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<> <> <> <> UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM <> <> <> <> <> A CRIANÇA AUTISTA <> <> <> Por: Dárcia Patrícia Plácido Silva Gomes <> <> <> Orientador Prof.ª Simone Ferreira Rio de Janeiro 2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · de quatro meninos para cada menina. As causas ainda não foram claramente ... (“extraída do livro: ‘Autismo e outros atrasados

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

<>

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<>

A CRIANÇA AUTISTA

<>

<>

<>

Por: Dárcia Patrícia Plácido Silva Gomes

<>

<>

<>

Orientador

Prof.ª Simone Ferreira

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

<>

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A CRIANÇA AUTISTA

<>

<>

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<>

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em

Psicopedagoga.

Por: Dárcia Patrícia Plácido Silva Gomes

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, minha família aos

meus amigos, professores e minha

orientadora.

[

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DEDICATÓRIA

Dedico ao meu querido Maurício pelo

incentivo e ao meu amado filho Pedro

pela compreensão da minha ausência em

vários momentos. Obrigada.

[DIGI

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo estudar as diferenças de cada

criança portadoras do autismo, esclarecer e propor propostas pedagógicas

para facilitar e ajudar na convivência escolar familiar e social.

Com base em pesquisas bibliográficas, é importante ressaltar que o

professor tenha conhecimento dos sintomas e características do autismo, pois

as crianças podem ter uma grande melhora e freqüentar classes normais e

quanto mais cedo for detectado esse transtorno mais eficaz será o tratamento.

[DIGI

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METODOLOGIA

A presente monografia trata-se de uma pesquisa do tipo explorativa

baseada na coleta de dados bibliográficos relacionados às Crianças Autistas.

Os autores mais utilizados foram o Leo Kanner, Claudio Roberto

Baptista e Kathryn Ellis.

Apesar de autistas, algumas crianças apresentam inteligência e fala

intactas, outras apresentam também retardo mental, mutismo ou importantes

retardos no desenvolvimento da linguagem. Algumas parecem fechadas e

distantes, outras presas a comportamentos restritos e rígidos padrões de

comportamento.

A metodologia aplicada é classificada como teórica, sendo usados livros

e pesquisas na internet.

Iniciei separando o material de estudo como livros, artigos e textos que

explorassem a temática do Autismo e aos objetivos propostos no plano de

pesquisa. Dei inicio a elaboração e depois de várias correções cheguei ao

resultado final deste trabalho monográfico.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A origem do autismo 10

CAPÍTULO II - Sintomas, causas e diagnósticos 16

CAPÍTULO III – Inclusão e Intervenção 30

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40

ÍNDICE 42

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INTRODUÇÃO

Conhecido cientificamente como DGD - Distúrbios Globais do

Desenvolvimento – o autismo é um transtorno caracterizado por alterações que

se manifestam, sempre, na interação social, na comunicação e no

comportamento.

Ainda hoje permanece a discussão se o autismo é uma psicose. Sem

dúvidas, o termo autismo e sua ligação com a esquizofrenia têm causado muita

confusão que ainda permanece, pois são diagnosticadas como autistas

crianças com características muito diferentes.

Normalmente manifesta-se por volta dos três anos de idade persistindo

por toda a vida adulta. Atinge principalmente o sexo masculino, na proporção

de quatro meninos para cada menina. As causas ainda não foram claramente

identificadas e várias abordagens de tratamento têm sido desenvolvidas.

Os prejuízos estão diretamente relacionados ao grau de autismo que a

pessoa apresenta. Algumas, apesar de autistas, apresentam inteligência e fala

intactas, outras apresentam também retardo mental, mutismo ou importantes

retardos no desenvolvimento da linguagem. Algumas parecem fechadas e

distantes, outras presas a comportamentos restritos e rígidos padrões de

comportamento.

As pessoas com autismo têm um modo diferente de aprender, organizar

e processar as informações. Para respeitar estas diferenças, elas precisam de

ambientes estruturados e organizados, pois normalmente os autistas têm

dificuldades em mudarem suas rotinas diárias.

Apesar de todas as dúvidas que se tem em relação a este transtorno,

serão abordados conhecimentos fundamentais sobre fatores etimológicos,

defeitos neuroquímicos, influência genéticas, inclusão sócio educacional,

aspectos familiares, dentre outros este trabalho serve para educadores,

pedagogos pais e psicopedagogos tê-lo como fonte de pesquisa com a

finalidade de organizar informações e dados que conduzam a possível

compreensão sobre o autista e suas expectativas de vida. Outras questões

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serão identificadas como, sua origem, histórico evolutivo, quais suas

características, as atuações profissionais no tratamento das crianças autistas,

sua capacidade de aprendizagem e a atuação psicopedagógica.

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CAPÍTULO I

A ORIGEM DO AUTISMO

O autismo ainda é um transtorno que tem muita coisa a ser descoberta,

pois sua causa é desconhecida, muitas coisas do que afirmam não tem

comprovação científica. Fala-se de um gene recessivo, mas até o momento

nenhum dele foi identificado como sendo a causa da síndrome.

Segundo alguns cientistas certos tipos de doenças nas gestantes, podem,

desenvolver o autismo, como por exemplo, a rubéola, meningite, crises

epiléticas e o uso de alguns remédios como os antibióticos.

Algumas crianças, apesar de autistas, apresentam inteligência e fala

intactas, outras apresentam sérios retardos no desenvolvimento da linguagem.

Alguns parecem fechados e distantes, outros presos a comportamentos

restritos e rígidos padrões de comportamento. Os diversos modos de

manifestação do autismo também são designados de espectro autista,

indicando uma gama de possibilidades dos sintomas do autismo. Atualmente já

há possibilidade de detectar o transtorno antes dos dois anos de idade em

muitos casos.

Pensa-se em todos os aspectos que possam levar, desencadear,

determinar ou propiciar o surgimento do autismo. Existe atualmente uma linha

tentando a explicação holística, isto é leva-se todos os aspectos como

importantes, porém, não únicos no surgimento do transtorno, pensa-se no

indivíduo e no seu grupo.

1.1 Definição

1.1.1 Alguns conceitos de autismo

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Como define Tomatis (Setembro-Dezembro, 1994), a palavra Autismo

vem do grego Autos que significa eu ou próprio. Esta designação é usada

porque as crianças possuidoras deste transtorno passam por um estádio em

que se volta para si mesma, e não se interessam pelo mundo exterior.

O autismo em 1943, caracterizado por Leo Kanner tornou-se razão um

dos desvios comportamentais mais estudados, debatidos e disputados, que

teve o mérito de identificar a diferença do comportamento esquizofrênico e do

autismo. Até hoje, sua descrição clínica é utilizada da mesma forma, que foi

chamado de Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo – Síndrome Única. Na

década de 70, houve a proliferação dos critérios diagnósticos.

A essa definição, se junta o conceito discutido por Sweet (1998),

afirmando que o autismo consiste em:

Um transtorno formado por um conjunto de alterações do

comportamento que embora não sejam inclusivas, constituem uma constelação

clínica, não integralmente reproduzindo em nenhuma outra doença.

Em ambas as definições notam-se a complexidade dos sintomas

incidindo e comprometendo o desenvolvimento da criança em todas as áreas:

social, psicológica, biológica e lingüística.

Atualmente Gurderer (1993), afirma que (...) o autismo é um transtorno

grave, crônica, incapacitante que compromete o desenvolvimento normal de

uma criança (...), e chama a atenção para a necessidade dos pais estarem

atentos ao desenvolvimento de seus filhos.

Segundo Cavalcante e Rocha (2002), as qualidades sensoriais- audição,

tato, visão, etc. ficam reduzidas a um estado fragmentado, pois toda sua

energia é utilizada na ansiedade, na compulsão por objetos nas estereotipias

desenvolvidas nessa criança.

As dificuldades na interação social podem manifestar-se com uma

inapropriação do comportamento e das manifestações de afeto, um isolamento,

uma completa falta de interação com o outro, uma diferença afetiva e uma falta

de empatia social assim descrevem Gadia e Tuchman (2004). Distúrbios do

humor e do afeto são comuns no autismo, se manifestam através de crises de

risos ou de choros aparentemente desmotivados, falta de percepção de perigo

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ou medo exagerado, ansiedade generalizada e pouca ou nenhuma reação

emocional. Essas dificuldades incluem hiperatividade, agressividade,

desatenção e comportamento de automutilação, e interfere muito na interação

das crianças autistas dentro da família, da escola, da comunidade. Os

distúrbios de linguagem ocorrem em diferentes graus, algumas crianças não

desenvolvem nenhuma habilidade de comunicação verbal, outras têm uma

comunicação imatura. As crianças autistas apresentam padrões de

comportamento repetitivo e estereotipados relacionados à forte resistência a

mudanças, apego excessivo a rotina e a objetos e fascínio por movimentos

circulares.

De acordo com a ASA (Associação Americana de Autismo) “o autismo é

um distúrbio de desenvolvimento, permanente e severamente incapacitante”.

No Brasil, devem existir, estatisticamente, cerca de sessenta e cinco mil a

cento e noventa e cinco mil autistas, baseado na proporção internacional, já

que nenhum censo semelhante foi realizado. Os seus trabalhos, estudos, e

pesquisas na área do autismo resumem-se em:

“Nem sempre o autismo se manifesta de maneira

grave por toda vida. Acontece cerca de vinte entre

cada dez mil nascidos e é mais comum em

meninas.

Atinge qualquer família sem distinção de raça,

etnia e classe social. Até agora não foi provado

nenhum problema no meio de convivência destas

crianças que prove as causas desta síndrome.

Os sintomas são causados por disfunções físicas

no cérebro, são verificados em exames ou em

entrevistas com o indivíduo. Verifica-se:

1º- Distúrbios no ritmo de habilidades físicas,

sociais e lingüísticas;

2º- Relacionamento anormal com objetos, eventos

e pessoas. Respostas não adequada a adultos ou

crianças.

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(“extraída do livro: ‘Autismo e outros atrasados do

desenvolvimento” do Dr. E. Chastian Gauderer).

1.1.2 Autismo segundo Aspeger e Kanner

O trabalho de Aspeger foi publicado em língua Alemã, no final da

segunda guerra mundial, dificultando a sua difusão. Seus trabalhos só se

tornaram conhecidos nos últimos anos, com a sua publicação em inglês.

Aspeger acreditava que a síndrome por ele escrita diferia da de Kanner,

embora reconhecesse similaridades, uma vez que ambos identificaram as

dificuldades no relacionamento interpessoal e na comunicação como as

características mais intrigante do quadro. Aspeger também sugeriu a hipótese

de um transtorno profundo do afeto ou “instinto”. Por coincidência, ambos

empregaram o termo autismo (inicialmente na forma de adjetivo – distúrbio

autístico do contato afetivo para Kanner e psicopatia autística para Aspeger, e

mais tarde na de substantivo – autismo infantil precoce; Kanner (1944) para

caracterizar a natureza do comprometimento. Isso foi uma tentativa de enfatizar

os aspectos de intenso retraimento social observados em seus pacientes. Esse

termo, na verdade, deriva do grego (autos = si mesmo + Ismos = disposição/

orientação) e foi tomado emprestado de Bleuler (o qual, por sua vez, subtraiu o

“Eros! Da expressão autoerotismus, cunhada por Ellis, de acordo com Fedida,

1991) para descrever os sintomas fundamentais da esquizofrenia: “Os

sintomas fundamentais consistem em transtornos da associação e da

afetividade, a predileção Poe fantasias em oposição à realidade e a inclinação

para se divorciar da realidade (autismo)” (Bleuler, 1955, p.14).

Tanto Kanner quanto Aspeger empregaram o termo para chamar a

atenção sobre a qualidade do comportamento social que perpassa a simples

questão de isolamento físico, timidez ou rejeição do contato humano, mas se

caracteriza, sobretudo, pela dificuldade em manter contato afetivo com os

outros, de modo espontâneo e recíproco. É a questão da reciprocidade, ou

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melhor, a falta de – que permanece como um dos marcadores significativos do

autismo. Com isso, queremos dizer que a noção de uma criança não-

comunicativa, fisicamente isolada e incapaz de mostrar afeto, não corresponde

às informações atuais nos estudos nessa área. De qualquer modo, até mesmo

Kanner chamou a atenção para as diferenças individuais entre os casos

observados por ele.

No final da década de 60, o quadro “clássico” descrito por Kanner era

largamente difundido entre os profissionais. Entretanto, logo se tornou evidente

que havia grupos de crianças que apresentavam características similares às

suas descrições. Era notório que tipo de necessidades, em termos de

intervenção era, contudo, igualmente semelhante. Tal constatação levou à

criação da primeira associação formada por familiares e profissionais na área

de autismo, fundada na Inglaterra, em 1962 (National Autistic Society). Os

debates cresceram, criando demandas pela investigação sobre a questão da

relação entre autismo e outros transtornos do desenvolvimento, em especial a

da deficiência mental e os problemas de linguagem e comunicação. Acirra-se a

polêmica quanto à etiologia do autismo, sendo polarizada em torno das

questões da causalidade parental x fatores biológicos como ressonância das

primeiras observações de Kanner sobre frieza nas relações parentais.

Intensifica-se as controvérsias sobre a definição de autismo, refletidas na

própria história dos dois sistemas de classificação de transtornos mentais e do

comportamento.

Segundo Shirley Apoud Barros (1991), Erickson (1976) e Piaget (1971),

o desenvolvimento da criança ocorre de forma evolutiva, dentro de determinado

tempo, de acordo com singularidade de cada uma, não dependendo do sexo,

raça ou grupo social onde se encontra inserida. No autismo, porém, o

desenvolvimento se dá de forma não padronizada e diferente.

O desenvolvimento psicossocial do ser humano naturalmente inicia-se a

partir dos vínculos com a mãe – no contato rotineiro – ou com seus cuidadores,

onde nas diferentes experiências os levam a ter confiança, o bem estar, o

amor, fatores estes que contribuirão para a formação da pessoa. Nos autistas,

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em geral, estas reações mostram diferentes: não fazem empatia com o outro,

não apresentam discriminação emocional.

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CAPÍTULO II

SINTOMAS, CAUSAS E DIAGNÓSTICOS

2.1 Sintomas comuns

Uma criança autista prefere estar só, não forma relações pessoais

íntimas, não abraça, evita contato de olho, resiste às mudanças, é

excessivamente presa a objetos familiares e repete continuamente certos atos

e rituais. A criança pode começar a falar depois de outras crianças da mesma

idade, pode usar o idioma de um modo estranho, ou pode não conseguir - por

não poder ou não querer - falar nada. Quando falamos com a criança, ela

freqüentemente tem dificuldade em entender o que foi dito. Ela pode repetir as

palavras que são ditas a ela (ecolalia) e inverter o uso normal de pronomes,

principalmente usando o tu em vez de eu ou mim ao se referir a si própria.

Conforme - ASA (Autism Society of American). A maioria dos sintomas

está presente nos primeiros anos de vida da criança variando em intensidade

de mais severo a mais brando.

1. Dificuldade de relacionamento com outras crianças

2. Riso inapropriado

3. Pouco ou nenhum contato visual

4. Não quer ser tocado

5. Isolamento; modos arredios

6. Gira objetos

7. Cheira ou lambe os brinquedos, Inapropriada fixação em objetos

8. Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade

9. Ausência de resposta aos métodos normais de ensino

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10. Aparente insensibilidade à dor

11. Acessos de raiva - demonstram extrema aflição sem razão aparente

12. Procedimento com poses bizarras (fixar objeto ficando de cócoras;

colocar-se de pé numa perna só; impedir a passagem por uma porta, somente

liberando-a após tocar de uma determina maneira os alisares)

13. Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal)

14. Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina

15. Age como se estivesse surdo

16. Dificuldade de comunicação em expressar necessidades - usa

gesticular e apontar no lugar de palavras

17. Não tem real noção do perigo

18. Irregular habilidade motora - pode não querer chutar uma bola, mas

pode arrumar blocos

Sintomas de autismo em uma criança levam o médico ao diagnóstico,

que é feito através da observação. Embora nenhum teste específico para

autismo esteja disponível, o médico pode executar certos testes para procurar

outras causas de desordem cerebral.

2.2 Causas

2.2.1 Estruturas e funções cerebrais

• Muitos bebês que desenvolveram autismo tiveram um momento

de crescimento atípico/ acelerado do cérebro e perímetro cefálico.

• Alterações no nível de determinados neurotransmissores são

freqüentemente detectadas em crianças e adultos com autismo (ex:

serotonina).

• Técnicas de imagem cerebral mostram que as pessoas com

autismo ativam diferentes áreas de processamento cerebral quando

desenvolvem uma tarefa.

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• Foi encontrada uma diminuição do número de neurônios da

amígdala – uma região do cérebro relacionada com o medo e a memória.

Sabemos hoje que o autismo:

• É mais freqüente em indivíduos do sexo masculino - 4:1.

• Há maior probabilidade de se manifestar em irmãos gêmeos de

pessoas com autismo.

• Parecem existir “genes candidatos” (ou segmentos irregulares do

código genético), em diferentes cromossomos que poderão transmitir uma

predisposição para o autismo.

• O autismo tem um padrão de transmissão genética complexa e

“multifatorial”.

Não há uma transmissão genética direta da doença, não se conhece um

conjunto circunscrito de cromossomos ou genes que possam ser responsáveis

pela manifestação de autismo.

2.2.2 Fatores pré e Peri natal

• Existe um risco acrescido de manifestar autismo, em crianças

cujas mães contraíram rubéola na gravidez, ou foram expostas a determinadas

substâncias tóxicas.

• Crianças com desequilíbrios metabólicos e outras condições

clínicas (x-frágil; esclerose tuberosa; e fenilcetonúria não tratada), estão em

maior risco de manifestar autismo.

• Foram feitas investigações acerca da influência de substâncias

tóxicas na manifestação de autismo (ex: doença celíaca, determinadas alergias

ou intolerância a metais com o chumbo) (ex: não parece haver influência da

vacina tríplice na manifestação de perturbação autística), no entanto nenhuma

relação direta foi estabelecida. Esta é uma área onde é necessária mais

investigação.

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Entre 75 a 80% das crianças autistas apresentam algum grau de retardo

mental, que pode estar relacionados aos mais diversos fatores biológicos.

Portanto, a evidência de que o autismo tem suas causas em fatores biológicos

é indiscutível

A causa do autismo não é conhecida. Estudos de gêmeos idênticos

indicam que a desordem pode ser em parte, genética, porque tende a

acontecer em ambos os gêmeos se acontecer em um. Embora a maioria dos

casos não tenha nenhuma causa óbvia, alguns podem estar relacionados a

uma infecção viral (por exemplo, rubéola congênita ou doença de inclusão

citomegálica), fenilcetonúria (uma deficiência herdada de enzima), ou a

síndrome do X frágil (uma dosagem cromossômica).

Há várias suspeitas de que podem compreender alguns desses

fatores:

• Influência Genética

• Vírus

• Toxinas e poluição

• Desordenes metabólicos

• Intolerância imunológica

• Infecções virais e grandes doses de antibióticos nos primeiros 3

anos.

2.2.3 Sobre metais pesados - Uma das possíveis causas

Os seres vivos necessitam de pequenas quantidades de alguns desses

metais, incluindo cobalto, cobre, manganês, molibdênio, vanádio, estrôncio, e

zinco, para a realização de funções vitais no organismo. Porém níveis

excessivos desses elementos podem ser extremamente tóxicos. Outros metais

pesados como o chumbo e cádmio e o mercúrio já citado antes, não possuem

nenhuma função dentro dos organismos e a sua acumulação pode provocar

graves doenças, sobretudo nos mamíferos.

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Quando lançados como resíduos industriais, na água, no solo ou no ar,

esses elementos podem ser absorvidos pelos vegetais e animais das

proximidades, provocando graves intoxicações ao longo da cadeia - alimentar.

A ingestão, inalação ou absorção pela pele, de metais pesados ou

substâncias que componham o mesmo, pode resultar em situações como o

autismo, atraso mental, doenças, cansaço ou a síndrome do Golfo.

Porém ainda que sendo apenas uma hipótese, ela não deixa de ter boas

bases científicas e hoje os laboratórios começam a abandonar o uso do

mercúrio como conservante, em parte devido à pressão da opinião pública.

Mesmo que esse seja o motivo para o autismo não é o único. Existem

diversas substâncias que estamos a acostumados de certo modo e algumas

nos são impostas no convívio social como tabaco, poluição (sobretudo os

gases de escape dos automóveis e fábricas), álcool, vemos que estamos

vivendo num mundo demasiado poluído e que pode agravar toda esta situação.

A Medicina Alternatica Complementar (CAM), portanto, pode ajudar

pessoas com autismo. Ao verificar qual foi o dano causado no organismo (seja

no sistema imunológico, alergias ou outros problemas) e trabalhar na busca de

uma solução, existe dietas, tratamentos farmacológicos e terapias que em

conjunto podem auxiliar a solucionar ou amenizar situações graves. E todo e

qualquer tratamento iniciado precocemente terá melhores resultados.

2.2.4 Doenças relacionadas ao autismo

Podemos listar uma série grande de doenças das mais diferentes ordens

envolvidas nos quadros autísticos:

• Infecções pré-natais - rubéola congênita, sífilis congênita,

toxoplasmose, citomegaloviroses;

• Hipóxia neonatal (deficiência de oxigênio no cérebro durante o

parto);

• Infecções pós-natais - herpes simplex;

• Déficits sensoriais - dificuldade visual (degeneração de retina) ou

diminuição da audição (hipoacusia) intensa;

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• Espasmos infantis - Síndrome de West;

• Doenças degenerativas - Doença de Tay-Sachs;

• Doenças gênicas - fenilcetonúria, esclerose tuberosa,

neurofibromatose, Síndromes de Cornélia De Lange, Willians, Moebius,

Mucopolissacaridoses, Zunich;

• Alterações cromossômicas - Síndrome de Down ou Síndrome do

X frágil (a mais importante das doenças genéticas associadas ao autismo),

bem como alterações estruturais expressas por deleções, translocações,

cromossomas em anel e outras Intoxicações diversas.

2.3 Diagnóstico

Os pais são os primeiros a notar algo diferente nas crianças com

autismo. O bebê desde o nascimento pode mostrar-se indiferente a

estimulação por pessoas ou brinquedos, focando sua atenção

prolongadamente por determinados itens. Por outro lado certas crianças

começam com um desenvolvimento normal nos primeiros meses para

repentinamente transformar o comportamento em isolado. Contudo, podem se

passar anos antes que a família perceba que há algo errado. Nessas ocasiões

os parentes e amigos muitas vezes reforçam a idéia de que não há nada

errado, dizendo que cada criança tem seu próprio jeito. Infelizmente isso atrasa

o início de uma educação especial, pois quanto antes se inicia o tratamento,

melhor é o resultado. Não há testes laboratoriais ou de imagem que possam

diagnosticar o autismo. Assim o diagnóstico deve feito clinicamente, pela

entrevista e histórico do paciente, sempre sendo diferenciado de surdez,

problemas neurológicos e retardo mental. Uma vez feito o diagnóstico a criança

deve ser encaminhada para um profissional especializado em autismo, este se

encarregará de confirmar ou negar o diagnóstico. Apesar do diagnóstico do

autismo não poder ser confirmado por exames, às doenças que se

assemelham ao autismo podem. Assim vários testes e exames podem ser

realizados com a finalidade de descartar os outros diagnósticos. Dentre vários

critérios de diagnósticos, três não podem faltar: poucas ou limitadas

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manifestações sociais, habilidades de comunicação não desenvolvidas,

comportamentos, interesses e atividades repetitivos. Esses sintomas devem

aparecer antes dos três anos de idade.

O Manual Diagnóstico e Estatístico dos Distúrbios Mentais da

Associação Americana de Psiquiatria apresenta os seguintes critérios de

diagnóstico: Se o indivíduo se enquadrar em um total de seis ou mais dos

seguintes itens, pode ser levada a hipótese de autismo.

1- Comprometimento qualitativo em interação

social, com pelo menos duas das

seguintes características:

a) Acentuado comprometimento no uso de

múltiplos comportamentos não verbais que

regulam a interação social, tais como:

contato “olho no olho”, expressões faciais,

posturas corporais e gestos;

b) Falhas no desenvolvimento de relações

interpessoais apropriadas a idade;

c) Ausência da busca espontânea em

compartilhar divertimentos, interesses e

empreendimentos com outras pessoas.

2- Comprometimento qualitativo na

comunicação em pelo menos um dos

seguintes itens:

a) Atraso ou ausência total no

desenvolvimento da fala (sem tentativa de

gesto ou mímica);

b) Acentuado comprometimento na

habilidade de iniciar e manter uma

conversação naqueles que conseguem

falar;

c) Linguagem estereotipada e repetida;

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d) Ausência de capacidade, adequada à

idade de realizar jogos de faz de conta ou

imitação.

3- Padrão de conhecimento, interesse ou

atividades repetitivas ou estereotipadas,

em pelo menos um dos seguintes

aspectos:

a) Proporção circunscrita a um ou mais

padrões de interesse estereotipados e

restritos, anormalmente, tanto em

intensidade quanto no foco;

b) Fixação aparentemente inflexível em

rotinas ou ritual não funcional;

c) Movimento repetitivo e estereotipado;

d) Preocupação persistente com partes de

objetos.

4- O distúrbio não se enquadra na síndrome

de Rett ou no distúrbio desintegrativos da

criança.

O autismo pode ocorrer isoladamente ou em associação com outros

distúrbios que afetam o funcionamento do cérebro, tais como: síndrome de

Down e Epilepsia. Os sintomas mudam e alguns podem até desaparecer com a

idade.

O QI de crianças autistas, em aproximadamente, 60% (sessenta por

cento), mostra resultados abaixo dos 50,20% entre 50 e 70 e apenas 20% tem

inteligência maior do que 70 pontos.

O portador de autismo tem uma expectativa de vida normal. Formas

mais grave podem apresentar comportamento destrutivo, auto-agressão e

comportamento agressivo, que podem ser muito resistentes às mudanças

(Kanner, 1943).

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2.4 Tratamentos

Autismo não é o inimigo. Os pais que adotam o ponto de vista do

autismo como inimigo e tentam eliminar o autismo como se fosse um invasor

de sua criança tendem a vivenciar uma grande quantidade de estresse e

desconforto, o que, por sua vez, afeta suas interações com a criança. Isto não

facilita a formação entre pais e filhos de interações mutuamente prazerosas,

interações estas que são essenciais na promoção do desenvolvimento global

de qualquer criança inclusive aquelas com autismo.

Assim, acredita-se que o primeiro passo dentro do tratamento do

autismo é a ACEITAÇÃO. Por ACEITAÇÃO não quer dizer “desistir” ou “fazer

nada”, e sim, não resistir ou julgar a criança ou o autismo. Muitas pessoas com

autismo recebem a mensagem diária de que quase tudo o que fazem é errado,

podendo levá-las à perspectiva de que elas "são" erradas. Em uma perspectiva

de aceitação, a pessoa com autismo não é errada, é diferente. Pode-se dizer:

“Estamos bem. Sim, eu quero ajudar minha criança a aprender a ser mais

social, mas ela está bem neste momento.” Esta é uma simples afirmação, mas

uma que tem o poder de influenciar profundamente o relacionamento dos pais

(e profissionais) com a criança. E a partir desta perspectiva de aceitação, os

pais e profissionais podem buscar auxiliar suas crianças.

A auto-imagem influência decisivamente a percepção que as pessoas

têm das suas competências e do seu valor. Sabe-se que a presença da

deficiência numa família pode ter impacto na identidade da família e como diz

Leitão (1993), referido por Ramos (1999:41):

“Os pais das crianças e jovens com deficiência vivênciam muitas vezes,

dificuldades nos seus sentimentos de competência e de auto-estima como pais,

situação que em parte se deve ao facto de os filhos serem parceiros

comunicativamente menos competentes e menos responsivos ; proporcionando

menos experiências contingentes aos seus pais.”

Constata-se que, se as actividades (família/escola/técnicos) forem

desenvolvidas em conjunto, através de programas educativos (apoio

afectivoemocional),

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a deficiência não passará a ser a maior característica de identificação da

família.

Forest & Reynolds (1988), conforme Pereira, Edgar (1996), acentuam

que, os profissionais têm um grande papel, no sentido de ajudar a família a

elevar o nível das suas expectativas, quanto ao desenvolvimento global da

criança.

Tumbul & Tumbul (1988), ibidem, chamam a atenção para a

necessidade de profissionais e família começarem a dotar a criança com

deficiência de “skills”, na área das tomadas de decisão, dando

sistematicamente continuidade ao treino desta área através de todo o

programa educativo. Dizem ainda os autores que “% Sta. aprendizagem e

experiência dotá-la-á com «skills» que lhe permitirão tomar decisões sobre a

sua carreira educacional, transformando as suas expectativas emrealidades.”

(1996:42).

Depois que a ACEITAÇÃO é genuinamente alcançada, existe quatro

áreas de ações que são cruciais dentro de uma abordagem de tratamento ao

autismo.

1. A criação de um constante ambiente de aprendizagem

otimizada. Devido a conexões diferentes nos cérebros de crianças com

autismo, elas percebem seu meio-ambiente de forma diferenciada em

relação a uma criança neurotípica. Ao adaptar o ambiente físico e social

de uma criança podem-se criar condições que possibilitem a ela um

maior nível de conforto, interatividade social e concentração.

2. A criação de interações sociais estimulantes e dinâmicas,

elaboradas a partir das metas de desenvolvimento da criança, com o

objetivo de promover o desenvolvimento emocional, social e de

comunicação. Estas sessões beneficiam-se do ambiente de

aprendizagem otimizado para estabelecer um programa de educação

social individualizado para sua criança.

3. A facilitação da reorganização cerebral e integração

sensorial através de jogos/brincadeiras e tecnologias apropriadas.

Beneficiando-se dos avanços da moderna neurociência, estes métodos

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podem auxiliar na superação de desafios sensório-perceptuais

vivenciados por muitas crianças e adultos com autismo.

4. A adoção de um tratamento biológico para abordar

desequilíbrios bioquímicos internos. As necessidades biológicas dentro

do espectro do autismo variam dramaticamente desde dietas

relativamente simples até complexos protocolos médicos.

2.4.1 Tratamentos com medicamentos

As pesquisas mais recentes sugerem que a etiologia do Autismo seja

multifatorial. Evidências acumuladas têm sugerido desequilíbrios em vários

sistemas neuroquímicos, primariamente o dopaminérgico e o serotoninérgico,

como sendo relevantes para a fisiopatologia do Autismo. Estudos

neurobiológicos clínicos e de tratamento apontam para um papel importante da

neurotransmissora dopamina no desenvolvimento do Autismo Infantil.

As drogas de efeito dopaminérgicas têm demonstrado algum efeito

sobre a sintornatologia do Autismo Infantil. Os medicamentos antagonistas dos

receptores D2 (dopamina), como por exemplo, o haloperidol e a pimozida,

também tem mostrado alguma eficácia no controle de alguns sintomas de

Autismo em criança, principalmente na redução de estereotipias, do

retraimento e do comportamento agressivo, assim como no aumento da

atenção.

Este tipo de tratamento só deverá ser administrado quando os sintomas

se apresentam de tal forma que os medicamentos venham conter certos

comportamentos. Porém faz-se uma ressalva que em nenhuma hipótese esta

forma de tratamento será a única, nem a mais importante. Isso se deve ao fato

de que até o memento não existe medicamento especifico para o Autismo, e

dos utilizados não podem ser administrados em todos os pacientes, pois não

trazem resultados esperados.

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Os neurolépticos (dentre eles o Haloperido/ Haldo) – muito utilizados –

podem levar à redução das estereotipias e melhorar a concentração, além de

promover convívio social. Outros medicamentos usados – do mesmo grupo do

Haloperidol – são: a Tiaridazina (Melleril), a Primozida ( Orap), a Periciazina (

Neuleptil), a Risperidona ( Risperdal), a Paraoxetina (Aropax) e a Olanzina

(Ziprexa). Estes últimos são drogas mais recentes com resultados promissores.

Várias outras drogas têm sido utilizadas. Dentre elas, a de maior

sucesso, é o Cloridrato de Pirodoxina (vitamina B6) e Magnésio.Os pacientes

após algumas semanas de tratamento com estes medicamentos, mostram-se

mais tranqüilos, reduzem as estereotipias, fazem tentativas de comunicação, e

quando apresentam distúrbios durante o sono, estes diminuem.

2.4.2 Dietas

Os indivíduos com autismo podem mostrar baixa tolerância ou alergias a

determinados alimentos ou produtos químicos. Embora não seja uma causa

específica do autismo, intolerâncias alimentares ou alergias podem contribuir

para problemas comportamentais. Muitos pais e profissionais relataram

mudanças significativas quando substâncias específicas são eliminadas da

dieta da criança.

Os indivíduos com autismo podem ter problemas na digestão de

proteínas tais como o glúten. Pesquisas nos Estados Unidos e na Inglaterra

encontraram níveis elevados de certos peptídeos na urina de crianças com

autismo, sugerindo quebra incompleta de peptídeos nos alimentos que contêm

o glúten e a caseína. O glúten é encontrado no trigo, na aveia e no centeio, e a

caseína em produtos de laticínios. A incompleta e a absorção excessiva dos

peptídeos podem causar o rompimento em processos bioquímicos e

neuroregulatórios no cérebro, afetando funções do mesmo. Até que haja mais

informação a respeito de porque estas proteínas não foram quebradas, a

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remoção das proteínas da dieta é a única maneira impedir danos neurológicos

e gastrointestinais adicionais.

As crianças autistas, talvez por conta dos problemas em sua flora

intestinal, sentem especial necessidade de consumir carboidratos refinados

exatamente o que alimenta os patógenos no seu intestino.

O padrão típico do desenvolvimento autista inclui o fato de em algum

momento nos dois primeiros anos de vida a criança limita seu consumo

alimentar a carboidratos processados, açúcar e lácteos: pães, biscoitos, bolos,

doces, salgadinhos, cereais matinais, massas, leite e iogurtes industrializados

adoçados. Na enorme maioria dos casos é dificílimo mudar as preferências das

crianças: ela simplesmente não aceita outro tipo de comida! Então para inserir

esta criança numa dieta livre de glúten e caseína a solução em princípio seria

substituir os produtos contendo glúten e caseína por equivalentes livres dessas

substâncias, que ainda assim são preparados com arroz,açúcar,fécula de

batata,farinha de tapioca,soja,trigo sarraceno,etc. Esse tipo de comida alimenta

a flora intestina anormal tanto quanto o glúten a dieta anterior,perpetuando o

ciclo vicioso de um sistema digestivo enfraquecido e doente,que libera toxinas

para a corrente sanguínea e o cérebro.

É claro que a dieta livre de glúten e caseína elimina uma parte das

toxinas que são enviadas por todo o organismo: a gluteomorfina e as caso

morfinas e isso faz alguma diferença, isso faz algum bem. Em algumas

crianças o efeito é surpreendentemente bom. Mas infelizmente na maioria dos

casos o efeito não ocorre, ou quando ocorre é apenas por algum tempo,

porque as demais toxinas continuam lá, sendo produzidas pela flora intestinal

anormal. Se patógenos como Candida,Clostridia,entre outros continuam lá

povoando o sistema digestivo,a inflamação persiste,o intestino fica

enfraquecio,permitindo ainda que diversas substâncias indigestas e tóxicas

sejam espalhadas pelo organismo.

O fato de esta dieta ter ganhado fama mundial como “a dieta do autismo”

é muito infeliz, porque ela cobre apenas uma parte muito pequena o problema:

as gluteomorfinas e as casomorfinas. Como sempre acontece, diversas

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indústria do setor alimentício se aproveitaram de tal fama lançando uma

infinidade de produtos com o rótulo “livre de glúten”e/ou “livre de

caseína”,porém são produtos industrializados e são produtos cheios de açúcar

(ou pior,em alguns casos,adoçantes artificiais),carboidratos refinados,gorduras

alteradas edesnaturadas,proteínas alteradas e desnaturadas e outras tantas

substâncias que crianças autistas jamais deveriam consumir.

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CAPÍTULO III

INCLUSÃO E INTERVENÇÃO

3.1 – Inclusão

A inclusão tem sido muito distorcidas e polemizadas pelos mais

diferentes segmentos educacionais e sociais. No entanto, inserir alunos com

déficit de toda ordem, mais grave ou menos graves, no ensino regular, nada

mais é do que garantir o direito de todos à educação.

Os estudos que se tem efetuado não apresentam dúvidas sobre as

vantagens da integração, mas é preciso que toda sociedade se organize no

sentido de possibilitar a todas as crianças com necessidades educativas

especiais, a melhor forma de serem educadas com sucesso.

O Warnok (1978) deu uma nova perspectiva sobre a integração/inclusão,

passando o modelo médico a um modelo educativo, isto é, centrando os

problemas da criança não na deficiência, mas nas dificuldades que estas

apresentam face ao currículo escolar, responsabilizando, assim, a escola pela

educação das crianças com necessidades educativas especiais. Nesta

perspectiva, Jimenez R.(1997. pág.116) afirma que:

A integração pressupõe não uma simples integração

física num ambiente o menos restrito possível, mas

significa uma participação afetiva nas tarefas

escolares, que proporcionam à educação

diferenciada, necessária, apoiando-se nas

adaptações e meios que forem mais pertinentes em

cada caso.

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3.1.1- A escola inclusiva

Falar sobre Autismo sem abordar a filosofia da Educação Especial, bem

como os pressupostos teóricos nos quais se enquadra a problemática principal,

a Integração/Inclusão das crianças com autismo, que tem sido objeto de debate

criado tanta controvérsia na última década, seria não respeitar a abrangência

do tema e as implicações que este assunto tem provocado na nossa

sociedade, muito especialmente no que se refere às atitudes e

comportamentos dos adultos face à Integração de crianças com Necessidades

Educativas Especiais.

«Integração» significa o restabelecer de formas comuns de vida, de

aprendizagem e de trabalho entre pessoas deficientes e não deficientes.

Integração significa ser participante, ser considerado, fazer parte de, ser levado

a sério e ser encorajado. A Integração requer a promoção das qualidades

próprias de um indivíduo, sem estigmatização e sem segregação.

“%realizar pedagógicamente a Integração significa, seja no Jardim de

Infância, na Escola ou no trabalho, que todas as crianças e adultos (deficientes

ou não) brinquem, aprendam, trabalhem, de acordo com o seu nível de

desenvolvimento em cooperação com os outros.”,(Steinemann, 1994:7)

Esta temática tem conhecido nas últimas décadas, grandes

transformações resultantes de uma série de decisões históricas e da

conseqüente revisão das teorias educativas.

Sabe-se que ao longo da história da humanidade foram diversas as

atitudes assumidas pela sociedade para com as pessoas deficientes. Estas

atitudes foram-se alterando ao longo dos tempos por influência de fatores Na

opinião de Birch (1974), referido por Baptista (1997), Integrar sociais,

econômicos, políticos e outrosh

Não é tarefa fácil e torna-se, por vezes, um fenômeno complexo que vai

muito para além de colocar as crianças com Necessidades Educativas

Especiais (N.E.E.) no ensino regular.

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Os estudos que se têm efetuado não apresentam dúvidas sobre as

vantagens da integração, mas é preciso que toda a sociedade se organize no

sentido de possibilitar a todas as crianças com N.E.E. a melhor forma de serem

educadas com sucesso. Sucesso esse que depende, substancialmente, do

ambiente educativo em que estas estão.

3.1.2- A educação da criança autista

A educação do autista devido à falta de informação mais específica,

juntamente com a própria rigidez do currículo que não respeita as

singularidades e as diferentes formas de aprender de cada um, acaba por

causar um grande prejuízo ao autista que não consegue atingir a autonomia. A

escola estabelece os padrões de normalidade e aceitação social, porém, a

própria formação dos docentes não permite que suas teorias de ensino-

aprendizagem sejam de acordo com a realidade, ou não preparam o professor

para as dificuldades do cotidiano escolar, além de diversas situações de

estresse provocadas pelo sistema, que fazem com que o autista seja excluído

mesmo estando inserido dentro da escola regular.

Um dos métodos de ensino mais utilizados no Brasil para atender o autista é o

TEACCH que foi desenvolvido no início de 1970 pelo Dr. Eric Schopler e

colaboradores, na Universidade da Carolina do Norte; é conhecido no mundo

inteiro. O TEACCH não é uma abordagem única, é um projeto que tenta

responder às necessidades do autista usando as melhores abordagens e

métodos disponíveis. Os serviços oferecem desde o diagnóstico e

aconselhamento dos pais e profissionais, até centros comunitários para adultos

com todas as etapas intermediárias: avaliação psicológica, salas de aulas e

programas para professores. Toda instituição que utiliza o TEACCH tem todo

esse apoio (MELLO, 2007). Uma grande dificuldade que as famílias de autistas

enfrentam refere-se ao seu comportamento, pessoas com autismo emitem

comportamentos pouco usuais e de difícil manejo podendo exibir mais de um

comportamento problema, alem das estereotipias e maneirismos, muitos

apresentam comportamentos.

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3.2 Intervenções psicopedagógicas

A psicopedagogia surgiu devido à necessidade de uma melhor

compreensão dos processos de aprendizagem, tornando-se uma área

especifica de estudo, pesquisando os fatores externos e internos que estão

diretamente ligados a este processo de desenvolvimento. Fundamenta sua

prática e teoria sob a articulação de três escolas: a psicanalítica, de Sigmund

Freud, a piagetiana de Jean Piaget e a da teoria do vinculo e do apego de

Pichon Riviere.

De acordo com Carvalho e Cuzin (2008, p.19) “[h] para a

psicopedagogia interessa-se o estudo e a intervenção sobre o indivíduo com

dificuldade de aprendizagem, sejam elas quais forem, em todas as áreas de

sua vida – emocional cognitiva e social.”

As dificuldades de aprendizagem podem ser causadas ou

desencadeadas por inúmeros fatores, tais quais, atrasos no desenvolvimento,

acidentes que comprometem a integridade de órgãos necessários para este

processo, patologias, principalmente as ligadas ao sistema neurológico,

dificuldade de acompanhamento devido à metodologia ou a outros fatores

externos, transtornos comportamentais, dentre outros fatores. Visca (1987, p.

08) nos diz que:

O psicopedagogo tem como função identificar a estrutura do sujeito,

suas transformações no tempo, influências do seu meio nestas transformações

e seu relacionamento com o aprender. Este saber exige do psicopedagogo o

conhecimento do processo de aprendizagem e todas as suas inter-relações

com outros fatores que podem influenciá-lo, das influências emocionais,

sociais, pedagógicas e orgânicas. Após identificar, o psicopedagogo deve

intervir de forma a contribuir no desenvolvimento e melhoria do processo de

aprendizagem auxiliando a aumentar o rendimento escolar do individuo em

atendimento. Muitos chegam para o psicopedagogo com preocupação em

relação ao fracasso escolar. De acordo com Weiss (2008, p.16): Fracasso

escolar é uma resposta insuficiente do aluno a uma exigência ou demanda da

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escola, porém, no diagnostico psicopedagógico do fracasso escolar de um

aluno não se podem desconsiderar as relações significativas existentes entre a

produção escolar e as oportunidades reais que determinada sociedade

possibilita aos representantes das diversas classes sociais. Por isso, é muito

importante que o psicopedagogo observe todos os aspectos que estão

relacionados à criança de forma atenta e crítica a fim de perceber tudo aquilo

que está envolvido em seu processo de desenvolvimento e aprendizagem.

O psicopedagogo tem um amplo campo de atuação e trabalha de

diferentes formas. Há o campo da psicopedagogia institucional, que abrange

empresas, escolas e hospitais, cada um destes locais, exige um perfil

diferenciado de trabalho. O trabalho institucional é preventivo e realizado com

todo o grupo.

Existe também o campo da psicopedagogia clínica, onde o profissional

irá atender de forma individualizada, sendo esta uma atuação terapêutica.

Mesmo dentro de uma instituição, o psicopedagogo pode desenvolver o

trabalho clínico, de acordo com a proposta e a necessidade do local onde está

inserido. Segundo Visca (1987, p. 08)

A distinção entre o trabalho clínico e o preventivo é fundamental. O

primeiro visa buscar os obstáculos e as causas para o problema de

aprendizagem já instalado; e o segundo, estudar as condições evolutivas da

aprendizagem apontando caminhos para um aprender mais eficiente.De forma

geral, tanto no trabalho clínico, como no institucional, o psicopedagogo lida

com distúrbios, problemas e dificuldades de aprendizagem. Os distúrbios estão

relacionados a fatores orgânicos e requer que a intervenção obrigatoriamente

seja feita em conjunto com um neurologista e\ou um psiquiatra. Os problemas

de aprendizagem têm ligação com questões emocionais, sociais e familiares,

por isso exige um acompanhamento em conjunto com o psicólogo, tendo um

acompanhamento psicológico e afetivo. As dificuldades estão mais diretamente

ligadas ao processo de aprendizagem normal e podem ter como causa à falta

de adaptação a metodologia utilizada, o relacionamento com o professor, ou a

dificuldade no acompanhamento das atividades propostas, neste caso o

psicopedagogo pode intervir sozinho. Na maioria dos casos o psicopedagogo

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irá trabalhar em conjunto com outros profissionais, a fim de realizar um

tratamento mais abrangente e obter um resultado mais completo em relação ao

desenvolvimento do indivíduo e a recuperação da dificuldade apresentada,

dando-lhe a possibilidade de um acompanhamento mais completo.

Normalmente os profissionais que trabalham em conjunto com o

psicopedagogo, são: fonoaudiólogos, neurologistas e psicólogos, porém há

outros profissionais que também podem compor este quadro. Esta equipe

multidisciplinar age em conjunto e devem estar de acordo em relação aos

métodos utilizados para que a recuperação do indivíduo tenha uma evolução

rápida e proveitosa. Para chegar ao diagnóstico final, é necessário que o

indivíduo passe por uma avaliação desta equipe multidisciplinar, pois só assim

é possível identificar de forma assertiva qual tipo de dificuldade está sendo

apresentada e qual a forma mais eficaz de trabalho para que o problema possa

ser solucionado mais rapidamente, lembrando sempre que há problemas para

os quais poderá haver uma melhora significativa, porém nunca se alcançará a

cura, por relacionar-se a fatores orgânicos irreversíveis. O psicopedagogo atua

de forma terapêutica, intervindo na maioria das vezes a partir de jogos,

histórias, dentre outros elementos, partindo sempre da realidade do cliente, a

fim de tornar interessante o processo de recuperação, emprestando-lhes o

desejo de aprender e estimulando-o a fim de superar suas limitações.

3.2.1 O psicopedagogo e o autista

Atuação do psicopedagogo com autistas devido as suas características

peculiares apresentam dificuldades de aprendizagem e têm a necessidade de

um acompanhamento terapêutico. Por se tratar de um transtorno de origem

orgânica é obrigatório que haja um acompanhamento com o psicólogo e um

neurologista ou psiquiatra, pois, se trata de um problema funcional, provocado

por fatores físicos e que afetam também as questões emocionais. Apesar de

não haver medicamentos e tratamentos específicos para o autismo, a

famacoterapia é um elemento importante para o tratamento, porem alguns

autistas não necessita dos fármacos, podem viver tranquilamente sem eles,

visto que o psicopedagogo não pode receitar o neurologista ou psiquiatra deve

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transcrever as receitas. Até o presente momento não é conhecida a cura para o

autismo e sua gravidade oscila bastante, produzindo diferenças significativas

no quadro clinico, [e uma síndrome bastante complexa, porem, apesar desta

complexidade e de ser preciso o envolvimento dos outros profissionais, não se

pode ignorar a importância e a necessidade do trabalho do psicopedagogo

mediante as dificuldades de aprendizagem ocasionadas pelo autismo de

acordo com Carvalho e Cuzin (2008), o psicopedagogo deve trabalhar, visando

sempre à minimização das limitações e a maximização das potencialidades do

sujeito inserido no sistema. O psicopedagogo deve montar uma intervenção

adequada considerando as características individuas do cliente, pois devido à

oscilação da gravidade do autismo, citada acima, o tratamento ira variar de

caso acaso. Um tratamento adequado é baseado na consideração das co-

morbidades para a realização de atendimento apropriado em função das

características particulares do indivíduo. A terapêutica pressupõe uma equipe

multi- e interdisciplinar – tratamento médico (pediatria, neurologia, psiquiatria e

odontologia) e tratamento não-médico (psicologia, fonoaudiologia, pedagogia,

terapia ocupacional, fisioterapia e orientação familiar), profissionalizante e

inclusão social, uma vez que a intervenção apropriada resulta em considerável

melhora no prognóstico. Alguns sintomas do autismo se modificam ao longo da

vida, alguns diminuem a intensidade, outros passam a fazer parte do contexto

do individuo, a intervenção também deve acompanhar essas mudanças, ou

seja, o planejamento do tratamento deve ser estruturado e reestruturado de

acordo com as etapas da vida do paciente. Por ser uma síndrome que provoca

desordens no desenvolvimento global, torna-se necessário, uma intervenção

abrangente, que focalize em todas as áreas, social, emocional e cognitiva.

Alguns autores defendem que as técnicas de intervenção, devem focar na

melhoria do desenvolvimento das habilidades sociais e da capacidade de

linguagem, enfatizam a importância de não encorajar comportamentos que se

tornaram inapropriados com o passar do tempo. Há abordagens que auxiliam

no trabalho de desenvolvimento da comunicação e do ensino de meios

alternativos para tal. Os comportamentos sociais também devem ser

trabalhados, devido à tendência que possuem, de apresentar comportamentos

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inadequados, deve-se mostrar o que e certo e não tolerar o erro, para que este

não se transforme em habito. É preciso estabelecer regras e limites no trabalho

com autistas, a fim de podermos ter o controle da situação e de auxiliá-los a

lidar com algumas dificuldades, porem de acordo com Parente (2010, p.11):

Ainda que o estabelecimento de regras claras para lidar com essas dificuldades

seja útil, saber como fazer amigos, entender os sentimentos e pensamentos

das demais pessoas não são habilidades baseadas em regras que são

aprendidas por meio do ensino. Essas habilidades são aprendidas por meio de

vivências e interação, porém, aprender a interagir com outras tarefas é uma

tarefa árdua para o autista e o psicopedagogo deve promover meios para que

isto aconteça. A escola tem papel fundamental no processo de

desenvolvimento de qualquer indivíduo, tendo como objetivo máximo, auxiliar

no desenvolvimento da aprendizagem de todo ser humanos independente de

suas limitações, por isso a escola é também necessária para o

desenvolvimento do autista. Para Bonora (2010, p. 27): A escola deve ser um

local onde qualquer aluno consiga desenvolver seu potencial e superar seus

limites. Através do psicopedagogo a eliminação de barreiras e a criação de

estratégias que muitas vezes são simples e fazem parte da estratégia de

ensino utilizado pelo professor irá possibilitar que o currículo escolar atenda a

todos os alunos. Estando inserido em uma escola, o psicopedagogo deve

também auxiliar na adaptação do autista na interação com o meio social e na

adaptação das crianças com desenvolvimento típico em relação ao autista, pois

esta reciprocidade [e necessária para que a interação seja completa e para que

haja harmonia no ambiente escolar. Deve-se ter sempre em mente que o

psicopedagogo, “[é responsável em conciliar as inesperadas situações que

podem surgir como interferência no processo de ensino-aprendizagem”

(Carvalho e Cuzin, 2008). Devido ao fato de que as pessoas com esta

síndrome têm dificuldades em compreender a linguagem figurativa, metafórica

e ambígua, o psicopedagogo deve se comunicar da forma mais direta e clara

possível, a fim de evitar maiores problemas na comunicação, deve também

orientar ao educador a agir da mesma forma, e assim evitar complicações.

Fornecer suporte para a família, auxiliando a diminuir o estresse provocado

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pelas circunstâncias é de grande valia, pois muitas famílias não possuem

orientação adequada sobre como lidar com o problema e acabam se

desgastando e trazendo maiores dificuldades para o contexto familiar, oferecer

orientações e apoio pode trazer grande melhoria para o convívio e aumentar a

qualidade de vida de toda família. O psicopedagogo deve ter consciência de

seu papel e responsabilidade profissional e social e acima de tudo deve

respeitar prezar e zelar por cada vida que for colocada sob seus cuidados,

lembrando sempre que cada ser é único e que cada um possui singularidades

que precisam ser respeitadas e que são estas diferenças que dão significado à

vida.

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CONCLUSÃO

Por se tratar de um assunto ainda pouco conhecido para muitas

pessoas buscou-se primeiramente esclarecer alguns conceitos sobre as bases

de como se diagnostica uma criança com Autismo.

Concluiu-se que o Autismo é um transtorno invasivo do

desenvolvimento, e que segundo o Manual Estatístico de Doenças Mentais

(DSM IV, 1994) apresenta uma tríade para caracterizá-lo: dificuldade na

interação social e na comunicação, padrões restritos e repetitivos de

comportamento, interesses e atividades.

Um transtorno formado por um conjunto de alterações do

comportamento que embora não sejam inclusivas, constituem uma constelação

clínica, não integralmente reproduzindo em nenhuma outra doença.

Portanto, em função das várias reflexões conclui-se que o Autismo

embora com muitas características a outros transtornos, possui identidade

muito diferenciada. Uma vez por possuir vários déficits, a escola de ensino

regular sente-se de certa forma incapaz de desenvolver uma educação

inclusiva tanto pela necessidade de profissionais especializados, quanto pela

reformulação de sua prática, como também pelo espaço físico que uma criança

autista precisa, haja vista suas necessidades de organização e rotina.

Sendo assim se faz necessário uma ação educativa comprometedora

com a sociedade mais democrática e menos excludente.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

AMY, Dominique Marie. Enfrentando o Autismo: A criança autista , seus pais e

a relação terapêutica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor: 2001.

ARAUJO, Ceres Alves de. O Processo de Individuação no Autismo. São Paulo:

Memnon, 2000

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 10

A origem do autismo 10

1.1 - Conceito 10

1.1.2 – Alguns conceitos do autismo 10

1.1.3 – Autismo segundo Aspeger e Kenner 13

CAPITULO II 16

Sintomas, causas e diagnóstico 16

2.1- Sintomas comuns 16

2.2- Causas 17

2.2.2 Fatores pré e Peri natal 18

2.2.3 Sobre metais pesados Uma das possíveis causas 19

2.2.4 Doenças relacionadas ao autismo 20

2.3- Diagnóstico 21

2.4 Tratamentos 24

2.4.1 Tratamentos com medicamentos 26

2.4.2 Dietas 27

CAPITULO III 30

Inclusão e intervenção 30

3.1 – Inclusão 30

3.1.1 A escola inclusiva 31

3.1.2 A educação da criança autista 32

3.2 - Intervenções psicopedagógicas 33

3.2.1 O psicopedagogo e o autista 35

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CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40

WEBGRAFIA 41

ÍNDICE 42