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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A DANÇA COMO VEÍCULO DE INTEGRAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO DANÇAR É VIVER Por: Paulo Rodrigues Orientador Profª. Mary Sue Niterói 2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · uma determinada problemática e buscam contribuir, em alguma medida, para um outro mundo possível”. Dentre das diversas possibilidades,

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A DANÇA COMO VEÍCULO DE INTEGRAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO

DANÇAR É VIVER

Por: Paulo Rodrigues

Orientador

Profª. Mary Sue

Niterói

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A DANÇA COMO VEÍCULO DE INTEGRAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO

DANÇAR É VIVER

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes

como requisito parcial para obtenção do grau de especialista

em administração e supervisão escolar.

Por: Paulo Rodrigues

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AGRADECIMENTOS

A Edson Claro, meu primeiro professor

na arte da dança; seus ensinamentos foram de suma importância para desenvolvimento desta monografia. `A Thereza Aguilar, batalhadora coordenadora deste projeto maravilhoso “Dançando Para Não Dançar”, sua experiência e conhecimento de causa foram de grande valor na construção deste trabalho monográfico.

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DEDICATÓRIA

Aos meus filhos Lena Guimarães

Ribeiro e Ramon Guimarães Rodrigues, que sempre estiveram comigo desde o começo e em todos os momentos; sendo esta ajuda decisiva, pois não mediram esforços para que o sucesso desta monografia fosse completo; muito obrigado.

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RESUMO

O Brasil é um país de grandes desigualdades sociais, onde crianças e

adolescentes são os que estão mais vulneráveis às conseqüências desta

situação social, como a violência. A educação é a forma mais eficaz de se

reverter este quadro. Formas complementares a educação formal, através de

projetos sociais, são poderosas ferramentas de combate a exclusão social.

Neste contexto, o ensino da dança a crianças e adolescentes carentes pode

proporcionar transformações enormes na vida destes e de seus familiares. O

projeto Dançando Para Não Dançar é um belo exemplo de como a arte pode

ser usada como ferramenta de inclusão e socialização bem como caminho para

descobrir talentos em ambientes onde antes o futuro era incerto.

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METODOLOGIA

Este é um trabalho bibliográfico baseado na leitura de livros, artigos

científicos, monografias e sites ligados ao tema. Após leitura e análise crítica

do material foram aqui trabalhados os pontos mais relevantes ao problema de

pesquisa. Ao final do trabalho é descrito um estudo de caso baseado no projeto

social Dançando Para Não Dançar do Rio de Janeiro. Este estudo de caso

baseou-se em publicações específicas sobre o projeto bem como na

observação direta e na prática do pesquisador que é professor do projeto.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - A Dança 11

CAPÍTULO II - Educação e formas de educar 16

CAPÍTULO III - Educação no combate a exclusão e desigualdades sociais 21

CONCLUSÃO 37

ANEXOS 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45

BIBLIOGRAFIA CITADA 46

ÍNDICE 48

FOLHA DE AVALIAÇÃO 49

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INTRODUÇÃO

No Brasil, a desigualdade social é uma das maiores do mundo. Jovens e

crianças, principalmente da classe baixa, encontram-se vulneráveis, pois a

exclusão social os deixa cada vez mais distantes de ter uma vida digna. Sem

escolhas e perspectivas de um futuro melhor, muitos destes jovens buscarão o

caminho da marginalidade.

Neste contexto, é necessário que a sociedade se organize buscando

formas de trazer um novo mundo de possibilidades para estes indivíduos

socialmente vulneráveis.

A partir do desejo de mudar a realidade, nascem então os projetos

sociais, que podem ser definidos como “ações estruturadas e intencionais, de

um grupo ou organização social, que partem da reflexão e do diagnóstico sobre

uma determinada problemática e buscam contribuir, em alguma medida, para

um outro mundo possível”.

Dentre das diversas possibilidades, a arte aparece como coluna vertebral

de diversos projetos sociais de sucesso. Sendo a dança uma de suas formas

de expressão mais natural.

Desde a origem das sociedades uma das formas do homem se afirmar

como membro de uma comunidade é através da dança. A história mostra que o

homem dançou em diversos momentos da sua existência, em diferentes

comemorações. No nascimento e na morte, na guerra e na paz, na semeadura

e na colheita...

Esteticamente, a dança pode ser considerada como a arte mais antiga,

expressando as emoções sem usar a palavra. Basta a própria dança para

revelar tudo que se quer.

Nas palavras de Nietzsche :

[...] a dança é a única arte em que o próprio artista se torna obra de arte e seu papel mais importante: desenvolver uma atividade que não é outra senão a própria vida, porém mais intensa, mais despojada, mais significativa (apud Garaudy, 1980, p.52).

Sendo assim, a dança traz profundo autoconhecimento, transpõe o limite

físico alcançando o nível emocional e social.

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Segundo Ruth Saint-Deins (apud Garaudy, 1980, p.75) "a maior função da

dança é a de ajudar o homem a formar um conceito mais nobre de si próprio".

A arte é um importante meio pedagógico, pois procura, através das

habilidades naturais de cada um, encaminhar a formação do gosto, estimular a

inteligência e contribuir para a formação da personalidade do indivíduo, sem ter

como intenção primordial a formação de artistas. Dentro de um projeto social, a

dança, como elemento da arte, terá como principal propósito a transformação

do indivíduo, característica inerente da educação.

A Educação engloba os processos de ensinar e aprender. É um fenômeno

que ocorre de formas distintas nas diferentes sociedades e nos grupos

constitutivos destas. A educação é responsável pela sua manutenção e

perpetuação a partir da passagem de geração para geração dos modos

culturais de ser, estar e agir necessários à convivência e ao ajustamento de um

membro no seu grupo ou sociedade. Enquanto processo de socialização, a

educação é exercida nos diversos espaços de convívio social, seja para a

adequação do indivíduo à sociedade, do indivíduo ao grupo ou dos grupos à

sociedade

Dentro do trabalho criador que a dança requer, o indivíduo desenvolve a

percepção, a imaginação, a observação, o raciocínio, o controle gestual.

Capacidades psíquicas que influem na aprendizagem. “No processo de criação

ele pesquisa a própria emoção, liberta-se da tensão, ajusta-se, organiza

pensamentos, sentimentos, sensações e forma hábitos de trabalho. Educa-se”.

É inegável que a educação é um dos principais mecanismos de inclusão

social. A inclusão social é um conjunto de meios e ações que combatem a

exclusão aos benefícios da vida em sociedade, provocada, por exemplo, pelas

dificuldades socioeconômicas.

A dança pode e deve ser usada como ferramenta de educação no

processo de inclusão social.

Este trabalho tem como objetivo demonstrar a importância de projetos

sócio-culturais na formação e transformação de indivíduos pela arte,

independente da classe social e se justifica pela necessidade de organização

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da sociedade, em parceria com o poder público, para mudar a realidade de

desigualdades sociais presente em nosso país.

A metodologia empregada é o estudo bibliográfico documental com

pesquisa em fontes de dados como livros, artigos científicos e documentos de

interesse. Também foi realizado estudo de caso, onde o objeto de estudo é o

projeto “Dançando para Não Dançar”.

Os capítulos iniciais apresentam os conceitos, definições e histórico

básicos para compreensão da temática e proposta do autor e no capítulo final é

apresentado estudo de caso a fim de exemplificar o tema abordado.

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CAPITULO I: A DANÇA

1.1 Breve Histórico

Não está claro ainda de quando o homem dançou pela primeira vez, no

entanto, na medida em que a arqueologia consegue traduzir as inscrições dos

“povos pré-históricos”, ela indica a existência da dança como parte integrante

de cerimônias religiosas. Permitindo assim considerar a possibilidade de que a

dança tenha nascido a partir ou de forma concomitante ao nascimento da

religião.

A dança é considerada a forma primária de expressão do homem.

Acredita-se que o homem usou a linguagem gestual, através da dança, antes

da linguagem oral.

A linguagem gestual da dança era usada diretamente ligada às

marcações rítmicas da música, passando a ser denominada essa junção de

ritual (DINIZ;SANTOS, 2009)

Foram encontradas gravuras e figuras de pessoas dançando nas

cavernas de “Zascaux”. Visto que estes homens usavam estas inscrições para

retratar aspectos importantes de seu dia-a-dia e de sua cultura, como os

relacionados à caça, a morte e a rituais religiosos pode-se inferir que estas

figuras dançantes fizessem parte destes rituais de cunho religioso; básicos

para sociedade de então (HISTÓRIA, 2007).

Existem indícios de que o homem dança desde os tempos mais remotos. Todos os povos, em todas as épocas e lugares dançaram. Dançaram para expressar revolta ou amor, reverenciar ou afastar deuses, mostrar força ou arrependimento, rezar, conquistar, distrair, enfim, viver! (TAVARES, 2005, p.93 apud DINIZ;SANTOS, 2009).

No Império Romano aconteciam espetáculos variados em que se

apresentavam dançarinos, sendo indicados como apresentações circenses. Na

Índia e na China as cortes contavam com serviços de escravos bailarinos com

intuito de distrair os soberanos e a nobreza, com o passar dos anos o povo foi

tendo acesso às exibições que se transformaram assim em teatro popular, o

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que até então era privilégio de uma pequena minoria.

Na antiguidade, a dança era a maior manifestação de sentimentos e

desejos, com gestos onde movimentos corporais atrelados a música, ao ritmo,

expressavam o estado afetivo, a religião, o amor e ainda forma de proporcionar

um relaxamento deixando o indivíduo tranqüilo para enfrentar o cotidiano.

A dança, como toda manifestação artística, é fruto de necessidades e de

expressão do homem, de maneira que seu aparecimento se liga tanto as

necessidades mais concretas dos homens, quanto as mais subjetivas. Assim,

se a arquitetura nasce da necessidade da construção de moradias adequadas

e seguras, a dança veio da necessidade de se exprimir alegria ou de aplacar

fúrias dos deuses.

Desta maneira, as manifestações religiosas passaram a tomar um caráter

de manifestações populares, criando então, um importante progresso na

historia da dança. A ligação entre estas manifestações e os desuses foram se

diluindo e as danças primeiramente religiosas hoje aparecem como folclóricas.

Essa transição da dança religiosa para a folclórica pode ser percebida na

citação abaixo:

Encontram-se em França muitos interlúdios de castelos em que se reconhecem e elaboram os elementos dos futuros ballets de côrte: “entremezes” de dança, de acrobacias, de atrações exóticas; festas de grandes cidades para as chegadas de reis e príncipes com cavalgadas, carro de pantomimas, quadros vivos; “momices” com máscaras e disfarces. Todos os anos pelo Carnaval havia grandes festas; e outras surgiam pelo decorrer do ano.(MICHAUT, 1978, p. 10 apud DINIZ;SANTOS, 2009).

Como o rei Luís XIII o ballet subiu a patamares mais elevados do teatro

mudando a sua ótica e transformando a sua técnica. “Os movimentos dos

braços, dos joelhos, os tempos saltados e batidos e logo depois as figuras de

elevação, passaram a ser vistos de frente, na horizontal, como uma dança

espetáculo”. O ballet então atrai todas as atenções, requintando a dança, antes

de domínio do povo, que agora passa ao domínio daqueles que posiam se

manter dela (DINIZ; SANTOS, 2009).

No Brasil, pode-se dizer que a dança tem origem na dança indígena

posteriormente influenciada pela chegada dos escravos. As danças dos negros

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africanos “às vezes têm nome de instrumento musical que serve de

acompanhamento, exemplo o caxambu, outras ainda nome da cerimônia na

qual são executadas, exemplo o maracatu e a gongada” (DINIZ; SANTOS,

2009).

Toda cultura é responsável por transportar seu conteúdo aos mais

diferentes setores e a dança absorve a grande parte destes valores e sempre

será de grande valor para a sociedade, como um veículo de suma importância

na comunicação, como forma de expressão artística ou simplesmente como

entretenimento.

1.2 Importância da dança

Para o senso comum a dança é vista como diversão saudável sendo

usada em comemorações e festividades sem um objetivo mais profundo e

fundamentado em realizações e conquistas. Poucos conhecem ou enxergam

seus outros propósitos, sociais e culturais.

Mesmo com sua alta diversificação sempre culturalmente construída com

força e significado fundamentados retratando o homem, seu meio social-natural

e cultural, a dança em si possui identidade própria.

A dança esteve presente na evolução da humanidade fazendo parte e

relação com a sociedade, uma forma de comunicação e de demonstrar suas

necessidades, anseios e objetivos a serem alcançados.

A dança na sociedade e na vida não é só formação artística, atua

fortemente no desenvolvimento do ser humano, na relação com o próximo com

sigo mesmo e mudando relações agindo diretamente nas transformações

sociais e comportamentais.

A dança desenvolve a expressão corporal sendo primordial para vida do

ser humano. Ainda amplia as qualidades motoras e equilibra o sistema

emocional, trazendo a paz e tranqüilidade e quando realizada em grupo

proporciona forte interação social.

Os benefícios conseguidos através desta arte são inúmeros, como o

desenvolvimento tátil, visual, auditivo, afetivo, cognitivo, motor, entre outros.

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A arte da dança envolve movimentos que expressam o verdadeiro sentido

que vem do interior da alma, abrindo caminhos, mexendo com a sensibilidade e

trazendo novas leituras com trocas e inovações. Conhece-se cada vez mais o

corpo desenvolvendo suas habilidades e superando os seus limites estando

sempre em constante construção.

A dança manifesta-se em cada ser humano de forma variada, mas

sempre trabalhando o bem estar para alcançar um equilíbrio psico-social

necessário para uma vida saudável.

A metodologia de ensino “penso logo danço” não ensina por imitação, é

preciso vivenciar as experiências e a força do movimento e suas repetições.

Quando pensa e entende o indivíduo realiza o movimento sozinho e não

copiando de outras pessoas, a expressão corporal é só sua e a sua maneira de

interpretar seu entendimento.

Os professores são facilitadores do processo de aprendizado

desenvolvendo a capacidade de auto aprendizagem através da organização de

idéias de seus alunos e da sua consciência corporal.

A dança faz o indivíduo se sentir vivo, mexe com as emoções e muitas

vezes a transforma; quando um personagem é interpretado em um balé se

pode transformar o sentimento do momento em outras emoções (BOTAFOGO,

2006).

A dança me deu muitos momentos de alegria e também me fez superar momentos de tristeza da minha vida pessoal, muitas vezes tive de congelar meus sentimentos de tristeza para me integrar ao dia-a-dia do balé, até mesmo subir ao palco transmitindo uma emoção que não correspondia ao meu verdadeiro estado de espírito. (BOTAFOGO, 2006)

Através da força expressiva e sentimentos trazidos pela dança, o corpo

fala por si próprio e se coloca no mundo traçando e construindo um destino

diferente. Realizando sonhos, manifestando as emoções e vontades de

construir como sujeito atuante vencendo obstáculos jamais imagináveis, o

levando a espaços onde a sensibilidade e as sensações o possibilitam reagir e

mudar sua própria realidade de luta do dia-a-dia neste mundo real.

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Dançar é dar o seu máximo com toda intensidade. Na forte relação

indivíduo-sociedade e natureza, onde há uma busca ferrenha do ser humano

por suas necessidades, o corpo é a emoção, a verdade que acredita. Tudo é

colocado pelo movimento sendo construído aos poucos um caminho onde a

linguagem corporal é vista com clareza através de um conjunto de idéias,

emoções, realizações e verdades a serem expostas na simplicidade dos

movimentos.

Segundo Garaudy (1980):

As ciências e as técnicas deram ao homem o domínio de todas as coisas exceto de si próprio e de seus fins. A dança moderna invertendo esta perspectiva e ensinando em primeiro lugar o domínio de si, mudando o centro do mundo, é a arte correspondente de uma nova era da civilização.

A dança acompanha o Homem desde o início de sua história. Em

diferentes épocas, civilizações e contextos sociais apresentou distintas

finalidades e formas de expressão, mas seus benefícios ao corpo e mente são

inegáveis independente de onde, quando e como.

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CAPITULO II: EDUCAÇÃO E FORMAS DE EDUCAR

A importância da educação para uma sociedade é bastante documentada.

O alto nível de educação de um país está intimamente ligado ao seu maior

desenvolvimento, tanto econômico como social.

Segundo Menezes-Filho (2001), no Brasil, as grandes diferenças

educacionais existentes na população estão associadas às diferenças salariais,

logo, contribuem para a desigualdade.

Ainda para este autor os principais pontos a da educação no Brasil são:

a) é preciso compreender a evolução da demanda por educação como

geradora dos diferenciais salariais e de “empregabilidade” entre as

pessoas com diferentes grupos educacionais;

b) deve-se buscar entender porque cada vez mais pessoas que

completam o ensino médio param de estudar, ao invés de ingressarem

no ensino superior;

c) é necessário examinar em que medida o recente avanço educacional

irá prejudicar ainda mais as condições de trabalho e desemprego das

pessoas com um nível intermediário de educação, ou se o mercado irá

criar postos de trabalho que atendam estes indivíduos;

d) é indispensável pensar em políticas públicas dirigidas às pessoas com

baixo nível de qualificação, para tirá-las das condições de pobreza e

readaptá-las ao mercado de trabalho. (MENEZES-FILHO, 2001)

O processo de educação é complexo, indo além dos limites da educação

formal, ou seja, aquela que está presente no ensino escolar institucionalizado,

cronologicamente gradual e hierarquicamente estruturado.

A educação é um mundo, é uma vida de descobertas, de sensações,

conquistas e realizações, um conjunto de saberes de diretrizes é a guia mestra

para que o ser humano conviva de igual para igual diante de uma sociedade

que evoluí a cada segundo progredindo infinitamente em saberes e

descobertas; onde a convivência e o respeito ao próximo é fundamental para

construção plena de valores e objetivos dentro da sociedade.

Na vida educacional é necessária uma reestruturação geral para que se

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possa acolher todos os aspectos da diversidade humana, apresentada pelos

alunos de forma geral.

Sabemos que a escola sozinha não é capaz de efetuar grandes

transformações sociais, mas sem sombra de dúvida pode estabelecer os

primeiros padrões de uma boa convivência adquirindo seus aprendizes

conceitos de participação e colaboração provendo relações com todas as

diferenças.

A educação é a construção do individuo onde são aferidos vários

ensinamentos possibilitando a produção de verdadeiros valores que são

enraizados no ser humano formando o verdadeiro caráter e as bases de uma

sadia convivência dentro da sociedade.

A educação no Brasil é um problema muito sério, e a dança envolvida

neste contexto tem sofrido da mesma forma com muita carência.

A dança é uma forma artística e eficaz de educar, mas vem sofrendo

muito com os problemas de desprezo pela cultura e pela falta de memória

artística neste país.

É sabido que muitas coisas estão erradas, precisamos pensar na

educação de forma mais profunda e não apenas sintomática.

Educar é descobrir novas formas e diretrizes, abrir espaços e não invadir

os dos outros, respeitar as idéias, ouvir a todos os depoimentos possíveis. É

preciso ser crítico com determinados aspectos do panorama educacional

brasileiro, resgatando valores e iniciativas de construção pensando de maneira

global, sendo o sistema atual justamente mais frágil neste ponto, com muita

carência de pensadores.

A dança é um forte instrumento na forma de educar, na fase de

aprendizagem seja qual for o estilo de dança escolhido é necessário que

apresentem um caráter lúdico e com forte dinâmica tornando este processo

prazeroso; onde são trabalhadas as bases necessárias para que possa de

forma gradativa alcançar as exigências técnicas necessárias.

A princípio, a dança permite que as crianças tenham o conhecimento do

seu corpo adquirindo noções de espaço e lateralidade. Com a prática a criança

consegue ter mais confiança e maturidade, desenvolvendo as habilidades e

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acumulando conquistas sociabilizando-se com facilidade e aumentando sua

capacidade física e mental, postural, preparando melhor esta criança para

enfrentar todos os obstáculos de sua vida; promovendo conhecimento e o

apreço por outras formas de arte trazendo vários benefícios e somando

habilidades, fortalecendo seu caráter na busca de um maravilhoso objetivo que

é dançar.

Os currículos escolares que incluem artes (música, danças, artes

plásticas...) tem um especial lugar na educação porque facilitam e possibilitam

o processo de desenvolvimento de aspectos de criatividade, musicalidade e

sociabilização.

Com a dança as crianças aprendem através de experiência corporal,

agindo livremente no espaço onde vivem atingindo o desenvolvimento

comportamental e resgatando valores culturais, aprendendo através da

atividade lúdica e prazerosa e obtendo uma forte interação com o próximo

aprimorando o senso estético desenvolvendo um trabalho físico, intelectual e

emocional.

De acordo com Trevisan (2006) “uma criança que na pré-escola teve

oportunidade de participar de aulas de dança, certamente, terá mais facilidade

de ser alfabetizada [...]”

Percebe-se que quem pratica a arte de dançar tem muita facilidade de

sociabilizar-se, desenvolvendo confiança em sua capacidade física e mental

adquirindo postura e habilidades corporais aguçadas e forte relação entre

música, ritmo e movimento.

A dança é uma arte fascinante envolvendo beleza e cultura tendo também

uma ação pedagógica podendo contribuir para o desenvolvimento infantil

Quanto mais cedo for iniciada esta arte maior será os benefícios gerados para

homens e mulheres na vida adulta.

A educação hoje em dia possui uma complexidade e exigências muito

maiores com a qualidade. Com a demanda do mercado por níveis de educação

e qualificação mais elevados é necessário complementar os conhecimentos na

área tecnológica a fim de se adaptar às mudanças sociais que são continuas.

A escola é um espaço de reprodução e contestação dos processos

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econômicos e culturais, cujas diferentes experiências e práticas culturais

devem ser consideradas na organização curricular.

É importante na educação ter uma política pedagógica crítica que faça

parte do currículo, onde todos os aspectos culturais sejam vivenciados pelos

alunos, respeitando com propriedade os espaço dos outros saberes e outras

experiências através da crítica e do dialogo.

Segundo Saviani (2003, p.132) ”a partir das condições disponíveis,

encontrar os caminhos para a superação dos limites existentes”.

É de suma importância a inclusão de música, dança e artes plásticas nos

currículos escolares, ganhando lugar de destaque na educação, pois possibilita

o desenvolvimento de aspectos ligados a criatividade, musicalidade e

socialização ajudando na formação do individuo como um todo. Aprendendo

pela experiência corporal a dança permite que a criança haja livremente no

espaço que vive, sendo uma ação pedagógica que desenvolve o

comportamento da criança resgatando valores culturais e tendo prazer pelas

atividades lúdicas desenvolvendo e aprimorando o senso de estética, atuando

de forma geral no âmbito físico, intelectual e emocional.

[...] a organização do movimento se inicia na concepção. O domínio motor, afetivo-social (Conduta pessoal-social) e cognitivo (Conduta adaptativa e linguagem) vão se diferenciando gradualmente. Mas, no inicio da seqüência o comportamento motor é uma expressão de integração de todos os domínios (NANNY, 1995)

“Este caráter do movimento tendo o domínio motor como importante

elemento na seqüência de desenvolvimento do ser humano, leva as vezes a

errônea concepção de que o movimento é apenas, um índice de

comportamento” (NANNI, 1995).

Dançar, então, não é um adorno na educação, mas um meio paralelo a

outras disciplinas que formam em conjunto a educação do homem. Intregando-

a nas escolas de ensino comum, como mais uma matéria informativa,

reencontraria um novo homem com menos medos e com a percepção do seu

corpo, com meio expressivo em relação com a própria vida (FUX, 1983).

A dança não deve fascinar apenas como arte, beleza e cultura, mas,

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também, por sua forte pedagógica que traz grandes contribuições para o

desenvolvimento infantil no momento que suas habilidades estão sendo

formadas. Começar a dança bem cedo, faz com que seus benefícios sejam

maiores fortalecendo como um todo o indivíduo para um sadio

desenvolvimento e crescimento como cidadão.

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CAPITULO III: EDUCAÇÃO NO COMBATE A EXCLUSÃO E

DESIGUALDADES SOCIAIS

3.1 Educação, dança e cidadania

Ao longo dos anos o país sofreu muito com modificações sócio-

econômicas e políticas, que afetaram a educação promovendo vários conflitos

e gerando indubitavelmente muita pobreza injustiça e desigualdade social.

Cabe a escola encontrar formas para driblar estes problemas e encontrar

soluções para amenizar estes acontecimentos estabelecendo uma equivalência

entre o ensino médio e a educação tida como profissional permitindo o acesso

do trabalhador ao curso superior.

As mudanças do mundo moderno trouxeram evolução tecnológica e com

isso aumento das exigências. O trabalhador precisa ter capacitação

diferenciada com níveis de educação e qualificação mais elevados para atuar

em um mercado de trabalho que é dominado pela modernidade com inovações

não só tecnológicas, mas também sociais.

É grande o desafio da educação para construção de um real currículo que

permita uma segura profissionalização de âmbito educacional, social e político

garantindo desta forma uma correta cidadania.

É bom frisar que a escola não realiza sozinha as transformações sociais,

mas estabelece os primeiros padrões de convivência social, sendo responsável

pela diminuição de diferenças através da informação, participação e

colaboração. Só há ensinamentos se houver aprendizagem e vice versa. O

papel da escola não é transferir conhecimento, mas sim criar as alternativas

para sua produção ou sua construção.

A proposta pedagógica deve ser crítica e baseada na realidade. Deve

fazer parte do currículo todos os aspectos culturais vividos pelos alunos

respeitando suas idéias e conhecimentos adquiridos valorizando desta forma

sua participação dentro do processo educacional sempre de uma forma crítica

e com dialogo. Assim, se possibilita a aquisição de novos saberes e a

construção de novos conhecimentos e relações permitindo a continuação dos

estudos acadêmicos.

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Cursos formais ou que capacitem o aluno para determinado serviço

devem valorizar o contexto escolar e social e não se basear apenas em

conteúdos para desenvolver as habilidades ou competências necessárias ao

posto de trabalho.

É de suma importância que o ensino médio atenda as necessidades do

aluno como um todo, preparando-o para o trabalho e para a vida permitindo

desta forma a construção de uma cidadania. No entanto, é sabida a realidade

dos fatos e as dificuldades encontradas para solução e formação de um

currículo apropriado.

O decreto 5154 de 2004 permite a integração entre o ensino médio

regular e o ensino profissionalizante que precisa de novas formalizações

curriculares.

Ao se estabelecer um projeto político pedagógico em que a dança é um

instrumento educacional, onde o individuo educa-se no conflito e na

contradição, os saberes elaborados e adquiridos servem de instrumento para

luta contra a divisão social do trabalho e da dominação, dando materialidade

aos objetivos e cumprindo sua função social.

A dança, no contexto social, pode colaborar na diminuição das

desigualdades em um país com divisões de classes tão acentuadas como o

Brasil. A dança, como ferramenta social, gera oportunidades a esta população

tão vulnerável a violência urbana, que, muitas vezes, é excluída do direito de

profissionalização, cultura, saúde, educação e cidadania.

A sociedade é comprometida com esta realidade desigual e desumana,

que se instalou ao longo do tempo, onde a vulnerabilidade é forte e

determinante, sendo as principais vítimas crianças, adolescentes e jovens. O

caminho para a inclusão plena é longo, mas possível, como comprovado em

vários exemplos de sucesso.

A dança tem comprometimento dentro do processo de ensino, tendo

como desafio realizar aliança e inserção entre individuo e coletivo, pessoa e a

sociedade. Os objetivos são claros, definidos com a proposta de evolução na

formação do artista bailarino com forte desenvolvimento na reflexão crítica. O

projeto pedagógico tem como força a criação de cursos que unem a história do

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individuo e sua experiência social, junto ao processo de formação artística.

Além da dança moderna e clássica, também podem ser inseridas no

projeto danças relacionadas às tradições culturais brasileiras abordando as

possibilidades do corpo dentro de nossa realidade social.

O curso de dança possui um aprofundamento metodológico e preparação

técnica do bailarino atuando em sua consciência e domínio corporal de forma

inovadora permitindo a formação integral do aluno.

É notório o grande número de crianças e jovens que deixam suas

comunidades a procura de uma oportunidade de vida melhor ou de uma

chance de sobrevivência. Estas crianças e seus familiares vivem em situações

de pobreza e carência generalizada estando a todo tempo a mercê do

submundo onde o tráfico de drogas e a violência imperam.

O Brasil possui carência comprovada de propostas sócio educativas e

culturais que dirigidas a estas crianças e adolescentes. São necessárias

alternativas que permitam que estas crianças permaneçam junto de seus

familiares, que são peças fundamentais no desenvolvimento das mesmas.

Os projetos sociais tem forte poder de ação impedindo que estes jovens

sejam recrutados pela marginalidade. Através de um projeto cultural lhes é

apresentado um processo educacional que os ocupam e valoriza o potencial de

cada um, assim estes podem acreditar em vencer e encontrar um caminho

diferente e enobrecedor dentro de sua comunidade.

A pessoa que se propõe a desenvolver trabalhos educativos em comunidades deve ter consciência para que a sua prática não colabore para perpetuar o preconceito e o distanciamento entre o saber da experiência e o saber sistematizado, científico; tipos de saberes distintos, porém complementares (NASCIMENTO, 2003).

O ingresso dos jovens de classes sociais menos privilegiadas no mercado

de trabalho no Brasil é falho e traumatizante. Em geral, estes jovens são

explorados por serem frágeis sócio economicamente, imaturos e formados

dentro de um contexto de discriminação racial e social. Assim, a marginalidade

parece ser um caminho mais atraente pela velocidade de lucros rápidos.

É notório que o país possui um contexto social gravíssimo. É dever de

todos apresentar propostas de soluções para estes problemas através de

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ações sociais, culturais e educativas, que por meio de uma visão geral

abrangendo todos os setores da sociedade promovam profissionalização que

faça o indivíduo se desenvolver e crescer, restabelecendo a cidadania.

Aos indivíduos de classes sociais baixas restam, na maioria das vezes,

“empregos” dentro do mercado informal como ambulantes, guardadores de

carros etc. Além da baixa remuneração estes ofícios não apresentam nenhum

tipo de garantia e/ou estabilidade.

O ensino da dança oferece o acesso a conhecimentos de uma arte que

não tem fronteiras. O aprendizado e apreciação da dança independem de

classe social ou renda e permite desenvolver talentos e obter uma profissão

dentro da área da dança, que normalmente é elitizada, com acesso restrito a

alta sociedade.

Ao longo da história sempre foi constatado o difícil acesso de pessoas de

classes mais pobres a teatros e outros espaços culturais, tanto como artista

como público. Porém, estes fatos estão mudando, pois é possível este sonho

para todos, mesmo que não se tornem bailarinos ou artistas de modo geral os

conhecimentos adquiridos permitem que possam caminhar na direção cênica,

de iluminação, figurino, professor ou produtor conhecendo uma nova realidade

mudando suas vidas e trazendo benefícios para todos os que o cercam.

“Dançar é Viver” tem também a finalidade de dar suporte educativo para

todos os envolvidos: crianças, adolescentes e familiares. É sabido que a

ampliação e continuidade do aprendizado se dão com apoio e estímulo de

familiares, que participam de forma ativa estimulando para que seus filhos

cresçam dentro desta arte trazendo alegrias e conquistas como verdadeiros

heróis na busca de sua cidadania; correndo juntos melhorando a qualidade de

vida e seguindo o caminho correto.

Os familiares devem participar da construção destas crianças sendo

eficaz a educação familiar para dar continuidade nos hábitos e atitudes que

promovam o sucesso escolar e pessoal de suas crianças. Os familiares devem

estar presentes nas reuniões periódicas que os conscientizam do trabalho que

esta sendo feito; pois são o alicerce para a continuidade e todo este processo

de construção e mudança da realidade e valores; já que o trabalho realizado

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vai de encontro à escalada da violência, que aumenta dia a dia impulsionada

pelo consumismo imediato e pela perda de relação humana e desigualdades

sociais.

“Dançar é Viver” sabe da importância de uma equipe de profissionais

competentes para o ensino da dança clássica e também da necessidade de

acompanhamento paralelo destas crianças. Através do psicólogo é trabalhada

a auto estima despertando o autoconhecimento com momentos de alegria e

prazer; sendo a dança para o individuo estimuladora da vida e do verdadeiro

sentido da cidadania.

A dança em si é um agente motivador neste processo de aprendizagem

e desenvolvimento social. Dentro deste processo é fundamental oferecer, além

das aulas de dança, apoio psicológico, fonoaudiólogo, reforços escolares,

encontro educativos, visando estimular o rendimento escolar e a correta

construção da auto-estima; tudo através da arte mais antiga que é dançar.

É notório que o talento e o dom não escolhem classe social, através da

descoberta e incentivo se pode desenvolver todas estas habilidades e

direcionar o caminho. No combate a exclusão e desigualdade sociais é

necessário o apoio através de políticas públicas voltadas para estas classes

menos privilegiadas. Tudo é possível e real ao se possibilitar que crianças e

adolescentes de famílias de baixa renda tenham acesso a conhecimentos

complementares a educação formal.

É preciso, urgentemente, de políticas sociais, pois cada vez mais jovens

de 14 a 16 anos encaminham-se para a vida das drogas e do submundo sendo

atraídos pelo cotidiano sem regras e diretrizes, com dinheiro fácil através da

violência sendo protegidos pelo estatuto da criança e do adolescente.

O país apresenta hoje 55 milhões de excluídos, pessoas pobres que

ganham em média 90 reais por mês (IBGE). É grande o crescimento das

desigualdades sociais nos últimos anos e certo que o crescimento econômico e

o processo de globalização colaboraram para isso. As conquistas acontecem,

as riquezas são descobertas e da mesma forma vão crescendo a exclusão

desta classe menos privilegiada acentuando cada vez mais a pobreza com a

concentração da renda na mão de poucos.

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Para os jovens de comunidades carentes muitas vezes é mais

interessante obter ganhos de 700 reais por meio das drogas, em vez de 300

reais de uma forma honesta, pois são famílias vitimadas por gerações que só

conhecem esta forma de vida que vem de pais para filhos. Muitos são atraídos

pelo falso poder imposto través do medo, já que nestes locais as leis são

impostas pelo tráfico.

Projetos, como o “Dançar é Viver”, visam através de a arte dar a estes

jovens que se encontram a margem da sociedade uma nova esperança de vida

e uma visão diferente onde a confiança e a relação com a realidade poderá ser

eficaz na mudança de suas vidas.

A dança tem o poder de levantar a auto-estima ao estimular a verdadeira

interação com a vida e seu semelhante, dando um seguro sentido de cidadania

que é tão distante e enfraquecido neste ambiente social doente e vitimado.

“Sabemos que oferecer informação artística e cultural pode ser uma

alternativa para resgatar a auto-estima de crianças em situações de risco ao

mesmo tempo em que ajuda a abrir novas perspectivas devida e trabalho”

(MATTOS, 2006)

Através destes projetos pode-se gerar, construir e prosseguir com

liberdade de causa caminhando junto com a comunidade em um clima sadio e

com bom estado de conscientização social e humana. Através da dança, o que

parecia um sonho torna-se realidade, pois há acesso a arte e cultura e uma

perspectiva de realização profissional e um futuro promissor.

Não há amanhã sem projeto, sem sonho, sem utopia, sem esperança, sem o trabalho de criação e desenvolvimento de possibilidades que viabilizem a sua concretização. É neste sentido que tenho dito em diferentes ocasiões que sou esperançoso não por teimosia, mas por imperativo existencial (...) O meu discurso a favor do sonho, da utopia, da liberdade, da democracia é o discurso de quem recusa a acomodação e não deixa morrer em si o gosto de ser gente, que o fatalismo deteriora (FREIRE, 2002).

A grande maioria dos jovens desconhece seus direitos, como cidadania,

educação, a vida, e a felicidade. Desconhecem que é possível descobrir um

mundo, que um sonho pode ser atingido e torna-se realidade.

“Dançar é Viver” é um grande incentivador e vai ao encontro de eventos

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paralelos que incentivam esse crescimento cultural e social como: excursões a

teatros, museus e espetáculos de dança criando uma parceria que fortalece

seus verdadeiros objetivos ao mostrar possibilidades de conquistas através dos

conhecimentos adquiridos.

As experiências vividas dentro de projetos sócios culturais são

fundamentais e estimulam a buscar situações fora do mundo da comunidade e

preparam para novos horizontes como observado no depoimento abaixo da

atriz Claudinéia Clara da Cunha Manhães:

“Dança e Cidadania” sob a direção do pernambucano Luis Mendonça, um grupo de teatro e dança da favela de Varginha que já existe á 20 anos feito por moradores da comunidade, onde obtivemos uma oportunidade de vida diferenciada pelo trabalho com a arte e cultura realizando apresentações em praças públicas, quadras e associações; levando vários adeptos e seguidores pela qualidade e proposta de trabalho. Sempre depois das apresentações acontecem debates e reflexões esclarecendo o propósito do grupo; que com o passar do tempo recebeu apoio de entidades culturais e artistas simpatizantes. Os textos eram do açougueiro Geraldo Andrade que relata e critica a realidade brasileira; retratando a vida das comunidades com as tristezas e alegrias e textos permeados com força do canto e da dança; elementos fundamentais para construção do espetáculo [...] Me fez buscar outras linguagens mais profundas de dança, teatro e oficinas a por conseqüência destas experiências hoje estou na Universidade de Bacharelado em Dança (UFRJ).

A dança, e outras manifestações culturais, têm o poder de resgate dando

outra oportunidade de vida. O objetivo maior não é a formação de bailarinos

profissionais, mas sim o resgate da cidadania, superar os limites impostos a

estas crianças que são submetidas com freqüência a pobreza, violência e

condições inapropriadas de correta sobrevivência, ameaçando sua integridade

física, seu futuro e processo educacional.

3.2 Exemplos de casos de sucesso

EDISCA - Escola de Dança e Integração Social para Crianças e Adolescentes

De acordo com Mattos (2006) o programa foi idealizado pela bailarina e

coreógrafa Dora Andrade, proprietária de uma escola particular em Fortaleza

(CE) que, inicialmente, era direcionada a crianças de classe media.

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Preocupada com a situação das crianças pobres ela abriu em sua escola uma

turma especial para aqueles que não podiam pagar. As primeiras 50 alunas

vieram de uma comunidade próxima ao porto Mucuripe. Diante dos primeiros

resultados o entusiasmo foi tão grande que as turmas especiais foram tomando

o espaço das crianças pagantes, transformando a Escola e Companhia de

Dança Dora Andrade na EDISCA (Escola de Dança e Integração Social para

Crianças e Adolescentes).

Com a parceria do Governo Estadual, a partir de 1991, possibilitou-se

oferecer aulas exclusivamente para as crianças carentes da cidade de

Fortaleza. Em 2006 já contabilizavam 280 meninos e meninas que além de

aprender balé recebem atendimento médico, odontológico, aula de reforço em

línguas estrangeiras, noções de higiene pessoal, expressão corporal e

refeições diárias balanceadas.

A idade mínima é de 6 anos, os candidatos passam por um teste físico

básico, uma entrevista que avalia a situação de risco e uma visita domiciliar

para confirmar o endereço e a situação familiar da criança.

Os jovens tem aulas de dança 3 vezes por semana com duração de 1

hora e devendo permanecer na escola de dança, pelo menos, 3 horas diárias

sempre em horário oposto a escola formal na qual devem estar matriculados.

Outro requisito obrigatório é manter os laços familiares. Todas as crianças

moram com os país ou responsáveis. Os jovens devem obedecer ao regime

interno da escola com deveres e direitos bem estabelecidos e auto grau de

exigência com: relação de troca permanente, interação com colegas e

funcionários, assiduidade às aulas e pontualidade com os horários

estabelecidos.

Além do curso de dança a EDISCA mantém vários programas paralelos e

um corpo de baile de 48 crianças de diferentes faixas etárias que se

apresentam regularmente em Fortaleza e já foram levados a várias cidades do

país e do exterior. Criado com intenção de profissionalizar os alunos mais

talentosos os integrantes do corpo de baile tiveram intensificado a carga

horária nas aulas de dança e os estágios de todos os programas da

E.D.I.S.C.A, além da especialização em cada uma das áreas, preparando as

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crianças para varias atividades possíveis incluindo conhecimento para ensinar

e gerenciar.

Os componentes do corpo de baile recebem bolsas de estudos cujo

valores depende da faixa etária a qual pertencem. Alunos de 15 anos recebem

bolsas de estudo de aproximadamente um salário mínimo por mês, uma cesta

básica, e vale transporte. Os mais jovens recebem pouco menos, como cesta

básica e mais ajuda de custo de 30 reais mensais, esta verba é depositada em

conta poupança e repassada para os familiares no começo de cada ano,

devendo ser comprovado o seu uso na educação da criança.

A EDISCA gera 70% dos recursos necessários para manutenção do

programa sendo estes provenientes dos espetáculos realizados em diferentes

localidades.

O primeiro resultado observado com o projeto é a recuperação da auto-

estima das crianças que ocasiona incremento no aproveitamento escolar.

A EDISCA permite as crianças e adolescentes em situação de risco encontrarem oportunidades de desenvolver a criatividade, a sensibilidade, a auto confiança e condições de avaliar sua própria situação dentro do universo mais amplo; construindo uma nova, tendo a cidadania em construção com atenção ao crescimento integral da criança e do adolescente (MATTOS, 2006)

Apesar de o objetivo maior ser o social, não houve descuido com a

qualidade técnica dos bailarinos Os espetáculos encantam as platéias do Brasil

e de outros países com consagração de vários prêmios.

Existe a preocupação com a avaliação periódica do projeto buscando

sempre se alinhar aos objetivos e realidade.

FID – Fórum Internacional de Dança

Segundo Ribeiro (2008), no Fórum Internacional de Dança (FID) realizado

de agosto a novembro de 2008 em Belo Horizonte (MG) foram mostrados

outros bons exemplos de inclusão social através da dança. Foram colocados

em cena grupos artísticos formados por jovens de baixa renda da região rural e

foram ofertados oficinas culturais e espetáculos inteiramente gratuitos para

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este público.

Nos 4 meses de fórum, 23 companhias de dança participaram do festival,

contabilizando 50 apresentações, 15 oficinas, 840 empregos diretos e público

em torno de 15 mil pessoas.

Entre os projetos sociais beneficiados o destaque foi o grupo experimental de

dança do projeto social “Grupo Corpo”, corpo cidadão formado por crianças de

risco social criado em 1998. Esta iniciativa atende cerca de 800 crianças e

jovens entre 6 e 21 anos que durante o fórum tiveram oportunidade de se

apresentar na etapa de espetáculos nacionais e internacionais. Os jovens do

projeto fizeram ainda uma oficina de mecânica e iluminação cênica, foi uma

chance de conhecer os bastidores dos espetáculos de dança e aprender na

prática.

A diretora de Planejamento e Comunicação do FID, Mônica Simões, fez o

seguinte comentário:

O interesse foi tão grande que jovens foram convidados para estagiarem com a equipe de produção dos espetáculos “Vapor” da CIA MUSICANOAR (São Paulo) e do “Plano Difuso, tierra da Mandel Brot”, do argentino Eduardo Mercado.

Através de alguns depoimentos de alunos destes projetos pode-se

perceber sua importância na vida destes jovens.

“Quando descobri minha paixão pela dança percebi, que queria mesmo

dançar e teria de mudar meu jeito. A dança me transformou totalmente e abriu

muitas portas para mim. Hoje, além de bailarino posso trabalhar com mecânica,

iluminação e direção de palco, pois estou aprendendo como funciona cada

parte do espetáculo” (Fabio da Silva Santos, 18 anos)

“Sempre fui encrenqueiro e agressivo até perceber que dançar era a coisa

mais importante do mundo para mim. Por meio da dança e do corpo cidadão

tenho aprendido muito e tido oportunidades de fazer oficinas que me ajudam no

futuro”. (Fabio da Silva Santos, 18 anos)

O fórum internacional de dança (FID) buscou retornar a sociedade o

investimento que recebe por meio das Leis de Incentivo a Cultura.

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Levar o FID para comunidades que, em sua maioria, nunca tiveram oportunidade de assistir a um espetáculo de dança e, ainda, poder capacitar essa comunidade por meio das oficinas culturais é gratificante. A gente vê o retorno no brilho dos olhos das pessoas. Por seu modelo ético e de inserção, o fórum tem como prática oferecer ingressos a preços muito abaixo do mercado, sempre R$ 2 (inteira) e R$ 1 (meia-entrada), tornando possível o acesso do público a espetáculos qualificados. (Mônica Simões - diretora de Planejamento e Comunicação do FID)

3.3 Estudo de caso: O projeto “Dançando Para Não Dançar”

Na longa história da dança o balé tomou diferentes direções como

clássico, moderno e contemporâneo, e continua em constante mutação e

evolução. O Projeto Dançando para Não Dançar criado pela bailarina e

professora carioca Thereza Aguilar, com certeza faz parte da evolução da

dança e de seu papel dentro da sociedade (AGUILAR, 2010).

De acordo com Pimentel (2005) e Aguilar (2010) assim se pode contar a

história deste belo projeto social em que o ensino da dança ultrapassa os

limites da cultura levando cidadania e esperança àqueles que mais precisam.

Tendo como mestre maior a renomada bailarina Tatiana Leskova e de

especializações no Staatiche Bailettschule de Berlinm (antiga Alemanha

oriental), no balé de Camaguey de Havana e no Balé Nacional de Cuba

Thereza Aguilar retorna ao Brasil com o desejo de contribuir de alguma

maneira com o desenvolvimento social e artístico das populações mais

carentes de sua cidade, o Rio de Janeiro. No início da década de 1990 cria o

Dançando Para Não Dançar.

O Balé Nacional de Cuba, que foi formado inicialmente por crianças

pobres e órfãs, com certeza, serviu de exemplo nesta empreitada, onde a

idealizadora Thereza precisou de muita força de vontade para ser concretizar

seu projeto.

O primeiro passo na concretização do incipiente projeto, que exigiu

extrema dedicação de sua idealizadora, foi conseguir patrocínio para montar

uma sala de balé clássico em uma comunidade carente, no meio de tantas, que

existem na bela, porém desigual cidade do Rio de Janeiro.

Após várias respostas negativas houve o apoio de membros da

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associação dos moradores dos morros do Pavão, Pavãozinho e do Canta Galo.

Foram então espalhados cartazes pelas comunidades convocando crianças

interessadas a entrarem juntas neste sonho.

Para a surpresa da professora, os ideais eram mais modestos, no dia do

teste para formação da primeira turma compareceram 200 crianças para 40

vagas ofertadas. Os números animaram, o olhar de esperança estampado no

rosto de cada criança deu esperança. Em seguida foi para conseguida uma

sala no CIEP de Ipanema e se deu o início das aulas.

As primeiras ofertas de apoio institucional vieram da Loteria do Estado do

Rio de Janeiro (Loterj) Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de

Janeiro (FAPERJ), da empresa Vídeo Filmes. Ainda se pode contar com o

trabalho voluntário dos bailarinos profissionais do corpo de baile do Teatro

Municipal do Rio de Janeiro.

Foram 5 anos de muito trabalho ate o projeto receber importantes

patrocínios da Petrobras, por meio do incentivo a cultura, e receber o apoio

fundamental do Bando Nacional de Desenvolvimento econômico e social

(BNDES), da Lufthansa e da Vila Olímpica da Mangueira.

Já nos primeiros anos do projeto 5 meninas conseguiram entrar na Escola

de Dança Maria Olenewa do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e em 1997 12

crianças conseguiram vaga em academias particulares competindo com mais

de 300 outras.

No final de 2003, 80 alunos se apresentaram de baixo do viaduto da

Mangueira com um espetáculo fabuloso com a participação de Primeiros

Bailarinos do Teatro Municipal do Rio de Janeiro (Ana Botafogo e Paulo

Rodrigues).

As 480 crianças atendidas atualmente pertencem a 13 comunidades

carentes da cidade da cidade do Rio de Janeiro: Canta Galo, Pavão,

Pavâozinho, Rocinha, Mangueira, Chapéu Mangueira, Babilônia, Macacos,

Tuiuti, Jacarezinho, Santa Marta, Borel e Salgueiro.

A renomada Escola de Dança Maria Olenewa, do Teatro Municipal do Rio

de Janeiro, entrou na parceria com o projeto, permitindo aprimoramento do

nível técnico dos alunos mais talentosos. Alunos dos morros Pavão-

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Pavãozinho, Canta Galo, Mangueira e Rocinha já foram encaminhados para

especialização na Alemanha, Cuba e suíça. Uma das alunas foi contratada

para atuar na companhia de dança Alemã CIA.Volkstheater, da cidade de

Rostock

Sete alunas já foram encaminhadas para complementações técnicas em

companhias e escolas de dança no exterior e dois jovens do morro da

Mangueira e Canta Galo receberam com uma bolsa de estudo por um período

de 4 anos na escola Staatlicle Balléttschule, na Alemanha.

O objetivo não é que todos se tornem bailarinos profissionais, mas que

tenham uma visão mais ampla do mundo e da vida, que lhes tragam um maior

leque de oportunidades ligadas não só a arte do espetáculo, mas também em

qualquer outra área da vida.

No Brasil, jovens de ambos os sexos saídos do projeto estão se

profissionalizando em importantes companhias de dança como Balé Stagium,

Grupo Corpo e CIA de Dança Déborah Colker.

O balé clássico, muitas vezes elitizado, vem sendo oferecido para as

camadas mais pobres da população, pois para o projeto esta atividade é mais

que uma ocupação ou uma atividade extraclasse. É uma oportunidade de vida,

de educação, de profissionalização e de crescimento pessoal, cultural e

profissional.

O projeto Dançando Para Não Dançar acredita que quem dança nos

palcos tem o sonho de viver mais e melhor; e não dança na vida. Como dizia o

poeta Cazuza “Quem tem um sonho não dança”

O objetivo principal deste projeto é impedir que crianças e adolescentes

“dancem” na vida, na marginalidade, no trabalho infantil e na prostituição

infanto-juvenil ou que sejam vítimas da violência e da ação do tráfico de

drogas, comuns em suas comunidades.

Não é só balé, é dado apoio sócio educativo para as crianças e seus

familiares promovendo a continuidade desta consciência de trabalho,

melhorando a qualidade de vida de todos. As crianças possuem aulas de

música, línguas, acompanhamento médico, dentário, psicológico, social e

fonoaudiólogo.

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A oportunidade é para todos, sem distinção, é feito um trabalho corporal

com crianças portadoras de deficiência onde se busca integrá-las a sociedade

com atividades lúdicas e direcionadas com atendimentos especializados.

Para se manter no projeto o aluno precisa ter muita dedicação,

assiduidade e disciplina, refletindo de certa forma na sua vida familiar e

escolar; os alunos não podem deixar a escola formal; tendo o balé como um

seguimento complementando suas vidas.

Para participar do projeto o aluno deve estar matriculado em uma escola

e sua média escolar deve ser igual ou maior a 5,0, caso contrário poderá sofrer

suspensão até a recuperação de suas notas escolares. Assim, o projeto

contribui para o melhor desempenho escolar e formação cidadã do aluno.

Foi constatado que o apoio dos pais junto às crianças no sentido de

manter a média escolar, aumentando o vínculo familiar e criando laços e

conquistas em harmonia. A presença e participação da família é considerada

fundamental para o sucesso do projeto.

Sabe-se da dificuldade destas crianças para que percam a referência

negativa de sua realidade, que sem sombra de dúvida marcam fortemente suas

vidas. É primordial que elas acreditem que possam mudar esta realidade

mudando o ciclo natural que vivem com os pais ou parentes alcoólatras ou que

sobrevivem com tráfico de drogas ou drogados.

Segundo o senso do IBGE 16,6% das crianças cariocas vivem em favelas

e 21,8% em famílias com renda inferior a um salário mínimo. São 30 mil

crianças e adolescentes carentes com situação de risco por ano no morro da

Mangueira. 18% da população do Rio de Janeiro mora em 606 favelas.

É evidente a força dos benefícios físicos, psíquicos e sociais que o projeto

traz, mas não é só isso. O projeto pode ser usado como veículo de renovação

de princípios, idéias e conquistas, criando novos horizontes.

O projeto tem como função afastar as crianças do desemprego e

subempregos dando oportunidades de mudança para que possam se

profissionalizar construindo a nova vida, saindo deste caminho traçado da

violência e da criminalidade a qual estão designados.

Os talentos encontrados são muitos, só precisam de oportunidades e

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devida orientação, pois a aptidão artística não escolhe lugar para ou classe

social.

O projeto tem diferentes opções para preencher o tempo destas crianças

com a dança, noções de cultura e arte, participação em espetáculos, palestras,

cinemas, museus. Isso promove a cidadania e integra-a no contexto cultural,

até então não conhecido. É gratificante ver uma criança nascida em um

ambiente de violência e desigualdades levantar pela manhã animada para

vestir seu uniforme e ir para aula de balé. As crianças participantes do projeto

são exemplos para outras crianças e orgulho para seus familiares.

A vivência dentro deste projeto permite constatar o quanto ações como

esta são necessárias para mudar a realidade de desigualdades existentes no

Brasil. Alguns exemplos de superação e sucesso:

“Teve hora que eu pensei em desistir por que meu corpo não dava mais conta”

(Francisca Soares, 22 anos, moradora do Pavão-Pavãozinho, selecionada para

intercambio na Staatliche Ballettschule, formada pela Universidade da Cidade

na área de dança)

“Isso não aconteceria se eu não fosse do dançando”, (Márcia Freire, 23 anos

moradora do Canta Galo, bolsa de estudo no Balé Nacional de Havana, hoje

pertence à grande companhia de Marika Gidale SP, balé Stagium)

“Aos 12 anos me apaixonei pela dança” (Julio Cesar, 22 anos, ex catador de

latas e lavador de carros, selecionado para escola de dança Maria Olenewa,

dançou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro Romeu e Julieta, e na CIA Terra

Brasilis do diretor cultural Fernando Bicudo)

“Tive que me dedicar e ser rápido no aprendizado” (Rômulo Silva, 21 anos,

morador do Canta Galo, começou com balé clássico e continuou com

contemporâneo, completando os estudos no Centro de Movimento Deborah

Colker, possui bolsa de estudo na Faculdade da Cidade na área de dança)

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“Fiquei mais madura e responsável” (Daiane Batista Silva, 13 anos, moradora

da Rocinha com bolsa de estudo em Berlin, curso de especialização na

Staathiche Ballettschule, hoje bailarina da companhia Deborah Colker)

“Aprendemos a ser cidadãos” (Ingrid dos Santos, moradora do morro da

Mangueira, hoje bailarina nos Estados Unidos na companhia Dance Theatre of

Hallen School)

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CONCLUSÃO

Não há dúvida de que a educação é o principal caminho para a extinção

da exclusão e desigualdade sociais. Investir na educação é investir no capital

humano. Quanto maior o nível de educação de uma população maior é o

crescimento de sua nação.

Problemas graves encontrados no Brasil como a miséria e a violência

dependem da melhoria da educação da população, principalmente das

crianças e adolescentes que serão os protagonistas das mudanças.

Ao aliarmos outras formas de educação à educação formal o sucesso

pode ser ainda maior. A articulação entre a educação formal e não formal

viabiliza importantes mudanças sociais.

A arte, de modo geral, é suporte para o crescimento humano. Tranqüiliza,

equilibra, ensina, abre horizontes. Através da arte podem-se expressar

desejos, medos e buscar autoconhecimento e transformação. A dança, como

uma das formas mais antigas de expressão do homem pode contribuir para a

educação integral do indivíduo.

A dança não deve ser encarada como exclusividade de classes sociais

mais altas, pelo contrário, o acesso a ela, como artista ou público, deve ser

irrestrito. Este contato com o universo da arte traz transformações nas vidas

daqueles que tiveram negado até suas necessidades mais básicas, como

educação, saúde e segurança.

Em um país de injustiças sociais, desigualdades, violência e privação de

direitos é necessário que a sociedade civil se organize para enfrentar estes

problemas, que são de todos.

O projeto Dançando Para Não Dançar é exemplo vivo de sucesso nesta

luta pela integração e socialização daqueles que já nasceram sem escolhas e

oportunidades. O projeto além dos seus aspectos sociais, objetivo principal,

também contribui para a profissionalização e descobre, lapida e encaminha

talentos.

Para o sucesso de projetos como esse é preciso sonho, pois nele que

está o início de tudo, porém para que o projeto se concretize e tenha

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continuidade é fundamental o apoio do poder público, da iniciativa privada

através de patrocínio e apoios, de profissionais engajados na proposta e dos

familiares dos jovens envolvidos.

A caminhada é longa e árdua, mas a cada resultado positivo há a certeza

de que ao percorremos juntos o caminho do sonho de uma educação completa,

o sucesso será possível.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Fotos

Anexo 2 >> Notícias

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ANEXO 1

Fotos

Apresentação na Central do Brasil em de junho 2003, com o ballet Paquita: bailarinas das comunidades Pavão-Pavãozinho, Canta Galo, Rocinha, Mangueira e Vidigal Fonte: www.dancandoparanaodancar.org.br

Suite do ballet “Bela Adormecida”: Ensaio geral no Teatro João Caetano em dezembro de 2005 com as crianças da comunidade do Jacarezinho.

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Turnê Nacional de 2007 – São Paulo. Ballet Gabriela.

Prêmio ODM – Objetivo Desenvolvimento do Milênio, entregue no Palácio do Planalto pelo Presidente Lula e sua esposa Dona Marise em 2008. Bailarinos dos morros Canta Galo, Mangueira e Rocinha. Fonte: www.dancandoparanaodancar.org.br

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Bailarinos dos morros da Mangueira, Rocinha, Canta Galo. Apresentação no Teatro João Caetano em 2009. Fonte: www.dancandoparanaodancar.org.br

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ANEXO 2

Notícias

http://www.dancandoparanaodancar.org.br/root_br/index.htm 2005

Últimas Notícias

10 ANOS DO DANÇANDO PARA NÃO DANÇAR A Petrobras e a Associação Dançando Para Não Dançar lançam, dia 18 de dezembro, às 11h, no Teatro João Caetano, o livro "10 anos do Dançando Para Não Dançar ".

O livro conta a trajetória do projeto em 130 páginas, mais de 50 fotografias e depoimentos de ilustres da cultura nacional que acompanharam o projeto, como os bailarinos Ana Botafogo, Marika Gidali (balé Stagium),Tatiana Leskova, Aldo Lutofo e Paulo Rodrigues; do cineasta Walter Salles; de jornalistas, alunos e mães do "Dançando...".

Assinam o livro o jornalista e escritor, Luis Pimentel - Editor do Caderno B, do Jornal do Brasil e autor, entre outros, dos livros "O calcanhar da Memória" (Poesia – Ed. Bertran Brasil) e "Um Cometa Cravado em tua Cocha" (Contos – Ed Record) – e Nani, escritor e cartunista - redator do programa de humor Zorra Total e de vinhetas da TV Globo, cartunista do Jornal do Brasil e autor, entre outros, dos livros "É grave, doutor?" (volume 406 da coleção L&PM Pocket) e "Cachorro quente", que retratam aspectos do dia-a-dia brasileiro.

Clique para ampliar

Após o lançamento, será realizada a entrega da Medalha Tiradentes, às 14h, no próprio teatro, um pouco antes do início do espetáculo . A medalha foi concedida pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, por iniciativa do deputado Paulo Melo , como reconhecimento ao trabalho que o projeto vem realizando nesses 10 anos.

"Suíte Bela" terá a participação de 400 crianças e jovens, alunos do projeto, que se revezarão no palco com bailarinos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Os solistas Márcia Jaqueline e Vitor Luis farão os primeiros papéis: Princesa Aurora e Príncipe Felipe. O belo cenário é assinado por Mestre Mazinho. Thereza Aguilar e Paulo Rodrigues assinam a direção.

O Dançando Para Não Dançar é um dos projetos convidados do Programa Petrobras Cultural. Conta como patrocínio da Petrobras, desde 1997, tem ainda os apoios do Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet; do BNDES; da Faperj; da Video Filmes e da Lufthansa. Além de convênios mantidos com a Staatliche Ballettschule Berlin, o Balé Nacional de Cuba e o teatro Leblon.

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http://www.dancandoparanaodancar.org.br/root_br/index.htm 2008

Últimas

Notícias - 2008

Mais uma bailarina dos morros cariocas contratada em Companhia no exterior

O Dançando para não dançar encaminha mais uma jovem para uma proeminente carreira internacional. Márcia Freire (22), do Cantagalo, apos uma audição realizada nesta quarta-feira (10), na cidade Kiel, próximo a Hamburgo, na Alemanha, assinou contrato com a Companhia de Ballet kiel, dirigida por Mario Schröde.

Márcia e da primeira turma do projeto que entrou na sua comunidade em 1995. Por meio do projeto, estagiou no Bale Nacional de Cuba em dois momentos- 2002/2004, ao todo foram três anos. Neste intervalo (2003) foi inscrita para seleção da turnê do Centro Cultural Opera Terra Brasil, dirigida por Fernando Bicudo, quando percorreu o Brasil durante um ano com o espetáculo Terra Brasis. A jovem bailarina, apos chegar de Cuba, ficou dando aula no projeto e fazendo faculdade de dança na UniverCidade. Foi encaminhada para mais uma especialização, no Ballet Stagium (SP), onde foi contratada e passou a viajar com essa reconhecida companhia, nos últimos dois anos. Agora, em agosto, a bailarina sai de São Paulo e o Dançando a encaminha para audições na Alemanha, apostando no seu talento.

Alem de Márcia Freire, o Dançando encaminhou Barbara Melo, que hoje e primeira bailarina da Staatstheater Schwerin (Companhia Estadual de Schwerin). Barbara já esta na Alemanha ha oito anos - cinco na especialização na Balletschule Berlin e três contratadas por companhias (Cia Magdeburg/Magdeburg - Cia Volksteather/Rostock e a atual, Staatstheater Schwerin/Schwerin).

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CHALANGUIER, C.; BOSSU, H. A expressão corporal: Métodos e prática. Abordagens metodológicas e perspectiva pedagógicas. Deifel Difusão Editorial, 1975. CLARO, E. Método de dança: Educação física, uma reflexão sobre consciência corporal e profissional. São Paulo: Câmera Brasileira de Livros, 1988.

DUNCAN, I. Minha vida. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985 FREIRE, A. V. Impressão e Acabamento. Rio de Janeiro: Lidador. GUALTER, K. S.; ROBERTO, F.W.; TORZETTO, V. Conhecendo e reconhecendo a dança na UERJ. Anais do IV Seminário interno do departamento de arte corporal da escola de Educação Física e desporto, dança, tradição e corporaneidade. FREIRE, A. V. Lição de dança. Rio de Janeiro: Lidador. LABAN, R. Dança educativa moderna. São Paulo: Ícone, 1990.

MARQUES, I. Dançando na escola. Editora Cortez, 2003. NOGUEIRA, H. Uma vida a serviço da dança. São Paulo: Diagramação,1998.

PIDAUX, Jean – Ives. La Danse Art Du XXI Siecle, 1990. PORTO, E.T.R. Revista brasileira de ciências do esporte, 1998. RANDOLPHO. (org). Ação afirmativa na universidade: Reflexão sobre Experiências Concretas, Brasil – EUA. p.7 – 12, 2004.

STANISLAVSKY, C. A preparação do ator. Rio de Janeiro: Civilização,1986.

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BIBLIOGRAFIA CITADA

AGUILAR, T.C. A dança como fator de inserção social: Projeto dançando para não dançar, 2010. [Monografia]. Universidade Cândido Mendes. Disponível em: http://www.avm.edu.br/

BOTAFOGO, A.; ASCHCAR, D. Ana Botafogo na ponta dos pés: a trajetória de uma estrela. Rio de Janeiro:Globo Livros, 2006. DECRETO 5154/04. Disponível em: <http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/anotada/2492421/art-1-do-decreto-5154-04>. DINIZ T.N.; SANTOS, G.F.L. História da dança-Sempre, 2009. Disponível em: http://www.uel.br/eventos/sepech/arqtxt/resumos-anais/ThaysDiniz.pdf FREIRE, A. (Org.). Pedagogia dos sonhos possíveis. São Paulo: UNESP, 2002. FUX, M. Dança, experiência de vida. 3ª Ed. São Paulo: Summus, 1983. GARAUDY, R. Dançar a vida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. HISTÓRIA da Dança, 2007. Disponível em: <http://www.passosecompassos.com.br/matedanca/historiadanca.htm> IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/ MATTOS, J.V. Escola de dança e integração social, 2006. Disponível em: http://www.fpabramo.org.br/formacao/pt-no-parlamento/escola-de-danca-e-integracao-social MENEZES-FILHO, N.A. A Evolução da Educação no Brasil e seu Impacto no Mercado de Trabalho, 2001. Disponível em: http://www.anj.org.br/pje/biblioteca/publicacoes/A%20Evolucao%20da%20educacao%20no%20Brasil%20e%20seu%20impacto%20no%20Mercado%20de%20trabalho.pdf NANNI, D. Dança-educação : Pré-escola à universidade. Rio de Janeiro: Sprint, 1995. NASCIMENTO, V. S. Reflexões sobre a Importância da Educação para a Cidadania: um enfoque prático. Rev. Humanidades, Fortaleza, v. 18, n. 2, p. 123-127, ago./dez. 2003 PIMENTEL, L. 10 anos, Dançando para não Dançar. Rio de Janeiro: Mondrian, 2005.

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RIBEIRO, C. Dança e inclusão social, 2008. Disponível em: http://www.responsabilidadesocial.com/article/article_view.php?id=738 SAVIANI, D. O choque teórico da politecnia. Trabalho, Educação e Saúde, 1(1):131-152, 2003. TREVISAN, P.R.T.D. Influências da dança na Educação das crianças, 2006. Disponível em: <http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=862>

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A DANÇA 11

1.1 – Breve histórico 11

1.2 – Importância da dança 13

CAPÍTULO II

EDUCAÇÃO E FORMAS DE EDUCAR 16

CAPÍTULO III

EDUCAÇÃO NO COMBATE A EXCLUSÃO E DESIGUALDADES SOCIAIS 21

3.1-Educação, dança e cidadania 21

3.2-Exemplos de casos de sucesso 27

3.3- Estudo de caso: O projeto Dançando Para Não Dançar 31

CONCLUSÃO 37

ANEXOS 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45

BIBLIOGRAFIA CITADA 46

ÍNDICE 48

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes. Instituto A Vez do Mestre

Título da Monografia: A dança como veículo de integração e socialização:

Dançar é Viver

Autor: Paulo Rodrigues

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: