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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
Professor! Queremos te ouvir
Por: Jaime Cazuhiro Ossada
Orientador
Prof. Ms. Antonio Fernando Nery
RIO DE JANEIRO
FEVEREIRO 2009
ii
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
Professor! Queremos te ouvir
JAIME CAZUHIRO OSSADA
Trabalho Monográfico apresentado como requisito
parcial para obtenção do Grau de Especialista em
Docência do Ensino Superior.
RIO DE JANEIRO
MARÇO/2009
iii
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer primeiramente a
Deus por me dar o dom de pensar, agir
e transmitir meus conhecimentos. A
todos os meus amigos que me
apoiaram em mais uma etapa para o
engrandecimento de meus
conhecimentos.
iv
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha esposa
Sandra Ossada e meus filhos: Suellen
Andressa, Kevlin Toshinari e Jaime Junior
por compreenderem a importância deste
trabalho e por muitas vezes estar
ausente.
v
RESUMO
A voz é o mais importante instrumento de comunicação do ser humano.
Através dela somos capazes de expressar todos os nossos sentimentos,
conhecimentos, trocas de informações com o ambiente.
Ao observarmos o docente e o uso de sua principal ferramenta para
transmissão de seu conhecimento observa-se que muitas vezes faz uso
indiscriminado de seu aparelho fonador, não respeitando características do
ambiente, uso correto de postura e de cuidados especiais antes de iniciar sua
aula e que muitas vezes desconhece as conseqüências e seqüelas deixadas
ao longo do tempo pelo mau uso de suas cordas vocais. Este trabalho tem
como objetivo apontar os principais males causados e quais são as práticas
que contribuem para a causa e reunir algumas informações úteis de
especialistas e pesquisadores para que docentes possam evitar distúrbios
relacionados ao uso excessivo da voz humana.
vi
METODOLOGIA
A metodologia aplicada foi baseada em revisão bibliográfica em diversos
livros didáticos de autores e profissionais especializados em distúrbios vocais,
artigos, monografias e pesquisas em web sites relativos ao tema de distúrbios
da voz, com o objetivo de discutir e apontar as principais doenças do aparelho
fonador nas quais estão sujeitos docentes, apresentando formas de evitá-los
dentro e fora da sala de aula dada à importância do tema e a negligência
praticada por parte dos profissionais da voz.
vii
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................ 1 1 - A VOZ HUMANA .................................................................................. 3 1.1 - Intensidade ......................................................................................... 4 1.2 – Tom.................................................................................................... 5 1.3 – Timbre................................................................................................ 6 1.4 – Quantidade ........................................................................................ 7 2 – O APARELHO FONADOR.................................................................. 10 2.1 – Produções do som........................................................................... 10 2.2 – Postura ............................................................................................ 10 2.3 - Atitudes básicas para o equilíbrio do corpo ...................................... 11 2.4 – Respiração....................................................................................... 12 2.5 – Relaxamento.................................................................................... 13 2.6 - Higiene vocal .................................................................................... 13 2.7 - Testes de saúde de voz.................................................................... 15 3 - DOENÇAS DO APARELHO FONADOR ............................................. 18 3.1 Conseqüências do mau uso da voz.................................................... 19 3.2 Fatores que influenciam a saúde vocal do professor ......................... 21 4 - A SAÚDE DO PROFESSOR ............................................................... 25 4.1 – Dicas e orientações para o uso da voz............................................ 25 4.2 Higiene vocal: cuidados com a voz..................................................... 28 4.3 Legislações em relação á saúde vocal do professor. ......................... 33 5 - CONCLUSÃO ...................................................................................... 34 FOLHA DE AVALIAÇÃO........................................................................... 40
1
INTRODUÇÃO
A voz é o mais importante instrumento de comunicação do ser
humano. Através dela somos capazes de expressar todos os nossos
sentimentos, conhecimentos e trocas de informações com o ambiente. Não
se sabe precisamente quando o ser humano iniciou sua comunicação
através da fala, mas sabe-se que é usado há muito tempo para transmitir
conhecimento, seja de pai para filhos, pelos mais sábios, pelos mais velhos
aos mais novos. Ao surgir à linguagem escrita, conhecimentos passaram a
ser transmitidos através de manuscritos e impressos.
Ao observarmos o docente e o uso de sua principal ferramenta para
transmissão de seu conhecimento observa-se que muitas vezes este faz
uso incorreto de seu aparelho fonador, não respeitando características do
ambiente, uso correto de postura e de cuidados especiais antes de iniciar
sua aula. Estamos acostumados a ouvir frases como: “Estou com uma
rouquidão há vários dias porque falo muito alto na sala de aula para que
todos possam me ouvir”.
Segundo Bloch (1963), Casper Colton (1996) e outros pesquisadores
sobre voz, os profissionais da voz necessitam de um preparo especial para
manter sua saúde vocal, para eles assim como atletas possuem um
treinamento para condicionar-se fisicamente, todos os profissionais que se
utilizam da fala como meio de vida também precisam de treinamento.
A voz é um meio de ganhar a vida de muitos profissionais além dos
professores, podemos citar alguns como: locutores, apresentadores de TVs,
médicos, políticos, telefonistas, assistentes sociais e todos os aqueles
profissionais que fazem o uso da voz profissionalmente. Alguns profissionais
específicos, como locutores, artes e telemarketing recebem treinamentos
para utilizar-se corretamente a voz, mas a grande maioria, incluindo o
docente, não possui nenhum prepara vocal para enfrentar ambientes
ruidosos, turmas cada vez mais numerosas, grandes cargas horárias e
submetem-se a grandes chances de ter fadiga vocal ou outras doenças
muitas vezes de caráter irreversível.
2
Grande parte da população brasileira faz o uso de voz como
instrumento de trabalho e as autoridades não dão atenção a este assunto,
sem preocupar-se com o impacto social causado por doenças da voz e
muito menos aplicar medidas preventivas para reduzir o índice de
enfermidades causadas nesses trabalhadores.
Nos dias 6 e 7 de Abril de 2001 foi tentada uma primeira reunião
sobre o assunto, em que a Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia –
SBORL, o Comitê de Laringe Profissional, a Sociedade Brasileira de
Laringologia e Voz – SBLV, o Conselho Regional de Medicina do RJ -
CREMERJ e a Câmara Técnica de ORL contou com a participação de
especialistas em voz, médicos peritos, médicos do trabalho, fonoaudiólogos,
professores de canto, engenheiros, ergonomistas, advogados, promotores,
administradores públicos, parlamentares, cantores, professores e outros
profissionais relacionados à Voz Profissional com isso, foi criada a carta
PRÓ-CONSENSO 2001, em que se buscava padronizar e adotar medidas
para reduzir o índice de doenças da Voz.
3
CAPÍTULO I A VOZ HUMANA
O homem sempre teve necessidade de se comunicar e a voz é
um dos instrumentos mais utilizados para transmitir sua mensagem de forma
clara e eficaz. Existe desde o nascimento e se apresenta de diversas formas. É
um instrumento importante para o estabelecimento das relações, estimulando
reações diversas como alegria, tristeza, afetividade, raiva, podendo a voz ser
alterada conforme o bem estar físico e psicológico do indivíduo. É um dos
meios de comunicação do individuo com seu exterior. A voz é o resultado do
equilíbrio de duas forças, a forçado ar do pulmão que sai dos pulmões e a
força muscular da laringe, havendo um desequilíbrio, poderá ocorrer alterações
da voz (GABANINI, 2008).
A voz possui determinadas características (intensidade, quantidade,
timbre e tom) o que permite ao interlocutor sua percepção e quando ocorre um
desvio dessas características deixa de ser normal.
De acordo com FOLMER-JOHNSON (1968), já em 1934, KARL
BÜHLER, um pesquisador alemão que conduziu um dos primeiros estudos
científicos sobre a audição vocal, cita em seu livro Sprachtheorie ("Teoria da
Fala") que qualquer emissão humana - falada, cantada ou até mesmo uma
simples exclamação - apresenta três funções:
- Função de representação - a voz comunica alguma coisa, ou seja, seu
uso está relacionado ao conteúdo da mensagem verbal.
- Função de expressão - a voz revela alguma coisa do falante, como sua
idade, seu nível sócio-econômico-cultural, seu estado emocional, etc.
- Função de Apelo - a voz deseja e provoca uma reação no ouvinte, o
que significa que existe sempre uma intenção, freqüentemente inconsciente,
no tipo de voz que se utiliza no discurso.
Para definirmos os tipos de vozes, serão utilizadas as definições de
Loprete (1967)
4
1.1 - Intensidade
É a propriedade que o som tem de ser mais forte ou mais fraco. Dois
sons de mesma altura e duração podem ser diferenciados se suas
intensidades forem diferentes.
A intensidade de um som é a maior ou menor força com que se produz
a voz. Há vozes fracas e vozes fortes.
A intensidade do volume de sons é medida em unidade chamada de
decibel (dB), e que variam de acordo com a sua intensidade. Quanto maior a
intensidade produzida, maior será a sua medida em decibel e
conseqüentemente uma maior esforço nas pregas vocais que se localizam na
laringe, região do nosso corpo onde são produzidos os sons.
Fig 01 Relação entre os níveis de ruidos
5
Segundo a INES (Instituto Nacional de educação dos surdos), orgão do
Ministério da Saúde, os niveis de ruidos podem ser classificados conforme a
tabela abaixo:
Classificação dos ruidos
Qualidade do
Som
Decibéis Tipo de Ruído
Muito baixo 0-20 farfalhar das folhas
Baixo 20-40 conversação silenciosa
Moderado 40-60 conversação normal
Alto 60-80 ruído médio de fábrica ou
trânsito
Muito alto 80-100 apito de guarda e ruído de
caminhão
Ensurdecedor 100-120 ruído de discoteca e de avião
decolando
Tabela 01
1.2 – Tom
É a propriedade que o som tem de ser mais grave ou mais agudo.
Podemos diferenciar facilmente sons de alturas diferentes.
A altura de um som é a grandeza física para se medir vibrações. Todo
som produzido na natureza possui essa característica. A freqüência de um som
é associada a movimentos de características ondulatórias que indicam o
numero de revoluções (ciclos) dentro da unidade de tempo.
Tom é a altura musical da voz. Segundo o tom, as vozes humanas
classificam-se em agudas ou graves. A escala de registro e de altura permite
6
classificar as vozes como, por exemplo, as masculinas em tenor, barítono e
baixo.
Sua unidade de medida é o Hertz ( Hz ) e o ouvido do ser humano pode
ouvir vibrações dentro da faixa de 20 hertz( vibrações por segundo) a 20.000
hertz dependendo da faixa etária, em animais esses valores podem ser muito
diferentes.
Quanto mais grave for o ruído mais baixo será a sua medida. A voz
masculina produz sons mais graves enquanto a feminina mais aguda.
Sons mais graves tendem a se propagar em menor distância e com isso
torna-se necessária mais intensidade para atingir longas distâncias ao
contrário dos sons agudos.
1.3 – Timbre
É o matiz pessoal da voz. É um fenômeno complexo e está determinado
pelo tom fundamental e pelos seus harmônicos ou secundários. Reconhece-se
pelo timbre características da pessoa com a qual se fala. Há vozes bem
timbradas e agradáveis, mas também existem roucas agudas e chiadas. O
timbre da voz depende de várias cavidades que vibram em ressonância com
as pregas vocais. São elas:
Cavidades Ósseas;
Cavidades Nasais;
Boca;
Garganta;
Traquéia;
Pulmmão;
Laringe.
7
1.4 – Quantidade
Quantidade é a duração do som. Segundo a quantidade, os sons podem
ser longos ou curtos, com toda a gama intermediária de semi-longos, semi-
curtos, etc. A quantidade depende, geralmente, das características de cada
língua, dos costumes lingüísticos da regiões ou países, da psicologia do
habitante, etc.
Em fonética denomina-se sotaque ao conjunto dos elementos
anteriores, cuja combinação especial em cada língua e mesmo em cada
indivíduo, dá a essa língua uma característica diferente daquela ouvida no
inglês ou no francês. Por exemplo, dentro do campo lingüístico do espanhol,
há um sotaque argentino, outro mexicano e tantos sotaques quantos países
onde o espanhol é falado. A diferença existe também entre zonas ou estados
de um mesmo país.
Também podemos dizer que se encontram diferenças em bairros de
uma mesma cidade.
Finalmente, os sons têm uma escala diferente de percepção ou alcance.
Existem sons que, por natureza própria, conseguem-se ouvir de muito longe,
como a vogal "a", enquanto outros são escutados a uma distância mais curta,
como a "u". As vozes têm também diferente alcance ou percepção, segundo
as pessoas.
1.5 Classificações das vozes
Para Leal (2008) as vozes podem ser classificadas quanto ao modo de
emissão e seu timbre. Existem seis categorias principais para classificar as
vozes masculinas e femininas e em cada uma delas são encontradas
diferenças de extensão e estas podem variar de algumas notas, de
intensidade, de amplitude vocal, de volume e de timbre. Geralmente
imaginamos que pessoas fortes, gordas ou baixas são as pessoas com voz
mais grave, o que é um erro, pois características morfológicas fazem com que
esses fatores não possam ser utilizados como determinantes. As derivações
de vozes e sua subclassificação são as seguintes:
8
Vozes Masculinas
Tenor
Contratenor - Voz de homem muito aguda, que iguala ou mesmo
ultrapassa em extensão a de um contralto (Voz Grave Feminina). Muito
apreciada antes de 1800, esta é a voz dos principais personagens da ópera
antiga francesa (Lully, Campra, Rameau), de uma parte das óperas italianas,
do contralto das cantatas de Bach, etc.
Tenor ligeiro - Voz brilhante, que emite notas agudas com facilidade, ou
nas óperas de Mozart e de Rossini, por exemple, voz ligeira e suave. Exemplo:
Almaviva, em Il barbiere di Siviglia [O barbeiro de Servilha], de Rossini;
Tamino, em Die Zauberflöte [A flauta Mágica], de Mozart.
Tenor lírico. Tipo de voz bem próxima da anterior, mais luminosa nos
agudos e ainda mais cheia no registro médios e mais timbrada.
Tenor dramático - Com relação à anterior, mais luminosa e ainda mais
cheia no registro médio. Exemplo: Tannhäuser, protagonista da ópera
homônima de Wagner.
Barítono
Barítono "Martin", ou Barítono francês - Voz clara e flexível, próxima da
voz de tenor. Exemplo: Pelléas, na ópera Pelléas et Mélisande, de Debussy.
Barítono verdiano - Exemplo: o protagonista da ópera Rigolleto, de
Verdi.
Baixo-barítono - Mais à vontade nos graves e capazes de efeitos
dramáticos. Exemplo: Wotan, em Die Walküre [A Valquíria], de Wagner.
Baixo
Baixo cantante - Voz próxima à do barítono, mais naturalmente lírica do
que dramática. Exemplo: Boris Godunov, protagonista da ópera de mesmo
nome, de Mussorgski.
Baixo profundo - Voz de grande extensão a amplitude no registro grave.
Exemplo: Sarastro em Die Zauberflöte de Mozart.
9
Vozes femininas
Soprano
Soprano coloratura (palavra italiana), ou soprano ligeiro, o termo
coloratura significava, na origem, "virtuosismo" e se aplicava a todas as vozes.
Hoje, aplica-se a um tipo de soprano dotado de grande extensão no registro
agudo, capazes de efeitos velozes e brilhantes. Exemplo: a personagem da
Rainha da Noite, em Die Zauberflöte [A flauta mágica], de Mozart.
Soprano lírico. Voz brilhante e extensa. Exemplo: Marguerite, na ópera
Faust [Fausto], de Gounod.
Soprano dramático. É a voz feminina que, além de sua extensão de
soprano, pode emitir graves sonoras e sombrias. Exemplo: Isolde, em Tristan
und Isolde [Tristão e Isolda], de Wagner.
Mezzo
Ou Mezzo-soprano (palavra italiana). Voz intermediária entre o soprano
e o contralto. Exemplo: Cherubino, em Le nozze di Figaro [As bodas de Fígaro]
Contralto
Muitas vezes abreviada para alto, a voz de contralto prolonga o registro
médio em direção ao grave , graças ao registro "de peito". Exemplo: Ortrude,
na ópera Lohengrin, de Wagner.
10
CAPITULO 2 – O APARELHO FONADOR
O ser humano não possui nenhum aparelho destinado exclusivamente à
produção do som. Para a produção do som envolvemos diversos órgãos que
em conjunto fazem soar nossa corda vocal. São eles: aparelho respiratório, a
laringe, as cavidades de ressonância e os articuladores.
2.1 – Produções do som
Para o ser humano produzir som o seguinte processo ocorre: O ar é
inspirado e passa pelas cordas vocais em posição aberta, enchendo os
pulmões. Na expiração é que ocorre a fonação. O ar é aspirado pelos pulmões
passa pelas cordas vocais em posição fechada.
As cavidades de ressonância têm um papel fundamental na produção
do som, pois nelas é que ocorrem as modificações do som fundamental
produzido na laringe. Comparando a um instrumento, poderíamos dizer que as
cavidades de ressonância da voz funcionam como a caixa de um violão. Nada
adiantaria vibrarmos as cordas de um instrumento isoladamente, pois
produziria um som "pobre".
2.2 – Postura
A postura adequada é fundamental para uma boa produção vocal, ou
seja, temos que manter nosso corpo com sustentação e equilíbrio de acordo
com as leis da gravidade.
Para Quinteiro (1989), é importante observarmos que os desequilíbrios
posturais variam de pessoa para pessoa. Algumas possuem um exagero
postural, mantendo-se com os ombros extremamente abertos, o peito
empinado para frente e a cabeça muito erguida, tencionando o pescoço. Se
olharmos essas pessoas de lado, percebemos que possuem uma lordose nas
costas como se fossem envergar para trás. Essas pessoas tendem a respirar
mais na parte alta do pulmão.
11
Já outras pessoas possuem desequilíbrio inverso. Ombros muito caídos,
peito fechado, como se fossem envergar para frente.
Ambas as posturas são incorretas. Devemos procurar manter um
equilíbrio de forma a sentir "o peso do nosso corpo entre os dois pés,
observando em seguida um encaixe perfeito da cintura pélvica (quadril), em
equilíbrio com a cintura escapular (ombro) e mantendo um ângulo de 90% para
o queixo, podemos aproximar-nos de uma figura em equilíbrio."
Observa Laport (1992) que os ombros devem estar relaxados, a cabeça
reta, a fisionomia natural sem rigidez nem contração, a boca moderadamente
aberta, os lábios apoiados diante dos dentes. A mandíbula não deve estar
rígida. Todo o instrumento vocal deve dar a sensação de flexibilidade
muscular. Não deve haver nenhuma contração dos músculos vocais no tórax,
colo, laringe, garganta e boca. A ressonância correta e plena da voz se
produzirá com a diminuição e equilíbrio dos esforços musculares. O corpo deve
estar ereto, mas sem rigidez, com a sensação de calma. Deve-se evitar o
movimento do corpo, buscando apoio em ambas às pernas alternadamente.
Evitar o movimento nervoso das mãos e dos dedos, assim como os gestos
exagerados ou muito forçados.
A atitude normal do rosto deve ser sorridente. O sorriso, por um efeito
reflexo, permite uma ampliação das cavidades de ressonância. Para isso pode
ser útil fazer os vocalises diante de um espelho para observar e controlar as
tensões desnecessárias.
2.3 - Atitudes básicas para o equilíbrio do corpo
Devemos observar e tomar atitudes básicas para manter o equilíbrio do
corpo para a utilização de nossa voz que vem a ser:
- Pés: Devem estar confortáveis e relaxados, com o peso do corpo
igualmente distribuído através da borda externa dos pés pelo metatarso.
Músculos: Sempre relaxados e descontraídos, sem rigidez.
Cintura pélvica: Suspensa sobre o diafragma para manter a energia do
som.
Cabeça: Ereta. Bem equilibrada na cintura escapular.
12
Cintura escapular: Deve permanecer descontraída.
Linha da cabeça: A cabeça deve manter uma linha de como se
estivesse suspensa por um "fio de cabelo" na parte do redemoinho, isto é, no
centro, como se fosse a continuação das vértebras cervicais.
2.4 – Respiração
Para se falar bem é necessário termos total controle da respiração, pois
postura e respiração estão intimamente ligadas. Ao realizar uma respiração
correta é necessária postura adequada.
KAHLE ( 1966 ), afirma que a grande maioria das pessoas respiram mal,
principalmente nas grandes cidades. Somos obrigados, a partir dos seis anos,
a ficar horas sentados na escola, freqüentemente em salas super ocupadas e
abafadas. Mais tarde, continuando os estudos, exercendo uma profissão, a
nossa vida não muda muito. Desta maneira, não tendo uma compensação, os
nossos pulmões vão deixando de inspirar profundamente, e o movimento
diafragmático é quase nulo, assim usamos mais a respiração torácica e
clavicular.
O principal músculo da respiração é o diafragma, situado na base do
pulmão: quando inspiramos o diafragma é estendido e quando expiramos, ele
sobe. A respiração, sempre que possível deve ser nasal, pois assim o ar é
filtrado e aquecido pelas narinas.
Durante a inspiração procura-se dilatar em todas as direções as costelas
inferiores e simultaneamente as paredes do abdômen se enchem de ar. A
clavícula e os ombros não devem se mover. Deve-se exercitar a inspiração
nasal ainda que seja de boca aberta. Deve-se também praticar a inspiração
rápida, quer dizer, inspirar a maior quantidade de ar em menor tempo possível,
após ter dominado esses movimentos corretamente.
É muito importante que se tenha total administração do ar que entra e
sai. Esse controle se chama apoio, COELHO (1994), define como o controle
elástico e consciente da força retrátil passiva e espontânea do movimento de
elevação do diafragma ao promover a expiração, e é conseguido pelo domínio
13
de seus antagônicos, o músculo abdominal e intercostal - com a finalidade de
manter o equilíbrio da coluna de ar e aplicá-la à fonação.
2.5 – Relaxamento
Quinteiro (1989) observa que na luta que travamos no dia-a-dia para
sobrevivermos numa cidade, desenvolvemos tensões musculares nas mais
variadas e em regiões muito específicas, fortalecidas pela constante repetição
de uso. “Essas tensões em muito podem afetar o desempenho vocal”.
Um indivíduo tenso está muito próximo dos problemas da voz e da fala.
As tensões musculares são responsáveis por dificuldades respiratórias,
articulatórias e demais envolvimentos da produção da voz e da fala.
Uma pessoa que tenha postura inadequada provavelmente terá grandes
dificuldades para respirar corretamente e é grande a possibilidade que tenha
tensões em determinadas áreas do corpo.
É errado pensarmos que apenas o aparelho fonador seja responsável
pela emissão dos sons, pois o funcionamento geral de nosso corpo influi
diretamente na qualidade de emissão de voz.
É necessário que desenvolvamos técnicas que determinem pontos
tensões e os elimine mantendo o corpo relaxado. Existem muitas técnicas de
relaxamento, entre elas, yoga, massagem, RPG (reeducação postura global)
ou até mesmo atividades físicas que proporcionem um bem estar, aliviando as
tensões diárias. As áreas de tensões que devem ter atenção especial e que
estão relacionados à fala são: ombros, nuca, pescoço e o maxilar.
2.6 - Higiene vocal
Behlau (1997) define higiene vocal como algumas normas básicas que
auxiliam a preservar a saúde vocal e a prevenir o aparecimento de alterações e
doenças.
Alerta ainda que “as normas de Higiene Vocal devem ser seguidas por
todos, particularmente por aqueles que se utilizam mais da voz ou que
14
apresentam tendência a alterações vocais". Esses são chamados os
profissionais da voz.
Professores, atores, cantores, locutores, advogados, telefonistas, entre
outros, são considerados profissionais da voz. Entretanto, muitas das
atividades verbais utilizadas por eles são incompatíveis com a Saúde Vocal,
podendo danificar os delicados tecidos da laringe e produzir um distúrbio vocal
decorrente do abuso ou mau uso da voz.
Segundo a autora dentre as alterações orgânicas mais freqüentemente
observadas nestes profissionais, encontramos os nódulos vocais (nodulações
semelhantes a calos) e edemas (inchaço das pregas vocais) que são causados
muitas vezes por não observância de certos abusos abaixo relacionados:
• Gritar sem suporte respiratório;
• Falar com golpes de glote;
• Tossir ou pigarrear excessivamente;
• Falar em ambientes ruidosos ou abertos;
• Utilizar tom grave ou agudo demais;
• Falar excessivamente durante quadros gripais ou crises alérgicas;
• Praticar exercícios físicos falando;
• Fumar ou falar muito em ambientes de fumantes;
• Utilizar álcool em excesso;
• Falar abusivamente em período pré-menstrual;
• Falar demasiadamente;
• Rir alto;
• Falar muito após ingerir grandes quantidades de aspirinas,
calmantes ou diuréticos;
• Discutir com freqüência;
• Cantar inadequada ou abusivamente ou ainda, participar de
corais e cantar em vários estilos musicais;
• Presença de refluxo gastresofágico, altamente irritante às pregas
vocais (o refluxo gastresofágico é decorrente de disfunções estomacais,
responsáveis pela liberação de ácido péptico, que em algumas situações pode
banhar as pregas vocais, agredindo-as).
15
Sempre que sentir alterações em sua voz, deve se procurar um médico
otorrinolaringologista, que poderá diagnosticar possíveis distúrbios e anomalias
no aparelho da fala. Fonoaudiólogos também podem ser consultados para
possíveis correções através de exercícios.
Silva (1998) cita "A voz deve ser sempre pensada em relação à saúde
geral do paciente, em relação ao seu corpo todo, ao seu estado de saúde
geral. Segundo Sataloff (1991), todo o sistema corporal afeta a voz; Souza
Mello (1988), afirma que todo o corpo colabora na produção da voz; Bloch
(1979) refere que as condições ideais para uma boa produção vocal adequada
correspondem a um estado de saúde geral dentro das melhores condições
possíveis. Portanto, deve-se pensar não apenas nos aspectos que prejudicam
as pregas vocais, mas sim no trato vocal integrado na saúde geral de cada
paciente. Desta forma, podemos pensar que, apesar de as orientações serem
gerais, as necessidades, assimilações e repercussões são absolutamente
singulares. Por exemplo: o gelado, geralmente, prejudica a voz, mas a
quantidade e a forma deste prejuízo se manifestam diferentemente em cada
pessoa, dependendo do momento e da maneira em que este abuso foi
cometido. As reações do corpo humano são únicas e dependem de cada
indivíduo em cada momento."
2.7 - Testes de saúde de voz
O questionário a seguir é sugerido por Behlau e Rehder (1997), para se
identificar possíveis enfermidades do aparelho fonador que pode ser facilmente
aplicado a todos os profissionais da voz.
• Você acha que sua voz é rouca?
• Alguém já comentou que sua voz é rouca?
• Você fica rouco por mais de dois dias?
• Sua voz fica rouca após os ensaios?
• Você tem ou já teve algum problema de voz?
• Sua voz piorou depois que você entrou no coral?
16
• Ultimamente você tem demorado mais tempo para aquecer sua
voz?
• No dia seguinte a um ensaio ou a uma apresentação você fica
sem voz ou com a voz rouca?
• Durante o canto sua voz quebra ou some?
• Você desafina ou perde o controle da emissão?
• Você sente dificuldade no pianíssimo?
• Você sente dificuldade no fortíssimo?
• Você sente que sua voz é fraca demais para o coral?
• Você sente que sua voz é forte para o coral?
• Você tem dificuldade para atingir as notas agudas?
• Você tem dificuldade para cantar as notas graves?
• Quando você canta sai "ar" na voz?
• Você tem algum desses sintomas na laringe: coceira, ardor, dor,
sensação de garganta seca, sensação de queimação, sensação de aperto ou
bola na garganta?
• Falta ar para você terminar as frases musicais?
• Ao final do dia sua voz está mais fraca?
• Você canta em diversos naipes?
• Você mudou de naipe recentemente?
• Você procura cantar mais forte que os demais componentes do
coral?
• Você simplesmente articula, sem voz, certos trechos da música
que não consegue cantar?
• Quando você canta suas veias ou músculos do pescoço saltam?
• Você sente dores na região do pescoço saltam?
• Você sente dores de cabeça após o canto?
• Você consegue controlar sua emissão cantada no coral, ou não
se ouve e segue a voz do grupo?
• Seu coral costuma interpretar diversos estilos musicais?
• Além do coral, você canta em outras situações?
• Você canta durante muitas horas seguidas?
17
• Você pigarreia constantemente?
• Você tem alergia das vias respiratórias?
• Você tem resfriados freqüentes?
• Você tem amigdalites, laringites ou faringites freqüentes?
• Você tem dificuldades digestivas, azia ou refluxo gastro-
esofágico?
• Você fuma?
• Você se automedica quando tem problemas de voz?
• Além da atividade do coral, você usa a voz de modo intensivo em
outras situações?
Segundo a autora até quatro respostas positivas indicam que é
necessário estar atento e acima de seis respostas positivas é hora de procurar
um profissional para diagnosticar possíveis problemas.
18
CAPÍTULO 3 DOENÇAS DO APARELHO FONADOR
A piora do estado de saúde do professor tanto física, correspondendo a
sintomas como rouquidão, dor e ardência na garganta e perda de voz, quanto
emocional, como fadiga geral e tensão pela dificuldade em falar, interfere em
sua atuação, fazendo com que decaia a qualidade profissional. Assim, em
função da alta incidência de disfonia entre os professores, há uma
necessidade de tratamento médico e fonoaudiológico, sobrecarregando os
serviços de saúde. Na figura 2 o aparelho fonador pode ser observado
juntamente com o nome dos órgãos responsáveis pela emissão da voz.
Já o grande número de pedidos de licença médica, de professores
readaptados que exercem outras funções nas escolas e afastamentos destes
em decorrência de problemas vocais, muitas vezes exige a contratação de
outro profissional igualmente capacitado, acarretando prejuízo aos cofres
públicos ou a instituições educacionais particulares. (PINTO & FURCK, 1988).
Como citado anteriormente existem inúmeros distúrbios relacionados
com a voz, algumas irreversíveis.
Na figura 2 o aparelho fonador pode ser observado
Figura 2 O aparelho fonador
19
3.1 Conseqüências do mau uso da voz
A seguir serão descritas algumas das conseqüências pelo mal uso do
aparelho fonador.
Disfonias: Especialistas em doenças da voz apontam as disfonias,
distúrbios da voz como sendo um dos mais agravantes problemas
diagnosticados em profissionais do ensino. As principais conseqüências são as
alterações na produção da voz, responsáveis por 2% de afastamento ou
aposentadoria precoce. Existem relações entre a saúde vocal, os distúrbios da
voz e as condições de trabalho. (REVISTA PROTEÇÃO).
Lesõs - Diversas lesões resultantes de disfonias funcionais que podem
ser classificadas em laringite, pólipo, cistos, leocoplasia e câncer de laringe. As
alterações da mucosa da prega vocal como nódulos, pólipos e edemas das
pregas vocais têm como característica comum, o fato de representarem uma
resposta inflamatória da túnica mucosa a agentes agressivos, quer sejam de
natureza externa, quer sejam decorrente do próprio comportamento vocal.
Estudo realizado em 1989 por M. Calas mostrou que 86% tinham lesões,
freqüentemente nódulos.
Segundo Penteado as patologias comuns são:
Nódulos: Os nódulos resultam de: fatores anatômicos predisponentes
(fendas triangulares), personalidade (ansiedade, agressividade,
perfeccionismo) e do comportamento vocal inadequado (uso excessivo e
abusivo da voz). O tratamento dos nódulos é fonoterápico. A indicação
cirúrgica, todavia, pode ser feita quando os mesmos apresentam
características esbranquiçadas, duras e fibrosada, ou ainda quando existe
dúvida diagnóstica.
Pólipos: Os pólipos são inflamações decorrentes de traumas em
camadas mais profundas da lâmina própria da laringe, de aparência
vascularizada. O tratamento é cirúrgico. A voz típica é rouca. As causas podem
ser: abuso da voz ou agentes irritantes, alergias, infecções agudas, etc.
Edemas das pregas vocais: Os edemas relacionam-se com o uso da
voz. Normalmente são localizados e agudos. O tratamento é medicamentoso
ou através de repouso vocal. Os edemas generalizados e bilaterais
20
representam a laringite crônica, denominada Edema de Reinke. São
encontrados em pessoas expostas a fatores irritantes externos, especialmente
o tabagismo (fumo) e o elitismo, sendo o mais importante fator associado ao
uso excessivo e abusivo da voz. Quando discretos, os edemas podem ser
tratados com medicamentos e fonoterapia, assegurando-se a eliminação de
seu fator causal; quando volumosos, necessitam de remoção cirúrgica, seguida
de reabilitação fonoaudiológica.
Infecções: Os fatores infecciosos, incluindo as sinusites, diminuem a
ressonância e alteram a função respiratória, produzindo modificações na voz.
O efeito primário das infecções das vias aéreas superiores têm efeito direto
sobre a faringe e a laringe, podendo provocar irritação e edema das pregas
vocais. Estes processos infecciosos podem gerar atividades danosas, como o
pigarro e a tosse que, por sua vez, podem causar traumatismos nas pregas
vocais Há também fatores imunológicos, endócrinos, auditivos e emocionais,
que podem causar transtornos na emissão da voz.
Laringite crônica: Os agravamentos das irritações crônicas da laringe
são denominados laringite crônica. Os sintomas são: rouquidão e tosse, com
sensação de corpo estranho na garganta, aumento de secreção, pigarro e,
ocasionalmente, dor de garganta. O tratamento envolve a eliminação dos
fatores que provocam a irritação da laringe (exposição a produtos químicos e
tóxicos, nível elevado de ruídos, maus hábitos alimentares, refluxo alimentar
devido a gorduras, pigarro crônico, etc.), além da promoção de hábitos que
melhoram a higiene vocal, evitando os abusos da voz.
Câncer da garganta: O câncer pode aparecer em qualquer parte do
corpo, mas há certos tipos de tumores que têm predileção pela boca, garganta
e pescoço e estão relacionados, geralmente, a agentes causais como o álcool
e o tabaco. Por se desenvolverem em áreas mais fáceis de visualizar, esses
tumores são passíveis de diagnóstico precoce e, com pequenas intervenções
cirúrgicas, é possível resolver definitivamente o problema.
No entanto, e infelizmente, no nosso meio o diagnóstico das lesões
costuma ser tardio, numa fase em que já surgiram no pescoço, linfonodos
comprometidos pela doença, o que obriga submeter o paciente a cirurgias
21
muito mais extensas e, às vezes, bastante mutiladoras. O mais triste é que
essa situação poderia ser evitada. Um exame simples, utilizando um abaixador
de língua, um espelhinho e uma lanterna, realizado por profissional
devidamente treinado, bastaria para diagnosticar precocemente a doença e
evitar muito sofrimento. (VARELLA, 2008).
Ao constatar alguns dos sintomas listados recomenda-se procurar um
especialista conforme sugere Penteado, (1996):
Rouquidão provocada por gripe ou resfriado pode ser tratada por um
Médico clínico geral ou Pediatra. No entanto, se ela durar mais de duas
semanas ou se não tiver uma causa evidente, deverá ser avaliada por um
especialista em voz: o Médico otorrinolaringologista (especialista em nariz,
ouvidos e garganta).
Problemas com a voz são melhores conduzidos por um grupo de
profissionais que inclua o Médico otorrinolaringologista e um fonoaudiólogo.
3.2 Fatores que influenciam a saúde vocal do professor
Além dos fatores citados anteriormente existe uma que deve ser levado
em consideração: A arquitetura acústica da sala de aula. Grande parte do
problema da voz tem origem nos detalhes acústicos da sala de aula. O tempo
de reverberação é influenciado pelo volume da sala (tamanho e altura do teto),
suas proporções (paredes paralelas) e a capacidade dos materiais usados nas
paredes, piso e teto, absorverem a energia sonora. A relação Fonte- Ruído diz
respeito à capacidade do timbre e potência da voz do Professor ser capaz de
ultrapassar o ruído existente na sala de aula. E finalmente, a Distância
Professor-Aluno que, quanto maior, mais difícil fica para o aluno entender o
que o Professor está falando.
O Tempo de Reverberação definida como o tempo necessário para o
abaixamento da intensidade sonora de 60 decibéis (dB), já é conhecido para
vários ambientes escolares. O "reflexo" das ondas sonoras, representadas na
figura 3 como setas, nas paredes, piso e teto, aumentam o nível de ruído na
sala a tal ponto, que podem tornar impraticável lecionar nesse ambiente.
22
À distância (Professor-Aluno de 1 m, a energia ou intensidade da voz
mede cerca de 60 dB. Entretanto, cada vez que essa distância é dobrada, o
som diminui 6 dB. Assim, para um aluno sentado a 2 m do Professor, a
intensidade do som é de 54 dB mas, a 4 m, é de apenas 48 dB conforme figura
4, mas seguindo as linhas horizontais que partem da escala vertical e não a
linha vermelha.
A linha pontilhada horizontal representa o ruído de fundo, background
noise e a linha vermelha, o nível sonoro da voz do Professor. Para que os
alunos ouçam com clareza a voz do Professor, o som percebido por cada
aluno deve estar acima da linha pontilhada; os valores da intensidade sonora,
neste caso, são precedidos pelo sinal positivo +15DB, significa que a
intensidade da voz do Professor está 15 decibéis acima da linha que
representa o Ruído de fundo. Observe que, no caso do penúltimo e o último
aluno, os mais distantes do Professor, a linha vermelha está abaixo da
pontilhada e o sinal em decibéis é negativo (-3DB), indicando que eles não
estão ouvindo bem o que o Professor está dizendo; o que seria possível se a
linha vermelha estivesse acima da preto-pontilhada.
Figura 3 o reflexo de ondas sonoras em relação ao sinal original.
Figura 4 o nível sonoro em relação à distancia.
23
As causas desses problemas podem advir da arquitetura da sala e/ou
dos ruídos externos. No primeiro caso, estão as salas com paredes finas e
paralelas, materiais reflexivos (não absorventes do som) e equipamentos
ruidosos (ar refrigerado ou ventilador). Em seguida, surgem os ruídos externos:
corredores ruidosos, a proximidade de aeroportos, estradas movimentadas,
estacionamentos de veículos, parques infantis, campos de jogos,
equipamentos mecânicos, áreas de coleta de lixo, cortadores de grama e
máquinas barulhentas de indústrias ou construções próximas.
São sugeridas algumas soluções arquitetônicas para se minimizar
problemas.
Rebaixamento do teto: Além de diminuir o volume da sala e aumentar o
nível de iluminação pelo abaixamento das luminárias, podem ser usadas
placas absorventes de som, que diminuem ainda mais o tempo de
reverberação.
Painéis suspensos: pendurados no teto com 4 cabos metálicos cada um
e com inclinação projetada para direcionar o som para certas áreas do
auditório. O efeito acústico será aumentado, se esses painéis forem feitos com
material adequado para os fins a que se propõem. Uma curiosidade, no caso
da colocação de painéis acústicos nas paredes laterais, é que se deve dar
preferência, por exemplo, a quatro painéis de 1 metro quadrado cada (1 m2)
do que um único de quatro m2; a explicação é que as laterais ou bordas
também contribuem para a atenuação do som.
Segundo Garavelli, no Brasil, os problemas de ruído no ambiente
escolar referentes aos aspectos físicos ambientais, luminosidade, temperatura,
circulação de ar ainda estão sendo tratado de maneira incipiente.
Para ele o pouco conhecimento por parte de gestores das escolas,
professores e alunos sobre esse tema evidencia uma realidade preocupante,
pois só com o conhecimento é que se pode auxiliar na identificação,
minimização e superação das interferências negativas que o ambiente
acusticamente inadequado possa trazer ao processo de ensino aprendizagem
e a saúde de professores e alunos.
24
Segundo Dreossi, além dos problemas causados no profissional da
educação por ambientes inadequados, não podemos nos esquecer que os
discentes também têm grande perda, pois vamos pensar em uma sala de aula.
A voz do professor será chamada de sinal (S) e o barulho ao qual a sala esta
subjugada, seja ele advindo de fora ou de dentro da escola, será chamada de
ruído (R). Ao utilizarmos um medidor de pressão sonora, iremos constatar uma
intensidade de voz utilizada por este professor (por exemplo, 70DB) e uma
intensidade do ruído (por exemplo, 80DB). Neste exemplo a sala de aula
estaria a mercê de uma relação S/R de -10dB.
Para ela os alunos sempre relatam que ouvem o que o professor fala,
mesmo no fundo da sala. Esta afirmação esta correta. Porém o que eles não
conseguem notar é que a fala perde sua inteligibilidade, pois a fala perde parte
de sua energia desde a frente até o fundo da classe.
Dreossi resalta que existe recomendação para que todos os níveis
médios de ruído dentro de uma sala de aula estejam entre 35 a 45 dB, pois
níveis entre 50, 65 dB embora aceitáveis provoquem um estresse leve, dando
inicio ao desconforto auditivo, vigilância e agitação.
25
CAPÍTULO 4 A SAÚDE DO PROFESSOR
A UICC – União Internacional contra o câncer declara que se uma
rouquidão persistir mais de 10 dias pode não ser uma simples infecção e
necessita de tratamento médico, pois é um dos sete sinais de alerta de câncer.
No Brasil, a 2 a. Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador,
realizada em Brasília em 1994, criou as comissões de saúde do trabalhador, e
determinou que estas deveriam "não só evitar acidentes, mas também garantir
a saúde do trabalhador".
Estudos realizados mostram que a grande maioria dos professores que
sofre de fadiga vocal utiliza-se de técnica vocal falha.
Segundo o SINPRO-2008, (Sindicado dos Professores de São Paulo)
em seu artigo Saúde do Professor afirma que a principal ferramenta de
trabalho do professor é a sua voz e que muitos fatores fadigantes influenciam
na saúde vocal do docente como:
A maioria desses profissionais utiliza esse instrumento por jornadas
muito longas;
Excesso de trabalho, em que o professor muitas vezes é obrigado a
levar tarefas para casa que diminui o tempo de repouso e lazer;
Numero excessivo de alunos na sala de aula, levando o docente a
aumentar a intensidade de sua voz para ser ouvido por todos;
Salas de aulas mal projetadas, sem tratamento acústico com excesso
de ruídos externos e internos.
O sindicato ainda afirma que o professor é o profissional que mais
apresenta problemas vocais e preocupados com isso desde 1991 desenvolve
o Programa de Saúde Vocal do Professor para diminuir a incidência da
disfonias ocupacional.
4.1 – Dicas e orientações para o uso da voz
Segue uma série de dicas proposta pelo SINPRO e por Brum (2007)
para uso adequado da voz em sala de aula.
Hábitos prejudiciais
26
Uso incorreto ou abusivo da voz: falar com forte intensidade, falar muito
durante quadros gripais, falar em ambientes ruidosos por muito tempo, falar
com tensão ou esforço, num tom inadequado de voz, com má postura, entre
outros;
• Gritar. É importante que o professor evite concorrer com ruídos que
acarretem um aumento na intensidade vocal (carros, aviões,
retroprojetor, ventilador, entre outros);
• Sussurrar. Essa ação força as pregas vocais.
• Pigarrear – essa ação causa um forte atrito na pregas vocais, irritando-
as;
• Falar de lado ou de costas para os alunos, Quando fazemos isso à
tendência é aumentarmos a intensidade vocal;
• Fatores físicos e ambientais: ar-condicionado, pó de giz, poluição,
ventilação inadequada, poeira, ruído, sala de aula muito grande e com
acústica ruim, disposição das classes, número de alunos, escassez de
recursos materiais, etc.;
• Falar enquanto escreve na lousa. Isso faz com que o professor tenha
que aumentar a intensidade de sua voz e que aspire o pó de giz;
• Chupar uma bala forte quando estiver com a garganta irritada, Isso
mascara o sintoma e o professor tende a forçar a voz sem perceber,
Quando o efeito da bala passa a irritação na garganta aumenta;
• Roupas pesadas e que apertem a região do pescoço e abdômen.
• Fatores psicoemocionais: relacionados ao estresse, má remuneração,
falta de reconhecimento social, etc.;
• Fatores intrínsecos: resistência vocal, idade, estado geral de saúde,
alergias, gripes,
• Problemas posturais, respiração bucal, etc.;
• Hábitos vocais inadequados: beber pouca água, fumar, tossir ou
pigarrear constantemente,
• Uso excessivo de pastilhas e sprays anestésicos, etc.
Compreender a influência destes fatores sobre a voz do professor é
imprescindível no desenvolvimento de estratégias que reduzam os altos
27
índices de disfonias nessa categoria. O professor que sabe identificar os
fatores prejudiciais ao seu desempenho vocal é capaz de modificar e
transformar esta realidade, maximizando o potencial da sua voz.
Hábitos saudáveis
• Beba regularmente água, em pequenos goles, quando estiver
dando aulas, A água hidrata as pregas vocais;
• Articule bem as palavras;
• Evite o contato direto com o pó de giz, Quando for apagar a lousa
afaste o rosto e evite espalhar o pó, usando o apagador no sentido de cima
para baixo;
• Mantenha uma alimentação saudável e regular, Evite alimentos
“pesados” no período que você estiver dando aulas;
• Evite o café, bebidas gasosas e o cigarro, Eles irritam a laringe,
Além disso, o cigarro aumenta a chance de câncer de laringe e pulmão;
Os principais sintomas vocais que sinalizam a existência de um
problema de voz em professores são: cansaço e esforço ao falar, falhas na voz
ao final do dia ou da semana, rouquidão, pigarro, voz mais grave e perda nos
tons agudos (ex: dificuldade em cantar), ardência ou secura na garganta, dor
ao falar, sensação de garganta raspando, falta de volume e projeção, pouca
resistência ao falar, entre outros.
É importante salientar que o desgaste na voz ocorre, na maioria das
vezes, de maneira lenta e gradual. Inicialmente podem surgir sinais e sintomas
que indicam um esforço vocal excessivo, mas que não provocam mudanças
perceptíveis na voz (rouquidão, falhas, etc.), tais como veias saltadas no
pescoço, ardência ou secura na garganta, tensão no pescoço e ombros, entre
outros.
Muitos professores não relacionam tais sintomas ao uso da voz e
continuam forçando e desgastando a voz, protelando a ida ao médico para a
obtenção de um diagnóstico adequado o que repercute na manutenção e
evolução de lesões, quando presentes (Vaz et al.,2002).
Dentre as lesões benignas de pregas vocais, o nódulo vocal, conhecido
popularmente como "calos nas cordas vocais", é a lesão mais freqüentemente
28
encontrada em professores que apresentam hábitos e conduta vocal
inadequada (Quinteiro, 2000). Além dos nódulos vocais, podem ser
encontrados também pólipos, cistos, edema, etc. O tratamento destas lesões
pode ser cirúrgico e/ou fototerápico, e em alguns casos, medicamentoso.
• Coma uma maçã – ela é adstringente, ou seja, limpa o trato vocal
e sua mastigação exercita a musculatura responsável pela articulação das
palavras;
• Na hora de acordar e levantar da cama espreguice e faça
alongamentos tentando relaxar;
• Durante o banho, deixe a água quente cair nos ombros, fazendo
leves movimentos de rotação com a cabeça e ombros, Isso ajuda a diminuir a
tensão do dia-a-dia;
• Na sala de aula, utilize recursos que aumentem a participação
dos alunos e ajudem a poupar a voz;
• Utilize alguns intervalos para descansar a sua voz;
• Com orientação fonoaudiológica, faça exercícios de aquecimento
e desaquecimento vocal;
• Consulte o serviço de fonoaudiologia do SINPRO-SP e verifique
como está sua voz.
4.2 Higiene vocal: cuidados com a voz
Para Brum (2007) Uma boa voz depende da saúde e harmonia de todo
o corpo. Para manter a voz saudável, é importante o professor observar as
seguintes orientações:
– beber no mínimo dois litros de água ao longo do dia, em temperatura
ambiente, para hidratar as pregas vocais. A ingestão de água é fundamental
para a voz, pois as pregas vocais precisam estar lubrificadas para vibrarem
adequadamente. O pó de giz, poeira e ar-condicionado são fatores que
ressecam a garganta e dificultam a vibração das pregas vocais, tornando-se
imprescindível a adequada hidratação;
– evitar o fumo, pois a fumaça do cigarro agride diretamente a mucosa das
pregas vocais, causando ressecamento, irritação e inchaço, alterando a
29
qualidade da voz. Além disso, o cigarro é um dos principais agentes
metiológicos do câncer de laringe;
– evitar o consumo de bebidas alcoólicas em excesso. Além de irritar a
mucosa, o álcool anestesia e altera as sensações ao falar. Desta forma, o
falante pode estar abusando da voz sem perceber e os sintomas somente
serão notados após o efeito da bebida: ardência, queimação, voz rouca e
fraca;
– evitar o consumo de chocolates, leite integral e derivados durante o uso
profissional da voz, pois são alimentos ricos em gordura e aumentam a
viscosidade da mucosa no trato vocal;
– fazer refeições leves antes do trabalho, dando preferência às verduras,
legumes e frutas, e evitar o consumo de alimentos gordurosos e
condimentados que dificultam a digestão;
– mastigar bem os alimentos também é importante, pois a mastigação
realizada com movimentos amplos de mandíbula é um ótimo exercício para a
dicção;
– evitar o uso de balas "geladinhas" ou pastilhas à base de menta, pois elas
anestesiam a garganta e fazem com que o professor não perceba que está
forçando a voz;
– durante quadros gripais e crises alérgicas, beber bastante líquidos e limitar o
uso da voz, desenvolvendo estratégias didáticas que favoreçam um descanso
vocal parcial, como por exemplo, mesclar aulas expositivas com atividades em
grupo, utilizar vídeos, cartazes,etc. Após o expediente, fazer repouso vocal,
pois as alergias das vias aéreas (bronquite, asma, sinusite, rinite, laringite)
muitas vezes ocasionam edema (inchaço) na mucosa do trato respiratório e
vocal, deixando as pregas vocais mais sensíveis;
– utilizar o microfone, principalmente quando a sala de aula é grande, evitando
falar com forte intensidade;
– evitar controlar a atenção da turma através do volume excessivo da voz.
Uma alternativa é usar gestos ou batida de palmas;
– evitar falar enquanto escreve ou apaga o quadro e procurar falar sempre de
frente para os alunos (nunca para a lousa), assim a voz será projetada para a
30
classe e não haverá a inalação direta do pó de giz. Além disso, para os
indivíduos alérgicos ao pó de giz e à poeira, outra orientação fundamental é
respirar pelo nariz, principalmente enquanto apaga o quadro, pois o nariz filtra,
aquece e umedece o ar inspirado, representando uma defesa do organismo à
poluição;
– evitar pigarrear, tossir e "raspar" a garganta para limpá-la, pois estes hábitos
causam um atrito muito forte entre as pregas vocais, podendo machucá-las.
Beber água ajuda a combater o pigarro;
Complementada por Teixeira (2007), que acrescenta que o uso correto
da voz deveria ser matéria integrante da grade de formação do professor, o
que não ocorre na realidade, apresentando mais algumas regras de uma boa
higiene vocal:
- Hidratação / Hidratoterapia
Hidratação é o fator de maior importância para o bom desempenho
vocal. Suas bordas e pregas vocais não conseguem um bom desempenho se
não estiverem hidratadas, lubrificadas. O primeiro sintoma é o ressecamento
dessa musculatura e o aparecimento do "pigarro" (congestão da mucosa
laríngea). A prevenção é muito simples e barata: de dois a três litros de água
por dia. Não podem ser aceitas as justificativas das pessoas que dizem não
sentir necessidade de água. A ingestão constante de água deve ser uma
obrigação, principalmente quando o profissional da voz estiver trabalhando, a
garrafa de água tem que estar junto dele por todo o tempo. A partir do uso da
água todas as sensações de incômodo na garganta, de ressecamento,
sensação de corpo estranho, pigarros, dentre outros, tendem a desaparecer,
evidenciando a melhoria da qualidade de vida da voz; bebidas e alimentos
gelados costumam provocar um choque término, associado ao edema das
pregas vocais, devem, portanto ser evitados.
-Gastronomia:
A regularidade e o equilíbrio da alimentação são essenciais para a
produção da voz. A refeição antes da utilização do aparelho vocal deve ser
leve. Os alimentos bem mastigados irão propiciar um relaxamento da
musculatura da mandíbula. Os derivados do leite, como chocolates, queijos,
31
iogurtes e etc. devem ser evitados, pois aumentam e "engrossam" a secreção
do trato vocal (muco), dificultando a emissão da voz; frutas e sucos cítricos são
aconselháveis, por terem substâncias adstringentes proporcionando uma
limpeza no trato vocal (pessoas com problemas gástricos devem evitá-los, pois
a acidez pode proporcionar o refluxo gastro-esofágico que agride a mucosa do
trato laríngeo)
- Ar condicionado: É um grande vilão para os profissionais da voz,
porque promove mudanças bruscas de temperatura, acarretando o
ressecamento do ambiente e, conseqüentemente, o ressecamento do trato
vocal. A ingestão de água, se possível em temperatura ambiente, torna-se
imprescindível para combater o ressecamento, através da lubrificação.
- Cigarro e drogas: são substâncias químicas que irritam as pregas
vocais. Essa irritação pode trazer rouquidão, primeiros sinais de que há algo
errado com a garganta. Em longo prazo, essa rouquidão pode evoluir para
lesões mais sérias nas pregas vocais. Existe forte relação entre o cigarro, as
drogas e o câncer de laringe.
-Receitas caseiras: Nas disfonias e afonias - alteração e perda da voz,
respectivamente - acompanhadas de alteração da mucosa (excesso de
pigarro), e, conseqüentemente, inflamação das bordas e pregas vocais, não
surtem efeito pastilhas, gargarejos, gengibre, cravo, mel, própolis, etc. Eles
irritam as pregas vocais. Mesmo o gargarejo indicado em tratamento médico
deve ser bem dosado. O único elemento externo que consegue chegar nas
bordas e pregas vocais sem encontrar qualquer empecilho é o vapor d’água,
obtido pela fervura de água numa chaleira ou por meio de nebulizadores. O
princípio é o mesmo das luxações musculares, em que logo após a luxação
são recomendadas compressas com gelo e, 48 horas após, exposição ao
calor. No caso da voz, preceitua-se somente o calor, a fim de ativar a
circulação sangüínea local (bordas e pregas vocais), restabelecendo o fluxo da
mucosa e, conseqüentemente, diminuindo a inflamação. A técnica é fazer a
inalação de água fervida com sal e/ou soro fisiológico, antes de dormir,
iniciando com alguns minutos (dois a três), procedendo da seguinte forma:
inspirando e expirando pelas fossas nasais; inspire com as narinas (boca
32
fechada) e expire pelo nariz, sonoramente, com o som HUMMMMMM contínuo,
em qualquer tom que seja agradável, até o ar quente represado acabar. Repita
por várias vezes dentro dos minutos acima mencionados. Esse procedimento
pode ser repetido, desde que se guarde um intervalo de, pelo menos, meia
hora entre eles. Mas não exagere! Não aspire pela boca, uma vez que o ar
quente pode queimar sua garganta e o excesso de calor resultar em ação
contrária, agravando mais ainda o problema.
- Vestuário: Roupas que apertam a região do pescoço e abdome, assim
como roupas muito justas, de maneira geral devem ser evitadas por causarem
dificuldades para o movimento respiratório e para a liberdade da
movimentação muscular.
- Competição sonora: Sempre que estamos expostos ao ruído,
aumentamos o volume da voz e começamos a fazer esforços para sermos
entendidos. O telefone é uma situação comum que pode levar ao estresse
vocal, pois além de aumentarmos o volume vocal colocamos toda a energia da
comunicação apenas na voz. Evite conversar em lugares muito ruidosos.
- Sono: O sono é fundamental para uma produção adequada da voz.
Uma noite de sono inadequada é denunciada claramente pela voz matinal.
Nestes casos, muitas vezes nem um extenso tempo dedicado aos exercícios
de aquecimento vocal darão conta de levantar a voz.
- Período pré-menstrual: Durante a tensão pré-menstrual a voz
falha,treme fica mais rouca e esses sintomas não são simples variações do
destempero emocional,estão diretamente relacionadas à diminuição de
estrógeno e progesterona. Os distúrbios da voz são comuns nos dias que
antecedem o início do fluxo menstrual e também nas 48 horas da
menstruação.
O inchaço que incomoda as mulheres na TPM também atinge as pregas
vocais, mudando sua freqüência vibratória, tornando a voz mais grave. A
alteração hormonal também reduz a produção de muco que protege e lubrifica
as pregas vocais, deixando-as mais suscetíveis a lesões.
É importante que as operadoras de telemarketing tentem poupar a voz
durante a TPM e /ou início da menstruação, pelo menos depois do expediente.
33
-Problemas alérgicos ou inflamatórios: Muito cuidado com os resfriados
e suas conseqüências (rinites, sinusites, laringites, faringites etc..). Esses
sintomas alteram a voz e extensivamente a disposição física e emocional,
principalmente quando envolvem a laringe (bordas e pregas vocais), devido a
tosse, vilã dos profissionais da voz. A tosse, se não for debelada a tempo,
pode provocar uma disfonia de longa duração. Nos casos acima, dependendo
da gravidade, recorra a medicamentos, para prevenir ou tratar esses sintomas
desagradáveis, sempre com orientação e ajuda do médico.
Uma voz bem cuidada revela harmonia biopisicossocial, e realiza
por si uma boa comunicação. Faça de sua voz uma aliada.
4.3 Legislações em relação á saúde vocal do professor.
Segundo Ferreira ET AL (2007), em um trabalho realizado com o
objetivo de levantar as leis brasileiras sobre saúde vocal apontam que
distúrbios de voz registrados nesse profissional têm, nos últimos anos,
contribuído para que políticos encaminhem projetos de lei, na direção de
garantir ações de prevenção para diminuir a incidência de alterações vocais
nos professores. Em seu trabalho, compreendendo o período de 1998 a 2007
mostra que foram registrados, ao seu final, 28 documentos, que foram
organizados em uma planilha, destacando-se o número, ano e região, em que
a lei foi apresentada. Os resultados mostram que os documentos são, em sua
maioria, leis de abrangência municipal (18-64,2%), propostas na região
sudeste. Algumas dessas leis, além do professor, consideram outros sujeitos
envolvidos no contexto da escola.
Levando-se em conta o grande número de casas legislativas no Brasil,
conclui-se que poucas são as leis propostas a favor da saúde do professor,
especialmente em relação à voz.
34
5 - CONCLUSÃO
O propósito deste trabalho foi a de estudar e pesquisar sobre a saúde
da voz do professor, pois o tema tem ganho importância na área de saúde
devido ao grande número de profissionais com problemas vocais.
Algumas dúvidas ainda continuarão sem respostas e algumas foram
prontamente esclarecidas e esperam que os docentes tomem providencias
para que esses males sejam evitados. Existem diferenças entre um
profissional ou outro, pois como podemos ver diversos aspectos, como nível
de estresses, carga horário, condições físicas de instituições, tons de voz
entre outros fatores determinam o nível de agravamento dos males.
Durante a pesquisa pode-se observar que são grandes a
preocupação e diversos estudos estão em andamento, incluindo
treinamentos e a formação de profissionais especialistas em tratamento
vocal do profissional do ensino.
Patologias da voz muitas vezes são causas de afastamento
temporário ou definitivo de um grande professor que não soube ao longo do
tempo das possibilidades e das formas de evitar tais doenças por falta de
informação e muitas vezes as reclamações desses profissionais são
considerados de pouca importância. Nos tradicionais métodos de ensino,
por mais recursos que o professor tenha a sua disposição, a voz ainda é a
principal ferramenta para transmissão de conhecimento.
É preciso que o professor não tenha vergonha de assumir que está
com problemas vocais e procurar um profissional para receber instruções
adequadas ou até mesmo ser avaliado, não ter medo de admitir a
possibilidade de estar com patologias relacionadas a problemas vocais e
disseminar entre os colegas de trabalho assuntos relacionados a esse tema,
assim, poderemos ter uma maior divulgação e esclarecimentos de possíveis
conseqüências pelo uso indevido da voz. E conscientizar professores de que
antes de entrar na sala de aula o devem fazer aquecimento vocal e com
isso transmitir com segurança seu conhecimento através de seu instrumento
da fala.
35
Importante ressaltar que alguns fatores que influenciam a saúde vocal
do professor fogem do controle do professor, como uma melhor adequação
das salas de aulas por parte das instituições de ensino, colaboração por
parte dos alunos para contribuir com a diminuição do nível de ruídos.
36
6 - BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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ÍNDICE
AGRADECIMENTOS ............................................................................................iii RESUMO.................................................................................................................. v METODOLOGIA .................................................................................................... vi SUMÁRIO ..............................................................................................................vii INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1 CAPÍTULO I A VOZ HUMANA............................................................................. 3 1.1 - Intensidade........................................................................................................ 4 1.2 – Tom.................................................................................................................. 5 1.3 – Timbre.............................................................................................................. 6 1.4 – Quantidade ....................................................................................................... 7 CAPITULO 2 – O APARELHO FONADOR ........................................................ 10 2.1 – Produções do som .......................................................................................... 10 2.2 – Postura ........................................................................................................... 10 2.3 - Atitudes básicas para o equilíbrio do corpo.................................................... 11 2.4 – Respiração...................................................................................................... 12 2.5 – Relaxamento .................................................................................................. 13 2.6 - Higiene vocal .................................................................................................. 13 2.7 - Testes de saúde de voz.................................................................................... 15 CAPÍTULO 3 DOENÇAS DO APARELHO FONADOR..................................... 18 3.1 Conseqüências do mau uso da voz ................................................................... 19 3.2 Fatores que influenciam a saúde vocal do professor......................................... 21 CAPÍTULO 4 A SAÚDE DO PROFESSOR ......................................................... 25 4.1 – Dicas e orientações para o uso da voz ........................................................... 25 4.2 Higiene vocal: cuidados com a voz .................................................................. 28 4.3 Legislações em relação á saúde vocal do professor. ......................................... 33 5 - CONCLUSÃO................................................................................................... 34 FOLHA DE AVALIAÇÃO .................................................................................... 40