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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
ALEXANDRA ROSA COUTO
LIXO E SAÚDE NO MORRO DO CÉU
ORIENTADORA
Profª Maria Esther
Niterói / 2005
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
LIXO E SAÚDE NO MORRO DO CÉU
Objetivos:
Fazer uma informação ambiental, com intuito
de beneficiar os moradores locais e trabalhadores do lixão
dando a estes uma orientação sobre os devidos cuidados a
serem tomados em relação à saúde e uma abertura na
sociedade a fim de trazer a atenção das autoridades para
este ambiente inóspito..
3
AGRADECIMENTOS
A todos que participaram e participam desta minha
longa jornada. Aos meus colegas de curso, aos
professores, a Dra. Naira Marcanth ( CCZ – centro
de controle de zoonose ) e Dr. Carlos Hashigawa
( Chefe da Unidade Morro do Céu do Projeto
Médico de Família ).
4
DEDICATÓRIA
Dedico esta pesquisa a todos
aqueles que vivem nesse ambiente
tão inóspio e que ainda carregam a
esperança em seus corações.
5
RESUMO
O presente trabalho é uma proposta de desenvolvimento de um projeto no
Morro do Céu, com tentativa de sensibilizar os órgãos públicos e comunidade para
uma forma de se relacionar com o mundo. Foi elaborado com intuito de realização de
beneficiamento aos moradores locais e trabalhadores do lixão, a fim de atrair o
exame atento das autoridades, empresas e interessados para tal ambiente inóspito.
Realizado através de visitas ao local, observações, pesquisas a livros, fotos e
acesso a internet, conseguiu-se constatar a mais dura das realidades: a miséria está
bem aqui, perto de nós, no Morro do Céu. Não é preciso mostrar outros continentes
para nos harmonizarmos com a fome, o abismo humano: Biafra está aqui ao lado, no
Rio de Janeiro, no Município de Niterói.
Não obstante, a conclusão que se chegou, é que se houver união em prol do
problema, pois não há como trabalhar sozinho, consegue-se chegar a uma melhora na
saúde física e mental desta gente. Há solução? Se as autoridades, empresas, ONGs e
povo se conscientizarem do problema, será conseguido o objetivo de trazer melhora à
questão. Afinal, nós somos verde e amarelo, e como diz a música,”....você me abre
seus braços e a gente faz um país.....”.
6
APRESENTAÇÃO
Este trabalho é uma proposta de estudo e pesquisa-ação, pois proporciona
uma visão global do meio estudado, tem como objetivo uma informação ambiental e
cultural, pretende-se que ocorra ações para melhora do problema, aliando teoria,
prática, instinto e esperança. Apresentar este tema não é nada fácil, nem tão pouco
agradável, mas é estimulador, pois só vendo, é que podemos acreditar que existe uma
força ímpar.
O tema,“lixo e saúde“ tenciona abordar as doenças veiculadas à população
ribeirinha do depósito de lixo Municipal Morro do Céu, que ocorrem devido sua
proximidade com este ambiente insalubre e em alguns casos com as pessoas
residindo no próprio lixão, localizado no bairro do Caramujo, Zona Norte de Niterói.
Pretende-se informar o que for possível sobre os danos causados à saúde humana em
conseqüência desse ambiente altamente contaminante e contaminado. Será feita uma
informação ambiental, com interesse em conscientizar a população e a quem possa
interessar, e que sirva de orientação para futuros estudos e projetos em benefícios
destes. Despertar o interesse de todos pela resolução dos problemas encontrados
no lixão, principalmente em relação às doenças que não são assumidas pelos próprios
trabalhadores do lixão e desconhecida pela própria população local.
Fazer também com que todos se responsabilizem pelos problemas enfrentados
por eles, que são refletidos em nossa sociedade. Assim, tanto governo como
sociedade lutarão por um bem comum: ajudar os que trabalham no lixão, que
residem próximo e dentro deste, e convivem com essa realidade, na tentativa de
melhorar suas condições de vida.
7
SUMÁRIO
1. Fundamentação Teórica------------------------------------------------------8
2. Objetivos----------------------------------------------------------------------11
3. Área de estudo ---------------------------------------------------------------11
4. Justificativa ------------------------------------------------------------------12
5. Metodologia--------- ---------------------------------------------------------15
6. Comentários finais ----------------------------------------------------------17
7. Conclusão------------------- -------------------------------------------------19
8. Referências Bibliográficas -------------------------------------------------20
Anexos-------------- ------------------------------------------------------------21
Folha de Avaliação ------------------------------------------------------------31
Eventos Culturais---------------------------------------------------------------32
8
1. Fundamentação teórica
1.1 Ética e valores
Todo sistema econômico e social é constituído sobre pressupostos éticos, quer
estejam incorporados ao aparelho instintivo da raça ou espécie – como nas doutrinas
sociobiológicas ( Wilson ,1975 ) - , quer provenham do desenvolvimento da cultura e
do processo de assimilação-adaptação-transformação do meio através das práticas
produtivas, ou se concebam como princípios morais intrínsecos do ser humano.
O processo civilizatório da modernidade fundou-se em princípios de
racionalidade econômica e instrumental que moldaram as diversas partes do corpo
social.
A questão ambiental estabelece a necessidade de introduzir reformas
democráticas no Estado, de incorporar normas ecológicas ao processo econômico e
de criar novas técnicas para controlar os efeitos contaminantes e dissolver as
externalidades socioambientais gerados pela lógica do capital.
Além da possível ecologização da ordem social, a resolução da problemática
ambiental e a construção de uma racionalidade ambiental que oriente a transição para
um desenvolvimento sustentável requer a mobilização de um conjunto de processos
sociais: a formação de uma consciência ecológica; o planejamento transetorial da
administração pública e a participação da sociedade na gestão dos recursos
ambientais; a reorganização interdiciplinar do saber, tanto na produção como na
aplicação do conhecimento ( Henrique Leff, 2004 ).
9
1.2 Demografia e Ambiente
A crise ambiental foi concebida em diversos círculos científicos e
acadêmicos, no discurso político e na prática ecologista, como um problema de
desajuste entre uma crescente população humana e os recursos limitados do planeta (
Erlich, 1968 ).
Entretanto, a demografia é uma das ciências sociais que tem mostrado menos
preocupação por incorporar o saber ambiental e o pensamento da complexidade em
seus métodos de pesquisa, abrindo-se para conceitos e métodos capazes de apreender
as múltiplas causas, os efeitos e a interdependências da relação população – recursos,
em diferentes contextos econômicos, geográficos e culturais ( Henrique Leff, 2004 ).
1.3 Qualidade de vida e racionalidade ambiental
Diante dos objetivos quantitativos do progresso econômico ( crescimento do
produto, aumento real do salário, distribuição de renda, distância social e etc. ),
novas categorias para análise estão mais qualitativas do que quantitativas, estão
configurados no discurso do desenvolvimento sustentável. Este discurso admite
várias interpretações que correspondem a visões, interesses e estratégias alternativas.
Por um lado as tendências neoliberais estão levando a capitalizar a natureza, a ética e
a cultura. Por outro lado, os princípios de racionalidade ambiental estão
desenvolvendo novos projetos sociais, fundados na reapropriação da natureza,
ressignificação da identidade individual e coletiva e na renovação dos valores
humanos ( Henrique Leff, 2004 ).
10 No contexto do discurso do desenvolvimento sustentável, o ser humano
reduziu-se a ver o impacto da contaminação da saúde e a pressão da população sobre
os recursos.
O valor da vida e da saúde para a economia se estabelecem como o custo da
força de trabalho no mercado e as perdas de lucros econômicos envolvidos na
doenças do trabalhador. O valor da vida não pode reduzir-se ao preço da força de
trabalho e à sua contribuição marginal nos lucros de capital.
Então, quanto valeria a saúde de pessoas que vivem fora da rede do mercado,
trabalhadores estes que são afetados pelas condições insalubres.
As instituições de saúde pública estão adotando um conceito economicista de
qualidade de vida e avaliando o custo que a enfermidade do cidadão representa para
produtividade da sociedade.
O conceito de qualidade de vida foi considerado como uma reivindicação
social, desviando a atenção das necessidades básicas promovidas pelas políticas do
bem estar do Estado, para satisfação de caráter mais qualitativo. Desta forma a
qualidade de vida pareceria estar acima das condições de pobreza e sobrevivência.
Entretanto na visão do terceiro mundo, a qualidade de vida toma sentido
próprio dentro das condições de desenvolvimento de diferentes culturas, seus
desejos, aspirações e suas reais condições ( Henrique Leff, 2004 ).
11
2. Objetivos
2.1 Objetivo Geral
O principal objetivo do projeto, é trazer mais saúde física e moral para essa
população, mostrar que algo pode ser feito, dando-lhes uma vida mais humana.
Através dessa divulgação pretende-se atrair outros projetos diferentes, voltados para
cultura, lazer, educação, alimentação, religião e etc. E com isso, possa formar um
todo e minimizar a “ dor “ dos que convivem nessa região.
3. Área de estudo
O lixão do Morro do Céu,ocupa uma área estimada em 200.000m2, recebe em
média 643 t/dia de resíduos sólidos, produzidos no município de Niterói, sendo
3,2t/dia de lixo hospitalar, apresentando várias irregularidades no seu manejo:
inexistência de sistema de drenagem e tratamento de chorume, ineficácia do sistema
de exaustão de gás oriundo da fermentação do lixo orgânico, desmatamento da Mata
Atlântica etc.
Próximo, bem próximo a tudo isso tem uma população que respira esse gás e
está exposta a toda essa insalubridade.
Seja à saúde física ou social, são pessoas que se encontram à margem da
sociedade e que ao mesmo tempo é uma sociedade posta à beira do descaso e falta de
respeito e atenção para com estes.
12Sujeitos a todos os tipos de preconceitos e que ao mesmo tempo habitam um
local impróprio para uma vida sadia e descente.
Será comentado sobre a saúde física, mas fica em aberto, para estudos
posteriores, a saúde psíquica e social destes.
4. Justificativa
4.1 O lixão
O ambiente não é nada agradável e adequado. Ao chegar não é difícil notar
que nem o ar é saudável. Lá se encontram coisas que tem cheiro muito
desagradável (lixo orgânico) e outros como bolsas, malas, brinquedos, roupas,
pessoas, insetos, animais e etc... Tudo isso próximo a uma comunidade carente.
O mau cheiro do lixo se mistura ainda a outro cheiro igualmente desagradável,
o chorume. Este é um resíduo solto pelo lixo em decomposição.
A água, se é que podemos assim chamá-la, é verde musgo de tanta sujeira
e poluição. Este líquido geralmente se libera quando chove, a extração do
mesmo demora anos. O “açude”, com o chorume, acaba chegando nos lençóis
freáticos e contamina-o com produtos químicos, que são jogados por estranhos
e que escapam do controle. Para completar o cheiro do metal queimado não
alivia nada a situação, acaba agravando mais o cheiro ruim e a poluição.
O cobre é um metal muito valioso que pode ser reutilizado várias vezes. E
no próprio local da coleta destes, algumas pessoas queimam o plástico que
envolve o fio de cobre, para obterem somente o metal.
Mais um de tantos pontos negativos do lixão são os pneus, que ficam
atirados, sem destino nenhum, pois “não são reutilizado”, ou seja, reciclados.
Há uma grande quantidade de pneus que ficam ajudando a infectar e poluir
mais o meio ambiente. Este leva centenas de anos para se decompor. Sem falar
que a queima de pneus prejudica o ar e nossa saúde. Além do lixo poder ser
13reutilizado, poderia ajudar na produção de energia, pois ele libera um gás,
chamado METANO que se fosse captado poderia retornar em beneficio para
nós.
Ao invés disso só nos prejudica, pois um gás importante não pode ficar
solto no ar, poluindo cada vez mais. Se parássemos para pensar, a cada dia
aumenta a quantidade de lixo e poucas pessoas fazem a separação como deve
ser feita. São pouquíssimos os lugares onde ele é reciclado.
E quando não tivermos mais lugar para colocar esse grande problema que
nós mesmos produzimos todos os dias?
O lixo pode nos prejudicar em relação à saúde causando doenças através
de insetos, vermes, ratos, etc... Está na hora da sociedade em geral se
preocupar e cobrar atitudes do governo e de pessoas em geral, e acima de tudo
nós brasileiros, pensarmos na solução deste problema que cada vez cresce
mais.
4.2 Possíveis Doenças causadas pelo Lixo
A falta de tratamento adequado ao lixo é uma das principais causas de
doenças nas grandes cidades, principalmente nas periferias dos centros
urbanos, onde crianças e adultos convivem com resíduos sólidos e esgoto a céu
aberto.
As moléstias mais conhecidas são:
• Amebíase;
• Febre tifóide;
• Malária;
• Febre amarela;
• Cólera;
14• Tifo;
• Leptospirose;
• Dengue
• Tétano;
• Aids(através do lixo hospitalar);
• Hepatite Infecciosa (através do lixo hospitalar);
• Gangrena gasosa;
• Gastroenterites;
• Desinteria bacilar;
Obs: Por falta de conhecimento das doenças infecto contagiosas acima ou por
vergonha, muitos ou nenhum deles afirmam ter as possíveis doenças citadas.
4.3 Curiosidade no Morro do Céu
Foi verificado que o Médico de Família só atua para comunidade que
convive fora do lixão, isto para não incentivá-los a conviver neste ambiente. O
Projeto Médico de Família não recusa tratamento para a população do lixão, mas
não existe um trabalho voltado para estes.
Além de quase todas as doenças relacionadas acima, no Morro do Céu,
ocorre muito atendimento de doenças respiratórias, isso não só devido ao lixão,
mas o fato das pessoas residirem próximo ao cinturão verde que ainda existe neste
local. Ali ocorre uma proliferação muito grande de fungos, provocando o maior
índice de atendimento pelo médico de família, logo após vêm as dermatites, estas
devido a água contaminada, falta de higiene e o próprio local insalubre que as
pessoas vivem; mas o grande caos vem agora: o índice de desnutrição, demência e
alcoolismo é muito grande. A miséria que muitas pessoas vivem é incalculável,
muitos chegam ao alcoolismo jovens demais, pois para enfrentar essa dura
15realidade de conviver dentro de um lixão é preciso estarem embriagados, já que
até para quem vive fora fica difícil encarar isso de frente...
5. METODOLOGIA
A metodologia adotada para confecção deste presente trabalho, constou de
levantamento bibliográfico, realizado através de consulta de biblioteca própria e
de internet. Além de entrevista com funcionários do CCZ ( centro de controle de
zoonoses de Niterói ) e do projeto Médico de Família e visita ao lixão e a
comunidade.
5.1 Implantação do projeto
A implantação do projeto requer duas iniciativas: sua divulgação e eficiência
na prestação do serviço.
16 A divulgação será através de voluntários recrutados por anúncio em jornal,
faculdades, órgãos de saúde, associação de moradores, escolas, grupos religiosos e
etc.
A eficiência será através da manutenção do interesse comum, não havendo
desistência de todos e conseguindo colaboradores, como empresas que forneçam
roupas, óculos, máscaras, luvas, botas, alimentação para os trabalhadores do lixão.
Assistência médica, fundamentada em projeto próprio, não só para quem mora na
comunidade fora do lixão, mas para os que residem e trabalham dentro dele.
5.2 MÉTODOS
• Realização de um censo, para que se tenha noções básicas das pessoas
que trabalham no lixão, e que moram na região.
• Filmagens e fotos para ilustrar a realidade encontrada.
• Relatórios que indiquem se ocorre uma mudança proposta
• Coleta de materiais recicláveis no objetivo de ajudar os que se
encontram no lixão.
• Montagem de Painéis que ilustrem tudo o que foi encontrado para
apresentação em congressos e para conhecimento da própria
comunidade.
17• Construção da Home page para que todos tenham acesso à informações
e fontes de possíveis trabalhos.
• Procura parceria com empresas que tenham incentivo social,
fornecendo tudo que for necessário para continuidade do projeto.
• Informações coletadas do CCZ ( centro de controle de zoonoses )
• Informações coletadas com Médico de Família
• Procurar parceria com a Prefeitura de Niterói
• Procurar parceria com Fundação Municipal de Saúde
6. COMENTÁRIOS FINAIS
A oportunidade de conhecer o lixão, não trouxe nada de belo a não ser o
nome, Morro do Céu, deparei-me com o mundo real. Nós que estamos
acostumados com o conforto de nossos lares seremos testemunhas oculares dos
problemas do nosso país subdesenvolvido: seres humanos como nós vivendo
em condições sub humanas, disputando um lugar com insetos e outros animais
pela busca incessante da sobrevivência, através do nosso resto: o lixo. Tudo
isso se deve à falta de oportunidades gerada por obstáculos da nossa sociedade
desumana, cruel, intelectualista e tecnológica.
Foi observada a total falta de equilíbrio entre as oportunidades para
todos os indivíduos, pois para aqueles trabalhadores que estavam misturados ao
nosso lixo, produzido por nossas oportunidades, foi negada a chance de lutar
18por seus próprios ideais. E essa falta de equilíbrio deve-se à exaltação do
próprio “eu” em detrimento do “outro”.
Encontramo-nos relacionados e atrelados, diferenciados e antagônicos.
Houve uma ruptura drástica nos modos de ser, sentir, agir e pensar e o pior de
tudo é que diante de fatos alarmantes, ainda nos mantemos em total estado de
inércia ou fingindo nada ver, fingimos nada ouvir ou fingimos nada fazer
diante de tal situação.
Somos, portanto, seres incompletos e contraditórios, que nos preocupamos
com questões financeiras, econômicas e de cunho material em vez de nos
preocuparmos com nossos semelhantes, portadores dos mesmos direitos de
uma vida digna, no entanto, vivem à mercê de nossa solidariedade e
fraternidade para com eles.
Assim, faz-se necessário à conscientização de toda a sociedade para que
em um futuro próximo possamos ter pessoas dotadas de um pensamento
altruísta e racional, visando um equilíbrio das oportunidades para a construção
de um mundo melhor e mais humano.
19
7. Conclusão
Durante a pesquisa de campo, senti necessidade de avaliar a
importância de um projeto, através de análises e reflexões, a importância de se
trabalhar em equipe e, assim, ver que só com parcerias, boa vontade e fé, pode-
se realizar um projeto. A sociedade também precisa se unir, sem pensar que a
culpa é de uns ou de outros, para poder cessar ou diminuir aos poucos os
problemas enfrentados por quem depende dos materiais encontrados no lixo.
Percebe-se também que não devemos esperar pelos outros para
realizarmos nossas próprias ações no que diz respeito ajudar ao próximo. E
que, o que enfrentamos, hoje, é conseqüência da falta total de atitude,
caracterizando uma posição, por parte da sociedade: nada ouço, nada vejo,
nada faço.
Há também um reconhecimento de que não teremos respostas e soluções,
de forma rápida para esta situação.
Nota-se que apesar de tudo, as famílias que no lixão vivem não são
revoltadas com a vida e nem desistem de lutar, mas sim, são revoltadas com o
total estado de inércia que o governo e sociedade se encontram; não fazendo
nada para ajudá-los, a não ser julgá-los mal. E ainda possuem esperanças em
nós, principalmente nos jovens, para mudar essa fuga da realidade que,
atualmente, vivemos, pois educando as crianças não será necessário castigar os
homens.
Com base nas informações coletadas, pôde se concluir que muitos estão
lá por falta de oportunidades, que muitas das vezes são negadas por
preconceitos, pois julgamos os que estão lá, incapazes de realizarem trabalhos
como nós. E foi percebido, que isso não é muito real, porque durante a
pesquisa de campo foram encontradas pessoas que falavam muito bem, tinham
cursos variados e, só faltava uma oportunidade. Afinal, o que eles querem são
oportunidades de saírem pelo menos de lá. E nós, os que nos julgamos muitas
das vezes melhores que eles, nem sempre ouvimos esse pedido de socorro!
20
Referências bibliográficas
CARVALHO,Vilson Sérgio de. Educação & Desenvolvimento
Comunitário. Rio de Janeiro: Wak editora, 2002.
ERLICH, P. The Population Bomb. Nova York: Ballantine Books,
1968.
JÚNIOR,Antonio F.De Carvalho. Ecologia Profunda ou
Ambientalismo Superficial?, São Paulo: Arte&Ciência, 2004.
LEFF, Enrique. Saber Ambiental.3ªed. Petrópolis,RJ: Vozes, 2001.
WILSON, E.O. Biodiversidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1997.
Sites consultados:
http://www.yahoo.com.br
http://www.folhanet.com.br/360/local.htm
http://www.arquidioceseniterói.org.br/prolixão/cidadão.htm
http://www.arvore.com.br/noticia/2002_1/n2904_6.htm
21
Anexo
Questionário utilizado pelo censo
1.Quantas pessoas na família?
a) 2 a 3 b) 4 a 6 c) 6 a 10 d) mais de 10
2. Grau de escolaridade?
a) analfabeto b) 1º grau completo c) 1º grau incompleto
d) 2º grau completo e) 2º grau incompleto
3. Faixa etária?
Filhos: a) 0 a 5 anos b) 5 a 10 anos c) 10 a 15 anos d) mais de 15 anos
Pais: a)15 a 20 anos b) 20 a 35 anos c) mais de 35 anos
4. Principais doenças e verminoses:
a) respiratórias b) desnutrição c) verminoses d) outras
Qual?__________________________________________________________
5. Alguém se mantém com a venda de alguns produtos do lixão?
a) sim b) não
6. Quem sustenta a casa? Recebem ajuda de outras pessoas ou empresas?
a) homem b) mulher c) parentes d) empresas e) outros
Qual?_______________________________________________________
227. Como são as condições da casa, ou seja, como é feita? Quantos cômodos há?
a) alvenaria b) madeira c) pau-a-pique d) outros
Qual?_____________________ _________________________________
8. Quantos cômodos?
a)1 a 2 b) 2 a 3 c) mais de 3
9. Há esgoto, água encanada e luz elétrica?
a) sim b) não
No caso da resposta negativa, especifique:___________________________
10. Possui algum eletrodoméstico?
a)sim b)não
Qual?__________________________________________________________
11. Todos os filhos são registrados?
a) sim b) não
12. As crianças freqüentam a escola?
a) sim b) não
13. A s crianças trabalham para ajudar na renda da família?
a) sim b) não
14. Todos vão ao médico e fazem exames periodicamente?
a) sim b) não c) às vezes
Por quê?________________________________________________________
15. As mulheres têm informações suficientes sobre o controle de natalidade
e/ou usam métodos para evitar uma possível gravidez indesejada?
a) sim b)não
Qual?_____________________________________________________
Por que não?_______________________________________________
23
16. Sempre há comida todos os dias? Fazem quantas refeições diárias?
a)sim b) não ( ) 1 a 2 ( ) 2 a 3 ( ) mais de 3
17. Há casos de morte na família por desnutrição?
a)sim b) não
Quem?________________________________________________________
18. Vocês reciclam os materiais que aqui se encontram?
a)sim b) não
Qual? ( ) alumínio ( ) vidro ( ) plástico ( ) papel
19. Você tem alguma perspectiva de vida?
a) sim b) não
Por quê?_____________________________________________________
20. Qual a sua origem? De onde veio? *
21. O que te trouxe até a nossa cidade? *
a) questões religiosas b)questões políticas c) questões
econômicas
outros:__________________________________________
22. Todos da família trabalham? Qual a renda mensal?
a) sim b) não
( ) menos de 1 salário ( ) 1 salário ( ) mais de 1 salário
24
23. Onde deixam os filhos?
a) Creche b) escola c) em casa
outros:____________________________________
24. Você tem documentos? *
a) sim b) não
Qual?_______________________________________________________
25. Tem noção sobre a problemática do meio ambiente? *
a) sim b) não
26. Sabe do risco que corre ao residir próximo ao lixão?
a) sim b) não
27. Sabe que pode contrair doenças ao residir próximo ou trabalhar no lixão?
a) sim b) não
28. Ao trabalhar no lixão, utliza alguma roupa especial?
a) sim b) não
Qual?________________________________________________________
29. Já foram entrevistados antes sobre o risco de doenças?
a) sim b) não
25
Anexo
No meio do canal, a balsa retorna ao continente navegando por águas calmas.
Trouxe para a Ilha moradores em trânsito, turistas, materiais de construção, bens de
consumo e... lixo, muito lixo! Resíduo sólido é seu nome técnico. Hoje, quase tudo o
que consumimos chega a nós embalado em plástico, alumínio, papel, ou uma
combinação dos três. Após o consumo, esses materiais, juntamente com restos de
alimentos, são acondicionados em sacos plásticos e colocados numa lixeira, nem
sempre adequada, para serem levados embora pelo lixeiro.
26
Anexo
O muro que vemos à esquerda pertence a uma escola pública. No final desta
rua bucólica, não muito distante, há uma montanha de cor esquisita. Voando por
cima dela, urubus aguardam a hora de comer. Eles sobrevôam o lixão a céu aberto do
município.
27
Anexo
Aqui, vemos o lixão por cima. À esquerda, está a quadra coberta da escola.
Lembram do muro? Está lá!
A proximidade é assustadora. Alunos, professores e funcionários reclamam
do cheiro, das moscas, do incômodo...
28
Anexo
No outro lado do lixão, há um morro de onde é retirada a terra que cobre o
lixo. Em cima do morro, algumas casas aguardam a chegada do precipício. É uma
questão de tempo. Uma maior conscientização sobre a redução do consumo e a
necessidade de reutilizar e reciclar os materiais pode contribuir para prolongar a vida
útil do lixão. Limitar o crescimento do município também ajuda, e muito. Mas só
isso não basta.
29
Anexo
Esses simpáticos cavalos gostam de pastar na área do lixão. E gostam de
revirar o lixo, também. Reparem que a cerca de arame vai só até um ponto da
estradinha. Para esses hábeis quadrúpedes, descer o morro em direção ao lixo é a
coisa mais fácil do mundo. É necessário cercar todo o complexo.
30
Anexo
Se não houvesse o lixão, esse seria um dos locais mais aprazíveis e
valorizados do município. Mas ele existe e irá ficar lá ainda por muito tempo.
Algumas informações que obtive a esse respeito dão conta de que ele, se for
inteligentemente manejado, ainda tem uma vida útil de 20 anos. Há gente, no
entanto, que diz quem daqui a 8 anos, ele já estará saturado.
No futuro, e espero que isso aconteça, o município perceberá a importância
de se investir em educação ambiental.
31
Folha de Avaliação
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Sensu “
Título da monografia: Lixo e Saúde no Morro do Céu
Avaliado por: ____________________________Nota: _____
Data, ______/_______/______
32
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