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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA Portadores de Necessidades Especiais no mercado de trabalho Por: Dayane Felicíssimo de Souza Orientador Prof. Adélia Araújo Niterói 2012

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · não procuram oportunidades de emprego nas organizações e visa identificar os ... uma vez que ele era visto como um estorvo social

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

Portadores de Necessidades Especiais no mercado de trabalho

Por: Dayane Felicíssimo de Souza

Orientador

Prof. Adélia Araújo

Niterói

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A inclusão dos portadores de necessidades especiais no

mercado de trabalho

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Gestão de Recursos

Humanos.

Por: Dayane Felicíssimo de Souza

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AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus, força e inspiração em

todos os momentos. Aos meus mestres

da graduação e aos amigos que direta

ou indiretamente colaboraram com a

confecção deste trabalho.

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DEDICATÓRIA

Ao meu pai, Arnaldo Ferreira, por todo o

amor, proteção e dedicação em meu

crescimento pessoal e profissional.

À Eliane Felicíssimo, minha mãe,

exemplo de mulher e minha primeira

professora na universidade da vida.

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RESUMO

Em meio as tão atuais discursões sobre inclusão social, percebemos

ainda hoje nas empresas, mesmo aquelas que se intitulam responsáveis

socialmente, a grande dificuldade na contratação de pessoas portadoras de

necessidades especiais, mesmo existindo uma lei para que tal fato se torne

prática nas organizações. Percebemos, porém, que os deficientes, embora

protegidos por lei, não procuram as oportunidades de colocação no mercado

de trabalho e este fator motivou minha pesquisa: compreender porque estes

profissionais estão fora do mercado de trabalho formal, fazendo assim que

pouquíssimas empresas consigam cumprir o número de contratações de

portadores de necessidades especiais exigida por lei. Ao longo da história da

humanidade, a figura do deficiente sofreu várias interpretações e estas se

modificaram ao longo dos tempos, com os avanços da ciência e entendimento

do ser humano, física e emocionalmente. Preconceito, discriminação,

solidariedade e inclusão são conceitos que surgiram durante todo este

processo natural de evolução. Dentro das organizações, a inclusão do

deficiente é um processo cauteloso e que precisa ser realizado com máxima

atenção a todos os envolvidos: ambiente, condições físicas de trabalho e

principalmente, pessoas. Contudo, destaco a importância deste fator para o

sucesso do processo de inclusão; de nada valerá as melhores condições

físicas de trabalho se as pessoas, principal agente de mudanças não estiver

inteirada e comprometida para que se consiga realizar a inclusão.

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METODOLOGIA

Este trabalho será realizado através de pesquisa bibliográfica, tendo

como foco o mercado de trabalho brasileiro, dos anos 2000 até os dias atuais

nas empresas do setor privado e terá sua fundamentação construída a partir

dos estudos e práticas de gestão, composto por pesquisa de caráter

exploratório tendo como fonte de coleta de dados a bibliografia disponível

sobre o tema, publicada no Brasil, nos últimos 10 anos e também artigos,

revistas e trabalhos de pesquisa disponíveis na WEB.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A deficiência e a sociedade 10

CAPÍTULO II - Métodos de inserção do

deficiente no contexto social 14

CAPÍTULO III – A Lei de Cotas e o

mercado de trabalho 26

CAPÍTULO IV – Integração e adaptação

do deficiente nas empresas 29

CONCLUSÃO 33

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 34

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INTRODUÇÃO

Hoje, nas grandes empresas, muito se fala sobre inclusão social. Para

garantir o direito ao trabalho para as pessoas portadoras de necessidades

especiais foi instituída a Lei 8213/91 de 24/07/91 que regulamenta que as

empresas reservem, de acordo com a quantidade de funcionários que

possuem, parte de suas vagas a portadores de necessidades especiais.

Mesmo assim, notamos extrema dificuldade das empresas para recrutar

profissionais com algum tipo de deficiência, seja ela física ou mental.

Dados de uma pesquisa realizada em empresas do setor privado sobre

dificuldades encontradas na contratação de PNEs mostra em segundo lugar

como dificuldade pouca oferta de mão-de-obra. A partir destes dados e da

realidade observada no processo seletivo dos portadores de necessidades

especiais, esta pesquisa busca compreender os motivos pelos quais os PNEs

não procuram oportunidades de emprego nas organizações e visa identificar os

fatores que ainda mantém os portadores de necessidades especiais fora do

mercado de trabalho, já que este possui oportunidades especificamente

voltadas para eles e, em especial, como os fatores social e estrutural das

organizações influem neste processo.

Acredito que este estudo é extremamente relevante para a inclusão de

portadores de necessidades especiais no mercado de trabalho, pois de

nenhuma valia será existir uma lei que exige a contratação destas pessoas, se

elas não buscam as oportunidades. Entender as barreiras entre PNEs e

empresas é fundamental para que se consiga realizar a tão procurada inclusão

dessas pessoas no mercado de trabalho.

Nos capítulos I e II veremos o contexto social no qual o PNE está

envolvido desde os primórdios da sociedade e os métodos utilizados para a

inserção deste na sociedade. Nos capítulos III e IV veremos a Lei de Cotas

para PNEs no mercado de trabalho e os métodos utilizados pelas empresas

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para fazer a integração e adaptação destas pessoas com o ambiente de

trabalho e com os outros colaboradores, PNEs ou não.

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CAPÍTULO I

A Deficiência e a Sociedade

“Deficiência é toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função

psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o

desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser

humano.” (Convenção nº 159/83 da OIT Art. 3º inciso I)

Muito se discute em vários segmentos da sociedade o lugar do deficiente,

seja ele físico ou mental. Fala-se em inclusão, mercado de trabalho, escolas

especiais, dentre outros que formam uma gama de possibilidades para que

essas pessoas atuem, de alguma forma na sociedade. Porém, apesar de todo

este cenário favorável a convivência em sociedade, em muitas situações

cotidianas os portadores de necessidades especiais, também chamados de

PNEs, enfrentam dificuldades para desenvolverem atividades no meio em que

vivem. Grande parte disso se dá pela visão, ainda deturpada que parte da

sociedade traz consigo. Resquícios de idéias e concepções tecidos sobre

estas pessoas desde a Idade Antiga, onde pouco se sabia sobre elas.

Boa parte dos registros deste período estão na literatura grega e romana, na

Bíblia, no Talmund e no Corão. Dentre estes, temos uma recomendação feita

por Mohammed, onde ele se refere aos deficientes como

“aqueles desprovidos da razão” (Aranha,1979). Dentro deste mesmo contexto,

temos o relato da posição do deficiente na sociedade hebraica:

“Os hebreus viam, na deficiência física ou sensorial, uma espécie de

punição de Deus, e impediam qualquer portador de deficiência de ter acesso à

direção dos serviços religiosos. A Lei das XII Tábuas, na Roma antiga,

autorizava os patriarcas a matar seus filhos defeituosos, o mesmo ocorrendo

em Esparta, onde os recém-nascidos, frágeis ou deficientes, eram lançados do

alto do Taigeto” (Ricardo, 2000)

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No contexto social da época, o abandono, exterminação ou exposição do

deficiente não demonstrava um problema/desvio ético ou moral, uma vez que

ele era visto como um estorvo social. Kanner (1964) cita que “a única

ocupação para os retardados mentais encontrada na literatura antiga é a de

bobo ou de palhaço, para a diversão dos senhores e seus hóspedes”(p. 5).

Já na Idade Média, com o advento do Cristianismo e a grande influência

exercida por este na sociedade a situação de modificou, pois todos passaram

a ser considerados filhos de Deus e sendo assim, dignos de respeito e

tratamento caridoso. Com isso, os senhores feudais passaram a amparar os

deficientes e os doentes em casas de assistência por eles mantidas.

A Bíblia cita alguns tipos de deficiência com as passagens do cego (Marcos

10, 46-52), do paralítico (Atos dos Apóstolos 3; 4:1-31) e do leproso (Lucas 17,

11-19) – a maioria dos quais sendo pedintes ou rejeitados pela comunidade

em função de suas “enfermidades” ou porque se pensava que através da

deficiência/doença Deus estava punindo aquelas pessoas.

Apesar deste cenário, a abordagem e tratamento as pessoas que hoje

chamamos deficientes variava de grupo a grupo:

“Alguns, matavam-nos; outros, advogavam a convivência amigável; outros

ainda, puniam-nos por considerarem a doença, a fraqueza e a deficiência

resultantes de possessão demoníaca, sendo a punição a única forma de se

livrar do pecado, da possessão e de se reparar os pecados”

(Maria Salete,2001, p. 3).

Vemos um exemplo de assistencialismo na sociedade Hindu, onde o povo, ao

contrário dos hebreus, sempre considerou os cegos pessoas de sensibilidade

interior mais aguçada, justamente pela falta da visão, e estimulavam o ingresso

dos deficientes visuais nas funções religiosas. Os atenienses, por influência de

Aristóteles, protegiam seus doentes e os deficientes, sustentando-os, até

mesmo por meio de sistema semelhante à Previdência Social, em que todos

contribuíam para a manutenção dos heróis de guerra e de suas famílias. Assim

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também agiam os romanos do tempo do império. Discutiam, estes dois povos,

se a conduta adequada seria a assistencial, ou a readaptação destes

deficientes para o trabalho que lhes fosse apropriado, pois, aparentemente,

pessoas com deficiências físicas e/ou mentais eram ignoradas a sua sorte,

buscando a sobrevivência na caridade humana. Um exemplo mitológico da

concepção anti-assistencialista e profissionalizante é a figura de Hefesto, que

na obra "Ilíada" de Homero, se apresentava como detentor de grande

habilidade em metalurgia e em artes marciais, a despeito de sua deficiência

nos membros inferiores.

Temos como grandes marcos na história da humanidade que dividiram

opiniões e sociedade a Inquisição Católica e a conseqüente Reforma

Protestante, que questionaram o abuso do poder religioso e causaram grandes

mudanças na estrutura política e social da época. Com isso, poderia se

esperar alguma modificação na relação da sociedade com a deficiência, mas

isso não aconteceu. Segundo Lutero “o homem é o próprio mal quando lhe

faleça a razão ou lhe falte a graça celeste a iluminar-lhe o intelecto; assim,

dementes e amentes, são em essência, seres diabólicos”, considerando a

pessoa com deficiência e o doente mental seres pecadores e condenados por

Deus. As ações conseqüentemente recomendadas eram o “castigo, através de

aprisionamento, para a expulsão do demônio”. (Pessoti, 1984).

Na realidade, a partir da Reforma Protestante dois sistemas político religiosos

passaram a coexistir e concorrer, dominando por muito tempo, o

direcionamento da história da humanidade e ambos concebiam a deficiência

como fenômenos metafísicos, de natureza negativa, ligados à rejeição de

Deus, através do pecado ou a possessão demoníaca.

No século XVI, a Revolução Burguesa, revolução de idéias, muda o modo

clerical de ver o homem e a sociedade e traz consigo mudanças no sistema de

produção como a derrubada das monarquias, queda da hegemonia religiosa e

surgimento da burguesia. Nessa época, à existência da visão abstrata,

metafísica do homem, soma-se uma nova visão, a da concreticidade; no que

se refere a deficiência, começam a surgir novas idéias quanto a organicidade

de sua natureza, produto de infortúnios naturais, conforme Paracelso e Sir

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Anthony Fitz-Hebert. Assim concebida, passou a ser tratada através da

alquimia, da magia e da astrologia, métodos da medicina.

O primeiro hospital psiquiátrico surgiu nesta época e se proliferou, mas da

mesma forma que os asilos e conventos eram lugares para confinar ao invés

de tratar pessoas. Em meio a este contexto, novas idéias foram sendo

produzidas na medicina, na filosofia e na educação, fortalecendo a busca da

identificação de causas ambientais para a deficiência. Locke, por sua vez

encaminhou para a crença na educabilidade do deficiente mental.

A relação da sociedade com a pessoa com deficiência, a partir deste período

passou a se diversificar, caracterizando-se por iniciativas de institucionalização,

tratamento médico e de busca de estratégias de ensino. No próximo capítulo

veremos várias destas iniciativas, que surgiram ao longo da história da

humanidade, cada uma com sua filosofia, mas todas buscando a inserção do

deficiente na sociedade.

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CAPÍTULO II

Métodos de inserção do deficiente no contexto social

“Inclusão é socializar o portador de necessidades especiais com a comunidade

e fazer com que esta comunidade também se socialize com ele”

(Laurinda, 2006)

Ao longo dos tempos, várias foram as tentativas de fazer com que deficientes

exercessem um papel mais ativo na sociedade. Muitos foram os médicos,

psicólogos, dentre outros profissionais que desenvolveram técnicas e métodos

para que esta inserção do deficiente no meio social pudesse acontecer; cada

um a sua maneira, mas o foco era o mesmo: fazer com que o deficiente se

tornasse, dentro de suas limitações, agente de mudança em sua história e

participativo em todas as áreas do contexto social.

Dentre os primeiros passos dados na direção de mudar as características

dessa relação da sociedade com as pessoas com deficiência, encontram-se os

esforços de Jacob Rodrigues Pereira, em 1747, na tentativa de ensinar surdos

a se comunicar. As tentativas foram tão bem sucedidas que estimularam a

busca de formas para lidar com outras deficiências, especialmente com

pessoas com deficiência mental.

Em meados de 1800, Guggenbuhl abriu uma instituição para o cuidado e

tratamento residenciais de pessoas com deficiência mental, em Abendberg, na

Suíça. Os resultados de seu trabalho chamaram a atenção para a necessidade

de uma reforma significativa no sistema, então vigente, da simples internação

em prisões e abrigos. Embora mal sucedido, este foi o projeto que deu origem

à idéia e à prática do cuidado institucional para pessoas com deficiência

mental. Da mesma forma que na Suíça, entretanto, de instituições para

tratamento e educação, elas logo mudaram para instituições asilares e de

custódia, ambientes segregados, denominados Instituições Totais, dando início

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ao primeiro paradigma formal adotado na caracterização da relação sociedade

– deficiência: o Paradigma da Institucionalização.

“O Paradigma da Institucionalização caracterizou-se pela retirada das pessoas

com deficiência de suas comunidades de origem e pela manutenção delas em

instituições residenciais segregadas ou escolas especiais, frequentemente

situadas em localidades distantes de suas famílias.”

(Maria Salete, 2001, p. 3)

Assim, pessoas com retardo mental ou outras deficiências, freqüentemente

ficavam mantidas em isolamento do resto da sociedade, fosse a título de

proteção, de tratamento, ou de processo educacional.

Apesar de existirem desde o século XVI, as instituições totais não foram

criticamente examinadas até o início da década de 60, quando Erving Goffman

publicou Asylums (tendo por título em português “Manicômios, Prisões e

Conventos), que foi uma análise das características dessas instituições e de

seus efeitos no indivíduo. Sua definição de Instituição Total é amplamente

aceita até hoje:

“um lugar de residência e de trabalho, onde um grande número

de pessoas, excluídos da sociedade mais ampla por um longo período

de tempo, levam juntos uma vida enclausurada e formalmente administrada”

(Goffman, 1962, XIII).

Desde a manifestação de Goffman, em 1962, muitos autores passaram

a publicar estudos que enfocavam tanto as características de uma Instituição

Total, como seus efeitos no indivíduo institucionalizado. A maioria dos artigos

apresentam uma dura crítica a esse sistema, no que se refere a sua

inadequação e ineficiência para realizar aquilo a que seu discurso se propõe

fazer: favorecer a recuperação das pessoas para a vida em sociedade.

Vail (1966) enfatizou, por exemplo, no contexto institucional, a “prática de

demandas irrealistas, na maioria das vezes inconsistentes com as

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características e exigências do mundo externo”. Tal contexto torna a pessoa

incapaz de enfrentar e administrar o viver em sociedade quando e se jamais

sair da Instituição. Discutiu os procedimentos institucionais tais como o de

admissão, sistemas de recompensa e de punição, a uniformidade de massa e

a impersonalidade automatizada da interação entre os provedores de serviços

e seus usuários. Pauline Morris (1969), em relatório de estudo desenvolvido na

Inglaterra, com o objetivo de identificar a amplitude e a qualidade do

atendimento institucional disponível para os deficientes mentais naquele país,

reconheceu que embora se detectassem mudanças na filosofia do tratamento,

os resultados das pesquisas “indicavam claramente que estas não eram

acompanhadas por mudanças correspondentes, nos serviços disponíveis para

esses pacientes” (p. 309). Os resultados obtidos indicavam a existência de

condições decadentes dos prédios, o uso de roupas comunitárias, a falta de

incentivo e mesmo de permissão para a manutenção de objetos pessoais,

dados limitados e não fidedignos sobre os pacientes, muito pouca estimulação

e treinamento, o que leva a pessoa a uma dependência infantil, o tratamento

em massa, a falta de pessoal especializado, o isolamento da comunidade e a

prática da criação de regras e regulamentações vindas de cima para baixo –

feitas por pessoas que não se encontravam cientes das reais necessidades

dos pacientes.

Além de estudos mais antigos indicarem conseqüências negativas da

institucionalização, Heber (1964) descreveu distúrbios de personalidade

(processo de construção de doença mental) também encontrados por Rosen,

Floor e Baxter (1972) em indivíduos com deficiência mental institucionalizados.

Dentre os distúrbios descritos observou-se baixa auto-estima, ausência de

motivação para a vida, desamparo aprendido e distúrbios sexuais.

Valerie J. Bradley, em 1978, apresentava a desinstitucionalização como um

movimento que havia se iniciado, na realidade, há muito tempo, tendo

envolvido passos e etapas diferentes, os quais se congregaram em seu

encaminhamento:

1. A melhoria do sistema de recursos e serviços da comunidade

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2. A exigência dos consumidores pelo acesso a esses recursos e

serviços

3. O início do uso de antibióticos, que reduziu o índice de mortalidade nas

instituições

4. A resultante sobrecarga de pessoas institucionalizadas exigia que ou se

construíssem novas instituições, ou se criassem novas alternativas

comunitárias.

Vê-se, portanto, que o questionamento e a pressão contrária à

institucionalização vinha, naquela época, de diferentes direções, determinados

também por interesses diversos; primeiramente, tinha se o interesse do

sistema, ao qual custava cada vez mais manter a população institucionalizada

na improdutividade e na condição de segregação; assim, interessava para o

sistema político-econômico o discurso da autonomia e da produtividade; tinha-

se, por outro lado, o processo geral de reflexão e de crítica (sobre direitos

humanos e mais especificamente sobre o direito das minorias, sobre a

liberdade sexual, os sistemas de organização político-econômica e seus efeitos

na construção das sociedades e da subjetividade humana), que no momento

permeava a vida nas sociedades ocidentais; somando-se a estes, tinha-se

ainda a crescente manifestação de duras críticas, por parte da academia

científica e de diferentes categorias profissionais, ao paradigma da

Institucionalização.

A década de 60 tornou-se, assim, marcante na promoção de mudanças no

padrão de relação das sociedades com a pessoa com deficiência.

Considerando que o paradigma tradicional de institucionalização tinha

demonstrado seu fracasso na busca de restauração de funcionamento normal

do indivíduo no contexto das relações interpessoais, na sua integração na

sociedade e na sua produtividade no trabalho e no estudo, iniciou-se no mundo

ocidental o movimento pela desinstitucionalização, baseado na ideologia da

normalização, como uma nova tentativa para integrar a pessoa com deficiência

na sociedade.

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A palavra desinstitucionalização tem um prefixo que sugere o afastamento de

uma instituição. Os primeiros usos da palavra descreviam os esforços para tirar

as pessoas de instituições, colocando-as num sistema, o mais próximo

possível, do que fosse o estilo de vida normal numa comunidade.

Segundo conceitualização de Braddock, proposta em 1977,

“normalização é uma ideologia – um conjunto de idéias que reflete as

necessidades e aspirações sociais de indivíduos extraordinários na sociedade”

(Braddock , 1977 p.4).

Ela presumia a existência de uma condição “normal”, representada pelo maior

percentual de pessoas na curva da normalidade e uma condição de “desvio”,

representada por pequenos percentuais de pessoas, na mesma curva.

Assim, segundo a autora,

“o local típico de residência é o lar do indivíduo; o modelo educacional normal

(típico) é a educação convencional, numa sala de aula comum; o modelo típico

de emprego é o competitivo, para o auto-sustento. Em contraste marcante com

tais arranjos – na extremidade anormal do continuum de serviços – têm se

congregado as instituições totais, o ensino segregado e a não participação no

mercado de trabalho“ (p. 5).

Em função do incômodo representado pela institucionalização em diferentes

setores da sociedade e à luz das concepções de “desvio” e de “normalidade” é

que foi se configurando, gradativamente, um novo paradigma de relação entre

a sociedade e a parcela da população representada pelas pessoas com

deficiência: o Paradigma de Serviços.

O Paradigma de Serviços teve o objetivo de “ajudar pessoas com deficiência

a obter uma existência tão próxima ao normal possível, a elas disponibilizando

padrões e condições de vida cotidiana próxima às normas e padrões da

sociedade.” (American National Association of Rehabilitation Counseling -

A.N.A.R.C., 1973).

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É interessante observar manifestações que acompanharam o movimento de

construção e implementação deste paradigma, nas palavras de autores da

época, em países em que tal processo estava ocorrendo. Nos Estados Unidos,

por exemplo, Jones (1975) apontou dois problemas principais provocados pela

desinstitucionalização em massa:

1. “sabemos muito pouco sobre o que acontece com pessoas com deficiência

mental, quando estas são tratadas como normais” (p. 190)

2. “o processo de normalização se torna mais tenso quando concentra

pacientes que não se ‘encaixam’ na política da desinstitucionalização; quando

concentra profissionais cujas atitudes faz deles pessoas incapazes de

administrá-la e finalmente e quando impõe a ambos expectativas que são

manifestamente irrealistas” (p. 190).

Valerie J. Bradley (1978) também tratou de problemas resultantes da

implementação de um programa de desinstitucionalização mal planejado:

1. insegurança dos pais – pais que vêm seus filhos sendo retirados de uma

instituição e encaminhados para serviços na comunidade, os quais, por

diferentes razões não são capazes de oferecer um cuidado global e estável;

2. sistema de financiamento – a falta de uma abordagem sistemática ao

desenvolvimento e à expansão de recursos obriga entidades a se apoiar em

uma variedade de fontes de financiamento, as quais freqüentemente impõem

exigências e expectativas conflitantes;

3. prestadores de serviço irritados – funcionários de instituições, temendo

perder seus empregos devido ao movimento da desinstitucionalização,

formaram um núcleo de oposição a essas atividades;

4. baixa confiabilidade – o esforço de descentralizar o sistema, através da

transferência das pessoas das instituições para serviços da comunidade, tem

provocado lacunas na competência com que tais pessoas são cuidadas. Novos

mecanismos têm se mostrado necessários após a pessoa já estar na

comunidade;

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5. o papel do setor privado – a competição e outros conflitos entre provedores

de serviços nos setores públicos e privados dividiram os esforços e têm

obstruído o desenvolvimento de recursos para as pessoas com deficiência

Muitas manifestações surgiram do mundo acadêmico, do espaço profissional e

da comunidade leiga que vivenciava as conseqüências do processo. Por força

de tais reflexões e críticas, foi-se desenvolvendo uma nova concepção de

institucionalização.

Considerando a tendência da sociedade de se afastar do modelo anterior e a

necessidade de se planejar um sistema de recursos e serviços na comunidade,

Braddock (1977) e Bradley (1978) defendiam que:

1. era necessário prevenir encaminhamentos inadequados a instituições totais;

2. a prevenção devia ser acompanhada pela descoberta e desenvolvimento de

métodos alternativos para o cuidado e o tratamento da pessoa com deficiência

na comunidade;

3. era necessário promover-se a reforma de programas institucionais;

4. o retorno de todos os residentes à comunidade devia ser antecedido por um

preparo, feito através do desenvolvimento de programas de habilitação e de

treinamento para que pudessem funcionar adequadamente na vida em

comunidade;

5. se estabelecesse e mantivesse um ambiente residencial responsivo que

protegesse os direitos humanos e civis da pessoa com deficiência e que

contribuísse com o rápido retorno da pessoa à vida normal na comunidade;

Em suma, a literatura da época, nos países do mundo ocidental que primeiro

vivenciaram o processo da desinstitucionalização, indica que interesses de

diferente origem e natureza se congregaram na determinação da construção

do processo.

Poder-se-ia dizer que a luta pela defesa dos direitos humanos e civis das

pessoas com deficiência utilizou-se das brechas criadas pelas contradições do

sistema sócio-político-econômico vigente (o qual defendia a diminuição das

responsabilidades sociais do Estado e buscava diminuir o ônus populacional)

para avançar na direção de sua integração na sociedade.

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Tal processo fundamentou-se, então, na ideologia da normalização, que

representava a necessidade de introduzir a pessoa com deficiência na

sociedade, ajudando-a a adquirir as condições e os padrões da vida cotidiana

o mais próximo do normal, quanto possível. O princípio da normalização,

portanto, deu o apoio filosófico ao movimento da desinstitucionalização,

favorecendo tanto o afastamento da pessoa das instituições, como a provisão

de programas comunitários planejados para oferecer serviços que se

mostrassem necessários para atender a suas necessidades.

Como principais resultantes do movimento começaram a surgir novas

alternativas institucionais, então denominadas organizações ou entidades de

transição – mais protegidas do que a sociedade externa, conquanto menos

protegida e menos determinante de dependência que uma instituição total

típica.

Estas entidades foram planejadas para promover a responsabilidade e

enfatizar um grau significativo de auto-suficiência da pessoa com deficiência,

através do trabalho ou do preparo para o trabalho, envolvendo treinamento e

educação especiais, bem como um processo de colocação cuidadosamente

supervisionado.

Ao se afastar do paradigma da institucionalização (não mais interessava

sustentar uma massa cada vez maior de pessoas, com ônus público, em

ambientes segregados; interessava desenvolver meios para que estas

pudessem retornar ao sistema produtivo), criou se o conceito da integração,

fundamentado na ideologia da normalização, a qual defendia o “direito” e a

necessidade das pessoas com deficiência serem “trabalhadas” para se

encaminhar o mais proximamente possível para os níveis da normalidade,

representada pela normalidade estatística e funcional. Assim, integrar

significava, sim, localizar no sujeito o alvo da mudança, embora para tanto se

tomasse como necessário mudanças na comunidade. Estas, na realidade, não

tinham o sentido de se reorganizar para favorecer e garantir o acesso do

diferente a tudo o que se encontra disponível na comunidade para os

diferentes cidadãos, mas sim o de lhes garantir serviços e recursos que

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pudessem “modificá-los” para que estes pudessem se aproximar do “normal” o

mais possível.

Como exemplos das organizações provenientes dessa filosofia tem-se, por

um lado, as Casas de Passagem e os Centros de Vida Independente; no

âmbito da educação, as escolas especiais e as classes especiais, mais

claramente voltadas para o ensino do aluno visando sua ida ou seu retorno

para as salas de aula denominada normais; na área profissional, os melhores

exemplos são as oficinas abrigadas e os centros de reabilitação.

Nestas, equipes de diferentes profissionais oferecem treinamento para a vida

na comunidade, tais como atividades da vida diária (higiene, cuidados

pessoais), atividades de vida prática (preparo de alimentos, limpeza doméstica,

planejamento orçamentário) e outras habilidades consideradas necessárias

para sua sobrevivência e para a vida independente.

O modelo de atenção adotado passou a se constituir de três etapas: a

primeira, de avaliação, onde uma equipe de profissionais identifica o que, em

sua opinião, necessita ser modificado no sujeito ou em sua vida, de forma a

torná-lo o mais “normal” possível. A fase seguinte, conseqüência desta e a ela

conseqüente, chamada de intervenção (ensino, treinamento, capacitação,

etc..), onde profissionais passam a oferecer atendimento formal e

sistematizado ao sujeito em questão, norteados pelos resultados e decisões

tomados na fase anterior. À medida que os objetivos vão sendo alcançados e a

equipe considera que a pessoa se encontra pronta para a vida independente

na comunidade, efetiva-se a última fase, constituída do encaminhamento ou

re-encaminhamento desta para a vida na comunidade.

Constata-se, assim, que embora se tenha passado a assumir a importância

do envolvimento maior e mais próximo da comunidade no trato da integração

de seus membros com deficiência, o objeto principal da mudança centrava-se,

ainda, essencialmente, no próprio sujeito.

O paradigma da Institucionalização se manteve sem contestação por vários

séculos. O paradigma de serviços, entretanto, iniciado por volta da década de

60, logo começou a enfrentar críticas, desta vez provenientes da academia

científica e das próprias pessoas com deficiência, organizadas em associações

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e outros órgãos de representação, parte delas provenientes das dificuldades

encontradas no processo de busca de “normalização” da pessoa com

deficiência. Conquanto muitos alcançavam os objetivos de vida independente e

produtiva, quando submetidos à prestação de serviços formalmente organizada

na comunidade, muitos ainda mostraram que dificilmente se pode esperar que

alcance uma aparência e um funcionamento semelhante aos não deficientes,

devido às próprias características do tipo de deficiência e seu grau de

comprometimento.

Outra crítica importante referia-se à expectativa de que a pessoa com

deficiência se assemelhasse ao não deficiente, como se fosse possível ao

homem o “ser igual” e como se ser diferente fosse razão para decretar a menor

valia enquanto ser humano e ser social.

Inúmeros autores foram em busca de compreensão sobre as razões que

determinam a desqualificação da pessoa com deficiência.

Dentre estas, tem-se a reflexão etológica, apontando que muitas espécies

excluem aqueles que representam menor valor de sobrevivência para a

espécie (lêmures, elefantes).

Tem-se ainda leitura da deficiência como uma condição social que embora

aparentemente iniciada na consideração da diferença, é construída

socialmente, a partir da reação de desvalorização, por parte da audiência

social (Omote, 1995)

Aranha (1995) propõe ser a deficiência uma condição social caracterizada

pela limitação ou impedimento da participação da pessoa diferente nas

diferentes instâncias do debate de idéias e de tomada de decisões na

sociedade. A autora atribui o processo de desqualificação ao fato da pessoa

com deficiência ser considerada, no sistema capitalista, um peso à sociedade,

quando não produz e não contribui com o aumento do capital.

Em função de tal debate, a idéia da normalização começou a perder força.

Ampliou-se a discussão sobre o fato da pessoa com deficiência ser um

cidadão como qualquer outro, detentor dos mesmos direitos de determinação e

usofruto das oportunidades disponíveis na sociedade, independente do tipo de

deficiência e de seu grau de comprometimento.

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De modo geral, passou-se a discutir que as pessoas com deficiência

necessitam, sim, de serviços de avaliação e de capacitação, oferecidos no

contexto de suas comunidades. Mas também se começou a defender que

estas não são as únicas providências necessárias, caso a sociedade deseje

manter com essa parcela de seus constituintes uma relação de respeito, de

honestidade e de justiça. Cabe também à sociedade se reorganizar de forma a

garantir o acesso de todos os cidadãos (inclusive os que têm uma deficiência)

a tudo o que a constitui e caracteriza, independente de quão próximos estejam

do nível de normalidade.

Assim, cabe à sociedade oferecer os serviços que os cidadãos com

deficiência necessitarem (nas áreas física, psicológica, educacional, social,

profissional). Mas lhe cabe, também, garantir lhes o acesso a tudo de que

dispõe, independente do tipo de deficiência e grau de comprometimento

apresentado pelo cidadão.

Foi fundamentado nestas idéias que surgiu o terceiro paradigma, denominado

Paradigma de Suporte. Este tem se caracterizado pelo pressuposto de que a

pessoa com deficiência tem direito à convivência não segregada e ao acesso

aos recursos disponíveis aos demais cidadãos. Para tanto, fez-se necessário

identificar o que poderia garantir tais prerrogativas. Foi nesta busca que se

buscou a disponibilização de suportes, instrumentos que viabilizam a garantia

de que a pessoa com deficiência possa acessar todo e qualquer recurso da

comunidade. Os suportes podem ser de diferentes tipos (suporte social,

econômico, físico, instrumental) e têm como função favorecer o que se passou

a denominar inclusão social, processo de ajuste mútuo, onde cabe à pessoa

com deficiência manifestar-se com relação a seus desejos e necessidades e à

sociedade, a implementação dos ajustes e providências necessárias que a ela

possibilitem o acesso e a convivência no espaço comum, não segregado.

A inclusão parte do mesmo pressuposto da integração, que é o direito da

pessoa com deficiência ter igualdade de acesso ao espaço comum da vida em

sociedade. Diferem, entretanto, no sentido de que o paradigma de serviços,

onde se contextualiza a idéia da integração, pressupõe o investimento principal

na promoção de mudanças do indivíduo, na direção de sua normalização.

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Obviamente que no paradigma de serviços também se atua junto a diferentes

instâncias da sociedade (família, escola, comunidade).

Entretanto, isto se dá na maioria das vezes em complementação ao processo

de intervenção no sujeito. A ação de intervenção junto à comunidade tem mais

a conotação de construir a aceitação e a participação externa como auxiliares

de um processo de busca de normalização do sujeito. Já o paradigma de

suportes, onde se contextualiza a idéia da inclusão, prevê intervenções

decisivas e incisivas, em ambos os lados da equação: no processo de

desenvolvimento do sujeito e no processo de reajuste da realidade social.

Conquanto, então, preveja o trabalho direto com o sujeito, adota como objetivo

primordial e de curto prazo, a intervenção junto às diferentes instâncias que

contextualizam a vida desse sujeito na comunidade, no sentido de nelas

promover os ajustes (físicos, materiais, humanos, sociais, legais, etc..) que se

mostrem necessários para que a pessoa com deficiência possa imediatamente

adquirir condições de acesso ao espaço comum da vida na sociedade.

Embora se possa encontrar muitos equívocos devidos à insuficiente

compreensão do conceito, contextualizado em seu processo histórico de

construção, a grande diferença de significação entre os termos integração e

inclusão reside no fato de que enquanto que no primeiro se procura investir no

“aprontamento” do sujeito para a vida na comunidade, no outro, além de se

investir no processo de desenvolvimento do indivíduo, busca-se a criação

imediata de condições que garantam o acesso e a participação da pessoa na

vida comunitária, através da provisão de suportes físicos, psicológicos, sociais

e instrumentais. Este último é o que hoje se prega e é buscado pela sociedade

como um todo, preparar o sujeito e dar-lhe condições para atuar ativamente no

meio em que vive, inclusive no mercado de trabalho. No próximo capítulo

falaremos sobre a Lei de Cotas, que hoje garante ao deficiente não apenas o

direito ao trabalho, mas também visa dar-lhe condições de exercer o mesmo

dignamente.

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CAPÍTULO III

A Lei de Cotas e o mercado de trabalho

“LEI Nº 8.213, DE 24 DE JULHO DE 1991 - Art. 93 - a empresa com 100 ou

mais funcionários está obrigada a preencher de dois a cinco por cento dos

seus cargos com beneficiários reabilitados, ou pessoas portadoras de

deficiência” (http://www.deficienteonline.com.br)

Para fazer com que o processo de inclusão dos PNEs esteja presente em

todos os setores da sociedade, inclusive no mercado de trabalho, foi criada e

instituída a Lei 8.213, de 1991, que fixa a cota mínima de pessoas com

deficiência a serem contratadas pelas empresas com 100 ou mais

empregados, na seguinte proporção:

1) Até 200 empregados – 2%;

2) De 201 a 500 empregados – 3%;

3) De 501 a 1000 empregados – 4%; e

4) De 1001 em diante – 5%. (http://www.deficienteonline.com.br)

Para a referida lei, a pessoa enquadrada como PNE é aquela que apresenta,

em caráter permanente, perdas ou anormalidades em sua estrutura ou função

psicológica, fisiológica ou anatômica, que gerem incapacidade para o

desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser

humano, que podemos dividir nas seguintes categorias:

I - deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos

do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física,

apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia,

monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia,

hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral,

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nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as

deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o

desempenho de funções;

II - deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um

decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500HZ,

1.000HZ, 2.000HZ e 3000HZ.

III - deficiência visual - cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor

que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que

significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor

correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual

em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de

quaisquer das condições anteriores.

IV - deficiência mental - funcionamento intelectual significativamente inferior à

média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a

duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como:

a) comunicação;

b) cuidado pessoal;

c) habilidades sociais;

d) utilização dos recursos da comunidade;

e) saúde e segurança;

f) habilidades acadêmicas;

g) lazer; e

h) trabalho;

V - deficiência múltipla – associação de duas ou mais deficiências. (Alessandri,

2009)

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Apesar da existência da lei e de todo o incentivo para a contratação de PNEs,

percebemos que ainda é muito pequena a atuação destes profissionais no

mercado de trabalho. Vários são os fatores que colaboram para a formação

deste cenário e as justificativas dadas pelas empresas para a não contratação

deste tipo de mão de obra. Os representantes dos deficientes acusam o setor

privado de má-vontade e preconceito, enquanto os empregadores afirmam que

enfrentam dificuldades com a falta de qualificação e entraves legais.

Integrantes do governo, por sua vez, alegam que há falta de funcionários para

implementar a fiscalização.

“Em audiência pública realizada pelo Senado em 28/04/2011, o senador

Lindbergh Farias citou a estimativa de que, dos cerca de 43 milhões de

brasileiros que estariam trabalhando formalmente, quase 289 mil seriam

deficientes. Ele observou que esses números representam uma inclusão de

apenas 0,67%, em contraste com a porcentagem do total de deficientes na

população brasileira, que seria de 14%.”

(Vera, 2011)

Representantes do setor privado alegam que têm muita dificuldade na

contratação de mão de obra de PNEs devido à baixa qualificação destas

pessoas. Essa dificuldade também foi apontada por Loni Elisete Manica,

gestora do Programa de Ações Inclusivas do Serviço Nacional de

Aprendizagem Industrial (Senai, entidade vinculada à Confederação Nacional

da Indústria). Ao citar as iniciativas e os cursos do Senai destinados à

capacitação de deficientes, Loni disse que um dos principais obstáculos

enfrentados pela entidade é a baixa escolaridade dessas pessoas, já que

cerca de 60% delas seriam analfabetas – ou seja, sem os pré-requisitos

mínimos para serem capacitadas. Ela também ressaltou que esse grupo é

formado, em boa parte, por adultos com mais de 30 anos ou “em idade

avançada” (http://www.deficienteciente.com.br).

Loni Elisete nos aponta este desafio quando coloca:

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“Como capacitá-los e colocá-los nas empresas sem que tenham escolaridade

mínima?J” “a inclusão vai ocorrer naturalmente quando se der a inclusão nas

escolas regulares; antes disso, temos de pensar em alternativas.”

(Loni Elisete, 2011)

Acredito que esta responsabilidade deve ser compartilhada entre o governo e

as grandes empresas; no que compete ao governo, disponibilizando as

condições mínimas necessárias para que todos os portadores de

necessidades especiais - independente da deficiência – tenham condições de

frequentar escolas regulares; falo não apenas de infra-estrutura, mas também

de preparo dos professores e funcionários em geral, alunos, enfim, de toda a

instituição. E para as grandes empresas, a responsabilidade de capacitar

profissionalmente estes deficientes para que tenham todas as habilidades

técnicas necessárias para atuarem nas funções a eles reservadas. Quando

esta parceria ocorrer, ou ao menos uma das partes exercer o seu papel,

grande parte deste questionamento estará resolvido.

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CAPÍTULO IV

Integração e adaptação do deficiente nas empresas

Sabemos que conforme a Lei 8.213 de 24 de julho de 1991 as empresas são

obrigadas a preencher parte de seus quadros de funcionários com pessoas

com algum tipo de deficiência, mas pouco se fala sobre como este processo é

realizado internamente, sobre as adaptações, ajustes e preparo pelos quais as

organizações devem passar antes de receber um funcionário deficiente.

Antes de receber portadores de deficiência, consultores dizem que é preciso

preparar a equipe. Isso porque ainda é comum que os funcionários encarem

com pouca naturalidade seus trabalhos. Palestras e bate-papos costumam

esclarecer dúvidas e evitar futuros constrangimentos. Além disso, as empresas

precisam se adaptar fisicamente para receber profissionais deficientes. É o

caso de instalar rampas, portas e corredores com mais de 80 centímetros de

largura, banheiros próprios e ambulatórios, sinais sonoros e instruções em

Braille para deficientes visuais, considerando também em alguns casos a

opção de trabalhar em casa.

Algumas vezes, o deficiente preocupa-se em provar que é capaz de executar

determinada tarefa e há também quem se esconda na deficiência para

justificar seus erros. As empresas reprovam as duas posturas: o empregado

deve ser avaliado de acordo com suas competências, sem nenhum tipo de

regalias.

Adaptações sociais

As maiores adaptações, no entanto, estão relacionadas a questões

comportamentais: a verdade é que não sabemos lidar com as diferenças, não

tivemos oportunidades, na infância, de conviver com pessoas deficientes e, por

tudo isso, temos uma enorme resistência a esta ideia. Pequenas ações de

treinamento e sensibilização, no entanto, podem resolver este problema.

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Segundo Andrea Goldschmidt, “qualquer programa de inclusão de deficientes

no mercado de trabalho deve começar com a montagem do Comitê de

Inclusão”. Este comitê é formando por funcionários das áreas de Recursos

Humanos (DP, seleção, treinamento), segurança e medicina do trabalho,

jurídico e responsabilidade social e tem como principal função coordenar as

atividades nas fases de planejamento e implantação do programa. Uma vez

que o programa esteja implantado, o comitê poderá ser dissolvido e as

atividades passarão a fazer parte das rotinas de trabalho dos departamentos

envolvidos.

Do ponto de vista prático, o trabalho se iniciaria com o mapeamento das

funções da organização. Esta atividade tem o objetivo de determinar quais os

tipos de deficiências que melhor irão se adequar a cada uma das funções

existentes na empresa e é feita a partir do cruzamento das habilidades e

conhecimentos específicos necessários a cada cargo. A esta informação é

somada a avaliação da estrutura física, através da qual vamos identificar as

necessidades de adaptações para garantir a segurança e a mobilidade de

funcionários com deficiências. Este mapeamento é fundamental para garantir a

qualidade na execução da tarefa, a mobilidade e a segurança de funcionários

com deficiências.

A contratação de funcionários, neste caso, pode precisar de uma atenção

especial. O recrutamento precisa ser feito de forma mais ativa e cuidadosa

para que não sejam cometidas injustiças, envolvendo ativamente os gestores e

funcionários exatamente pela dificuldade que temos em lidar com o novo e

porque não estamos habituados a lidar com deficientes e a pensar na inclusão

destas pessoas no mercado de trabalho, torna-se fundamental investir na

sensibilização de gestores e funcionários.

Os gestores serão os responsáveis pela abertura de vagas para estas

pessoas e pelo gerenciamento das dificuldades que aparecem no dia-a-dia.

Por isso, eles precisam estar convencidos dos benefícios e importância deste

programa para a empresa.

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Já os funcionários precisam estar preparados para receber os novos colegas.

Se a empresa tem a intenção de contratar deficientes auditivos, por exemplo,

seria recomendável que os funcionários pudessem fazer um curso de

linguagem brasileira de sinais (libras). Isso facilitaria a comunicação e

contribuiria com a integração destas pessoas e a melhoria do ambiente de

trabalho.

Do ponto de vista de desempenho profissional, os funcionários deficientes

deverão ser avaliados da mesma maneira que qualquer outro funcionário. Para

qualquer ser humano, o sistema motivacional é altamente complexo, podendo

ser concebido como conjunto de “condições responsáveis pela variação da

intensidade, qualidade, direção e comportamento” e essas condições são

intrínsecas e extrínsecas ao indivíduo. Segundo Moscovici (2001, p 86) “a

ênfase maior está nas condições intrínsecas do indivíduo, já que o que o leva a

ação, pode lhe trazer satisfação ou alívio de tensão” e é também um ponto a

ser observado neste processo de integração do funcionário deficiente na

empresa: como ele está se adaptando ao ambiente de trabalho.

Adaptações físicas

No que tange as adaptações físicas que as empresas obrigatoriamente devem

realizar em suas instalações, existe uma norma para a acessibilidade para

Deficientes - Adaptações e Normas de acessibilidade para deficientes. A

Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência

- CORDE é o órgão de Assessoria da Secretaria Especial dos Direitos

Humanos da Presidência da República, responsável pela gestão de políticas

voltadas para integração da pessoa portadora de deficiência.

A Lei nº 7.853/89 e o Decreto nº 3.298/99 balizam a política nacional para

integração da pessoa portadora de deficiência. criando assim as principais

normas de acessibilidade para deficientes.

A CORDE tem a função de implementar essa política e para isso, orienta a

sua atuação em dois sentidos: primeiro é o exercício de sua atribuição

normativa e reguladora das ações desta área no âmbito federal e, o segundo é

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desempenho da função articuladora de políticas públicas existentes, tanto na

esfera federal como em outras esferas governamentais.

As empresas podem se valer destas normas para implementar em seus

prédios estruturas inclusivas a portadores de necessidades especiais, agindo

preventivamente e não apenas se adaptando em casos de necessidades.

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CONCLUSÃO

A inclusão social dos portadores de necessidades especiais hoje se dá em

todas as esferas deste contexto e sendo assim, não poderia ser diferente

quando falamos em mercado de trabalho, porém aí, há algo mais profundo do

que apenas fazer com que o indivíduo portador de necessidades especiais

passe a exercer uma função em uma organização: é fazer com que este

indivíduo tenha todas as condições e possibilidades para exercer seu trabalho

da melhor forma possível e seja agente de mudanças no meio em que vive e

atua.

Além das empresas, a sociedade como um todo exerce grande parcela de

responsabilidade neste processo. Não conseguiremos realizar uma verdadeira

“inclusão”, se esta, a sociedade, não estiver consciente de seu papel, e ainda

mais, apto a realizá-lo. Este não é um processo onde apenas o deficiente

precisa ser adaptado e trabalhado, muitas vezes esta é a parte mais fácil, pois

o que precisa mudar para que a inclusão realmente ocorra são as pessoas.

As organizações também tem um importante papel: capacitar seus

funcionários para trabalhar com pessoas portadoras de necessidades

especiais e realizar programas para o desenvolvimento dos PNEs, dentro ou

fora das empresas. Apenas desta forma, conscientizando a sociedade e

investindo em capacitação para portadores e não portadores de deficiência é

que poderemos tornar realidade a inclusão de PNE no mercado de trabalho

brasileiro.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 1

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A DEFICIÊNCIA E A SOCIEDADE 10

CAPÍTULO II

MÉTODOS DE INSERÇÃO DO

DEFICIENTE NO CONTEXTO SOCIAL 14

CAPÍTULO III

A LEI DE COTAS E O MERCADO DE TRABALHO 26

CAPITULO IV

INTEGRAÇÃO E ADAPTAÇÃO DO

DEFICIENTE NAS EMPRESAS 30

CONCLUSÃO 34

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 35

ÍNDICE 37