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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PSICOPEDAGOGIA A IMPLANTAÇÃO DA TERAPIA NÃO-DIRETIVA DE CARL ROGERS NAS ESCOLAS DE ENSINO FUNDAMENTAL Por: Christhiani Karla Coutinho de Lyra Saraiva Orientador Prof. Luiz Cláudio Rio de Janeiro Julho de 2007

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … KARLA COUTINHO DE LYRA SARAIVA... · Unidos ganha uma nova independência e autonomia face às opiniões e posições da família,

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PSICOPEDAGOGIA

A IMPLANTAÇÃO DA TERAPIA NÃO-DIRETIVA DE CARL ROGERS NAS ESCOLAS

DE ENSINO FUNDAMENTAL

Por: Christhiani Karla Coutinho de Lyra Saraiva

Orientador

Prof. Luiz Cláudio

Rio de Janeiro

Julho de 2007

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PSICOPEDAGOGIA

A IMPLANTAÇÃO DA TERAPIA NÃO-DIRETIVA DE CARL ROGERS NAS ESCOLAS

DE ENSINO FUNDAMENTAL

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como requisito para aprovação

no curso de Psicopedagogia, sob orientação do

Professor Luiz Cláudio.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, sem o qual nada é possível. Agradeço ao professor Luiz Cláudio e em especial ao meu marido e

filhas pelo apoio dado durante todo o curso e a todos os familiares e amigos que torcem por mim, com carinho e dedicação.

À minha amiga e cunhada Denise Saraiva, pelo estímulo e força durante a minha caminhada.

À amiga Lílian Porto por se revelar uma grande amiga, somando descobertas e conquistas.

A todos que fazem a UCAM, aos meus professores que, com todo o seu profissionalismo, transmitiram seus conhecimentos e me enriqueceram

com sua sabedoria.

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DEDICATÓRIA

Ao meu marido Gilson Saraiva, filhas

Thamires e Beatriz que sempre torceram

por mim.

À minha mãe e irmãos, pelo estímulo

durante minha caminhada.

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RESUMO

O presente trabalho é fruto de uma pesquisa bibliográfica que teve a

obra de Carl Rogers, no âmbito da Abordagem Centrada na Pessoa aplicada à

educação e que designou por Aprendizagem Centrada no Aluno.

Pretende-se evidenciar a determinante importância das contribuições deste

autor, da corrente humanista da Psicologia, para uma maior eficácia no

processo de aprendizagem, bem como para as teorias contemporâneas da

Educação.

Assim, o objetivo fundamental será o de tentar estabelecer uma ponte

entre os princípios enunciados por Carl Rogers, no âmbito da Abordagem

Centrada para a Educação e o processo de aprendizagem, partindo do

pressuposto de que estes princípios conduzirão a uma melhoria na relação

pedagógica e consequentemente do processo de aprendizagem.

Ao tomar esta posição, temos em mente a afirmação de Carl Rogers de

que o Sistema Educativo deverá ter sempre como objetivo o desenvolvimento

das pessoas, de uma forma plena e, simultaneamente, que as conduza à sua

auto-realização (1974: 380).

"Tem-se de encontrar uma maneira de desenvolver, dentro do sistema

educacional como um todo, e em cada componente, um clima conducente ao

crescimento pessoal; um clima no qual a inovação não seja assustadora, em

que as capacidades criadoras de administradores, professores e estudantes

sejam nutridas e expressadas, ao invés de abafadas. Tem-se de encontrar, no

sistema, uma maneira na qual a focalização não incida sobre o ensino, mas

sobre a facilitação da aprendizagem autodirigida"

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

CAPÍTULO I – Breve história de Carl Ransom Rogers. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

CAPÍTULO II - Rogers: Sua teoria e influência na educação. . . . . . . . . . . . .. 16

CAPÍTULO III - A Terapia Rogeriana na escola: “Crescimento do Ser Humano”

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

CONCLUSÂO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

BIBLIOGRAFIA. .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

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INTRODUÇÃO

Carl Ransom Rogers é considerado um representante da corrente

humanista, não-diretiva, em educação.

Rogers concebe o ser humano como fundamentalmente bom e curioso,

entretanto necessitando de ajuda para poder evoluir. Eis a razão da

necessidade de técnicas de intervenção facilitadoras.

O rogerianismo na educação aparece como um movimento complexo

que implica uma filosofia da educação, uma teoria da aprendizagem, uma

prática baseada em pesquisas, uma tecnologia educacional e uma ação

política.

Ação política, no sentido de que, para desenvolver-se uma educação

centrada na pessoa, é preciso que as estruturas da instituição – escola –

mudem.

Não podemos deixar de falar sobre uma importante e famosa tríade,

que influenciou não só a psicoterapia como a educação, a tríade rogeriana.

A tríade rogeriana de aceitação positiva incondicional, empatia e

congruência tornaram-se o principal ingrediente no processo de ajuda. O bom

ensino, como o bom aconselhamento, é baseado nessa tríade. A interação na

sala de aula deve ser baseada no desenvolvimento de relações autênticas e

democráticas.

.

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CAPÍTULO I

BREVE HISTÓRICO DE CARL RANSOM ROGERS

Carl Ransom Rogers nasceu no dia 8 de Janeiro de 1902 em Oak Park,

Ilinois – Eua, nos arredores de Chicago. Tinha quatro irmãos e uma irmã,

sendo o antepenúltimo.

Faleceu em La Jolla, na Califórnia, no dia 4 de Fevereiro de 1987 após

uma fratura no colo do fêmur. De acordo com as instruções que deixara, as

máquinas que mantinham “artificialmente” a sua vida foram desligadas após

três dias de coma.

Os pais, de educação universitária, faziam parte de uma comunidade

protestante de forte pendor fundamentalista. A família valorizava uma

educação moral, religiosa, sendo muito conservadora, isto é, muito enraizada

nos valores tradicionais e fechada sobre ela mesma; contudo, intelectualmente

era muito estimulante.

Aos doze anos, Rogers e sua família mudam para uma fazenda, onde,

em terreno fértil e estimulante, passou a se interessar por agricultura e ciências

naturais.

A vida na quinta e o trabalho na agricultura levam-no naturalmente a

matricular-se em 1919 em Agronomia na Universidade de Wisconsin. Envolve-

se em várias atividades comunitárias desenvolvendo as suas capacidades de

“facilitador” e organizador. Entra em contato com meios evangélicos militantes

e decide mudar para o curso de História com a intenção de se dedicar

posteriormente à carreira eclesiástica.

No terceiro ano da faculdade Rogers fez uma viagem à China integrada

em uma delegação americana com o objetivo de participar no Congresso da

Federação Mundial dos Estudantes Cristãos. A viagem dura seis meses e, no

decorrer da mesma, abandona parte das suas convicções religiosas, abrindo-

se à diversificação das idéias e opiniões. Ao chegar de novo aos Estados

Unidos ganha uma nova independência e autonomia face às opiniões e

posições da família, tendo começado a sofrer de uma úlcera gastroduodenal,

provavelmente como resultado deste processo de afirmação.

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Rogers continuou motivado a seguir carreira pastoral e empenhou-se

social e politicamente, tentando demonstrar a incompatibilidade do cristianismo

e da guerra através de escritos sobre o pacifismo do reformador Wyclif ou

sobre a posição de Lutero face à autoridade.

Em 1924, Carl Rogers termina a sua licenciatura em História e casa-se

com Hellen Elliot, sua amiga de infância, de quem virar a ter dois filhos: David e

Natalie.

Durante o primeiro ano no Seminário da União Teológica em Nova

Iorque, Rogers freqüentou alguns cursos na faculdade de psicologia,

contatando assim com os psicólogos Goodwin Watson e William Kilpatrick que

muito o impressionaram.

Rogers organizou um seminário de reflexão auto facilitado com outros

colegas e toma consciência de sua “não vocação” para o ministério pastoral,

apesar do estágio realizado no mesmo período, como pastor substituto na

paróquia de Dorset em Vermont.

Rogers passou também a colaborar com a sociedade para Prevenção

da Crueldade contra a Criança, que tratava crianças perturbadas, em

Rochester. Por necessidade de melhor atuar neste mister, no segundo ano do

curso, Rogers transfere-se para o Teachers’ College da Universidade de

Columbia com o objetivo de freqüentar o curso de psicologia clínica e

psicopedagogia. Nesta mesma universidade obteve seus títulos de Mestre,

1928, e Doutor, 1931. Nessa instituição é marcado pela filosofia de John

Dewey que terá um grande impacto na evolução das suas idéias. Entretanto,

para sustentar economicamente a família continua a colaborar com instituições

eclesiásticas no ensino religioso.

Rogers diplomou-se no Teacher´s College da Universidade de Columbia em

1928 e suas primeiras experiências clínicas foram calcadas na tradição

behaviorista e, ainda mais, psicanalista, foram feitas como interno do Institute

for Child Guidance, onde sentiu a forte ruptura entre o pensamento

especulativo freudiano e o mecanismo medidor e estatístico do behaviorismo.

Depois de receber seu título de Doutor, Rogers passou a fazer parte da

equipe do Rochester Center, do qual passaria a ser diretor. Neste período,

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Rogers muito tirou das idéias e exemplos de Otto Rank, que havia se separado

da linha ortodoxa de Freud.

Em 1933 Jessie Taft publica o livro “The Dynamics of Therapy in a

Controlled Relationship”. Esta obra foi considerada uma obra-prima por Carl

Rogers, quer ao nível da forma quer do conteúdo literário. Progressivamente,

Rogers abandona uma orientação diretiva ou interpretativa, optando por uma

perspectiva mais pragmática de escuta dos clientes, numa posição precursora

do que mais tarde estruturará como Orientação Não Diretiva.

Em 1939 Rogers publica seu primeiro livro: “O tratamento clínico da

criança-problema” (1) no qual expõe o essencial das suas reflexões e

pesquisas realizadas até o momento.

Nesta publicação Rogers não deixa de referir os modelos mais

importantes em psicoterapia e aconselhamento, explicitando a sua abordagem

terapêutica numa perspectiva que ele considera mais genericamente como “as

novas” ou “mais recentes” terapias e que define, por oposição às “antigas”,

como sendo centrada sobre a expressão, a auto-aceitação, a tomada de

consciência e a relação terapêutica, e não sobre a análise do passado, a

sugestão ou a interpretação.

Em 1940 Rogers tornou-se professor de Psicologia na Universidade

Estadual de Ohio, função que exerceu por cinco anos.

No dia 11 de Dezembro de 1940 Carl Rogers toma consciência da

originalidade de seu pensamento quando é confrontado com as reações

provocadas pela conferência que fez na Universidade de Minnesota. Rogers

afirmou na conferência que “o alvo da nova terapia não é resolver um problema

particular, mas ajudar o indivíduo a crescer, de maneira que ele possa fazer

face ao problema atual e aos problemas que mais tarde apareçam de uma

maneira mais bem integrada... ela baseia-se muito mais na tendência individual

para o crescimento, saúde e adaptação...”, perspectiva bem precursora da

corrente atual da Psicologia da Saúde. Em segundo lugar, diz ainda Rogers,

“esta nova terapia põe mais ênfase nos elementos emocionais, nos aspectos

emocionais da situação, do que nos aspectos intelectuais...” Em terceiro lugar,

“esta nova terapia dá maior ênfase à situação imediata do que ao passado do

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indivíduo...” Finalmente, diz Rogers, “esta abordagem considera a relação

terapêutica em si mesma como uma experiência de crescimento”. (2)

Segundo Rogers, esta conferência marcou o dia em que a Terapia Centrada no

Cliente surgiu. A data 11 de Dezembro de 1940 passou a ser considerada no

movimento rogeriano como sendo a fundadora do movimento, ou, talvez fosse

mais justo dizer, o mito-fundador da comunidade rogeriana.

O fulcro da sua abordagem passa da importância dada às técnicas para,

progressivamente, acentuar as atitudes, isto é, da técnica da reformulação para

as atitudes de compreensão empática, de aceitação do cliente, de congruência

do terapeuta, de confiança nas capacidades do cliente para a auto-atualização

das suas potencialidades e para a auto-organização e, finalmente, para uma

valorização das potencialidades terapêuticas da relação.

Em 1945, Carl Rogers tornou-se professor de Psicologia na

Universidade de Chicago e secretário executivo do Centro de Aconselhamento

Terapêutico, quando elaborou e definiu ainda mais seu método de terapia

centrada no cliente, a partir do legado de outros teóricos, principalmente Kurt

Goldstein (Psicologia Holística), formulando uma teoria da personalidade e,

ainda mais importante para o destaque de seu trabalho, conduzindo pesquisas

sobre psicoterapia, o que muito pouco era feito com relação à abordagem do

momento, a Psicanálise.

O interesse de Rogers pelos grupos de encontro começou em 1946-47,

ao mesmo tempo em que Kurt Lewin o havia feito no National Training

Laboratories em Bethel. Rogers investiu muito no trabalho com os grupos de

encontro.

Kurt Lewin e a sua equipe estavam mais interessados na formação de

quadros profissionais, considerando como acessório o aspecto de progresso

pessoal dos participantes. Rogers, pelo contrário, considerava este último

aspecto como prioritário e fundamental e, sobretudo desde 1960, após a

criação do Centro para o Estudo da Pessoa, em La Jolla (1968), considera o

trabalho dos grupos de encontro como o instrumento privilegiado não só para o

desenvolvimento pessoal, mas também para a educação, para a gestão e

administração e para a resolução de conflitos.

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Em 1949, Rogers passou a ocupar a cátedra de Psicologia da

Universidade de Ohio. Por ter passado muito tempo envolvido diretamente com

a clínica, a passagem para o meio acadêmico foi muito dura para ele. Ficou

claro que, durante seu trabalho ativo com clientes, ele tinha atingido novas

formas de pensar a prática psicoterapêutica que eram muito diferentes das

abordagens acadêmicas convencionais. De todo modo, as críticas iniciais a

que foi submetido e o interesse que os estudantes demonstravam em sua

teoria compeliu-o a explanar melhor seus pontos de vista, resultando uma série

de livros, principalmente Counseling and psychoterapy (1942).

Carl Rogers passou a ensinar na Universidade em que se graduou,

Winconsin, em 1957 e permaneceu lá até o ano de 1963. Durante esses anos

ele liderou um grupo de pesquisadores que realizou um brilhante estudo

intensivo e controlado, utilizando a psicoterapia centrada com pacientes

esquizofrênicos, obtendo em alguns pontos, muito material sobre a relação

terapêutica e muitos outros dados de interesse científico, em termos

estatísticos, com estes e com seus familiares. De qualquer modo, foi o início de

uma abordagem mais humana junto aos pacientes hospitalares.

Em 1957, Ends e Page (3) comprovam os resultados de três modelos

terapêuticos, o psicodinâmico, o rogeriano e o comportamentalista no

tratamento de grupo de pacientes hospitalizados com o diagnóstico de

“alcoólicos”, concluindo que “a abordagem rogeriana centrada no grupo tem a

mais larga aplicação e a maior eficácia”.

No ano de 1961 Rogers publicou um livro que rapidamente se tornou um

best-seller mundial, “Tornar-se Pessoa”. (4) Neste livro Rogers explorou a

aplicação dos princípios da terapia centrada no cliente a outros domínios do

humano – educação, relações interpessoais, relações familiares, comunicação

intergrupal, criatividade – e apresenta a sua abordagem como uma filosofia de

vida, uma “maneira de ser” (“a way of being”), sobre Carl Rogers e o seu

modelo. Em cada uma delas, existe uma parte significativa dedicada à revisão

crítica da investigação feita ao longo de mais de 50 anos de existência deste

modelo, desde o âmbito da Terapia Centrada no Cliente até ao da Abordagem

Centrada na Pessoa, desde os tempos remotos dos anos quarenta e da

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construção do modelo até aos projetos de investigação recentes e

contemporâneos, e desde a especificidade da terapia e do Counseling até a

pedagogia e à mediação da paz.

John Shlien, Masak e Dreikers (5) comparavam em 1962 os resultados

obtidos, no quadro do Centro de Aconselhamento da Universidade de Chicago,

em dois grupos de clientes beneficiando de terapias de tempo limitado (20

sessões); um de inspiração adleriana e o outro segundo o modelo de terapia

centrada no cliente, com dois outros grupos de clientes beneficiando dos

mesmos modelos de terapia, mas em tratamento sem tempo limitado (em

média 37 sessões). Concluíram que os resultados entre os dois modelos não

eram do ponto de vista estatístico, significativamente diferentes, mas que os

clientes pareciam ficar mais rapidamente satisfeitos, em contrapartida, com os

resultados obtidos nas terapias de tempo limitado.

Em 1972, com 70 anos, Carl Rogers é o primeiro psicólogo americano a

receber os dois maiores galardões da Associação Americana de Psicologia,

tanto pelo seu contributo científico como pelo seu contributo profissional.

A partir de 1972, dedica-se preferencialmente à intervenção e reflexão

sobre os aspectos referentes às áreas do social e do político, explorando as

possibilidades maturativas e criativas que os grupos de encontro oferecem.

Rogers expõe o essencial destas reflexões no livro publicado em 1977,

“Poder Pessoal” e em 1967 apresenta o seu modelo de abordagem centrada

na pessoa e a sua filosofia de intervenção não só como um modelo de

psicoterapia, mas também como uma abordagem eficaz em todas as relações

humanas, quer elas sejam relações de ajuda, relações pessoais ou políticas.

Richard Farson dirá que Carl Rogers é “o homem cujo efeito cumulativo na

sociedade o tornou num dos revolucionários sociais mais importantes do nosso

tempo”.

No Brasil as idéias de Rogers tiveram difusão na década de 70, em

confronto direto com as idéias Comportamentalistas (behaviorismo), que teve

em Skinner um de seus principais representantes.

Carl Rogers faz uma análise do sucesso das negociações de Camp

David, em 1978, entre Israelitas e Egípcios em termos de dinâmica de grupo de

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encontro e propõe essa fórmula para a resolução dos conflitos sociais e

políticos.

Os últimos anos de Rogers foram também marcados, sobretudo após a

morte de sua esposa Helen, em março de 1979, por um maior interesse pela

dimensão espiritual do homem, pela sua integração numa globalidade que o

transcende e que se insere em uma harmonia global no universo. Rogers toma

consciência da importância da dimensão da “presença” na terapia, que ele

associa a uma forma de comunicação transpessoal e na qual a intuição tem um

papel importante. Apresenta-a como um novo campo a explorar no âmbito da

sua abordagem e no domínio daquilo que se poderia chamar: os estados

alterados de consciência.

Rogers facilita, em 1985, na Áustria, um workshop com 50 líderes

internacionais, incluindo o ex-presidente da Costa Rica, embaixadores e

pessoas de grande influência política e diplomática, tendo como objetivo

trabalhar, segundo o modelo dos grupos de encontro, na problemática das

tensões, então muito fortes na América Central.

Carl Rogers investe cada vez mais nos últimos anos da sua vida na

investigação, empenhando-se em grandes workshops transculturais, ou de

esforço pela paz e, finalmente em 1987, o seu nome faz parte do grupo das

personalidades indicadas para a atribuição do prêmio Nobel da Paz.

Infelizmente a morte o levou antes, em um momento que, apesar de sua idade

avançada, continuava perfeitamente lúcido, extremamente ativo, e gozando a

vida plenamente em todos os domínios desta e, como ele afirmava, como

nunca o fizera antes.

Em 1990 Eckert e Biermann-Ratjen (6) comparam os resultados de

grupos terapêuticos inspirados nos modelos rogeriano e freudiano e concluem

que ambos apresentam iguais resultados na diminuição da depressão, da

introversão e no desconforto de adaptação à vida. Mostram também que os

que beneficiaram de uma abordagem psicanalítica apresentam um maior

sentimento de autonomia interna e externa e os que beneficiaram do

tratamento inspirado no modelo rogeriano, uma maior capacidade em

relacionar-se, conectar-se e comprometer-se com os outros.

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Carl Rogers chega ao fim de sua vida com um interesse renovado pelo

campo espiritual presente no homem, em um espírito de liberdade e de

tolerância, muito longe da visão fundamentalista e estreita de sua juventude.

Guardara talvez o aspecto pros elitista, a confiança indestrutível em um futuro

melhor, não ignorando, como ele fez questão de sublinhar em numerosas

ocasiões, toda a miséria, dor, sofrimento e mal que nos acompanham em

nossa peregrinação.

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CAPÍTULO II

ROGERS: SUA TEORIA E INFLUÊNCIA NA EDUCAÇÃO

A polêmica com relação a uma Educação realmente nova desenvolvida

num clima de liberdade, começa a se acender na década de 60, com a

fundação da escola de “Summerhill”, na Inglaterra, por A. S. Neill e a

publicação de seu livro “Liberdade sem medo”. Porém, a grande explosão vem

pouco depois com a teoria psicológica de Carl Rogers, psicólogo americano,

criador da chamada “terapia não-diretiva ou centrada no cliente”.

Rogers usa a palavra “cliente” ao invés do termo tradicional “paciente”.

Um paciente é em geral alguém que está doente, precisa de ajuda e vai ser

ajudado por profissionais formados. Um cliente é alguém que deseja um

serviço e que pensa não poder realizá-lo sozinho. O cliente, portanto, embora

possa ter muitos problemas, é ainda visto como uma pessoa inerentemente

capaz de entender sua própria situação. Há uma igualdade implícita na palavra

“cliente” que não há na palavra “paciente”, onde o indivíduo é “inferior”.

A essência da terapia centrada no cliente é o conhecimento interpessoal

ou conhecimento fenomenológico. É a prática da compreensão empática,

penetrar no mundo subjetivo particular do outro para ver se nossa

compreensão da opinião dele é correta, não apenas para ver se é

objetivamente correta ou se concorda com o nosso próprio ponto de vista, mas

se é correta no sentido de compreender a experiência do outro como ele a

experiência. Esta compreensão empática é testada pela resposta àquilo que se

entendeu, perguntando-se ao outro se foi ouvido corretamente. “Você está se

sentindo deprimida esta manhã?”, “Parece-me que você está contando ao

grupo que seu choro é um pedido de ajuda.”, “Aposto que você está muito

cansado para concluir isto agora”.

Mais tarde, Rogers concluiu que o que é válido para psicoterapia pode-

se ser aplicado à educação. Portanto, a eficácia do processo de aprendizagem

depende da qualidade da interação entre professor e aluno, da existência de

um clima afetuoso entre ambos.

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Em Liberdade para aprender, publicado em 1969, Rogers apresenta

suas idéias no campo do ensino. A abordagem rogeriana da educação consiste

no ensino centrado no estudante ou na educação centrada na pessoa.

Além desse livro, Rogers publicou outros sobre educação: Tornar-se

pessoa, editado em 1961, e Sobre o poder pessoal, de 1977.

Grande parte dos conceitos de Rogers foram integrados pelas múltiplas

correntes terapêuticas, quando não mesmo pela linguagem comum. A noção

de empatia foi retomada por todas as escolas e ninguém desconhece a

importância deste conceito, sobretudo com Kohut, até às teorias cognitivo-

comportamentalistas.

Henriette Morato (7) define em 1999 a Compreensão Empática com o

seguinte exemplo: O professor “entra” no campo fenomenal do aluno, sente

seus sentimentos, e procura entender seus significados pessoais como estão

sendo vivenciados pelo aluno. Ser empático não é uma técnica, é uma atitude

desenvolvida ao longo da vida da pessoa, que leva o professor a vivenciar o

mundo interno do indivíduo para ajudá-lo a expressar o que está sentindo, não

pensar “pelo” aluno e sim “com” o aluno.

Do mesmo modo, a congruência e a aceitação foram conceitos que se

difundiram de forma tal que a abordagem terapêutica de Carl Rogers parecia

condenada a desaparecer diluída e integrada pela multiplicidade das escolas.

Henriette Morato (7) definiu também em 1999 os seguintes conceitos:

Congruência – Autenticidade absoluta da parte do professor para com o

aluno. O professor deve ser ele mesmo, sem “fachada” de profissional. O termo

transparência dá um maior significado a esse conceito. O professor deve

expressar completamente seus sentimentos positivos, sejam de compaixão,

compreensão, como também seus sentimentos negativos, como medo, e

nunca suas opiniões ou julgamentos sobre o aluno. Quando o aluno percebe

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que o professor se dá o direito de ser autêntico, ele pode descobrir essa

mesma liberdade.

Aceitação Incondicional – O professor deve mostrar uma atitude de

aceitação que permita ao aluno vivenciar qualquer sentimento. Isso exige o não

envolvimento do julgamento e da manipulação, ou do rotular o aluno. Quando

isso flui de uma maneira natural, a probabilidade de sucesso no processo de

aprendizagem é maior. O professor não pode encarar isso como uma

obrigação, deve fazer parte do seu processo de relacionamento com as

pessoas, principalmente com o aluno.

É de suma importância uma relação calcada na aceitação e empatia,

pois só através destas atitudes é possível uma compreensão do mundo interno

do outro, demonstrando também que essas atitudes não são de exclusividade

do facilitador. Wood (8) em 1983 diz: “que o relacionamento entre

participantes – e não entre facilitador e participante, - tem mais probabilidade

de ser significativo para uma mudança construtiva e individual na

personalidade”.

A autenticidade do professor é de suma importância também, pois a

aprendizagem pode ser facilitada se ele (o professor) ser congruente. Isso

implica que o professor tenha uma consciência plena das atitudes que assume,

sentindo-se receptivo perante seus sentimentos reais, tornando-se uma pessoa

real na relação com seus alunos.

Talvez o conceito que maior dificuldade teve em ser adequadamente

compreendido e integrado de Carl Rogers tenha sido o de não-diretividade,

apesar de muitas escolas considerarem a sua intervenção terapêutica como

não-diretiva.

Como metodologia, a não-diretividade é característica. É um método

não estruturante de processo de aprendizagem, pelo qual o professor não

interfere diretamente no campo cognitivo e afetivo do aluno. Na verdade,

Rogers pressupõe que o professor dirija o estudante às suas próprias

experiências, para que, a partir delas, o aluno se autodirija. Rogers propõe a

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sensibilização, a afetividade e a motivação como fatores atuantes na

construção do conhecimento. Uma das idéias mais importantes na obra de

Rogers é a de que a pessoa é capaz de controlar seu próprio desenvolvimento

e isso ninguém pode fazer para ela.

Carl Rogers dirigiu a sua atenção de maneira prioritária para o campo

da educação, propondo uma pedagogia centrada no aluno, experiencial. Esta

pedagogia apresenta muitos pontos comuns com a proposta de Paulo Freire, a

“educação não bancária”, apesar de Carl Rogers ainda não ter, nesse

momento, conhecimento do trabalho de Paulo Freire. A Pedagogia Experiencial

é objeto de um grande número de trabalhos de pesquisa que se encontram

parcialmente descritos nos dois grandes livros: “Liberdade para Aprender”,

publicado em 1969, e “Liberdade para Aprender nos Anos 80”, publicado em

1983. O essencial da sua mensagem consiste no fato de que os alunos

aprendem melhor, são mais assíduos, mais criativos e mais capazes de

solucionar problemas quando os professores proporcionam o clima humano e

de facilitação que Carl Rogers propõe.

A teoria de Rogers foi um grito de rejeição absoluta contra “orientar” e

“dirigir”. Entretanto, alguns pais, professores, psicólogos e orientadores, talvez

confusos quanto à verdadeira mensagem da teoria ou sem estrutura para

exercê-la, tornaram-se tão “não-diretivos”, ao ponto de simplesmente deixarem

o “navio à deriva”, isto é, não fornecendo ao aluno, ao filho, ao cliente, ao

orientando, qualquer informação, mas simplesmente repetindo as perguntas

que aqueles faziam.

Professores passaram a não dar mais aulas: distribuíam apenas tarefas

aos alunos. Os pais deixavam os filhos fazerem o que lhes aprouvesse, sem

colocar-lhes limite algum ou fornecer-lhes qualquer orientação. Os psicólogos

se limitavam a ouvir os clientes, balançando a cabeça, sorrindo, devolvendo-

lhes as perguntas ou fazendo eternas afirmações do tipo: “É o que você

sente...”, “Você vê assim...”, etc. O conceito de não-diretividade foi levado às

raias do absurdo.

Muitos o consideram ingênuo, mas ele mostrou-se um verdadeiro

cientista e um grande educador. Viveu na prática, e com sucesso, a sua teoria,

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mostrando para aqueles que fracassaram ao seguir a sua teoria que o mal não

estava em sua teoria, mas na falta de qualidade dos profissionais que o

tentaram seguir.

A teoria de Rogers é uma afirmação de fé no Homem. Ele valoriza o ser

humano, acredita na vida e na capacidade infinita que o Homem tem de

aperfeiçoar-se, de desenvolver suas potencialidades e de ser feliz.

Rogers procurou combater duramente aquela escola mera transmissora

de um saber fechado, acabado e repetitivo, onde o educando só tinha que

calar, escutar, memorizar as informações, sem nenhuma reflexão e construção

sobre o tema, sem variação, com a monotonia de um pêndulo. Onde o aluno

tinha que obedecer sem questionar, adaptar-se à situação de opressão,

submeter-se à prática coercitiva de provas, exames e à dependência de notas.

Rogers conseguiu mostrar a ineficácia e o fracasso dessa escola

palavresca, que na verdade não comunica nada, não humanifica, mas coisifica.

Esta escola que apenas dita idéias e discursa aulas trabalhando sobre o aluno

e não com o aluno. Onde o professor é o proprietário pedagógico, aquele que

sabe, ordena, decide, julga, anota e pune.

Só pode ser verdadeiramente educador, segundo Rogers, aquele que

tem uma visão positiva da natureza humana, que acredita nas possibilidades

que o Homem tem de crescer infinitamente; aquele que tem sensibilidade

bastante para enxergar as coisas do ponto de vista do educando.

Fonseca (9) em 1983 define a Atuação do Facilitador da seguinte

forma: Facilitar a expressão dos sentimentos e pensamentos dos participantes.

Desenvolver um clima psicológico de segurança no qual a liberdade de

expressão e a redução de defesas se verifique.

O professor é um facilitador da aprendizagem e não a autoridade

máxima da aprendizagem.

Os promotores-facilitadores visam estar presentes no desvelamento e

construção da realidade grupal e não lhes interessa o controle da consciência

ou do comportamento dos membros do grupo (...) uma vez que confiam que o

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exercício espontâneo destes conduz, inevitavelmente, à sanidade; a um

genuíno e confiável controle autógeno (FONSECA, 1983, p. 151).

O professor deve ter congruência, autenticidade e honestidade com o

aluno; criar com ele uma empatia e assegurar-lhe respeito, aceitação e

consideração positiva incondicional. Esses princípios colocam Rogers na

mesma área da psicologia existencial de sua época e cujo expoente na Europa

foi Ronald David Laing.

Rogers é destacado pioneiro no desenvolvimento da chamada

Psicologia Humanista, ou Terceira Força em Psicologia – segundo a

classificação de Abraham Maslow -.

Rogers sugere que em cada um de nós há um impulso inerente em

direção a sermos competentes e capazes quanto o que estamos aptos a ser

biologicamente. Assim como uma planta tenta tornar-se saudável, como uma

semente contém dentro de si impulso para se tornar uma árvore , também uma

pessoa é impelida a se tornar uma pessoa total, completa e auto-atualizada. O

impulso em direção à saúde não é uma força esmagadora que supera

obstáculos ao longo da vida; pelo contrário, é facilmente embotado, distorcido e

reprimido. Rogers o vê como a força motivadora dominante numa pessoa que

está funcionando de modo livre, não paralisada por eventos passados ou por

crenças correntes que mantinham a incongruência.

Maslow chegou a conclusões semelhantes; chamava esta tendência de

uma voz interna e fraca que é facilmente abafada. A suposição de que o

crescimento é possível e central para o projeto do organismo é crucial para o

restante do pensamento de Rogers. Para Rogers, a tendência à auto-

atualização não é simplesmente mais um motivo. É importante observar que

esta tendência atualizante é o postulado fundamental da teoria rogeriana.

A função do professor deve consistir no desenvolvimento de uma

relação pessoal com seus alunos e de o estabelecimento de um clima nas

aulas que possibilitem a realização natural para os alunos tenderem para se

afirmarem; portanto o professor é um facilitador da aprendizagem significativa,

fazendo parte do grupo e não estando colocado acima dele; este também é um

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dos pressupostos básicos da teoria de Rogers, ou seja, o aspecto

interacional da situação de aprendizagem, visando às relações interpessoais e

intergrupais.

Muitas pessoas relatam suas experiências em grupos como as

experiências de aceitação mais positivas e empáticas de suas vidas. A

popularidade das experiências de grupo repousa tanto no calor emocional que

geram (pois, quanto mais o tempo se passa o grupo se abre mais, sentindo-se

mais seguro, caiem as defesas, preconceitos e agressões e surge a aceitação,

a tolerância e o afeto entre os integrantes do grupo) como em sua capacidade

de facilitar o crescimento pessoal.

O professor e o aluno são co-responsáveis pela aprendizagem, não

havendo avaliação externa, a auto-avaliação deve ser incentivada; implica em

uma filosofia democrática.

A escola deve possuir uma organização pedagógica flexível, pois é por

meio de atos que se adquirem aprendizagens mais significativas.

Talvez o ponto mais alto da teoria de Rogers seja o autoconceito. Ele

descobriu que o autoconceito é fundamental no processo educacional, pois

somente as pessoas que acreditam em si mesmas são capazes de realizar,

criando, construindo, amando e cooperando.

A aprendizagem mais socialmente útil, no mundo moderno, é a do

próprio processo de aprendizagem, uma contínua abertura à experiência e à

incorporação, dentro de si mesmo, do processo de mudança.

As forças positivas em direção à saúde e ao crescimento são naturais e

inerentes ao organismo. Baseado em sua própria experiência clínica, Rogers

conclui que os indivíduos têm a capacidade de experienciar e de se tornarem

conscientes de seus desajustamentos. Isto é, você pode experienciar as

incoerências entre seu autoconceito e suas experiências reais. Esta

capacidade que reside em nós é associada a uma tendência subjacente à

modificação do autoconceito, no sentido de estar realmente de acordo com a

realidade.

Rogers postula, portanto, um movimento natural para a resolução e

distante do conflito. Vê o ajustamento não como um estado estático, mas como

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um processo no qual novas aprendizagens e novas experiências são

cuidadosamente assimiladas. Rogers está convencido que estas tendências

em direção à saúde são facilitadas por qualquer relação interpessoal na qual

um dos membros esteja livre o bastante da incongruência para estar em

contato com seu próprio centro de autocorreção. A maior tarefa da terapia é

estabelecer tal relacionamento genuíno.

Aceitar-se a si mesmo é um pré-requisito para uma aceitação mais fácil

e genuína dos outros. Em compensação, ser aceito por outro conduz a uma

vontade cada vez maior de aceitar-se a si própria. Este ciclo de autocorreção e

auto-incentivo é a forma principal pela qual se minimiza os obstáculos ao

crescimento psicológico.

Em contra partida, comportamentos ou atitudes que negam algum

aspecto do Self são chamados de condições de valor. Quando uma experiência

relativa ao eu é procurada ou evitada unicamente porque é percebida como

mais ou menos digna de consideração de si, diz Rogers que o indivíduo

adquiriu um modo de avaliação condicional. Condições de valor são os

obstáculos básicos à exatidão da percepção e à tomada de consciência

realista.

O campo de experiência é limitado por restrições psicológicas e

limitações biológicas. Temos tendência a dirigir nossa atenção para perigos

imediatos, assim como para experiências seguras ou agradáveis, ao invés de

aceitar todos os estímulos que nos rodeiam.

Dentro do campo de experiência está o Self. O Self não é uma entidade

estável, imutável, entretanto, observado num dado momento, parece ser

estável. Isto se dá porque congelamos uma secção da experiência a fim de

observá-la. Rogers concluiu que a idéia do eu não representa uma acumulação

de inumeráveis aprendizagens e condicionamentos efetuados na mesma

direção. Essencialmente é uma gestalt cuja significação vivida é suscetível de

mudar sensivelmente (e até mesmo sofrer uma reviravolta) em conseqüência

da mudança de qualquer destes elementos. O Self é uma gestalt organizada e

consistente num processo constante de formar-se e reformar-se à medida que

as situações mudam.

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Assim como uma fotografia é uma “parada” de algo que está mudando,

da mesma forma o Self não é nenhuma das “fotografias” que tiramos dele, mas

o processo fluido subjacente. Outros teóricos usam o termo Self para designar

aquela faceta da identidade pessoal que é imutável, estável ou mesmo eterna.

Rogers usa o termo para se referir ao contínuo processo de reconhecimento. É

esta diferença, esta ênfase na mudança e na flexibilidade, que fundamenta sua

teoria e sua crença de que as pessoas são capazes de crescimento, mudança

e desenvolvimento pessoal. O Self ou autoconceito é a visão que uma

pessoa tem de si própria, baseada em experiências passadas, estimulações

presentes e expectativas futuras.

As condições de valor criam uma discrepância entre o Self e o

autoconceito. Para mantermos uma condição de valor temos que negar

determinados aspectos de nós mesmos. O crescimento é impedido na medida

em que a pessoa nega impulsos diferentes do autoconceito artificialmente

“bom”. Cada experiência de incongruência entre o Self e a realidade aumenta a

vulnerabilidade, a qual, por sua vez, ocasiona o aumento de defesas,

interceptando experiências e criando novas ocasiões de incongruência.

A terapia centrada no cliente esforça-se por estabelecer uma

atmosfera na qual condições de valor prejudiciais possam ser postas de lado,

permitindo, portanto, que as forças saudáveis de uma pessoa retomem sua

dominância original. Uma pessoa recupera a saúde reivindicando suas partes

reprimidas ou negadas.

O Self Ideal é o conjunto das características que o indivíduo mais

gostaria de poder reclamar como descritivas de si mesmo. Assim como o Self,

ele é uma estrutura móvel e variável, que passa por redefinição constante.

A extensão da diferença entre o Self e o Self Ideal é um indicador de

desconforto, insatisfação e dificuldades neuróticas. Aceitar-se como se é na

realidade, e não como se quer ser, é um sinal de saúde mental. Aceitar-se não

é resignar-se ou abdicar de si mesmo. É uma forma de estar mais perto da

realidade e de seu estado atual.

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A imagem do Self Ideal, na medida em que se diferencia de modo claro

do comportamento e dos valores reais de uma pessoa é um obstáculo ao

crescimento pessoal.

Rogers acredita que a interação com o outro capacita um indivíduo a

descobrir, encobrir, experienciar ou encontrar seu Self real de forma direta.

Nossa personalidade torna-se visível a nós através do relacionamento com os

outros.

Para Rogers, os relacionamentos oferecem a melhor oportunidade para

estar “funcionando por inteiro”, para estar em harmonia consigo mesmo, com

os outros e com o meio ambiente.

Através dos relacionamentos, as necessidades organísmicas básicas do

indivíduo podem ser satisfeitas. A esperança desta satisfação faz com que as

pessoas invistam uma quantidade de energia incrível em relacionamentos, até

mesmo naqueles que não parecem ser saudáveis ou satisfatórios.

Toda relação entre o educador e o educando deve ser permeada de

respeito, aceitação e estímulo. Um autoconceito positivo é o alicerce forte,

seguro e necessário, de onde a pessoa irá se posicionar para lidar com a

realidade de maneira satisfatória.

Rogers mostra que a aprendizagem só pode acontecer num clima de

liberdade e questionamento e que só é efetiva se tem um sentido pessoal.

Esquecemos muitas coisas que estudamos por elas não terem nada a ver com

nossas vidas. Este é um ponto que deve ser questionado ao propor uma nova

educação. E isto é o que Rogers faz, ele quer reinventar a educação.

Rogers não segrega o intelecto de outras funções. Ele valoriza-o como

um tipo de instrumento que pode ser usado de modo efetivo na integração de

experiências. Mostra-se cético em relação a sistemas educacionais que dão

ênfase exagerada a desempenhos intelectuais e desvalorizam os aspectos

intuitivos e emocionais do funcionamento total.

Em particular, Rogers pensa que cursos de graduação em campos

diversos são exigentes, pouco significativos e desanimadores. A pressão para

a produção de trabalhos limitados e pouco originais, associada aos papéis

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passivos e dependentes atribuídos aos estudantes de graduação, na realidade

sufoca ou retardam suas capacidades criativas e produtivas.

Se o intelecto, como outras funções, ao operar de forma livre, tende a

dirigir o organismo à tomada de consciência mais congruente, então forçar

o intelecto por vias específicas pode não ser benéfico. O ponto de vista de

Rogers é de que as pessoas estão em melhor situação decidindo o que fazer

por si mesma, com o apoio de outros, do que fazendo o que os outros decidem

por elas.

O posicionamento filosófico de Rogers, sua perspectiva e visão do ser

humano foram bastante avançados para a sua época, pois apresentam um

entendimento altamente holista e sistêmico do homem, que fica extremamente

em seus livros, e, em resumo, nesta passagem de Liberdade para aprender:

Sinto pouca simpatia pela idéia bastante generalizada de que o homem

é, em princípio, fundamentalmente irracional e que os seus impulsos, quando

não controlados, levam à destruição de si e dos outros. O comportamento

humano é, no seu conjunto, extremamente racional, evoluindo com uma

complexidade sutil e ordenada para os objetivos que o seu organismo, como

um todo sistêmico, se esforça por atingir. A tragédia, para muitos de nós, deriva

do fato de que as nossas defesas internas nos impedirem de surpreender essa

racionalidade mais profunda, de modo que estamos conscientemente a

caminhar numa direção, enquanto organicamente caminhamos em outra.

É extremamente interessante que Rogers se refira à lógica do organismo

como um todo, intuindo um tipo de racionalidade orgânica que é muito mais

sutil e mais profunda que o tipo de racionalidade intelectual e linear que

ordinariamente se põe como a única coisa digna deste termo, racionalidade, e

que, vias de regra, se resume à capacidade de reter algumas informações ou

habilidades técnicas, adestradas a partir da educação formal. Nisto, podemos

lembrar a célebre citação de Pascal de que “O coração possui razões que a

própria razão desconhece”.

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É este tipo de sabedoria interna ao organismo que se expressa no

equilíbrio ecológico de todo o sistema vital do planeta. Assim como no amplo

espectro do leque natural, a mesma racionalidade implícita à vida se expressa

no homem, como tendência à auto-atualização, que é a tendência natural do

organismo para atingir um grau de maior harmonia dinâmica interna e externa,

exercitando suas potencialidades adaptativas de acordo com o seu

desenvolvimento global junto ao meio em que vive. Diz Rogers: “É este impulso

que é evidente em toda vida humana e orgânica – expandir-se, estender-se,

tornar-se autônomo, desenvolver-se, amadurecer – a tendência a expressar e

ativar todas as capacidades do organismo na medida em que tal ativação

valoriza o organismo ou o self.” Desta forma, Rogers e sua teoria está

inteiramente conforme a nova visão holística, ecológica, organísmica e

sistêmica, dentro dos novos paradigmas orgânicos que surgem nas ciências

físicas e biológicas, indo muito além do reducionismo simplista do

Behaviorismo, ou do determinismo mecanicista da psicanálise e seu modelo

hidráulico da psique humana, ainda muito aceito e comentado devido à mística

da abordagem mecanicista na cultura acadêmica, sempre a última a se abrir

aos avanços do pensamento humano. Assim mesmo, convém lembrar que

Rogers sempre concordou com muitos pontos importantes destas duas

escolas, e via em Freud um grande teórico.

Rogers, juntamente com outros teóricos, como Maslow, Goldenstein e

outros, está convencido que, tal como ocorre com uma planta que, mesmo em

locais insalubres, luta em busca do sol e da vida, embora os meios lhe sejam

adversos, nós, os seres humanos, temos um impulso inerente ao organismo

como um todo para nos direcionarmos ao desenvolvimento de nossas

capacidades tanto quanto for possível, quer sejam física, intelectuais ou

morais, em conjunto. Embora Rogers não tenha incluído formalmente uma

dimensão religiosa ou transcendente em sua formulação da Tendência à Auto-

Atualização, ele deixa claro suas percepções deste nível transpessoal em seus

últimos livros, particularmente em “Um Jeito de Ser”, e a grande aproximação

entre seus insights do contato profundo e transcendente no encontro

terapêutico com a nova visão de mundo da Física Moderna, que é um ponto

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comum à Psicologia Transpessoal, que é a abordagem mais sofisticada em

termos de psicoterapia, atualmente. De qualquer forma, outros autores, como

Campbell e McMahon estenderam a teoria rogeriana para descrever alguns

aspectos da experiência de percepção transcendental.

De um modo geral, as escolas humanistas de psicologia, na qual se

insere o trabalho de Rogers e Maslow, opõem-se às concepções

fragmentadoras da visão de homem de outras escolas. Maslow criticou

veementemente a psicanálise ortodoxa freudiana por generalizar suas

conclusões sobre o ser humano a partir da observação clínica de indivíduos

emocionalmente perturbados, do que resultou uma visão pessimista da

natureza humana. (Maslow, 1993). Os humanistas também se recusam a

aceitar a visão do behaviorismo radical de Skinner, que identifica o homem ao

robô ou marionete do meio, cuja natureza comportamental é moldada,

manipulada e controlada pelo condicionamento ambiental (idéia cara ao

capitalismo e à propaganda). Seria um crasso erro, segundo os humanistas, a

tendência exagerada a generalizar conclusões obtidas a partir de experimentos

– muitos deles cruéis e extremamente artificiais – realizados com animais; ou

mesmo quando, ao se fazer experimentos com pessoas, ao fato de se reduzir

(por princípio de visão de mundo) a aspectos fisiológicos ou outros

mecanicistas, perdendo a dimensão psicológica propriamente dita.

Para Rogers a aprendizagem necessita, e isto ocorre mais facilmente

quando as situações são percebidas como problemáticas, portanto pode-se

dizer que só se aprende aquilo que é necessário e não se pode ensinar

diretamente a nenhuma pessoa.

Rogers define em seu livro “Tornar-se Pessoa” (10) o que vem a ser

Aprendizagem Significativa:

“Por aprendizagem significativa entendo aquela que provoca uma

modificação, quer seja no comportamento do indivíduo, na orientação da ação

futura que escolhe ou nas suas atitudes e na sua personalidade. É uma

aprendizagem penetrante, que não se limita a um aumento de conhecimentos,

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mas que penetra profundamente todas as parcelas da sua existência”.

(ROGERS, C. R., 1997, p. 322)

A aprendizagem significativa é possível se o professor for capaz de

aceitar o aluno tal como ele é, compreendendo os sentimentos que este

manifesta, pois a aprendizagem autêntica é baseada na aceitação

incondicional do outro.

O aluno não pode ser visto como um receptador, ele é uma pessoa que

pensa, sente, vive, age, tem dúvidas e hipóteses sobre o objeto do

conhecimento, mesmo sendo criança. O aluno não é uma caixa vazia onde o

professor depositará seus conhecimentos. O aluno vive dentro de uma

realidade dinâmica, dentro de um mundo em eterna mutação. Portanto, o mais

importante é aprender a aprender e o professor é aquele que cria as

circunstâncias favoráveis para que tal aconteça, usando todos os recursos

possíveis, inclusive de sua experiência, de seu conhecimento, de sua técnica e

de seu discurso, sempre que necessários. Tudo isto vale também para os pais

que são os primeiros educadores na vida de todos nós.

Os estudantes que estão em contato real com problemas da vida,

procuram aprender, desejam crescer e descobrir; querem criar, o que

pressupõe uma confiança básica na pessoa, no seu próprio crescimento.

Esta é a tendência dos alunos para se afirmarem.

As opiniões de Rogers sobre a natureza do homem e sobre os métodos

terapêuticos não só amadureceram durante sua vida, passaram por uma

inversão quase que total. “Espero ter deixado claro que, no decorrer dos anos,

distanciei-me muito de algumas das coisas em que inicialmente acreditei: de

que o homem é em essência pecador; de que, profissionalmente, ele é melhor

tratado enquanto objeto; de que a ajuda fundamenta-se na perícia; de que o

perito pode aconselhar, manipular e moldar o indivíduo a fim de produzir o

resultado desejado”.

Carl Rogers, referindo-se a seus princípios escreve que eles “se

infiltraram na educação, onde as suas implicações revolucionárias provocam

controvérsias, influenciaram casamentos e parcerias. Afetaram as relações

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com os pais. Alcançaram indústrias e escolas de gestão. A educação e práticas

médicas também sentiram a mudança. Nem mesmo a profissão jurídica ficou

isenta. O aconselhamento pastoral foi profundamente mudado. Trabalhadores

no desenvolvimento de comunidades atuam de modo diferente. Pessoas de

várias ocupações e em todos os caminhos da vida se sentiram com mais

poder, descobriram uma compreensão mais profunda do self, aprenderam

intimidade”.

A obra de Rogers e as sua idéias nos múltiplos campos do humano são

incontornáveis e parece-nos poder afirmar que não há nenhum psicólogo,

psicoterapeuta ou pedagogo de qualquer escola ou tendência, que não se

tenha já deparado, num momento ou noutro da sua formação, com alguns dos

textos ou alguma referência ao trabalho desenvolvido pelo autor.

Quer se trate de “Orientação Não Directiva” em psicoterapia, de Terapia

Centrada no Cliente, de Abordagem Centrada na Pessoa, de Pedagogia

Centrada no Aluno, ou Experiencial, de Grupos de Encontro, de Gestão de

Recursos Humanos ou de Gestão de Empresas, de Mediação de Conflitos

Sociais, Políticos ou Raciais, a sua ação ao longo do tempo foi de um contínuo

empenho no caminho da liberdade e da libertação das forças que no humano

são motoras de atualização de potencialidades.

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CAPÍTULO III

A TERAPIA ROGERIANA NA ESCOLA

“Crescimento do Ser Humano”

Rogers (11) afirma que o educador deve concentrar a atenção não em

ensinar, mas em criar condições que promovam a aprendizagem. Isso significa

que o melhor ambiente para a aprendizagem resulta da qualidade da interação

humana, especialmente do grau de cordialidade entre o professor e os alunos.

Em seu livro Liberdade para aprender, Rogers apresenta o que se

convencionou chamar de tríade rogeriana, ou seja, três condições

fundamentais à aprendizagem:

Ter empatia;

Aceitar incondicionalmente o aluno;

Ser autêntico.

A empatia permite que o educador compreenda os sentimentos

do aluno e lhe comunique que ele está sendo compreendido.

A aceitação positiva e incondicional consiste em aceitar os alunos

como eles são, sem julgá-los, sem as barganhas usuais do tipo “Se você

fizer isto, então eu gosto de você”. Rogers repete, com insistência, que a

afeição do professor por seus alunos deve ser incondicional; o professor

deve aceitar os alunos sem reservas.

Ser autêntico, honesto ou congruente significa “ser o que se é”. A

pessoa congruente se aceita e se compreende.

Se o professor oferecer essas três condições, então, de acordo com

Rogers, as crianças serão livres para aprender.

O “clima” emocional da sala de aula, resultado do relacionamento

professor-aluno, favorecerá ou não a aprendizagem. Esse “clima” pode ser

positivo, de apoio ao aluno, quando o relacionamento professor-aluno é

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afetuoso, cordial. Nele, o aluno sente segurança, não teme a crítica e a

censura do professor.

Mas o “clima” da sala de aula pode ser negativo, severo, quando o

relacionamento professor-aluno é permeado de hostilidade, antagonismo.

Então o aluno teme, constantemente, a crítica e a censura do professor.

A atmosfera afetiva – o clima emocional da sala de aula – acarreta

conseqüências na mente e no organismo do aluno. Diante de um professor

severo, crítico, repressivo, cresce o nível de ansiedade do aluno: aumentam os

batimentos cardíacos, as mãos transpiram, há perturbações digestivas, diminui

a capacidade de percepção.

Quando o nível de ansiedade se eleva, o aluno fica emocionalmente

transtornado, perde a autoconfiança, descrê de seu próprio valor. Ele, então,

não tem condições de produzir intelectualmente, sua criatividade diminui e a

realização acadêmica é muito prejudicada. Além disso, é óbvio, aumentam as

atitudes negativas para com o professor.

Para que o aluno aprenda, crie, produza intelectualmente, ele precisa

sentir-se seguro, ou seja, seu nível de ansiedade precisa estar baixo.

Quando há “clima” permissivo, os alunos se sentem apoiados, livres de

críticas e censura, trabalham descontraídos e, portanto, “rendem”

intelectualmente, o que não ocorre em “climas” severos, de censura, onde os

alunos trabalham com alto nível de ansiedade e pouco produz.

Assim, a qualidade da relação interpessoal entre professor e alunos influi

em muitos aspectos da interação em sala de aula e, portanto, na

aprendizagem.

Enfim, a “atmosfera da sala de aula é o resultado da personalidade, do

humor, das palavras e atitudes do professor”.

Pode-se duvidar de que a tríade rogeriana seja suficiente para explicar

todo o ensino e a aprendizagem, mas se aceita facilmente que ela seja

importante e necessária como condição que facilita a aprendizagem.

A filosofia democrática, de Rogers, reconhece a educação como

responsabilidade do próprio estudante. Por isso, centralize-se no estudante,

procura liberar sua capacidade de auto-aprendizagem, visando ao

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desenvolvimento intelectual e emocional do aluno. Pode-se afirmar que o

objetivo da educação democrática consiste em dar assistência aos alunos para

que se tornem pessoas independentes, responsáveis, autodeterminadas,

capazes de discernir, apta a aprender a solucionar seus problemas.

Enfim, o objetivo da educação democrática é capacitar as pessoas para

a solidariedade, preservando a individualidade de cada uma.

O pressuposto básico da teoria rogeriana é a crença de que a pessoa é

capaz de promover seu próprio crescimento.

Na educação não diretiva, o professor limita-se a facilitar o

autoconhecimento do aluno, para que ele opte por seu caminho. O professor,

ou “facilitador”, adota uma atitude centrada na pessoa, pela qual ele deverá

satisfazer, em cada aluno, as necessidades de consideração, apreço e

compreensão.

Há dois grupos de pesquisas sobre as condições que facilitam a

aprendizagem:

Realizaram-se estudos comparativos entre os resultados do ensino centrado no

estudante e outros tipos de ensino. Conclui-se que há maior rendimento

intelectual no clima de ensino centrado no estudante.

Há pesquisas que focalizam o relacionamento professor-aluno, isto é, o clima

emocional da sala de aula.

Ned A. Flanders realizou uma dessas pesquisas, para observar a influência

direta

e a influência indireta do professor.

Flanders distingue influência direta do professor (dissertar sobre

assuntos, dar ordens, criticar os alunos, justificar sua própria autoridade, etc.) e

influência indireta (fazer perguntas, aceitar e usar as sugestões dos alunos,

elogiar e encorajar, aceitar os sentimentos dos alunos, etc.). Esse pesquisador

encontrou nos alunos ensinados de modo indireto não só maior realização

acadêmica, mas também atitudes mais positivas para com o professor e com

as atividades escolares.

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Rogers não elabora métodos pedagógicos próprios, nem pretende

oferecer uma lista completa das técnicas que se adaptam melhor a sua

orientação.

Ele sugere alguns métodos: a instrução programada de Skinner, todas

as técnicas de dinâmica de grupo, o contrato de trabalho (pelo qual professor e

aluno estabelecem a quantidade da matéria, o método de trabalho, etc.) e

outros métodos.

Eis uma poesia de Dorothy Low Nolte (12) que representa muito bem a

idéia de Rogers, sobre a influência do ambiente no ser humano:

As Crianças Aprendem o que Vivem.

Se a criança vive com críticas, ela aprende a condenar.

Se a criança vive com hostilidade, aprende a agredir.

Se a criança vive com zombaria, aprender a ser tímida.

Se a criança vive com humilhação, aprende a se sentir culpada.

Se a criança vive com tolerância, aprende a ser paciente.

Se a criança vive com incentivo, aprende a ser confiante.

Se a criança vive com elogios, aprende a apreciar.

Se a criança vive com retidão, aprende a ser justa.

Se a criança vive com segurança, aprende a ter fé.

Se a criança vive com aprovação, aprende a gostar de si mesma.

Se a criança vive com aceitação e amizade, aprende a encontrar amor no

mundo!

Chico Buarque anuncia em sua música “Um dia de graça para a

humanidade” - o áureo tempo de justiça e o esplendor de preservar a natureza.

Esses versos podem ilustrar a idéia do pensamento de Rogers sobre

esperança e a visão positiva do ser humano, que é capaz de aprender,

crescer e é bom e curioso por natureza. O homem nasceu para ser feliz! Veja

os versos abaixo:

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Um dia, meus olhos inda hão de ver, Sementes de felicidade,

na luz do olhar do amanhecer O fim de toda opressão,

sorrir o dia de graça. O cantar com emoção

Poesias brindando essa manhã feliz Raiou a liberdade

O mal cortado na raiz Chegou, chegou ôô

Do jeito que o Mestre sonhava. O áureo tempo de justiça

O não chorar, (ai o não chorar) Ao esplendor de preservar a natureza

E o não sofrer se alastrando Respeito a todos os artistas

No céu da vida o amor vibrando A porta aberta ao irmão

A paz reinando em santa paz. De qualquer chão, de qualquer raça,

Em cada palma de mão, O povo todo em louvação

Cada palmo de chão, Por este dia de graça.

Para seguir a teoria de Rogers o professor deve se comportar com seus

alunos em sala de aula da seguinte maneira:

1. O professor em sala de aula não deve julgar, seja o julgamento

negativo ou positivo. Evitando assim o uso de adjetivos como: certo, errado,

bonito, feio, estúpido, etc.

2. O professor deve evitar rótulos (sejam eles negativos ou positivos),

diagnósticos e prognósticos. Pois, muitas afirmações usadas pelo professor

prejudicam seu relacionamento com os alunos. Exemplos:

“Você é irresponsável (ou descuidado ou preguiçoso) . . .”

“Você está só querendo chamar atenção!”

“Você nunca vai conseguir um bom emprego!”

“Você vai acabar no xadrez!”

3. O professor deve reconhecer, sempre que possível, a queixa de uma

criança que se sente prejudicada e atender a seu desejo.

4. Receber com cuidado os comentários e as perguntas que parecem

não ter relação com o tópico que está sendo tratado.

5. Evitar “perguntas” que contenham mensagem de desaprovação,

desapontamento ou desprazer. Há perguntas que fazem a criança sentir-se

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tola, culpada ou enraivecida e vingativa. O professor prudente evita perguntas

nocivas. Veja o exemplo abaixo:

Uma criança disse:

- Não estou preparada para a prova.

O professor resistiu à tentação de perguntar-lhe “por que não?” Ele sabia

que tal pergunta provocaria apenas desculpas, meias-verdades e mentiras

defensivas.

O professor disse:

Temos um problema. Qual será a solução? Quais são suas opções?

Esta resposta não-dramática tem um impacto indelével. Ela conduz

respeito, salvaguarda a autonomia e deixa a criança com a responsabilidade da

própria vida.

6. O professor deve usar frases não-críticas para obter cooperação. As

frases críticas geram resistência. Emitir, de preferência, “mensagens-eu”.

Para evitar mensagens críticas o professor deve começar suas frases

com a palavra “eu”. Num momento de conflito ou de ressentimento, é mais

seguro a professora dizer apenas o que sente e o que espera.

As mensagens críticas, começadas com a palavra “você”, geram

resistência, aumentam a tensão.

7. O professor deve evitar considerar como um desafio proposital uma

pequena infração do aluno. Deixar sempre aberta, ao aluno, uma porta para

uma saída honrosa. Esta máxima evita muitos problemas disciplinares.

8. Usar polidez e cortesia com as crianças como se faz com visitas em

nossa casa.

9. Respeitar a autonomia da criança. Omitir frases pressionantes (“Você

deve...”, “É melhor você fazer...”).

10. Expressar irritação sem ofender a criança.

Mesmo o professor mais eficiente não pode ser sempre paciente. Ele

não precisa agir gentilmente sempre, pois isso seria hipocrisia e ele é autêntico

(honesto, congruente): suas palavras ajustam-se a seus sentimentos.

O professor eficiente conhece seus próprios sentimentos e os respeita.

Sabe quando está perdendo a calma, quando está se irritando com os alunos.

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Mas ele sabe que, quando está zangado, lida com mais elementos do que ele

pode controlar. Então, procura expressar sua irritação sem insultar os alunos.

Ele descreve o que vê, o que sente, o que espera. Ataca o problema, não a

pessoa. Usa “mensagens-eu” que são mais seguras.

Cada professor deve desenvolver uma aversão às palavras que

humilham e aos atos que machucam. Mesmo quando irritado, um professor

pode evitar palavras que ofendam. O lema do professor é: “Indignação, sim!

Indignidade, não!”.

11. O professor deve reconhecer e aceitar os sentimentos da criança.

O relacionamento professor-aluno é melhorado, se o professor mostrar

compreensão da realidade interior do aluno.

Para Rogers, uma das condições facilitadoras da aprendizagem é a

empatia.

Muitas frases bem-intencionadas, ditas a uma criança que está

enfrentando uma situação difícil, não a ajudam tanto quanto as que

demonstram que o adulto está reconhecendo as emoções da criança e as está

aceitando como normais.

Exemplo:

O professor pediu a Ramona, uma porto-riquenha de dez anos, que

lesse algumas frases em inglês. Ela leu em voz muito baixa, gaguejou em

muitas palavras, e finalmente parou de ler. Ela cobriu o rosto com o livro, de

tanto embaraço. O professor disse:

_ Ler inglês em voz alta não é fácil. A gente tem medo de cometer erros

e receber zombarias. É preciso coragem para ficar de pé e ler. Obrigado,

Ramona, por tentar.

No dia seguinte, quando Ramona foi chamada, ela pôs-se de pé e leu.

O professor foi de muita ajuda, porque mostrou compreensão da

realidade interior de Ramona. Ele não apresentou elogio inútil nem

encorajamento vazio (“Você está indo bem . . . Não precisa ter medo . . . Todos

cometemos erros . . .”).

12. Ser bondoso, oferecendo ajuda nas horas difíceis para a criança.

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A preocupação maior do professor deve ser obter um clima em sala de

aula que favoreça a aprendizagem, uma atmosfera em que o aluno sinta-se

livre para aprender.

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CONCLUSÃO

Qual é o impacto de Carl Ransom Rogers hoje? Nesta sociedade

capitalista onde o TER é mais importante do que o SER. A mensagem de

Rogers é indispensável nos dias de hoje, pois devemos retornar ao individual,

ao pessoal, mas não no individual ou pessoal que se opõe e é incompatível

com o social, e sim num individual que dá sentido ao social, numa posição

profundamente ecológica, holística e HUMANISTA.

Ainda hoje há muita resistência pelos pais, professores, educadores,

dirigentes nacionais com o rogerianismo. Insistem que os alunos devem ser

guiados e não aceitam que o conhecimento se organize no e pelo indivíduo, em

vez de ser organizado para o indivíduo.

A maior crítica feita à teoria de Carl Rogers é a utopia que há nela, pois

sua teoria é idealista, da corrente também denominada de romântica,

irrealizável para seus críticos. Entretanto, na obra rogeriana é notável o desejo

de mudança, a intenção da realização de algo concreto e a preparação da

opinião pública para as mudanças possíveis.

Rogers, considerado ingênuo e sonhador por muitos, conseguiu

comprovar sua teoria na prática, como descreve Maria Luiza Silveira Teles em

seu livro: “Educação, a Revolução Necessária” (14), mostrando que se algo

deu errado ao aplicarem a sua teoria, o erro estava nos indivíduos que a

aplicaram de forma errônea e não em sua teoria.

Atualmente, o aspecto existencial e otimista da teoria de Rogers parece

ser um método altamente positivo para nossa saúde psíquica, entretanto só o

tempo poderá confirmar ou não sua teoria.

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BIBLIOGRAFIA

1 Rogers, C. O tratamento clínico da criança-problema. São Paulo: Livraria

Martins Fontes Editora, 1979.

2 Rogers, C. Counseling and Psychotherapy: Newer concepts in practice.

Boston: Houghton Mifflin. 28-30, 1942.

3 Ends, E. J. & Page, C. W. A study of three types of group therapy with

hospitalized males inebriates. Quarterly Journal of Studies in Alcohol. 18,

263-277, 1957

4 Rogers, C. On Becoming a Person. Boston: Houghton Mifflin, 1961.

5 Shlien, J. M., Mosak, H. H., Dreikers, R. Effect of time limits: a comparison

of two psychotherapies. Journal of Counseling Psychology, 9. 31-34, 1962.

6 Eckert, J. & Biermann-Ratjen, E. –M. Client centered therapy versus

psychoanalytic psychotherapy: reflections following a comparative study.

In G. Lietaer, J. Rombatus & R. Van Balen (eds), Client-Centered and

Experiential psychotherapy in the nineties. (457-468). Leuven: Leuven

University Press, 1990.

7 MORATO, Henriette. Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa:

Novos desafios. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.

8 WOOD, J. K. Sombras da entrega. In: ROGERS, C. R. et all. (p. 23 à 44). Em

busca da vida: da terapia centrada no cliente à abordagem centrada na

pessoa. São Paulo: Summus, 1983.

9 FONSECA, A. H. L. Instituição, poder e vida ou da transação fascinada com a

vida. In: ROGERS, C. R. et all. (p. 139-183). Em busca da vida: da terapia

centrada no cliente à abordagem centrada na pessoa. São Paulo: Summus,

1983.

10 ROGERS, C. R. Tornar-se Pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

11 BARROS, Célia Silva Guimarães. Pontos de Psicologia Escolar. Editora

Ática, 1989.

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12 NOLTE, Dorothy Low. Psique. São Paulo: Ed. Do Brasil, n.º 40, ano XVIII,

1988.

13 RUDIO, Franz Victor. Orientação Não-Diretiva – na educação, no

aconselhamento e na psicoterapia. Petrópolis, Rio de Janeiro:Vozes, 1991.

14 TELES, Maria Luiza Silveira. Educação, a Revolução Necessária.

Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1992.

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

A IMPLANTAÇÃO DA TERAPIA NÃO-DIRETIVA DE CARL ROGER NAS

ESCOLAS DE ENSINO FUNDAMENTAL.

CHRISTHIANI KARLA COUTINHO DE LYRA SARAIVA.

Data da entrega: 28 DE JULHO DE 2007.

Avaliado por: Conceito: -

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EVENTOS CULTURAIS