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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O DESENHO INFANTIL COMO FACILITADOR NA ABORDAGEM
HOMEOPÁTICA PEDIÁTRICA NO ÂMBITO DO SUS
Por André Luiz Ribeiro
Orientadora
Prof. Fabiane Muniz
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O DESENHO INFANTIL COMO FACILITADOR NA ABORDAGEM
HOMEOPÁTICA PEDIÁTRICA NO ÂMBITO DO SUS
Apresentação de monografia à Universidade
Cândido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Arteterapia em
Educação e Saúde.
Por André Luiz Ribeiro
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela vida, a minha
querida família pelo apoio, amor e
carinho e a todos os mestres pelo
conhecimento e sabedoria.
4
DEDICATÓRIA
Existe uma pessoa ímpar em minha vida,
sem a qual não poderia realizar meus
grandes sonhos: Minha Mãe.
5
RESUMO
O desenho infantil, cada vez mais estudado e utilizado por diversas
áreas da ciência, é uma dentre várias maneiras que a criança tem para se
comunicar, refletir os próprios sentimentos, interesses e percepções do self e o
seu senso estético. A criança utiliza um verdadeiro repertório de signos
gráficos – nuvens, sol, flores, árvore, casa, variando de acordo com a idade e
as analogias formais carregadas de expressão, ao passo que o tema constitui
quase sempre um álibi, um pretexto para a utilização de uma forma, não sendo
o mais importante, por isso que ele tem que ser livre.
A Homeopatia é um sistema terapêutico complexo, vitalista, de
atenção integral à saúde, criado pelo médico alemão Samuel Hahnemann há
mais de dois séculos. Sua ação de faz notar em todo o organismo, não
havendo especificidade para determinada doença, pois o que é tratado é o
individuo como um todo. O tratamento homeopático consiste em escolher o
medicamento mais adequado para equilibrar a saúde do paciente.
A utilização do desenho livre durante a consulta homeopática
pediátrica no âmbito do SUS em Barra do Piraí/RJ é um excelente recurso que
auxilia o médico homeopata na identificação de sintomas objetivos,
conhecendo melhor o paciente através das representações imaginativas do
sujeito, de sua afetividade, seu comportamento interior e de seu simbolismo e,
consequentemente, obtêm-se resultados positivos na escolha do medicamento
homeopático mais apropriado para o seu pequeno paciente.
O tratamento homeopático baseia-se fundamentalmente no primeiro
princípio da homeopatia, que é a Lei dos semelhantes, no qual semelhante
cura semelhante. Logo, quanto mais se conhece o pequeno paciente, seu
modo de reagir e de adoecer, mais fácil será encontrar o medicamento
adequado para a cura do mesmo.
6
METODOLOGIA
Foram utilizados os seguintes métodos: Pesquisa Bibliográfica e
Pesquisa Exploratória através de relatos de fatos ocorridos/observados durante
a consulta médica homeopática pediátrica, no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS), em Barra do Piraí, no período de 2004 a 2009.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - O Desenho Infantil 9
1.1. O desenho e as etapas das crianças 10 1.2. A evolução do desenho infantil 13 1.3. É possível interpretar os desenhos infantis? 16 1.4. O desenho na Arteterapia e a linguagem dos materiais 20 CAPÍTULO II - Homeopatia Pediátrica 23
2.1. A Homeopatia 23 2.2. A abordagem homeopática 25 2.3. A consulta homeopática pediátrica 27 CAPÍTULO III – A Experiência no SUS 30
3.1. A homeopatia no SUS 30 3.2. A experiência do atendimento homeopático pediátrico no SUS 31 3.3. Relato de casos 34
3.3.1. Caso 1 34 3.3.2. Caso 2 36
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 39
ATIVIDADES CULTURAIS 41
ANEXOS 42
ÍNDICE 51
FOLHA DE AVALIAÇÃO 52
8
INTRODUÇÃO
Os primeiros estudos sobre a produção gráfica das crianças datam
do final do século XX, relacionando-se, a princípio, com os primeiros trabalhos
da psicologia experimental. Os estudos sobre o desenho diversificaram-se
rapidamente, a ponto de áreas como a Psicologia, a Pedagogia, a Sociologia e
a Estética beneficiarem-se com essa contribuição. Na Pedagogia, as ideias de
Jean-Jacques Rousseau levaram à identificação de diferentes etapas no
desenvolvimento gráfico da criança. No tratamento psicanalítico, o desenho foi
introduzido em 1926, por Sophie Morgenstern. Atualmente, os estudos sobre o
desenho infantil beneficiaram-se da contribuição da obra de Piaget sobre a
psicologia infantil e prosseguem no sentido de uma elucidação dos
mecanismos da expressão infantil. Modo de expressão próprio da criança, o
desenho constitui uma linguagem que possui vocabulário e sintaxe.
A Homeopatia é uma especialidade médica que trata o indivíduo na
sua totalidade, física e mental. Durante a consulta homeopática, busca-se o
maior número de sintomas objetivos e característicos do paciente, para, então,
chegar ao medicamento mais similar a ele. Para Hahnemann, a homeopatia é
uma arte, isto é, a sensibilidade estética do homeopata é de grande valor para
captar o caminho que deve ser encetado naquilo que, no paciente, deve ser
curado ou simplesmente transformado no belo. Jung enxergava o valor dos
desenhos que contêm símbolos do inconsciente, percebendo que eles
poderiam ser úteis como agentes de cura.
Da conjugação das propostas de ambos, surge o viés de propor a
utilização do desenho, enquanto expressão lúdica, como meio facilitador para
a expressão do inconsciente de pacientes pediátricos, seus sentimentos, seu
caráter, sua personalidade, entre outros, nas abordagens homeopáticas em
ambientes de escassos recursos materiais e tecnológicos, notadamente no
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), em Barra do Pirai /RJ.
9
CAPÍTULO I
O DESENHO INFANTIL
“Antes eu desenhava como Rafael, mas precisei de toda uma existência para aprender a desenhar como as crianças.” 1
O desenho é uma das formas de expressão mais antigas da
humanidade. Utiliza-se o desenho como uma forma de comunicação desde a
pré-história. É uma representação gráfica de um objeto real ou de uma idéia
abstrata. O desenho infantil é quase sempre, a primeira grande obra das
crianças e através desta obra dizem muitas coisas de si mesmas. Os desenhos
infantis contêm uma originalidade e um frescor de concepção que é a própria
essência da infância. As crianças desde cedo são estimuladas pelos pais a
desenharem em casa e pelos professores nas escolas. Ampliando a sua
utilização, o desenho deveria também fazer parte das consultas médicas
pediátricas no âmbito do SUS, pois ele traduz o que a criança sente, pensa,
deseja, o que a faz adoecer e o que a deixa saudável.
A individualidade que é tão preservada na consulta homeopática,
também é encontrada nos desenhos infantis, pois cada criança é um mundo e
por mais que solicitem que várias delas desenhem um mesmo tema, jamais os
desenhos sairão iguais. A criança desenha por puro prazer. Até certa idade,
ela não é limitada pelas barreiras exteriores que nos são impostas, as
cobranças da família ou da sociedade. O que vale é a pura expressão pessoal.
O desenho da criança é feito de maneira mais inconsciente, sem a
preocupação do que os observadores irão pensar; daí seus desenhos serem
mais criativos; pois expressam suas idéias, pensamentos e emoções com uma
espontaneidade invejada por muitos artistas.
1 Picasso
10
O que torna a arte expressiva é a manifestação do “eu”, e suas
reações subjetivas ao meio. À medida que a criança desenha, ela aprende,
pois assim ela organiza e concretiza seus pensamentos. Ao mesmo tempo em
que lhe dá autoconfiança por estar construindo e se expressando livremente.
1.1. O desenho e as etapas das crianças
De acordo com Piaget, o grafismo passa por momentos distintos:
• Realismo fortuito – É um jogo puro do exercício motor. São os rabiscos
ou garatujas (termo utilizado por Viktor Lowenfeld para nomear os rabiscos
produzidos pela criança) que são, na verdade, exercícios motores. Aqui a
expressão é o jogo simbólico: “eu represento sozinho”
• Realismo gorado – A criança começa a fechar a célula. Há o início da
relação forma-objeto. Os desenhos nesta etapa são justapostos.
• Realismo intelectual – A criança desenha cenas completas. Nessa
fase a criança desenha aquilo que sabe que existe no desenho a ser
representado (período de preparação)
• Realismo visual – A criança desenha cenas completas. Nessa fase se
preocupa com as proporções e as distâncias.
Jean Piaget chegou à conclusão que a criança pequena começa
espontaneamente a exteriorizar sua personalidade e suas experiências inter-
individuais, através da expressão gráfica, sem os obstáculos, as regras e as
noções estéticas sociais que ainda irá absorver.
Existe, de um lado, a realidade material e social a qual a criança
adapta-se e, consequentemente, às suas regras e meio de expressão. E,
existe também, o que é sentido, vivenciado e desejado consciente e
inconscientemente pelo eu. Ambos formam a expressão.
11
Para Luquet existem quatro estágios:
1. Realismo fortuito – começa por volta dos dois anos e põe fim ao
período chamado rabisco. A criança que começou por traçar signos sem
desejo de representação descobre por acaso uma analogia com um objeto e
passa a nomear seu desenho.
2. Realismo fracassado – Geralmente entre três e quatro anos, tendo
descoberto a identidade forma-objeto, a criança procura reproduzir esta forma,
onde a criança vai modificando a sua intenção inicial à medida que vai
desenhando.
3. Realismo intelectual – Estendendo-se dos quatro aos 10-12 anos,
caracteriza-se pelo fato que a criança desenha do objeto não aquilo que vê,
mas aquilo que sabe. Nesta fase ela mistura diversos pontos de vista
(perspectivas)
4. Realismo visual – É geralmente por volta dos 12 anos, marcado pela
descoberta da perspectiva e a submissa às suas leis, daí um empobrecimento,
um enxugamento progressivo do grafismo que tende a se juntar as produções
adultas. Desenha o que vê.
Existem várias referências e classificações, porém de acordo com a
idade da criança podemos dizer que:
• Aos 18 meses a criança fará rabiscos sem parar, sem
sentido e desordenado, o traçado é mais ou menos arredondado,
conexo ou alongado e o lápis não sai da folha formando turbilhões. Será
divertido descobrir o mundo das cores e os traços. Mostrará a todos o
que fez, e é importante ser estimulada a continuar fazendo suas
produções artísticas. Sua coordenação motora é muito precária. É uma
etapa de auto-expressão. Sentirá curiosidade pelas paredes, chão,
revistas e tentará rabiscá-los de todas as formas.
12
• Aos dois anos de idade, o rabisco passará a ser mais
controlado e já terá outro sentido; pois perceberá que existe uma
relação entre os rabiscos e os movimentos que ela faz coma mão. Irá
querer desenhar sem parar e usará mais de um lápis de cor para
preencher a sua folha. Os traços do seu desenho ocuparão partes antes
desocupadas do papel. A criança sentirá curiosidade e necessidade de
experimentar outros tipos de lápis e materiais. O vivenciamento
predominará sobre a expressão.
• Aos 30 meses de idade, a criança já será capaz de
controlar um pouco mais os movimentos de sua mão, e de, inclusive,
manejar o lápis. Seus traços serão mais firmes, já não sairão da folha. A
criança gozará de uma melhor coordenação e é ai que aparecerá o
desenho simbólico. Cada rabisco ou desenho que consiga fazer terá um
nome e um sentido para ela. Passa a ver a sua criação como algo real,
descrevendo o que desenhou e espera que entendam o que desenhou,
mesmo quando desenha um quadrado e este pode representar para ela
uma casa. Entre dois e três anos poderá haver comentário verbal do
desenho.
• A parir dos três ou quatro anos, o desenho da criança se
aproximará mais da realidade. Sentirá especial interesse em desenhar
seu papai ou sua mamãe, ou seu amiguinho, irmão ou outra figura
humana. O uso de cada cor terá um significado para ela. Há crianças
que já demonstram preferência por algumas cores. Essa é uma etapa
pré- esquemática. Necessidade de escrever e de comunicar-se com
outros.
• Aos cinco anos, começará a desenhar mais detalhes em
seus personagens e a utilizar mais cores adequadamente. Desenhará
pessoas com roupa, levando algum objeto. Já a partir dos seis anos,
seus desenhos terão por menores importantes como mão com cinco
13
dedos, orelhas, cabelos diferenciados, pessoas sentadas etc. Também
se encontrará preparada para desenhar paisagens, flores no campo,
frutas nas árvores chaminés nas casas, rios e tudo que se proponha.
È claro que essas etapas servem apenas para orientação, uma vez
que cada criança é uma criança, com sua habilidade específica e seu próprio
tempo para desenvolvê-la e deverá ser respeitada e jamais forçada.
1.2. A evolução do desenho infantil
Os primeiros estudos sobre a produção gráfica das crianças datam
do final do século passado e estão fundados nas concepções psicológicas e
estéticas de então. É a psicologia genética, inspirada pelo evolucionismo e
pelo princípio do paralelismo da filogênese que impõe o estudo científico do
desenvolvimento mental da criança (Rioux, 1951) – Tereza Bordoni
As concepções de arte que permearam os primeiros estudos
estavam calcadas em uma produção estética idealista e naturalista de
representação da realidade. Sendo a habilidade técnica, portanto, um fator
prioritário. Foram poucos os pesquisadores que se ocuparam dos aspectos
estéticos dos desenhos infantis.
Luquet (1927- França) falava dos “erros” e “imperfeições” do
desenho da criança que atribui a “inabilidade” e “falta de atenção”, além de
afirmar que existe uma tendência natural e voluntária da criança para o
realismo.
Sully vê o desenho da criança como uma “arte embrionária” onde
não se deve entrever nenhum senso verdadeiramente artístico, porém, ele
reconhece que a produção da criança contém um lado original e sugestivo.
14
Sully afirma ainda que as crianças são mais simbolistas do que realistas em
seus desenhos (Rioux, 1951).
No final do século XIX, os psicólogos descobrem a originalidade dos
desenhos infantis e publicam as primeiras “notas” e “observações” sobre o
assunto. De certa forma eles transpõem para o grafismo a descoberta
fundamental de Jean Jacques Rousseau sobre a maneira própria de ver e de
pensar da criança.
As concepções relativas à infância modificaram-se
progressivamente. A descoberta de leis próprias da psique infantil, a
demonstração da originalidade de seu desenvolvimento, levaram a admitir a
especificidade desse universo.
Modo de expressão próprio da criança, o desenho constitui uma
língua que possui vocabulário e sintaxe. Percebe-se que a criança faz uma
relação próxima do desenho e a percepção pelo adulto. Ao prazer do gesto
associa-se o prazer da inscrição, a satisfação de deixar a sua marca.
O desenvolvimento progressivo do desenho implica mudanças
significativas que, no início, dizem respeito à passagem dos rabiscos para
construções cada vez mais ordenadas, fazendo surgir os primeiros símbolos.
Isto é possível graças às interações da criança com o ato de desenhar e com
os desenhos de outras pessoas. Na garatuja a criança tem como hipótese que
o desenho é simplesmente uma ação sobre uma superfície, e ela sente prazer
ao constatar os efeitos visuais que essa ação produziu. No decorrer do tempo,
as garatujas, que refletiam sobretudo o prolongamento de movimentos rítmicos
de ir e vir, transformam-se em formas definidas que apresentam maior
ordenação, e podem estar se referindo a objetos naturais, objetos imaginários
ou mesmo a outros desenhos. Na evolução da garatuja para o desenho de
formas mais estruturadas, a criança desenvolve a intenção de elaborar
imagens no fazer artístico.
15
Começando com símbolos muito simples, ela passa a articulá-los no
espaço bidimensional do papel, na areia, na parede ou em qualquer outra
superfície. Passa também a constatar a regularidade nos desenhos presentes
no meio ambiente e nos trabalhos aos quais ela tem acesso, incorporando
esse conhecimento em suas próprias produções.
No início, a criança trabalha sobre a hipótese de que o desenho
serve para imprimir tudo o que ela sabe sobre o mundo. No decorrer da
simbolização, a criança incorpora progressivamente regularidades ou códigos
de representação das imagens do entorno, passando a considerar a hipótese
de que o desenho serve para imprimir o que se vê.
É assim que, por meio do desenho, a criança cria e recria
individualmente formas expressivas, integrando percepção, imaginação,
reflexão e sensibilidade, que podem então ser apropriadas pelas leituras
simbólicas de outras crianças e adultos.
O desenho está também intimamente ligado com o desenvolvimento
da escrita. Parte atraente do universo adulto, dotada de prestígio por ser
“secreta”, a escrita exerce uma verdadeira fascinação sobre a criança, e isso
bem antes de ela própria poder traçar verdadeiros signos. Muito cedo ela tenta
imitar a escrita dos adultos. Porém, mais tarde, quando ingressa na escola
verifica-se uma diminuição da produção gráfica, já que a escrita (considerada
mais importante) passa a ser concorrente do desenho.
O desenho como possibilidade de brincar, de falar, de registrar,
marca o desenvolvimento da infância, porém em cada estágio, o desenho
assume um caráter próprio. Estes estágios definem maneiras de desenhar que
são bastante similares em todas as crianças, apesar das diferenças individuais
de temperamento e sensibilidade.
16
Quanto mais a criança desenhar, ela se aperfeiçoará, e mais
benefícios se notarão no seu desenvolvimento. Como dito anteriormente, o
desenho evolui paralelamente ao desenvolvimento da criança. Ele facilita e faz
evoluir a criança na:
• Psicomotricidade fina
• Escrita e a leitura
• Confiança em si mesma
• Exteriorização de suas emoções, sentimentos e sensações
• Comunicação com os demais e consigo mesma
• Criatividade
• Formação de sua personalidade
• Maturidade psicológica
1.3. É possível interpretar os desenhos infantis?
O especialista deve levar em conta a condição biográfica e familiar
da pessoa que desenhou, bem como sua história pessoal, que servirá como
marco de referência de quem está fazendo o desenho. Cabe lembrar que o
desenho é importante, mas não define tudo. É uma expressão de sentimento e
de desejos que podem ajudar, a saber, por exemplo, como se sente a criança
a respeito da sua família (amada? Rejeitada?), na sua escola (escolhida?
Preterida?) etc., dados estes muito importantes para serem utilizados na
consulta homeopática pediátrica.
Através dos desenhos das crianças, podem-se observar detalhes
que para uma pessoa adulta pode passar despercebido. O desenho pode ser
na infância, um canal de comunicação entre a criança e seu mundo exterior. A
primeira porta que a criança abre o seu interior
17
Existem algumas pistas que orientam a interpretação dos desenhos,
tais como:
• Posição do desenho – Todo desenho na parte superior do
papel, está relacionado com a cabeça, o intelecto, a imaginação, a
curiosidade e o desejo de descobrir coisas novas, A parte inferior do
papel nos informa sobre as necessidades físicas e materiais que pode
ter a criança. O lado esquerdo indica pensamentos que giram em torno
do passado, enquanto o lado direito, ao futuro. Se o desenho se situa no
centro do papel, representa o momento atual.
• Dimensões do desenho – Os desenhos com formas
grandes mostram certa segurança, enquanto os de forma pequena
parecem ser feitos por crianças que normalmente precisam de pouco
espaço para se expressar. Podem também sugerir uma criança
reflexiva, ou com falta de confiança.
• Traços do desenho – Os contínuos, sem interrupções,
parecem denotar um espírito dócil, enquanto o apagado ou falhado,
pode revelar uma criança um pouco insegura e impulsiva.
• A pressão do desenho – Uma boa pressão indica
entusiasmo e vontade. Quanto mais forte seja o desenho, mais
agressividade existirá, enquanto as mais superficiais demonstram falta
de vontade ou fadiga física.
• As cores do desenho – O vermelho representa a vida, o
ardor, o ativo; o amarelo, a curiosidade e a alegria de viver; o laranja, a
necessidade de contato social e público, impaciência; o azul, a paz e a
tranqüilidade; o verde, certa maturidade, sensibilidade e planejamento; o
negro representa o inconsciente; o marrom, a segurança e
18
planejamento. É necessário acrescentar que o desenho de uma só cor,
pode denotar preguiça ou falta de motivação.
• Árvore – Refere-se ao físico, emocional e intelectual da
criança. Quando o tronco da árvore é alto e largo, revela que seu filho
tem muita força na superação dos problemas. Quando o tronco for
pequeno e estreito, revela vulnerabilidade às complicações. Se houver
excessos de folhas, a criança tem grandes ocupações, talvez em
excesso. Se houver poucas folhas e galhos, a criança está triste.
• Casa – Desenho de uma casa grande demonstra grande
emotividade, se for uma casa pequenina é uma criança retraída.
• Barco – Desenhar barco significa que a criança adapta-se
facilmente a imprevistos. Barcos grandes revelam que a criança não
gosta de mudanças e aprecia ter controle da situação, se for barco
pequeno ela é sensível e tem grande intuição.
• Flores – Desenhar flores significa que é uma criança
alegre e feliz.
Essas pistas são apenas uma pincelada dentro do grande mundo
que é o desenho infantil, não deve generalizar, pois cada criança é um mundo
assim como as regras de interpretação do desenho infantil.
Os desenhos das crianças não só contam suas preferências e
opções pelas formas, as cores e as características dos seus traços, mas
também falam de suas experiências e preocupações. Em razão disso, a
interpretação do desenho infantil é utilizada por muitos psicólogos como
terapia. Como as crianças não podem – porque não sabem – explicar o que
sentem, o desenho pode ser uma grande ferramenta de apoio não só para os
psicólogos, mas também para os educadores, pediatras entre outros.
19
Existem muitos problemas que podem ser mais bem identificados
através dos desenhos tais como: casos de violência, agressividade, de abuso
ou de maltrato, de temores, relações familiares, etc. É claro que para
interpretá-los é necessário uma formação especializada, já que muito do que
as crianças desenham também é fruto de sua imaginação e fantasia, ou uma
cópia do que viu em algum livro, em algum filme, ou na televisão. È importante
que a criança fale sobre a sua produção e todo cuidado é pouco na hora de
entender os desenhos das crianças.
Para Gregg Furth (2006), a sua postura na interpretação de um
desenho é, em geral, a de que nenhum ponto é indicativo definitivo sobre o
que está acontecendo na psique do paciente.
Através do desenho de uma criança é possível analisar seu caráter,
sua personalidade, temperamento e carências. Ainda pode também descobrir
e reconhecer as fases pelas quais a criança está a passar, suas dificuldades,
bem como seus pontos positivos.
MÉREDIEU (1974) ressalta que o meio em que a criança se
desenvolve é o universo adulto, e esse universo age sobre ela da mesma
maneira que todo contexto social, condicionando-a ou alienando-a. Querer
estudar as produções infantis fora da ganga das influências e pressões adultas
só pode levar a uma leitura falseada.
Benoit Matisse – pintor, desenhista e escultor francês, disse que
“criar é expressar o que tem dentro de si”; pois a criação é a reprodução das
emoções e sentimentos. Os desenhos falam por si mesmos, podem expressar
seus sofrimentos e angústias e para ajudá-las a superarem esses conflitos é
necessário empreender um laço de confiança com elas, escutá-las e buscar
entender o que querem nos dizer. Uma boa relação médico-paciente facilitará
esse processo.
20
Para a criança, a arte é um meio de expressão, sua linguagem de
pensamento. Nos desenhos se detalham todas as transformações que sofre a
criança à medida que cresce e se desenvolve, resultando assim num grande
documento de análise e diagnóstico.
1.4. O desenho na Arteterapia e a linguagem dos materiais
Para PHILLIPINI (2009), o processo arteterapêutico é desenvolvido
através de modalidades expressivas e plásticas diversas, e a escolha
dependerá do processo criativo do cliente e da maneira como prefira
comunicar sua subjetividade. Assim, o desenho é uma possibilidade expressiva
que de um modo geral as crianças gostam muito ao contrário dos idosos, salvo
raras exceções, não se adaptam bem a esta linguagem e, por isso, resistem à
prática expressiva do desenho.
O paciente da Arteterapia não precisa saber desenhar, no entanto
cabe ao arteterapeuta ter um conhecimento básico dos principais recursos
gráficos, bem como dos elementos fundamentais do discurso visual, um
“alfabeto” composto por ponto, linha, traços, luz, sombra, perspectivas,
projeção, proporcionalidade e relações espaciais.
O desenho infantil deve ser expresso com liberdade e não com
obrigação. Valoriza-se o desenho espontâneo da criança e o seu processo de
criação. É importante observá-la enquanto faz o seu desenho.
As atividades gráficas e plásticas representam uma autêntica
linguagem para as crianças. As ensinarão a desenvolver suas habilidades
motoras, darão mais liberdade de expressão e enriquecerão seu mundo. O
contato com diferentes materiais estimulará suas idéias e sua expressividade.
Ela só pode produzir na medida em que lhe forneça instrumentos e materiais.
21
O aparecimento do que se chama arte infantil foi condicionado pela
evolução das técnicas gráficas e plásticas, e pela difusão cada vez maior do
papel e do lápis, ocasionada pela baixa do custo de fabricação desses
produtos. Produto caro, o papel foi durante muito tempo reservado para uso
mais rentável; a criança não podia dispor dele livremente e tinha que se
contentar com outros suportes como a areia.
O auxilio de instrumentos e materiais novos modificaram
profundamente o estilo infantil. O aparecimento da caneta hidrográfica viu
surgir um tipo de grafismo muito particular, ao mesmo tempo em que uma
tendência à miscelânea, com certas crianças utilizando sistematicamente todas
as cores. O tamanho das folhas de papel também contribuiu para a linguagem
da expressão infantil.
O papel é tão importante como o lápis. Seu formato, tamanho, bem
como sua cor, irão determinar limites das crianças quanto ao desenho. A
textura determinará o tipo de lápis que a criança irá utilizar. As crianças sempre
reagirão de diferentes maneiras dependendo do tipo de material que utilizem.
Quando existe um interesse especial da criança pelo desenho,
pode-se orientá-la acerca de algumas técnicas, oferecendo-lhe diferentes
materiais para que os prove. A técnica, no que se refere ao domínio
instrumental, não necessita ser ensinada. Adquire-se com a prática e
experiência. A criança que gosta muito de desenhar, cada vez mais se sentirá
atraída por outros materiais, e assim irá crescendo neste mundo tão mágico
que é o desenho.
Tipos de materiais gráficos mais utilizados com as crianças:
• Lápis de cera – material de recursos plásticos limitados,
no entanto útil pelo baixo custo e pela possibilidade de ser usado por
crianças pequenas para os primeiros garranchos, devido seu manejo
22
cômodo. Pode-se encontrar lápis de cera de distintas formas. Com
pontas finas ou arredondadas, e de todas as cores.
• Lápis de cor – material de infinitas possibilidades,
apresentando ampla gama de cores e “degradês” e também na forma
aquarelada que permite depois do desenho pronto que se use água no
pincel, para transformar o desenho em pintura. Permite boa definição e
configuração da linha e dos detalhes das formas trabalhadas, bem como
um bom trabalho de sombra, luz e contornos.
• Grafite – recurso gráfico simples, porém permite uma
ampla gama de experimentações e apresenta uma variedade de
diferenças na intensidade da cor negra, assinaladas por uma
numeração específica. O grafite 6B é macio e permite um traçado bem
intenso e visível.
• Canetas hidrocores – instrumento gráfico de muita
precisão, apresentando inúmeras cores de pigmentos muito fortes e
definidos. Facilita a configuração de detalhes e pode ser utilizado
também para pontilhados, tracejados e delimitações de contorno,
contudo não servem para cobrir de cor áreas maiores, pois é um
instrumento de ponta fina, podendo ser substituído, para esse fim, pelos
“pilot” que guardam as mesmas características, mas têm pontas mais
grossas e arredondadas.
Quando se estimula a criança a desenhar, estará ajudando para
que desenvolva sua percepção, emoção e inteligência. A criança contará
com mais meios para expressar-se e adquirirá mais prática e experiências.
A potencialidade criativa que tem uma criança é enorme, mas nem sempre
se reconhece isso a não ser que lhes ofereçam a oportunidade de colocá-
las em prática.
23
CAPÍTULO II
A HOMEOPATIA PEDIÁTRICA
“Podemos escolher o que semear, mas somos obrigados a colher o que plantamos.” 2
2.1. A Homeopatia
A homeopatia é uma ciência médica que está fundamentada há
mais de 200 anos. Foi fundada pelo médico alemão Samuel Hahnemann e
possui quatro princípios fundamentais:
1. Lei dos semelhantes – o medicamento capaz de curar
uma doença ou um sintoma, também deve ser capaz de provocar
sintoma semelhante em uma pessoa sadia.
2. Experimentação no homem são – o medicamento para
ser considerado homeopático deve ter sido testado em voluntários
sadios e provocado sintomas nos mesmos. O medicamento
homeopático é preparado a partir de matéria-prima dos reinos animal,
vegetal ou mineral.
3. Dose mínima – menor quantidade, mínimo de energia ou
medicamento que acionou processo de cura no paciente.
4. Remédio único – individualizar pacientes e medicar com
único medicamento por vez. É a homeopatia unicista.
2 Ditado chinês
24
O homeopata se preocupa antes de tudo em captar os sintomas que
revelam a forma como funciona aquele pequeno ser ou aquele adolescente
que está a sua frente. Aspectos esses que os pais nem se dão conta que
afetam a filha ou acham que não tem nada a ver com a doença do filho.
Cada indivíduo é um todo moral, físico e psíquico, em que as
diferentes “partes” estão intimamente relacionadas, em uma interação
permanente entre si, com o meio e com os outros indivíduos. preciso tratar o
“todo” para que nenhuma “parte” adoeça.
É importante “individualizar” o doente, dando-lhe uma importância
maior que à doença propriamente dita. A doença é a mesma, porém os
“doentes” são diferentes e suas peculiaridades permitirão ao homeopata
decidir-se por um ou outro medicamento.
Logo, o que realmente precisamos é conhecer o mais
detalhadamente possível “quem” está apresentando a doença.
O ser humano em estado de saúde mantém uma homeostase entre
os seus diferentes órgãos, funções e com o meio. Atribui-se a esta
homeostase uma determinada energia ou força, chamada de energia vital.
Quando os agentes agressivos de qualquer natureza atuam sobre essa
energia vital, desequilibrando-a, surge então a doença.
Sendo assim, a doença é a exteriorização ou a manifestação,
através dos sintomas, do esforço que a energia vital está realizando para voltar
à saúde. As curas são possíveis, devido a uma reação da energia vital
estimulada pelos medicamentos homeopáticos.
25
2.2. A Abordagem Homeopática
O objetivo da consulta homeopática é a seleção correta de um só
medicamento, se possível, capaz de reequilibrar a energia vital do paciente.
Para LINHARES (2000), esta seleção tem como alicerce os seguintes
requisitos:
1. Interrogatório;
2. Observação;
3. Conhecimento da Matéria Médica;
4. Domínio do Repertório;
5. Conhecimento de patologia;
6. Arte médica
Interrogar um enfermo deve ser compreendido num sentido mais
amplo e não ser apenas um simples “questionar”. Estão incluídos também a
observação, a compreensão e o exame clínico. A consulta adquire a forma de
um “quebra cabeça” e constituem uma imagem ao final da consulta (o nome do
medicamento). Para obter um resultado bom e rápido deve-se, como num
“quebra-cabeça” e como recomenda Hahnemann no seu Organon, parágrafo
153, isolar os elementos (sintomas) mais chamativos, originais, inusitados e
pessoais. Estes elementos definem de forma bastante concisa como deve ser
a técnica da consulta homeopática e, apesar de terem sido escritos em 1810,
são absolutamente atuais.
A consulta médica tem como objetivo a comunicação de
informações: interrogar é receber mensagens, é praticar a semiologia.
“A semiologia é a ciência dos sinais. A maior parte das ciências se
baseiam em uma determinada semiologia, que resulta da observação de sinais
próprios ao seu objeto. Existe portanto, uma semiologia médica ou o estudo de
sinais que podem levar a um diagnóstico, ou seja: converter sintomas em
sinais.” (Dr. Demarque: Semiologia Homeopática, Ed. Le François).
26
Durante a consulta homeopática, o médico deve ter um papel ativo,
mesmo que se confine durante um tempo numa atitude passiva. Deve-se ter
em mente o objetivo procurado (diagnóstico do remédio) e os meios
disponíveis para atingi-lo.
A consulta homeopática obedece às mesmas regras que toda
consulta médica tem, com objetivo de recolher o maior número de sintomas
possíveis que permitem estabelecer um diagnóstico. Pode ocorrer em dois
tempos: primeiro a análise, para isolar e fazer um repertório dos elementos que
motivam a consulta, em seguida a síntese, para procurar os remédios
correspondentes aos sintomas recolhidos.
Constantino Hering resumiu em quatro palavras o que deveria ser a
consulta homeopática: escutar, escrever, interrogar, coordenar (hierarquizar e
valorizar os sintomas), devendo ser acrescentado: observar, examinar e
prescrever.
É, sobretudo, no observar, no escutar e no interrogar que o
homeopata imprimirá à consulta seu selo pessoal.
A observação dos sinais exteriores, o aspecto geral, a atitude, os
meios de expressão do doente são informações preciosas que convém notar.
O vestuário, a mímica, o comportamento, as palavras escolhidas para se
exprimir formam mais um conjunto que pontos isolados.
Saber escutar com atenção e paciência, é uma das faculdades que
um médico homeopata deve aprender a desenvolver. Não se deve interromper
um doente desde as primeiras palavras, pois ele vem à consulta para ser
cuidado, mas também para ser escutado.
27
2.3. A consulta homeopática pediátrica
O objetivo da consulta é a melhora do estado da criança e para que
isto ocorra, diferentes meios podem ser usados, separada ou
simultaneamente: conselhos aos pais e à criança, prescrição medicamentosa
ou, às vezes, psicoterapia. A consulta homeopática, integrando todos estes
elementos, tem especificamente por objetivo diagnosticar o medicamento do
pequeno paciente e ajudá-lo a reequilibrar sua energia vital. Esta pesquisa do
medicamento, correspondente à maneira de reagir de cada individuo, dá uma
importância primordial aos sintomas característicos que lhe são próprios, e que
assinalam, em um quadro nosológico, sua maneira pessoal de reagir a uma
agressão que pode ser física, tóxica, traumática ou psíquica ou ter múltiplas
causas.
A primeira etapa da consulta é o interrogatório, evidentemente mais
delicado nos bebês e nas crianças menores do que nas crianças maiores ou
em um adulto. Deve ser o menos direto possível. È preciso deixar a mãe e seu
filho falarem sua própria linguagem e, sobretudo, não sugerir respostas. As
perguntas são feitas de maneira a obter uma resposta sob forma de uma frase
completa e não de um simples “sim” ou “não”. A consulta deve começar com
os pais acompanhados de seu filho, depois sozinhos e por fim, a criança deve
ser ouvida sozinha, sem a presença dos pais. A observação constitui o
episódio fundamental da consulta. Ela começa na sala de espera, continua no
caminho do consultório e, sobretudo, no próprio consultório.
Ao longo do exame ela fornece preciosas indicações sobre o
comportamento da criança: calma, agitada, ansiosa, medrosa, independente
ou grudada na mãe, que se esconde atrás da sua poltrona, fica sentada no
colo ou, ao contrário, exploradora, irrequieta, mexendo em tudo. A observação
permite, também, avaliar sua atitude ao responder as perguntas, sua maneira
de desnudar (sozinha ou com ajuda, consentindo ou reticente) e seu
comportamento durante o exame.
28
Deve-se explorar também a imaginação dos pequenos, de como ele
brinca, desenha, seus jogos prediletos, brinquedos ou das estórias que mais
gosta.
Segundo DIAS (2000), a abordagem da anamnese em pediatria
pode seguir muitas vezes o mesmo “roteiro” da dos adultos, não esquecendo
que existe uma terceira pessoa através da qual se recebe as informações, seja
ela a mãe, a avó, o pai, a babá ou até mesmo das professoras e dificilmente
do próprio paciente, dependendo da faixa etária.
É importante questionar “porque adoeceu?”, compreender o que
realmente está acontecendo com este pequeno ser, e entender o que pode ser
considerado como sintoma homeopático e o que há para se curar.
A criança interage com seu meio apresentando diferentes reações,
cada uma delas deverá ser cuidadosamente considerada para que a
prescrição seja realmente necessária e adequada.
São considerados sintomas homeopáticos nas crianças as
características apresentadas que não correspondem à faixa etária esperada ou
que estejam exacerbados, ambos a ponto de comprometer o desenvolvimento
psicomotor da criança e seu relacionamento com o meio. Sendo assim, muitas
vezes os traços de personalidade são selecionados como sintomas
homeopáticos.
No decorrer do crescimento da criança, de seu desenvolvimento
psíquico, motor e social, é possível perceber seus sintomas mentais com maior
clareza, não somente aqueles observados e relatados por seus familiares, mas
também os observados pelo médico durante a consulta. Além, claro, dos
sintomas gerais, bem modalizados, que são sempre de grande importância no
decorrer de toda a vivência com o paciente, e dos sintomas locais percebidos
durante o exame físico.
29
Para que ocorra uma boa consulta em homeopatia pediátrica é
importante conhecer o valor do sintoma. O sintoma deve ser: exagerado,
excessivo, impróprio, desproporcional, aquilo que é de fato “sui generis”, raro
estranho e peculiar. Uma queixa passa a ser sintoma, quando esta interfere
com a qualidade de vida da criança. Nas crianças maiores, que já verbalizam,
a abordagem pode ser feita diretamente com elas, sem autoritarismo ou
onipotência. Buscar saber o que sentiu e reagiu em determinadas situações.
Para entender melhor o mundo infantil, na anamnese das crianças a
partir de três anos, são instrumentos valioso o papel e o lápis de cor ou de
cera. O desenho apresentará outro tipo de linguagem: a do sentimento
retratado. Sendo importante que a própria criança explique o seu desenho.
Deve-se buscar elementos que possam ajudar a conhecer o
pequeno paciente, com informações de seu comportamento na escola através
de relatórios escolares, desenho e dramatizações, pois contam de seu mundo
interior, seus rabiscos falam muito de seus conflitos. Entrevistas com pessoas
do convívio, como avós, tias e outros também ajudam na consulta conhecer
melhor o paciente, sem esquecer que a palavra da criança é fundamental.
Brunini (2004) ressalta a importância de o homeopata pediátrico
discernir durante a consulta: sintoma da criança X sintoma da família, atentar
para coisas que não são faladas, mas observadas durante a consulta como
exemplo a criança real (observada) X a criança ideal (falada). Utilizando o
desenho e os brinquedos durante a consulta facilitará a perceber este
desencontro das informações, pois a criança se mostra do jeito que ela
realmente é.
A redação da receita é a ultima parte da consulta, é feita após a
seleção dos sintomas e a escolha do medicamento que cobrirá a totalidade
destes sintomas, a este medicamento mais similar ao paciente, dá-se o nome
de simillimum.
30
CAPÍTULO III
A EXPERIÊNCIA NO SUS
"Para o otimista, cada nova complicação é uma nova oportunidade. Para o pessimista, cada nova oportunidade é uma nova complicação..." 3
3.1. A Homeopatia no SUS
O Sistema Único de Saúde - SUS foi criado pela Constituição
Federal de 1988 e regulamentado pelas Leis nº 8.080/90 (Lei Orgânica da
Saúde) e nº 8.142/90, com a finalidade de alterar a situação de desigualdade
na assistência à saúde da população, tornando obrigatório o atendimento
público a qualquer cidadão, visando garantir assistência integral e totalmente
gratuita.
O processo de descentralização do Sistema Único de Saúde
permitiu que estados e municípios brasileiros se tornassem mais autônomos
na definição e execução de suas políticas de saúde. Nesse contexto, o
processo de implantação da Homeopatia nos serviços públicos de saúde e a
oferta do atendimento médico homeopático cresceram no SUS. De acordo com
dados do DATASUS, até novembro de 2005, os estados do Sudeste com
maior número de municípios oferecendo assistência homeopática eram São
Paulo (38 municípios), Rio de Janeiro (21 municípios, dentre os quais o
município de Barra do Pirai) e Minas Gerais (11 municípios).
Apenas 110 dos mais de 5.563 municípios brasileiros utilizam hoje a
homeopatia na rede pública, mesmo após a especialidade médica,
reconhecida pelo Conselho federal de Medicina em 1980, ter sido acolhida
como política de saúde no Brasil através da Portaria n° 971, publicada em 03
de maio de 2006, pelo Ministério da Saúde, que instituiu a Política Nacional de
3 Içami Tiba
31
Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde –
um marco na democratização da saúde, pois faculta à população o direito de
optar pela terapêutica que lhe melhor convir.
Infelizmente, ainda são precárias as condições de atendimento no
SUS, com escassez de recursos materiais e humanos. È preciso ser criativo
para fazer a diferença.
3.2. A experiência do atendimento homeopático pediátrico no SUS
Em setembro de 2004, iniciei o atendimento médico homeopático no
SUS na cidade de Barra do Piraí-RJ, após a realização de concurso público
para uma única vaga de médico homeopata. São atendidos pacientes de todas
as idades, sendo aproximadamente trinta porcento do total de atendimentos o
percentual de crianças. Apesar das dificuldades enfrentadas devido à falta de
investimento em recursos materiais e tecnológicos e também o não
fornecimento do medicamento homeopático gratuitamente à população,
busquei oferecer um atendimento diferenciado através da realização de
atividades lúdicas com brinquedos e materiais diversos para desenhos com
crianças a partir de três anos de idade, utilizando estas atividades como
facilitadoras na busca dos sintomas objetivos e, consequentemente, ajudando
na escolha do medicamento homeopático.
Em 2008, no congresso brasileiro de homeopatia em São Paulo,
apresentei um trabalho cujo tema era O LÚDICO COMO FACILITADOR NA
ABORDAGEM HOMEOPÁTICA PEDIÁTRICA NO SUS, baseado nessa
experiência realizada no SUS, em Barra do Piraí, desde 2004. O objetivo deste
trabalho era propor a metodologia da atividade lúdica durante a abordagem
homeopática pediátrica no SUS, tendo em vista que esta proposta nos
consultórios particulares é amplamente difundida e utilizada.
32
A metodologia apresentava quatro fases que até hoje são utilizadas:
• Fase 1: Marcação da consulta – demanda espontânea ou
através de encaminhamento.
• Fase 2: Tempo de consulta – 60 minutos para os
atendimentos de primeira vez e 30 minutos para os subsequentes.
• Fase 3: Realização da primeira parte da consulta: escutar,
anotar e observar. O homeopata observa o paciente desde o momento
em que entra no consultório e utiliza, como ferramenta na busca do
maior número de sintomas objetivos, as atividades lúdicas, através de
brinquedos, lápis de cor e de cera, caneta hidrocor e papel de cores e
tamanhos diferentes expostos no consultório, para que a criança
escolha a atividade que irá executar.
• Fase 4: Avaliação da atividade realizada, deixando a
criança expressar suas ideias, interpretações, atitudes, sentimentos e
seu mundo interior de forma livre, e posteriormente dando continuidade
às outras etapas da consulta: interrogar, examinar, repertorizar,
diagnosticar e medicar.
Com a utilização desta proposta obtive os seguintes resultados, que
foram apresentados no trabalho:
• Melhor relação médico-paciente.
• Maior adesão ao tratamento e incentivo ao seu retorno.
• Melhor observação da criança durante a consulta.
• Participação ativa da criança na consulta.
• A utilização do lúdico como estratégia na educação em saúde.
33
Na conclusão, constatou-se que esta metodologia contribuiu
substancialmente na busca do medicamento de todas as crianças atendidas
nessa unidade do SUS, variando de acordo com a individualidade de cada
uma.
Percebeu-se uma melhor abordagem e conhecimento do pequeno
paciente, que ao sentir-se inserido no contexto da consulta, fica mais à
vontade para contar sua história de dor, amor (ou desamor), brincando,
desenhando, podendo fazer tudo isso de forma mais espontânea e prazerosa,
deixando transparecer quem ele realmente é.
Após a realização deste trabalho, senti a necessidade de ampliar
meu olhar e meus conhecimentos para melhor aproveitamento de todo esse
material que obtenho durante as consultas homeopáticas pediátricas.
Em janeiro de 2009 iniciei o curso de especialização de Arteterapia
em educação e saúde, que além da ajuda através do conteúdo programático,
pude contar com a riqueza dos recursos humanos de diferentes áreas de
atuação: uma verdadeira troca interdisciplinar.
Desde então, passei a explorar mais os desenhos infantis utilizando
a linguagem dos diferentes materiais, que por si só já nos dizem muita coisa.
A escolha da cor e do tamanho do papel, o tipo de caneta ou lápis
que usa pra desenhar, a posição da folha (deitada ou em pé), os traços fracos
e fortes, o preenchimento da folha e principalmente o que diz o desenho e
como foi o seu processo criativo, pois este é muito valorizado na Arteterapia e
só é possível através da observação.
34
3.3. Relato de casos
Foram registrados diversos casos de pacientes que constatam a
importância da utilização do desenho durante a consulta homeopática
pediátrica no SUS. Segue abaixo dois casos selecionados a título de
ilustração:
3.3.1. Caso 1
IJJ,10 anos, sexo feminino, veio ao consultório acompanhada de
sua mãe em 2006, com queixa de prisão de ventre, história de ambiente
confuso em casa devido à relação dos pais estar em crise e ainda rotulada
pela mãe como chorona, meiga, vaidosa e egoísta. Observei que durante a
consulta, ao se aproximar da mãe querendo carinho, a mesma a afastava,
reclamando que ela era enjoada e grudenta.
Não quis desenhar na primeira consulta, apenas brincou com os
brinquedos, principalmente as bonecas. Após a seleção dos sintomas foi
prescrito o medicamento homeopático Pulsatilla nigricans 30 ch. Nas consultas
posteriores fez desenhos coloridos, com vários corações, árvore com base
estreita, casa, sol à esquerda com raios pequenos e flores coloridas.4
Melhorou da prisão de ventre e diminuiu bastante o choro. Ao
comparar os desenhos, constatou-se que em nenhum deles tinha figura
humana e ao ser questionada sobre este fato na consulta individual, a mesma
respondeu que se sentia carente, sozinha e que a mãe não ligava pra ela. Foi
confirmado então o medicamento homeopático; pois a Pulsatilla nigricans
(reino vegetal) é considerada a “carente” e tem como núcleo do medicamento
o abandono. A dose do medicamento homeopático foi aumentada para 200 ch.
4 Anexo 1
35
BRUNINI (1997) afirma que o afeto é o tema principal destas
crianças, sendo que neste aspecto são de uma “fome insaciável”: por mais
carinho que uma criança PULSATILLA receba, sempre acreditará que não é o
suficiente, quer mais, adoece por não receber todo o carinho que acredita ser
merecedora, e se você não cobri-la de atenções, sente-se infeliz, abandonada
com um alto grau de sensibilidade afetiva. È ciumenta e egoísta.
De acordo com Nicole Bédard, em sua obra “Como interpretar os
desenhos das crianças”, a casa representa as emoções vividas a partir do
ponto de vista social e a criança que desenha uma casa muito grande revela-
nos que está vivendo uma fase mais emotiva que racional; O sol quando à
esquerda do papel (representa passado e também o vínculo com a mãe), pode
representar a influência de uma mãe independente que age sem levar muito
em consideração os demais, raios pequenos revelam uma mãe não tão
envolvente; A árvore com base estreita revela uma criança de saúde frágil; A
criança que desenha flores deseja agradar. Se o fizer de maneira repetitiva,
demonstra que necessita de certa segurança e talvez seu ego tenha
necessidade de ser alimentado (sempre terá que se ocupar das flores: regá-
las, podá-las etc.).
O foco na proposta de utilizar o desenho na busca do medicamento
homeopático não está na interpretação deles, pois para tal é necessário ter
capacitação profissional, mas sim no relato do paciente sobre o seu desenho,
na sua expressão e sentimento durante o processo de realização. Para isto é
necessário a observação e a escuta atenta, etapas fundamentais durante a
consulta homeopática.
Drª Margaret Tyler dizia que quanto mais velha ficava, menos
anotação de sintomas fazia.
36
O grafismo infantil é sobretudo narrativo e figurativo. Assim que
descobre a possibilidade de representar o real por meio de signos, a criança
contenta-se geralmente em desenhar objetos e não recorre com frequência à
abstração. Seus desenhos narram, procuram transmitir uma mensagem. O
“inconsciente” fala por meio do desenho.
“O desenho é uma representação, isto é, ele supõe a construção de
uma imagem bem distinta da própria percepção.” 5
3.3.2. Caso 2
CRS, 9 anos, sexo feminino, veio na primeira consulta em 2005,
acompanhada de sua mãe, com queixa principal de alergia respiratória,
sempre gripada. Fez uso de várias medicações ao longo de dois anos e em
2007, na consulta com a avó paterna, esta relatou que a neta melhorou 99%
após o início do tratamento homeopático. Diz: “Ela é outra criança agora...”,
inclusive não veio com a mãe na consulta porque a mesma estava
trabalhando, motivo este de adoecimento antes do tratamento; pois não podia
ficar longe da mãe. Passado alguns meses, a mãe retornou com a menor na
consulta de rotina e informou que a paciente havia ficado muito doente e
inclusive teve que utilizar antibiótico.
Observei que ao entrar no consultório a menor estava com olhar
triste, calada e como sempre fazia desenhos, pegou o material exposto e
começou a desenhar enquanto eu conversava com a mãe. Percebi que algo
acontecia e indaguei várias vezes à mãe se havia ocorrido algum fato diferente
que pudesse desencadear o adoecimento da menor e a mesma sempre
negando.
5 Piaget
37
Após terminar de desenhar pedi para ver o desenho e só em olhá-lo
pude perceber a diferença dos anteriores que eram sempre alegres, com cores
vivas, com sol sorridente, flores coloridas, árvores com frutos e frases do tipo:
“te amo muito e beijos da C” 6.
Em seguida, pedi a ela que falasse sobre o desenho, com duas
nuvens grandes, um sol preto no centro da folha e uma árvore marrom sem
frutos e sem cor, no lado esquerdo uma menina sozinha que ela disse ser ela e
no outro lado da folha (à direita), em baixo, um boneco (o médico). A mãe não
aparecia porque havia brigado com o pai, a mesma mãe ficou sem graça e
disse que havia discutido com o pai na frente da criança e falaram em
separação. No dia seguinte à briga a menor adoeceu. Foi através do desenho
que constatei o que realmente desencadeara o adoecimento dela, uma vez
que a mesma já se encontrava bem e fazia o tratamento de manutenção. Foi
feito orientação a mãe para acompanhamento com psicoterapia e ainda
iniciado tratamento homeopático com a mãe.
BÉDARD (1998) entende que quando o sol está localizado em
pleno centro do desenho representa o próprio indivíduo. Neste caso, estamos
diante de uma criança que quer ser independente e que acredita ter certa
responsabilidade por sua mãe e por seu pai. Talvez se trate de uma família
desarticulada, porém, ela possui o caráter e o potencial necessário para fazer
frente à situação.
Para MEREDIEU (1974) a interpretação de um desenho – isolado
do contexto em que foi elaborado e da série dos outros desenho entre os quais
se inscreve – é portanto nula. Ocorre com o desenho o mesmo que acontece
com a imagem cinematográfica, que recebe seu sentido das imagens que a
precedem e seguem: determinado pormenor só se torna pertinente
retrospectivamente, pela repetição do mesmo tema ou redundância formal.
6 Anexo 2
38
CONCLUSÃO
Neste trabalho analisamos a utilização do desenho infantil como
ferramenta durante a consulta homeopática pediátrica realizada no SUS, visto
que o desenho representa, em parte, a mente consciente, mas também, e de
uma maneira mais importante, faz referência ao inconsciente. Para nós, o que
interessa é o simbolismo e as mensagens que o desenho nos transmite,
através da leitura da criança, como ele é feito, o material utilizado, não
importando a sua perfeição estética.
Destarte, para alcançarmos o nosso objetivo é recomendável deixar
que a imaginação da criança manifeste-se com toda a liberdade. Não é
conveniente obrigá-la a desenhar. Deve ser um ato de prazer. Assim também
ocorre na consulta homeopática pediátrica, não devemos extorquir as
informações, devemos deixar o paciente falar livremente, por isso a
necessidade de interrogar com perguntas abertas. A criança não pode sentir-
se pressionada. A relação médico-paciente deve ser natural e harmoniosa,
permitindo assim que a criança realmente se mostre como ela é, o que
facilitará na busca do medicamento mais similar a ela.
Constatamos através dos relatos de casos em que foi utilizado o
desenho infantil na consulta homeopática como facilitador da expressão
emocional que houve uma facilidade na escolha e confirmação do
medicamento homeopático adequado ao tratamento infantil, além dos
elementos inconscientes que emergem do desenho infantil terem auxiliado na
identificação de problemas/dificuldades existentes no núcleo familiar do
paciente, possibilitando estender o tratamento aos demais integrantes de sua
família e buscar ajuda de outros profissionais.
Concluímos, pois, ser muito positiva a utilização do desenho infantil
nas abordagens homeopáticas pediátricas em ambientes de escassos
recursos materiais, no âmbito do SUS.
39
BIBLIOGRAFIA
BÉDARD, Nicole. Como interpretar os desenhos das crianças. São Paulo:
Editora Isis, 2001.
BRUNINI, Carlos; GIORGI, Mario (Org.). Guia de atendimento homeopático.
São Paulo: Áurea Editora, 2004.
________. A criança deJ São Paulo: Editora Mythos, 1997, vol. 1 e 2.
________. O § 153 na prática homeopática. São Paulo: Editora Mythos,
2008.
COUTINHO, Vanessa. Arteterapia com crianças. Rio de Janeiro: Wak
Editora, 2005.
COX, Maureen. Desenho da criança. São Paulo: Martins Fontes Editora,
2007.
FURTH, Gregg M. O mundo secreto dos desenhos. São Paulo: Paulus
Editora, 2006.
GREIG, Philippe. A criança e seu desenho. Porto Alegre: Artmed Editora,
2004.
JAIN, Pravin B. Fundamentos de homeopatia pediátrica. Índia: Editora Nitya,
2004.
JOLY, Pierre. A consulta homeopática. São Paulo: Editora Organon, 2002.
JUNG, Carl G. O desenvolvimento da personalidade. Petrópolis: Vozes,
1998.
LINHARES, Waltencir. Homeopatia em pediatria. São Paulo: Editora
Homeolivros, 2000, 4ª ed.
MÈREDIEU, Florence de. O desenho infantil. São Paulo: Cultrix, 1974, 1ª ed.
OAKLANDER, Violet. Descobrindo crianças. São Paulo: Editora Summus,
1980, 1ª ed.
PAULO, Ana Lúcia Dias. Os miúdos. São Paulo: Editora Organon, 2000.
PHILIPPINI, Ângela. Linguagens e Materiais Expressivos em Arteterapia:
uso, indicações e propriedades. Rio de Janeiro: Wak editora, 2009
40
PONCET, Jacques-Édouard. Homeopatia Pediátrica Psicotatologia. São
Paulo: Editora Organon, 2004.
RING, Kathy; ANNING, Angela. Os significados dos desenhos de crianças.
Porto Alegre: Artmed Editora, 2009.
SALLES, Sandra Abrahão Chaim. Homeopatia, Universidade e SUS. São
Paulo: Editora Hucitec FAPESP, 2008.
WINNICOTT, Donald Woods. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago
Editora, 1975.
XXIX CONGRESSO BRASILEIRO DE HOMEOPATIA, São Paulo – SP, 17 a
21 de setembro de 2008. Apresentação do trabalho em Pôster: “O lúdico
como facilitador na abordagem homeopática pediátrica no SUS” – André
Luiz Ribeiro.
41
ATIVIDADES CULTURAIS
42
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> desenhos do caso 1
Anexo 2 >> desenhos do caso 2
43
ANEXO 1
44
45
46
47
ANEXO 2
48
49
50
51
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - O Desenho Infantil 9
1.1. O desenho e as etapas das crianças 10 1.2. A evolução do desenho infantil 13 1.3. É possível interpretar os desenhos infantis? 16 1.4. O desenho na Arteterapia e a linguagem dos materiais 20 CAPÍTULO II - Homeopatia Pediátrica 23
2.1. A Homeopatia 23 2.2. A abordagem homeopática 25 2.3. A consulta homeopática pediátrica 27 CAPÍTULO III – A Experiência no SUS 30
3.1. A homeopatia no SUS 30 3.2. A experiência do atendimento homeopático pediátrico no SUS 31 3.3. Relato de casos 34
3.3.1. Caso 1 34 3.3.2. Caso 2 36
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 39
ATIVIDADES CULTURAIS 41
ANEXOS 42
ÍNDICE 51
52
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes
Pós-Graduação “Lato Sensu” Projeto A Vez do Mestre
Título da monografia: O desenho infantil como facilitador na abordagem homeopática pediátrica no âmbito do SUS Autor: André Luiz Ribeiro Turma: I 036 Matrícula: I101362 Data da entrega: 28/02/2010 Avaliado por: Profª Fabiane Muniz Conceito: _____