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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE QUALIDADE TOTAL: O DIFERENCIADOR DAS ORGANIZAÇÕES Por : Cristina Maria Montebrune de Souza Orientador Professor Celso Sanches Rio de Janeiro 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

QUALIDADE TOTAL: O DIFERENCIADOR DAS ORGANIZAÇÕES

Por : Cristina Maria Montebrune de Souza

Orientador

Professor Celso Sanches

Rio de Janeiro

2003

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

QUALIDADE TOTAL: O DIFERENCIADOR DAS ORGANIZAÇÕES

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como condição prévia para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato

Sensu” em Gestão Estratégica e Qualidade.

Por: Cristina Maria Montebrune de Souza

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Jose e Maria dos Anjos, que, com grande sacrifício, proporcionaram aos seus quatro filhos uma educação baseada nos princípios cristãos de inconformidade com o mundo, buscando a transformação pela renovação da mente. Aos meus irmãos, amigos e ao Edson Marinho pelo apoio e incentivo ao longo do curso.

DEDICATÓRIA

Dedico aos meus sobrinhos Luiza Maria e Eddo Jose.

“ Toda vida existe para iluminar o caminho de outras vidas que a gente encontrar “

Milton Nascimento e

Fernando Blat

RESUMO

A preocupação com a qualidade de produtos e serviços deixou de ser,

nesta última década, apenas uma estratégia de diferenciação e passou a se tomar

uma questão de necessidade. A sobrevivência das organizações no mercado atual

depende de sua competitividade que hoje, é função direta da produtividade e

qualidade da empresa. Isto significa dizer que o dinamismo e a crescente

competitividade no mundo dos negócios colocam em risco a vida das indústrias e

empresas que não questionarem seus métodos tradicionais de gerenciamento,

desenvolvimento de novos produtos e serviços, controle da qualidade etc. Juran e

Deming foram os dois pioneiros do movimento da qualidade. Os nipônicos

consideram-os os inspiradores do milagre industrial japonês iniciado na década de

50. Os norte-americanos só os descobriram nos anos 80. As suas idéias foram a

base de uma revolução da qualidade que restabeleceu a confiança na indústria

nacional.

Os anos 80 marcam, no Brasil, o início das influências de um ambiente

externo turbulento e complexo e da chamada abertura política, num contexto de

forte recessão econômica e dívida externa elevada. Em nível empresarial, o

movimento pela qualidade e produtividade tem se caracterizado por diferentes

programas adotados pelas empresas, inscritos sob várias rubricas. Os mais

comumente utilizados relacionam-se com os sistemas de garantia da qualidade

baseados na norma internacional ISO 9000 e com os modelos de gerenciamento

estratégico da qualidade, conhecidos pelas siglas TQC (Total Quality Control) ou

TQM (Total Quality Management).

CALEGARE (1985) afirma que o conceito de garantia da qualidade é

derivado do que se denominava ‘controle da qualidade’. Para que a garantia da

qualidade seja cumprida, é necessário que uma série de regras voltadas para a

qualidade sejam planejadas e implantadas de forma sistemática. Ao conjunto

dessas regras dá-se o nome de sistema da qualidade.

A implementação de Sistemas de Qualidade Total é de vital importância

para o crescimento das empresas e sua implementação não é de forma alguma

inviável tendo em vista o sucesso alcançado por aquelas que persistiram. Como

exemplo deste sucesso pode-se citar a Empresa Brasileira de Correios e

Telégrafos – ECT, que implantou o Programa Nacional de Qualidade dos Correios

– PNQC, que consiste em uma ampla ação mobilizadora, promovida pela alta

administração da Empresa, no sentido de adotar uma gestão empresarial

participativa, tendo como estratégia a melhoria contínua do ambiente de trabalho

de seus colaboradores e de seus processos, visando à máxima satisfação dos

clientes.

O objetivo deste documento é fazer uma reflexão sobre a importância da

gestão estratégica de qualidade, principalmente no que tange a qualidade total, e

tentar isolar alguns dos aspectos mais marcantes em que a mesma se baseia,

evitando uma abordagem demasiadamente técnica. Para tal, este trabalho está

estruturado de forma a apresentar no capítulo introdutório, há um breve histórico

da qualidade e o destaque para dois de seus principais mestres: Deming e Juran.

A seguir, mais quatro capítulos além das considerações finais sobre os temas

apresentados: O capítulo 1, INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR

STARDIZATION – ISO, aborda o padrão ISO de qualidade; o capítulo 2, A

GESTÃO DA QUALIDADE, apresenta considerações sobre a qualidade, com

enfoque para a organização e trabalho onde, além da motivação, treinamento e

desenvolvimento, outro autor merece atenção especial de suas teorias: Mac

Gregor. O capítulo 3, QUALIDADE TOTAL: O DIFERENCIADOR DAS

ORGANIZAÇÕES descreve a Qualidade Total, tema central desse trabalho, pois

com os programas de qualidade total, as organizações estão promovendo grandes

reestruturações. O capítulo 4 QUALIDADE TOTAL NA ECT (UM ESTUDO DE

CASO) apresenta um breve estudo de caso. Por fim, são apresentadas as

conclusões obtidas no desenvolvimento do trabalho. A abrangência deste trabalho

fica delimitada à abordagem dos princípios, sistemas e serviços, sem deixar de

mencionar a Gestão da Qualidade Total, suas características e fatores.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO 1- INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STARDIZATION - ISO 12

CAPÍTULO 2 – A GESTÃO DA QUALIDADE 16

CAPÍTULO 3 - QUALIDADE TOTAL:O DIFERENCIADOR DAS ORGANIZAÇÕES 23

CAPÍTULO 4-QUALIDADE TOTAL NA ECT(CASE) 38

CONCLUSÃO 41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 43

ANEXOS 45

FOLHA DE AVALIAÇÃO 49

8

INTRODUÇÃO

A história evolutiva da qualidade pode ser dividida em quatro eras:

inspeção; controle estatístico da qualidade; garantia da qualidade e gestão

estratégica da qualidade.

As últimas décadas foram marcadas pelo surgimento e expansão do

conceito de qualidade, este processo veio acompanhado por avanços na

compreensão da vida organizacional, que passou a repensar antigos conceitos e a

reformular objetivos e estratégias em consonância às exigências do novo

ambiente.

A palavra “trabalho” tem apresentado à humanidade vários significados,

seja no sentido de criação ou transformação da natureza, como também na prática

relacional. Nos últimos anos, com o advento de novas tecnologias, as mutações

no mundo do trabalho e suas formas de organização, envolvem um raciocínio

mais sistêmico, com novas modalidades de comunicação, cooperação e

hierarquia.

Em seu estudo MCGREGOR (1992) nos relata “os planos de incentivo

individual são um bom exemplo de uma tentativa de controle de comportamento

que nos leva suficientemente em conta a” lei natural “. A lógica prática dos

incentivos é que as pessoas querem dinheiro e que trabalharão mais para receber

mais”.

Na realidade não é sempre assim, o dinheiro às vezes nem é tão

importante, às vezes o plano de carreira, os benefícios médicos e até mesmo a

participação do funcionário junto ao seu superior faz com que haja incentivos. As

novas tecnologias, principalmente no campo da informação, tornaram nosso

mundo pequeno, aproximando mais organizações e pessoas.

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Atualmente, através da importação de programas de qualidade total e de

seus derivados por muitas empresas brasileiras, vivemos com ênfase a

valorização do profissionalismo.

A historia da Qualidade tem sua origem no Japão, nos anos 50, a partir de

seu movimento de produtividade. O momento econômico, social e cultural que se

encontrava o país, derrotado de uma guerra mundial, explica a grande

transformação política e tecnológica em busca da recuperação da economia

japonesa. As empresas, fortemente encorajadas em buscar sua produtividade

(sobrevivência), investiram em pesquisas na área produtiva.

Nos últimos anos, tem crescido no Brasil a consciência sobre o binômio

Qualidade – Produtividade, apregoado por Deming no Japão do início da década

de 1.950.

W.Edward Deming é considerado como um dos mentores do controle de

qualidade. Segundo este professor, a qualidade se inicia com a alta administração

e é uma atividade estratégica. Destruiu o conceito tradicional de “custo da

qualidade”, demonstrando que o melhoramento contínuo da qualidade é a chave

para o sucesso industrial. Qualidade-Produtividade: melhorando a qualidade,

consegue-se diminuir os custos (devido a menos retrabalhos, menos erros,

menores atrasos e obstáculos, e melhor uso do tempo-máquina e dos insumos), o

que aumenta a produtividade. Daí conquista-se mercados, pois a qualidade é

melhor e o preço é menor, mantém-se no negócio e amplia-se o mercado de

trabalho.

Para o Dr. Deming, a qualidade é definida conforme necessidades e

exigências do consumidor, não bastando somente cumprir as especificações; é

preciso utilizar os instrumento de controle estatístico de qualidade, em vez da

mera inspeção de produtos.

10

Uma referência universal na prática da qualidade são os “14 passos de Deming

para a melhoria da qualidade”:

1. Criar uma visão consistente de um produto ou serviço;

2. Assumir a liderança da empresa;

3. Terminar com as inspeções;

4. Selecionar um fornecedor preferencial;

5. Melhorar continuamente o processo;

6. Promover a aprendizagem no trabalho;

7. Encarar a liderança como algo que todos aprendam;

8. Evitar liderar criando medo;

9. Trabalhar em equipes;

10. Eliminar a imposição de metas;

11. Abandonar a gestão por objetivos com base em indicadores quantitativos;

12. Não classificar o desempenho dos empregados por ranking;

13. Criar um programa de formação para os empregados;

14. Imponha a mudança como tarefa de todos os trabalhadores.

Os 14 princípios de administração constituem-se em um novo estilo de

gerenciar, que por certo transformarão as administrações.

Joseph M. Juran foi também um pensador que focava a administração da

qualidade, considerando a qualidade como adequação ao uso com o objetivo de

satisfazer o cliente com a “quantidade certa”, sem mais nem menos. Seus estudos

também abordaram a motivação e a participação dos trabalhadores em atividades

que envolvessem qualidade SLACK et all, (1999). Ele estabeleceu que a

qualidade é feita de planejamento, controle e melhoria, sendo que o controle

deveria ser executado por auditorias de qualidade.

A auditoria da qualidade é uma análise independente conduzida com o fim

de comparar alguns aspectos do desempenho da qualidade com um padrão para

aquele desempenho.

11

O termo “independente” é crítico e utilizado no sentido de que o examinador

(chamado de “auditor”) não é a pessoa responsável pelo desempenho a ser

examinado e nem o supervisor imediato dessa pessoa. Uma auditoria

independente fornece um quadro imparcial do desempenho JURAN & GRYNA

(1988).

Os fundamentos da pesquisa de Juran são:

Planejamento da Qualidade:

• criar a consciência da necessidade e oportunidade de melhoria;

• estabelecer as metas para essas melhorias;

• identificar os clientes ou usuários – quem será impactado;

• identificar as necessidades dos clientes ou usuários;

• especificar um produto que atenda às necessidades identificadas;

• projetar processos que possam produzir as características estabelecidas;

• transferir para a produção os planos resultantes e estabelecer controles de

processos.

Controle da Qualidade:

• avaliar o desempenho da qualidade;

• comparar o desempenho com as metas estabelecidas;

• adaptar as diferenças encontradas.

Melhorias da Qualidade:

• estabelecer a infra-estrutura para a realização do empreendimento;

• identificar os projetos específicos de melhorias;

• estabelecer uma equipe;

• prover recursos, a motivação e o treinamento.

Em 1954, o Dr. Juran esteve no Japão, também a convite da JUSE,

proferindo seminários cujo enfoque principal foi o papel das chefias em face às

atividades de controle de qualidade. A partir desta época, o controle de qualidade

passa a ser um instrumento de gestão, que se tornou o embrião para o surgimento

da Gestão pela Qualidade Total (GQT).

12

CAPÍTULO 1- INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STARDIZATION - ISO

HISTÓRICO

A International Organization for Stardization é um organismo internacional

das Nações Unidas, por conseguinte não-governamental, fundado em 23 de

Fevereiro de 1947, por 25 países. Está sediado em Genebra, na Suíça.

O trabalho dessa entidade resulta em acordos internacionais, que são

publicados como Normas Internacionais. As normas são desenvolvidas,

observando-se os seguintes princípios: Consenso; Abrangência e Trabalho

Voluntário.

Seu objetivo principal é a fixação de normas técnicas que evitem abusos

econômicos e/ou tecnológicos dos países mais desenvolvidos. Formulando uma

similaridade, a ISO proporciona a todos, indiscriminadamente, o conhecimento das

regras do jogo. Desta forma, todos podem jogar, uma vez que as regras (normas)

são de conhecimento universal.

As origens da ISO se encontram no International Electrotechnical

Committee (IEC), fundado em 1916 para criar normas e técnicas destinadas a

compatibilizar os interesses entre usuários e fornecedores e nortear contratos

comerciais.

EVOLUÇÃO

A busca pela qualidade pontuou as agendas das maiores empresas

brasileiras que buscaram afoitamente certificações como as ISO.

13

A série denominada ISO 9000 se constitui de normas principais que estão

relacionadas com a gestão e garantia da qualidade que são:

ISO 8402: norma que estabelece definições e conceitos. É o glossário da série.

ISO 9000 = São as normas de Gestão e garantia da qualidade. Aponta diretrizes

para seleção e uso de uma série de normas sobre sistemas de qualidade, que

podem ser utilizadas para GESTÃO da qualidade interna (9004) e para

GARANTIA da qualidade externa (9001, 9002, 9003). Destina-se a todas as

organizações que produzem bens ou serviços.

ISO 9001 = Sistema de Qualidade - É um modelo para garantia da qualidade

durante vários estágios, que podem compreender projeto/desenvolvimento,

produção, instalação e assistência técnica. Destina-se a organizações em que a

confiança na conformidade do produto se baseia na demonstração de sua

capacidade sobre os estágios acima descritos.

ISO 9002 = Sistema de Qualidade - É um modelo para a garantia da qualidade

durante vários estágios, referente à produção e à instalação. Destina-se a

organizações em que a confiança na conformidade do produto sustenta-se na

demonstração da sua capacidade de produção e instalação.

ISO 9003 = Sistema de Qualidade - É um modelo para a garantia da qualidade

durante os estágios de inspeção e ensaio. Destina-se a organizações em que a

conformidade do produto se baseia exclusivamente na demonstração de sua

capacidade de inspeção e de ensaio.

ISO 9004 = Gestão da Qualidade e Elementos do Sistema de Qualidade -

Descreve um conjunto básico de elementos através do qual os sistemas de gestão

da qualidade podem ser desenvolvidos. Para relembrar, um sistema de qualidade

compreende a estrutura organizacional, responsabilidades, procedimentos,

processos e recursos para implementação da gestão da qualidade.

14

Dessa forma, deve ser adaptada ao ramo particular da organização pelo fato de

considerar os elementos apropriados descritos nesta norma. É conhecida também

como Norma Para Qualidade Interna. A sua segunda parte abrange diretrizes

específicas ao setor de serviços, que foi deixado um pouco de lado nas demais

normas.

A ISO-9004-2, segundo FREITAS (1996), divide-se em:

• Princípios do Sistema de Qualidade e

• Elementos operacionais do Sistema de Qualidade, que por sua vez subdivide-se

em:

a) processo de marketing

b) processo de concepção do serviço

c) processo de provisão de serviço

d) análise e melhoria do serviço

De forma esquemática, tem-se a configuração apresentada pela Figura abaixo.

Relação entre as Normas ISO (Maranhão, 1994)

DEFINIÇÕES E CONCEITOS

ISO 8402

GUIA DE SELEÇÃO E USO DAS NORMAS

ISO 9000

GESTÃO DA QUALIDADE

(INTERNA À ORGANIZAÇÃO) ISO 9004

MODELOS DE GARANTIA DA

QUALIDADE

ISO 9001 ISO 9002 ISO 9003

15

Há vantagens e desvantagens ao desenvolver-se um sistema de qualidade e tê-lo certificado, tais como as que seguem.

VANTAGENS:

• Abre novos mercados;

• É potencial para um desperdício menor;

• Fortalece os controles do processo;

• Aumenta os lucros através de maior eficiência

• Reduz gastos com garantias;

• Prova que a empresa tem uma estrutura de gerenciamento de qualidade.

DESVANTAGENS:

• Aumenta o tempo gasto no desenvolvimento do sistema;

• Obter e manter a certificação são atividades caras;

• Pode tornar os sistemas rígidos, inflexíveis e muito burocráticos, com

conseqüente perda de flexibilidade e velocidade de mudanças;

• Requer bastante tempo para se qualificar e conseguir a certificação;

• Pode ser difícil implementar a norma em algumas empresas;

• Requer comprometimento a longo prazo;

• A prática do GQT (Gerenciamento da Qualidade Total) em uma pequena

empresa pode gerar problemas de relacionamento.

ISO 14000 – Recentemente foram criadas as ISO 14000, uma série de normas

para proteção do meio ambiente e gerenciamento ambiental, em que o meio

ambiente está incluso em todas as decisões empresariais. Esta série visa alcançar

os seguintes objetivos:

• Promover uma abordagem comum a nível internacional no que diz respeito à

gestão ambiental e na medição dos seus efeitos;

• Aumentar a capacidade das empresas de alcançarem uma performance

ambiental e na medição dos seus efeitos;

• Facilitar o comércio, eliminando as barreiras dos imperativos ecológicos;

Melhorar continuamente.

16

CAPÍTULO 2 – A GESTÃO DA QUALIDADE

A qualidade, para Deming (1990), começa com a intenção que é

determinada pelos dirigentes, com vistas a alcançar o público interno e externo,

tanto os atuais quanto os futuros. Qualidade pode ser também a forma de

conjugar valores que possam sustentar conceitos criativos em cada etapa do

procedimento humano na organização. Juran (1992), classifica qualidade como a

adequação ao uso. Isto quer dizer que a organização terá que adequar sua

estrutura às necessidades de mercado.

A gestão da qualidade é um conceito complexo que envolve, entre outras

coisas, a definição de uma política de qualidade, o desenvolvimento e o

estabelecimento de sistemas de qualidade fiáveis, e a monitorização e controle

dos processos e produtos na produção. Implantar Gestão da Qualidade é uma

questão de envolvimento e comprometimento. Dentre os seus aspectos

relevantes está o grau de comprometimento das pessoas. Elas precisam entender

e querer assumir um novo papel para provocar uma melhoria da qualidade. A

motivação passa a ser conseqüência natural, resultante dessa relação de respeito

e reconhecimento.

Nos anos mais recentes, a atenção da gestão da qualidade foi dirigida

principalmente para os funcionários da empresa - os gerentes e os trabalhadores.

A motivação e compreensão do funcionário, relativamente á qualidade, tornaram-

se o enfoque principal de atenção. O aprimoramento contínuo da Gestão da

Qualidade é condição indispensável para assegurar condições mínimas de

competitividade em um mercado mundialmente globalizado. O Brasil tem se

mobilizado, mesmo que tardiamente, no sentido de fomentar o estudo e o

desenvolvimento pragmático da administração da qualidade através de programas

de incentivo e capacitação, tanto públicos quanto privados. A gestão da qualidade

tornou-se um estilo administrativo. Este estilo administrativo é manifestado de dois

modos principais: primeiramente em direção à melhoria e trabalho de equipe; e em

segundo, dando ênfase aos sistemas de qualidade e á sua certificação.

17

PRINCÍPIOS DE GESTÃO DA QUALIDADE

Para conduzir e operar com sucesso uma organização é necessário dirigi-la

e controlá-la de maneira transparente e sistemática. O sucesso pode resultar da

implementação e manutenção de um sistema de gestão concebido para melhorar

continuamente o desempenho, levando em consideração, ao mesmo tempo, as

necessidades de todas as partes interessadas. A administração de uma

organização contempla a gestão da qualidade entre outras disciplinas de gestão.

Oito princípios de gestão da qualidade foram identificados, os quais podem

ser usados pela Alta Direção para conduzir a organização à melhoria do seu

desempenho.

• Foco no Cliente - Organizações dependem de seus clientes e, portanto, é

recomendável que atendam às necessidades atuais e futuras do cliente, os seus

requisitos e procurem exceder as suas expectativas.

• Liderança - Líderes estabelecem a unidade de propósito e o rumo da

organização. Convém que eles criem e mantenham um ambiente interno, no qual

as pessoas possam estar totalmente envolvidas no propósito de atingir os

objetivos da organização.

• Envolvimento de Pessoas - Pessoas de todos os níveis são a essência de uma

organização, e seu total envolvimento possibilita que as suas habilidades sejam

usadas para o benefício da organização.

• Abordagem de Processo - Um resultado desejado é alcançado mais

eficientemente quando as atividades e os recursos relacionados são gerenciados

como um processo.

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• Abordagem Sistêmica para a Gestão - Identificar, entender e gerenciar os

processos inter-relacionados como um sistema contribui para a eficácia e

eficiência da organização no sentido desta atingir os seus objetivos.

• Melhoria Contínua - Convém que a melhoria contínua do desempenho global da

organização seja seu objetivo permanente.

• Abordagem Factual para Tomada de Decisão - Decisões eficazes são baseadas

na análise de dados e informações.

• Benefícios Mútuos nas Relações com os Fornecedores - Uma organização e

seus fornecedores são interdependentes, e uma relação de benefícios mútuos

aumenta a capacidade de ambos em agregar valor.

Estes oito princípios de gestão da qualidade formam a base para as normas de

sistema de gestão da qualidade na família NBR ISO 9000.

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

O termo qualidade de vida no trabalho é notável no comportamento e clima

organizacional, como indicador da qualidade geral da experiência humana no local

de trabalho. Expressa uma forma especial de pensar a respeito das pessoas, do

seu trabalho e das organizações nas quais suas carreiras são realizadas. A

qualidade de vida no trabalho apresenta-se como uma preocupação do homem,

desde o início de sua existência, com o objetivo de facilitar ou trazer satisfação e

bem-estar ao trabalhador, na execução de suas tarefas.

Nos Estados Unidos, na década de 60, os movimentos com a qualidade de

vida no trabalho tomaram impulso com a criação da National Comission on

Produtivity, que visava analisar as causas da baixa produtividade nas indústrias.

19

Em 1979, a abordagem sobre qualidade de vida no trabalho entra em uma

nova fase, induzida pelo estilo e técnicas de administrar utilizadas pelo Japão,

como, por exemplo, o Ciclo de Controle de Qualidade, que se disseminou nas

organizações do Ocidente, em especial nas norte-americanas HUSE e

CUMMINGS (1985).

Os anos 80 foram marcados fortemente pela idéia de uma maior

participação dos trabalhadores nos processos decisórios das empresas. Nos anos

90, a qualidade de vida no trabalho torna-se foco de programas que relatam

valores ambientais e humanísticos, negligenciados pelo avanço tecnológico

WALTON (1973).

No Brasil, o interesse pelo tema pode ser considerado recente, mas

algumas pesquisas vêm sendo desenvolvidas no sentido de ampliar o

conhecimento sobre qualidade de vida no trabalho e dar espaço para novas

discussões.

A globalização e a estabilidade da moeda estão trazendo à luz aspectos até

então ocultos, como o padrão de qualidade e o real valor dos produtos e serviços,

fazendo com que as empresas sejam forçadas a atuar de acordo com regras

impostas pela concorrência mundial. Os indivíduos dentro da organização

participam de grupos sociais e mantêm-se numa constante interação social. Na

relação pessoas e qualidade, muitas são as histórias de sucesso, porém, com

igual ou maior intensidade, são os fracassos vividos por empresas na tentativa de

implementar a Qualidade.

“... Qualidade pressupõe estratégia de empresa, ou seja, valores da cultura

da organização (as crenças), que são traduzidos por orientação precisas (as

políticas), que são diretrizes ao planejamento e à ação (as estratégias). Sem uma

estratégia global, as estratégias tornam-se conflitantes e episódicas e conceitos

20

como o de qualidade tendem a tornar-se simples modismos que não resistem aos

primeiros insucessos” CROSBY (1990).

Sem motivação não há um bom rendimento no trabalho. A motivação é

considerada importante e fundamental para o bom desempenho das atividades,

influenciando positivamente no relacionamento com os companheiros de trabalho.

A motivação procura explicar porque as pessoas de comportam de determinado

modo. De acordo com CHIAVENATO (1993), é preciso conhecer melhor as

necessidades humanas dos trabalhadores para melhor utilizar a motivação

humana como um poderoso meio para melhorar a qualidade de vida dos

trabalhadores dentro das organizações.

Com muita freqüência as empresas se preocupam em “motivar os

funcionários para o trabalho”. Com igual freqüência, é solicitado à área de

Recursos Humanos os “treinamentos motivacionais” ou a criação de programas

específicos com esse fim: prêmios de produtividade, por participação,

cumprimento de metas, plano de benefícios diferenciados, adicionais de salário

em final de ano ou outras formas de incentivos especiais.

O treinamento apresenta-se como uma importante ferramenta

administrativa para o aumento da qualidade e produtividade dos produtos e

serviços, já verificada nos primórdios do "sistema de fábrica".

A conceituação de treinamento costuma se apresentar de várias maneiras.

Antigamente o treinamento era considerado como um meio de adequação das

pessoas ao seu cargo. Nos anos mais recentes ampliou-se esse conceito,

passando-se a considerar o treinamento como uma alavanca para um bom

desempenho do cargo. Modernamente, é tido como um meio de desenvolver

competências nas pessoas, para que se tornem mais produtivas, criativas e

inovadoras, a fim de alcançar os objetivos da organização. Assim, pode-se afirmar

21

que o treinamento é uma fonte de lucratividade, é uma maneira eficaz de agregar

valor às pessoas, à organização e aos clientes.

Para CHIAVENATTO (1999), "Treinamento é o processo educacional de

curto prazo aplicado de maneira sistemática e organizada, através do qual as

pessoas aprendem conhecimentos, atitudes e habilidades em função de objetivos

definidos".

A busca de certificação para Qualidade potencializa e consolida políticas e

ações de gestão de pessoas especialmente na função de treinamento, o que

caracteriza um cenário favorável na competitividade de Recursos Humanos

através de Programas de Gestão da Qualidade.

AS TEORIAS X E Y DE MAC GREGOR

Com relação à motivação, Douglas McGregor em 1957, de acordo com

CHIAVENATO (1999) instituiu as teorias X e Y. Estas teorias, que mostram óticas

opostas no ambiente organizacional com relação a satisfação de seus

profissionais.

Teoria X

Esta teoria considera que o ser humano naturalmente não aprecia o

trabalho e tenta evitá-lo quando possível. Nesta teoria existe uma escassez de

fatores motivacionais que ocorre porque administradores que utilizam esta

ferramenta não levam muito em consideração os fatores psicológicos e subjetivos

do indivíduo.

Teoria Y

Contrariando a Teoria X, esta teoria tem como modelo o homem realizador,

fundamentando-se na integração do indivíduo com os objetivos organizacionais.

22

BERGAMINI (1980) afirma: "Desenvolver organizações é, antes de tudo,

desenvolver pessoas. Se entendemos as organizações como sistemas em

permanente processo de transformação, assumimos que, assim como uma

construção social, elas só podem ser reconstruídas pela vontade dos indivíduos

que a compõem". Como pessoas que integram a estrutura de poder das

organizações, os gerentes têm enorme potencial de influência sobre o

comportamento dos indivíduos e devem ser preparados para lidar com as reações

a essa influência.

ERROS DA QUALIDADE

Um dos erros estratégicos clássicos é provocar um confronto direto com o

líder da qualidade na indústria. O conhecimento das múltiplas dimensões da

qualidade permite à empresa optar pela estratégia a ser adotada e evitar esse

erro.

Um dos erros comuns é buscar as dimensões de qualidade não valorizadas

pelo cliente, o que normalmente ocorre devido à falta de pesquisa de mercado

adequadamente conduzida.

Outro erro em qualidade refere-se à precisão dos instrumentos utilizados

para avaliar as reações dos consumidores, não conseguindo “traduzir”

corretamente seus interesses, o que leva a indicações inócuas ou errôneas.

Outro aspecto importante é que o mínimo de reclamações é uma frágil

medida de qualidade, não devendo ser adotada como principal instrumento. Esta

observação deve-se ao fato de que apenas uma pequena parcela dos clientes

efetivamente reclama e, adicionalmente, esse instrumento não capta melhorias

implementadas pelos concorrentes.

23

CAPÍTULO 3 - QUALIDADE TOTAL:O DIFERENCIADOR DAS ORGANIZAÇÕES

A Qualidade Total (QT), é originária do Japão, e por isso buscou-se no

Modelo Japonês de gestão da produção, as origens, pressupostos e ferramentas

de tal metodologia.

Até 1965, as indústrias japonesas se dedicaram a implantar os métodos

ocidentais de controle de qualidade, especialmente técnicas estatísticas. A seguir,

o desenvolvimento evoluiu para a Qualidade Total (QT), abrangendo toda a

empresa.

Com esta conotação, a Qualidade Total passou a ser entendida como

qualquer coisa que pudesse ser melhorada em qualquer aspecto da empresa, não

só produtos e serviços, mas também como as pessoas trabalhavam, as máquinas

operadas e os sistemas e procedimentos abordados.

De uma maneira prática e bem compreensível, a Qualidade Total se

manifesta através de uma redução drástica dos produtos defeituosos. O termo

qualidade total tem inserido em seu conceito seis atributos ou dimensões básicas

que lhe conferem características de totalidade. Essas seis dimensões são:

qualidade intrínseca; custo, atendimento, moral, segurança e ética.

Na transição dos anos 70 para os 80, os princípios de administração da

qualidade evoluíram para a filosofia da Qualidade Total, espalhando-se então para

todo o mundo. Para tanto, cinco fatores contribuíram muito:

1. Globalização da economia - Isso resultou na redução das barreiras

alfandegárias e tributárias e o surgimento dos blocos político-econômico de

países;

24

2. Desafio japonês - A substituição pela indústria japonesa no mundo ocidental só

não dominou também a indústria de relógios e automóveis, porque os fabricantes

tradicionais reagiram usando das mesmas armas de qualidade;

3. A “Nova consciência” do consumidor - Este passou a ter códigos específicos de

defesa e acostumou-se a usá-los;

4. Programas governamentais - Estimulam a adoção de programas de

administração da qualidade. Ex.: Prêmio Nacional de Qualidade;

5. Políticas de garantia da qualidade - À medida que se viam forçadas a aprimorar

o sistema de qualidade interno, muitas empresas passaram a exigir o mesmo dos

fornecedores, acabando assim com a prática usada de inspecionar as peças ou

matérias-primas no seu recebimento.

Durante os últimos 15 anos, programas de Gerenciamento da Qualidade

Total (no original TQM, Total Quality Management) têm sido amplamente aceitos e

praticados em um número crescente de organizações. A TQM é uma resposta às

mudanças no ambiente em que as organizações se inserem. A seguir serão

discutidas a origem e evolução, as principais características, o impacto da TQM no

desempenho das organizações e sua aplicação nas organizações públicas.

A pouco mais de duas décadas a essência da filosofia do Gerenciamento

da Qualidade Total desenvolvida por W. E. DEMING, Joseph JURAN e Philip

CROSBY ganhou aceitação em todo o mundo. A partir de então, a TQM tem se

tornado um movimento social.

TQM é um sistema de gerenciamento que abrange um conjunto de crenças

e princípios desenvolvidos para estimular todas as pessoas a melhorar

continuamente os processos organizacionais com o objetivo de satisfazer ou

exceder as expectativas dos clientes. O foco é sobre o cliente e os processos são

25

conduzidos segundo informações obtidas junto a ele. Qualidade significa o que

tem valor para a organização e seus usuários (aqueles que utilizam seus produtos

e serviços), como qualidade física dos produtos e serviços, produtividade,

eficiência, ética, segurança e bom atendimento CARR e LITTMAN (1992).

No Brasil, a TQM começou a ganhar espaço com a mudança estratégica na

política industrial, em 1990, da “substituição de importações” pela “consolidação

da indústria nacional”, baseada na melhoria da qualidade e produtividade.

Iniciativas como a criação do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade

(PBQP) e da Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (FPNQ) reforçam

essa idéia. O que torna a TQM diferente da gerência tradicional é a compreensão

dos princípios e estruturas impulsionadoras da qualidade.

A literatura apresenta inúmeros casos de sucesso de aplicação da TQM em

organizações governamentais de distintas naturezas. Projetos de melhoria da

qualidade resultam em significativa redução de custos, melhoria dos serviços aos

clientes, aumento de produtividade, engajamento e satisfação dos funcionários,

apesar de resistências iniciais na implementação de novos paradigmas.

Trabalhar com Qualidade Total exige que as pessoas tenham seu foco no

cliente. Muitas vezes cumprir esta missão não é fácil, pois várias empresas não

sabem nem ao certo quem é seu cliente, menos ainda, suas necessidades.

POR QUE IMPLEMENTAR A QUALIDADE TOTAL?

Porque na última década, com o advento da globalização, as empresas têm

sido pressionadas por uma acirrada disputa de mercado. Muitas empresas adotam

o Programa de Qualidade Total como uma saída para resolver problemas

imediatos e a curto prazo, tais como de relacionamento dentro da empresa, de

capacitação de mão-de-obra ou para solucionar problemas de baixa qualidade nos

produtos e serviços. A busca da melhoria da qualidade é uma forma de gerenciar

as organizações, estando intimamente ligada tanto à mudança, não só de

26

comportamento, mas também no processo de liderança, quanto da forma de

comprometimento. A Qualidade Total é uma abordagem para melhorar a

competitividade, a eficácia e a flexibilidade de toda uma organização. É

essencialmente uma maneira de planejar, organizar e compreender cada

atividade, e depende de cada indivíduo em cada nível.

Porque as empresas estão perdendo muitíssimo dinheiro já há muito tempo

e perderão cada ano que passa, até fecharem suas portas se não mudarem sua

ótica a tempo. Esta perda está representada, basicamente, pelo custo da má

qualidade.

Porque a pressão social está aumentando sobre as empresas; alguns

sintomas são: a) lei de defesa do consumidor; b) redução das tarifas

alfandegárias; c) leis de proteção ambientais; d) projetos de leis de distribuição de

lucros; e) exigência de padrões internacionais; f) adoção de Qualidade Total em

empresas concorrentes – nacionais e internacionais – fazendo-as mais

competitivas, etc.

Porque: a) desenvolvimento acelerado de mercados comuns nos quais as

empresas que não se adaptem às novas modalidades de mercado não terão vez;

b) aplicação acelerada da filosofia e das técnicas da Qualidade Total nas

empresas concorrentes, reduzindo seus custos em forma drástica e tornando-se

cada vez mais competitivas; c) aumento acelerado da conscientização no ser

humano, devido ao rápido desenvolvimento de seu hemisfério cerebral direito,

sendo que até agora usamos apenas o esquerdo.

A implementação da Qualidade Total por uma organização exige que esta

adote algum modelo de referência como base para gestão, sendo os Programas

de Qualidade Total alternativas de suporte para que a referida implantação seja

feita. O Programa de Qualidade Total tem como pressuposto básico o aumento da

capacidade competitiva da organização, e para que esse pressuposto seja

27

atingido o Programa deve conter as ações necessárias dispostas de uma forma

que direcione a organização a introduzir ou consolidar a orientação para a

satisfação total do consumidor, para a gerência dos processos e para a melhoria

contínua, de forma a fornecer produtos ou serviços com a qualidade desejada

pelos clientes.

Fora disto, tem o problema dos números tangíveis e dos números

intangíveis. Os primeiros são bem conhecidos por todo administrador; os outros

são ignorados porque fazem parte do futuro, mas eles são construídos com nossa

ação presente. Um desses números intangíveis tem relação ao que acontece

quando um cliente está satisfeito com o nosso produto (e nessa satisfação devem

estar envolvidos todos os setores da empresa, agindo com elevados padrões de

qualidade, de modo que por isso se fala de Qualidade Total), e outro número

intangível está relacionado ao que acontece quando o cliente está insatisfeito com

nosso produto (e esta insatisfação não pode atribuir-se – mais uma vez – a uma

suposta incapacidade do departamento de produção de fabricar um produto bom;

o que está em jogo é a capacidade do Presidente e da Diretoria toda, para fazer

da empresa um empreendimento viável). Da dinâmica destes números intangíveis

dependerá não só a prosperidade e cada empresa e sim a sua própria

sobrevivência.

Como implementar a Qualidade Total? Não há um caminho único,

dogmático e imodificável para implementara Qualidade Total. Cada consultor tem

seu próprio esquema, mas existem – sem dúvida – alguns pontos essenciais que

não podem ser omitidos.

Uma forma de treinar para a Qualidade Total é implantar o "Programa 5S".

Um pequeno programa, que os japoneses criaram, e que facilita a prática da

Gestão da Qualidade Total, por todos de uma organização. Trabalha-se os

processos simples, do dia a dia, a começar daqueles que garantem um ambiente

de qualidade.

28

São os cinco sensos, isto é, cinco habilidades de usar o raciocínio, a

sensibilidade e uma postura de discernimento para agir. Os japoneses não falam

de princípios, mas de sensos, que envolvem o todo do ser humano e não apenas

a razão. Os cinco sensos: seiri = senso de utilização; seiton = senso de

ordenação; seisou = senso de limpeza; seiketsu = senso de saúde e shitsuke =

senso de auto-disciplina.

A qualidade total é uma forma de gestão e, para sua efetiva utilização, são

necessários inúmeros esforços por parte da alta administração da organização,

além da estruturação de um sistema de qualidade, que é considerado elemento

básico para a implementação da gestão da qualidade total

A Qualidade Total se baseia no conceito de que a empresa é um organismo

complexo e todos os seus componentes têm que atingir bons padrões. Isso inclui,

na exigência de qualidade, os serviços da empresa, tanto internos como externos.

PRINCÍPIOS DA QUALIDADE TOTAL

O que torna a qualidade total diferente da gerência tradicional é a

compreensão dos princípios e estruturas impulsionadoras da qualidade. Um

sistema de gerenciamento de qualidade total tem como princípio:

- "Satisfazer e superar as expectativas dos clientes através de produtos e serviços,

onde todos os integrantes da organização participem e contribuam para a melhoria

da qualidade de forma global".

- "Superar expectativas significa atender aos desejos básicos explicitados pelo

usuário, mais aqueles que ele possui mas não descobriu ainda."

Armand V. FEIGENBAUM lançou os princípios da Qualidade Total em obra

que tornou-se clássica em todo mundo; em comemoração aos 40 anos da primeira

29

edição, o autor revisou a terceira edição americana, mostrando ainda a aplicação

de seus conceitos então estabelecidos.

Define sistema de qualidade total como "a combinação da estrutura

operacional de trabalho de toda a companhia (...) documentada em procedimentos

gerenciais e técnicos, efetivos e integrados, para o direcionamento das ações

coordenadas de mão-de-obra, máquinas e informações da companhia (...), de

acordo com os melhores e mais práticos meios de assegurar a satisfação quanto a

sua qualidade e custos". FEIGENBAUM (1994)

A definição de qualidade atualizada por FEIGENBAUM, tanto para produtos

como serviços, coloca a orientação para a empresa, em termos de satisfação total

do cliente e responsabilidade de todas as áreas da organização: a "combinação de

características de produtos e serviços referentes a marketing, engenharia,

produção e manutenção, através das quais produtos e serviços em uso

corresponderão às expectativas do cliente". Neste sentido, o gerenciamento da

qualidade total (GQT) deve envolver todo o escopo do "ciclo de vida" do produto e

serviço, onde a integração sistêmica das diversas áreas proporcionem o

"gerenciamento da qualidade por antecipação". (1994)

Qualquer que seja o modelo adotado para o sistema da qualidade total, as

características de importância peculiar, são as que fazem dele base para:

* PONTO DE VISTA CONCEITUAL, onde a qualidade é processo contínuo de

atuação que inicia com exigências do consumidor e termina com êxito com a

satisfação destas.

• DOCUMENTAÇÃO PLANEJADA, "como a identificação das atividades mais

importantes e duradouras e das interações entre pessoas-máquina-informação,

que tornam uma certa atividade viável e comunicável por toda a empresa."

FEIGENBAUM (1994)

30

* QUALIDADE ADMINISTRÁVEL, pois diante do amplo escopo das atividades

deve permitir que todos abracem com determinação ações para a qualidade.

* APERFEIÇOAMENTOS TÉCNICOS SISTEMÁTICOS, priorizados em todas as

principais atividades da empresa pela qualidade.

* ESTRUTURAÇÃO DE OBJETIVOS a serem alcançados de modo planejado e

gerenciado, entre os quais:

- Programas e objetivos definidos e específicos referentes à qualidade;

- Orientação firme voltada ao consumidor;

- Todas as atividades necessárias para realização;

- Integração das atividades por toda a organização;

- Atribuições claras ao pessoal, tendo em vista obter a qualidade;

- Atividades específicas de controle de fornecedores;

- Identificação total do equipamento da qualidade;

- Fluxo de informação, processamento e controle definidos e efetivos;

- Forte conscientização, motivação e treinamento em toda a organização;

- Custo da qualidade e outras medidas e padrões de desempenho;

- Eficácia real de ações corretiva;

- Controle contínuo do sistema, incluindo predição e realimentação de informação,

análise dos resultados e comparação com padrões atuais;

- Auditoria periódica das atividades do sistema". FEIGENBAUM (1994)

31

SERVIÇO DE QUALIDADE TOTAL

Karl ALBRECHT enfatiza que o modelo de Serviços de Qualidade Total

(SQT) que propõe, é mais uma descoberta do que invenção. É "uma percepção

que emergiu do estudo das filosofias, abordagens à liderança e práticas

empresariais de um grande número de organizações comprometidas com o cliente

e de desempenho notável". ALBRECHT (1993).

QUALIDADE TOTAL E COMPETITIVIDADE

A competição é responsável pela adaptação das atividades de uma

empresa em relação ao seu ambiente de atuação, fruto das estratégias

competitivas adequadas usadas pelas mesmas. Uma das estratégias competitivas

possíveis de ser utilizada pela empresa e a diferenciação dos seus produtos e/ou

serviços.

Esta diferenciação não reside de modo agregado e generalizado na

empresa, mas pode ser alcançada através de atividades especificas que a firma

executa e que afeta os clientes de alguma maneira. Também alguns aspectos

tecnológicos, peculiares de cada indústria, possam estar relacionados a

diferenciais competitivos em função da excelência com que a empresa venha a

manipular tais tecnologias.

Frente ao novo ambiente concorrencial internacional, as empresas

ocidentais já não podiam deixar de perceber a necessidade de usar o potencial da

manufatura/operações como uma arma competitiva. Tal fato possibilitou o

surgimento de uma nova ótica e uma nova abordagem frente aos sistemas de

produção e a sua administração, bem como a disseminação de um novo modelo

de gestão: Qualidade Total.

A pratica da Gestão pela Qualidade Total influencia a competitividade

empresarial em diversos aspectos, a saber:

32

• possibilita A empresa diferenciar-se e competir com base em: produtos

livres de defeitos, produtos confiáveis, entregas confiáveis e rápidas, etc.

• as atividades manufatureiras/operacionais passam a contribuir também com

eficácia: use de critérios de desempenho com base em: indicadores de

qualidade, confiabilidade, prazos, flexibilidade, etc.

• a definição de foco e da busca da excelência no que realmente importa - a

satisfação dos clientes;

• as atividades operacionais passam a ser pensadas de forma estratégica.

Com a Gestão pela Qualidade Total, as possibilidades de sincronização das

estratégias de competição e as estratégias de manufatura são facilitadas,

particularmente em termos dos atuais objetivos estratégicos de performance dos

ambientes operacionais. As influencias se fazem mercantes em praticamente

todas as dimensões operacionais da empresa, notadamente tecnologia de

processos, no sistema da qualidade, na política de recursos humanos, na

organização para o desenvolvimento de produtos e processos, e nos sistemas de

avaliação. Desta forma, o modelo de Gestão pela Qualidade Total procura

atender às novas balizas da competição: o atendimento de novos produtos e

serviços diferenciados e de maior qualidade; ao ciclo de vida cada vez mais curto

e volátil destes mesmos produtos e serviços; as necessidades de estarem

combinados a alta qualidade e baixos custos relativos e competitivos; às

necessidades mutáveis dos consumidores; à capacidade de inovação requerida

pelos diversos segmentos de mercado; dentre outras.

33

GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL

A Gestão da Qualidade Total compreende: definição da Missão + Visão de

Futuro da Organização + métodos para a busca da qualidade + controle do

processo.

A Missão e a Visão de Futuro devem ser construídas pelo alto escalão da

organização e, depois de divulgadas devem ser desdobradas por cada setor ou

departamento da instituição.

As empresas que hoje gozam de sucesso, são exatamente aquelas que

mais se preocupam com as formas de pensar dos seus gerentes. Não basta obter

o apoio destes para um perfeito gerenciamento, é preciso que estejam

comprometidos, mas não só, terão que estar com suas mentes arejadas e abertas,

dispostas a aceitar sugestões e proposições dos trabalhadores, mesmo que estas

possam parecer absurdas e sem sentido. Assim estarão dando uma

demonstração inequívoca de interesse pelas opiniões das pessoas, bem como na

obtenção de resultados através da administração em parceria.

A empresa não pode mais prescindir da capacidade pensante de seus

gerentes, sob pena de ver o gerenciamento da qualidade sucumbir. A busca da

ação empreendedora das pessoas deve ser a tônica dos processos de

gerenciamento, para que a organização transforme a cultura burocrática em

cultura da qualidade. Valores básicos como o cliente em primeiro lugar, é um dos

vários procedimentos a serem tomados, para a interiorização da qualidade total.

Na Gestão de Qualidade Total a administração é feita no sentido horizontal,

com a participação de todos e não, verticalmente, de cima para baixo como

acontecia nas administrações tradicionais.

34

Antes da Gestão de Qualidade Total os administradores agiam por

suposição sem considerar os dados e os fatos. Não bastam a intuição e o

raciocínio lógico. O importante é o levantamento dos dados e fatos e a análise de

tudo isto, com recursos da estatística e dos métodos de observação.

A Gestão da Qualidade Total (GQT) é uma opção para a reorientação

gerencial das organizações. Tem como pontos básicos: foco no cliente; trabalho

em equipe permeando toda a organização; decisões baseadas em fatos e dados;

e a busca constante da solução de problemas e da diminuição de erros.

A Gestão da Qualidade Total valoriza o ser humano no âmbito das

organizações, reconhecendo sua capacidade de resolver problemas no local e no

momento em que ocorrem, e busca permanentemente a perfeição. Precisa ser

entendida como uma nova maneira de pensar, antes de agir e produzir. Implica

uma mudança de postura gerencial e uma forma moderna de entender o sucesso

de uma organização. É uma nova filosofia gerencial que exige mudanças de

atitudes e de comportamento.

Essas mudanças visam ao comprometimento com o desempenho, à

procura do autocontrole e ao aprimoramento dos processos. Implica também uma

mudança da cultura da organização.

A qualidade de um produto não é afetada apenas pelo processo produtivo

em si, mas por todas as tarefas da organização, como o planejamento estratégico

da empresa, o departamento administrativo, o departamento de recursos

humanos. Assim, a qualidade do processo produtivo foi substituída pelo conceito

de gestão de qualidade.

Mais modernamente, a gestão da qualidade percebe que um produto de

qualidade não é só um produto livre de defeitos, mas, mais do que isso, um

produto aprovado pelo cliente (naturalmente, do ponto de vista administrativo, não

35

adianta um produto ser perfeito se ninguém quiser comprá-lo!). Portanto, o

conceito de qualidade passa a incluir também a garantia de que as opiniões do

cliente sejam conhecidas e consideradas. Esse conceito abrangente de qualidade,

ligado à gestão administrativa, aplica-se tanto para a produção de mercadorias e

bens de consumo como para serviços.

A melhoria da qualidade do processo, e, por extensão, do produto resulta

de uma gerência voltada para o objetivo da qualidade. Embora a idéia inicial de

gerência de qualidade seja da busca da excelência do processo, o conceito é mais

geral e envolve toda a empresa em itens inesperados como: limpeza, incentivo ao

treinamento de funcionários e nível de informação da direção.

De acordo com MEARS (1993), a Gestão pela Qualidade Total é um

sistema permanente e de longo prazo, voltado para o alcance da satisfação do

cliente através de um processo de melhoria continua dos produtos e serviços

gerados pela empresa. Sendo que, de caráter geral, uma gestão pela qualidade

total que efetivamente tenha controle sobre a qualidade, tem como necessidade a

participação de todos os membros da empresa, incluindo gerentes, supervisares,

trabalhadores e seus executivos, na busca do objetivo de melhoria continua.

Uma Gestão de Qualidade Total deve considerar os seguintes fatores:

• os níveis mais altos da hierarquia da empresa devem exercer efetiva

liderança e motivar a busca da qualidade;

• a gerência deve ser altamente informada sobre seu desempenho e dos

concorrentes, resultados de mudanças na gestão e tudo o que se relaciona

com o andamento da empresa;

• a empresa deve ter um planejamento estratégico para qualidade e

desempenho de médio e longo prazos e que sejam de amplo conhecimento

na empresa;

36

• a gestão de recursos humanos da empresa deve prever planos de treinamento

e atualização dos funcionários, bem como medições sistemáticas de qualidade,

desempenho e satisfação de todas as pessoas da empresa;

• a gestão da qualidade do processo deve considerar desde a pesquisa de

mercado para o lançamento de novos produtos, passando pelo processo de

produção, de negócios, de serviços de apoio, até a verificação (ou

modificação) da qualidade dos fornecedores, em cada um desses itens

deve haver um controle sistematizado de qualidade;

• a cada decisão da gerência que resulte em alguma alteração em qualquer

parte do processo produtivo, deve existir uma comparação ou resultados

esperados com aqueles obtidos.

• a gerência deve manter um permanente monitoramento da satisfação do

cliente, através de pesquisas, canais abertos de comunicação,

compromissos assumidos e outros meios.

Esses itens demonstram que a obtenção de um produto de qualidade vai além

da avaliação das características intrínsecas do produto, que podem ser ótimas até

como uma obra do acaso, mas resultam de uma garantia de que todas as

condições para que o produto seja ótimo sejam repetidas para cada item

produzido.

37

CUSTOS DA QUALIDADE

Dentro da gestão da qualidade total os sistemas de custo da qualidade

devem funcionar como um indicador de avaliação monetária dos programas de

qualidade total, conforme ROBLES Jr. (1994).

CAMPANELA (1999) define custos da qualidade como sendo aqueles que

representam a diferença entre o custo atual de um produto ou serviço e o custo

ideal, se não houvesse o serviço fora do padrão, falha de produtos, ou defeitos na

manufatura. Nesta definição, os custos da qualidade são uma medida dos custos

associados com o atendimento das especificações (requerimentos) do produto.

JURAN e GRYNA (1988), afirmam que o termo “custos da qualidade” tem

diferentes significados para diferentes pessoas. Enquanto alguns associam os

custos da qualidade com os custos da obtenção da qualidade, outros associam o

termo aos gastos do Departamento da Qualidade. Para esses, o termo custos da

qualidade significa “Custos da má qualidade” - aqueles custos que

desapareceriam, se os produtos e processos da empresa fossem perfeitos.

38

CAPÍTULO 4-QUALIDADE TOTAL NA ECT(CASE)

O objeto desse estudo de caso é uma empresa pública de grande porte,

que presta serviços de fundamental importância para a sociedade brasileira: a

Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Buscou-se avaliar as transformações

dos aspectos relacionados à qualidade de vida a partir da introdução do Programa

de Qualidade Total na Gerência de Administração (GERAD) da Empresa Brasileira

de Correios e Telégrafos (ECT) na sua Diretoria Regional de Santa Catarina

(DR/SC). Entende-se que a Qualidade de Vida deve ser compreendida e

incorporada ao discurso daqueles que buscam a Qualidade Total.

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é uma empresa que atende

às necessidades de comunicações postais e telemáticas dos consumidores e

empresas no Brasil. Por isso, representa um papel importante na comunicação

dentro do contexto de desenvolvimento da sociedade brasileira. A ECT é também

um importante agente de ação social do Governo, estando presente em

praticamente todos os municípios brasileiros, sendo muitas vezes o único ponto de

representação governamental em certas localidades.

A história da Qualidade Total nos Correios/DR/SC começou em junho de

1993 com a criação do Comitê da Qualidade. O programa foi instituído sob a

coordenação da Assessoria da Qualidade – ASQUA, que tem como principal

atividade fazer com que a cultura da Qualidade Total seja cada vez mais

incorporada ao dia-a-dia da ECT (CORREIOS..., 1997, p. 17).

O primeiro passo foi o comprometimento da alta administração e de todos

os membros do corpo gerencial. A partir de então, iniciou-se o processo de

sensibilização de todos os colaboradores para a necessidade de implementação

de um amplo Programa de Qualidade, com o intuito de abranger todos os níveis e

atividades da empresa. Foi implementado, também, o Programa de Capacitação

de Lideranças para a qualidade e produtividade, com o objetivo de recuperar a

39

cultura de aferição da produtividade. Portanto, a filosofia da ECT é a de que todos

os colaboradores sejam engajados no processo de implantação e informados da

política, das diretrizes e do plano básico de atividades a serem implementadas

com vistas a tornar a Qualidade Total um estilo de gestão integrado à

administração da Empresa (CORREIOS, 1997).

Dessa forma, na visão dos gestores da ECT, para que o programa obtenha

êxito é necessária uma base cultural bem estabelecida, com foco no atendimento

das expectativas dos clientes e do mercado, fundamentada no compromisso e na

participação de todos os ecetistas (CORREIOS, 1997).

A Assessoria de Planejamento e Qualidade – APLAQ, é o órgão

responsável pela coordenação do PQT na DR/SC, desde quando a direção da

empresa decidiu pela implantação do programa. Segundo o Gerente da APLAQ, o

processo de introdução do PQT na ECT/DR/SC começou pela preparação das

pessoas através de programas de motivação para a qualidade, seguido de

treinamento das gerências e chefias com ênfase nas ferramentas e instrumentos

da Qualidade Total, começando pelo 5 S. Para ele, a DR/SC sempre preocupou-

se em obter os melhores índices de resultados do Brasil, e com a implantação do

programa, as pessoas começaram a trabalhar preocupadas com o cliente. “Hoje,

as pessoas tem uma noção muito clara de que você precisa satisfazer o cliente,

quer seja interno ou externo. Você tem que apresentar resultados, ser

competitivo”. (Gerente da Qualidade)

Para tanto, na opinião do Gerente da APLAQ, para que a introdução do

PQT obtenha sucesso é fundamental uma decisão firme da Direção e participação

efetiva das Gerências para que a qualidade realmente se torne uma realidade na

empresa. Com isso, os resultados do PQT já podem ser percebidos, pois com os

treinamentos realizados, o cliente passou a ser o foco dos esforços. (...) O

ambiente de trabalho, melhorou em termos de lay-out, fluxo, ergonomia, e isso

40

com certeza trouxe mais satisfação para os colaboradores. (Gerente da

Qualidade).

Em uma empresa que passa por um processo de reestruturação como a

ECT, redefinindo sua estrutura e sua filosofia de negócio, é necessário que se

compreenda a transformação da função das pessoas neste processo. Muito mais

importante do que a empresa ter um conceito ideológico de qualidade, é

fundamental que se estabeleça uma efetiva política de valorização da participação

das pessoas no PQT, bem como, faz-se necessário identificar, que tipo de

influência a introdução de tal programa exerce sobre as pessoas.

Neste trabalho, quando se fala em Qualidade Total, entende-se que,

necessariamente, devem ser incluídos na cultura da organização, fatores como

democratização do ambiente de trabalho, através de abertura para o diálogo e

espaço para expor idéias, participação nas decisões, maior senso comunitário,

visão ecológica, harmonia, estímulo à criatividade e ao desenvolvimento como

profissional e como pessoa, endossando algumas tendências atuais de expansão

do conceito de Qualidade Total pois o PQT só tem sentido se realmente

proporcionar melhores condições de trabalho e satisfação para as pessoas, ou

seja, melhoria de suas condições de vida.

Nesse sentido, entende-se que construir locais de trabalho saudáveis, onde

exista participação das pessoas nas decisões que afetam suas vidas, contribui

efetivamente para a formação de uma sociedade mais justa e democrática.

Portanto, precisamos criar novas formas de encarar o trabalho e o relacionamento

interpessoal advindo dele, criando formas alternativas de organização que

estimulem de diferentes maneiras um bom relacionamento entre as pessoas.

41

CONCLUSÃO

A pouco mais de duas décadas a essência da filosofia do Gerenciamento

da Qualidade Total desenvolvida por W. E. Deming, Joseph Juran e Philip Crosby

ganhou aceitação em todo o mundo.

As mudanças fazem parte do mundo das pessoas e organizações. O

mundo moderno se caracteriza por tendências que envolvem globalização,

tecnologia, informação, conhecimento, serviços, ênfase no cliente, qualidade,

produtividade e competitividade.

As últimas décadas foram marcadas pelo surgimento e expansão do

conceito de qualidade, este processo veio acompanhado por avanços na

compreensão da vida organizacional, que passou a repensar antigos conceitos e a

reformular objetivos e estratégias em consonância às exigências do novo

ambiente.

A qualidade total é um sistema administrativo que revolucionou as

organizações, a ponto de tornar-se uma condição indispensável para o alcance do

desenvolvimento e da prosperidade. Ela capacita e amplia a percepção das

empresas para novas oportunidades, proporcionando um novo posicionamento

estratégico. Por ser um processo que está em constante evolução, incorporando

contribuições valiosas de inovações tecnológicas e administrativas, esta nova

postura aumenta consideravelmente a competitividade das organizações.

Da gestão da qualidade total depende a sobrevivência das organizações

que precisam garantir aos seus clientes a total satisfação com os bens e serviços

produzidos, contendo características intrínsecas de qualidade, a preços que os

clientes possam pagar, e entregues dentro do prazo esperado. É fundamental

atender e, preferencialmente, exceder às expectativas dos clientes. A obtenção

da qualidade total parte de ouvir e entender o que o cliente realmente deseja e

42

necessita, para que o bem ou serviço possa ser concebido, realizado e prestado

com excelência.

O dia-a-dia dos dirigentes das organizações é marcado pela tomada de

decisões, que podem gerar conseqüências diversas conforme o contexto de cada

organização.

Para alcançar níveis elevados de qualidade e produtividade, as

organizações precisam de pessoas motivadas, que participem ativamente nos

trabalhos que executam e que sejam adequadamente recompensadas pelas suas

contribuições.

A implementação dos programas de gestão e de certificação da qualidade

tem como “eixo” a padronização, o controle e a melhoria dos processos, através

da formalização e padronização dos procedimentos de execução e da

monitorização e avaliação desses procedimentos. Com isso, as empresas buscam

ampliar o seu domínio técnico e a previsibilidade sobre os insumos utilizados e

sobre os processos de trabalho, objetivando um maior controle sobre a qualidade

dos produtos e serviços gerados e facilitando a introdução consistente de novas

técnicas e tecnologias de produção – em direção à melhoria contínua.

Na ECT, os resultados demonstram que Qualidade Total está associada a

fatores como satisfação em trabalhar, reconhecimento, satisfação dos clientes

internos e externos, alcance de metas e padrões estabelecidos, eliminação de

erros e desperdícios e melhores condições de trabalho. A introdução do Programa

Qualidade Total na empresa deu-se de forma impositiva, recebendo certa

resistência dos funcionários no início, entretanto aos poucos, estes foram se

familiarizando com o programa e contribuindo para o bom desenvolvimento do

mesmo.

43

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45

ANEXOS

46

COMPROVANTES DE EVENTOS CULTURAIS

47

COMPROVANTES DE EVENTOS CULTURAIS (Continuação)

48

DECLARAÇÃO DE ESTÁGIO

49

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes Projeto A Vez do Mestre

Título da Monografia: Qualidade Total : O Diferenciador das Organizações

Autor: Cristina Maria Montebrune de Souza

Data da entrega: 29 de setembro de 2003

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