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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO NA CONSTUÇÃO CIVIL
Por: Flavio Manoel da Silva
Orientadora
Profª Fabiane Muniz
Rio de Janeiro
2012
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão de Recursos Humanos. Por: Flavio Manoel da Silva
3
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me ajudar a atingir meus objetivos; à minha esposa e aos meus pais, pelo apoio em todas as horas; aos professores e aos colegas da AVM e da Construtora Norberto Odebrecht.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha querida esposa, grande companheira nesta jornada e motivo de muita alegria em minha vida.
5
RESUMO
Esta monografia apresenta um breve estudo sobre os Problemas
Relacionados à Segurança do Trabalho na Construção Civil, mostrando a
necessidade de ação conjunta, que vai desde os profissionais das áreas de
Recursos Humanos e Segurança do trabalho, ao empregado, que é vítima em
potencial de acidentes, passando pelo empregador que precisa ter consciência
que investimento nessa área reduz acidentes, preservando o principal que é o
capital humano, e que essa redução gera lucros para a empresa. E é nessa
hora que entra a área de Recursos humanos como principal apoio, mostrando
ao empregador que funcionário afastado por acidente gera prejuízo tanto
financeiro quanto desmotiva os outros funcionários. Serão abordados principais
focos: a evolução da segurança do trabalho com a criação de legislação; os
acidentes e a importância dos treinamentos, como uma das formas mais
eficientes de evita-los; as perdas humanas e financeiras; as responsabilidades
de todos os envolvidos na segurança e saúde do trabalho; e a importância da
participação da área de Recursos Humanos tanto nos treinamentos para evitar
esses acidentes como na redução de custos ao evitá-los.
Serão apresentados neste estudo uma visão holística, onde a
importância da responsabilidade e conscientização de todos os envolvidos é a
chave para a prevenção de acidentes.
Palavras-chave: segurança do trabalho, construção civil, acidentes,
normas, profissional, trabalhador, Recursos Humanos, Gestão de Pessoas,
treinamento.
6
METODOLOGIA
O trabalho será desenvolvido pela observação em campo, com
anotações de fatos relevantes para a justificativa da proposta deste trabalho e
corroborado por referências bibliográficas, baseadas nas áreas de engenharia
de segurança do trabalho.
Ferramentas consultadas: pesquisas bibliográficas, informações e
anotações em sala de aula e de profissionais do setor de Recursos Humanos.
A pesquisa foi desenvolvida em bibliotecas universitárias e na Web, em sites
científicos, e do Ministério da Saúde, do Trabalho e INSS, visando dar apoio ao
estudo desenvolvido.
Uma segunda fonte de dados constituiu-se de informações fornecidas
por uma grande empresa no ramo da construção civil.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I:
COM A EVOLUÇÃO VEM À CRIAÇÃO DE NORMAS E MÉTODOS 11
CAPÍTULO II:
ACIDENTES, PREVENÇÃO E PERDAS HUMANAS E FINANCEIRAS 18
CAPÍTULO III:
A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA ÁREA DE RECURSOS HUMANOS
NA SEGURANÇA DO TRABALHO 29
CAPÍTULO IV:
OS PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO E DE
RECURSOS HUMANOS 33
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38
ÍNDICE 41
8
INTRODUÇÃO
O interesse pela escolha deste tema Segurança e Saúde do Trabalho na
Construção Civil, nasceu da observação do ambiente de trabalho nos canteiros
de obra, onde tal assunto é objeto de preocupação constante por apresentar
um elevado índice de acidente de trabalho, trazendo para os gestores de
recursos humanos os reflexos causados por essa característica conhecida
nacionalmente.
A hipótese à qual este trabalho precisa esclarecer é: “Até que ponto a
Segurança do Trabalho é eficaz na construção civil e como o setor de
Recursos Humanos pode ajudar na prevenção de acidentes evitando assim
perdas humanas e financeiras?”
A possível resposta ao problema acima formulado é: A Segurança do
Trabalho nos canteiros de obra é eficaz a partir do momento que é levada com
responsabilidade tanto pelo empregador quanto pelo empregado, exigindo uma
determinação diária do profissional dessa área para que se cumpram as
normas e métodos. Pois a mesma depende de ações conjuntas entre eles, e é
nesse momento que o setor de Recursos Humanos pode ajudar tanto o
empregado com treinamentos como o empregador com a diminuição dos
custos causados por esses acidentes.
O objetivo geral deste estudo é mostrar a importância e necessidade
desse conceito ser inserido dentro dos canteiros de obra através da educação
e conscientização, fazendo com que todos os envolvidos dêem o devido valor.
Mostrando também como é indispensável à valorização do profissional da área
de segurança do trabalho, pelo empregador, assim como a necessidade
constante de se avaliar esse trabalho. Pois a segurança e a saúde do
trabalhador são de responsabilidade do empregador e dos profissionais
envolvidos no ambiente de trabalho, incluindo o RH da empresa.
Como objetivo secundário, veremos tanto a evolução da segurança do
trabalho nas empresas devido à criação de legislação de segurança e saúde do
trabalho, como a aplicação de ferramentas e treinamentos para que a mesma
se torne eficaz.
9
Este trabalho, pelo tema proposto, tem como justificativa: demonstrar
como um conjunto de medidas pode promover a proteção desse trabalhador,
para que os mesmos desfrutem dos benefícios alcançados pela realização de
uma atividade segura nos canteiros de obra, reduzindo assim os custos devido
à diminuição desses acidentes, e também a necessidade de parceria com o
setor de Gestão de Pessoas para que esse processo ocorra de forma eficiente.
No primeiro capítulo, será apresentada a evolução da Segurança e
Saúde do Trabalho, com a criação de Normas e métodos, devido a grande
incidência de acidentes no mundo, principalmente na Indústria da Construção
Civil, onde é conhecida nacionalmente como uma das campeãs de acidentes
de trabalho, ficando em segundo lugar na frequência de acidentes registrados
em todo país.
O segundo capítulo, falará sobre os acidentes, a importância dos
treinamentos e palestras como forma de prevenção, dando exemplo de
medidas de uma grande empresa da Indústria da Construção Civil, com sede
em Salvador, mais que possui obras tanto em território nacional quanto
internacional, a qual trabalho desde 2009. Além da prevenção, este capítulo
também falará sobre os obstáculos na implantação de Sistema de Gestão em
Segurança do Trabalho, as perdas humanas e financeiras, como os gastos
com a perda de produtividade e de propriedade, e com seguros e Previdência
Social.
No terceiro capítulo, será abordada a importância da participação da
área de Recursos Humanos na Segurança do Trabalho, com palestras,
treinamentos e dando suporte ao profissional desta área, perdendo assim um
pouco da fama de mero setor burocrático, se tornando assim um parceiro
estratégico da empresa na redução de custos.
Finalmente, o quarto e último capítulo falará sobre o profissional de
Segurança e Saúde do Trabalho, suas responsabilidades e valorização, e do
profissional de Recursos Humanos, que passa por uma fase de redefinição do
seu papel devido ao crescimento das empresas e a complexibilidade no mundo
dos negócios.
10
Este trabalho tem como pressupostos teóricos os textos encontrados
em: Treinamento e Desenvolvimento, de Marcia Vilma G. Moraes, do qual foi
extraído o conceito de treinamento, onde afirma que “o treinamento em saúde e
segurança do trabalho diminui o risco de acidentes de trabalho”. Já em
Segurança no Trabalho e Prevenção de Acidentes, de Benedito Cardella,
contribuirá com uma visão holística, sustentando que “O principal objetivo é
proporcionar condições de pensar globalmente sobre segurança”. Por sua vez
em Noções de prevenção e controle de perdas em Segurança do Trabalho, de
José da Cunha Tavares, fala sobre as perdas e a responsabilidade do
empregador na prevenção de acidentes, quando afirma que “O Direito do
Trabalho ... amplia cada vez mais o papel do empregador nos infortúnios
laborais decorrentes de uma ordem de serviço.”
11
CAPÍTULO I
COM A EVOLUÇÃO VEM A CRIAÇÃO DE NORMAS E MÉTODOS
A preocupação com a segurança e saúde do trabalhador existe do
século XIX, mas os acidentes sempre fizeram parte do cotidiano dos
trabalhador, e sempre farão farte da sociedade. A história começa no Egito
antigo, onde há relato das condições de trabalho de um pedreiro, este
documento, o papiro Anastacius V, também fala da preservação da saúde e da
vida dos trabalhadores. Também no Egito, no ano de 2360 a.C., é evidenciada
a necessidade de melhoria das condições de vida dos escravos.
Os romanos aprofundaram-se no estudo da proteção dos trabalhadores
e elaboraram leis para a sua garantia. E é da Idade Média que vem às
primeiras ordenações aos fabricantes para adoção de medidas de higiene do
trabalho, com as associações de trabalhadores medievais fazendo
levantamento das doenças profissionais, essas ações terão grande influencia
sobre a segurança do trabalho no Renascimento. Também é nessa época que
se destacaram Samuel Stockausem, pioneiro da inspeção médica no trabalho,
e Bernardino Ramazzini, sistematizador dos conhecimentos acumulados sobre
segurança, cuja obra De Morbis Artificum (1760; Sobre doenças dos
trabalhadores) teve repercussão em todo o mundo, devido a sua importância.
Veremos que a necessidade de preservar o trabalhador será reconhecida na
Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII, como forma de
garantir a produção, acompanhando as mudanças e exigências dos processos
produtivos e dos movimentos sociais.
O Brasil foi considerado campeão mundial em acidentes do trabalho nos
anos 70, foi quando a pressão internacional fez o governo federal agir. O
Ministério do Trabalho publicou duas portarias para mudar o rumo dessa
tragédia: a 3.236 e a 3.237, no dia 27 de julho de 1972. Assim, instituiu o Plano
Nacional de Valorização do Trabalhador, que tinha entre as metas, a
preparação de profissionais de nível superior e médio para atuar no controle da
Segurança e Higiene do Trabalho. Também se criou o SESMT - Serviço
Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho.
12
Com a evolução da segurança e saúde do trabalho vem à criação de
normas regulamentadoras e métodos, para cumprir o que determina a
Constituição Federal, onde todo trabalhador tem direito a proteção de sua
saúde, integridade física e moral e segurança na execução de suas atividades,
com condições que contribuam para a melhoria da qualidade de vida e a
realização pessoal e social. A responsabilidade pela segurança do trabalhador
é de responsabilidade do empregador e dos profissionais dessa área.
Em 1995, o conceito de “Saúde Ocupacional” ou “Saúde no Trabalho” foi
revisto e ampliado pelo Comitê Misto OIT-OMS, tendo sido enunciado nos
seguintes termos:
“O principal foco da Saúde no Trabalho deve estar direcionado para três
objetivos:
- A manutenção e promoção da saúde dos trabalhadores e de sua capacidade
de trabalho;
- O melhoramento das condições de trabalho, para que elas sejam compatíveis
com a saúde e a segurança;
- O desenvolvimento de culturas empresariais e de organizações de trabalho
que contribuam com a saúde e segurança e promovam um clima social
positivo, favorecendo a melhoria da produtividade das empresas.
A legislação de segurança e saúde do trabalho baseia-se em normas
regulamentadoras descritas na Portaria 3214/78 do Ministério do Trabalho e
Emprego. Entre essas normas a NR-18 (Condições e Meio Ambiente de
Trabalho na Indústria da Construção) que estabelece diretrizes de ordem
administrativas, de planejamento e de organização, que objetivam a
implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança
nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da
construção, e ainda determina a elaboração do PCMAT (Programa de
Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção).
A elaboração e o cumprimento do PCMAT são obrigatórios nos
estabelecimentos com 20 ou mais trabalhadores, devendo ser mantido no
canteiro de obras a que se refere à disposição dos órgãos de fiscalização. As
empresas que possuem menos de 20 trabalhadores ficam obrigadas a elaborar
13
o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais). Estes documentos
devem contemplar os aspectos desta NR, recomendações e práticas de
segurança e as exigências contidas em outras normas da Portaria, tendo como
as principais:
• NR-4 (SESMT – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança
e em Medicina do Trabalho):
De acordo com essa norma, a construção civil, antes classificada como
atividade econômica de grau de risco 3 (três), passa a ser classificada como
grau de risco 4 (quatro) a partir da Portaria nº 1, de 12 de maio de 1995.
A Portaria nº 169, de 14 de julho de 2006, suspende o prazo de entrada em
vigor da Portaria de 1995, permanecendo, então, grau de risco 3 (três) para a
construção civil.
A NR-4 teve sua redação alterada pela Portaria nº 17/2007 de 01/08/07, com
relação ao SESMT, possibilitando a formação de SESMT COMUM para
empregados contratados desde que previsto em Convenção ou Acordo
Coletivo de Trabalho. Veja na integra a portaria citada.
• NR-5 (CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes):
A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) visa a segurança
e saúde do trabalhador no seu ambiente de serviço. Todas as empresas que
possuam empregados com atividades em um canteiro de obras devem possuir
CIPA, sendo esta organizada quanto ao tipo (por canteiro, centralizada ou
provisória) e dimensionada de acordo com as determinações do item 18.33 da
NR-18.
Tipos de CIPA:
CIPA centralizada: quando a empresa possui num mesmo município 1 (um) ou
mais canteiros de obras ou frentes de trabalho com menos de 70 (setenta)
empregados (18.33.1).
CIPA por canteiro: quando a empresa possui 1 (um) ou mais canteiros ou
frentes de trabalho com 70 (setenta) ou mais empregados (18.33.3).
CIPA provisória: para o caso de canteiro cuja duração de atividades não
exceda a 180 dias (18.33.4).
• NR-6 (EPI – Equipamentos de Proteção Individual)
14
O EPI é um dispositivo de uso individual destinado a neutralizar ou
atenuar um possível agente agressivo contra o corpo do trabalhador, evitam
lesões ou minimizam sua gravidade e protegem o corpo contra os efeitos de
substâncias tóxicas, alérgicas ou agressivas, que causam as doenças
ocupacionais.
Quanto ao EPI, cabe ao empregador:
- Distribuir gratuitamente o EPI adequado à função e ao risco em que o
empregado esteja exposto;
- Fornecer o treinamento adequado ao uso;
- Fazer controle do preenchimento da ficha de EPI, onde deve constar a
descrição do mesmo, juntamente com a certificação (CA) pelo órgão nacional
competente (MTE), a data de recebimento e devolução e a assinatura do termo
de compromisso.
Quanto ao empregado:
- Cabe fazer uso do EPI apenas para as finalidades a que se destina;
- Responsabilizando-se pelo bom uso e conservação;
- Comunicando qualquer alteração.
• NR-7 (PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional):
Estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação de
PCMSO por parte de todos os empregadores e instituições que admitam
trabalhadores como empregados, com o objetivo de promoção e preservação
da saúde dos seus trabalhadores.
O PCMSO deverá ter caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico,
feitos através dos Atestados de Saúde Ocupacionais (ASO), emitidos por
médicos do trabalho, realizados na admissão do trabalhador, periodicamente e
no momento da demissão.
Compete ao empregador:
- Garantir a elaboração e efetiva implementação do PCMSO, bem como zelar
pela sua eficácia;
- Custear todos os procedimentos relacionados ao PCMSO sem qualquer tipo
de repasse ao trabalhador.
• NR-9 (PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais)
15
Tem como objetivo principal a preservação da saúde e da integridade
dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e
conseqüentemente controle dos riscos ambientais (agentes físicos, químicos e
biológicos) inerentes ao ambiente de trabalho.
Na Construção Civil enquadram-se os riscos físicos, químicos e
biológicos, abrangendo ainda os riscos ergonômicos e os de acidentes.
Riscos Físicos - Consideram-se agentes de risco físico as diversas formas de
energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, calor,
frio, pressão, umidade, radiações ionizantes e não-ionizantes, vibração e etc.
Obra realizada pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Março/2012
Riscos Químicos - Consideram-se agentes de risco químico os compostos, as
substâncias ou produtos que possam penetrar no organismo do trabalhador
pelas vias respiratórias, pele ou ingestão nas formas de poeiras, fumos, gases,
neblinas, névoas ou vapores.
16
Riscos Biológicos - Consideram-se como agentes de risco biológico as
bactérias, vírus, fungos, parasitos, entre outros.
Riscos Ergonômicos - Qualquer fator que possa interferir nas características
físicas e mentais do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde.
São exemplos de risco ergonômico: levantamento de peso, ritmo excessivo de
trabalho, monotonia, repetitividade, postura inadequada de trabalho, etc.
Riscos de Acidentes - Qualquer fator que coloque o trabalhador em situação de
risco e possa afetar sua integridade e seu bem-estar físico e mental. São
exemplos de risco de acidente: as máquinas e equipamentos sem proteção,
possibilidade de incêndio e explosão, desmoronamentos, quedas, falta de
organização no ambiente, armazenamento inadequado, falta de atenção, e
tantos outro.
Cada atividade na construção civil oferece riscos inerentes à função,
cabe ao profissional utilizar ferramentas adequadas a cada atividade, reduzindo
assim os riscos causados. Exemplo disso é o caso da escavação, fundação e
desmonte de rochas que requer ferramentas e equipamentos diferentes da
carpintaria, ou da armação de aço.
Barragem em Angola, obra da construtora Norberto Odebrecht. Junho/2009
17
Terminal de Cargas da Construtora Norberto Odebrecht, Santo Cristo/RJ.
Março/2011.
A segurança e saúde no trabalho começam pela organização e limpeza,
dando assim condições e meio ambiente saudáveis para o trabalhador, como
demonstra alguns subitens da NR-18 que são de suma importância para um
canteiro de obras, oferecendo conforto e segurança para todos, como áreas de
vivência: instalação sanitária, chuveiros, vestiário e local para refeições. Todos
em perfeito estado de conservação, higiene e limpeza. Pois é difícil exigir
higiene e organização de um trabalhador se as instalações de são precárias.
18
CAPÍTULO II
ACIDENTES, PREVENÇÃO E PERDAS HUMANAS E FINANCEIRAS
Acidente ocorrido no Porto do Rio de Janeiro. Março/2011.
19
Para o Ministério do Trabalho (1995), a legislação Previdenciária
conceitua o acidente de trabalho em sua Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991,
alterada pelo Decreto nº 611, de 21 de julho de 1992, art. 19: “Acidente de
trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa,
ou ainda, pelo serviço de trabalho de segurados especiais, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da
capacidade para o trabalho, permanente ou temporária”.
Segundo o Sebrae, em 2008, o setor da construção teve um
crescimento de 11%, o número de acidentes também acompanhou a
tendência. Só nesse ano, segundo o anuário estatístico da previdência social,
foram mais 45 mil acidentes registrados neste segmento. A indústria da
construção civil é nacionalmente caracterizada por apresentar um elevado
índice de acidente de trabalho, ficando em segundo lugar na ocorrência de
acidentes registrados em todo país, perdendo apenas para a indústria pesada,
com a marca de 13,4 (Brasil, 2002). Em 1995, ocorreram, no setor, 3381
Acidentes de Trabalho com 437 óbitos; em 2000, houve 3.094, sendo 10,5% na
Indústria da Construção Civil (Brasil, 2001); em julho de 2001, registraram-se
12,5 afastamentos por mil empregados.
São vários os motivos que fazem com que ocorram acidentes com o
trabalhador, como: falta de atenção, algum mal-estar que acaba
desencadeando acidente, desentendimento com algum colega de trabalho que
direta ou indiretamente contribuiu para que ele se acidentasse, ambientes de
trabalho inseguros, propiciando riscos ocupacionais, e principalmente a falta de
responsabilidade por parte de algum dos envolvidos (empregador, empregado
ou profissional da área de segurança e saúde do trabalho) entre outros.
Segundo Barros Júnior (1990), os baixos salários, a baixa ingestão de
alimentos, o elevado índice de alcoolismo, as excessivas cobranças feitas
pelos empregadores no sentido de aumentar o ritmo de trabalho, podem
predispor os trabalhadores a sofrerem acidentes de trabalho e a adoecerem.
Em relação às causas dos acidentes de trabalho entre esses indivíduos,
elaborou-se o gráfico, que se segue, utilizando-se 150 trabalhadores da
20
construção civil acidentados. A pesquisa, referente ao período de dois anos, foi
realizada em Ribeirão Preto, SP, em um hospital-universitário estatal.
37%
16%13%
11%
8%
4% 3% 3% 1% 4%
Quedas
Contato comferramentas emáquinasAcidentes de trajeto
Impacto por objeto
Corpo estranho
Agressão
Contato com vidro
Exposição à correnteelétrica
Contato com fontes decalor
Outros
Entre os 150 trabalhadores acidentados, evidenciou-se a existência de
pedreiros ou ajudantes de pedreiro (55,2%), serralheiros, marceneiros,
carpinteiros e seus ajudantes (17,2%); pintor (7,5%) e um quarto grupo,
classificado como outros, formado por vidraceiros, ajudantes de montagem,
oficiais de serviço, operadores de betoneira, ajudantes de encanador, calheiros
e encarregados de obras (18,6%). Dois (1,5%) trabalhadores não tiveram suas
ocupações declaradas, concluindo-se que realizavam atividade relacionada à
construção civil pela descrição das mesmas, a partir das anotações dos
prontuários hospitalares.
21
Segundo Costella (1998) um estudo realizado com trabalhadores da
construção civil evidenciou que 87% dos acidentes de trabalho ocorreram entre
serventes, pedreiros e carpinteiros. Mostrando assim as possíveis relações
existentes entre essas lesões e a atividade laboral realizada pelos seus
portadores.
Estimativas conservadoras da Organização Internacional do Trabalho –
OIT revelam que vêm ocorrendo cerca de 250 milhões de acidentes do trabalho
e 160 milhões de doenças profissionais por ano em todo o mundo, o que
equivale a 685 mil acidentes do trabalho por dia, 475 por minuto e 8 por
segundo (BARTOLOMEU, 2002).
Vemos que o setor da construção evolui rapidamente, sendo assim a
demanda por profissionais qualificados precisa acompanhar toda essa
evolução. E o treinamento é parte crucial, tanto para a formação desse
trabalhador, que muitas vezes muda de função dentro do próprio canteiro de
obra, quanto para a sua segurança. Pois um profissional bem treinado diminui
e muito os riscos de acidentes.
Para Moraes,
Treinamento tem por objetivo a preparação dos
colaboradores para a execução imediata das atividades
laborais; dando oportunidades para o contínuo
desenvolvimento pessoal,..., aumentando-lhes a motivação
e tornando-as mais receptivas às técnicas de supervisão,
gestão, saúde e segurança do trabalho. (Moraes, 2011, p.
34).
Um exemplo disso é o setor de Segurança do Trabalho da Construtora
Norberto Odebrecht, que todo mês realiza diversos treinamentos, um deles
acontece no final de cada mês para cerca de 80 integrantes em processo de
mudança de função, com o objetivo de prepará-los para os riscos que as novas
atividades oferecem, onde os integrantes que não realizam o treinamento são
impossibilitados de atuar em sua nova área, por isso Tiago Madalena, Técnico
22
de Segurança, reforça a importância da liberação e incentivo por parte da
liderança para que eles participem e sigam os procedimentos para a troca de
função. Esse processo se inicia com a avaliação dos líderes que em conjunto
com o Setor de Treinamento e Desenvolvimento e a Segurança do Trabalho,
buscam atender às demandas da obra formando pessoas para os desafios
crescentes desse mercado.
Treinamento para os empregados na empresa Norberto Odebrecht
O RH em conjunto com o Serviço Social da empresa também realiza
pesquisas de clima organizacional em todas as áreas do empreendimento, com
o objetivo de entender as necessidades de cada setor e o nível de satisfação
com relação ao ambiente de trabalho. Essa entrevista é pessoal e confidencial,
visando um plano que será elaborado para a melhoria destas condições.
Segundo Quelhas, Alves e Filardo (2003), a melhoria na segurança e
saúde no trabalho, além de aumentar a produtividade, reduz o custo do produto
final, pois diminui as interrupções no processo, o absenteísmo e os acidentes e
doenças ocupacionais. Além do custo humano, acidentes e doenças do
23
trabalho impõem prejuízos financeiros aos indivíduos, aos empregadores e à
sociedade como um todo.
Durante o processo de implantação de Sistemas de Gestão da
Segurança e Saúde no Trabalho, as organizações se deparam com diversos
problemas e dificuldades, os quais causam transtornos tanto para a direção
quanto para os demais colaboradores.
2.1. Principais obstáculos na implantação de sistemas de gestão
Barreiras Organizacionais:
• Ênfase na sobrevivência - aspecto onde as empresas ficam vulneráveis
ao fluxo de caixa;
• Centralização das decisões;
• Alta rotatividade da equipe técnica; e
• Falta de envolvimento dos empregados da empresa.
Barreiras Sistêmicas:
• Falta de informações relativas a legislação;
• Sistema de gestão inadequado, funcionando sem planejamento e
prioridades; e
• Falta de capacitação técnica adequada dos funcionários.
Barreiras Comportamentais:
• Resistência às mudanças;
• Falta de lideranças;
• Ausência de uma efetiva supervisão; e
• Insegurança no trabalho.
Barreiras Técnicas e econômicas:
• Falta de infra-estrutura;
• Treinamento limitado ou não disponível;
• Acesso limitado às informações técnicas;
24
• Defasagem tecnológica;
• Indisponibilidade de recursos e alto custo de financiamento; e
• Imprecisão dos custos na tomada de decisões e nas análises custo/
benefício.
Adaptado de Cagnin (2000).
A aceitação e o entendimento do conceito da segurança e saúde por
parte da Diretoria e a participação da área de recursos humanos neste
processo de mudança é de fundamental importância para o que se consiga o
envolvimento de todos os colaboradores e a obtenção de bons resultados.
O comprometimento da Alta Direção e a participação dos empregados
na criação de uma cultura de segurança faz com que estes se sintam mais
responsáveis quanto à prevenção e manutenção de um ambiente livre de
acidentes e riscos a saúde (CHOUDHRY, 2006).
Por isso é tão necessário se trabalhar em conjunto, sendo assim o setor
de Gestão de Pessoas é um grande parceiro estratégico.
2.2. Perda de recursos humanos e financeiros
A Indústria da Construção Civil por apresentar um alto índice de
acidentes de trabalho se torna um agente causador de inúmeras perdas de
recursos humanos e financeiros no setor. Onde a ausência de segurança nos
ambientes de trabalho no Brasil gera anualmente custo bilionário ao país com
benefícios acidentários, aposentadorias especiais e reabilitação profissional. O
restante da despesa referem-se à assistência à saúde do acidentado,
indenizações, retreinamento, reinserção no mercado de trabalho e horas de
trabalho perdidas.
Parte deste “custo segurança no trabalho”, afeta negativamente a
competitividade das empresas, pois aumenta o preço da mão-de-obra e de
custos não segurados, o que se reflete no preço dos produtos. Por outro lado,
ocorre o incremento das despesas públicas com previdência, reabilitação
profissional e saúde reduzindo a disponibilidade de recursos orçamentários
25
para outras áreas ou induzindo o aumento da carga tributária sobre a
sociedade.
Vemos um acidente pode gerar vários tipos de perdas como: pessoas,
propriedade, produtos, meio ambiente e serviços. O tipo e o grau dessas
perdas dependerá da gravidade de seus efeitos, que podem ser pequenos ou
gigantes. Dependerá também das circunstâncias casuais e das ações
realizadas para minimizar as perdas.
Minimizar os efeitos de uma perda acidental é fazer uso dos aspectos
humanos e econômicos, motivando o controle dos acidentes que dão origem às
perdas. Quando essa prática não é aplicada, aumentam-se as chances de
ocorrerem diversos tipos de perdas, que geram custos a empresa, como o
tempo produtivo do trabalhador ferido e de seu colega de trabalho ao socorrê-
lo, esse tempo perdido não é reembolsado pelas leis; perde-se tempo por
lástima ou curiosidade e pela interrupção do trabalho ao ocorrer à lesão; o
tempo do supervisor que se soma ao acidente inclui assistência ao trabalhador
ferido, à investigação da causa do acidente, selecionar e treinar novos
trabalhadores, incluindo a solicitação de candidatos ao posto, etc. Sem incluir
as perdas com produção e a produtividade do trabalhador ferido, que é
frequentemente reduzida após o acidente. Surgem gastos adicionais legais
devido a processos judiciais com relação aos benefícios de indenizações,
demandas de responsabilidade civil, que requerem contratação de serviços
legais, além dos gastos com agentes de seguro que estão incluídos nos custos
diretos. E perdas de propriedade, etc.
O cálculo dos custos das perdas devido a acidentes, somente em termos
de lesões e doenças ocupacionais contemplará apenas uma fração dos custos
identificáveis. Os acidentes custam dinheiro, se as pessoas se ferem ou não, e
os custos com as lesões ou doenças são uma parte relativamente pequena dos
custos totais.
Quando se observa as consequências dos acidentes do trabalho,
verifica-se que na maior parte dos acidentes ocorre à incapacidade temporária
do trabalhador, o que gera na maioria das vezes, benefícios de auxílio-doença.
E o número de acidentes pode ser bem maior devido à informalidade das
26
relações de trabalho no Brasil, é frequente que empregados de pequenas
empresas sejam obrigados a inscrever-se como autônomos, cujos acidentes de
trabalho não são seguidos de emissão de CAT, uma vez que não são cobertos
pelo seguro acidentário, ou em face de o empregador priorizar a notificação
apenas dos acidentes mais graves (aqueles que geram consequências em
termos de benefícios e assistência à saúde), deixando de lado um número
considerável de acidentes leves e sem maiores repercussões. Ocorre também
que a previdência social registra apenas os acidentes referentes aos segurados
cobertos pelo seguro de acidente de trabalho, o que exclui os trabalhadores
autônomos e domésticos.
A agricultura e a construção civil são os setores que possuem as
atividades de mais baixa cobertura previdenciária, enquanto que em atividades
industriais diversas a cobertura é bem maior. Vale dizer que, se a cobertura
previdenciária na agricultura e construção civil estivesse nesse mesmo
patamar, o índice de incidência de acidentes, nesses segmentos, se localizaria
em patamares muito mais elevados, muito superiores ao índice da atividade
industrial, não podendo-se abstrair da importância de uma correta política de
financiamento dos benefícios previdenciários.
O Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) aprovou a nova
metodologia do Fator Acidentário de Prevenção (FAP). Para muitas empresas
o custo com Seguro Acidente de Trabalho dobrou. A nova metodologia do
Fator Acidentário de Prevenção (FAP) aumenta ou diminui as alíquotas de
contribuição das empresas ao Seguro de Acidente de Trabalho (SAT), em
função dos índices de acidente em cada ramo de atividade.
O fator acidentário, por empresa, será recalculado periodicamente. Ele é
um multiplicador a ser aplicado às alíquotas de 1%, 2% ou 3% incidentes sobre
a folha de salários, para financiar o SAT, a partir da tarifação coletiva por
atividade econômica. O FAP varia de 0,5 a 2,0 pontos percentuais, o que
significa que a alíquota de contribuição da empresa pode ser reduzida à
metade ou dobrar. A nova metodologia, para o cálculo do fator acidentário,
leva em consideração a acidentalidade total da empresa, com a Comunicação
de Acidente de Trabalho (CAT) e todos os nexos técnicos sem CAT. O fator vai
27
incidir sobre as alíquotas de cerca de um milhão de empresas, que são
divididas em 1.301 subclasses ou atividades da Classificação Nacional de
Atividade Econômica (CNAE 2.0).
Para Tavares,
A redução dos acidentes que interferem nos sistemas de
produção bem como a consequente diminuição de custos
são tarefas que se impõem nos dias de hoje tanto às
empresas como aos especialistas em prevenção e controle
de perdas. (Tavares, 2010, p. 51).
Segundo Tavares, a responsabilidade civil e Criminal por estas perdas é
da empresa, onde o Direito do trabalho implica cada vez mais o papel do
empregador nos infortúnios laborais decorrentes de uma ordem de serviço.
Também fala sobre à conscientização dos prepostos que exercem cargos de
chefia, pelo desenvolvimento de mentalidade prevencionista. E que cabe à
empresa adotar medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da
saúde do trabalhador, bem como informar os riscos da operação a ser
executada e do produto manipulado.
A responsabilidade acidentária está descrita do seguinte modo, nos
termos da Lei Nº 9.032, de 29/04/95, para fins do custeio das despesas
decorrentes do acidente do trabalho, o empregador deve efetuar,
mensalmente, uma contribuição de:
1. 1% (um por cento) sobre o valor da folha de pagamento, para as
empresas em cuja atividade preponderante, seja considerado risco leve;
2. 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante,
seja considerado risco médio;
3. 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante,
seja considerado risco grave.
O Ministério do Trabalho e da Previdência Social poderá alterar estes
percentuais, com base nas estatísticas de acidentes do trabalho, apuradas em
28
inspeção, o enquadramento de empresas para efeito da contribuição, a fim de
estimular investimentos em prevenção de acidentes.
Nos casos de negligência quanto às normas de segurança e higiene no
trabalho pelas empresas, o INSS tem buscado o reembolso desses valores por
meio de ações judiciais contra os empregadores. Tal previsão consta na Lei nº
8.213/91, art. 120: “Nos casos de negligência quanto às normas padrão de
segurança e higiene do trabalho indicados para a proteção inividual e coletiva,
a Previdência Social proporá ação regressiva contra os responsáveis”. Pois o
INSS tem como discurso que tais ações apresentam dupla função. Sevem
tanto para devolver aos cofres públicos a verba despendida pela Previdência e
que não seria gasta se a empresa cumprisse com o seu dever de criar um
ambiente de trabalho adequado aos seus empregados, bem como propiciar a
prevenção, forçando que os empregadores adotem as medidas adequadas de
segurança e medicina do trabalho.
Vemos que o empregador pode ser tanto beneficiado como penalizado,
financeiramente, de acordo com os critérios aplicados aos índices de acidentes
ocorridos na respectiva empresa; esta opção é do legislador. No passado,
foram relatados casos de acidentes que eram "escondidos" como forma de
obtenção imediata deste tipo de benefício, gerando por vários anos mudanças
na legislação agora retomada. A omissão desses indicadores, nesse sentido,
pode gerar responsabilidade administrativa, trabalhista e até penal para todos
os envolvidos.
29
CAPÍTULO III
A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA ÁREA DE RECURSOS
HUMANOS NA SEGURANÇA DO TRABALHO
O profissional de RH e o de Segurança do trabalho executam em
conjunto, uma das mais importantes tarefas dentro de uma empresa. Cabe ao
responsável pela área de segurança do trabalho, participar da elaboração e
implementar política de saúde e segurança no trabalho (SST); realizar
auditorias, acompanhamento e avaliação na área; identificar variáveis de
controle de doenças, acidentes, qualidade de vida e meio ambiente.
Desenvolver ações educativas na área de Saúde e Segurança no Trabalho;
participar de perícias e fiscalizações e integrar processos de negociação.
Participar da adoção de tecnologias e processos de trabalho; gerenciar
documentação de SST; investigar, analisar acidentes e recomendar medidas
de prevenção e controle.
Assim sendo, o setor de Recursos Humanos (Gestão de Pessoas),
precisa dar todo o suporte necessário a esta área, promovendo palestras,
agendando reuniões periódicas, informando ao setor médico o quantitativo dos
acidentes que por ventura venham ocorrer e é claro, acompanhando o
profissional que venha ficar afastado devido a este acidente.
Não basta ao RH apenas executar as contratações, ele também precisa
dar apoio nas tarefas que forem executadas pela área de segurança do
trabalho. Mostrando assim, que o setor de Gestão de Pessoas tem se tornado
cada vez mais participativo dentro da empresa, antes ele era visto como o
único contato do empregado com o empregador, principalmente na ocorrência
de acidentes, pois é ele que fica encarregado de encaminhar o CAT
(Comunicado de acidente do trabalho) à Previdência Social informado o
mesmo.
A comunicação gera o processo administrativo com a finalidade de
proteger o empregado, que apurará as causas e consequências do fato,
liberando o benefício adequado ao acidentado. A empresa deverá comunicar o
acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro dia útil da ocorrência
30
e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de
multa.
As CAT’s são documentos úteis para se conhecer a história dos
acidentes na empresa, permitindo selecionar os acidentes por ordem por
ordem de importância, de tipo, de gravidade da lesão ou localizá-los no tempo,
além de possibilitar o resgate das atas da CIPA com as investigações e
informações complementares referentes aos acidentes.
O preenchimento do CAT é feito pelo profissional da Segurança do
Trabalho, junto com o RH da empresa, uma vez que várias informações são
restritas do mesmo, ficando evidente a necessidade de haver uma boa
comunicação entre ambos.
Vemos com isso que o RH está deixando de ser um simples setor
burocrático para se tornar um parceiro estratégico para as empresas
contemporâneas. Mas para isso, precisa mudar a forma de se enxergar e se
comportar na organização, onde atualmente é fator crítico de sucesso para o
desenvolvimento da habilidade de criar novas vantagens competitivas.
Participando ativamente do planejamento estratégico da empresa em diversos
momentos, como as palestras e os treinamentos para os empregados.
Palestra sobre higiene.
31
A construtora pesquisada, Norberto Odebrecht, informou que a área de
recursos humanos está iniciando um programa de desenvolvimento de
lideranças, onde, além da média gerência, outros colaboradores serão
treinados para entender e desenvolver trabalhos voltados à visão estratégica
da organização, sendo a melhoria do sistema da segurança e saúde um dos
principais objetivos.
De um modo geral, observa-se o investimento em melhorias na
segurança e saúde, por meio do apoio dos técnicos de segurança no
desempenho de suas funções e da busca de um maior envolvimento da área
de recursos humanos neste processo, proporcionando além de treinamentos e
palestras, um ambiente saudável, que satisfaça todas as necessidades dos
empregados, como banheiros, refeitórios e áreas de convivência limpos e
organizados.
Vemos que quando não há participação de todos os envolvidos, são
muitas as dificuldades encontradas na implantação do Sistema de Gestão da
Segurança e Saúde no Trabalho. Muitos são resistentes às mudanças,
principalmente na construção civil, onde é baixo o índice de escolaridade dos
funcionários. É imprescindível a elaboração de procedimentos e instruções,
32
uma boa comunicação interna, e maior envolvimento dos demais setores da
organização, conscientizando os funcionários e estabelecendo a segurança e
saúde como um dos objetivos estratégicos da empresa.
Quando a área de Recursos Humanos não se envolve nos treinamentos
realizados pela empresa, cria um obstáculo para a conscientização dos
envolvidos no processo de implantação do Sistema de Gestão da Segurança e
Saúde no Trabalho. A participação do setor não pode ser pequena, deixando
que os maiores esforços ainda se concentrem nas mãos dos técnicos de
segurança no trabalho da empresa.
O envolvimento da área de recursos humanos em todos os processos de
mudança é importante para que sejam identificadas as necessidades de
treinamento relacionadas ao desenvolvimento dos funcionários, bem como a
utilização de técnicas apropriadas para realização deste trabalho; possibilitando
um melhor entendimento e um real comprometimento dos colaboradores com
as mudanças propostas.
33
CAPÍTULO IV
OS PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO E DE
RECURSOS HUMANOS
4.1. Profissional de Segurança e Saúde do Trabalho
O profissional de segurança e saúde do trabalho tem a responsabilidade
de divulgar as normas e propor medidas preventivas, fazendo o necessário
para atingir as metas de sua profissão, que é preservar a segurança e saúde
do trabalhador. Sabendo que todo acidente pode ser evitado e é preferível
pecar por excesso do que por falta de iniciativas. Ele é o profissional que
analisa os métodos e processos de trabalho, identificado suas condições e
fatores de risco. Ele deve estudar se o ambiente de trabalho pelo qual ele é
responsável está de acordo com as normas trabalhistas, verificando da higiene
aos fatores que expõem a integridade do empregado.
É necessário que o profissional dessa área apresente as seguintes
características: adaptação a novas situações, capacidade de análise, atenção a
detalhes, desejo por resolver pequenos problemas, paciência, capacidade de
lidar com pessoas menos instruídas, capacidade de síntese e facilidade para
pesquisa e levantamento de dados.
Algumas medidas que o profissional dessa área precisa realizar,
principalmente em canteiros de obras, é elaborar procedimento de segurança,
para os trabalhos e atividades diversos, tais como: procedimento para
trabalhos em alturas, procedimentos trabalhos em estradas, procedimento
sobre aquisição e uso de Equipamento de Proteção Individual – EPI’s e outros.
Criar mecanismos participativos para facilitar o cumprimento desses
procedimentos, motivando além da participação geral, o comprometimento e
apoio do empregador, medindo periodicamente a importância dessa prática.
Para a realização de um bom trabalho esse profissional precisa contar
com o apoio da empresa (diretoria, lideranças, Recursos Humanos, etc.)
interessada em reduzir perdas humanas e financeiras, quando o apoio do
principal interessado em preservar tanto a integridade física, quanto mental,
34
que é o trabalhador. Pois uma grande dificuldade desse profissional é
conseguir conscientizar o trabalhador que a sua segurança é também
responsabilidade deles próprios, eles não podem se acostuma com a rotina do
ambiente de trabalho ao ponto de se esquecer do perigo que este representa,
por isso o técnico em segurança do trabalho sempre lembrar os empregados
de se protegerem.
Os principais fatores de valorização desse importante profissional que
trabalha resguardando tanto a segurança quanto a saúde do trabalhador são: o
apoio da empresa em seu trabalho, qualificação técnica e a ética de classe
(responsabilidade profissional).
4.2. Profissional do RH
A evolução da área de administração de Recursos Humanos para a
gestão estratégica de pessoas é oriunda da necessidade de amenizar o
sofrimento da classe trabalhadora, onde a divisão do trabalho o tornava
mecanizado para aumentar a produção, desumanizando e alienando esse
trabalhador. Devido a esses métodos rigorosos, científicos e precisos nasce a
Escola das Relações Humanas e com ela a ética do agrupamento e não de
individualismo, estimulando o esforço de equipe e a unidade grupal de forma
saudável, fazendo com que a imagem do RH evolua partindo de profissional
para parceiro estratégico. Antes havia um estereótipo de eficiência previamente
definido pela empresa que indicava o comportamento humano no trabalho
desejado. Essa administração científica passa a ser substituída por uma
humanizada, conquistando e mantendo talentos na organização, e a fazendo
se desenvolver a partir do crescimento de seus integrantes, num mundo cada
vez mais dinâmico.
Com toda essa mudança o papel do profissional do Recursos Humanos
passa por uma fase de redefinição. Vemos que com o crescimento das
empresas e a complexibilidade do mundo dos negócios, cada vez mais existe a
necessidade de um profissional mais completo no desafiador campo da gestão
de pessoas e junto com a área de Segurança do Trabalho que cresce
35
vertiginosamente é extremamente importante, principalmente na construção
civil, se tornando a diferença em alguns casos entre a vida e a morte.
Devido a uma grande demanda por profissionais mais qualificados, já
existe faculdades que estão oferecendo Pós-graduação Lato Sensu em MBA
em Gestão de Pessoas em conjunto com Segurança do Trabalho, formando
assim um profissional especialista em ambas as áreas.
É importante que o profissional da área de Gestão de Pessoas tenha um
perfil mais dinâmico e facilidade de interagir com os demais setores da
empresa, como é o caso da na Indústria da Construção Civil, onde a parceria
com o profissional de Segurança do Trabalho é fundamental para a eficiência
dos métodos de segurança, como treinamentos, palestras e apoio ao
trabalhador acidentado. Ocorre também a proximidade cada vez maior desses
acidentes de trabalho nos ambientes sociais, saindo do espaço do trabalho e
ameaçando além dos trabalhadores a população e estruturas próximas. Neste
caso o RH precisa estar em contato direto com o setor jurídico da empresa,
mostrando assim a necessidade de uma boa comunicação.
36
CONCLUSÃO
Em virtude dos estudos acima apresentados, entende-se que a
segurança caminha em conjunto com uma série de medidas que devem
assegurar condições adequadas de trabalho e dignidade aos trabalhadores.
Onde as práticas da Segurança e Saúde do Trabalho têm se transformado,
incorporando novos enfoques e ferramentas de trabalho. Principalmente no
ramo da construção civil, que está em segundo lugar quando se trata de
acidentes de trabalho no país.
Vemos também que é necessária a mudança de mentalidade, tanto por
parte dos empregadores quanto dos empregados. O primeiro porque a
prevenção transformou-se em um investimento lucrativo, pois possibilita a
redução de acidentes e doenças ocupacionais, reduzindo assim os custos não
segurados e segurados pela Previdência Social, que devido à nova legislação
são aumentados ou diminuídos de acordo com os acidentes, e contribuindo
também para o aumento da produtividade e da qualidade de vida do
trabalhador, pois quando acontece um acidente se tem perda de produtividade
tanto do empregado que o sofreu quanto os demais que ficam apreensivos. E
o segundo, tem por obrigação respeitar às normas de segurança, deixando de
trata-las de forma leviana, pois a mesmas ajudam a ele, empregado, a
resguardar a própria integridade física. Principalmente nos canteiros de obra,
onde as condições reais já se configuram como riscos. Cada trabalhador deve
ser exemplo, cuidando não só da sua saúde física e mental, mas também de
seus colegas, através de atitudes prevencionistas.
Vimos também à importância do envolvimento do setor de Gestão de
pessoas em todo esse processo se tornando parceiro estratégico da empresa,
reduzindo as perdas de capital humano e financeiro. Deixando para trás a fama
do passado a qual ele era visto como um mero setor burocrático.
Foi exposta neste trabalho a necessidade de ação conjunta por todos os
envolvidos, principalmente entre a área de Recursos Humanos e Segurança e
Saúde do trabalho, para que a prevenção de acidentes ocorra de forma mais
eficiente, pois perdas financeiras podem ser recuperadas, mas as humanas
37
são irreparáveis, para a empresa e principalmente para as famílias, e geram
multas e penalidades, aumentando em muito os custos não segurados que
com certeza são bem maiores que os segurados. Além disso, a
responsabilização do empregador se justifica pelo principio da solidariedade
social, devendo fornecer ao trabalhador condições de trabalho a fim de evitar a
ocorrência de acidentes, mostrando assim que o ser humano deve ter seus
direitos individuais respeitados.
O empregador precisa ter consciência que o trabalho decente existe em
um ambiente organizado, limpo, seguro e confortável, para que o trabalhador
possa fazer a sua parte de forma saudável e segura. Esse sim é um
investimento com retorno.
38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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http://nrfacil.com.br/blog/?p=1080. Acesso em: 27/06/2012.
41
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I:
COM A EVOLUÇÃO VEM À CRIAÇÃO DE NORMAS E MÉTODOS 11
CAPÍTULO II:
ACIDENTES, PREVENÇÃO E PERDAS HUMANAS E FINANCEIRAS 18
2.1. Principais obstáculos na implantação de sistemas de gestão 23
2.2. Perda de recursos humanos e financeiros 24
CAPÍTULO III:
A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA ÁREA DE RECURSOS HUMANOS
NA SEGURANÇA DO TRABALHO 29
CAPÍTULO IV:
OS PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO E DE
RECURSOS HUMANOS 33
4.1. Profissional de Segurança e Saúde do Trabalho 33
4.2. Profissional do RH 34
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38