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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA E DA MOTIVAÇÃO NO
AMBIENTE DE TRABALHO
Por: Thatiana Ferreira Suliano
Orientadora
Prof. Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro
2009
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA E DA MOTIVAÇÃO NO
AMBIENTE DE TRABALHO
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito
parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão
Empresarial.
Por:. Thatiana Ferreira Suliano
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por permitir que eu
conclua mais esta etapa em minha vida.
Aos meus pais, Lígia e Edílson, ao meu
marido Kleison, ao meu irmão Thiago e
principalmente aos amigos Alex, Andreza,
Daniel, Irineu, Nilma, Rondinelli e Valéria,
por não me deixarem desistir.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esta Monografia a minha filha
Gabriela, que ainda está em meu ventre, mas
que já faz parte de minha vida.
5
RESUMO
Devido ao fato de cada indivíduo ser único em sua forma de pensar e agir, com suas
experiências e concepções do mundo que o rodeia, estímulos a fim de manter o
funcionário motivado nem sempre têm o efeito desejado, já que cada um tem sua
própria história de vida condicionando suas motivações. Lidar com essas diferenças
é requisito necessário às Organizações.Cabe aos gestores e líderes procurar
determinar o comportamento motivacional de seus subordinados e a partir daí,
buscar manter condições necessárias para que permaneçam motivados,
amenizando o conflito entre desejos destes e exigências da Empresa.
O presente trabalho visa detectar a influência da motivação e da liderança no
ambiente de uma Empresa, bem como os resultados positivos ou negativos que
poderá trazer para a Organização.Pretende-se avaliar não somente os fatores, mas
principalmente detectar as possíveis falhas existentes no processo organizacional
como um todo, o que pode levar a empresa a ser penalizada com resultados aquém
do esperado, tendo em vista o nível motivação entre seus colaboradores e a gestão
do líder.
6
METODOLOGIA
O objetivo desta monografia visa tratar desta temática "A Importância da Liderança
e da Motivação no Ambiente de Trabalho". Para atingir este objetivo utilizou-se
como metodologia a pesquisa bibliográfica em livros, artigos, periódicos e Internet.
O trabalho está dividido em três partes, as quais contemplam o referencial teórico
onde na primeira parte apresenta-se a história da liderança de maneira sintética, ou
seja, mostra o desenvolvimento do conceito de liderança, verificado numa
perspectiva histórica. No segundo discorre-se sobre a liderança propriamente dita,
conceitos, tipos de líder, o papel desta liderança nas empresas e suas
características na atualidade. Na última parte vê-se a importância da liderança e da
motivação nas organizações, a satisfação no trabalho e os fatores que geram a
motivação. Após estas avaliações faz-se as considerações finais.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO......................................................................8
CAPÍTULO I - Liderança.....................................................10
CAPÍTULO II - Motivação....................................................20
CAPÍTULO III – A Motivação nas Organizações.................29
CAPÍTULO IV – Estudos Motivacionais...............................35
CAPÍTULO V – O desafio de liderar equipes.......................52
com pessoas desmotivadas
CONCLUSÃO.......................................................................60
BIBLIOGRAFIA.....................................................................63
ÍNDICE..................................................................................65
FOLHA DE AVALIAÇÃO........................................................67
8
INTRODUÇÃO
Desde as primeiras organizações sociais, intituladas de comunas primitivas, o
homem apresentava a necessidade da figura do líder. Esta função, porém não é
privilégio apenas das sociedades humanas. Alguns animais, quando organizados
em bandos e/ou mesmo em sociedade, como ocorrem em algumas espécies de
insetos, necessitam da figura do líder.
O líder, portanto assume um papel fundamental para a própria existência
destes grupamentos, já que é através deste importante "mentor" que se traça os
objetivos e as estratégias de sobrevivência, ponderadas quando se trata dos
homens e/ou organizadas instintivamente, como no caso dos animais.Na história
humana, por exemplo, mostra o papel de diversos líderes no campo religioso,
militar, monárquico, intelectual dentre outras áreas. Estas pessoas se
destacaram por possuir características "distintas" da maioria dos indivíduos.
Provavelmente tinham a capacidade de motivar e conduzir de maneira com
que os liderados confiassem no objetivo proposto por elas. Esta característica,
contudo, é resultado de padrões da personalidade que são construídos através do
tempo de vida do indivíduo e são agregados de diversos elementos, como por
exemplo, fatores psicológicos, emocionais, educacionais, culturais, sociais
dentre outros.
Para se destacar como um bom líder o indivíduo tem que possuir como uma de
suas principais ferramentas a capacidade de motivar os liderados. Dentro deste
contexto, liderança e motivação se constituem em duas variáveis extremamente
importantes para a sobrevivência das organizações. Globalização, acirramento da
concorrência, flexibilização do mercado de trabalho, levam os líderes a assumirem
posturas cada dia mais complexas.
Não basta ter comando de voz, como em sistemas de gestão que perduraram
9
em modos de produção no passado; a liderança na contemporaneidade exige muito
mais que uma autoridade, mais a habilidade para motivar e verificar o ser humano
como um indivíduo multifacetado e único. Os grupos de liderados não possuem
características homogêneas. Cada ser humano possui necessidades específicas e
estas têm que ser observadas pela sensibilidade do líder.
Liderança e motivação são ferramentas imprescindíveis no mercado
atual. As empresas e/ou organizações necessitam desenvolver mecanismos para
alcançar seus objetivos precisam locar pessoas para desenvolver a liderança e
gerar motivação, sem estes elementos sua sobrevivência no competitivo mercado
sucumbe.
10
CAPÍTULO I
LIDERANÇA
O tema liderança é muito amplo e abrange áreas diversas, dos quais podemos
citar dois, o pessoal e o profissional.
Pessoalmente, tratamos a questão como sendo uma virtude em nosso caráter,
porque o tema é forte e ao mesmo tempo traz incutido em si, valores bastante
positivos. Se visualizarmos um líder, teremos a visão de uma pessoa que possui
algumas características, tais como: confiança, solidez, sensatez, sobriedade, ético,
inspirador, potencializador e etc.
Dentro das organizações, a historia não é diferente no tocante às qualidades
pessoais dos líderes. A estrutura de uma organização exige que se adote, grupos,
seções ou departamentos ou qualquer divisão que distribua as tarefas dos mais
variados tipos, a serem executadas por diversas pessoas em suas respectivas
categorias de cargo.
Estes "funcionários" compõem, cada um, uma peça de engrenagem para
funcionamento total da organização a que se deparam com os mais variados tipos
de situações à que estão submetidos no seu cotidiano. De acordo com o grau de
instrução, elas não conseguem sair de algumas situações às quais não conhecem
ou não estão preparadas. Neste movimento, é que entra o trabalho de uma
liderança, porque temos nele uma diretriz para qualquer situação, onde podemos
encontrar soluções ou orientação de como resolvê-los.
A liderança se faz presente dentro de uma organização, para uma melhor
eficiência e agilidade nos processos administrativos, no atendimento com os
clientes internos e externos, nas relações interpessoais, na condução da política
comercial/ administrativa e etc.
11
1.1 Definição
Liderança é um termo carregado de conotações enviesadas que evoca a idéia
de comando ou controle de um indivíduo sobre os seus seguidores, tendo como
base um conjunto de traços pessoais. Se o poder é visto como algo negativo, a
liderança tende a ser considerada como uma qualidade. Essa colocação tem sido
um dos fatores que impedira, através dos tempos, uma análise neutra e sistemática
desse fenômeno que surge toda vez que pessoas se reúnem em grupo, seja esse
formal ou informal.
A questão da liderança atraiu principalmente a atenção dos estudiosos da
psicologia e da administração no afã de se compreender a emergência e
estabelecer a sua eficácia nas organizações produtoras de bens ou serviços.
Apesar do acúmulo de estudos nessa área, cujo número tem-se multiplicado nos
últimos oitenta anos, os resultados têm sido pouco conclusivos. O conceito de
liderança tem um status ambíguo na prática organizacional, da mesma forma como
na teoria. As primeiras investigações sistemáticas sobre a liderança centraram-se
na procura de um conjunto de traços universais que distinguiram o líder dos seus
seguidores. Essas características procuradas variavam desde fatores físicos e
constitucionais até habilidades, traços de personalidade, história de vida etc. Os
resultados dessa linha de investigação acabaram por redirecionar o foco para
análise da interação mais como uma forma de relacionamento e com a definição de
categorias ou fatores que captassem as características do líder eficaz e permitisse
encontrar fórmulas ou prescrições universais para a liderança ideal.
Os estudos pioneiros isolaram duas variáveis ou dimensões que
determinariam a liderança eficaz, a consideração e a estrutura, sintetizando duas
tendências bastante claras das ciências da administração, ou seja, os aspectos
humanos (consideração) e sós aspectos técnicos (estrutura). O estilo ideal seria
aquele em que o líder apresentasse alta consideração (relacionamento e
comunicação) e alta estruturação (papel ativo no planejamento e direcionamento do
12
grupo).
Com inspiração neste modelo bastante simples, surgiram outros com outras
variáveis, todas elas com um ponto em comum: a busca de estilos ideais. As
diferenças eram a introdução de variáveis intervenientes situacionais ou
contingências tais como: características, necessidades, motivação do liderado,
natureza da atividade, condições do meio ambiente, e etc. Todos esses modelos
focalizavam a relação chefe/ subordinado dentro do contexto da organização,
partindo do pressuposto de que o líder pode adquirir as habilidades requeridas pela
liderança eficaz através do treinamento.
As evidências empíricas indicam a ausência de dados suficientes que
comprovem a validade total de vários modelos, embora cada um deles tenha
contribuído para esclarecer alguns aspectos da questão.
1.2 Tipos de Liderança
A liderança potente é uma questão de estar consciente do que está
acontecendo no grupo e agir apropriadamente. Ações específicas são menos
importantes do que a clareza e a consciência do líder. É por essa razão que não
existem exercícios ou fórmulas que garantam uma liderança bem-sucedida.
Embora não haja consenso entre os estudiosos a respeito da liderança eficaz
e das múltiplas variáveis que nela intervêm, todos concordam num ponto central:
sua importância para o desenvolvimento e a sobrevivência das empresas
produtoras de bens ou serviços, sejam elas públicas ou privadas.
Liderança, como já foi visto, é um fenômeno relacional, os atos influenciais
geram reações nos liderados e essas, por sua vez, estimulam respostas nos
líderes. O relacionamento entre líder e liberado não se dá, entretanto, no vácuo,
mas sim numa determinada realidade social que envolve situações e contingência
13
das mais variadas.
Líder e liderados atuam num cenário dinâmico de interações, permeadas por
intenções e finalidades limitadas em algum tipo de estrutura, como ó o caso da
empresa. Uma das alternativas para a análise da eficácia dos estilos de liderança
considerados é verificar como os atos de influências em termos da energia
despendida pelo líder e grau de controle que esse tem sobre o liderado, atuam no
grau de envolvimento desse último.
Liderança Coercitiva
Baseia seus atos influenciais predominantemente no poder de coerção e de
posição. Definem a coerção como a habilidade de influenciar através da potencial
punição.
Liderança Controladora
Esse estilo de liderança se apóia mais no poder de posição e de recompensa,
embora use episodicamente o poder de coerção. Esse é utilizado de forma mais
sutil, sob a forma de manipulação material ou emocional.
A filosofia básica da liderança controladora é a falta de confiança nas pessoas,
a crença de que existe apenas uma maneira de fazer as coisas certas de que as
pessoas são incompetentes, não tem vontade de trabalhar, daí a necessidade de
controlar suas atividades.
Liderança Orientadora
É um estilo raramente abordado na literatura especializada por possuir alguma
conotação paternalista. Utiliza episodicamente o poder da posição &emdash;
14
portanto a autoridade do cargo, de recompensa, de conhecimento e de conexão. Ao
contrário dos estilos coercitivos e controlador, que limitam o âmbito de seus atos
influenciais no sentido vertical, de cima para baixo, a liderança orientadora os
expande também na direção de baixo para cima e horizontalmente, permitindo
assim que as barreiras estruturais sejam ultrapassadas, tendendo a incentivas a
sinergia organizacional.
De acordo com o grande professor Chiavenato (2005), existem três tipos de
liderança, que são a liderança autocrática, liberal e democrática e estas possuem
algumas características:
Cronograma
de Trabalho
Liderança
Autocrática
Liderança
Democrática
Liderança
Liberal
Tomada de Decisões
Apenas o líder decide e fixa as diretrizes sem qualquer participação do grupo.
As diretrizes são debatidas e decididas pelo grupo que é estimulado e assistido pelo líder.
Total liberdade para a tomada de decisões grupais ou individuais, com participação mínima do líder.
Programação dos Trabalhos
O líder determina providências pra a execução das tarefas, uma por vez, na medida em que são necessárias e de modo imprevisível para o grupo
O próprio grupo esboça providências e técnicas para atingir o alvo com o aconselhamento técnico do líder. As tarefas ganham novos contornos com os debates.
A participação do líder no debate é limitada apresentando apenas alternativas ao grupo, esclarecendo que poderia fornecer informações desde que solicitada.
Divisão do Trabalho
O líder determina qual a tarefa que cada um deverá executar e qual seu companheiro de trabalho.
A divisão das tarefas fica a critério do grupo e cada membro tem liberdade de escolher seus próprios colegas.
Tanto a divisão das tarefas quanto a escolha dos colegas ficam por conta do grupo. Com absoluta falta de participação do líder.
15
Participação do Líder
O líder pessoal e dominador nos elogios e nas críticas ao trabalho de cada um.
O líder procura ser um membro normal do grupo. É objetivo e estimula com fatos, elogios ou críticas.
O líder não faz nenhuma tentativa de avaliar o curso das coisas. Faz apenas comentários quando perguntado.
Fonte: CHIAVENATO, 2005.
As classificações postas no quadro anterior possuem algumas diferenças das
que se pôde perceber em algumas instituições administrativas verificadas durante
este estudo, nas quais, ao entender deste autor, deveriam ser classificadas em
outros parâmetros e codinomes, mas possuindo algumas características das acima
citadas, perceba a diferença entre os estilos e diferenças de liderança.
1.3 Fatores Críticos
Alguns fatores críticos:
Todos que estão envolvidos diretamente ou indiretamente no projeto de
crescimento tem que participar e se dedicar mesmo sendo contra e se não houver a
participação de todos neste projeto não alcançaremos o objetivo esperado.
Saber trabalhar com as opiniões contraditórias.
Se um funcionário não for liderado, ele pode se deixar levar por outros
objetivos que não seja de interesse da empresa, não saberá qual direção o
seguimento da empresa, com isto poderá prejudicar a parte operacional;
O líder não muda as pessoas que fazem parte do sistema e não querem
mudar; enquanto os seres humanos não decidirem alterar sua forma de trabalho,
melhorando sua ação e assumindo responsabilidade pessoal e a liberdade de
16
crescimento, prevalecerão as velhas hierarquias e os velhos estilos de liderança.
Influenciar mais, influenciando menos.
Os que ocupam posições de liderança não são independentes, capazes, por si
sós, de determinar o curso dos acontecimentos. São partes integrantes de um
sistema mais amplo de interações que envolvem variáveis das mais diversas.
Dentre essas destacam-se características, necessidades e reações dos liderados, a
natureza do relacionamento com outros líderes, o clima organizacional, as políticas
administrativas, a natureza da atividade e seus objetivos, a estrutura organizacional
e as condições do meio ambiente onde a organização está inserida.
Todos esses aspectos interferem na criação de padrões de comportamento e
relacionamento entre as pessoas, de valores, expectativas, normas formais e
informais e de reações que se combinam dinamicamente e se cristalizar num
conjunto que se convencionou chamar de cultura da organização.
Essa por sua vez estimula ou restringe a utilização das várias formas de poder
existentes. Cada organização desenvolve determinadas características culturais
próprias e procura selecionar pessoas, cuja maneira de ser e atuar sejam
compatíveis com essas características. Quanto mais o comportamento do indivíduo
se assemelhar ao "ideal" de uma determinada organização, maiores serão as suas
chances de ascender posições hierarquicamente mais elevadas, reforçando, desta
forma, a cultura organizacional existente. Por essa razão, certos estilos de liderança
são mais valorizados do que outros.
1.4 Características do líder
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Para o reverenciado autor Chiavenato (2005) o líder moderno o qual ele
denomina e classifica como renovador e que neste contexto, os liderados de
maneira geral esperam que o líder apresente algumas características, que o
materializam e dão a ele estabilidade como líder que são:
->Focalização nos objetivos;
->Orientação para a ação;
->Auto-Confiança;
->Habilidades no relacionamento humano;
->Criatividade e Inovação;
->Flexibilidade;
>Tomada de Decisão;
->Padrões de Desempenho;
->Visão de Futuro;
Além destas características que são citadas e sugeridas pelo referido autor
acima, ainda se complementa algumas outras posturas que são atribuídas a um
líder no momento em que ele se relaciona com a sociedade e que a partir disto toma
suas decisões, são elas:
->Cabeça estratégica;
->Integridade, autenticidade;
->Atitudes positivas;
->Ousadia, capacidade de assumir riscos;
->Abertura para as possibilidades das novas tecnologias;
18
->Coerência;
Percebe-se que é muito fácil apontar as características de um líder. Todavia, o
complexo é desenvolvê-las com dinamismo efetivamente dentro de empresas e/ ou
organizações. Para isso é necessária uma sensibilidade para trabalhar
principalmente a motivação do grupo liderado, visando a excelência nos serviços.
Para Santos (1997) o líder deve apresentar características diferenciadoras se
forem feitos traços de comparação com os gerentes e que são reproduzidos no
quadro que se refere e denota este traço comparativo entre um verdadeiro líder e
um gerente:
CARACTERÍSTICAS DIFERENCIADORAS ENTRE GERENTES E LÍDERES
Gerentes Líderes
Administra Inova
É uma cópia É um original
Foco: sistemas e estruturas Foco: pessoas
Apoia-se no controle Inspira confiança
Visão de curto prazo Visão de longo prazo
Pergunta como e quando Pergunta o quê e por quê
Tem os olhos sempre nos limites Tem os olhos sempre no horizonte
Limita Dá origem
Aceita o status quo Desafia
É o clássico bom soldado É a sua própria pessoa
Faz certo as coisas Faz a coisa certa
Fonte: SANTOS, Enise Aragão. A liderança nos grupos autogeridos. In Anais
do II SEMEAD, 1997, p. 158.
19
Como se pode constatar existem diferenças gritantes entre o que é liderar e o
que é gerenciar. As características observadas no quadro 1 apontam o líder como
um indivíduo muito mais ousado e original, a figura do gerente por sua vez é
acomodada e não ousada. O que se observa com as características verificadas
pelos autores é que o líder é uma figura multifacetada. Para ser um bom líder, bom
senso e sensibilidade são essenciais para propiciar a motivação dos grupos de
colaboradores e/ou liderados nas empresas e organizações.
CAPÍTULO II
20
MOTIVAÇÃO
O termo motivação é usado para designar um problema do indivíduo isolado,
para compreender a sua motivação no trabalho e a necessidade de conhecer as
causas e as formas de ação e direção da motivação. Os indivíduos possuem
valores, opiniões e expectativas em relação ao mundo que os rodeia, possuindo
representações internalizadas do seu ambiente.
A motivação se refere ao comportamento que é causado por necessidades
dentro do indivíduo e que é dirigido em direção aos objetivos que podem satisfazer
essas necessidades. Assim, o homem passou a ser considerado um animal dotado
de necessidades que se alternam ou se sucedem conjunta ou isoladamente.
Satisfeita uma necessidade, surge outra em seu lugar e, assim por diante, continua
e infinitamente.
2.1 Tipos de Motivação
O indivíduo precisa suprir suas necessidades para motivar-se e alcançar seus
objetivos. Não é só o dinheiro que motiva o trabalhador, há também outras
necessidades que cada um tem. Os fatores de satisfação que envolvem
sentimentos de realização, de crescimento profissional e de reconhecimento que se
podem experimentar num trabalho desafiante e pleno. Esses fatores tem um efeito
positivo sobre a satisfação no trabalho, muitas vezes, resultando um aumento da
capacidade total de produção da pessoa.
Fatores Motivadores
• Realização
• Trabalho desafiante
• Reconhecimento do desempenho
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• Trabalho desafiante
• Maior responsabilidade
• Crescimento e desenvolvimento
As pessoas são levadas à ação também para cumprir determinadas tarefas
através de motivos. Existem fatores que dão estímulo para essa pessoa realizar as
tarefas. São os meios de motivação que são diversificados.
Motivação Externa
Muitas pessoas realizam determinadas tarefas por serem "obrigadas", ou seja,
são impostas determinações para que essa pessoa cumpra. Uma meta. Esse tipo
de motivação não é adequado. Onde por ter sido exposta, não haverá um empenho
total nas tarefas, ao contrário, isso vai gerar um desinteresse ainda maior,
prejudicando assim a realização da tarefa.
Pressão Social
Muitas pessoas pelo conviveu em sociedade são motivadas por pressões que
esse meio social determina. A pessoa cumpre as atividades porque outras pessoas
também o fazem. Ela não age por si, mas sim, para acompanharem e cumprirem as
ações ou perspectivas de outras pessoas. Esse tipo de motivação também não é
totalmente "rentável". A pessoa toma a iniciativa motivadora, mas não é por si
própria. Senão assim não há um contentamento pessoal.
Automotivação
22
Ocasionalmente, são encontradas pessoas que agem por iniciativa própria.
Fazem tudo por que elas querem. Em muitos casos, a pessoa automotivada mora
onde quer morar, do modo como prefere, e age em função de objetivos que
escolheu, como bons para ela. A automotivação se resume na convicção que a
pessoa tem de que deseja os frutos do sucesso e os deseja tão ardentemente que
está disposta a lutar por eles.
As Motivações para o Trabalho
O estudo da motivação tem-se feito aplicar a todos os ramos da atividade
humana e é, em especial, no campo organizacional que muitos pesquisadores têm
dedicado o melhor de seus esforços no sentido de poderem caracterizar objetivos
motivacionais no trabalho. Com isso, tem-se procurado descobrir por que o homem
trabalha.
Principais motivos humanos; classificados sob os objetivos gerais de
sobrevivência e segurança, satisfação e estimulação:
SOBREVIVÊNCIA E SEGURANÇA (MOTIVOS
DE DEFICIÊNCIA) SATISFAÇÃO E ESTIMULAÇÃO (MOTIVOS
DE EXCESSO)
Referentes ao corpo
Evitar fome, sede, falta de oxigênio, excesso de calor e frio, fadiga, músculos supertensos, doenças e outros estados desagradáveis ao corpo.
Obter experiências sensoriais agradáveis de gostos, cheiros, sons, etc; prazer sexual, conforme físico: exercício dos músculos, movimentos rítmicos do corpo, etc...
Referente às relações
com o ambiente
Evitar objetos perigosos, feios, chocantes e desagradáveis; buscar objetos necessários para a segurança e sobrevivência futuras; manter um ambiente estável, claro e seguro, etc...
Obter posses agradáveis; construir e inventar objetos; compreender o ambiente; resolver problemas; jogar; buscar novidades e mudanças ambientais, etc.
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Referentes às relações com outras
pessoas
Evitar conflitos e hostilidade interpessoal; manter participação, prestígio, status nos grupos; obter cuidado dos outros; conformar-se aos valores e padrões do grupo; conseguir poder e domínio sobre os outros, etc.
Conseguir amor, identificação positiva com as pessoas e grupos; ter prazer na companhia de outras pessoas; auxiliar a compreender os outros; ser independente.
Referentes ao EU
Evitar sentimentos de inferioridade e fracasso na comparação com outros ou com o EU ideal; evitar perda de identidade; evitar sentimentos de vergonha, gula, medo, angústia, tristeza, etc.
Obter sentimentos de auto-respeito e autoconfiança; exprimir-se; ter sentido de realização; sentir-se desafiado; estabelecer valores morais e outros; descobrir lugar significativo do EU no universo.
A partir dos dados acima foram criadas teorias sobre a motivação no trabalho.
Uma das teorias que teve maior importância foi à criada por Abraham Maslow que
propôs em um tipo de classificação ou hierarquia dos motivos humanos em primeira
instância, coloca as necessidades corporais ou filosóficas seguidas dos incentivos
sociais que, uma vez satisfeitos, precedem a uma última classe de incentivos, que
denomina de incentivos de ego, caracterizados pelo domínio do conhecimento, isto
é, abrangem necessidades verdadeiramente psicológicas, ou, mais explicitamente,
de auto-realização.
A idéia de hierarquizar os motivos humanos foi, sem dúvida, a solução
inovadora para que se pudesse compreender melhor o comportamento humano na
sua variedade, não só relacionando esse motivo a um único indivíduo, como
também estudando-os em pessoas diferentes. Ao hierarquizá-los, pode-se
compreender que tipo de objetivo está sendo perseguido pelo indivíduo em dado
momento, isto é, que necessidades energizam o seu comportamento.
É necessário, portanto, frisar que um mesmo indivíduo ora persegue objetivos
que atendem a uma necessidade, ora buscam satisfazer outras. Tudo depende da
sua carência naquele momento. Complementarmente, deve-se entender que duas
pessoas não perseguem necessariamente o mesmo objetivo no mesmo momento.
Portanto, o importante, ao se procura se diagnosticar determinado tipo de
comportamento motivacional, em dado momento, é procurar descobrir que
24
necessidades estão em jogo, isso explica muito como e porque o indivíduo age.
Mais objetivamente, uma mãe não deve pretender que seus filhos tenham
necessidades idênticas, um professor não pode concluir que seus alunos tenham
para com sua disciplina e seus métodos didáticos os mesmos interesses. Um chefe
de seção não pode pensar que seus subordinados esperem do serviço iguais tipos
de recompensa. O problema das diferenças individuais assume importância
preponderante quando falamos de motivação.
Há que se considerar, portanto, dentro desse clima, que existe, como se fosse
possível assim dizer, uma caminhada do indivíduo em situação de trabalho que vai
desde o atendimento de necessidades mais elementares até o atingimento de
necessidades mais elementares até o atingimento de plena maturidade
motivacional que seria a sua auto-realização. Essa busca do menos para o mais é
parte implícita à natureza humana e, se as condições organizacionais assim o
ajudarem, ela passará naturalmente.
Com essa visão deixa-se de pensar que o indivíduo persiga um único objetivo
durante toda sua vida, o que quer dizer ampliar de alguma forma o horizonte de
compreensão do comportamento humano. Outro aspecto interessante é aquele que
deixa subjacente a idéia de que o processo motivacional permite um renovar
constante da direção comportamental de cada um, ou seja, a pessoa amadurece,
se desenvolve e busca constantemente a sua própria realização.
A complexidade da motivação nas organizações originou vários tipos de
teorias que podem atender "parcialmente" o problema da motivação em um
determinado espaço de tempo, pois com as constantes mudanças que ocorrem no
dia a dia, as necessidades também vão se alternando. Portanto é impossível fazer
um diagnóstico a longo prazo.
Está claro que as condições de vida moderna dão a essas necessidades,
relativamente fracas, uma limitada possibilidade de adquirirem expressão. A
frustração que a maioria das pessoas sofrem com relação às necessidades de nível
25
inferior determina uma dispersão de energia na luta para satisfazer aquelas
necessidades, enquanto as de auto-realização permanecem adormecidas.
Apesar de tudo o que foi dito antes, o que todas teorias provaram que ao
favorecer a realização pessoal, demonstrando reconhecimento pelo valor
profissional oferecendo oportunidades de promoção, dando responsabilidade a
cada um, tornando agradável o próprio trabalho e possibilitando o crescimento do
indivíduo, as organizações podem atingir maiores níveis motivacionais de seus
empregados.
2.2 Relação Liderança/Motivação
O fator de relacionamento da empresa com o funcionário e do funcionário com
a empresa é de extrema importância para o tem motivação, sendo que dentro desse
fator à atuação do líder influi decididamente na motivação dos funcionários.
Dentre os tipos de liderança, os que mais influenciam para motivação dos
funcionários são: liderança autocrática e liderança democrática.
Liderança autocrática: esse tipo de liderança é a que menos motiva, pois é
impositiva, que implica dizer com clareza o que fazer, como onde e quando fazê-lo.
O líder traça um plano, determina as diretrizes e o funcionário apenas executa
ordens. Não participa. É uma comunicação de mão única. Há pouco apoio
emocional. Neste tipo de liderança não existe preocupação ou interesse pelas
pessoas e sua necessidades. O líder concentra-se apenas nas necessidades da
organização (desempenho elevado). As pessoas são consideradas como "input" ou
instrumento a mais, uma coisa, um objeto para conseguir os objetivos da empresa.
Nesta liderança perde ambos, a empresa e os funcionários, a motivação é
inexistente. De qualquer modo algumas empresas ainda utilizam esse tipo de
liderança almejando uma produtividade maior, o que não acontece na prática.
26
Liderança democrática: nesse tipo de liderança o líder continua a dirigir e
supervisionar atentamente a realização da tarefa, mas também dá apoio
sócio-emocional: solicita e pede sugestões. Envolve as pessoas em discussões de
trabalho (participação), reconhece e elogia (carícias psicológicas), ouve as
pessoas, proporciona respeito, amizade e calor humano, elogiam as boas idéias e
induz a arriscar, etc.
Ou seja, esse tipo de liderança que não é o mais usado, mas é o mais
recomendado certamente é o que mais motiva, mas ainda está longe do ideal
esperado não pelos empregados, mas pelos próprios administradores, pois com o
nível de motivação ideal o crescimento em todos os setores da empresa podendo
ser utilizado inclusive como estratégia de marketing, já que a imagem da empresa é
vista com outros olhos por todo o mercado. Tratando-se de qualidade do serviço e
dos empregados, em uma empresa que há motivação poderá ser feita uma seleção
já que haverá excedente de mão de obra. Concluindo que o tipo de liderança influi
decididamente na motivação dos empregados.
Autoridade e Liberdade
Os seres humanos trabalham para satisfazer suas necessidades, mas nem
todas as pessoas conseguem alcançar seus objetivos, tornando-se insatisfeitas.
A empresa também precisa satisfazer suas necessidades, produzindo bens e
serviços através da força de trabalho dos funcionários e com este um equivalente
valor econômico.
Todavia, as pessoas não trabalham apenas para ganhar salário, e sim para
realizar-se profissionalmente, ou seja, satisfazer suas perspectivas em si.
Os trabalhadores estão em busca de motivações profissionais como: a
aprendizagem em novos serviços, fazendo com que os funcionários consigam
27
adquirir mais conhecimentos, novos interesses com o novo objeto de trabalho; o
método de trabalho, onde as organizações (empresas que são agrupamentos de
pessoas que se unem a fim de atingir determinados objetivos), seguindo uma forma
padronizada de agir, produzindo um comportamento social e desempenhando seus
papéis nas organizações, pois sem normas e padrões seria impossível evitar o caos
e a desordem. Para que não haja desordem é necessário um controle sobre os
funcionários, ou seja, autoridade, que é o direito de dar ordens e fazê-las cumprir
por meio de recompensas e punições. Há três formas de autoridade:
• Autoridade Tradicional: só fundamentada através de tradições,
onde as pessoas aceitam e por isso obedecem;
• Autoridade Carismática: a autoridade e o poder se dão devido às
características pessoais carismáticas com o líder, não tendo nenhum poder
formal.
• Autoridade Burocrática: se fundamenta nas leis e normas
escritas, orientando a vida da empresa, como por exemplo, os funcionários
aceitam as ordens dos superiores assim como estão determinadas as leis e
normas da empresa.
A melhor forma de autoridade é a democrática, porque todos podem definir
sua opinião, gerando contentamento e satisfação. Há vários fatores que contribuem
para a satisfação no trabalho como os fatores higiênicos que referem-se às
condições que rodeiam as pessoas, englobando as condições físicas e ambientais
do trabalho, o salário, benefícios sociais, o clima das relações entre a direção e
empregados, reconhecimento, responsabilidade, promoção, segurança, tudo isso
faz com que a empresa atinja alto índice de produtividade, conseguindo obter um
lucro maior, pois consegue satisfazer as necessidades e objetivos dos funcionários
da empresa. Uma organização humana, ou seja, uma empresa tem a necessidade
de ser direcionada por alguém (diretor) para influir nas atividades dos grupos para
atingir as metas da empresa, mas a autoridade deve estar relacionada com a
28
liberdade. Isso significa que todos os indivíduos que fazem parte deste grupo
devem seguir as normas e os padrões da empresa, isso é uma espécie de "polícia
invisível", onde cada indivíduo sabe qual é o seu limite, portanto ele se autopolicia.
A liberdade, no aspecto qual comentamos ajuda no desenvolvimento do
pessoal, animando os empregados a trabalharem para seu próprio
autodesenvolvimento, melhorando seu desempenho e desenvolvendo seu
potencial futuro, estabelecendo o plano de aperfeiçoamento individual; na
comunicação, melhorando e aumentando a comunicação entre os diretores e seus
colaboradores, facilitando o diálogo entre o chefe e o empregado e a compreensão
dos interesses e objetivos do pessoal, identificando os problemas que afetam o
rendimento de toda a equipe; no reconhecimento, cumprindo a obrigação moral de
dar a conhecer aos empregados a avaliação de seu desempenho, parabenizando e
premiando os que tiveram uma atuação com mérito e alertando os que a tiveram
insatisfatória; no planejamento, faz com que o desenvolvimento e aplicações de
novos métodos, complementem os regulamentos feitos pela diretoria; na delegação
da autoridade, delegando a seus subordinados a autoridade adequada para que
eles possam cumprir suas responsabilidades e seus objetivos nos devidos limites
com respeito aos assuntos, cuja competência de decisão convenha estar
centralizada na sua posição.
Devemos ressaltar também que a autoridade esta está correlacionada com a
liberdade e que sempre deve estar presente no trabalho em equipe, por que as
pessoas quando trabalham em grupos, unem a capacidade intelectual de cada,
atuando de maneira responsável, participativa e cooperativa, a fim de afirmar suas
próprias idéias com criatividade, solucionando os problemas que afetam na
produção de bens e serviços da empresa.
CAPÍTULO III
29
A MOTIVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES
Nas organizações, "a motivação pode ser entendida como o desempenho e os
esforços dos colaboradores para atingir os resultados desejados" (BERGAMINI,
2006). Esse desempenho e esses esforços, na perspectiva da administração
científica de Frederick Taylor, poderiam ser controlados para que se obtivesse o
nível de produtividade estabelecido. Já na perspectiva das relações humanas,
defendida por Elton Mayo, esses mesmos resultados poderiam ser atingidos
através da consideração dos colaboradores na sua totalidade, dando atenção ao
comportamento social dos mesmos. A função dos gestores, nesse caso, seria
conseguir com que os colaboradores fizessem algo porque se sentem satisfeitos
fazendo-o.
Essas duas perspectivas foram precursoras das teorias motivacionais
elaboradas no século passado, quando o interesse pelo comportamento dos
colaboradores nas organizações teve um aumento significativo, principalmente nas
últimas décadas.
Bergamini (2006) aponta uma das razões para esse aumento de interesse ao
afirmar que:
Se a tecnologia já não é problema, se a inflação está relativamente controlada,
tudo deveria ser melhor e não está sendo. é assim que as pessoas estão agora
ganhando lugar de destaque, pois o relativo fracasso só pode estar ocorrendo
porque provavelmente elas sejam o principal problema.
Certamente as pessoas não são o problema, mas parte da solução. Quando
ingressam em uma organização, trazem consigo uma variedade de valores,
interesses e talentos que influenciam o ambiente organizacional. Cabe á
organização encontrar estratégias que permitam transformar esses valores,
interesses e talentos em ações eficazes e produtivas. Caso contrário, haverá
apenas "um grande contingente de pessoas que não nutrem a menor motivação por
30
aquilo que fazem" (BERGAMINI, 2006).
Esses trabalhadores não experimentam, portanto, nenhuma satisfação ou
realização pessoal gerada por aquilo que fazem em seu trabalho. O emprego, neste
caso, passa a ser entendido como uma forma de angariar recursos para que
possam sentir-se felizes fora dele. é nesse momento que o trabalho deixa de
exercer seu papel como referencial de auto-estima e valorização pessoal, passando
a ser fonte de sofrimento e não oportunidade de realização sadia dos desejos
interiores que cada um tem. (BERGAMINI, 2006)
Para não tornar o trabalho uma fonte de sofrimento, é necessário que as
organizações compreendam que as pessoas não fazem as mesmas coisas pelas
mesmas razões. Elas são diferentes e interagem com o ambiente de forma
diferente, característica que Bergamini (2006) chamou de Estilo de
Comportamento Motivacional. Para ela, este estilo é um fator indicativo das
marcas individuais que cada pessoa evidencia quando se comporta na busca dos
seus próprios fatores de satisfação motivacional. É função da vida psíquica
humana, tendo caráter intrínseco tão típico a cada pessoa que, através da sua
configuração, será possível individualizá-la dos demais com quem convive.
É o comportamento motivacional que faz com que pessoas buscando o
mesmo objetivo adotem condutas diferentes, particulares.
Bergamini (2006) identificou quatro estilos de comportamento motivacional
nas organizações:
· orientação participativa;
· orientação para a ação;
· orientação para a manutenção;
· orientação para a conciliação.
31
3.1 Orientação participativa
Pessoas com este estilo de comportamento acreditam que o mais importante
seja promover o valor que os outros têm, descobrindo o que há de melhor nelas.
Essas pessoas têm grande satisfação motivacional quando:
· podem seguir orientação grupal;
· consultam pessoas e são consultadas por elas;
· usam os seus talentos pessoais para o desenvolvimento da organização e
· promovem o desenvolvimento dos talentos daqueles com os quais
trabalham.
E têm grande insatisfação motivacional quando:
· recebem tratamento impessoal;
· são forçadas a desenvolver atividades sem significado;
· sentem que as suas intenções não são reconhecidas e
· têm que conviver em meio a um clima de falsidade em que as pessoas não
são levadas a sério.
3.2 Orientação para a ação
Este estilo de comportamento é característico das pessoas que gostam de
fazer com que as coisas aconteçam, que são atraídas por situações em que são
desafiadas a demonstrar sua competência pessoal, vencer desafios e chegar ao
domínio da situação.
Têm grande satisfação motivacional nas seguintes condições:
32
· sentem-se desafiadas a comprovar sua eficiência;
· podem conduzir-se com autonomia;
· desenvolvem atividades variadas e
· são tratadas de igual para igual, sem medo.
E grande insatisfação motivacional nas seguintes:
· sentem-se cerceadas na sua ação e presas a rotinas desinteressantes;
· não percebem objetivos claramente fixados;
· quando há falta de responsabilidade dos demais e
· sentem que é impossível controlar as variáveis que afetam os resultados.
3.3 Orientação para a manutenção
Neste estilo, a preocupação maior é com a segurança, o que faz com que as
pessoas com essa orientação construam cuidadosamente a sua vida de maneira a
se sentirem firmemente apoiadas em vitórias passadas.
Situações que trazem grande satisfação motivacional:
· ter oportunidade de usar lógica e organização;
· contar com tempo suficiente para garantir a boa qualidade daquilo que está
sendo feito;
· dispor de fontes confiáveis de consulta e
· sentir que há coerência e justiça no trato com pessoas.
Situações que trazem grande insatisfação motivacional:
33
· trabalhar com informações confusas e incompletas
· estar sujeito a um clima de constantes mudanças;
· conviver com pessoas dadas a explosões emocionais e
· tratar os assuntos de forma incompleta e superficial.
3.4 Orientação para a conciliação
As pessoas com este estilo de comportamento têm como principal
preocupação estar em sintonia com os demais, através da negociação e
procurando entender o ponto de vista deles. São flexíveis e sempre dispostas a
rever seus pontos de vista.
Essas pessoas têm grande satisfação motivacional quando:
· desfrutam de uma convivência social harmônica;
· contam com um ambiente flexível onde seja possível fazer concessões;
· reconhecem-se importantes dentro do grupo e
· conhecem a repercussão social das suas ações.
E grande insatisfação motivacional quando:
· são colocadas em ridículo perante o grupo;
· precisam seguir normas e horários rígidos;
· sentem-se socialmente colocadas de lado e
· estão num ambiente sério demais em que as pessoas se atritam
constantemente.
De acordo com Bergamini (2006), esses quatro estilos estão presentes ao
34
mesmo tempo em todas as pessoas, sempre com a predominância de um deles:
é praticamente incontável o número de histórias motivacionais diferentes que
se pode descrever combinando diferentemente a ordenação do composto de estilos
de comportamento motivacional individualizado em cada pessoa.
São essas combinações de estilos que tornam cada pessoa única e
proporcionam a diversidade nas organizações.
35
CAPÍTULO IV
ESTUDOS MOTIVACIONAIS
De acordo com alguns teóricos da motivação, as experiências de cada
indivíduo, seus sonhos e sua visão de mundo, interferem no modo como reagem
aos estímulos motivacionais. Isso faz com que pessoas com experiências de vida
diferentes reajam de maneira diferente aos mesmos estímulos. Além das
experiências pessoais, também as necessidades das organizações, das
comunidades, das transformações tecnológicas e do exercício da cidadania têm a
sua importância na maneira como percebem os estímulos motivacionais que lhe
são apresentados.
Mas o que define a motivação? O que motiva as pessoas? Será possível ás
empresas manter todos os seus colaboradores motivados? Será possível a
empresa manter todos os seus colaboradores motivados? Não é simples definir
exatamente o conceito de motivação. "De modo geral, motivo é tudo aquilo que
impulsiona a pessoa a agir de determinada forma, ou, pelo menos, que dá origem a
uma propensão, a um comportamento específico". (KAST e ROSENZWEIG, 1970
apud CHIAVENATO, 1995)
Na chamada "era do conhecimento" as organizações têm se preocupado
muito com a motivação de seus colaboradores. Certamente porque diante das
constantes mudanças tecnológicas e da necessidade de atualização dos
conhecimentos, as pessoas têm sido consideradas o seu maior ativo intangível. é
por meio de seus conhecimentos, habilidades e atitudes que as empresas têm
atingido vantagem competitiva, gerando a competência necessária para que se
mantenham ativas em um ambiente onde a concorrência está cada vez mais
acirrada. Colaboradores motivados trabalham felizes e apresentam melhores
resultados financeiros, pois a motivação tem relação direta com o desempenho.
A pesquisa realizada para elaboração do trabalho buscou, através de vários
36
caminhos, a resposta ás perguntas iniciais, conforme a metodologia definida por
Henriques e Medeiros (2003):
a definição mais comum de metodologia inclui prática de estudo da realidade
que consiste em dirigir o espírito na investigação da verdade. é um instrumento,
uma forma de fazer ciência: "cuida dos procedimentos, das ferramentas, dos
caminhos" (DEMO, 1985). Para conhecer a realidade, há vários caminhos, e é deles
que trata a metodologia. (grifos do autor)
A metodologia abrange dois componentes: o método de abordagem e o
método de procedimento (MARCONI, 2001).
De acordo com Ferrari (1982, apud HENRIQUES; MEDEIROS, 2003), o
método é descrito como:
uma forma de proceder ao longo de um caminho. Na ciência, os métodos
constituem os instrumentos básicos que ordenam de início o pensamento em
sistemas, traçam de modo ordenado a forma de proceder do cientista ao longo de
um percurso para alcançar um objetivo preestabelecido.
A metodologia utilizada neste trabalho enquanto método de abordagem foi o
dedutivo: partindo das principais teorias motivacionais buscou analisar como as
organizações atuam para buscar a motivação de seus colaboradores e se obtêm
sucesso nessa busca. Conforme Marconi (2001), esse método é aquele que
"partindo das teorias e leis, prediz a ocorrência dos fenômenos particulares
(conexão descendente)".
Como métodos de procedimento foram utilizados os descritos abaixo, de
acordo com Marconi (2001):
· método histórico: consiste em investigar acontecimentos, processos,
instituições do passado para verificar sua influência na sociedade atual;
· método comparativo: estuda as diferenças e semelhanças entre diferentes
37
fatos, com a finalidade de verificar similitudes e explicar divergências;
· método estruturalista: parte da investigação de um fenômeno concreto
para, a seguir, elevá-lo ao nível abstrato, vendo a realidade do ponto de vista
interno.
4.1 Evolução dos Estudos Motivacionais
De acordo com Bergamini (2006), o interesse pela motivação humana pode
ser observado já nas obras dos primeiros pensadores da humanidade.
Quando se retrocede no tempo, descobre-se que já nas obras dos primeiros
pensadores da humanidade, representados pelos filósofos, havia a preocupação de
explicar e conhecer o comportamento do ser humano. Tais inquietações podem ser
consideradas como indícios de que desde o tempo dos primeiros sábios da
humanidade o interesse pela motivação humana e suas formas de manifestação
realmente já existia, embora tenha aparecido sob outras denominações.
Apesar dessas inquietações, a preocupação com o comportamento humano
no trabalho levou muito tempo até chegar ás organizações. é Bergamini (2006)
quem novamente afirma:
Antes da Revolução Industrial, a principal maneira de motivar consistia no uso
de punições, criando, dessa forma, um ambiente generalizado de medo. Tais
punições não eram unicamente de natureza psicológica, podendo aparecer sob
forma de restrições financeiras, chegando até a se tornar reais sob a forma de
prejuízos de ordem física. Levando em conta que as organizações passaram a
existir muito tempo antes da Revolução Industrial, é possível concluir que a
preocupação com o aspecto motivacional do comportamento humano no trabalho
represente um fato bastante recente.
Foi somente durante a Revolução Industrial que vieram os investimentos cada
38
vez mais pesados na produção, com o objetivo de aumentar a eficiência dos
processos industriais, os quais passaram a exigir maiores e mais recompensadores
retornos. (BERGAMINI, 2006).
As punições foram deixadas de lado, porém permanecia o ambiente de medo
nas empresas.
Segundo Marras (2007), os primeiros estudos sobre motivação datam do início
do século XX, quando, em 1900, Frederick Taylor iniciou a discussão sobre
motivação, adotando a crença de que o dinheiro era o maior motivador. De acordo
com ele, as pessoas eram levadas a fazer coisas apenas para obterem mais
dinheiro e que deveriam ser controladas para que o trabalho rendesse o máximo
possível.
Além da abordagem científica de Taylor, o início do século XX também viu
surgir as teorias clássica (1906) e burocrática (1909).
O precursor da primeira foi Henri Fayol, que acreditava ser as funções da
gerência (Prever, Comandar, Organizar, Coordenar, Controlar) aplicáveis em todos
os tipos de organização, focando seus estudos na unidade do comando, na
autoridade e na responsabilidade. Em função disso, sofreu críticas por ser
considerada uma abordagem manipuladora.
A abordagem burocrática foi idealizada por Max Weber:
Ele achava que a burocracia era a forma mais eficiente de administração,
porque operava em uma base hierárquica comumente aceita sem estar sujeita a
caprichos pessoais e com o aval de especialistas. (KWASNICKA, 2003).
Por volta de 1930 Elton Mayo, professor de Harvard, e sua equipe estudaram
as variações do ambiente de trabalho sobre a produtividade na fábrica da Western
Electric Company, em Hawthorne, Chicago. Descobriu-se que o grupo pesquisado
aumentava a produtividade independente da melhora ou não das condições de
39
trabalho, mas sim da atenção dada a ele por seus superiores. Mayo concluiu que o
desempenho das pessoas depende muito menos dos métodos de trabalho do que
dos fatores emocionais ou comportamentais, contrariando assim a visão da
administração científica de Taylor. Esse estudo ficou conhecido como "Efeito
Hawthorne".
Surgia aí a abordagem das relações humanas na administração de empresas,
procurando entender o comportamento humano nas organizações e por meio desse
entendimento aumentar a produtividade.
De acordo com Kwasnicka (2003):
A força da escuridão que via a organização como máquina foi substituída pela
força da luz, em meados do século XX, com ênfase nas pessoas, acomodações,
delegação de autoridade, autonomia e confiança. Começava a era de os psicólogos
cuidarem da administração e surgiu o que se chamou de Psicologia Industrial.
Com a abordagem das relações humanas, surgiram as teorias da motivação,
que podem ser divididas em intrínseca e extrínseca.
A primeira afirma que a motivação está ligada ao que queremos da vida, é um
conceito abstrato e tem sentido apenas individualmente. é algo endógeno, originado
no interior dos indivíduos. Nesse sentido, estar motivado é sentir-se bem com aquilo
que é realizado: o prazer é obtido na atividade. Conforme essa teoria, a motivação
não é um produto acabado, e sim um processo que se configura a cada momento,
visto que nasce das necessidades interiores de cada um e que estas se renovam e
se alteram continuamente. Também de acordo com ela, não se pode afirmar que as
organizações motivam seus colaboradores. O que elas podem fazer é estimular,
incentivar, provocar a motivação, criar um clima em que as pessoas se sintam
motivadas a empreender e fazer o necessário.
Como afirma Vergara (2005):
40
Porque a motivação é intrínseca, também não podemos dizer que motivamos
os outros a isso ou aquilo. Ninguém motiva ninguém. Nós é que nos motivamos, ou
não. Tudo o que os de fora podem fazer é estimular, incentivar, provocar nossa
motivação. Dito de outra maneira, a diferença entre motivação e estímulo é que a
primeira está dentro de nós e o segundo, fora.
Chiavenato (1995) vai além:
é óbvio que as pessoas são diferentes no que tange á motivação: as
necessidades variam de indivíduo para indivíduo, produzindo diferentes padrões de
comportamento; os valores sociais também são diferentes; as capacidades para
atingir os objetivos são igualmente diferentes; e assim por diante. Para complicar
ainda mais, as necessidades, os valores sociais e as capacidades variam no
mesmo indivíduo conforme o tempo.
Seguindo a mesma linha de pensamento, Marras (2007) diz que "cada um
desenvolve " forças motivacionais distintas em momentos distintos" e que essas
forças afetam diretamente a maneira de encarar o trabalho e suas próprias vidas".
As teorias da motivação extrínseca, ao contrário das intrínsecas, pressupõem
que o comportamento humano pode ser planejado, modelado ou mudado por meio
da utilização adequada dos vários tipos de recompensas ou punições disponíveis
no meio ambiente. Para essas teorias, motivação é sinônimo de condicionamento.
(BERGAMINI, 2006).
Ou seja, a motivação seria baseada em fatores externos, tais como uma
recompensa ou uma forma de evitar um castigo.
Reeve (2006) diz que:
A motivação extrínseca surge das conseqüências e dos incentivos ambientais
(p.ex., alimento, dinheiro). Em vez de o indivíduo participar de uma atividade com o
propósito de experimentar as satisfações inerentes que ela pode proporcionar
41
(como ocorre no caso da motivação intrínseca), a motivação extrínseca surge de
alguma conseqüência distinta da atividade em si. Surge de uma motivação tipo
"faça isso e obterá aquilo" ou "o que eu ganho com isso?".
Estar motivado, nessa acepção, é estar condicionado ao resultado da tarefa
realizada: o prazer não está na atividade, mas na conseqüência da atividade.
Independentemente das teorias, o que se deve ter em mente é que se trata de
pessoas e seu comportamento nem sempre é previsível. Intrínseca ou
extrinsecamente, a verdadeira motivação só é efetivamente conseguida quando os
colaboradores conseguem realizar suas necessidades e seus objetivos de vida,
tanto dentro da empresa quanto fora dela.
4.2 Principais Teorias
Como mencionado anteriormente, uma forma de dividir as teorias
motivacionais é entre extrínsecas (behavioristas ou comportamentalistas e
intrínsecas (cognitivas). Ambas fundamentam-se no princípio de que os indivíduos
buscam o prazer e afastam-se do sofrimento (hedonismo), sempre tendendo a um
estado de equilíbrio interno. Ao se sentir desconfortável, surgirá nas pessoas um
estado de tensão que permanecerá até que a sensação de prazer seja novamente
estabelecida; é a busca dessa sensação que as motivará.
O que diferencia uma teoria de outra é que enquanto os comportamentalistas
acreditam que a necessidade que conduz a motivação está fora da pessoa, nasce
de fatores extrínsecos, os cognitivistas acreditam que os indivíduos possuem
valores, opiniões e expectativas em relação ao mundo que os rodeia, sendo a
necessidade gerada internamente conforme suas representações.
Os comportamentalistas acreditam ser possível e necessário aprender a
motivar os outros, enquanto os cognitivistas acreditam que ninguém jamais pode
42
motivar quem quer que seja, uma vez que as ações humanas são espontâneas,
tendo como origem suas impulsões interiores.
Outra forma de divisão conhecida é a que faz distinção em relação ao objeto
de estudo da motivação: de conteúdo e de processo. A primeira estuda "o que"
motiva o comportamento humano e a segunda estuda "como" o comportamento
humano é motivado.
As principais teorias são descritas abaixo de acordo com esta divisão, já que
uma mesma teoria pode ter componentes extrínsecos e intrínsecos, a exemplo de
Abraham Maslow e Frederick Herzberg.
4.3 Teorias de Conteúdo
I – A teoria da hierarquia das necessidades de Maslow
Em 1954, Abraham Maslow sugeriu que as necessidades humanas estão
dispostas em uma série de níveis ou estágios, definidas como necessidades
primárias e necessidades secundárias. Necessidades primárias são as fisiológicas
e as de segurança e necessidades secundárias são as sociais, de estima e de
auto-realização.
Cada nível na hierarquia deve ser conquistado antes que um indivíduo possa
transpor o próximo. No nível inferior encontra-se as necessidades fisiológicas
(fome, sede, sono, sexo). Maslow supôs que, quando uma pessoa conquista esses
elementos essenciais, passa ao nível das necessidades de segurança (defesa,
proteção, salário, casa própria, seguro-saúde, aposentadoria, emprego). Ao
atingi-lo e sentir-se segura quanto á proteção contra ferimentos e danos, a pessoa
sobe ao próximo nível: o das necessidades sociais (relacionamento, amor,
pertencer a um grupo). Neste terceiro nível, a aceitação e a afeição dão origem a
um quarto estágio, definido como o das necessidades de estima (auto-estima,
43
reconhecimento, status, prestígio). No topo da escala, encontram-se as
necessidades de auto-realização. Essa última etapa representa a realização de
potencialidades e a expressão do crescimento pessoal.
De acordo com Maslow (apud CHIAVENATO, 1995), á medida que as
necessidades são atendidas em cada nível, o indivíduo volta sua atenção ao
próximo estágio. Entretanto, para ele, as pessoas podem subir e descer na
hierarquia. Se, por exemplo, tenho fome, vou tratar de atender essa necessidade,
não importa a posição na pirâmide onde me encontre.
Uma das críticas feitas á teoria das necessidades de Maslow é que, além de
não ter sofrido "praticamente nenhuma comprovação que testasse a sua validade
na prática" (BERGAMINI, 2006), ela desconsidera o fato de que as necessidades
variam de cultura para cultura e de pessoa para pessoa, conforme Vergara (2006):
Algumas culturas, como a japonesa, colocariam as necessidades sociais na
base da hierarquia. (...) Por outro lado, é plausível que, por exemplo, algumas
pessoas tenham fortes sentimentos de insegurança, a despeito de usufruírem
situação financeira que a outros deixaria muito confortáveis. Também é possível
que um artista passe horas a fio sem se alimentar, desafiado a completar sua obra.
Para Kwasnicka (2003), "nenhuma necessidade é sempre totalmente
satisfeita; além disso, as necessidades de nível mais baixo terão sempre influência
no comportamento".
II- A teoria dos dois fatores de Herzberg
Na década de 1960, Frederick Herzberg focalizou a questão da satisfação
para formular sua teoria. Segundo ele, existem dois fatores que explicam o
comportamento das pessoas no trabalho: os higiênicos e os motivacionais.
Fatores higiênicos referem-se ás condições que rodeiam a pessoa enquanto
44
trabalha, são extrínsecos a ela. Estes fatores, quando presentes, deixam de causar
insatisfação mas não garantem que as pessoas ficarão satisfeitas. No entanto, se
ausentes, são capazes de causar insatisfação. é o que afirma Bergamini (2006):
é bom que se diga, logo de início, que fatores extrínsecos ao trabalhador tais
como salário, segurança, políticas organizacionais, relacionamento interpessoal,
condições do ambiente de trabalho, fazem apenas com que as pessoas se
movimentem para buscá-los, ou se disponham a lutar por eles quando os perderam.
Não é a sua presença que motiva.
Conforme Chiavenato (1995), a expressão "higiene" serve exatamente para
refletir seu caráter preventivo e para mostrar que se destinam a afastar as
condições desagradáveis. Entre tais fatores, podem ser destacados:
- condições de trabalho e conforto;
- políticas da organização e administração;
- relações com os superiores;
- salários;
- segurança no cargo;
- relação com os colegas;
- benefícios sociais;
- modelo de gestão.
Fatores motivacionais são intrínsecos. Referem-se aos sentimentos de
auto-realização e reconhecimento, ao conteúdo do cargo, ás tarefas e aos deveres
relacionados com o cargo em si. Se presentes, causam satisfação. Se ausentes,
deixam de causar satisfação mas não chegam a causar insatisfação. Estes fatores
estão relacionados com as necessidades secundárias da pirâmide de Maslow.
45
Ainda conforme Chiavenato (1995), o termo "motivação" envolve sentimentos
de realização, de crescimento e de reconhecimento profissional, manifestados por
meio de exercícios das tarefas e atividades que oferecem suficiente desafio e
significado para o trabalho. Podem ser destacados:
- delegação de responsabilidade;
- liberdade de decidir como executar o trabalho;
- promoção;
- uso pleno das habilidades pessoais;
- ampliação ou enriquecimento do cargo.
De acordo com Herzberg, é possível um empregado estar descontente e
satisfeito ao mesmo tempo. Por exemplo, ele pode estar insatisfeito com a política
da empresa em relação às férias, mas verdadeiramente satisfeito com seu
desempenho profissional ao ver uma carta elogiosa de um cliente afixada no quadro
de avisos da sala de funcionários.
Para esse autor, identificar os fatores higiênicos e motivacionais é a base para
definir a motivação do colaborador. Ele reconheceu que cada um enfrenta uma
situação de vida diversa e possui seu próprio conjunto de prioridades, mas estava
convencido de que o dinheiro não era o principal motivo que fazia os colaboradores
permanecerem em uma empresa durante certo período de tempo.
A teoria de Herzberg também tem sofrido críticas, pois algumas pessoas
atribuem seus sentimentos de satisfação a seus próprios talentos e os de
insatisfação aos outros. "O inimigo está lá fora", conforme Senge (2005). Satisfação
ou insatisfação, nesse caso, passa a ser uma questão de ego. Além disso,
Chiavenato (1995) critica essa teoria por "basear -se em uma pesquisa de pequena
amostra e fazer generalizações a partir dela".
46
III- A teoria das necessidades adquiridas de McClelland
Também na década de 1960, David McClelland tomou como eixo, assim como
Maslow, a questão das necessidades e as identificou como sendo três: poder,
afiliação e realização. A diferença entre essa teoria e a de Maslow é que McClelland
diz que tais necessidades podem ser aprendidas, não nascemos com elas: são
adquiridas socialmente.
Poder refere-se a relações com pessoas, status, prestígio, posições de
influência. Afiliação diz respeito ao que Maslow chamou de afeto, relacionar-se
cordial e afetuosamente. Realização é concernente á auto-estima e á
auto-realização.
Conforme Murray (1986):
Esta teoria sustenta que diferentes indivíduos têm diferentes níveis de cada
motivo, mas nunca a inexistência de qualquer deles, em especial o da realização
(auto-estima).
Esses motivos têm relação íntima á resolução de problemas. Sendo assim,
quando o indivíduo obtém sucesso, utilizando-se de determinado meio, tenderá a
repeti-lo para a solução de outros problemas, o que caracterizará o estilo da
pessoa.
A teoria de McClelland equivale aos níveis mais elevados da hierarquia de
Maslow e se aproxima dos fatores motivacionais de Herzberg e, a exemplo deles,
também não teve seus pressupostos comprovados cientificamente.
IV- A teoria ERC de Alderfer
Clayton Alderfer, em 1969, reduziu os cinco níveis da pirâmide de Maslow para
apenas três níveis de necessidades de motivação, que denominou teoria ERC :
47
·necessidades de existência (E): o desejo de bem-estar fisiológico e as
exigências materiais necessárias á existência;
·necessidades de relacionamento (R): o desejo de satisfação das relações
interpessoais e interação social;
·necessidades de crescimento (C): o desejo internalizado de crescimento
continuado e desenvolvimento pessoal.
Santos (2008) afirma:
Esta teoria se assemelha á teoria de Abraham Maslow, reduzindo a três os
níveis de necessidades. Entretanto, diferencia-se quanto á flexibilidade existente
nas escalas, ou seja, pode haver a migração de uma escala para outra sem que as
anteriores estejam completamente satisfeitas.
Assim como a teoria de Maslow, a teoria de Alderfer também carece de
maneiras de mensurá-la.
V- A teoria X e Y de McGregor
Esta teoria de Douglas McGregor, surgida no final da década de 1960, associa
a motivação á atividade de liderança, ou seja, á maneira como os gestores vêem os
colaboradores, mesmo que essa visão não corresponda á realidade.
De acordo com Kwasnicka (2003),
A teoria X assume que o indivíduo não gosta do trabalho e para fazê-lo
necessita ser coagido, controlado, dirigido, ameaçado. Nesse caso, nem mesmo a
promessa de recompensa fará com que o indivíduo tenha motivação para o
trabalho, visto que não gosta de assumir responsabilidades, é pouco ou nada
ambicioso e busca acima de tudo segurança.
A teoria Y considera que o desgaste do trabalho é tão natural como em
48
qualquer outra atividade, por isso o indivíduo deve ter autocontrole para atingir os
objetivos que lhe são colocados. é um indivíduo que se sente bem no trabalho, é
criativo e com potencialidades que podem e devem ser exploradas.
A questão de ser X ou Y tanto pode se referir ao "ser" do próprio indivíduo
como ao "ser" do gestor que o observa e avalia. Em outras palavras, o trabalhador
pode não ser X, mas pode ser visto como tal pelo gestor. Ou vice-versa.
4.4 Teorias de Processo
I- A teoria da eqüidade de Adams
Em 1963, John Stacy Adams estabeleceu os princípios da teoria da eqüidade,
focalizando os conceitos que o indivíduo tem sobre seu trabalho, se sentindo mais
ou menos motivado á medida que percebe, ou não, a presença da justiça e da
igualdade nas relações de trabalho.
Se perceber uma relação entre os resultados obtidos e as suas contribuições,
então estará motivado a agir. Ela reconhece que os indivíduos não se preocupam
apenas com a quantidade absoluta de recompensas que recebem pelos seus
esforços, mas também com a relação de suas recompensas em comparação com
as dos outros, sendo que se houver algum tipo de disparidade nesta relação eles
poderão se sentir desmotivados.
Conforme Kwasnicka (2003):
Em uma situação em que se sinta mal remunerado por seus esforços, a
motivação para trabalhar e aumentar os resultados é minimizada. O indivíduo pode
sentir-se mal remunerado se investe todas as energias em um trabalho rotineiro e
tedioso. Em contrapartida, um trabalho que enfatize a criatividade e o raciocínio
independente é capaz de produzir um comportamento motivador.
49
Essa teoria reforça as afirmações de McGregor de que o indivíduo que se
sente bem no trabalho fica motivado e que fatores ambientais apropriados podem
produzir indivíduos criativos e responsáveis. (KWASNICKA, 2003)
II- A teoria contingencial de Vroom
Em 1964 Victor H. Vroom (apud CHIAVENATO, 1995), afirmou que
"motivação é o processo que governa a escolha de comportamentos". Segundo ele,
a motivação do indivíduo ao fazer uma escolha depende de três fatores:
· do valor que ele atribui ao resultado advindo de cada alternativa (que ele
chama de "valência"),
· da percepção de que a obtenção de cada resultado está ligada a uma
compensação (que ele chama de "instrumentalidade") e
· da expectativa que ele tem de poder obter cada resultado (que ele chama de
"expectativa").
Assim, para que um indivíduo esteja "motivado" a fazer alguma coisa é preciso
que ele, simultaneamente:
· atribua valor á compensação advinda de fazer essa coisa,
· acredite que fazendo essa coisa ela receberá a compensação esperada e
· acredite que tem condições de fazer aquela coisa.
Vroom (apud CHIAVENATO, 1995) enfatiza a importância de se analisar com
cuidado a dimensão dos valores atribuídos a uma compensação:
Por exemplo, um jovem profissional pode atribuir enorme valor a uma
promoção não pelas perspectivas de carreira que isso ofereça ou pelo aumento de
salário em si, mas pelo fato de que esse aumento vai permitir a ele casar-se.
50
Isso mostra que motivação é um processo e varia de indivíduo para indivíduo
em função de seus objetivos pessoais.
III- A teoria da expectação de Lawler III
Edward Lawler III, em 1971, retomou o pensamento de Taylor ao afirmar que o
dinheiro pode motivar não apenas o desempenho, como também companheirismo e
dedicação. De acordo com sua teoria, o indivíduo deseja dinheiro porque este lhe
permite não só a satisfação de necessidades fisiológicas e de segurança, mas
também dá plenas condições para a satisfação das necessidades sociais, de estima
e de auto-realização. Desde que o indivíduo creia haver ligação entre diferenças de
remuneração e de desempenho, o dinheiro poderá ser um excelente motivador
enquanto essa percepção permanecer.
Drucker (1977, p. 315) ressalta o caráter perverso desse tipo de tratamento
quando analisa que os incentivos econômicos vão se tornando direitos, em vez de
recompensas. Para ele o resultado da crescente demanda por recompensas
materiais está rapidamente destituindo a utilidade destas como incentivo e como
instrumento administrativo.
Podemos perceber que as teorias de motivação mostram um pouco da
complexidade sobre o tema. Entretanto, faz-se necessário compreender que elas
não estão competindo entre si: na verdade, em sua maioria, são complementares.
Como afirma Bergamini (2006):
Com tantos estudos a respeito de um mesmo assunto, pode parecer que certo
enfoque defendido por uma teoria em especial conduzisse a conclusões capazes de
substituir as demais abordagens. Isso não é bem verdade. As diversas teorias não
se anulam umas ás outras; pelo contrário, elas se complementam e contribuem
para o delineamento de uma visão mais abrangente do ser humano enquanto tal,
tendo em vista a natural complexidade que o caracteriza.
51
Com isso, é necessário aos gestores um maior conhecimento sobre o assunto
em questão, pois não há um princípio universal que explique as motivações dos
indivíduos. Afinal,
Já vai longe o tempo em que se usava manuais para aprender a lidar com as
pessoas. Se os manuais funcionaram para outros insumos, como financeiros,
produtivos e mercadológicos, no caso das pessoas é inútil consultar manuais, pois
não há regras gerais de como melhor gerir as pessoas. (BERGAMINI, 2006)
CAPÍTULO V
O DESAFIO DE LIDERAR EQUIPES COM PESSOAS
DESMOTIVADAS
O integrante desinteressado ou permanentemente desmotivado é um desafio
52
comum nas organizações voluntárias e sem fins lucrativos, mas também está
presente nas empresas, na sala de aula e até no seu grupo de estudos. Como lidar
com ele sem removê-lo da equação?
Seria tudo mais fácil se você pudesse clicar com o botão direito na sua equipe,
selecionar a opção “Incrementar motivação”, e pronto. Mas a motivação é um
processo, não um evento isolado. É conseqüência, e não causa. A sua ausência
pode vir de problemas conjunturais, estruturais, de infra-estrutura, de processos, e
até mesmo de liderança em si.
Algumas razões comuns para a perda da motivação do membro da equipe são
a falta de reconhecimento, de conhecimento dos objetivos da atividade que realiza,
de uma perspectiva de progressão no futuro, os processos mal estruturados, a
inadequação das métricas às características da equipe, e a inépcia dos superiores
hierárquicos.
Desinteressados, mais do que simplesmente estorvos funcionais, são
muitas vezes uma criação da própria organização, por intermédio de políticas
equivocadas de gestão de pessoas, pressão por metas elevadas sem o
correspondente incentivo, ausência de planos de carreira, etc. Estes fatores
ajudam a criar um verdadeiro batalhão de problemas que um pouco de
planejamento poderia evitar.
Como a maior parte destes problemas pertencem à esfera estratégica da
empresa, o trato direto com a equipe está mais ao alcance do gestor de da
Organização.
Liderando a equipe: Para liderar com efetividade uma equipe assim, a
ferramenta mais útil é o diálogo. Esta é uma ferramenta tão poderosa, que pode
promover verdadeiros milagres comportamentais no seu negócio. Mais eficiente
que punições, demissões, e o envolvimento emocional das “chamada aos brios”.
53
• A raiz do problema. Procure descobrir junto do funcionário qual a sua
motivação para o desinteresse. Sim, até para não fazer nada devemos estar
motivados de alguma maneira. As causas podem ser as mais diversas, mas
ouvi-las e compreendê-las é um passo enorme na resolução do problema. O
truque aqui é saber realmente ouvir e refletir, e não se limitar a escutar e depois
fazer um discurso motivacional.
• Agir sobre as causas. Uma vez descobertas as causas, procure
saná-las. Lembra das qualidades do líder? Uma delas é remover obstáculos
para a equipe. Existem desde a teoria das necessidades de Maslow até a de
Extratos de Elliott Jacques para explicar a motivação das pessoas, mas o básico
pode ser saber que a forma mais fácil de diagnosticar é observando com
atenção e dialogando francamente.
• Diga a verdade. Não adianta dourar a pílula se o desinteresse do seu
subordinado esta atrapalhando o desempenho da equipe ou até mesmo o
andamento do trabalho. Diga isto a ele com todas as letras, mas em uma
conversa reservada. Nem sempre ele reagirá de forma negativa, desde que
você o faça com respeito à sensibilidade de cada um. Você aumenta a chance
de não ter problemas com isto se seguiu corretamente o primeiro passo.
• Comunique bem os objetivos. Reveja a comunicação de seus
objetivos. Muitas vezes o desinteresse é resultado direto da falta de
comunicação clara dos objetivos da empresa ou da equipe. Em muitos casos,
além dos objetivos não estarem claros, os incentivos também não estão, ou
seja, os desinteressados não fazem além do mínimo necessário porque não
percebem a razão de fazer mais, e nem o incentivo para que o façam, as duas
chaves para o interesse.
• Inspire a equipe. Ouça a si mesmo. Perceba o que faz com que você
esteja interessado. Falar com as pessoas armado de um interesse sincero
muitas vezes faz com que elas partilhem da sua motivação. Um líder muitas
54
vezes tem um pouco desta característica inspiradora que genuinamente move
os outros a segui-lo, principalmente quando eles percebem que dividindo o
sacrifício com você, também partilharão da vitória no final.
Dirigentes preocupados exclusivamente com o curto prazo recorrem a
instrumentos adicionais, como oferecer premiações fantásticas, estimular a
competição dentro da equipe, ou simplesmente ameaçar com demissões ou
perda de benefícios. Nada garante que estas soluções comuns e imediatas não
sejam mais eficientes em sua organização a curto prazo, mas elas não motivam
de verdade, apenas “empurram o problema para a frente”.
5.1 Fatores que Geram Motivação
Vários fatores têm que ser analisados pela figura do líder dentro das empresas
e/ou organizações, que inspirado nos preceitos de Teoria Geral da Administração
(TGA) e que são elencados e discutidos por alguns teóricos do presente tema,
como o professor Chiavenato (2000, p. 394), o professor Araújo(1985, p. 287),
dentre outros, que em suma, os citam da seguinte forma:
->Trabalho interessante. Desafio, autonomia e variedade de tarefas. A cada
novo projeto os colaboradores têm que elaborar pelo menos um "desenho" que eles
nunca fizeram e que tenha um grau de dificuldade maior do que aqueles já
elaborados anteriormente. Com isto eles exercitam o ato de liderar, funcionando
também como um treinamento para aqueles que desejam, e têm potencial, para
assumir o posto de coordenador de projetos.
->Auto-Realização. Sendo este um sentimento que brota de dentro das
pessoas quando elas reconhecem a utilidade e os resultados do próprio trabalho,
cabe a aos líderes (administradores) a função de mostrar ao colaborador que o
trabalho foi realizado a contento. Para suprir esta necessidade, sugere-se ao final
de um projeto um relatório de encerramento para que todos possam ver, em
55
números, a qualidade do projeto.
->Reconhecimento. Este é um dos pontos de maior importância, muito
valorizado pelos colaboradores. O pleno reconhecimento do trabalho realizado é
difícil de alcançar. Mesmo quando se está satisfeito com o trabalho realizado por
uma pessoa, há que se ter sabedoria para transmitir adequadamente esta
informação. Procurar elogiar sempre quem flagrar os membros da equipe fazendo
algo ótimo.
->Segurança. A falta de estabilidade no emprego é um fator motivador nos
dias de hoje. Costuma-se dizer às pessoas que lá trabalham que sempre há lugar
para profissionais competentes e que devemos buscar a excelência em nossas
atividades para que, com o recebimento de novos pedidos, mantenhamos nosso
emprego.
->Diálogo de Desenvolvimento. O "feedback", principalmente o positivo, é
um grande impulsionador de motivação.
->Desenvolvimento Pessoal e Treinamento. A oportunidade de adquirir
conhecimentos e habilidades associadas ao cargo também é muito valorizada, na
medida que elevando a capacitação técnica e administrativa das pessoas, elas
consideram-se mais capazes para exercer a função, aumentando a auto-estima.
Além disto, por terem sido convocadas para um treinamento, acreditam que a
empresa está investindo nelas por serem competentes ou por terem potencial, o
que desperta a motivação.
Esta competência também pode ser vista, como uma forma de manter um bom
curriculum, o que significa aumentar a empregabilidade interna ou no mercado. O
treinamento é com certeza o ponto forte da política de recursos humanos de
qualquer empresa que queira motivar seus funcionários. A chefia direta tem por
obrigação identificar as necessidades de treinamento de seus funcionários e
planejar os recursos necessários.
56
->Remuneração. Uma boa remuneração (salário) não desperta normalmente
motivação nos colaboradores por um longo período. Porém um salário abaixo da
média do mercado ou, pior ainda, abaixo dos colegas da empresa que exercem
funções semelhantes sem diferenças gritantes de desempenho, é um dos principais
fatores desmotivadores. Para evitar isto, como instrumento de apoio, a empresas
deve desenvolver pesquisa de mercado para acompanhar a gestão de
remuneração, procurando-se, com isto, manter a empresa competitiva. Os
segmentos pesquisados deve referir-se às empresas do mesmo ramo de atividade,
porte e localização geográfica.
->Promoção e crescimento na organização. Com a política de redução de
níveis hierárquicos adotada por praticamente todas as grandes e médias empresas
de qualquer ramo de atividade, ficou ainda mais difícil oferecer promoções ou
crescimento dentro das organizações como fator motivador ou de retenção de
talentos. Para contornar este problema é necessário que a empresa adote uma
carreira Y.
Quando um profissional chega a um estágio de sua carreira onde já não
desempenha mais uma atividade técnica ou administrativa corriqueira e, por outro
lado, não há espaço para ascensão profissional em nível gerencial, ele é promovido
a consultor ou especialista. São cargos que se caracterizam pela aplicação de
tecnologia específica ou pelo desempenho de atividades de apoio que requerem
conhecimentos especializados. A atuação deve ser feita de forma independente ou
através da liderança técnica de uma pequena equipe de colaboradores.
->Condições de trabalho. Uma boa condição de trabalho é um ponto
indiscutível para gerar motivação. A empresa deve organizar seu ambiente de
acordo com a atividade desempenhada de maneira a oferecer a seus colaboradores
o melhor ambiente.
->Colegas. Serem colegas amistosos e colaboradores não é algo que o
coordenador possa exigir dos membros de sua equipe mas o tema deve ser sempre
57
abordado nas reuniões mensais e, até mesmo, no recrutamento de novos
colaboradores, este é um quesito considerado. A empresa não pode obrigar
pessoas a serem amigas, mas deve promover um ambiente saudável e
disponibilizar áreas de lazer para que estas amizades sejam cultivadas e
aprofundadas.
->Benefícios: É também, a exemplo da remuneração - pois não deixa de ser
um salário indireto, um fator de desmotivação se não estiver equiparado às funções
equivalentes dentro ou fora da empresa.
->Status: Símbolos que deixam claro a importância do cargo ocupado. As
pessoas que valorizam este tipo de benefício são, neste departamento, cada vez
mais raras. Mesmo dentre aquelas que valorizam este não foi apontado como um
fator alavancador de motivação.
->Sugestões para melhoramento: Programas participativos. A opinião do
funcionário é importante e as suas sugestões para melhoria devem ser realmente
consideradas e premiadas. A iniciativa deve ser valorizada através de um sistema
de envio de sugestões para melhoramento.
->Estimular o estrategismo: Sempre que se tenta influenciar o
comportamento de outras pessoas, envolve-se em um ato de liderança. Portanto,
liderança é um ato de influência. Caso tenha-se interesse em desenvolver os
recursos humanos e criar um ambiente motivador, que resulte em altos níveis de
produtividade e traga satisfação às pessoas a curto e longo prazo, então precisa-se
pensar no estilo de liderança, priorizando as atividades e atitudes que induzem um
comportamento positivo nos colaboradores. Abaixo alguns exemplos praticados de
como despertar a motivação nas pessoas através da liderança.
->Estabelecer objetivos claros: Todos devem ter clareza de entendimento
do que seja o trabalho da equipe, e porque ele é importante. Os objetivos devem ser
desafiadores, porém atingíveis, mutuamente acordados, e ter relação direta com a
58
visão da equipe. Cada membro deve compreender o seu papel nesta realização.
->Emponderamento: Criar confiança dos membros na capacidade da equipe
de superar obstáculos e atingir os objetivos. O mútuo respeito faz com que todos
compartilhem as responsabilidades, ajudando-se mutuamente, tomando a iniciativa
para ir de encontro aos desafios. As políticas, regulamentos e processos devem
permitir aos membros executar suas tarefas com facilidade. Os colaboradores
devem ter a oportunidade de desenvolver e aprender novas habilidades. Faz-se
também necessária uma sensação de poder individual e coletivo.
->Relacionamento e Comunicação: Deve-se manter aberta a comunicação,
e os membros da equipe devem poder expressar suas opiniões, pensamentos e
sentimentos sem receio das conseqüências. Saber ouvir deve ser considerado tão
importante quanto falar. As diferenças de opinião e perspectiva devem ser
devidamente valorizadas. Através de "feedback" sincero, demonstrativo de
interesse genuíno, os colaboradores conscientizam-se de suas forças e fraquezas.
Propiciar uma atmosfera de confiança e integração.
->Reconhecimento e Apreço: As realizações individuais e as da equipe
devem ser reconhecidas freqüentemente pelo líder, celebrando-se as etapas,
realizações e eventos. Os colaboradores devem sentir-se altamente prestigiados
dentro da equipe, ficando imbuídos de um senso de realização pessoal em relação
à equipe e pelas próprias tarefas.
->Moral: O líder deve ser entusiasta em relação ao trabalho da equipe, e deve
transmitir aos outros o orgulho de ser um membro esta equipe. Deve ainda manter a
confiança e o empenho, sendo otimista em relação ao futuro. Estas atitudes
elevarão o moral dos demais membros
59
CONCLUSÃO
Para manter uma sólida posição de liderança, precisamos entender que
qualquer organização seja ela uma nação, cidade ou empresa privada, recebe
aceitação explícita ou implícita dos grupos que são afetados por sua existência, ou
seja, os resultados que dizem respeito à liderança quer sejam eles positivos ou
negativos estão atrelados à aceitação das pessoas que se relacionam com a ela.
Para que possamos implantar, desenvolver, conduzir e gerir uma liderança eficaz
se faz necessário o entendimento da mesma, uma vez que temos como diretriz, um
líder, o qual conduzirá os demais componentes da organização, a sucumbir às
60
expectativas anteriormente expostas a eles em forma de objetivo, aprendizagem ou
meta. Portanto, podemos dizer que neste caso, a liderança é vista como uma forma
explícita de entendimento. A aceitação implícita está veiculada ao fato de não
termos uma relação direta com ela, pois temos aqui uma forma de liderança natural
de grupos ou pessoas que já trazem consigo esta característica, que, por
conseguinte denominamos de líderes.
A organização como um todo deve ter um único objetivo, bem disseminado
dentro dela mesma, pois seria uma perca de tempo treinar e integrar às concepções
da organização, apenas o alto nível hierárquico, os altos escalões dentro da
"pirâmide organizacional". Estas informações são recebidas para uma melhora no
desempenho tanto individual como para os diversos grupos existentes dentro da
organização. Tal fato visa integrar o corpo de funcionários da organização para uma
mesma direção, onde todos falem a mesma língua, onde todos sigam para o
mesmo caminho, onde todos conheçam a organização como se fosse "sua". Isto
colocaria, desde o alto escalão até o mais simples colaborador uma imagem de que
todos estão unidos em um único objetivo que é a melhor prestação de serviço para
o seu cliente.
As condições necessárias para que a motivação intrínseca seja mantida
podem ser associadas á teoria dos dois fatores de Herzberg, pois motivação
envolve condições de trabalho e conforto, modelo de gestão, relações com
superiores, uso pleno das habilidades pessoais e delegação de responsabilidade.
Esta é uma boa maneira de manter a motivação dos colaboradores, pois
perceberão sua contribuição ao trabalho e á empresa. Se for aliado a isso o
reconhecimento por parte dos gestores e dos colegas, além da perspectiva de
progresso, certamente serão formadas equipes mais produtivas.
Não pode ser desconsiderado o fato de que estar ou não motivado também
depende da maneira como o colaborador é visto por seu superior, como mencionou
McGregor. Isso tem relevância na medida em que caso o superior não considere a
61
importância do significado que cada colaborador dá ao cargo que ocupa ou não se
interesse por sua escala pessoal de valores, certamente haverá potencialidades
que não serão exploradas.
As organizações precisam aceitar o caráter individual da motivação e terem a
consciência de que dificilmente os colaboradores estarão completamente
satisfeitos: existirá sempre uma necessidade não atendida que dirigirá novas
condutas motivacionais. Apesar disso, cabe a elas fazer com que o colaborador
entenda qual é sua missão e onde ele se encaixa dentro da visão da empresa, se
sentido respeitado e fazendo parte de algo maior.
No final, caberá ao próprio colaborador a decisão de estar ou não motivado,
mudando sua atitude e se comprometendo com os resultados da empresa. Ao ouvir
o que ele tem a dizer, esclarecendo a ele o que precisa ser realizado e propiciando
um ambiente agradável, não coercitivo, a empresa estará mostrando que se
preocupa com ele, que acredita nele, pois não é possível manter-se motivado para
sempre sem que haja estímulos. Talvez assim esse colaborador não dê ao trabalho
que executa um sentido de simples meio para conseguir ser feliz fora dele, uma
forma de sobrevivência e nada mais, e não saia proferindo frases do tipo "o meu
interesse pela empresa é o mesmo que ela tem por mim: financeiro".
O melhor investimento dentro de uma organização ainda continua sendo o
capital humano.
62
BIBLIOGRAFIA
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63
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WHITELEY, Richard. Foco no cliente. HSM Management, nº 4, set-out 1997, p. 62-68.
64
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO .............................................................2
AGRADECIMENTO.............................................................3
DEDICATÓRIA....................................................................4
RESUMO.............................................................................5
METODOLOGIA..................................................................6
SUMÁRIO............................................................................7
INTRODUÇÃO.....................................................................8
CAPÍTULO I
Liderança.............................................................................10
65
1.1 – Definição.....................................................................11
1.2 - Tipos de Liderança......................................................12
1.3 - Fatores Críticos...........................................................15
1.4 - Características do líder................................................17
CAPÍTULO II
Motivação.............................................................................20
2.1 - Tipos de Motivação......................................................20
2.2 - Relação Liderança/ Motivação.....................................25
CAPÍTULO III
A Motivação nas Organizações.............................................29
3.1 - Orientação participativa.................................................31
3.2 - Orientação para a ação.................................................31
3.3 - Orientação para a manutenção.....................................32
3.4 - Orientação para a conciliação.......................................33
CAPÍTULO IV
Estudos Motivacionais..........................................................35
4.1 - Evolução dos Estudos Motivacionais............................37
4.2 - Principais Teorias..........................................................41
4.3 - Teorias de Conteúdo.....................................................42
4.4 - Teorias de Processo......................................................48
CAPÍTULO V
O desafio de liderar equipes com pessoas.............................52
desmotivadas
5.1 - Fatores que geram motivação.........................................54
66
CONCLUSÃO..........................................................................60
BIBLIOGRAFIA .......................................................................63
ÍNDICE.....................................................................................65
FOLHA DE AVALIAÇÃO..........................................................67
Folha de Avaliação
Nome da Instituição: Instituto A Vez do Mestre – Universidade Cândido
Mendes.
Título da Monografia: “A importância da Liderança e da Motivação no
Ambiente de Trabalho”.
Autora: Thatiana Ferreira Suliano _ matrícula: K210746 (turma: K138)
Orientadora: Mary Sue Pereira.