51
SUMÁRIO INTRODUÇÃO 9 CAPÍTULO I – CONCEITOS E CONTEXTOS 11 1.1 Cliente e Consumidor 12 1.1.1 Relações de Consumo 14 1.1.2 Comportamento do Cliente quando consumidor de produtos 14 1.2 Atendimento 16 1.3 Qualidade 17 1.4 Estratégia 19 1.4.1 Marketing de Relacionamento 21 1.4.2 Vantagem Competitiva 22 CAPÍTULO II – CENTRAL DE ATENDIMENTO 25 2.1 A mudança cultural e a transformação da equipe de vendas 27 2.2 Atendimento telefônico 28 2.3 Diferentes tipos de telemarketing 30 2.4 A eficiência do atendimento no telemarketing - call center 32 CAPÍTULO III – PARÂMETROS PARA UM ATENDIMENTO DE QUALIDADE 34 3.1 Competências essenciais 36 3.2 A cultura do bom atendimento 40 3.3 Foco nos clientes 41 3.3.1 Confiança dos clientes 43 3.3.2 Conquistar novos clientes 44 3.3.3 Reter clientes 45 3.3.4 A voz dos clientes 46 CAPÍTULO IV – CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 49 4.1 Código ou Lei? 51

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I – CONCEITOS E CONTEXTOS 11

1.1 Cliente e Consumidor 12 1.1.1 Relações de Consumo 14 1.1.2 Comportamento do Cliente quando consumidor de produtos 14

1.2 Atendimento 16

1.3 Qualidade 17

1.4 Estratégia 19 1.4.1 Marketing de Relacionamento 21 1.4.2 Vantagem Competitiva 22

CAPÍTULO II – CENTRAL DE ATENDIMENTO 25

2.1 A mudança cultural e a transformação da equipe de vendas 27

2.2 Atendimento telefônico 28

2.3 Diferentes tipos de telemarketing 30

2.4 A eficiência do atendimento no telemarketing - call center 32

CAPÍTULO III – PARÂMETROS PARA UM ATENDIMENTO DE QUALIDADE 34

3.1 Competências essenciais 36

3.2 A cultura do bom atendimento 40

3.3 Foco nos clientes 41 3.3.1 Confiança dos clientes 43 3.3.2 Conquistar novos clientes 44 3.3.3 Reter clientes 45 3.3.4 A voz dos clientes 46

CAPÍTULO IV – CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 49

4.1 Código ou Lei? 51

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4.1.1 Estrutura básica do Código 52

4.2 Mudanças ocorridas com a criação do código de defesa do consumidor 53

CONCLUSÕES 54

BIBLIOGRAFIA 57

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INTRODUÇÃO

Este estudo apresenta conceitos e aspectos importantes que devem ser

considerados na busca por um atendimento de qualidade. Procurar-se-á justificar

o seguinte questionamento: quais as competências essenciais para um

atendimento de excelência?

O trabalho visa estudar Atendimento ao Cliente como diferencial

competitivo. Para isto, serão analisados os principais aspectos relacionados ao

atendimento de clientes, tais como conceitos, metodologias, foco e resultados.

O estudo deste tema se apresenta importante, pois a partir das informações

a serem apresentadas na monografia será possível identificar competências

essenciais para um atendimento de excelência, resultando em diferencial

competitivo para as organizações.

Para que a monografia alcance seus objetivos, faz-se necessário analisar,

com profundidade, os seguintes aspectos:

Conceitos de estratégia e vantagem competitiva;

Conceito de cliente, consumidor, atendimento e qualidade;

Código de Defesa do Consumidor;

Competências essenciais para o atendimento;

Parâmetros para melhoria da qualidade no atendimento de clientes.

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Pretende-se com a pesquisa bibliográfica sobre o assunto e a coleta de

dados, identificar fatores relevantes sobre o tema proposto; na prática, objetiva-se

proporcionar aos gestores, ferramentas para que possam aprimorar os serviços de

atendimento ao cliente.

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CAPÍTULO I – CONCEITOS E CONTEXTOS

Houve tempo em que as organizações podiam estabelecer e manter uma

vantagem competitiva apenas pelo oferecimento de produtos, preços ou qualidade

superiores. Sempre haverá alguns líderes de produtos ou preços em todos os

setores, entretanto os produtos de alta qualidade com muitas funções e a preço

baixo são hoje considerados exigências básicas. Conforme cita James Unrhu,

“nos dias atuais, o campo de batalha mudou para a prestação de um serviço

superlativo ao cliente – algo que não possa ser imitado com facilidade”. (UNRHU,

1998, p. 22)

Tudo o que as empresas fazem gira em torno da satisfação do cliente. Ele é

o centro e o foco de todo negócio e as empresas competem ferozmente para

conquistar sua atenção e preferência, não poupando esforços nessa busca. Os

produtos se igualaram, a qualidade é a mesma, os prazos de entrega e os preços

coincidem entre os vários concorrentes. Assim, o que vai diferenciar além do

serviço é o atendimento.

Luciano Matozo, define o bom atendimento:

O bom atendimento é construído sobre bons processos, sobre a troca de informações entre os vários departamentos, sobre a quebra de barreiras de comunicação internas ainda tão freqüentes em nossas organizações, na agilidade em que resolvemos nossos problemas, no cumprimento de condições acordadas com os clientes, no conhecimento de nossos produtos, dos nossos mercados, dos nossos concorrentes, na agilidade de como tudo isso é feito, no reconhecimento individual de cada cliente, dos seus históricos de vendas e de seus hábitos de compras, no valor intangível da solução de uma necessidade ou algum problema que motivou esses mesmos clientes a estarem nos procurando, a forma respeitosa, competente e humana com que os tratamos. (MATOZO, 2000, p. 52)

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Portanto, o bom atendimento não será construído por um departamento

específico. Ele é baseado em ações e esforços conjuntos da organização, não se

trata unicamente de um amontoado de medidas simplesmente operacionais.

1.1 Cliente e Consumidor

O que é um cliente? Cliente é a pessoa mais importante em qualquer tipo

de negócio, ele não depende de nós. Somos nós que dependemos dele. Ele é o

propósito do nosso trabalho, não significa apenas dinheiro, é um ser humano com

sentimentos, que precisa ser tratado com todo respeito. Cliente é o que tem

acesso a várias opções de escolha de qualquer produto. Podemos dizer que

cliente é toda e qualquer pessoa que visita ou somente procura a empresa.

A definição de cliente abrange desde o consumidor final dos produtos e

serviços de uma empresa, (muitas vezes chamado de “cliente externo”) até todos

aqueles que, na própria empresa são os “clientes internos” dos serviços e

produtos de outros setores da mesma.

Assim, seja na forma de um indivíduo ou de uma empresa, o consumidor é

toda entidade compradora potencial que tem uma necessidade ou um desejo a

satisfazer. Para Beatriz Sâmara:

Essas necessidades e esses desejos podem variar dentro de um amplo aspecto, que vai desde fome e sede até amor, status ou realização espiritual.” Consumimos bens e serviços a todo instante em nossa vida e estamos cercados por milhares de alternativas para nos satisfazer. E, não rato, as motivações de compra têm estímulos muito subjetivos e pessoais, fazendo surgir até mesmo uma relação de afeto com o produto ou com o serviço consumido. (SÂMARA, 2005, p. 25)

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O Código Brasileiro de Defesa do Consumidor define:

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. (CÓDIGO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, 2004, p.22).

Este conceito de consumidor, adotado pelo Código, foi exclusivamente de

caráter econômico, ou seja, levando-se em consideração tão-somente o

personagem que no mercado de consumo adquire bens ou então contrata a

prestação de serviços, como destinatário final, pressupondo-se que assim age

com vistas ao atendimento de uma necessidade própria e não para o

desenvolvimento de uma outra atividade negocial.

Procurou-se abstrair de tal conceituação, componentes de natureza

sociológica – “consumidor” é qualquer indivíduo que frui ou se utiliza de bens e

serviços e pertence a uma determinada categoria ou classe social – ou então

psicológica – aqui se encarando o “consumidor” como o indivíduo sobre o qual se

estudam as reações a fim de se individualizarem os critérios para a produção e as

motivações internas que o levam ao consumo.

Todavia, não há como escapar da conceituação de consumidor como um

dos partícipes das “relações de consumo”, ou seja, “relações jurídicas por

excelência”, embora, procurando tratar desigualmente pessoas desiguais,

levando-se em conta que o consumidor está em situação de manifesta

inferioridade ante o fornecedor de bens e serviços. Assim, o consumidor é

considerado vulnerável. (CÓDIGO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR,

2004, p. 31)

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1.1.1 Relações de Consumo

Uma das premissas essenciais para se estabelecer a chamada relação de

consumo, são os conceitos legais para palavras como consumidor, serviço ou

produto. Elas estão estabelecidas nos artigos iniciais do CDC:

• Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. (art. 2º)

• Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. (art. 3º)

• Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. (art. 3º, § 1º)

• Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. (art. 3º, § 2º) (CÓDIGO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, 2004, p. 31)

1.1.2 Comportamento do Cliente quando consumidor de

produtos

O comportamento do consumidor se caracteriza como processo: um

conjunto de estágios que envolve a seleção, a compra, o uso ou a disposição de

produtos, idéias ou experiências para satisfazer necessidades e desejos. E esse

processo é contínuo, não se limitando apenas ao momento da compra, quando a

troca se efetiva. Embora a troca (uma transação em que duas ou mais entidades

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dão e recebem algo de valor) seja a essência do marketing, o entendimento mais

amplo compreende todo o processo de consumo, o que inclui os aspectos que

influenciam o consumidor antes, durante e depois da compra.

O perfil, as características, as motivações e os interesses do consumidor

sofrem todo tipo de influências, segundo Beatriz Sâmara:

Desde aspectos sociais, demográficos, culturais, psicológicos e situacionais até importantes estímulos de marketing (produto, preço, praça e promoção) afetam e impulsionam as atitudes e as ações dos indivíduos em suas decisões de consumo. (SAMARA, 2005, p.03)

A autora Beatriz Sâmara, faz uma analogia dizendo que o consumidor é

como um iceberg:

Os grandes blocos de gelo que flutuam nas águas geladas dos pólos possuem uma característica singular. A maior parte de sua estrutura fica submersa, deixando visível aos olhos do observador apenas uma pequena parte. Enquanto ele se movimenta, é impossível ter uma compreensão clara e total de sua real dimensão e poder. (SAMARA, 2005, p. 04)

Assim, o consumidor se movimenta no mercado e todos podem visualizá-lo,

como a ponta de um iceberg, mas suas reais intenções, motivações e atitudes

permanecem ocultas. Apenas analisando-o mais profundamente, por meio da

imersão em seu interior, será possível conhecer o seu todo, enxergando-o de

forma integral e descobrindo as verdadeiras razões que o levam a agir de

determinada forma. Esses motivos, que variam desde crenças, atitudes,

preconceitos e valores até interesses, necessidades ou desejos, são as forças

motrizes que estimulam o comportamento humano e variam de indivíduo para

indivíduo.

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Portanto, fica claro que o comportamento do consumidor é uma função

tanto de influências interpessoais, aquelas referentes ao contexto sociocultural)

quanto de influências intrapessoais, aquelas que dizem respeito às variáveis

pessoais e subjetivas do indivíduo. Nessa dimensão mais íntima de cada pessoa,

que reside numa área mais profunda do iceberg humano, localizam-se os

importantes fatores pessoais e distintivos que concorrerão para determinar o que

será comprado.

1.2 Atendimento

Em todos os setores, os clientes exigem um atendimento cada vez melhor

das empresas com as quais realizam negócios. Eles tendem a mudar de

fornecedor mais pela má qualidade do serviço do que pela baixa qualidade ou alto

preço dos produtos.

Para o autor Luciano Matozo, “o bom atendimento é uma balança em que

se equilibram de um lado a filosofia empresarial e as políticas de desenvolvimento

pessoal, e de outro a forma de tratamento e o atendimento ao consumidor”. A

empresa aprende a ouvir seus clientes, na medida em que um clima descontraído

e de fácil comunicação faz parte da cultura da organização. Isso deixa de lado um

velho ditado popular que dizia “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”.

Discurso e prática não podem ser conflitantes. O que prega com clientes externos

também deve ser experimentado com os clientes internos. (MATOZO, 2000, p.53)

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1.3 Qualidade

O Controle da Qualidade focaliza a inspeção da qualidade do produto final

em relação àquilo que foi especificado no projeto ou solicitado pelos clientes,

conforme exposto por Alexandre Rangel afirma:

No Controle da qualidade, o foco é a saída, o produto final, sendo a inspeção geralmente feita por amostragens. Enquanto a gestão da qualidade é uma filosofia que a empresa adota para que os processos sejam, do início até o final, monitorados e controlados para que não existam falhas no produto final, motivadas por imperfeições que ocorram durante o processo. (RANGEL, 1995, p. 64)

Assim é possível percebermos que a Qualidade Total está deixando de ser

uma diferenciação, pois muitas empresas já estão aplicando essa filosofia de

trabalho. O está ocorrendo agora é a padronização: todas as empresas passam a

trabalhar com um nível de qualidade mais elevado. Neste contexto, surge o

diferencial no atendimento ao cliente, passando a ser uma questão de

sobrevivência e não mais de diferenciação, seja para micro, pequenas, médias ou

grandes empresas.

Para de acordo com a visão transcendente, qualidade é sinônimo de

“excelência inata“. É não só absoluta, como também universalmente reconhecível,

uma marca de padrões irretorquíveis e alto nível de realização. Uma premissa

implícita da visão transcendente é que há lago intemporal e duradouro nas obras

de alta qualidade, uma essência que paira acima das mudanças de gosto ou

estilo.

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O autor David Garvin afirma:

A dificuldade desta visão é que ela proporciona pouca orientação prática. Argumentar que o que caracteriza a qualidade é o “esforço intenso” e “seriedade de propósito” pouco nos diz sobre como os produtos de qualidade diferem dos mais grosseiros. Na verdade em seu aspecto mais primitivo, esta definição não vai além da alegação de que, qualquer que seja a natureza da qualidade, os gerentes conhecê-la-ão quando a virem. (GARVIN, 2002, p.51)

As definições baseadas no produto são bastante diferentes, pois vêem a

qualidade como uma variável precisa e mensurável. As diferenças de qualidade

refletem, assim, diferenças da quantidade de algum ingrediente ou atributo de um

produto. As primeiras pesquisas econômicas sobre qualidade concentraram-se

quase exclusivamente na durabilidade, simplesmente por serem facilmente

traduzidas.

Nesse contexto, pode-se dizer que uma dimensão da qualidade é o

atendimento, ou a rapidez, cortesia e facilidade de reparo. Os consumidores não

se preocupam apenas com a possibilidade de um produto estragar, mas também

com o tempo que serão obrigados a esperar até que as condições normais sejam

restabelecidas, a pontualidade do atendimento às chamadas, seu relacionamento

com o pessoal do atendimento e a freqüência com que as chamadas para serviços

ou reparos deixam de resolver os problemas. Nos casos em que os problemas

não são imediatamente resolvidos e os consumidores fazem reclamações formais,

as normas de tratamento das reclamações da empresa também influenciarão,

provavelmente, a avaliação final que os clientes fazem da qualidade do produto e

do serviço.

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1.4 Estratégia

No estágio de mudanças pelo qual atravessam as empresas em brusca de

maior competitividade, com produtos de qualidade, preços razoáveis, rapidez no

processo e excelência nos serviços ao cliente será necessário, também, envolver

os funcionários entre si e nas operações da empresa como um todo. Para o autor

Joel Santos “o sucesso do negócio está em saber quem é o cliente. A missão

principal de uma empresa é compreender o cliente e atender, da melhor maneira

possível, as suas expectativas”. (SANTOS, 1995, p. 82)

Portanto, a finalidade de uma empresa é conquistar e manter clientes. E

nenhuma empresa pode funcionar de forma eficaz se não tiver uma visão clara do

que os possíveis clientes desejam. Compreender a concorrência, a percepção, o

produto, o preço e a relevância das estratégias pode capacitar uma empresa a

reter sua clientela, mas a chave será sempre o serviço ao cliente.

As necessidades e os valores do cliente, devem influenciar todos os

aspectos da organização: estratégia, seleção e desempenho dos funcionários,

desenvolvimento de produtos e serviços, programas de vendas e de marketing,

procedimentos operacionais e sistemas de informação e de medição. A boa

estratégia toma o que a organização sabe sobre seus clientes e o transforma em

um plano exeqüível de ação.

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James Unruh, entatiza:

A estratégia define como a empresa criará valor para os clientes. As estratégias não podem ser desenvolvidas de maneira isolada. Elas requerem a coleta de informações junto aos clientes, funcionários e peritos no setor e em seguida devem ser avaliadas com relação á concorrência. A estratégia deve ser implementada pelos funcionários em suas responsabilidades diárias. Um dos elementos principais da estratégia da empresa é a identificação dos clientes aos quais ela deseja servir. De outro modo, ela pode tentar ser tudo para todos. Ela deve primeiro selecionar clientes lucrativos, depois classificá-los em categorias de acordo com suas necessidades de serviço para que possam ser tratadas de modo individual. Alinham-se, então, os recursos da empresa para satisfazer às exigências dos clientes selecionados. (UNRUH, 1998, p. 84)

A estratégia da segmentação está baseada na classificação dos clientes em

categorias de acordo com características demográficas ou área de atuação.

Entretanto, para vários autores, cada vez mais as empresas estão segmentando

os clientes com base em suas necessidades. Esse tipo de segmentação é

orientado para as exigências dos clientes em termos de atendimento e atenção

pessoal. Em alguns casos, os segmentos estão sendo “humanizados”, tornando-

se quase tipo de personalidade. Embora a segmentação possa auxiliar as

organizações a conhecer seus clientes e desenvolver produtos e programas de

marketing adequados, o programa ideal de segmentação é invisível para o cliente.

As pessoas gostam, ou melhor, exigem serem tratadas como indivíduos. Para os

clientes, a única estratégia de segmentação relevante é a do “segmento de um”.

Assim, o surgimento de uma nova visão, que incorpora um notável desvio

de perspectiva, onde a alta cúpula da empresa expressa interesse pela qualidade,

está associando-a à lucratividade, definindo-a de acordo com o ponto de vista do

cliente e exigindo sua inclusão no processo de planejamento estratégico. No mais

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radical de todos os avanços, insistem em que a qualidade seja vista como uma

arma agressiva de concorrência.

1.4.1 Marketing de Relacionamento

Os clientes em geral definem o serviço com atenção pessoal; eles querem

ser compreendidos, tratados como pessoas e ser mimados. Servir aos clientes

significa desenvolver relacionamento com eles – relacionamentos baseados em

um compromisso e confiança de longo prazo. Hoje em dia, a dinâmica e o escopo

dos relacionamentos com clientes estão mudando.

Os relacionamentos com clientes têm início na primeira reunião entre o

comprador e o vendedor. Segundo James Unruh, os vendedores utilizam essa

oportunidade para ensinar aos potenciais compradores sobre seus produtos,

deixando ao comprador, o parceiro mais poderoso desse relacionamento, a

incumbência de realizar a venda. Todos os tipos de empresas utilizam agora essa

abordagem de marketing. Os relacionamentos com os clientes também ampliaram

seu escopo. As empresas estão encorajando os funcionários a desenvolverem

relacionamentos com os clientes fora do cenário do trabalho. É mais fácil conhecer

os clientes como pessoas em uma atmosfera informal. (UNRUH, 1998, p. 47)

A decisão de focalizar nos clientes e buscar uma estratégia de

relacionamento é um passo audacioso, e o futuro é incerto. No entanto, não há

nenhuma forma imediata de saber a quantidade necessária de esforços, tempo ou

dinheiro. As organizações aprendem fazendo, mas muito poucas se arrependem

de ter feito.

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As organizações que desenvolvem um bom relacionamento com seus

clientes atuais têm maiores possibilidades de mantê-los. Os passos para

estabelecer bons relacionamentos com os clientes são muito semelhantes aos

passos necessários ao estabelecimento de boas relações pessoais. Eles incluem

facilidade de acesso, responsabilidade, compromisso, consideração e estima.

1.4.2 Vantagem Competitiva

A grande marca de diferenciação entre as empresas, nos anos 60, era o

marketing. Por volta dos anos 70 a grande diferença competitiva foi a produção

em massa liberada pelos norte-americanos. Já nos anos 80 o grande fator foi o

controle da qualidade. Nos anos 90, os esforços foram direcionados para encantar

o cliente por meio de programas que visavam à excelência no atendimento,

decorrente da prática da alta qualidade nos serviços, usando de forma simples os

seguintes passos, apresentados por Joel Santos:

Ouvir o cliente.

Atender às suas necessidades e exigências.

Cumprir com o prazo de entrega.

Entregar o que compra.

Praticar preços razoáveis.

Dar a palavra e cumpri-la. (SANTOS, 1995, p. 89)

Em um cenário onde a qualidade do produto é tangível, para sobreviver, a

empresa precisa, além da qualidade do produto, dedicar-se inteiramente à

qualidade dos serviços aos clientes: adulando-os, ouvindo-os, respeitando-os e

prostando-se aos seus pés para encantá-los o tempo todo. Com o passar do

tempo, os clientes terão outros produtos com características, preços e qualidades

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equivalentes. Aí o diferencial competitivo para vencer a concorrência será manter

o cliente fiel e encantado.

Para que uma empresa se mantenha competitiva, é preciso que ela

descubra como manter seus clientes por mais tempo, como fazer com que gastem

com o seu produto e se tornem mais lucrativos e como atendê-los mais

eficientemente. O que deseja é extrair o máximo desses clientes. Quando uma

empresa não tem qualquer consciência ou memória de clientes individuais será

não apenas incapaz de prestar qualquer tipo de serviço genuinamente

personalizado, mas também permanecerá cega ao impacto de suas ações no

comportamento futuro de um determinado cliente.

Um histórico dos clientes permitirá que uma transação seja mais que

apenas um evento isolado, onde a empresa será incapaz de se concentrar no

retorno total que ela gera junto a qualquer cliente. Muitas empresas, mesmo

aquelas que possuem gigantescos bancos de dados capazes de lhes proporcionar

uma perspectiva além de uma transação isolada – estão intencionalmente

concentradas no que podem extrair hoje, neste minuto. Elas prestam pouca

atenção ao valor que poderiam entregar ao cliente e agem como se

desconhecessem completamente o valor que esses consumidores poderiam lhes

proporcionar amanhã ou na semana seguinte. Se uma empresa efetivamente

tivesse consciência do valor que um cliente poderá vir a gerar no futuro – além do

lucro corrente que ele gera hoje – a postura corporativa seria inteiramente

diferente. Em vez de maximizar as vendas de curto prazo no universo paralelo das

transações individuais, essa empresa estaria preocupada em maximizar o valor

total gerado por cada cliente, incluindo não apenas as suas transações atuais,

mas também as futuras. A proposição de valor total do cliente estará maximizada

quando o cliente verdadeiramente confiar no fato de que a empresa respeita os

seus interesses.

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Entretanto, apesar de o fato de que interações e relacionamentos com

clientes sejam, claramente, as ferramentas competitivas mais poderosas que os

gerentes têm em suas mãos, eles gastam muito mais tempo e energia tentando

melhorar e aperfeiçoar seus produtos e tecnologias do que tratando das relações

com clientes. Para alguns professores, inovações que tenham os clientes como

base seriam muito mais apropriadas para atrair a atenção dos executivos porque

seriam “mais difíceis de serem copiadas pela concorrência e, portanto, uma base

mais segura de sustentação de vantagem competitiva”.

Portanto, fica evidente que os clientes esperam que as organizações

respondam suas preocupações com flexibilidade. Eles querem ser tratados de

maneira individualizada, estejam na pelo do comprador ou na do reclamante. A

“política padrão” já não é mais suficientemente boa. Funcionários capacitados e

com maior autoridade, grupos menores de funcionários e mais próximos dos

clientes e apoio da gerência são pré-requisitos para uma resposta flexível.

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CAPÍTULO II – CENTRAL DE ATENDIMENTO

Para Luciano Matozo, o “conceito de telemarketing evoluiu em novas

aplicações e foi promovido a Call Center, o que não representa apenas um rótulo,

mas uma visualização de oportunidades de contato com os clientes, que já não

mais buscam somente qualidade nos produtos”. Buscam serviços. Alguns autores

usam a terminologia Call Center para tratar de ações de pós-venda ou pré-venda,

outros, não a diferenciam de telemarketing. O termo Call Center surge como forma

de diferenciar momentos diferentes, ou a evolução do telemarketing que não

assim somente vendas, se reveste de tecnologias, lhe conferindo novas

oportunidades para inovar os conceitos de telemarketing. A diferença na

semântica tem pouca representatividade. O que diferencia uma Central de outra

não são terminologias, mas a capacidade de utilizar as possibilidades da

ferramenta. (MATOZO, 2000, p. 92)

O telemarketing não é somente vendas por telefone. Novos tempos, novas

propostas, novas aplicações. O telemarketing sai do papel de promovedor de

vendas para aprofundar suas aplicações em serviços associados aos clientes. Ele

começa a se estabelecer como importante fator nas estratégias de fidelização de

clientes, que incorporam os planejamentos estratégicos das empresas, Então,

definitivamente, assume novas funções que o transformam em um centro de

atendimento a clientes, não sendo somente um balcão sofisticado de venda.

A decisão para a implantação de um centro de atendimentos passa, então,

por uma série de outras questões que devem ser respondidas antes de começar

os trabalho. O aparato tecnológico, o momento cultural da empresa e o seu

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mercado também devem ser analisados e, ao final da análise, mostrar o resultado

de que o momento é propício para a implementação do projeto.

Luciano Matozo apresenta no Quadro 01, o Histórico do Telemarketing no

mundo e no Brasil:

Histórico do Telemarketing no mundo e no Brasil

1880 Quatro anos depois da invenção do telefone, um pasteleiro mantinha um cadastro de clientes – composto por 180 pessoas – e oferecia seu produto por telefone à clientela.

1950

Algumas revistas e jornais publicavam anúncios indicando o telefone como canal de resposta para a compra de produtos e serviços, elaborar um mailling list e fortalecer a imagem corporativa do anunciante.

1970

A primeira campanha de marketing por telefone foi realizada no início dos anos 70 pela Ford Motor Company. Foram contratadas e treinadas 15 mil donas-de-casa, que realizavam vinte milhões de ligações dos seus próprios lares. O objetivo era identificar pessoas com potencial para a compra de um automóvel. Já em 1975, sete milhões de consumidores americanos recebiam chamadas telefônicas com a abordagem voltada para perguntas, ofertas ou vendas. Três milhões de consumidores eram receptivos e concordavam em ouvir. Esta atividade gerou cerca de US$ 28 milhões por dia ou US$ 6 bilhões anuais.

1980

Nasce o termo telemarketing. Desde então tem sido uma das ferramentas mais importantes de marketing.

No Brasil, o telemarketing ganhou notoriedade com a chegada de corporações norte-americanas ao país – principalmente administradores de cartões de crédito e editoras -, uma vez que apenas elas detinham conhecimentos e técnicas para o direcionamento correto desta ferramenta.

Com o tempo esta situação foi se alterando, pois as pequenas empresas também começam a utilizar o telemarketing, em geral com o objetivo de aumentar a sua força de vendas.

Existe um desejo por parte das empresas em adquirir conhecimentos nesta área, tanto que há uma procura por seminários, encontros, livros, cursos e home pages sobre o assunto.

Com o atual amadurecimento do telemarketing no país, o brasileiro já usa mais o telefone para comprar. As vendas por telefone atingem bilhões de dólares anualmente, com mais de 5.000 empresas oferecendo produtos diversos. O crescimento de vendas através do telemarketing no Brasil gira em torno de 40% ao ano. As oportunidades de emprego também crescem na casa dos milhões.

Além das vendas, grandes institutos de pesquisas começam a usar este meio de comunicação para realizar pesquisas diversas.

2000

Conceito de Call Center. Moderno, integrado ao computador, é estruturado sobre uma plataforma totalmente flexível, montada para um determinado número de roncos e quantidade de agentes, e pode agregar fax, conectar-se com a Internet e com servidores que ligam base de dados com as comunicações. *Fonte: www.directmarketing.com.br

Quadro 01: Histórico do Telemarketing no mundo e no Brasil Fonte: MATOZO, 2000, p. 102.

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27

A partir de 2000, com essa estrutura tecnológica, os centros de

atendimentos ficaram mais modernos e com novas funções; onde “o papel de

redutor de custos passa para a de investimento gerador de receita”.

2.1 A mudança cultural e a transformação da equipe de

vendas

O sistema de telemarketing tem avançado, gradativamente, desde a década

de 80. Seus aspectos de interatividade, flexibilidade, controle, comodidade, custos

e velocidade são fortes vantagens que contribuem para a sua continuada

aplicação e evolução nos ambientes comerciais e nas atenções dos

consumidores. Alguns autores afirmam que no século XXI, o telemarketing

responderá por 70% das vendas no mundo.

O telemarketing vem-se constituindo em mais uma força de vendas dentro

das empresas. Assim como os vendedores externos, ou os vendedores internos,

ou ainda os de balcão, constitui-se em mais uma equipe de vendas dentro da

organização e como tal tem de ser tratada. Montar um centro de atendimento é

discutir e reavaliar a composição de todas as equipes de vendas. Choques

culturais e mudanças comportamentais surgirão e serão exigidas. Não é raro

acontecer ciúmes e medo das mudanças entre as equipes de vendedores já

presentes na empresa. Se a gestão de mudanças não acontecer, os próprios

vendedores ou revendedores podem se chocar e comprometer o resultado dos

operadores de telemarketing.

A redefinição e reestruturação pela qual passa a venda pessoal se

incrementam em decisões estratégicas de responsabilidade dos gerentes de

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vendas e de marketing que estarão redefinindo os papéis e as funções de cada

tipo de vendedor. Onde existem três tipos de tarefas desempenhadas pelos

vendedores: os conquistadores de pedidos mantêm a empresa funcionando e o

apoio da força de vendas é responsável pela informação e promoção do canal.

Enxergar e redefinir essas funções da nova composição de vendas é importante

para que as decisões não ocasionem “custos com perdas de vendas e nem em

despesas de desembolso reais”.

Assim como são divididos os territórios, clientes e linhas de produtos, para

a equipe de vendedores externos trabalharem, nos centros de atendimento essa

mesma preocupação é válida. Ela assume também novas formas de divisão.

Podendo ser especificadas, por exemplo, atendentes para tratar especificamente

com manipulação de reclamações, outros para venda ativa, outros para

tratamento de pedidos. Essas possibilidades são factíveis no momento em que

temos tecnologias como opções de encaminhamentos de chamadas, pelas quais

o cliente escolhe qual assunto irá tratar manuseando o menu dos ramais

desejados, que estão inter-relacionados com os atendentes específicos.

2.2 Atendimento telefônico

Segundo Luciano Matozo, “um convite para um papo agradável e

descontraído pode ser feito ao nosso cliente logo no início de nossa conversa.”

Sendo assim, as técnicas de atendimento telefônico irão focar alguns elementos

criativos para a criação de um diálogo profissional, mas não robotizado. Um

diálogo formal, mas não frio. Aqui, sim, serão estimuladas as capacidades de

empatia, entusiasmo, carisma, responsabilidade e seriedade do atendente.

(MATOZO, 2000, p. 58)

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Alguns aspectos importantes que devem ser considerados no atendimento

telefônico, são descritos por Luciano Matozo:

1) Falar corretamente ao telefone – não precisa gritar, e nem falar com objetos na boca, chicletes, palito, bala, cigarro, etc.

2) Ouvir corretamente – a atenção neste ponto essencial, para que o consumidor não fique repetindo várias vezes a mesma coisa até que o atendente o entenda.

3) Diga algo significante e agradável logo que atender o telefone. Que não seja depois do terceiro toque – o atendente deverá abrir um sorriso para cumprimentar quem está ligando em sua empresa. Assim a pessoa do outro lado da linha terá a certeza de que está falando com o lugar desejado. Usar linguagens e argumentos simples proporcionará o entendimento entre o consumidor e o atendente.

4) Falar com convicção – essa postura será conquistada no momento em que os operadores conhecerem os produtos, os mercados, os concorrentes e a própria empresa, com seus processos e políticas. Assim como oferecer vantagens em demasia cria desconfiança, a omissão também o faz. Não deverá faltar a verdade e a omissão de informações também não deve acontecer.

5) Saber quando não está agradando – ligar no momento em que o cliente está ocupado ou falar de um produto que ele logo no início demonstrou não se interessar. Saber o momento certo de parar é uma das grandes habilidades do operador. Também importante é saber quando começar. Para isto é importante que, antes de fazer a ligação o operador pesquise o cliente, conhecendo o negócio dele e suas necessidades.

6) Eu gosto do meu nome – o nome é a identidade das pessoas e o que as diferencias das demais. Deve-se evitar expressões: amigo, meu irmão, colega, meu filho, querido, meu bem. São expressões perigosas para serem usadas em diálogos comerciais. Primeiro, porque forçam uma intimidade muitas vezes bastante indiscreta. Segundo, parecem rótulos, onde todos que ligam são tratados igualmente. (MATOZO, 2000, p.59)

Nesse contexto, a diversidade de assuntos tratados num centro de

atendimento pode ser um dos grandes fatores para a quebra do pensamento

ainda bastante freqüente de que as tarefas realizadas por este sistema sejam

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repetitivas ou rotineiras. Quando se enxerga as grandes possibilidades desse

instrumento, é possível identificar uma oportunidade de incrementar benefícios e

sistemas criativos de remuneração e outras atividades motivacionais.

Outro aspecto que deve ser observado, consiste na característica mais

evidente de se lidar com clientes ao telefone, ou seja, o fato de se perderem todas

as informações importantes obtidas pela linguagem corporal. Conseqüentemente,

não só as palavras recebem maior destaque, mas também – o que é ainda mais

importante – o modo de usar a voz também se torna fundamental.

2.3 Diferentes tipos de telemarketing

As aplicações do telemarketing estão sustentadas em dois grandes grupos.

No primeiro, concentram-se as ligações receptivas e no segundo, as ativas;

representadas por Luciano Matozo, no quadro 2 a seguir:

Diferença dos tipos de telemarketing

Receptivo Ativo

• O cliente liga para a empresa • Gera cadastro nos contratos • Requer um roteiro para a abordagem • Público comanda a ligação • Picos de demandas sazonais • Menos objeções dos clientes • Maior conhecimento do produto pelo

operador • Equipamentos e estrutura adequados à

demanda

• A empresa liga para o cliente • Requer cadastro para as ligações • Requer script • Operador comanda • Picos previstos • Mais objeções dos prospects • Maior conhecimento de técnicas pelo

operador • Adequando ao tamanho do esforço de

vendas Quadro 2: Diferenças dos tipos de telemarketing Fonte: MATOZO, 2000, p. 115.

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A definição de que tipo de telemarketing será utilizado pela empresa deve

ser feita logo quando surgir a idéia de se estruturar essa ferramenta na empresa.

No receptivo, o cliente toma a iniciativa de ligar para a empresa, já no ativo é a

empresa quem liga para o cliente. A decisão pelo ativo ou receptivo irá nortear e

afetar uma série de outras atividades que vão desde a mensuração do fluxo de

chamadas até a escolha da mídia para a divulgação do sistema de atendimentos.

A linha que separa as ligações ativas das passivas está cada vez mais

tênue. As empresas que optam trabalhar com um único tipo de atuação, na

maioria das vezes, expandem as funcionalidades para operar com os dois

pacotes; caso contrário, os benefícios do telemarketing ficam muito restritos;

conforme descrito por Luciano Matozo no Quadro 03 abaixo:

Aplicações do telemarketing

Receptivo

Ativo

• Serviços 0800 e 0900 • Processamento de pedidos • Serviços a clientes • Lançamento de novos produtos • Vendas • Reativação de clientes • Cobrança • Recuperação de falta de produtos • Retorno de reclamações • Complemento de pedidos/cargas • Pós-vendas • Divulgação de promoções • Realização de pesquisas • Cobrança • Promoções • Informações diversas

• Pesquisas • Ações pós-venda • Retorno de Informações – ligação com

processamento de pedidos • Administração de clientes • Atendimento a consumidor • Promoções • Vendas • Troca de produtos • Atendimento a reclamações • Ligações provenientes de PABX • Atendimento a sugestão de clientes • Retorno de pesquisas • Informações diversas

Quadro 3: Aplicações do telemarketing Fonte: MATOZO, 2000, p. 118.

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Percebe-se que essas aplicações expandiram a utilização do telemarketing

como canal de comunicação com o cliente. Prestar serviços, tratar reclamações,

solucionar problemas, dar informações a uma variedade de dúvidas enriquecem a

extensão de possibilidades dessa ferramenta.

2.4 A eficiência do atendimento no telemarketing - call center

Os aspectos emocionais, cada vez mais serão priorizados nos processos de

decisão e de compra das pessoas. Sendo necessário o investimento contínuo em

treinamento aos atendentes do Call Center, com cargas maciças de informações,

visando um atendimento à altura da construção de vantagens competitivas

sustentáveis para a empresa em que trabalham, ou para a qual prestam serviços.

Afinal, é perceptível o quanto os produtos se igualaram, a qualidade é a mesma,

os prazos de entrega e os preços coincidem entre os vários concorrentes.

A operação de telemarketing é construída sobre um tripé básico composto

de: Gestão, Bando de Dados e Infra-estrutura, conforme exposto por Luciano

Matozo no quadro 4 a seguir:

Gestão Infra-estrutura Banco de Dados Quadro 4: Tripé básico do Telemarketing Fonte: MATOZO, 2000, p. 54.

Atendente

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Para Luciano Matozo “por mais que tenhamos profissionais bem-treinados,

não estaremos ainda com boa sustentação, pois este é o lugar onde os problemas

mais aprecem”. Ou seja, esse jogo será decidido nas trincheiras dos bastidores da

empresa, no emaranhado de seus complexos processos logísticos, faturamento,

gestão de estoques, distribuição, vendas, treinamento. Onde os recursos têm de

estar disponíveis e à mão do operador para que isso se torne impossível. Então,

mais do que falar em treinamento dos operadores, deve-se falar em gestão de

mudança. Um projeto de telemarketing bem sucedido assim exige. E como tal, não

deverão ser treinados somente os guerreiros finais dessa linha de combate, mas

toda a organização há se de preparar para trabalhar com o novo conceito.

(MATOZO, 2000, p. 56)

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CAPÍTULO III – PARÂMETROS PARA UM ATENDIMENTO

DE QUALIDADE

Embora um serviço superior seja difícil de desenvolver e manter, está ficando

cada vez mais fácil encontrá-lo. Na maioria dos setores, a desregulamentação, a

globalização e a convergência de mercados estão criando um número ainda maior

de concorrentes. No mercado abarrotado de hoje, o serviço ou já é ou irá se tornar

um fator essencial de diferenciação.

O autor Roland Bee apresenta os princípios fundamentais da excelência em

atendimento ao cliente:

• a empresa está totalmente comprometida em proporcionar um excelente atendimento ao cliente e ele é o principal centro de atenção em toda a companhia; e

• todos os funcionários estão cientes e comprometidos com a visão de excelência em atendimento ao cliente. (BEE, 2002, p. 19)

A visão de futuro de várias empresas aparece muitas vezes na forma de

declarações de princípios ou de intenções apoiadas pelo que o autor Roland Bee

chama de “valores essenciais”. Essas declarações são planejadas para expor aos

clientes, funcionários, fornecedores, etc. o objetivo que a empresa deseja alcançar

e o modo como deseja alcançá-lo. (BEE, 2002, p. 20)

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Roland Bee apresenta no Quadro 05, os tipos de fatores que aparecem

constantemente, influenciando o atendimento:

Fatores que contribuem para o excelente atendimento ao cliente

Fatores que contribuem para o péssimo atendimento ao cliente

• Funcionários informados e profissionais. • Funcionários simpáticos e atenciosos. • Funcionários prestativos, mas não

insistentes. • Eles me ouviam. • Eles assumiam a responsabilidade. • Eles cumpriam o que prometiam. • Eles me mantinham informado – eu não

precisava procurar. Eles respondiam prontamente à minha dúvida/problema.

• Eles pareciam orgulhosos de seu (sua) produto/serviço/empresa)

• Ninguém sabia informar nada. • Ninguém parecia interessado ou

preocupado. • Eles queriam se livrar de mim – a tarefa ou a

culpa eram sempre de outra pessoa. • tratavam-me como se eu fosse um

mentiroso ou um idiota. • Comportavam-se como se a culpa fosse

minha. • Estavam sempre atrasados – nunca vinham

quando prometiam. • Eu tinha que ficar no pé deles o tempo todo. • Sempre se queixavam sobre os colegas/a

gerência/a empresa). Quadro 05: Fatores que influenciam o atendimento Fonte: BEE, 2002, p.22

Normalmente, segundo afirmações deste autor, as reações das pessoas em

relação a essas experiências são muito parecidas, conforme, demonstrado no

Quadro 06, a seguir:

Reações ao EXCELENTE atendimento

ao cliente

Reações ao PÉSSIMO atendimento

ao cliente • Fiquei muito satisfeito e feliz. • Senti-me importante. • Pensei em voltar a usar seus serviços no

futuro. • Queria contar a todos como foram bons.

• Fiquei aborrecido. • Fiquei muito zangado. • Senti-me humilhado. • Senti-me sem apoio. • Prometi nunca voltar lá. • Queria que todo o mundo soubesse como

foram péssimos.

Quadro 06: Reações das pessoas em relação às experiências Fonte: BEE (2002), p. 22

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O que também surpreende é a duração dessas reações. E disto, o que

podemos aprender é que o bom/mau atendimento ao cliente pode gerar emoções

intensas e resultar em alguns benefícios notáveis ou conseqüências desastrosas.

Assim, não existe somente a oportunidade de manter ou perder o cliente em

questão, mas também a de ganhar ou perder muitos outros. As pesquisas

mostram que alguém que teve uma péssima experiência como cliente irá contá-la

para pelo menos dez outras pessoas.

3.1 Competências essenciais

Para alguns estudiosos, uma das competências essências para o

atendimento de qualidade é o cumprimento de prazo. A falta de agilidade no

atendimento é um dos itens que mais aborrecem o cliente. Muitas empresas ainda

não perceberam que o cumprimento de prazo na entrega do produto, constitui um

fator importante de competitividade. Ao tratar-se de prestação de serviços, por

exemplo, de consertos e construções, se o prazo é antecipado, provavelmente

contribuirá para encantar o cliente. A pessoa satisfeita e encantada certamente

contará para outros sete, com isso o leque de clientes aumentará e o negócio

permanecerá por tempo mais duradouro.

A confiabilidade e a credibilidade da empresa farão com que os clientes

voltem a procurar quem deseja ajudá-los e têm em mente seus melhores

interesses.

Quando os clientes querem um serviço, normalmente o desejam

imediatamente. A capacidade de resposta exige disponibilidade, acessibilidade e

disposição para ajudar clientes quando eles têm algum problema.

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A empatia, também considerada importante no atendimento, corresponde à

capacidade de colocar-se no lugar do cliente, onde cada pessoa é única e merece

ser tratado como tal.

Selecionar cuidadosamente os funcionários a linha de frente, quer dizer,

escolher pessoas cordiais com os atributos: capacidade para fazer julgamentos

sensatos em circunstâncias estressantes, tendência para solucionar problemas,

desejo de agradar, perspectiva naturalmente otimista – é preciso também dar-lhes

autoridade para desempenharem a função com eficiência. Juntamente com esta

ação, é necessário oferecer treinamento funcional suficiente – os clientes querem

ser servidos por funcionários qualificados. Devem ser regulares proporcionando-

lhes atualização e desenvolvimento.

Criar um sentido de participação, refere-se ao reconhecimento do

funcionário; sendo este um motivador importante e uma ferramenta fundamental

para nutrir um ambiente comprometido com o serviço de atendimento ao cliente.

Clientes desejam regularidade e estabilidade, assim, deve-se evitar a

liberação prematura de produtos, conceitos e políticas – colocar um produto ou

serviço novo no mercado antes de sua conclusão.

Facilitar a vida do cliente é outro diferencial importante, ou seja, a empresa

deverá disponibilizar número de telefone gratuito, linhas suficientes, rapidez neste

atendimento, correspondência com porte pago para resposta, procedimento

simples para reembolso ou troca de produtos, não suponha que o cliente tenha

extenso conhecimentos do produto ou serviço, fale e escreva em linguagem

simples sem termos técnicos ou jargão empresarial, questione os desertores.

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Para James Unruh, “as organizações querem funcionários que tenham uma

propensão para servir” – isto é, pessoas que genuinamente gostem de pessoas.

Considera também a importância de fazer com que os funcionários realizem bem

seu serviço, treinando-os para conhecer e servir aos clientes; devem receber

autoridade para decidir em nome dos clientes; e têm de ser recompensados e ter

sua atuação reconhecida quando fazem as coisas certas. O investimento é tanto

psicológico quanto financeiro, e, todos devem ser incentivados a se preocuparem

com os clientes e devem gostar de fazê-lo. (UNRUH, 1998, p.106)

Mesmo com avanços tecnológicos que permitem novas relações eletrônicas

e novas experiências baseadas em trocas de informações, que transferem em

alguns casos a compra com a presença do vendedor para a compra eletrônica, a

compra por catálogo ou a venda direta.

O autor Luciano Matozo (2000) considera “impensável a substituição total

do elemento humano, do contato humano nas transações comerciais.” A imagem

de uma empresa é construída, entre alguns outros fatores, sobretudo com o que é

repassado aos clientes pelos próprios funcionários. Os consumidores, quando

procuram as organizações, conversam com pessoas. Entram em contato com

pessoas. Reclamam com seus funcionários dos processos, dos produtos e dos

serviços dessa empresa. Quando falam com um funcionário da empresa, não

querem falar com o rapaz que trabalha das oito às seis da tarde, que recebe seu

salário todo o final de mês ou que está em um projeto de implantação de um

sistema qualquer. Quando falam com este funcionário, muito mais do que isso

estão falando com a companhia. Estão observando os processos, os valores, as

políticas, os procedimentos. Estão entrando em contato com a imagem de

competência e eficácia daquela organização. Ou não. Enfim, um dos maiores

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pontos de contato entre a empresa e seus clientes, está nestas relações ainda

bastante humanizáveis. Os consumidores não distinguem os funcionários da

empresa, pelo contrário, para eles os funcionários se tornam a percepção da

qualidade de seus produtos ou serviços. Assim, se o atendimento for prestado a

contento, ponto positivo para a organização, caso contrário, sua imagem

começará a ser arranhada. (MATOZO, 2000, p. 48)

Assim, mais do que um produto genérico, as pessoas compram a aparência

física do produto, suas características, seus benefícios, sua qualidade e estilo,

compram a marca da empresa (produto esperado). E não param por aí, segundo,

querem também garantia, programas de comunicação, mensuração de satisfação,

eventos especiais, apoio de serviço, instalação (produto ampliado). Assim, para

Luciano Matozo, o bom atendimento:

(...) é construído sobre bons processos, sobre a troca de informações entre os vários departamentos, sobre a quebra de barreiras de comunicação internas ainda tão freqüentes em nossas organizações, na agilidade em que resolvemos nossos problemas, no cumprimento de condições acordadas com os clientes, no conhecimento de nossos produtos, dos nossos mercados, dos nossos concorrentes, na agilidade de como tudo isso é feito, no reconhecimento individual de cada cliente, dos seus históricos de vendas e de seus hábitos de compras, no valore intangível da solução de uma necessidade ou de algum problema que motivou esses mesmos clientes a estarem nos procurando, a forma respeitosa, competente e humana com que os tratamos. (MATOZO, 2000, p. 52)

Portanto, fica claro que o bom atendimento não será construído por um

departamento específico. É baseado em ações e esforços conjuntos da

organização, não se trata unicamente de um amontoado de medidas simples

operacionais.

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O autor Roland Bee cita como as competências para um atendimento de

qualidade:

1- empatia - ou seja, a capacidade de se colocar no lugar dos clientes – enxergar os acontecimentos e as circunstâncias do ponto de vista deles, ouvir com seus ouvidos e experimentar seus sentimentos. Isso acontecerá quase que automaticamente ao se atingir um ótimo relacionamento. As vantagens se duplicam: é muito mais fácil proporcionar a qualidade de atendimento que o cliente deseja se você souber exatamente como ele interpreta uma situação e como ele se sente frente a ela; além disso, ao se dar ao trabalho de penetrar e compreender o mundo do cliente, você está demonstrando que tem tempo para dedicar a ele o que considera importante.

2- ouvir com atenção - as pessoas aprendem a falar e a escrever, mas ninguém ensina a ouvir. Entretanto, a nossa capacidade de ouvir eficientemente é, muitas vezes, bastante limitada. Saber ouvir envolve: estar atento e demonstrá-lo; prestar atenção não só ao que é dito, mas também a como é dito; assimilar e interpretar as mensagens não-verbais; esforçar-se não só para ouvir, mas também para entender; e rememorar e resumir – usando suas próprias palavras ao repetir o que ouviu, para que possa checar se compreendeu a mensagem correta.

3- fazer perguntas eficientes - oferecer excelência em atendimento ao cliente depende de termos as informações corretas. Ter acesso a elas rapidamente é uma habilidade que pode ser desenvolvida e depende do tipo de informações que está buscando obter. (BEE, 2002, p. 112)

3.2 A cultura do bom atendimento

Geralmente, ao perder um cliente não se perde somente uma venda, mas

potencialmente uma vida inteira de vendas. Considerando-se que pode ser muito

dispendioso conquistar um cliente por meio de propaganda e outros custos de

marketing, possivelmente represente uma surpresa o fato de algumas empresas o

tratarem com tanta negligência.

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Assim, não importa o quanto se invista na maximização do seu retorno

sobre clientes, você não verá nenhum retorno econômico a não ser que construa

uma cultura de confiança. Essa cultura deve encorajar, permanentemente, a todos

em sua empresa, a ver o seu negócio sob a perspectiva do cliente. Somente então

você será capaz de colocar os processos, a tecnologia e a estrutura

organizacional no caminho do sucesso.

Transformar a organização, cultural, sistemas de informação e cadeia de

valor poderá exigir uma enorme mudança – não apenas de processos e

tecnologias, mas de mentalidades, cultura e, em alguns casos, de pessoas.

Segundo o autor Don Peppers, “deve ser repensado o modo como seus

empregados interagem com os clientes, como seus produtos e serviços estão

posicionados, tanto interna quanto externamente, e como seus empregados são

treinados e remunerados”. A cultura certa levará os empregados a desejar

resolver os problemas do cliente e assegurar-lhes satisfação. Mas é preciso que

se delegue a eles esse poder. Se a missão da empresa for criar valor corporativo

duradouro, mediante a maximização do retorno sobre clientes, os empregados

devem ter a capacidade de agir conforme a necessidade, lidando com um cliente

de cada vez. (PEPPERS, 2005, p. 97)

3.3 Foco nos clientes

Se a organização não focalizar em seus clientes, os concorrentes focalizam

nos deles. E os clientes sabem onde encontrar esses concorrentes. No

relacionamento comprador-vendedor, o equilíbrio de poder mudou para o lado do

comprador. Os compradores exigem atendimento personalizado e parcerias com

os vendedores – e estão conseguindo. As empresas que oferecem o que os

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clientes exigem estão obtendo recompensas financeiras. Ou seja, o foco no cliente

é um programa com duração definida. Ele requer um compromisso permanente de

todos os recursos da organização.

Pode parecer óbvio afirmar que atender às necessidades dos clientes é

parte essencial da excelência do atendimento ao cliente. Certamente tudo gira em

torno desse fator: somente irá existir interação se você estiver fornecendo algo de

que o cliente precise.

Para ser bem-sucedida, a estratégia orientada para o cliente depende da

capacidade e do desejo dos funcionários em implementá-las. As organizações têm

de desenvolver funcionários orientados para o cliente – que sirvam aos clientes

por iniciativa própria. Esse desenvolvimento ocorre mediante seleção de pessoal,

comunicação, educação e programas de recompensa e reconhecimento. Para os

funcionários orientados para o cliente são aqueles que fornecem os serviços que

ele exige.

Para David Garvin, “o foco no cliente aumenta os lucros, tendo em vista que

as empresas que sabem o que e quando vender aos seus clientes em geral

conseguem obter preços mais elevados”. Os clientes satisfeitos também atraem

novos clientes, cujo recrutamento sai mais barato e que tendem mais a comprar. E

quando a empresa focaliza coisas que interessam aos clientes, seus custos

diminuem à medida que se eliminam operações desnecessárias ou ineficientes.

(GARVIN, 2002, p. 74)

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3.3.1 Confiança dos clientes

A confiança dos clientes pode ser facilmente quebrada. Mas não é fácil

conquistá-la. O segredo para essa confiança é olhar as coisas a partir do ponto de

vista dos clientes. Será necessário que cada atendente trate o cliente da mesma

forma como gostaria de ser tratado se estivesse no lugar deles. Isso seria uma

garantia de que os clientes estarão recebendo da empresa o maior valor possível

e de que, conseqüentemente, ao longo do tempo você extrairá o maior valor

possível dos seus clientes.

Segundo Don Peppers (2005), “ver as coisas da perspectiva do cliente –

isto é, ver sua empresa e seus produtos com os olhos do cliente – é um pré-

requisito para motivar os clientes a mudar o seu comportamento”. Qualquer

empresa que deseje conquistar a confiança genuína de seus clientes deverá levar

seus empregados e parceiros a se concentrarem nesse mesmo prima do cliente. E

isso é o aspecto mais importante da “orientação ao cliente” em uma empresa.

Conquistar e manter a confiança dos clientes é o equivalente a assumir o seu

ponto de vista. (PEPPERS, 2005, p. 37)

Portanto, por que assumir o ponto de vista do cliente? Don Peppers

responde:

Porque confiança é bem mais que um sentimento bom e agradável. É possível medir as maneiras como a confiança do cliente cria valor para o seu negócio em termos de receitas, custos, produção, logística, folha de pagamentos e todo o resto. (PEPPERS, 2005, p. 38)

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Podemos dizer que quanto maior for o entendimento das necessidades de

nossos clientes, mais capacitados estaremos para nos antecipar a elas.

Desejamos descobrir o que motiva os comportamentos distintos de cada cliente

para que possamos construir apelos específicos para essas motivações ou

satisfazer essas necessidades de um modo mais eficaz e relevante. Assim, o que

realmente desejamos é entender a perspectiva do cliente de maneira mais precisa

possível. Queremos ser esse cliente, pensar como ele, sentir o que ele sente.

Quando o trabalho de assumir o ponto de vista do cliente é bem feito, poderemos

nos antecipar aos seus desejos antes que nos digam quais são.

3.3.2 Conquistar novos clientes

Conquistar um novo cliente pode custar cinco vezes mais que conservar um

já existente. Por isso, segundo David Garvin, “quando as organizações falam

sobre conquistar novos clientes, elas em geral se referem ao aumento da

participação dos atuais clientes em seu portfólio”. Para aumentar essa

participação é preciso conhecer os clientes muito bem, geralmente por meio de

uma análise cuidadosa dos bancos de dados de clientes, que mostram o que eles

comprarão e para quando se pode prever a compra. Essas informações também

são utilizadas para a escolha seletiva de novos clientes que serão lucrativos, se

beneficiarão dos serviços da organização e se enquadrarão no perfil de cliente fiel.

(GARVIN, 2002, p. 65)

Embora a conquista de uma nova conta ainda provoque emoções em

muitos profissionais de vendas, para as empresas isto pode não ser assim tão

emocionante. A menos que a nova conta seja selecionada com precisão, o custo

de conquistá-la pode ultrapassar os benefícios que ela traz. Em vez disso, muitas

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empresas procuram aumentar a participação dos antigos clientes na carteira, o

que constitui um modo muito mais lucrativo de conseguir novos negócios.

3.3.3 Reter clientes

Joel Santos afirma que “toda empresa deveria ter um programa permanente

de incentivos para premiar os clientes fiéis, para que eles voltem a fazer novas

compras.” Os programas de incentivos são importantes para dizermos aos clientes

“muito obrigado” e, é uma excelente maneira de saber quem são os melhores. Os

clientes satisfeitos não mudam sem uma boa razão, no entanto, não basta ter

esses clientes meramente satisfeitos, é preciso encantá-lo para tê-lo sempre.

(SANTOS, 1995, p. 88)

A retenção de clientes é uma das questões estratégicas mais importantes

enfrentadas pelas empresas na década de 1990. A retenção é fundamental para

aumentar os lucros e permanecer competitiva. Os estudos demonstram que uma

mudança de 5% na taxa de retenção de clientes pode provocar uma alteração de

25 a 100% em qualquer das duas direções. A não-percepção do alto custo da

perda de clientes decorre, em parte, de uma política agressiva de vendas e

marketing. Em muitas empresas, o trabalho envolvido na retenção de clientes é

visto como enfadonho e entediante. Onde, empolgante mesmo é a atividade de

vendas. Clientes insatisfeitos são vistos como reclamantes crônicos que não

valem o esforço exigido para satisfazê-los

A retenção de clientes significa negócios – aumentos na renda e no lucro.

As empresas retêm os clientes quando desenvolvem um relacionamento com eles.

Elas começam por se tornarem acessíveis a seus clientes. Têm, então, de

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mostrar-se responsáveis, comprometidas e desejosas de aprender, e demonstrar

que valorizam seus clientes. Os relacionamentos com os clientes, a exemplo das

relações pessoais, não se sustentam por si mesmos. Requerem esforço e atenção

contínuos. Apenas as empresas dispostas a investir tempo e dinheiro colherão as

recompensas de estabelecer relacionamentos duradouros com os clientes.

Em uma empresa a retenção de clientes poderá ser ou não a variável mais

adequada para uma tentativa de avaliação. Os valores de clientes podem mudar

de muitas maneiras. A perda ou retenção de clientes é como um interruptor “liga-

desliga”, mas na maioria das categorias, devemos pensar nos clientes mais

apropriadamente como botões de ajuste de volume. Aumentar o volume de

negócios realizado por um cliente, ou pelo menos, evitar a sua diminuição,

poderiam em muitos casos, ser um objetivo mais útil.

3.3.4 A voz dos clientes

A voz dos clientes é a fonte mais rica de informações e constitui uma arma

competitiva contra a concorrência. Assim, se a empresa tiver disposta a ouvir os

seus clientes, eles lhe dirão como satisfazer suas necessidades. Cada cliente tem

expectativas e desejos diferentes que precisam ser atendidos. E para que isso

ocorra, a empresa precisa ouvi-lo; pois, ouvir cada vez mais os clientes nos dias

atuais é uma questão de inteligência. Se o concorrente já ouve a voz dos clientes,

com certeza você terá que ouvi-la muito mais.

Para vários autores, o primeiro passo para conhecer os clientes é ouvi-los.

A empresa precisa escutar o que seus clientes dizem sobre seu pessoal, produtos,

serviços e visão. As empresas precisam de muitos tipos diferentes de informações

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a respeito de seus clientes. É óbvio que elas querem saber o que os clientes

pensam sobre elas, seus produtos e concorrentes, mas também precisam saber

sobre a vida pessoal de seus clientes. Essas informações as auxiliam a

desenvolver produtos e serviços de importância para os clientes. Para isso, é

preciso ouvir todos os clientes: satisfeitos, insatisfeitos, neutros e os que poderão

se tornar clientes.

Também importante, é a atitude de ouvir os funcionários, uma vez que o

que eles contam sobre os clientes é tão importante quanto ouvir os próprios

clientes. Isso tem dois objetivos. Um é o de obter informações de quem está mais

perto do cliente. O outro consiste em demonstrar respeito pelas opiniões dos

funcionários, o que aumenta a motivação deles para servir melhor ao cliente.

Para David Garvin, “as empresas diferem muito em sua orientação quanto

ao tratamento dado às reclamações e na importância por elas atribuída a este

elemento de atendimento”. Algumas fazem o que podem para resolver as

reclamações; outras recorrem a artifícios legais, ao tratamento silencioso e a

outros recursos do gênero para aplacar clientes insatisfeitos. Outras empresas

instalam linhas telefônicas gratuitas e diretas para melhorar o acesso às

reclamações dos clientes. Seus esforços se originaram de um reconhecimento do

potencial do atendimento para a concorrência e de uma vontade de se diferenciar

com maior capacidade de resposta. (GARVIN, 2002, p. 37)

As reclamações dos clientes, segundo Roland Bee, são como uma faca de

dois gumes. “Por um lado, elas são usadas para medir o atendimento

insatisfatório, mas por outro, representa uma fonte de informações inestimável

sobre as necessidades e expectativas dos clientes”. Embora possa parecer

estranho, um número cada vez maior de empresas encara o recebimento de

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reclamações como um fator positivo. Diz-se com freqüência que, para cada

reclamação ouvida, existem outros vinte clientes que não se incomodam em

reclamar – eles simplesmente procuram outro lugar. Receber uma reclamação

pelo menos proporciona a oportunidade de fazer algo a respeito. Se você não

receber a queixa, não há nada que possa fazer para corrigir o problema. A

reclamação de um cliente oferece uma excelente oportunidade para mostrar o

quanto você é bom e há provas de que um cliente cuja reclamação é resolvida

satisfatoriamente torna-se um cliente mais leal do que outro que nunca teve

motivos para reclamar. Uma queixa que seja mal recebida ou que tenha um

atendimento mal encaminhado, porém fará com que o cliente fique ainda mais

zangado do que estava com o motivo original de sua reclamação, e o estimulará a

contar essa experiência a pelo menos dez outros clientes ou clientes em potencial.

(BEE, 2002, p. 42)

Geralmente pensamos nas reclamações em termos do cliente externo, mas

os princípios para lidar com as queixar do cliente interno são exatamente os

mesmos. Existem, porém algumas diferenças. Muitas reclamações de clientes

internos são tratadas informalmente como parte do relacionamento normal de

trabalho e, muitas vezes, não há qualquer sistema para monitorá-las.

Conseqüentemente, pode-se perder a oportunidade de aprender com elas. Da

mesma forma que ocorre com clientes externos, alguns clientes internos podem

relutar em reclamar no caso de o resultado ser desagradável e, mais uma vez –

como ocorre com clientes externos – sentem-se prejudicados. Os efeitos

secundários podem ser ainda mais graves do que no caso dos clientes externos,

porque poderão prejudicar significativamente um trabalho de equipe eficiente.

A voz do cliente, em alguns casos somente se faz presente por ações

judiciais que visam a busca por direitos previstos no Código Brasileiro de Defesa

do Consumidor; tema tratado no próximo capítulo.

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CAPÍTULO IV – CÓDIGO BRASILEIRO DE DEFESA DO

CONSUMIDOR

O Código de Defesa do Consumidor - CDC foi fruto de uma expressa

determinação constitucional que buscou preencher uma lacuna legislativa

existente no Direito Brasileiro, onde as relações comerciais, tratadas de forma

obsoleta por um Código Comercial do século XIX, não traziam nenhuma proteção

ao consumidor. Assim, tornava-se necessária a elaboração de normas que

acompanhassem o dinamismo de uma sociedade de massas que se formou no

decorrer do século XX, conforme dispunha a Constituição de 1988 no seu artigo

5°, inciso XXXII: que “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do

consumidor”. O art. 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,

determina que o “Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da

promulgação da Constituição, elaborará Código de Defesa do Consumidor”.

O Código Brasileiro do Consumidor (Lei nº 8.078, de 11 de setembro de

1990), trata de uma “política nacional de relações de consumo”, ou seja, uma

“filosofia de ação”, exatamente porque não se trata tão-somente do consumidor,

senão da almejada harmonia das sobreditas “relações de consumo”. Este Código

gerou importantes mudanças que, no decorrer dos anos 90 e na primeira década

do século XXI, mudaram consideravelmente as relações de consumo, impondo

uma maior qualidade na fabricação dos produtos e no próprio atendimento das

empresas de um modo geral.

Assim, embora se fale das necessidades dos consumidores e respeito à

sua dignidade, saúde e segurança, proteção de seus interesses econômicos,

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melhoria da sua qualidade de vida, já que sem dúvida são eles a parte vulnerável

do mercado de consumo, justificando-se dessarte um tratamento desigual para

partes manifestamente desiguais, por outro lado se cuida de compatibilizar a

mencionada tutela com a necessidade de desenvolvimento econômico e

tecnológico, viabilizando-se os princípios da ordem econômica de que trata o art.

170 da Constituição Federal, e educação – informação de fornecedores e

consumidores quanto aos seus direitos e obrigações:

TÍTULO VII

Da Ordem Econômica e Financeira

CAPÍTULO I

Dos Princípios Gerais da Atividade Econômica

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do

trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a

todos, existência digna, conforme os ditames da justiça

social, observados os seguintes princípios:

I - soberania nacional;

II - propriedade privada;

III - função social da propriedade;

IV - livre concorrência;

V - defesa do consumidor;

VI - defesa do meio ambiente;

VII - redução das desigualdades regionais e sociais;

VIII - busca do pleno emprego;

IX (*)- tratamento favorecido para as empresas de pequeno

porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua

sede e administração no País.

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4.1 Código ou Lei?

O Brasil tem hoje um Código de Defesa do Consumidor ou uma mera lei

legal? A indagação merece ao menos uma rápida abordagem. Não resta a menor

dúvida de que o texto constitucional, expressamente, reconheceu que o

consumidor não pode ser protegido – pelo menos adequadamente – com base

apenas em um modelo privativo ou em leis esparsas, muitas vezes contraditórias

ou lacunosas. O constituinte, claramente, adotou a concepção da codificação, nos

passos da melhor doutrina estrangeira, admitindo a necessidade da promulgação

de um arcabouço geral para o regramento do mercado de consumo.

Então, se a Constituição optou por um Código, é exatamente o que temos

hoje. O Código, como não poderia deixar de ser, foi buscar sua inspiração em

modelos legislativos estrangeiros já vigentes. Os seus redatores, contudo,

tomaram a precaução de evitar, a todo custo a transcrição pura e simples de

textos alienígenas.

A idéia de que o Brasil e o seu mercado de consumo tem peculiaridades e

problemas próprios acompanhou todo o trabalho de elaboração. Como resultado

dessa preocupação, inúmeros são os dispositivos do Código que, de tão

adaptados à nossa realidade, mostram-se arredios a qualquer tentativa de

comparação com esta ou aquela lei estrangeira.

Na origem dos direitos básicos do consumidor está a Resolução nº 39/248,

de 09 de abril de 1985, da legislação de Portugal e da Assembléia Geral da

Organização das Nações Unidas. O Código também sofreu influência do Direito

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Comunitário Europeu, do Direito Norte-Americano, do sistema legal de proteção

ao consumidor dos Estados Unidos.

A partir da lei 8.078, de 11 de setembro de 1990, produtos e serviços foram

aperfeiçoados e o mercado passou a ouvir dúvidas e reclamações de seus

clientes.

4.1.1 Estrutura básica do Código

O Código apresenta estrutura e conteúdos modernos, em sintonia com a

realidade brasileira. Entre suas principais inovações cabe ressaltar as seguintes:

• formulações de um conceito amplo de fornecedor, incluindo a um só tempo, todos os agentes econômicos que atuam, direta ou indiretamente, no mercado de consumo, abrangendo inclusive as operações de crédito e securitárias;

• um elenco de direito básicos dos consumidores e instrumentos de implementação;

• proteção contra todos os desvios de quantidade e qualidade (vícios de qualidade por insegurança e vícios de qualidade por inadequação);

• melhoria do regime jurídico dos prazos prescricionais e decadências;

• ampliação das hipóteses de desconsideração da personalidade jurídica das sociedades;

• regramento do marketing (oferta e publicidade); • controle das práticas e cláusulas abusivas, bancos de dados e cobrança de dívidas de consumo;

• introdução de um sistema sancionatório administrativo e penal;

• facilitação do acesso à justiça para o consumidor; • incentivo à composição privada entre consumidores e fornecedores, notadamente com a previsão de convenções coletivas de consumo. (CÓDIGO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, 2004, p. 37)

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4.2 Mudanças ocorridas com a criação do código de

defesa do consumidor

Com a criação do Código em 1990, as organizações se viram forçadas a

mudarem a forma de se relacionar com os clientes.

Algumas empresas passaram a tratar o cliente com mais respeito e

atenção; mesmo que fosse com o intuito de evitar o peso da legislação, como

também o de um marketing negativo.

Diante das diretrizes previstas no Código, a melhoria das relações de

consumo, depende do fator humano, o que exige mudança de comportamento e

estratégias na implantação de um atendimento de qualidade, visando solucionar

problemas, e evitar exposição negativa na mídia e futuros prejuízos financeiros

oriundos de ações judiciais por perdas e danos, supostamente movidas por

clientes insatisfeitos.

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CONCLUSÕES

Esta monografia teve como objetivo principal apresentar competências

essenciais para um atendimento de excelência; e, também a relevância do

atendimento como diferencial competitivo.

Para tal realizou-se pesquisa bibliográfica sobre o tema proposto, no

período de 1995 a 2005, considerando o cenário brasileiro. Onde foi possível

verificar que o atendimento de qualidade tornou-se um fator de diferenciação

competitiva tão importante que deixou de ser responsabilidade exclusiva de um

pequeno grupo de pessoas e passou a ser responsabilidade de todos os

funcionários, devendo ser proativo em vez de reativo, resultando em conquista e

retenção de clientes.

Não se percebe um número exato de competências essenciais para o

atendimento de excelência. No entanto, alguns aspectos merecem atenção por

parte das organizações. Constatou-se que, para alcançar um atendimento de

excelência, são imprescindíveis as competências: rapidez, flexibilidade, empatia,

credibilidade, saber ouvir, disposição para resolver problemas, pró-atividade,

enfim, interesse pelo cliente.

É importante considerar que, há limitações no presente estudo, haja vista

seus resultados não permitirem a identificação da fórmula ideal para a implantação

do “atendimento de excelência”, em virtude da pesquisa ter abrangência

generalista a respeito das organizações.

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Quanto à contribuição do estudo para as organizações públicas e

particulares, foi possível identificar características e exigências básicas dos

clientes, quanto o assunto é qualidade no atendimento prestado.

O estudo pode ser considerado como uma possível ferramenta para

reflexão no momento da criação, divulgação, implantação e verificação dos

resultados obtidos com as pesquisas de satisfação de clientes. Espera-se que

esta pesquisa possa fornecer elementos que enriqueçam as ações de melhoria no

atendimento e sua relação com a percepção dos profissionais envolvidos com as

áreas de clientes, estimulando a produção técnica e científica sobre o assunto e

que possa também dar algumas contribuições, como o surgimento de novas

competências para a excelência no atendimento.

Foi possível verificar que o caminho para a excelência organizacional não é

alcançado por iniciativas isoladas, mas consiste em um processo contínuo de

aperfeiçoamento. Quando se trata de atendimento ao cliente, ele envolve o

esforço constante de cada indivíduo para melhorar os serviços que ele, sua equipe

e sua empresa oferecem.

Como sugestões para estudos futuros: o Código Brasileiro de Defesa do

Consumidor é um instrumento que norteia as relações de consumo e acaba por

resultar em melhorias no atendimento; porém observa-se que alguns profissionais

ainda não valorizam o cliente, na forma que a organização almeja. A interferência

do Código na melhoria do atendimento oferecido pelas organizações, poderia ser

explorada com mais profundidade.

Finalizando, destaca-se a importância de saber quem é o cliente, em

conhecer a opinião, desejos e expectativas relação aos produtos adquiridos e ao

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atendimento dispensado pelas empresas; para que assim, a equipe de vendas

consiga fidelizar o cliente, agregar valor ao atendimento e garantir vantagem

competitiva para a organização.

Este trabalho não teve a pretensão de esgotar o assunto, ficando aqui a

sugestão a outros pesquisadores, no sentido de realizar novos estudos a respeito

da relação entre Atendimento e Estratégia Organizacional.

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BIBLIOGRAFIA

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