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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA TRABALHO DOCENTE E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: LIMITES E POSSIBILIDADES Por: Jessica Sarubi de Moura Orientador Prof. Pablo Santos Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

TRABALHO DOCENTE E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL:

LIMITES E POSSIBILIDADES

Por: Jessica Sarubi de Moura

Orientador

Prof. Pablo Santos

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

TRABALHO DOCENTE E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL:

LIMITES E POSSIBILIDADES

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Docência do Ensino

Superior.

Por: Jessica Sarubi de Moura

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus por me propiciar a possibilidade de dar continuidade aos

meus estudos e concluir mais uma etapa de minha trajetória acadêmica.

Agradeço à minha mãe Fátima e à minha vó Luzia pelo amor, carinho, cuidado

e pelos inúmeros incentivos que sempre me foram dados. Amo muito vocês!

Agradeço à minha Tia Neide pela ajuda fornecida nessa nova etapa de minha

vida. Obrigado tia!

Agradeço aos professores de minha pós-graduação, em especial, ao professor

Marcelo Saldanha, uma figura singular que abrilhantou minhas aulas de

sábado. Obrigado aos mestres pelo conhecimento e pelas experiências

transmitidas!

Agradeço ao meu orientador, professor Pablo Santos, pela ajuda e orientação

fornecida na configuração do presente trabalho.

Agradeço à Instituição A vez do Mestre por me proporcionar dar continuidade

aos meus estudos sobre educação.

Por fim, agradeço a todos que cooperaram e que ainda cooperam com meu

crescimento acadêmico.

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DEDICATÓRIA

.

Dedico este trabalho à Deus e aos presentes

Ele me deu: minha vó Luzia, minha mãe Fátima e

minhas irmãs Nathália e Camila. Amo vocês.

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RESUMO

Ao lançar um olhar analítico sobre os caminhos que a Educação Profissional tem

percorrido, percebe-se a existência de um forte compromisso em atender as

demandas do mercado de trabalho geradas pelo modelo capitalista. Todavia, é

válido dizer que, o ato de educar, mesmo aquele que é voltado para formação de

mão-de-obra, precisa ter imbuído em si o comprometimento com uma educação

para além do capital. Ou seja, uma educação profissional que seja capaz de

qualificar o indivíduo e o inserir no mercado e também gerar consciência crítica e

uma formação capaz de fazer que o aluno seja um sujeito pensante do mundo no

qual está engajado. Logo, a pertinência do presente trabalho evidencia-se na

proposta de compreender como o trabalho docente e a relevância deste no processo

de construção da subjetividade do aluno pode proporcionar ao mesmo tempo uma

educação para o mercado e uma educação que desperte no aluno a condição de

sujeito pensante, interventor e transformador da própria realidade.

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METODOLOGIA

Para realizar o presente trabalho, em um primeiro momento será realizado

levantamento bibliográfico com vistas a promover maior compreensão do

campo de estudo alvo desta pesquisa e ampliar os horizontes de

conhecimento. Em um segundo momento será realizado trabalho de campo,

através de análise documental da instituição selecionada para

desenvolvimento da presente pesquisa. A instituição selecionada foi a

Fundação de Apoio à Escola Técnica (FAETEC), sendo o Centro Vocacional

Tecnológico de Mesquita campo para a presente pesquisa. Por fim, serão

desenvolvidas possíveis articulações entre os documentos analisados com a

bibliografia selecionada com vistas a fomentar novos conhecimentos para a

esfera da educação profissional e para os profissionais que nela atuam,

contribuições para o mundo acadêmico e a ampliação da discussão que já vem

sendo travada já há algum tempo do presente tema.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 1

CAPÍTULO I História da Educação Profissional à luz dos dispositivos legais 2

CAPÍTULO II - Desafios da Educação Profissional na Atualidade 7

CAPÍTULO III – Desafios do trabalho docente no cenário atual 14

CAPÍTULO IV – Análise documental e considerações preliminares 18 CAPÍTULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS 23

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 26

BIBLIOGRAFIA CITADA (opcional) 28

ANEXOS X

ÍNDICE X

FOLHA DE AVALIAÇÃO X

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INTRODUÇÃO

Ao lançar um olhar analítico sobre os caminhos que a Educação

Profissional tem percorrido, percebe-se a existência de um forte

compromisso em atender as demandas do mercado de trabalho geradas

pelo modelo capitalista. Todavia, é válido dizer que, o ato de educar, mesmo

aquele que é voltado para formação de mão-de-obra, precisa ter imbuído

em si o comprometimento com uma educação para além do capital. Ou

seja, uma educação profissional que seja capaz de qualificar o indivíduo e o

inserir no mercado e também gerar consciência crítica e uma formação

capaz de fazer que o aluno seja um sujeito pensante do mundo no qual está

engajado. Logo, a pertinência do presente trabalho evidencia-se na proposta

de compreender como o trabalho docente e a relevância deste no processo

de construção da subjetividade do aluno pode proporcionar ao mesmo

tempo uma educação para o mercado e uma educação que desperte no

aluno a condição de sujeito pensante, interventor e transformador da própria

realidade. Além disso, segue como proposta de discussão questões sobre o

mundo do trabalho, como o reconhecimento do cenário sócio- econômico no

qual o Brasil está engajado, as articulações entre este e educação, as

demandas geradas pelo capital que estão intrinsecamente ligadas ao campo

educacional, os novos desafios que surgem com a globalização e com a

nova ordem mundial e possíveis caminhos que podem ser percorridos com

o fim de proporcionar êxito para Educação Profissional. Esse êxito pode ser

entendido não apenas como o alcance de metas estipuladas pelo mercado,

tendo assim uma educação essencialmente mercadológica, mas uma

educação que forme o indivíduo para atender essas demandas, que tenha

consciência de seu engajamento em tal estrutura e que atue com seu senso

crítico em tal realidade. Ficando assim, ao seu critério, a possibilidade de

mantê-la ou transformá-la.

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CAPÍTULO I

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL À LUZ DOS DISPOSITIVOS

LEGAIS.

Para a compreensão do significado real da Educação Profissional

no Brasil e sua relevância no âmbito educacional, faz-se necessário lançar um

olhar analítico sobre a trajetória dessa modalidade de educação nos

dispositivos legais, como Constituição Federal e Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional. De acordo com Francisco e Cordão (1995), a primeira Lei

de Diretrizes e Bases da Educação( Lei 4.024 de 20 de dezembro de 1961), foi

fruto do que estava posto no artigo 5º da Constituição Federal de 1946. Este

artigo direcionava a União à responsabilidade de legislar sobre as diretrizes e

bases da educação. Após debates, a LDB de 1961 fixou os princípios gerais da

educação e uma estrutura onde todos os graus de ensino estavam inseridos.

Fato observável digno de ser destacado na Lei de 1961 é a

superficialidade com a qual a Educação Profissional foi tratada. Tocando

tangencialmente na questão, o capítulo III do Título VII fazia referência à

Educação de Grau Médio, estabelecendo algumas regras para o ensino

técnico. Além dos cursos técnicos agrícolas, industriais e comerciais, foi feita

uma vaga referência a cursos pré-técnicos, cursos de aprendizagem e cartas

de ofício. Ou seja, apesar da Lei 4.024 representar avanço significativo no

cenário educacional brasileiro, pouco se viu de progresso no que diz respeito à

Educação Profissional.

Alguns anos depois, para maior exatidão, dez anos depois, em 1971

foi promulgada a Lei 5.692, mais conhecida como a nova LDB. Dentre os

vários aspectos que caracterizavam essa Lei, um que se destacava era a ideia

de profissionalização que a mesma transmitia. Duas questões podem justificar

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essa característica. A primeira com caráter imediatista, era a preocupação

governamental com os excedentes dos vestibulares que faziam pressão às

portas das universidades. A segunda era a necessidade de mão-de-obra

qualificada, ou seja, técnicos para atenderem as demandas que surgiam com o

crescimento acelerado do mercado. Um traço marcante que acompanhava a

nova LDB era a obrigatoriedade da habilitação profissional em junção com o

ensino de 2º grau.

Após causar certa euforia no âmbito nacional, a nova LDB iniciou um

novo período. É neste momento que a nova lei da educação começa a receber

críticas e enfrentar oposições em todo território brasileiro. Se por um lado a

formação profissional obrigatória no 2º grau não correspondia à alegada

demanda do mercado, por outro lado, acabou-se por gerar terríveis

encenações por parte das instituições escolares com o fim de cumprir a Lei.

Toda a problemática gerada pelo caráter profissionalizante da nova LDB pôde

ser vista a nível nacional em vários estabelecimentos escolares. Escolas que

antes tinham o compromisso de preparar seus alunos para o ingresso no

ensino superior, nesse momento se viam obrigadas a investirem na formação

de profissionais de nível médio que, em alguns casos, iriam para a

universidade ou que, não conseguiriam se inserir no mercado de trabalho que

em pouco tempo estaria produzindo o que pode ser chamado de exército de

mão de obra reserva. Os conflitos e problemas gerados pela promulgação de

tal lei foram de tamanha proporção que em 1982, o governo editou a Lei nº

7.044 que retirava a obrigatoriedade da profissionalização no 2º grau.

Após passar pelo modelo ditatorial e gradualmente ter o modelo

democrático restaurado, na década de 1980, o Brasil ingressou em um

momento de reestruturação política e administrativa. A primeira grande

mudança ocorreu com a reforma constitucional de 1988. Nessa reforma, a

responsabilidade de legislar sobre as diretrizes e bases da educação continuou

sendo da União. Nesse momento surgiram contribuições dos mais variados

segmentos educacionais para a reformulação da LDB. Todas as sugestões

foram reunidas e apresentadas à Câmara Federal pelo então deputado Octávio

Elísio.

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No ano de 1989, a Câmara promoveu inúmeras discussões e

consultas com a participação de todos os segmentos educacionais

interessados em oferecer contribuições para a LDB. Após esse período de

consultas, o então relator da Comissão de Educação, o deputado Jorge Hage

preparou um primeiro Substitutivo e em 1990 o segundo. Em 1991 e 1992 o

projeto continuou sendo alvo de discussões tendo por relatora a deputada

Ângela Amin. Depois de novas emendas serem propostas, em maio de 1993 o

projeto foi aprovado na Casa de Origem e seguiu para discussão e votação no

Senado.

Todavia, em 1992 os senadores Darcy Ribeiro, Marco Maciel e

Maurício Correa apresentaram outro projeto de LDB no Senado. A principal

divergência entre as duas propostas era com relação ao papel do Estado na

Educação. Enquanto a primeira proposta apresentava preocupação com

mecanismos de controle social do sistema de ensino, a segunda proposta

previa uma estrutura que se baseava na maior centralização do poder nas

mãos do governo. Apesar de conter alguns elementos levantados pelo primeiro

projeto, em 20 de dezembro de 1996 foi promulgada pelo então presidente

Fernando Henrique Cardoso e pelo Ministro da Educação Paulo Renato a

Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Essa, teve como relator

o senador Darcy Ribeiro e seu texto final se aproximou muito mais da segunda

proposta dos três senadores do que da primeira.

A nova lei teve como principais características: a gestão

democrática do Ensino Público e progressiva autonomia pedagógica e

administrativa das unidades escolares; ensino fundamental obrigatório e

gratuito; carga horária mínima de oitocentas horas distribuídas em duzentos

dias na educação básica; previsão de um núcleo comum para o currículo do

ensino fundamental e uma parte diversificada para as peculiaridades locais;

formação docente para atuar na educação básica de nível superior, sendo

aceita para a educação infantil e para as 4(quatro) primeiras séries do ensino

fundamental formação em Curso Normal do Ensino Médio; formação dos

especialistas da Educação em curso superior de Pedagogia e pós-graduação;

mínimo de gastos pelo União de 18% e dos municípios e estados de 25% de

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seus respectivos orçamentos na manutenção e desenvolvimento do ensino

público; possibilidade do dinheiro público poder financiar escolas comunitárias,

confessionais e filantrópicas e a previsão da criação do Plano Nacional de

Educação.

Segundo Faria et al (2008), a educação profissional objetiva o

desenvolvimento de cursos direcionados a atender as demandas do mercado

de trabalho, tanto para os que estudam quanto para aqueles que buscam se

inserir no mundo do trabalho. É nesse sentido que a Lei de Diretrizes e Bases

de 1996 difere em vários aspectos da LDB de 1971 no que tange à Educação

Profissional, pois a primeira trata de forma mais profunda e incisiva a

profissionalização dos cidadãos brasileiros. Além disso, ainda recebe

contribuições com o Decreto 2208 de 17 de abril 1997 e depois reformulado

pelo Decreto 5154 de 23 de julho de 2004.

De acordo com Faria et al (2008), as novas orientações legislativas

estabelecem a possibilidade de acesso à educação profissional de forma mais

ampla. Isso pode ser percebido no artigo 39, que diz:

A educação profissional, integra às

diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia,

conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida

produtiva. O aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental,

médio e superior, bem como o trabalhador em geral, jovem ou adulto,

contará com a possibilidade de acesso à educação profissional.

Desta forma, a LDB estabelece ao mesmo tempo diferentes estágios

de educação profissional: básico, técnico e tecnológico. O básico é ofertado

para aqueles que detenham qualquer nível de instrução; o técnico é

direcionado aos alunos que estão cursando o ensino médio ou que já

concluíram o mesmo e o tecnológico é direcionado somente para aqueles que

findaram o ensino médio.

Outra lei que trouxe expressivo avanço para a educação profissional

no país foi a lei 11.741 de 16 de julho de 2008 sancionada pelo presidente Luís

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Inácio Lula da Silva. Tal lei altera o que estabelece as diretrizes e bases da

educação nacional, visando ações de redimensionamento, institucionalização e

integração das ações da educação profissional técnica de nível médio, da

educação de jovens e adultos e da educação profissional e tecnológica. De

acordo com o site do Ministério da Educação e da Cultura as alterações na

LDB tiveram como propósito transformar em lei as inovações trazidas pelo

Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). A nova redação dos artigos

37,39,41 e 42 tem como proposta a integração da educação profissional com

as demais modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e

da tecnologia. Além de preconizar que os cursos sejam organizados em eixos

temáticos, a lei 11.741 discorre sobre os tipos de curso que a educação

profissional e tecnológica abrangerá: formação inicial e continuada ou

qualificação profissional; técnica de nível médio e tecnológica de graduação e

pós-graduação. As instituições de educação profissional deverão além de seus

cursos, oferecerem cursos especiais abertos à comunidade.

Uma alteração importante que a lei 11.741 trouxe para a LDB foi o

acréscimo de uma seção sobre a educação profissional de nível médio, no

capítulo II do Título V. A modificação propõe que o ensino médio, atendendo a

formação geral do estudante, direcione seus esforços para prepará-lo para o

exercício de profissões técnicas. Essa articulação poderá ser feita de forma

integrada ou concomitante.

Ao traçar um paralelo entre o proposto pela Constituição de 1946 e

pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961 frente ao que foi

proposto pela Constituição de 1988, a LDB de 1996 e as contribuições dos

decretos 2208, 5154 e da lei 11.741, percebe-se quão grandes avanços foram

alcançados pela educação profissional em âmbito nacional em um espaço

médio de tempo de meio século. Fato é que ao analisar a execução do previsto

nos dispositivos legais no âmbito educacional brasileiro, fica patente uma

disparidade inegável entre o teórico e prático, mas é indiscutível que obteve-se

ao longo dos anos avanços promissores.

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CAPÍTULO 2

DESAFIOS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NA

ATUALIDADE

Sabe-se, pois que com o crescimento inesgotável das demandas

que surgem diariamente no mercado de trabalho, faz-se necessário repensar

sobre a função da educação profissional, seus objetivos e os desafios

propostos pelo século XXI. De acordo com Faria et al (2008), as novas

exigências do mundo produtivo sempre fazem referência ao conhecimento

científico e tecnológico. Desta forma, os cursos técnicos no Brasil se tornam

alavancas para o desenvolvimento científico e tecnológico da população. Outro

fator que pode se constituir como mola propulsora para a qualificação de

indivíduos mediante a educação profissional é o fato do mercado por muitas

vezes mostrar carências de pessoas qualificadas para assumirem funções

inerentes às suas formações.

Até a metade da década de 1990, a profissionalização era

direcionada para as classes menos favorecidas, mas percebe-se que nos dias

atuais esse paradigma vem sendo quebrado, pois pode se observar uma maior

aceitação deste modelo de educação por parte dos segmentos

economicamente mais favorecidos. Esse fato impulsionou o crescimento da

oferta de cursos de tecnólogos. Esses, são caracterizados por possuírem

menor tempo de duração em relação à graduação superior tradicional.

Diante de tal realidade, torna-se necessário ponderar sobre as

possíveis relações estabelecidas entre educação-trabalho frente às exigências

impostas não só pelo capitalismo, mas também pela globalização. Nesta nova

ordem mundial, a educação profissional pode ser um dos elementos

fundamentais para o desenvolvimento de um país.

Mesmo podendo proporcionar grande desenvolvimento ao país

sendo aliada ao governo no que diz respeito a geração de emprego e renda,

existe um outro lado da moeda que é digno de ser ressaltado. Por exigir mão

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de obra qualificada, em alguns casos, no lugar de emprego e renda, é gerado

desemprego. O mercado exige qualificação constante para atender as

demandas da economia, ao mesmo tempo esse mercado é essencialmente

seletivo. Ou seja, para que se tenha um bom preparo profissional e se consiga

atender a todas as exigências que o mercado exige, é necessária uma

educação básica de qualidade, que não apenas desenvolva noções práticas,

mas que também dê a devida importância à ética e a cidadania.

Diante da necessidade de pensar em uma educação para além do

mercado de trabalho, que abarque uma formação humanística do indivíduo,

surge o desafio de formar indivíduos que atendam as necessidades do

mercado e que também tenham desenvolvido o lado humanístico da educação.

Isso pressupõe uma educação para além do mercado.

Meszáros (2005), discute essa questão em sua obra, trazendo uma crítica

fundamental sobre a alienação da Educação. A educação não pode ser

somente pensada através da ótica capitalista, ou seja, uma educação

exclusiva para o atendimento das demandas do mercado de trabalho, pois

Assim ela teria a utilidade de instaurar e apenas manter tal modelo econômico.

Uma educação para além do mercado é uma educação que não se detém a

trazer somente o crescimento do sistema produtivo, mas é fator de

transformação social.

Segundo Gentili (2000), a escola constitui-se em um espaço

institucional que contribui para formação de contingente da força de trabalho

que, de forma gradual, irá se incorporar ao mercado. Ou seja, entende-se que

a escola é instrumento fundamental na formação de capital humano que será

usado posteriormente no mercado de trabalho e na manutenção da ordem

capitalista. Esse capital humano será formado a medida em que a educação

profissional conseguir atingir seus objetivos. Segundo Faria et all (2008), esses

objetivos seriam: a preparação de técnicos de nível médio, a qualificação, a

capacitação e a atualização tecnológica permanente de profissionais atuantes

ou fora do mercado de trabalho, de forma a propiciar uma constância no que

tange à atualização e ao aprimoramento das habilidades com o fim de obter

maior êxito na atuação profissional.

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Outra questão pertinente para ser discutida é a qualificação

humana. Frigoto (2003) já diria que a qualificação diz respeito ao

desenvolvimento de condições físicas, mentais, afetivas, estéticas e lúdicas do

ser humano capazes de ampliar a capacidade de trabalho na produção dos

valores em uso em geral como condição de satisfação das múltiplas

necessidades do ser humano. Diante das inúmeras exigências feitas pelo

mercado no que concerne à qualificação do trabalhador, é fato que se faz

inteiramente necessário que todo e qualquer indivíduo que deseja ingressar,

permanecer e crescer no mercado detenha múltiplas habilidades dentro do seu

ramo e que esteja continuamente se familiarizando com as novidades e

avanços de sua área. Para que essa qualificação por meio da educação

profissional ocorra, é mister que no espaço escolar se desenvolva uma

formação holística e não meramente fordista, ou seja, com base em uma “linha

de montagem”.

Um traço forte percebido na Educação Profissional é o compromisso

em transmitir o valor da aprendizagem de forma a gerar a autonomia no sujeito

diante das necessidades de atualização e de busca pelo conhecimento. Para

tal, é preciso que haja a parceria com a educação básica e que esta assuma o

compromisso de fomentar em seus jovens e em suas crianças o desejo pela

autonomia, independência e pela participação ativa no processo de ensino-

aprendizagem. Dessa forma, o indivíduo/aluno não será apenas mero receptor

do processo, mas será protagonista. Ou seja, pode-se dizer que, como Freire

(1997) disse, a educação por meio desse viés de pensamento deixaria de se

configurar em uma educação bancária e seria um processo onde as duas

partes teriam participação ativa.

Diante de tais considerações, um fato fica claro: para um indivíduo

ingressar no mercado de trabalho é fundamental que este busque qualificação.

Todavia, essa qualificação precisa ser realizada a partir de bases lançadas

pela educação básica e sempre ter em vista uma formação para além do

trabalho, onde a cidadania e a ética tenham seus espaços preservados e

nunca deixem de ser cultivadas nos espaços de ensino-aprendizagem que

visam a profissionalização do indivíduo.

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Para melhor compreensão do que se deseja com uma formação que preze

pela cidadania e pela ética, é necessário que se entenda o conceito desses

aspectos. Guimarães (2000) reúne em sua obra algumas definições sobre o

que é cidadania. A primeira dada por Covre (1993 apud Guimarães), afirma

que cidadania é:

“A concepção de que todos os homens podem ser

iguais pelo trabalho e pela capacidade que têm – eis aí a visão

de mundo burguesa, que preza o individualismo e um tipo de

cidadania.”

Outra definição posta por Covre (1993 apud Guimarães) é:

“As pessoas tendem a pensar cidadania apenas em termos

dos direitos a receber, negligenciando o fato de que elas

próprias podem ser o agente da existência desses direitos...,é

preciso trabalhar para conquistar esses direitos. Em vez de

meros receptores, são acima de tudo sujeitos daquilo que

podem conquistar..., cidadania é o próprio direito á vida no

sentido pleno. Trata-se de um direito que precisa ser

construído coletivamente, não só em tempos de atendimento

às necessidades básicas, mas de acesso a todos os níveis de

existência, incluindo o mais abrangente, o papel do(s) homem

(s) no Universo.”

Ou seja, o que se percebe com as definições sobre cidadania é que

muito além de apenas se inserir no mundo de direitos e deveres, o cidadão é

participante ativo do processo. Essa participação se dá de forma constante,

quando esse sujeito não apenas permanece na condição de receber e

executar aquilo que lhe foi passado, mas é interventor agente de

transformação da realidade em que vive. Ser cidadão e exercitar cidadania não

é se engajar em um mundo de regras, de direitos e deveres cristalizado, mas é

configurar coletivamente esses direitos e deveres, contestar, criticar e exercitar

seu papel de forma crítica e pensante. O que por muitas vezes não ocorre,

pois com o fim de apenas realizar a manutenção da ordem existente, a

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educação, instrumento de poder, passa a ser mecanismo reprodutor das

condições estabelecidas e deixa de exercer seu papel de ferramenta

transformadora.

Outro ponto pertinente é compreender o conceito de ética. É válido

ressaltar que ética difere de moral, o que por muitas vezes é confundido. Ética

vem do grego ethos, que significa morada. A ética pode ser entendida como a

ciência da conduta humana perante o ser e seus semelhantes, envolvendo a

aprovação ou desaprovação da ação dos homens e avaliando o desempenho

dos seres humanos diante das normas de comportamento Ou seja, ser ético é

fazer o que deve ser feito de acordo com os critérios estabelecidos pela

sociedade.

O que pode ser entendido é que existe um código que se configura no

imaginário social da sociedade que rege a conduta de todos os cidadãos. Toda

aprovação e desaprovação de conduta será baseada nesse código, que por

muitas vezes não se encontra escrito, mas foi interiorizado por todos os

sujeitos que integram uma dada sociedade. A ética norteia ações, atitudes e

forma de pensar, seja para se enquadrar nas condições estabelecidas, seja

para burlar as ditas “regras”.

O que pode se entender a luz das proposições feitas pelo autor em

articulação com uma formação para o mundo do trabalho é que toda formação

precisa transmitir não somente o conhecimento prático que é necessário para

se ingressar no mercado, mas também fornecer valores ligados à ética e

desenvolver no sujeito possibilidades de exercer sua cidadania de forma crítica

e consciente, sendo sempre sujeito pensante da realidade na qual se encontra

engajado.

Outra questão digna de ser discutida é sobre os espaços onde a cidadania

pode ser construída. A cidadania não se é construída somente na escola, mas

também nas vivências como indivíduo dentro da sociedade. A cidadania para

se efetivar, de forma gradual, acaba por envolver movimentos independentes

às concessões do Estado, como por exemplo os movimentos populares, que

agem sem a “benção” estatal. (FARIA 2008) Todavia, essas questões não

farão parte da discussão do presente trabalho.

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O que se percebe ao olhar o trajeto que a educação profissional tem

trilhado é a busca incessante de sempre atender as demandas do mercado e a

conduzir o trabalhador ao mercado de trabalho. Com isso se gera mais renda,

mais pessoas trabalhando e maior desenvolvimento para o país. Fato. Fato de

maior peso é pensar que a educação, na condição de instrumento de poder e

transformação tem se tornado agente de alienação. Como? Simples, seu

caráter essencialmente reprodutor.

De acordo com Althusser (1985), existem 2 mecanismos que o Estado

utiliza para manter a ordem estabelecida e fazer prevalecer a mentalidade da

elite dirigente. Esses dois mecanismos são os aparelhos ideológicos do Estado

e os aparelhos repressivos do Estado. Os aparelhos ideológicos seriam o meio

mais eficaz de se assegurar que a ideologia dominante permanecesse sendo

incutida na cabeça dos indivíduos e a ordem social dessa forma fosse mantida.

Os aparelhos ideológicos seriam entre outros, a escola. De fato, Althusser

percebeu que a escola era espaço fundamental para que a classe dominada,

conhecida por Karl Marx como proletariado, se mantivesse sempre na

condição de receptora e fora de hipótese na condição de construtora da

ideologia.

Meszaros traz proposições importantíssimas para se compreender

educação e alienação. Para o autor, a educação é utilizada para manutenção

do sistema capitalista, reforçando assim a ordem estabelecida. A educação

que deveria ser fator para transformar a realidade social, acaba por gerar

mudanças limitadas apenas a promover o crescimento do sistema. Além disso,

Meszáros considera o sentido da palavra educação de forma ampla, uma vez

que educação vai além dos níveis de ensino e da escola. Educação é o que

caracteriza o indivíduo como ser social, ou seja, a capacidade de conhecer, ter

ciência do real e transformar de forma crítica e consciente a realidade.

Outras contribuições que Meszáros traz é com relação à função da

educação. Para o autor, a educação desempenha o papel de mera mercadoria

do capital, além de promover a interiorização da alienação mercantil, ou seja, a

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educação passa a ser um processo dependente de uma ordem econômica.

Devido a essa íntima ligação entre educação e capital, se torna inviável a

formulação de um ideal educacional devido à atual ordem econômica. Diante

de tal realidade posta pelo autor, é verificável que as práticas educacionais e

ideologias defendidas que vigoram nos dias atuais são fruto de interesses do

capital. Ou seja, o capital manipula a prática educativa de acordo com seus

desejos e incute na mente dos que estão engajados nos processos educativos

as ideologias que lhe são aprazíveis.

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CAPÍTULO 3

DESAFIOS DO TRABALHO DOCENTE NO CENÁRIO

ATUAL

Diante dos desafios impostos pela era contemporânea, o presente

trabalho destinou um de seus cabelos com o fim de analisar o trabalho docente

na educação profissional, seus principais desafios, problemáticas enfrentadas

e objetivos traçados. Todavia, para que tal análise possa ser realizada, é válido

levantar alguns questionamentos com o fim de direcionar as discussões aqui

desenvolvidas. Questões como: que tipo de profissionais deseja-se formar?

Essa formação de profissionais visa atender que tipos de demandas na

sociedade? Que tipo de Educação Profissional deseja-se transmitir com o

trabalho docente? O que almeja-se com a Educação Profissional no Brasil?

Essas são algumas questões que podem ajudar a circunscrever a discussão

fomentada no presente trabalho.

Para se compreender a educação profissional (EP) e o trabalho dos

docentes que atuam nessa esfera educacional, faz-se necessário em um

primeiro momento, entender com maior clareza o modelo de desenvolvimento

econômico nacional. De acordo com Moura (2008), o modelo vigente é

resultante da dependência econômica externa história. Esse modelo é pautado

nas exportações agroindustrial, agropecuária e de matérias-primas e na

importação acrílica das tecnologias que são produto de países capitalistas

mais avançados. Isso, vem fazendo com que o país não tenha identidade

própria, ou seja, não possua um modelo próprio de acordo com suas

necessidades e com vistas à melhorias sociais e econômicas. O que tem de

fato prevalecido é a submissão aos indicadores econômicos e aos organismos

internacionais. Essa realidade está em consonância com a lógica do mercado

global.

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De acordo com Moura (2008), a sociedade capitalista possui traços

muitos característicos, como: a busca sem fim pelo fortalecimento do mercado,

colocando em segundo plano as prioridades sociais; concentração de riqueza;

a precarização do emprego de forma a gerar o trabalho temporário,

terceirizado, quarterizado, etc., gerando novas relações de trabalho;

responsabilização dos indivíduos por não terem emprego, enquanto que a

própria estrutura socioeconômica não garante os direitos que podem levar os

cidadãos a conquistarem melhores condições de participação política, social,

cultural e econômica na sociedade e por fim, crescente aumento de

profissionais e não profissionais que não se encontram integrados ao mundo

produtivo ou estão vinculados com atividades marginais (à margem da

sociedade).

Todavia, mesmo diante de tal realidade, insta frisar que outro tipo de

sociedade pode ser buscada. Uma sociedade onde o indivíduo e suas relações

com a natureza, por meio do trabalho ocupem o centro, estando a ciência e a

tecnologia submetidas a uma racionalidade ética, pois o que se vê na

sociedade atual é o inverso, é a ciência e a tecnologia , quase exclusivamente,

voltadas para o mercado e para o fortalecimento dos indicadores econômicos.

Numa possível nova sociedade, o ser humano precisa ser concebido de forma

holística, ou seja, de forma integral, como um todo e não de forma

fragmentada, percebido por uma visão unilateral. Esse sujeito precisa ter a

possibilidade de afirmar sua identidade social e política e reconhecer a

identidade daqueles que o cercam. Essa concepção de indivíduo irá implicar

diretamente no ato de pensar o ser humano como um sujeito político, um

cidadão que busca afirmar-se como sujeito autônomo e deseja emancipar-se

mediante sua participação crítica e ativa nas esferas sócio-econômico-

políticas.

A concepção de homem mencionada anteriormente se mostra radical

diante do que é posto pela lógica da globalização. Um processo educativo que

se baseie em ideais como os que foram citados no parágrafo anterior,

certamente terá o compromisso de contribuir com a formação de cidadãos que

disponham da capacidade de participar ativamente das variadas esferas da

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sociedade, visando a configuração de um meio social mais justo e sempre com

vistas a melhora de condições para os menos favorecidos.

Pensar em um processo educativo comprometido com a formação de

um sujeito crítico e ativo no meio em que está engajado é pensar em uma série

de características que circunscrevem o meio em que se dá tal processo. Veja-

se, por exemplo, o próprio modelo alternativo de desenvolvimento econômico

não é um modelo assumido integralmente, o que gera a fragmentação nas

discussões de temas da agenda nacional, como, por exemplo, a

educação.(MOURA, 2008)

Outra questão para ser pensada é com relação à responsabilidade

social do campo da educação profissional, logo também os professores que

atuam nessa modalidade, com os sujeitos formados e com a sociedade no

geral. Responsabilidade essa que se manifestaria com o comprometimento de

contribuir com o aumento da capacidade de inserir social, laboral e

politicamente os seus formandos. Isso de daria, entre outras formas, com a

expansão de ofertas que contribuíssem com a formação integral dos coletivos

que buscam a escola pública de EP. Através de tal iniciativa seria possíveis a

esses sujeitos atuarem de forma competente e ética, como agentes de

mudanças orientadas às satisfações das necessidades do coletivo, em

especial, das classes trabalhadoras.

Diante do contexto pensado, é necessário que se tenha clareza sobre

o papel da educação, considerando seus limites e possibilidades. Logo, se faz

necessário adotar um discurso crítico no que diz respeito à educação para o

desenvolvimento, pois ao pensar educação nesse sentido, se toca diretamente

em outro conceito, o de capital humano. Tal discurso concebe a educação

como aspecto fundamental e diretamente ligado ao desenvolvimento

econômico, ou seja, se há alto nível de educação, há maior desenvolvimento

econômico. Logo, o que pode se entender que nesse discurso a educação é

responsável pelo desenvolvimento econômico. Todavia, se tal afirmativa fosse

verdadeira, a educação seria responsável pela miséria do terceiro mundo e

pelo desemprego estrutural do primeiro. (MOURA, 2008)

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De acordo com Frigotto (1999), é óbvio que o papel da educação se

dá de forma muito importante, mas não se pode atribuir a ela um poder que

não lhe cabe. A atuação isolada dessa esfera não possui grandes poderes

para a resolução dos grandes problemas socioeconômicos presentes no

século XXI. Perceber a educação como a redentora do planeta não é um

pensamento viável, uma vez que para haver mudança é preciso que as esferas

política, econômica, social atuem de forma uníssona, formando uma melodia

que tenha total sintonia. Assim, será possível utilizar a ferramenta educacional

com o fim de promover mudanças significativas no cenário mundial.

Para que o âmbito educativo possa contribuir de forma efetiva com

mudanças significativas no cenário socioeconômico vigente, é mister que seja

abandonado o enfoque que atribui os insucessos educacionais às reformas e

contra-reformas e seus efeitos como rigidez de legislação, a instabilidade nas

políticas e o trabalho dos educadores e educadoras.

Outra questão a ser pensada para obtenção de êxito do âmbito

educacional, em especial o trabalho do professor, diante dos desafios da

atualidade é pensar na aproximação de cada instituição com seu entorno e no

trabalho pedagógico voltado para se articular com a realidade social,

econômica e laboral onde estão inseridas. Dessa forma, os ambientes

educacionais de EP atuarão de forma incisiva na realidade em que estão

engajados e terão grandes possibilidades de obter êxito nos processos

educativos desenvolvidos.

De acordo com Moura (2008), a aproximação com o entorno tende a

contribuir para o estabelecimento de um diálogo social entre as próprias

instituições de ensino com distintos pontos de vista da sociologia, das ciências

da educação, da psicologia, da economia, da organização empresarial, dos

sindicatos de empregados e empregadores, entre outros sujeitos que integram

a sociedade civil. Esse diálogo contribuirá para que seja compreendida de

forma mais clara a realidade na qual se está submerso, além de possibilitar a

busca por atender às demandas do entorno de forma mais direta e visível.

Além disso, será possível antecipar-se a elas, podendo assim potencializar os

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processos voltados para a transformação da realidade vigente na direção já

delineada.

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CAPÍTULO IV

ANÁLISE DOCUMENTAL

Para a realização do presente trabalho, além de se basear em fontes

bibliográficas, optou-se por realizar um trabalho de campo visando realizar

possíveis articulações entre o campo teórico e a prática. Para desenvolver o

trabalho de campo, foi escolhida uma unidade da Fundação de Apoio à Escola

Técnica (FAETEC). A unidade selecionada foi o Centro Vocacional

Tecnológico de Mesquita. Essa unidade escolar fica localizada no Município de

Mesquita, no bairro de Edson Passos.

De acordo com o site da Fundação de Apoio à Escola Técnica, o Centro

Vocacional Tecnológico de Mesquita, uma escola de Construção Civil, foi

inaugurado em Dezembro de 2008 pelo governador Sérgio Cabral, com o fim

de atender as demandas locais. Segundo o site da prefeitura de Mesquita, com

a qual o Centro Vocacional possui parceria, o CVT é uma unidade de ensino

profissionalizante voltada para a difusão do acesso ao conhecimento científico

e tecnológico, buscando arranjo produtivo local de acordo com s demandas da

região.

O CVT Mesquita é uma escola de construção que possui cursos livres,

esses conhecidos como cursos FIC, ou seja, pertencentes à Diretora de

Formação Inicial e Continuada e possui um único curso Técnico que é na área

de Edificações. Esse curso pertence a outra diretoria da FAETEC, à DDE-

Diretoria de Desenvolvimento da Educação Básica. Os cursos livres possuem

a duração 20 semanas, enquanto que o curso Técnico em Edificações, na

modalidade subsequente, possui duração de 1(um) ano e 6(seis) meses.

Os cursos livres que a unidade possui são: Pedreiro de Alvenaria, Eletricista

Instalador Predial de Baixa Tensão, Encanador Instalador Predial, Armador de

Ferragem, Almoxarife de Obras, Carpinteiro de Obras, Aplicador de

Revestimento Cerâmico e Curso de Informática. Até o ano de 2011 os cursos

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possuíam outra nomenclatura. Atualmente, estão vigorando os nomes

anteriormente citados.

A escola possui cursos no turno da manhã, tarde e noite, com exceção do

técnico que funciona apenas pela noite. A escola já formou duas turmas de

curso técnico e desde 2009 vem formando turmas que são fruto de seus

cursos livres. O curso que mais forma profissionais, tendo menor índice de

evasão, é o curso de Eletricista Instalador Predial de Baixa Tensão. Logo, esse

será o curso alvo da presente pesquisa. Além de discorrer sobre a dinâmica de

tal curso na unidade, matriz curricular, componentes curriculares e plano de

curso do mesmo, serão discutidos os limites e possibilidades do trabalho

docente em tal curso.

De acordo com o plano do curso de Eletricista Instalador Predial de Baixa

Tensão, a forma de oferta do curso é presencial e o eixo tecnológico do curso

se direciona para Infraestrutura. A justificativa presente no plano do curso, que

é enviado para órgão central da FAETEC, funcionando atualmente em

Quintino, inicia-se dizendo:

“Sintonizada com a necessidade de expansão de cursos de

Formação Inicial e Continuada e Qualificação Profissional, a

FAETEC, através da Diretoria de Formação Inicial e Continuada

(DIF), apresenta o Plano de Curso de Eletricista Instalador

Predial de Baixa Tensão, elaborado com o propósito de formar

profissionais mais dinâmicos, criativos e capaz de transpor a

vivência acadêmica fundamentada em teoria e prática

específicas, para um mercado de trabalho cada vez mais

exigente. Nesse contexto, o curso de Eletricista Instalador Predial

de Baixa Tensão foi concebido para formar profissionais

coadunados com as necessidades empresariais e

comprometidos com o desenvolvimento econômico social e

sustentável, além de participativos nos processos produtivos e de

qualidade.”

Além disso, o plano do curso destaca a atualização do curso no que

diz respeito ao perfil profissional e conteúdo, frente às necessidades atuais do

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mercado de trabalho. Além de frisar o alinhamento às Diretrizes do Ministério

da Educação (MEC).

O que pode ser percebido, ao se deparar com a justificativa é que o

viés de trabalho que o curso segue é quase que inteiramente voltado para o

atendimento às demandas do mercado e às necessidades de se estar

atualizado frente às constantes mudanças socioeconômicas. O propósito de

formar profissionais mais “dinâmicos e criativos” é com o fim de transpor o que

se é aprendido para atender “um mercado cada vez mais exigente”. Até então

a criticidade não foi tocada nem de forma tangencial.

No que diz respeito aos objetivos do curso, uma nova percepção de

formação profissionalizante começa a nascer. No objetivo geral o documento

afirma que almeja oferecer um curso que “contribua para a inserção do

egresso no mercado de trabalho e a sua formação como um ser produtivo e

transformador da sociedade.” Diante de tal afirmativa, percebe-se que começa

a existir no documento um comprometimento com uma formação holística do

indivíduo, visando proporcionar ao mesmo uma formação que é ao mesmo

tempo produtiva e transformadora.

Nos objetivos específicos, alguns itens são enumerados, como: a

promoção de cursos de qualificação, em consonância com as necessidades

econômicas do Estado do Rio de Janeiro; a capacitação de alunos para uso

instrumental adequado, possibilitando o alcance de autonomia no processo de

aprendizagem e valorizando a satisfação pessoal por meio da efetividade na

comunicação, na integração e na busca de seus ideais; a formação de

profissionais eficientes e capacitados para enfrentar os diferentes aspectos do

mercado de trabalho, com as competências e habilidades específicas da

atividade profissional e o incentivo, a articulação e a promoção do

desenvolvimento do empreendedorismo através da oferta de atualização

tecnológica e de atividades gerenciais que possam estimular a criação de

novas oportunidades de geração de trabalho e renda.

Nos objetivos específicos outros aspectos começam a surgir e ocupar

espaço na formação dos eletricistas. A ideia de autonomia, integração na

busca de ideais e até a possibilidade do sujeito de desenvolver com base em

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ações empreendedoras recebem vez na visão de formação do Eletricista

formado pela Fundação de Apoio à Escola Técnica, em especial, no CVT

Mesquita. Todavia, para compreender como se daria a promoção de tais

valores e ideias nos alunos, é necessário analisar os conteúdos lecionados

pelos profissionais. Pois será através do trabalho docente e do conteúdo

lecionado que se saberá onde se deseja chegar de fato e de verdade.

A estrutura curricular do curso prevê uma matriz curricular com os

seguintes componentes curriculares: Língua Portuguesa, Matemática, Saúde,

Segurança e Meio Ambiente(SSMA), Leitura e Interpretação de Projetos de

Instalações Elétricas/ Orçamento e Metrologia. Ao todo, cinco componentes. A

carga horária dos mesmos de divide em: 40h para Língua Portuguesa, 40h

para Matemática, 40h para SSMA e 240h para Leitura e Interpretação de

Projetos e Metrologia, totalizando assim, um curso de 360h.

O item Organização Curricular, além de discorrer sumariamente

sobre a divisão dos componentes e suas respectivas cargas horárias, trata

também dos temas transversais. De acordo com esse item, os temas

transversais, como Ética, Empreendedorismo e Relações Interpessoais serão

abordados por meio de projetos e palestras presenciais, além de atividades

semipresenciais.

O que se pode perceber diante das informações anteriormente

mencionadas, é uma educação essencialmente voltada para o mercado, tendo

uma pequena parte de seu discurso voltado para um ideal transformador de

educação. A ideia de trabalhar no aluno conceitos e ideais para sua atuação

crítica na sociedade, ou seja, uma formação que vão além do que o mercado

exige, se dá de forma subsidiária.

Outro ponto pertinente para análise é com relação ao conteúdo

programático dos temas transversais. De acordo com o plano de curso, o

trabalho do professor com o tema ética seria baseado na conceituação de ética

e moral, reconhecendo o código de ética específico da produção. No que diz

respeito ao empreendedorismo, o trabalho seria pautado também na

conceituação de empreendedorismo e atitude empreendedora. O papel do

empreendedor e as características específicas da gestão de negócios. Por fim,

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o desenvolvimento do tema Relações Interpessoais seria baseado na definição

de conceitos relacionados com o comportamento, a conduta profissional e o

trabalho em equipe, estabelecendo os critérios para o perfil adequado ao

mundo do trabalho.

Diante do conteúdo programático supracitado para os temas

transversais, percebe-se que nem os mesmos que, em tese, possibilitariam um

trabalho mais amplo e um pouco mais crítico, “transformador” e “criativo”

abrem espaço para trabalhar outras questões que não sejam intrinsecamente

ligadas ao mercado de trabalho. O que essencialmente não seria a ideia da

transversalidade.

No que diz respeito ao perfil profissional e às competências que

devem ser desenvolvidas ao longo do curso, são enumerados os seguintes

aspectos: trabalhar em equipe; exercer liderança; demonstrar criatividade;

apresentar dinamismo; saber contornar situações adversas; demonstrar

objetividade e flexibilidade de mudanças e por fim, atualizar-se e buscar a

construção contínua do saber.

Ao verificar os aspectos que podem ser considerados importantes de

um plano de curso, é possível visualizar que o trabalho docente direcionado no

sentido apontado pelo plano, será de apenas transmitir o conteúdo selecionado

previamente pela diretoria responsável pela elaboração do mesmo. O que

intriga é: como promover a autonomia, o desenvolvimento da criatividade, do

dinamismo se a educação profissional vista em tal plano de curso é

essencialmente cristalizada? O fato é que, ao realizar levantamento

bibliográfico, essa não é uma realidade apenas da Faetec que se situa no Rio

de Janeiro, mas sim uma realidade brasileira. Outra questão pode ser

levantada diante do exposto através da análise de campo: Como “fugir” dessa

linha de trabalho e buscar uma educação pautada em uma formação

humanística, se o próprio sistema se incumbirá de excluir aquele que não se

enquadrar em seus moldes? As possibilidades são muito poucas e os limites

são muitos.

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CAPÍTULO V

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da breve análise realizada no presente trabalho, foi possível

perceber não apenas pelo parecer dos teóricos escolhidos, mas pela análise

documental realizada que a Educação Profissional está longe de ter imbuída

em si aspectos como o desenvolvimento da criticidade e promoção de uma

Educação Profissional de cunho transformador. O caráter reprodutor é um taço

marcante da Educação Profissional nos dias atuais.

Mesmo com todos os avanços conquistados com a Lei de Diretrizes

e Bases da Educação Nacional de 1996, a modalidade de EP no Brasil, pode

ser considerada por Meszáros como alienadora. Uma educação que apenas

visa atender as demandas do mercado de trabalho e atender à lógica do

capital, não pode ser considerada como transformadora, muito menos como

fator de mudança social.

Uma educação para além do capital, seria uma educação para além

dos interesses do mercado, não que o deixasse de contemplar, afinal, um

indivíduo que não atende ao que já está posto pela lógica capitalista fica

excluído do sistema e sua inserção no mercado é inviabilizada. um caminho

preconizado seria a tentativa de equilíbrio entre promover educação para

inserção no mercado e promover educação para além desse mercado. Nesta

última, o indivíduo não seria mero refém do sistema, mas seria ator no cenário

sócio-político-econômico no qual está engajado. Sua atuação se daria direta

ou indiretamente no sistema. Seja tendo contato direto com os mecanismos de

controle e alienação, seja desenvolvendo a criticidade frente ao que lhe é

imposto. Ser consciente da realidade na qual se está engajado é o primeiro

passo para romper com a alienação.

O que se percebe ao ir a campo e verificar documentos de uma

unidade escolar que atua na modalidade escolhida pelo presente trabalho é a

atenção essencialmente direcionada para mercado. Até mesmo ao pensar nos

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temas transversais, o direcionamento é sempre voltado para o mercado.

Possibilidades de escape são muito poucas frente a um sistema tão rígido e

inflexível. É nesse momento que pode-se contar com o trabalho do

professorado. Apesar de atuarem em uma dinâmica engessada, com pouca

possibilidade de flexibilidade. A figura do docente, pode atuar como ferramenta

de transformação na vida do aluno. É bem verdade que, não se pode associar

a figura do docente com a figura de um redentor da educação, nem muito

menos como o responsável pelos insucessos. O docente, como já dito, é uma

ferramenta poderosa, que pode usar as brechas existentes no sistema para

fomentar a práticas, mesmo que poucas e pequenas, que visem o rompimento

com a alienação. No lugar de apenas conceituar ética, empreendedorismo e

relações interpessoais, porque não trabalhar possíveis interpretações dos

alunos desses conceitos? Porque transmitir que certos conceitos estão na

esfera do certo ao invés de permitir aos alunos a construção de seus próprios

conceitos frente ao mundo em que vivem?

A possibilidade de tornar volúvel o que é cristalizado não é tão

impossível quanto parece. Enquanto que o binômio saber/poder possui no

mercado a conotação de quanto mais se sabe mais poder aquisitivo se tem, na

vida como um todo, tal binômio pode ter a seguinte conotação: o quanto mais

se sabe, mais poder se tem para transformar.

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