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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A DESMATERIALIZAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO, FRENTE AO PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE Por: MIGUEL ANGELO FIGUEIRA FERREIRA Profª. LIANE LINHARES Rio de Janeiro 2008

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · de crédito nominados, como por exemplo, letra de câmbio, nota promissória, cheque e duplicata. Essas normas devem ser aplicadas

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A DESMATERIALIZAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO, FRENTE

AO PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE

Por: MIGUEL ANGELO FIGUEIRA FERREIRA

Profª. LIANE LINHARES

Rio de Janeiro

2008

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A DESMATERIALIZAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO, FRENTE

AO PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Direito

Empresarial e dos Negócios.

Por: . Miguel Ângelo Figueira Ferreira

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AGRADECIMENTOS

Aos amigos colegas de turma K092,

corpo docente do Instituo “A Vez do

Mestre”, a professora Liane Linhares

pelo auxilio na formatação.

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DEDICATÓRIA

Dedico a minha esposa Rosangela; os

meus agradecimentos pelo inestimável

apoio e incentivo.

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RESUMO

A presente monografia foi elaborada com objetivo de proporcionar ao

leitor, um tema atualizado, didático, critico, moderno, sem prejuízo de

conteúdo, confrontando princípios basilares dos títulos de crédito, com a

atualidade frente a modernos meios tecnológicos de emissão de títulos de

crédito, diante do predomínio massivo da informática nas diversas relações

sociais, comerciais, cambiárias. O objetivo deste trabalho monográfico é

tratarmos de um tema em especial: os títulos de crédito em face da revolução

eletrônica, em confronto com o princípio da cartularidade. Qual o significado de

tais documentos, agora, diante de uma nova ciência que ignora os papéis? Os

títulos de crédito são considerados, pelos doutrinadores e estudiosos, um dos

institutos mais importantes do Direito Comercial, por permitir de forma eficaz a

mobilização da riqueza e a circulação do crédito. A palavra crédito provém do

latim creditum, credere, e significa confiança, crença, ter fé, a partir de

conotação moral, de conteúdo religioso. No aspecto jurídico o crédito é a

faculdade que o credor tem de haver de determinado devedor, um direito,

prestação de obrigação.Os títulos de crédito surgiram como forma ágil e

segura de circulação do crédito na economia. São ágeis porque,

consubstanciadas em papel, propiciam circulação de riquezas de forma mais

rápida do que aquela permitida pela moeda manual1.

O conceito que melhor definiu os títulos de créditos, de

Cessare Vivante “título de credito é o documento

necessário para o exercício do direito literal autônomo

nele incorporado”. A palavra documento tem origem do

latim e "designa qualquer base de conhecimento, fixado

materialmente e disposta de maneira que se possa utilizar

para consulta, estudo, prova, etc2."

1 J. Petrelli Gastaldi, Elementos de Economia Política, p. 450 2 LUCCA, Newton de / FILHO,Adalberto Simão- coordenadores. Direito e Internet- aspectos jurídicas relevantes. p.43

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A questão controvertida desponta, quando confrontamos com o princípio

da cartularidade, correspondente ao papel ou documento, que em tese,

corporifica o direito originário objeto da relação jurídica, com a evolução

tecnológica as cártulas passaram a ser documentos eletrônicos “meios

magnéticos”. O que nos remete a uma reflexão, sobre os princípios da

literalidade, autonomia e principalmente cartularidade, destacando como a

moderna doutrina enfrenta o dilema. O posicionamento do novo Código Civil

de 2002, Lei nº 10.406/2002, dedica no seu Título VIII, nos artigos 887 a 926, a

disciplina "Dos Títulos de Crédito". Que inovou ao regular ainda que de

maneira incompleta a emissão de títulos por via eletrônica, em conformidade

com o artigo 889, §3º.

O Código adotou o princípio da liberdade de criação e emissão de

títulos atípicos ou inominados, resultantes, com base no princípio da livre

iniciativa, o pilar da ordem econômica (Constituição de 1988, arts. 1º e 170),

visando a atender às necessidades econômica e jurídica, tendo em vista a

origem consuetudinária da atividade mercantil.

Continuam vigentes as normas das leis especiais que regem os títulos

de crédito nominados, como por exemplo, letra de câmbio, nota promissória,

cheque e duplicata. Essas normas devem ser aplicadas quando dispuserem

diversamente das normas do novo Código Civil, por força do seu art. 903.

Salvo disposição diversa de lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo

disposto no novo Código3.

Para o ilustre Douto Fran Martins, em sua obra "TÍTULOS DE

CRÉDITO", para ser título de crédito é necessário que a declaração

obrigacional esteja exteriorizada em um documento escrito, corpóreo, em geral

uma coisa móvel (cartularidade). Tal documento é necessário ao exercício dos

direitos nele mencionados. E continua a expor que a literalidade, por sua vez,

reside no fato de que só vale o que se encontra escrito no título4.

Conforme ensinamentos de Luis Emygidio Rosa Júnior. O novo Código

Civil também definiu títulos de crédito, tendo como objetivo restringir a sua

3 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. V.1. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004 4 MARTINS, Fran. Títulos de Créditos. Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 53

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aplicação aos títulos atípicos ou inominados, ou seja, títulos de crédito criados

pela prática, sem lei específica, mas que se subordinam a alguns dos

princípios reguladores dos títulos típicos ou nominados5.

O trabalho se desenvolvera, focalizando principalmente a Duplicata

Virtual, com uma breve apresentação do surgimento dos títulos de crédito,

aspecto histórico econômico, em torno dos princípios, em confronto com a

modernidade e agilidade das relações comerciais, “que não esperam questões

doutrinárias teóricas”, para desenvolver-se, em um mundo em que as fronteiras

se dissipam diante do comercio globalizado, e empresas que ampliam seus

negócios além de sua bandeira de origem, o direito não poderá ficar estático,

esperando que a sociedade se “molde”, a conceitos passados que não reflete

e acompanha mais a realidade de seu tempo. O que por sinal observamos em

várias áreas do ramo jurídico, a legislação tem que atender aos anseios do seu

tempo, espaço, a tecnologia avança a passos largos, relações sociais

modificam-se, conceitos, princípios terão que ser revistos sob pena de

tornarem-se letra morta, ou perderão o principal objetivo que é regular, balizar,

a legislação vigente e a própria sociedade, a tendência e o caminho natural de

toda ciência é a evolução e o aprimoramento6.

5 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. V.1. 8ª ed. Saraiva, 2004, p. 98 6 Gastaldi, J. Petrelli, Elementos de Economia Política, 18ª edição, Saraiva, p. 120

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METODOLOGIA

A proposta deste trabalho monográfico, Por indicação da Professora

PATSY SCHLESINGER, propõe-nos Miguel Ângelo F. Ferreira, estudante da

Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau

de especialista em Direito Empresarial e dos Negócios., envolvendo o tema “A

DESMATERIALIZAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO, FRENTE AO

PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE”, desenvolvido em IV capítulos,

transcrevendo a opinião segundo a doutrina mais adequada, este trabalho

pretende esclarecer, de maneira sucinta, um tema atual, polemico e,

infelizmente, mal disciplinado pelo ordenamento jurídico pátrio e pouco

comentado pelos doutrinadores brasileiros, que é a desmaterialização dos

títulos de crédito, dando maior ênfase à duplicata mercantil, criação do

legislador pátrio e utilizada em sua forma eletrônica, a chamada duplicata

virtual. Desenvolvido em, pesquisa bibliográfica, pessoal, e através de

documentos e artigos eletrônicos consultados.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I -

O CONCEITO DE TÍTULO DE CRÉDITO 13

CAPÍTULO II -

TÍTULOS DE CRÉDITO 25

CAPÍTULO III –

PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO CAMBIÁRIO 33

CAPÍTULO IV–

A DESMATERIALIZAÇÃO DOS DOCUMENTOS 40

CONCLUSÃO 57

BIBLIOGRAFIA CITADA 66

ANEXOS 61

ÍNDICE 73

FOLHA DE AVALIAÇÃO 75

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INTRODUÇÃO

Um novo modelo de economia surge, atrelado a tecnologia da

informação, a informática como engrenagem mestra, tecnologia que cria

direitos e obrigações entre nós, a dúvida é latente a ciência do direito já tem

condições de resolver e interpretar tais relações? E possíveis conflitos oriundo

de um novo direito comercial “virtual”7.

“Na metade do século passado, VIVANTE desenvolveu

toda sua teoria sobre os títulos de crédito. Coube a ele o

mérito de tentar construir uma teoria unitária, fixando os

critérios comuns aos títulos (...). Definiu o título de crédito

e ninguém ousou, até hoje, discordar de suas palavras”8.

A palavra título tem sua origem, do latim títulos (inscrição, marca, sinal),

é a expressão que, mesmo na linguagem jurídica, é empregada em vários

significados. Assim título significa: A causa à origem, ou o fundamento jurídico

de um direito.

Neste aspecto, pois, o título mostra-se o modo de transmissão, o

fundamento de aquisição, ou a própria causa dos direitos; a título gratuito, ou a

título oneroso; Extensiva, e objetivamente, designa o próprio escrito, ou o

instrumento, em que se redigiu o ato jurídico, de que se deriva o próprio direito,

e para que, se possam fazer valer os efeitos legais: títulos de propriedade,

títulos de créditos.

A palavra documento tem origem do latim e "designa qualquer base de

conhecimento, fixado materialmente e disposta de maneira que se possa

utilizar para consulta, estudo, prova, etc.9"

7 Gastaldi, J. Petrelli, Elementos de Economia Política, 18ª edição, Saraiva, p. 202 8 COSTA. Wille Duarte. Títulos de Crédito. Belo Horizonte:Del Rey, p. 89 9 LUCCA, Newton de / FILHO,Adalberto Simão- coordenadores. Direito e Internet- aspectos jurídicas relevantes. São Paulo: Edipro, 2001. p. 43

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A palavra crédito, como foi dito anteriormente, provém do latim creditum,

credere, e significa confiança, crença, ter fé, a partir de conotação moral, de

conteúdo religioso. Como ensina Luiz Emygdio Franco da Rosa Júnior, além

do aspecto moral, o crédito possui também outras acepções:

“[...] podendo, no entanto, ter outros significados, como

por exemplo, o direito que o credor tem de receber do

devedor a prestação objeto da obrigação (significado

jurídico), a confiança que uma pessoa inspira em outra

baseada em seus atributos morais (significado moral), ou

pode ainda consistir na importância que constitui objeto

da relação crédito/débito10”.

A principal essência do título de crédito deve ser em primeiro lugar e

certamente o “título” e, sendo título, entre seus vários significados será

“documento que autentica um direito” como definiu Aurélio Buarque de

Holanda Ferreira. No mesmo sentido de acordo com ACADEMIA BRASILEIRA

DE LETRAS JURÍDICAS cujo dicionário afirma que título é: “Documento que

autentica ou formaliza um direito”. Título de crédito é o documento

indispensável para que se faça valer um direito autônomo e literal, nele

prescrito. É, portanto, um documento formal com força executiva,

representativo de dívida líquida e certa, e de circulação desvinculada do

negócio que o originou11.

O crédito não seria aplicável em tão larga escala, na economia

moderna, se as riquezas futuras, de que se constitui, não pudessem ser

representadas por títulos, geralmente negociáveis, por meio dos quais se

processam as operações creditórias.

10 COSTA, Wille Duarte. Títulos de Créditos. Belo Horizonte: Del Rey, 2003 p48 11 ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS JURÍDICAS. Organizador Othon Sidou, 9ª Edição, Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004, p. 855.

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Tais títulos são representados por documentos nos quais estão

consignadas e caracterizadas as pessoas do devedor e do credor, a

importância do empréstimo, a vigência deste e a praça onde deverá operar-se

a devolução do crédito concedido. Por intermédio de tais documentos é que

grandes quantidades de riquezas futuras passam a circular, antecipadamente,

sob a forma de títulos negociáveis12.

12 Gastaldi, J. Petrelli, Elementos de Economia Política, 18ª edição, Saraiva, p. 279

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CAPÍTULO I

TÍTULOS DE CRÉDITO

O CONCEITO

...Deus é maior que todos os obstáculos.

Segundo De Plácido e silva: “O título de crédito é a designação, de

natureza genérica, dada a todo documento, ou escrito, em que se firma um

direito creditório, ou uma obrigação de receber certo valor, ou certa prestação,

que se estima pecuniariamente, ou que tenha por objeto coisa de valor certo.

Por essa forma, o título de crédito pode assentar-se em quantia pecuniária,

como em mercadorias, ou coisas em comercio”. A origem da palavra titulo, do

latim títulos (inscrição, marca, sinal), é a expressão que, mesmo na linguagem

jurídica, é empregada em várias acepções. Assim título significa: A causa à

origem, ou o fundamento jurídico de um direito. Neste aspecto, pois, o título

mostra-se o modo de transmissão, o fundamento de aquisição, ou a própria

causa dos direitos; a título gratuito, ou a título oneroso; Extensiva, e

objetivamente, designa o próprio escrito, ou o instrumento, em que se redigiu o

ato jurídico, de que se deriva o próprio direito, e para que, se possam fazer

valer os efeitos legais: títulos de propriedade, títulos de créditos. Origem

Etimológica da palavra - CREDITUM - CREDERE (latim) =CONFIANÇA.13

O que nos remete ao conceito de crédito, o que vem a ser o crédito?

Significa confiança e constitui um alargamento da troca; a troca e o crédito, por

sua vez, constituem as partes essenciais da circulação das riquezas.

Kleinwachter o define como “a confiança na possibilidade, vontade e solvência

de um indivíduo, no que se refere ao cumprimento de uma obrigação

assumida”. Diz-se, ainda, que existe um “negócio de crédito” quando uma das

13 SILVA, De Plácido e. Verbete “Documento” in Vocabulário jurídico. 15ª edição, Forense, p. 287.

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partes contratantes realiza uma prestação presente, aceitando a promessa de

contraprestação futura. Quando uma pessoa empresta, ela dá ou fornece

crédito, e a que recebe por empréstimo “recebe crédito.”14

O principal meio formal de pagamento, a moeda de origem remota,

sempre representou o instrumento de troca por excelência. Uma vez que

desde os primórdios da civilização os homens já trocavam objetos que lhes

sobravam por outros que não tinham.

A evolução da moeda passou por diferentes fases, como a utilização do

sal, do gado e de outros bens como meio de pagamento. Posteriormente,

foram criadas as moedas metálicas. Na seqüência, foi criado o papel-moeda

que se convertia em metal, uma vez que era lastreada em metal15.

A provável origem dos títulos de crédito repousa Idade Média, no século

XIII, surgindo com a exigência de um documento para firmar acordos

financeiros. Com as feiras de mercadores existentes neste período, foi

necessário ter uma forma de trocar os vários tipos de moeda que circulavam,

além de que na época os assaltos eram freqüentes16.

Título de crédito é o documento indispensável para que se faça valer um

direito autônomo e literal, nele prescrito. É, portanto, um documento formal

com força executiva, representativo de dívida líquida e certa, e de circulação

desvinculada do negócio que o originou.

São considerados títulos de crédito a letra de câmbio, a nota

promissória, o cheque, e as duplicatas. Além disso, a lei civil impõe: o título de

crédito “somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei”.

Esses requisitos são aqueles fixados nas leis especiais, para os títulos

típicos ou nominados e que podem variar de acordo com a lei e o título. Títulos

atípicos ou inonimados, nos termos do art. 889 do Código Civil são os

seguintes: 1)– a data da emissão; 2)– a indicação precisa dos direitos que

confere; e 3)– a assinatura do emitente.

São tais requisitos que tornam o documento autêntico, verdadeiro,

capaz de aperfeiçoar o direito nele existente e dão ao portador a garantia de

14 Gastaldi, J. Petrelli, Elementos de Economia Política, 18ª edição, Saraiva, p 270. 15 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. São Paulo: saraiva, 2003. p. 358

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que necessita. Sem os requisitos impostos pela lei, o papel não será título de

crédito17.

1.1 As conseqüências da formação do comercio

De maneira marcante podemos distinguir, na economia dos povos, três

períodos ou fases bastantes características: a da economia natural, quando o

valor das coisas que se desejava permutar era aferido pelo confronto das

necessidades das partes permutantes. A troca se fazia de coisa por coisa; era

o escambo. Deparamos depois com a economia monetária, quando o valor das

coisas permutadas era aferido pela moeda, mercadoria representativa do valor.

Hoje, porém, as trocas se exercem também mediante o crédito e

representativos títulos, que exercem funções e poderes aquisitivos e de

pagamento. É a economia creditória, a qual tende a predominar18.

Nos primórdios do Direito Cambiário os títulos dividiam-se em dois tipos

de câmbio, o manual e o trajetício A partir do século XV, os títulos de crédito

foram evoluindo em diferentes lugares da Europa, buscando satisfazer os

interesses dos comerciantes da época. Em Roma, não tinha documento que

provasse a existência dos títulos de crédito, mas, no chamado período italiano

(até 1673), o comércio funcionava com base na confiança, ou seja, usava-se

do câmbio trajetício apenas para trocar documento por moeda. Já no período

francês (1673 a 1848), os títulos de crédito passam a ser instrumento de

pagamento, nessa época surge o endosso, e não podiam ser abstratos, teriam

que apresentar causa específica e provisão de fundos, ou seja, apenas com

saldo disponível o título seria pago.

Na Idade Média que se começou a usar um documento chamado carta

de câmbio que era o que representava o dinheiro, usava-se o câmbio manual,

que consistia na troca de moeda na própria feira e câmbio trajetício onde

usava-se um documento para representar o crédito, e ainda trazia maior

16 MARTINS, Fran. Títulos de Créditos. Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 56 17 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. V.1. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 231 18Dallari, Dalmo de Abreu, Elementos de Teoria Geral do Estado, 20ª, Saraiva, 1998. p. 186

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segurança. “Entende-se como câmbio manual, a manutenção do dinheiro,

implicando os riscos até sua troca efetiva”, e o trajetício, “O câmbio trajetício

tornou a circulação de moedas mais segura, pois, difundiu o uso de carta, de

banqueiros” conhecidos, representando os valores da transação e servindo

como moeda (moeda-documento-moeda)19.

1.2 A evolução histórica dos títulos de crédito

Vale ressaltar a posição do ilustre doutrinador Luiz Emygdio: “A doutrina

já pacíficada em relação ao surgimento dos títulos de crédito permite analisar

de forma clara a evolução das obrigações até o surgimento desses institutos.

Tomando as palavras de Waldirio Bulgarelli, em relação à criação do primeiro

dos títulos de crédito, a letra de câmbio, da qual diz-se que as origens mais

remotas nos remetem a sua utilização na Índia, na China, na Grécia, até

período mais recentes, atribuindo a sua criação aos judeus, e hoje, quase

unanimemente tem-se que elas se desenvolveram e consolidaram na Idade

Média”20.

No direito romano desenvolveu-se à idéia da cessão de crédito, porém

não era admitida a circulação dos direitos sobre esse crédito.

Conforme Luiz Emygdio, às seguintes razões:

(a) a obrigação do devedor consistia em vínculo

meramente pessoal e não de natureza patrimonial, tendo

o credor direito sobre a própria pessoa do devedor e não

sobre o seu patrimônio, disso resultando que a mudança

da pessoa do devedor implicava na extinção da

obrigação;

b) o excessivo formalismo das regras do direito comum e

a falta de proteção ao terceiro adquirente do crédito

19 Fazzio JR., Waldo. Manual de direito comercial. 3ed. São Paulo: Atlas, 2003 p. 98 20 BULGARELLI, Waldírio. Direito Comercial. 8ª. Ed. São Paulo. Atlas, 1981. p. 126

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obstavam a efetiva circulação do crédito, porque o

devedor podia opor ao terceiro exceções pessoais

baseadas na relação causal entre ele e o seu credor

primitivo; c) a não aplicação à circulação do crédito do

princípio peculiar aos bens móveis (...) fazia com que o

adquirente do crédito corresse o risco da aquisição a non

domino21.”

Segundo Mauro Brandão Lopes, os primeiros fatores básicos da

motivação humana são o hedonismo e o idealismo. O primeiro explica que o

homem não ama a dor e o desconforto, mas o prazer e o conforto. Eis aí a

razão dos conselhos acerca de como tornar agradáveis as condições e o

ambiente de trabalho, a fim de que aquele fator seja satisfeito, resultando no

aumento da motivação22.

Provavelmente entre 428 e 441 a.C, “há divergência doutrinária quanto

ao momento da edição”, Com o advento da Lex Poetelia Papiria, diploma sobre

o qual, as obrigações deixaram de ter vinculo pessoal e se tornaram

patrimoniais, dando fim à execução pessoal. “A doutrina é pacifica quanto às

fases do direito cambiário”, o direito cambiário pode ser dividido em quatro

fases em relação à criação dos títulos de crédito, sobre as quais faz-se breve

exposição a seguir. O período italiano, na Idade Média, precisa a decisiva

influência dos mercadores italianos na evolução do título de crédito, pois nas

cidades marítimas italianas ocorriam transações comerciais bastante

significativas, e havia diversidade monetária, já que cada feudo possuía uma

moeda. Esse período foi marcado por saques e violência, tornando o trajeto

entre as cidades bastante arriscado, fazendo surgir o Câmbio Trajectício.

Nesse período a letra de câmbio era considerada mero instrumento do contrato

de cambio, meio de troca da moeda.

Os Franceses consagram a letra de cambio na Ordenação do Comércio

Francesa, de 1763, passa a ser utilizada nas mais diversas situações

21ASCARELLI, Tullico; Teoria Geral dos Títulos de Crédito - São Paulo: Red Livros, 1982 p. 67 22 LOPES, Mauro Brandão. Observações sobre o Livro I, Título VIII (“Dos Títulos de Crédito”).

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comerciais, como meio de pagamento, inclusive de mercadorias a crédito, e

deixa de estar vinculada ao contrato de câmbio para ser utilizada simplesmente

como instrumento de crédito e é criada e incorporada a cláusula “à ordem”, que

se torna obrigatória, com a indispensável assinatura do sacado.

No Período Alemão, que tem início com o surgimento de uma

Ordenação Geral do Direito Cambiário em 1848 (Algemeine Deutsche Wechsel

Ordnug), a cambial se torna um título abstrato, motivo pelo qual passou a

haver inoponibilidade das exceções pessoais, tornou-se, portanto um valor por

si mesmo, desvinculado do contrato. Surge o endosso para preservar e

promover a circulação do crédito, e a cambial adquire as características que

encontramos na legislação contemporânea. Evoluindo para o período

Uniforme, por volta de 1930, com a Convenção de Genebra, que resultou na

criação da Lei Uniforme de Genebra – LUG, acerca da letra de câmbio e nota

promissória, e em 1931 da LUG cobre cheques, correspondendo ao período de

uniformização da legislação cambiária. Esse contexto proporcionou a

internacionalização do Direito Empresarial, com exceção aos países

signatários do Common Law que utilizam uma carta de troca ou câmbio, o Bill

of Exchange23.

Importante ressaltar a evolução do instituto: o período italiano, onde se

trocava o valor “moeda” pela carta de câmbio; o período francês onde tal carta

passou a servir como forma de pagamento. No período alemão (1848 a 1930)

surgiu o título de crédito propriamente dito. Nessa época, o título se tornou

abstrato, não tinha causalidade e nem exigência de fundos, mas existia o

aceite, dado pelo sacador, atribuindo responsabilidade de pagamento ao

sacado. Começou, assim, o processo de conceituação dos títulos de crédito,

além de conferências para elaborar uma legislação uniforme, realizadas na

cidade de Haia, Suíça.

23 ALMEIDA, Amador Paes de. Teoria e prática dos títulos de crédito. 23 ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

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No período alemão surge o título de crédito propriamente dito e já no

período moderno, com o surgimento da Lei Uniforme de Genebra em 1930 os

títulos passam a ser amplamente utilizados24.

Segundo Rubens Requião, a circulação de crédito se deu nos

primórdios do direito romano, e de forma complicada, assim o elucida:

“A obrigação constituía, em princípio, um elo pessoal

entre credor e devedor. Segundo a forte expressão dos

glosadores, a obrigação aderia ao corpo do devedor,

(assibus haeret). No primitivo direito romano o credor não

se podia cobrar nos bens do devedor; daí a forma de

cobrança cruel, admitida na Lei das XII Tábuas, que

consistia em matar o devedor (in partes secare), ou

vendê-lo como escravo (trans Tiberim)”25.

Posteriormente como discorre o próprio autor, “a garantia pessoal e

corporal do devedor foi substituída pela de seu patrimônio (...)” Com o

desenvolvimento do comércio internacional, passou a ser necessária a

regulamentação padronizada dos instrumentos que possibilitavam a realização

de relações comerciais. Essa necessidade culminou, em 1930, com a

Convenção de Genebra, que apresentou o texto da chamada Lei Uniforme,

valida para 25 países26.

Luiz Braz Mazzafera, elucida que o homem após a

era metálica “(...) finalmente chegou-se a uma

ECONOMIA DE CRÉDITOS, surgindo então os títulos de

crédito onde o dinheiro em espécie, dinheiro contado, é

substituído por títulos negociáveis27”

24 Gastaldi, J. Petrelli, Elementos de Economia Política, 18ª edição, Saraiva, p. 275 25 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 20ª. Ed. São Paulo. Saraiva, 1991. p. 324 26 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. São Paulo: saraiva, 2003. p. 358 27 mazzafera, Luiz Braz. Básico de direito empresarial. Bauru, SP, edipro, 2003, p. 140

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O que nos remete ao conceito de crédito, o que vem a ser o crédito?

Significa confiança e constitui um alargamento da troca; a troca e o crédito, por

sua vez, constituem as partes essenciais da circulação das riquezas.

Kleinwachter o define como “a confiança na possibilidade, vontade e solvência

de um indivíduo, no que se refere ao cumprimento de uma obrigação

assumida”. Diz-se, ainda, que existe um “negócio de crédito” quando uma das

partes contratantes realiza uma prestação presente, aceitando a promessa de

contraprestação futura. Quando uma pessoa empresta, ela dá ou fornece

crédito, e a que recebe por empréstimo “recebe crédito”28.

1.3- As vantagens e os inconvenientes do crédito

Conforme Heller, “originariamente o crédito está revestido, também, de

uma forma natural, isto é, crédito natural. Os bens de uso constituem os seu

objeto. À medida, porém, que progrediu a economia do dinheiro ou monetária,

o crédito adquiriu uma importância decisiva, pois o dinheiro transmite ao

crédito aquela mobilidade”.

Gide assinala o beneficio que os títulos de crédito prestam à circulação,

facilitando-a: “É, sobretudo pelo cheque e pelas compensações que o crédito

se substitui à moeda. Sem estes poderosos auxiliares ela não bastaria, não

obstante as novas minas de ouro, para atender ao acréscimo geral das

necessidades do comércio e, provavelmente, teríamos visto o movimento

inverso daquele que assistimos até hoje, isto é, veríamos o encarecimento

notável da moeda e a baixa consecutiva dos preços”29.

Na economia atual, mediante os títulos negociáveis e ao portador, “vale

ressaltar que a Lei n° 8.021, de 1990, o legislador adotou uma série de

vedações relativamente a alguns documentos representativos de obrigação

pecuniária ou investimentos, com o objetivo de identificar o respectivo titular”30.

28 Gastaldi, J. Petrelli, Elementos de Economia Política, 18ª edição, Saraiva, p. 274 29 Gastaldi, J. Petrelli, Elementos de Economia Política, 18ª edição, Saraiva, p. 276 30 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. V.1. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p 256

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Tais títulos de crédito, representações jurídicas do mesmo instituto,

submetidos a leis e regulamentos ou normas que os cercam de todas as

garantias, ora representam mercadorias, ora representam a própria moeda,

como ocorre, por exemplo, com o warrant ou certificado de depósito de bens

ou produtos e a “letra de câmbio”, que significa um saque contra o devedor.

O volume do crédito deve estar, forçosamente, em correlação não

apenas com o volume total da riqueza existente (pois tal volume representa a

transferência de um preço no tempo), como, sobretudo em correlação com o

volume da riqueza formada ou por formar. Havendo excessiva facilidade na

concessão de crédito, poderá haver, também, formação ou expansão

excessiva da riqueza conforme as necessidades de consumo normal, surgindo

uma superprodução que irá afetar a relação entre a oferta e a procura,

desnivelando os preços e causando fenômenos idênticos ao da inflação

monetária. Jevons acreditava que uma das maiores vantagens do crédito,

aquela que lhe confere maior importância, é que ele coloca a propriedade nas

mãos daqueles que melhor poderão utilizá-la.

Em geral os que possuem propriedades, dizia, pouco se interessam por

transações comerciais, enquanto outros indivíduos, desprovidos de meios,

podem, uma vez investidos de capital, mediante o crédito, reproduzi-lo com

proveito social. O crédito, assim, facilita a associação do capital ao trabalho,

permitindo que os capitais sejam transferidos daqueles que os possuem e não

os empregam com fito reprodutivo àqueles que deles estão privados,

permitindo um vantajoso emprego pra ambas as partes e para a coletividade

em geral31.

Finalmente, chegou-se à fase atual, a fase da moeda-papel, não

conversível em metal. O transporte de moeda, porém, muitas vezes mostro-se

complicado, motivo pelo qual foram criados os chamados títulos de créditos,

que substituíram a própria moeda. Os títulos de créditos caracterizam-se,

assim, por serem documentos que representam determinadas obrigações

pecuniárias. Desempenham função econômica à medida que substituem a

31 Gastaldi, J. Petrelli, Elementos de Economia Política, 18ª edição, Saraiva, p 277

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própria moeda em sua função de instrumento de troca. No entanto, ao

contrário da moeda, não possuem curso forçado32.

1.4- Modalidades de crédito

O crédito pode ser classificado segundo a pessoa do devedor e do

credor, conforme a natureza do destino dando ao empréstimo e ainda, em

relação às circunstâncias que regem os fornecimentos ou as constituições dos

empréstimos, circunstâncias essas que podem ser individuais, sociais ou

puramente econômicas. crédito é uma modalidade de troca, pela qual um dos

contratantes aceita ceder um bem por uma contraprestação correspondente ao

seu valor no futuro. A definição de crédito pode repousar em ponto de vista da

relação econômica que o fenômeno envolve (definição objetiva), ou, então, do

ponto de vista das pessoas contratantes (definição subjetiva). Ele representará

a confiança depositada pela pessoa que o solicita e a confiança em si

depositada pela pessoa que o concede. Imprescindível na figura jurídica e

econômica do crédito, o fator tempo, pois o crédito sempre representa o

diferimento de uma obrigação presente para um tempo futuro. O crédito, sob o

aspecto jurídico, “uma prestação atual em troca de uma prestação futura,

objetivo da sua definição, será uma troca adiada.

Com relação à pessoa do devedor ou do credor, isto é, em relação ao

respectivo sujeito, pode o crédito ser público ou privado. Quando a pessoa

devedora é de direito público (União, Estado ou município), diz-se que a sua

natureza é pública; quando o crédito é outorgado a particulares, será privado,

denominando-se quase-público quando é concedido a entidades comerciais,

de economia mista etc.

Quanto ao uso a que se destina, o crédito pode ser consuntivo,

produtivo ou improdutivo. Será consuntivo quando a riqueza recebida pelo

devedor é destinada a um consumo mais ou menos imediato; os capitais

obtidos com o empréstimo não se destinam à reprodução de novos bens ou

32 Finkelstein Maria Eugenia, 3ª ed, São Paulo: Atlas, 2006. p. 110

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utilidades. Ao contrário, quando os capitais obtidos pelo crédito se destinam à

reprodução de bens ou riquezas econômicas, são considerados produtivos. O

crédito consuntivo é também denominado improdutivo, isto é, não-reprodutivo.

Conforme a garantia fornecida pelo tomador de empréstimo, o crédito poderá

ser pessoal ou real. O pessoal é aquele que se fundamenta na garantia

pessoal de quem o recebe.

O crédito pode ser simples ou com garantia, compreendendo-se esta

também como pessoal, solidária, se com o devedor principal se

responsabilizam outras pessoas, sendo simples se apenas o devedor é o

responsável pessoal. Será de garantia real quando o devedor ou quem recebe

o crédito, além da sua garantia pessoal, entrega um bem de natureza real para

garantir o contrato. Assim, quando o devedor oferece uma garantia (hipoteca,

penhor, anticrese), o crédito será de natureza real; quando o crédito resulta do

desconto de um título cambial, será de pessoal.33

Pela natureza do destino a ser dado ao empréstimo poderá ser ele:

crédito agrícola, crédito comercial, crédito industrial, crédito fundiário ou crédito

edilício. Conforme as denominações o indicam, tais créditos objetivam

atividades agrícolas, comerciais, industriais ou os empréstimos destinados a

propriedades territoriais (fundiário) ou para imóveis ou prédios localizados em

cidades (crédito edilício). Quanto à época do pagamento, o crédito pode ser

classificado como sendo a longo ou em curto prazo e mesmo com vencimento

indeterminado, o que é mais raro.

Relativamente às circunstanciais que regem as constituições de

empréstimos créditícios, sabemos que o crédito pode ter base em condições

puramente individuais, tendo em vista a idoneidade moral e material da pessoa

que dele se beneficia, ou em condições denominadas sociais, quais sejam os

recursos econômicos ou financeiros de que dispõe o devedor. Ainda existem

condições de outra ordem, podem influir na concessão dos créditos, quais

sejam aquelas ditas econômicas, como as condições do mercado econômico,

existindo ainda as de ordem jurídica (garantias ou normas legais que possam

33 Gastaldi, J. Petrelli, Elementos de Economia Política, 18ª edição, Saraiva, p. 277 – 279.

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obrigar o devedor ao cumprimento da obrigação assumida), de ordem moral,

qual seja o cumprimento no vencimento da obrigação assumida, pois existem

épocas de relaxamento da moral econômica, e de ordem política, pois o crédito

se retrai naturalmente em organizações políticas instáveis e quando a ordem

pública está em permanente ameaça de subversão.

A uniformização das leis dos títulos de crédito aconteceu no período

moderno (1930), nesta fase, os países se reuniram para criar uma legislação

única, que foi denominada Lei Uniforme de Genebra. O Brasil incorporou esta

lei apenas em 1966, através do Decreto 57.663/66, sendo que antes a nossa

lei era pelo Decreto 2.044/1908. No Brasil, desde 1908 existia a chamada Lei

Cambial (Decreto N° 2.04/1908), regulamentando a matéria. Necessário

destacar que os decretos, à época, equivaliam às atuais leis ordinárias,

diferente da regulamentação atual34.

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25

CAPÍTULO II

TÍTULOS DE CRÉDITO

Como dito anteriormente, o crédito não seria aplicável em tão larga

escala, na economia moderna, se as riquezas futuras, de que se constitui, não

pudessem ser representadas por títulos, geralmente negociáveis, por meio dos

quais se processam as operações creditórias. Tais títulos são representados

por documentos nos quais estão consignadas e caracterizadas as pessoas do

devedor e do credor, a importância do empréstimo, a vigência deste e a praça

onde deverá operar-se a devolução do crédito concedido. Por intermédio de

tais documentos é que grandes quantidades de riquezas futuras passam a

circular, antecipadamente, sob a forma de títulos negociáveis.

Nas palavras de Souza Gonçalves: “É interessante

observar que nessas formas de economia monetária pode

um elemento predominar ou manter-se em situação

aproximadamente igual à dos demais. Em países

economicamente atrasados a circulação tem como centro

ou instrumento principal a moeda. Em países altamente

evoluídos predomina o crédito, isto é, a maior parte das

operações é efetuada através do mecanismo creditório35”.

Esta reside a sua principal função. O título de crédito é a designação,

de natureza genérica, dada a todo documento, ou escrito, em que se firma um

direito creditório, ou uma obrigação de receber certo valor, ou certa prestação,

que se estima pecuniariamente, ou que tenha por objeto coisa de valor certo.

Por essa forma, o título de crédito pode assentar-se em quantia pecuniária,

como em mercadorias, ou coisas em comercio. Diz-se, ainda, que existe um

“negócio de crédito” quando uma das partes contratantes realiza uma

prestação presente, aceitando a promessa de contraprestação futura. Quando

34 Finkelstein Maria Eugenia, 3ª ed, São Paulo: Atlas, 2006. p. 111

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uma pessoa empresta, ela dá ou fornece crédito, e a que recebe por

empréstimo “recebe crédito36”.

O crédito é uma modalidade de troca, pela qual um dos contratantes

aceita ceder um bem por uma contraprestação correspondente ao seu valor no

futuro. A definição de crédito pode repousar em ponto de vista da relação

econômica que o fenômeno envolve (definição objetiva), ou, então, do ponto

de vista das pessoas contratantes (definição subjetiva). Ele representará a

confiança depositada pela pessoa que o solicita e a confiança em si

depositada pela pessoa que o concede. Imprescindível na figura jurídica e

econômica do crédito, o fator tempo, pois o crédito sempre representa o

diferimento de uma obrigação presente para um tempo futuro. O crédito, sob o

aspecto jurídico, “uma prestação atual em troca de uma prestação futura,

objetivo da sua definição, será uma troca adiada.

Guitton fornece a seguinte idéia de crédito: “conceder crédito a uma

pessoa é colocar à sua disposição um bem presente em troca de bem que

essa pessoa promete entregar posteriormente”. Na troca de mercadoria por

mercadoria (economia natural) e na troca de mercadoria por moeda (compra e

venda), a prestação e a contra prestação são simultâneas, tendo por objeto

bens presentes. Na venda a crédito, ao contrário, existe um determinado lapso

de tempo, que se intercala entre o início ou formação do contrato e o seu

término ou cumprimento. Um dos contratantes se priva, temporariamente, de

certa quantidade de dinheiro ou de bens em troca de uma promessa de

reembolso ou recebimento do equivalente em época aprazada. Realiza-se,

assim, a troca de um valor presente, contra a promessa de um valor futuro37.

Foi a partir da Constituição Federal de 1946 que os decretos passaram

a adquirir a forma dos decretos que hoje conhecemos, mesmo ano em que a

Convenção de Genebra foi ratificada pelo Brasil. Em 1966, o Decreto N°

57.663/66 estabeleceu que a Lei Uniforme deveria ser cumprida, simplesmente

anexando o seu texto aos dizeres do diploma legal Brasileiro. Vale destacar

que este trâmite foi totalmente inadequado à promulgação de uma convenção

35 Gastaldi, J. Petrelli, Elementos de Economia Política, 18ª edição, Saraiva, p 275 36 Gastaldi, J. Petrelli, Elementos de Economia Política, 18ª edição, Saraiva, p.274

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27

internacional em nosso país. A Lei Uniforme, que deveria ter sido aprovada por

uma lei ordinária, não o foi por razões de todos desconhecidos. Isso acabou

dando origem a uma discussão enorme, como seria possível que um mero

decreto presidencial revogasse um instrumento legislativo equivalente a uma

lei ordinária?

Assim, formalmente, a Lei Uniforme não havia revogado a Lei Cambial

Brasileira. Essa discussão ficou sem solução até 1971, quando o Supremo

Tribunal Federal, politicamente, decidiu que a Lei Uniforme estava, sim, em

vigor no país, salvo naqueles aspectos em que o Brasil houvesse,

especificamente assinalado reservas. Nessas hipóteses, deveriam ser

aplicadas as disposições da Lei Cambial.

Em 2002, os títulos de créditos foram disciplinados pelo Código Civil, em

seus artigos 887 a 926. Vale ressaltar que o Código Civil de 2002 adotou o

princípio da liberdade de criação e emissão de títulos inominados. Não há

nesse diploma legal disposições atinentes aos títulos nominados, tais como

letra de câmbio, cheque, nota promissória e duplicata.

Não se encontra, assim revogadas as normas das leis especiais que

regem os títulos de crédito. A aplicação do Código Civil de 2002 aos títulos de

crédito só é possível quando não houver lei especial que os regulamente

(Enunciado STJ 52), “Por força da regra do art. 903 do Código Civil, as

disposições relativas aos títulos de crédito não se aplicam aos já existentes”.

Dessa forma, predomina no direito positivo brasileiro de hoje uma dualidade de

regramento legal: 1° os títulos de créditos típicos ou nominados são

disciplinados pela Lei Uniforme e pela Lei Cambial; 2° os títulos inominados

subordinam-se às normas do Código Civil de 2002, desde que se enquadrem

na definição de títulos de crédito constante do artigo 887 desse diploma legal,

qual seja, documento necessário ao exercício de direito literal autônomo nele

contido.

É de se destacar, porem, que a definição do título de crédito constante

do artigo 887 do Código Civil de 2002 está errada. No original, o vocábulo

utilizado é incorporado, ao invés de mencionado. No entanto, toda doutrina,

37 Gastaldi, J. Petrelli, Elementos de Economia Política, 18ª edição, Saraiva, p.275

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28

adaptando a definição de Vivante, utiliza o vocábulo mencionado, uma vez que

este vocábulo não gera o entendimento de que sem o título de crédito seria

impossível o exercício do direito de crédito mencionado no título de crédito. O

art. 887 do Código Civil de 2002, porém, não corrigiu esta impropriedade38.

O conceito que melhor definiu os títulos de créditos foi elaborado por

Cesare Vivante, que assim definiu: “título de crédito é o documento necessário

pra o exercício do direto literal autônomo nele incorporado”.O conceito

formulado por Cesar Vivante é, sem dúvida, o mais completo, afinal como

disse Fran Martins “encerra, em poucas palavras, algumas das principais

características desses instrumentos (títulos de crédito)”. Tal é a razão pela

qual, segundo Fábio Ulhoa, “é aceita pela unanimidade da doutrina

comercialista”39.

O tempo constitui o intervalo, o lapso temporal, ou como afirma João

Eunápio Borges, “[...] o período que medeia entre a prestação presente e atual

e a prestação futura”. Os elementos fundamentais para se configurar o crédito

decorrem da noção de confiança e tempo. A confiança é necessária, pois o

crédito se assegura numa promessa de pagamento, e como tal deve haver

entre o credor e o devedor uma relação de confiança. A temporalidade é

fundamental, visto que subentende-se que o sentido do crédito é, justamente,

o pagamento futuro combinado, pois se fosse à vista , perderia a idéia de

utilização para devolução posterior.

Para Fábio Ulhoa três são as características que distinguem os títulos

de crédito dos demais documentos representativos de direitos e obrigações:

primeiramente o fato dele referir-se unicamente a relações creditícias,

posteriormente por sua facilidade na cobrança do crédito em juízo (não há

necessidade de ação monitória) e, finalmente, pela fácil circulação e

negociação do direito nele contido.

O título de crédito possibilita uma negociação mais fácil do crédito

decorrente da obrigação representada e ainda, a cobrança judicial de um

crédito documentado por este tipo de instrumento e mais eficiente e célere.A

38 Finkelstein Maria Eugenia, 3ª ed, São Paulo: Atlas, 2006. p. 109-112 39 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. V.1. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

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doutrina se refere a tais vantagens como, respectivamente, negociabilidade e

executividade, o título de crédito é aquele “que é entregue pelo devedor ao

credor, representativo da relação de direito estabelecida entre eles”40.

Eunápio Borges. O crédito, isto é, a confiança no cumprimento das

obrigações, facilitou extremamente as transações comerciais, e a sua

corporificação em documentos (títulos de créditos), com características

especiais (circulação, executividade) contribuiu decisivamente para o

desenvolvimento das relações comerciais. Sem os títulos de crédito, não se

chegaria ao atual estado da economia mundial. Como define Waldirio

Bulgarelli41, os títulos de crédito representam o principal instrumento de

circulação da riqueza.

Luiz Emygdio Franco da Rosa Júnior, no aspecto moral, crédito é a

confiança que uma pessoa deposita em outra se baseando em seus atributos

morais.Sob o prisma econômico, crédito é entendido como a permissão de

usar o capital alheio, conferindo poder de compra a quem não dispõe de

recursos para realizá-lo. Portanto, é a troca de prestação atual por prestação

futura Neste contexto, Luiz Emygdio ensina que na economia moderna há

excepcional velocidade nas operações mercantis, fazendo surgir à

necessidade de circulação de riquezas mais rápida do que aquela permitida

pela moeda manual. Isso se torna possível através do crédito, que permite a

imediata mobilização da riqueza produzida.

Waldirio Bulgarelli aduz que, nas práticas comerciais as operações de

crédito passaram a serem efetuadas em massa, apresentando inúmeras

modalidades, preponderantemente operações de financiamento, que se

realizam em relação às empresas e ao público consumidor.

Instituições financeiras normalmente concentram tais operações. Existe

ainda acepção jurídica da palavra crédito, de maior importância para a

compreensão e análise dos títulos de crédito. Luiz Emygdio explica que o

crédito, nesse aspecto, significa a faculdade que o credor tem de haver de

determinado devedor, um direito, prestação de obrigação. Portanto, o crédito

40 SILVA, De Plácido e. Verbete “Documento” in Vocabulário jurídico. 15ª edição, p. 287.

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confere recursos a quem não os possui, como pode se verificar de forma clara

nas operações de empréstimo de dinheiro operadas pelas instituições

financeiras, contratos de mútuo ou venda a prazo.

A Lei impõe que o título de crédito “somente produz efeito quando

preencha os requisitos previstos em lei”. Esses requisitos são aqueles fixados

nas leis especiais, para os títulos típicos ou nominados e que podem variar de

acordo com a lei e o título. Para os títulos atípicos ou inonimados, nos termos

do art. 889 do Código Civil são os seguintes: 1)– a data da emissão; 2)– a

indicação precisa dos direitos que confere; e 3)– a assinatura do emitente. São

tais requisitos que tornam o documento autêntico, verdadeiro, capaz de

aperfeiçoar o direito nele existente e dão ao portador a garantia de que

necessita. Sem os requisitos impostos pela lei, o papel não será título de

crédito42.

2.1 – Modalidades de títulos de crédito

Inúmeras são as modalidades de títulos de créditos, merecendo realce

as seguintes: letra de câmbio ou cambial, pela qual o credor dirige uma ordem

ao devedor, para que este pague ao sacador, ou a um terceiro, a quantia

especificada no título, inclusive os juros convencionados, em prazo certo; a

nota promissória também é um título cambial e de crédito; diferente da letra de

câmbio, porque, ao contrário desta, é sacada pelo devedor, que promete pagar

ao credor, ou à sua ordem, determinada importância, em prazo certo. Ambos

os títulos são transferíveis por endosso, ou seja, uma declaração ou a simples

assinatura do sacador (credor na letra de câmbio e favorecido na nota

promissória), lançada no verso do título. A palavra documento tem origem do

latim e "designa qualquer base de conhecimento, fixado materialmente e

disposta de maneira que se possa utilizar para consulta, estudo, prova, etc.43"

41 BULGARELLI, Waldírio. Direito Comercial. 8ª. Ed. São Paulo. Atlas, 1981. 42 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003 43 LUCCA, Newton de. Comentários ao Novo Código Civil. Rio de Janeiro: Forense, Coordenador Sálvio de Figueiredo Teixeira, 2003, vol. XII, p. 136.

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As principais espécies de títulos de crédito que são: Letra de câmbio;

Nota promissória; Cheque; Duplicata; Títulos de crédito rural; Nota promissória

rural; Duplicata rural; Cédula rural pignoratícia; Cédula rural hipotecária;

Cédula rural pignoratícia e hipotecária; Nota de crédito rural; Títulos de crédito

industrial; Debêntures; Warrant; Conhecimento de transportes; Ações; Títulos

da dívida pública; Letra imobiliária; Cédula hipotecária; Os títulos, sendo

garantidos por terceiros, recebem o aval destes, representado por sua

assinatura no anverso ou frente do título. Outros títulos de crédito são o

warrant, ou seja, o certificado de depósito. Embora depositadas, estão

circulando pelo referido título, sendo objeto de transações ou contratos.

O warrant é emitido pelos armazéns gerais, constituindo títulos

pignoratícios, isto é, garantido por um penhor, representado pela mercadoria

depositada. Os cheques ou títulos ao portador constituem modalidade de título

de crédito, de grande uso no comercio. Na verdade os cheques devem ser

precedidos de deposito para poderem ser emitidos, não representam,

verdadeiramente, título de crédito, pois significam moeda em depósito no

banco. Por vezes, poderá transformar-se em títulos na verdadeira acepção,

porquanto pode ocorrer que o instituto bancário autorize o seu pagamento,

mesmo sem o emitente possuir saldo em depósito; aí deparamos com a

moeda dita escritural.

O cheque sempre representa uma ordem de pagamento, endereçada

pelo emitente a um estabelecimento de crédito, para que pague ao portador a

soma nele especificada. Sua vida em geral, é muito curta, porquanto ele é

rapidamente apresentado para reembolso. Os cheques podem ser nominais

(quando indicam o nome do beneficiário ou do portador da ordem de

pagamento) ou ao portador, se omite o nome do beneficiário, “vale ressaltar

que a Lei n° 8.021, de 1990, o legislador adotou uma série de vedações

relativamente a alguns documentos representativos de obrigação pecuniária ou

investimentos, com o objetivo de identificar o respectivo titular.”44

Podem ser citadas mais as seguintes modalidades de título de crédito:

debênture (representativa de empréstimos realizado pelas sociedades

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anônimas ou pelo próprio Estado). Vencem juros, possuem prazo certo para

resgate e são garantidas pelo patrimônio total da sociedade emitente. Apólice

de dívida pública, emitida por pessoa jurídica de direito público, devedora,

como garantia do empréstimo contraído. Hipoteca, contrato que representa um

título de crédito e se fundamenta sempre numa garantia imobiliária.

E, ainda as obrigações industriais, o contrato de penhor, a letra

hipotecária, o bilhete de banco etc. os bilhetes de banco, também

denominados notas bancárias, são títulos emitidos por instituições de créditos,

para tanto autorizadas, representativas de moeda, pagáveis à vista e ao

portador. “Vale ressaltar a Lei n° 8.021, de 1990”.

A nota bancária circula por simples tradição, equivalendo à moeda, pois

é sempre representativa de um lastro de ouro ou prata. Todos esses títulos de

crédito classificam-se em três grandes ramos: nominativos, se nele vier

apontado o nome da pessoa com direito à prestação ou ao pagamento; à

ordem, quando emitidos em beneficio da pessoa indicada ou daquela a quem

esta ordenar o pagamento; ao portador, quando genericamente emitidos a

favor do possuidor do título.

Os nominativos são transferíveis mediante ato formal ou endosso, o

mesmo ocorrendo com os que contêm a clausula a ordem; os ao portador se

transferem por simples tradição manual. “Vale ressaltar a Lei n° 8.021, de

1990.”45

44 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003 p. 256 45 Gastaldi, J. Petrelli, Elementos de Economia Política, 18ª edição, Saraiva, p 280

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33

CAPÍTULO III

– PRINCIPIOS GERAIS DO DIREITO CAMBIÁRIO.

►Poderemos a partir deste ponto do trabalho desenvolver, o tema

proposto, uma vez que o leitor já dispõe de conhecimentos necessário, para

compreender a questão que envolve, acerca dos títulos de crédito, Usaremos

como exemplo a Duplicata virtual como destaque em especial, uma discussão

ampla, abrangendo seus elementos e os princípios basilares da duplicata no

Direito Cambiário. Confrontados com a modernidade tecnológica, espera-se

com isso, uma maior compreensão e facilitar a assimilação da essência do

trabalho.

Fábio Ulhoa Coelho, nesse conceitua: “três são os princípios que

informam o regime jurídico cambial: cartularidade, literalidade e autonomia”.

Mais uma vez lembrando que as três características que distinguem os títulos

de crédito dos demais documentos representativos de direitos e obrigações: o

fato dele referir-se unicamente a relações creditícias; sua facilidade na

cobrança do crédito em juízo (não há necessidade de ação monitória); e,

finalmente, pela fácil circulação e negociação do direito nele contido. Os

princípios abaixo elencados são os princípios de todos os títulos de crédito,

obviamente, há princípios que são mais visíveis e mais presentes em um título

de crédito do que em outro46.

3.1 – Princípio da cartularidade

O conceito que melhor define título de crédito é de Cesare Vivante Título

de Crédito é o documento necessário, literal e autônomo, nele contido. Fábio

Ulhoa Coelho define a conceituação de Vivante como aceita pela unanimidade

da doutrina comercialista e sintetizadora dos principais elementos da matéria

46 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva,2006 p.232

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cambial. Os principais títulos de crédito são a letra de câmbio, a nota

promissória, a duplicata e o cheque47.

Segundo Fábio Ulhoa Coelho, para que o credor de um título de crédito

exerça os direitos por ele representados é indispensável que se encontre na

posse do documento (também conhecido por cártula). Sem o preenchimento

dessa condição, mesmo que a pessoa seja efetivamente a credora, não

poderá exercer o seu direito de crédito valendo-se dos benefícios do regime

jurídico-cambial. Princípios da cartularidade: o documento representa o título

de crédito. No entanto, se o documento desaparecer não desaparece o direito,

a diferença é que a ação será mais demorada, ordinária de conhecimento. O

título é autônomo, não está sujeito aos vícios, há independência das

obrigações cambiais.

O ilustre doutrinador “compara” o título de crédito a um contrato privado.

O contrato, instituto de Direito Civil, apresenta diversos princípios, como: a

autonomia da vontade; a capacidade das partes para contratar; e objeto lícito.

Na prática, o contrato, devido ao subjetivismo das partes, não se transfere por

mera circulação, ou seja, não há efeitos se ocorrer transmissão do mesmo,

pois este ato jurídico fica restrito às partes contratantes. Já os títulos de

crédito, têm a confiança e o tempo como elementos incorporados. A confiança

é necessária, pois, o crédito se assegura numa promessa de pagamento, e

como tal, deve haver entre o credor e o devedor uma relação de confiança. O

tempo é fundamental, visto que no sentido do crédito é o pagamento futuro

que configura a promessa, pois, o adimplemento à vista, inutilizaria a

devolução posterior do valor.

Dentre as várias características dos títulos de crédito pode-se destacar a

negociabilidade, a executividade, a tipicidade, a circulabilidade, o formalismo e

a co-obrigação. A negociabilidade decorre da facilidade de circulação do

crédito, como diz Fábio Ulhoa, “possibilita uma negociação mais fácil do crédito

decorrente da obrigação representada”; A executividade resulta numa maior

eficiência na cobrança, ou seja, existindo um documento provando o crédito, a

cobrança judicial é mais eficiente e rápida; A tipicidade significa ter uma lei

47 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003 p.257

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específica que regule os títulos de crédito, como está posto no artigo 903 do

Código Civil Brasileiro; A circulabilidade traz maior benefício ao mundo

econômico, garantindo maior rapidez na circulação de valores, seja através do

endosso, seja pela simples tradição, quando ocorre transmissão de todos os

direitos inerentes ao título de crédito; O formalismo está presente no título

através de seus requisitos, sendo necessário documento e declaração de

vontade, ou seja, assinatura dos interessados; A co-obrigação tem por

finalidade dar maior proteção ao portador do título, ficando, cada pessoa que

coloca sua aposta, responsável por seu pagamento tanto quanto o devedor

principal. Tal característica vem descrita no artigo 47 da Lei Uniforme de

Genebra: “Os sacadores, aceitantes, endossantes ou avalistas de uma letra

são todos solidariamente responsáveis para com o portador”. “Vale ressaltar a

Lei n° 8.021, de 1990.”48

3.2 – Princípio da literalidade

Rubens Requião é objetivo e preciso ao conceituar o princípio da

literalidade aplicada aos títulos de crédito: “O título é literal porque sua

existência se regula pelo teor de seu conteúdo. O título de crédito se enuncia

em um escrito, e somente o que está nele inserido se leva em consideração;

uma obrigação que dele não conste, embora sendo expressa em documento

separado, nele não se integra”. O princípio da literalidade pressupõe, segundo

Fábio Ulhoa, que: “somente se produzam efeitos jurídico-cambiais os atos

lançados no próprio título de crédito”· Ainda Ulhoa, exemplifica as

conseqüências tanto positivas como negativas:

“De um lado, nenhum credor pode pleitear mais direitos

do que os resultantes exclusivamente do conteúdo do

título de crédito; isso corresponde, para o devedor, a

garantia de que não será obrigado a mais do que o

mencionado no documento. De outro lado, o titular do

48 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003 p255 -260

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crédito pode exigir todas as obrigações decorrentes das

assinaturas constantes da cambial; o que representa,

para os obrigados, o dever de as satisfazer na exata

extensão mencionada no título49”.

O portador de boa-fé de título de terceiro, tem o direito de receber valor

integral discriminado no título de crédito, visto que os sujeitos primários

diretamente envolvidos na confecção deste título não se atentaram a dar

quitação parcial ou integral no próprio título, mesmo que haja quitação em

separado, ainda que documento válido e eficaz.

3.3 – Princípio da autonomia

Fábio Ulhoa comenta sobre esse instituto, como sendo a “garantia

efetiva de circulabilidade do título de crédito”.Deste princípio discorrem-se dois

outros a abstração e a Inoponibilidade das exceções. Sobre o princípio da

autonomia, Rubens Requião:

“Diz-se que o título é autônomo (não em relação à sua

causa como às vezes se tem explicado), mas, segundo

Vivante, porque o possuidor de boa-fé exercita um direito

próprio, que não pode ser restringido ou destruído em

virtude das relações existentes entre os anteriores,

possuidores e o devedor. Cada obrigação que deriva do

título é autônomo em relação às demais”50.

Esse instituto é um dos mais importantes, pois traz segurança jurídica

para aquele que adquire um título de crédito proveniente de um negócio onde

ele tampouco fazia parte, não seja prejudicado, por desarranjos futuros, que

deverão ser satisfeitos, de forma diversa que não a suspensão da satisfação

49 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003 p255 50 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. V.2. São Paulo: Saraiva, 1998

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da obrigação, qual seja, acordos e negociações ou o a busca pela tutela

jurisdicional.

O negócio que originou um título de crédito, entre duas partes, ao existir

uma terceira relação, ou seja, o credor do título da relação originária, endossa

esse título a um credor seu. Sendo autônomas as relações, aquele, credor da

relação originária deverá satisfazer a obrigação, independente de qualquer

vício do negócio realizado por ele.

3.4 – Princípio da abstarção

A abstração nasce do endosso, pois quando o título é posto em

circulação, este se desvincula da relação fundamental, sendo então

pressuposto para sua existência, a circulação do título. Não há que se

confundir a abstração, subprincípio da autonomia, na qual se tem mediante a

circulação do título, com abstração quando se refere a emissão desta estar ou

não condicionada a determinadas causas, também chamada de causalidade.

Nesse caso, tem-se por abstração a primeira, já que a segunda terminologia,

como bem explica Antônio Carlos Zarif, “a duplicata não possui esta

característica, pois fica vinculada ao negócio mercantil que lhe deu origem”. A

duplicata, virtual ou não, é causal, depende de uma relação jurídica prévia.

Diferentemente dos títulos de crédito porque, além de fixar um valor de

apreciação monetária, que pode ser exigido por seu titular, quando oportuna

essa exigência, esses títulos circulam como valores, transmissíveis por

endosso51.

3.5 – Princípio da inoponibilidade das exceções

O simples conhecimento, pelo terceiro de fato oponível já é suficiente

para caracterizar má-fé, ressaltando que em qualquer ação jurídica a ser

51 ZARIF, Antonio Carlos. Título de crédito. Disponível em <http://www.advocaciaconsultoria.com.br/dircomercial/tcredito.html> Acesso em 11 out. 2007.

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tomada por devedor que se viu envolvido em uma trama de um negócio

jurídico com vício, tendo esta sido transferida propositalmente a terceiro, de

má-fé, para que não haja a suspensão de cumprimento da obrigação, sendo

que cabe a este prejudicado provar a má-fé daquele.

Define o ilustríssimo professor Fran Martins:

“Decorrência do princípio da autonomia das obrigações

cambiárias (cada obrigação é autônoma e independente,

não ficando sua validade subordinada a uma outra

obrigação – donde se concluir que cada obrigado se

obriga não apenas com a pessoa a quem transfere o

título, mas com o portador do mesmo, seja ele quem for),

surgiu a regra chamada da inoponibilidade das exceções.

Por essa regra, consagrada no art. 17 da Lei Uniforme, o

obrigado em uma letra não pode recusar o pagamento ao

portador alegando suas relações pessoais com o sacador

ou outros obrigados anteriores do título (por exemplo, não

pode o obrigado recusar o pagamento alegando que é

credor do sacador). Tais exceções ou defesas são

inoponíveis ao portador, que fica, sempre, assegurado

quanto ao cumprimento da obrigação pelo obrigado52”.

3.6– Princípio da incorporação

Derivado do princípio da literalidade, grande parte da doutrina, separa-o

como um princípio singular. Este princípio se dá ao direito representado pela

cártula se incorporar no próprio título, ou seja, depende da apresentação do

título, como expressa Maria Bernadete Miranda:

52 MARTINS, Fran. Títulos de Créditos. Rio de Janeiro: Forense, 1998.

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“Essa é a razão pela qual nosso legislador determina que

o título de crédito é um documento necessário para o

exercício dos direitos nele contido. Essa definição quer

ressaltar que a declaração constante do título deve

especificar quais os direitos que se incorporam no

documento53”.

A ausência do título, não impossibilita cabalmente o recebimento do

crédito, pois com o comprovante da entrega da mercadoria, ainda é possível

ajuizar ação, no entanto não é uma execução, mas sim ação monitória. Já no

caso de se ter a instrução do protesto, é possível ainda a execução do título,

como veremos posteriormente.

53 MIRANDA, Maria Bernadete. O título de crédito eletrônico no novo código civil. Disponível em <http://www.direitobrasil.adv.br/artigos/artigo14.pdf > Acesso em 13 out 2007.

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CAPÍTULO IV

A DESMATERIALIZAÇÃO DOS DOCUMENTOS.

O princípio da cartularidade, também chamada incorporação, exige

documento no aspecto físico: se o direito está incorporado ao documento, e o

mesmo some, desaparece o direito. O que se pode notar, é que este princípio

de acordo com as evoluções da informática tem sido alvo de várias discussões,

pois, será possível emitir títulos de crédito pela Internet? Observamos a partir

deste ponto que confronta-se com o conceito de Cesare Vivante, se precisa da

cártula para que se considere o título de crédito válido, é necessário, então, um

papel para que neste seja lançado o crédito, e assim, provar o direito ao valor.

Com isso, não se pode conferir a mesma garantia a cópias autênticas. O

objeto de estudo desse trabalho, usaremos como principal exemplo de títulos

de crédito virtuais a Duplicata e sua variação como a Duplicata Virtual54.

A cartularidade busca evitar um enriquecimento ilícito, prestigiando a

boa fé de terceiros e o direito de regresso. Para Fábio Ulhoa diz que pelo

princípio da cartularidade o credor do título de crédito deve provar que se

encontra de posse do documento para exercer o direito nele mencionado, o

que se conclui é que, no regime jurídico-cambial a presença do documento no

aspecto físico é essencial para que se tenha direito à titularidade do crédito e

que possa transferir o título exercendo a negociabilidade55.

A posse da cártula também garante a executividade, pois só com a

existência de um título é que se pode entrar diretamente com o processo de

execução. Ainda que possa advir de uma operação de crédito, insistimos em

dizer que não é título de crédito o chamado título de crédito eletrônico, por que

não é documento na exata expressão do termo e dele falta a assinatura,

requisito mais importante de todos os títulos de crédito, pois só com ela ocorre

a manifestação da vontade do emitente. Como salientou Fran Martins:

54 FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial. São Paulo: Atlas, 2004. 4 ed 55 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003

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“Para ser título de crédito é necessário que a declaração

conste de um documento escrito: poderá esse documento

ser um papel, um pergaminho, um tecido, mas de

qualquer modo deve ser uma coisa corpórea, material, em

que se possa ver (e não apenas ouvir, como no caso do

disco), inscrita a manifestação da vontade do declarante.

Não é preciso, sequer, que todas as declarações

constantes sejam grafadas de próprio punho do

declarante. Mas, em qualquer circunstância, deve ser um

escrito, lançado em documento corpóreo, em regra uma

coisa móvel, para facilitar a circulação dos direitos, já que

esses, incorporados no título, circulam com o mesmo56”.

É obrigatório que o devedor tenha o título em mãos para exercitar o seu

direito sobre ele. O credor deve provar que se encontra na posse do

documento. Esse princípio é totalmente incompatível com a duplicata virtual, já

que não como se provar a posse de um documento eletrônico, muito menos

anexá-lo em sua petição para executá-lo. Maria Eugenia Finkelstein no mesmo

sentido:

“Cartularidade significa que, enquanto o título existir

fisicamente, o seu possuidor deverá apresentá-lo para

exercer o direito nele mencionado. Nesse sentido,

documento e direito se confundem. Note-se, entretanto,

que a reconstituição do título de crédito é possível, no

caso de seu extravio ou destruição, na forma do artigo 36

do Decreto n° 2.044/1908”57.

Albenaz, em seu artigo, Títulos de Créditos Eletrônicos sustenta que “o

princípio da cartularidade se encontra em declínio, visto que prática rotineira do

comércio suprimiu sua exigência há tempos”, Em meados de 1970, documento

56 MARTINS, Fran. Títulos de Créditos. Rio de Janeiro: Forense, 1998. 57 Finkelstein Maria Eugenia, 3ª ed, São Paulo: Atlas, 2006.- p. 111

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trazia consigo a imagem de um papel, como algo em que se podia pegar e

analisar, como suporte da materialidade do fato ali representado. O século XX

ficou conhecido como o século do papel e para se ter uma idéia de como

surgiu tal nomeação há este século, dizem que existiram aproximadamente

dois bilhões de títulos, os que pesavam 20 mil toneladas, tudo isso

acumulados em enormes prateleiras do mundo inteiro. O documento eletrônico

consiste na troca de dados entre duas ou mais pessoas, através de sistema

que utilizam conceitos criptográficos de chaves públicas e privadas, e não se

restringem a materialização no papel e sim, sua execução no mundo virtual58.

O documento representa o título de crédito. No entanto, se o

documento desaparecer não desaparece o direito, a diferença é que a ação

será mais demorada, ordinária de conhecimento. O título é autônomo, não está

sujeito aos vícios, há independência das obrigações cambiais. Amador Paes

de Almeida:

“Em razão da cartularidade, o título e direitos se

confundem tornando imprescindível o documento pra o

exercício do direito que nele se contém é o documento

necessário para o exercício do direito literal e autônomo

nele mencionado.59”

Segundo o ilustre professor, este é o chamado fenômeno da

incorporação, citando Waldirio Bulgarelli, “em decorrência da incorporação do

direito no título: a) quem detenha o título, legitimamente, pode exigir a

prestação; b) sem o documento, o devedor não está obrigado, em princípio a

cumprir a obrigação.” Esta corrente entende que a duplicata escritural, qual

58 ALBERNAZ, Lister de Freitas. Títulos de crédito eletrônicos. In: REDE - Revista do Direito Eletrônico. IBDE – Instituto Brasileiro de Direito Eletrônico. Ano II – nº. 06. Disponível online em: <http://www.ibde.org.br/revista>. ISSN: 1679-1045. Acesso em 02 out. 2007 59 ALMEIDA, Amador Paes de. Teoria e prática dos títulos de crédito. 23 ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

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seja, aquela que são gravadas em fitas magnéticas, podem ensejar uma série

de problemas, não devendo ser considerado um título eletrônico60.

Em sentido contrário o comércio é tão dinâmico quanto as inovações

surgidas, influenciadas pela tecnologia de informação, possibilitando

celeridade desde as formas de pagamento como de obtenção do crédito. Com

a informatização, nasceu também a desmaterialização dos títulos de crédito,

processo esse surgido na França, em 1967 e ainda, em 1970, substituíra

totalmente o papel pelas fitas magnéticas tanto em sua emissão quanto a sua

circulação. A criação da rede mundial de computadores, diga-se Internet,

surgiu também a transmissão de diversos tipos de dados, bem como para

entretenimento, fechar negócios, bater papo com amigos distantes, bem

diferente do seu objetivo inicial, “transmitir dados sigilosos do exército

americano, na época chamada de Arphanet.61”

Transações comerciais via Internet, a prática de compra e venda de

produtos por meio dela, bem como de transições bancárias, e a prática do e-

processo, tiveram suas conseqüências, como entende o Juiz Edison Aparecido

Brandão, conforme proferira em uma de suas sentenças:

"O processo tal como o conhecemos está acabando,

vindo a seu lugar meio inédito, apto a novas realidades,

que formará e criará parâmetros de um futuro em muito

diferente do que se imaginava em nosso passado ou que

se tem em mente em nosso presente"62.

Como citado anteriormente, os títulos de crédito surgiram na Idade

Média para facilitar a circulação de crédito comercial. Ao longo de séculos,

após terem cumprido suas funções, tais documentos entram em estágio de

decadência, provocado pela extraordinária mudança trazida pelos meios

60 BULGARELLI, Waldírio. Direito Comercial. 8ª. Ed. São Paulo. Atlas, 1981. p. 126 61 O nome ARPANet refere-se à rede do Departamento de Defesa norte-americano, através de sua Agência de Pesquisa em Projetos Avançados (ARPA). 62 LIMA, George Marmelstein. E-processo: uma verdadeira revolução procedimental. Disponível online em <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3924> Acesso em 09 out. 2007.

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magnéticos, o que a doutrina tem chamado de desmaterialização dos títulos de

crédito. A circulação do crédito pelos meios eletrônicos coloca em dúvida os

princípios acima citados. Uma vez que as relações jurídicas realizadas através

da Internet ocorrem naquilo que se denomina espaço virtual, o que é o espaço

virtual? Pedro R. Doria traz o seguinte conceito de espaço virtual, preferindo

usar a expressão inglesa "cyberspace": [...], "Cyberspace é o ambiente da

Internet, dizemos que o cyberspace é o espaço onde os banco de dados

estão”63.Andrea Chen, traz uma outra definição, disponível em alt.cyberpunk:

"As interações (normalmente complexas) de vários nós (pessoas e

computadores) numa rede de computadores". O conceito de espaço virtual (ou

cyberspace) nada mais é do que o ambiente, a mídia criada pela Internet e que

vem sendo usada, dentre outras inúmeras aplicações, para a realização de

transações comerciais64. Vale ressaltar não se pode confundir o virtual com

aquilo que não é real. O espaço virtual tem existência absolutamente real.

Acerca deste complexo tema, Pierre Lévy leciona com absoluta clareza:

"Já o virtual não se opõe ao real, mas sim ao atual.

Contrariamente ao possível, estático e já constituído, o

virtual é como o complexo problemático, o nó de

tendências ou de forças que acompanha uma situação,

um acontecimento, um objeto ou uma entidade qualquer,

e que chama um processo de resolução: a atualização65”.

George Marmelstein: “Com o avanço da tecnologia, o processo ficou

mais moderno, e mais célere, conforme Se a estrutura mais formal e rígida do

Poder, que é o Poder judiciário, já se rendeu a essa facilidade do e-processo,

como esperar que o comércio eletrônico também não o fosse utilizar; Esse

novo processo, que, na onda dos modismos cibernéticos, pode ser chamado

de e-processo (processo eletrônico), tem as seguintes características: a)

63 DORIA, Pedro R. Manual para a Internet. Rio de Janeiro, Ed. Revan, 1995, p. 36 64CHEN, Andrea. alt.cyberpunk 65 LÉVY, Pierre. O que é o virtual. São Paulo, Ed. 34, 1996, p. 16.

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máxima publicidade; b) máxima velocidade; c) máxima comodidade; d) máxima

informação (democratização das informações jurídicas); e) diminuição do

contato pessoal; f) automação das rotinas e decisões judiciais;(…); l)

reconhecimento da validade das provas digitais; k) surgimento de uma nova

categoria de excluídos processuais:os desplugados66”.

No Brasil os títulos de crédito já vêm recebendo tratamento eletrônico,

citado o caso das duplicatas encaminhadas a protesto por meio de indicação

dos bancos aos cartórios do teor dos títulos, por meio eletrônico ou Internet

sem a apresentação material dos títulos.

O aparecimento quase que ao natural dos títulos de crédito virtuais, os

quais serão operados através de senhas eletrônicas (assinaturas digitais)

favorecem a celeridade das práticas comerciais, o que pode atingir os títulos

de crédito atuais como uma verdadeira sentença de morte. A evolução

tecnológica não afetou somente os meios de comunicações, mas as formas

como comerciantes e bancos procedem em suas trocas de informações. As

informações transmitidas sobre a duplicata, de um comerciante a seu banco,

passaram a ser atualmente uma mera comunicação virtual, ou a transferência

de um pequeno arquivo gerado pelo computador daquele comerciante, não

havendo a emissão de papel algum, surgindo então a Duplicata Virtual. O

Prof_ Carlos Alberto Rohrmann define:

"A virtualização não é uma desrealização (a

transformação de uma realidade num conjunto de

possíveis), mas uma mutação de identidade, um

deslocamento do centro de gravidade ontológico do

objeto considerado: em vez de se definir principalmente

por sua atualidade (uma ”solução"), a entidade passa a

encontrar sua consistência essencial num campo

problemático. Virtualizar uma entidade qualquer consiste

66 LIMA, George Marmelstein. E-processo: uma verdadeira revolução procedimental. Disponível online em <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3924> Acesso em 09 out. 2007.

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em descobrir uma questão geral à qual ela se relaciona,

em fazer mutar a entidade em direção a essa

interrogação e em redefinir a atualidade de partida como

resposta a uma questão particular"67.

Com o advento da Certificação digital e da assinatura eletrônica, que

são geradas por combinações numéricas compreensíveis apenas entre

remetente e destinatário, as trocas de informações passaram a ter maior

validade, devendo ser considerados como documento válido juridicamente. A

duplicata virtual, sendo considerada um documento válido e um título de

crédito, é passível de execução judicial pois contém todos os requisitos de um

título de crédito, com exceção da cartularidade, que fica mitigada com a falta

de uma cártula, mas que pode ser suprida, em um Processo de Execução,

pelo instrumento de protesto, que, inclusive, é feito por indicação do banco, por

meios eletrônicos, e ainda, pela assinatura, ou recibo de entrega da

mercadoria.Como pode o credor exercer o direito estabelecido em determinado

título? Deve provar que está na posse do documento. Ora, como determinar a

posse de um "documento eletrônico?” O documento eletrônico, de fato, nem

mesmo chega a se materializar no momento de determinado ato jurídico

apenas no mundo virtual, concretização essa que se realiza em bancos de

dados do computador. E o Princípio da Documentalidade?

Por este princípio, o título de crédito tem que ser escrito em documento

corpóreo, não valendo a declaração oral, gravada ou não. O princípio da

Incorporação ou Cartularidade evidencia o fato de que o direito materializa-se

no documento, incorpora-se no papel. Caso perca-se o papel, perde-se o

direito. Esse é o princípio que torna o título de crédito um documento de

apresentação.Princípio do Formalismo? O título de crédito é formal. Em

princípio, se faltar uma palavra que por força de lei nele deveria constar, o

documento perderá seu valor de título de crédito. Exige-se que o título de

67 MONTEIRO. Marcos Roberto Gentil. Direito comercial e direito bancário. Disponível em <www.infonet.com.br/marcosmonteiro/ direitobancario/ttulos_de_credito.doc> Acesso em 12 out. 2007.

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crédito seja revestido de formalismo, pois sem ele não haverá os demais

princípios, ou seja, não poderá ser invocada a autonomia, a literalidade, a

abstração68.

Surge a pergunta e o princípio da cartularidade? Se não há papel que

materialize o ato jurídico, como então registrarmos com segurança e correção

a natureza e as delimitações pretendidas entre credor e devedor, se não

suporte físico para registrá-las?

Afirma Humberto Theodoro Júnior, pode ser ressaltado o fato de que há

polêmica na doutrina processualista que, no entendimento de Carnelutti,

acentua o aspecto substancial do título executivo e entende que o mesmo é

prova legal do crédito, enquanto para Liebman é um elemento constitutivo da

ação de execução forçada, dando ênfase ao aspecto documental do

título.Toda a doutrina converge no sentido da regra fundamental da nulla

executivo sine titulo, afirmando o não cabimento de execução forçada sem o

título executivo que lhe sirva de base, como também se pode concluir a partir

da leitura do art. 583 da Lei n° 5.869/73, o Código de Processo Civil: “Art. 583.

Toda execução tem por base título executivo judicial ou extrajudicial”69.

4.1 - O que é um documento eletrônico?

Trata-se de assunto de inteira relevância a definição de documento, em

sentido lato pode ser dividido ainda em documento físico, e documento

eletrônico, termos as duas concepções, é imprescindível para a compreensão

do trabalho, O documento, propriamente dito, para alguns autores, não

adquirem o sentido de coisa, como interpreta doutrinadores como Chiovenda e

Pontes de Miranda, mas sim de sua essência, “…é qualquer escrito utilizável

como prova do ato ou fato jurídico”. Interessante como define como “escrito” e

não mais como “coisa”, sendo que é nesse sentido que o conceito de

documento eletrônico deve seguir. Segundo Tavares, o documento eletrônico:

“…é a seqüência de bits e, onde quer que esteja gravado qualquer quantidade

68 REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 358.

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de cópias, desde que seja reproduzida exatamente a mesma seqüência, tem

sempre o mesmo documento”. Moacyr Amaral Santos define: “… é a certeza

de que o documento provém do autor nele indicado”, só é autêntico devido a

sua Chave Pública. Entretanto, há grande diferença entre a autenticidade do

documento e da veracidade dele. Assim, um documento, pode ser perfeito em

sua forma e produção, ser o documento em questão justamente ao qual se faz

referência, nos autos de um processo, por exemplo, isso não implica dizer que

suas informações são verdadeiras, decorre daí então uma falsidade material,

incursa nas penas da duplicata “fria” ou “simulada". A assinatura possui ainda

maior segurança por possuir mecanismo que indica quando a assinatura for

realizada, de forma imutável, pois essa faz parte da combinação de números

constantes da assinatura digital70.

4.2 - A Cópia do documento eletrônico

A principal virtude é que o documento eletrônico, pode ser transportando

ao meio físico, através da impressão, como também o documento físico, pose

ser digitalizado, através de um scanner para o computador para uma possível

busca, muito mais facilitada destes documentos. Assim, surge a dúvida, de

como seria a cópia autenticada do documento eletrônico? O que lhe atribui a

situação de cópia é justamente tê-lo transferido para o meio físico, que se for

impugnada sua validade, sempre será necessário, comprovar sua

autenticidade com aquela presente no meio digital. No meio digital, não

importa quantas cópias sejam feitas, as cópias também serão originais, pois

manterá a mesma seqüência de números correspondentes a assinatura usada

naquele momento e transação.

Ressalva se faz que, uma vez alterado, uma vírgula que seja, o

documento inicial, ainda será o original e o segundo alterado uma vez alterado,

nada tem de relação ao primeiro, pois passou a ser outro documento, original,

pois terá sua própria assinatura. Afirmou DE PLÁCIDO E SILVA:

69 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. V.1. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004 70SANTOS, Moacyr Amaral Apud MARCACINI, Augusto Tavares Rosa. Op. cit

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49

“o documento que atendeu às prestações do Direito,

vindo devidamente assinado pela pessoa, que o podia

assinar, devidamente testemunhado e com firma

reconhecida, de modo que não possa ser argüido de

improcedente. É, assim, quanto aos documentos

particulares, pois que os públicos possuem originária

autenticidade, conseqüente da forma por que são

constituídos e passados”71.

É possível ainda que haja a digitalização de algo do meio físico para o

mundo digital. Quando isso é realizado por órgão que tenha fé pública, e ainda

tenha a certificação digital suas cópias digitalizadas, ou ainda seus originais

eletrônicos, terão validade de documento, como é o caso da Imprensa

Nacional que o mesmo documento emitido eletronicamente seja aquele do

meio físico, que desde outubro de 2004 contém Certificação Digital em seu

site, para os assinantes dos diários publicados por este órgão, dando garantia

de autenticidade as suas publicações eletrônicas. Um exemplo perfeito de

documento impresso, derivado de um documento eletrônico que teria validade

jurídica nos autos de um processo. Administrativamente, já vem sendo aceito

documentos eletrônicos, como certidões negativas emitidas pela Receita

Federal, INSS e outros que tem validade, principalmente em pregões e

licitações. Os comprovantes de transação bancária, ou de pagamento de

boletos e duplicatas, realizadas eletronicamente. Segundo Tavares, o

documento eletrônico:

“…é a seqüência de bits e, onde quer que esteja gravado

qualquer quantidade de cópias, desde que seja

reproduzida exatamente a mesma seqüência, tem sempre

o mesmo documento”72.

71 SILVA, De Plácido e. Verbete “Documento” in Vocabulário jurídico. 15ª edição, p. 287 72 SANTOS, Moacyr Amaral Apud MARCACINI, Augusto Tavares Rosa. Op. cit

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4.3 - O ACEITE NA DUPLICATA VIRTUAL

A questão desponta quando analisamos a duplicata virtual e o aceite? O

aceite é plenamente possível; pois as informações dos documentos

“assinados”, usando a analogia, presumem-se verdadeiras em relação aos

signatários.

A Assinatura Digital possibilita saber a data em que o documento fora

gerado, e se armazenado, o documento eletrônico, dependendo da tecnologia

aplicada, é possível saber de que computador fora realizado tal transação. A

legislação vigente não está totalmente atrasada,

o Poder Legislativo está preocupado com as mudanças tecnológicas,

pois se por um lado, fica emperrado para aprovação de leis, por outro, cria

outros dispositivos que agilizam o processo de mudanças. Regulamentada e

prevista no Brasil, um bom exemplo a Assinatura Digital, tendo assim validade

jurídica, e atendendo os principais requisitos que a assinatura deve conter.

A assinatura Digital deverá ser fiscalizada e a ela dada um certificado

de autenticidade pela ICP-Brasil (Instituo de Chaves Públicas) através de

alguma Autoridade Certificadora. A Medida Provisória 2.200-2/2001 foi

responsável pela Instituição do ICP-Brasil e da estrutura dos órgãos

subjacentes73.

Existe de acordo com a lei Autoridade Certificadora Raiz que regula e

dá certificados para as Autoridades Certificadoras, que são credenciadas,

conforme o art. 6º da Medida Provisória, “a emitir certificados digitais

vinculando pares de chaves criptográficas ao respectivo titular”. Como exemplo

de unidades certificadoras, temos a ITI (Instituto Nacional de Tecnologia da

Informação) que é a Certificadora Raiz e como Autoridade Certificadora, de

nível imediatamente subseqüente ao da Autoridade Certificadora Raiz, como a

VERISIGN202 e a CERTISIGN203, ambas tem o papel de conceder, emitir e

revogar certificados de autenticidade, como pode ser visto na figura abaixo o

73 Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-BRASIL). Medida Provisória nº 2.200-2, de 24/08/2001. In: http://www.planalto.gov.br/.

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Certificado dado pela Certificadora Verisign ao Banco do Brasil, onde é visível

que há prazo de validade para cada certificado, dando mais segurança ao

documento eletrônico:

A Medida Provisória nº. 2.200-2/2001 que se instituiu a as Chaves

Públicas n Brasil, chamado de ICP-BRASIL, que passou a regular o “aceite”, a

assinatura eletrônica em nosso direito. Como exposto:

“Art. 1º Fica instituída a Infra-Estrutura de Chaves

Públicas Brasileira - ICP-Brasil, para garantir a

autenticidade, a integridade e a validade jurídica de

documentos em forma eletrônica, das aplicações de

suporte e das aplicações habilitadas que utilizem

certificados digitais, bem como a realização de transações

eletrônicas seguras.”

“Art. 2º A ICP-Brasil, cuja organização será definida em

regulamento, será composta por uma autoridade gestora

de políticas e pela cadeia de autoridades certificadoras

composta pela Autoridade Certificadora Raiz - AC Raiz,

pelas Autoridades Certificadoras - AC e pelas Autoridades

de Registro – AR74”

A Medida Provisória em questão trouxe possibilidade de

regulamentações mais específicas, como defende Newton Lucca, “não existe,

na verdade, diferença ontológica entre a noção tradicional de documento e a

nova noção de documentos eletrônicos…” por exemplo, a Circular nº. 3.234 de

15/04/2004, com procedimentos técnicos na Carta Circular nº. 3.134 de

27/04/2004, emitida pelo BACEN, em seu art. 1º:

74 Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-BRASIL). Medida Provisória nº 2.200-2, de 24/08/2001. In: http://www.planalto.gov.br/.

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“Alterar a regulamentação cambial para prever a

assinatura digital em contratos de câmbio por meio da

utilização de certificados digitais no âmbito da Infra-

Estrutura de Chaves Públicas (ICP-Brasil)”20075.

4.4 - ASSINATURA DIGITAL X ASSINATURA REAL

Os requisitos essenciais do título de crédito “a data da emissão, a

indicação precisa dos direitos que confere, e a assinatura do emitente”.

Considera à vista o título que não contenha indicação de vencimento e permite

que o lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no título, seja o

domicílio do emitente. Código Civil (art. 889). Para o ilustre Douto Fran Martins:

A assinatura, como requisito, ficou intacta, ou seja: é

requisito essencial, insuprível, diante da imposição legal

daquele artigo, que determina expressamente que o título

de crédito “deve conter” aqueles requisitos essenciais

mínimos. A assinatura deve estar obrigatoriamente no

título de crédito, pois ela não é dispensável. Sem ela não

existirão títulos de crédito. Através dela o signatário

manifesta sua vontade no título, seja como credor

legitimando-o, seja como devedor reconhecendo-o. A

assinatura deverá ser real, legítima, verdadeira e do

próprio punho do emitente76.

Em sentido contrario, Luiz Gastão Paes de Barros Leães explica sobre o

meio magnético:

75 LUCCA, Newton de. Títulos e Contratos Eletrônicos: O advento da informática e seu impacto no mundo jurídico in: DIREITO E INTERNET – ASPECTOS JURÍDICOS RELEVANTES. Bauru, SP: Edipro, 2000. p. 44.

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“… a fita magnética, por exemplo, se constitui num

material plenamente apto a produzir um documento, tão

válido e eficaz quanto o é o papel”.No entanto essa visão

é ainda tida com reservas, mesmo que o Código Civil

tenha previsto os títulos de crédito com emissão a partir

de caracteres criados em computador77.

Caso seja título atípico deve conter a assinatura, a lei exige, caso não

contenha é título inexecutável que não poderá ser protestado. Observamos nos

Provimentos das Corregedorias dos Tribunais de Justiça do Estado de São

Paulo, de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul e de Rondônia recomendando

aos senhores Oficiais de Protestos de Títulos que se abstivessem de receber

para apontamento duplicatas não aceitas, ou indicações, quando

desacompanhadas da prova do vínculo contratual que comprove a entrega do

bem ou a prestação dos serviços78.

A assinatura legítima e do próprio punho no título de crédito pode ser

substituída pela assinatura digital ou criptografia?

A Assinatura digital pela criptografia será extremamente burocrática,

precisamos ter duas chaves, sendo uma chamada “chave privada” (private key)

e outra chamada “chave pública” (public key). A primeira é sigilosa e fica com

seu criador, enquanto a segunda é de livre conhecimento de terceiros.

David Monteiro Diniz explica o mecanismo da chave e esclarece os dois

modos de operação da seguinte forma:

“No primeiro, qualquer pessoa pode utilizar a chave

pública para encriptar um arquivo (plaintext). O

criptograma (ciphertext) que lhe é derivado, porém, só

76 MARTINS, Fran. Títulos de Crédito. 3ª edição, Rio de Janeiro: Forense, 1983, v. I, p 77 LEÃES. Luiz Gastão Paes de Barros, estudos e pareceres sobre sociedades anônimas, Apud LIMA, George Marmelstein. E-processo: uma verdadeira revolução procedimental. Disponível on-line em <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3924> Acesso em 09 out 2007. 78 Lei nº. 5.474/1968.

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poderá ser revertido ao seu estado original se utilizarmos

a chave privada. É um processo que se volta mais para a

função primeira da criptografia, que é a manutenção da

confiabilidade das mensagens. O outro, de maior

interesse para a nossa análise, é o que permite ao sujeito

utilizar a sua chave privada para criar o criptograma, o

qual só poderá ser revertido ao seu estado original

através da chave pública”. Por este método, se:

a) a (private key) ou chave privada permanecer em sigilo;

b) houver garantia de que as chaves podem ser

atribuídas a um sujeito determinado;

c) a autoria da criação do arquivo poderemos confiar nas

máquinas e programas de computador utilizados, pode

ser imputada, com razoável segurança, ao detentor da

chave privada, (private key), a qual compõe, com a chave

pública, (public keys), o par necessário às duas

operações”. Admitindo que tais títulos, recebendo

assinatura digital, podem ser objeto de endosso, a coisa

torna-se ainda mais difícil. É que, para cada novo

endossante, este deve criar mais uma chave privada

(private key), enquanto cada endossatário deverá possuir

chave pública (public keys) referente a cada endossante

anterior. A impossibilidade disso é flagrante e sua

utilização não será possível na prática79.

FÁBIO ULHOA e LUIS EMYGDIO ROSA JÚNIOR, e a jurisprudência,

afirmam ser a duplicata virtual, é um título executivo, funcional, em confronto

com a visão de Amador Paes de Almeida e Fran Martins, Cita Amador Paes de

Almeida:

79DINIZ, David Monteiro. Documentos eletrônicos: um estudo sobre a qualificação dos arquivos digitais. Revista da Faculdade de Direito Milton Campos. Belo Horizonte: Del Rey, v. 5, 1998, n. 5.1, p. 307.

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“… na ocorrência de inadimplemento do devedor, não

ensejará a ‘duplicata escritural’ processo de execução,

não facultando senão a cobrança ordinária… não é

igualmente, suscetível de endosso, não podendo,

também, ser objeto de aval ou, ainda, de protesto”80.

Fábio Ulhoa Coelho argumenta: “em juízo basta à apresentação de dois

papéis: o instrumento de protesto por indicações e o comprovante de entrega

das mercadorias”. A Ação de Execução de Títulos de Crédito, prevista no art.

566, I; 567, I, in fine, inclusive da duplicata, prevista como título de crédito, no

art. 585, I, No Processo de Execução já se tem o Título Executivo nas mãos,

sendo que assim não se faz necessária a discussão do mérito, e o Mandado

deste é de citação do devedor para, “no prazo de 24 (vinte e quatro) horas,

pagar ou nomear bens à penhora”, o que já é bem mais coercitivo, até por isso

chamada de Execução Forçada.

“O direito em vigor dá sustentação, contudo à execução

da duplicata ‘virtual’ porque não exige a sua exibição em

papel, como requisito para liberar a prestação jurisdicional

satisfativa”.Complementa ainda Ulhoa que “em juízo basta

a apresentação de dois papéis: o instrumento de protesto

por indicações e o comprovante de entrega das

mercadoria”81.

A Ação Monitória em comparação a Ação de Execução de Titulo, são

poucas as diferenças. A duplicata é título de crédito exclusivamente brasileiro,

que possui características da Letra de Câmbio, no entanto, possui em sua

essência, causalidade. Sustenta que as regras (especiais) sobre a

80MARTINS, Fran. Títulos de Crédito. 3ª edição, Rio de Janeiro: Forense, 1983, v. I, 81 COELHO, Fabio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. V.1. 8ª ed. São Paulo: p. 465

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cartularidade dos títulos de crédito devem ser interpretadas evolutivamente.

Assim, os novos meios tecnológicos, e as facilidades trazidas por eles, impõem

a adaptação o título de crédito representado em arquivo eletrônico é o antigo

título de crédito (cartular) adaptado às mudanças tecnológicas.

Na falta de legislação, cabe ao intérprete, com critério, prudência,

atualizar o Direito (universo não restrito aos comandos legais formais) negar a

efetiva prestação jurisdicional em execuções de duplicatas, na medida em que

a evolução tecnológica permite maior praticidade na mobilização do crédito por

elas documentadas eletronicamente, além de simpatizar a cobrança e reduzir

os custos.

O uso rotineiro da duplicata virtual tornou-se, razão suficiente para a

flexibilização do formalismo extremado, tendo-se em vista que não se pode

fechar os olhos para a evolução social, eis que, com o estado atual da técnica,

o argumento da vida (real), por vezes, supera o argumento legal (formalismo).

Ademais, o Direito deve servir à sociedade, e não o contrário.82”

82 (Títulos de crédito: relativização dos princípios. Brasília: Fortium, 2006. Pág. 53).

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CONCLUSÃO

A doutrina jurídica, não é pacífica em torno do assunto ainda se

encontra bastante dividida sobre a possibilidade de existência válida ou não de

títulos de crédito virtuais.

A jurisprudência também é palco de divergências em relação à matéria

com uma certa tendência para a aceitação a jurisprudência do Superior

Tribunal de Justiça, pode-se concluir que a Corte, na maioria de seus

acórdãos, tem se posicionado de maneira avançada ao permitir a ponderação

do princípio da cartularidade, aceitando a execução judicial quando ausente o

título. Ao longo dos séculos, estes documentos, os títulos de crédito vêm

sofrendo várias mudanças e o meio empresarial atua para adaptarem as

evoluções aos itens que sustentam a teoria geral dos títulos de crédito,

constitui, fator importante para circulação de valores.

A Lei nº 5.474/68 (Lei das Duplicatas) no art. 13, já emprestava

condição para tal desmaterialização (observamos divergência doutrinaria), a

execução da duplicata virtual, onde não existe documento, cártula, e que vem

sendo utilizada em larga escala, consistente no registro do crédito por meio

magnético, sem cártula, sem papel.

A Lei nº 9.492197, veio a permitir, no parágrafo único do artº. 8º as

indicações a protesto, das duplicatas mercantis e de prestação de serviços, por

meio magnético ou de gravação eletrônica de dados, respondendo o

apresentante pelos dados fornecidos ao cartório de protestos, devendo constar

do instrumento de protesto as indicações feitas (LD, artº. 14, e Lei n° 9.492/ 97,

artº. 22, III). Por outro lado, o parágrafo único do artº. 22 da Lei n° 9.492/97

dispensa, no registro e no instrumento de protesto, a transcrição literal do título

ou documento de dívida, quando o tabelião de protesto conservar em seus

arquivos gravação eletrônica da imagem, cópia reprográfica ou micrográfica do

título ou documento de dívida. Evidencia o professor FÁBIO ULHOA COELHO:

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"Com a desmaterialização do título de crédito, tornaram-

se as indicações a forma mais comum de protesto. Hoje,

a duplicata, não é documentada em meio papel. O

registro dos elementos que a caracterizam é feito

exclusivamente em meio magnético e assim são enviados

ao banco, para fins de desconto, caução ou cobrança83."

Em confronto com as regras gerais, os arts. 225 e 889, parágrafo

terceiro, do novo Código Civil, contrastam com uma série de regras especiais

que exigem a confecção e circulação de certos documentos escritos em papel.

Nesse sentido, flagramos o princípio da cartularidade dos títulos de crédito

conforme as palavras de Patrícia de Morais: necessidade do título de crédito

se materializar em um documento escrito, devendo ser algo corpóreo e

palpável84”,. O avanço tecnológico de nosso tempo é um fator notável para o

nascimento de obrigações no meio virtual. RENATO ÓPICE BLUM ressalta,

ainda, que:

"A Assinatura Digital, por chaves públicas, oferece um

elevado nível de segurança, proporcionando uma

presunção muito forte de que o documento onde se

encontra foi criado pela pessoa que é dele titular e, assim,

satisfaz o objetivo do legislador na exigência de

assinatura para atribuição de valor probatório aos

documentos escritos85".

A definição de assinatura digital é dada pelo art. 2º, da Lei Modelo sobre

Assinatura Eletrônicas da Comissão das Nações Unidas para o Direito

Comercial Internacional – Uncitral, versão de 2001:

83 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial., vol. 1, 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 84Patrícia de Morais Patrício. Títulos de crédito: relativização dos princípios. Brasília: Fortium, 2006. Pág. 26). 85 BLUM, Renato M. S. Opice. O novo código civil e a Internet. In: REDE - Revista do Direito Eletrônico. IBDE – Instituto Brasileiro de Direito Eletrônico. Ano I – nº. 02. Disponível online em: <http://www.ibde.org.br/revista>.ISSN: 1679-1045. Acesso em 02 out. 2007.

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"Por assinatura eletrônica se entenderão os dados

em forma eletrônica consignados em ma mensagem de

dados, ou incluídos ou logicamente associados ao

mesmo, que possam ser utilizados para identificar que o

signatário aprova a informação reconhecida na

mensagem de dados86”.

Redefinirem-se certos conceitos jurídicos é medida imperiosa. A criação

de instrumentos eficazes para cumprir essa tarefa é importantíssima. A

desmaterialização dos títulos de crédito no Brasil e no mundo é um fato. A

modernização é necessária. acompanhar os hábitos ou as necessidades

sociais. é uma questão de inevitabilidade. Trata-se de um recurso que

movimenta grande soma de dinheiro em todo o mundo. Como aplicar os

conceitos tradicionais do Direito Comercial se os títulos virtuais padecem do

próprio requisito da cartularidade? O nosso direito positivo irá aceitar, ou não,

um contrato comercial eletrônico como prova documental em juízo? Não

obstante serem positivas as inovações do novo Código Civil e suas

repercussões no campo do Direito da Informática (direito eletrônico), o ideal

seria contar com disposições mais específicas e adequadas ao ambiente

digital, o que evitaria, inclusive, na discussão, muitas vezes isolada, dos mais

de 150 projetos em tramitação no Congresso Nacional. legislação para o

comércio eletrônico dada pela UNCITRAL (The United Nations Commission on

International Trade Law - ONU), devidamente apreciado pela Comissão

Especial da Câmara do Deputados e implementado no Projeto de Lei nº

4.906/2001, que está pronto para a ordem do dia, com pedido de urgência

desde 11/12/2001, para tramitar em regime de prioridade87.

86 UNCITRAL - Lei Modelo sobre a assinatura Eletrônica da Comissão das Nações Unidas para o Direito Comercial Internacional – UNCITRAL, versão 2001, Apud ALBERNAZ, Lister de Freitas, Op. cit. 87ALBERNAZ, Lister de Freitas. Títulos de crédito eletrônicos. In: REDE - Revista do Direito Eletrônico. IBDE – Instituto Brasileiro de Direito Eletrônico. Ano II – nº. 06. Disponível online em: <http://www.ibde.org.br/revista>. ISSN: 1679-1045. Acesso em 02 fev. 2006

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Internet; Conteúdo de revista eletrônica especializada; Títulos de

crédito eletrônico, WILLE DUARTE COSTA, a Nota Fiscal Eletrônica, Sistema Público

de Escrituração Digital.

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ANEXO 1

INTERNET

ARTIGOS TÍTULOS DE CRÉDITO ELETRÔNICO WILLE DUARTE COSTA

5 – INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS

Nesta oportunidade esclarecemos que não somos contra as inovações

tecnológicas. Mesmo porque, conhecendo as questões nascidas da informática

e estando sempre de olhos abertos às inúmeras inovações que têm surgido,

não deixamos de acompanhar o progresso da informática. Depois de tudo,

sabemos que os usos e costumes são fontes do Direito, principalmente na

área do Direito Comercial. Lembramos do cheque visado que nasceu de um

costume bancário, há muito registrado como o primeiro costume em livro

próprio da Junta Comercial do Estado de Minas Gerais. Hoje, a lei regula o

assunto. Por isso, ao que entendemos, a tecnologia aplicada a tais usos e

costumes pode ser admitida, ainda que não ocorra regulamentação legal para

tanto, diante dos benefícios que pode nos trazer. No entanto, achamos que, no

futuro, os pretendidos títulos de crédito eletrônico poderão ser regulamentados,

desde que por uma lei especial e bem clara, mas não como pensam, através

de um parágrafo insignificante e não inteligente. A possibilidade disto pode

ocorrer aproveitando-se do Sistema Público de Escrituração Digital,

principalmente na parte em que trata das vendas mercantis, negociações

bancárias, compra de bens imóveis e outras questões normalmente mercantis.

Em verdade, o mencionado sistema pode ajudar, futuramente, na instituição

dos títulos de crédito eletrônico. No momento, sem legislação, nada é possível.

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Falamos aqui do SPED – Sistema Público de Escrituração Digital que

certamente vai revolucionar a Escrituração Contábil das empresas, a

Escrituração Fiscal e, mais que isto, instituir a Nota Fiscal Eletrônica (NF-e)

para acabar com quase a totalidade da fraude no comércio e indústria. O

SPED é, como indica, um Sistema Público de Escrituração Digital, para

promover a integração dos fiscos federal, estaduais e, futuramente, municipais,

mediante padronização, racionalização e compartilhamento das informações

contábil e fiscal digital, assim como, integrar todo o processo relativo às notas

fiscais. É um programa que englobará inúmeros órgãos e instituições

governamentais, como a SRF–Secretaria da Receita Federal; BACEN–Banco

Central do Brasil; CVM–Comissão de Valores Mobiliários; SUSEP–

Superintendência de Seguros Privados; DNRC–Departamento Nacional de

Registro do Comércio; SEFAZ–Secretaria da Fa-zenda; SRP–Secretaria da

Receita Previdenciária; ANDIMA–Associação Nacional das Instituições do

Mercado Financeiro; FENACON–Federação Nacional das Empresas de

Serviço Contábil; CFC–Conselho Federal de Contabilidade; FEBRABAN–

Federação Brasileira de Bancos; ANTT–Agência Nacional de Transportes

Terrestres; e outros órgãos. Além dos órgãos e instituições antes apontados, é

certo que já existem quase vinte empresas, entre as maiores do Brasil,

colaborando na implantação do Sistema SPED. Entre elas estão o Banco do

Brasil, Cervejarias Kaiser Brasil, Cia. Ultragaz, Eurofarma Laboratórios, Ford

Motor Company Brasil, General Motors, Gerdau Aços Longos, Grupo Assobrav

— Disal, Petróleo Brasileiro, Redecard, Robert Bosch, Sadia, Serpro, Siemens

do Automotive, Souza Cruz, Telefônica, Toyota do Brasil, Volkswagen do Brasil

e Wickbold & Nosso Pão. O SPED abrange a Escrituração Contábil, a

Escrituração Fiscal e a Nota Fiscal Eletrônica. Mas aqui, o que nos interessa é

a Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), cuja implantação deverá iniciar-se ainda em

2006, como informam a autoridades responsáveis. No entanto, é preciso que

ocorra a adesão de mais alguns Estados e órgãos pois, até o momento,

participam os Governos da Bahia, Maranhão, Santa Catarina, Goiás, Minas

Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, bem assim a Receita Federal, o Serpro

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e alguns outros. Entusiasma-nos o Projeto da NF-e e esperamos que possa

vingar em todos os Estados, Distrito Federal e Municípios brasileiros.

6. NOTA FISCAL ELETRÔNICA – NF-e

A Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) poderá trazer grandes benefícios para o

Contribuinte Vendedor (emissor da NF-e), para o Contribuinte Comprador

(receptor da NF-e), para a Sociedade e para as Administrações Tributárias.

Não se descarta a hipótese de que, implantado o projeto, utilizando-se de

todos os recursos previstos no SPED, possa a Nota Fiscal Eletrônica beneficiar

também a criação da pretendida duplicata eletrônica. Isto porque, com a

segurança que a nota fiscal eletrônica pode oferecer, haverá um controle

quase absoluto da informática sobre vendas ou serviços realizados. Em

conseqüência, o vendedor poderá utilizar-se da NF-e então emitida e,

comprovado o recebimento da mercadoria vendida, sacar uma duplicata

eletrônica com toda segurança, sem possibilidade de alguns erros que podem

surgir. A falta de recebimento das mercadorias ou a não remessa delas vai

tornar-se quase impossível, assim como o nome e valor errados. A defesa vai

restringir–se a avarias das mercadorias, vícios, diferenças na qualidade ou

quantidade e divergência nos prazos, se não ficar ajustado na NF-e. O Projeto

completo da NF-e pode ser encontrado e visto na Internet no

seguinteendereço:

http://www.sefaz.go.gov.br/portal_nota_fiscal/projeto_conceitual_do_sistema.p

df

A NF-e vai substituir a nota fiscal que utiliza o papel, em seus modelos 1 e 1A

por nota fiscal de existência apenas digital. Sua descrição completa poderá ser

vista em:

http://www.sefaz.go.gov.br/portal_nota_fiscal/descricao.asp

O projeto é coordenado pelo ENCAT (Coordenadores e Administradores

Tributários Estaduais), desenvolvido em parceria com a Receita Federal do

Brasil e tem como finalidade a alteração da sistemática atual de emissão da

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nota fiscal em papel, por nota fiscal eletrônica com validade jurídica para todos

os fins. Com o Projeto NF-e procura-se a implantação de um modelo nacional

de documento fiscal eletrônico que venha substituir a sistemática atual de

emissão do documento fiscal em papel, com validade jurídica garantida pela

assinatura digital do remetente, sim-plificando as obrigações acessórias dos

contribuintes e permitindo, ao mesmo tempo, o acompanhamento em tempo

real das operações comerciais pelo Fisco. A implantação da NF-e constitui

grande avanço para facilitar a vida do contribuinte e as atividades de

fiscalização sobre operações e prestações tributadas pelo Imposto sobre

Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e pelo Imposto sobre Produtos

Industrializados (IPI). Num momento inicial, a NF-e será emitida a-penas por

grandes contribuintes. Só mais tarde irá chegar a todos os demais

contribuintes. A Nota Fiscal Eletrônica será um documento digital, buscando

atender aos padrões definidos na MP 2.200/01, no formato XML (Extended

Markup Language), com garantia de autoria, integridade e irrefutabilidade,

certificadas através de assinatura digital do emitente, definidos pela infra-

estrutura de Chaves Públicas Brasileiras (ICP Brasil).

A NF-e deverá conter um “código numérico”, obtido por meio de algoritmo

fornecido pela administração tributária, que comporá a “chave” de identificação

da NF-e, juntamente com o CNPJ do emitente e número da NF-e. A NF-e será

transmitida para a SEFAZ como se faz hoje em relação ao Imposto de Renda.

Depois de enviada, não pode mais ser alterada. Poderá ser cancelada dentro

de certas condições. A transmissão para a SEFAZ far-se-á via Internet, por

meio de protocolo de segurança ou criptografia depois de habilitado o

contribuinte como emissor de NF-e. Feita a consulta e autorizada a emissão,

haverá o envio da NF-e à Secretaria da Fazenda de destino. Finalmente

ocorrerá a confirmação de recebimento da NF-e pelo destinatário. Tudo isto

será feito por procedimento digital ou eletrônico, via Internet. Nos casos de

mercadorias vendidas a comprador distante ou que deverão ser enviadas por

meio de transporte, o transportador receberá o “código numérico” da NF-e para

apresentá-lo à fiscalização durante o trajeto, quando for o caso. No final, ao

receber a mercadoria, o comprador certificará ou não a exatidão das mesmas

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e comunicará o recebimento, a ser feito à SEFAZ. Com isso o ciclo fica

fechado, dando ao comprador e vendedor a certeza de que a negociação foi

completada com segurança, sem riscos para ambos. Por conseqüência, se a

negociação foi a prazo, a segurança oferecida justifica a emissão de título de

crédito eletrônico ou “duplicata virtual”, “eletrônica” ou “escritural”, evitando a

possibilidade de fraude muito comum com a emissão de boletos. Não temos

dúvida de que o Projeto está bem estruturado e poderá, por isso mesmo,

ajudar na implantação da duplicata eletrônica, pelo menos por aquelas

empresas que estiverem habilitadas a utilizar-se do Sistema.

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3 - ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS JURÍDICAS. Organizador Othon

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4 - Apostila de Direito Empresaial 2004 Curso Glioche Prof. Leonardo Araújo

Marques.

5 - BACEN. Circular nº. 3.234 de 15/04/2004. Altera a regulamentação cambial

para prever a assinatura digital em contratos de câmbio por meio da utilização

de certificados digitais emitidos no âmbito da Infra-Estrutura de Chaves

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6 - . BLUM, Renato M. S. Opice. O novo código civil e a Internet. In: REDE -

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7 - BOGO, Kellen Cristina. A história da Internet – como tudo começou.

Disponível on-line em:

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8 -Lei nº. 9.800/1999. Permite às partes a utilização de sistema de transmissão

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Acesso em 19 jul. 2007

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10 - 21/06/2001. Dispões sobre o Comércio Eletrônico. Autor: Senado Federal

Lúcio Alcântara com substitutivo de Júlio Semeguini. Disponível em:

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em 02 out 2007.

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<http://www.sebraepb.com.br/bte/download/informatica/200_1_arquivo_juridica.

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12 – BRUSCATO, Wilges Ariana. Descartularização da duplicata. Disponível

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13 – COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. São Paulo: Saraiva,

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14 – COSTA. Wille Duarte. Títulos de Crédito. Belo Horizonte:Del Rey,2003.

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15 – Coelho, Fábio Ulhoa Manual de Direito Comercial, 17ª edição, São Paulo,

Saraiva, 2006.

16 – Código Comercial/ obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com

colaboração de Antonio Luiz Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos

Wind e Lívia Céspedes. – 51. ed. – São Paulo : Saraiva, 2006.

17 – Comparato, Fábio Konder. Ensaios e pareceres de direito empresarial.

Rio de Janeiro: Forense, 1978.

18 -- Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Direito Empresarial Disciplina

Direito CambiárioProf. PATSY SCHLESINGER Apostila 1. Autor: prof.

Alexandro Manzano Gomes Julho 2007.

19 -- Cf. Circular 49, de 15/04/1996 da Corregedoria de Justiça de São Paulo e

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Grande do Sul.

20 -- DINIZ, David Monteiro. Documentos eletrônicos: um estudo sobre a

qualificação dos arquivos digitais. Revista da Faculdade de Direito Milton

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21-- Dallari, Dalmo de Abreu, Elementos de Teoria Geral do Estado, 20ª ed,

São Paulo: Saraiva, 1998.

22-- FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de direito comercial. São Paulo: Atlas,

2004. 4 ed. Fundamentos de direito comercial: empresário, sociedade

empresária, títulosde crédito. 4ª ed – São Paulo: Atlas, 2002, Série

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23 -- FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda.Verbete “Documento” in CD

Novo Dicionário Eletrônico v. 5, 3ª edição, Rio de Janeiro: Editora Positivo,

2004.

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24 -- Finkelstein Maria Eugenia, 3ª ed, São Paulo: Atlas, 2006.-(Série Leituras

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25 -- FERNANDES, Jean Carlos. Ilegitimidade do Boleto Bancário (Protesto,

Execução e Falência). Belo Horizonte: Del Rey, p. 73.

26 -- Fazzio JR., Waldo. Manual de direito comercial. 3ed. São Paulo: Atlas,

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27 -- GRANDO, Celoni Cardoso. Duplicata. Disponível em

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28 -- GRECO, Marco Aurélio / MARTINS, Ives Gandra da Silva-coordenadores.

Direito & Internet: relações jurídicas na sociedade informatizada. São Paulo:

Revista dos Tribunais, 2001.

28 -- Gastaldi, J. Petrelli, Elementos de Economia Política, 18ª edição, São

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29 -- GRAU, Eros Roberto. A ordem econômica na Constituição de 1988. São

Paulo: Malheiros, 2006.

30 -- Gusmão, Mônica, ed. 3ª, editora Impetus, Direito Empresarial, (atualizado

pelo novo Código Civil e pela Lei nº 10.303/2001).

31 -- HOUAISS, Antônio. Verbete “Documento” in CD Dicionário Eletrônico

Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2001.

32 -- LEÃES. Luiz Gastão Paes de Barros, estudos e pareceres sobre

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33 -- -LUCCA, Newton de / FILHO,Adalberto Simão- coordenadores. Direito e

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34 -- LUCCA, Newton de. Comentários ao Novo Código Civil. Rio de Janeiro:

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35 -- LOPES, Mauro Brandão. Observações sobre o Livro I, Título VIII (“Dos

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36 -- MARCACINI, Augusto Tavares Rosa. O documento eletrônico como meio

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38 -- MAZZAFERA, Luiz Braz. Curso Básico de Direito Empresarial. Bauru, SP:

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39 -- MIRANDA, Maria Bernadete. O título de crédito eletrônico no novo código

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40 -- MONTEIRO. Marcos Roberto Gentil. Direito comercial e direito bancário.

Disponível em:

www.infonet.com.br/marcosmonteiro/direitobancario/ttulos_de_credito.doc

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42 -- MARCARINI, Augusto Tavares Rosa. O documento eletrônico como meio

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em 10/10/2007.

43 -- Martins, Fran. Contratos e obrigações comerciais. 3ed. Rio de Janeiro:

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44 -- REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. V.2. São Paulo: Saraiva,

1998.

45 -- SILVA, De Plácido e. Verbete “Documento” in Vocabulário jurídico. 15ª

edição, revista e atualizada por Nagib Slaibi Filho e Geraldo Magela Alves, Rio

de Janeiro: Forense, 1.999.

46 -- -SCHOUERI, Luís Eduardo- organizador. Internet: o direito na era virtual.

Rio de Janeiro: Forense, 2001.

47 -- SANTOS , Cárita Carolina dos. Breves comentários sobre a carta-circular

nº. 3.134 de 27 de abril de 2004 – grupo de pesquisa direito eletrônico e

cidadania da Universidade católica de Petrópolis In: REDE - Revista do Direito

Eletrônico. IBDE – Instituto Brasileiro de DireitoEletrônico. Ano II – nº. 05.

Disponível on-line em: <http://www.ibde.org.br/revista>. ISSN: 1679-1045.

48 -- Projeto de Lei nº. 4.906-A/2001. Câmara dos Deputados. Apresentado

em 2006.

49 -- VENTURA, Eloy Câmara. A evolução do crédito da antiguidade aos dias

atuais. Curitiba: Juruá, 2000.

50 -- VIVANTE, Cesare. Trattato di Diritto Comerciale. 3ª edição, Milão: Ed.

Francesco Vallardi, s/d, vol. III, n. 953.

51 -- Públicas Brasileira – ICP-Brasil, transforma o Instituto Nacional de

Tecnologia daInformação em autarquia, e dá outras providências. Disponível

em<http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=233404>

Acesso em 14 out. 2007.

52 -- UNCITRAL - Lei Modelo sobre a assinatura Eletrônica da Comissão das

Nações Unidas para O Direito Comercial Internacional – UNCITRAL, versão

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2001, Apud ALBERNAZ, Lister de Freitas, < ZARIF, Antonio Carlos. Título de

crédito. Disponível em

<http://www.advocaciaconsultoria.com.br/dircomercial/tcredito.html> Acesso

em 11out. 2007.

53 -- Medida Provisória nº. 2.200-2/2001. Institui a Infra-Estrutura de Chaves

Lei nº. 10.406/2002. Institui o Código Civil. Disponível em

<http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaTextoIntegral.action?id=221601>

Acesso em 15 out. 2007.

54 -- Supremo Tribunal de Justiça. Súmula nº. 248. Fonte Disponível em:

<http://www.stj.gov.br/webstj/Processo/Jurisp/Download/sumulas.txt> Acesso

em 12 out 2007..

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 8

SUMÁRIO 9

INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I

(CONCEITO DE TÍTULO DE CRÉDITO) 13

1.1 – As conseqüências da formação do comercio 15

1.2 – A evolução histórica dos títulos de crédito 16

1.3 – As vantagens e os inconvenientes do crédito 20

1.4 – Modalidades de crédito 22

CAPÍTULO II

TÍTULOS DE CRÉDITO 25

2.1 – Modalidades de títulos de crédito 30

CAPÍTULO III

PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO CAMBIÁRIO 33

3.1– Princípio da cartularidade 33

3.2– Princípio da literalidade 35

3.3– Princípio da autonomia 36

3.4– Princípio da abstração 37

3.5– Princípio da inoponibilidade das exceções 37

3.5– Princípio da incorporação 38

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CAPÍTULO IV

DESMATERIALIZAÇÃO DOS DOCUMENTOS 40

4.1– O que é um documento eletrônico 47

4.2– A cópia do documento eletrônico 48

4.3– O aceite na duplicata virtual 50

4.3– A assinatura real x assinatura digital 52

CONCLUSÃO 57

ANEXOS 61

BIBLIOGRAFIA CITADA 66

ÍNDICE 73

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

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