigo no site do Centro de Informações sobre Reciclagem e Meio

Ambiente (Recicloteca), Cristiana Passinato (2008) já apontava as dificuldades

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

35

em obedecer as determinações da Resolução 258 de 1999 (a Resolução 416

de 2009) veio revogá-la, embora mantendo a grande maioria dos artigos). Para

a professora de Química os maiores obstáculos eram: pneu usado não vira

pneu novo; complexidade do processo de coleta e transformação; dificuldade

logística; informalidade até nas cadeias já estruturadas de coleta e destinação;

adequação de tecnologias para o contexto brasileiro; irrealidade da base de

cálculo das metas = produção6.

Analizando a extinta Resolução da CONAMA n. 258 Hackbart e Lima

(1999) encontram no documento legal varias lacunas que a Resolução n. 416

de setembro de 2009 não preencheu. Uma das questões refere-se à

dificuldade de cumplir-se a determinação acerca da destinação final justamente

devido a falta de clareza. Tanto a antiga legislação como a atual, ambas estão

cientes da complexa composição e decomposição dos pneus, o que torna a

sua destinação também complexa.

Segundo a Resolução o fabricante ou o importador devem promover a

destinação final dos pneus inservíveis para que eles posteriormente, não

venham a ser um passivo ambiental.

“Há uma grande diferença, em termos de passivo

ambiental, entre tratar o resíduo e em “coletar e dar

destinação final adequada”. O tratamento consiste em

se adotar técnicas que visem reduzir o volume dos

resíduos em sua massa e quantidade, minimizar sua

periculosidade e/ou inertizá-lo antes de sua disposição

final adequada” (HACKBART e LIMA, 1999, p. 3, grifos no

original)

Diante da lacuna legal em estabelecer o que é ambientalmente

adequado os autores consideraram a opção de “mudar a ótica de destinação

6 Na Resolução anterior e na atual a meta é de para cada pneu novo a empresa precisa destinar adequadamente 1 pneus inservíveis, incluindo os importados; outra questão que impedia o cumprimento das metas era que a produção brasileira exportava muitos pneus junto com os carros que não se tornaram resíduos no Brasil, mas eram considerados como previsíveis de destinação. A Resolução atual leva em conta os pneus exportados e o desconto no peso do desgaste natural do pneu.

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

36

final adequada para ‘melhor tecnologia de tratamento disponível,

ambientalmente segura e economicamente viável’”, permitindo a gestão do

problema e garantir o reuso dos “componentes do pneu na cadeia produtiva”.

Esta análise ainda continua adequada em razão do silêncio da nova

Resolução, pois continua fundamental a questão do tratamento do resíduo ao

invés da sua simples disposição final provavelmente num aterro específico,

estocando, segregando os pneus inservíveis (HACKBART e LIMA, 1999, p. 3).

A Resolução n. 416 de 30 de setembro de 2009 por mais abrangente e

ambientalmente preventiva que seja em estabelecer “a necessidade de

assegurar que esse passivo seja destinado o mais próximo possível de seu local

de geração, de forma ambientalmente adequada e segura”, considera, ainda que

“os pneus usados devem ser preferencialmente reutilizados, reformados e

reciclados antes de sua destinação final adequada” e também em seu art. 1º em

que “Os fabricantes e os importadores de pneus novos, com peso unitário superior

a 2,0 kg (dois quilos), ficam obrigados a coletar e dar destinação adequada aos

pneus inservíveis existentes no território nacional”, porem a Resolução não

estabelece o que seja destinação final nem ambientalmente adequada.

Segundo Trindade (2005) tramita no Congresso o Projeto de Lei que

cria o Sistema de Gestão Ambientalmente Sustentável de Pneus, o qual

estabelece elementos técnicos e operacionais para um sistema eficiente que

simultaneamente promova a coleta e eliminação ambientalmente adequada

dos pneus inservíveis, evitando a desnecessária geração de volumes

adicionais de resíduos de pneus acelerando a formação do passivo ambiental

em território nacional.

Segundo Andrietta (2009) a questão subjacente de como descartar

adequadamente os pneus inservíveis é saber como fazer, questão muito

controversa, de poucas alternativas. Dentre estas poucas alternativas a

reciclagem é a que se tem mostrado mais confiável. Na reciclagem de pneus

pode-se reaproveitar as matérias primas de sua composição (borracha, aço)

para produzir matrizes que darão forma a outros produtos; pode-se aproveitar o

próprio pneu como forma de contenção (barragens) ou como insumo para a

construção civil) ou pode ser aproveitado como potencial energético.

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

37

3.2 – Reciclagens de pneus inservíveis

Reciclagem para Leite (2009, p. 9) constitui-se no processo em que os

componentes do bem descartado são extraídos (manual ou industrialmente) de

modo a produzir matéria-prima secundária ou reciclada que será incorporada

ao processo produtivo de outros bens. Assim o autor relata que a reciclagem –

o canal reverso de revalorização envolve “etapas de coleta, seleção e

preparação, reciclagem industrial e reintegração ao ciclo produtivo”.

Lopes et al (2002, p. 3) ressaltam as vantagens da reciclagem de

pneus usados que “na maioria das vezes necessita de conhecimentos

específicos na área ambiental e de engenharia que bem trabalhados geram

lucros, empregos, economia energética e evitam o acúmulo desse material”

nos locais impróprios.

Siqueira (2010, p. 1) ressalta que ao reintroduzir o pneu inservível no

ciclo de vida “o pneu descartado agregará valores exponenciais. A variável

lucrativa é fruto da ampla face de reaproveitamento material, ambientalmente

correta.”.

“No Brasil, os pneus inservíveis são reaproveitados de

diversas formas, como combustível alternativo para as

indústrias de cimento, na fabricação de solados de

sapato, em borrachas de vedação, dutos pluviais, pisos

para quadras poliesportivas, pisos industriais, asfalto-

borracha e tapetes para automóveis” (RECICLANIP,

2011).

Segundo Andrade (2008, p. 19) a reciclagem de pneus inservíveis “não

é somente o método ambientalmente mais indicado, mas também pode ser

convertida em uma fonte de emprego, caso sejam promovidas políticas

públicas adequadas, visto que reciclar gera mais posto de trabalho do que

incinerar”.

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

38

“As opções de reciclagem são: a recuperação dos seus

compostos, a fim de que seja dada a eles uma nova

finalidade, como a desvulcanização e regeneração da

borracha; e a trituração, para que a borracha do pneu seja

utilizada nos mais diversos processos, como na

construção civil e na composição do asfalto” (ANDRADE,

2008, p. 19).

Recuperação – Andrietta (2009) ressalta o processo de regeneração

ou desvulcanização do pneu inservível em que se separa a borracha dos

outros componentes desvulcanizando-a; a malha de aço e o arame são

recuperados como sucata de ferro qualificada; recupera-se o tecido de nylon

para utilização como reforço em embalagens de papelão.

Andrietta (2009) registra que existe uma série de processos químicos

para a recuperação da borracha – craqueamento, pirólise7, gaseificação,

hidrogenação, extração por degradação e extração catalítica.

Trituração – segundo Esotico (2010) é grande a capacidade de

aproveitamento da matéria prima, em especial da borracha. O autor ressalta

que a trituração do pneu produz um pó – pó ou granulado de borracha, que é

aproveitado na construção de asfalto ecológico, nos pisos derrapantes ou como

fonte de calor nas usinas cimenteiras.

Andrietta (2009) relata que a trituração dos pneus e moagem dos

resíduos, reduz o pneu a pó fino, sendo que a borracha contida nestes

resíduos mantém a forma vulcanizada, sem sofrer modificação não sendo

separada dos demais compostos. O reaproveitamento das partículas não

maiores que 5mm ocorre na mistura do asfalto para pavimentação de ruas e

pátios de estacionamento; partículas entre 1 a 6mm são aproveitadas nas

fábricas de cimento como combustível para os fornos. Devido ao seu baixo

7 A pirólise – destilação destrutiva com a finalidade de reaproveitar componentes do pneu como matérias primas e/ou combustíveis, tem sido o processo mais utilizado na reciclagem de pneus e inclui: pirólise genérica, pirólise de pneus com xisto - Petrobras, pirólise de pneus SVEDALA/METSO, pirólise de pneus com reator catalítico secundário e pirólise PKAT/Toshiba,

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

39

peso e custo a borracha triturada (recuperada) pode ser aproveitada na

produção de saltos e solas de calçados, mangueiras, tapetes para automóveis

etc.

Conforme Passinato (2008) uma “parte da rodovia Juiz de Fora-Rio foi

feita com o asfalto borracha e tem uma aceitação muito boa, pois este asfalto

apresenta uma aderência maior ao pneu e produz menos ruído” e mesmo com

custo mais elevado a técnica além de garantir maior segurança os usuários

também representa economia para a Concessionária que opera a rodovia por

ser mais resistente, o que resulta na redução da necessidade de manutenção.

Faccio (2010), como coordenador da Reciclanip destaca a importância

do reaproveitamento do pó triturado como combustível alternativo nas

indústrias de cimento, como combustível de caldeiras, como matéria prima para

a fabricação de solados de calçados, em borrachas de vedação e como pisos

derrapantes em quadras esportivas ou escolares, pisos industriais e tapetes de

automóveis. Afirma, ainda, que todas as destinações finais que a Reciclanip

contribui são aprovadas pelo IBAMA.

Para Bertaglia (2009), a incineração de materiais inservíveis pode gerar

energia para a própria organização, reduzindo o custo econômico da empresa,

o que agrega valor ao ciclo produtivo e beneficia o meio ambiente, elevando a

organização ao status de empresa de ‘produção limpa’.

No seu artigo Motta (2008, p. 172) aponta três opções para a

reciclagem dos pneus inservíveis: pneus convencionais, pneus radiais e pneus

em geral. Os pneus convencionais destinam-se ao processo de laminação e

transformação da borracha em artefatos diversos. Seu reaproveitamento inclui

solas de calçados, cintas de sustentação para assentos de sofás e bancos,

tapetes para carros; os pneus radiais sofrem trituração e são encaminhados

para “empresas produtoras de cimento, para queima nos fornos de clinquer, ou

para o Processo Petrosix”8; pneus em geral são transformados em pó de

borracha.

8 A Petrosix é a unidade produtiva da Petrobras que processoa xisto betuminoso para obter petróleo bruto. A Petrosix co-processa a matéria prima. (MOTTA, 2008)

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

40

CAPÍTULO IV

A RECICLANIP

Fundada em 1960 a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos –

ANIP tem como finalidade representar no Brasil os fabricantes de pneumáticos

e câmaras de ar instalado no território nacional, atuando e zelando pelos seus

interesses. Criada pelos fabricantes Bridgestone, Goodyear, Michelin e Pirelli

veio, ao longo dos anos recebendo adesões como a Tortuga, Rinaldi e

Maggion, Continental e Levorin e atualmente “compreende nove empresas e 15

fábricas instaladas nos Estados de São Paulo (sete), Rio de Janeiro (duas), Rio

Grande do Sul (duas), Bahia (três) e Paraná (uma)”. (ANIP, 2011a).

4.1 – Reciclanip

A ANIP lançou o Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus

Inservíveis em 1999. (RECICLANIP, 2011c). E no ano de 2007 em São Paulo a

ANIP cria a RECICLANIP, visando cumprir as determinações da Resolução n.

416 de setembro de 2009. (GEORGINO, 2008).

“Em 2007, os fabricantes de pneus novos Bridgestone

Firestone, Goodyear, Michelin e Pirelli consolidaram a

proposta da ANIP, através da criação da RECICLANIP,

entidade sem fins lucrativa voltada para o pós-consumo: a

coleta e a destinação de pneus inservíveis – aqueles que

estão velhos e já não têm mais utilidade” (GEORGINO,

2008).

A Reciclanip (2011b) tem como Visão “administrar o processo de coleta

e destinação de pneus inservíveis em todas as regiões”. (refere-se ao território

nacional). Bem como a missão da Reciclanip é tornar-se “uma entidade-

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

41

modelo, auto-sustentavel, reconhecida e admirada pelo trabalho efetivo na

destinação de pneus inservíveis e dotada de autonomia operacional e

financeira” (Reciclanip, 2011c).

A criação da Reciclanip baseou-se nos moldes de empresas europeias,

sendo que a Reciclanip tem natureza de entidade sem fins lucrativos, enquanto

as empresas europeias recebem investimentos e “são pagas pelos vários

agentes da cadeia produtiva para cobrir as despesas operacionais e garantir a

destinação de pneus inservíveis”, Na Europa o consumidor ao adquirir um pneu

novo efetua uma taxa obrigatória destinado à reciclagem dos pneus inservíveis.

No Brasil a ANIP, através dos fabricantes e importadores, arca com a

totalidade dos custos de coleta e destinação final dos pneus inservíveis,

incluindo transporte, trituração e destinação (RECICLANIP, 2011).

De acordo com Faccio (2010) esta situação em que faz a ANIP assumir

os custos de coleta e destinação final dos pneus inservíveis vem desde a

criação, em 1999, do Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus

Inservíveis implantados pela ANIP de maneira a cumprir as determinações

contidas no art. 1º da Resolução CONAMA 258 que foi revogada pela

Revolução 416 de setembro de 2009 e mantém a essência da antiga

Resolução.

.

“A ANIP, em parceria com 4.000 revendedores de pneus

do país, estabeleceu os critérios para a coleta dos pneus

inservíveis e formou, com estas revendedoras, uma rede

para captação dos pneus dos clientes; investiu na

elaboração de um programa para conscientização do

consumidor para que entregassem os pneus inservíveis

nas revendedoras; definiu as tecnologias que seriam

utilizadas para destinação final - regeneração da

borracha, e geração de energia pelo resíduo; e implantou,

em comum acordo com as empresas parceiras que fariam

a destinação final do produto” (MOTTA, 2008, p. 178).

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

42

A criação da Reciclanip vem fortalecer a proposta de que demonstra seu

interesse com a responsabilidade que a indústria de pneumáticos acerca das

questões ambientais. A entidade esforça-se em estabelecer ao Brasil

condições de valorizar a “preservação da natureza e a qualidade de vida e

bem-estar da população” (RECICLANIP, 2011b).

Em seu artigo Esotico (2010) realça que a Reciclanip não comercializa

pneus, simplesmente os recolhendo. Este recolhimento é realizando mediante

parcerias com órgãos públicos como a Prefeitura, que oferece o espaço para

depósito dos pneus que passarão pelo processo de reciclagem como

destinação final.

4.1.1 – Ecopontos

Segundo Georgino (2008) os pontos de coleta ou ecopontos

constituem-se de locais cobertos e protegidos do acúmulo de água, como as

das chuvas, e que são indicados pela prefeitura em parceria com a Reciclanip,

onde os pneus ficam até que a entidade os colete, processe e o resultado

(matéria-prima) do processamento será entregue a empresas destinadoras e

que são credenciadas pelo IBAMA para a sua utilização como insumo para

outros bens/serviços.

4.1.2 – Os números da Reciclanip

Em seu balanço de 2010 a Reciclanip (2011) afirma ter coletado e

destinado adequadamente do ponto de vista ambientalmente sustentável,

311.554 toneladas de pneus inservíveis, o que equivale a 62 milhões de

unidades de pneus para carros de passeio. Desde 1999, ano em que foi criada

pela ANIP com o programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus

Inservíveis – célula-mãe da Reciclanip, a entidade coletou e destinou mais de

1,54 milhão de toneladas de pneus inservíveis, o que equivale a 310 milhões

de pneus de passeio.

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

43

A Reciclanip (2011) que, desde a sua fundação recebeu US$ 124

milhões dos fabricantes, previu, para 2011 investimentos de US$ 41 milhões, o

que significa 20% superiores aos de 2010 que foi de US$ 33 milhões.

O balanço de 2010 da Reciclanip (2011) informa que a entidade conta

com 620 pontos de coleta distribuídos pelo Brasil. A Reciclanip vem ampliando

o número de Pontos de Coleta de Pneus mediante as parcerias que vêm

firmando com as Prefeituras desde 2004.

Embora o sistema de coletas venha apresentando resultados positivos,

os Pontos de Coleta, como pontua Motta (2008), ainda são insuficientes, mas

as parcerias que a Reciclanip tem firmado com as prefeituras permite prever

sua ampliação gradual.

4.1.3 – Principais destinações adequadas

De acordo com o 2º Balanço Semestral da Reciclanip, publicado em

agosto de 2010, todas as destinações dos pneus inservíveis são aprovadas

pelo IBAMA, e dentre as várias alternativas de reaproveitamento colocam-se: -

Como combustível alternativo para as indústrias de cimento ou para

combustível de caldeiras, - Na fabricação de asfalto borracha ou ecológico, -

Para fabricação de vasos de borracha para plantas, - Para Solados de

calçados (sapatos, sandálias e botas), - Em pisos para quadras poliesportivas e

pisos industriais, - Em borrachas de vedação ou dutos pluviais, Em tapetes

para automóveis (RECICLANIP, 2010a).

Existem muitas outras sem ter a participação da Reciclanip, tais como

o aproveitamento dos pneus inservíveis de maneira ecologicamente correta na

construção de muros de arrimo ou contenção, proteções de ancoradouros e

embarcações9, pisos ecológicos10, e até mesmo na construção de casas11

como destacam Guarnieri (2010) e A Casa Orgânica (2010).

9 Os muros de arrimo são construídos com carcaças de pneus e areia, as proteções de ancoradouros e embarcações os pneus são afixados com cordas. (GUARNIERI, 2010) 10 O aproveitamento da moagem dos pneus (flocos e fibras de borracha) produzem pisos resistentes e, além de reduzir o passivo ambiental, ainda apresenta-se como proteção acústica

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

44

4.2 - Pontos positivos e negativos da criação da Reciclanip

Andrade (2008), mesmo entendendo a revalorização do bem pela

incineração, considera que o sistema ainda precisa ser melhorado quando se

trata de pneus, pois uma grande parte da matéria prima é perdida nesse

processo (cerca de 60%) e de gerar gases nocivos ao meio ambiente12. Assim

a incineração sendo “certamente a destinação mais fácil a ser dada aos

pneumáticos, porém é, igualmente, a mais prejudicial”.

Para Leite (2009) a maioria dos bens podem ser revalorizados, o que

fortalece o papel da Logística Reversa e a reciclagem do pneu agrega valor

econômico e ecológico no seu pós-consumo, oportunizando que as matérias

primas (resíduos) sejam reintegradas ao ciclo produtivo. O sistema de

incineração dos pneus agrega valor econômico ao, uma vez que transforma os

resíduos em energia elétrica.

O ponto positivo desta criação foi à parceria entre a entidade sem fins

lucrativos (Reciclanip), organizações privadas (que recebem, sem ônus, o

produto final dos pneus para ser reaproveitados) e a Prefeitura que cede os

locais ou ecopontos, onde o consumidor deposita os pneus inservíveis que

mais tarde serão coletados pela Reciclanip para serem reaproveitados.

O ponto negativo é a fraca divulgação tanto da legislação, como dos

danos causados pela disposição inadequada dos pneus e da existência de um

canal de coleta destes passivos e seu reaproveitamento sem causar danos ao

meio ambiente.

11 Rede estrutural – paredes construídas com carcaça de pneus e cimento com barro ao invés de areia. (ACASAORGANICA, 2010) 12 A combustão libera cinzas que contêm produtos tóxicos dos mais perigosos ao homem como o xileno, oxido de zinco, benzeno, fenóis, dióxido de enxofre, monóxido de carbono, oxido de chumbo, tolueno, materiais particulados, aos quais a Organização Mundial de Saúde não aceita nenhum tipo de nível seguro. A emissão de gases provoca mudanças climáticas, efeito estufa, destruição da camada de ozônio e chuva ácida que ingerida pelo ser humano pode desenvolver câncer; a precipitação desses gases contamina água e solos, em especial pela presença de enxofre e benzeno, como também os gases compostos de flúor e cloro.

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

45

CAPÍTULO V

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA O

ALCANCE DAS METAS DA RECICLANIP

Para Rodrigues e Colesanti (2008) as práticas de Educação ambiental

constituem-se em instrumentos poderosos no que se refere à intermediação na

formação de indivíduos conscientes e reflexivos acerca de seus papéis na

sociedade e do exercício da cidadania. É fundamental sensibilizar a sociedade

acerca da responsabilidade individual e coletiva com a preservação da

qualidade de vida no planeta.

A Educação Ambiental (EA) tem importância fundamental para

conscientizar, informar, além de educar a sociedade a respeito da destinação

final dos pneus inservíveis e todos os aspectos finais deste processo. A própria

Resolução n.416 de 30 de setembro de 2009, em seu art. 7, ao estabelecer um

plano de gerenciamento dos pneus inservíveis, recomenda a sua divulgação.

Bem como o inciso IV, da Resolução diz respeito a motivar programas

educativos a todos os agentes envolvidos e aos consumidores. Portanto a

Educação Ambiental é importante para que a Reciclanip alcance com sucesso

as suas metas.

5.1 – Definindo Educação Ambiental.

Segundo o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades

Sustentáveis e Responsabilidade Global – marco mundial para a Educação

Ambiental, nascido da Jornada Internacional de Educação Ambiental, durante o

Fórum Global paralelo à Rio-92 define Educação Ambiental como:

“[...] um processo de aprendizagem permanente, baseado

no respeito a todas as formas de vida. Tal educação

afirma valores e ações que contribuem para a

transformação humana e social e para a preservação

Page 46: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

46

ecológica. Ela estimula a formação de sociedades

socialmente justas e ecologicamente equilibradas, que

conservam entre si relação de interdependência e

diversidade” (PRONEA, 2005, p. 57).

A Lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999, é oficialmente a lei que dispõe

sobre a educação ambiental, institui a política nacional de Educação ambiental

e dá outras providências, define a Educação Ambiental como:

“[...] os processos por meio dos quais o indivíduo e a

coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,

habilidades, atitudes e competências voltadas para a

conservação do meio ambiente, bem de uso comum do

povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua

sustentabilidade” (BRASIL, 1999, art. 1º).

O art. 2º da Lei 9795 de 1999 concebeu a EA como “componente

essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de

forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em

caráter formal e não-formal”. O art. 3º, dentre as várias instâncias de

responsabilidade acerca da oferta da EA, incumbe a escola a promoção da EA,

em todos os níveis de ensino, de maneira integrada aos programas

educacionais.

“A educação ambiental é um processo permanente no

qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do

seu meio ambiente e adquirem conhecimentos,

habilidades, experiências, valores e a determinação que

os tornam capazes de agir, individual ou coletivamente,

na busca de soluções para os problemas ambientais,

presentes e futuros”. (UNESCO, 1987, apud RIZZO, 2008,

p. 3)

Em linhas gerais estas definições trazem a contextualização de uma

EA voltada à formação de uma população planetária consciente, preocupada e

comprometida com ações que alterem comportamentos lesivos. Esta educação

Page 47: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

47

política visa capacitar os indivíduos para desenvolverem habilidades, atitudes,

motivações que os comprometam com a colaboração individual e coletiva para

a “resolução de problemas atuais e na prevenção de problemas futuros.”

(RIZZO, 2008, p. 3)

Para Berna (2007) a EA eficiente é aquela que habilita o cidadão

comum a exigir das empresas o respeito às leis e a preservação do meio

ambiente, mas que também construa, para si, uma vida consciente do ponto de

vista ambiental, enfrentando as próprias ações inadequadas e reformulando

comportamentos acumulados ao longo da vida.

5.2 – O papel da Educação Ambiental

Cabe à Educação ambiental, incrementar os conteúdos capazes de

promover o aumento da sensibilidade dos indivíduos no que se refere a

fortalecer sua responsabilidade tanto no que diz respeito à fiscalização como

no que se refere a controle da degradação ambiental.

A postura de dependência e de não responsabilidade da

população decorre principalmente da desinformação, da

falta de consciência ambiental e de um déficit de práticas

comunitárias baseadas na participação e no envolvimento

dos cidadãos, que proponham uma nova cultura de

direitos baseada na motivação e na co-participação na

gestão do meio ambiente, nas suas diversas dinâmicas.

(JACOBI, 2005, p. 241)

A Educação ambiental vai promover uma reforma no pensamento.

Afinal, jogar ou não jogar lixo (ou pneus) nas ruas? Independente da ausência

ou não do poder público, responsabilizar ou não o sistema político, pelas

desigualdades sociais e a exploração de riquezas de forma inadequada,

causando danos ao meio ambiente...

Page 48: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

48

Por exemplo, Novicki e Maccariello (2002) destacam que a questão do

lixo descartado inadequadamente é falta de conscientização da população. A

racionalidade ambiental encontra-se, diretamente, ligada à premissa defendida

por Novicki e Maccariello (2002), na qual é impossível não perceber que no Brasil

a desigualdade social caminha junto com a degradação ambiental, configurando

a questão socioambiental.

A Educação Ambiental não se distancia da educação para a cidadania

e deve-se condicionar-se ao contexto de desenvolvimento econômico,

ressaltando a sustentabilidade como forma de reduzir os impactos negativos ao

meio ambiente.

O papel dos educadores é o de fomentar a importância da prevenção e

do respeito às normas vigentes no que diz respeito à circulação de

conhecimentos, refletindo na compreensão do mundo e no modo de

representá-lo em todos os espaços do cotidiano do indivíduo, ampliando o seu

auto-reconhecimento como sujeito de deveres e de direitos, ou seja, como

sujeitos sociais atuantes. Desta forma, destacam Rodrigues e Colesanti (2008),

a EA deve ser incorporada como componente de “ações de diversas áreas tais

como saúde, direitos sociais, gestão ambiental em unidades de conservação e

setor industrial, dentre outras”.

Para Sauvé (2005, p. 319) o projeto educativo de Educação ambiental

não é fácil de ser posto em prática, pois que “requer o envolvimento de toda a

sociedade educativa: escolas, museus, parques, municipalidades, organismos

comunitários, empresas etc”.

Berna (2007) realça que cabe ao educador colocar o indivíduo frente a

um problema específico que cause agressão ambiental e apontar exemplo de

como evitá-lo ou minimizá-lo. E não foi outro o raciocínio ao optar pela

existência da Reciclanip como instrumento de redução de passivos ambientais

e respeito à legislação. Os pneus fazem parte da vida de todos os indivíduos,

até os da mais remota localização geográfica, e falar do impacto ambiental que

surge a partir do seu descarte inadequado é conscientizar-se de que todas as

ações levam a uma reação, usando o ambiente local como motivador de que

Page 49: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

49

nada ou ninguém vive isolado na Natureza, de que influenciamos e somos

influenciados pelo meio.

5.3 – A sensibilização

Guadagnin, Cechella e Mariano (2010) ressaltam a importância da

conscientização de toda a cadeia que envolve o uso dos pneus, desde seus

fabricantes, distribuidores e, também, os usuários. Nenhum programa de

destinação de resíduos terá total sucesso sem a participação dos envolvidos. É

fundamental a sua conscientização acerca dos impactos negativos que o meio

ambiente experimenta com a destinação inadequada, é fundamental a

sensibilização e questionamento de que tipos de planeta desejaram deixar para

a geração futura. A educação é parte essencial quando se fala em

conscientizar o usuário, levando ao seu conhecimento a oportunidade de

entregar os pneus e que haverá alguém responsável sobre sua destinação

final.

A Reciclanip congrega o consumidor a assumir seu papel de cidadão

consciente e aconselha que o dono do pneu – agora inservível (sem condições

de ser reformado), ou seja, sem condições de rodar com segurança13, o leve

até um local apropriado (ecopontos) “evitando que sejam descartados na

natureza ou, pior, queimados a céu aberto”, onde poderá ser encaminhado

para uma destinação ambientalmente correta” (RECICLANIP, 2011e).

“O Ministério do Meio Ambiente (MMA) atenta para o fato

de que há uma dificuldade de unir os fatores da

segurança e economicidade no que rege o tratamento

dado aos pneus, sendo o processo da adequada

destinação ainda mais difícil num país com as proporções

do Brasil” (ANDRADE, 2008, p. 20).

13 Os pneus vem de fabrica com um indicador de segurança, marcado no próprio pneu e o consumidor não deve continuar rodando com ele ao ultrapassar esta marca.

Page 50: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

50

Uma das questões que continua dificultando a coleta de pneus é o

número de ecopontos insuficientes. O Rio de janeiro, por exemplo, possui 10

Pontos de Coleta, nenhum deles na zona metropolitana, sendo os mais

próximos localizados nos municípios de Mesquita e São João de Meriti, o que

inviabiliza o consumidor de deixar o pneu inservível num ecopontos. Diante

desta dificuldade a Reciclanip aconselha ao consumidor que “ao trocar um

pneu em um estabelecimento comercial, procure deixá-lo no local, onde poderá

ser encaminhado para uma destinação ambientalmente correta” (RECICLANIP,

2001e).

Esta insuficiência de pontos reforça a importância de se esclarecer a

população acerca da existência deste programa de coleta de pneus para que a

própria sociedade, encontrando empecilho para descartar o pneu, não mais o

jogue no lixo e passem a cobrar dos órgãos responsáveis e dos fabricantes e

importadores de pneus a instalação de ecopontos pelas cidades do Brasil.

5.4 – Parcerias com a mídia

Uma das maiores contribuições da Resolução 416 de 2009 é a co-

responsabilidade da população consumidora de pneus, no que se refere à

entrega dos pneus inservíveis nos ecopontos para que estes sejam destinados

ao seu reaproveitamento antes de serem esgotadas as alternativas. Esta co-

responsabilidade estimula que o cidadão consumidor compreenda seu papel no

que se refere a proteger o meio ambiente e assumir responsabilidades acerca

dos resíduos que cada cidadão promove.

Para Siqueira (2010, p. 2) não se pode negar a importância de reduzir

o consumo que resulte em passivo ambiental como alternativa para a queda de

impactos ambientais “pois atinge diretamente a produção, sendo assim,

menores índices de impacto ambiental”. Independente da redução a articulista

considera essencial a reeducação de hábitos, uma vez que esta capacitará o

homem a compreender os riscos à saúde de um descarte inadequado dos

pneus. Assim aposta na validade de se implantar “amplas campanhas de

Page 51: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

51

educação ambiental compreendendo temas que possuem impacto no aumento

do ciclo de vida dos pneus”.

O art. 3º, IV da Lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999, que instituiu a

Política Nacional de Educação Ambiental (PRONEA) determina que a

Educação Ambiental em seu processo mais amplo seja amparada e para tanto

incumbe “aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e

permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio

ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação” e salvo

ações pontuais esta não é uma prática real.

A Declaração de Brasília para a Educação Ambiental no Brasil (MEC,

1998) também estimula que todas as mídias divulguem as leis ambientais, o

fortalecimento de um sistema de comunicação interestadual em EA, a

veiculação das propostas da Agenda 21 de maneira que o cidadão comum a

compreenda, a promoção de eventos com a ampla participação da sociedade.

Ressalte-se que em Julho de 2010 a Rede Globo de Televisão com

seu programa Cidades e Soluções veiculado pelo Globo News (rede fechada)

mostrou como se processa a coleta de pneus inservíveis pelo país, o processo

de reutilização deste material e entrevistou proprietários de empresas que se

interessam pelos resíduos. Estas iniciativas são fundamentais para disseminar

na sociedade informações que são de extrema importância para que

programas como a Reciclanip funcionem efetivamente. De nada adianta montar

uma estratégia complexa, onerosa, de tecnologia de ponta para reduzir os

resíduos sólidos referentes aos pneus se o consumidor desconhece. Em meu

círculo social questionei se as pessoas sabiam da existência da possibilidade

de utilização dos pneus como novas matérias-primas no sentido de evitar

impactos ambientais negativos e a surpresa foi de que ninguém conhecia a

iniciativa da Reciclanip e muito menos a legislação. (GLOBONEWS, 2010).

Page 52: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

52

CONCLUSÃO

A Educação Ambiental impulsiona as transformações nos indivíduos

para que estes assumam seu papel social, exercitem sua cidadania e

participem das ações sociais, num compromisso com a formação de uma visão

crítica que estimule a construção de uma sociedade ambientalmente

sustentável. As iniciativas que visem reduzir o descarte inadequado de bens

considerados inservíveis devem ser disseminadas; Educação Ambiental

também estimula a reflexão em torno dos riscos ambientais e aponta para a

necessidade de propostas pedagógicas centradas na conscientização do

indivíduo nas mudanças de atitude individual e coletiva, na participação em

práticas sociais, no desenvolvimento de habilidades, de competências, e na

capacidade de avaliação e participação de todos.

O papel da Educação Ambiental se estabelece em fornecer e

incrementar os conteúdos capazes de aumentar as sensibilidades dos

indivíduos fortalecendo sua responsabilidade tanto no que diz respeito à

fiscalização como no que se refere a controle e degradação ambiental.

Portanto a Educação Ambiental se faz necessário como uma parceria

fundamental para viabilizar o bom funcionamento de todo este mecanismo,

educando, conscientizando, ajudando no cumprimento desta resolução n. 416

de setembro de 2009, tornando esta sensibilização efetiva em todos os

momentos deste mecanismo. Assim, a educação Ambiental funciona como o

elo entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental, tornando-

se possível que seja realizada esta parceria, contribuindo, portanto para a

sustentabilidade e melhoria da qualidade de vida de todos os cidadãos e do

nosso planeta.

Page 53: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Fabyane. O mal por trás dos protestos. O hábito de queimar pneus

traz danos, alguns irreversíveis, á saúde. Publicado em 19 de outubro de 2010.

Disponível em:< URL:http://cesmacinfoca.blogspot.com/2010/10/o-mal-por-tras-

dos-protestos.html > data de acesso: 10 jun. 2011.

ANDRADE, Pedro Gustavo Gomes. A guerra dos pneus: os casos brasileiros

no Mercosul e na OMC. Publicado em: 2008. Disponível em:

www.cedin.com.br/revistaeletronica/indice.htm data de acesso: 27 mar. 2011.

ANDRIETTA, Antonio J. Pneus e meio ambiente: um grande problema requer

uma grande solução. Publicado em 2009. Disponível em:<URL:

http://www.reciclarepreciso.hpg.ig.com.br/recipneus.htm > data de acesso: 19

fev. 2011.

ANIP: Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos. Publicado em 2011.

Disponível em: < URL:http://www.anip.com.br/?cont=fabricacao.html >data de

acesso: 30 abr. 2011.

ANIP: Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos. Publicado em 2011.

Disponível em: < URL:http://www.anip.com.br/?cont=institucional.html >data de

acesso: 30 abr. 2011.

BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos:

planejamento, organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman,

2001.

BERNA, V. Qual a real situação e necessidade, hoje, do meio ambiente?, 2007.

Disponível: http://www.construirnoticias.com.br/asp/matéria.asp?id:863 data de

acesso em: 12 jun. 2011.

Page 54: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

54

BERTAGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento.

2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

BRASIL. M. E. Coordenação de Educação Ambiental. A implantação da

Educação Ambiental no Brasil. Brasília, 1998.

BRASIL, Resolução n°416, de 30 de setembro de 2009, que dispõe sobre a

prevenção à degradação ambiental causada por pneus inservíveis e sua

destinação ambientalmente adequada e dá outras providências. Disponível em:

<URL: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=616 data de

acesso: 20 jan. 2011.

BRASIL, Decreto n°6.514, de 22 de julho de 2008, que dispõe sobre as

infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo

administrativo federal para apuração destas infrações. Disponível em:

URL:http//www.planalto.gov.br/ccivil03/ato2007-2010/2008/decerto/d6514.html

BRASIL, Lei n° 9795, de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a Educação

Ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras

providências. Disponível:

http://www.planalto.gov.br/ccivil03/leis/L9795 acesso: 20 mai. 2011.

BRASIL. M. e. Parâmetros Curriculares da Educação. Disponível em:

URL:http//www.mec.gov.br/sef/pcn.shtm. Data de acesso: 20 mai. 2011.

CARVALHO, I. C. M. Educação Ambiental: a formação do sujeito

ecológico. São Paulo: Cortez, 2004.

DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia,

2003.

FERREIRA, A. B. H. Novo Aurélio século XXI: O dicionário da língua

portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

Page 55: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

55

ESOTICO, Felipe. A importância da coleta e destinação adequada dos pneus.

Publicado em: 2010. Disponível em:

URL:http//www.reacaoambiental.com.br/?p=5150 data de acesso: 16 jan. 2011.

FACCIO, Cesar. Pneus: a importância da destinação adequada. In: Rio contra

a Dengue. (2010). Publicada em 2010. Disponível em:

URL:http//www.riocontradengue.com.br/destaque.asp?editecodigodapagina=22

67 data de acesso: 16 jan. 2011.

GEORGINO, Érica. De pneus velhos a piso de quadras, tapete e cimento.

Publicado em: 2008. Disponível em:

URL:http//www.planetasustentavel.abril.com.br/noticia/lixo/contexto295763.sht

ml data de acesso: 11 jan. 2011.

GLOBONEWS. Pneu velho se transforma em energia, asfalto e concreto.

Matéria realizada e com data publicada em: 08 jul. 2010. Disponível em:

URL:http//www.globonews.globo.com/jornalismo/GN/0,,MUL1605160-17665-

354,00.html data de acesso: 12 mar. 2011.

GUADAGNIN, M. R; CECHELLA, E. C; MARIANO, M. B. Inventário das fontes

geradoras de pneus inservíveis de Criciúma, SC. VII Simpósio Internacional de

qualidade ambiental. Publicado de 17 a 19 de maio de 2010. Disponível em:

URL:http//www.famcri.sc.gov.br/ecoponto/artigo_ecoponto.doc.html data de

acesso: 25 jan. 2011.

GUARNIERI, P. Borracha de pneus velhos vira piso ecológico. 2010.

Disponível em: URL:http//wwwpatriciaguarnieri.blogspot.com/2010/10/borracha-

de-pneus-velho-vira-piso.html data de acesso: 16 jan. 2011.

HACKBART, R; LIMA. T. A destinação final aos pneus. Análise da Resolução

n°258/99, CONAMA. Publicado em: 1999. Disponível em:

URL:http//www.assessoriadopt.org/pneus.html data de acesso: 10 jan. 2011.

Page 56: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

56

INMETRO. Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade

Industrial. Portaria n°252, de 16 de outubro de 2006. Disponível em: <URL:

http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC00169.pdf data de acesso:

10 jan. 2011.

JACOBI, P. R. Educação Ambiental: o desafio da construção de um

pensamento crítico, complexo e reflexivo. Educação e pesquisa. São Paulo,

v.31, n°2, p. 233-250, maio-ago. 2005.

LEITE, P. R. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. 2 ed. São

Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

LOPES, C. E. M; JERÔNIMO, C. E. M; NORONHA, A; CEZAR, G. M;

SANTIAGO, J. A. F; OLIVEIRA, V. G; MELO, H. N. S. Reciclagem de pneus

inservíveis: estudo comparativo de métodos e quantificação para a cidade do

natal- RN. ABES- Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental.

Publicado em SIBESA, 2002. Disponível em: <URL:

http://www.bvde.paho.org/bvsacd/sibesa6/cxlv.pdf. acesso: 17 mar. 2011.

LOUREIRO, C. F. B. Educar, participar e transformar em Educação

Ambiental. Revista brasileira de Educação Ambiental. N° 0, novembro, 2004.

MILARÉ, E. Direito do Ambiente. Doutrina- prática- júris prudência- glossário.

São Paulo: RT, 2008.

MOTTA, F. G. A cadeia de destinação dos pneus inservíveis: o papel da

regulação e do desenvolvimento tecnológico. Ambient. Soc, 2008. Vol.11,

n°1, p.167- 184.

NARLOCH, L. Guia politicamente incorreto da história do Brasil. São

Paulo: Leya, 2009.

Page 57: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

57

NOVICKI, Victor; MACCARIELLO, Maria do Carmo M. M. Educação Ambiental

no Ensino Fundamental: as representações sociais dos profissionais da

educação. Publicado em: 2002. Disponível em:

URL:http//www.uff.br/lacta/.../educacaoambientalnoensinofundamental.doc data

de acesso: 20 mai. 2011.

ORGÂNICA. A. Reciclanip visita à casa orgânica. Publicado em: 2010.

Disponível em:<URL:http://aventura.com.br/casaorganica/?p=145> data de

acesso: 10 mai. 2011.

PASSINATO, Cristiana de Barcellos. Ciclo de vida do pneu e suas aplicações

posteriores. Publicado em: 24 jan. 2008. Disponível em: <URL:

http://www.crispassinato.wordpress.com/2008/01/24/ciclo-de-vida-do-pneu-e-

suas-aplicacoes-posterores/ data de acesso: 27 mar. 2011.

PRONEA: Programa Nacional de Educação Ambiental. Ministério do Meio

Ambiente, Diretoria de Educação Ambiental; Ministério de Educação e

coordenação Geral de Educação Ambiental. 3. ed. Brasília: MMA, 2005.

Disponível: http://www.mma.gov.br/estruturas/educamb/arquivos/pronea3.pdf

data de acesso: 20 mai. 2011.

RECICLANIP. Reciclanip destinou 311.554 toneladas de pneus inservíveis em

2010. Publicado em: 14 fev. 2011. Disponível em: <URL:

http://www.reciclanip.com.br/saladeemprensaultimasnoticias.php?tipo=interno&i

d=405 data de acesso: 30 abr. 2011.

RECICLANIP. Ciclo do pneu. Publicado em: 2011. Disponível em:

http://www.reciclanip.com.br/?cont=formasdedestinacaociclodopneu.html data

de acesso: 30 abr. 2011.

RECICLANIP. Institucional. Publicada em: 2011. Disponível em:

http://www.reciclanip.com.br/?cont=quemsomosinstitucionais.html data de

acesso: 30 abr. 2011.

Page 58: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

58

RECICLANIP. Missão e visão. Publicada em: 2011. Disponível em:

http://www.reciclanip.com.br/?cont=quemsomosmissaoevisao.html data de

acesso: 30 abr. 2011.

RECICLANIP. Estratégias. Publicada em: 2011. Disponível em:

http://www.reciclanip.com.br/?cont=quemsomosestrategia.html data de acesso:

12 mar. 2011.

RECICLANIP. Consumidor- cidadão. Publicada em: 2011. Disponível em:

http://www.reciclanip.com.br/?cont=ecopontosconsumidorcidadao.html data de

acesso: 12 mar. 2011.

RECICLANIP. Reciclanip apresenta balanço semestral. Reciclanip destinou

adequadamente mais de 146 mil toneladas de pneus inservíveis no primeiro

semestre de 2010. Publicado em: 03 set. 2010. Disponível em:

http://www.reciclanip.com.br/?cont=pressrelease&tipo=interno&id=403 data de

acesso: 12 mar. 2011.

RECICLANIP. Supremo tribunal federal proíbe entrada de pneus usados no

Brasil. Publicado em: 04 ago. 2009. Disponível em:

http://www.reciclanip.com.br/?cont=pressrelease&tipo=interno&id=377 data de

acesso: 12 mar. 2011.

REIGOTA, M. O que é Educação Ambiental. Coleção primeiros passos;

p.292. 2. ed. Revista e ampliada. São Paulo: Brasiliense, 2009.

RIZZO, J. F. Educação Ambiental ou educação Ambiental. 2008. Disponível:

http://www3.mg.senac.br/NR/rdnolyres/em64m2qax63zz4iucexzi5yzftzwy245kgl

hddx43bugbobix6yvco5juons6161tt7gk2meicnwl/ferrari.pdf data de acesso: 17

mai. 2011.

RODRIGUES, G. S. S. C; COLESANTI, M. T. M. Educação Ambiental e as

novas tecnologias de informação e comunicação. Sociedade & natureza,

Uberlândia, 20 (1): 51-66, jun, 2008.

Page 59: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

59

SAUVÉ, L. Educação Ambiental: possibilidade e limitações. In: Educação e

pesquisa, v.31, n°2, p.317- 322, mai-ago, 2005.

SIQUEIRA, R. B. Apresentação da cadeia logística reversa dos pneus

inservíveis no Estado do Espírito Santo. III jornada de iniciação em

desenvolvimento tecnológico e inovação. Publicada em 2010. Disponível em:

http://www.cefetes.br/pse/prppg/pesquisa/jornadas/jornada20092010/pibiti/eng

%20%20leonardo%ribeiro%20da%costa%2020%renata%belarmino%20siqueir

a.pdf data de acesso: 18 fev. 2011.

TRINDADE, G. O Brasil impõe barreiras ao lixo dos países desenvolvidos.

Revista abrapneus ano: XIII- n°74, set/out, 2005. Disponível em:

http://www.abrapneus.com.br/revistas/revi74/revista741.html data de acesso:

12 mar. 2011.

VARELLA, M. D. Direito Internacional Econômico Ambiental. Belo Horizonte:

Del Rey, 2004.

VELOSO, Zilda Maria Faria. Ciclo de vida dos pneus. Ministério do Meio

Ambiente. Publicado em: 2009. Disponível para acesso em: http://

www.inmetro.gov.br/.../Zilda-Maria-Faria-Veloso-Ciclo-Vida-Pneus.pdf data de

acesso: 12 jan. 2011.

VIEIRA, F. M. Educação Ambiental no Ensino Fundamental. Publicada em

2007. Disponível em: http://www.cenedcursos.com.br/eaensinofundamental.pps

data de acesso: 12 jun. 2011.

WIKIPEDIA. A enciclopédia livre. Pneumáticos. Publicado em: 2011. Disponível

em: http://wwww.pt.wikipedia.org/wiki/pneum%c3%a1tico data de acesso: 12

mar. 2011.

Page 60: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

60

ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTOS 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I PNEUS – VIDA ÚTIL

10

1.1 – Ciclos de vida útil do pneu 12 1.2 – A Questão dos pneus reformados estrangeiros 15

CAPÍTULO II RISCOS AMBIENTAIS DECORRENTES DO DESCARTE INADEQUADO DOS PNEUS

18 2.1 – A descartabilidade 19 2.2 – Riscos ambientais 20 2.3 – Passivos Ambientais 22

CAPÍTULO III DIRETRIZES DA RESOLUÇÃO n.416 DE 30 de setembro de 2009

24

3.1 – Entendimentos das diretrizes da Resolução n. 416 de 2009 24 3.2 – Reciclagens de pneus inservíveis 37

CAPÍTULO IV A RECICLANIP

40

4.1 - Reciclanip 41 4.1.1 - Ecopontos 42

4.1.2 – Os números da Reciclanip 42 4.1.3 - Principais destinações adequadas 43

4.2 – Pontos positivos e negativos da criação da Reciclanip 44

CAPÍTULO V A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA O ALCANCE DAS METAS DA RECICLANIP

45 5.1 – Definindo Educação Ambiental 45 5.2– O papel da Educação Ambiental 47 5.3 – A sensibilização 49 5.4 – Parcerias com a mídia

50

Page 61: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · cuidados incluem o balanceamento e alinhamento a cada 5.000 km, o rodízio dos pneus a cada 10.000 km até o pneu alcancar profundidade

61

CONCLUSÃO 52

Referências bibliográficas 53

ÍNDICE 60