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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA (EaD) E A SUA CONTRIBUIÇÃO
PARA A DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO AO ENSINO NO
BRASIL
Por: Miriam Ribeiro Sant`Ana Sequim
Orientadora
Profª. Mary Sue Pereira
Niterói
Janeiro/2012
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA (EaD) E A SUA CONTRIBUIÇÃO
PARA A DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO AO ENSINO NO
BRASIL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Administração e Supervisão
Escolar.
Por: Miriam Ribeiro Sant`Ana Sequim
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, meu criador.
Ao meu pai, Sebastião (In Memoriam),
por ter dado início a história da minha
vida.
A minha mãe, Waldira, mulher
guerreira, em quem me inspiro.
E ao meu grupo, pela parceira na
busca por mais essa conquista.
4
DEDICATÓRIA
A Marcelo, meu marido, companheiro,
amigo e grande incentivador.
Obrigada, Amor por tudo!
5
RESUMO
No presente trabalho, buscamos traçar, no primeiro capítulo, um
panorama da evolução histórica da educação à distância (EaD), desde os
primeiros cursos por correspondência, até a utilização, atualmente, da internet
como mídia básica que dá suporte a tal modalidade de educação, observando
quais são as perspectivas atuais. Buscamos ainda nesse capítulo evidenciar o
que é a EaD na visão dos alunos, bem como pesquisamos as iniciativas
governamentais que visam garantir o acesso às tecnologias digitais que
servem de suporte e de meio de acesso aos cursos à distância via internet.
No segundo capítulo, tivemos como objetivo demonstrar que a EaD é
uma ferramenta de democratização do acesso ao ensino no Brasil, pois através
dela tornam-se reais os mandamentos constitucionais de garantia de acesso à
educação, bem como concretizam o que grandes educadores como Anísio
Teixeira e Paulo Freire (cujos pensamentos procuramos resumir) diziam ser os
princípios de uma educação de qualidade, democrática e de massa.
Demonstramos, de forma objetiva e por meio de gráficos, a grande
expansão pela qual a EaD vem experimentando no Brasil recentemente.
Por fim, no terceiro capítulo deixamos claro que a educação à distância
é algo dotado de efetividade, definida como sendo aquilo que provoca
mudanças na realidade. Evidenciamos que a EaD provoca mudanças para
melhor na vida dos alunos, pois estes passam a ter melhores perspectivas.
Embasamos tais evidências em um estudo comparativo do desempenho dos
profissionais formados em curso de EaD com profissionais formados em cursos
presenciais.
Procuramos também no último capítulo entender quais os fatores que
provocam limitações na efetividade da EaD, sendo que propusemos possíveis
soluções para tais limitações.
Queremos enfatizar que esta pequena obra não tem a pretensão de
esgotar tão importante assunto, mas tão-somente contribuir para seu estudo e
debate.
6
METODOLOGIA
Interessou-nos o objeto de pesquisa desta obra o fato de ser a educação
à distância um dos assuntos mais em pauta na área educacional, sendo que o
assunto é frequentemente abordado pela mídia. Tamanha evidência da EaD
nos levou aos seguintes questionamentos: será a educação à distância uma
eficaz forma de democratização do acesso ao ensino no Brasil? E caso seja,
qual o real impacto que tal modalidade de educação provoca na vida daqueles
que por ela optaram? Para respondermos a esses dois questionamentos
lançamos mão de farta literatura, tanto impressa quanto digital, e também de
pesquisas, publicadas em revistas especializadas e na internet que trazem
dados interessantes sobre o que é a EaD, suas potencialidades e suas
limitações. Procuramos nos apoiar no pensamento de dois grandes educadores
brasileiros, Paulo Freire e Anísio Teixeira, com o intuito de nos balizarmos a fim
traçar as linhas gerais do que seria para esses dois grandes nomes da
educação uma educação de massa, inclusiva e democrática.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - EaD: Início, desenvolvimento 10
e estágio atual
CAPÍTULO II - A EaD como ferramenta da 20
democratização do acesso ao ensino no Brasil
CAPÍTULO III – A Efetividade e as limitações da EaD 32
CONCLUSÃO 41
BIBLIOGRAFIA 43
ÍNDICE 45
8
INTRODUÇÃO
Vivemos a era do conhecimento, e a ponta-de-lança dessa era é a
informática. Praticamente todos os setores da atividade humana foram
invadidos pelos computadores.
Em 1969, com a entrada em operação da rede ARPANET nos EUA,
houve pela primeira vez a conexão entre dois computadores geograficamente
separados, visando a troca de informações entre eles. Era o início de algo que
mais tarde tornar-se-ia conhecida em todo o mundo como internet.
No Brasil, a utilização da Internet passou a se intensificar a partir da
metade da década de 1990, sobretudo após a privatização do sistema estatal
de telecomunicações, o que possibilitou acesso rápido a linhas telefônicas mais
baratas.
Empresas e instituições incorporaram rapidamente a internet em suas
atividades, utilizando-a como poderoso instrumento de concretização de seus
objetivos. Essa tendência solidificou-se com o passar do tempo, haja vista que
a utilização da rede mundial de computadores aparece como sendo algo
irreversível. Hoje em dia, as organizações, públicas ou privadas, com ou sem
fins lucrativos descobriram que a internet é uma poderosa ferramenta para o
atingimento de sua missão institucional.
É nesse contexto que iremos desenvolver nossa pesquisa, que tem a
Educação à Distância (EaD) como objeto. Sem dúvidas, a internet mudou a
configuração de tal modalidade de ensino. Não significa dizer, no entanto, que
não abordaremos, em visão panorâmica, no primeiro capítulo desta obra, as
tecnologias pré-internet que se utilizava a EaD para se materializar. Nesse
capítulo introdutório faremos um apanhado histórico da EaD, a fim de localizar
o leitor em relação ao tema, dando-lhe noções básicas sobre o que é, afinal de
contas, a Educação à Distância.
Já no capítulo dois, analisaremos a questão da necessidade de se
garantir a democratização do acesso ao ensino no Brasil, e estudaremos como
a EaD pode ser um valioso instrumento para tal democratização.
9
O terceiro capítulo estudará a EaD em si, com o intuito de se delinear as
potencialidades e as limitações dessa modalidade de ensino.Faremos um
estudo comparativo a respeito do desempenho nas formas de avaliação de que
dispõe o Ministério da Educação e Cultura (MEC), sobretudo o ENADE.
Analisaremos o desempenho dos alunos dos cursos de Educação à Distância
frente aos alunos dos cursos presenciais.
10
CAPÍTULO I
EAD: INÍCIO, DESENVOLVIMENTO E ESTÁGIO ATUAL O decreto federal nº 5622, de 19/12/2005, em seu artigo 1º, assim
define a EaD:
Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação à distância
como modalidade educacional na qual a mediação didático-
pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a
utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com
estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em
lugares ou tempos diversos.
Esse decreto vem regulamentar ao artigo 80 da lei 9.394/1996, que é a
lei das diretrizes e bases da educação brasileira.
Feita essa pequena introdução, podemos começar a estudar a origem e
a evolução do fenômeno da tele-educação. As primeiras experiências de
educação à distância surgiram na Europa no século XIX. Com a revolução
industrial ocorrida no século anterior, houve a necessidade de se qualificar a
mão-de-obra para as indústrias que iam tornando-se cada vez mais complexas.
Há registros também de experiência de tele-educação, na modalidade ensino
por correspondência, nos EUA, como a desenvolvida pela Universidade de
Chicago em 1892.
No Brasil, temos variadas experiências de tele-educação. Desde os
cursos por correspondência oferecidos pelo Instituto Monitor (1939), e pelo
Instituto Universal Brasileiro (1942), que ofereciam diversos cursos (mecânica
de automóveis, montagem e manutenção de circuitos eletrônicos, corte e
costura, por exemplo) por meio de publicações em jornais e revistas, até
iniciativas que se utilizavam de outros meios de comunicação, como o rádio
pela Fundação Roquette Pinto e pelo MEB – Movimento pela Educação de
Base - com objetivo de promover a tele-educação, e a televisão, nos anos
1970, com as iniciativas em educação supletiva de 1º e 2º graus feitas pela
Fundação Roberto Marinho e pela Fundação Padre Anchieta.
11
Uma das características mais marcantes dos cursos por
correspondência até o começo do século XX era seu caráter eminentemente de
educação para o trabalho. Visa-se o ensino de uma profissão. Tinha-se por
objetivo o desenvolvimento de determinadas habilidades (datilografia, por
exemplo).
Genericamente, podemos traçar a tele-educação ou educação à
distância, em 5 gerações distintas.
A primeira (1850-1960) foi caracterizada pela predominância do papel
impresso e mais tarde, passou a contar com o rádio e a televisão. Todavia, o
papel continuou a predominar.
A segunda geração (1960-1985) teve como marca principal o declínio da
predominância do papel impresso, que já não era mais a tecnologia base de
mídia que dava suporte à tele-educação, dividindo tal tarefa com as fitas de
áudio, a televisão, as fitas de vídeo e com o fax.
A terceira geração (1985-1995) tem como característica determinante o
advento dos computadores e da internet como tecnologia midiática base da
tele-educação. Passou-se a utilizar a forma eletrônica de correio, o chamado e-
mail, em substituição às mensagens via correio postal para a comunicação
entre professor e alunos. Passou-se também a utilizar outras formas de
comunicação digital, como o cd e a videoconferência.
Na quarta geração (1995-2005), nota-se o aprofundamento da utilização
das tecnologias digitais já empregados e o advento de outras, como os chats
(salas de bate-papo eletrônicas na internet) e transmissões digitais em banda
larga.
Observe-se que a tradicional mídia de papel não foi banida do processo
de ensino à distância, mas apenas foi relegada a segundo plano.
Por último, temos a quinta geração que, na definição de James C.
Taylor1 é caracterizada como sendo uma mescla de tudo que existe na quarta
geração mais a comunicação via computadores com sistemas de respostas
automatizadas, permitindo o acesso a processos institucionais, caracterizando-
1 Apud Santos, Edma.Educação on line para além da EAD: um fenômeno da
cibercultura.Educação on line.Cenário, formação e questões didático-metadológicas.Rio de Janeiro: Wak Editora, 2010, página 31.
12
se tal geração como a geração do surgimento da aprendizagem flexível
inteligente.
Temos ainda, pelo lado da comunicação em si, fases bem distintas,
ditadas pelo estágio de desenvolvimento cultural da civilização2. Assim sendo,
na cultura tradicional rural o tipo de comunicação predominante era oral e local,
na qual a ênfase era o aqui e o agora. Após essa fase, veio, no bojo da
revolução industrial, sobreveio a comunicação escrita e de massa, na qual se
sobressaia uma visão linear dos acontecimentos (encadeamento lógico de
causa e efeito) e um anseio pelo futuro.Por fim, há o aparecimento da
comunicação simbólico-digital oriunda da cultura eletrônica, cujas maiores
características são a onipresença (eliminação das barreiras espaciais), a
descontinuidade, a hipertextualidade do olhar e a interatividade.
1.1- Perspectivas atuais da Educação à Distância (EaD)
Como anteriormente dito, com o desenvolvimento de outros meios de
comunicação, sobretudo o digital, dos anos 1980 em diante, e principalmente
como a advento e rápida expansão da internet, o ensino superior também
ganhou voz e vez na educação à distância. Atualmente temos, dentre outras,
as experiências da Fundação Cecierj / Consórcio Cederj, que vem a ser uma
junção de forças de seis universidades localizadas no Estado do Rio de Janeiro
( UENF, UERJ, UFF, UFRJ, UFRRJ e UNIRIO), que desde o ano 2000 tem por
objetivo “contribuir para a interiorização do ensino superior público gratuito e de
qualidade no Estado do Rio de Janeiro por meio de ofertas de cursos de
graduação à distância na modalidade semipresencial (...)“3. Baseando na
metodologia de Ensino à Distância (EaD), com suporte em tecnologias
multimídia, sobretudo telefone e internet, essa iniciativa busca eliminar as
limitações temporais e espaciais de uma parcela da população de educandos
que moram em lugares distantes das universidades ou que não podem dispor
de tempo para assistir as aulas no modelo tradicional de curso.
2 Leite, Lígia Silva. Mídia e a perspectiva da tecnologia educacional no processo pedagógico
contemporâneo.Tecnologia e Educação.As mídias na prática docente.Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011, página 62.
3 Extraído da página do Consórcio Cecierj na internet, disponível em http://www.cederj.edu.br/cederj/ .Acesso em 08/09/2011, às 19:17 horas.
13
No que tange os cursos de pós-graduação, temos a experiência pioneira
da Universidade Cândido Mendes (UCAM), que implementou em 1996 o
programa de pós-graduação A Vez do Mestre, e desde o ano 2000 oferece a
modalidade de Pós-Graduação à distância4.
1.2- As iniciativas governamentais de promoção ao acesso
a tecnologias digitais
Há iniciativas governamentais que visam à promoção do acesso às
tecnologias digitais. Sem dúvida, a maior de todas é o ProInfo (Programa
Nacional de Tecnologia Educacional), programa educacional do Ministério da
Educação (MEC) que tem por objetivo promover o uso pedagógico da
informática na rede pública de educação, levando às escolas computadores,
recursos digitais e conteúdos educacionais5.
Além do ProInfo, há outros programas e ações, no âmbito do MEC, a
saber6:
• Domínio público – biblioteca virtual ► Lançado em 2004, o portal
oferece acesso de graça a obras literárias, artísticas e científicas (na
forma de textos, sons, imagens e vídeos), já em domínio público ou que
tenham a sua divulgação autorizada;
• DVD – Escola ► O Projeto DVD Escola oferece a escolas públicas de
educação básica caixa com mídias DVD, contendo, aproximadamente,
150 horas de programação produzida pela TV Escola;
• e-Proinfo► O Ambiente Colaborativo de Aprendizagem (e-Proinfo) é um
ambiente virtual colaborativo de aprendizagem que permite a
4 Extraído da página da Faculdade A Vez do Mestre, disponível em http://www.avm.edu.br/.
Acesso em 20/09/2011, às 18:23 horas. 5 Extraído da página do Ministério da Educação na internet, disponível em
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=289&Itemid=822 . Acesso em 14/09/2011, às 19:15 horas.
6 Idem.
14
concepção, administração e desenvolvimento de diversos tipos de
ações, como cursos a distância, complemento a cursos presenciais,
projetos de pesquisa, projetos colaborativos e diversas outras formas de
apoio a distância e ao processo ensino-aprendizagem;
• e-Tec► Lançado em 2007, o sistema Escola Técnica Aberta do Brasil
(e-Tec) visa à oferta de educação profissional e tecnológica a distância e
tem o propósito de ampliar e democratizar o acesso a cursos técnicos de
nível médio, públicos e gratuitos, em regime de colaboração entre União,
estados, Distrito Federal e municípios. Os cursos serão ministrados por
instituições públicas.
• Programa Banda Larga nas Escolas►O Programa Banda Larga nas
Escolas (PBLE) tem como objetivo conectar todas as escolas públicas
urbanas à internet, rede mundial de computadores, por meio de
tecnologias que propiciem qualidade, velocidade e serviços para
incrementar o ensino público no País. O Programa Banda Larga nas
Escolas foi lançado no dia 04 de abril de 2008 pelo Governo Federal, por
meio do Decreto nº 6.424 que altera o Plano Geral de Metas para a
Universalização do Serviço Telefônico Fixo Comutado Prestado no
Regime Público – PGMU (Decreto nº 4.769). Com a assinatura do
Termo Aditivo ao Termo de Autorização de exploração da Telefonia
Fixa, as operadoras autorizadas trocam a obrigação de instalarem
postos de serviços telefônicos (PST) nos municípios pela instalação de
infraestrutura de rede para suporte a conexão à internet em alta
velocidade em todos os municípios brasileiros e conexão de todas as
escolas públicas urbanas com manutenção dos serviços sem ônus até o
ano de 2025. A gestão do Programa é feita em conjunto pelo Ministério
da Educação (MEC) e pela Agência Nacional de Telecomunicações
(ANATEL), em parceria com o Ministério das Comunicações (MCOM), o
Ministério do Planejamento (MPOG) e com as Secretarias de Educação
Estaduais e Municipais;
• ProInfo Integrado►O ProInfo Integrado é um programa de formação
voltada para o uso didático-pedagógico das Tecnologias da Informação
15
e Comunicação (TIC) no cotidiano escolar, articulado à distribuição dos
equipamentos tecnológicos nas escolas e à oferta de conteúdos e
recursos multimídia e digitais oferecidos pelo Portal do Professor, pela
TV Escola e DVD Escola, pelo Domínio Público e pelo Banco
Internacional de Objetos Educacionais;
• TV Escola►A TV Escola é um canal de televisão do Ministério da
Educação que capacita, aperfeiçoa e atualiza educadores da rede
pública desde 1996. Sua programação exibe, nas 24 horas diárias,
séries e documentários estrangeiros e produções próprias.
Os principais objetivos da TV Escola são o aperfeiçoamento e
valorização dos professores da rede pública, o enriquecimento do
processo de ensino-aprendizagem e a melhoria da qualidade do ensino.
Há inúmeras possibilidades de uso da TV Escola: desenvolvimento
profissional de gestores e docentes (inclusive preparação para
vestibular, cursos de progressão funcional e concurso público);
dinamização das atividades de sala de aula; preparação de atividades
extraclasse, recuperação e aceleração de estudos; utilização de vídeos
para trabalhos de avaliação do aluno e de grupos de alunos;
revitalização da biblioteca e aproximação escola-comunidade. Alguns
dos programas exibidos pela TV Escola estão disponíveis para
download gratuito no Portal Domínio Público;
• Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB)►O programa busca
ampliar e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação
superior, por meio da educação a distância. A prioridade é oferecer
formação inicial a professores em efetivo exercício na educação básica
pública, porém ainda sem graduação, além de formação continuada
àqueles já graduados. Também pretende ofertar cursos a dirigentes,
gestores e outros profissionais da educação básica da rede pública.
Outro objetivo do programa é reduzir as desigualdades na oferta de
ensino superior e desenvolver um amplo sistema nacional de educação
superior a distância. Há polos de apoio para o desenvolvimento de
atividades pedagógicas presenciais, em que os alunos entram em
16
contato com tutores e professores e têm acesso a biblioteca e
laboratórios de informática, biologia, química e física. Uma das
propostas da Universidade Aberta do Brasil (UAB) é formar professores
e outros profissionais de educação nas áreas da diversidade. O objetivo
é a disseminação e o desenvolvimento de metodologias educacionais de
inserção dos temas de áreas como educação de jovens e adultos,
educação ambiental, educação patrimonial, educação para os direitos
humanos, educação das relações étnico-raciais, de gênero e orientação
sexual e temas da atualidade no cotidiano das práticas das redes de
ensino pública e privada de educação básica no Brasil;
• Banco Internacional de Objetos Educacionais►O Banco Internacional
de Objetos Educacionais é um portal para assessorar o professor. No
banco, estão disponíveis recursos educacionais gratuitos em diversas
mídias e idiomas (áudio, vídeo, animação/simulação, imagem,
hipertexto, softwares educacionais) que atendem desde a educação
básica até a superior, nas diversas áreas do conhecimento;
• Portal do Professor►O Portal do Professor é um espaço para troca de
experiências entre professores do ensino fundamental e médio. É um
ambiente virtual com recursos educacionais que facilitam e dinamizam o
trabalho dos professores. O conteúdo do portal inclui sugestões de aulas
de acordo com o currículo de cada disciplina e recursos como vídeos,
fotos, mapas, áudio e textos. Nele, o professor poderá preparar a aula,
ficará informado sobre os cursos de capacitação oferecidos em
municípios e estados e na área federal e sobre a legislação específica;
• Programa Um Computador por Aluno (Prouca)►Com a edição do
Decreto nº 7243, de 26 de julho de 2010, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva regulamentou o Programa Um Computador por Aluno (Prouca)
e o Regime Especial de Aquisição de Computadores para Uso
Educacional (Recompe). O Prouca é um programa pelo qual estados,
municípios e o Distrito Federal podem adquirir computadores portáteis
novos para uso das suas redes públicas de educação básica. A empresa
17
habilitada para esta venda foi selecionada por meio de pregão eletrônico
para registro de preços realizado pelo Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE). Para incentivar a compra, o
governo federal disponibiliza linha de crédito para financiamento por
meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES). O laptop possui configuração exclusiva e requisitos funcionais
únicos, tela de cristal líquido de sete polegadas, bateria com autonomia
mínima de três horas e peso de até 1,5 kg. É equipado para rede sem fio
e conexão de Internet;
• Projetor Proinfo►Com o propósito de levar tecnologias às salas de aula,
o Ministério da Educação disponibiliza, por meio do FNDE, um projetor
multimídia interativo para facilitar o ensino e a aprendizagem. Concebido
e desenvolvido pelas universidades federais de Santa Catarina e de
Pernambuco, o projetor é diferente dos demais disponíveis no mercado
por facilitar a interatividade. Portátil e leve (apenas 5 quilos), é equipado
com mouse, teclado e portas de entrada para CD, DVD e demais
acessórios (USB), e congrega diversas funcionalidades. Portanto,
dispensa o uso de computador. O objetivo é levar os conteúdos digitais
para a sala de aula e, com isso, torná-la mais atraente e interativa. O
Ministério da Educação já solicitou patente do produto. O projetor
multimídia será mais uma ferramenta de inclusão digital do Programa
Nacional de Tecnologia Educacional – ProInfo.
Observe-se que todos esses programas são operacionalizados pela
Secretaria de Educação a Distância do MEC e que por se tratarem de
iniciativas nacionais e não apenas federais envolvem todos os demais entes da
Federação (Estados, Distrito Federal e Municípios), sob coordenação da União.
18
1.3- A EaD na perspectiva dos alunos
Como um indício da influência que o estágio atual da EaD exerce sobre
os educandos, podemos analisar recente reportagem divulgada pela revista
Appai Educar7, com base na pesquisa feita pela Revista Digital da
CVA/RICESU8, na qual mapeou-se as expectativas de um grupo de alunos de
ensino presencial que também estudavam pela EaD. Foram sondadas suas
percepções sobre o que é uma aula no ambiente virtual e o que uma aula no
ambiente presencial, bem como as características para uma boa aula
presencial versus uma boa aula no ambiente virtual.
Dentre as características apontadas, em termos percentuais pelos
alunos, para haver uma boa aula no ambiente presencial, destacam-se:
1.Metodologia atrativa, interessante com uma boa dinâmica explicativa (44%) ;
2. Diversificação e atualização do material didático (11%); 3.Interação
professor/aluno e aluno/aluno (10%); 4.Participação, interesse e organização
do aluno (8%); 5.Outras características (27%).
Já no curso virtual, foram apontadas as seguintes características:
1.Participação, interesse e organização do aluno, bem como sua autodisciplina
(22%); 2. Diversificação e atualização do material didático (21%); 3.Interação
professor/aluno e aluno/aluno (16%); 4.Acompanhamento, motivação e preparo
do professor (12%); 5.Outras características (29%).
Graficamente, as diferenças saltam aos olhos:
Gráfico 1: uma boa aula no ambiente Gráfico 2: uma boa aula no ambiente virtual
presencial
7 Ano 13, nº 69 – 2010, pág. 30. 8 Disponível em http://pead.ucpel.tche.br/revistas/index.php/colabora/article/view/133
19
Já no que se refere ao que seria uma aula, para tais alunos, no ambiente
presencial, temos: 1.Transmissão oral do conteúdo pelo professor (52%);
2.Troca de informações e experiências por meio da interação presencial (28%);
3.Obrigação que o aluno tem para não receber falta (8%); 4.Processo de
mediação do conhecimento por meio do docente e do educando (3%);4.Outras
respostas (9%).
No que tange a essa percepção no ambiente virtual, temos: 1.Troca de
ideias, de experiência e de muita leitura por parte do aluno (36%); 2. Interação
escrita em ambiente virtual (13%); 3.Flexibilidade quanto ao programa de
estudo temporal e espacial (10%); 4.Maior responsabilidade e disciplina do
discente (7%); 5.Outras respostas (34%).
Graficamente, temos:
Gráfico 3: A aula no ambiente virtual Gráfico 4: A aula no ambiente presencial
Segundo os autores da pesquisa, o grupo de estudantes que respondeu
a pesquisa estava matriculado em um curso de graduação na modalidade
presencial, mas também cursava uma disciplina na modalidade a distância,
sendo que já havia cursado pelo menos uma disciplina nessa mesma
modalidade.
Comparando os dados, torna-se possível observamos uma grande
variação na maneira de encarar a educação presencial e a EaD por parte dos
alunos pesquisados, pois se na educação presencial o ponto forte destacado
pelos alunos foi a presença e sua atuação , com ênfase nos métodos de
ensino por este utilizado, na EaD, os alunos destacam a necessária
cooperação que deve existir entre os próprios estudantes e entre estes e os
professores, com a finalidade de mútuo auxílio no processo de ensino-
aprendizagem.
20
CAPÍTULO II
A EAD COMO FERRAMENTA DA DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO AO ENSINO NO BRASIL
A democracia é uma forma de governo muito antiga, imaginada pelos
gregos, e que se baseava em uma inversão dos modos de governar até então
existentes nas sociedades da época, consistindo na ideia de que não era a
população que deveria existir para servir o governo, mas o contrário, sendo que
tal governo deveria ser composto por pessoas escolhidas pela população, para
que esses escolhidos pusessem em prática aquilo que a maioria achava ser o
melhor para ela mesma.
O conceito de democracia (palavra formada pela união de duas outras,
de origem grega: deimos, que significa povo, e cracia, que significa governo),
pode ser definido como sendo o " 1. governo em que o povo exerce a
soberania. 2. sistema comprometido com a igualdade ou a distribuição
igualitária de poder."9
Como vimos, a democracia pode ser resumida como um sistema em
que, em um Estado Democrático de Direito, o poder é exercido por
representantes do povo e em nome do povo.
O documento fundamental do Estado Democrático de Direito é a
Constituição, cuja principal função é garantir os direitos fundamentais, dentre
os quais, em termos de constituição brasileira, é o direito à educação (artigo 6º
da Constituição da República Federativa do Brasil), componente dos direitos
sociais (que são direitos fundamentais de 2ª dimensão), nascidos da luta do
proletariado durante a 3ª revolução industrial ocorrida no século XX e que
visavam garantir igualdade material entre os membros de uma sociedade.
São destinatários da proteção conferida por essa geração de direitos
sociais os chamados hipossuficientes e as parcelas mais fragilizadas do estrato
social.
A implementação dessa dimensão de direitos é feita por meio de
políticas públicas que os tornem efetivos.
9 Mini Houaiss Dicionário da Língua Portuguesa.Rio de Janeiro:Objetiva, 2004, pag.215
21
Então, resumidamente podemos dizer que a educação é um direito
fundamental, básico, que possui garantia constitucional e que por isso obriga o
Estado e a família, e deve ser promovida com a colaboração da sociedade.
Vejamos o que diz o artigo 205 da Constituição Federal:
Art.205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
O artigo 206 da Constituição Federal, por sua vez, traz os princípios
pelos quais o ensino deverá ser realizado:
Art.206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o
pensamento, a arte e o saber;
III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V – valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na
forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por
concurso público de provas e títulos, aos da rede pública;
VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII – garantia de padrão de qualidade;
VIII – piso salarial nacional para os profissionais da educação escolar
pública, nos termos da lei federal.
22
Por outro lado, o artigo 208 da Constituição Federal estabelece quais
modalidades de ensino são deveres do Estado: 1. A educação básica
obrigatória (inciso I); 2. O ensino médio gratuito e universal (inciso II); 3. A
educação infantil, em creches e pré-escolas (inciso IV); 4. Níveis mais elevados
de ensino, segunda a capacidade individual (inciso V) e, 5.O ensino noturno
regular (inciso VI).
2.1- Educação e democracia: o pensamento de Anísio
Teixeira10:
Anísio Spínola Teixeira (1900-1971), nascido em Caetité, Bahia foi um
dos pioneiros do conceito de educação democrática. Para esse grande
educador, a educação não poderia ser vista como um privilégio, mas sim como
um direito social e um instrumento para a efetivação da democracia.
Anísio Teixeira defendia que a educação seria uma maneira eficaz de
garantir a unidade nacional, uma melhor organização do País como nação, e o
aprimoramento popular através da construção de uma cultura que atendesse
todo povo brasileiro. Teixeira defendia uma educação sistematizada, regular,
popular, pública, de qualidade e democrática.
Anísio Teixeira poderia ser considerado como um voluntarista, isto é, um
crítico sistemático do estado da educação em sua época. Tal senso crítico o
levou a conceber a escola como sendo um espaço no qual as crianças de
origem humilde pudessem contar com condições reais de melhoria de vida por
meio da educação. Tais condições eram materializadas em livros, recreação,
revistas, saúde, ciência e arte, professores com o devido preparo, sentidos
aguçados de percepção e crítica e desenvolvimento vontade de ser ter
propósitos de vida.
Como educador, Teixeira tinha duas vertentes claras de atuação: 1. a
preocupação com a elaboração de um plano de construção de escolas, que
permitisse a elevação do número de matrículas de alunos; 2. a criação de um
projeto pedagógico que atendesse os interesses dos alunos matriculados.
10. Disponível em www.scielo.br/pdf/es/v21n73/4203.pdf Consulta em 04/11/2011 às 17:50 hs.
23
Assim sendo, Anísio Teixeira procurou atuar no sentido de ampliar o
atendimento às crianças, com ênfase à melhoria da sua frequência e de seu
rendimento. Procurou ainda fomentar uma apurada preparação do professor,
bem como o acompanhamento das atividades docentes. Com isso, buscava-se
criar um ambiente em que todos os atores escolares pudessem desenvolver
um sentimento de responsabilidade pela escola enquanto instituição pública.
De outro lado, buscou incentivar a educação técnica nas escolas secundárias,
conjugando conteúdos de cultura geral com conteúdos de ensino
profissionalizante, com o intuito de formar profissionais críticos. Havia ainda a
preocupação com a educação dos adultos, materializada com a ampliação da
oferta de cursos de extensão e de aperfeiçoamento.
Podemos ver claramente que Anísio Teixeira entendia a educação como
um bem social a ser distribuído a todos e não apenas como um privilégio que
deva ficar restrito a um pequeno grupo de privilegiados. Na verdade, Teixeira
até defendia que a educação deveria ser utilizada como um instrumento de
formação de uma elite intelectual, mas a diferença com o ensino vigente à
época é que tal formação de elites deveria dar-se em todas as atividades, e
não apenas nas intelectuais, e com a participação de todas as classes sociais.
Em resumo, podemos dizer que Anísio Teixeira era contrário à educação
como um processo excludente, limitado à formação de um tipo de elite da qual
não fazia parte o povo, ao analfabetismo, à ausência, a repetência e a evasão
escolares, ao descompasso entre o ensino médio e as exigências da sociedade
moderna, à exclusão promovida no acesso à universidade, à improvisação do
ensino e à falta de compromisso com a educação pública de qualidade.
Por outro lado, Teixeira era favorável a uma escola séria, correta,
organizada e que fosse dedicada à formação básica do povo, a um ensino
médio que privilegiasse a cultura nacional, à aplicação integral das verbas
obrigatórias da educação, a uma educação básica mínima a todo brasileiro.
Enfim, era um entusiasta da plena educação como efetivo instrumento de
desenvolvimento nacional.
24
2.2- Educação e democracia: o pensamento de Paulo
Freire
Paulo Reglus Neves Freire, um dos maiores pensadores da educação
brasileira nasceu no Recife, Pernambuco e freqüentou a escola primária em
Jaboatão, tendo concluído seus estudos secundários também no Recife.
Diplomado em Direito, nunca exerceu a profissão, tendo optado pela
carreira docente desde logo, como professor de Língua Portuguesa no mesmo
colégio no qual se formou. Logo após seu primeiro cargo de direção, tendo
assumido a diretoria de educação e cultura do SESI de Pernambuco. Mais
tarde, assumiu a superintendência da instituição.
Paralelamente, continuou com sua carreira docente, tendo lecionado
Filosofia da Educação na Escola de Serviço Social do Recife. Em 1960, foi
nomeado professor doutor de Filosofia e História da Educação da Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Recife.
Por sempre ter participação ativa na vida educacional, cultural e política
de Recife, primeiramente, e de Pernambuco e do Brasil, posteriormente, levou-
o a ocupar variadas posições em diversos cargos públicos de relevância.
A primeira delas foi a coordenação do Programa Nacional de
Alfabetização do Governo Federal. Destaca-se nessa época a utilização do
método Paulo Freire de alfabetização de adultos. Tal método visava a rápida
alfabetização de jovens e adultos, que acabou por revelar-se uma prática
educativa verdadeiramente inédita.
Com o golpe militar de 1964 no Brasil, acabou por refugiar-se primeiro
na Bolívia e em seguida, no Chile, país no qual desenvolveu diversas
atividades acadêmicas e executivas, como, por exemplo, na consultoria do
Escritório Regional da UNESCO, no Instituto de Pesquisa e Treinamento da
Reforma Agrária, no Escritório Especial para Educação de Adultos e na
Universidade Católica de Santiago.
Retornando ao Brasil em 1980, após um período nos EUA, retomou suas
atividades acadêmicas, tendo lecionado na PUC-SP e na Unicamp e como
professor visitante na USP.
25
Além das atividades como professor, Paulo Freire também assumiu
cargos na Administração Pública, tendo sido nomeado secretário de educação
do município de São Paulo, em 1989.
Até falecer em 1997, continuou com intensa atividade intelectual,
produzindo ensaios, livros, artigos, entrevistas, conferências e diálogos com
outros pensadores.
Podemos definir a obra de Paulo Freire como sendo uma busca pela
autonomia do aluno, que deve desenvolver o saber de forma ativa, objetivando
a construção de uma consciência crítica, que segundo Freire, estava
implicitamente ligada à formação e desenvolvimento da democracia.
Um dos pilares de seu pensamento era a necessidade do estímulo ao
diálogo, pois assim seria possível a concretização da vida democrática e a
formação de pessoas compatíveis com a democracia. A educação deveria
refletir esses anseios democráticos, já que ensinaria ao educando a
importância do diálogo como instrumento de aproximação entre os vários
setores da sociedade e como forma de repelir o assistencialismo, que seria
uma maneira de deformação e domesticação do ser humano, na medida em
que promovia a passividade e não permitia o desenvolvimento crítico e
autônomo do homem.
Freire era um crítico da educação de sua época, já que ele via nela uma
prática educativa que estimulava a passividade, a hierarquização da vida
social, sendo totalmente descolado da realidade na qual estava inserida.
Em sua célebre obra “Pedagogia da Autonomia“, Paulo Freire destaca
que para haver educação é necessário que haja diálogo entre educando e
educador, possibilitando ao aluno ser ativo na construção do saber, devendo
partir dos seguintes pressupostos:
1. Rigorosidade metódica, que vem a ser o dever do educador
democrático em reforçar a curiosidade e a não-submissão do aluno,
ensinando-lhe a pensar de forma crítica e correta;
2. Pesquisa, pois segundo Freire, não há ensino sem pesquisa e vice-
versa;
26
3. Respeito ao conhecimento trazido pelos educandos, pois o professor
deve aproveitar a experiência dos alunos, relacionando-a aos
conteúdos;
4. Criticidade, que é o estímulo à curiosidade crítica e racional do
educando, afastando-o da ingenuidade e do irracionalismo;
5. Estímulo à ética, pois educar não seria apenas treinar, mas
principalmente estimular o caráter formador da moral do ser humano;
6. Estímulo à estética, ao estimular a beleza da pureza e da retidão da
educação como instrumento formador pleno do ser humano como ser
crítico e pensante.
7. Corporeificação da palavra pelo exemplo, que vem a ser uma
correlação entre o pensar certo e o fazer certo, pois de nada adianta
falar sem se praticar o que se fala;
8. Estímulo à assunção de riscos, à aceitação do novo e à rejeição de
qualquer forma de discriminação, pois segundo Freire o pensar certo
implica a rejeição a qualquer forma de discriminação na prática
educacional que venha a estimular preconceitos quando a raça,
classe ou gênero, já que isso ofende a própria substância do ser
humano e atenta seriamente contra a democracia. Além disso, é
parte do pensar certo o estímulo ao desenvolvimento crítico do
próprio entendimento do educando sobre as coisas, os fatos e os
conceitos apresentados pelo educador. O professor deve estimular o
aluno a enfrentar os riscos da produção do próprio conhecimento;
9. Reflexão crítica sobre a prática docente, que seria um fenômeno
duplo envolvendo a reflexão crítica sobre a prática docente e a
própria prática docente, com o objetivo de conduzir ao pensar certo e
à melhor prática docente;
27
10. Necessidade de reconhecimento e assunção da identidade cultural,
pois uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é
propiciar as condições em que os educandos, em suas relações uns
com os outros e de todos com o professor possam ter a oportunidade
de assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante,
comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, que é
capaz de odiar porque é capaz de amar. Isso significa uma rejeição
ao treinamento pragmático puro e simples ou do elitismo autoritário
dos que se pensam donos da verdade e do saber articulado. Em
resumo, é o reconhecimento do aluno como receptor mas também
como produtor e transmissor de conhecimento.
Assim sendo, Paulo Freire defende que ensinar não é transferir
conhecimento apenas, mas sim que o ensino contém uma consciência de
inacabamento, pois isso seria próprio do ser humano, que seria um ser nunca
“pronto” ou terminado, do ponto de vista intelectual e social. Haveria uma
inconclusão do ser, que se sabe como tal, e aí que entra o papel da educação,
pois ao se perceber inacabado, o ser humano se torna educável, devendo ser
estimulado a construir, de forma autônoma, seu próprio conhecimento.
2.3- A EaD como instrumento de democratização do
acesso à educação.
Passaremos a analisar interessante pesquisa realizada em 2008 pelo
Instituto Monitor, com apoio da Associação Brasileira de Educação à Distância
e do governo federal, que elaborou o Anuário Brasileiro de Estatística de
Educação Aberta e à Distância11 e traz relevantes dados sobre a efetivação da
democratização do acesso à educação promovida pela EaD, que atua como
um poderoso instrumento para tal democratização. Percebe-se claramente que
a EaD efetivou os dispositivos constitucionais que privilegiam o acesso à
educação, bem como vai ao encontro das ideias de uma educação
11 Disponível em http://www.abraead.com.br/anuario/anuario_2008.pdf Acesso em 04/11/2011 às 18:49
hs.
28
massificada, inclusiva e de qualidade defendidos por Anísio Teixeira e Paulo
Freire.
Inicialmente, faremos um apanhado geral do número de alunos
matriculados em cursos à distância no Brasil em 2008 (dados mais atualizados
disponíveis).
Conforme demonstra a tabela abaixo, no ano de 2008 havia cerca de
2,5 milhões de alunos atendidos por grandes projetos de educação à distância:
Gráfico 3 : alunos matriculados em grandes projetos de educação à distância
em 2008.
Registre-se que, segundo o Anuário Estatístico em análise, houve um
crescimento de 213% (duzentos e treze por cento) nas matrículas de alunos na
EaD em tais instituições, e de 54,8% (cinquenta e quatro vírgula oito por cento)
no número de instituições credenciadas à EaD durante os anos de 2004 a
2007.
Segundo o estudo em análise, houve e com em dados oficiais, houve um
crescimento de 571% (quinhentos e setenta e um por cento) no número de
curso de graduação em EaD e de 315% (trezentos e quinze por cento) no
número de matrículas nos curso de graduação no período de 2000 a 2006. A
próxima tabela mostra a evolução do crescimento das instituições que
ministravam curso na EaD no período:
29
Gráfico 4:evolução das instituições de ensino superio que ministram curso por EaD – 2000 a
2006
Ainda segundo o estudo ora analisado, o desempenho dos alunos de
graduação dos cursos à distância, e dos alunos de cursos presenciais de
graduação no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE ) de
2006, foram muito semelhantes, sendo que os resultados dos alunos dos
curso a distância foi ligeiramente melhor ( média de 38,26), em comparação
com os resultados dos cursos presenciais (média de 37,6), conforme mostra a
tabela:
Gráfico 5 : comparação do desempenho entre os alunos de cursos presenciais e de alunos cursos de EaD
no ENADE 2006
30
Nota-se também que a generalização do EaD se deu em todas as
regiões do Brasil, pois segundo os dados do Anuário em estudo, o número de
alunos matriculados em cursos de graduação de EaD saltou de 23.588 alunos,
em 2004, para 135.998, em 2006, na Região Centro-Oeste; de 57.982 alunos,
em 2004, para 89.818 alunos em 2006, na Região Nordeste; de 11.644 alunos,
em 2004, para 50.905 alunos, em 2006, na Região Norte; de 163.887 alunos,
em 2004, para 243.114 alunos, em 2006, na Região Sudeste, e; de 52.856
alunos, em 2004, para 258.623 alunos, em 2006, na Região Sul.
Assim, quanto à graduação e às demais modalidades de educação que
também são abrangidas pela EaD, o Anuário nos dá provas do caráter
universalista da EaD, pois segundo amostra estatística feita por esse estudo,
94,4% dos clientes de EaD são constituídos por alunos não-institucionais, isto
é, por alunos que não são vinculados previamente a qualquer tipo de
instituições. Melhor dizendo, são oriundos da população em geral, conforme
tabela abaixo:
ORIGEM DA CLIENTELA
PERCENTUAL DE PARTICIPAÇÃO
ABERTA E UNIVERSAL
94,4
FUNCIONALISMO PÚBLICO
12,0
MERCADO CORPORATIVO
10,4
SINDICATOS, ASSOCIAÇÕES OU
ORGANISMOS DE REPRESENTAÇÃO DE CLASSE PROFISSIONAL
4,8
OUTROS
9,6
Fonte: ABREAD/2007 – amostra.
Gráfico 6: origem da clientela da EaD em 2007
31
Com base em tais dados, fica evidente que a EaD é uma poderosa
ferramenta de democratização do acesso à educação em nosso País. Pela
riqueza das informações trazidas pelo Anuário em estudo, podemos afirmar
que a EaD é um instrumento de concretização da democratização do acesso à
educação, pois tornou realidade para milhares de educandos as disposições
constitucionais que determinam que a educação é um direito de todos.
Além disso, a EaD demonstrou a pertinência do pensamento de Anísio
Teixeira e de Paulo Freire, pois como foi visto no primeiro capítulo desta obra,
a necessidade da atuação conjunta de professores e alunos é fundamental
para o sucesso dessa modalidade de educação, sendo esses dois atores do
processo educacional precisam desenvolver uma parceria democrática na
construção e transmissão do saber.
32
CAPÍTULO III
A EFETIVIDADE E AS LIMITAÇÕES DA EAD
Segundo o dicionário Aurélio12 o vocábulo efetivo é definido como aquilo
“ 1. Que produz um efeito real; positivo. 2. Permanente, fixo”. Desta forma,
podemos definir a efetividade como a capacidade que possui algo de produzir
efeitos, ou seja, é a capacidade de fazer intervenções na realidade,
modificando-a
Neste capítulo, nos dedicaremos a estudar a efetividade da EaD quanto
esta ser um instrumento apto a garantir mudanças reais na vida dos alunos que
utilizam esta forma de educação. Serão utilizados como parâmetros de aferição
de tal efetividade dados de acesso dos formados pela educação à distância ao
mercado de trabalho, a empregos qualificados e a melhores salários.
Estudaremos também as limitações da EaD naquilo que falta para ela se
tornar mais efetiva como meio de acesso à educação e ao mercado de trabalho
e como instrumento de democratização de acesso à educação.
3.1- As limitações da efetividade da EaD como instrumento de
democratização do acesso à educação no Brasil
O Ministério da Educação tem referenciais objetivos de qualidade para
cursos de educação superior à distância que podem ser usados como modelo
para todas as tipos de EaD13.
Assim sendo, estabelece o MEC que são parâmetros para se avaliar a
qualidade de um curso superior de ensino à distância: 1. a concepção de
educação e de currículo no processo de ensino e de aprendizagem; 2.
sistemas de comunicação; 3. material didático; 4. avaliação; 5. equipe
12 Minidicionário Aurélio da Língua Portuguesa/Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, 3ª ed. –
Rio de Janeiro:Nova Fronteira, 1993, pág. 197.
13 Disponível em http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/referenciaisead.pdf . Acesso em 15/12/2011.
33
multidisciplinar; 6.infraestrutura de apoio; 7. gestão acadêmico-
administrativa; 8. sustentabilidade financeira.
Há, como visto uma série de requisitos que precisam ser cumpridos,
para segundo, o MEC, se constatar a qualidade de um curso de EaD. Iremos
avaliar as limitações existentes de cada um deles, explicitando com dados
como cada item influi na expansão ou retração da EaD, e por consequência,
influindo na possibilidade dessa modalidade de ensino como meio efetivo de
acesso à educação.
Para demonstrarmos as limitações quanto aos itens 1, 3, 4, 5 ,6, 7 e 8,
utilizaremos pesquisa feita pela Associação Brasileira de Ensino à Distância,
publicada ano de 200814 na qual fica explicitada tais limitações.
No que tange ao item 01, temos a resistência que muitos professores
têm à EaD pelo fato de que muitos profissionais de educação têm deficiência
em lidar com modernas tecnologias digitais, sendo que muitos deles fazem
parte dos grupo dos “excluídos digitais”, pois sequer possuem computador.
Ademais, muitos softwares e hardwares não possuem versões em português, o
que impossibilita que muitos docentes possam atuar no ambiente virtual que é
onde opera a EaD atualmente. Não raras vezes, muitos docentes veem o
computador como um intruso no processo de ensino-aprendizagem.
Quanto às equipes multidisciplinares, temos como principal limitador as
dificuldades que muitos profissionais de educação (incluindo aí docentes e
pessoal técnico-administrativo), têm em lidar com as tecnologias digitais que
dão suporte modernamente a EaD. Para a operacionalização dos cursos de
educação à distância, é fundamental que haja equipes multidisciplinares de
profissionais, sobretudo de docentes, responsáveis pelo conteúdo (parte
acadêmica) e de profissionais da Tecnologia da Informação (TI) que são
responsáveis pelo acesso dos alunos ao conteúdo disponibilizado. Para tanto,
é importante que essas duas categorias de profissionais possam comunicar-se
de forma eficiente, de modo que exista uma convergência de esforços, e para
isso, é fundamental que os docentes tenham pelo menos uma noção do que a
14 Disponível em http://www.abed.org.br/congresso2008/tc/511200885458PM.pdf. Consulta em
15/12/2011
34
tecnologia pode ou não oferecer a fim de garantir o acesso dos alunos aos
conteúdos postados.
Temos ainda problemas quanto ao material didático, que são de três
tipos:
A). A inadequação de muitos materiais didáticos disponibilizados pelos
docentes. Geralmente os docentes colocam no ambiente de EaD o mesmo
material que usam nas aulas presenciais, sem se preocupar em adaptá-los
para a nova mídia;
B). A utilização em excesso de animações permitidas por alguns aplicativos o
que acaba resultando em poluição visual desse material didático, levando o
aluno a se distrair com tais efeitos, e a não se fixar na essência, no conteúdo;
C). O fato de muitos docentes investirem em uma única mídia, como por
exemplo em vídeos, o que leva a uma restrição de seu público alvo, que passa
a se resumir apenas aos possuidores de tecnologias que permitem o acesso a
tais materiais, como computadores mais potentes e conexão por banda larga.
Quanto à avaliação, ela se dá por parte de uma percepção errônea de
muitos docentes sobre a EaD, pois muitos desses profissionais creem que
essa modalidade de educação é menos trabalhosa por se tratar de um
processo que, uma vez iniciado, não necessitaria mais da atenção do docente,
pois seria um processo automático de educação, o que termina por ficar os
alunos à mercê de sua sorte e, que também acabam arcando com o ônus do
fracasso que é atribuído à sua própria falta de habilidade e não à falta de
mediação do docente.
Temos a questão da limitação gerada pela falsa percepção que a EaD
acaba fornecendo a muitos administradores de instituições de ensino, no que
se refere à sustentabilidade financeira e a gestão acadêmico – administrativa
dos cursos de EaD. Quanto à primeira parte da questão há comprovação
estatística de que os custos de cursos a distância, que sejam oferecidos
mantendo-se a qualidade, são tão ou até mais caros que os cursos presenciais,
35
já que necessitam de dedicação exclusiva e individual a cada aluno, o que
difere de uma sala de aula presencial, onde o professor atende a todos a partir
de uma única pergunta. Tal atenção individual de que necessitam os alunos de
EaD acaba elevando os custos de suporte a esses alunos. No que tange a
gestão acadêmico-financeira, a ideia de automatismo do processo de ensino –
aprendizagem que abordamos acima fornece aos administradores a percepção
falsa de que se pode manter uma estrutura de gestão acadêmico –
administrativa mais enxuta, menos robusta, por ser a administração desses
cursos mais simples, menos trabalhosa, o que acaba levando a um
afrouxamento na gestão desses cursos. Tal percepção também pode
comprometer a infraestrutura de apoio a alunos e professores, exatamente por
conta dessa pretensa simplicidade na administração dos cursos de EaD, o que
acabaria por justificar a diminuição da custosa infraestrutura de apoio.
Quanto ao sistema de comunicação, há a limitação referente aos custos
do serviço. Recente pesquisa revelou que a banda larga existente no Brasil é a
mais cara do mundo.
3.2- A efetividade da EaD : Possíveis soluções às limitações da
efetividade da EaD
Estudaremos agora possíveis soluções para as limitações que se
constituem entraves a uma maior efetividade da EaD como instrumento de
democratização ao acesso do ensino no Brasil.
Como destacado no tópico 2 deste capítulo, o acesso a sistemas de
comunicação a preços acessíveis e de boa qualidade revelou-se essencial à
expansão da EaD, tornando-a mais efetiva, portanto. Com o início das
operações do Plano Nacional de Banda Larga, em 02/10/201115, e que visa
oferecer internet em banda larga a um preço de R$ 35,00 (trinta e cinco reais)
mensais tal problema que limita o acesso à internet por usuários de baixa
15 Noticiado em http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/internet-popular-comeca-amanha.
Acesso em 20/12/2011
36
renda, e por consequência o acesso à EaD, que atualmente tem na internet
seu principal veículo, poderá ser, se não ao todo solucionado, pelo menos em
muito reduzido.
No que se refere à resistência dos professores, podemos constatar
empiricamente que os profissionais que resistem à EaD são geralmente
oriundos de gerações pré-computador. Tal quadro não se repete com as
gerações mais atuais, as chamadas gerações X, Y e Z16
A geração X é constituída por pessoas nascidas nos anos 70 do século
passado. São pessoas nascidas no início da era digital, e que vivenciaram a
explosão da informática ocorrida na metade dos anos 1990.
A geração seguinte, a Y, é formada por pessoas nascidas nos anos
1980, e que viveram na adolescência a ascensão da internet, a popularização
dos celulares, dos computadores e das redes sociais. Logo, para tal geração,
lidar com tecnologia é algo natural.
Vivenciamos atualmente a geração Z. Tal geração é constituída por
aqueles nascidos na primeira década do século 21, sendo que muitas vezes
torna-se espantosa a facilidade com que tal geração lida com a tecnologia,
havendo uma percepção nas gerações anteriores que a geração Z “já nasce
sabendo” lidar com a tecnologia digital. Tal percepção, nos parece, advém do
fato que essas pessoas já nasceram em um ambiente tecnológico consolidado,
no qual as tecnologias tornaram-se muito fáceis de serem usadas,
dispensando-se qualquer conhecimento técnico prévio.
Como visto, a solução para os problemas de resistência à EaD por parte
dos profissionais da educação, à primeira vista, parece que é uma questão de
tempo, pois os profissionais da gerações pré-computador tendem a ser
substituídos por profissionais mais novos, oriundos das gerações X,Y, e Z, e
que lidam de modo natural com a tecnologia digital.
No que se refere às demais limitações quanto ao material didático,
avaliação, equipe multidisciplinar, infraestrutura de apoio, gestão acadêmico-
administrativa e sustentabilidade financeira a resolução de tais problemas
demandam uma atuação vigorosa do MEC em sua função fiscalizadora das
instituições de ensino que ofereçam cursos de EaD.
16 Disponível em http://www.agenciaboreal.com/blog/geracao-x-y-z/ .Acesso em 22/12/2011.
37
Uma boa iniciativa, em nossa, opinião, foi o envio, por parte do governo
federal, de projeto de lei que cria o Plano Nacional de Educação (PNE) para
vigorar de 2011 a 2020, ao Congresso Nacional, em 15 de dezembro de 2010.
O novo PNE apresenta dez diretrizes objetivas e 20 metas, também
sendo previstas de estratégias próprias de efetivação. Estão previstas formas
de a sociedade participar de cada uma das conquistas previstas.
Tal projeto de lei prevê, dentre outras coisas: 1). O incentivo à formação
inicial e continuada de professores e profissionais da educação em geral; 2).
avaliação e acompanhamento periódico e individualizado de todos os
envolvidos na educação do País (estudantes, professores, profissionais,
gestores e demais profissionais da educação); 3).expansão da oferta de
matrículas gratuitas em entidades particulares de ensino e do financiamento
estudantil, bem como o investimento na expansão e na reestruturação das
redes físicas e em equipamentos educacionais (transporte, livros, laboratórios
de informática, redes de internet de alta velocidade e novas tecnologias).
Desta forma, fica evidente que é fundamental atacar esses gargalos que
limitam a EaD, reduzindo-lhe a efetividade, sendo que tal tarefa deve ser uma
missão conjunta de governo e sociedade.
3.3- A efetividade da EaD : Estudo comparativo do desempenho
dos alunos do ensino presencial com os da educação à
distância.
Em recente pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) 17,
tendo por base dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
ficou claro não há diferenças significativas de oportunidades e salarial entre os
alunos de cursos presenciais e de cursos à distância. A pesquisa é subdividida
em: A). cursos técnico -profissionalizantes; B).Graduação técnica
No que se refere aos cursos técnico-profissionalizantes, temos as
seguintes constatações:
17 Publicada na revista Appai nº 69, ano 13 – 2010, pág.27
38
• O salário médio dos formados em cursos presenciais é de cerca
de R$ 738,37, enquanto o salário médio dos formados pela EaD é
de cerca de R$ 946,6;
.
• O salário/hora dos alunos presenciais é de R$ 6,12 e dos alunos
de EAD é de R$ 6,84,
• Quanto à jornada de trabalho, observou-se que enquanto os
profissionais formados pelos cursos presenciais trabalham em
média 41,74 horas, os profissionais formados via educação à
distância trabalham cerca de 43,52 horas, em média;
• No que tange ao acesso ao mercado de trabalho, a pesquisa
constatou 69,79 % dos alunos presenciais estão trabalhando,
enquanto 77,14% dos alunos de EaD encontram-se empregados;
• Todavia, a pesquisa constatou que enquanto 97,22 % dos
profissionais formou-se por cursos presenciais, apenas 1,58 %
são oriundos de cursos à distância.
Quanto à graduação técnica, temos as seguintes conclusões:
• O salário médio dos profissionais presenciais é de R$
2.728,60, enquanto o salário médio dos profissionais
formados pela EaD é de R$ 1.855,28;
• A jornada média dos egressos da educação presencial é
de 42,16 horas, enquanto a dos egressos da EaD é de
45,24 horas;
• O salário/hora dos profissionais com formação presencial é
39
de R$ 16,62, enquanto os formados pela educação à
distância é de R$ 10,28;
• Já o acesso ao mercado de trabalho aos profissionais
presenciais é de 90,81 %, enquanto que aos profissionais
saídos da EaD é de 89,33%;
• Nesse nível de formação, 95,63% dos alunos são de
cursos presenciais e 2,27% são alunos de EaD.
3.4. Considerações finais.
Como vimos, a EaD constitui-se um fator de mudança real na vida de
muitas pessoas, pois garante a elas formação profissional e oportunidades de
melhoria de vida, via melhores oportunidades de emprego e renda. Assim,
sendo, podemos dizer que a educação à distância é algo dotado de efetividade.
Todavia, tal efetividade não é plena e absoluta, pois é contida por
limitações de várias ordens. Para uma dessas limitações, a da resistência de
muitos profissionais à EaD, pode parecer que bastaria esperar que os
profissionais mais antigos se aposentassem, sendo substituídos por
profissionais mais novos, vindos das gerações X,Y e Z para que o problema
fosse solucionado.Tal posição induz uma passividade que não se coaduna com
a necessidade de existir uma postura ativa e crítica na educação, como ficou
bem demonstrado por Freire e Teixeira no capítulo 2 desta obra. É fundamental
que a questão seja atacada de frente, tanto pelo governo quanto pela
sociedade.
Em relação às demais limitações, ficou evidente a necessidade de
atuação governamental em seu papel fiscalizador, sendo também
indispensável a participação de todos os envolvidos no processo educacional.
O projeto de lei do novo Plano Nacional de Educação evidencia que tal
participação não pode ser deixada de lado.
40
No que se refere à efetividade da EaD em si, demonstramos que não há
relevantes diferenças, na inserção no mercado de trabalho e no ganho de
melhores salários, de profissionais formados à distância dos profissionais
oriundos de cursos presenciais.Porém, demonstrou-se que a participação de
alunos de EaD nesse universo é pequena, em que pese ter ficado demonstrado
no capítulo 2 desta obra que a educação à distância veio para ficar e está se
expandindo rapidamente, em taxas superiores à da educação presencial.
Queremos deixar evidente, porém, que ainda há um longo caminho a
ser percorrido.
41
CONCLUSÃO
Ao finalizarmos esta pequena obra, e diante do que foi por nós
pesquisado, podemos afirmar que a Educação à Distância é uma ferramenta
muito útil, em especial em países de grande extensão territorial igual ao Brasil,
que possui uma sociedade marcada por imensas desigualdades sociais e
regionais.
Podemos perceber que a internet, atualmente, é indispensável para a
concretização da EaD como meio de garantir a democratização do acesso ao
ensino em nosso país. Ficou evidente também que é fundamental que tanto os
alunos quanto os professores e demais profissionais de educação tenham
acesso à tecnologia digital, e para isso o governo não pode se esquivar de seu
papel de provedor dos meios necessários para garantir tal acesso.
Por outro lado, vimos que a sociedade também desempenha papel
fundamental na massificação com qualidade da EaD, ao exigir do governo que
cumpra seu papel fiscalizador das instituições de ensino à distância. Mas a
sociedade não pode ficar apenas no confortável papel de cobrar providências
alheias, devendo também participar de forma ativa de todo o processo ensino-
aprendizagem à distância.
Vimos que a massificação da EaD vem ao encontro do que determina
nossa Constituição Federal quanto à garantia do acesso de todos a uma
educação de qualidade. Vimos também que essa modalidade de educação é a
realização de sonhos de uma educação inclusiva, de massas, de qualidade e
verdadeiramente democrática de grandes pensadores como Anísio Teixeira e
Paulo Freire.
Observamos que a EaD exige uma nova postura tanto de docentes
como dos alunos, que necessitam tornarem-se parceiros no processo de
construção e transmissão de conhecimento, afastando a antiga postura passiva
do aluno ante o processo de ensino-aprendizagem. Demonstramos isso de
forma objetiva, com gráficos, de maneira que ficasse claro ao leitor quais são
as percepções dos alunos do que seria uma boa aula no ambiente virtual e no
ambiente presencial e o que seriam os elementos indispensáveis para a
existência de uma aula no ambiente virtual e no ambiente presencial.
42
Evidenciamos que a EaD é algo irreversível, cuja expansão se dá de
forma muito rápida, em taxas superiores às da educação presencial. Todavia,
demonstramos que há limitações que impedem um maior avanço da educação
à distância. Procuramos entender as raízes desses problemas e buscamos
apontar possíveis soluções para eles.
Comparamos o desempenho dos profissionais oriundos da educação
presencial com os profissionais vindos da educação à distância, no que se
refere ao acesso a bons empregos e salários. Ficou claro que no que tange a
esses quesitos, não há grandes diferenças entre esses dois tipos de
profissionais. Destacamos, porém, a baixa participação dos profissionais vindos
da EaD no mercado de trabalho.
Diante do exposto, podemos concluir que a Educação à Distância é
realmente algo útil, servindo como eficaz ferramenta garantidora da
democratização do acesso ao ensino no Brasil, em que pesem suas limitações.
43
BIBLIOGRAFIA
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SILVA, Marco; PESCE, Lucila; Zuin, ANTÔNIO. Educação online: cenário,
formação e questões didático-metodológicos. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2010.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
EaD: Início, desenvolvimento e estágio atual 10
1.1 – Perspectivas atuais da Educação à Distância 12
1.2 – As iniciativas governamentais de promoção 13
ao acesso a tecnologias digitais
1.3 – A EaD na perspectiva dos alunos 18
CAPÍTULO II
A EaD como ferramenta de democratização do 20
acesso ao ensino no Brasil
2.1 – Educação e democracia: o pensamento 22
de Anísio Teixeira
2.2 – Educação e democracia: o pensamento 24
de Paulo Freire
2.3 – A EaD como instrumento de democratização 27
do acesso à educação
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CAPÍTULO III
A Efetividade e as limitações da EaD 32
3.1 – As limitações da efetividade da EaD como 32
Instrumento de democratização do acesso
à educação no Brasil
3.2 – A efetividade da EaD: possíveis soluções 35
às limitações da efetividade da EaD
3.3 - A efetividade da EaD: Estudo comparativo 37
do desempenho dos alunos do ensino
presencial com os da EaD
3.4 – Considerações finais 39
CONCLUSÃO 41
BIBLIOGRAFIA 43
ÍNDICE 45