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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOMOTRICIDADE
AMV − FACULDADE INTEGRADA
PSICOMOTRICIDADE E SÍNDROME DE DOWN
ANA RITA BRITO GONÇALVES
Orientador:
Profa. Ms. Fátima Alves
RIO DE JANEIRO
2012
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOMOTRICIDADE
AMV − FACULDADE INTEGRADA
PSICOMOTRICIDADE E SÍNDROME DE DOWN
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de Especialista em Psicomotricidade.
Por: Ana Rita Brito Gonçalves
RESUMO
O objetivo desta pesquisa é mostrar a importância da psicomotricidade no
desenvolvimento de crianças de 0 a 6 anos de idade portadoras de Síndrome de
Down. Trabalhando com a psicomotricidade através de exercícios que visam
tornar a criança plenamente consciente das atividades que realizam no espaço e
no tempo, tornando essa criança capaz de gestos coordenados, com habilidade
de se locomover no espaço a sua volta de modo harmonioso e ainda ajudar a
conhecer pela visão, audição e tato o mundo que a rodeia.
METODOLOGIA
A pesquisa será desenvolvida de cunho bibliográfico, onde busca investigar
a Síndrome de Down e Psicomotricidade onde as técnicas da Terapia
Psicomotora podem desenvolver essas crianças com a Síndrome de Down.
Autores utilizados para o trabalho dessa pesquisa são: Le Boucht J, Lund-
Ekman, Machado, Carriére e outros.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................. 08
CAPÍTULO I − Psicomotricidade e Síndrome de Down.................................... 10
CAPÍTULO II − Psicomotricidade Infantil ........................................................... 20
CAPÍTULO III − Técnicas psicomotoras para o desenvolvimento da Síndrome
de Down de 0 à 6 anos de idade ............................................. 28
CONCLUSÃO.................................................................................................... 31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 33
ÍNDICE............................................................................................................... 34
8
INTRODUÇÃO
A Síndrome de Down é a Síndrome genética mais conhecida. É
responsável por 15% dos portadores de atraso mental que frequentam instituições
próprias para crianças portadoras de necessidades especiais.
A desordem clínica foi reconhecida pela primeira vez por Langdon Down
em 1866 e antes que se dispusessem de técnicas para demonstrar a anomalia
citogenética, Wandesnburg sugeriu em 1932 que uma anomalia cromossômica
seria responsável pelas manifestações da Síndrome.
A causa da Síndrome de Down é o excesso de material genético
proveniente do cromossomo 21. Seus portadores apresentam três cromossomos
21, ao invés de dois, é denominado de Trissomia do 21.
A criança com Síndrome de Down tem possibilidades de se desenvolver e
executar atividades diárias e até mesmo adquirir formação profissional e no
enfoque evolutivo, a linguagem e as atividades com leitura e escrita, podem ser
desenvolvidas a partir das experiências da própria criança.
A Psicomotricidade tem papel importante nesta trajetória, pois terá que
associar o motor e o cognitivo desta criança com a afetividade, esboçando em
novo ser, cada vez mais evoluído e capaz, rumo a uma independência funcional e
até mesmo social.
A criança com Síndrome de Down deve ter todo o apoio e assistência
familiar, onde a relação afetiva é imprescindível para construção de sua
inteligência e desenvolvimento sensório-motor a participação de uma equipe
interdisciplinar atuando e orientando esta família na convivência com este novo
membro.
Na pesquisa, serão abordados os conceitos de Síndrome de Down e
Psicomotricidade, enfocando o trabalho Psicomotor e enfatizando os seguintes
aspectos:
ü o equilíbrio, a coordenação de movimentos;
9
ü a estruturação do esquema corporal;
ü a orientação espacial;
ü o ritmo;
ü a sensibilidade;
ü os hábitos posturais;
ü os exercícios respiratórios e outros.
10
CAPÍTULO I
Psicomotricidade e Síndrome de Down
Durante os últimos anos, muito se tem descoberto e aprendido sobre as
diferentes anormalidades cromossômicas, alterações genéticas, desordens
bioquímicas e demais problemas relacionados com a Síndrome de Down e outras
disfunções que possam acometer as crianças em seu processo de
desenvolvimento, desde a fase intra-uterina.
Há uma relação importante entre a concepção de crianças com Síndrome
de Down e a idade materna. Após os 35 anos a mulher tem maior probabilidade
de ter filhos com a Síndrome de Down, aos 20 anos o risco é de 1:1600, enquanto
que aos 35 é de 1:370. A Síndrome de Down ocorre em todas as raças e em
ambos os sexos. As características clínicas da Síndrome de Down são congênitas
e incluem, principalmente: atraso mental, hipotonia (fraqueza) muscular, baixa
estatura, anomalia cardíaca, perfil achatado, orelhas pequenas com implantação
baixa, olhos com fendas palpebrais oblíquas, língua grande, protusa e sulcada,
encurvamento dos quintos dígitos, aumento da distância entre o primeiro e o
segundo artelho e prega única nas palmas. O diagnóstico preciso é feito através
do cariótipo, que é a representação do conjunto de cromossomo de uma célula. O
cariótipo é geralmente, realizado a partir do exame de leucócitos obtido de uma
pequena amostra de sangue periférico, é também possível realizá-lo antes do
nascimento, depois da décima primeira semana de vida intrauterina, utilizando-se
tecido fetal.
Uma criança portadora de Síndrome de Down tem tendência espontânea a
melhora, porque o seu sistema nervoso central continua a amadurecer com o
correr do tempo. O problema é que este amadurecimento é mais lento do que o
observado nas crianças normais.
O objetivo dos tratamentos realizados por equipes médicas, psicólogos,
professores, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas
11
psicomotricistas e outros é acelerar o impulso espontâneo do desenvolvimento,
que foi lentificado pela doença.
A criança com Síndrome de Down deve ser encaminhada o mais
precocemente possível, para serviços especializados que orientem os pais sobre
o prognóstico e a conduta terapêutica. A qualidade de vida dos afetados depende,
principalmente dos cuidados da família, a estimulação precoce melhora o
desempenho neuromotor, a hipotonia muscular e a linguagem.
A expectativa de vida para os pacientes com Síndrome de Down é de,
aproximadamente, 35 anos e depende da presença e gravidade da anomalia
cardíaca. Em relação a fertilidade as mulheres com Síndrome de Down têm um
risco 50% de terem crianças igualmente afetadas, enquanto os homens
dificilmente se reproduzem, devido ao atraso mental.
Os pacientes com Síndrome de Down apresentam imunodeficiência, o que
leva a maior suscetibilidade a infecções, além de risco aumentado de desenvolver
neoplasias (câncer), particularmente leucemia. São comuns também distúrbios
respiratórios, estima-se que 65% a 80% dos fetos com Síndrome de Down são
abortados espontaneamente.
A característica mais frequente na Síndrome de Down é o atraso mental, o
desenvolvimento cerebral é deficiente, assim ao nascer os portadores apresentam
microcefalia, é observado um decréscimo do peso total do cérebro, além da
simplificação de seu padrão giriforme. Exames neuropatológicos demonstram que
o cérebro é menor que o normal, além disso, são documentadas deficiências
específicas em áreas que envolvem habilidades visuais, auditivas, de memória e
de linguagem. A psicomotricidade vai desenvolver as funções psíquicas e funções
motoras, na inter-relação entre o psiquismo e o movimento, trabalha a relação
entre o gesto, a afetividade, a interação com o meio e o cognitivo na execução
dos movimentos. Sua ação sobre a aprendizagem acontece desde as primeiras
aquisições neuropsicomotoras da criança com Síndrome de Down. Ao longo de
todo o desenvolvimento infantil, seja através da estimulação psicomotora precoce,
educação psicomotora, reeducação, terapia ou clínica psicomotora.
12
Assim sendo, pode-se entender que a psicomotricidade está intimamente
relacionada ao processo de maturação do indivíduo, pois o corpo é a origem não
somente das aquisições cognitivas afetivas e orgânicas, como também sustenta a
tríade básica dos conhecimentos: o movimento, o intelecto e o afeto. A infância
tem papel importantíssimo e é nela onde todo este processo se inicia, auxiliada
pelas descobertas íntegras e concretas do mundo e realidade vivida pelas
crianças com Síndrome de Down através de estimulação à exploração do mesmo.
1.1 Características Fenotípicas
• Boca:
dentes pequenos;
língua sulcada;
palato elevado em ogiva.
• Olhos:
prega epicantal;
olhos oblíquos;
• Crânio:
occipital plano.
• Mãos:
grossas e curtas;
dedo mínimo à esquerda;
dobra palmar incluindo os quatro dedos.
• Musculatura e Articulações:
hipotomia.
1.2 São características físicas comuns às crianças com Síndrome de Down
• cabeça ligeiramente diminuída, com sua porção posterior achatada
(branquicefalia), e fontanelas (moleiras) aumentadas, levando mais
tempo para fechar;
• pele em excesso (dobras soltas) na porção posterior do pescoço,
podendo desaparecer com o crescimento do bebê, pescoço largo e
grosso;
13
• pode haver falhas de cabelos (alopecia parcial), com caros raros de
alopecia total (ausência de cabelos);
• rosto de contorno achatado, devido, principalmente aos ossos faciais
pouco desenvolvidos e nariz pequeno, com ponte nasal deprimida e
abertura nasal estreita;
• olhos caracteristicamente estreitos, com pálpebras oblíquas, podendo
apresentar dobras epicantais (cantos internos) dos olhos e marcas
brancas (manchas de Brushfiel) na periferia da íris;
• olhos pequenos, às vezes dobrados, com estruturas internas, algumas
vezes, alteradas (canais estreitos);
• boca pequena, com palato (céu da boca) estreito, língua em forma
estriada na 2ª infância, mandíbulas diminuídas, e dentes irregulares.
• abdômen levemente protuberante, devido a hipotonia presente, com
possibilidade e desenvolvimento de hérnia umbilical (96%), tórax
algumas vezes com formato anormal em consequência de cardiopatia
congênita, presente em 40% das crianças;
• mãos e pés tendem a ser pequenos, com o quinto quirodáctilo curvado
pra dentro e grande espaçamento entre o primeiro e segundo
pododáctilo, com uma prega ou sulco entre eles na face plantar;
• sola do pé, 50% delas apresentam prega transversal na palma das
mãos, observada uni ou bilateralmente − prega simiesca.
Convém ressaltar baixo tônus muscular; perfil facial achatado; língua
grande e protusa, mãos com prega palmar transversal única; e baixo peso ao
nascer enfatizando que nem todas as crianças com Síndrome de Down exibem
todas as características supracitadas, podendo ser mais ou menos acentuadas,
individualmente, em uma ou outra criança.
Existem fisiopatologias e incapacidades associadas na criança “Down” que
podem ser neumotoras, devido a anormalidades encefálicas (encéfalo diminuído,
microbraquicefalia e microcefalia), déficit sensorial (hipermetropia − 20% nistagmo
estrabismo; problemas visuais − catarata congênitas ao nascimento − 40% sendo
mais comum defeitos do canal atrioventricular e no septo ventricular).
Apresentam, ainda, diferenças musculoesqueléticas, observadas pelo déficit de
14
crescimento linear e diminuição na velocidade de crescimento em estatura,
membros inferiores encurtados, entre outros. As diferenças musculoesqueléticas
se justificam pela acentuada hipotonia generalizada, fator responsável pelo atraso
motor e a frouxidão ligamentar (déficit de colágeno possivelmente), que resultam
em pé plano, instabilidade patelar, escoliose (52%), instabilidade atlanto-axial
(10% a 15%) instabilidade atlanto-occipital (10% a 12%), justificando a
necessidade de a criança ser submetida a raio X da região cervical, entre 2,5
anos e 3 anos de idade.
A capacidade mental diminuída ou retardo mental justifica o
desenvolvimento intelectual limitado, com variações na junção cognitiva,
classificando-se a maioria na faixa de retardo leve a moderada. A razão para o
retardo mental encontra-se na alteração cromossômica, desencadeadora das
anormalidades cerebrais. A criança com Síndrome de Down apresenta, em sua
maioria, problemas visuais. Entre eles os mais comuns são: miopia,
hipermetropia, astigmatismo, ambliopia, nistagmo e catarata.
Algumas crianças podem apresentar também obstrução dos canais
lacrimais.
Recomenda-se que a criança com Síndrome de Down seja encaminhada
por um Oftalmologista anualmente, para que o procedimento mais adequado se
realize. A correção do problema visual, cirúrgico ou através do uso de óculos, é
muito importante, visto que o estímulo e a percepção visual são indispensáveis à
aprendizagem e às aquisições vestibulares e de locomoção, facilitando o
desenvolvimento dos elementos psicomotores e a interação com o “outro” e com
o meio.
Os problemas auditivos, também acometem os portadores da Síndrome de
Down, podem ser uni ou bilaterais, podem acometer um universo significativo de
crianças com Síndrome de Down.
Cerca de 60 a 80% apresentam rebaixamento auditivo uni ou bilateral. Os
déficits auditivos são leves ou moderados na maioria dos casos, e podem ter
causas diversas, recomendando-se um cuidado menor com as infecções de
15
ouvido, mais frequentes nessas crianças devido ao formato anormal dos ossículos
no ouvido médio. O déficit da acuidade auditiva interfere nas respostas de
equilíbrio e pode comprometer o desenvolvimento global da criança, com
destaque para a linguagem, pela falta de interpretação da informação auditiva.
Outras complicações como distúrbios emocionais, depressão, doença de
Alzheimer, autismo e leucemia tem sido observadas em relação à saúde da
criança, jovem ou adulto com Síndrome de Down.
1.3 Diagnóstico
Nas últimas décadas veem sendo utilizadas técnicas de diagnóstico pré-
natal e estão disponíveis para Síndrome de Down:
− amiocentese (análise cromossômica pela extração do líquido amniótico,
a partir da 14ª a 16ª semana de gravidez); amostra vilo corial (biópsia de
tecido placentário por via vaginal ou través do abdômen) (triagem de
alfafetoproteína que podem estar associada a Síndrome de Down.
Pode-se utilizar como procedimentos diagnósticos pós-parto, a fetoscopia a
amniografia e exames radiográficos, no entanto, suas aplicabilidades são
reduzidas, devido as características fisionômicas aos portadores da Síndrome de
Down, de fácil percepção.
1.4 Quadro Clínico na Síndrome de Down
É caracterizada por vários sintomas e sinais que irão refletir no
desenvolvimento neurológico e físico anormais.
No quadro clínico o mais importante é o retardo físico e mental. O recém-
nascido se apresenta com:
• baixo peso;
• apático;
• reflexos neonatais embotados;
• dificuldades respiratórias;
• icterícia fisiológica prolongada;
16
• hérnia umbilical;
• hiperflexibilidade das articulações com hipotonia muscular generalizada
e severa;
• o crânio é pequeno, com grandes fontanelas e suturas separadas;
• os movimentos costumam ser lentos e sem coordenação.
Podemos dizer que todos os pacientes com esta Síndrome são
mentalmente retardados. Existe, no entanto, uma variabilidade no
desenvolvimento, desde um nível mental baixo totalmente dependente, e sem
comunicação até o paciente que através de medidas terapêuticas especializadas
consegue se beneficiar.
1.5 Equipe Multiprofissional:
A equipe deve ser constituída de profissionais devidamente habilitados em
suas áreas de atuação. A equipe profissional é constituída dos seguintes
profissionais.
• Assistente Social.
• Fonoaudiólogo.
• Fisioterapeuta.
• Fisiatria.
• Terapeuta Ocupacional.
• Psicólogo.
• Neurologista.
• Psicomotricista.
O bom conhecimento entre os elementos é imprescindível para que a
atuação ocorra de forma harmoniosa e integrada. A família deve ser orientada,
apoiada e encaminhada à equipe especial, para que desse modo possam se
habilitar a serem autossuficientes para lidar como problema.
1.5.1 O Serviço Social tem como objetivo
• colher dados sobre o cliente e sua família, através de entrevistas deverá
traçar o perfil socioeconômico e cultural familiar.
17
• Proporcionar ao paciente ou a família, meios para desenvolver sua
capacidade de enfrentar as dificuldades advindas da patologia e do
tratamento.
• Estimular a livre expressão, respeitando a autodeterminação do paciente
com a família.
• Numa postura crítica cabe ao Assistente Social, incentivar a participação
do paciente e família em todo o processo do tratamento, utilizando-se de
recursos internos e externos para um melhor entendimento.
1.5.2 Trabalhar as tensões emocionais
• é responsável também pelas orientações no início do tratamento
resultados da avaliação diagnóstica, oferecer horários, concessão de
licenças, justificativa de faltas, encaminhamento à recursos e outras
solicitações dos pais.
1.5.3 Atividades desenvolvidas pelo Serviço Social
• entrevistas individuais com o paciente e família.
• Reuniões de grupo com familiares.
• Estudo de casos.
• Reuniões de equipe.
1.5.4 Psicologia
O exame psicológico tem por objetivo, observar a criança para verificar
como está o seu desenvolvimento geral.
Esta avaliação deve ser feita o mais cedo possível, entretanto, a ausência
de uma avaliação não irá constituir-se problema quando a família age com bom
senso e intuitivamente realiza a interação de modo afetuoso e tranquilo a criança
irá evoluir satisfatoriamente.
O trabalho do psicólogo é mostrar aos pais como funciona a atenção da
criança, quais as habilidades que esta pode desempenhar informar cada fase e a
possibilidade de progresso. Cada vez que a inteligência se adapta a uma situação
18
nova, está realizando uma construção. À medida que o meio possa os estímulos e
o organismo da criança os recebe, vai criando ações num contínuo equilíbrio.
1.5.5 Fisioterapeuta
A equipe de fisioterapia, através de técnicas especiais irá procurar eliminar
as reações patológicas que a criança com Síndrome de Down apresenta uma
hipotonia generalizada, pois desde o nascimento, seu corpo é flácido, demorando
para adquirir tônus e força muscular.
A fisioterapia trabalhará a motricidade global e apendicular, ou seja, os
movimentos do corpo todo ou de manobras.
A família será orientada pelos profissionais a como segurar o bebê e
estimular as suas reações motoras. Tudo indica que a estimulação adequada e a
participação dos pais na terapia acelera o desenvolvimento motor da criança com
Síndrome de Down.
1.5.6 Terapia Ocupacional
A terapia ocupacional tem por objetivo estimular as áreas sensório-
motores, perceptivas espaciais e ainda hábitos da vida diária.
O profissional irá trabalhar as funções que tornarão a criança
independente. O reforço dado pela valorização dos atos bem feitos, ainda que
lentos, podem acelerar este desenvolvimento. No caso a família deve incentivar
os atos da criança e não preferir para economizar tempo realizar a tarefa, pois
agindo assim está depreciando a atividade da vida diária que é essencial para a
harmonia e progresso do desenvolvimento.
1.5.7 Fonoaudiologia
A fonoaudiologia tem como objetivo de trabalhar melhor as condições
físicas e funcionais desses órgãos, atuando, em três níveis:
• melhorar as condições físicas e funcionais dos órgãos fonoarticulatórios,
auditivos, respiratórios e desenvolver o sistema funcional da linguagem.
19
• Desenvolver as atividades pré-linguísticas (sucção, deglutição,
mastigação) tornando-os independentes nos hábitos de alimentação.
• Desenvolver as atividades linguísticas de recepção e emissão.
1.5.8 Psicomotricidade
Ela se dirige a uma reeducação através de exercícios que visam tornar a
criança plenamente consciente das atividades que realiza no espaço e no tempo.
Tem uma finalidade educativa, pois, vai tornar essa criança capaz de
gestos coordenados, com habilidade de se locomover no espaço à sua volta de
modo harmonioso, e ainda a ajuda a conhecer pela visão, audição e tato o mundo
que a rodeia. É preciso que a criança saiba seguir com seus olhos todas as
coisas que passam diante dela ou se apresentem numa figura, que saiba
abranger todo o campo perceptivo; também é preciso que ouça e reconheça os
diversos ruídos e variados instrumentos, por fim é preciso levar a criança a
reconhecer as variações de temperatura, de consistência, peso e volume.
20
CAPÍTULO II
Psicomotricidade Infantil
O corpo representa o lugar onde se realizam as coordenações sensório-
motoras e a exteriorização da emotividade, entre as percepções e as ações que
se concretizam.
A criança, já ao nascer, manifesta sua presença e mobilidade por suas
atividades reflexas que gradualmente encontrarão a harmonia de movimentos e o
controle motor. O desenvolvimento psicomotor dependerá, pois da maturação do
sistema nervoso e do meio ambiente.
Movida pelo duplo impulso da maturação e das aprendizagens, a criança
vai formando a base e o alicerce para a vida adulta, obedecendo a etapas ou
estágios de desenvolvimento.
A fase importante para trabalhar com todos os aspectos do
desenvolvimento motor, intelectual e sócio-emocional, e na faixa etária
compreendida desde o nascimento até os 8 anos de idade, aproximadamente.
Nesse período, surgem as primeiras dificuldades em todas as áreas de relação
com o meio e, se não forem exploradas e trabalhadas a tempo, trarão prejuízos
nos processos de aprendizagem da criança, com dificuldades na escrita
(disgrafia), na fala (dislalia), na socialização (distúrbio e/ou transtornos
psicomotores), entre outros.
A propósito, o controle do próprio corpo se constitui a meta do
desenvolvimento psicomotor, porque a motricidade não está limitada as
superfícies corporais, uma vez que “caracteriza-se pela maturação que integra o
movimento, o ritmo, a construção espacial, o reconhecimento dos objetos, das
posições, a imagem do nosso corpo e a palavra”, envolvendo relações
permanentes dos fatores neurofisiológicos, psicológicos e sociais.
Logo, a educação psicomotora, reflexo do desenvolvimento
psiconeurológico, desponta como o ponto inicial de todas as aprendizagens da
21
criança. E, sendo uma ação primordialmente educativa, processa-se em etapas
progressivas e específicas, realizando-se por meio de percepções vivenciadas a
partir da espera cognitiva, motora e emocional, deve ser considerada educação
de base na pré-escola, por favorecer o processo ensino-aprendizagem.
Dentre os elementos básicos do corpo psicomotor bem estruturado que
impulsionam a aprendizagem, merecendo destaque:
2.1 Noção do corpo
Para a criança agir através de seus aspectos psicomotores, emocionais,
cognitivos e sociais precisa ter seu corpo organizado, a noção do corpo é
compreendida como uma representação mais ou menos consciente do nosso
corpo, dinâmica e postural posicional e espacial.
A elaboração da noção do corpo estrutura-se, genericamente, durante a
infância e projeta-se em constante evolução durante toda a existência humana.
Sua aquisição revela a capacidade do ser humano reconhecer-se como
objeto no seu próprio campo perceptivo, produzindo sua autoconfiança e
autoestima; o autocontrole, resultante de uma integração sensório-cortical, que
participa de todas as atividades conscientes, no plano motor e sensorial.
A importância do outro no desenvolvimento da noção do corpo é
fundamental, a noção do corpo implica na aquisição da imagem corporal e do
esquema corporal.
2.2 Esquema corporal
O desenvolvimento de uma criança é o resultado da integração de seu
corpo com os objetos de seu meio, com quem convive e com o mundo onde se
estabelecem relações afetivas e emocionais. O corpo organizado da criança é o
ponto de partida de suas ações que se desenvolvem levando em consideração os
aspectos neurofisiológicos, mecânicos, anatômicos e locomotores.
A criança tem seu esquema corporal estruturado, quando ela percebe os
seres e as coisas que a cercam, em função de sua pessoa. O corpo se organiza
22
gradualmente, de acordo com sua experiência, numa construção mental. No
entanto, antes que a criança possa ter seu esquema corporal estruturado, é
necessário que ela obtenha o conhecimento de seu corpo, a unidade de suas
diferentes partes e o domínio de seus movimentos, o que fundamenta a
estruturação espaço-temporal.
2.3 Imagem corporal
Entende-se por imagem corporal a impressão que se tem de si mesmo,
subjetivamente, baseada em percepções internas e externas e na relação com
outras pessoas no próprio meio social; está ligada à atividade cortical. A imagem
corporal é a figuração de nosso corpo formado em nossa mente, ou seja, o modo
pelo qual ele se apresenta para nós.
2.4 Lateralidade
Propensão que o ser humano possui de utilizar, preferencialmente, mais
um lado do corpo que o outro, em quatro áreas: mão, pé, olho e ouvido
respeitando a progressiva especialização dos hemisférios cerebrais.
A dominância lateral da criança apresenta correspondentes neurológicos,
com predomínio motor de um dos lados, em que se observa maior força muscular,
mais rapidez, melhor precisão e habilidade. A lateralidade influi na ideia que a
criança tem de si mesma na formação de seu esquema corporal, na percepção da
simetria do seu corpo, contribuindo para determinar sua estruturação espacial.
Os movimentos preferenciais de um dos lados do corpo determinam se o
indivíduo é destro (D) ou sinistro (E). A definição do lado dominante ocorre como
resultado de fatores culturais, ambientais, neurológicos e hereditários, entre
outros. Ele inicia e executa a ação principal e é completado por seu oposto, uma
vez que os dois não funcionam isoladamente.
Não se pode confundir lateralidade com o conhecimento da criança dos
conceitos relativos à direita-esquerda. Normalmente, a criança começa a definir
sua lateralidade a partir dos 7 meses de vida, quando passa a segurar objetos
23
com uma das mãos. Já o conhecimento de esquerda e direita só pode ocorrer em
torno dos 5 a 6 anos, sendo de grande importância ao processo de alfabetização.
2.5 Tonicidade
Relacionada ao tônus muscular, varia com as condições fisiológicas
próprias do sujeito. O músculo, mesmo em repouso possui um estado
permanente de relativa tensão de origem essencialmente reflexa, conhecido como
tônus muscular, cuja função é ajustar as posturas locais e a atitude geral;
depende da estimulação ambiental para uma boa evolução e participa de todas as
funções motrizes equilíbrio e coordenação entre outras.
O tônus, além de preparar e sustentar o movimento, determina as
atividades posturais, desempenhando importante papel na vida de relação,
consequência de sua estreita relação com a afetividade e suas manifestações.
2.6 Equilibração
O equilíbrio é base da organização psicomotora e de toda a coordenação
dinâmica global, e envolve uma multiplicidade de ajustamentos posturais
antigravíticos, dando suporte às respostas motoras, e sendo determinante para o
domínio das práxias.
A equilibração reúne um conjunto de aptidões estáticas e dinâmicas, que
englobam o controle postural de sustentar-se nas diferentes situações, e o
desenvolvimento das aquisições de locomoção.
2.7 Estruturação espaço-temporal
A estruturação espacial é o reconhecimento situacional de seu próprio
corpo em um meio ambiente, ou seja, do lugar e da orientação que se pode ter
em relação as pessoas e aos objetos. Processa através da interpretação das
informações perceptivo-sensoriais e psicomotoras vivenciadas e interiorizadas. A
criança constrói a noção de espaço através de informações sensoriais
vestibulares, proprioceptivas e exteroceptivas, desenvolvendo um mundo espacial
estável, possibilitando as funções mentais complexas, ligado às funções da
24
memória. A criança, em sua aprendizagem, tem o espaço organizado
inicialmente, em relação ao próprio corpo e, posteriormente, em relação ao outro
e aos objetos. Tal organização acontece a partir da ação vivida, ou seja, o espaço
é apreendido como resultante de sua motricidade, suas experiências
somatognósicas e visuais.
2.8 Coordenação fina ou praxia fina
A coordenação (praxia) fina estabelece a habilidade e destreza manual,
constituindo-se fundamental à coordenação global. Sua ação sintetiza as
considerações e significações psiconeurológicas alcançadas na práxia ampla
(global), compreendendo a motricidade e a perícia manual adquiridas pela
capacidade de controlar os pequenos grupos musculares para realizar exercícios
refinados. Sua aquisição envolve a coordenação viso-motora ou óculo-motora, a
coordenação viso-manual ou óculo-manual e a coordenação músculo facial.
A coordenação viso-motora traduz-se pela capacidade de coordenar os
movimentos em relação ao alvo visual. A coordenação viso-manual prepara a
criança para a escrita, quando destreza, velocidade e precisão desenvolvidas
traduzirão a qualidade dessa escrita.
A coordenação músculo-facial relaciona-se aos movimentos refinados da
face, que fundamentam a aquisição da fala, da mastigação e da deglutição.
“Comunicar-se através das expressões fisionômicas configura-se excelente instrumento nas ações
de relação”.
A mão é o órgão central da praxia fina, responsável pela preensão,
palpação, discriminação tátil, entre outras funções. Uma coordenação elaborada
dos dedos da mão facilita a aquisição de novos conhecimentos, podendo
sobrepujar-se como um instrumento de ação a serviço da inteligência.
Os elementos fundamentais do desenvolvimento psicomotor se completam
com as condutas funcionais em ação conjunta com as condutas relacionais, na
formação integral do ser humano.
25
2.9 Desenvolvimento Psicomotor
Uma das características principais da Síndrome de Down, e que afeta
diretamente o desenvolvimento psicomotor é a hipotonia generalizada presente,
desde o nascimento que dá-se em estágios.
2.10 Estágio impulsivo (recém-nascido)
Caracteriza-se por movimentos espasmódicos, de gestos desordenados e
estereotipados: simples descargas de energia muscular provocadas por variações
tônicas e emoções. A predominância da afetividade orienta as primeiras reações
do bebê às pessoas, as quais intermediam sua relação com o mundo físico.
2.11 Estágio tônico-emocional (dos 6 aos 12 meses)
O movimento traduz alguma significação e ensaia as primeiras relações da
criança com seu meio ambiente, representando a inter-relação entre motricidade
e sensibilidade, sendo determinado pelo domínio afetivo e a subjetividade própria
da criança, sinal indicativo da aproximação das primeiras representações.
2.12 Estágio sensório-motor (dos 12 aos 24 meses)
Liga o movimento à sensibilidade, quando se dá a passagem do biológico
ao psicológico, o que provoca uma percepção mais precisa, permitindo a
eficiência do movimento e a eliminação dos gastos inúteis, que ocorrem mediante
a maturação da motricidade e da sensibilidade cinestésica. Sua subjetividade está
ligada à percepção dos objetos exteriores.
2.13 Estágio projetivo (dos 3 aos 4 anos de idade)
O movimento acontece como resposta à intencionalidade da representação
mental. A atitude postural adquire sua autonomia e a criança comunica-se por
gestos e palavras.
A imitação acontece a serviço da representação por ser imprescindível a
novas aprendizagens. “A criança esboça o movimento já em relação a algo
26
exterior a si própria; os movimentos deixam de responder imediatamente a uma
necessidade pulsional para se ajustarem as situações exteriores”.
2.14 Estágio do personalismo (dos 5 anos 6 anos de idade)
A criança liberta-se das situações pulsionais, reconhece sua própria
personalidade, atingindo a consciência de si. Os movimentos são respostas de
ações desejantes.
2.15 Estágio da adolescência (separa infância da fase adulta)
Afigura-se a fundamentação afetiva na ação funcional. Ocorre a descoberta
dos valores morais e espirituais, indispensáveis à realização pessoal, com
importantes avanços no plano da inteligência.
2.16 A Síndrome de Down na educação infantil
Sabe-se que a criança com Síndrome de Down apresenta capacidade
mental limitada, com baixo desempenho cognitivo devido ao retardo mental −
atraso do desenvolvimento da inteligência, influenciado significativamente em sua
aprendizagem. Convém ressaltar que deficiência mental não tem a mesma
significação que doença mental (psicose, neuroses, entre outros), ou mesmo com
problemas ou distúrbios de aprendizagem.
O indivíduo com deficiência mental não é desprovido de inteligência e,
dependendo do seu grau de comprometimento − quantitativo ou gravidade de
deficiência, poderá se desenvolver cognitivamente, operar mentalmente e abstrair
como o não deficiente.
O cérebro de portadores de Síndrome de Down é pequeno, apresentando
um número menor de neurônios, com conexões anormais, resultando em graus
variáveis de retardo mental, e lentidão de desenvolvimento neuropsicomotor, com
reflexos sobre a linguagem (oral ou escrita). Como consequência do
comprometimento cerebral, ter-se á atraso no desaparecimento dos reflexos
primitivos, lentidão no processo estímulo-resposta e no funcionamento
neurofisiológico, principalmente na região cortical, refletindo-se na capacidade de
27
aprendizagem dessas crianças. Apresentam déficit de memória e capacidade
limitada para as funções de linguagem e lógico, matemáticas, na compreensão e
internalização de conceitos (abstração), interferindo na redução das relações
temporais e causais.
Este atraso tem sido atribuído a características físicas ou ambientais que
influenciam negativamente o processo de desenvolvimento, tais como:
ü problemas de acuidade e discriminação auditiva;
ü frequentes doenças respiratórias;
ü hipotonia da musculatura orofacial;
ü alteração no alinhamento dos dentes;
ü palato ogival com tendência à fenda;
ü língua grande (macroglossia) ou cavidade oral pequena;
ü problemas de maturação dos padrões de mastigação, sucção e
deglutição;
ü baixa expectativa em relação à possibilidade de desenvolvimento de
desenvolvimento da criança;
ü dificuldades do adulto em determinar o nível de compreensão da
criança para adaptar sua fala de maneira a promover o
desenvolvimento;
ü pouca disponibilidade do adulto em ouvir a criança e em se esforçar
para compreendê-la;
ü dificuldade de sintetização e problemas na estruturação sintática;
ü atraso geral no desenvolvimento motor, cognitivo e emocional.;
ü falta de atividades sociais que façam a criança utilizar a linguagem
de forma significtiva.
28
CAPÍTULO III
Técnicas Psicomotoras para o Desenvolvimento da Síndrome de Down de 0 a 6 Anos
O termo estimulação precoce traduz a ideia básica que consiste em
oferecer a criança, desde seu nascimento, certas experiências que intensificam
seu desenvolvimento em particular, suas capacidades, habilidades, isto é, suas
potencialidades, se constituindo num processo que irá atingir a criança em etapas
críticas do desenvolvimento psicomotor, tendo caráter eminentemente preventivo.
Nos primeiros meses, a estimulação se refere a atividades sensório-
motoras e segue progressivamente as etapas de desenvolvimento.
Para a criança pequena, que não sabe ficar sentada, o material deve se
dirigir aos sentidos: objetivos coloridos que variam na sua forma, tamanho ou
brilho e que prendam o interesse da criança; objetos de sons variados que pode
ser confeccionados pelos pais com caixinhas contendo algo que faça barulho;
materiais de consistências variadas, argolas amarradas em fios, correntes, tubos,
caixinhas com tampas diferentes e tamanhos variados, cubos ou pedaços de
madeira em formatos diferentes. Os objetos podem ser oferecidos com a criança
deitada, de costas ou de bruços, um pouco mais longe ou mais perto, deixando-se
que ela descubra sozinha como mexer e manipular o que lhe mostramos.
Se a criança já sabe ficar sentada na cadeira, mas não anda, deixá-la
diante de uma mesinha pequena ou sentada num colchão entre alguns
brinquedos. Neste momento as caixas abertas, colar de contas já enfiadas,
carretéis vazios, peças de plástico como coleção de colheres, copinhos, pazinhas
de sorvete. É preferível oferecer um grupo pequeno de cada vez para não
dispensar a criança.
Assim, se colocarmos diante dela algumas caixas abertas e algumas
pazinhas de sorvete, muitas ações podem ser desencadeadas e é importante a
observação dessas atividades para compará-las com ocasiões semelhantes
29
depois de um ano ou mais, quando os objetos sofrerão outros tipos de ações,
mais inteligentes.
Quando a criança já sabe algumas palavras e entende ordens e outras
comunicações dos pais, podemos oferecer um material mais significativo como
bonecos, carrinhos, utensílios de cozinha − panelinhas, canecas e talheres −, e
além disso voltar a apresentar o material antigo de caixas, correntes, tubos,
massa de modelar, argolas, que servirão agora para um outro tipo de atividade.
A exploração do material e sua manipulação espontânea desencadeia na
criança a necessidade de descoberta e também criações bem diversificadas.
A “perturbação” que o objeto cria na criança, por ser novo para ela
desperta a sua curiosidade e sua reação de tentar uma solução, um equilíbrio. A
presença da mãe, observando essas ações continua a interação do apego inicial
dos primeiros meses de vida. A criança oferece um objeto, pede outro e gosta da
presença da mãe observando o que faz. Esta seria a atitude de “observador
participante”.
O adulto não atrapalha, não ensina, mas sorri, responde e anima a
produção e atividade da criança. Se a inteligência é inicialmente ação e
movimento, a mãe estará alimentando a inteligência do filho na medida em que o
interessar em novos movimentos. Ao explorar um grupo de objetos novos
levantam-se problemas para a criança e mesmo nas atividades mais simples
podemos perceber uma grande riqueza de ações. Nesse caso a psicomotricidade
estimula o corpo no seu conjunto, isto é, o corpo enquanto se movimento de
maneira ágil, rápida e harmoniosa e o corpo enquanto percebe as coisas a sua
volta pelos sentidos e pelas emoções.
Este trabalho de reeducação seria uma maneira de ligar a criança ao
mundo, dando-lhe condições corporais para se orientar nas suas ações,
pensamentos e emoções.
A criança com Síndrome de Down deve participar de “brincadeiras” na
areia e na água para estimulação de sua sensibilidade. Também na água podem
ser realizados exercícios respiratórios de sopro e de submersão. Outras
30
atividades comuns na infância também beneficiam o desenvolvimento psicomotor
e global: pular corda, jogar amarelinha, jogos de imitação, brincadeiras de roda,
subir em árvores, caminhadas longas, uso de brinquedos de parque como
balanço, escorregador e gangorra.
Posteriormente, a criança deve ter acesso às práticas esportivas, iniciando-
se no esporte através da exploração e manuseio dos materiais e participando
depois de jogos em grupo com orientação adequada.
31
CONCLUSÃO
As práticas próprias da infância quando aplicadas possibilitam que a criança se desenvolva de forma saudável e adequada, não acarretando prejuízos decorrentes da possível negligência da atenção em determinada fazes de desenvolvimento. Observando os aspectos físicos e o desenvolvimento da criança, pode-se notar que ela vai maturando algumas áreas orgânicas necessárias ao seu aprendizado ou melhor dizendo, necessárias para o seu processo de aprendizagem ao longo da vida.
Aprendizagem, essa que vai desde um simples amarrar um sapato. Torna-se importante, portanto, enxergar a criança como ela é, como o que próprio dela e dessa forma propiciar a maior gama possível de estímulos, objetos e todo o necessário para o seu desenvolvimento biopsicossocial, para que seja parte integrante de uma sociedade. Cada qual com sua peculiaridade, com seu período de erros e acertos, dependência e independência, mas todos vistos como um ser humano que possui sentimentos e opiniões.
A relação com o outro, o brincar, a criança interagindo com ela mesma, pois, o mundo que a cerca tem tempo para as coisas acontecerem e esse tempo é curto para as famílias se reunirem, conversarem, se relacionarem, para interagir com a criança através do brincar.
A partir deste contexto e através da prática no âmbito escolar, considera-se que a psicomotricidade é um instrumento riquíssimo que nos auxilia a promover ações preventivas e de intervenção proporcionando resultados satisfatórios em situações de dificuldades no processo de ensino e aprendizagem.
Sabemos que existem vários níveis de organização do brincar infantil, falamos da formação da brincadeira simbólica começando com uso convencional dos objetos até se consolidar com a utilização de símbolos. Convém lembrar, no entanto que o brincar tem início com as atividades puramente sensório-motoras e que estas continuam presentes na vida da criança mesmo quando surge o simbolismo.
Vendo a criança brincar com objetos é possível fazermos uma análise qualitativa e até mesmo quantitativa de suas ações. Dessa forma, podemos até caracterizar com certo grau de aproximação, o nível de desenvolvimento cognitivo alcançado pela criança e relacioná-lo com os problemas que observamos na área da linguagem.
O modo de agir das crianças, revela o modo de compreensão do mundo que elas têm. Embora uma criança não fale ou tenha grande dificuldade para falar, podemos recorrer a outras formas de comportamento para conhecê-la.
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Ao exame direto da criança podemos incorporar uma rotina de análise do brinquedo para tanto, devemos apresentar uma série de brinquedos envolvendo desde miniaturas de coisas da casa até objetos sem uso determinado: bonecos, caminha, panelas, sofá cadeira, mesa, mamadeira, escova de cabelo, pente, escova de dentes, fogão, xícara, prato, caixa de fósforo vazia, esponja de limpeza, frutinhas, pequenos blocos de madeira, pedaço de papel, lápis pedaço de pano e cubos de encaixe.
O material deve ser oferecido à criança e ela deve ser incentivada a manipulá-los. Podemos recorrer à ajuda dos pais para brincarem com a criança. Essa situação se tornando propícia para observações a repeito da forma de relação que se estabelece entre pais e criança, como se dá a comunicação entre eles, isto é que recursos utilizam para se comunicar, qual é o ambiente linguístico que criam, como os pais incentivam a criança, como vêem seu brincar e daí por diante.
Quando a criança manipula os objetos ou brincar com eles é possível observarmos algumas características importantes de seu comportamento, podemos verificar que tipos de ações são realizadas, se as ações são restritas a uma manipulação sensório-motora, em que a criança simplismente apalpa os objetos, põe na boca, revira, põe um dentro do outro e assim por diante, se atua somente com um objeto de cada vez ou se já é capaz de relacionar dois ou mais deles. Podemos observar também se, ao lado das ações simbólicas, quais delas e em que nível se encontram; uso convencional, aplicação em outros, uso de símbolos, e se tais ações estão sendo coordenadas em sequencias.
A forma como os objetos são manipulados também deve ser considerada; manipulações rápidas e sucessivas, desinteresse imediato pelos objetos ou abandono deles caso surja alguma dificuldade para lidar revelam características de desenvolvimento distintas daquelas que observamos em crianças que se envolvem em explorações mais prolongadas dos objetos, como que procurando experimentá-los das mais variadas formas.
Devemos, porém procurar observar como a criança, espontaneamente, lida com objetos, sem a interferência de outras pessoas. A observação pode começar com a criança e seus pais brincando juntos e caminhar no sentido de vermos a criança brincando também sozinha, o que deve ser uma coisa comum em sua vida. Daí a razão de buscarmos todas as informações possíveis sobre ela, como por exemplo, o relato dos pais sobre sua forma de agir em casa, brinquedos e tipos de atividades que prefere, como reage para superar os obstáculos do dia-a-dia, o que gosta de fazer na escola e outros .
Concluindo, os portadores de Síndrome de Down, cada vez mais, apresentam possibilidades de uma estimulação adequada onde seu desenvolvimento motor e cognitivo pode chegar a níveis de normalidade, independência funcional e até mesmo social.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. CARRIÉRE, B. (1999). Bola Suíça: Teoria, Exercícios Básicos e Aplicação Clínica, São Paulo: Editora Manole.
2. CHAZAUD-Jacques. (1976). Introdução a Psicomotricidade. São Paulo. Editora Manole.
3. FRUG, C. S. (2001). Educação Psicomotora em Portadores de Deficiência. São Paulo. Editora Plexus.
4. GUYTON, A. C. and HALL, J. E. (1997). Tratado de Sisiologia Médica. 9 a edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara.
5. KOTTKE, STILLEWELL, LEHMANN. (1984) Tratado de Medicina Física e Reabilitação. 3a edição São Paulo. Editora Manole.
6. LE BOULCH, J. (1992). O Desenvolvimento Psicomotor do Nascimento aos 6 anos. Porto Alegre. Editora. Artmed.
7. LUNDY-EKMAN, L. (2000). Neurociência: Fundamentos para a Reabilitação. Rio de Janeiro: Editora Guanabara-Koogam.
8. MACHADO, A. (2000). Neuronatomia Funcional. 2a edição. São Paulo: Editora Atheneu.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO..................................................................................................01
APRESENTAÇÃO....................................................................................................02
AGRADECIMENTOS...............................................................................................03
DEDICATÓRIA.......................................................................................................04
RESUMO..............................................................................................................05
METODOLOGIA....................................................................................................06
SUMÁRIO............................................................................................................07
INTRODUÇÃO......................................................................................................08
CAPÍTULO I..........................................................................................................10
Psicomotricidade e Síndrome de Down...................................................................10
1.1. Características Fenótipicas.............................................................................12
1.2. Características Físicas comuns às crianças com Síndrome de Down....................15
1.3. Diagnóstico...................................................................................................15
1.4. Quadro Clínico na Síndrome de Down..............................................................16
1.5. Equipe Multiprofissional.................................................................................17
1.5.1. O Serviço Social tem como objetivo............................................................17
1.5.2. Trabalhar as tensões emocionais................................................................17
1.5.3. Atividades Desenvolvidas pelo Serviço Social...............................................18
1.5.4. Psicologia.................................................................................................18
1.5.5. Fisioterapeuta...........................................................................................18
1.5.6. Terapia Ocupacional..................................................................................18
1.5.7. Fonoaudiologia.........................................................................................18
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1.5.8. Psicomotricidade.......................................................................................19
CAPÍTULO II.........................................................................................................20
Psicomotricidade Infantil......................................................................................20
2.1. Noção do Corpo..........................................................................................21
2.2. Esquema Corporal.......................................................................................21
2.3. Imagem do Corpo.......................................................................................22
2.4. Lateralidade...............................................................................................22
2.5. Tonicidade.................................................................................................23
2.6. Equilibração...............................................................................................23
2.7. Estruturação Espaço-Temporal...................................................................23
2.8. Coordenação Fina ou Praxia Fina................................................................24
2.9. Desenvolvimento Psicomotor.....................................................................25
2.10. Estágio Impulsivo (Recém-Nascido)...........................................................25
2.11. Estágio Tônico Emocional (06 aos 12 meses)..............................................25
2.12. Estágio Sensório-Motor ( 12 aos 24 meses)................................................25
2.13. Estágio Projetivo ( 03 aos 04 anos de idade)...............................................25
2.14. Estágio do Personalismo (05 aos 06 anos de idade).....................................26
2.15. Estágio da Adolescência ( separa a infância da fase adulta)..........................26
2.16. A Síndrome de Down na educação Infantil..................................................26
CAPÍTULO III.......................................................................................................28
Técnicas Psicomotoras para o desenvolvimento da Síndrome de Down de
0 a 06 anos..........................................................................................................28
CONCLUSÃO........................................................................................................31
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.................................................................................33
ÍNDICE................................................................................................................34