Upload
trinhdien
View
212
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
ORGANIZAÇÃO DE APRENDIZAGEM OU APRENDIZAGEM
ORGANIZACIONAL
Por: Dirce Maria Souza da Silva
Orientador
Profa. Maria Poppe
Rio de Janeiro
2009
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
ORGANIZAÇÃO DE APRENDIZAGEM OU APRENDIZAGEM
ORGANIZACIONAL
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em gestão de
Recursos Humanos.
Por: Dirce Maria Souza da Silva
3
AGRADECIMENTOS
Aos queridos amigos, professores e a
todos aqueles que direta ou
indiretamente me auxiliaram nesta
caminhada, meu reconhecido
agradecimento.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus familiares
que sempre me auxiliaram e apoiaram
nos momentos necessários. Em especial
a minha querida mãezinha.
5
RESUMO
O presente estudo tem como objetivo principal investigar se a
estratégia adotada pelo setor de Recursos Humanos para promover o
autodesenvolvimento do capital humano pode favorecer a aprendizagem
organizacional.
Como base para a resolução da investigação vamos citar as cinco
disciplinas de Peter Senge: domínio pessoal, modelos mentais, objetivo
comum, aprendizado em grupo e raciocínio sistêmico (a quinta disciplina) para
mostrar a importância do autodesenvolvimento no sentido de favorecer a
aprendizagem da organização. Destacaremos igualmente o papel do
profissional de Recursos Humanos na implementação de estratégias visando
estimular as pessoas ao aprimoramento.
Uma organização que aprende só é possível através de pessoas em
todos os níveis praticando o aprendizado.
6
METODOLOGIA
O processo de produção do presente trabalho se inicia com o
levantamento bibliográfico, onde foi feita a seleção dos livros e artigos
científicos; busca de material na Internet a serem analisados e captação de
informações nas aulas ministradas durante o curso, buscando-se a
fundamentação no referencial teórico. Ao final desse processo foi realizada a
elaboração dos capítulos da monografia buscando compreender como o
processo de aprendizagem é elaborado e como essa aprendizagem se reflete
nas organizações que se propõem a aprender. Compreender como a gestão
de Recursos Humanos com foco no autodesenvolvimento promove a
aprendizagem organizacional.
Peter M. Senge com sua visão sistêmica baseada em cinco disciplinas
integradas contribuiu de forma determinante para a compreensão do que vem
a ser uma organização de aprendizagem, acenando com uma nova forma de
administrar as empresas, e a partir de seus conceitos encontramos uma
resposta viável ao problema enfocado em nosso estudo.
A partir dos conceitos de Fleury e Fleury, Easterby-Smith e Araújo
assinalamos no nosso trabalho o quanto à aprendizagem organizacional e o
ser humano são complexos e dinâmicos. Percebemos que embora o conceito
de aprendizagem continue, essencialmente, o mesmo, o processo é
fundamentalmente diferente.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Conceitos Relativos a Organização de Aprendizagem 10
CAPÍTULO II - Aprendizagem Organizacional: Organizações que aprendem 20
CAPÍTULO III – Recursos humanos: Implementação de Estratégias
com foco no Autodesenvolvimento 35
CONCLUSÃO 50
BIBLIOGRAFIA 52
ÍNDICE 54
FOLHA DE AVALIAÇÃO 56
8
INTRODUÇÃO
O crescente reconhecimento da importância do processo de
aprendizagem e de suas implicações no contexto do ambiente de trabalho
contribuiu para a consolidação de novos valores dentro da organização que
aprende. Neste sentido cada membro da organização é valorizado, respeitado
nas suas diferenças e dificuldades, e incentivado a alcançar seu pleno
desenvolvimento através de uma estratégia: eficaz, eficiente e efetiva.
Trata o presente trabalho de abordar a aprendizagem individual e
organizacional: organizações que aprendem, salientando o papel de Recursos
Humanos, enquanto gestor, na implantação de estratégias para promover o
autodesenvolvimento dos colaboradores e dessa forma favorecer a
aprendizagem das organizações.
O primeiro passo é mostrar como nossas vidas estão intrinsecamente
ligadas às organizações a partir do momento em que nascemos e até no
momento de nossa morte. Abordaremos algumas definições sobre organização
como um sistema dentro de um contexto cultural e social.
Gareth Morgan (2007) apresenta uma interessante abordagem sobre
as organizações a partir de metáforas que permitem vê-las como organismos,
como fluxo de transformação.... A intensão parece ser a de mostrar o quanto o
universo das organizações vem se tornando cada vez mais complexo e repleto
de ambigüidades.
Os processos de aprendizagem individual e organizacional,
relacionados com a visão de homem, sociedade e saber, são apresentados
neste estudo como um movimento contínuo e incessante em sua busca, uma
vez que a informação não se esgota, por ser um processo de mudança.
9
Nesse movimento contínuo da aprendizagem vamos apresentar dois
modelos de aprendizagem: behaviorista e cognitivo e também a teoria Gestalt.
Em seguida apresentaremos a distinção que a literatura faz sobre o conceito
“aprendizagem organizacional” e “organização de aprendizagem”. Não
deixando de observar que a aprendizagem organizacional pode ser vista como
um processo técnico ou social.
A Quinta Disciplina: Arte, Teoria e Prática da organização de
Aprendizagem de Peter M. Senge (1990), clássico mundial da literatura
organizacional, que se fundamenta em ciência, conhecimento espiritual,
psicologia, colaborou para uma mudança de mentalidade, uma mudança no
olhar o mundo com outros olhos, para ver o todo ao invés de fragmentos, ver
inter-relações em lugar de coisas, ver padrões de mudança em lugar de
“instantâneos” estáticos.
Como a proposta do nosso estudo é compreender se estratégias
focadas no autodesenvolvimento contribuem de forma significativa para criar
organizações que aprendem, optamos por apresentar uma revolucionária
concepção das organizações de aprendizagem – uma nova forma de gerenciar
pessoas baseada em cinco disciplinas integradas pelo raciocínio sistêmico (a
compreensão da realidade como um todo indivisível).
Como uma organização aprende? Um bom planejamento estratégico
conduz os membros de uma organização a uma efetiva aprendizagem? Diante
destas questões vamos elucidar a base espiritual da organização que aprende.
Por fim, vamos abordar a extrema importância da implementação de
estratégias pelo agente de mudanças: o setor de Recursos Humanos, e
exemplificar algumas estratégias eficazes voltadas para o aprimoramento dos
colaboradores como o Programa de Autodesenvolvimento do Rh.com.br.; a
educação à distância, a Norma ISO 10015 e o treinamento de desenvolvimento
centrado no ser humano.
10
CAPÍTULO I
CONCEITOS RELATIVOS A ORGANIZAÇÃO DE APRENDIZAGEM
O aprendizado é inerente ao ser humano, pois começa a partir do
momento em que nascemos e perdura ao longo de nossa trajetória individual,
social e profissional. Além do mais todo ser humano gosta de aprender.
O universo das organizações vem se tornando cada vez mais
complexo e repleto de ambigüidades, não deixando espaço para uma visão
simplista das organizações, administradas como se fossem máquinas,
preparadas para atingir os objetivos predeterminados que tendem a limitar em
lugar de ativar o desenvolvimento das capacidades humanas. Não se pode
ignorar as contribuições criativas que o potencial humano é capaz de fornecer,
quando lhes são oferecidas as oportunidades apropriadas.
Nessa perspectiva, vamos apresentar algumas definições sobre
“organização”, e o capítulo prossegue com conceitos relativos à aprendizagem
individual e organizacional, considerando-se que as organizações se
transformam em conjunto com as pessoas integradas ao meio organizacional,
levando a compreender que o padrão de organização que se vai revelando
com o passar do tempo é evolutivo.
“Não fiqueis inteiramente subjugados ao intelecto! Buscai em outros campos a visão e a compreensão do que vos rodeia e daquilo que está dentro de vós. Adentrai espaços não racionais e neles transitai sem temor, com curiosidade, interesse, prudência, tranqüilidade, enlevo. Aceitai e segui vossos sonhos, sentimentos, desejos, potencialidades. Acreditai que a intuição vos guiará com segurança ao destino idealizado. E que sois capazes de amar e ser amados. E de alcançar a felicidade!” (MOSCOVICI, 2001, p.24)
11
1.1– O Que é uma Organização? Nossas vidas estão intimamente ligadas às organizações, tendo em
vista que necessitamos delas em todas as circunstâncias, ou seja, quando
nascemos, crescemos, aprendemos, trabalhamos, alimentamo-nos, divertimo-
nos e morremos. O homem moderno é incapaz de viver fora das organizações.
Ressalta-se que a ação organizadora está vinculada à própria evolução
do homem, (Moscovici, 2001).
Moscovici (2001) nos informa que em todas as culturas e civilizações
temos organizações de formas, tamanhos e finalidades diferentes. Desde o
passado remoto, nossos ancestrais aprenderam a juntar esforços para atingir
objetivos de sobrevivência. Deve ser bastante difícil para o homem moderno
imaginar-se ou ver-se nos ancestrais da espécie. Só mesmo a arte para fazer o
homem lembrar o que era o início.
Dizer que as pessoas estão sempre na origem das diferentes formas
organizadas, como criadoras e destinatárias finais, parece algo incontestável.
Daí, talvez, a assertividade de alguns de que “as organizações são as
pessoas” e, esqueceram de acrescentar, que “as pessoas não são as
organizações”. A pergunta então seria: são as pessoas que se devem conter e
plasmar-se nas organizações, ou são as organizações que devem expandir
sua natureza original humana? Esta indagação ainda permanecerá sem
resposta satisfatória por um bom tempo.
Observa Drucker (apud Moiseichyk, 1997), como nossa sociedade está
se tornando rapidamente uma sociedade de organizações, todas as
instituições terão de fazer com que o atendimento de valores, crenças e
propósitos sociais básicos seja um importante objetivo de suas atividades
contínuas e não uma responsabilidade social que restrinja ou se situe fora de
suas funções fundamentais.
12
Para Robbins (apud Caldeira, 2007), uma organização é uma unidade
social coordenada conscientemente que funciona numa base relativamente
contínua para alcançar um objetivo ou conjunto de objetivos.
Segundo Greenberg e Baron (apud Caldeira, 2007), uma organização
é um sistema social constituído por grupos e indivíduos que trabalham
conjuntamente para alcançarem determinados objetivos.
De acordo com Maximiano:
“uma organização é uma combinação de esforços individuais que tem por finalidade realizar propósitos coletivos. Por meio de uma organização torna-se possível perseguir e alcançar objetivos que seriam inatingíveis para uma pessoa. Uma grande empresa ou uma pequena oficina, um laboratório ou o corpo de bombeiros, um hospital ou uma escola são todos exemplos de organizações.” (MAXIMIANO, p.3)
Podemos perceber a idéia da organização como sistema coordenador
de comportamentos, conforme as definições acima citadas.
Para Nunes (2008), quando duas ou mais pessoas realizam tarefas de
forma coordenada e controlada, seja em grupo, seja individualmente, atuando
num determinado contexto ou ambiente, com vista a atingir com eficácia um
objetivo pré-determinado por meio de diversos recursos disponíveis, liderados
ou não por alguém com as funções de planejar, organizar, liderar e controlar,
podemos dizer, recorrendo ao conceito clássico, que estamos diante de uma
organização.
Desta definição de organização convém ressaltar alguns
fundamentos para a sua adequada compreensão, nomeadamente:
• atuação coordenada: para que exista uma organização é indispensável
que essas pessoas se organizem, ou seja, que desenvolvam as suas
atividades de forma coordenada e controlada par atingir determinados
resultados. Essa coordenação e controle é geralmente efetuada por um
13
líder porém encontram-se organizações nas quais estas tarefas são
efetuadas por todos os membros em conjunto;
• recursos: significam todos os meios colocados à disposição da
organização e necessários à realização das suas atividades. Neste
recursos, incluem-se os recursos humanos, os recursos materiais e
tecnológicos, os recursos financeiros, a imagem de mercado e
credibilidade perante o exterior;
• eficácia: os recursos organizacionais descritos acima são, por
definição, escassos, daí que a sua alocação (destinação de recursos)
deve ser efetuada com eficiência de forma que a probabilidade de
atingir os objetivos pré-definidos seja a maior possível. É daqui que
surge a principal justificação para a necessidade da gestão nas
organizações;
• objetivos: representam as metas ou resultados organizacionais
pretendidos, o propósito que justifica toda atividade desenvolvida e a
própria existência da organização. Todas as organizações precisam
definir os seus objetivos e medidas, formas de atuação e de alocação
de recursos.
• contexto: compreende o ambiente externo econômico, sócio-cultural,
político, tecnológico e ainda um conjunto de elementos que atuam mais
próximo e diretamente com a organização, tais como os clientes, os
fornecedores, os concorrentes, as organizações sindicais, a
comunicação, entre outros.
Morgan (2007) metaforicamente nos faz observar as organizações
como organismos quando diz que: as organizações são concebidas como
sistemas vivos, em constante mutação, que existem em um ambiente mais
amplo do qual dependem em termos de satisfação das suas várias
necessidades. Assim, à medida que se olha à volta do mundo da organização,
percebe-se que é possível identificar diferentes tipos de organizações em
diferentes tipos de ambientes.
14
Na visão de Morgan (2007), uma outra abordagem - organizações a
partir de metáforas - é a organização que vista como fluxo de transformação
revela que indivíduo e organização têm possibilidade de escolher o tipo de auto
imagem que irá guiar suas ações e delinear seu futuro. Nesse sentido, deve-se
considerar que as organizações se transformam em conjunto com seu meio
ambiente, levando a compreender que o padrão de organização que se vai
revelando com o passar do tempo é evolutivo.
Para Kanaane:
“A organização é um sistema integrado de subsistemas interdependentes, havendo intercâmbio entre os respectivos elementos: clima, cultura, estrutura e sistemas administrativos. A missão, os objetivos, a tecnologia, o produto, as atividades, a própria estrutura e os trabalhadores constituem o nicho organizacional” (2008, p.36).
Podemos entender, então, que a organização é, em sua essência, o
produto da integração dos membros que a compõem, pois o resultado das
mais diversas personalidades que nela interagem com seus valores e crenças,
possibilita à empresa constituir uma identidade própria.
1.2 – Aprendizagem Individual
Aprender deriva do latim apprendere, que quer dizer agarrar,
apoderar-se de alguma coisa. Aprendizagem é, pois, aquisição de um certo
saber com ajuda do outro ou por si só (Silva apud Burnham, 2006).
De acordo com Pozo (apud Burnham, 2006), os primeiros vestígios de
registro dessa atividade surgiram por volta de 3000 a.C. com o surgimento das
primeiras culturas urbanas que exigiram formas de organização mais precisas.
Nasce a escrita e as primeiras escolas da história, representando formas e
espaços em que se podem concretizar objetivos da aprendizagem formal.
Contudo, a aprendizagem é uma constante ao longo da história da
humanidade e não cessa de maneira alguma e, portanto, não pode ser
15
restringida a muros e paredes escolares, ela admite inúmeras formas de
relação sujeito aprendiz / objeto de aprendizagem, num movimento constante
de interação.
O processo de aprendizagem pode ser definido de forma sintética
como o método que os seres adquirem novos conhecimentos, desenvolvem
competências e mudam o comportamento. Contudo, a complexidade desse
processo dificilmente pode ser explicada apenas através de recortes do todo.
Por outro lado, qualquer definição está, invariavelmente, impregnada de
pressupostos político-ideológico, relacionados com a visão de homem,
sociedade e saber.
Fleury e Fleury (2008) enfatizam que o processo de aprendizagem
envolve a elaboração de novos mapas cognitivos e também a definição de
novos comportamentos, que comprovam a efetividade do aprendizado.
Segundo alguns estudiosos, a aprendizagem é um processo integrado
que provoca uma transformação qualitativa na estrutura mental daquele que
aprende. Essa transformação se dá através da alteração de conduta de um
indivíduo, seja por condicionamento operante, experiência ou ambos, de uma
forma razoavelmente permanente. As informações podem ser absorvidas
através de técnicas de ensino ou até pela simples aquisição de hábitos. O ato
ou vontade de aprender é uma característica essencial do psiquismo humano,
pois somente este possui o caráter intencional, ou a intenção de aprender;
dinâmico, por estar sempre em mutação e procurar informações para a
aprendizagem; criador, por buscar novos métodos visando a melhora da
própria aprendizagem.
Um outro conceito de aprendizagem é uma mudança relativamente
durável do comportamento, de uma forma mais ou menos sistemática, ou não,
adquirida pela experiência, pela observação e pela prática motivada.
16
O ser humano nasce potencialmente inclinado a aprender,
necessitando de estímulos externos e internos (motivação, necessidade) para
o aprendizado. Há aprendizados que podem ser considerados natos, como o
ato de aprender a falar, a andar, necessitando que ele passe pelo processo de
maturação física, psicológica e social. Na maioria dos casos a aprendizagem
se dá no meio social e temporal em que o indivíduo convive; sua conduta
muda, normalmente, por esses fatores, e por predisposições genéticas.
Duas vertentes teóricas sustentam os principais modelos de
aprendizagem: o modelo behaviorista e o modelo cognitivo.
Ø Modelo Behaviorista: seu foco principal é o comportamento observável
e mensurável; planejar o processo de aprendizagem implica definir
todo o processo, em termos passíveis de observação, mensuração e
réplica científica.
Ø Modelo cognitivo: pretende ser um modelo mais abrangente do que o
behaviorista, explicando fenômenos mais complexos, como a
aprendizagem de conceitos e solução de problemas. Procura utilizar
dados objetivos, comportamentais e dados subjetivos (Fleury e Fleury,
2008).
Segundo Lomônaco (apud Fleury e Fleury, 2008), a aprendizagem
constitui assim um evento interno, não observável, inferido através do
desempenho das pessoas. Como observa Fleury e Fleury, o modelo cognitivo
trabalha com representações e com o processamento de informações pelo
indivíduo.
A teoria da Gestalt, precursora do cognitivismo, pesquisa o processo
de aprendizagem por insights. “O indivíduo que tem um insight vê uma
situação de uma nova maneira, maneira esta que inclui compreensão das
relações lógicas, ou percepção das conexões entre meios e fins” (Hill apud
Fleury e Fleury, 2008, p.20). Ou seja, diz Fleury (2008, p.20), “o insight
17
caracteriza-se como um processo que, quando completado, dá à pessoa a
impressão de ter subitamente compreendido alguma coisa ou chegado à
solução de um problema.”
1.3 – Aprendizagem Organizacional
O funcionário ganha cada vez mais ênfase no cenário empresarial.
Novos estudos e técnicas surgem, demonstrando a relevância desse elemento
dentro do ambiente organizacional. Cada vez mais as organizações percebem
o valor de seus funcionários, denominando-os colaboradores. O que entes era
descartável, agora passou a ser determinante. Descobriu-se que o homem,
enquanto funcionário, pode pensar. Mais do que isso, descobriu-se que ele
pode gerar conhecimento. Neste contexto, surge o termo aprendizagem
organizacional, levantado como a grande bandeira das organizações do futuro,
chegando a ser considerada por alguns autores como a religião da
organização do futuro.
Aprendizagem organizacional pode ser definida como a aquisição de
conhecimentos, habilidades, valores, convicções e atitudes que acentuem a
manutenção, o crescimento e o desenvolvimento da organização (Guns apud
Gurgel e Oliveira, 2001). É um processo pelo qual indivíduos adquirem novos
conhecimentos e compartilham crenças e objetivos, modificando seu
comportamento e sua maneira de agir.
Um conceito proposto por Garvin (apud Fleury e Fleury, 2008, p. 21)
como o de: “organização que aprende é aquela que dispõe de habilidades para
criar, adquirir e transferir conhecimentos, e é capaz de modificar seu
comportamento, de modo a refletir os novos conhecimentos e idéias”. Para
tanto, o processo de aprendizagem organizacional envolve quatro estágios:
conscientização, compreensão, ação e análise. Há três tipos básicos de
aprendizagem: aprender como melhorar o conhecimento organizacional
existente (aquisição); aprender a criar um novo conhecimento organizacional,
18
ou seja, inovar (criação), disseminar ou transferir o conhecimento
organizacional para as várias áreas da organização (disseminação).
Isto quer dizer que se uma organização “aprende” é porque ela está o
tempo todo criando o seu próprio futuro, afinal ela deverá estar capacitada
para isto. Deve fazer parte de sua rotina analisar o seu desempenho e as
causas e efeitos dos seus resultados, estimular/apoiar as pessoas para que
sejam proativas no seu desenvolvimento, favorecendo assim a aprendizagem
organizacional. Para que isso aconteça, é necessário que as pessoas que nela
trabalhem estejam alinhadas com os objetivos da empresa, pensem de forma
criativa e trabalhem de forma interativa. É importante que sua capacidade de
aprender esteja continuamente crescendo para obter mais realizações.
Kolb (apud Gurgel e Oliveira, 2001) assinala que os adultos aprendem
passando por um ciclo de aprendizagem vivencial em que se integram: o fazer
– a experiência concreta; o refletir – a partir da observação e da própria
reflexão sobre essa experiência; o conectar – formação de conceitos e
generalizações; o agir – através do teste e da experimentação dos conceitos
em novas situações. Acrescenta que, quando os indivíduos estão sintonizados
e comprometidos com esse ciclo de aprendizagem, a ação é qualitativamente
melhor, pela incorporação da reflexão. Dessa forma, o processo de
aprendizagem organizacional pode ser estabelecido através da relação da
experiência concreta; das observações e reflexões; da formação de conceitos
abstratos e generalizados e do teste de implicações dos conceitos em novas
situações.
Segundo Weick e Roberts (apud Easterby-Smith e Araújo, 2008), a
aprendizagem organizacional consiste de ações inter-relacionadas de
indivíduos, ou seja, uma “inter-relação ponderada”, que resulta numa mente
coletiva.
19
Conforme Argyris e Schön (apud Easterby-Smith e Araújo, 2008), a
aprendizagem organizacional é o processo pelo qual os membros
organizacionais detectam erros ou anomalias e os corrigem ao reestruturar a
teoria em uso da organização.
Senge (1990) define as organizações que aprendem como
organizações nas quais as pessoas expandem suas capacidades de criar
resultados que realmente desejam, onde novos sistemas são gerados, onde se
liberta a aspiração coletiva e onde as pessoas fazem continuamente uma
aprendizagem de como aprender em conjunto. Destacando que o ser humano
vem ao mundo motivado a aprender, explorar e experimentar. Nesse sentido,
segundo Senge (1990), para se obter uma aprendizagem organizacional
eficiente capaz de tornar uma organização cada vez melhor no processo de
aprender é preciso considerar cinco disciplinas, as quais devem trazer uma
mudança na mentalidade do indivíduo: domínio pessoal, modelos mentais,
visão compartilhada, aprendizagem em equipe, pensamento sistêmico.
A aprendizagem organizacional é, assim, um processo que permite o
desenvolvimento e a mudança do sistema de valores e de conhecimentos, a
melhoria das capacidades de ação e de resolução de problemas, bem como a
alteração do quadro comum de referência dos indivíduos pertencentes à
organização, permitindo criar uma atmosfera na qual os seus membros sentem
orgulho no trabalho que desenvolvem e procuram constantemente melhorar o
seu desempenho conjunto.
Com base nos diversos conceitos citados pelos referidos autores, a
aprendizagem organizacional se dá num ambiente que envolve todos os
membros de uma organização, fazendo com que o conhecimento da empresa
seja difundido para todas as áreas e departamentos.
20
CAPÍTULO II
APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL: ORGANIZAÇÕES
QUE APRENDEM
Peter Senge, um americano, e Karl Syeiby, um sueco, na segunda
metade da década de 80 iniciam quase simultaneamente um movimento de
pesquisa sobre aprendizagem organizacional e a mensuração dos ativos que
não eram considerados na contabilidade da organização, mas que influíam no
valor real da empresa. Enquanto Senge publica o livro A Quinta Disciplina:
arte, teoria e prática da organização de aprendizagem, clássico mundial da
literatura organizacional, Syeiby publica The Know How Company, em que
aborda a gestão dos ativos intangíveis das organizações.
A Quinta Disciplina (1990) enfoca o objetivo do ser humano na vida,
que é o aprender, o experimentar. Nesta obra o autor procurou abordar cinco
disciplinas básicas que seriam uma forte orientação para o desenvolvimento de
uma boa aprendizagem organizacional, pois temos uma visão dos aspectos
culturais e humanos dentro de um contexto de aprendizagem organizacional, o
que pode nos ajudar a refletir sobre quais valores devem ser considerados
num processo de aprendizagem, que nos leve a uma mudança segura e
definitiva.
No início da década de 90, ambos passam a desenvolver congressos e
encontros com executivos de grandes corporações, alastrando a idéia das
organizações aprendizes.
Este movimento estimula o criativo e o novo. Desta maneira, podemos
considerar a criatividade e a inovação como aspectos essenciais da
organização sensível a essa turbulência. Hoje, as pessoas que trabalham em
organizações aprendizes relacionam-se entre si e têm um conhecimento mais
21
profundo das empresas das quais fazem parte. São pessoas que, incentivadas
pela organização e pela visão de aprendizagem contínua e permanente,
buscam aprender a aprender, trabalhar em grupo e cooperativamente,
conhecer os fenômenos dos grupos, valorizar a diversidade e superar as
diferenças individuais, resolvendo os conflitos naturais do cotidiano.
A aprendizagem contínua e permanente é responsável pela
manutenção da vida ativa do cérebro, e de suas conseqüentes saúde e
longevidade, o que interessa tanto às pessoas como às organizações que
estimulam esta atividade constante. “Aprender (...) não significa mais
informação, mas expandir a capacidade de produzir os resultados que
verdadeiramente desejamos na vida”. (Senge, 1990, p. 11).
Este capítulo inicia com breve abordagem sobre aprendizagem
organizacional e organização de aprendizagem mostrando a distinção que a
literatura faz sobre o conceito “aprendizagem organizacional” e “organização
de aprendizagem”. A seguir vamos explorar mais detalhadamente
“aprendizagem nas organizações” na ótica de Peter M. Senge, dentre outros
autores, para nos auxiliar na capacidade de compreensão das organizações
que aprendem, considerando as cinco disciplinas as quais, atuando em
conjunto, devem trazer uma mudança na mentalidade do indivíduo.
2.1- Aprendizagem Organizacional
A distinção mais significativa entre autores que escrevem sobre
aprendizagem organizacional pode ser resumida de acordo com o fato de eles
enfatizarem a aprendizagem como um processo técnico ou social. A
aprendizagem organizacional na visão técnica diz respeito ao processamento
eficaz, interpretação e resposta às informações tanto de dentro como de fora
da organização. Essas informações podem ser quantitativas ou qualitativas,
mas encontram-se, em geral, explícitas e são de domínio público. Uma das
22
exposições mais elegantes desse ponto de vista vem de Huber (1991), que
afirma:
“Uma entidade aprende se, por meio do processamento de informações, o âmbito de seus comportamentos potenciais se modifica. (...) Uma organização aprende se qualquer de suas unidades adquire conhecimento que ela reconhece como potencialmente útil para a organização.” (HUBER apud EASTERBY-SMITH e ARAUJO, 2001, p.18)
A ênfase na aprendizagem pelo processamento de informação está
também associada ao trabalho de Zuboff (1988) sobre informating. Essa é a
idéia de que a tecnologia de informação pode ser posta a serviço de propósitos
diferentes: pode ser utilizada tanto para liberar todos os funcionários, ao
produzir mais informação disponível a todos (informating), como usada e
acessada seletivamente para monitorar e controlar o comportamento de
indivíduos (Smith-Easterby, Burgoyne e Araulo, 2001).
A perspectiva social sobre a aprendizagem organizacional focaliza a
maneira pela qual as pessoas atribuem significado a suas experiências de
trabalho, que podem derivar de fontes explícitas ou fontes tácitas. Ela emerge
de interações sociais, normalmente no ambiente natural de trabalho (Easterby-
Smith, e Araulo, 2001).
Colaboradores dessa escola de pensamento consideram a
aprendizagem organizacional como socialmente construída, como um
processo político e como estando inserida na cultura de uma organização. A
idéia de aprendizagem como uma construção social pode ser vista como
sanando algumas das limitações da perspectiva técnica, ao reconhecer que os
dados não têm significado por si mesmos, até que as pessoas determinem o
que eles representam. Brown e Duguid (apud Easterby-Smith, e Araulo, 2001)
são fortes proponentes da perspectiva de construção social. Eles crêem que a
formalidade sobre como executar tarefas são sempre inadequadas e, por isso,
examinam novas formas como pessoas que ingressam numa organização
23
aprendem as normas não escritas sobre como desempenhar-se eficazmente.
Uma idéia central dessa perspectiva é de que muito do conhecimento crítico
organizacional não existe no papel, nem na mente dos indivíduos, mas na
comunidade como um conjunto. E, conseqüentemente, a aprendizagem
acontece tanto por meio da expansão da comunidade, ao incorporar novos
indivíduos, como pela adoção de novas formas de comportamento e práticas
“não canônicas” (Easterby-Smith, e Araujo, 2001).
Outra contribuição significativa da perspectiva social é a noção da
aprendizagem como um artefato cultural, defendida por Lave e Wenger (apud
Easterby-Smith e Araújo, 2001). Essa perspectiva social é vista como parte de
uma cultura organizacional, e o mais relevante é o fato de que a
“aprendizagem” é o resultado da interação entre pessoas e não o que
acontece dentro da mente dos indivíduos. Manifesta-se no modo como as
pessoas se comportam, quando estão trabalhando em equipe, e esses
padrões de comportamento são adquiridos pelo processo de socialização.
Seguindo esta linha de pensamento, Easterby-Smith e Araújo (2001)
argumentam sobre a necessidade de se ampliar o enfoque, e entender que a
aprendizagem é socialmente construída e, portanto, deve-se fortalecer uma
perspectiva social na aprendizagem organizacional. Em outras palavras, deve
reconhecer que a aprendizagem nas organizações não está dissociada de um
aspecto social, como também deve evoluir para metodologias que permitam
que esta seja investigada empiricamente.
2.2 – Organização de Aprendizagem
Easterby-smith, e Araújo (2001) observam a diferença de enfoque
entre organização de aprendizagem e aprendizagem organizacional: a primeira
desenvolve modelos normativos e metodológicos para criar a mudança, em
direção de processos de aprendizagem aperfeiçoados, baseia-se em idéias
desenvolvidas no campo da aprendizagem organizacional, mais prescritiva; a
segunda concentra-se em entender a natureza e o processo de aprendizagem
24
(e desaprendizagem) dentro das organizações, abordagem descritiva. Além
disso, os autores ressaltam que o primeiro grupo é mais representado por
consultores, enquanto o segundo, por acadêmicos.
Na visão de Alliprandini (2008), apesar da distinção entre organização
de aprendizagem e aprendizagem organizacional, podemos analisar e estudar
o tema como um único contexto. A aprendizagem organizacional é uma
característica da organização de aprendizagem (a organização que aprende).
A aprendizagem organizacional é um fenômeno sistêmico que
permanece independente das pessoas. Sim, as organizações podem não ter
cérebro, mas são dotadas de sistemas cognitivos que elas mesmo
desenvolvem e vão sendo impregnados na sua cultura por meio,
principalmente, de rotinas ou procedimentos.
Vamos utilizar o termo organização de aprendizagem para que possa
ficar claro que algumas habilidades típicas da aprendizagem organizacional
não garantem por si que uma empresa é uma organização de aprendizagem.
Por exemplo: a habilidade “resolução sistemática de problemas” é uma
características das empresas que aprendem. Mas, se o aprendizado baseado
na solução de problemas (que é um aprendizado defensivo – aprender como
interromper o que não queremos) não for autogerador, ou seja, for gerado
somente pelos problemas, ou o aprendido é limitado a como eliminar as
situações indesejáveis, a organização não pode ser uma organização de
aprendizagem. A época de aprender não é somente quando existem crises.
Organização de aprendizagem é por si um conceito, muito mais
próximo da filosofia que das técnicas. É um conceito que vem sendo
desenvolvido há mais de cinqüenta anos e requer a conscientização de que
não existe fim, pois a ação e a reação advindas das mudanças externas ou
internas, ocorridas no ambiente ou no indivíduo, fazem parte do processo de
aprendizagem.
25
Apesar de já ser antiga, a noção de organização de aprendizagem foi
popularizada a partir do livro de Peter Senge, A Quinta Disciplina. Desde
então, se tornou um conceito difundido e uma proposição interessante. Seu
principal conteúdo invoca a imagem de pessoas e grupos trabalhando para
melhorar a inteligência, a criatividade e a capacidade organizacional:
“(...) a dificuldade em falar em ´organizações aprendentes` hoje
em dia é que o termo ´aprendizagem` perdeu o seu significado
central no uso que hoje se faz dele. A maior parte das pessoas
vira os olhos impacientemente quando ouve falar em
´organizações aprendentes` e ´aprendizagem`. Isso não é de
admirar, porque na linguagem do dia-a-dia aprender se tornou
sinônimo de ´absorver informação`. ´Sim`, dizem as pessoas,
´aprendi tudo sobre isso no curso que fiz ontem`. Entretanto,
absorver informação tem uma relação apenas muito distante
com aprendizagem real. Não faria nenhum sentido dizer ‘Li um
grande livro sobre ciclismo – agora aprendi a andar de
bicicleta’. (...) Aprendizagem real é algo que vai ao centro
mesmo do que significa ser humano. Através da
aprendizagem, nós nos recriamos a nós mesmos. Através da
aprendizagem, nós nos tornamos capazes de fazer algo que
nunca havíamos sido capazes de fazer antes. Através da
aprendizagem, nós percebemos o mundo e nossa relação para
com ele. Através da aprendizagem nós estendemos a nossa
capacidade de criar, de ser parte do processo gerativo da
vida”. (SENGE, 1990, p.22).
2.3 - Disciplinas da Organização de Aprendizagem
Para nos auxiliar na capacidade de compreensão da aprendizagem
organizacional, podemos nos apoiar no trabalho desenvolvido em 1990 pôr
Peter M. Senge.
26
Desde cedo aprendemos a separar e dividir os problemas para facilitar
a execução de tarefas e questões complexas. Com isso, freqüentemente
deixamos de ver as conseqüências dos nossos atos e perdemos, também, o
sentido de conexão com o todo maior, afirma Senge (1990).
Precisamos resgatar a nossa capacidade de ver o mundo como um
sistema de forças entrelaçadas e relacionadas entre si. Ao fazermos isso
estaremos em condições de formar as organizações de aprendizagem, nas
quais as pessoas se colocarão objetivos mais altos, aprenderão a criar os
resultados desejados e a usar novos e elevados padrões de raciocínio, enfim,
onde as pessoas aprenderão continuamente a aprender em grupo.
São cinco as disciplinas que vêm convergindo para facilitar a inovação
nas organizações que aprendem. Embora desenvolvidas separadamente, cada
uma delas é crucial para o sucesso das outras quatro. São elas:
§ Domínio pessoal (também denominado de maestria pessoal)
§ Modelos Mentais
§ Objetivo comum (visão compartilhada)
§ Aprendizado em grupo
§ Raciocínio sistêmico (a quinta disciplina)
A quinta disciplina – raciocínio sistêmico – é o alicerce da organização
que aprende. É fundamental que as cinco disciplinas funcionem em conjunto.
Este é um grande desafio, pois é muito mais difícil integrar novos instrumentos
do que aplicá-los separadamente.
2.3.1 - Primeira Disciplina: domínio pessoal
O Domínio Pessoal constitui a base espiritual da organização que
aprende. “É uma pedra de toque essencial para a organização que aprende –
seu alicerce espiritual”, afirma Senge (1990, p.16). Com o desenvolvimento do
domínio pessoal busca-se atingir um elevado grau de proficiência e capacidade
27
de produzir os resultados desejados porque através dele aprendemos a
esclarecer e aprofundar continuamente nosso objetivo pessoal, a concentrar
energias, a desenvolver a paciência e encarar a vida de forma criativa.
Desenvolver esta disciplina implica viver a vida de um ponto de vista criativo,
ao invés de reativo. Para o autor, o constante aprendizado só é possível por
meio do domínio pessoal, pois é baseado na habilidade, na competência e no
crescimento espiritual. É importante destacar que a busca do crescimento
pessoal é sempre uma questão de opção. Ninguém pode ser obrigado a
desenvolver o domínio pessoal. O que se pode fazer é criar na organização
um clima em que os princípios do domínio pessoal sejam aplicados no dia-a-
dia e assim promover o domínio pessoal de seus colaboradores. Explica Senge
(1990), que a tarefa fundamental dos dirigentes é proporcionar um ambiente
onde as pessoas tenham a liberdade de criar objetivos.
Observa Senge (1990), para que o domínio pessoal se torne uma
disciplina, ele deve incorporar dois movimentos subjacentes.
Primeiro: Devemos esclarecer continuamente o que é importante para nós.
Em geral, despendemos tanto tempo lidando com os problemas que
encontramos ao longo do caminho, que acabamos por esquecer porque
estamos naquele caminho.
Segundo: Devemos aprender continuamente a enxergar com mais clareza a
realidade do momento. Ao tomarmos uma direção desejada, é fundamental
sabermos onde estamos no momento.
Existem alguns aspectos sutis do Domínio Pessoal que precisam ser
destacados, tais como:
ü Interação entre razão e intuição;
ü Uma visão melhor da nossa ligação com o mundo;
ü Compaixão;
ü Compromisso com o todo.
28
2.3.2 - Segunda Disciplina: modelos mentais
Modelos Mentais são as idéias profundamente arraigadas,
generalizações ou mesmo imagens que influenciam o modo de encarar o
funcionamento do mundo, imagens que nos limitam a formas bem conhecidas
de pensar e agir. Muitas vezes não temos consciência de nossos modelos
mentais ou das influências que eles exercem sobre nosso comportamento e,
muitas dificuldades nos processos de mudança são geradas pelos modelos
mentais enraizados e conflitantes.
Para o sucesso da organização que aprende é preciso que se estudem
os modelos mentais dos membros da empresa, pois o modelo mental é a
maneira que a pessoa tem de entender o mundo, que muitas vezes, é
incompleta e não-sistêmica, o que acaba gerando generalizações e pré-
concepções que contribuem para o conflito. Em organizações de
aprendizagem, os modelos mentais precisam ser baseados no raciocínio
sistêmico, e por isso o trabalho com modelos mentais começa por aprender a
desenterrar nossas imagens interiores do mundo, trazê-las à superfície e expô-
las a um meticuloso exame. É importante saber que os modelos mentais são
ativos – eles modelam nosso modo de agir, em parte porque influenciam o que
vemos. Para modificar os modelos mentais, a aprendizagem deve resultar em
mudanças de atitude, e não simplesmente na assimilação de novas
informações e formação de novas idéias.
2.3.3 – Terceira Disciplina: objetivo comum (ou visão
compartilhada)
É difícil imaginar alguma organização que se tornou grande ou se
manteve nessa posição, sem objetivos, valores e missão compartilhados por
todos na organização. No seu nível mais simples, visão compartilhada é a
resposta para a pergunta:
29
“O que queremos criar?”. Assim como os objetivos pessoais são quadros ou
imagens que as pessoas carregam nas suas mentes e corações, o mesmo
acontece com as imagens da visão compartilhada que as pessoas de uma
mesma empresa carregam. Ela cria um sentimento de coletividade que
permeia a organização e dá coerência às diversas atividades. O mais
importante é que visões individuais são compartilhadas por pessoas em todos
os níveis da empresa – concentrando as energias de milhares de indivíduos e
criando uma identidade comum entre pessoas totalmente diferentes. Objetivo
comum (visão compartilhada) é vital para a organização em contínuo
aprendizado, pois fornece o foco e a energia para o aprendizado.
Uma visão compartilhada, uma visão intrínseca – isto é, uma visão que
não se restringe apenas em superar o concorrente, mas busca constantemente
melhorar seus próprios padrões – eleva as aspirações das pessoas. O trabalho
torna-se parte da busca de um propósito superior incorporado aos produtos e
serviços das organizações.
Uma visão compartilhada conta com o verdadeiro comprometimento de
muitas pessoas, pois reflete a visão pessoal de cada uma delas. Ela muda o
relacionamento das pessoas com a empresa. Em lugar de “sua empresa”, ela
se transforma em “nossa empresa”.
Poucos assuntos são tão importantes para a administração
contemporânea quanto o comprometimento. Muitas vezes o que é
considerado comprometimento é na verdade “obediência”.
Existem muitas atitudes possíveis em relação a um objetivo:
Comprometimento – A pessoa quer. Fará com que se realize. Criará
quaisquer “leis” que se fizerem necessárias. Um grupo de pessoas realmente
comprometido com um objetivo comum é uma força terrível, capaz de fazer o
que parece impossível. O comprometimento descreve , além de um sentimento
de participação, um sentimento de total responsabilidade na transformação da
visão em realidade.
30
Participação – A pessoa quer. Fará tudo o que for necessário ser feito dentro
do “espírito da lei”.
Aceitação genuína – De maneira geral, enxerga os benefícios do objetivo. Faz
tudo que é esperado. Segue a lei ao pé da letra. “Bom soldado”.
Aceitação formal – De maneira geral, enxerga os benefícios do objetivo. Faz o
que é esperado e nada mais. “Soldado razoável”.
Aceitação relutante – Não enxerga os benefícios do objetivo. Mas também
não quer perder o emprego. Faz o que lhe compete porque é obrigado, mas
não esconde a sua falta de interesse.
Não-aceitação – Não enxerga os benefícios do objetivo e não faz o que dele é
esperado. “Não faço. Vocês não podem me obrigar”.
Apatia – Nem contra nem a favor do objetivo. Sem interesse. Sem energia.
2.3.4 - Quarta Disciplina: aprendizagem em equipe
Aprendizagem em equipe é o processo de alinhamento e
desenvolvimento da capacidade de um grupo criar os resultados que seus
membros realmente desejam. Ela baseia-se na disciplina do desenvolvimento
da visão compartilhada, e no domínio pessoal, pois equipes talentosas são
compostas de indivíduos talentosos. No entanto, visão compartilhada e talento
não bastam. Embora envolvendo habilidades individuais e áreas de
compreensão, a aprendizagem em equipe é uma disciplina coletiva. Assim,
não há sentido em dizer que “eu”, como indivíduo, domino a disciplina da
aprendizagem em equipe. A aprendizagem em equipe é vital, pois as equipes,
e não os indivíduos, são a unidade de aprendizagem fundamental nas
organizações modernas. Esse é um ponto crucial: Se as equipes não tiverem
capacidade de aprender, a organização não terá”. Não de deve, contudo,
confundir a organização em aprendizagem com a aprendizagem em equipe,
pois esta é apenas uma de suas disciplinas.
31
2.3.5 - Quinta Disciplina: pensamento sistêmico
A essência do pensamento sistêmico está na mudança de
mentalidade, o que significa:
ü Ver inter-relações, ao invés de cadeias lineares de causa-efeito, e
ü Ver processos de mudança ao invés de instantâneos.
O pensamento sistêmico é um quadro de referência conceitual, um
conjunto de conhecimentos e ferramentas desenvolvido ao longo dos últimos
cinqüenta anos para esclarecer os padrões como um todo e ajudar-nos a ver
como modificá-los efetivamente. Ela constitui a pedra fundamental da
organização em aprendizagem, possibilitando que as demais disciplinas se
desenvolvam como um conjunto integrado. A compreensão do que é o
pensamento sistêmico fica mais fácil ao se considerar que “A beleza de uma
pessoa ou de uma flor ou de um poema reside em vê-los por inteiro”, conclui
Senge.
O pensamento sistêmico é a quinta disciplina, aquela que integra as
outras, fundindo-as em um corpo coerente de teoria e prática. Sem uma
orientação sistêmica, não há motivação para analisar as inter-relações entre as
disciplinas. Ampliando cada uma das outras disciplinas, o pensamento
sistêmico nos lembra continuamente que o todo pode ser maior que a soma
das partes. Sem o pensamento sistêmico a semente da visão é plantada em
terreno árido. Se o pensamento não-sistêmico predominar, descumpre-se a
primeira condição para uma visão estimulante: a crença genuína de que
podemos transformar nossa visão em realidade no futuro. Porém, para
concretizar seu potencial, esta disciplina precisa também das disciplinas de
construção de uma visão compartilhada, modelos mentais, aprendizagem em
equipe e domínio pessoal.
Construir uma visão compartilhada estimula o compromisso a longo
prazo. Os modelos mentais concentram-se na abertura necessária para revelar
32
as limitações em nossas formas atuais de ver o mundo. A aprendizagem em
equipe desenvolve a habilidade dos grupos de buscarem uma visão do quadro
como um todo, que está além das perspectivas individuais. E o domínio
pessoal estimula a motivação pessoal de aprender continuamente como
nossas ações afetam nosso mundo.
O pensamento sistêmico torna compreensível o aspecto mais sutil da
organização que aprende, que é a nova forma pela qual os indivíduos se
percebem e ao seu mundo, pois em vez de nos vermos como algo separado
do mundo passamos a nos ver conectados ao mundo; no lugar de considerar
os problemas como causados por algo ou alguém “lá fora”, enxergamos como
nossas próprias ações criam os problemas pelos quais passamos. Na verdade,
a arte do pensamento sistêmico está em ver através da complexidade,
enxergando as estruturas subjacentes que geram a mudança. Pensamento
sistêmico não significa ignorar a complexidade mas, ao contrário, significa
organizá-la em uma história coerente que lance uma luz sobre as causas dos
problemas e sobre a forma que eles podem ser solucionados de maneira
duradoura.
“O pensamento sistêmico tem por objetivo tornar mais claro todo o
conjunto e nos mostrar as modificações a serem feitas a fim de melhorá-lo”,
indica Senge (1990, p.16).
A análise das cinco disciplinas de Senge (1990) se faz oportuna, pois,
para se promover mudanças organizacionais, é necessário, antes de tudo,
analisar como será o processo de mudanças das pessoas. Apesar de todas as
cinco disciplinas passarem a impressão de algo um pouco abstrato, esta
reflexão nos faz pensar sobre a necessidade de considerar as necessidades
individuais, e como equilibrá-las com as coletivas e as da empresa. Isto se faz
necessário devido a evolução que observamos, pois, viu-se que durante muito
tempo as organizações buscaram apenas o homem operacional ou reativo.
Hoje já se deram conta que se não buscarem também o homem indivíduo
33
consciente e pensante, com capacidade de se ajustar e das respostas rápidas
a um ambiente turbulento e em constante mutação, não conseguirão tornar-se
competitivas.
Percebe-se que a essência da aprendizagem organizacional através
das cinco disciplinas é a busca do auto-aprimoramento em todos os níveis,
favorecendo dessa maneira a aprendizagem das organizações. O
desenvolvimento do potencial organizacional depende do desenvolvimento do
potencial dos seus membros. Uma organização que aprende só é possível
através de pessoas praticando o aprendizado. É importante ressaltar que a
correlação e interdependência entre as disciplinas deve ser enfatizada a fim de
não imaginar que a empresa esta adotando as idéias postuladas por Senge
pelo simples fato de, em algum momento, defender a prática do trabalho ou da
aprendizagem em grupo, supondo que a implementação das demais
disciplinas é meramente uma questão de cronograma. Essa visão seria a
retomada do raciocínio cartesiano de dividir os problemas e enfrentá-los por
parte. Ignorando que em sistemas as partes desvinculadas do todo ficam
privadas de qualquer sentido.
Isto significa que a aprendizagem de uma organização só pode ser
efetiva através de inter-relacionamentos de aprendizagem que seus
integrantes possam manter. Isto implica não só a aprendizagem individual, mas
interpessoal e coletiva. É através de relacionamentos e estruturas de
aprendizagem que a organização como um todo se auto-aprimora. É essencial
que os colaboradores de uma empresa sejam encorajados para o
autodesenvolvimento, tendo como alicerce o entrelaçamento das cinco
disciplinas com ênfase no todo, já que as organizações aprendem por meio de
seus membros.
Esta avaliação sobre as cinco disciplinas de Peter Senge (1990), servirá
de base para fundamentar a importância do autodesenvolvimento dos
34
colaboradores no sentido de favorecer a aprendizagem da organização. Não
podemos esquecer o papel do profissional de RH, enquanto agente de
mudança, na implantação de estratégias visando estimular as pessoas ao
aprimoramento.
35
CAPÍTULO III
RECURSOS HUMANOS: IMPLEMENTAÇÃO DE
ESTRATÉGIAS COM FOCO NO
AUTODESENVOLVIMENTO
Neste capítulo vamos ressaltar a importância do Setor de Recursos
Humanos, enquanto agente de mudanças, na implementação de estratégias
para estimular e apoiar as pessoas no processo de autodesenvolvimento,
contribuindo assim de forma significativa para a criação de organizações que
aprendem. Por fim vamos mencionar a contribuição das cinco disciplinas de
Peter Senge, as quais levam o indivíduo a buscar o autodesenvolvimento,
favorecendo assim a aprendizagem. O objetivo é esclarecer que uma boa
estratégia direcionada para o autodesenvolvimento do colaborador favorece a
aprendizagem organizacional.
Para que a empresa caminhe rumo à excelência empresarial neste
novo cenário globalizado e competitivo é imprescindível que ela “pense e aja
estrategicamente” promovendo pleno domínio do mercado local e ao mesmo
tempo contemplando uma visão globalizada da complexa realidade do mundo
dos negócios. Barbosa Lima Sobrinho, jornalista, escritor e intelectual (apud
Melo, 2001, p.389) sintetizou: “... globalização nada mais é do que um simples
intercâmbio maior e mais acelerado entre os países”.
Na perspectiva de Cardoso e Cunha (apud Gurgel e Oliveira, 2001), a
modernização das relações capital-trabalho é fator decisivo na equação da
competitividade, que induz as empresas e organizações a produzirem bens e
serviços melhores, mais baratos e mais rapidamente do que seus
concorrentes. Para dar conta desta igualdade de grandezas, os profissionais
36
de RH têm sido desafiados a desenvolver novas alternativas que possam
funcionar como indutores do aperfeiçoamento da qualidade, da aquisição de
diferenciais competitivos e do melhor desempenho organizacional, visando, ao
mesmo tempo, o desenvolvimento do capital humano.
3.1- Adoção de Estratégias para o Autodesenvolvimento
A origem do termo estratégia vem do grego strategos, estando
relacionado com práticas de guerra. Esta adoção de estratégia foi introduzida
no mundo dos negócios após a Segunda Guerra Mundial. Intensamente
utilizada como instrumento eficaz para definição de estratégias e táticas de
combate ao inimigo, esta experiência foi incorporada no mundo empresarial.
O nascimento do pensamento estratégico em muito favoreceu a
adoção de um novo enfoque para direção das empresas. Mais recentemente a
realidade do mercado mundial tornou-se mais complexa em função de novos e
emergentes mecanismos de competitividade. A estratégia é um “plano de vôo”
da organização, rumo ao futuro. È um caminho a ser percorrido admitindo
avanços, pausas e recuos (Melo apud Gurgel e Oliveira, 2001).
O autodesenvolvimento pode ser visto pela organização como uma das
estratégias adequadas, para gestão do seu potencial humano, considerando
as incertezas presentes no ambiente. É um processo que favorece o
autodirecionamento, a flexibilidade e a maior prontidão para elaborar
respostas, tanto do ponto de vista do indivíduo como da organização, face às
necessidades e expectativas de cada um. É um processo que gera uma
mentalidade para mudanças por incentivar as pessoas a buscarem primeiro a
mudança dentro de si mesmas. E essa atitude leva à possibilidade de
aprender. Nessa ótica, a maneira como as estratégias de RH deverão
equilibrar as prioridades organizacionais com o desenvolvimento individual das
pessoas, além da interação entre os dois fatores, é crucial para o
37
desenvolvimento sustentável da própria organização (Soares apud Gurgel e
Oliveira, 2001).
Segundo Guimarães (2008), o RH deve planejar suas atividades de
treinamento e desenvolvimento de pessoal para dar suporte à estratégia da
organização. Somente alinhando a gestão de pessoas com os objetivos
organizacionais é que o RH poderá efetivamente ser reconhecido como
estratégico. Hoje o RH precisa participar das decisões da empresa, desde o
planejamento estratégico, para que o capital humano possa ser realmente um
diferencial e uma vantagem competitiva da organização.
Os investimentos nos esforços de autodesenvolvimento produzirão os
resultados esperados, do ponto de vista da aprendizagem organizacional, se a
cultura organizacional aceitar as expectativas e necessidades de evolução das
pessoas que as integram, criar espaço para iniciativas, aprender a conviver
com erros, ter políticas de desenvolvimento mais centradas no indivíduo e
compartilhar imagens internas do mundo – modelos mentais. Entende-se que
os benefícios serão gerados pela forma como essas estratégias forem
implantadas e integradas às outras estratégias organizacionais (Soares apud
Gurgel e Oliveira, 2001).
Tão importante quanto um bom planejamento estratégico é a sua
correta e persistente implementação. É nessa fase que se caminha em direção
às metas estabelecidas. A implementação de um RH estratégico deve ser feita
através de um projeto que utilize o treinamento como ferramenta essencial
para garantir seu sucesso e o retorno do investimento pretendido. O Setor de
Recursos Humanos enquanto empreendedor, agente de mudanças e gestor de
pessoas, pode e deve conscientizar, motivar os colaboradores a buscar o seu
próprio desenvolvimento, sobretudo através das seguintes ferramentas:
Programa de Autodesenvolvimento do Rh.com.br; educação à distância e a
Norma ISO 10015 e treinamento de desenvolvimento centrado no ser humano,
sob a coordenação de profissionais habilitados, onde a pessoa possa
38
desenvolver o raciocínio sistêmico, trabalhando com modelos mentais e
domínio pessoal e possa refletir com maior profundidade sobre :
• Auto-imagem – onde se busca estruturá-la de forma positiva.
• Autoconsciência – que significa perceber-se a si mesmo como
pessoa e profissional.
• Autoconfiança – que tem a finalidade de garantir os aspectos
decisórios.
• Automotivação – que procurará descobrir dentro do seu eu a força
motivacional que supera as circunstâncias adversas.
• Autodeterminação – onde se trabalhará bastante o binômio vontade e
persistência de forma a alavancar os movimentos em prol dos objetivos
traçados.
• Autonomia – que visa garantir o livre arbítrio para tomar decisões,
errar, corrigir e aperfeiçoar.
3.1.1 – Programa de Autodesenvolvimento
O programa de autodesenvolvimento do Rh.com.br oferece aos clientes
licenciados treinamento que busca providenciar condições propícias para o
autodesenvolvimento contínuo dos colaboradores. Este treinamento conta com
um farto material didático que proporciona uma educação prática, atraente e
atual, através de temáticas contemporâneas; textos objetivos, ilustrados e de
fácil compreensão; inclusão de diagramas; questões para reflexão sobre o
conteúdo e dicas para aplicação imediata do conhecimento adquirido.
Podemos assinalar no programa acima citado alguns temas
comportamentais que visam superar os desafios encontrados no cotidiano
organizacional:
v Quebra de Paradigmas e Mudanças
v Assertividade
v Desempenho profissional
v Entusiasmo e Motivação
39
v Ética e Comportamento
v Criatividade e Sustentabilidade
v Objetivos Organizacionais
v Solução de Conflitos
v Relações Interpessoais
3.1.2 – A Educação à Distância e a Norma ISO 10015
No Brasil as bases legais para a modalidade de educação à distância,
baseada nas normas do MEC, com legislação estadual, foram estabelecidas
pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394 de
20.12.1996), prevista no art. 80 in verbis:
“Art. 80 – O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino à distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada”.
De acordo com Guimarães (2008), Tomás de Aquino, um dos maiores
filósofos da Idade Média, surpreendeu o mundo ocidental ao afirmar que o
principal agente da educação não deveria ser o professor, e sim o aluno.
Aquino defendia um modelo em que as pessoas seriam capazes de conduzir
por si só o processo de aprendizagem.
As empresas, atualmente, estão colocando a responsabilidade do
aprendizado nas mãos de seus empregados, graças à educação à distância
(EAD). Para um grande número de profissionais, o conhecimento é de fácil
acesso, uma vez que a educação à distância chega diretamente às estações
de trabalho, via Internet.
Podemos observar, segundo Guimarães (2008), que a educação à
distância permite adequar o aprendizado ao ritmo, à disponibilidade de tempo
e às características de cada profissional. Ela também permite vantagens que
incluem desde a oportunidade de acesso às mais conceituais fontes de
40
conhecimento do mundo até a possibilidade de, eventualmente, recuperar o
tempo perdido. Este tipo de mecanismo está criando novos hábitos de
aprendizagem distintos daqueles incentivados pelo ensino presencial. Este tipo
de educação é um novo processo que o profissional de treinamento precisa
entender para obter sucesso com sua utilização. Com a adoção desta
ferramenta, as empresas precisarão repensar seus sistemas de avaliação e de
medição dos resultados de seus programas de treinamento. É importante frisar
que o mecanismo, quando bem estruturado, segue as diretrizes dadas pela
norma de Gestão da Qualidade – ISO 10015: diretrizes para treinamento.
Podemos concluir que a educação à distância deve ser considerada como um
dos métodos que satisfaz as necessidades de treinamento.
Há de se considerar com a educação à distância que o profissional
pode ir buscar informações e conhecimento, ampliar os horizontes, além de
cuidar de sua ascensão profissional e de sua empregabilidade. Está nas mãos
dos profissionais a melhoria de suas competências.
A forte contribuição da educação à distância para a mudança de
paradigma educacional baseia-se no fato de que existe maior participação do
aluno em relação à condução do processo ensino-aprendizagem. Em
contrapartida, no sistema presencial é notória a passividade do aluno.
A implementação da norma ISO 10015 resultará em uma grande
mudança da cultura da organização. Em alguns momentos, a implementação
poderá encontrar resistência, pois forçarão as pessoas a saírem da zona de
conforto. Mas, ao término, será bastante compensador, em termos de retorno
do investimento, da melhoria da competência e da satisfação do pessoal. A
ISO 10015 através de gráficos e de diretrizes, procura explicar como o RH
deve participar para planejar suas estratégias e melhorar continuamente seus
resultados.
41
Os programas de treinamento devem ser desenvolvidos de acordo com
o “ciclo do treinamento” que é apresentado na norma ISO 10015, sob a forma
de um gráfico. O primeiro estágio do ciclo – Definição das Necessidades de
Treinamento (DNT) é estratégica, pois tem como objetivo [...] assegurar que o
treinamento requerido seja orientado para satisfazer as necessidades da
organização. A ISO 10015, também, da atenção especial à avaliação de
resultados, ao afirmar que “a finalidade da avaliação é confirmar que ambos,
os objetivos da organização e do treinamento, foram alcançados, ou seja, o
treinamento foi eficaz”.
3.1.3 – Desenvolvimento das Competências Comportamentais
Na visão de Leme (2006), para promover o desenvolvimento das
competências relacionadas ao comportamento são necessárias questões
básicas como:
• Querer fazer: é o “A” do CHA, a Atitude.
• Feedback: é o expressar pelo Gestor do colaborador de como ocorreu
um determinado fato, se positivo ou negativo. E não ter somente o
feedback do gestor, mas de todos os envolvidos, não importando se é
subordinado ou par.
• Plano de Ação: é importante para fazer acontecer, estabelecendo
metas.
• Cultura: no sentido “biológico” representa o ambiente propício para o
desenvolvimento da competência.
É importante saber quais as necessidades (gaps), ou seja, quais
comportamentos o colaborador precisa desenvolver para que se trabalhe
exatamente as competências que precisam ser desenvolvidas.
Para Kardec (2002), podem-se considerar, atualmente, algumas
qualidades e postura do ser humano extremamente importantes no auxílio do
aprimoramento das pessoas:
42
- Liderança, seja um líder: a tendência à descentralização, a filosofia das
estratégias de negócios e a demanda de autonomia local estão apontando
para uma liderança multifuncional.
- Desenvolva a flexibilidade: o novo profissional deverá estar aberto a novas
idéias e conceitos independentemente de sua origem. Ele se empenhará em
aprender sempre e estar pronto para questionar as idéias e sistemas
existentes.
- Incentive sua criatividade: para que possamos acompanhar a velocidade
dos eventos sociais, políticos, econômicos, culturais e, simultaneamente,
sermos capazes de focalizar o futuro faz-se necessário que sejamos criativos.
Precisamos estimular nossa capacidade criativa de forma a gerar processos de
mudanças nas organizações. A criatividade tornou-se um grande diferencial
para as organizações que desejam se destacar.
- Tenha Orientação Global: um grande interesse e conhecimento do
desenvolvimento em todas as áreas de atividade é indispensável. Não é mais
possível dizermos: “Isso não me diz respeito”, “Não faz parte de meu descritivo
de função”.
- Esteja capacitado para a Incerteza: o profissional precisa conviver e saber
lidar de forma consistente com a incerteza e com mudanças mais velozes.
- Desenvolva a habilidade de comunicação: o profissional eficaz deve ter
grande habilidade em se comunicar dentro e fora do seu segmento / empresa.
Deve aumentar sua capacidade de comunicação como emissor ou receptor,
especialmente quando precisar de gerar mensagens através da verbalização.
- Tenha boas condições físicas e emocionais: lidar com um ambiente
mutante, com o cumprimento de um alto grau de produtividade vai
inevitavelmente criar estresse. Reduzi-lo a níveis administráveis e conviver
com ele, demanda esforço físico e emocional. É importante considerar a co-
responsabilidade de todos nos trabalhos integrados, cabendo aos envolvidos
se posicionarem perante toda e qualquer situação.
- Viva com ética: ética é também a aplicação de princípios fundamentais para
a vida e os negócios.
43
- Mostre envolvimento: envolver-se significa efetivamente ter
comprometimento e colocar seu coração na execução de tarefas profissionais
ou nas de cunho humanístico.
- Acredite sempre: acreditar representa a capacidade de mudar seus próprios
paradigmas. Substituir antigas crenças e conceitos sobre si mesmo, sobre os
outros e sobre o mundo por um novo padrão. Acreditar em si representa uma
grande arma para alcançar as metas não só humanas como também as
profissionais.
- Seja proativo: você detém o poder da ação no EU, de dentro para fora. Você
é, você fará, você poderá. Reflita no rumo que está dando na sua vida
profissional, se o caminho que está sendo trilhado vai levar à excelência
profissional.
3.2 – Autodesenvolvimento como Base para Aprendizagem
Organizacional
Na visão de Soares (apud Gurgel e Oliveira, 2001), as organizações ao
longo do tempo estão passando por transformações e como conseqüência
temos os processos de aprendizagem nos ambientes de trabalho migrando de
“ensinar as pessoas” para “estimular / apoiar as pessoas no aprendizado”.
Atualmente, é solicitado aos indivíduos que integram esses ambientes, que
reflitam mais profundamente sobre si mesmos, sua relação com o trabalho,
sua performance profissional e sobre a própria organização.
A reflexão é reconhecida como elemento essencial nos processos de
aprendizagem e se faz necessário entender melhor a natureza da reflexão nos
ambientes organizacionais. Kolb (apud Gurgel e Oliveira, 2001) indica que os
adultos aprendem passando por um ciclo de aprendizagem vivencial em que
se integram: o fazer, o refletir, o conectar e o agir. Acrescenta que, quando os
indivíduos estão sintonizados e comprometidos com esse ciclo de
aprendizagem, a ação é qualitativamente melhor, pela incorporação da
reflexão.
44
Argyris e Schön (apud Gurgel e Oliveira, 2001, p.201) referem que
“todos os homens precisam tornar-se competentes para empreender a ação e,
ao mesmo tempo, refletir sobre esta ação, de forma a aprender com ela”. A
reflexão na ação implica, para esse autor, olhar a experiência passada, os
valores abraçados, as normas incorporadas e os fatos pessoais que embasam
a ação. Aconselha que é preciso ir além da superfície para questionar crenças,
convicções, pressupostos – os modelos mentais adotados que governam os
comportamentos expressos pela pessoa. Neste contexto o
autodesenvolvimento é considerado um elemento essencial. É visto como um
processo de aprendizagem que envolve a pessoa no seu todo, utilizando como
recursos a autoconsciência, a reflexão e a experimentação. Esse processo
incentiva o indivíduo a conhecer seus limites e possibilidades, através da
descoberta, da reflexão.
Observa Soares (apud Gurgel e Oliveira, 2001), o autoconhecimento é
crucial, uma vez que ao se falar de autodesenvolvimento não se pode
prescindir do autoconhecimento. A pessoa que não se conhece fica
impossibilitada de mudar a si mesma e, conseqüentemente, de despertar
mudanças no seu entorno.
O processo de autodesenvolvimento estimula a autonomia da pessoa
dentro da empresa, permitindo, além da possibilidade de realizar escolhas
livres, o estímulo ao pensar crítico. Vale ressaltar que embora se trate de um
processo interno do indivíduo, concretiza-se na interação desse indivíduo nos
ambientes sociais, através do feedback sobre o impacto de sua ação para si,
para os outros e para a organização.
Pelo feedback recebido é possível detectar / corrigir erros e rever
aspectos distorcidos da auto-imagem. Quando a pessoa enxerga seus pontos
fracos como também os fortes, ela é capaz de compreender melhor o outro,
45
considerando diferentes universos, e assim visualizar o seu papel na
organização.
A aprendizagem organizacional só é possível pela transformação do
indivíduo, sujeito de sua ação e do seu processo educativo. Envolve, do ponto
de vista deste indivíduo, vontade, determinação pessoal, clareza das
aspirações, necessidades, consciência do que valoriza e acredita, para poder
encontrar o significado pessoal nas experiências que trava com o ambiente e
permitir comprometer-se.
Na perspectiva de Senge (1990), que cita a prática de cinco disciplinas
inter-relacionadas – domínio pessoal, modelos mentais, aprendizagem em
grupo, objetivos compartilhados e pensamento sistêmico - para construir-se
uma organização que aprende, destaca a disciplina domínio pessoal como a
que mais oferece alavanca para o contínuo aprendizado e crescimento como
pessoa. É uma disciplina fundamental da organização de aprendizagem. Sua
base espiritual.
As condições gerais associadas às técnicas para desenvolver o bem-
estar espiritual, Senge (1990) denominou domínio pessoal. Segundo sua
abordagem, ter domínio pessoal significa ter a capacidade de expandir
constantemente a consciência como indivíduo, para criar o futuro desejado
com clareza de propósito; significa “fazer da vida um trabalho criativo, viver a
vida de um ponto de vista criativo, em contraposição a um reativo”, significa ter
a capacidade de produzir resultados, como também de dominar os princípios
que subjazem o modo de produzir resultados. Isto é, apenas conseguir o que
se deseja não significa domínio, pois é necessário conhecer, reproduzir e
explicitar o modo de conseguir estes resultados. Ter domínio pessoal, no
sentido expresso por Senge (1990), envolve três fatores: o primeiro é
esclarecer o que é importante para nós, o segundo fator é aprender
continuamente a enxergar a realidade com mais clareza, visando tomar ações
de maneira efetiva para sua transformação em direção aos objetivos pessoais
46
e o terceiro, o gerenciamento da tensão criada pela discordância entre os
objetivos pessoais. A justaposição do nosso objetivo (o que desejamos) com
uma imagem clara da realidade (onde estamos em relação ao que desejamos)
gera o que chamamos de “tensão criativa”: uma força resultante da tendência
natural de buscar resolução. A essência do domínio pessoal está em aprender
a gerar e manter tensão criativa em nossas vidas. A tensão criativa é uma
alavanca permanente para o crescimento, a mudança pessoal e a
aprendizagem. O aprendizado neste contexto significa expandir a capacidade
de produzir os resultados que realmente queremos na vida. É um aprendizado
produtivo que dura a vida inteira, e as organizações de aprendizagem só são
possíveis se tiverem pessoas em todos os níveis praticando-o (Senge, 1990).
Complementando o que foi exposto no parágrafo acima, Kim e Mullen
(apud Wardman, 1996) analisam que a disciplina de criar uma visão
compartilhada sobre o futuro da organização está enraizada no domínio
pessoal, e este se baseia em um compromisso com a verdade sobre a
realidade atual. Esse compromisso nos proporciona uma idéia clara de onde
estamos e no que cremos, além de nos permitir começar a desenvolver a
tensão criativa que nos impulsionará a criar o que desejamos de verdade. A fim
de gerar a tensão criativa, precisamos tanto de uma visão instigante quanto de
um claro entendimento de nossa realidade atual. Sem uma visão, não há
motivação real para mudar. Sem uma compreensão clara de onde estamos,
ficamos sem base para uma ação eficaz.
Entretanto Senge (1990), adverte que ninguém pode aumentar o
domínio pessoal dos outros, ou obrigá-los a desenvolvê-lo. As pessoas que
não estão preparadas para desenvolver seu domínio pessoal, se obrigadas a
fazê-lo, podem gerar uma tensão interna e é pouco provável que gerem algum
comprometimento relacionado a criar algo que não seja o que profundamente
desejam. Por outro lado, os gestores podem estabelecer as condições
necessárias para estimular e apoiar aqueles que desejam desenvolver seu
domínio pessoal.
47
Pessoas com alto nível de domínio pessoal vivem num modo contínuo
de aprendizagem. Essas pessoas possuem várias características em comum:
elas têm um sentido especial de vida, que vai além dos objetivos e metas
ocasionais; para elas a realidade do momento é um aliado, e não um inimigo;
elas aprenderam a identificar e trabalhar com as forças de mudança; são
profundamente inquisitivas, procurando sempre ver a realidade com maior
clareza; sentem-se ligadas ao próximo e à vida em si; sentem-se parte de um
processo criativo maior, no qual podem influir (Senge, 1990).
Conforme Senge (1990), uma questão fundamental no domínio
pessoal é a reflexão. Os modelos mentais fazem parte da realidade pessoal e
precisam ser também questionados. A disciplina domínio pessoal ajuda a
refletir sobre essas premissas básicas e modelos de ação para que a pessoa
gere as condições de enxergá-los e descondicioná-los. Existe, para ele, uma
grande relação entre as intenções conscientes, a intuição e o conhecimento
armazenado e automatizado no subconsciente.
O exercício da disciplina domínio pessoal gera uma série de mudanças
gradativas no interior do indivíduo. Muitas delas são tão sutis que passam
despercebidas. Além de definir as “estruturas” que caracterizam o domínio
pessoal como sendo uma disciplina, a perspectiva sistêmica também destaca
alguns aspectos mais sutis do domínio pessoal, tais como: integração entre
razão e intuição, uma visão melhor da nossa ligação com o mundo, compaixão
e compromisso com o todo.
Os gestores determinados a promover o domínio pessoal devem
trabalhar incessantemente para criar na organização um clima em que os
princípios do domínio pessoal sejam praticados na vida diária. Isso significa
criar um ambiente onde as pessoas tenham liberdade de criar objetivos, onde
a investigação e o compromisso com a verdade sejam a regra. Esse clima
reforçará, primeiro, a idéia de que o crescimento pessoal é realmente
valorizado dentro da organização; e segundo, na medida em que as pessoas
48
responderem ao que lhes é oferecido, ele proporcionará um “treinamento no
local” que é vital ao desenvolvimento do domínio pessoal. O desenvolvimento
do domínio pessoal deve ser um processo contínuo, sempre em andamento.
Para Senge (1990), a atitude positiva que uma organização pode
tomar para promover o domínio pessoal entre seus membros consiste em
desenvolver as cinco disciplinas em sincronia.
Modelo mental e pensamento sistêmico caminham naturalmente juntos
porque um trata de expor as idéias ocultas e o outro de como reestruturá-las a
fim de revelar as causas de problemas importantes. Modelos mentais
arraigados impedem as mudanças que poderiam resultar do raciocínio
sistêmico. O raciocínio sistêmico precisa das outras quatro disciplinas: objetivo
comum para conseguir um engajamento a longo prazo; modelos mentais para
detectar as falhas na nossa maneira atual de ver o mundo; aprendizagem em
grupo para que as pessoas possam enxergar além dos limites das suas
perspectivas pessoais; e domínio pessoal para nos motivar a pesquisar
continuamente como as nossas ações afetam o mundo em que vivemos.
(Senge, 1990).
Todas as disciplinas modificam de maneira básica a pessoa que as
pratica. Por exemplo, o domínio pessoal intensifica o estado de consciência do
momento presente, do que está acontecendo dentro e fora de nós (estado de
ser), e a sensação de fazer parte das forças criativas que moldam nossa vida.
As cinco disciplinas possuem um ponto em comum – a sensibilidade de
sermos aprendizes num mundo intrinsecamente interdependente.
Senge (1990) conclui que criar organizações de aprendizagem implica
formar pessoas que aprendam a ver as coisas pela perspectiva sistêmica, que
desenvolvam seu próprio domínio pessoal, e que aprendam a expor e
reestruturar modelos mentais, de maneira colaborativa.
49
Kim e Mullen (apud Wardman, 1996, p.163) propõem a partir de um
espírito criativo e libertador um ponto de partida para a criação de uma
organização que aprende:
“como uma organização que aprende... Acreditamos que todas as pessoas mereçam igual respeito como seres humanos, independentemente do papel ou do cargo ocupado. Acreditamos que cada pessoa deva receber a mesma consideração no auxílio do desenvolvimento de seu potencial pleno. Acreditamos que o potencial de uma pessoa só deva estar limitado pela amplitude de suas próprias aspirações, não pelas barreiras artificiais das estruturas organizacionais ou imagens mentais das outras pessoas. Reconhecemos a validade da opinião de cada pessoa e respeitamos as experiências de vida que a formaram. Atuamos com base na abertura e na confiança, nutrindo um clima no qual as verdades possam ser ‘reveladas’ e ouvidas. Acreditamos que não há um ser humano superior a outro, mas cada um possui um valor que lhe é próprio. Valorizamos as pessoas pelo que são, e não apenas pelo que (ou por quem) conhecem”.
Podemos aferir que a crença na liberdade de falar, discordar, ter uma
opinião própria mantém as pessoas juntas. Quando não existe liberdade, os
resultados são a fragmentação, o isolamento e a hostilidade.
Como pode ser observado, uma organização que aprende só é
possível através de pessoas em todos os níveis praticando o aprendizado. O
desenvolvimento do potencial organizacional depende do desenvolvimento do
potencial dos seus membros, em todos os sentidos.
Destacamos que o nosso principal objetivo com a elaboração desse
trabalho é esclarecer que o autodesenvolvimento contribui para a
aprendizagem das organizações a partir da implementação de uma estratégia
mais eficaz, mais eficiente e em sintonia com os processos de transformação
pelos quais as organizações estão passando.
50
CONCLUSÃO
Após uma fase de leituras, análise sobre o tema proposto, podemos
concluir que para formarmos profissionais pró-ativos, cada vez mais
capacitados, dispostos aprender a aprender, atuando neste mundo
globalizado, complexo e competitivo, onde tudo acontece e se transforma
velozmente, torna-se necessário uma profunda mudança na educação. Esta
deve favorecer o pensamento sistêmico: é preciso recompor o todo para
conhecer as partes.
Verifica-se que para o surgimento de um novo modelo de organização
que aprende é necessário, entre outras coisas, criar visões compartilhadas,
que clarifique propósitos, princípios e valores. Uma visão compartilhada
representa o ideal para o qual a organização está se dirigindo e em torno do
qual a organização pode construir sua cultura. É necessário desenvolver
continuamente a capacidade de criar uma visão do futuro. Criar uma visão
compartilhada está enraizada no domínio pessoal, e este se baseia em um
compromisso com a verdade sobre a realidade atual. Os gestores precisam
enxergar sua organização e seu ambiente como um sistema unificado. Pela
perspectiva sistêmica é mais fácil indicar ações de alta alavancagem que
produzirão melhorias expressivas e duradouras.
Partindo da observação dos fatos, concluímos que a implementação
de estratégias voltadas para o processo de autodesenvolvimento estimula a
autonomia do indivíduo, permitindo o pensar crítico, além de contribuir para a
aprendizagem das organizações em sintonia com as expectativas de
crescimento das pessoas que as integram. É um processo que gera a melhoria
do desempenho. Logo, se uma equipe aprende, seu desempenho melhora.
A aprendizagem de uma organização só pode ser significativa através
de inter-relacionamentos de aprendizagem que seus integrantes possam
manter. Isto engloba a aprendizagem individual, interpessoal e coletiva. É
51
através de relacionamentos e estruturas de aprendizagem que a organização
como um todo se auto-aprimora. É essencial que os colaboradores de uma
empresa sejam encorajados para o autodesenvolvimento, tendo como alicerce
o entrelaçamento das cinco disciplinas com ênfase no todo, já que as
organizações aprendem por meio de seus membros.
As organizações voltadas para o aprendizado valorizam as pessoas
pelo que são, envolvem o coração e a mente de seus funcionários em um
processo de aprendizado contínuo e aperfeiçoamento permanente, capaz de
ativar o potencial pleno, e a criatividade de cada membro da equipe.
Por fim, concluímos que o papel do gestor de Recursos Humanos,
frente à questão das estratégias de autodesenvolvimento, é de fundamental
importância para o aprimoramento daqueles que integram a empresa e por
conseguinte das organizações. O RH, também, pode investir esforços
sobretudo através de programas de treinamento centrado no ser humano.
Não podemos deixar de salientar que a pessoa é autora de seu
processo de autodesenvolvimento e de que a busca pelo crescimento pessoal
é, quase sempre, uma questão de opção.
52
BIBLIOGRAFIA
ALLIPRANDINI, Dário in Organização de aprendizagem ou Aprendizagem Organizacional, ARTIGO (2008). Disponível em: http://paginas.terra.com.br/ negocios/processos2002/organização_de_aprendizagem.htm. Acesso em 31.08.2008.
BEZERRA, Alan André Aparecido e OLIVEIRA, Ednilson Barbosa de in Aprendizagem Organizacional: a organização que aprende, ARTIGO (2006). Disponível em: http://www.administradores.com.br/artigos/aprendizagem_ organizacional. Acesso em 28.08.2008. BRASIL, Lei nº 9.394 (1996). Disponível em: http://www.cefetce.br/Ensino/Cursos/ Medio/Lei.htm. Acesso em 21.11.2008. BURNHAM, Teresinha Fróes in Aprendizagem, DOCUMENTO (2006). Disponível em: http://dici.ibict.br/archive/00000481/. Acesso em 04.11.2008. CALDEIRA, Pedro Zany in Estrutura Organizacional, PSICOLOGIA SOCIAL. Disponível em: http://www.lusiada.org/files/psic/Estrutura_organizacional.pdf. Acesso em 07.11.2008. EASTERBY-SMITH, Mark, BURGOYNE, Jonh, e ARAUJO, Luís. Aprendizagem Organizacional e Organização de Aprendizagem: desenvolvimento na teoria e na prática. São Paulo: Ed. Atlas, 2008. FLEURY, Afonso; FLEURY, Maria Teresa L.“Aprendizagem e Inovação Organizacional: as experiências de Japão, Coréia e Brasil”. São Paulo: Ed. Atlas, 2008. GUIMARÃES, Sebastião in Recurso para implementar o RH estratégico - Norma ISO 10015, ARTIGO (2008). Disponível em: http://www.rh.com.br/Portal/ Mudança/Artigo/5026. Acesso em 21.11.2008. GUIMARÃES, Sebastião in A educação à distância e a Norma ISO 10015, ARTIGO (2008). Disponível em: http://www.rh.com.br/Portal/Desenvolvimento/Artigo/5192. Acesso em 21.11.2008. GURGEL, Ana Olímpia C., OLIVEIRA, Enildo. RH Positivo – Novo Mundo de Trabalho. Rio de Janeiro: Ed. Qualitymark, 2001. KANAANE, Roberto. Comportamento Humano nas Organizações: o homem rumo ao século XXI. São Paulo: Ed. Atlas, 2008.
53
KARDEC, Alan e ZEN, Milton. Gestão Estratégica e Fator Humano. Rio de Janeiro: Ed. Qualitymark: abraman, 2002. LEME, Rogério. Avaliação de Desempenho com Foco em Competência: a base para remuneração por competência. Rio de Janeiro: Ed. Qualitymark, 2006. MAXIMIANO, Antonio César Amaru in O que é uma organização?, ARTIGO (2008). Disponível em: http://www.gerenco.com.br/page3.html. Acesso em 28.09.2008. MENDES, Alexandre in Organizações que aprendem, ARTIGO (2006). Disponível em: http://imasters.uol.com.br/artigos/4783/organizações_que_aprendem. Acesso em 25.09.2008. MOISEICHYK, Ana Elizabeth in Organizações Enquanto Culturas, DISSERTAÇÃO (1997). Disponível em: http://www.eps.ufsc.br/ disserta99/ana. Acesso em 07.11.2008. MORGAN, Gareth in Imagens da Organização, ARTIGO (2007). Disponível em: http://pt.shvoong.com/books/1653723-imagens-da-organizacao. Acesso em 01.11.2008. MOSCOVICI, Fela. A organização por trás do espelho. Rio de Janeiro: Ed. José Olympio, 2001. MOSCOVICI, Fela. Renascença organizacional: o resgate da essência humana. Rio de janeiro, Ed. José Olympio, 2008. NUNES, Paulo in Conceito de Organização, ARTIGO (2008). Disponível em: http://www.knooow.net/cienceconempr/gestao/organizacao.htm. Acesso em 28.09.2008. SENGE, Peter M. A Quinta Disciplina – Arte, teoria e prática da organização de aprendizagem. São Paulo: Ed. Beste Seller, 1990. WARDMAN, Kellie T. Criando Organizações que Aprendem. São Paulo: Ed. Futura, 1996. REFERÊNCIA ELETRÔNICA htttp://pt.wikipedia.org/wiki/Aprendizagem. Acesso em 02.09.2008.
54
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
CONCEITOS RELATIVOS A ORGANIZAÇÃO DE APRENDIZAGEM 10
1.1 – O que é uma Organização? 11
1.2 – Aprendizagem Individual 14
1.3 – Aprendizagem Organizacional 17
CAPÍTULO II
APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL: ORGANIZAÇÕES
QUE APRENDEM 20
2.1 – Aprendizagem Organizacional 21
2.2 – Organização de Aprendizagem 23
2.3 – Disciplinas da Organização de Aprendizagem 25
2.3.1 – Primeira Disciplina: domínio pessoal 26
2.3.2 – Segunda Disciplina: modelos mentais 28
2.3.3 – Terceira Disciplina: objetivo comum 28
(ou visão compartilhada)
2.3.4 – Quarta Disciplina: aprendizagem em equipe 30
2.3.5 - Quinta Disciplina: pensamento sistêmico 31
55
CAPÍTULO III
RECURSOS HUMANOS: IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATÉGIAS
COM FOCO NO AUTODESENVOLVIMENTO 35
3.1 – Adoção de Estratégias para o Autodesenvolvimento 36
3.1.1 – Programa de Autodesenvolvimento 38
3.1.2 – A Educação à Distância e a Norma ISSO 10015 39
3.1.3 – Desenvolvimento das Competências Comportamentais 41
3.2 – Autodesenvolvimento como Base para
Aprendizagem Organizacional 43
CONCLUSÃO 50
BIBLIOGRAFIA 52
ÍNDICE 54
56
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Instituto a Vez do Mestre
Título da Monografia: Organização de Aprendizagem ou Aprendizagem
Organizacional
Autor: Dirce Maria Souza da Silva
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: