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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES Diretoria de Projetos Especiais Projeto A Vez do Mestre Curso: Psicopedagogia ERYCA RODRIGUES DUARTE Rio de janeiro 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Diretoria de Projetos Especiais

Projeto A Vez do Mestre

Curso: Psicopedagogia

ERYCA RODRIGUES DUARTE

Rio de janeiro – 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Diretoria de Projetos Especiais

Projeto A Vez do Mestre

Curso: Psicopedagogia

SOMOS TODOS EXCLUENTES – UM CONVITE À BUSCA DE SOLUÇÕES

Trabalho de aproveitamento do

curso em Pós-Graduação em

Psicopedagogia da Universidade

Candido Mendes

Rio de janeiro – 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Diretoria de Projetos Especiais

Projeto A Vez do Mestre

Curso: Psicopedagogia

SOMOS TODOS EXCLUENTES – UM CONVITE À BUSCA DE SOLUÇÕES

Monografia apresentada por

Eryca Rodrigues Duarte ao Curso de

Psicopedagogia como requisito parcial

das exigências para conclusão do curso

de Pós-Graduação, sob orientação do

professor Celso Chances

Rio de janeiro – 2005

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar

a Deus, que desde o meu

nascimento, nunca me

desamparou.

Quero apresentar também os

meus sinceros agradecimentos a

minha mãe Raymunda Maria

Rodrigues Duarte pelo grande

incentivo para que eu pudesse

concluir todos os cursos aos quais

me propus fazer.

Dia e noite em minhas

orações agradeço a Deus quando

me lembro de você sem dúvida

alguma, uma grande benção em

minha vida.

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Educar é sempre perceber as batalhas de imediato, porque educar é educar-se a

cada dia. Eu educo hoje os valores que recebi ontem, para pessoas que serão o amanhã. Se só uso o de ontem não educo, complico. Se só uso de hoje não educo, condiciono. Se só uso de amanhã não educo, faço experiências com as pessoas. Se usar os três sofro, mas educo.

(Artur da Távola)

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..................................................................................... 07 CAPÍTULO I - UMA REFLEXÃO SOBRE A EDUCAÇÃO ESPECIAL .............................................................................................09 1.1 – Conceituação .............................................................................09

1.2 – As diferentes formas de deficiências...................................... ..11

CAPITULO II - HISTÓRIA DA INCLUSÃO ..................................... 19

2.1 – Exclusão econômica social (Aspectos Históricos) ...................... 19

2.2 – Período anterior a 1930 ................................................................ 21

2.3 – Reforma Francisco Campos de 1968............................................. 23

CAPÍTILO III - AS PRÁTICAS PEGAGÓGICAS NA ESCOLA

INCLUSIVA ........................................................................................ 31

3.1 – Conceituação .................................................................................31

3.2 – A relação professor, aluno na educação Inclusiva ........................34

3.3 –A sala de Recursos .........................................................................36

DIAGNÓSTICO DO ESTUDO DE CASO ...........................................39

Conclusão ...............................................................................................43

Referências Bibliográficas .....................................................................45

Anexos ................................................................................................... 47

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho pretende abordar a questão da inclusão dos

Portadores de Necessidades Educacionais Especiais no Ensino

Fundamental das escolas públicas a partir de uma proposta político-

pedagógico de inclusão educacional em geral.

Todos têm direito à educação. Portanto, somos todos excluentes. Desse

modo, todos aqueles que estão em idade escolar, inclusive os Portadores

de Necessidades Educacionais especiais, devem estar incluídos na

escola. No entanto, conforme podemos perceber, a partir de uma

observação da história da educação, sobretudo no Brasil, esta tem se

apresentado como exclusiva, caracterizando-se, basicamente, por uma

sistema dual, onde dois pólos se apresentam:

a educação para os pobres e a educação para os ricos. Nesse sentido,

torna-se mais difícil ainda aquele que,por exemplo, além de portador de

necessidades especiais, seja também destituído de poder econômico.

Desse modo, a educação passa ao contrário de inclusiva, a caracterizar-

se como exclusiva. Em função disso é que , além do aspecto específico

da educação dos portadores de necessidades especiais, procurar-se-á

também o processo de exclusão escolar como um todo. Isso, tanto sob o

aspecto filosófico quanto histórico. Porque a exclusão, inclusive dos

portadores de necessidades especiais, é histórica.

Em um primeiro capítulo abordarmos uma reflexão sobre a

educação especial, apresentando uma conceituação e as dificuldades

sugeridas e existentes com relação às diversas formas de deficiências.

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Num segundo capítulo, abordaremos os aspectos históricos relativos

à exclusão tanto social como pedagógica, dos educandos em geral e,

mais particularmente, dos portadores de necessidades especiais.

Num terceiro e último capítulo, apresentamos uma proposta de

educação inclusiva, a partir da escola inclusiva, junto com suas

principais características específicas, quais sejam: uma revisão

curricular; uma adaptação dos professores, diretores, orientadores, pais e

os próprios alunos para que posicionem em defesa dos valores pessoais.

uma nova proposta de avaliação e as chamadas salas de recursos.

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CAPÍTULO I

UMA REFLEXÃO SOBRE EDUCAÇÃO ESPECIAL

1.1 – Conceituação

De acordo com a Lei 9394/96, Educação Especial corresponde à

modalidade de educação escolar oferecida, preferencialmente, no

sistema regular de ensino, desde a Educação Infantil até a Educação de

Jovens e Adultos, para os educandos portadores de necessidades

especiais.

O reconhecimento pela sociedade, dos direitos das pessoas

deficientes tem sido um processo longo, que vem evoluindo da

discriminação para uma atitude de integração.

A Educação Especial tem sido ultimamente colocada em questão

por um conjunto de idéias e opiniões internas e externas e essa

modalidade de ensino, todas convergindo para a necessidade de

reformas e de novas alternativas de estruturas nas propostas, programas e

ações educacionais em favor dos alunos portadores de necessidades

educativas especiais.

As pessoas portadoras de deficiências são consideradas como

aquelas que apresentam “significativas físicas, sensoriais ou intelectuais,

decorrentes de fatores inatos ou adquiridos, de caráter temporário ou

permanente”. Do ponto de vista educacional são considerados

excepcionais os alunos que, devido a condições físicas, mentais,

emocionais, necessitam de processos especiais de educação para o pleno

desenvolvimento de sua potencialidade (CEE nº 13/73 – Art. 1 – 1º).

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De acordo com a Organização Mundial de Saúde, as deficiência

encontra-se distribuídas da seguinte maneira:

Inspirada no lema do Ano Internacional da Avaliação e Pessoas

Deficientes (“Participação Plena e Igualdade” /91), uma pequena parcela

da sociedade de vários países começou a tomar consciência da questão:

para participação plena e igualdade de oportunidades, o necessário não

seria tanto a adaptação de deficiente à sociedade, mas desta às pessoas

deficientes.

A princípio excluídas da família e da sociedade, as pessoas

deficientes passaram a ser atendidas em instituições religiosas e

filantrópicas, que não sofriam nenhum tipo controle referente à

qualidade do trabalho realizado. Neste contexto, surge a educação

especial, realizada em escolas especiais, centros de reabilitação e

oficinas protegidas de trabalho, pois a sociedade começou a admitir que

pessoas deficientes poderiam ser produtivas se recebessem escolarização

e treinamento profissional. A seguir num movimento de integração

social do deficiente físico, surgem as classes especiais dentro das escolas

comuns.

Deficiências %

Mental 5.0

Física 2.0

Auditiva 1.5

Visual 0.5

Múltiplas 1.0

Total 10.0

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1.2 – AS DIFERENTES FORMAS DE DEFICIENCIAS

1.2.1 – Síndrome de Down

Primeiramente descrita em 1866, por Langlon Down, esta síndrome

também é conhecida como “mongolismo” ou trissomia do 21. Ambos os

termos são muito criticados, porque o olho, embora parecido, não é igual

ao de uma pessoa da raça mongólica, onde a incidência desta anomalia á

baixa. Os estudos com auto-radiografia e bandeamento provaram que o

cromossomo extra era o menor, e,portanto, o 22 e não o 21. Surgiram

algumas críticas quanto o termo Down, afirmando-se que o autor não

teria descrito corretamente o caso clínico. A primeira identificação

citogen´rtica foi feita em 1959 por Lejeune, Gautier e Turpin.

Segundo os trabalhos de Niebuhr, William e Raoul, a região

responsável pelas manifestações clínicas desta síndrome é a parte distal

do braço longo do 21. (21q22). Nesta região encontra-se o gene

produtor da enzima SOD 1 (superóxido dismutase). Nos casos de

suspeita de mongolismo, é muito mais rápido dosar esta enzima do que

fazer o cariótipo. Caso haja uma elevação de 50%, devido a trissomania,

a criança terá síndrome de Down.

As manifestações clínicas desta anomalia incluem:

v Retardo mental: QI até 75%, estando à maioria por volta de 40.

v Ponte nasal baixa

v Occípulo achatado

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v Implantação baixa das orelhas, com lóbulo reduzido e pavilhão

disfórmico

v Estrabismo convergente

v Baixa estatura

v Mão curtas e largas

v Língua grande e com sulco bem acentuados

v Expectativa de vida reduzida

v Sexo masculino aparentemente estéril; sexo feminino fértil

v Incidência muito alta de infecções respiratórias

v Malformações cardíacas e leucemia

Mais de noventa por cento das crianças que nascem com

mongolismo tem o cariótipo de trissomia e os restantes apresentam

translocações ou isocromossomos. É bastante notório o fato de que

quanto maior for a idade dos genitores, maior será o risco de prole

afetada.

É preciso fazer uma avaliação periódica da tireóide (de seis em

seis meses) nas crianças afetadas. Ao nascer é recomendado o exame

do pé para obter-se qualquer tipo de anomalia associada à síndrome de

Down.

O retardo mental leva a criança à incapacidade de competir com

indivíduos da mesma idade. Pelo fato delas não terem autonomia e

independência, são vistas como um fardo para seu meio social, além de

serem muito marginalizadas e desprotegidas. Para isto, será da maior

importância o papel do educador especial com um trabalho específico

junto a estas crianças amáveis e criativas.

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1.2.2. – Deficientes Auditivos (D A)

A deficiência de audição (denominada descosia) pode determinar

série problemas na evolução normal do aprendizado de uma criança.

Uma criança, tida muitas vezes como apática, inibida, desinteressada que

não assimila o que lhe é ensinado e que às vezes é tida como aluno

especial, pode na realidade apresentar única e exclusivamente uma

deficiência auditiva.

De acordo com a Lei 247/86, os alunos a serem encaminhados para

as classes especiais de deficientes auditivos deverão ser portadores de

perdas moderadamente severas (56 decibéis a 70 decibéis – escala

ISO),perdas severas (71 a 90 decibéis) e profundas (acima de 90

decibéis) no ouvido melhor, nas freqüências da fala.

As salas de aula do deficiente auditivo são equipadas com

aparelhos coletivos de amplificação sonora e as carteiras são dispostas

em semicírculos, para que todos os alunos tenham uma boa visão do

rosto do professor, favorecendo assim a leitura orofacial.

O professor especializado desenvolve técnicas específicas do

ensino de deficientes auditivos como: desenvolvimento da linguagem,

treinamento da fala, leitura orofacial, treinamento dos órgãos fono-

articulatórios e estimulação da audição residual.

Os portadores de perdas moderadas deverão ser atendidos em

classe comum, desde que apresentem os pré-requisitos necessários para o

acompanhamento das atividades propostas, sempre que possível com o

uso do aparelho de amplificação sonora individual.

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1.2.3 - -Deficientes Físicos (D F)

Para fins educacionais são considerados deficientes físicos os

alunos com limitações em sua capacidade de locomoção, postura ou uso

das mãos, ou falta de vigor, vitalidade ou agilidade que comprometam

significativamente o rendimento escolar.

As deficiências físicas podem se manifestar de diversas formas e

resultar de vários fatores:

v Anomalias congênitas e hereditárias: paralisia cerebral, distrofia

muscular, defeitos velopalatais, espinha bífida, defeitos posturais,

hidrocefalia, etc...

v Poliomielite, osteomielite, meningite.

v Distúrbios metabólicos: miopatias, mucopolissacaridoses.

v Traumatismo, fraturas, queimaduras.

v Doenças crônicas: defeitos cardíacos, diabetes.

v Causas diversas: febre reumática, câncer, esclerose múltipla.

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1.2.4 – Deficientes Mentais (D M)

Os deficientes mentais educáveis são alunos que, embora possuam

grau de inteligência abaixo da média, podem ser alfabetizados seguindo

o programa curricular adaptados às suas condições pessoais, alcançando

ajustamento social e ocupacional e, na idade adulta, independência

econômica parcial ou total. (Portaria Interministerial n.186/78).

Os alunos a serem encaminhados para as classes especiais e salas

de recursos de deficientes mentais são diagnosticados por equipe

multidisciplinar ou, na ausência desta, pelo psicólogo devidamente

credenciado, após o envio do relatório de observação realizado pelo

professor sobre o rendimento, desenvolvimento e dificuldade dos

alunos.

O atendimento ao deficiente mental educável na escola

proporcionará condições para o desenvolvimento e aquisição das

habilidades de visualização, audibilização, linguagem,

psicomotricidade, orientação espaço-temporal, socialização e outas.

É importante observar que esta não pode ser identificada como

“doença mental”. A deficiência mental é caracterizada como um

rendimento intelectual abaixo da média fazendo com que o indivíduo

encontre limitações em sua capacidade de responder a demandas tais

como: comunicação, cuidados pessoais, habilidades sociais, etc...(Colli,

pó cit:11)

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1.2.5 – Deficientes Visuais

São considerados deficientes visuais os alunos cegos, com

acuidade visual menor que 0,005 com a melhor correção possível, e os

de visão subnormal, com acuidade visual de 0,005 a 0,3 com a melhor

correção possível.

Devem ser considerados elegíveis para atendimento educacional

especializado os alunos que apresentam:

v Visão subnormal em ambos os olhos;

v Cegueira em ambos os olhos;

v Visão subnormal em um olho e cegueira em outrem.

Ao currículo geral ser incluído: o ensino de Braille, de datilografia

e de escrita comum, orientação e mobilidade, técnicas de locomoção e

adequação social.

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1.2.6 – Superdotados Talentosos

Segundo as diretrizes Básicas do MEC serão consideradas

superdotadas e talentosas as crianças que apresentarem notável

desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes

aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual geral,aptidão

acadêmica específica, pensamento criador ou produtivo, capacidade de

liderança, talento especial para as artes, capacidade psicomotora.

Os alunos superdotados são atendidos em classes comuns, e a

educadora deve procurar orientar seu aprendizado de modo a aproveitar

o máximo sua criatividade, permitindo-lhe abundancia de exercícios e

ginásticas ao ar livre a fim de suas atividades na sala enfatizem os

processos mentais superiores destas crianças.

Este também é um modo de instrumentaliza-los para solução de

problemas valorizando o que fazer com que foi aprendido. Em vez de

preocupação pura e simples com a informação a escola precisa valorizar

a formação de indivíduos criativos que tenham condições de encontrar

meios de aprender a refletir sobre o conhecimento saber recriá-lo e de

enfrentar e solucionar os problemas apresentados em seu dia a dia para

tentar transformar a realidade.

Como outros sistemas sociais, a educação também passou pela

exclusão, segregação institucional e integração até chegar a proposta de

inclusão no trato com a pessoa deficiente.

Com o surgimento da luta pelos direitos das pessoas portadoras

de condições atípicas, e diante das novas fronteiras conquistas e, já no

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final da década, com as experiências acumuladas, algumas instituições

ligadas aos deficientes começaram a perceber e a disseminar o fato de

que a tradicional prática de integração social não era suficiente para

acabar com a discriminação contra este segmento da população e

permitir a verdadeira participação, uma vez que, pouco ou nada exige

da sociedade em termos de atitudes, espaços físicos, objetos e práticas

sociais. Neste modelo, interativo a sociedade se limita a receber os

portadores de deficiência, desde que adaptados aos padrões de

convivência social, sem perceber os problemas que cria para essas

pessoas.

É indiscutível que a escola precisa caminhar no sentido de

superar a condição de exclusão, alienação e desatualização com relação

À educação Especial.

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CAPITULO II

HISTÓRIA DA INCLUSÃO

2.1 – Exclusão econômica social (Aspectos Históricos)

O mundo inclusivo é um mundo no qual todas as pessoas têm as

mesmas oportunidades de ser e de estar na Sociedade, de forma

participativa, onde as relações entre o acesso às oportunidades e as

características individuais não sejam marcado por motivos outros que

não a igualdade de valor entre as pessoas.

O processo de inclusão ou exclusão dos indivíduos de uma dada

sociedade na educação, conseqüentemente, no mercado de trabalho,

constitui-se em processo que depende tanto de aspectos educacionais

quanto sociais e econômicos. No caso dos Portadores de Necessidades

Especiais, deve-se acrescentar, além dos aspectos econômicos e sociais,

os aspectos psicológicos e educacionais. Como, antes mesmo de ocorrer

uma exclusão “psicio-pedagógica” a partir de uma determinada

deficiência , os indivíduos devem enfrentar uma exclusão econômico

social, sendo verdade também que a exclusão “psicio-pedagógica”

torna-se ainda maior em educandos que já estejam excluídos por uma

circunstância econômico-social, é importante que observemos alguns

aspectos relativos à exclusão econômico-social, analisando o que pode

ser modificado, com vistas à realização de uma inclusão.

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Na Educação Inclusiva, as escolas reconhecem e respondem às

necessidades de seus alunos, respeitando os ritmos e estilos diversos de

aprendizagem e suas vontades e desejos. Com o propósito de assegurar

uma educação de qualidade para todos, propõe modificações

organizacionais, além de propor a realização de um currículo pleno, com

estratégias de ensino e uso de recursos apropriados, e de parceria com a

comunidade.

Nesse processo é indispensável ação de uma Equipe Técnico-

pedagógica, para acompanhar o trabalho dos professores, analisando,

orientando, participando, estimulando, repassando e divulgando

informações , promovendo uma melhor compreensão acerca das

diferentes dificuldades. Desta forma, esta equipe estará acompanhando

direta e indiretamente as ações de implantação da Inclusão, fornecendo

subsídios e apoio ao pessoal envolvido nelas, seja na sala de aula ou fora

dela.

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2.2 – Período anterior a 1930

Historicamente , particularmente no Brasil, pode-se observar,

inclusive que, regra gral, concomitante a uma mudança mais profunda na

economia, ocorre uma mudança n educação, algumas vezes com algum

atraso em relação aquele.

É assim que, com o processo da abolição da escravidão, e com a

lenta implantação do capitalismo no Brasil, ocorre, concomitantemente,

algumas reformas durante as primeiras décadas da república e, um pouco

mais tarde, já na chamada segunda República, a adoção do ensino

público e universal, idéias em si mesmas, associadas ao capitalismo.

Posteriormente, com a ocorrência de outras importantes

transformações na economia na brasileira, como, por exemplo, o

aumento da dependência de nossa economia em relação às economias

desenvolvidas, mais particularmente, a economia norte-americana, a

educação passará por outras importantes mudanças, como a Reforma

Universitária de 1966. Deste modo, prossegue essa relação íntima entre

economia e educação em nosso país.

Nossa formação econômico-social, como se sabe, é marcada por

uma profunda desigualdade, tendo com conseqüência um significativo

grau de exclusão social. É que, em se tratando de uma colônia cuja

exploração fora realizada através da utilização do trabalho escravo, no

início de sua historia , o mercado de trabalho no Brasil sequer exigia a

necessidade de uma mínima qualificação. É por isso que, àquela época,

estando entregue às mãos dos padres jesuítas, a educação não possuía

nenhum compromisso com a vida prática, caracterizando-se por um

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enciclopedismo, quando dirigida aos filhos da classe dominante, e pela

catequese, dirigida sobretudo aos índios eu aqui já se encontravam

quando da chegada dos portugueses.

Foi somente com a transformação da população, de baseada no

trabalho escravo para baseado no trabalho assalariado, que o mercado

passou a exigir alguma qualificação da força de trabalho. No entanto,

mesmo desde modo, como o processo de abolição do trabalho escravo no

Brasil deu-se sem nenhuma medida de inclusão do ex-escravo,

priorizando a utilização da força de trabalho imigrante, a reorganização

da educação, com vistas à preparação de trabalhadores para o mercado,

somente foi realmente encampada pelo Estado a partir da chamada

Revolução de 30.

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2.3 – Reforma Francisco Campos de 1968.

A partir da década de 30, o Estado passou a incentivar a economia

capitalista que já havia dado os seus passos iniciais desde a abolição do

trabalho escravo, realizando uma intervenção direta, bem como

realizando também uma organização do ensino, através, através da

chamada reforma Francisco Campos, sendo “a primeira vez que uma

reforma atingia profundamente a estrutura do ensino (...) imposta a todo

território nacional (Romanelli 1987 : 313)”.

No entanto, a proposta educacional, contida na reforma Francisco

Campos, fora de certa forma, um passo atrás em relação às idéias de

educação democrática, publica e universal. É que apesar de possuir o

objetivo da publicitação bem como da universalidade, a reforma

Francisco Campos ficava a desejar em relação ao caráter democrático,

como as propostas pelo “manifesto de 32”.

A reforma Francisco Campos caracterizava-se por ser

demasiadamente centralizadora, o que, de resto, constituía-se em uma

característica do próprio regime implantado a partir do chamado Estado

Novo, implantado em 1937.

Além disso, apesar de ter implementado o ensino público e

universal, o Estado brasileiro nunca chegou a tomar totalmente para si a

tarefa da educação. Ao contrário, uma parcela significativa da

educação, sobretudo a do ensino médio, e, posteriormente, do ensino

superior, seria delegada à iniciativa privada. Tal característica acentuou-

se significativamente após a aprovação da Lei 4.024, de 20 de dezembro

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de 1961 que dizia que: “É assegurado a todos, na forma da lei, o direito

de transmitir seus conhecimentos (Romanelli, ibid)”.

Desta forma, o direito à educação no Brasil, apesar de garantido

por lei, nem sempre foi oferecido a todos os brasileiros e, aqueles que

não possuíam recursos financeiros, muitas vezes, acabavam por não ter

acesso à mesma. O resultado foi que o surgimento de uma grande

defasagem educacional entre a classe dominante e os outros segmentos

da sociedade, mais particularmente, aqueles localizados mais baixo da

pirâmide social, dando origem à dualidade permanente, tato na educação

como na esfera econômico-social da formação brasileira.

Na década de 60e, mais particularmente, entre os anos de 1964/68,

a educação brasileira passou por uma crise, que, segundo Romanelli,

foram causadas pelos seguintes fatores:

v A implantação da industria de base, acelerada sobretudo na

segunda metade da década de 50, que criou uma quantidade e uma

variedade de novos empregos;

v A deterioração dos mecanismos de ascensão da classe média (op

cit:236).

Tal crise educacional, ocorrera no bojo de uma crise maior, da

economia que, naquela época, passava por uma verdadeira crise de

acumulação. È que, com o forte crescimento ocorrido na economia

brasileira durante a década de 50, impulsionada pela política de

desenvolvimento de “ cinqüenta em cinco anos”, com uma taxa de

crescimento de produção industrial de 11% ao ano, em media, de fato, a

capacidade de produção industrial acabou por ultrapassar a capacidade

de crescimento e consumo da população ( Pereira, 1984;50).

E foi, justamente, com o objetivo de dar uma resposta à

capacidade de acumulação, iniciada a partir da década de 60, que a

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classe dominante brasileira deu apoio, bem como participou, do golpe

civil-militar de 1964. As medidas implementadas pelo governo militar

recém implantado tiveram como objetivo a readequação da economia

bem como da força de trabalho, com vistas a possibilitar o surgimento de

um novo ciclo de acumulação. Tais medidas tiveram como resultado

direto uma diminuição dos salários reais, bem como uma maior

mobilidade da força de trabalho. No entanto, além disso, a força de

trabalho precisava ser qualificada, face às inovações tecnológicas

trazidas pela segunda Revolução Industrial Brasileira que se iniciara n

década de 50.

É assim que os problemas derivados da relação da educação com a

economia do país foram reequacionados, através da reforma da

educação. Dentre as mudanças educacionais deste período, a mais

importante foi, sem duvida, a reforma universitária, implementada pelo

Ministério da Educação associado United Agency States for

Internacional Development (USAID), conhecido como acordo

MEC/USAID.

Analisando modelo de universidade instituído pela Reforma de 68,

bem como do ensino médio, instituído em 1971, Luis Antonio Cunha

observou que:

A reforma do ensino superior, de 1968,e a do ensino médio,

de 1971, têm a função de conter o crescente contingente

de jovens de camadas médias que buscam, cada dia mais

intensamente, o ensino superior como meio de obtenção de

um requisito cada vez mais necessário , mas não suficiente,

de ascensão nas burocracias ocupacionais. Entretanto,

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apesar das tentativas de contenção, as matrículas no

ensino superior têm crescido muito, o que resultou numa

perda relativa de poder de discriminação do diploma comum

de graduação. A institucionalização da pós-graduação

desempenha então, a função de restabelecer o valor

econômico e simbólico do diploma, agora em um nível mais

elevado, acessível apenas e uma parcela seleta (em termos

intelectuais e de renda) dos graduados. O deslocamento de

parcela dos jovens que procuram o ensino superior pêra um

mercado de trabalho supostamente carente de

profissionais de nível médio oi a função atribuída ao novo

ensino de segundo grau” ( Cunha, 1980:285).

Conforme os moldes como foi constituído o ensino no Brasil, a

educação acabou por reforçar uma característica dual, de resto presente

em nossa própria sociedade. Deste modo, enquanto para a realização

de tarefas mais qualificadas havia os estudantes egressos das

universidades, para a realização de tarefas não tão qualificadas, ou

mais técnicas, havia os alunos egressos do ensino médio, mais

particularmente do ensino profissionalizante.

No entanto, cabe acrescentar que, conforme o mercado de

trabalho foi se desenvolvendo, a exigência de trabalho qualificado foi

se tornando cada vez mais premente. Deste modo, enquanto de um

lado a educação qualificava, de outro o mercado desqualificava. Isto

é, cada vez mais mudanças tecnológicas e trans formações econômicas

iam ocorrendo no interior da sociedade, cada vez mais,

proporcionalmente, o mercado aumentava o grau de qualificação

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exigia, fazendo com que determinados cursos (ou graus) que eram

considerados como qualificados fossem deixando de sê-lo.

De fato isso ocorreu, particularmente, com a profissão

engenheiro industrial que foi substituído pelo computador. Em um

nível mais geral, o próprio nível superior, em sua primeira etapa, isto

é, a graduação, tornou-se insuficiente para a aquisição de uma boa

posição no mercado de trabalho, sendo, cada vez mais, necessário que

os profissionais passassem a realizar cursos de pós-graduação.

À circunstância anterior devem ser acrescentados problemas

derivados do próprio desenvolvimento econômico brasileiro. De fato,

após a recuperação da economia em meados da década de 60,

atingindo a uma média de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto)

da ordem de 11.3%, entre os anos 1967/73, o país enfrentaria a

chamada “crise do milagre”, quando o crescimento médio reduziu-se

para 5.7%, a partir de 1974 (Pereira, op cit:218).

Como o crescimento do emprego constitui-se em uma função do

crescimento econômico, um dos principais resultados diretos da queda

do crescimento econômico foi à queda da taxa de emprego, malgrado o

fato de, durante este mesmo período, estar havendo um aumento de

ingresso de estudantes no ensino de nível superior.

O fato de estar havendo uma maior qualificação educacional,

medida pelo aumento do número de estudantes nas universidades,

combinado com um aumento do número de trabalhadores que, no

entanto, constitui uma comprovação da tese de Gaudêncio Frigotto que

criticando a teoria do capital humano, afirmara que o que qualifica o

trabalhador não é o crescimento em si, mas o capital (Frigotto, 1993).

Isto é o tipo de conhecimento,e de qualificação que irá ser mais ou

menos valorizado depende muito mais das necessidades do mercado

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e,conseqüentemente, do capital, do que das necessidades humanos do

conhecimento em si. É devido a isso que, em diversos momentos da

história do desenvolvimento social e econômico, ocorre uma

verdadeira defasagem entre educação e mercado de trabalho, havendo

uma verdadeira desvalorização de determinados conhecimentos que

anteriormente eram considerados como imprescindíveis.

A Educação Especial no Brasil começa a ter um cunho

educacional, apesar de ainda manter características assistencialistas. A

partir dos princípios de normalização, a Educação Especial passou por

importantes mudanças. No ano de 1959 com a aprovação da

Declaração dos Direitos da Criança, tem assegurado no seu capítulo 7º,

o direito à educação gratuita e obrigatória, o menos em nível menos

elementar. Esses direitos foram mantidos nas Constituições

Brasileiras de 1969 e 1976.

Em nossa atual Constituição (1988), esses direitos só foram

mantidos, como entendidos como sendo dever do Estado e da família,

no seu art. 205. temos ainda no Estatuto da Criança e do Adolescente,

no seu art. 54 e 66, de forma mais específica assegurado o direito à

educação onde faz referencia aos Portadores de necessidades

Educacionais Especiais e seus direitos, não só a educação, como

também ao trabalho. No ano de 1990, aconteceu a Conferência

Mundial sobre educação para Todos. Felizmente educação aparece

como preocupação mundial. O tema foi motivo de vários estudos e

encontros.

Na Espanha, durante a Conferência Mundial de Necessidades

Educacionais Especiais, foi aprovada a Declaração de Salamanca no

ano de 1994, cujos princípios norteadores são:

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v O atendimento às necessidades de cada um;

v A promoção de aprendizagem;

v O reconhecimento da importância da “escola para todos”;

v A formação de professores.

Os aspectos políticos – ideológicos que estão embutidos nos

princípios desta Declaração, nos levam a pensar num mundo inclusivo,

onde todos têm direito à participação na sociedade, fazendo valer a

democracia de forma cada vez mais ampla. Não se pode deixar de

mencionar que as grandes linhas estabelecidas pela Constituição,

foram regulamentadas em seus mínimos detalhes pela Lei de

Diretrizes e Bases da Educação, Lei nº 9394/96. Onde pela primeira

vez temos um capítulo (capítulo v) destinado à Educação Especial,

cujos detalhamentos são fundamentais:

v Garantia de matrícula para os Portadores de

Necessidades Educacionais Especiais, preferencialmente

na rede regular de ensino;

v Criação de apoio especializado, para atender às

peculiaridades dos alunos especiais;

v Oferta de educação especial durante a educação infantil;

v Especialização de professores.

Alguns autores destacam a importância da Lei nº.9394/96 ter

um capítulo destinado a esta modalidade. No entanto, esta não amplia

a discussão sobre inclusão, uma vez que seria necessária que esta

estivesse presente em todas as modalidades de educação. Podemos

observar a importância e urgência em aplicar esses textos legais, se

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levarmos em conta, que no Brasil apenas 3% dos P.N.E.E, têm acesso

e permanência na escola, necessitando muitas vezes, recorrer aos

Conselhos Tutelares, para fazer valer esse direito inquestionável. Com

a elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais em 1997, onde se

aborda a diversidade, temos no tocante à Adaptação Curricular a clara

necessidade de adequar objetivos, conteúdos e critérios de avaliação,

de forma a atender as peculiaridades dos alunos.

Temos uma abordagem geral, o tema Integração e Cooperação,

onde um dos objetivos da educação escolar é que os alunos, aprendam

a conviver em grupos, valorizando sua contribuição, respeitando suas

características e limitações, e de forma mais específica, as Adaptações

Curriculares Estratégias para educação de alunos com Necessidades

Educacionais Especiais. Porém com todas estas leis, adaptações,

estabelecimentos de parâmetros e tantas outras ações pensadas e

elaboradas, é ainda muito pouco, ainda se oferece, na prática nos

deparamos com obstáculos de toda ordem, principalmente quando

pensamos nessas questões em relação ao aluno portador de autismo e

outros transtornos evasivos do desenvolvimento. São tantas as

perguntas que cabem aos que conhecem (ao menos um pouco) sobre o

autismo, divulgar, esclarecer, enfim, informar.

“http://www.autista.org/disclaime.html”

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CAPÍTILO III

AS PRÁTICAS PEGAGÓGICAS NA ESCOLA

INCLUSIVA

3.1 - Conceituação

A sociedade em todas as culturas, atravessou fases diversas no que

se refere às práticas sociais voltadas a esse segmento de sua população.

Dê início praticando a exclusão social de pessoas que, por sua condição

atípica, não lhe parecia pertencer `maioria da população, passou para o

atendimento segregado dentro de instituições, evoluiu para a prática da

integração social daqueles que apresentavam condições de

adaptabilidade, e passou a adotar, recentemente, a filosofia da inclusão

social para modificar os sistemas sociais gerais.

Ao final da década de 80 surge o conceito da inclusão social do

deficiente nos países mais desenvolvidos, ganhando impulso na década

de 90 nos países em desenvolvimento, devendo se tornar realidade em

todos os países nos primeiros dez anos do século XXI.

O movimento de inclusão social tem por objetivo a construção de

uma sociedade realmente para todas as pessoas, sob a inspiração de

novos princípios, dentre os quais se destacam o reconhecimento das

diferenças, o direito de pertencer à valorização da diversidade humana, a

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igual importância das minorias e a cidadania com qualidade de vida para

todos.

O conceito de escola inclusiva procura redimensionar o conjunto

de ações realizadas na escola tendo como conseqüência determinadas

adequações curriculares. Tendo tido origem no movimento de sociedade

inclusiva, explicitado pela Assembléia Geral da ONU em 1990, o termo

expressa a sociedade que deve contemplar as necessidades de cada

indivíduo da sociedade. No âmbito da educação, foi a partir da

“Declaração de Salamanca” que se oficializou o termo “integração”.

O processo de inclusão, por ser diferente da tradicional prática de

integração, desafia sobretudo a educação na efetivação de mudanças

fundamentais em seu procedimento e estruturas.

O mundo inclusivo é um mundo no qual todas as pessoas têm as

mesmas oportunidades de ser e de estar na Sociedade, de forma

participativa, onde as relações entre o acesso às oportunidades e as

características individuais não seja marcado por motivos outros que não

a igualmente de valor entre as pessoas.

A escola inclusiva deve atender ao pluralismo cultural do

educando de modo a buscar atender às necessidades especiais

individuais. Pra isso, torna-se necessário à realização de uma adequação

curricular sendo construídos dentro de uma abordagem diferenciada da

tradicional no que se refere a tanto aos conteúdos quando à metodologia.

Na educação inclusiva, as escolas reconhecem e respondem às

necessidades de seus alunos, respeitando os ritmos e estímulos diversos

de aprendizagem e suas vontades e desejos. Com o propósito de

assegurar uma educação de qualidade para todos, propõe modificações

organizacionais, além de propor a realização de um currículo pleno, com

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estratégias de ensino e uso de recursos apropriados, e de parceria com a

comunidade.

Neste sentido, com base no Projeto Pedagógico da escola, faz-se

necessário analisar componentes curriculares pensados para cada série,

procedendo às adaptações de acordo com as necessidades educativas

especiais de cada um dos alunos, observando o tipo de ajuda necessária

para que avance em direção aos conteúdos das séries seguintes. É

importante que o planejamento contemple todas as necessidades

especiais dos alunos, sem que para isso sejam utilizados métodos

especiais, com uma visão diferenciada. É importante ainda considerar

que as dificuldades nem sempre estão no aluno, podendo estar também

no encaminhamento de propostas inadequadas para o estímulo de

respostas mais significativas.

Procurando oferecer oportunidades múltiplas e não apenas

acadêmicas, a escola inclusiva considera o desenvolvimento do espírito

tão importante quanto as habilidades manuais e intelectuais que podem

ser aprendidas. Segundo Morin (1999), a educação deve fornecer o uso

total da inteligência geral, não apenas preservar a curiosidade, faculdade

que a instrução tende a extinguir, mais também para manter a

contextualização dos saberes. Nesse sentido, a rigor, não se pode mais

pensar especial, por mais que ainda nos referirmos a esta nestes termos.

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3.2 – A relação professor, aluno na educação Inclusiva

Para a realização de uma inclusão educacional do aluno com

necessidades educacionais especiais torna-se necessários que o

currículo escolar passe por uma adaptação. Nesse sentido, é necessário

que cada escola possa elaborar seu Projeto Político Pedagógico, com

ênfase no desenvolvimento das potencialidades de cada aluno,

permitindo-lhes não apenas a aprendizagem dos conteúdos básicos

estabelecidos mas também a possibilidade de progredir ao longo de sua

escolaridade, construindo e se apropriando de conhecimentos de forma

critica e utilizando-as de forma criativa e autonomia.

A proposta de inserção de pessoas com necessidades educacionais

especiais significa inserir no ambiente os menos restritos possíveis,

atendendo às necessidades pessoais de cada aluno. Voltado para o

atendimento que possibilita a integração, Biackhurst e Bedine (1981)

estabeleceram o chamado “Sistema de cascata”. É chamado “sistema de

cascata” porque o ideal á que cada vez mais sejam oferecidos a esses

alunos espaços educacionais menos restritivos, interagindo a criança ao

novo.

A integração, se entendida como processo, visa a inserir, física e

socialmente, as pessoas na sociedade, da qual foram segregadas e

marginalizadas. É importante citar que a noção de integração, no

entanto, possui diversas interpretações, desde o modo como ser

entendida até sua organização no contexto escolar. Conforme observou

Vigotsky:

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O aprendizado desperta vários processos internos de

desenvolvimento, que são capazes de operar somente

quando a criança interage com pessoas em seu ambiente e

quando em cooperação com seus companheiros (1991:101).

A citação nos faz repensar sobre a importância da participação, da

interação com o outro na sociedade, na construção de sua cidadania, para

o aprendizado de qualquer ser humano.

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3.3 –A sala de Recursos

Em uma educação inclusiva, os professores devem estar

permanentemente em formação, estudando, se informando, participando

de palestras, etc... Ao mesmo tempo, compete a estes profissionais

cumprir a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96,

dando atenção aos artigos 58 e 59.

Além disso,na educação inclusiva o educador também deve:

v Apresentar uma postura de comprometimento com a

potencialização escolar e com a curiosidade epistemológica;

v Dar importância à auto-estima do educando;

v Procurar integrar-se à dinâmica do trabalho de toda a escola,

respondendo às crescentes demandas da sociedade pelo

acesso a informação e conhecimento;

v Dar atenção particular ao aluno Portador de Necessidades

Especiais;

v Apresentar uma prática pedagógica criativa;

v Procurar auto-capacitar-se;

v Ser um profissional assíduo e pontual;

v Avaliar seus alunos sob os mais diferentes aspectos.

Em uma educação inclusiva o processo de avaliação também deve

ser modificado. O produto não se avalia por ele mesmo mas pelo que ele

é capaz de produzir. Dessa forma, ao invés de se avaliar o aluno a partir

da quantidade de conteúdos que o mesmo pode apreender no decorrer do

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curso, deve-se avaliá-lo pela capacidade pela capacidade de elaborá-los,

criando um conhecimento novo. Além disso, o aluno deve ser avaliado

em função de todo o seu percurso e não apenas pelo resultado.

Ao mesmo tempo, considerando-se que as necessidades educativas

especiais são exigências requeridas por alguns alunos em função de sua

condição atípica, deve-se compreender que o atendimento a tais

necessidades requer atenção específica e recursos educacionais

diferenciados. Logo, os critérios de avaliação deverão também ser

diferenciado, correspondente às diferentes modalidades de situações

atípicas.

Um dos aspectos específicos de uma educação e avaliação

inclusiva é a chamada Sala de Recursos. Esta consiste numa das formas

de atendimento ao aluno com necessidades especiais. Tal forma de

atendimento visa a complementar lacuna no processo de

desenvolvimento, atendendo a uma clientela legível para a Educação

Especial que freqüenta a Classe de ensino Comum. O atendimento da

Sala de Recursos deve ter umas periodicidades variáveis, dependendo do

ritmo das necessidades dos educandos.

As Salas de Recursos têm como objetivos específicos

proporcionar aos alunos experiências que os ajudem a superar as

dificuldades decorrentes de suas deficiências bem como oferecer o

apoio pedagógico para a manutenção do nível de aprendizagem

necessário a um desempenho adequado.

É importante que existam diferentes Salas de Recursos para os

diferentes tipos de alunos especiais, quais sejam:

v Sala de Recursos para deficientes auditivos (Libras);

v Para deficientes físicos;

v Para deficientes visuais;

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v E deficientes mentais.

Para o atendimento em Sala de Recursos, os alunos deverão ser

caracterizados como clientela legível, através de avaliação específica

realizada por equipe multidisciplinar, precedida de avaliação

educacional.

Na impossibilidade de avaliação específica ser realizado pela

referida equipe, o aluno devera ser caracterizados por profissionais

credenciados.

A Sala de Recursos não tem como finalidade “fazer lições de

casa”, não é reforço de aprendizagem para alunos fracos das classes de

Ensino Comum. Ao contrário, deverá trabalhar com as causas das

dificuldades dos alunos. Daí a necessidade de uma análise criteriosa

pelo professor, dos eventos diagnosticados para que a ação pedagógica

seja eficaz.

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DIAGNÓSTICO DO ESTUDO DE CASO

1 – Situação

Estamos analisando o depoimento de uma professora da rede

municipal de Nova Iguaçu sobre o comportamento inadequado de um

aluno da terceira série do ensino fundamental. Ele apresentava

problemas de indisciplina, de agressividade em sala de aula e desrespeito

para com a professora, com os colegas, tal como (morder a diretora,

chutar os colegas, agredir a professora) e até danificar os móveis da

escola (portas, carteiras). A pedido da professora não citarei neste

trabalho o nome dos participantes desta pesquisa , apenas citarei seu

depoimento. É bom citar que o mesmo já é aluno desta unidade escolar

desde os seis anos de idade, estando no momento atual com nove anos, e

seu comportamento inadequado vem sendo acompanhado pela escola

desde o início, só que a cada ano escolar foi se intensificando até chegar

ao extremo de danificar utensílios da escola, da professora ou dos

colegas (bater portas, derrubar e riscar carteiras e banheiros, quebrar e

jogar fora apontadores, canetas,rasgar cadernos e livros, agredir

verbalmente e fisicamente a todos que dele se aproximarem naquele

momento de ira).

Piaget mostra que o ser humano não nasce

com um sistema cognitivo pronto, mais que

este se constrói na interação com o meio e

a atividade do sujeito gognoscente (Piaget

1958 pág:15)

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Orientação

A primeira ação da escola foi pedir o comparecimento do

responsável para conversar e contar-lhe como nós estamos vendo o

comportamento do aluno. Ouvir e incorporar a opinião dos mesmos,

combinar formas comuns de atuação que aceitem como ponto de partida

o momento atual do aluno, saber alguns dados da história de vida do

mesmo e decidir junto como a criança deverá ser orientada.

Nesta entrevista com os pais tivemos como principal empecilho o

fato dos mesmos serem analfabetos e conformados com a situação em

que vivem. A grosso modo pode-se perceber que não valorizam muito a

escola, a não ser como um lugar onde a criança pode se alimentar,

receber o cheque cidadão e a bolsa escola.

Os condicionantes econômicos e culturais nos indicam que parece

estar disseminada a idéia de uma falta de interesse dos pais pelo

comportamento agressivo que apresenta o seu filho.

Cremos que a família endurecida pela vida e pela magnitude de

seus problemas não valoriza nem tentam nos ajudar e compreendendo os

aspectos inconscientes da questão, o que vem a ser um estimulo para

que o aluno continue apresentado este comportamento indisciplinar que

está levando ao fracasso escolar.

Uma segunda estratégia utilizada com a finalidade de tentar

conciliar a situação foi à troca do aluno temporariamente para a sala de

outra professora, com que o mesmo tinha uma melhor afinidade.

Cito algumas linhas norteadoras utilizadas pela professora em seu

dia a dia, com o objetivo de prevenir e refrear os impulsos agressivos e

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integrando o aluno a turma, preparando-o para viver em sociedade e

respeitando os direitos dos outros.

Conversações diárias ao início da aula com o objetivo de

emergir o potencial reflexivo do aluno. Para isso torna-se necessário

trazer diferentes modos de vida para dentro da escola. Assim sendo a

turma e a professora utiliza as mais variadas linguagens encontradas no

dia a dia como: músicas poesias, interpretação de pequenos textos e fatos

que observaram a chamaram sua atenção (programas de rádio e

televisão) medos e emoções que vivenciaram.

Nesse momento de interação social não há apenas informação,mas

principalmente estímulo a uma análise crítica de toda informação

recebida a partir do conhecimento dos colegas e de seu próprio

conhecimento, da compreensão das relações familiares e das relações

sociais mais gerais. Assim irá se inserindo na vida da comunidade a que

pertence, estando se preparando para ouvir e ser ouvido respeitar ao

colega e gradativamente a professora terá maior conhecimento das

relações de grupo e do aluno “x” em particular.

Com esta atividade a professora enfatiza a teoria segunda Paulo

Freire, que queria uma escola que cultivasse a curiosidade e a alegria de

aprender.

A terceira operação foi para auxiliar o aluno foi estabelecer com a

família um intercâmbio de idéias, colocando-a a par da proposta de

encaminhamento do aluno a um especialista para um diagnóstico

psicopedagógico. O apoio deste profissional que estuda o

comportamento humano terá o objetivo de ajudá-lo a reconstruir uma

auto imagem positiva de si mesmo, a sentir-se mais confiante crendo nas

suas possibilidades e a construir limites que se constituam num

parâmetro em relação ao que ele quer e o que pode fazer.

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Ao analisar o caso percebemos nas queixas da professora, que esse

seu aluno ( em particular) apresenta problemas de comportamento, o que

também esta ocasionando dificuldade em seu aprendizado.

O que ainda não deu certo para esse aluno?

É que o projeto da escola depende sobre tudo da ousadia de todos

os seus agentes, da ousadia de cada escola em programar reuniões para

discutir problemas escolares e comunitários (indisciplina, violência,

drogas) a compreensão dos problemas sócio-econômicos da família dos

alunos.

Não podemos esquecer que a escola ´é influenciada pela sociedade

e que na atualidade ela está muito violenta. Tudo que se consegue ou se

tenta conseguir de modo geral, é por violência ou força, seja a posse de

um território, imposição de religião ou trabalho escravo. Por esse e

muitos outros motivos a população mundial anda assustada e reage

impulsivamente a qualquer gesto ou atitude de seu semelhante, fazendo

crescer a onda de violência em todos os lugares.

Portanto o lugar dos sonhos (a escola) não alcançados gera a

agressão.

Falar da agressividade na escola é muito complexo e envolve

muitas variáveis. É necessário porém, que pais e educadores entendam

que o comportamento agressivo da criança não surge do nada. Ele é

construído na interação com o ambiente.

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Conclusão

Podemos observar que o propósito fundamental da Educação

Especial é proporcionar ao educando experiências educativas para que

conheçam, aprendam e garantam pelo menos o direito de participar da

sociedade.

A prática é o grande teste da teoria e o discurso. Muitas vezes o

discurso é democrático , revestido de uma prática autoritária que por vez

é inconsciente no sentido de não se refletir sobre como se fez, porque se

faz para que e para quem se faz.

É essa prática que vai apontar a fratura de um e a integridade do

outro. E esta integridade não é fácil de conseguir numa sociedade

hierarquizada, onde a difusão de saberes se dá fundamentalmente de

cima para baixo. É mesmo um desafio numa relação tão desigual dos

alunos Jovens e Adultos com seu professor.

Não se pode quebrar essa desigualdade numa relação por um ato

de vontade de uma ou de ambas as partes, já que o poder socialmente

conferido ao professor é dado pelo seu saber, que é buscado pelos

alunos. Esta condição inerente ao aprendizado. Portanto não se trata de

anulá-la, mas de trabalhar com ela num nível de relacionamento que

possa resultar num aprendizado (embora diferenciado) também para o

professor.

A exclusão econômico-social torna-se ainda mais perversa quando

um indivíduo, além de pobre, é um portador de necessidades especiais.

Em função disso, o processo de inclusão daqueles que se encontram

excluídos da educação e da sociedade deve-se realizar tendo em vista

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tanto os aspectos econômicos quanto os filosófico-pedagógicos. Para

isso, torna-se necessária tanto uma educação preocupada com uma

inclusão econômico-social, uma educação preocupada com uma inclusão

pedagógica, a partir de, do ponto de vista psicológico, incluir educandos

portadores de necessidades especiais.

Neste sentido, torna-se necessário a aplicação de toda uma

“pedagogia da inclusão”, com métodos e procedimentos próprios,

realizando uma revisão curricular , uma readaptação dos professores bem

como nos processos de avaliação.

Além disso, a proposta de uma “pedagogia da inclusão” deve

apresentar também toda uma preocupação epistemológica, a partir de

uma postura multidisciplinar , bem como do aproveitamento de uma

série de outras propostas educacionais, como por exemplo, a educação

crítica e libertadora de Paulo Freire.

Grande é o desafio que se apresenta para a educação nesse

contexto de transição, porém, é também o momento de sonhar o sonho e

reinventar a realidade de um novo paradigma – o holístico, numa visão

de totalidade do mundo harmonioso e com interdependência de todos os

seres que nele habitam. E educar holisticamente é estimular no aluno o

desenvolvimento harmonioso das dimensões da totalidade pessoal:

física, intelectual, emocional,espiritual e participar de outros planos de

totalidade: o comunitário, o social, o planetário, o cósmico. Assim a

educação, além da transição e construção do saber historicamente

acumulado, deve despertar no educando uma consciência que

transcenda o eu individual para o eu transpessoal.

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