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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO NO ASPECTO EMPRESARIAL MARIA FERNANDA PINTO Prof. MARCO ANTONIO CHAVES RIO DE JANEIRO, RJ, DEZEMBRO/2001

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

NO ASPECTO EMPRESARIAL

MARIA FERNANDA PINTO

Prof. MARCO ANTONIO CHAVES

RIO DE JANEIRO, RJ, DEZEMBRO/2001

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

NO ASPECTO EMPRESARIAL

MARIA FERNANDA PINTO

Trabalho Monográfico apresentado

como requisito parcial para obtenção

do Grau de Especialista em

Finanças e Gestão Corporativa

RIO DE JANEIRO, RJ, DEZEMBRO/2001

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 4

Contextualização ..........................................................................................................4

Capital terceiros x Capital próprio ..............................................................................5

CAPÍTULO I - O Patrimônio Líquido ...................................................................... 7

1.1 - Conceito e importância do Patrimônio Líquido ...............................................7

1.2 - Algumas considerações importantes ................................................................8

1.3 - O Patrimônio Líquido e as Demonstrações Financeiras .................................11

CAPÍTULO II - Composição do Patrimônio Líquido ...............................................16

2.1 - O Capital Social ...............................................................................................18

2.2 - As Reservas......................................................................................................20

2.2.1 - Reservas de Capital ........................................................................21

2.2.2 - Reservas de Lucros ............................................................ ...........23

a) Reserva Legal

b) Reserva Estatutária

c) Reserva para Contingências

d) Reservas de Lucros a Realizar

e) Reservas de Lucros para Expansão

f) Reserva Especial para dividendo obrigatório não distribuído

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2.2.3 - Reservas de Reavaliação .......................................................................34

2.2.4 - Lucros e Prejuízos Acumulados e Resultado do Exercício ...................36

2.2.5 - Ações em Tesouraria ..............................................................................38

CONCLUSÃO ................................................................................................................42

BIBLIOGRAFIA GERAL ..............................................................................................45

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INTRODUÇÃO

CONTEXTUALIZAÇÃO

O Patrimônio Líquido corresponde à parcela dos recursos dos acionistas

colocados a disposição da sociedade, mais o lucro acumulado, no decorrer de anos, ou

seja, não distribuído e reservas com o objetivo de atingir seu objeto social.

Ou seja, o Patrimônio Líquido representa o valor contábil que pertence aos

acionistas ou sócios da empresa.

No Balanço Patrimonial o Patrimônio Líquido representa a diferença entre o

valor dos ativos e o dos passivos, conforme a equação contábil:

onde, o ativo representa os bens e direitos e o passivo, as dívidas e obrigações da

empresa.

CAPITAL DE TERCEIROS X CAPITAL PRÓPRIO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO = ATIVO - PASSIVO

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No Balanço Patrimonial o lado do Passivo (capital de terceiros) e o do

Patrimônio Líquido (capital próprio), representa todas as fontes de recursos, toda a

origem de capital.

O lado do Ativo é caracterizado pela aplicação dos recursos originados no

Passivo e Patrimônio Líquido.

Sendo assim, fica mais simples compreender a equação contábil, onde:

Pois a empresa só pode explicar aquilo que tem origem, ou seja:

Sendo assim,

O

capital de terceiros é representado no balanço patrimonial pelo passivo exigível, isto é,

passivo circulante, mais o exigível a longo prazo.

O ideal para a empresa é estabelecer uma relação ótima entre o capital de

terceiros e capital próprio, levando em conta seus interesses econômicos, financeiros,

comerciais e estruturais.

ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

APLICAÇÕES = ORIGENS

APLICAÇÕES = ATIVO

e

ORIGENS = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

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É fundamental que a capacidade de endividamento seja bem administrada.

Algumas empresas que foram à falência apresentaram uma crescente

participação de capitais de terceiros nos seus últimos períodos, fruto da má

administração de suas fontes de recursos e aplicações inadequadas e mal divididas entre

capital de giro, realizável a longo prazo e ativo permanente.

O capital próprio é representado no balanço patrimonial pelo Patrimônio

Líquido, objeto deste trabalho. Corresponde à parcela dos recursos dos acionistas

colocados à disposição da sociedade, mais o lucro acumulado e reservas.

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CAPÍTULO I - O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

1.1 - CONCEITO E IMPORTÂNCIA DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

O Patrimônio Líquido evidencia os recursos dos acionistas ou sócios aplicados

na empresa (capital e acréscimo de capital) e os rendimentos resultantes do capital

aplicado (lucro ou prejuízo), que no caso de lucro, são distribuídos para os donos do

capital (dividendos) e/ou reinvestidos e retidos na empresa (Reservas e Lucros

Acumulados).

O Patrimônio Líquido no balanço Patrimonial corresponde à diferença entre

Ativo e Passivo exigível.

De acordo com a Lei n.º 6.404/76, o Patrimônio Líquido é dividido em:

• Capital Social, que representa valores recebidos pela empresa, ou por ela gerados, e

que estão formalmente incorporados ao capital

• Reservas de Capital, que representam valores recebidos que não transitaram pelo

resultado como receitas

• Reservas de Reavaliação, que representam acréscimo de valor atribuído a elementos

do ativo

• Reservas de Lucros, que representam lucros obtidos pela empresa, retidos com

finalidade específica

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• Lucros ou Prejuízos acumulados, que são também resultados obtidos, mas retidos

sem finalidade específica (quando lucros), ou à espera de absorção futura (quando

prejuízo).

À medida que uma boa evidenciação dos elementos constitutivos do Patrimônio

Líquido possa auxiliar os interesses dos sócios ou acionistas, estará sendo cumprido a

finalidade principal das demonstrações contábeis, a de ajudar o investidor a avaliar a

tendência do empreendimento.

1.2 - ALGUMAS CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES.

Kenneth Most considera que o fato de olharmos para o Patrimônio Líquido com

uma diferença entre ativo e passivo é conseqüência da abordagem prevalecente do

balanço, que seria a da teoria do proprietário.

De fato, a consideração do patrimônio como diferença entre ativo e passivo não

pode dinamicamente ter muita eficácia, pois, quando os ativos são introduzidos dentro

da empresa, o valor do capital é determinado em relação a tais bens ou direitos. Neste

caso, tanto faz considerarmos a teoria do proprietário como a teoria da entidade.

Entretanto, logo em seguida, esta relação se desfaz, de forma que um passivo ( no

sentido geral de recursos) pode continuar a existir muito após o ativo que ele representa

ter sido utilizado, vendido ou, com afirma Most, baixado por perda. Mais

especificamente, os direitos legais que se ligam ao Patrimônio Líquido continuam

existindo até que a firma se extingua por algum procedimento de lei.

O termo passivo segundo as leis das S.A

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Pela lei das S.A o termo passivo possui um conceito amplo, pois abrange todo o

lado direito do Balanço Patrimonial. Assim, nas Demonstrações Financeiras publicadas

em jornais, observa-se que o Balanço Patrimonial evidencia no seu cabeçalho os termos

Ativo e Passivo. Todavia, a rigor, o Passivo tem conotação de Obrigações Exigíveis,

dessa forma, o Patrimônio Líquido não fica adequadamente classificado como um

subgrupo do Passivo.

Já existem grandes empresas que publicaram seu Balanço na classificação da Lei

e, no lado direito, colocaram: Passivo e Patrimônio Líquido, que é o mais correto e

menos suscetível de criar mal-entendidos.

Diferenças entre reservas e provisões.

De acordo com os princípios contábeis adotados pela Lei das S.A, é possível

estabelecer a seguinte distinção entre provisão e reservas:

Provisões: São reduções do ativo ou acréscimos de exigibilidade que reduzem o

Patrimônio Líquido, e cujos valores não são ainda totalmente definidos. Representam,

assim, expectativas de perdas de ativos ou estimativas de valores a desembolsar que,

apesar de financeiramente ainda não efetivadas, derivam de fatos geradores contábeis já

ocorridos; isto é, dizem respeito a perdas economicamente ocorridas (como a

depreciação, a perda de valor de investimento, o provável não recebimento de créditos,

a estimativa de não recuperação de valores aplicados nos estoques, etc.) ou a prováveis

valores a desembolsar originados de fatos já acontecidos (como o risco por garantias

oferecidas em produtos já vendidos, estimativas de valores a pagar a titulo de 13º

salário, férias e indenizações relativas a tempo de serviço já transcorrido, probabilidade

de ônus futuro em função de problemas fiscais já ocorridas, imposto de renda estimado

a pagar no próximo exercício ou a longo prazo, em função de lucros já contabilizados,

etc.).

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Reservas: São parcelas que representam a diferença entre o Patrimônio Líquido

e o capital, se positivas; correspondem a valores recebidos dos sócios ou de terceiros

que não representam aumento de capital e que não transitaram pelo Resultado como

receita (Reservas de Capital); ou representam acréscimos de valor de elementos do ativo

(Reservas de Reavaliação), ou se originam de lucros não distribuídos aos proprietários

(Reservas de Lucros e Lucros Acumulados). São, em suma, a explicação da diferença

entre o Capital realizado e o Patrimônio Líquido. Não têm nenhuma característica de

exigibilidade imediata ou remota. Se, em algum dado momento, houver essa

característica de exigibilidade, deixam de ser Reservas para passarem ao Exigível, como

no caso da decisão de distribuição de dividendo, utilização de saldo para resgate de

partes beneficiárias, etc.

1.3 - O PATRIMÔNIO LÍQUIDO E AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido

Sabendo-se que o Patrimônio Líquido representa os recursos próprios da

empresa, pode-se concluir que este sofre aumento porque houve um maior volume de

recursos investidos pelos sócios, por retenção de lucros e através das reservas. Este

aumento contribui para que a empresa amplie sua capacidade operacional, pois significa

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um aumento no capital de giro, que nada mais é do que o montante a ser aplicado na

rotatividade dos negócios caso estes recursos não sejam aplicados integralmente no

ativo permanente.

O Patrimônio Líquido é composto pelo Capital Social subscrito e/ou

integralizado, Reservas de Capital, Reservas de Lucros, Reservas de Avaliação e

Resultados Acumulados. Ao longo do exercício social ocorrem muitas operações

comerciais que influenciam na movimentação dessas contas, tornando-se necessária a

apresentação de seus reflexos nas demonstrações Financeiras. Com o intuito de

evidenciar estas demonstrações, foi determinado pela C.V.M. que, na apresentação das

Demonstrações Financeiras deveria ser elaborado um quadro específico que

apresentasse de forma clara as alterações ocorridas no Patrimônio Líquido ao longo do

exercício social.

Este quadro, designado Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido,

pode substituir a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados, até então

obrigatória pela Lei n.º 6.404/76 e é instrumento importante para os analistas da

empresa, pois permite a visualização do fluxo das variações entre as contas do

Patrimônio Líquido bem como a variação desses recursos próprios.

Demonstração do Resultado do Exercício

O objetivo das Demonstrações Financeiras, além de ser a evidenciação das

movimentações ocorridas dentro das contas patrimoniais através das operações

comerciais efetuadas ao longo do exercício social, é também a evidenciação do

resultado do exercício, que consiste no montante dos recursos que ficam a disposição

dos sócios da empresa ao final do exercício social e que deverá ou ser retirada ou

reinvestida no giro dos negócios.

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A apuração do resultado do exercício é feita mediante a diferença entre as

receitas realizadas ao longo de todo o exercício social e as despesas incorridas no

mesmo. Sua apresentação nas demonstrações financeiras é feita de forma dedutiva, em

apenas uma coluna devendo seguir uma padronização na sucessão das contas que

compõem, iniciando-se com a receita bruta, a dedução de impostos sobre vendas, de

descontos, de abatimentos, de devoluções e do Custo do Produto Vendido, apurado

assim o Lucro Bruto. A partir daí seguem-se as outras receitas operacionais e as

despesas operacionais, apurando o Lucro Operacional. A seguir registra-se as receitas e

as despesas não operacionais. Deduzem-se também o imposto de renda, as participações

no lucro, contribuição social, chegando finalmente ao Lucro Líquido do Exercício.

A partir do Lucro Líquido, sobra líquida à disposição dos proprietários da

empresa, estes decidem conforme estatuto, a parcela do lucro que ficará retida na

empresa e a parte que será distribuída aos donos do capital (dividendos). Essa

distribuição do lucro até a Lei 6.404/76 era evidenciada na própria DRE (antiga Lucros

e Perdas). Com advento da lei, a distribuição do lucro é evidenciada na Demonstração

de Lucros ou Prejuízos Acumulados.

Demonstrações de Lucros ou Prejuízos Acumulados

O Lucro Líquido é distribuído para os proprietários da empresa, em forma de

dividendos e/ou retido na empresa e reinvestido no negócio.

A destinação (canalização) do Lucro Líquido para os proprietários (distribuição

dos dividendos) ou o reinvestimento na própria empresa (retenção do lucro) serão

evidenciados na Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados.

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Encerra-se a Demonstração do Resultado do Exercício com a apuração do Lucro

Líquido. Em seguida transporta-se o Lucro Líquido para a Demonstração de Lucros e

Prejuízos Acumulados para efetuar sua distribuição.

Após a destinação do Lucro Líquido, o que fica retido é transportado para o

Balanço Patrimonial, para o Patrimônio Líquido; há assim mais uma origem de recursos

para a empresa, e tal origem está aplicada no Ativo.

Se a empresa, em vez de lucro, estiver apresentando prejuízo, tais prejuízos

serão acumulados e mostrados na Demonstração de Lucros Ou Prejuízos Acumulados.

Como já foi dito anteriormente, a Demonstração de Lucros ou Prejuízos

Acumulados pode ser substituída pela Demonstração das Mutações do Patrimônio

Líquido.

Balanço Patrimonial

O Balanço Patrimonial reflete a posição financeira em determinado momento,

que representa o exercício social da empresa. É constituído de duas colunas: a coluna

do lado direito é denominada Passivo e Patrimônio Líquido e a coluna do lado

esquerdo, Ativo (por convenção).

O Ativo representa os bens e direitos de proprietários da empresa, que

representam benefícios presentes e ou futuros para empresa. O Passivo evidencia toda a

obrigação que a empresa tem com terceiros, é uma obrigação exigível. O Patrimônio

Líquido, como já foi mencionado anteriormente e é o objeto deste trabalho, evidencia os

recursos dos proprietários aplicados no empreendimento, mais as reservas e resultados

acumulados.

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Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos

A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos indica as modificações

na posição financeira da companhia discriminando as origens e as aplicações dos

recursos.

Neste quadro estão expressas as modificações ocorridas no capital circulante

mediante a apresentação das origens e das aplicações de recursos efetuadas ao longo do

exercício social, que nada mais são que as informações evidenciadas das operações de

financiamento e de investimento da empresa.

As origens dos recursos são representadas pelos aumentos no capital circulante

líquido, e as mais comuns são, das próprias operações, dos acionistas ou de terceiros.

Enquanto que as aplicações de recursos são apresentadas pelas diminuições do capital

circulante líquido, tendo como as mais comuns, inversões permanentes (aquisição de

bens do ativo imobilizado, novos investimentos permanentes em outras sociedades ou

aplicação de recursos no ativo diferido), pagamento de empréstimos a longo prazo ou

remuneração de acionistas. Ainda existem as origens e aplicações que não afetam o

capital circundante líquido, mas aparecem na Demonstração, como por exemplo,

aquisição de bens do ativo permanente (investimento ou imobilizado), conversão de

empréstimos de longo prazo em capital, integralização de capital em bens do ativo

permanente ou venda de bens do ativo permanente recebível a longo prazo.

Neste item, o objetivo foi apenas conceituar as demonstrações financeiras,

embasando a existência ou a importância do Patrimônio Líquido nestas.

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CAPÍTULO II - COMPOSIÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

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No Patrimônio Líquido está representado o valor que os proprietários da

empresa têm aplicado no negócio. Esta aplicação de recursos é feita tanto através de

integralização de capital subscrito como também via capitalização de reservas de

investimento do lucro do exercício.

Para melhor entendermos esta movimentação de recursos, é importante

descrever como é composto o Patrimônio Líquido:

- Capital Social: representado por ações que tem seu valor fixado no estatuto

social aprovado pelos acionistas. Ele é subdividido em capital subscrito, se

representado por ações emitidas totalmente subscritas pelos acionistas e em capital

integralizado, caso uma parte ou todo o capital subscrito já fora recebido efetivamente

pela companhia.

- Reservas: têm o objetivo de preservar o Patrimônio Líquido da sociedade e a

retenção de parcelas de ganhos de acordo com suas naturezas específicas.

1) Reservas de Capital: são os ganhos provenientes entre o ágio na emissão de

ações, de prêmios recebidos na emissão de debêntures, na alienação de bônus de

subscrição e, principalmente, da correção monetária do capital integralizado.

Caracterizam-se por não transitar pela conta de resultado da companhia.

2) Reservas de Lucros: são constituídas pela apropriação dos lucros da

companhia. Nesse grupo encontra-se a reserva legal, reserva estatutária, a reserva para

contingências, reserva especial, utilizada na opção da não distribuição dos dividendos, a

retenção dos lucros propriamente dita, a reserva dos lucros a realizar. A constituição de

cada uma destas reservas deve seguir as normas descritas na lei das Sociedades por

ações (Lei 6.404/76, artigos 193 a 199). Nestes artigos estão determinados os

percentuais de apropriação do lucro para cada tipo de reserva bem como suas

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utilizações e formas de capitalização dentro do Patrimônio Líquido, além de estabelecer

os limites para constituição e para retenção de lucros.

3)Reservas de Reavaliação: têm o objetivo de atualizar os bens do ativo para o

valor do mercado. A reavaliação deve ser feita por peritos ou empresa especializada,

sendo que estes devem emitir um laudo fundamentado onde devem estar descritos os

critérios e elementos de comparação por eles utilizados. A sua realização só pode ser

feita se destinada ao aumento de capital, reversão para receita de reavaliação de ativos

ou compensação de prejuízos acumulados não absorvidos pelos lucros.

- Lucros ou Prejuízos Acumulados: são representados pelos saldos dos lucros ou

prejuízos líquidos dos exercícios sociais passados deduzidas das parcelas destinadas

para constituição das reservas de lucros, e para distribuição de dividendos.

- Resultado do Exercício: é o resultado líquido do período, apurado após a

identificação das operações realizadas pela empresa durante o exercício social. Uma

vez apurado o resultado do exercício, este deve ser trazido para dentro do Patrimônio

Líquido, para que integre a composição do mesmo de forma que fique demonstrado o

seu valor já verificado pelo resultado das operações do exercício que está sendo

apurado.

2.1 - O CAPITAL SOCIAL

Capital Social de uma Companhia corresponde a três possibilidades:

• Recursos iniciais colocados na Companhia pelos acionistas;

• Recursos adicionais colocados na Companhia pelos acionistas;

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• Lucros auferidos pela companhia em suas atividades operacionais que os acionistas

abriram mão, de forma definitiva, de receberem sob a forma de dividendos. Esses

valores poderão, na hipótese, por exemplo, de redução de capital social, retornar aos

acionistas mas nunca sob a forma de dividendos.

O investimento efetuado na Companhia pelos acionistas é representado pelo

capital social; este abrange não só as parcelas entregues pelos acionistas como também

os valores obtidos pela sociedade e que, por decisão dos proprietários, se encorporam ao

capital social, representando uma espécie de renúncia à sua distribuição na forma de

dinheiro ou outros bens.

Segundo o FIPECAFI (Manual de Contabilidade da Sociedades por Ações),

trata-se o capital social, na verdade, de uma figura mais jurídica que econômica, já que,

do ponto de vista econômico, também os lucros não distribuídos, mesmo que ainda na

forma de Reservas, representam uma espécie de investimento dos acionistas. A sua

incorporação ao capital social é uma formalização em que os proprietários renunciam à

sua distribuição; é como se os acionistas recebessem essas reservas e as reinvestissem

na sociedade. Mesmo essa renúncia é também relativa, já que que existe a possibilidade

da devolução do capital aos acionistas.

Capital Social de um Companhia é composto de ações (todas nominativas, com

ou sem valor nominal) que podem ser:

- Ordinárias: são, normalmente, as ações que definem a gestão dos negócios

sociais da Companhia Essa gestão se dá pelo exercício do direito de voto. São no

mínimo, de 1/3 do total de ações que compõem o Capital Social da Companhia

As ações ordinárias fazem juz aos dividendos estabelecidos no Estatuto Social, sendo

que na hipótese do Estatuto nada dispor sobre dividendos elas fazem juz a 50% do lucro

líquido ajustado nos termos do Art. 202 da Lei nº 6.404/76. Na hipótese dos acionistas

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resolverem inserir disposição estatutária sobre dividendos estes não podem ser

inferiores a 25% do lucro líquido ajustado.

- Preferenciais: são, normalmente, as ações de simples financiamento das

atividades da Companhia não tendo direito a voto. Tem as preferências definidas no

Estatuto Social sendo essas, normalmente, prioridade na distribuição dos dividendos e

prioridade no reembolso do capital. As ações preferenciais podem ser de várias classes,

e podem fazer juz aos dividendos de forma fixa ou de forma mínima.

Os dividendos fixos são, normalmente, estabelecidos como um percentual do

capital social correspondente aquela classe de ações. Os dividendos mínimos são

estabelecidos como se fossem dividendos fixos só que, na hipótese das ações ordinárias

receberem valor superior ao fixo das preferenciais, estas fazem juz a valor adicional,

que equalize o montante já recebido com o montante recebido pelas ações ordinárias.

Caso não ocorra o pagamento dos dividendos fixos ou mínimos, por

insuficiência de lucros, as ações preferenciais têm seus direitos acumulados pelos

exercícios em que deixaram de ser recebidos e ainda poderá receber o direito a voto

caso esta insuficiência supere três períodos.

Tanto a ação preferencial como a ação ordinária são instrumentos utilizados para

levantar o capital próprio a longo prazo.

2.2 - AS RESERVAS

As reservas constituem a parcela do patrimônio Líquido que excede o capital

integralizado, sendo resultantes de:

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1. valores entregues pelos titulares do capital ou por terceiros e que não tenham

transitado pela conta de Resultado do Exercício (Reservas de Capital) por não se

referirem a contraprestação à entrega de bens ou serviços pela empresa;

2. diferença entre novas avaliações de elementos do ativo e seu antigo valor contábil

(Reserva de Reavaliação)

3. lucros não distribuídos

As reservas são constituídas para atender aos mais diversos fins, como por

exemplo: proteção do capital social, proteção do interesse de credores, prevenção contra

provável perda futura, expansão, não distribuição de lucros frente a uma momentânea

dificuldade financeira, atualização patrimonial, etc.

2.2.1 - RESERVAS DE CAPITAL

As Reservas de Capital são constituídas com valores recebidos pela Companhia

e que não transitam pelo Resultado como Receitas. A propósito a CVM no item 2 da

Nota Explicativa da Instrução CVM nº 59, de 22/12/86, assim define Reserva de

Capital:

"... representam acréscimos efetivos aos ativos da companhia que não foram originados

dos lucros auferidos em suas operações, por não representarem efeitos de seus próprios

esforços, mas de contribuições de acionistas ou de terceiros para o Patrimônio Líquido

da companhia com o fim de propiciar recursos para o capital (em sentido amplo),

inclusive contribuições governamentais sob a forma de subvenções por incentivos

fiscais".

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Assim, as Reservas de Capital existem no sistema contábil brasileiro como

decorrência de impossibilidade de serem efetuados registros de determinados fatos

diretamente ao resultado do exercício como é feito em outros países.

Esses fatos são:

- Ágio na emissão de ações:

Corresponde ao valor acima do valor nominal obtido pela Companhia na emissão e

colocação de ações

- Prêmio obtido na emissão de debêntures:

Corresponde ao valor acima do valor nominal obtido quando da colocação no mercado

de Debêntures de emissão da Companhia

- Doações e Subvenções para Investimento:

Corresponde as doações e subvenções que a companhia receba de qualquer pessoa

cuja destinação específica seja para investimentos. As Doações e Subvenções

recebidas para custeio devem ser registradas diretamente ao resultado do exercício

- Produto obtido na alienação de partes beneficiárias

Utilização / Destinação das Reservas de Capital:

As Reservas de Capital somente podem ser utilizadas para:

1- Absorver prejuízos, quando estes ultrapassarem os Lucros Acumulados e as Reservas

de Lucros.

Convém observar que, no caso da existência de lucros acumulados e de reservas de

lucros, os prejuízos serão absorvidos primeiramente por essas contas.

2- Resgate, reembolso ou compra de ações

3- Resgate de partes beneficiarias

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Aqui houve uma impropriedade da Lei. Não pode existir Reserva para Resgate de

partes beneficiarias, mas sim Provisão, e fora do Patrimônio Líquido.

4- Incorporação ao Capital

5- Pagamento de dividendo a ações preferenciais, quando essa vantagem lhes for

assegurada.

A Lei n.º 6.404/76 estabelece que, quando o lucro for insuficiente para distribuir

o dividendo cumulativo às ações preferenciais, as reservas de capital poderão ser

utilizadas para esse fim, mas somente se o estatuto conferir esse direito.

2.2.2 - Reservas de Lucros

Destinação do Resultado em caso de Lucro

Segundo a Lei 6.404/76, lucro líquido do exercício é o resultado do período após

as deduções das participações estatutárias de empregados, administradores e partes

beneficiárias. A administração das Companhias deverá apresentar à Assembléia Geral

Ordinária as demonstrações contábeis do exercício acompanhadas de proposta sobre

destinação a ser dada ao lucro líquido do período.

Reservas de Lucros

As Reservas de Lucros são as contas de reservas constituídas pela apropriação

de lucros da Companhia, conforme previsto no art. 182 da Lei n.º 6.704/76.

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As Reservas de Lucros se caracterizam como sendo a apropriação de lucros

auferidos pela Companhia com objetivo específico definido quer no Estatuto Social

quer na Assembléia Geral dos Acionistas.

Assim, as Reservas de Lucros são denominadas de acordo com o objetivo de sua

constituição. Se o objetivo decorre de uma imposição legal chama-se Reserva Legal. Se

o objetivo é de postergar o pagamento do dividendo mínimo obrigatório para

compatibilizar a realização financeira dos lucros com o dispêndio financeiro do

pagamento dos dividendos chama-se Reservas de Lucros a Realizar.

As outras reservas de Lucros obedecerão a mesma lógica, caracterizando-se,

assim, as chamadas Reservas Estatutárias, as Reservas de Contingências e as Retenções

de Lucros.

A adequada segregação e movimentação (formação e reversão) das Reservas de

Lucros é importante, particularmente para fins de cálculo do dividendo obrigatório.

Além disso, é muito importante o conhecimento do valor dessas reservas, que

são ou poderão vir a ser disponíveis para distribuição futura na forma de dividendos,

capitalização ao mesmo para outras destinações.

As contas de Reservas de Lucros

•Reserva Legal

• Reservas Estatutárias

• Reservas para Contingências

• Reservas de Lucros a Realizar

• Reserva de Lucros para Expansão

• Reserva especial para dividendo obrigatório não distribuído

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Limites de Reservas de Lucros

De acordo com o artigo 199 da Lei n.º 6.404/76: "O saldo das reservas de lucros,

exceto as para contingências e de lucros a realizar, não poderá ultrapassar o capital

social; atingindo esse limite, a assembléia deliberará sobre a aplicação do excesso na

integralização ou aumento do capital social, ou na distribuição de dividendos."

a) Reserva Legal

A Reserva Legal é tratada no artigo 193 da Lei n.º 6.404/76, que assim dispõe:

"Do lucro líquido do exercício, 5% serão aplicados, antes de qualquer outra

destinação, na constituição da reserva legal, que não excederá 20% do capital social."

Se a reserva legal somada às reservas de capital exceder 30% do capital social, a

companhia poderá deixar de constituí-la, segundo dispõe o parágrafo 1º do artigo

193.(5)

Essa reserva é basicamente instituída para dar proteção ao credor, assegurar a

integridade do capital social e somente poderá ser utilizada para compensar prejuízos e

aumentar o capital social. Essa incorporação ao capital pode ser feita a qualquer

momento a critério da companhia. A compensação com prejuízos ocorrerá

obrigatoriamente quando ainda houver saldo de prejuízos, após terem sido absorvidos

os saldos de lucros acumulados e das demais reservas de lucros.

b) Reserva Estatutária

São as reservas previstas nos estatutos das empresas.

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25

A Lei n.º 6.404/76 permite que o estatuto da companhia estabeleça a criação de

reserva, constituídas com parte dos lucros, desde que atendidas as disposições do artigo

194:

"O estatuto poderá criar reservas desde que, para cada uma:

1) indique, de modo preciso e completo sua finalidade;

2) fixe os critérios para determinar a parcela anual dos lucros líquidos que serão

destinados à sua constituição; e

3) estabeleça o limite máximo da reserva."

Estas reservas não podem todavia, restringir o pagamento do dividendo

obrigatório.

Outro aspecto a ser considerado é que diversas empresas têm reservas previstas

em seus estatutos, mas cujas finalidades já estão cobertas nas demais reservas de lucros

previstas pela Lei n.º 6.404/76. Deve, nesse caso, prevalecer sempre a tratada pela lei.

Dessa forma, são registradas como estatutárias somente as definidas pelo estatuto, que

não estejam previstas em lei.

c) Reserva para Contingência

São reservas criadas para fins de precaução contra possíveis perdas futuras,

cujos fatos geradores ainda não ocorreram. Não têm como finalidade antecipar

reconhecimento de perdas eventuais, mas evitar pagamento de dividendos sobre lucros

de um período a fim de criar reservas que possam absorver prejuízos eventuais do

futuro, ou, então, servem para normalizar o pagamento dos dividendos de empresas

sujeitas a grandes flutuações de resultados por fatores externos incontroláveis.

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Caso não exista a possibilidade de quantificar a perda ou mesmo estima-la, não

poderá ser contabilizada a reserva, caberá apenas a nota explicativa do evento.

Esta reserva é tratada no artigo 195 da Lei n.º 6.404/76, dispondo que:

"A assembléia geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, destinar

parte do lucro líquido à formação de reserva com finalidade de compensar, em exercício

futuro, a diminuição do lucro decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa ser

estimado."

"§ 1º A proposta dos órgãos da administração deverá indicar a causa prevista e

justificar, com as razões de prudência que a recomendem, a constituição da reservas."

"§ 2º A reserva será revertida no exercício em que deixarem de existir as razões

que justificarem a sua constituição ou em que ocorrer a perda."

Para melhor entendimento destas reservas é preciso conhecer o conceito e

exemplos de contingências:

São incertezas existentes que, dependendo dos eventos futuros, poderão ter

impacto na situação econômico-financeira da empresa. Quanto à probabilidade de sua

ocorrência, podem ser prováveis, possíveis ou remotas.

São exemplos de contingências casos de perdas cíclicas com certa segurança,

como, fenômenos naturais que afetam diretamente as operações e rentabilidade da

empresa; empresas cujo produto ou operações sejam de consumo cíclico ou de duração

limitada, nas quais certos períodos são muito lucrativos e os a seguir de menor

rentabilidade ou de prejuízos, quando isso é previsível; iminência de uma

desapropriação dos imóveis da empresa com expectativas de perdas significativas, quer

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pelo valor da indenização, quer pela perda de potencial de geração de lucros;

expectativas de paralisações temporárias grandes e extraordinárias devido a

substituições anormais de equipamentos, perspectivas anômalas de escassez de

matérias-primas e etc.

Cabe ressaltar que não se pode confundir essa reserva de contingências (que

integra o patrimônio líquido) com a provisão para contingência (uma conta do passivo

exigível). A grande diferença está no fato gerador: se este já ocorreu, tem-se a provisão

a onerar o resultado independente de seu valor, se o fato gerador ainda está por ocorrer,

tem-se a reserva que dependera inclusive da existência de lucros para ser contabilizada.

Os problemas contábeis básicos referentes a contingências relacionam-se com a

oportunidade do reconhecimento do efeito das incertezas, a estimativa dos valores a sua

divulgação.

c) Reserva de Lucros a realizar

A constituição de reservas de lucros a realizar é facultativa.

Dentro do lucro do exercício podem existir valores provenientes de resultados

que, apesar de contabilmente realizados (princípio contábil da realização), podem não

estar financeiramente realizados. A expressão “a realizar”, que a Lei n.º 6.404/76

utilizou, refere-se à realização financeira, e não a contábil.

A Lei n.º 6.404/76 prevê hipóteses em que pode haver a figura de lucros a

realizar (atenção para o fato de que a existência de lucros a realizar não é, por si só,

condição suficiente a permitir a criação da reserva de lucros a realizar). Define ela, no

artigo 197: “No exercício em que os lucros a realizar ultrapassarem o total deduzido nos

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termos dos artigos 193 e 196, a assembléia geral poderá, por proposta dos órgãos da

administração, destinar o excesso à constituição de reserva de lucros a realizar.

Parágrafo único - Para os efeitos deste artigo, são lucros a realizar: .............

b) o aumento do valor do investimento em coligadas e controladas (art. 248, III);

c) o lucro em vendas a prazo realizável após o termino do exercício seguinte.”

De acordo com a Lei, só poderá ser constituída esta reserva, quando os lucros a

realizar ultrapassarem o total das reservas, legal, estatutária, contingência e de

retenções, assim sendo, apenas o excesso será destinado à constituição de reserva de

lucros a realizar. Ou seja:

• Reserva lucros a realizar = lucros a realizar - (reserva legal + reserva estatutária +

reserva para contingências + reserva de retenção).

Como foi definido na lei, temos como lucro a realizar:

O Aumento do valor do investimento em coligadas e controladas, avaliado pelo

método da equivalência patrimonial.

O lucro em vendas a prazo, cuja realização financeira ocorrerá após o término do

exercício seguinte.

Reversão da Reserva de Lucros a Realizar

Surge agora o problema de quando reverter esses valores para lucros (ou

prejuízos) acumulados. Afinal de contas, essa reserva tem também como finalidade

possibilitar a postergação do pagamento de dividendos relativos a lucros existentes

economicamente, contabilmente realizados, mas financeiramente não auferidos. Por

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essa razão, tais valores deverão, à medida da sua realização financeira, ser transferidos

para lucros ou prejuízos acumulados, e entrarão no cômputo para o cálculo dos

dividendos.

No que diz respeito a parcela de lucros a receber a longo prazo, não haverá

muito problema. Se a constituição se deu por valores de lucros contidos em contas a

receber em exercício posterior ao próximo, bastará que tais direitos caiam dentro do a

receber no próximo exercício, para serem transferidos. Assim, a parcela respectiva ao

lucro não realizado em vendas a prazo incluídas na reserva de lucros a realizar deverá

ser revertida para resultados acumulados.

Quanto ao montante referente à proporção do lucro decorrente da avaliação pela

equivalência patrimonial, sua realização se dará quando a companhia receber

dividendos desses investimentos ou, também, quando aliená-los ou baixa-los, o que

ocorrer primeiro.

Cada empresa deve definir e dar divulgação (em notas explicativas) dos critérios

que utiliza, já que esses podem variar, e cada investidor deve poder acompanhar a

variação dessa reserva, principalmente quando contiver valores relevantes.

e) Reservas de Lucros para expansão

Conforme o art. 196 da lei n. 6404/76 "a assembleia geral poderá, por proposta

da administração, deliberar reter parcela do lucro líquido do exercício prevista em

orçamento de capital por ela previamente aprovado". Esta reserva não pode ser

constituída para o pagamento de dividendos obrigatórios.

No § 1° do artigo 196 relata que o orçamento deverá ter especificado as fontes

de recursos e as aplicações do capital, fixo ou circulante, como também a ter a duração

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máxima de 5 exercícios, a não ser em casos de execução de projeto de investimento que

poderá ultrapassar esse prazo.

No § 2° dispõem a respeito que o orçamento poderá ser aprovado em assembleia

geral ordinária que deliberara sobre o balanço do exercício. Esta é uma das reservas de

lucros de acordo com § 4° do artigo 182 da lei 6404/76 que diz: "serão classificadas

como reservas de lucros as contas constituídas pela apropriação de lucros da

companhia".

Não é uma reserva obrigatória como a reserva legal, mas se fará implicitamente

ordinária para aquela empresa que obtém lucros e pretende expandir suas operações,

através de grandes projetos e de longa duração.

A CVM definiu a reserva de lucros para expansão, no item 4 da nota explicativa

CVM n° 59, de 22.12.86 assim: Essa reserva aparece, algumas vezes, sob outras

denominações diferentes como: Retenção de lucros, reserva para plano de investimentos

e etc. Poderá estar compreendida na conta de Lucros Acumulados, desde que justificado

em nota explicativa o seu fundamento legal.

f) Reserva Especial para Dividendo Obrigatório não distribuido

Essa reserva será constituída quando a empresa tiver dividendos obrigatórios a

distribuir e não obtiver recursos financeiros para o seu cumprimento. O artigo 292 § 4°

dispõem que "não será obrigatório no exercício social em que os órgãos da

administração informarem a assembleia geral ordinária ser ele incompatível com a

situação financeira da companhia. O conselho fiscal, se em funcionamento, devera dar

parecer sobre essa informação e, na companhia aberta, seus administradores

encaminharão a CVM, dentro de 5 dias da realização da assembleia geral, exposição

justificativa da informação transmitida a assembleia". Conforme o artigo 292 § 5°

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deverá então, já no encerramento do exercício, realizar a reserva especial para

dividendo obrigatório não distribuído a debito da conta de Lucros Acumulados.

"E se não for absorvido por prejuízos em exercícios subsequentes" a empresa

deverá pagar, logo que a situação financeira possibilite, aos acionistas. É obrigação da

empresa o pagamento de dividendos contra as contas de lucro líquido do exercício,

lucros acumulados, e de reservas de lucros (exceto a legal), conforme o a artigo 201 da

lei 6404/76. Esse mesmo artigo menciona que em casos especiais poderá se utilizar a

conta de reserva de capital, no caso das ações preferenciais.

No artigo 17 § 5° da lei 6404/76 define que "o estatuto pode conferir as ações

preferenciais, com prioridade na distribuição de dividendo cumulativo, o direito de

recebe-lo, no exercício em que o lucro for insuficiente, a conta das reservas de capital ".

Fica claro também, no artigo 200 da lei 6404/76, a utilização da reserva de capital para

o "pagamento de dividendo a ações preferenciais, quando essa vantagem lhes for

assegurada".

Deve-se salientar que o tratamento contábil para o pagamento de dividendos

deverá ser sempre a débito da conta de lucros ou prejuízos acumulados, porque se

houver alguma parcela de saldo de alguma reserva que foi utilizada, esta deverá

primeiramente ser transferida para a conta de lucros ou prejuízos acumulados. Um

exemplo para ficar mais claro: temos que distribuir como dividendo parte da Reserva de

Estatutária, primeiro se faz a reversão da Reserva Estatutária para a conta Lucros ou

Prejuízos Acumulados, para depois então transferi-la para o Passivo Circulante.

A nota explicativa da CVM n° 59, ainda no item 5 - Lucros ou Prejuízos

Acumulados, trata do dividendo obrigatório assim: "Legalmente os acionistas tem

direito a receber a título de dividendo obrigatório, pelo menos a parcela de lucros

estabelecida no estatuto. Este dividendo, estatutariamente estipulado, deve ser a

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remuneração mínima que caberá ao acionista". A nota explicativa da CVM não

especifica o caso do estatuto não mencionar dividendo obrigatório, mas no caso de

omissão a Lei n.º 6.404/76 em seu artigo 202 protege os direitos dos acionistas "de

receber como dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos lucros

estabelecida no estatuto, ou, se este for omisso, metade do lucro liquido do exercício

diminuído ou acrescido dos seguintes valores".

Abaixo segue um exemplo retirado do Manual de Contabilidade por Ações -

FIPECAFI, página 321, para mostrar como se calcula a base de cálculo do dividendo

após algumas reservas e reversões de reservas:

___________________________________________________________________

Lucro Liquido do Exercício

X

Menos: Parcela de lucros destinadas à constituição de Reserva Legal (X)

Menos: Valor destinado à formação de Reserva para Contingências (X)

Mais: Reversão da Reserva para Contingências formada em exercícios

anteriores, se nesse exercício tiver ocorrido a perda ou tiverem deixado

de existir as razões que levaram à sua constituição X

Menos: Valor transferido para a conta Reserva de Lucros a Realizar (X)

Mais: Lucros constantes da Reserva de Lucro a Realizar formada em

exercícios anteriores e que se realizaram no exercício

X

______

Lucro ajustado (Base para cálculo do dividendo) XX

___________________________________________________________________

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2.2.3 - RESERVAS DE REAVALIAÇÃO

Conforme a Lei n.º 6.404/76 os ativos da empresa podem ser reavaliados,

equiparando-os ao seu valor de mercado.

As reservas de reavaliação são divididas por: Reavaliação de ativos próprios e

Reavaliação de ativos de coligadas e controladas avaliadas ao método da equivalência

patrimonial. A primeira subdivisão deverá conter a parcela excedente do valor contábil

líquido em relação ao preço de mercado resultado da reavaliação. Deverá também ser

classificada por tipo de ativo para posterior baixa, quando ocorrerem, mantendo assim

um controle absoluto do bem. A segunda subdivisão se registrará em contrapartida aos

valores correspondentes das reavaliações feitas pelos investimentos em coligadas e

controladas, utilizando-se o método da equivalência patrimonial.

O artigo 8 da lei 6404/76 dispõem que "a avaliação dos bens será feita por três

peritos ou por empresa especializada" onde estes elaborarão um laudo que deverá conter

pelo menos as informações abaixo:

a) descrição detalhada do bem avaliado e sua respectiva documentação;

b) identificação contábil;

c) os critérios utilizados para avaliação com fundamentação técnica e os elementos de

comparação que foram adotados;

d) vida útil remanescente do bem;

e) data da avaliação.

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Essa avaliação deverá ser aprovada em assembléia geral, tendo a presença dos

responsáveis pela reavaliação para possível questionamento sobre o laudo. Após a

companhia optar pela realização da reavaliação, o método de avaliação do imobilizado

pelo custo corrigido terminará, substituído pela reavaliação periódica do bem. A Lei

6404/76 em seu artigo 182 parágrafo 3 diz que a reavaliação se estende para os

elementos do ativo. Todavia a deliberação da CVM n. 183 de 19/06/95, restringe para o

ativo imobilizado, basicamente para os bens tangíveis. Mas sendo o subgrupo do ativo

imobilizado um dos que mais sofrem variações entre o valor de custo e o valor de

mercado, a contabilidade também assimilou que o procedimento deverá ser realizado

somente para esse subgrupo. A legislação fiscal porém, aceita somente a reavaliação de

ativos permanentes, quando esses tiverem a sua aplicação nos ativos circulantes e

realizável a longo prazo, classificando-a como receita tributável.

O método da equivalência patrimonial esclarece que os resultados,

independentemente da sua distribuição ou não, na empresa controlada/coligada deverão

ser reconhecidos pela companhia controladora, reconhecendo o ajuste no momento que

essas variações são realizadas pela empresa controlada. Consequentemente o valor

patrimonial da acão da empresa controladora será ajustado, bem como o lucro e suas

reservas para distribuição. No caso inverso, se a empresa controlada apresentar um

prejuízo considerável e ela estiver utilizando o método de custo, e também não tiver

constituindo uma provisão para perdas permanentes, esse efeito será totalmente

ignorado na empresa controladora. Todavia pelo método da equivalência patrimonial

essas variações seriam consideradas, ajustando imediatamente o valor patrimonial da

ação da controladora.

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2.24 - LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS E RESULTADO DO

EXERCÍCIO

Lucros ou prejuízos acumulados representam o saldo remanescente dos lucros

(ou prejuízos) líquidos apropriados para reservas de lucros e dividendos distribuídos, ou

seja, lucros retidos remanescentes: não distribuídos para os proprietários e sem um

destino certo, isto é não é canalizado para reservas, aumento de capital, etc. Prejuízos

acumulados (saldo devedor) representam o saldo dos resultados (negativos) da empresa,

não absorvidos por reservas anteriormente existentes e que deverá ser compensado com

lucros auferidos futuramente. Esse saldo faz parte do patrimônio líquido na data do

Balanço Patrimonial. A conta de Lucros ou prejuízos acumulados interliga a

Demonstração do Resultado do Exercício com o Balanço Patrimonial.

De acordo com o parágrafo único da instrução CVM n.º 59, de 22 de dezembro

de 1986, artigo 8º, a CVM aborda o tratamento a ser dado no caso de prejuízos

acumulados e as condições em que esta conta apresenta saldo:

"Parágrafo único. Somente poderá haver saldo na conta de prejuízos acumulados

se esgotadas todas as reservas de lucros, inclusive a reserva legal. Os prejuízos

remanescentes, que excederem às reservas de lucros, poderão ser, primeiramente,

absorvidos pelas reservas de capital....."

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Para melhor compreensão da apuração do resultado do exercício, apesar de já ter

sido citado no capitulo I deste trabalho, vale a pena falar sobre demonstração do

resultado do exercício e demonstração de lucros ou prejuízos acumulados.

A demonstração do resultado do exercício é a forma de apresentação sucinta da

operação da companhia durante o exercício social. Essa demonstração compreende o

confronto entre os fatores positivos para empresa, denominados receitas, contra os

fatores negativos chamados custos ou despesas . O resultado dessa operação é o

resultado líquido do período. Simplesmente podemos dizer que essa demonstração é o

resultado das receitas menos as despesas da companhia em determinado período. A

demonstração do resultado do exercício tem a finalidade de apresentar o resultado

líquido das operações de uma empresa, obtendo o lucro ou prejuízo, para os

interessados nas demonstrações da companhia.

A demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados nada mais é do que uma

demonstração da movimentação contábil, de forma ordenada e racional, da conta de

lucros ou prejuízos acumulados no exercício social. A demonstração de lucros ou

prejuízos acumulados deverá ser preparada logo que o balanço patrimonial tiver sido

finalizado.

2.2.5 - AÇÕES EM TESOURARIA

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A Lei n° 6.404/76 em seu artigo 30 dispõem que "a companhia não poderá

negociar com as próprias Ações", e destaca no mesmo artigo 30 em seu § 1° as

seguintes operações possíveis:

a) de operações de resgate, reembolso ou amortizações de ações;

b) aquisição para permanência em tesouraria ou cancelamento, desde que até o valor do

saldo de lucros ou reservas, exceto a legal, e sem diminuição do capital social ou

recebimento dessas ações por doação;

c) aquisição para diminuição do capital.

A denominação dada as ações da sociedade adquiridas por ela própria é ações

em Tesouraria. A compra das ações da própria companhia aberta deverá obedecer as

normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM, sob a pena de tornar

nula a transação, conforme o artigo 30 em seu § 2° da lei 6404/76.

A Instrução da CVM n° 10 de 14/02/1980 onde trata sobre a aquisição de ações

de própria emissão da empresa de capital aberto e que também esclarece o conteúdo das

notas explicativas relativa a esse assunto que deverão ser divulgadas junto com as

Demonstrações Financeiras. A instrução veda a compra das próprias ações nos

seguintes casos:

a) importar diminuição do capital social;

b) requerer a utilização de recursos superiores ao saldo de lucros ou reservas

disponíveis, constantes do ultimo balanço;

c) criar, por ação ou omissão, direta ou indiretamente, condições artificiais de demanda,

oferta ou preço das ações ou envolver praticas não equitativas;

d) tiver por objeto ações não integralizadas ou pertencentes ao acionista controlador;

e) estiver em curso oferta pública de aquisição de suas ações.

A Instrução da CVM n° 10 também salienta que as empresas de capital aberto

não podem manter em tesouraria as suas próprias ações na quantidade superior a 5% de

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cada classe, que esteja no mercado. Considera-se também as ações que são mantidas na

tesouraria de controladas e coligadas.

O saldo de ações que ultrapassarem o total dos lucros acumulados e as reservas,

com exceção da reserva legal, reserva de lucro a realizar, de correção monetária do

capital realizado e a reserva especial para dividendo obrigatório não distribuído,

deverão ser vendidas no prazo de três meses, contando a partir da aprovação do balanço

onde se apurou o excesso, onde após esse prazo serão devidamente canceladas.

Abaixo segue a definição das seguintes operações:

a) O reembolso de ações e uma operação em que a empresa, em caso de um sócio

dissidente, paga o valor pelas suas ações conforme retrata o artigo 45 da lei

6404/76. O reembolso poderá ser pago através das contas de lucros e reservas,

exceto a legal, ou seja sem a redução do capital social. Mas no prazo de 120 dias

a contar da data da publicação da ata da assembleia, no qual a dissidência foi

anunciada, se não houver a substituição dos acionistas dissidentes "cujas ações

tenham sido reembolsadas a conta do capital social, este considerar-se-á

reduzido no montante correspondente", definido no artigo 45 § 4° da lei das

Sociedades Anônimas.

b) A operação de resgate de ações e definida pela lei 6404/76 artigo 44 § 1° como a

retirada definitiva das ações através do pagamento do seu valor. Este tipo de

procedimento poderá reduzir ou não o capital social.

c) A amortização de ações é a distribuição antecipada aos acionistas do valor

correspondente em caso de liquidação da empresa, consta na lei 6404/76 artigo

44 § 2° que essa amortização devera ser feita "sem a redução do capital social".

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A Lei das Sociedade Anônimas, em seu artigo 182 § 5°, esclarece que "as ações

em tesouraria deverão ser destacadas no balanço como dedução da conta do patrimônio

liquido que registrar a origem dos recursos aplicados na sua aquisição". Conclui-se que

para fins de demonstração de balanço devera ser deduzido da conta de capital ou de

reserva, na qual se foi utilizado o saldo para a operação. Esse tipo de operação pode se

dizer que e como uma devolução do patrimônio liquido, onde a conta que foi registrada

de natureza devedora, devera no balanço vir reduzindo o patrimônio.

Se uma operação com ações se utilizar de uma reserva ou lucros acumulados,

devera ser recalculado o novo valor nominal das ações com base no capital social e na

nova quantidade de ações. Os exemplos abaixo, retirados do Manual de Contabilidade

das Sociedades por Ações- FIPECAPI página 322 e 323, esclarecem o assunto:

Exemplo 1

Capital Social - (500.000 ações de vlr nominal de $10,00 cd, subscritas e

integralizadas) 5.000.000,00

(-) Ações em Tesouraria - 10.000 ações, ao custo de 150.000,00

Capital Liquido 4.850.000,00

______________________________________________________________________

Exemplo 2 - Forma de apresentação do balanço patrimonial onde a aquisição de ações

utilizou os recurso da Reserva Estatutária.

______________________________________________________________________

PATRIMÔNIO LIQUIDO

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CAPITAL SOCIAL -

500.000 ações de vlr nominal de $10,00 cd, subscritas e integralizadas

5.000.000,00

RESERVAS DE CAPITAL 600.000,00

RESERVAS DE LUCROS

Reserva Legal 300.000,00

Reserva Estatutária 600.000,00

(-) 10.000 ações em tesouraria ao custo de (150.000,00)

450.000,00

LUCROS ACUMULADOS 30.000,00

Patrimônio Liquido 6.380.000,00

______________________________________________________________________

As operações com Ações em Tesouraria geraram resultado positivos ou

negativos, mas esse resultado não deverá fazer parte da transações normais da empresa.

Esses resultados não fazem parte da Demonstração de Resultados do Exercício. No caso

de lucro na operação deverá se levar a crédito da Reserva de Capital e no caso do

prejuízo se lançará um debito na mesma Reserva de Capital. As ações da própria

empresa que são adquiridas, serão registradas pelo valor de custo de aquisição e a baixa

pela alienação deverá ser realizada pelo mesmo custo da compra.

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CONCLUSÃO

No decorrer deste trabalho, percebe-se claramente que o Patrimônio Líquido,

considerando como sendo uma informação correta, eficaz e confiável dentro da

contabilidade, tem extrema importância nos processos decisórios de todos os usuários,

quer sejam internos ou externos.

À medida que uma boa evidenciação dos elementos do Patrimônio Líquido

possa auxiliar os interesses dos sócios ou acionistas, estará sendo cumprido a finalidade

principal das demonstrações contábeis, a de ajudar o investidor a avaliar a tendência do

empreendimento.

Neste trabalho o Patrimônio Liquido, sendo uma informação contábil de grande

relevância numa empresa, foi visualizado de todos os ângulos: dentro das

demonstrações contábeis, comparado com o capital de terceiros e finalmente, foi

detalhadamente explicada cada subconta deste grupo.

Foi visto todo embasamento legal no que diz respeito a constituição das

subcontas do Patrimônio Líquido e suas repercussões dentro de uma empresa.

Ficou claro também que, embasado na lei, a decisão da constituição das

subcontas do Patrimônio Líquido depende da individualidade e objetivo de cada

empresa e da visão dos membros da administração e da assembléia geral.

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Pelo Patrimônio Liquido representar os recursos e resultados dos proprietários

de uma empresa, é um ponto de extrema importância para a tomada de decisões. De

acordo com os interesses econômicos, financeiros, comerciais e estruturais, o processo

decisório de cada empresa tomará rumos destintos.

A adequada segregação e movimentação (formação e reversão) das reservas é

importante, particularmente para fins de cálculo do dividendo obrigatório.

Além disso, é muito importante o conhecimento do valor das reservas, que são

ou poderão vir a ser disponíveis para distribuição futura na forma de dividendos,

capitalização ou mesmo para outras destinações.

Como foi visto no trabalho, a constituição de algumas reservas, não as

obrigatórias, são facultativas e vão depender do objetivo de cada empresa, como por

exemplo:

Se o objetivo é de postergar o pagamento do dividendo mínimo obrigatório para

compatibilizar a realização financeira dos lucros com o dispêndio financeiro do

pagamento dos dividendos, tem-se Reservas de Lucro a Realizar;

Se o objetivo é de precaução contra possíveis perdas futuras, cujos fatos

geradores ainda não ocorreram, para normalizar o pagamento dos dividendos de

empresas sujeitas a grandes flutuações de resultados por fatores externos incontroláveis,

tem-se Reservas de Contingências;

Se o objetivo é de expandir suas operações através de grandes projetos e de

longa duração, tem-se Reservas de Lucros para Expansão;

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Se o objetivo é atualizar as variações sofridas entre o valor de custo e o valor de

mercado do ativo imobilizado, tem-se Reservas de Reavaliação.

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Harbra, 1984

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IUDÍCIBUS, Sérgio de., MARTINS, Eliseu., GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de

Contabilidade das Sociedades por Ações. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1987

IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1987

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São Paulo: Atlas, 1988

REIS, Arnaldo Carlos Rezende. Estrutura e Análise das Demonstrações Financeiras. 3.

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