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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A Qualidade Total como estratégia competitiva aplicada a uma pequena empresa. Por: Sidnei Vicentini Panceri Orientador Prof. Ms. Marco A. Larosa Rio de Janeiro 2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A Qualidade Total como estratégia competitiva aplicada a uma pequena

empresa.

Por: Sidnei Vicentini Panceri

Orientador

Prof. Ms. Marco A. Larosa

Rio de Janeiro

2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A Qualidade Total como estratégia competitiva aplicada a uma pequena

empresa.

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como condição prévia para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

em Gestão de Logística Empresarial.

Por: . Sidnei Vicentini Panceri

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AGRADECIMENTOS

....a meus familiares, amigos e colegas

de classe....

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DEDICATÓRIA

.....Dedico esse trabalho aos meus pais,

razão de minha existência e ponto de

apoio de todas as horas e a minha

querida esposa, fonte perene de

inspiração.....

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RESUMO

A base do êxito do processo de melhoramento é o estabelecimento adequado

de uma política de qualidade, que pode definir com precisão o esperado pelos

colaboradores; assim como também dos produtos ou serviços que sejam

ofertados aos clientes. Essa política requer o compromisso de todos os

componentes da organização.

A política de qualidade deve ser editada com a finalidade de poder ser aplicada

às atividades de qualquer colaborador, e igualmente, poderá ser aplicada à

qualidade dos produtos ou serviços que a organização oferece.

Também é necessário estabelecer claramente os padrões de qualidade, e

assim poder cobrir todos os aspectos relacionados ao sistema de qualidade.

Para dar efeito à implantação dessa política, é necessário que os

colaboradores tenham o conhecimento requerido para perceber os anseios dos

clientes e desta maneira poder ofertar-lhes produtos ou serviços que possam

satisfazer ou exceder suas expectativas.

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METODOLOGIA

Aplicação de ferramentas de qualidade como proposta de racionalização dos

métodos e processos que compõem uma pequena empresa, baseado em

pesquisa de campo dando ênfase à melhoria contínua e aos círculos da

qualidade ministrados no dia-a-dia, seus princípios, finalidades e objetivos.

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SUMÁRIO PÁGINAS

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO 1 - A Qualidade Total - Conceitos e definições da qualidade. 12

CAPÍTULO 2 - O suporte competitivo 51

CAPÍTULO 3 - Círculos da Qualidade 61

CAPÍTULO 4 - Guias da Qualidade Total 73

CONCLUSÃO 89

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 91

BIBLIOGRAFIA CITADA 92

ÍNDICE 96

FOLHA DE AVALIAÇÃO 98

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INTRODUÇÃO

A base do êxito do processo de melhoramento é o estabelecimento adequado

de uma política de qualidade, que pode definir com precisão o esperado pelos

colaboradores; assim como também dos produtos ou serviços que sejam

ofertados aos clientes. Essa política requer o compromisso de todos os

componentes da organização.

A política de qualidade deve ser editada com a finalidade de poder ser aplicada

às atividades de qualquer colaborador, e igualmente, poderá ser aplicada à

qualidade dos produtos ou serviços que a organização oferece. Também é

necessário estabelecer claramente os padrões de qualidade, e assim poder

cobrir todos os aspectos relacionados ao sistema de qualidade.

Para dar efeito à implantação dessa política, é necessário que os

colaboradores tenham o conhecimento requerido para perceber os anseios dos

clientes e desta maneira poder ofertar-lhes produtos ou serviços que possam

satisfazer ou exceder suas expectativas.

O movimento da qualidade no Brasil é hoje reconhecido pelos japoneses como

o segundo maior no mundo. Segundo Dorothea Werneck em Folha [94], a

característica mais importante do caso brasileiro é a adesão de empresas de

todos os setores (indústrias de transformação e de construção, comércio,

serviços - inclusive o serviço público - e o setor agrícola).Segundo Werneck

esse processo começou ainda na década 70, especialmente para as empresas

fornecedoras do programa nuclear, quando a exigência de garantia de

qualidade dos equipamentos obrigou as empresas brasileiras a buscar

tecnologia e gerência de padrão mundial.

A década de 80, assistiu a exportação - em alguns casos - já depender de

algum tipo de certificação. Em 25/08/96, a Folha de São Paulo noticiou que o

Brasil já atingira 1292 certificações ISO 9000 em 911 empresas. A mudança de

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comportamento dos consumidores,cada vez mais exigentes, também

influenciou as empresas nessa busca por maior qualidade e produtividade.

Mailson da Nóbrega, na mesma série Folha [94], ressalta que os anos 80 foram

um divisor de águas na industrialização brasileira e que, em 1988, foi

implantado um radical programa de modernização que, entre outras

conseqüências, motivou - principalmente no setor privado – a adição de novas

técnicas de produção, entre elas, a Qualidade Total.

José Mindlin, líder empresarial e também colaborador da série, diz, em

27/03/94, “qualidade não pode se limitar ao produto e ao processo de sua

fabricação. A Qualidade Total se baseia no conceito de que a empresa é um

organismo complexo e todos os seus componentes têm que atingir bons

padrões. Isso inclui, na exigência de qualidade, os serviços da empresa, tanto

internos como externos”.

Vicente Falconi, em artigo de 01/05/94, no mesmo jornal, destaca que o

sistema de gestão pela Qualidade Total, como proposto pelos japoneses, visa

a transformar as organizações em um "formigueiro" competente e dedicado

onde cada pessoa, sentindo-se feliz em seu local de trabalho, usa de todo seu

potencial mental para o benefício da sociedade, garantindo assim a

sobrevivência de sua empresa.

Segundo Falconi, a implantação de um sistema de Gestão pela Qualidade

Total é um processo essencialmente educacional para todas as pessoas da

empresa. Leva tempo. Mas tem uma contrapartida: cada ano investido nesse

caminho é um ano ganho sobre os concorrentes, pois se quiserem atingir o

mesmo patamar de desempenho, terão que vencer o mesmo caminho,com as

mesmas dificuldades. Não existem atalhos.

Há muitos fatores motivadores para a prática da Qualidade. Entre eles podem

ser destacados:

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• Redução de custos por meio da racionalização dos processos, diminuição

do desperdício, eliminação do re-trabalho e término da burocracia e dos

controles desnecessários.

• Estreitamento dos laços da empresa com sua clientela, em permanente e

sistemática troca de informações, conduzindo a aperfeiçoamentos e inovações

de sucesso garantido.

• Ênfase nas necessidades e aspirações do cliente, ampliando a percepção

do empresário para novos negócios e novas oportunidades.

• Delegação de competências, prática da gerência participativa,

treinamento,incentivo e valorização do empregado, criando um clima positivo e

produtivo que acaba por comprometer o empregado com o futuro da empresa.

• Aumento da lucratividade da empresa, sem que isso signifique

necessariamente preços mais elevados e maiores encargos para a sociedade.

Essas mudanças de visão, entretanto, ainda não foram suficientes para

modificar, significativamente, o cenário da qualidade no Brasil. A mesma série

Folha [94] divulgou, em13/03/94 as seguintes estatísticas sobre qualidade:

Média mundial Média japonesa Brasil

Peças rejeitadas 200/milhão 10/milhão 23000 a 28000/milhão

Retrabalho 2% 0,001% 30%

Prazo de entrega 3 dias 2% 35 dias

Treinamento xx 10% das horas trabalhadas 1% das horas de trabalho

Esses dados são confirmados pela pesquisa de Brunstein e Buzzino [96]

durante a qual foram ouvidas (questionários e entrevistas) 80 médias empresas

brasileiras, de dez setores diferenciados, oito de cada setor, sobre as

metodologias utilizadas para o gerenciamento da qualidade total, em termos

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de: conscientização, envolvimento, comprometimento, recursos infra-estrutura,

trabalho em equipe, treinamento, compreensão, crenças, processos,

desdobramento de políticas nestes setores pesquisados. Os dados cobriram o

período de 1987 a 1995.

Os pesquisadores concluíram que:

• Poucas atividades de qualidade têm sido implantadas em busca de uma

cultura de prevenção/melhoria contínua/GQT;

Aparentemente, a cultura de melhoria contínua ainda é um conceito abstrato. O

problema não é só onde, como, quanto recursos e quando começar a implantar

a qualidade sistêmica. Embora algumas empresas destes setores pesquisados

tenham avanços incipiente sem algumas atividades de qualidade,

fundamentalmente, em síntese, todas as empresas dos setores pesquisados

encontram-se confusas sobre uma definição da sua própria cultura de GQT,

faltando a todas elas: a compreensão da qualidade (em termos de políticas,

planos e ações), comprometimento e liderança para a qualidade e estratégias

para a qualidade, em termos de sistemas, capacidade e controle.

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Capítulo 1

A Qualidade Total

“Aperfeiçoamento contínuo e firmeza de propósitos. Compreender o que

acontece, construir e interpretar estatísticas e agir aperfeiçoando. Não há

respostas corretas, apenas respostas geradas pelos métodos usados para

gerá-las. Os objetivos devem ser as necessidades do usuário, presentes e

futuras.”

Edwards Deming.

“O total das características de um produto e de um serviço referentes a

marketing, engenharia, manufatura e manutenção, pelas quais o produto ou

serviço, quando em uso, atende as expectativas do cliente.”

Feigenbaum

“Produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de forma

confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo as

necessidades dos clientes.”

Falconi

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Conceitos e definições da Qualidade

A Qualidade deve ser encarada nas organizações modernas como fator

estratégico, um modelo de gestão que favoreça a perfeita sintonia entre

métodos e processos visando a melhoria contínua de produtos ou serviços

tendo como principal objetivo a satisfação do cliente final. A Qualidade não só

se refere ao produto ou serviço em si, mas sim, é a melhoria permanente do

aspecto organizacional, gerencial; tomando uma empresa como uma máquina

gigantesca, onde cada colaborador, desde os gerentes até os funcionários do

mais baixo nível hierárquico estão comprometidos com os objetivos

estratégicos empresariais. Os principais estudiosos da área definiram

qualidade da seguinte forma:

Edwards Deming: “Aperfeiçoamento contínuo e firmeza de propósitos.

Compreender o que acontece,construir e interpretar estatísticas e agir

aperfeiçoando. Não há respostas corretas, apenas respostas geradas pelos

métodos usados para gerá-las. O objetivo deve ser as necessidades do

usuário, presentes e futuras.”

Juran: “Adequado ao uso.”

Crosby: “Conformidade com os requisitos, fazer certo da primeira vez.”

Feigenbaum: “O total das características de um produto e de um serviço

referentes a marketing, engenharia, manufatura e manutenção, pelas quais o

produto ou serviço, quando em uso, atende as expectativas do cliente.”

Oakland: “Atendimento às exigências do cliente.”

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Ishikawa: “Fabricar produtos mais econômicos, mais úteis e sempre

satisfatórios para o consumidor.”

Falconi: “Produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente,

de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo as

necessidades dos clientes.”

O verdadeiro critério da boa qualidade é a preferência do consumidor e a única

definição anotada que não privilegia o cliente é a de Crosby, voltada para o

produtor.

O dicionário Aurélio define qualidade como “propriedade, atributo ou condição

das coisas ou das pessoas capaz de distingui-las das outras e de lhes

determinar a natureza”.

A norma NBR ISO 8402 define: “qualidade é a totalidade das características de

uma entidade que lhe confere a capacidade de satisfazer às necessidades

implícitas e explícitas”. Além disso, Rocha [87] e Basili [94] ressaltam:

Qualidade é um conceito multidimensional. Entre suas dimensões podem ser

incluídas:

• a entidade de interesse;

• o ponto de vista sobre essa entidade de interesse;

• atributos de qualidade dessa entidade.

Sob esse aspecto de pontos de vista diferentes, Garvin [88] agrupa diversas

definições segundo diferentes enfoques. Algumas delas são aqui transcritas:

1) Baseadas no produto

“Diferenças de qualidade correspondem a diferenças de quantidade de algum

ingrediente ou atributo desejado” (Lawrence Abbot - 1959)

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“Qualidade refere-se às quantidades de atributos sem preço presentes em

cada unidade de produto com preço” (Keith B. Leffler - 1982).

2) Baseadas no usuário

“Qualidade consiste na capacidade de satisfazer desejos” (Coruin D. Edwards -

1968)

“Na análise final do mercado, a qualidade de um produto depende de até que

ponto ele se ajusta aos padrões das preferências do consumidor” (Alfred A.

Kuehn e Ralph L. Day - 1962).

3) Baseada na produção

“Qualidade é o grau em que um produto específico está de acordo com um

projeto ou especificação” (Haroldo L. Gilmore)

4) baseadas no valor

“Qualidade é o grau de excelência a um preço aceitável e o controle da

variabilidade a um custo aceitável” (Robert A. Broh - 1982)

“Qualidade quer dizer o melhor para certas condições do cliente. Essas

condições são o verdadeiro uso e o preço de venda do produto” (Armand V.

Feigenbaum - 1961)

Garvin [88] também enumera oito dimensões para a qualidade, que poderiam

ser considerados como atributos de qualidade na classificação de Rocha [87]:

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1. Desempenho: refere-se às características de operação primárias de um

produto, tais como aceleração e conforto para um automóvel, sensibilidade

para um receptor de rádio e alcance para um fuzil.

2. Características secundárias de funcionalidade (“features”): como sintonia

automática para televisores. Muitas vezes é difícil separar características de

desempenho de características secundárias; a distinção, quase sempre, é

função do ponto de vista do usuário.

3. Confiabilidade: reflete a probabilidade do produto falhar ou funcionar mal.

Amedida mais difundida de confiabilidade é o MTBF (tempo médio entre

falhas).

4. Conformidade: grau em que o projeto de um produto (serviço) e suas

características operacionais atendem padrões pré-estabelecidos.

5. Durabilidade: Para produtos que acabam, como lápis ou lâmpadas, a

interpretação é simples. O conceito é mais complexo quando o reparo é

possível, porque o fator econômico passa a influir.

6. Capacidade de receber assistência técnica (“service ability”):

velocidade,competência e facilidade para consertar.

7. Estética: refere-se à aparência, gosto, cheiro. É uma questão de julgamento

pessoal e reflete as preferências individuais.

8. Qualidade percebida: dimensão bastante subjetiva. Imagens, marcas,

países de origem do produto são percepções de qualidade, muitas vezes sem

ligação direta com a qualidade, mas com influências críticas para alguns

clientes.

Pistono [95] registrou mais uma dimensão:

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• Prontidão de atendimento: é a capacidade de responder rapidamente à

solicitação do cliente.

Garvin [88], entre outras contribuições para o estudo da qualidade, assinala

que os seguintes fatores têm potencial para demonstrar o impacto da qualidade

sobre a base de negócios:

• preço

• propaganda

• participação no mercado

• produtividade

• rentabilidade

O autor trata da correlação entre esses fatores e a qualidade. A pergunta é a

mesma para todos os fatores: sob que condições a correlação com a qualidade

é positiva? Negativa?. Pistono [95] complementa o estudo, abordando a

correlação entre cada um desses fatores e as nove dimensões da qualidade.

Pistono também apresenta uma tabela da correlação entre as dimensões e os

correlatos para a qualidade na indústria manufatureira (coluna M). Essa tabela

é transcrita com o acréscimo de uma coluna (coluna S), contendo os resultados

dos comentários do próprio Pistono a respeito das mesmas correlações nas

unidades de serviços de saúde.

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Preço Propaganda Particip.

Mercado

Custo Lucratividade Produtividade

M S M S M S M S M S M S

desempenho + + + + - + + + d + d +

secundárias + + + + - + + + d + d +

confiabilidade d + + + + + d + + + d +

conformidade - d + + + + d - + + d +

durabilidade + + + + + + - d + - +

assist. técnica d + + + + + d + d + d +

estética + + + + + + sc d + d +

percepção + + - + + + + sc + + sc +

prontidão + + + + + + + + + + + +

Legenda:

+ correlação positiva - correlação negativa sc – sem correlação

d correlação positiva ou negativa, dependendo da situação

figura 1 – correlação entre as dimensões e os correlatos da qualidade

(adaptado de Pistono [95])

1.1 - Histórico

Garvin [88] estabelece quatro fases de desenvolvimento da qualidade:

- inspeção;

- controle estatístico da qualidade;

- garantia da qualidade;

- gestão da qualidade.

As primeiras abordagens da qualidade limitavam-se à verificação da

conformidade dos aspectos técnicos do produto contra algum tipo de

especificação funcional ou norma técnica. Por volta da década de 30, Shewhart

e outros pesquisadores do Bell Telephone Laboratories desenvolveram as

técnicas de controle de processo e amostragem e lançaram os fundamentos do

controle estatístico da qualidade.

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A era da garantia da qualidade tem raízes a partir de 50. A qualidade evoluiu

de uma disciplina de pouco alcance, apenas fabril, para aplicações de amplo

espectro dentro da empresa, com profundas implicações gerenciais. A

prevenção de problemas ainda permaneceu como enfoque principal, mas as

ferramentas profissionais foram muito além da estatística. São quatro

abordagens: quantificação do custo da qualidade, controle da qualidade

total,engenharia da confiabilidade e zero defeitos.

O compromisso entre custo e qualidade e suas repercussões em toda a cadeia

produtiva foram detalhadamente tratados por Juran no “Quality Control

Handbook”, lançado em 1951.

Em 1956, Feigenbaum avançou mais um estágio publicando “Total Qualiy

Control” onde preconizava a participação de todos (“quality is everybody’s job”),

a depuração de novas técnicas de fabricação através da produção de lotes

piloto e a cooperação de vários departamentos na mesma atividade.

A engenharia da confiabilidade nasceu junto com o crescimento do pós-guerra

das indústrias americanas aeroespacial e de eletrônica. Confiabilidade refere-

se a garantir o desempenho de um produto ao longo do tempo em níveis

aceitáveis. Trouxe ênfase para as distribuições probabilísticas. Em 1957 foi

publicado um relatório do Departamento de Defesa que resultou em um

programa formal de confiabilidade.

Os programas de zero defeito foram iniciados em 1961/62 na Martin Company

que, na época,construía os mísseis Pershing. O programa tinha um conteúdo

pesado em filosofia, motivação e conscientização. Entretanto, o ponto forte foi

o processo de identificação e remoção dos problemas na origem, desenvolvido

pelo Small Engine Department da General Electric.

Com limites não muito claros, principalmente porque não há um trabalho que

assinale a transição, hoje, segundo Garvin, vive-se a era da gestão estratégica

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da qualidade. O ambiente de negócios se modificou. O mercado nos países

desenvolvidos foi ficando saturado e os consumidores passaram a exigir

produtos diferenciados. As barreiras do comércio internacional foram reduzidas

e a competição se intensificou. Em conseqüência, a liderança de mercado foi

assumida por empresas com produtos diferenciados e preços competitivos;

qualidade transformou-se em arma estratégica.

Garvin resume sua discussão em um quadro sinótico:

Inspeção Controle

Estatístico da

Qualidade

Garantia da

Qualidade

Gestão Estratégica

da Qualidade

Objetivo detecção controle coordenação Impacto estatégico

Visão sobre

qualidade

Problema para

resolver

Problema para

resolver

Problema para

resolver

Oportunidade

estratégica

Ênfase uniformidade uniformidade prevenção Mercado e

consumidor

Métodos Calibração e

medidas

Ferramentas e

técnicas estatísticas

Programas e

sistemas

Planejamento

estratégico

Papel dos

profissionais da

qualidade

Inspeção,

classificação,

contagem e

ordenação

Manutenção e

aplicação de

métodos estatísticos

Medidas e

planejamento da

qualidade

Estabelecimento de

objetivos, educação

e treinamento

Responsabilidade

por qualidade

Departamento de

inspeção

Departamento da

qualidade e

produção

todos Todos, com forte

liderança da alta

administração

Orientação e

abordagem

Qualidade

inspecionada

Qualidade

controlada

Qualidade

construida

Qualidade

gerenciada

Figura 2 – características das quatro grandes eras da qualidade (fonte:

Gavin [88])

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1.2 - EUA versus Japão

A controvérsia mais interessante nessa área está na equivalência ou não das

visões americana e japonesas sobre o TQC - Total Quality Control. A seguir,

alguns parágrafos se destinam à apresentação dessa discussão:

O Controle de Qualidade, como visto por Oakland [94], é essencialmente o

conjunto de atividades e técnicas empregadas para obter e manter a qualidade

de um produto, processo ou serviço. Inclui uma atividade de monitoração, mas

também inclui encontrar e eliminar causas de problemas de qualidade, de tal

modo que os requisitos do cliente sejam continuamente atendidos.

A Garantia da Qualidade, na concepção do mesmo autor, é uma evolução do

conceito de controle de qualidade e age na prevenção de problemas de

qualidade por meio de atividades planejadas e sistemáticas. Essas atividades

incluem o estabelecimento de um sistema de gerenciamento da qualidade e

sua avaliação, auditoria e revisão.

Feigenbaum define o Controle da Qualidade Total como “um sistema eficiente

para a integração do desenvolvimento de qualidade, da manutenção da

qualidade e dos esforços de melhoramento de qualidade dos diversos grupos

em uma organização, para permitir produção e serviços aos níveis mais

econômicos, que levem em conta a satisfação total do consumidor”.

O Controle da Qualidade Total é o sistema desenvolvido pelo Japão para

implantar Kaizen e aperfeiçoamento contínuo, a partir das idéias americanas ali

introduzidas depois da 2GG. O TQC, como praticado no Japão, é baseado na

participação de todos os setores da empresa e de todos os empregados no

estudo e na condução do controle da qualidade (Dean [96], Falconi [92]).

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Vicente Falconi define TQC da seguinte forma: “Controle de Qualidade Total é

um sistema gerencial que parte do reconhecimento das necessidades das

pessoas e:

• estabelece padrões para o atendimento dessas necessidades;

• mantém os padrões que atendem às necessidades das pessoas;

• melhora continuamente os padrões que atendem às necessidades das

pessoas a partir de uma visão estratégica e abordagem humanista”.

Ishikawa define: “qualidade significa qualidade de trabalho, qualidade de

divisão, qualidade das pessoas, inclusive operários, engenheiros,

administradores e executivos, qualidade da empresa, qualidade dos objetivos.”

A NBR-ISO 8402 define Gestão da Qualidade Total como “forma de gestão de

uma organização, centrada na qualidade, baseada na participação de todos os

seus membros e visando o sucesso a longo prazo através da satisfação do

cliente, e benefícios aos membros da organização e da sociedade”.

James W. Cortada, em Cortada [95], define Gestão da Qualidade Total como

“um conjunto estratégico de práticas de longo prazo que capacita a gerência

para a introdução de iniciativas de melhoria contínua em todas as funções”.

Os conceitos explicitados sobre qualidade nos parágrafos anteriores

mantêm,consistentemente, que a noção da qualidade é sistêmica e

determinada pelo cliente. A evolução ocorrida aplica-se muito mais às

metodologias de gerenciamento que se concentram, cada vez mais, no

envolvimento global da empresa, liderado pelos níveis mais elevados da

administração e apoiado por processos continuados de educação. A partir de

determinado estágio, a metodologia tecnológica cedeu espaço para um

enfoque organizacional onde a qualidade é responsabilidade de todos e

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resultado da realização de todas as funções da empresa. Essa abordagem, na

linha de pensamento norte-americana, tomou a designação de Gestão da

Qualidade Total (TQM). Segundo Dean [96], a TQM seria a percepção norte-

americana do gerenciamento da qualidade, um ponto de vista concorrente do

japonês -conhecido por Controle da Qualidade Total (TQC), aplicada sobre os

mesmos princípios.

Sullivan [86] discute essa controvérsia de maneira bem detalhada.

Primeiramente registra a distinção de Ishikawa sobre as duas posições:

O TQC americano é um “sistema para integrar tecnologias da qualidade nos

vários departamentos funcionais para satisfazer o cliente”. O CWQC

(“company-wide quality control”) - a versão japonesa - é um “meio para fornecer

produtos bons e de preços baixos,dividindo os benefícios entre consumidores,

empregados e acionistas enquanto melhorando a qualidade da vida das

pessoas”.

Depois, conclui que a definição de CWQC é muito mais ampla e está de acordo

com o quadro evolutivo que aponta para o desenvolvimento da qualidade

japonesa. São sete estágios dos quais apenas os três primeiros teriam sido

atingidos, na época, pelas empresas americanas:

fase orientação descrição

1 Japão e

EUA

Para produto Inspeção depois da produção, auditagem de produtos acabados, atividade

de solução de problemas.

2 Japão e

EUA

Para processo Qualidade assegurada durante a produção incluindo controle estatístico do

processo.

3 Japão e

EUA

Para sistema Qualidade assegurada envolvendo todos os departamentos.

4 Japão Humanística Mudança de cultura através da educação e do treinamento

5 Japão Para a

sociedade

Otimização de projeto do produto e processo para obter funções mais

confiáveis a custos mais baixos.

6 Japão Para custo Função perda da qualidade

7 Japão QFD * O QFD define a “voz do cliente” operacionalmente.

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* QFD – “quality function deployment” – desdobramento da função

qualidade.

Figura 3 – quadro evolutivo da qualidade (fonte: Sullivan [86])

Essas fases, evidentemente, se superpõe ao longo do tempo. Dean [96]

defende o ponto de vista de que a TQM está atrasada em comparação com o

estágio japonês visto que os conceitos do QFD foram introduzidos no Japão

em 1966 por Yoji Akao e o início da bibliografia norte-americana a respeito data

da segunda metade da década de 80. Conclui afirmando que “é óbvio que a

TQM americana, na média, ainda não atingiu o nível do humanismo,

provavelmente maduro, no Japão, por volta de 75”.

Garvin [88] assinala que Feigenbaum prega o envolvimento de todas as

funções da empresa no processo e que Ishikawa, além disso, advoga o

envolvimento de todos os níveis. Brocka [92], entretanto, define TQM como um

meio de melhorar continuamente o desempenho, em todos os níveis e áreas

funcionais da organização, usando todos os recursos disponíveis, humanos e

de capital.

1.3 - Recursos Complementares

As metodologias - TQC ou CWQC - são complementadas pelos seguintes

recursos:

• sete ferramentas tradicionais para controle da qualidade, de acordo com

Ishikawa[93]:

1. histogramas

2. diagramas de causa e efeito

3. folha de verificação

4. diagramas de Pareto

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5. estratificação

6. gráficos de controle

7. diagramas de dispersão

• sete ferramentas novas para gerenciamento (datam de 1988 com o

livro“Management for Quality Improvement” de Mizuno, S.):

1) dígrafo de interrelações: mapeia as ligações lógicas ou seqüenciais entre

fatores relacionados.

2) diagrama de afinidade: é uma forma de “brainstorm”. É usado para reunir

uma grande quantidade de dados de comunicação e organizá-los em grupos

baseados nas relações naturais entre eles.

3) diagrama em árvore: mapeia sistematicamente todas as atividades que

devem ser realizadas para atingir um objetivo.

4) diagrama de matriz: mostra o relacionamento entre dois ou mais conjuntos

de itens. É o coração da “casa da qualidade”.

5) análise de dados de matriz: é usado para ordenar os dados mostrados em

um diagrama de matriz, de modo que possam ser percebidos mais facilmente e

mostrem a intensidade do relacionamento entre as variáveis.

6) gráfico de programa de decisão de processo: usado para planejar cada

evento e contingência que possa ocorrer na evolução de um problema.

7) diagrama de flecha: usado para planejar ou programar uma tarefa.

• sete ferramentas para planejamento de produto (introduzidas em 1995,

segundo Dean [96], por Kanda, N., no artigo “Again on the 7 Tools for New

Product Planning” na revista “Total Quality Management” vol 46, July.)

1) “group interview”

2) “questionnaire surveys”

3) “positioning analysis”

4) “concept checklist”

5) “table-type conceptualizing”

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6) “conjoint analysis”

7) “quality table”

• QFD (conforme Oakland [94], originada na Mitsubishi, Japão, em 1972.

Segundo Dean [96], introduzida no Japão por Yogi Akao em 1966).

Sobre os objetivos do QFD, Dean [96] cita Akao: “método para desenvolver um

projeto de qualidade voltado para a satisfação do consumidor e traduzir sua

demanda em metas de projeto e pontos de garantia da qualidade do mais alto

nível para uso em toda a fase de produção”.

Para Oakland [94], QFD “é um sistema para projetar um produto ou serviço,

baseado nas exigências do cliente, com a participação de membros de todas

as funções da organização do fornecedor. Converte as necessidades do cliente

em requisitos técnicos adequados para cada estágio do projeto”.

• métodos de Tagushi.

São quatro os tópicos principais dos métodos de Tagushi:

1) função perda total: Oakland [94] cita Tagushi: “qualidade de um produto é a

perda para a sociedade desde o momento em que é expedido”.

Critica, em seguida, que a definição não inclui as perdas ocorridas durante a

fabricação. Sullivan [86] cita Clausing:“perda de qualidade é a perda financeira

imposta à sociedade depois que um produto é embarcado”. Sullivan [86]

explica que Tagushi define a perda da qualidade através da função de perda. A

função explicita uma relação quadrática entre a perda financeira e o

afastamento das especificações funcionais.

2) projeto de produtos, serviços e processos: valorização do controle de

qualidade da fase de projeto tanto dos produtos quanto dos processos.

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3) redução de variação: o objetivo de um programa de melhoramento contínuo

é reduzir a variação das características de desempenho do produto em torno

de seus valores nominais.

4) experimentos planejados estatisticamente: Tagushi recomenda usar

experimentos estatisticamente planejados para identificar os valores dos

parâmetros de produtos e processos que podem reduzir a variação do

desempenho (Oakland [94]).

Essa seção procurou descrever as principais linhas de pensamento sobre

qualidade e seus desdobramentos. Uma tentativa de perspectiva histórica foi

alinhavada. Algumas das controvérsias foram explicitadas. A próxima seção

tentará comparar as diferentes posições de autores reconhecidos sobre os

princípios fundamentais da qualidade.

1.4 - Princípios da Qualidade

Os princípios mais disseminados na literatura são os 14 pontos de Deming.

Esses princípios estão tão difundidos que Leach [96] os considera equivalentes

às definições de TQM. Walton [89] apresenta argumentos emitidos por Deming

a respeito dos seus conceitos. A seguir, são alinhados os princípios (itálico) e

alguns dos argumentos.

Deming

1) Criar constância de propósitos para melhoria de produtos e serviços. Isso

significa inovar, pesquisar e educar, aperfeiçoar constantemente o produto e os

serviços, realizar a manutenção dos equipamentos, móveis e instalações fixas

e instalar novos meios de produção tanto na fábrica quanto na administração. É

uma perspectiva de longo prazo.

2) Adotar uma nova filosofia. A qualidade deve ser a nova filosofia. Os papéis

de liderança gerencial devem ser assumidos. Os erros são inaceitáveis.

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Fornecedor não tem qualidade porque troca o material defeituoso, tem

qualidade quando seu material vai diretamente para a linha de produção.

3) Suspender a dependência da inspeção em massa. A qualidade não é fruto

da inspeção, mas do aperfeiçoamento do processo. É impossível, por

inspeção, e a custo aceitável, encontrar todos os produtos com defeitos. Há

duas maneiras de ver qualidade: a maneira antiga inspeciona o produto para

acabar com a má qualidade, a nova cria boa qualidade. Além do controle

estatístico do processo, novas técnicas devem ser introduzidas.Outro aspecto

importante contido nesse princípio é o das especificações. Atender

especificações nem sempre gera maior qualidade. Dois produtos podem

atender às mesmas especificações e serem bastante diferentes; daí, por

exemplo, algumas marcas de TV terem preferência sobre outras.

4) Acabar com a prática de negociar apenas com base no preço. O preço não

tem sentido algum sem uma medida da qualidade do que está sendo

comprado. Trabalhar com um só fornecedor no desenvolvimento de um item

requer tanta capacidade e mão de obra que é inimaginável que se possa levar

a cabo o desenvolvimento com dois. É importante desenvolver com os

fornecedores uma relação de longo prazo baseada em lealdade e confiança.

5) Melhorar sempre e constantemente o sistema de produção e serviços. O

aperfeiçoamento não se dá de uma só vez. A administração é obrigada a

melhorar continuamente. Qualidade deve ser introduzida até mesmo antes do

projeto, durante a própria concepção. Começar depois implica em mudanças e

essas provocam custos e atrasos.

Novamente aparecem as especificações; atendê-las significa manter a situação

existente, não significa melhoria. Leach [96] argumenta que as melhorias

incrementais e sucessivas provocam um efeito acumulativo que ultrapassa o

efeito de uma melhoria descontínua; isto é,o efeito global de 100 melhorias

progressivas de 1% é melhor que uma melhoria descontínua de 100%. Além

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disso, mudar pouco a pouco é mais fácil do que realizar mudanças profundas e

radicais.

6) Instituir o treinamento. O funcionário precisa conhecer exatamente qual é o

seu trabalho e como obter qualidade na sua execução. É indispensável que

todos conheçam os princípios e as ferramentas básicas da qualidade e sejam

estimulados a adotá-los e utilizá-los no desempenho de suas tarefas.

7) Adotar e instituir a liderança. A função do administrador é liderar, ajudar as

pessoas a trabalhar cada vez melhor. Cabe à administração descobrir e

remover as barreiras que impedem os empregados de se orgulhar do que

fazem.

8) Afastar o medo. As pessoas precisam se sentir seguras quanto ao emprego

e suas funções. Devem ter consciência de que o interesse da empresa está no

aperfeiçoamento dos processos e nunca na descoberta dos culpados.

Perguntar e sugerir deve ser um ato natural, livre de constrangimentos. O medo

inibe a participação e esconde problemas.

9) Derrubar as barreiras entre as áreas de apoio. Departamentos com objetivos

diferentes ou conflitantes e com baixo nível de comunicação prejudicam as

operações. É indispensável a constituição de equipes interdepartamentais e a

administração é responsável por isso.

10) Eliminar slogans, exortações e metas entre os empregados. Slogans e

exortações não geram competência ou qualidade. Ninguém se torna mais

capaz como conseqüência da fixação de cartazes “empregado contente é

empregado competente”. Metas numéricas são inúteis se não ficar claro como

chegar lá. E se houver o método e os recursos não há porque fazer alarde.

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11) Eliminar as cotas numéricas. Aqui o exemplo é clássico. Toda cota baseada

na média provoca, imediatamente, que muitos empregados fiquem abaixo da

cota. O importante é melhorar continuamente.

12) Remover as barreiras ao orgulho da execução. O indivíduo gosta de ser

apreciado pelo que faz e gosta de fazer seu trabalho com perfeição. É

importante, portanto, que tenha todas as informações e apoio necessários e

que haja retorno da administração sobre o seu desempenho.

13) Instituir um sólido programa de treinamento e educação. O treinamento é

essencial, mas é de alcance limitado. Os funcionários só crescem sozinhos

quando têm educação formal suficiente para isso.

14) Agir no sentido de concretizar a transformação. A administração tem que se

organizar como equipe para colocar em prática os outros 13 pontos. Uma

sugestão é adotar o ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act). É a aplicação contínua

e sistemática do ciclo de Shawhart que leva à melhoria constante dos métodos

e procedimentos. Além da aplicação do PDCA, todos devem compreender que

o fato essencial para a transformação é o direcionamento do trabalho de todos

para os clientes internos e externos. É a satisfação dos clientes que irá garantir

o sucesso.

Crosby

Crosby, outro guru da qualidade, lista 14 passos para o melhoramento da

qualidade. Logo após a assertiva de Crosby, sugere-se um ou mais princípios

de Deming, incluídos.

1) Deixar claro que a administração é comprometida com a qualidade. [D2]

2) Formar grupos de melhoramento da qualidade com representantes de todos

os departamentos. [D9]

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3) Determinar onde se localizam tanto os problemas já existentes como

aqueles em potencial. [D3,D5,D9]

4) Avaliar o custo da qualidade e explicar o seu uso como uma ferramenta da

qualidade. [D4,D5]

5) Despertar a conscientização sobre qualidade e a preocupação pessoal de

todos os empregados. [D2,D13]

6) Realizar ações para corrigir os problemas identificados nos passos

anteriores.[D14]

7) Estabelecer um comitê para o programa zero defeito. [D3]

8) Treinar os supervisores para realizar ativamente sua parte no programa de

melhoramento da qualidade. [D6]

9) Instituir um “dia de zero defeito” para que todos os empregados percebam

que houve mudança. [D2]

10) Estimular as pessoas a estabelecerem metas de melhorias para si próprias

e para seus grupos. [D5,D7,D8,D12]

11) Estimular os empregados a comunicarem à gerência os obstáculos que

encontram para atingir suas metas de melhoria. [D5,D7,D8,D12]

12) Reconhecer e valorizar os que participam.[D7]

13) Estabelecer conselhos da qualidade para fazer comunicações a intervalos

regulares.[D9]

14) Repetir tudo para salientar que o programa de melhoria da qualidade

nunca termina. [D1]

A relação de Crosby não considera os princípios 10 e 11 de Deming que tratam

da eliminação dos slogans, exortações, metas e cotas numéricas entre os

empregados.

Juran

Juran, segundo Oakland [94] e Broka [92] também relaciona 10 passos para o

melhoramento da qualidade:

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1) Promover a conscientização da necessidade e da oportunidade de

melhoramento.[D2,D13]

2) Estabelecer as metas para o melhoramento. (desde que com métodos,

D10)

3) Organizar a infra-estrutura para atingir as metas. [D7,D9,D14]

4) Prover treinamento.[D6]

5) Executar projetos para resolver problemas.[D5,D14]

6) Relatar o progresso.[D5]

7) Demonstrar reconhecimento.[D7]

8) Comunicar os resultados.[D5,D7]

9) Conservar os dados obtidos.[D5]

10) Manter o entusiasmo fazendo do melhoramento anual parte dos sistemas e

processos normais da companhia.[D1].

A lista de Juran não contempla os princípios 3, 4, 8, 11 e 12 de Deming que

tratam da suspensão da inspeção em massa, do término da prática de negociar

apenas com base no preço, do afastamento do medo, da eliminação das cotas

numéricas e da remoção das barreiras ao orgulho da execução.

Falconi

Falconi [92] propõe 11 princípios, para os quais apresenta as interpretações

que se seguem aos princípios:

1) Orientação pelo cliente. Produzir e fornecer serviços e produtos que sejam

do definitivamente requisitados pelo consumidor. Aqui vale a ressalva de que,

embora Deming valorizasse o cliente e suas necessidades, essa importância

não ficou explícita em seus princípios. Em conseqüência, esse primeiro

princípio de Falconi não é associado a qualquer dos princípios de Deming.

2) Qualidade em primeiro lugar. Conseguir a sobrevivência através do lucro

contínuo pelo domínio da qualidade. [D2]

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3) Ação orientada por prioridades. Identificar o problema mais crítico e

solucioná-lo pela mais alta prioridade. [D5]

4) Ação orientada por fatos e dados. Falar, raciocinar e decidir com dados e

com base em fatos. [D3]

5) Controle de processos. Uma empresa não pode ser controlada por

resultado, mas durante o processo. O resultado final é tardio para tomar

providências. [D3,D5]

6) Controle da dispersão. Observar cuidadosamente a dispersão dos dados e

isolar a causa fundamental da dispersão. [D3,D5]

7) Próximo processo é seu cliente. O cliente é um rei ou uma rainha com quem

não se deve discutir mas satisfazer os desejos desde que razoáveis. [D5]

8) Controle a montante. A satisfação do cliente baseia-se exclusivamente em

funções a montante. As contribuições a jusante são pequenas. [D1,D2,D3,D5]

9) Ação de bloqueio. Não permitir o mesmo engano ou erro. Não tropeçar na

mesma pedra. Tomar ação preventiva de bloqueio para que o mesmo problema

não ocorra outra vez pela mesma causa. [D2,D3,D5]

10) Respeito pelo empregado como ser humano. Respeitar os empregados

como seres humanos independentes. [D6,D8,D9,D12,D13]

11) Comprometimento da alta direção. Entender a definição da missão da

empresa e a visão e a estratégia da alta direção. Executar as diretrizes e metas

através de todos os chefes.[D1,D12,D14]

Falconi introduz novidade em relação aos princípios de Deming - a orientação

pelo cliente.Por outro lado também não privilegia os princípios 4, 7, 10 e 11. O

sétimo se refere à adoção e estímulo à liderança.

Oakland

Oakland [94] relaciona “dez pontos fundamentais” para a gerência de alto nível

operar no modelo TQM:

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1) A organização precisa de comprometimento de longo prazo para a melhoria

contínua. Constância de propósito começando pelo topo da organização.

Processo de melhoria da qualidade planejado para toda a organização.

Expansão progressiva a partir da sala da diretoria. [D1,D5]

2) Adotar a filosofia de zero defeitos e mudar a cultura para fazer certo da

primeira vez. Conhecimento perfeito das necessidades e expectativas do

cliente. Trabalho em grupo. Participação dos empregados. Rigorosa aplicação

do EPDCA, onde o E é de avaliar (evaluate). [D2, D9,D14]

3) Treinar o pessoal para compreender o relacionamento cliente - fornecedor. A

orientação para o cliente - interno e externo - é um compromisso de todos.

[D6,D7,D13]

4) Não comprar produtos ou serviços levando em conta somente o preço. Exigir

melhoramento de tudo, inclusive dos fornecedores. A intenção é reduzir custos

por mais qualidade.[D4]

5) Reconhecer que o melhoramento dos sistemas precisa ser administrado.

Definir os padrões de desempenho esperados e estabelecer os sistemas para

atingí-los são responsabilidade da gerência. Os sistemas integram o processo

de melhoramento contínuo.[D5]

6) Adotar métodos modernos de supervisão e treinamento - eliminar o

medo.Reconhecer esforços e realizações e torná-los públicos. Providenciar o

tipo certo de treinamento, simplificação e supervisão.[D6,D8,D13]

7) Eliminar as barreiras entre departamentos pelo controle do processo -

melhorar as comunicações e o trabalho em grupo. Os clientes não vêem os

departamentos, vêem processos. É necessário organizar grupos e melhorar as

comunicações em torno dos processos.[D3,D5,D7,D9]

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8) Eliminar metas arbitrárias e sem métodos, todos os padrões baseados

apenas em números, as barreiras ao orgulho pelo trabalho profissional e a

ficção, obtendo fatos usando as ferramentas corretas. Todos devem conhecer

as metas, os métodos para realizá-las e como medir o progresso.

[D10,D11,D12]

9) Instruir e re-treinar constantemente - desenvolver especialistas nas

empresas.Pessoas que fazem o mesmo trabalho todos os dias são

especialistas e a energia interior que possuem pode ser liberada em benefício

da organização através da instrução, treinamento,estímulo e chance de

participação. [D6,D13]

10) Desenvolver uma abordagem sistemática para gerenciar a implementação

do TQM. O TQM exige estratégia planejada e totalmente integrada, derivada da

missão, para administrar a organização. Dessa forma contribuirá para que a

organização realize sua visão.[D5,D14]

Embora não tenha sido explicitado, é importante acrescentar a esses

princípios, a orientação para o cliente. Oakland considera que todo processo

possui clientes, internos ou externos, e que o centro da concepção da

qualidade total está na necessidade de identificar os requisitos desses clientes

para, em seguida, procurar satisfazê-los.

Ishikawa

Kaoru Ishikawa, criador do diagrama de causa e efeito, que mostra a relação

entre um conjunto de causas (processo) que provoca um ou mais efeitos. É

uma forma organizada de correlacionar o efeito com suas causas, agrupando-

as em "famílias de causas", tais como: Matéria-Prima, Máquina, Mão de Obra,

Medida, Método e Meio Ambiente. O Diagrama de Causa e Efeito proporciona

ao gerente melhor entendimento de que ele tem autoridade sobre as causas e

responsabilidade sobre os efeitos (resultados) de um processo. É também

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conhecido como Diagrama de Espinha de Peixe e é uma das Sete Ferramentas

da Qualidade.

Diagrama de Causa e Efeito – Ishikawa.

Ishikawa tem 10 princípios identificados em seus trabalhos e relacionados em

Brocka [92]:

1. qualidade começa e acaba com educação.[D6,D13]

2. o primeiro passo em qualidade é conhecer os requisitos dos clientes.

3. o estágio ideal do controle de qualidade é a dispensa da inspeção.[D3]

4. remover a causa e não os sintomas.[D5]

5. controle da qualidade é responsabilidade de todos.[D2,D6,D8,D9,D13]

6. não confundir metas com meios.[D10,D11]

7. qualidade em primeiro lugar e visão a longo prazo.[D1.D2]

8. marketing é a entrada e a saída da qualidade.[D2,D5,D6,D7,D12,D13,D14]

9. os altos escalões devem ser receptivos aos comentários e sugestões.

[D5,D7,D8]

10. 95% dos problemas podem ser resolvidos com as 7 ferramentas do

CQ.[D3,D5,D6,D13]

11. dados sem dispersão são falsos.[D6,D13]

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Ishikawa também não se refere ao princípio 4 de Deming - não negociar

apenas com base no preço. Entretanto, o desenvolvimento de parcerias com

sub-fornecedores é característica muito forte do sistema de produção japonês.

FNPQ

A Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (FNPQ), em FNPQ [94],

com base no Malcolm Baldridge National Quality Award, propõe os seguintes

10 princípios sobre os quais estabelece suas categorias de avaliação. Para

cada princípio a Fundação divulga uma interpretação que aqui é sintetizada.

1) Qualidade centrada no cliente. A qualidade é julgada pelo cliente. Todos os

atributos de produtos e serviços que têm valor para o cliente, elevam sua

satisfação e determinam sua preferência devem constituir o fundamento do

sistema da qualidade da empresa. Qualidade centrada no cliente é um conceito

estratégico voltado para a retenção do cliente e a conquista de novas fatias do

mercado. Demanda sensibilidade constante e resposta rápida e flexível em

relação a novas exigências dos clientes e do mercado, definição dos fatores

que determinam valor, satisfação e preferência do cliente e percepção da

evolução tecnológica. Aqui vale a mesma ressalva feita quando apresentados

os passos de Falconi.

2) Liderança. A alta direção é responsável por uma política orientada para os

clientes,criando valores claros e elevando as expectativas quanto à qualidade.

A alta direção deve se empenhar em promover o crescimento e

desenvolvimento de toda a força de trabalho,estimulando a participação e a

criatividade de todos os funcionários. Através do envolvimento pessoal e

regular em todas as atividades da empresa, a alta direção deve servir de

modelo,reforçar os valores e encorajar a liderança em todos os níveis de

gestão.[D7]

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3) Melhoria contínua. A expressão refere-se tanto às melhorias incrementais

quanto às revolucionárias. A focalização na melhoria deve fazer parte de todas

as operações e de todos os setores da companhia. Atingir os mais altos níveis

de qualidade e competitividade requer um enfoque bem definido e bem

executado para a melhoria contínua. O processo de melhoria deve incluir ciclos

regulares de planejamento, execução e avaliação, o que requer uma base -

preferencialmente quantitativa - para avaliar o progresso alcançado e fornecer

informações a futuros ciclos de melhoria. As melhorias podem ser de vários

tipos:

• aumento do valor para o cliente através de produtos e serviços novos e

melhorados

• redução de erros, defeitos e desperdícios;

• mais rapidez de resposta e redução dos tempos de ciclo do negócio;

• aumento da produtividade e eficácia no uso de todos os recursos;

• melhoria de desempenho e da posição de liderança no cumprimento de

suas responsabilidades públicas.[D5,D14]

4) participação e desenvolvimento dos funcionários. O êxito das empresas na

realização dos seus objetivos de qualidade e desempenho depende cada vez

mais da qualidade e do envolvimento da força de trabalho. Parece haver um

vínculo estreito entre a satisfação do funcionário e a satisfação do cliente. Em

função disso, fatores orientados para a segurança,saúde, bem-estar e moral

dos funcionários devem ser parte dos objetivos de melhoria contínua da

empresa. Outras iniciativas importantes são a participação dos funcionários

não só na solução de problemas e no processo decisório quanto, entre outros,

nos processos de planejamento estratégico, normalização, definição de

necessidades de treinamento e melhoria contínua. [D6,D7,D8,D9,D12,D13]

5) Resposta rápida. Os níveis de competição exigem ciclos cada vez menores

para a introdução de novos produtos e serviços no mercado. Além disso,

respostas mais rápidas e flexíveis são requisitos essenciais do processo de

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atendimento aos clientes. Processos e etapas de trabalho devem ser

simplificadas. Os tempos de execução são indicadores chave. Aqui também

vale dizer que Deming não explicitou essa exigência dos mercados de hoje.

6) Qualidade no projeto e prevenção de problemas. Valorizar a qualidade do

projeto. Embutir qualidade nos processos de produção de serviços e produtos.

Concentrar ações de melhoria contínua e correção nos primeiros estágios dos

processos. Os custos de prevenção de problemas no estágio de projeto são

muito mais baixos do que os custos ligados à correção de problemas no

estágio final de produção e entrega. [D2,D3,D5]

7) Perspectivas de longo prazo. Conquistar a liderança em qualidade requer

orientação voltada para o futuro e disposição para assumir compromissos de

longo prazo com os clientes,funcionários, acionistas, fornecedores e a

comunidade. O planejamento deve determinar ou antecipar as mudanças,

inclusive fatores que possam afetar as expectativas dos clientes e da

comunidade, mudanças na legislação ou pressões da concorrência. Os planos,

estratégia e alocação de recursos devem refletir esses compromissos e

mudanças.[D1,D5]

8) Gestão baseada em fatos. A realização das metas de melhoria da qualidade

e do desempenho das empresas requer que a gestão dos processos baseie-se

em dados, informações e análise confiáveis. Os fatos, dados e informações

necessários à avaliação e melhoria da qualidade são de muitos tipos,

relacionando-se aos clientes, ao desempenho de produtos e serviços, às

operações, ao mercado, às comparações de competitividade, aos

fornecedores, aos funcionários, e aos aspectos financeiros e de custo. [D3]

9) Desenvolvimento de parcerias. As parcerias podem ser internas ou externas.

As internas se referem à cooperação entre direção e funcionários, entre

departamentos. As externas incluem ligações estreitas com clientes e

fornecedores e com organizações educacionais. Nesse último tipo tem realce

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as alianças estratégicas que oferecem ingresso em novos mercados ou base

para novos produtos ou serviços. As parcerias devem desenvolver objetivos de

longo prazo.[D7,D8,D9]

10) Responsabilidade pública e espírito comunitário. A responsabilidade pública

empresarial refere-se às expectativas básicas da empresa ética de negócios,

segurança e saúde pública e proteção ambiental. A promoção do espírito

comunitário empresarial refere-se à liderança e ao apoio - dentro dos limites

razoáveis dos recursos da empresa - a propósitos de educação, conservação

de recursos naturais, serviços comunitários, promoção da cultura, do esporte e

do lazer. Preocupação mais recente da sociedade, não tem, pelo menos

explicitamente, correspondente nos princípios de Deming.

O prêmio Malcolm e, por via de conseqüência, a FNPQ, introduz conceitos

importantes de foco no cliente, resposta rápida, responsabilidade pública e

espírito comunitário. Provavelmente, é um reflexo das modificações sociais das

últimas décadas. Por outro lado,como a maioria dos autores já citados, deixam

de lado os princípios 4, 10 e 11.

1.5 - O que é Qualidade Total ?

A Qualidade Total é um conceito, uma filosofia, uma estratégia, um modelo de

fazer negócios tendo como principal objetivo a satisfação do cliente final. A

Qualidade Total não só se refere ao produto ou serviço em si, mas sim, é a

melhoria permanente do aspecto organizacional, gerencial; tomando uma

empresa como uma máquina gigantesca, onde cada colaborador, desde os

gerentes até os funcionários do mais baixo nível hierárquico estão

comprometidos com os objetivos estratégicos empresariais.

Para que a Qualidade Total alcance a plenitude, é necessário que sejam

resgatados os valores morais básicos da sociedade e é aqui que o empresário

desempenha um papel fundamental, começando pela educação prévia de seus

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colaboradores para conseguir formar equipes de trabalho mais coesas,

predispostas, com melhor capacidade de assimilar os problemas de qualidade,

melhor critério para sugerir mudanças em prol da qualidade, melhor

capacidade de análise, observação e entendimento dos processos internos e

externos da organização.

O uso da Qualidade Total proporciona inúmeras vantagens, dentre as quais

podemos citar algumas a título de exemplo:

- A qualidade é potencialmente alcançável caso haja interesse da alta

direção;

- Melhoria de relacionamento entre os colaboradores e a alta direção;

- Possibilidade de redução de custos e aumento de produtividade.

A reengenharia e conjunto com a Qualidade Total pode levar a empresa a

estreitar laços com seus clientes e assim, converter-se em uma organização

mais ampla. Uma das estruturas mais interessantes que temos na atualidade é

a formação de redes, que é uma forma de se organizar uma empresa e que

hoje em dia demonstra grande potencial de crescimento e vantagem

competitiva. A Qualidade Total é um sistema de gestão da qualidade que

engloba todas as atividades e todas as realizações da empresa, dando ênfase

especial ao cliente e à melhoria contínua.

1.6 - Origem da técnica da Qualidade Total

Como já sabemos, os Japoneses foram os pioneiros da técnica de Qualidade

Total. A II Guerra Mundial deixou a economia Japonesa em uma situação

catastrófica, causando o sucateamento de suas indústrias, com produtos pouco

competitivos e sem nenhum espaço nos mercados internacionais. Porém, os

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Japoneses não tardaram a reagir: lançaram-se ao mercado graças à adoção da

filosofia e dos sistemas da qualidade e os resultados foram um espetacular

registro de crescimento e recuperação da sua economia, levando o “milagre

Japonês” a perdurar até os dias de hoje com a comprovada qualidade e

competitividade de seus produtos e serviços. A iniciativa Japonesa logo se

propagou a outros cantos do planeta. Os países europeus, também duramente

atingidos pelos efeitos da guerra, demoraram uma pouco mais a reagir, mas os

anos 80 foram de impulso definitivo para o seu salto da qualidade e

crescimento econômico.

Em 1988 nasce a EFQM (European Foundation for Quality Management),

organização que aposta nos modelos de GQT ou TQM (Gestão da Qualidade

Total), estratégias direcionadas a otimização de recursos, redução de custos e

melhoria dos resultados, com o objetivo de aprimorar constantemente o

processo produtivo. A implantação da Qualidade Total é um processo longo e

complexo e pressupõe uma mudança de filosofia da empresa, seus modos de

gestão de suas responsabilidades, onde se devem escolher problemas

concretos, analisá-los nos pontos onde a organização está falhando e agir em

busca de sua melhoria.

Os princípios da Gestão da Qualidade Total são fáceis de compreender, porém

difíceis de se assimilar. O sistema parte em busca da satisfação do cliente em

todos os seus aspectos e o primeira passo é a busca pela qualidade dos

produtos ou serviços. Mas, Deve-se deixar claro que os produtos ou serviços

não serão o ponto principal da qualidade.

Os princípios elementares são os seguintes:

- Pouco vale impor de forma autoritária a melhoria em cada posto de trabalho

de forma isolada;

- A qualidade produz o último link entre o produto/serviço e o cliente;

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A alta direção deve estar convencida da necessidade da qualidade.

1.7 - Evolução do significado da Qualidade Total.

A transformação das organizações e a globalização das economias tem

ocasionado inúmeros problemas e dificuldades nos países em vias de

desenvolvimento, principalmente os da América latina. Explicar como a

Qualidade Total pode transformar-se na chave para o sucesso das

organizações no século XXI e dar ciência a sociedade do porquê da realização

dessa transformação é uma missão complexa. A análise da competitividade

das empresas nos remete ao questionamento de como a incorporação dos

conceitos da Qualidade Total pode afetar as organizações ou como a

Qualidade Total intervém no processo de globalização. A melhoria constante

do pessoal é uma forma de se alcançar a Qualidade Total e uma forma viável e

acessível para que as empresas dos países emergentes preencham o abismo

tecnológico existente entre elas e o restante do mundo competitivo e

desenvolvido.

Para melhorarmos um processo a fim de alcançar a Qualidade Total e sermos

conseqüentemente mais competitivos, é necessário revermos o processo para

fazê-lo mais efetivo, eficiente e adaptável. O quê mudar, depende do enfoque

específico do empresário e do processo. A Qualidade Total é uma ferramenta

de grande importância para mantermos vantagens que nos permitam alcançar

uma posição de destaque no cenário sócio-econômico mundial.

O termo Qualidade Total é bastante utilizado nos meios empresariais, políticos

e sócio-econômicos em geral e a ele se deve a ampliação do marco de

referência de nossos agentes econômicos que passaram de uma atitude

meramente protecionista a um posicionamento estratégico mais aberto,

expansivo e pró-ativo. A vantagem competitiva de uma empresa reside em sua

habilidade, recursos, conhecimento e atributos, e o diferencial que a empresa

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possui diante de seus concorrentes torna possível a obtenção de maior

rentabilidade e aumento de market-share.

O uso desses conceitos supõe uma orientação contínua para o ambiente e

uma postura estratégica por parte das grandes ou pequenas organizações, das

de recente criação ou das maduras, e de modo geral em qualquer organização.

Por outro lado, o conceito de sucesso nos faz pensar na idéia de “excelência”,

ou seja, características de eficiência e eficácia da organização.

O Brasil ainda sofre com os impactos e mudanças causados pela Qualidade

Total mas muitas empresas têm-se adaptado as novas realidades de mercado

e gradativamente estão mudando. Outras foram, inevitavelmente, incorporadas

ou absorvidas por parceiros ou concorrentes para não terem que abreviar sua

vida econômica. A qualidade de produtos e serviços, a competitividade das

redes de distribuição, as relações com a sociedade e o desempenho dos

colaboradores tornaram-se pontos primordiais na luta pelo desenvolvimento e

sobrevivência das organizações no mundo globalizado.

1. 8 - Importância da Qualidade Total.

A Qualidade Total nas organizações deve ser o norteador e o motor da mesma

e qualquer empresa que queira alcançar o sucesso deve apoiar-se nessas

duas palavras. A mensagem da Qualidade Total deve ser propagada em três

direções que são complementares entre si:

- O colaboradores (trabalhadores);

- Os fornecedores/provedores;

- Os clientes.

Os fundamentos da Qualidade Total são os seguintes:

- O objetivo básico: a competitividade;

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- O trabalho bem feito;

- A melhoria contínua com a colaboração de todos: responsabilidade e

compromisso individual com a qualidade;

- O trabalho em equipe é fundamental para a melhoria contínua;

- Comunicação, informação, participação e reconhecimento;

- Prevenção de erros e eliminação precoce do defeito;

- Fixação de metas de melhoria;

- Busca por resultados;

- Indicadores de gestão;

- Satisfação das necessidades do cliente: qualidade, preço e prazo.

Os obstáculos que impedem o avanço da qualidade podem ser:

- A direção não define o que entende por qualidade;

- Não fazer bem feito, sem que o cliente expresse opinião ou esteja satisfeito;

- “Todos crêem no conceito, poucos em sua importância e menos ainda

os que a praticam.”

1.9 - O Controle da Qualidade Total.

O Controle da Qualidade apresenta-se como uma ferramenta e estratégia para

assegurar a melhoria contínua da qualidade. É uma forma de se garantir a

satisfação dos clientes internos e externos mediante o permanente

monitoramento dos indicadores e constante desenvolvimento da qualidade do

produto ou serviço. É um conceito que envolve a orientação da organização

para a qualidade percebida em seus produtos, serviços, desenvolvimento do

seu pessoal e contribuição ao bem-estar geral. A melhoria contínua

proporcionada pelo Controle da Qualidade é fundamental para as organizações

porque permite a reformulação de processos produtivos e administrativos, o

que faz com que as organizações estejam em constante atualização, tornando-

as mais eficientes e competitivas, forças que a ajudarão a permanecer no

mercado.

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Para a aplicação da melhoria contínua é necessário que exista na organização

uma boa comunicação entre todos os órgãos que a compõe e também os

colaboradores devem estar centrados com os objetivos estratégicos desta,

porque eles são a principal fonte de informações valiosas para levar à diante,

de forma ótima, o processo de melhoria contínua. A definição de uma

estratégia adequada assegura que a organização está fazendo aquilo que deve

ser feito para alcançar seus objetivos. A definição de seu sistema determina se

o que está sendo feito está correto.

A qualidade dos processos é medida pelo grau de adequação destes aos

objetivos de satisfação de seus clientes (internos e externos). Para se alcançar

a melhoria da qualidade dos processos através do Controle da Qualidade

durante as operações podemos lançar mão de uma ferramenta simples, o que

pode ser classificado como ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act), planejar, fazer,

checar e agir :

O ciclo PDCA baseia-se no controle de processos, foi desenvolvido na década

de 20 pelo americano Shewhart, mas foi Deming seu maior divulgador, ficando

mundialmente conhecido ao aplicar nos conceitos de qualidade no Japão

(MILET, 1993; BARRETO, 1999). Neste sentido a análise e medição dos

processos é relevante para a manutenção e melhoria dos mesmos,

contemplando inclusive o planejamento, padronização e a documentação

destes. Abaixo estão descritas as etapas do ciclo PDCA:

Primeira etapa: P (Plan) - Planejamento

Consiste na detecção de um problema ou possibilidade de melhoria, na busca

de suas causas, seleção das causas principais e montagem de um plano de

ação. Nessa etapa, podem ser usadas algumas ferramentas da qualidade

como: Brainstorming, Multivotação, Sistema GUT-CD, Diagrama de Ishikawa,

as Sete Ferramentas para o Planejamento da Qualidade, Modelagem

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Estatística Matemática, Teoria de Amostragem, Simulação, Plano de Ação

5W1H, etc...

A etapa de planejamento deve ser concluída com a elaboração de um

documento contendo o objetivo principal, as metas (sub-objetivos

quantificáveis, com indicadores de desempenho e datas limite - deadlines) e

métodos. Cada meta deve contar com seu método, ou seja, a sequência de

ações para se atingir cada meta. O método deve ser checado pelo sistema

5W2H (o que deve ser feito, quando, como, onde, por que, quem irá fazer,

quanto irá custar). As metas são definidas pela alta administração ou a média

gerência e os métodos pela equipe responsável pela implementação do PDCA.

O processo de negociação de metas e métodos denomina-se Sistema de

Negociação Ringi. O documento elaborado deve ser assinado pela equipe

responsável pela implementação e pela alta administração da empresa.

Segunda Etapa D (Do) – Execução

O sucesso dessa etapa depende do sucesso da etapa anterior, considerando-

se que a eliminação de um erro na etapa de planejamento tem um custo menor

do que a eliminação do mesmo erro na etapa de execução. A execução

consiste em seguir fielmente o plano de ação elaborado na primeira etapa do

Ciclo PDCA.

Terceira Etapa C (Check) – Verificação, Checagem

A checagem é essencial para podermos avaliar o sucesso das etapas

anteriores. Devem ser utilizadas as Sete Ferramentas para o Controle

Estatístico da Qualidade, assim como outras ferramentas estatísticas, como por

exemplo, Análise de Variância, Regressão, técnicas multivariadas (Principal

Component Analysis, MANOVA, Cluster Analysis, Discriminante, Correlações

Canônicas, etc...

Quarta Etapa A (Action) – Agir

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Esta etapa baseia-se no resultado da checagem, pois conclui sobre a

necessidade de ações corretivas (se a checagem detectou algum problema),

preventivas (se não ocorreu nenhum problema, porém, poderia ter ocorrido) ou

de padronização (se tudo ocorreu conforme o planejado e uma nova maneira

de executar determinado processo foi descoberta). A finalização da

implantação de um PDCA dá origem a outro PDCA, ou seja, a quarta etapa

(Action) de um PDCA dará origem à primeira etapa (Plan) do próximo PDCA,

sendo esta a base da melhoria contínua da Gestão pela Qualidade Total. Essa

conexão entre Action-Plan, chama-se de circularidade do PDCA. Os resultados

da implantação dos PDCA's devem ser comunicados para a alta administração

num momento denominado Workshop (prestação de contas). Normalmente

existem datas fixas, mensais, para a realização de workshop, assim como

existe toda uma tecnologia para gerenciar esses eventos. Nas empresas

encontramos vários PDCA's rodando simultaneamente, sendo essa a forma

com que as equipes de trabalho dos diversos setores de uma empresa dão

suporte para a implantação das políticas da alta administração. Esse processo

denomina-se Administração por Políticas.

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Ciclo de Controle do PDCA (Plan, Do, Check e Action)

AÇÃO CORRETIVA PLANEJAR (definir objetivo, meta e método)

DESENVOLVER (treinar e implantar)

CHECAR

ObjetivoObjetivo

MetaMeta

MétodoMétodoPP

DDTreinar

Implantar

CC

AA

O termo qualidade tornou-se uma das palavras chaves das organizações,

alcançando um grau de relevância que iguala e as vezes supera em

determinadas ocasiões o fator preço quanto a importância outorgada por um

possível comprador de um produto ou serviço. As necessidades dos clientes

não são estáticas, e sim, evoluem de forma contínua, isso supõe a permanente

adaptação de todos os processos produtivos e comerciais para esses

necessidades, caso queiramos contar com a fidelização desses clientes.

Gestão da Qualidade é o conjunto de atividades desenvolvidas pela empresa

com o objetivo de se obter lucro mediante a utilização da qualidade como

ferramenta estratégica.

1.10 Tipos de ação da Qualidade Total.

Para alcançarmos a melhoria da qualidade nas organizações podemos

desenvolver um simples processo que nos permita minimizar o erro e atingir

níveis de excelência de desempenho da forma mais racional possível. Os

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passos para esse desenvolvimento podem resumir-se conforme descrito

abaixo:

- Provar a necessidade de melhoria;

- Identificar os projetos concretos de melhoria;

- Organizar-se para a condução dos projetos;

- Preparar-se para diagnosticar ou descobrir as causas;

- Diagnosticar as causas;

- Prover as soluções;

- Provar que a solução é efetiva sob condições de operação;

- Prover um sistema de controle para manter o ganho.

Também, fala-se do Desdobramento da Função Qualidade (DFC), conceito

complexo que provê os meios para se traduzir os anseios dos clientes em

exigências técnicas apropriadas para cada etapa de desenvolvimento e

fabricação do produto ou serviço, ou seja, as atividades necessárias para se

traduzir a voz do cliente nas características do produto final ou serviço. Para se

alcançar se alcançar tal objetivo existem os seguintes princípios:

- A qualidade começa com a conquista dos clientes;

- Uma organização de qualidade deve aprender a escutar seus clientes e

ajudá-los a identificar e articular suas necessidades.

- Uma organização de qualidade conduz seus clientes ao futuro;

- Produtos ou serviços sem vícios e que satisfaçam ao cliente provém de

sistemas bem planejados e que funcionam sem falhas;

- Em uma organização de qualidade a visão, os valores, sistemas e

processos devem ser consistentes e complementares entre si;

- Todos em uma organização de qualidade, diretores, gerentes, supervisores

e operários devem trabalhar em conjunto;

- O trabalho em equipe em uma organização de qualidade deve estar

comprometido com o cliente e com a melhoria contínua;

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- Em uma organização de qualidade cada um deve conhecer bem o seu

papel;

- A organização de qualidade usa o método científico para planejar o

trabalho, resolver problemas, tomar decisões e alcançar a melhoria;

- A organização de qualidade desenvolve uma sociedade com seus

fornecedores/provedores;

- A cultura de uma organização de qualidade sustenta e nutre os esforços de

melhoria de cada grupo ou indivíduo.

Para que produtos ou serviços de uma organização obtenham êxito, eles

devem cumprir determinados requisitos dentre os quais podemos citar:

- Suprir uma necessidade concreta;

- Satisfazer ou superar as expectativas do cliente;

- Cumprir especificações e normas;

- Cumprir os requisitos legais aplicáveis;

Capítulo 2

O Suporte Competitivo Esse capítulo fala a respeito do cenário empresarial competitivo e de

estratégias dais quais uma organização pode lançar mão para sobreviver no

mercado e de como a incorporação dos princípios da Qualidade Total pode

auxiliá-la nesse sentido. Aborda a influência dos parceiros ou fornecedores na

busca pela qualidade e de como escolhê-los adequadamente.

2.1 - A competitividade e a estratégia empresarial

A competitividade não é produto do acaso nem surge espontaneamente; se

alcança por meio de um longo processo de aprendizagem e negociação por

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grupos coletivos representativos que configuram a dinâmica de conduta

organizacional, tais como os acionistas, diretores, colaboradores, credores,

clientes, mercado e por último, o governo e a sociedade em geral.

Uma organização que desejar manter o nível de competitividade a longo prazo,

qualquer que seja o ramo de atividade, deve utilizar procedimentos de análise

de decisões alinhados com o seu planejamento estratégico. A função desse

processo é sistematizar e coordenar todos os esforços das unidades que

integram a organização, destinados a maximizar a eficiência global.

Para explicar melhor esse conceito, consideremos os níveis de competitividade

interna e externa. A competitividade interna refere-se a capacidade da

organização em alcançar o máximo rendimento de seus recursos disponíveis,

tais como pessoal, capital, materiais, idéias e seus processos de

transformação. Quando falamos de competitividade interna nos vem a idéia de

que a empresa deve competir contra si mesma para expressar seu esforço

contínuo de superação.

A competitividade externa está orientada as realizações da organização no

contexto de mercado ou setor a que pertence. A empresa deve considerar

variáveis exógenas, tais como o grau de inovação, o grau de satisfação de

seus clientes, o dinamismo da indústria e a estabilidade econômica, para

estimular sua competitividade a longo prazo. Uma vez alcançado o nível de

competitividade externa ideal, a organização deverá preparar-se para manter a

competitividade futura, baseada na geração de novas idéias, produtos ou

serviços, para buscar novas oportunidades de mercado.

2.2 - Como estimular a competitividade

O estímulo necessário para que uma empresa nacional ou transnacional seja

mais competitiva é resultado de uma política fomentada por ações que

produzam as condições para a estabilidade necessária ao seu crescimento, o

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que requer a construção de uma base sólida, capaz de integrar cooperação e

responsabilidade.

Um requisito para que um país seja competitivo é que o estado deveria incluir

em sua política de governo as condições necessárias para se garantir a

atividade comercial e incentivos que permitam o desenvolvimento sustentado

das organizações. Para isso, algumas ações de esforço competitivo deveriam

ser levadas em consideração:

- A estrutura da indústria;

- A estratégia das instituições;

- A competição entre empresas;

- As condições e os fatores que influenciam a demanda;

- Transparência e regras claras a serem respeitadas dentro de um ambiente

onde as finanças estejam em ordem;

- Estabelecimento de regras tributárias adequadas;

- Implantação de uma política macroeconômica que permita a inversão de

capitais dentro de um cenário econômico onde inexista intervenção na

regulamentação dos preços (preços devem variar de acordo com a curva de

oferta e demanda).

- Planos de reestruturação da educação de modo que o setor educativo seja

preparado para atender as necessidades reais do setor produtivo.

- Favorecimento do setor de educação pública de base, para que as novas

organizações contem com mão-de-obra qualificada e preparada para lidar com

novas tecnologias.

2.3 - Vantagens e desvantagens de se incorporar a

competitividade

A melhoria contínua aplicada regularmente permite que as organizações

possam integrar as novas tecnologias aos diversos processos existentes para

estimular a competitividade, o que é imprescindível a todas as empresas.

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Qualquer organização deveria aplicar as diferentes técnicas de gestão

existentes e é importante que se inclua nesse contexto a melhoria contínua em

busca da incorporação da competitividade.

Vantagens:

- Concentração de esforços em ambientes organizacionais e em

procedimentos competitivos;

- Obtenção de melhorias a curto prazo e resultados visíveis;

- A redução de defeitos ou falhas propicia a redução de custos devido a

racionalização da utilização dos recursos da organização ou “queima” de

etapas dos processos.

- Incremento da produtividade e direcionamento da organização para a

competitividade, o que é vital para a sobrevivência no cenário atual;

- Contribui para a adaptação dos processos e para avanços tecnológicos;

- Permite a eliminação de processos repetitivos e de pouca ou nenhuma

importância, evitando desperdícios desnecessários.

- Desvantagens:

- Quando a melhoria é concentrada em uma única área específica da

organização, perde-se a perspectiva de interatividade que deve existir entre

todos os membros da organização;

- Requer uma mudança de toda a organização, já que para se obter sucesso

é necessária a participação de todos os atores e de todos os níveis

hierárquicos;

- Devido ao habitual conservadorismo da gerência em pequenas e médias

empresas, a melhoria contínua torna-se um processo muito longo;

- São necessários muito investimentos.

2.4 - A estratégia competitiva

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Competitividade significa um benefício sustentável para seu negócio e é

resultante de uma melhoria da qualidade constante dos processos

organizacionais e de inovações. A competitividade está diretamente

relacionada com a produtividade: para serem produtivos, os processos, os

investimentos de capital e os recursos humanos devem estar completamente

integrados e devem ser tratados com igual importância. É fundamental que a

alta direção assuma o papel da definição e da redação de cada uma das

diretrizes da empresa, relacionadas diretamente com a qualidade e a melhoria

contínua.

O papel da alta direção é dar ciência e comunicar por escrito as devidas

diretrizes de maneira clara e precisa e delegar a responsabilidade

correspondente a cada um de seus gerentes com o objetivo de cumprir com

todas as políticas estabelecidas pela organização. Em determinadas ocasiões,

a melhoria da qualidade requer importantes modificações das práticas em

vigor.

Logo que a organização adquire o compromisso de implantação do processo

de melhoria, faz-se necessário empreender uma pesquisa de sondagem

relativa as opiniões dos gerentes e colaboradores. O principal propósito dessa

pesquisa é estabelecer o ponto de partida do processo e facilitar a identificação

das oportunidades de melhoria. Além disso, funciona como canal de

comunicação entre os colaboradores e gerentes, permitindo que a alta direção

pense e tome decisões com maior sensibilidade e consciência do que ocorre

no dia-a-dia da organização.

A pesquisa de opiniões deve ser realizada cuidadosamente e deverá ser

repetida tantas vezes quanto forem necessárias, para assim, apontar as

medidas de tendência central. As perguntas que compõem o questionário

dessa pesquisa deverão abordar os seguintes aspectos:

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- Satisfação geral dos colaboradores com a organização

- Descrição do posto de trabalho em si.

- Oportunidades de ascensão.

- O salário.

- A administração (Gerência).

- Assessoria recebida e avaliação da chefia imediata.

- Produtividade e qualidade.

- Desenvolvimento profissional.

- Atenção recebida aos problemas pessoais.

- Pacote de benefícios proporcionados pela organização.

- Ambiente de trabalho.

Para que os resultados obtidos com a pesquisa sejam válidos, é fundamental

que sejam verificados constantemente e deve-se tomar o máximo de cuidado

no momento da análise dos dados coletados, com sua formatação, e na hora

da apresentação da informação e dos resultados obtidos à alta direção.

Para auxiliar na identificação das “áreas problemas”, é necessário que cada

gerente receba um informativo completo das respostas de seus colaboradores.

Esse informativo deverá incluir uma comparação clara entre os números ideais

para a organização e os números obtidos pela função em questão.

Posteriormente, cada gerente deve promover uma reunião com seus

colaboradores a fim de apresentar-lhes os resultados da pesquisa. Essas

reuniões são de importância crucial já que os colaboradores possuem real

interesse em conhecer os resultados gerais e a comparação dos dados de seu

departamento com os demais que formam a organização.

Os resultados oferecem aos gerentes a oportunidade de poderem conhecer os

aspectos mais importantes para seus colaboradores, representando um

excelente meio para a exposição de idéias e sugestões, permitindo demonstrar

a seriedade e a importância dada pela alta direção aos resultados obtidos com

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a pesquisa, promovendo assim um melhor desenvolvimento do trabalho em

equipe e implantação de ações corretivas.

2.5 – Qualidade Total: Manobra chave para a competitividade.

O mundo convive na atualidade com um processo acelerado de mudanças e de

competitividade global entre economias mundiais, desencadeado pelo advento

da globalização, marco que tornou necessária uma ampla mudança de visão

na gestão das organizações. Nessa etapa de mudanças, as organizações tem

buscado obsessivamente elevar índices de produtividade, alcançar maior

eficiência e ofertar serviços de qualidade o que obriga aos gerentes a adotarem

modelos de gestão participativa, tomando como base central o elemento

humano, desenvolvendo o trabalho em equipe para alcançar a competitividade

e responder de maneira satisfatória à crescente demanda por produtos de

qualidade ótima e serviços dos mais variados níveis, cada vez mais eficientes,

e ao menor custo possível. Para entendermos o conceito da Qualidade Total ,

podemos fazê-lo por meio dos tão falados “paradigmas”. Paradigma significa

modelo, teoria, percepção, presunção ou ponto de referência que engloba um

conjunto de normas e regras que estabelecem parâmetros e sugerem como

resolvermos problemas inseridos nesse contexto. Um paradigma pode ser

comparado a um filtro ou lente através da qual vemos o mundo tanto no plano

visual como nos planos perpétuo, compreensivo e interpretativo.

O aumento da competitividade desencadeado pela globalização impulsionou

significativas mudanças nas atividades organizacionais atuais, onde

profissionais e empresas vêem-se diante de uma realidade cada vez mais

complexa, tendo que se preocupar constantemente com os trade offs : Custo x

Qualidade, Serviços x Flexibilidade, Volume x Lucro.

Problemas relacionados ao escoamento de produtos, distribuição, localização

estratégica de estoques, entre outros, geram a necessidade de um minucioso

planejamento de fluxos combinados com a redução de riscos. As operações

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nesse contexto, devem ser gerenciadas, otimizadas e avaliadas

continuamente.

Essa nova realidade vem acompanhada da necessidade de satisfazer o

crescente nível de serviço, desejado por clientes cada vez mais exigentes,

tendo, além disso, que se trabalhar com menores margens de lucro, estoques

cada vez mais “enxutos”, por vezes inexistentes, e cumprimentos de prazos

cada vez mais apertados, tornando-se comuns, práticas como Just in Time e

postergação, tendo-se que conviver em contrapartida com a possibilidade de

Stock Out. Desse modo, a incorporação do conceito de Qualidade Total nas

organizações e a adoção de sua prática pode ser encarada como um

diferencial estratégico em um ambiente empresarial hostil e cada vez mais

competitivo.

2.6 – Influência dos parceiros na busca pela qualidade.

Para se alcançar a Gestão pela Qualidade Total torna-se essencial que a

organização escolha, conheça e entenda seus parceiros, a influência que eles

exercem no ambiente empresarial e a dinâmica da relação de troca

proporcionada pela parceria estabelecida após sua escolha. Cada parceiro

interage e exerce uma influência na organização que deve ser identificada e

analisada continuamente pela mesma.

Uma vez selecionado o parceiro e antes que se assinem quaisquer contratos,

principalmente os de grande volume e freqüência regular, este deve satisfazer

uma série de critérios de qualificação de seu produto ou serviço. Esses critérios

podem variar muito e a complexidade do processo de qualificação depende de

determinados fatores tais como: complexidade do produto ou serviço ofertado e

seu valor agregado; novas tecnologias empregadas; importância que o produto

ou serviço tem para o cliente; adequação do produto ou serviço às normas

ambientais, etc...

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Existem relatórios sobre qualidade dos parceiros que possibilitam aos clientes,

cercarem-se de todos os cuidados necessários para assegurar-se de que os

mesmos recebam um fluxo contínuo de informações oportunas, claras e

coerentes sobre seu desempenho. Esses relatórios devem ser redigidos com a

máxima fidelidade de descrição possível das informações quanto aos defeitos e

não conformidades presentes nos produtos ou serviços. Para auxiliar o parceiro

quanto a tomada de decisão para alguma ação corretiva é indispensável

mantê-lo constantemente informado, por exemplo, quanto ao número de

embarques, quantidades e volumes exatos envolvidos, datas e prazos e a

descrição precisa dos defeitos ou avarias. É importante também que o cliente

estabeleça um vínculo claro entre os relatórios e os registros internos que

contêm dados como o nome do inspetor que apontou o problema ou fez as

primeiras medições, o instrumental utilizado, o método de inspeção empregado

e a disposição final das partes. Essas informações detalhadas e devidamente

arquivadas podem ser muito úteis em casos de resolução de problemas

reincidentes, acompanhamento de desempenho de um parceiro a longo prazo

e monitoramento de problemas de rendimento das atividades em campo.

A qualidade é apenas um dos três requisitos de avaliação de desempenho dos

parceiros. Os outros dois são entregas e custos e existem atualmente muitos

métodos de se medir um índice geral de desempenho dos parceiros

simplesmente atribuindo-se pesos diferentes aos três elementos de

desempenho citados. No passado, os índices de qualidade baseavam-se

freqüentemente em indicadores numéricos simples de aceitação de lotes. Hoje,

é de suma importância que os índices de qualidade do parceiro reflitam

questões muito mais abrangentes e relativas à qualidade intrínseca do produto

ou serviço e passem a tratar de qualquer problema que venha a surgir entre as

partes antes e depois da aceitação contratual. Os indicadores de qualidade

acompanham o produto ou serviço desde a sua concepção até a sua entrega

ao cliente final sendo constantemente monitorados pelos atores envolvidos no

processo.

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Entre os problemas mais freqüentes que podemos encontrar ao

desenvolvermos um sistema de qualificação é que os dados necessários ao

seu desenvolvimento encontram-se freqüentemente pulverizados em vários

setores, departamentos e até mesmo em diferentes filiais de uma organização,

situação que deve ser corrigida antes de mais nada para que se possa

alcançar objetivos mais eficazes e que reflitam o real valor da atuação do

parceiro.

2.7 – Competir humanizando a organização.

As estruturas organizacionais existentes, baseadas na tradicional pirâmide e

nos organogramas verticais tornaram-se obsoletas e já não mais correspondem

à nova dinâmica dos mercados globalizados. Essas estruturas engessadas

causaram ao longo de décadas uma profunda desumanizarão nas organização,

um conceito de trabalho desgastado, extremamente especializado e dividido

entre departamentos e criaram controles altamente burocráticos, lentos e

intermináveis e a conseqüente deterioração do ambiente de trabalho.

O novo pensamento empresarial baseia-se no desenvolvimento do indivíduo,

na estruturação e na sistematização do capital intelectual como ponto de

sustentação das organizações do futuro. Administrar utilizando os ativos do

conhecimento nos leva de encontro a uma mudança radical e profunda na

administração tradicional das organizações e no conceito do trabalho em sua

essência.

Nesse novo ambiente, o conceito da qualidade tem evoluído ao longo do tempo

e tem-se adaptado as contínuas mudanças no meio ambiente empresarial. Em

suas origens, a qualidade por inspeção baseou-se na detecção de erros

presentes nos produtos acabados que eram ofertados no mercado, mais tarde,

a qualidade evoluiu para assegurar a excel~encia dos processos produtivos e

assim evitar possíveis defeitos antes mesmo da criação do produto final. Com a

chegada dos conceitos da Qualidade Total, o termo qualidade deixou de ser

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uma simples ferramenta de controle e converteu-se em estratégia empresarial

voltada para o cliente como foco principal das ações da organização e que

deve ser constantemente satisfeito em todos os aspectos, visando sua

fidelização.

A melhoria contínua da qualidade guia os esforços de todo o pessoal para a

excelência na realização das atividades necessárias para se agregar valor para

o cliente final. Com a reengenharia dos processos, a qualidade passou de uma

estratégia de negócios a uma base sólida e necessária para a reestruturação

das organizações. A nova geração de processos de qualidade baseada no

rearranjo organizacional, a valorização do capital intelectual e o novo enfoque

humanístico das lideranças hoje podem agregar valor para o cliente via

conhecimento e inteligência.

Capítulo 3

Círculos da Qualidade Nesse capítulo será feita uma abordagem a respeito dos círculos da qualidade,

que podem ser aplicados como ferramenta de busca para a melhoria contínua

dos diversos processos que compõem as organizações, como forma de

integração intra-departamental, e como fator de melhoria do relacionamento

humano entre os colaboradores de todos os níveis hieráquicos.

3.1 – Definição de Círculos da Qualidade.

Circulo da Qualidade é um pequeno grupo de colaboradores que realizam um

trabalho igual ou similar em uma área de trabalho comum e que trabalham para

o mesmo supervisor, reúnem-se voluntária e periodicamente e são treinados

para identificar, selecionar e analisar problemas e as possibilidades de

melhorias relacionadas com seu trabalho, recomendar soluções, apresentá-las

à direção e se esta as aprovar, levar adiante sua implementação.

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Os círculos da qualidade são um instrumento utilizado pela direção quando sua

filosofia é participativa e crê no conceito da Qualidade Total, o que contribui

com que a qualidade seja melhorada ininterruptamente no local de trabalho. O

círculos da qualidade são grupos que se reúnem voluntariamente de modo

regular com a finalidade de identificar e resolver os problemas relacionados

com o trabalho e implantar as soluções oportunas com o devido conhecimento

da direção. Funcionam em um contexto cultural no qual o conceito de empresa

obedeça a interesses econômicos e sociais que levem em conta a capacidade

criativa humana e a possibilidade do indivíduo em participar dos objetivos

comuns ao grupo.

Os círculos da qualidade nasceram no Japão depois da II Guerra Mundial e ao

final desta, o Japão deparou-se com a realidade de que seus produtos eram

conhecidos mundialmente como sendo de baixo preço e de baixíssima

qualidade e entre 1955-1960, começou a aplicar de forma sistemática o

controle da qualidade em duas linhas distintas de pesquisa e trabalho: A gestão

da qualidade no âmbito empresarial e os círculos da qualidade.

Portanto, a introdução dos círculos da qualidade veio como parte integrante de

um processo de evolução natural. Em 1988, já existiam no Japão mais de um

milhão de círculos da qualidade nos quais atuavam mais de 10 milhões de

trabalhadores. A partir daí os círculos da qualidade foram introduzidos

gradativamente em outros países. Nos EUA o primeiro circulo da qualidade foi

criado em 1973 e na Europa a partir de 1978.

O estudo da viabilidade de implantação de um programa de círculos da

qualidade embasa-se na suposição de que os círculos da qualidade não são

adequados para qualquer organização e portanto, para reduzir o risco do

fracasso é necessário avaliar a compatibilidade da organização com a técnica

proposta.

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Suponhamos um método para avaliar a receptividade da organização

baseando-se em três níveis:

- Nível de Manutenção: Refere-se ao grau de satisfação da direção com a

forma que a organização opera atualmente. Uma organização em crise

aceita a mudança como esforço para se encontrar uma solução para seus

problemas, enquanto que nas organizações sadias é mais provável que

haja resistência aos esforços de mudança ocasionados pelos círculos da

qualidade.

- Nível Sinérgico: Busca medir a condição que existe quando os indivíduos

encontram formas de se trabalhar em harmonia. As atitudes organizacionais

positivas e a existência de grupos de trabalho harmônicos facilitarão a

mudança.

- Nível Ambiental: Refere-se à influência exercida pelas forças externas à

organização. Quanto maiores forem as pressões ambientais exercidas por

agentes externos, maior é a probabilidade de mudança.

Os pontos centrais dos círculos da qualidade são:

- A qualidade, o que pode ser considerado como o grande objetivo dos

círculos e, estando as organizações inseridas em mercados cada vez mais

competitivos onde os clientes estão cada vez mais exigentes com um nível

intelectual cada vez mais elevado faz com que a qualidade seja a

preocupação central para grande parte das empresas;

- A produtividade. Os círculos da qualidade podem colaborar para o aumento

da produtividade em todos os níveis organizacionais auxiliando na

administração e na correta aplicação dos recursos disponíveis na empresa;

- A melhoria dos custos; o conhecimento dos custos envolvidos em todos os

processos evita a má administração e o desperdício de recursos que podem

ser vitais para a organização. Os círculos da qualidade podem colaborar

decisivamente para a otimização de custos administrativos, comerciais,

logísticos, etc...

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- A motivação. Graças aos círculos da qualidade pode-se conseguir motivar

os colaboradores de forma constante, oferecendo-lhes oportunidades de

participação nos objetivos estratégicos da organização e fazer com eles

sintam-se valorizados dentro de seu ambiente de trabalho.

- A integração. Os círculos da qualidade facilitam a ruptura dos

departamentos fechados e isolados fazendo com que seus integrantes

passem a conhecer o trabalho dos demais e compreendam melhor suas

necessidades e problemas.

- A reorganização. Os círculos da qualidade são recomendados como

ferramenta de estudo dos processos internos e quando a reorganização do

trabalho pode ser aplicada de forma planejada sem a necessidade de

tomada de decisões drásticas e urgentes.

3.2 – Características dos círculos da qualidade.

Algumas das características mais marcantes dos círculos da qualidade são as

seguintes:

- A participação nos círculos da qualidade é voluntária;

- São grupos pequenos, de 4 a 6 pessoas em empresas pequenas, de 6 a 10

em empresas médias e de 8 a 12 em empresas grandes;

- Os membros do círculo da qualidade realizam o mesmo trabalho ou

trabalhos logicamente relacionados e formam uma equipe que tem objetivos

comuns;

- Os círculos da qualidade se reúnem periodicamente para analisar e resolver

problemas que eles mesmos detectam no dia-a-dia ou que lhe são

propostos pela chefia;

- Cada círculo da qualidade tem um chefe que é responsável pelo

funcionamento do círculo. Diz-se chefe, em geral, um supervisor que recebe

formação especial relativa as atividades do círculo;

- A direção estabelece os objetivos, política e pautas das atividades dos

círculos da qualidade, e mantém o sistema dos círculos mediante os

recursos adequados e o interesses estratégicos da organização;

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- Cada integrante do programa de círculos da qualidade recebe formação ou

informação de acordo com o grau de participação que tenha no sistema;

- Devem participar diferentes categorias de colaboradores;

- O círculo da qualidade não tem relação hierárquica de autoridade e

dependência, nele os membros são iguais;

- O objetivo é o desejo mútuo de se melhorar os processos, resolvendo os

problemas comuns;

- O líder é eleito pelos membros e pode ser substituído segundo decisão do

grupo;

Em relação aos membros do grupo, é normal que haja mais voluntários do que

o necessário e nestes casos deve-se estabelecer uma lista de espera que será

seguida em ordem rigorosa de espera, para que todos os interessados possam

participar. As primeiras reuniões são dedicadas a preparar todos os membros

nos moldes de trabalho dos círculos de qualidade , dando ênfase ao caráter

participativo de todos os membros. Não é o trabalho diferenciado de um único

indivíduo que deve se destacar, mas sim o esforço conjunto de toda a equipe.

Devido a possível falta de homogeneidade do grupo e para os que ainda não

estão ambientados, deve-se iniciar com programas simples que facilitem a

familiaridade dos membros com as técnicas e o ambiente novo do círculo.

As principais técnicas básicas utilizadas nos círculos da qualidade são: - “Brainstorming” ou geração de idéias espontâneas. Esta é uma técnica

onde procura-se que os participantes dêem o máximo número possível de

idéias sobre um tema proposto, não importando a qualidade das mesmas,

e sim sua quantidade, procurando identificar idéias originais e criativas;

- Folha de registro. Este instrumento permite ao círculo organizar a

informação obtida em um formato que pode ser facilmente entendido e

analisado. Na parte esquerda se anotam os elementos, itens,

características ou medidas a observar. A coluna seguinte serve para

tabular, isto é, para fazer um registro da ocorrência de algum fenômeno. A

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última coluna é dedicada a anotação das freqüência total com que cada

fenômeno ocorre.

- Amostragem. Serve para simplificar a atividade ao se trabalhar com uma

amostra representativa, ao invés de todo um conjunto de “n” elementos.

- Técnicas de análise da informação, onde incluímos as tabelas resumidas de

informação, diversos tipos de gráficos (barras, lineares, circulares) e a

análise de pareto com a qual conseguimos obter os dados em um formato

visualmente atrativo.

- Técnicas e análises de problemas, onde se sobressai o diagrama de causa

e efeito.

3.3 - O papel dos círculos da qualidade

Ser membro de um grupo da qualidade é algo estritamente voluntário. O êxito

dos círculos da que qualidade reside no fato de que os empregados os

consideram como um patrimônio seu, e não em algo instituído simplesmente

para manter a direção satisfeita. Os círculos da qualidade nunca devem se

converter em sessões de queixas, em discussões inoportunas sobre injustiças,

nem em sessões de bate-papo. Deve-se almejar sempre a resolução de

problemas e a confecção de planos de ação. Os círculos devem centrar-se em

assuntos práticos e objetivos e deve-se buscar obter resultados concretos

positivos e não simplesmente manter discussões intermináveis.

O papel dos círculos de qualidade é:

- Identificar problemas;

- Selecionar os problemas de maior importância;

- Investigar os problemas;

- Encontrar as soluções;

- Tomar decisões, desde que o círculo esteja autorizado a fazê-lo;

- Fazer uma exposição dos problemas e possíveis soluções ante a direção.

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O ponto principal é o esforço conjunto do grupo para a resolução de problemas,

o que requer a prévia análise do mesmo e a posterior apresentação de

propostas de solução onde muita vezes é necessário recorrer a ajuda externa

caso o grupo não possua os meios necessários para fazê-lo. É muito

importante que o grupo tenha a segurança de que suas idéias e esforços sejam

levados ao conhecimento da direção e de que esta os considere e reconheça

seu valor criativo como benefício para a organização. Em caso de não

aceitação das propostas do circulo da qualidade por parte da direção, esta

deverá explicar claramente o porquê da negativa.

3.4 - Propósitos dos Círculos de Qualidade

Os principais propósitos dos círculos da qualidade estão fundamentados em

contribuir com o desenvolvimento e aperfeiçoamento da organização não

tratando-se unicamente de aumentar o volume de vendas, mas sim de crescer

em qualidade, inovação, produtividade e nível de serviço ao cliente e, crescer

qualitativamente, em definitivo, é a única forma de construir o futuro da

organização sobre bases sólidas.

Os círculos aspiram a garantir que o ambiente de trabalho seja cômodo, rico

em conteúdo e apto para o desenvolvimento da inteligência e da criatividade do

trabalhador e visa aproveitar e potencializar ao máximo todas as capacidades

do indivíduo. O capital humano deve ser considerado como o ativo mais

importante e o patrimônio de maior valor da organização. Suas potencialidades

geralmente provocam um efeito multiplicador na organização cujos resultados

normalmente ultrapassam os cálculos e estimativas mais otimistas. É

conveniente que o grupo se reúna a cada 2 ou 3 semanas e a duração de cada

encontro deve oscilar entre os 45 e 90 minutos aproximadamente, para isso,

deve-se estabelecer previamente uma programação para esses encontros com

o objetivo de se garantir o bom andamento do círculo.

Para se obter o máximo aproveitamento desses encontros o líder deve

observar se os membros selecionados têm experiência profissional suficiente

em suas áreas e se são comunicativos; deve garantir que todos exponham

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suas idéias livremente; reprimir o excesso de conversas paralelas; conseguir

fazer com que os tímidos falem; evitar polêmicas e discussões desde o inicio;

procurar chegar a conclusões ao final e tomar nota de cada sessão.

3.5 - Princípios dos Círculos da Qualidade

A filosofia dos círculos da qualidade consiste nos princípios igualitários da

participação de colaboradores de todos os níveis hierárquicos, na

voluntariedade dessa participação e no interesse e espírito de superação

constante que sensibiliza os participantes para os problemas existentes na

organização e a necessidade de melhoria.

A capacidade para analisar os problemas, identificar suas causas e propor as

soluções oportunas via de regra reside naqueles que executam as atividades

diariamente e é importante que haja reconhecimento entre todos os níveis de

que ninguém conhece melhor uma tarefa, um trabalho ou processo melhor do

que aquele que o realiza cotidianamente. Deve-se acima de tudo respeitar ao

indivíduo, a sua inteligência e liberdade a fim de aproveitar suas

potencialidades e sua capacidade individual através do trabalho em grupo.

Outro aspecto importante que se deve ser levado em consideração é o tempo

das reuniões: aconselha–se que as reuniões sejam em horário de trabalho,

aproveitando os intervalos se possível e normalmente paga-se pelas horas

extras. Quanto a seleção de membros e líderes é essencial a competência

técnica e a simpatia do líder, ou seja, deve ser escolhida uma pessoa

comunicativa, com bom relacionamento no grupo e em outros departamentos

da organização com senso comum, integridade, entusiasmo, equilíbrio e

positivismo. As recompensas e incentivos obtidos com o alcance de resultados

positivos variam de acordo com a cultura de cada organização e vão desde um

simples reconhecimento simbólico até uma premiação monetária. Os gastos de

implantação do programa com os materiais envolvidos na formação, o tempo

despedido com as reuniões bem como as recompensas ofertadas representam

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custos mensuráveis e sua contrapartida são as mudanças positivas de atitudes

e a motivação dos grupos em benefício da organização.

3.6 - Atividades de um Círculo de Qualidade

Fundamentalmente, o círculo da qualidade é um grupo de pessoas empenhado

em identificar, discutir e solucionar problemas existentes nos diversos

processos de uma organização. O processo envolvido na solução de um

problema converte-se em uma seqüência integrada de ações e emprego de

técnicas. Para solucionar os possíveis problemas deve-se passar por uma

etapa de identificação mediante uma listagem gerada pelo grupo e sugere-se

empregar a técnica de “brainstorming” para se obter uma listagem

suficientemente abrangente e que permita ao grupo ter uma visão geral do

estado atual de cada área de trabalho.

Pode-se começar reduzindo a listagem previamente elaborada chegando-se a

um consenso sobre os problemas mais importantes e deve-se clarificar o

problema cuidando para que todos os membros participantes do circulo

compreendam igualmente o significado e implicações do problema selecionado.

Cada membro deve ter a dimensão exata do problema e de onde e quando se

produz para poderem identificar e avaliar suas causas. Deve-se atacar o

problema na origem procurando eliminar a causa que o produza. As possíveis

causas podem ser organizadas em um diagrama de causa e efeito o que

permite visualizar graficamente de que modo e em que área do trabalho elas

podem estar afetando.

Para identificar e apontar as soluções o círculo deve confeccionar uma lista

das melhores idéias que, posteriormente, serão avaliadas pelo grupo em

função de critérios determinados. Tais soluções devem ser propostas de

acordo com todos os dados disponíveis e a partir daí o círculo inicia uma

discussão para chegarem a um consenso sobre qual das soluções parece, em

princípio, a melhor dentre as demais.

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Posteriormente deve-se desenvolver um plano de implementação da solução e

neste plano deve-se explicar como será executada a solução escolhida pelo

circulo. Pode-se então, apresentar o plano de ação para a direção, sendo

recomendável incluir no relatório um cálculo aproximado dos benefícios que se

esperam conseguir com o plano proposto. Se a direção aprovar o plano

apresentado, os membros do círculo tornam-se responsáveis diretos por sua

implementação e pela área de trabalho em questão.

Para avaliar os resultados obtidos com a solução proposta, o círculo coleta e

analisa informações sobre o andamento do plano de implementação da

solução, não tratando-se de medir seus efeitos a curto prazo e sim fazendo o

acompanhamento de seus efeitos a longo prazo. Otimizar os resultados da

solução consiste em prever e se antecipar a ocorrência de problemas em

zonas onde estes ainda não foram observados e não tratando-os de forma

isolada. Ao final de cada ciclo, volta-se a identificar uma nova lista de

problemas, o que dá início a um novo circulo de atividades e o que foi

absorvido de resultados positivos anteriormente pode ser aplicado em outras

áreas da organização.

3.7 – Benefícios dos círculos de qualidade

Os círculos da qualidade produzem nas pessoas um sentimento de satisfação

e podem proporcionar-lhes o reconhecimento de suas realizações por parte da

organização e isto se deve a três principais razões: Passa-se a ter maior

consciência da necessidade de se trabalhar em equipe; aumento da

participação dos indivíduos nos assuntos pertinentes ao sucesso da

organização e melhoria da forma ou modo de realização das atividades diárias

e o conseqüente aumento da qualidade de produtos ou serviços. O fomento do

espírito de equipe mediante os círculos da qualidade podem ter um efeito

extraordinariamente positivo no ambiente de toda a organização.

Ocorre também, uma sensível melhora da comunicação entre os membros do

grupo, o que beneficia a comunicação horizontal entre os círculos dedicados a

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áreas de trabalho distintas e a comunicação vertical entre a alta direção e os

mais baixos níveis do organograma empresarial. O relacionamento inter-

pessoal de colaboradores do mesmo nível tende a ser melhorado já que os

círculos da qualidade tem a capacidade de aproximar pessoas que outrora

distantes entre si passam a discutir diversos assuntos relativos a organização e

também passam a agir em conjunto. Quanto a comunicação vertical, os

círculos da qualidade muitas vezes surpreendem aos diretores ante o

entusiasmo e conhecimento de seus empregados e esses passam a contar

com a oportunidade de aplicar sua capacidade intelectual agregando valor a

suas atividades ou postos de trabalho.

3.8 – Condições para implantação dos círculos da qualidade

Em primeiro lugar deve-se ter o apoio da direção. Quando se implementa

qualquer sistema de comunicação, a cooperação sincera da direção é

fundamental. Ainda que não participe diretamente nos círculos, a direção tem

um papel importante a desempenhar e é preciso convencê-la de que não basta

somente investimento financeiro e dispêndio de tempo, e sim que deve haver

comprometimento pessoal e apoio entusiástico ao programa. A diretoria tem

que estar convencida de que os círculos da qualidade vão produzir efeitos

positivos no ambiente de trabalho da organização e na atitude pró-ativa das

pessoas envolvidas.

Deve-se nomear, formar e determinar as funções do coordenador geral do

circulo da qualidade que pode tornar-se um staff da direção, o que dependerá

do bom andamento e dos resultados obtidos pelo círculo.

Na organização dos círculos da qualidade deve-se formar os líderes de acordo

com a metodologia de cada um e essas pessoas devem ser líderes que se

destaquem dos demais. A sua formação é essencial e consiste em encontrar

modos de preparação dos empregados na identificação de problemas e

ensinar-lhes a organizar suas idéias levando em conta as possíveis

dificuldades técnicas e as alternativas possíveis a fim de por essas idéias em

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prática. Deve-se preparar cada líder para que ele forme e dirija um circulo da

qualidade de seu próprio ramo de atividade.

Outras questões incluídas na formação das lideranças são a capacidade de

conduzir as reuniões de modo eficaz e a melhor maneira de expor os diversos

aspectos envolvidos nos círculos diante da direção de modo que a proposta do

circulo tenha maior probabilidade de ser aceita. Essa preparação deve

compreender uma introdução detalhada aos círculos da qualidade, informação

sobre as técnicas necessárias para organizá-los e exemplos de dificuldades

práticas que possam surgir no momento da implantação do projeto.

A reciclagem técnica das pessoas deve ser contínua e a formação deve

enriquecer o colaborador não só como um simples trabalhador e sim como um

ser humano em sua plenitude, possuidor de valioso conhecimento para a

organização que é uma das necessidades e motivações básicas de todo

indivíduo. A estimulação do trabalho em grupo e o espírito de equipe favorece

uma competição saudável entre os diferentes círculos e isto se traduz em

superação constante tanto de idéias quanto de soluções aportadas.

Conforme falamos, o líder deve ser eleito democraticamente pelo grupo, deve

haver respeito aos colegas de trabalho e os méritos serão sempre coletivos. As

melhorias surgidas como fruto do trabalho dos círculos são patrimônio da

equipe e não de um indivíduo isolado. Na implantação dos círculos da

qualidade deve-se optar por grupos de trabalho reduzidos, já que apresentam

melhores resultados os círculos compostos por poucos indivíduos. As reuniões

devem ser curtas e no horário de trabalho e os horários estipulados devem ser

rigorosamente respeitados por todos. Deve haver reconhecimento explicito e

formal por parte da organização e apoio da alta direção.

Capítulo 4

Guias da Qualidade Total A seguir, falarei um pouco a respeito do principal guru da Qualidade Total,

Edwards Deming, como ele e seus métodos foram importantes para a

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reestruturação econômica do Japão no pós-guerra, descreverei os passos do

ciclo Deming, darei uma breve noção a respeito das normas ISO e finalmente

encerrarei esse estudo com uma abordagem da melhoria contínua e do

conceito Kaizen como ferramentas de gestão da qualidade.

4.1 – Edwards Deming: Um visionário da Qualidade Total

A gestão da qualidade segundo Deming é um sistema de meios para se gerar

economicamente produtos e serviços que satisfaçam os requisitos desejados

pelo cliente. A implementação desse sistema necessita da cooperação e do

comprometimento de todo o pessoal da organização, desde os níveis

gerenciais até o operacional abrangendo todas as áreas. Segundo a ótica de

Deming, a administração da Qualidade Total requer um processo constante

denominado de Melhoria Contínua, onde a perfeição nunca se alcança mas

sempre se busca. A Melhoria Contínua é um processo que descreve muito bem

o que é a essência da qualidade e aponta o que as organizações devem fazer

se quiserem ser competitivas ao longo do tempo.

W. Edwards Deming nasceu em 14 de outubro de 1900 nos EUA, filho de

Albert Deming. Cresceu em Wyoming durante a época em que a irrigação

estava ameaçando o velho oeste e o transporte se fazia por carroças puxadas

por cavalos. No começo do século mudou-se com sua família de Sioux City

para Cody Wyoming e posteriormente se mudaram para a cidade de Powel,

onde se instalaram em um terreno de 16 hectares. O seu pai dedicava-se ao

cultivo enquanto que sua mãe dava aulas de piano.

Os primeiros anos em Powel foram difíceis para a família mas W. Deming

especializou-se na venda de seguros e prestação de serviços jurídicos

auxiliando sua família a seguir em frente. O mais difícil era o incômodo de

viverem em um lugar onde não havia eletricidade nem drenagem. William

Edwards ganhava 25 centavos de dólar com afazeres em um hotel na região e

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também ganhava 10 dólares por mês para acender as luminárias das ruas e

com o tempo e o enfrentamento das dificuldades a situação de sua família foi

melhorado.

Em 1917 W. Deming realizou uma viagem a Caramie para começar seus

estudos na Universidade de Wyoming e nessa cidade conseguiu trabalhos de

porteiro, escavador de neve, trabalhou em uma fábrica de refrigerantes e tocou

flauta no coro da Universidade. No ano de 1921 graduou-se mas decidiu

permanecer mais um ano na Universidade para estudar matemática e física.

Um ano mais tarde passou a ensinar física em uma mina do Colorado

tornando-se mestre em matemática e física. Ali conheceu uma professora

chamada Agnes Bell com que se casou em 1923 e adotaram um filho que

chamou-se Danothy.

Em 1924 foi incentivado por um professor para seguir estudando em Yale onde

recebeu o título de P.h.D em física. No verão trabalhava na planta de

Hawthorne da Western Eletric de Chicago onde 46.000 pessoas fabricavam

aparelhos de telefone em um ambiente de exploração humana e de má

remuneração. Algumas de suas idéias de administração surgiram de usa

experiência em Hawthorne, onde os trabalhadores eram remunerados de

acordo com a quantidade que produziam. O maior interesse de Deming era

estudar o nitrogênio e seus efeitos nas colheitas. Em 1954 rejeitou propostas

de trabalho em empresas privadas.

Sua esposa Agnes morreu em 1930. Dois anos mais tarde Deming casa-se

novamente com Lola Shupe, uma matemática com que teve duas filhas, Diana

em 1934 e Linda em 1942. Quando Deming trabalhava no departamento de

agricultura conheceu a Walter A . Shewhart, perito em estatística que

trabalhava na Bell Telephone Laboratories de Nova York. Nessa época

desenvolveu suas primeiras técnicas de levantamento de processos industriais

o que passou a chamar de “Controle Estatístico”.

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O Dr. Deming foi recrutado pelo comando supremo das forças armadas aliadas

para realizar um censo japonês. O Japão estava em frangalhos após a II

Guerra e quando Deming chegou passavam-se dois anos de ocupação e havia

poucos indícios de recuperação física. Deming tratou de familiarizar-se com a

cultura japonesa e em 1956 escreveu seus métodos de estudo traduzidos para

o japonês.

O Dr. Deming não conhecia o Grupo de União de Cientistas e Engenheiros

Japoneses ( UCEJ) que havia sido organizado para a reconstrução do país e a

situação do Japão era tão caótica que mal conseguia-se produzir alimento

suficiente para toda a população. Era evidente que os Japoneses deveriam

retomar a produção e exportar bens a fim de conseguir dinheiro para a compra

de alimentos, mas por causa da II Guerra o Japão além de perder mercado

encontrava-se com o seu parque industrial completamente desorganizado e

sucateado, o que o Dr. Deming chamava de “herança negativa”.

Os membros da UCEJ, ao conhecerem Deming, ficaram fascinados por seus

conhecimentos e cordialidade bem como pelas teorias de Shewhart e

perceberam que ele poderia ajudar em seus esforços de recupereção. Em

março de 1950, o diretor executivo da UCEJ, Kenichi Koyanagi solicitou ao Dr.

Deming que desse aos pesquisadores, gerentes de produção e engenheiros

japoneses uma série de conferências sobre controle da qualidade, o que foi

aceito e assim o Dr. Deming chega a Tókio em 16 de junho de 1950.

Em 19 de junho ante um grupo de 500 pessoas, Deming realiza a primeira das

doze séries de conferências onde procurava focar sua experiência nos EUA

onde o controle estatístico da qualidade havia amadurecido em um curto

espaço de tempo. Deming incentivava os japoneses a produzir com qualidade

seguindo métodos de pesquisa e fez com que os produtos japoneses

alcançassem padrão de excelência de qualidade. Em agosto de 1950 a câmara

de comércio de Tókio convidou Deming a palestrar seus métodos diante de 50

industriais e em Hakone diante de mais 45. Ao final do verão Deming havia

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chegado a gerência da maioria das grandes companhias japonesas, além de

ensinar técnicas estatísticas a milhares de técnicos.

Para mostrar seu apreço, os japoneses estabeleceram em 1951 o prêmio

Deming, uma medalha de prata que levava gravado o perfil do Dr. Deming que

era concedido a duas categorias: A um indivíduo por seus conhecimentos em

teoria estatística e a Empresas pelas realizações obtidas com a aplicação

estatística. Os japoneses também estavam muito agradecidos ao Dr. Deming

porque ele recebia com calorosa cordialidade a todos os japoneses que

conhecia e trocava francas opiniões como todos. Sua nobre personalidade

impressionou profundamente a todos os que aprenderam com ele e aos que

chegaram a conhecê-lo. A sinceridade e o entusiasmo com que se dedicou a

seus cursos viverão para sempre na memória de todos.

Somente em 1980, trinta anos após de ensinar seus métodos aos japoneses, o

Dr. Deming foi descoberto nos EUA e foi lançado à fama por uma produtora de

televisão chamada Clare Crawford Mason. Em 1982 Deming publicou um livro

para usá-lo em seus cursos de qualidade, produtividade e posicionamento

competitivo, publicado pelo Centro de Estudos Avançados de Engenharia de

Massachusetts.

4.2 – Passos do Ciclo Deming

Deming sugere acima de tudo que se tenha perseverança na busca pela

melhoria de produtos e serviços e propõe uma nova definição do papel que a

organização deve desempenhar para alcançar a excelência da qualidade.

Normalmente o objetivo da criação de uma nova empresa contempla

simplesmente a ótica de ganhos financeiros e Deming propõe que ao invés de

simplesmente gerar lucros para seus acionistas, as organizações passem a se

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preocupar com a perpetuação do negócio por meio de inovação, criatividade,

pesquisa e melhoria contínua.

Deming declara que a gestão das organizações normalmente tem dois tipos de

problemas: os de hoje e os de amanhã. Os problemas de hoje referem-se às

necessidades imediatas, de curto-prazo das organizações tais como: manter a

qualidade, igualar a produção com as vendas, o orçamento, o emprego, o

serviço, as relações públicas, etc...

Nenhuma organização que careça de uma missão para o futuro poderá

perpetuar no seu negócio e os empregados que trabalham em uma

organização que invista nesse futuro sentem-se mais seguros e ficam menos

propensos a procurarem novos empregos.

Deve haver uma declaração de constância nos propósitos; recomenda-se que

as organizações pensem seriamente no seu futuro e que desenvolvam planos

e métodos para continuarem no negócio. Constância nos propósitos significa:

Inovação, pesquisa e instrução, melhoria contínua do produto ou serviço e

manutenção das equipes e novas tecnologias para a produção.

A inovação consiste na introdução de algum produto ou serviço novo para se

vender, que traga algum benefício para a organização e que satisfaça aos

anseios dos clientes. Todo planejamento e concepção de um novo produto ou

serviço deve responder satisfatoriamente aos seguintes questionamentos:

quais os materiais requeridos ? a que custo ? qual será o método de produção

? que profissionais deve-se contratar ? quais as mudanças necessárias na

equipe ? quais as novas habilidades requeridas e quantas pessoas ? como

serão treinados os novos colaboradores contratados ? como os supervisores

serão capacitados ? qual será o custo de produção ? qual será o preço de

mercado ? como medir a satisfação do cliente ?

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A pesquisa e instrução consiste em preparar-se para o futuro. Para preparar-

se para o futuro uma organização deve hoje. Não pode haver inovação sem

pesquisa e não pode haver pesquisa sem empregados apropriadamente

instruídos.

A melhoria contínua do produto ou serviço deve ser encarada como uma

obrigação eterna com os clientes e pode-se obter grandes benefícios mediante

a melhoria contínua do projeto e do desempenho de produtos e serviços já

existentes. É possível e potencialmente fácil que uma organização entre em

decadência quando dedica-se a fabricar produtos ou ofertar serviços sem antes

perceber as necessidades de seus clientes e as constantes variações de perfil

da demanda.

A manutenção das equipes e as novas tecnologias de produção devem ser

buscadas pois, obviamente, uma organização não pode alcançar nenhuma

melhoria de produto ou serviço sem contar com boas equipes de trabalho e seu

produto não pode ser melhorado utilizando-se maquinário obsoleto. É

necessário investir-se nessas áreas.

Deve-se adotar uma nova filosofia de trabalho onde a qualidade se converta

em uma nova religião. Com a existência de novos padrões já não se pode dar-

se ao luxo de conviver com erros, defeitos, má qualidade, materiais ruins,

avarias, trabalhadores mal instruídos, treinamento deficiente ou inexistente,

perda contínua de executivos para o concorrente e serviço desatento. As

empresas raramente aprendem com a insatisfação do cliente pois eles não

reclamam, simplesmente mudam de fornecedor.

Deve-se deixar de confiar na inspeção em massa. As organizações tradicionais

inspecionam seus produtos de maneira característica quando sai da linha de

produção ou em etapas importantes desta. Os produtos defeituosos ou são

descartados ou são reprocessados e tanto uma quanto outra possibilidade

tornam-se desnecessariamente onerosas. A inspeção que é feita com o intuito

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de se descobrir produtos defeituosos e descartá-los é tardia, ineficaz e custosa.

“A qualidade não se produz pela inspeção e sim pela melhoria do processo

produtivo”.

Porém, por questões práticas, sempre será necessário exercer certo grau de

inspeção ainda que seja para se averiguar o que está sendo feito e em alguns

casos pode ser necessário inspecionar 100% dos lotes por razões de

segurança. A inspeção deve ser realizada de maneira profissional e não com

métodos superficiais e toda organização deve ter como objetivo abolir a

qualidade por inspeção que nunca deve ser focada no produto final já que

nesse estágio é muito difícil determinar em que parte do processo se produziu

o defeito ou anomalia.

Deve-se por fim à prática de se fechar negócios unicamente com base no

preço. Os departamentos de compras tem o costume de buscar sempre os

fornecedores que ofereçam o preço mais baixo e essa prática conduz a

materiais de baixa qualidade. A melhor forma de um comprador servir

satisfatoriamente a sua organização é desenvolvendo uma relação de longo

prazo, de lealdade e confiança com um só fornecedor em integração com

diversos departamentos da empresa, visando reduzir custos e melhorar a

qualidade dos insumos adquiridos.

Melhoria contínua do sistema de produção e serviços. A gerência deve buscar

continuamente maneiras de reduzir o desperdício e de melhorar a qualidade.

Deve-se incorporar a qualidade desde o início da concepção do produto ou

serviço e o trabalho em equipe é essencial para o processo. Uma vez

elaborado o planejamento e iniciada a operação, qualquer mudança torna-se

custosa e demorada. Todos os colaboradores devem estar engajados na

implantação da melhoria contínua e isso não deve limitar-se somente aos

sistemas de produção ou serviço, todos os departamentos tem um papel a

desempenhar. A gerência deve liderar o processo de melhoria da qualidade de

produtividade e tomar as decisões mediante o uso de informações apropriadas.

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Deve-se instituir a capacitação. Com muita freqüência vemos trabalhadores

aprenderem suas atividades com alguém que nunca tenha recebido

treinamento adequado para tal e vêem-se obrigados a seguir instruções

impossíveis de serem compreendidas, não podendo desempenhar seu papel

corretamente. É muito difícil se corrigir um treinamento inadequado e isso

somente é possível se o procedimento novo é totalmente diferente ou se o

colaborador está sendo treinado para uma área de trabalho diferente. Por outro

lado, a capacitação não deve ser finalizada enquanto haja possibilidade de

progresso.

Instituir a liderança. O trabalho de um supervisor não é dar ordens ou castigar

seus subordinados e sim orientá-los. Orientar significa ajudar a fazer melhor o

trabalho e conhecer por meio de métodos objetivos quem precisa de ajuda

individual. É responsabilidade da gerência descobrir quais barreiras impedem

aos colaboradores de terem orgulho do que estão fazendo e assumir a

responsabilidade pelo êxito ou fracasso do colaborador a partir do momento da

sua contratação.

Eliminar o medo. Para se alcançar o aumento da qualidade e produtividade é

preciso que os colaboradores sintam-se seguros, não tendo medo de informar

sobre um equipamento danificado, de pedir instruções a seus superiores ou de

chamar atenção sobre más condições de trabalho que são prejudiciais ao seu

ambiente e desempenho.

Derrubar as barreiras existentes entre os diversos departamentos da

organização. Freqüentemente, as áreas de staff, departamentos ou seções

competem entre si ou tem metas conflitantes. Isso ocorre quando os diversos

departamentos fecham-se no seu micro-ambiente, passando cada um a

perseguir objetivos individuais e diferentes dos demais, deixando de trabalhar

em conjunto e de fixar objetivos comuns em benefício de toda a organização.

Ainda que as pessoas trabalhem muito bem em seus respectivos

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departamentos, se suas metas não estão alinhadas com os objetivos comuns

da organização e são conflitantes com os demais departamentos, não de pode

chegar a lugar algum.

Eliminar os lemas e as metas de produção impostas para a força de trabalho.

Os slogans geralmente provocam frustrações e ressentimentos e uma meta

sem um método para alcançá-la é inútil, no entanto, fixar metas sem descrever

como fazer para alcançá-las é uma prática muito comum em qualquer

organização. É totalmente impossível para qualquer pessoa ou para qualquer

grupo, alcançar um bom desempenho dentro de um sistema instável. O papel

da gerência, como vimos anteriormente, é tratar de estabilizar os sistemas.

Eliminar as cotas numéricas. As cotas levam em consideração apenas os

indicadores numéricos e não a qualidade e os métodos e geralmente

constituem uma garantia de ineficiência e de altos custos. Obstruem a

qualidade dando margem para a obtenção de produtos defeituosos e

desperdício de matéria-prima. Normalmente, nos modelos de gestão por cotas

numéricas fixam-se metas de trabalho além daquilo que se pode cumprir com

propósito de descartar as pessoas incapazes de fazê-lo. Os incentivos

estimulam as pessoas a produzirem em quantidade em vez de produzir com

qualidade. Os custos incorridos com os rejeitos, re-trabalhos e produção de

baixa-qualidade fazem parte de uma equação que em alguns casos serve para

imposição de deduções salariais por razão de unidades defeituosas que são

produzidas. Um padrão de trabalho apropriado definirá o que é e o que não é

aceitável quanto a qualidade e esta aumentará em uma taxa cada vez maior

dessa etapa a diante. Em vez de imposição de cotas a uma atividade qualquer,

deve-se antes de mais nada estudá-la e definir seus limites dentro do que for

aceitável.

Instituir um vigoroso programa de educação e re-capacitação. Tanto a gerência

quanto a força de trabalho devem ser treinadas para o emprego de novos

métodos. O fato de se ter boas pessoas em sua organização não é suficiente

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para garantir seu sucesso. Essas pessoas devem estar adquirindo

continuamente novos conhecimentos e novas habilidades necessários para o

manuseio de novos materiais e absorção de novos métodos. A educação e o

treinamento são a base do planejamento a longo prazo e servem para preparar

as pessoas na assunção de novos cargos e responsabilidades.

Agir para implantar a transformação. Nesse momento requere-se uma equipe

capaz de levar a diante a missão da busca pela qualidade. Todos os

colaboradores, incluindo os gerentes, devem ter uma idéia precisa de como

melhorar continuamente a qualidade. A iniciativa deve partir da gerência e ciclo

Deming pode ser utilizado como ferramenta de grande eficácia no processo de

planejamento e para alcançar a tão sonhada transformação é vital que todos

comecem a pensar que a postura de cada um é importante na busca pela

satisfação do cliente final.

4.3 – O que são as normas ISO ?

São uma família de normas técnicas inter-relacionadas, emitidas pela

International Organization for Standarisation (IOS), através de seus comitês

regionais. O termo ISO foi escolhido por ter o mesmo significado em Grego e

as normas mais conhecidas são a ISO 9001, ISO 9002 e ISO 9003. Essas

normas certificam a qualidade das unidades de negócio de determinada

organização e não certificam o produto ao contrário do que muitos pensam. O

cumprimento das normas ISO somente é obrigatório quando estipulado por

cláusula contratual entre fornecedor e cliente ou por exigência de

administração pública. Essas normas são uma forma de assegurar a qualidade

e certificam um mínimo de excelência e garantem que a qualidade está de

acordo com os objetivos da organização. A obtenção da certificação ISO não

deve ser encarada como o mais importante mas sim o processo pelo qual

passa a organização para conseguir tal certificação. Segundo alguns

especialistas, a ISO converteu-se em uma mera ferramenta de marketing e

muitas organizações utilizam como arma o fato de que seus produtos

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obtiveram a certificação, o que é uma visão equivocada e pode chegar a

confundir ou enganar o cliente final. Deve-se agir nesse sentido para erradicar

este tipo de publicidade enganosa, que sobrevive graças à confusão existente

em torno do conceito das normas da qualidade.

É aconselhável, antes de mais nada, recorrer a uma consultoria especializada

que orientará o empresário e lhe recomendará um plano da qualidade,

cumpridor das normas ISO para aplicar em sua gestão, visando a obtenção de

tal certificação. A implantação de um plano da qualidade propõe uma mudança

na cultura da organização e nesse momento a organização deve fazer uma

auto-avaliação que permita identificar suas fraquezas para conseguir melhorá-

las. Uma vez superado esse primeiro passo, o plano estabelecido é submetido

a uma exigente auditoria externa por parte das companhias certificadoras, que

serão as responsáveis por julgar se os métodos de gestão são aceitáveis. Isso

é o mínimo a ser conseguido por uma organização que deseja sobreviver no

mercado competitivo atual e deve ser mantido com posteriores avaliações,

melhoria constante e sucessivas auditorias.

No ano de 1999 foi celebrado em Madri a II Conferência Internacional sobre

Gestão da Qualidade e nela foram estabelecidos os requisitos necessários

para o sucesso do controle da qualidade e de sua direção :

- Explicar a influência do controle da qualidade na redução de custos e na

geração de receitas para a organização.

- Aprofundar-se sobre as razões de mudança através do Benchmarking

(tomar como exemplo as melhores estratégias organizacionais no âmbito

prático e medição do grau de satisfação e motivação das pessoas

envolvidas no processo produtivo, incluindo o cliente).

- Converter-se em estímulo para os principais departamentos e para a

direção, funcionando como uma auditoria interna; e,

- Trabalhar em conjunto com o cliente.

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As áreas examinadas pela comissão de certificação vão desde o sistema de

controle dos fornecedores, passando por todo o processo produtivo até o mais

alto escalão hierárquico dentro da organização e cerca de 20 fatores distintos

da estrutura organizacional são submetidos a revisão. Na conferência de Madri

alguns especialistas fixaram o custo da não-qualidade em torno de 15-20% dos

custos financeiros das organizações. A organização que escolhe implantar um

sistema da qualidade normalmente reduz custos de forma considerável, mas

este não é o único resultado positivo, já que a geração de receitas também é

alcançada graças a uma maior satisfação do cliente final e dos colaboradores

(que tornam-se mais fiéis e integrados ao ambiente organizacional). A seguir

podemos citar algumas vantagens da certificação ISO:

- Otimização dos processos da organização e integração do pessoal;

- Melhor conhecimento dos objetivos da organização;

- Melhoria da comunicação e da qualidade da informação;

- Definição clara de autoridade e responsabilidades;

- Análise das causas dos problemas da qualidade;

- Otimização do tempo e racionalização do uso dos insumos;

- Diminuição de defeitos, menos re-trabalhos e redução de custos;

- Prevenção de erros;

- Melhor relacionamento com clientes e fornecedores;

- Melhoria da imagem corporativa perante o mercado.

A certificação da qualidade constitui uma garantia significativa para o cliente de

que o nível da qualidade ofertado por seu fornecedor será cumprido de forma

constante, o que pode garantir uma parceria duradoura e constituir um círculo

virtuoso favorável a todos os agentes da cadeia produtiva.

4.4 – A melhoria contínua - Kaizen

Mais que uma mera extensão histórica de um dos princípios da administração

científica estabelecida por Frederick Taylor, que afirma que todo método de

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trabalho é suscetível de ser melhorado, a melhoria contínua é uma das

ferramentas da Qualidade Total mais utilizadas pelas organizações atuais em

busca da competitividade. A administração pela Qualidade Total requer um

processo constante que será chamado de Melhoria Contínua – Kaisen, onde

“a perfeição nunca se alcança, mas sempre se busca”. A melhoria contínua

reflete muito bem o que é a essência da qualidade e indica o caminho que as

organizações devem seguir se quiserem ser competitivas e sobreviver ao longo

do tempo. A seguir, apresento algumas definições do significado de melhoria

contínua segundo alguns autores:

Para James Harrington, melhorar um processo significa modificá-lo para fazê-lo

mais efetivo, eficiente e adaptável. O que mudar e como mudar depende do

enfoque específico do empresário e do processo.

Fadi Kabboul define a melhoria contínua como uma conversão no mecanismo

viável e acessível para que as empresas dos países em vias de

desenvolvimento fechem o abismo tecnológico existente entre eles e o mundo

desenvolvido.

Abell, D. fala da melhoria contínua como uma mera extensão histórica de um

dos princípios da administração científica estabelecida por Frederick Taylor,

que afirma que todo método de trabalho é suscetível de ser melhorado.

L. P. Sullivan define melhoria contínua como um esforço para aplicar melhorias

em cada área da organização em benefício do cliente.

O conceito de Kaizen, idealizado por Masaaki Imai, diz respeito a atitudes de

"bom senso" que exigem baixos investimentos. Em seu primeiro livro, editado

em 1988 e publicado pelo IMAM, Imai comenta os conceitos de kaizen e os

insere no contexto da Qualidade Total. Já, em seu segundo livro, "Gemba

Kaizen - Estratégias e técnicas do Kaisen no piso de fábrica", de 1996, e

também publicado pelo IMAM, Imai traz 22 casos de aplicação prática do

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Kaisen, sendo uma delas de uma empresa brasileira, onde podemos notar a

importância deste conceito para as organizações.

Kaisen é uma palavra japonesa, onde "Kai"significa Mudar e "Zen" significa

Para Melhor. Porém, a tradução que expressa melhor o significado da filosofia

é "Melhoria Contínua". Em muitas organizações já se notam grandes esforços,

ações e programas de Melhoria Contínua. Algumas empresas interpretam o

Kaisen como "gambiarras". Mas, qual é a ligação do Kaisen com a

"gambiarra"?

Não se pode negar que a "gambiarra" é uma melhoria, pois:

• Promove um certo benefício para os usuários;

• É rapidamente implementada;

• Exige baixo investimento;

• Não exige nova tecnologia;

• É praticada, na maioria das vezes, pelos próprios usuários;

• Normalmente usa-se do "bom senso".

O grande problema é que todos sabem que essas "gambiarras", de provisórias

passam a ser definitivas. Portanto, embora seja uma melhoria, NÃO É

CONTÍNUA. Kaisen poderia ser entendido como uma "gambiarra" seguida de

sucessivos aperfeiçoamentos, tornando-a cada vez melhor. O que é Gemba?

A palavra em japonês significa "Local Real", ou seja, é exatamente onde as

coisas acontecem (onde se produz, movimenta, armazena, etc.). Para os

brasileiros, numa indústria se diz que certos problemas ocorrem no "Chão de

Fábrica": esse é o caso de uma Gemba numa indústria. Dentro da filosofia do

Kaisen, os problemas só vão ser realmente resolvidos se forem discutidos e

analisados no Gemba. Portanto, problemas de movimentação, armazenagem,

logística, etc. também precisam ser analisados, discutidos e solucionados no

Gemba, e não na "Sala do Gerente", onde se tem todo o conforto térmico,

acústico e ergonômico.

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Nota-se que alguns gerentes, hoje em dia, preferem administrar suas áreas ou

seus negócios através de planilhas com indicadores ou, se forem mais

"modernos", através de quadros por gestão “à vista" em suas salas, essa

metodologia pode ser classificada como Gestão por Processo ou por

Resultado. A filosofia do Kaisen não é contra isso, mas pretende deixar claro

que os resultados desses indicadores só poderão ser alterados caso haja uma

intervenção no Gemba. Normalmente, o Gemba é muito carente de recursos,

como ferramentas, treinamento, dispositivos e, principalmente, de um canal de

comunicação com a liderança da empresa. A redução de custos, um dos

principais resultados que se atinge com a Melhoria Contínua - Kaizen, é a

redução de custos dos processos. Essas reduções de custos se conseguem

através de uma análise do processo, de forma a pensar numa maneira de

trabalhar mais inteligentemente. Nos processos logísticos por exemplo, existem

perdas como:

• Dificuldade em encontrar os materiais estocados, por deficiência no

endereçamento;

• Contra-fluxo de materiais;

• Longa distância entre a área de armazenagem e a área de utilização;

• Má localização dos itens. Os mais usados devem ter fácil acesso.

Normalmente, nas empresas brasileiras nota-se que o pessoal operacional é

chamado de "mão-de-obra", mas no Kaizen é criado um mecanismo que

estimula a participação de todos, transformando-os em "cabeça-de-obra". Não

basta trabalhar com os braços duramente, é preciso usar a cabeça. Existe um

ditado popular que diz: "Quando a cabeça não pensa, o corpo padece". Isso

significa que precisamos pensar um pouco para resolvermos problemas

ergonômicos, como de quem caminha muito pela empresa, carrega muito peso

ou até chega a se acidentar. Cada animal tem a sua defesa. O Pitbull, por

exemplo, tem se destacado pelos estragos feitos, exceto quando surge uma

vira-lata Catita para ganhar a mídia. Mas qual é a defesa do homem? Deve ser

a inteligência! O Kaisen estimula o pessoal a usar esse talento, alerta. Quando

se começa um processo de Kaisen numa organização, é necessário que a

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liderança esteja preparada para mudanças. O pessoal começa a dar sugestões

de melhoria que, algumas vezes, podem esbarrar na mediocridade de alguns

gerentes. Se isso acontecer, provavelmente duas coisas poderão se suceder:

• O processo de kaisen é destruído por um gerente medíocre ou;

• O gerente medíocre é destruído pelo processo de Kaisen.

O que é Muda? Não é uma conjugação do verbo mudar. MUDA é uma palavra

de origem japonesa que significa PERDA. Perda, dentro do Kaisen, é tudo

aquilo que não agrega valor ao produto ou ao serviço. Uma atividade que

agrega valor é aquela que transforma fisicamente um produto ou uma

informação. Ou seja, movimentação, inspeção e outras não agregam valor ao

produto. Talvez algumas dessas atividades sejam necessárias, pois se as

retirássemos bruscamente, o cliente poderia ser prejudicado. Portanto, se não

puderem ser eliminadas, pelo menos devem ser reduzidas.

CONCLUSÃO

Este estudo procurou mostrar como a aplicação de ferramentas da Qualidade

Total podem traduzir-se em ganho para uma empresa e representar uma

alternativa de baixo custo ao rearranjo dos processos internos e integração

intra-departamental. Para que a filosofia da GQT (Gestão pela Qualidade Total)

proporcione o efeito desejado, é necessário antes de mais nada que haja

comprometimento de todos os colaboradores de todos os níveis hierárquicos,

desde o estratégico ao operacional e mais além, de todos os atores envolvidos

em uma cadeia de valor.

A vantagem competitiva de uma empresa reside principalmente no material

humano e nos ativos do conhecimento adquiridos por estes ao longo do tempo.

Desde o início de sua vida econômica, as organizações buscam melhorar sua

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competitividade implantando programas e técnicas para o aprimoramento de

seus produtos e serviços e alcançar a produtividade máxima em suas

operações e, nesse cenário, a qualidade encontra-se intrinsecamente presente

em todas as etapas do processo.

A Qualidade Total é antes de tudo uma mudança cultural. Só sobrevirão no

século XXI as organizações que forem as melhores em seus respectivos

negócios; para isto é preciso criar condições internas que assegurem

sobrevivência primeiro e depois prosperidade durante o desenvolvimento

daquelas. A Qualidade Total está integrada por cinco dimensões, a saber:

Qualidade Intrínseca, Custo, Atendimento, Moral e Segurança, sendo que dois

conceitos básicos são: rompimento (mudança na forma de pensar, no estilo e

na postura de todos os membros da organização) e satisfação total do cliente.

Um terceiro conceito importante é o dos números visíveis e invisíveis. A

necessidade de implantar a Gestão da Qualidade Total em qualquer

organização está justificada por uma série de motivos passados, atuais e

futuros. Desde o ponto de vista operacional, a Gestão da Qualidade possui

métodos simples e baratos que podem ser aplicados e transformados em

ganhos para a empresa. Empresas de referência mundial em administração

(benchmarkers), consideram que gerenciar (administrar) consiste basicamente

em aplicar corretamente o ciclo PDCA. Paralelamente, o Controle Estatístico da

Qualidade está se consolidando como tecnologia crítica na administração

moderna. Uma das grandes vantagens da GQT (Gestão pela Qualidade Total),

especificamente falando da aplicação dos métodos de melhoria contínua e dos

círculos da qualidade, é sua capacidade de contribuir com a mudança de

postura dos gestores e colaboradores, influenciando decisivamente na redução

das fraquezas e aumento das forças da organização, identificando ameaças e

oportunidades no cenário empresarial a fim de tornar a organização mais

inteligente e produtiva, o que é fundamental, em um mercado cada vez mais

competitivo e voraz.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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Janeiro, Marques Saraiva, 1990

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modernas ferramentas de gestão organizacional. São Paulo: Atlas, 2001.

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5) HAMEL, Gary, PRAHALAD, C.K. Competindo pelo futuro: estratégias

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japonês) . Belo Horizonte : Fundação Christiano Ottoni, Escola de Engenharia

da UFMG, 1992.

9) YOSHINAGA, C. Qualidade Total; A forma mais prática e econômica de

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ÍNDICE PÁGINAS

FOLHA ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO 1 - A Qualidade Total - Conceitos e definições da qualidade. 12

1.1 Histórico 18

1. 2 EUA versus Japão 21

1.3 Recursos complementares 24

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1.4 Princípios da qualidade 27

1.5 O que é Qualidade Total ? 40

1.6 Origem da técnica da Qualidade Total 41

1.7 Evolução do significado da Qualidade Total 43

1.8 Importância da Qualidade Total 44

1.9 O controle da Qualidade Total 45

1. 10 Tipos de ação da Qualidade Total 49

CAPÍTULO 2 - O suporte competitivo 51

2.1 A competitividade e a estratégia empresarial 51

2.2 Como estimular a competitividade 52

2.3 Vantagens e desvantagens de incorporar a competitividade 53

2.4 A estratégia competitiva 55

2.5 Qualidade Total: Manobra chave da competitividade 57

2.6 Influência dos parceiros na busca pela qualidade 58

2.7 Competir humanizando a organização. 60

CAPÍTULO 3 - Círculos da Qualidade 61

3.1 Definição de Círculos da Qualidade 61

3.2 Características dos Círculos da Qualidade 64

3.3 O papel dos Círculos da Qualidade 66

3.4 Propósitos dos Círculos da Qualidade 67

3.5 Princípios dos Círculos da Qualidade 68

3.6 Atividades de um Círculo da Qualidade 69

3.7 Benefícios dos Círculos da Qualidade 70

3.8 Condições para implantação dos Círculos da Qualidade 71

CAPÍTULO 4 - Guias da Qualidade Total 73

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4.1 Edwards Deming: Um visionário da Qualidade Total 73

4.2 Passos do ciclo Deming 77

4.3 O que são as normas ISO ? 82

4.4 A melhoria contínua - Kaizen 85

CONCLUSÃO 89

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 91

BIBLIOGRAFIA CITADA 92

FOLHA DE AVALIAÇÃO 98

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Conceito Final:

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