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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL: REFLEXÃO SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA CONTEMPORANEIDADE. NEUSA MARINA DEZANI ORIENTADOR: PROFª Ms. FRANCISCO JOSÉ DE J. CARRERA RIO DE JANEIRO FEVEREIRO/2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL:

REFLEXÃO SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA

CONTEMPORANEIDADE.

NEUSA MARINA DEZANI

ORIENTADOR: PROFª Ms. FRANCISCO JOSÉ DE J. CARRERA

RIO DE JANEIRO FEVEREIRO/2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Gestão Ambiental.

RIO DE JANEIRO FEVEREIRO/2010

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL:

REFLEXÃO SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA

CONTEMPORANEIDADE.

NEUSA MARINA DEZANI

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AGRADECIMENTO

Aos funcionários do Instituto A Vez do Mestre pela presença carinhosa em especial a Daiane Brito. Ao mestre Francisco Carrera pela oportunidade de compartilhar de suas teorias e visões sobre o planeta.

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DEDICATÓRIA

Dedico os meus netos Nicolas e Isadora que me dão motivo para continuar na luta pela salvação da Mãe Terra.

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RESUMO

Nossa cultura consumista ignorou por centenas de anos o fato de

que nossos recursos naturais são tesouros finitos e que, portanto, precisam ser

preservados.

A Educação Ambiental no ensino fundamental trabalha o processo

de socialização e, através da prática no cotidiano escolar contribui para a

formação de cidadãos responsáveis.

Compreender os fenômenos naturais, as ações humanas e suas

conseqüências para consigo, para sua própria espécie, para os outros seres

vivos e o ambiente são objetivos que, se alcançados, formarão uma nova

consciência ecológica. A escola é o ambiente favorável para trabalhar

conteúdos e metodologias adequadas a esses propósitos, não devendo ser

norteada por modismo e sim por movimentos éticos, com projetos que tenham

inicio, meio e fim definidos.

Há que se fortalecer organizações ambientais sejam elas públicas

ou privadas, propiciando o engajamento da sociedade na busca do

desenvolvimento sustentável, da conservação da natureza e na redução da

pobreza.

Sendo um tema transversal a Educação Ambiental deverá provocar

com seus paradigmas, a participação da comunidade a fim de atingir seus

objetivos. Cabe a ela proporcionar os conhecimentos necessários à

compreensão do ambiente de modo a promover uma consciência social que irá

gerar atitudes que influenciem os comportamentos.

As discussões em grupo em classe, os trabalhos em equipes, as

estratégias de projetos, de jogos e assimilação de solução de problemas são

estratégias adotadas que apresentam resultados significativos.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) tem se mostrado uteis

na implementação da Educação Ambiental apesar da estrutura do sistema

escolar ser uma barreira na construção do trabalho interdisciplinar.

Analisados e aplicados respeitando as diversidades regionais,

culturais, locais os PCN somados aos materiais empregados (kit de reciclagem,

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jogos, quebra-cabeças, máquinas fotográficas, vídeos, Cdroom) tem sido

importantes subsídios para o sistema educativo.

Através da Educação Ambiental podemos estimular a busca de

soluções criativas para situações do cotidiano possibilitando compartilhar

sentimentos, atitudes e estabelecer relações do individuo com o coletivo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I – Histórico – Meio Ambiente 10

CAPÍTULO II – Educação Ambiental – Os Primeiros Movimentos 18

CAPÍTULO III – Educação Ambiental no Brasil 25

CAPÍTULO IV – Educação Ambiental no Ensino Fundamental –

Contemporaneidade 31

CONCLUSÃO 35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 37

ÍNDICE 39

FOLHA DE AVALIAÇÃO 40

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INTRODUÇÃO

Através dos tempos o homem tem cometido ações predatórias sobre

o Meio Ambiente gerando graves problemas para sobrevivência de todas as

espécies.

Introduzida no currículo da Escola Fundamental de modo

transversal, isto é, perpassando todas as disciplinas a Educação Ambiental

busca ajudar aos alunos na construção de uma consciência global das

questões relativas no meio para que possam participar de forma responsável e

eficaz na preservação e solução dos problemas ambientais.

Segundo Pereira (1993), não basta repassar o conhecimento é

preciso que aconteça um retorno da aprendizagem e mudanças de

comportamento, não basta também ser consciente, é preciso que cada um faça

a sua parte, detectar as causas e descobrir soluções.

Tarefa árdua para educadores que, junto com a família e a

sociedade são responsáveis pela formação desse novo homem que terá a

percepção do mundo como um todo, integrado e não como uma coleção de

partes dissociadas.

Vista como uma das propulsoras das mudanças tão necessárias ao

homem na busca da preservação do planeta e por conseqüência da espécie

humana a Educação Ambiental ainda a passos lentos.

Segundo estudos de Nonicki / Maccariello, 2002:

Apesar dos esforços internacionais, verifica-se ainda hoje que 26,5% dos projetos/atividades de Educação Ambiental desenvolvidos por agências públicas estatais e organizações não governamentais brasileiras, privilegiam uma cultura reducionista da temática ambiental, baseada exclusivamente nos aspectos biológicos do meio ambiente (concepção naturalista/presevacionista), desconsiderando o ser humano e as relações sociais.

Esta pratica contrario o defendido em Tibilisi que afirmava ser o Meio

Ambiente os recursos naturais do planeta, as instituições e valores criados

historicamente pela ação social do homem e principalmente, a tensão existente

entre ambos.

Segundo Freire, 2007:

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Mudança e estabilidade resultam ambas da ação, do trabalho que o homem exerce sobre o mundo. Como um ser de práxis, o homem, ao responder aos desafios que partem do mundo, cria seu mundo: o mundo histórico-cultural. O mundo de acontecimentos, de valores, de idéias, de instituições, mundo da linguagem, dos sinais, dos significados, dos símbolos. Mundo da opinião e mundo do saber. Mundo da ciência, da religião, das artes, mundo das relações de produção. Mundo finalmente humano. Todo este mundo histórico-cultural, produto de práxis humana, se volta sobre o homem, condicionando-o. Criado por ele, o homem não pode, sem duvidas fugir dele. Não pode fugir do condicionamento de sua própria produção.

Apoiado em teóricos e pesquisadores o presente estudo pretende

tecer algumas considerações sobre os desafios e dificuldades de introduzir

praticas de educação ambiental no ambiente escolar, sobretudo no cotidiano

do Ensino Fundamental.

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CAPÍTULO I

HISTÓRICO – MEIO AMBIENTE

Através dos tempos o homem conseguiu ultrapassar obstáculos,

limites naturais e produzir sua própria história. Tornou-se capaz de

compreender e controlar a natureza, e, por meio do trabalho transformá-lo a

seu favor.

Porém, suas ações em relação a natureza, fonte de sua

sobrevivência, foram se transformando, levando-a ao desequilíbrio, colocando

em risco todas as formas de vida do planeta.

Di Biasi (1977) afirma:

Originado da natureza e dela dependente total por ser o melhor dos parasitas – predadores em todos os sentidos do termo à luz da Biologia e das Ciências Sociais, o homem não analisa com seriedade este fato profundo. E, desde o instante em que passou do estágio de Homo Natura para o de Homo Hacilis e posteriormente, a Homo Sapiens, até atingir o de Homo Socialis, sempre e continuamente tem sido ele um predador, farto consumidor e destruidor da própria natureza que o gerou. Constitui uma forma de “matricídio” sua maneira de agir, porque não podemos jamais desvinculá-lo da mater natura.

Provocada pela tomada de consciência e na tentativa de reverter os

graves efeitos que as ações humanas imprimiram sobre o planeta, tem inicio

nos meados da década de 60, do século XX, uma discussão oficial na busca de

integrar o ambiente físico ao social.

A concepção e o entendimento do conceito de meio ambiente, ou

ambiente, passou por muitos processos de construção. É possível

encontramos diferentes definições para este termo que, de acordo com o

momento de sua elaboração, ora o restringe, ora o amplia.

Em 1976 defina-se como Meio Ambiente: “As condições, influências

ou forças que envolvem e influem ou modificam: o complexo de fatores

climáticos, edáficos e bióticos que atuam sobre um organismo vivo ou uma

comunidade ecológica e acaba por determinar sua forma e sua sobrevivência;

a agregação das condições sociais e culturais (costumes, leis, idioma, religião

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e organização política e econômica) que influenciam a vida de um indivíduo ou

uma comunidade” (websters, 1976).

Em 1977 Poutrel & Wasserman definiam meio ambiente como

sendo: “O conjunto, em dado momento, dos agentes físicos, químicos,

biológicos e dos fatores sociais suscetíveis de terem um efeito direto ou

indireto, imediato ou a termo, sobre os seres vivos e as atividades humanas”.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA

em 1978 considerava – “O conjunto do sistema externo físico e biológico, no

qual vivem o homem e os outros organismos”.

Segundo Gutman (1988) “meio ambiente seria o conjunto de

componentes naturais e sociais e suas interações em um determinado espaço

de tempo (onde associa-se) à dinâmica das interações sociedade e natureza e

suas conseqüências ao espaço que habita o homem e do qual o mesmo é

parte integrante. Desta forma o ambiente é gerado e construído ao longo do

processo histórico de ocupação e transformação do espaço sociedade”.

Em 1992 Queiroz e Trillez defendiam seu o meio ambiente:

“qualquer espaço de interação e suas conseqüências entre a sociedade

(elementos sociais, recursos humanos) e natureza (elementos ou recursos

naturais)”.

Na visão de Mininni Medina (1985) o Meio Ambiente é:

gerado e construído ao longo do processo histórico de ocupação de um território por uma determinada sociedade, em um espaço de tempo concreto. Surge como a síntese histórica das relações entre a sociedade e a natureza.

Já Sauvé em 1997 introduzia a complexidade das inter-relações

através das explicitações de diferentes “ambientes”:

Meio Ambiente natureza (o entorno ou ginal); Meio Ambiente recurso (base material para os processos de desenvolvimento); Meio Ambiente problema (o ambiente ameaçado e poluído); Meio Ambiente meio de vida (o espaço da vida cotidiana); Meio Ambiente biosfera (o espaço da consciência dos limites planetários); Meio Ambiente comunitário (o entorno entre coletividade humana e meio natural).

Percebe-se, através da variação em qualidade e quantidade de

definições o processo de transformação do pensamento sobre o que seria Meio

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Ambiente. Porém, um aspecto relevante integra todas as definições e conceitos

– a presença inter relacionada de três elementos comuns:

A natureza (enquanto unidade e diversidade física e biológica); A sociedade (enquanto unidade e diversidade social, cultural, econômica e política); As dinâmicas de articulação (enquanto processo individual de composição – natureza e sociedade e, também, enquanto resultante do processo de relacionamento mutuo).

Algumas ações se constituíram como marcos referenciais na busca

de estabelecer um diagnostico da situação do meio ambiente na terra e na

formação de medidas que permitiriam tratar os problemas que o ameaçam.

Em 1972 – Primeiro Informe do Clube de Roma: “Limites do

crescimento”.

• 1972: Conferência de Estocolmo da ONU sobre Meio

Ambiente.

• 1972: Criação do Programa das Nações Unidas sobre Meio

Ambiente (PNUMA).

• 1982: Informe da Comissão Brandt.

• 1983: Conferência de Estocolmo da ONU sobre Meio

Ambiente.

• 1984: 1º Informe Woldwater

• 1987: O Informe Bruntland da ONU

• 1992: 1ª Cúpula da Terra (Declaração do Rio)

• 1997: 2ª Cúpula da Terra

• 1998: Cúpula de Buenos Aires e Protocolo de Proteção da

Antártida

• 1999: Cúpula de Bonn.

No Brasil, nos textos de Leis Federais, Estaduais e Municipais foram

inseridas definições apresentadas pela FEEMA (1990) e IBAMA (1994).

Decreto Lei nº 134, de 16/06/1975 – Estado do Rio de Janeiro:

“considera-se Meio Ambiente todas as águas interiores ou costeiras,

superficiais e subterrâneas, o ar e o solo”.

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Art. 3º, Lei 6938, de 31/08/1981 – Brasil: “Meio Ambiente – o

conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e

biológica que permitam proteger e normalizar a vida em todas as suas formas”.

Encontra-se no art. 225. Capitulo VI da Constituição Brasileira de

1988, o estabelecimento de direitos e deveres do Estado e dos Cidadãos, no

que tange ao Meio Ambiente: “todos têm direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia

qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de

defendê-lo e preservá-lo para o presente e futuras gerações”.

Na contemporaneidade, meio ambiente passa a ser conceituado

como um sistema (base conceitual formulada inicialmente por Bertalanffy, 1937

para dar conta dos problemas ligados a dinâmica dos sistemas vivos na

natureza).

Por haver constante interação e interdependência entre o ambiente

externo e os ambientes internos ou subsistemas conclui-se ser o meio

ambiente um sistema aberto.

Os sistemas abertos estão em constante processo de intercâmbio

(matéria, energia e informação) com o entorno, além de necessitarem dele para

manterem-se funcionando.

Isso nos sabemos todas as coisas estão conectadas como o sangue que une uma família O que acontecer com a terra acontecerá com os filhos e filhas da Terra O homem não teceu a teia da vida ele é dela apenas um fio O que ele fizer para a teia estará fazendo a si mesmo”.

Um sistema compõe-se de partes e essas partes só adquirem seu

verdadeiro sentido quando integradas ao todo do sistema. Esse princípio

estabelece a interdependência entre as partes e o todo. Partindo desse

princípio compreendemos os problemas que afetam os sistemas naturais

(poluição da água, do ar e do solo, escassez de recursos, etc), e que não

podem ser interpretados sem a conexão com o que acontece nos sistemas

sociais, econômicos, culturais entre outros.

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Ao basear seu desenvolvimento exclusivamente em questão

econômicas comercializando os recursos naturais entendidos como

inesgotáveis e numa lógica de exploração insustentável em tecnologias que

não levaram em conta os limites ecológicos, culturais e sociais da biosfera. O

homem mergulhou numa profunda crise civilizadora.

Crise essa, segundo Ricardo de Souza, p. 16, não é misteriosa nem

em sua origem nem em seu desenvolvimento.

Para Capra (2006):

Todos os seres vivos são membros de comunidades ecológicas ligadas umas nas outras numa rede de interdependência. Quando essa percepção ecológica profunda torna-se parte de nossa consciência cotidiana emerge um sistema de ética radicalmente novo.

Porém, os fóruns, os encontros e conferências nacionais e

internacionais acontecidos desde a década de 60 ainda não apontaram

respostas para a grande questão ambiental: até que ponto nossos recursos

naturais e a humanidade suportarão nosso modelo de sociedade?

Os últimos encontros de cúpulas governamentais deixaram nos

ambientalistas e na sociedade frustração e descrédito.

O mundo assiste entre surpreso e amedrontado ao crescimento dos

problemas ambientais: aquecimento global, fome, tsunamis, terremotos,

elevação do nível do mar, falta de água, terremotos, preda de valores éticos,

consumismo exagerado e guerras.

A 15ª Conferência das Partes (COP – 15) da Convenção Quadro

das Nações Unidas sobre mudança de clima e a reunião das partes do

Protocolo de Quioto (Conpenhague, 2009) e o Fórum Social Mundial – 2010

Davos, não trouxeram esperanças a comunidade ambientalista.

Segundo Sachs:

Estamos no limiar da terceira grande transição na longuíssima historia da coevolução da espécie humana com a biosfera. A primeira começou há 12 mil anos, com a domesticação das espécies vegetais e animais a sedentarização das populações humanas. A segunda ocorreu a partir do fim do século XVIII, com a utilização das energias fosseis – carvão, gás natural, petróleo -, que serviram de base às sucessivas revoluções tecnológicas e industriais dos últimos três séculos, acompanhadas pela explosão demográfica. Somos mais de 6 bilhões hoje e, ao se estabilizar nos meados do século, a população mundial terá crescido para 9 bilhões.

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A terceira transição – a atual é a saída da era do petróleo (e, se formos inteligentes, das energias fosseis em geral), que deverá se estender por décadas.

Na visão de Maria Isabel da Cunha, 2005.

Se a modernidade cumpriu em muito sua promessa de desenvolvimento, falhou na expectativa da felicidade, pois acirrou a condição social da diferença e não soube tratar das questões subjetivas dos seres humanos.

Ainda citando Capra no Fórum Internacional de Energias

Renováveis e Sustentabilidade – A Ecopower – Florianópolis, 2008: - um outro

mundo é possível!

Tomando como referencia esta afirmação entendemos que

mudanças radicais nos hábitos da sociedade, empresariais e governamentais

precisam acontecer. Faz-se necessário um novo modelo de política pública no

enfrentamento desses desafios.

Na visão de Capra, 2008:

Este novo tipo de movimento político depende de uma rede de Institutos de Pesquisas, pensadores e estudiosos: são três pontos que devem ser focalizados: o desafio de remodelar a política, as controvérsias entre transgênicos e agricultura sustentável e o design ecológico. Isto tudo precisa ser feito com uma compreensão de como a natureza sustenta a vida, entendendo as conexões. Precisamos passar da biologia para a ecologia. Conhecer a teia da vida é, critico para este novo design.

1.1. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

As preocupações ambientais passaram por etapas. Segundo

Barbieri (1998) houve uma evolução em ordem cronológica na forma de

analisar os impactos:

1 – Percepção de problemas ambientais localizados. As ações para

coibir as práticas eram de natureza reativa, corretiva e repressiva.

A atividade é o controle da poluição para combater os efeitos

gerados pelos processos de produção e consumo.

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2 – A degradação ambiental é percebida como um problema

generalizado, porém ainda confinado aos limites territoriais dos

Estados Nacionais. A gestão inadequada dos recursos é apontada

como causa básica dos problemas. As praticas anteriores (corretiva

e repressiva) acrescentaram- se novos instrumentos de intervenção

governamental voltados para a prevenção da poluição e melhoria

dos sistemas produtivos.

3 – A degradação ambiental é percebida como um problema

planetário que atinge a todos, o decorre do tipo de desenvolvimento

praticado pelos países. As ações nesta fase começam a questionar

as políticas e as metas de desenvolvimento dos estados Nacionais,

geralmente baseados numa visão economista; contesta-se as

relações internacionais entre os países desenvolvidos e aqueles em

desenvolvimento. Percebe-se que as soluções para problemas

globais não se reduzem apenas à degradação do meio físico e

biológico e que o desenvolvimento deve incorporar, além da

dimensão econômica, a social, a política e a cultural.

Historicamente, as reflexões iniciais sobre as alternativas de

desenvolvimento dentro do enfoque ambiental foram traçadas pelos conceitos

de ecodesenvolvimento na década de 70. Os principais articuladores desta

idéia foram Ignacy Sachs e Maurice Strong. Entretando, ainda segundo Barbieri

(1998) o ecodesenvolvimento mostrou-se excessivamente alternativa para o

sistema econômico dominante. Assim, ao ecodesenvolvimento seguiram-se

novas propostas alternativas que culminaram em um conceito mais flexível do

desenvolvimento – o desenvolvimento sustentável.

Em 1996, o IBAMA conceituava desenvolvimento sustentável como

sendo o processo de transformação, para as populações tradicionais, no qual a

exploração de recursos, a direção dos investimentos, a orientação do

desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam,

reforçando o potencial presente e futuro do meio ambiente, suporte das

atividades econômicas, destas populações, a fim de melhor atender às suas

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necessidades e aspirações, respeitando a livre determinação sobre a evolução

de seus perfis culturais.

Para reformulação das bases conceituais do desenvolvimento foram

importantes as contribuições da introdução da dimensão ambiental:

As novas necessidades do desenvolvimento como repensa a

utilização dos recursos naturais – renováveis e não renováveis; trabalhar

articuladamente dentro de três dimensões: econômica, social e ecológica;

fortalecimento da dimensão local; incorporar o enfoque participativo como

agente potencializador de soluções (locais, regionais, nacionais e globais);

adequação metodológica para tratamento dos problemas locais dentro do

contexto global – inserção da dimensão qualitativa; incorporação dos enfoques

estratégicos e sistêmicos – fatores potencializadores na consecução de

“objetivos sustentáveis”. (Siervi, 2000)

Todos esses conceitos indicavam a necessidade de uma nova

postura da sociedade planetária a fim de encontrar uma saída para a crise

ambiental.

Porém, passados 48 anos do lançamento do livro a Primavera

Silenciosa – Rachel Carson continuamos presos a modelos arcaicos e

predatórios que nos afastam da guinada necessária para alcançarmos um

modelo de base sustentável.

As medidas necessárias para reorientar as atividades econômicas e

sociais estão longe de serem alcançadas.

Na visão de Born:

Enquanto cientistas, ambientalistas e ativistas de diversos movimentos sociais e grupos da sociedade civil reiteram suas demandas por políticas e ações robustas, efetiva e urgentes para lidar com as causas antrópicas e os efeitos das mudanças de clima e com o atendimento de princípios de justiça, direitos humanos e equidade, continuamos a presenciar o jogo de forças poderosas que se valem de argumentos e estratégias diversos para evitar a alteração dos paradigmas e modelos de desenvolvimento.

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CAPÍTULO III

EDUCAÇÃO AMBIENTAL –

OS PRIMEIROS MOVIMENTOS

As inquietações experimentadas pelo homem em relação a perda de

sua qualidade de vida continuaram e continuarão a promover debates, fóruns,

conferenciais em busca de soluções para os problemas que se multiplicam:

efeito estufa, diminuição da camada de ozônio, alterações climáticas e

frustração de safras agrícolas, desertificação, crescimento populacional,

diminuição dos estoques pesqueiros mundiais, poluição marinha, do solo, do

ar, pragas, incêndios florestais gigantescos, recrudescimento de surtos de

doenças tropicais, crises institucionais e tantos outros da mesma magnitude.

Já em 1962, Rachel Carson, em seu livro “Primavera Silenciosa”

expunha ao mundo uma seqüência de graves desastres ambientais causados

por absoluto descuido dos setores industriais. O livro se tornou um clássico dos

movimentos preservacionistas e influenciou os educadores que em março de

1965, na Grã Bretanha, se reuniram para a Conferência de Keele. Para esses

educadores a dimensão ambiental deveria ser considerada imediatamente na

escola e deveria ser parte da educação de todos os cidadãos. Em 1969 é

fundada na Grã Bretanha a Sociedade de Educação Ambiental dando inicio ao

movimento em torno da Ecologia.

Em 1970 a Sociedade Audubon publicava A Place to Live, um

manual para professores que incorporava a dimensão ambiental em várias

atividades curriculares e que vivia a ser um clássico da literatura sobre

Educação Ambiental. Em 1972 o relatório do Clube de Roma – The Limits of

Grawth é publicado com modelos globais projetados para predizer como seria o

futuro se não houvessem modificações ou ajustamentos nos modelos de

desenvolvimento econômicos que buscavam o crescimento da economia a

qualquer custo, nem leva em conta, o custo final desse crescimento. Em junho

de 1972 Estocolmo, na Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano, foi

elaborada a Declaração sobre o Ambiente Humano que orientava os governos

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e estabelecia o desenvolvimento de um Programa Internacional de Educação

Ambiental com a intenção de educar o cidadão comum para a compreensão

dos mecanismos de sustentação da vida na terra.

Segundo Genebaldo Freire (1991), a “recomendação nº96 da

Conferência reconhecia o desenvolvimento da Educação Ambiental como

elemento crítico para o combate a crise ambiental do mundo”.

A “carta de Belgrado” foi gerada no encontro Internacional sobre

Educação Ambiental em Belgrado, Iugoslávia.

O encontro promovido pela UNESCO foi uma resposta as

recomendações da Conferencia da Estocolmo e culminou com a formulação

dos princípios e orientações para um programa Internacional de Educação

Ambiental, segundo o qual esta deveria ser continua, multidisciplinar, integrada

as diferenças regionais e voltadas para os interesses nacionais. A carta

também, indicava que uma nova ética global precisava ser implantada na

busca de erradicar a pobreza, a fome, o analfabetismo, a poluição e a

dominação e exploração humana. Os recursos do mundo deveriam beneficiar

toda a humanidade com o objetivo de aumentar a qualidade de vida.

Já em 1949, Aldo Leopoldo, biólogo de IOWA (EUA) preconizava a

necessidade de uma ética global, sendo precursor do biocentrismo ou ética

holística.

Para Genebaldo Freire (1991) aconteceu em 1977 o evento mais

importante para a evolução da Educação Ambiental:

Organizada pela UNESCO, em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizou-se em TIBILISI, na Geórgia (ex-URSS), a Primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, um prolongamento da Conferência de Estocolmo, cujas implicações haviam de precisar a matéria Educação Ambiental. A “Conferência de TIBILISI”, assim como ficou conhecida, foi o ponto culminante da primeira fase do Programa Internacional de Educação Ambiental iniciado em Belgrado (1975) e contribuiu para precisar a natureza de Educação Ambiental definindo seus objetivos, características, recomendações e estratégias permanentes no plano nacional e internacional. Ou seja, tudo o que se precisava saber para o início do desenvolvimento da Educação Ambiental foi deixado em TIBILISI.

As primeiras básicas da Educação Ambiental são um ligado de

TIBILISI. A inclusão de medidas visando a incorporação de conteúdos,

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diretrizes e atividades ambientais nas políticas de educação e a intensificação

de trabalhos de pesquisa, reflexão e inovação devem ser objetivos de todos os

países.

Alguns critérios foram recomendados, na Conferência de Tibilisi,

para o desenvolvimento da Educação Ambiental:

• Que fossem considerados todos os aspectos que compõem a

questão ambiental, ou seja, os aspectos políticos, sociais,

econômicos, científicos, tecnológicos, éticos, culturais e ecológicos.

• Que a Educação Ambiental deveria ser o resultado de uma

reorientação e articulação de diversas disciplinas e experiências

educativas que facilitem a visão integrada do meio ambiente;

• Que os indivíduos e a coletividade possam através da

Educação Ambiental compreender a natureza complexa do meio

ambiente, e adquirir os conhecimentos, os valores, os

comportamentos e as habilidades práticas para participar

eficazmente na prevenção e solução dos problemas ambientais;

• Mostrar com toda clareza as interdependências econômicas,

políticas e ecológicas do mundo moderno, no qual as decisões e

comportamentos dos diversos países podem produzir

conseqüências de alcance internacional;

• Que suscite uma vinculação mais estreita entre os processos

educativos e a realidade, estruturando suas atividades em torno dos

problemas concretos que se impõem à comunidade, e enfocá-los

através de uma perspectiva interdisciplinar e globalizadora;

• Que seja concebida como um processo contínuo, dirigido a

todos os grupos de idade e categorias profissionais.

Conforme as idéias contidas nos documentos históricos da

educação ambiental e o publicado pela UNESCO após a conferência de

TIBILISI, os princípios básicos estabelecidos são os seguintes:

(a) Considerar o meio ambiente em sua totalidade, ou seja, em

seus aspectos naturais e criados pelo homem, tecnológicos e sociais

(econômico, político, técnico, histórico-cultural, moral e estéticos);

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(b) Constituir um processo contínuo e permanente, começando

pelo pré-escolar, e continuando através de todas as fases do ensino

formal e não-formal;

(c) Aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo

específico de cada disciplina, de modo que se adquira uma

perspectiva global e equilibrada;

(d) Examinar as principais questões ambientais, dos pontos de

vista local, regional, nacional e internacional, de modo que os

educandos se identifiquem com as condições ambientais de outras

regiões geográficas;

(e) Concentra-se nas situações ambientais atuais, tendo em conta

também a perspectiva histórica;

(f) Insistir no valor e na necessidade da cooperação local nacional

e internacional para prevenir e resolver os problemas ambientais;

(g) Considerar de maneira explícita, os aspectos ambientais nos

planos de desenvolvimento e de crescimento;

(h) Ajudar a descobrir os sintomas e as causas reais dos

problemas ambientais;

(i) Destacar a complexidade dos problemas ambientais e, em

conseqüência, a necessidade de desenvolver o senso crítico e as

habilidades necessárias para resolver os problemas;

(j) Utilizar diversos ambientes educativos e uma ampla gama de

métodos para comunicar e adquirir conhecimentos sobre o meio

ambiente, acentuando devidamente as atividades práticas e as

experiências pessoais.

Também em 1979 a América Latina se organiza em termos de

Educação Ambiental, a UNESCO promove em Outubro/79 o Encontro de

Educação Ambiental para América Latina na Costa Rica, parte de uma série de

seminários regionais de EA para professores, planejadores educacionais e

administradores.

Em Agosto de 1987 acontece em Moscou a II Conferência

Intergovernamental sobre Educação Ambiental.

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Em 1988, as Associações Ambientalistas européias divulgam na

Itália um documento que apontava as pressões para o pagamento da divida

externa contraída pelos países do Terceiro Mundo como responsáveis por

transformações drásticas na economia, na sociedade e no meio ambiente dos

devedores. Segundo Genebaldo:

O desenvolvimento da Educação Ambiental no mundo assuma contornos requintados. Os países ricos desenvolviam uma quinta geração de recursos institucionais em sua maioria de abordagem conservacionista, e começavam a se preocupar com os efeitos danosos ao meio ambiente, isto é, como as populações carentes faziam valer o seu conhecimento cultural para sobreviver as custas dos recursos naturais utilizando técnicas que lhes eram permitidas utilizar. As grandes queimadas suscitam polêmicas mundiais e indubitavelmente produziram alterações sensíveis na química atmosférica e nos regimes cíclicos da água.

Em Junho de 1992, como decisão tomada pela Assembléia Geral

das Nações Unidas em 22 de Dezembro de 1989 foi celebrada, no Rio de

Janeiro – Brasil, a Primeira Cúpula da Terra e organizada simultaneamente a

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento

(CNUMAD).

Marcada como a mais ampla reunião de dirigentes mundiais até

então organizadas, a Cúpula da Terra gerou a Declaração do Rio sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, a Agenda 21 e a Declaração de

Princípios Relativos às Florestas. Foram criados os convênios Marco das

Nações Unidas sobre mudanças climáticas e o convenio sobre biodiversidade.

Não menos importante na busca por um equilíbrio ambiental

sustentável foram realizadas as Conferências de: Berlim – Alemanha (1995);

Genebra – Suíça (1996); Buenos Aires – Argentina (1998) e Born – Alemanha

(1999). Todas organizadas pela ONU fomentavam a discussão sobre

mudanças climáticas.

Em 1997 aconteceu em Quioto no Japão, a 3ª Conferência da ONU

sobre mudança climática.

As iniciativas e medidas tomadas na intenção de reverter o quadro

de degradação ambiental em que se encontra o planeta não poderiam deixar

de identificar o Desenvolvimento Sustentável e a Educação Ambiental como

principais instrumentos de transformação.

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Para Born, 1999:

Passados 17 anos da assinatura da convenção sobre mudança de clima, na conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro, em 1992, é mais do que hora para que governos, empresas, organizações da sociedade, cidadãos e a dadas, considerando suas responsabilidades diferenciadas, assumam compromisso com a sustentabilidade socioambiental. Fazer a paz com o planeta implica promover a justiça social, a dignidade da vida e a democracia entre seres humanos, nos vários e entre países.

As mudanças importantes do ponto de vida social, cultural, político e

ambiental passam necessariamente pela educação.

Ao sugerir, em 2010, a biodiversidade como tema a ser trabalhado

nas escolas a UNESCO ratificar essa visão.

Na visão de Morães, 2005:

Hoje já não é possível ignorar as implicações epistemológicos da arcabouço cientifico eu envolve os conceitos de auto-organização, complexidade, caos, indeterminismo, dinâmica não-linear que caracterizam os sistemas vivos. Esses macroconceitos ou novos temas, quando aliados a ciência cognitiva (Varela, Thompson e Rosch, 1997), trazem uma visão mais desafiadora da morfonese do conhecimento, uma visão não linear da dinâmica da realidade, que, mais do que nunca, evidencia a trama existente entre cognição e vida. (Maturana e Varela, 1995).

2.1. O Papel das ONGs

Desde os primeiros movimentos (1969) em prol da recuperação dos

danos causados, pelo homem, ao meio ambiente, a sociedade tem se

mobilizado.

Os modelos e análises que indicavam que o constante e crescente

consumo, em geral, levaria a humanidade a um colapso fizeram surgir as

ONGs – Organizações não governamentais.

O termo ONG (organizações não governamentais). Nem dos países

do Norte (NGOs – Non-govermmental Organizations) referindo-se as

entidades, ou agencias de cooperação financeira e também a projetos de

desenvolvimento ou assistencialistas em favor das populações desprivilegiadas

do primeiro e o terceiro mundo.

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As atuações das ONGs ultrapassam as fronteiras estritamente

ambientais. Além de exercerem um papel crucial na proteção ao Meio

Ambiente elas têm contribuição para o estabelecimento de práticas que

internalizam o conceito de Desenvolvimento Sustentável.

No Brasil, a partir da Primeira Cúpula da Terra (1992) as ONGs

passaram a simbolizar um espaço de participação da Sociedade Civil

organizada que estruturam o chamado Terceiro Setor (diferente do Estado e do

Mercado).

Caracterizadas como entidades de assessoria, apoio, promoção,

educação, defesa dos direitos humanos e ambientais tem como objetivos

transformar os aspectos negativos da realidade social.

No campo educacional as ONGs têm desenvolvido um trabalho

constante através de pesquisas, seminários, debates, divulgação de idéias e

capacitação de pessoas visando a construção de uma nova sociedade.

Algumas das ONGs de atuação mundial com representação no

Brasil são o Fundo Mundial da Natureza, a União Mundial para Conservação

da Natureza e Greenpeace.

Hoje outras entidades sem fins lucrativos desenvolvem trabalhos na

área da Educação popular. Entre elas podemos destacar a Nova pesquisa e

Assessoria em educação (1973), o Pólis, Instituto do Estudo, Formação e

Assessoria em Políticas Sociais, o ISER – Instituto de Estudos da Religião, a

Associação os Defensores da Terra, o IIEB (1998), Instituto Internacional de

Educação do Brasil, todas buscando contribuir com a formação de um modelo

de crescimento onde governos, empresas, cidadãos e cidadãs considerando

suas responsabilidades diferenciadas, assumam compromisso com a

sustentabilidade socioambiental.

Em 1970, segundo Dias (1991), foi fundada no Brasil a primeira

Associação Gaucha de Proteção ao Ambiente Natural. Ainda não havia uma

legislação ambiental e as discussões eram concentradas para a ecologia.

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CAPÍTULO III

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL

A Recomendação nº 96 da Conferência da ONU sobre o Ambiente

Humano reconhecia o desenvolvimento da Educação Ambiental como

elemento crítico para o combate à crise ambiental do mundo.

Segundo Dias (1991): Naquele momento da conferência tivemos o registro mais polêmico da política ambiental no Brasil. Os nossos representantes afirmaram que o país não se importaria em pagar o preço da degradação ambiental desde que o resultado fosse o aumento do Produto Nacional Bruto (PNB). Limites do crescimento, Fundação Demócrito Rocha, p. 7

O primeiro organismo oficial brasileiro criado para gerir ações

ambientais foi o SEMA – Secretaria Especial do Meio Ambiente, que teve

ações extremamente limitadas me relação aos programas de educação

ambiental. Confundida com ecologia a educação ambiental após o Encontro de

Belgrado (1975), era motivo de comentários em alguns setores educacionais e

nos órgãos estaduais ligados ao Meio Ambiente.

Ainda citando Dias (1991): O primeiro esforço feito no Brasil, para a incorporação da temática ambiental nos currículos escolares na rede oficial de ensino foi realizado em Brasilia. Resultado do convênio entre a SEMA, a Fundação Educacional do Distrito Federal e a Fundação Universidade de Brasília, realizou-se o curso de extensão do 1º grau – Ecologia, baseado na reformulação da proposta curricular das ciências físicas e biológicas e de programas de saúde e ambiente. O curso envolveu 44 unidades educacionais e o treinamento para 4 mil pessoas. Nos anos seguintes, seria desenvolvido o Projeto de Educação Ambiental da Ceilândia (DF), uma proposta pioneira no Brasil, centrada num currículo interdisciplinar que tinha por base os problemas e as necessidades da comunidade.

A temática ambiental disseminava-se pelo país e cursos de Ecologia

(1972) e foram criados pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e

cursos de pós-graduação em Ecologia nas Universidades Federais de Brasília,

Manaus e São Paulo.

Em 1976 o MEC – Ministério da Educação e Cultura e o MINTER –

Ministério do Interior firmaram o Protocolo de Intenções segundo o qual seriam

incluídos temas ecológicos nos currículos de 1º e 2º graus.

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Em 1977 a disciplina Ciências Ambientais passou a ser obrigatória

nos cursos de Engenharia das Universidades Brasileiras e o MEC e o CETESB

desenvolveram uma proposta para o ensino de 2º grau centrado em Ecologia.

Em 1977, com a Conferência de Tibilisi ficam estabelecidos os

objetivos, as características, recomendações e estratégias necessárias para o

início do desenvolvimento da Educação Ambiental.

A Conferência de Tibilisi recomendava que fossem considerados

todos os aspectos que compõem a questão ambiental, ou seja, os aspectos

políticos, sociais, econômicos, científicos, tecnológicos, éticos, culturais e

ecológicos e que a Educação Ambiental deveria ser o resultado de uma

reorientação e articulação de diversas disciplinas experiências educativas que

facilitem a visão integrada do meio ambiente.

O sistema educacional brasileiro teve dificuldade em assimilar as

novas idéias e em 1979 o Departamento de Ensino Médio do MEC e CETESB

publicam o documento Ecologia – uma proposta para o ensino de 1º e 2º graus.

Segundo Dias (1991): “Tratava de uma forma absolutamente

reducionista de abordar a temática ambiental, isto é, acentuando quase que

exclusivamente os aspectos biológicos do Meio Ambiente”.

Em 1981 surge a primeira conquista do movimento ambientalista

brasileiro.

A publicação de Lei 6.938 constituiu-se num importante instrumento

de amadurecimento e consolidação da política ambiental no país. Porém, a

educação ambiental continuou relegada e a pratica do ecologismo teve

continuidade.

A questão ambiental ainda permanecia como algo que fosse

pertinente a animais ameaçados de extinção, as florestas, etc.

Não se discutia a condição do homem a exploração de povos,

modelos de desenvolvimento predatório, a expansão e o aprofundamento da

pobreza, a desigualdade social estabelecida entre os povos, o sucateamento

do patrimônio biológico e cultural. Em 1984 o Conselho Nacional de Meio

Ambiente deixou de aprovar resoluções estabelecendo diretrizes para as ações

de Educação Ambiental.

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Em 1986, as Universidades passaram a ocupar espaços maiores

dentro do panorama político ambiental e foi realizado em Brasília o primeiro

seminário nacional sobre universidade e meio ambiente tendo como objetivo

iniciar um ambiente tendo como objetivo iniciar um ambiente tendo como

objetivo iniciar um processo de integração entre as ações do SISNAMA e do

sistema universitário.

Promovido pela SEMA/FUB/CNPQ/CAPES/PNUMA aconteceu na

universidade de Brasília o primeiro curso de especialização em educação

ambiental. Repetidos em 1987 e 1988 os cursos tinham objetivo a formação de

programas humanos para a implantação de programas de educação ambiental.

O parecer 226/87 que considera necessário a inclusão da educação

ambiental dentre os conteúdos a serem explorados nas propostas curriculares

das escolas de primeiro e segundo graus é aprovado por unanimidade pelo

plenário do conselho federal de educação (MEC). Ficam reconhecidas as

premissas da educação ambiental pelo governo brasileiro.

Apesar de sofrer um certo atraso a implantação e consolidação da

educação ambiental estava acontecendo.

O Programa Internacional de educação ambiental do

PNUMA/UNESCO passa a subidiar ativinidades para o desenvolvimento da

educação ambiental com títulos de trabalhos específicos.

Ainda em 83 publica o guia para jogos e simulações em educação

ambiental, treinamento para professores e supervisores de primeiro grau e

educação para professores e supervisores de escolas de segundo grau

(ciências).

Em 1985 produzem os documentos: modulo de educação de

ciências sociais do segundo grau, abordagens interdisciplinares em educação

ambiental e procedimentos para o desenvolvimento de atividades de educação

ambiental não formais.

A despeito da necessidade de mudanças os sistemas econômicos,

filosofias e educacionais não corresponderam às expectativas dos educadores

e ambientalistas, porém, existiam sinais de reação e alguns setores já

demonstravam entender que as nações são formadas construídas e mantidas

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pela luta constante dos seus cidadãos. Muito se conquistou desde então mais

ainda é tão pouco.

Na visão de Dias (1991): Faltam especialistas que possam planejar, executar e avaliar programas efetivos bem orientados, e que possam realmente produzir resultados desejáveis. Os recursos instrucionais praticamente inexistem, se compararmos o que temos com o que precisamos.

Esse panorama tem se alterado nos últimos anos por força da

gravidade dos problemas que afetam o planeta. Os esforços para que seja

desmontado o modelo de desenvolvimento injusto e insustentável que ameaça

a continuidade da espécie humana tem recebido o apoio da sociedade, da

mídia e das comunidades cientifica e educacionais.

Na visão de Grimberg, 1992:

Tal preocupação surge das pressões desencadeadas nestes últimos

tempos pela sociedade civil (particularmente nas regiões referidas),assustada e

indignada com a perspectivas de destruição dos recursos naturais e da

qualidade de vida. Contribuíram para este processo de apropriação dos rumos

do planeta pela comunidade internacional, trabalhos como o da comissão

mundial sobre o meio ambiente e desenvolvimento das nações unidas (1987),

as diversas publicações do worldwatah institute (a partir de 1984), os estudos

da comissão Brandt (1980 e 1983) e outros.

Os informes as denuncias e as pressões internacionais atestam a

dificuldade de conciliar desenvolvimento, nos moldes como tem se

apresentado, com equilíbrio sócio-ambiental.

Por força destas afirmações a educação ambiental tem sido

apontada como uma das medidas, de maior importância, a ser adotada para

reverter este quadro.

Procurando sistematizar e intensificar sua implantação nas escolas

em 1997 foi lançado os parâmetros curriculares nacionais (PCN), tendo

educação ambiental como tema transversal.

Em 1999 é promulgada a lei numero 9795 criando a política nacional

da educação ambiental.

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Em dezembro de 1999 foi instituída a política estadual de educação

ambiental – RJ através da lei estadual 3325/99 que complementava a lei

federal 9795/99.

Tendo como objetivo fundamento na sociedade estimulando a

construção de valores, novos conhecimentos, atitudes e habilidades para a

conservação do meio ambiente.

Elaborada com o objetivo de envolver a comunidade escolar em

programas que levassem a transformações sócio-ambientais e

conseqüentemente, onde melhoraria da qualidade de vida das pessoas,

através da educação ambiental.

3.1. Os Parâmetros Nacionais Curriculares – PCN – Educação

Ambiental

O processo de elaboração dos PCN teve inicio em 1995 e em 1997

o conselho federal de educação aprovou a versão para a 1ª e 4ª serie.

Transformados num conjunto de dez livros foram apresentados

como subsídio para apoiar os projetos das escolas na elaboração dos seus

programas curriculares.

Incluindo nos temas transversais – O meio ambiente faz parte de

mais cinco temas transversais que permeiam todas as disciplinas que formam

base nacional ajudando a escola no fortalecimento da cidadania.

Segundo Pereira ,1993:

O estudo do meio ambiente no ensino fundamental de ajudar desenvolvido a fim de ajudar os alunos a construírem, a ajustarem uma consciência global das questões relativas ao meio, para que possam assumir posições afinadas com os valores referentes à sua proteção e melhoria. Analisar o conceito de educação ambiental, refletir a cerca das relações do ser humano com o meio ambiente e sua aplicação no cotidiano do aluno. Não basta repassar o conhecimento é preciso que aconteça um retorno da aprendizagem e mudanças de comportamento, não basta também ser consciente, é preciso que casa um faça a sua parte,detectar as causas e descobrir soluções.

Em seu resumo dos PCN czapsk afirma:

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A lei de diretrizes e bases criou, para o ensino fundamental e médio um núcleo comum obrigatório no âmbito nacional que inclui o estudo da língua portuguesa, matemática, do mundo físico da realidade política e social, da arte e educação física. Dentro desta proposta nacional comum, cada estado, município ou escola pode propor seu próprio currículo, contemplando as peculiaridades locais e a especificidade dos planos dos estabelecimentos de ensino e as diferenças individuais dos alunos.

Servindo como material de apoio na formação continuada dos

docentes os PCN, ajudam na revisão de objetivos, conteúdos e formas de

atividades.

Os temas transversais podem influir em todos os momentos

escolares, desde a definição de objetivos e conteúdos até nas orientações

didáticas. Estimulam os alunos na adoção de posturas criticas, não de

abrangência nacional e podem ser compreendidos por crianças na faixa etária

proposta. Além disso, permitem que os alunos desenvolvem a capacidade de

se posicionarem perante questões que interferem na vida coletiva.

A função dos PCN é promover uma visão ampla que envolva não só

elementos naturais e todos os aspectos sociais envolvidos na questão

ambiental.

Os conteúdos do tema meio ambiente incluem os ciclos da natureza

(ciclos de água da matéria orgânica as cadeias alimentares além de evidenciar

os ciclos e fluxos da natureza no espaço e no tempo).

A sociedade e meio ambiente (observação das características da

região onde o aluno vive, as diversidades culturais e ambientais). Manejo e

conservação ambiental (um dos pontos mais importantes é a observação sobre

soluções possíveis e as praticam que evitam desperdício de recursos como

água, energia e alimentação. Esses conteúdos são específicos de 1ª a 4ª serie.

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CAPÍTULO IV

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO

FUNDAMENTAL – CONTEMPORANEIDADE

O ensino é um trabalho complexo e sutil, pois é o inicio de um

processo que busca desenvolver e formar o caráter, a inteligência e a

personalidade das novas gerações de modo a integrá-las na conjuntura da vida

social como fator positivo de bem estar, de produtividade e de melhoria no

progresso humano.

A educação ambiental tem papel significativo no resgate da relação

ética do ser humano consigo mesmo, com o outro e com a natureza.

Em 1999 a cola-coordenação geral de educação ambiental passou

para o âmbito da secretaria de educação fundamental do ministério da

educação tendo como objetivo implementar políticas publicas de educação

ambiental no sistema de ensino fundamental. Desde então, iniciou-se um

processo de estruturação e definição de suas diretrizes políticas e prioridades

de atuação, tendo como referencia sua missão principal promover incentivar e

induzir a implementação de políticas publicas nos sistemas de ensino que

contemplem a educação ambiental no ensino fundamental contribuindo para a

equalização da qualidade do ensino. A COEA estabeleceu inicialmente dois

focos temáticos que orientam suas ações e definem sua política em

consonância com os parâmetros curriculares nacionais para o ensino

fundamental: a inserção do tema meio ambiente de modo transversal nas

disciplinas do ensino fundamental e os projetos de trabalhos de educação

ambiental inseridos nos projetos educativos das escolas.

Em 2000 aconteceu em Brasília a oficina panorama da educação

ambiental no ensino fundamental no Brasil que analisou as iniciativas de

educação ambiental nas escolas.

Nesse encontro algumas lacunas foram observadas: primeiro, em

relação a compreensão do repertorio ambiental por parte dos professores em

organizar um projeto sistematicamente, e finalmente, em relação as

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dificuldades das escolas se envolverem num projeto coletivo para trabalha a

questão ambiental.

A formação de professores seria estratégia fundamental para

garantir praticas de qualidade de educação ambiental nas escolas que

contemplem a inserção do termo transversal meio ambiente nos conteúdos das

diferentes áreas e no convívio escolar.

Para Capra, 2003:

Há várias gerações, nosso sistema social e,por conseqüência,o educacional vem enfatizando a razão ,o pensamento lógico e analítico,as estruturas formais,ignorando o mundo das emoções aos sentidos e das estruturas informais.

E Born, 2000 afirmava:

Enquanto cientistas, ambientalistas e ativistas de diversos movimentos sociais e grupos da sociedade civil reiteram suas de mandas por políticas e ações robustas, efetivas e urgentes para lidar com as causas antrópicas e os efeitos das mudanças de clima e com o atendimento de princípios de justiça, direitos humanos e equidade, continuamos a presenciar o jogo de forças poderosas que se valem de argumentos e estratégias diversos para evitar a alteração dos paradigmas e modelos de desenvolvimento.

O debate sobre a formação de professores responsável pela educação

ambiental tem ocupado grande espaço nos meios acadêmicos e permitido

perceber que a qualidade da educação realmente se ancora no processo de

educação de professores.

Os objetivos da formação de professores em educação ambiental deve

avisar ao preparo de um docente voltado as exigências formatavas para todo e

qualquer professor, além daquelas relativas a complexidade diferencial da área

do conhecimento.

Sendo a educação ambiental, no que tange, ao ensino fundamental, um

tema transversal cabe aos professores de cada disciplina realizar o intercambio

entre suas especialidades e a questão ambiental. Cabe a esse educador

fomentar a aprendizagem o estimular a reflexão sobre o estar no mundo e o

efeito das ações sobre ele. Para alguns teóricos nossos professores ainda

necessitam de formação adequada e capacitação.

Na visão de Kramer, 2000:

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Uma proposta ou parâmetro curricular não pode, por si só, promover mudanças necessárias para que tenhamos uma pratica educativa escolar de ardo com a perspectiva de uma sociedade democrática, igualitário e com justiça social.

Segundo Monicki e Maccariello, 2000:

O meio ambiente defendido em Tibilisi abrange os recursos naturais do nosso planeta, as instituições e valores criados historicamente pela ação social do homem e, principalmente, a tensão existente entre ambos. Esta conceituação explicita claramente a necessidade de se incorporar as dimensões social, ética, cultura, política e econômica, de modo interdisciplinar/transversal tanto na resolução dos problemas ambientais, quanto nas atividades de ensino/pesquisa sobre questões situadas na interface das temáticas educacional e ambiental, como a Educação Ambiental.

Na visão de Nonicki e Mccariello as escolas, ainda privilegiam uma

leitura reducionista da temática ambiental, baseada exclusivamente nos

aspectos biológicos do meio ambiente desconsiderando o ser humano e as

relações sociais. Os professores do ensino fundamental ainda não estão

preparados para contribuir para a formação de cidadãos solitários e

participativos tenso como base a mudança não só de comportamento, mas de

valores. Não sendo subsidiados com uma capacitação especifica sobre a

temática sentem-se impotentes diante da complexidade do tema.

Segundo Medina, 2000:

Devemos assinalar que há necessidade de capacitação dos professores do ensino fundamental em todas as áreas, como tem sido muito bem compreendido pelo SEF/MEC, a partir do momento em que vem implementando o programa parâmetros em ação.

Na reunião de ministros de educação em Brasília, 1998 cúpula das

Américas, as seguintes medidas tiveram destaque:

• Estimular os governos a revisar, para o ano 2002,as políticas

nacionais de educação,desde a perspectiva da educação ambiental

para o desenvolvimento sustentável.

• Promover a formação apropriada dos docentes para estes

propósitos e comprometer sua efetiva participação nas inovações

educativas requeridas.

Na visão de Santos, 96/97:

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A continua e prolongada vise, ao longo da segunda metade do século XX, tem levado a introduzir na escola continua reformas que,a juízo da sociedade,dos responsáveis políticos,dos agentes educativos e dos próximos usuários do sistema ,não tem conseguido alcançar os objetivos desejados de melhoria qualitativa e quantitativa da educação.

A insatisfação com a escola e seus resultados tem contribuído para

gerar posturas criticas e reflexão. Necessitamos de mudanças na maneira

como pensamos de mudanças na maneira como pensamos, acerca de nós

mesmos, nosso meio, nossa sociedade e nono futuro.

Para Buarque, 1993:

de todos os objetivos do século, nenhum foi mais desejado e plenamente realizado do que o sonho de um mundo rico e integrado.No entanto, considerada em seu conjunto a terra do final do século apresenta os mesmos indicadores de um pais do terceiro mundo.A terra é um planeta subdesenvolvido, um planeta terceiro mundo.

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CONCLUSÃO

Já não é possível aceitar discursos e atitudes que, hipocritamente,

em nome de um pretenso crescimento econômico são responsáveis pela fome,

mortalidade infantil, poluição, enchentes, aquecimento global e tantas outras

mazelas por que passa a humanidade.

A violência, a alienação, a insegurança presentes em nossos dias

apontam a decadência e a inoperância de nossa visão atual de mundo.

Durante séculos o homem tem menosprezado sua espiritualidade,

seu senso de compaixão, de solidariedade e de amor aos demais e a natureza

planetária.

Precisamos reverter à lógica do desenvolvimento que, entre outros

fundamentos, sustenta-se na produção de bens voltados para o consumo

perdulário das camadas de altas rendas.

Faz-se urgente a redefinição de valores, comportamentos e

princípios que nos orientem na formulação de uma nova ética de

desenvolvimento. Desafio para a Educação Ambiental cuja meta principal deve

ser a conquista do equilíbrio-sócio- ambiental.

Cabe ao governo, empresas, organizações da sociedade, cidadãos

e cidadãs considerando suas responsabilidades diferenciadas, assumir o

compromisso com a sustentabilidade socioambiental.

Entre as varias medidas que em especial os Estados devem tomar,

está à elaboração e implementação de políticas públicas e ferramentas de

gestão que permitam ao governo, às empresas e à sociedade agilizar e cumprir

ações de alteração dos sistemas de produção e consumo voltados a ampliar a

sustentabilidade do desenvolvimento humano.

A prevenção e controle do desmatamento ilegal é desafio

permanente.

Precisamos investir em fontes renováveis e sustentáveis como

energia solar, fotovoltaica, cólica, biomassa e pequenas hidrelétricas em

detrimento da construção de termoelétricas a carvão ou a gás que nos coloca

na contramão do que deveria ser feito.

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É indispensável à criação de novos padrões urbanísticos com

soluções ao conforto térmico, sistemas de drenagens, carbonização, contenção

de mares como medidas de adaptação para suportar mudanças drásticas nos

ciclos de chuva e temperatura.

E acima de tudo não podemos nos permitir em comportamento

ingênuo e otimista em relação à gravidade da situação. As evidencias não nos

permitem.

A aceleração da historia coloca-nos o desafio da necessidade de

transformação dos parâmetros comuns que orientavam nossas ações na

interpretação do mundo. A partir desse olhar o processo educacional passa a

adquirir novos significados.

Segundo Santos, 96/97:

A educação deverá liberar-se da fragmentação importa pelo paradigma positivista e da racionalidade e econômica de seus estreitos pontos de vista, por em dia seu retardo com relação ao conhecimento produzido pelo mais importante cientistas, artistas e humanistas de nossa época, e unir forças com outras instituições sociais, na construção de um novo mundo mais humano e sustentável. A questão é se poderá saberá fazê-lo, e quando o fará.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

HISTÓRICO – MEIO AMBIENTE 10

1.1. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 15

CAPÍTULO II

EDUCAÇÃO AMBIENTAL – OS PRIMEIROS MOVIMENTOS 18

2.1. O Papel das ONGs 23

CAPÍTULO III

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL 25

3.1. Os Parâmetros Nacionais Curriculares – PCN – Educação Ambiental 29

CAPÍTULO IV

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL –

CONTEMPORANEIDADE 31

CONCLUSÃO 35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 37

ÍNDICE 39

FOLHA DE AVALIAÇÃO 40

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Instituto de Pesquisa Sócio-Pedagógicas

Pós-Graduação “Lato Sensu”

Título da Monografia

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL:

REFLEXÃO SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA

CONTEMPORANEIDADE

Avaliação:

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Data da Entrega: 28 de Fevereiro de 2010.

Avaliado por Ms. Francisco José de J. Carrera Grau: _______________

Rio de Janeiro, 28 de Fevereiro de 2010.

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Coordenação do Curso