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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE GLÓRIA GOMES DA SILVA OLIVEIRA ESTIMULAÇÃO PSICOMOTORA NA CRIANÇA PORTADORA DE SÍNDROME DE DOWN DE 0 A 2 ANOS Rio de Janeiro 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GLÓRIA GOMES DA SILVA OLIVEIRA

ESTIMULAÇÃO PSICOMOTORA NA CRIANÇA PORTADORA DE SÍNDROME

DE DOWN DE 0 A 2 ANOS

Rio de Janeiro 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

GLÓRIA GOMES DA SILVA OLIVEIRA

ESTIMULAÇÃO PSICOMOTORA NA CRIANÇA PORTADORA DE SÍNDROME

DE DOWN DE 0 A 2 ANOS

Monografia apresentada como condição prévia para conclusão do Curso de Pós-Graduação “ Lato Sensu” em Psicomotricidade na Universidade Candido Mendes.

Professor-Orientador: Vilson Sérgio de Carvalho

Rio de Janeiro 2003

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AGRADECIMENTOS

Ao meu marido e grande amigo Edmilson

Gonçalves Oliveira.

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DEDICATÓRIA

Dedico ao meu marido, pais, irmãos e

professora Solange Calvano.

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“Cada um sabe a dor e a delícia de

ser o que é”

(Caetano Veloso)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 10

1.1 SITUAÇÃO PROBLEMA 11

2 ENTENDENDO A PSICOMOTRICIDADE 12

3 DESMISTIFICANDO A SÍNDROME DE DOWN 15

3.1 – O que é a Síndrome de Down ? 15 4 PSICOMOTRICIDADE APLICADA A SÍNDROME DE DOWN 20

4.1 - Desenvolvimento Motor na Síndrome de Down 22 4.2 - Desenvolvimento Perceptivo e Motor Segundo Arnold Gessel 23 4.2.1 – 4ª semana 23 4.2.2 – 16 semanas 23 4.2.3 – 28 semanas 24 4.2.4 – 40 semanas 24 4.2.5 – 1 ano 25 4.3 – Desenvolvimento Psicomotora 25 4.3.1 – 1ª fase 25 4.3.2 – 2ª fase 26 4.4 – Etapas de desenvolvimento 26 5 ESTIMULAÇÃO PSICOMOTORA PRECOCE 28 5.1 Estimulação motora – Beatriz do Rego Saboya 28 5.2 Síndrome de Down 29 6 ESTUDO DE CASO 33 6.1 – Preparação do ambiente doméstico 33 6.2 - Amamentação 34 6.3 – Banho de ar 34 6.4 – Exercícios para arrastar e equilibrar 37 6.5 – Alimentação 37 6.6 – Estimulação Precoce 37

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CONCLUSÃO 39

REFERÊNCIA 41

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RESUMO

O presente estudo se propõe a descrever os benefícios que a

psicomotricidade proporciona em crianças portadoras de Síndrome de Down.

Síndrome de Down é definida como um atraso do desenvolvimento, tanto

nas funções no desenvolvimento das funções motoras de movimento e de ação, e

o desenvolvimento das funções psíquicas. A criança tem a síndrome de Down

quando ocorre um erro na formação de uma das células reprodutoras. Tal erro

ocorre desde a primeira divisão celular do embrião.

Dentre as deficiências neuromotoras que as crianças portadoras de

Síndrome de Down apresentam, podemos destacar as seguintes: hipotonia,

produção de força muscular baixa, reações posturais lentas, tempo de reação

lento. Todos os déficits motores da Síndrome de Down afetam o funcionamento e

desenvolvimento global da criança.

O objetivo maior desta pesquisa é travar uma estreita relação entre os

avanços no desenvolvimento global dos portadores de Síndrome de Down e a

atuação da atividade Psicomotora.

Busca-se aqui, através do trabalho psicomotor, a alternativa da criança

descobrir-se e descobrir o mundo que a cerca com propriedade particularizada.

Nesta pesquisa, procuramos abordar a Psicomotricidade como prática

vivencial e sua contribuição para o crescimento global de crianças portadoras de

Síndrome de Down tendo em vista que, quanto mais precoce a ação, maiores

possibilidades terá a criança, a fim de não protelar a aplicação de um programa

que durará mais tempo em virtude de uma ação tardia.

A criança com síndrome de Down apresenta melhora espontânea porque o

seu sistema nervoso central continua amadurecendo, nesta criança todo trabalho

se processa mais lentamente, entretanto com o tempo sua capacidade de

concentração aumenta.

Estaremos verificando que apesar do atraso no desenvolvimento motor o

portador de Síndrome de Down estimulado corretamente apresentará resposta

motora satisfatória, lembrando sempre que devemos respeitar o ritmo e a

velocidade desta criança.

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Esse trabalho monográfico foi realizado através de uma revisão da

literatura, incluindo revistas especializadas, congressos, sites específicos sobre os

benefícios proporcionados pela psicomotricidade no portador de síndrome de

Down.

Palavras chave: Síndrome de Down. Psicomotricidade. Estimulação Psicomotora.

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1 INTRODUÇÃO

Segundo Cruz (1997), a Síndrome de Down foi primeiro descrita pelo

médico inglês John Langdon Down, em 1866. É caracterizada pela trissomia

cromossômica no par 21, a mais comum. São observadas também características

típicas do defeito genético: o rosto é arredondado, as bochechas salientes, a mãos

pequenas e os olhos amendoados. Começam a falar aos 4 anos, aprendendo a ler

e a escrever em ritmo mais lento. Apresentam dificuldade no desenvolvimento

físico. As articulações são mais frouxas, o que compromete o equilíbrio, e os

músculos têm menos tonicidade, o que implica menos força.

Segundo os aspecto genético, existem três tipos de Síndrome de Down:

a) Trissomia simples – Quando são observados três cromossomos no par 21

em todas as célula do indivíduo, ou seja, a pessoa tem 47 cromossomos,

ao invés de 46, que é normal.

b) Translocação – Em que se observa a trissomia, mas nem todos os

cromossomos trissômicos estão no par 21. Às vezes, o cromossomo extra

se apresenta em outros pares, no 22 ou no 14, por exemplo.

c) Mosaicismo – Em que, na divisão do óvulo fecundado, algumas células

ficam com 47, outras com 46 cromossomos.

Umphred (1994) ressalta as seguintes características em recém-nascidos

com a Síndrome de Down, trissomia 21: hipotonicidade, reflexo de Moro fraco,

hiperextensibilidade articular, excesso de pele atrás do pescoço, perfil facial

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aplanado, fissuras palpebrais em declive, aurículas anômalas, displasia

pélvica, displasia da falange média de quinto dedo e rugas simianas.

A partir da metade da década

de 1950, os progressos na

metodologia de visualização de

cromossomos permitiram estudos

mais precisos dos cromossomos

humanos, levando à descoberta,

feita por Lejeune, que uma

alteração no 21º para

cromossômico seria a principal

característica da Síndrome de

Down.

1.1 SITUAÇÃO PROBLEMA

Considerando-se que as crianças portadoras de Síndrome de Down

apresentam dificuldade no desenvolvimento psicomotor limitando o seu

desenvolvimento

No desenvolvimento da pesquisa que será realizada as seguintes questões

serão respondidas:

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• Quais são as deficiências psicomotora que as crianças apresentam na

Síndrome de Down ?

• Quais são os benefícios que a Estimulação Psicomotora proporciona em

crianças portadores de Síndrome de Down?

• Quais são os cuidados que devem ser tomados na estimulação psicomotora?

• Quais são as limitações a serem respeitadas?

2 ENTENDENDO A PSICOMOTRICIDADE

Em 1907, Ernest Dupré deu partida à Psicomotricidade (PM), enunciando a

lei que surgiu do seu trabalho e observação na lida com a debilidade mental

motora. Sabemos, por diversas fontes históricas, que no rótulo do mental incluíam-

se dificuldades ligadas ao cognitivo e ao relacional.

“Entre certas alterações mentais e as alterações motoras correspondentes existe

uma união tão íntima que parecem constituir verdadeiras paralelas psico-motoras”,

afirma Dupré. (Dupré apud Saboya, ano e página)

De 1907 até 1947, o imperialismo neurológico já não era tão forte, mas a

psicomotricidade, apenas muito superficialmente ia integrando os trabalhos de

Freud (1913), de Wallon (1934) e de Piaget (1936), Descendres, Decroly e outros.

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Entre 1947 e 1959, fica clara a passagem da psicomotricidade do campo exclusivo

da Neurologia e da Pedagogia para uma aliança com a Psiquiatria, graças às

lideranças dos professores J. Ajuriaguerra e René Diatkine.

Foi Ajuriaguerra que, em 1959, fez a ligação e aprofundou os

conhecimentos, frutos de interelação da Neuropatologia., da Psicologia do

Desenvolvimento e da Psicanálise. Graças a este trabalho, a Psicomotricidade

saiu definitivamente da visão cartesiana do paralelismo. Até a palavra psico-motor

passou a ser grafada psicomotor, sem hífen, sem separação, uma coisa só, uma

unidade.

Por outro lado, de 1935 até 1956, o trabalho clínico e pedagógico em

Psicomotricidade era feito de uma forma estruturada, arbitrária e impessoal, no

sentido de que usavam métodos como “receitas de bolo. Estruturado, como

métodos que utilizavam técnicas em seqüências rígidas; arbitrário porque

baseavam-se em resoluções ou atos que dependiam só da vontade, e impessoal,

porque não respeitavam a individualidade de cada ser, com suas harmonias e

desarmonias.

Houve também, neste período, uma profusão de publicações que não

faziam referências aos conceitos psicanalíticos, portanto, não reconheciam o

inconsciente, que se manifesta não só na palavra, mas sobretudo, no corpo, na

postura, no gesto, no tônus e na respiração.

Porém, o início da década de 60 foi riquíssima nos planos teóricos e prático.

Foi neste momento, que Ajuriaguerra definiu a Terapia Psicomotora. É verdade

que de maneira pouco simples e muito longa:

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“É uma técnica que por intermédio do corpo e do movimento dirige-

se ao ser na sua totalidade. Ela não visa a readaptação funcional

por setores e, muito menos, a supervalorização do músculo, mas a

fluidez do corpo no seu meio. Seu objetivo é permitir ao indivíduo

melhor sentir-se e, através de um maior investimento da

corporalidade, situar-se no espaço, no tempo, no mundo dos

objetos e chegar a uma modificação e a uma harmonização com o

outro”. ( Apud Saboya, 1995 p.20 )

A definição de Ajuriaguerra apareceu no momento certo para enunciar o

que alguns profissionais como Boucher, Massé, Gilbert e Desobeau, entre outros,

vinham fazendo na prática psicomotora.

Acredito, no entanto, que com a ajuda da definição de Psicomotricidade da

Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP) – “’E uma ciência que tem por

objeto o estudo do homem, através o seu corpo em movimento nas relações com

seu mundo interno e seu mundo externo” (apud Saboya 1995 p. 21), poderíamos

definir de uma maneira mais simples a terapia Psicomotora:

“Um meio que utiliza o corpo em movimento, visando a harmonização do indivíduo

com seu mundo interno e mundo eterno”. (Saboya 1995)

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3 DESMISTIFICANDO A SÍNDROME DE DOWN

3.1 O QUE É A SÍNDROME DE DOWN?

A Síndrome de Down, também chamada mongolismo ou “Trissomia 21”, faz

parte do grupo de encefalopatias não progressivas, ou seja, com o passar do

tempo, os portadores da Síndrome não apresentam acentuação da lentidão no

desenvolvimento geral. Assim, o agente da doença não comporta o quadro de

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agravamento. Encefalopatias englobam, de forma genérica, as doenças que se

localizam no cérebro humano.

O primeiro quadro de Síndrome de Down foi observado no ano de 1846 por

Seguin sobre a denominação de “idiotia furácea”e, sua freqüência, já começava a

se mostrar bastante elevada, até que em 1695 já se registrava a incidência de 1

(um) em cada 650 à 700 nascido vivos para todas as classes e raças.

Pode-se afirmar que uma criança com Síndrome de Down tem uma

tendência espontânea para um progresso visível pois, o seu Sistema Nervoso

central (SNC) confirmadamente continua o seu amadurecimento com o decorrer

do tempo; o que deve ser avaliado é o fato de que esse amadurecimento é mais

lento do que o observado nas crianças não portadoras da Síndrome.

A situação clínica é de fácil observação, já que aliado ao atraso mental o

aspecto das crianças é que em geral bastante típico, e quase sempre não se tem

dúvida sobre o diagnóstico desde o momento do nascimento. Ocorrem notáveis

mudanças na morfologia do sujeito, porém, essas características se encontram em

variadas combinações. Os diversos pacientes apresentam um número maior ou

menor de sinais, no entanto, não se pode estabelecer qualquer relação entre o

número de sinais e o grau de desenvolvimento que a criança alcançará. Em geral,

os portadores da Síndrome de Down apresentam baixa estatura, lobo occiptal

achatado (parte de trás da cabeça), maças do rosto salientes, fenda das pálpebras

oblíquas em amêndoas, estreitas e direcionadas para cima e para fora com

epicantos. O nariz, a língua apresenta-se fissurada, grande e mantida para fora da

boca. A boca fica em geral entreaberta, possui a abóbada do palato em ogiva e os

dentes, que nascem em ordem diferente das crianças normais, são malformados.

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Nos membros também surgem diferenciações já que se mostram mais curtos

incluindo-se os dedos das mãos que são também de textura mais grossa. O dedo

mínimo é arqueado e a dobra palmar (linha da palma da mão) inclui os quatro

dedos maiores. O abdômen pode ser hipotônico apresentando hérnia umbilical.

Outro aspecto é a hipoplasia genital com todo desenvolvimento desta área

surgindo de forma rudimentar, os genitais são pouco desenvolvidos. Pode haver

defeitos de postura no tórax, seja na coluna ou na região anterior do peito. Os

distúrbios tróficos determinam uma pele mais seca, sobrancelhas escassas e

unhas deformadas.

Na realidade, só mesmo em 1959, cientistas franceses provaram que os

pacientes com Síndrome de Down apresentavam defeito na divisão cromossomial

e isso determinava o quadro da Síndrome.

Do ponto de vista da neuropatologia um dos dados mais importantes é a

desaleração no desenvolvimento do Sistema Nervoso Central. O cérebro também

aparece reduzido em volume e peso especialmente nas zonas do lobo frontal,

tronco cerebral e cerebelo onde pode estar localizada a maior causa da hipotonia,

isto é, do relaxamento e da flexibilidade excessiva dos músculos, encontrada em

quase todos os casos. Algumas crianças apresentam também má-formação

cardíaca ou do aparelho digestivo.

As circunvoluções cerebrais são mais simples do que nas crianças normais

e o local do cérebro conhecido como giro temporal superior é bastante estreito, o

que se relaciona com a lentidão no processo de desenvolvimento da fala na maior

parte dos casos. Exames específicos também revelam células neuronais pouco

diferenciado assim como uma redução na conexão dos neurônios. Assim, no

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exame neurológico praticamente todos os reflexos pesquisados são fracos ou

lentos. Além deste aspecto, para o diagnóstico do quadro clínico total, leva-se em

conta a dismorfia facial, a hipotonia, as marcas e textura das mãos e ainda o

estudo cromossômico que não deixa dúvidas sobre o diagnóstico. Uma criança

com Síndrome de Down possui 47 cromossomos, com um cromossomo extra do

par 21 acrescido ao par normal. A este fenômeno denomina-se Trissomia 21 e

assim, o equilíbrio genético se desfaz produzindo alterações no desenvolvimento

normal do organismo.

Quando um espermatozóide fertiliza o óvulo resulta uma célula denominado

zigoto ou ovo fertilizado que possui 46 cromossomos sendo 23 cromossomos que

vêm da mãe através do óvulo, e os outros 23 cromossomos que farão par com os

primeiros que vêm do pai, através de espermatozóide. Esta nova célula passa por

um processo de divisões celulares: divide-se em duas células idênticas, estas se

dividem em quatro, as quatro se transformam em oito e assim por diante. Cada

vez que uma célula se divide, os cromossomos devem se dividir. Cada nova célula

recebe um conjunto completo de 46 cromossomos, onde cada um deles é uma

cópia idêntica dos cromossomos da célula original. À medida que as células se

dividem, elas se modificam e se organizam, a fim de formar tecidos e órgãos. É na

época da divisão celular, quando os cromossomos devem se dividir corretamente,

que o problema causador da Síndrome surge. Simplificado o erro, o que acontece

na verdade é que uma das células recebe um cromossomo 21 extra, e as outras

células não. Todos os outros pares cromossomiais se distribuem corretamente,

exceto o par 21. Esse erro de distribuição cromossômica pode acontecer em

qualquer célula na época de sua divisão. As conseqüências e a gravidade deste

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erro de distribuição dependerão da época em que ele corre, pois todas as células

derivadas de uma célula com Trissomia 21, ou seja, 3 cromossomos do par 21,

terão também Trissomia 21. Quase todas as crianças “mongóis” possuem a

Trissomia 21 completa, isto é, 3 cromossomos 21 presentes em todas as células

de seu organismo.

A fase em que ocorreu o erro na distribuição dos cromossomos pode ter

sido no desenvolvimento do óvulo ou do espermatozóide, ou na primeira divisão

de células do ovo já fertilizado.

As células que darão origem aos óvulos ou espermatozóides têm, no início,

46 cromossomos. Ocorre nelas, porém um tipo bastante especial de divisão

celular, de tal forma, que cada óvulo ou espermatozóide futuro, recebe apenas um

cromossomo de cada par, isto é, apenas 23 cromossomos totais. A não

distribuição correta dos cromossomos ocorre em relação ao 21, ambos indo para

uma só célula, assim, o óvulo ou espermatozóide carregará um cromossomo 21

extra. Quando esta célula se encontra com a do outro genitor o ovo fertilizado terá

a Síndrome de Down.

Uma outra possibilidade é a que o óvulo e espermatozóide sejam normais,

mas na primeira divisão do óvulo fertilizado, os cromossomos 21 não se

distribuam corretamente. Uma célula nova recebe 3 cromossomos 21 o que

caracteriza a Trissomia 21 e a outra recebe somente um cromossomo 21 não

podendo se manter normalmente. Ao contrário, a que possui três cromossomos

21, continua a se multiplicar e a criança terá Trissomia 21 em todas as suas

células e, será também neste caso, portadora da Síndrome de Down.

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Em mais ou menos 4% das crianças com a Síndrome de Down o erro de

distribuição ocorre na segunda ou terceira divisão, portanto, algumas células são

normais e outras apresentam Trissomia 21. A estes casos chama-se mosaico ou

Trissomia 21 mosaicismo normal. A forma pela qual o caso de mosaicismo é

determinado é também o estudo cromossômico, onde fica explicitado o fato de

que algumas células têm constituição cromossômica normal com 46 cromossomos

e outras têm Trissomia 21, isto é, têm 47 cromossomos.

Em um número muito pequeno de casos, cerca de 3%, a Síndrome de

Down é ocasionada por uma Trissomia de translocação, onde o que ocorre é que

o cromossomo 21 extra sofre uma quebra e une-se a outro cromossomo. Essa

reorganização de cromossomos é que é chamada de translocação.

Apesar de mais rara, a Trissomia 21 por translocação não pode ser

distinguida de Trissomia 21 comum ou livre ou ainda do mosaicismo apenas

através o exame físico clínico, apenas o estudo cromossômico pode definir este

ponto.

Antigamente o prognóstico de vida dessas crianças era bastante

comprometido, pois se admitia que 50% dos portadores morriam no primeiro ano

de vida, somente 25% alcançavam a puberdade e seu índice de mortalidade era

seis vezes maior que nos casos de oligofrenia. Atualmente, este prognóstico

modificou-se completamente e descobriu-se a eficiência de uma criança com

ênfase pedagógica.

É importante também alertar que já existe um exame que pode determinar o

diagnóstico da Síndrome de Down no período pré-natal, que consiste no estudo

cromossômico do feto, é a aminiocentese, onde se retira um pouco de líquido

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amniótico para fazer o estudo e detectar se o feto é ou não afetado pela

Síndrome.

4. PSICOMOTRICIDADE APLICADA A SÍNDROME DE DOWN

Desde a vida intra-uterina, a característica essencial do bebê é o

movimento. Antes mesmo do nascimento, o feto não esta imóvel, está

desenvolvendo-se, coordenando seus movimentos para alcançar gestos precisos.

Suas primeiras expressões são essencialmente motoras. Todos seu movimentos

que percorreram seu corpo pertencem a um sistema muito complexo.

Através do movimento, a criança percebe as diferentes sensações:

motoras, orgânicas, sensoriais e afetivas.

Desta forma, quando tiver percebido o movimento como um todo e quando

for capaz de reproduzi-lo voluntariamente, a criança reviverá a sensações que

experimentou e que percebeu anteriormente. O bebê não tem um corpo, ele é um

corpo e todas as suas aquisições passam para seu corpo.

É comum pensar que o recém-nascido terá seu desenvolvimento muscular,

psíquico e cognitivo através de si mesmo, sem que a mãe e outros participem. É

imprescindível a participação da mãe e de outros neste processo, despertando o

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corpo através de movimentos que não forçam um ritmo, mas o acompanham e

estimulam.

Já alguns bebês, por diversos fatores, necessitam de intervenção diária

para facilitar seu desenvolvimento, contribuindo para um desenvolvimento

harmonioso de seu corpo, para a qualidade de seu relacionamento com seus pais

e com o mundo exterior, os chamados bebês com histórico de alto risco.

Um dos principais objetivos da Intervenção Psicomotora Precoce em bebês

com histórico de alto risco é reduzir e minimizar os efeitos negativos de uma

historia de alto risco, que normalmente caracteriza a evolução de crianças

deficientes ou em risco.

Esta tem como finalidade reabilitar e recompensar os atrasos evolutivos da

criança, que demandam atenção especial quanto à sua evolução

neuropsicomotora.

Esta criança de alto risco quando submetida ao trabalho psicomotor ,

observamos que, quanto mais precoce o encaminhamento, melhores eram os

resultados, obtidos, especialmente quando tais dificuldades advinham de

patologias neurológicas.

Diante dos resultados, foi desenvolvido um trabalho clínico psicomotor com

bebês que vinham em busca de melhoras generalizadas.

A partir daí, foi desenvolvido com bebês avaliados na área de

Psicomotricidade um trabalho de estimulação psicomotora precoce, visando

intervir nestes bebês, a fim de minimizar respostas negativas, buscando uma

melhor aquisição do seu desenvolvimento psicomotor geral.

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Levando-se em consideração que as aquisições hierárquicas são

fundamentais para o desenvolvimento neuropsicomotor harmonioso e que é esta

harmonia que vai reger o futuro das aquisições mais especializadas em nível de

sistema nervoso central, entendo que este trabalho é de vital importância por

buscar dentro da Psicomotricidade alternativas de apoio e de estimulação a estes

sistemas psicomotores mais especializados.

É importante salientar na idade cronológica e na fase do desenvolvimento

que existe uma grande variação no desenvolvimento de crianças com Síndrome

de Down. Isto é o esperado, pois em crianças sem atraso no seu desenvolvimento

já são encontradas diferenças, que são maiores numa criança com atraso. Por

isso, o ritmo e velocidade da sua criança devem ser respeitados e procure pensar

mais na fase do desenvolvimento do que na idade cronológica.

4.1 DESENVOLVIMENTO MOTOR NA SÍNDROME DE DOWN

Devidos às várias alterações que acompanham a Síndrome de Down

descritas, principalmente a hipotonia, esse paciente em seus primeiros anos de

vida apresenta um atraso marcante em sua escala de desenvolvimento motor.

É preciso ter conhecimento sobre o desenvolvimento motor da criança e

suas funções desenvolvidas para que haja distinção do que seja realmente um

comportamento anormal ou atrasado. Através da comparação das conquistas

motoras do bebê Down com a escala de desenvolvimento motor normal, podemos

evidenciar o atraso referido.

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Somente aos cinco meses de vida esse bebê comprometido apresentará

controle de cabeça que é o primeiro marco conquistado da escala de

desenvolvimento motor.

Entre o sétimo e oitavo mês o paciente geralmente consegue rolar sozinho

de prono para supino e vice-versa com dissociação de cinturas.

Aos dez meses, o bebê leva as mãos à linha média, à boca e brinca com

objetos passando de uma mão para outra.

Observamos alguma sustentação de tronco aos onze meses, permitindo

que o paciente sente necessitando de apoio.

4.2 DESENVOLVIMENTO PERCEPTIVO E MOTOR SEGUNDO ARNOLD

GESELL

4.2.1 Até a 4ª semana

Durante a vigília, o bebê apresenta uma atitude denominada de reflexo

tônico-cervical, que caracteriza por extensão do braço para onde está voltada a

cabeça e flexão do outro braço.

Às vezes, o bebê apresenta reações bruscas, levantando

momentaneamente a cabeça. Algumas vezes, pode mover os braços, mais ou

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menos simetricamente, porém a atitude assimétrica do reflexo tônico cervical é a

base da maior parte de sua postura.

Visão

Permanece com a vista imóvel durante longos períodos. É capaz de

acompanhar um estímulo colocado em seu campo visual com um movimento

combinado de olhos e cabeça. A apreensão ocular precede a preensão manual.

Atividade manual

Apreensão manual pode ser observada pelo toque da mão com um objeto;

a atividade do braço aumenta e a mão se fecha e se abre.

4.2.2 Até 16 semanas

A reação tônico-cervical começa a perder sua preponderância. A cabeça

ocupa com maior freqüência a linha média. A musculatura do tronco vai se

organizando; senta-se coma apoio e levanta a cabeça.

Visão

O desenvolvimento crescente de redes neuronais permite uma maior

atuação da musculatura o ocular. É capaz de olhar um objeto colocado em seu

redor; olha preferencialmente para as suas mãos como, também, para as do

adulto.

Atividade Manual

É capaz de tocar o objeto. Ante o estímulo visual, sua mão livre se

aproxima do objeto como se estivesse, também, envolvida na manipulação.

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4.2.3 Até 28 semanas

Aperfeiçoamento da posição sentada. Somente necessita de um pequeno

apoio dos braços da cadeira ou do adulto.

Visão

A acomodação ocular é mais avançada que a manual. Segura uma bolinha

que rola, mas quando a quer apanhar, coloca a mão levemente sobre ela e não

consegue pegá-la. Olhos e mãos funcionam em estréia relação, reforçando-se e

guiando-se mutuamente.

Atividade manual

A criança inclina-se para o objeto, segurando-o com um movimento de

preensão de toda a mão, com o lado radial, que prepara a oposição do polegar.

4.2.4 Até 40 semanas

As pernas já sustentam o peso do corpo, mas ainda necessita de apoio.

Domina o equilíbrio na posição sentada.

Visão

Manifesta grande interesse tátil e visual pelos detalhes.

Atividade manual

É capaz de pegar uma bolinha em movimento de pinça, de tipo inferior.

4.2.5 Com 1 ano

Engatinha com grande agilidade, podendo fazê-lo de joelhos ou na planta

dos pés. Pode erguer-se e parar sem ajuda, mas ainda é falho o seu equilíbrio

estático.

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4.3 - DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR

As fases do desenvolvimento psicomotor não devem ser consideradas

apenas segundo um quadro de maturação neurológica, mas como resultado de

um processo reacional e relacional complexo. Com isto queremos dizer que, ao

enfocarmos o desenvolvimento psicomotor, levamos em conta as reações do ser

ao ambiente que o cerca e as relações com os demais.

A organização da motricidade passa pelas seguintes fases;

4.3.1 1ª Fase

O ser nasce com as condições anátomo-fisiológicas dos reflexos, mas para

que estes se manifestem é indispensável que o meio atue, sob a forma de

estímulos, que irão quebrar o equilíbrio da organização, provocando a reação

reflexa. O reflexo constitui-se em uma modalidade assimiladora, que se acomoda

ao meio, quando se põe em funcionamento.

Esta fase caracteriza-se seguintes conquistas:

a) Organização da estrutura motora

b) Organização do tônus de fundo

c) Organização da propriocepção

d) Desaparecimento das reações primitivas

4.3.2 2ª Fase: Organização do plano motor.

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Durante esta fase há o aperfeiçoamento espaço-temporal das reações.

Evoluem paralelamente as temporais das reações. Evoluem paralelamente as

possibilidades de conhecimento e das relações sociais.

4.4 ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO

Influência da Psicomotricidade na estruturação dos processos intelectivos

da criança (Bensusan e Miranda apud Alves, 2003).

A criança nasce, somente, com seu equipamento anatomo-fisiológico. Os

movimentos desordenados não há intencionalidade são apenas movimentos

reflexos. O sistema tônico está desenvolvido, tanto no plano sensitivo quanto no

motor.

A mãe ou quem cuida da criança tem uma importância fundamental no

desenvolvimento da sua noção corporal.

Somente a partir dos três meses, a criança começa estabelecer ligações entre

seus desejos e o meio externo e por meio de movimento do seu próprio corpo.

Descobre , com isso, o prazer de brincar com seus pés, mãos e, logo com outros

seguimentos, progressivamente num domínio corporal.

A maturação dos seus órgãos dos sentidos vai se acelerando, sob a

influência de numerosos estímulos externos, o que vai aumentar ainda mais as

suas experiências motoras. A partir dos cinco meses, com o desaparecimento

“grasping reflex”, da aquisição da ritmicidade e da visão muscular fina, aparece as

primeiras preensões voluntárias que, juntamente com a coordenação da visão

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acarretam um controle sobre os objetos e, mais tarde, a tomada intencional dos

objetos que estão a sua volta.

Aos seis meses, ocorre uma descentralização geral através da função

sensório-motora e da coordenação das ações e dos espaços.

As coordenações viso-tátil sinestésicas desenvolvem-se na presença dos

objetos, adquirindo um “espaço prático”. Aos noves meses ela começa a

diferenciação do sujeito-objeto. Suas mãos é que manipulam os objetos,

construindo com isso, um “espaço objetivo e operativo”, através da tomada de

consciência dos seus limites corporais e das diferentes posições que os objetos

ocupam. A criança diferencia o mundo exterior do seu mundo interior.

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5 ESTIMULAÇÃO PSICOMOTORA PRECOCE

5.1 ESTIMULAÇÃO – BEATRIZ DE ALMEIDA REGO SABOYA

É com enorme prazer que fonoaudiólogos, psicomotricistas e

fisioterapeutas recebem como paciente um recém-nascido o qual só chegaria até

eles por volta do três, quatro anos. Isto por que, há algumas décadas, a idéia de

fazer fisioterapia num bebê com algum tipo de deficiência era inconcebível.

Felizmente, esta concepção mudou. Não há dúvida de que a importância do

diagnóstico precoce da síndrome de Down está diretamente relacionado ao

quanto é imprescindível para estas crianças serem estimuladas no seu primeiro

ano de vida. Caso contrário, correm o risco de ficar com seu desenvolvimento

sensório motor bastante prejudicado. Ser estimulada precocemente é fundamental

para o desempenho futuro da criança.

O trabalho dos profissionais, portanto, é bem mais abrangente do que

simplesmente orientar os pais como devem segurar ou brincar com o bebê. Eles

precisam convencer a família de que nenhuma estimulação terá bons resultados

se todos não se dispuserem a colaborar. Devem esclarecer, ainda, que não

adiantará sobrecarregar a criança com terapias, no intuito de acelerar um

processo que se dá naturalmente de dentro para fora. Agindo assim, ao invés de

ajuda-la (o que não deixa de ser uma tendência, principalmente, de famílias de

alto poder aquisitivo), poderão prejudica-la.

Assim, quando falamos que a estimulação precoce no bebê com síndrome

de Down deve começar ontem, falamos de uma série de exercícios usados para

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desenvolver a capacidade daquela criança de acordo com seu grau de

comprometimento e da fase de desenvolvimento que se encontra.

Percebe-se que cada criança com síndrome de Down tem o seu programa de

estimulação. O que serve para uma pode não servir para outra.

5.2 SINDROME DE DOWN: ESTIMULAÇÃO PSICOMOTORA PRECOCE DE 0

A 2 ANOS

As pessoas evoluem de uma total dependência quando são bebês, para a

capacidade de andar e serem independentes. Durante os primeiros meses a

aquisição motora mais importante é o controle da cabeça, isto é, a criança deve

manter a cabeça alinhada com o resto do corpo, qualquer que seja sua posição:

deitada, sentada e mais tarde em pé. Nesta fase inicial o bebê irá fortalecer os

músculos das costas, pescoço e ombros, permitindo que ele levante a cabeça

quando deitado de bruços e até se apoiar nos cotovelos e mãos.Ele aprenderá a

rolar, depois conseguirá permanecer sentado com apoio e, mais tarde, sozinho.

Na hipotonia os músculos de nosso corpo apresentam um estado de

tensão, mesmo quando estamos dormindo ou em repouso. Esse estado é

chamado tônus muscular diminuído é muito comum em bebês com Síndrome de

Down, isto é, seus músculos são mais moles e flácidos, embora o grau de

hipotonia varie de criança para criança. A hipotonia diminui com a idade. O recém-

nascido hipotônico se movimenta menos. Quando deitado de costas, suas pernas

ficam exageradamente abertas, ele demora mais para sustentar a cabeça, sentar,

ficar de pé e pode também ter dificuldade para mamar.

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Como hipotonia deixa o bebê mais molinho, é importante realizar os

exercícios quando seu bebê estiver acordado. Além disso, para ele colaborar mais

com a estimulação, você pode fazer algumas brincadeiras que o deixarão mais

alerta e participativo. (Cf. Projeto Down ano)

A Síndrome de Down é essencialmente um atraso no desenvolvimento,

tanto das funções motoras do corpo, como das funções mentais. Um bebê com

Síndrome de Down é molinho, menos ativo; mas isto diminui com o tempo e a

criança vai conquistando, embora mais tarde que as outras, as diversas fases de

desenvolvimento.

Para que criança possa atingir uma determinada fase do desenvolvimento,

ela precisa ser estimulada. A estimulação procura dar-lhe condições para

desenvolver suas capacidades desde o nascimento. Isto se aplica a todas as

crianças com ou sem atraso.

A estimulação precoce é uma série de exercícios para desenvolver as

capacidades da criança, de acordo com a fase do desenvolvimento em que ela se

encontra. Não se trata de nada complicado, mas de uma série de ações que toda

pessoa faz normalmente com os bebês, além de outras atividades mais

específicas que se pode aprender.

A maior parte dos programas de estimulação precoce são dirigidos a

crianças de 0 a 3 anos. (Cf. Projeto Down 1985).

A estimulação é importante para qualquer criança com ou sem atraso no

desenvolvimento. Para que a criança atinja novas fases no seu desenvolvimento,

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ela precisa ser estimulada a experimentar as coisas e a conviver com as pessoas

que a cercam.

Experimentar é um modo de conhecer e vivenciar as situações e objetos e

para isso são usados todos os sentidos (tato, audição, visão, paladar, além das

sensações causadas pelos movimentos).

É através desta experienciação que a criança vai fazendo uma memória

das suas vivências, como se fosse um arquivo sendo formado.

A família tem um papel fundamental na formação da criança. Os pais

devem estar disponíveis e com tempo para transformar os momentos de

estimulação em ocasiões agradáveis e ricas para todos. E não se esquecer que

durante a convivência diária, além de estimular a criança, pode-se também

observa-la e entender seus limites e dificuldades.

Estimulação Psicomotora Precoce de 12 a 24 meses se da quando a

criança atinge o segundo ano de vida, ela é mais ativa e participante, utiliza suas

mãos para explorar o ambiente, e começa a construir sua memória sobre

acontecimentos e objetos. Agora, a criança começa a mostrar sua própria

personalidade e tem um grande desejo de explorar o mundo. Começam a ficar

mais nítidas as diferenças pessoais, algumas crianças são mais ativas, outras são

mais observadoras.

Esta é a fase da locomoção, do andar. A criança precisa ter equilíbrio,

coordenação e um conhecimento dos movimentos de seu corpo para poder

aventurar-se no andar. Andar não deixa de ser um desequilibrar e reequilibrar

constante. Por isso, muitas vezes a criança passa por um período de ficar de pé,

para depois andar, quando estiver segura e confiante.

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A criança, nesta idade, já se faz entender, seja por sons, palavras, gesto ou

olhar; ela é capaz de mostrar o que quer e rejeitar o que não lhe agrada.

Assim, ela já esta começando a participar. Estimule essas iniciativas da criança

pois isto será muito importante para sua independência no futuro. Não se

esqueça, porém, que esta criança com Síndrome de Down deve ser educado

como qualquer outra criança. À medida que ele vai ganhando independência

procure mostrar-lhe o que ele pode mexer ou não, o que ele pode ter ou não.

Enfim mostre-lhe os limites e mantenha-se firme na disciplina, apesar dos

protestos dele. Isso, no futuro, vai ajuda-lo muito na convivência social.

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6 ESTUDO DE CASO

L. Danezy Piantino nasceu em Anápoles, cidade de Goiás, em 1959, em

1995, nasceu seu terceiro filho, Lúcio, com Síndrome de Down.

O desenvolvimento do homem se daria a partir dos cincos sentidos:

audição, visão, olfato, tato e paladar. No caso das crianças com síndrome de

Down, as informações sobre o mundo precisam atingi-las com mais clareza e

constância. Seria preciso prepara-lo para aprender a sentir, acomodando-o num

acolchoado que ficava sobre o chão da sala do apartamento, saindo de lá apenas

para dormir, à noite. Agindo assim, Lurdinha possibilitava o contato contínuo do

filho com o movimento da casa, com as pessoas, especialmente os dois irmãos,

com barulhos etc.

As sensações de frio, quente, macio, áspero etc. acontecem por meio da

pele. Assim, deixava o seu bebê pelado, passando pelo seu corpo inteiro tecidos

com texturas diferentes: toalha, fralda de pano, seda, veludo, lã etc

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Para as sensações de quente e frio, fazia um banho térmico de sete

minutos, alternando um minuto na água fria e outro na quente, nas primeiras

vezes, Lucio não esboçar nenhuma reação ao contato com as diferentes

temperaturas. Somente após um mês de prática diária foi que começou a

apresentar algum estremecimento ao ser colocado na água fria.

6.1 PREPARAÇÃO DO AMBIENTE DOMÉSTICO

Favorecer o desenvolvimento de ações exploratórias de seu filho, fossem

de natureza visual, auditiva ou tátil. Procedeu, então, a mudança no próprio

ambiente doméstico, cores quentes, ou seja, amarelo, laranja, vermelho. Além

disso, muitos móbiles foram salpicados pela casa, todos bastantes coloridos, em

sua maioria eram sonoros, mas não muito barulhentos. O acolchoado era forrado

com um tecido bastante colorido. Em uma das paredes laterais da sala, colocou-

se um espelho, desde o chão, faceando o acolchoado.

Havia na sala um aparelho de som e a televisão, que eram ligados

regularmente. Constantemente, havia um fundo musical no ambiente,

predominando as músicas clássicas.

6.2 AMAMENTAÇÃO

Sabendo-o hipotônico, acomodava-o ao seio de modo que seus bracinhos

permanecessem juntos ao seu tronco. Mantinha, também, suas perninhas

fechadas. Assim, não permitia que braços e pernas ficassem soltos, largados,

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tendência normal da hipotonia, procurando, desde cedo, ensinar o Lucio a assumir

determinadas posturas corporais. Ao mesmo tempo massageava suavemente

suas mãos, pés e orelhas, por acreditar serem pontos importantes de terminações

nervosas. O ato de amamentar, por favorecer a sucção, ajudaria a atenuar a

hipotonia dos músculos faciais, o que, de alguma forma, auxiliaria, posteriormente,

a aquisição da fala, as ações eram conscientemente planejadas.

6.3 O BANHO DE AR

O banho de ar estimula o funcionamento dos poros e a eliminação de

toxinas.

Ele era feito do seguinte modo: num quarto, com a janela aberta, mas sem

corrente de ar, Lucio era acomodado na cama ou no acolchoado, nu, sobre um

cobertor. Mantendo sua cabeça sempre descoberta, era coberto por 20 segundos

e, em seguida, descoberto por 60 segundos, alternando-se o cobri-lo e descobri-

lo, e aumentando o tempo conforme a seqüência:

Descoberto – 20/30/40/50/60/70/80/90/100/110/120

Coberto – 60/60/60/60/90/90/120/120/120/180

A seqüência total de cobrir e descobrir dura 30 minutos. Este banho era

aplicado três vezes por dia, tendo sido iniciado quando Lucio tinha um mês de

idade e encerrado quando completou seis meses, dada a impossibilidade de

mantê-lo sob o cobertor sem que saísse se arrastando.

Durante o banho de ar, Lurdinha aproveitava o tempo para realizar vários

exercícios: visuais, táteis e auditivos; o do vasocapilar, o do peixinho com joelhos

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dobrados e o do sapinho, da unibiótica; massagem nos pés; e exercícios para as

articulações.

Os exercícios auditivos eram realizados agitando um chocalho não muito

barulhento de um lado e outro, próximo dos ouvidos de Lucio, enquanto ele estava

coberto. Esse mesmo chocalho vale dizer, bastante colorido, era também utilizado

para a visão, movendo-o e perpendicularmente á linha dos olhos, a uma distância

de aproximadamente um palmo. No início, Lucio não movia a cabeça

acompanhando o som ou movimento do chocalho, mas esses sinais começaram a

surgir no segundo mês. Os exercícios continuaram até o sexto mês.

O exercício do vasocapilar consistia em erguer as pernas e os braços de

Lucio, perpendicularmente à linha de seu corpo, agitando-os por cerca de uns 30

segundos. Esse exercício foi realizado até ele completar quatro meses, quando,

então, impedia que seus membros fossem agitados, mantendo-os rígidos. (FOTO)

O peixinho com joelhos dobrados é um exercício que consistia em, estando Lucio

deitado de costas, dobrar seus joelhos ao máximo, aproximando os calcanhares

das nádegas e mantendo calcanhares e joelhos juntos, levando as pernas para os

lados, alternadamente, enquanto durava o período descoberto do banho de ar.

Para fazer o sapinho, Lurdinha juntava as plantas dos pés de Lúcio uma

contra a outra e movia os pe´s, juntos, paralelamente à linha do corpo (encolhendo

e esticando as pernas).

As massagens nos pés consistiam em várias etapas, descritas a seguir:

1) Com o polegar direito, pressiona-se suavemente o ponto de encontro

externo do dedão com a planta do pé. Após várias pressões, desliza-se o

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polegar, acompanhando a curvatura da planta do pé, do lado mais externo,

até o calcanhar.

2) Estando os dois polegares paralelamente posicionados na plantada do pé,

na altura do calcanhar, eles são movidos e deslizam, com pequenos

movimentos e com certa pressão, até a altura dos dedos.

3) Com as pontas do polegar e do indicador, segura-se cada dedinho do pé da

criança, pressionado levemente e fazendo movimentos giratórios.

4) Segurando com uma das mãos a perna de Lucio, encostava a parte central

da palma da mão no calcanhar, fazendo movimentos circulares. Deslizava,

então, a mão sobre a planta do pé, até a ponta dos dedos, que eram

suavemente dobrados para trás.

Os exercícios para as articulações eram realizados dez vezes, para cada

articulação do corpo, tornozelos, joelhos, quadril, pulsos, cotovelos e ombros.

Consistiam em fazer movimentos de vai-e-vem, segurando cada lado da

articulação. Por exemplo, para o tornozelo, segura-se o pé e a perna da criança,

esticando e encolhendo a pele.

6.4 EXERCÍCIOS PARA ARRASTAR E EQUILIBRAR

Colocava-o de bruços sobre a cama, apresentando, à sua frente, algum objeto

que atraísse sua atenção. Feito isto, segurando seus pezinhos, impulsionava-os,

levemente, com o dedo polegar, fazendo com que desses pequenos avanços com

o corpo, para frente.

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Sentado na rede e, segurando-o com cuidado para que não caísse, executava

movimentos esparsos e bruscos na rede, desestabilizando-o para que tentasse

equilibra-se.

6.5 ALIMENTAÇÃO

A criança com síndrome de Down tem tendência a apresentar “intestino

preso”e muita produção e acúmulo de muco, Lurdinha entendeu que seria melhor

dar ao Lucio uma alimentação rica em fibras e que não provocasse muco.

6.6 ESTIMULAÇÃO PRECOCE

Por indicação da geneticista que fez o cariótipo de Lucio, ele foi

encaminhando ao Centro de Ensino Especial, em Brasília, para o programa de

estimulação precoce.

Assim, Lucio começou a freqüentar o programa quando tinha um mês de

idade. Lurdinha aprendeu muito com os profissionais que atendiam seu filho.

Considerou importante a oportunidade que o programa oferecia de ter contato com

outras mães para troca de experiência e a disponibilidade dos profissionais para

ensinar e ajudar os pais a realizarem os exercícios em casa.

As atividades que eram propostas ao Lucio, Lurdinha tratou logo de

aprendê-las e incorpora-las à sua rotina em casa. Por ter feito isso, percebeu,

quando Lucio tinha um ano e seis meses de idade, que não era mais necessário

leva-lo até lá.

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CONCLUSÃO

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A Síndrome de Down sempre traduz na criança um atraso motor. O maior

objetivo da Psicomotricidade neste aspecto é estimular a criança, dar-lhe vontade

de viver, de agitar-se, de entrar em contato com pessoas e coisas.

O diagnóstico de distúrbios do desenvolvimento da criança permite o

encaminhamento para um tratamento mais indicado numa etapa em que a criança

tem maiores possibilidade de responder favoravelmente aos estímulos ambientais

favorecidos.

Ao final desta pesquisa podemos observar que um programa de

intervenção psicomotor precocemente aplicado trás uma série de benefícios,

facilitando o desenvolvimento, principalmente, motor da criança.

A precocidade da intervenção é extremamente importante, pois o sistema

nervoso da criança apresenta um dinamismo muito intenso nos primeiros anos de

vida devido à mielinização progressiva de estruturas, logo diversas áreas estão

amadurecendo simultaneamente.

Podemos concluir que a psicomotricidade tem um papel de grande

importância no desenvolvimento dessa criança. Porém os resultados positivos

também dependerão de outros profissionais atuando juntos nessa estimulação.

A criança deve receber estímulos às funções sensoriais e motoras,

alimentação e toalete, esquema corporal, fala e funções cognitivas, sendo

estimulado adequadamente de acordo com suas necessidades.

A eficácia da atuação de profissionais especializados em portadores dessa

síndrome dependerá em grande parte da colaboração da família, em relação ao

cumprimento das diversas orientações fornecidas quanto ao posicionamento e

estimulação da criança.

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A proposta que se procura encerrar aqui visa a entrega do corpo como

instrumento e ação e conhecimento, inserindo nestes achados o corpo também e

fundamentalmente como transmissor das emoções da criança; como corpo

falante, conectado ao corpo marcado por uma trama familiar e por quadro de vida.

A Síndrome de Down.

A intervenção psicomotora precoce na criança portadora de Síndrome de

Down pode contribuir significativamente na melhora do desempenho do alicerce

psicomotor, organizando e harmonizando-os de maneira a impedir ou minimizar

distúrbios psicomotores, possibilitando uma nova visão deste ser ativo com

inúmeras capacidades de interação, reduzindo ou minimizando efeitos

disfuncionais nas crianças com atraso de desenvolvimento que é o caso da

criança portadora de síndrome de Down.

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