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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO Instituto de Pesquisas Sócio-Pedagógicas Pós-graduação em Docência do Ensino Superior ALFABETIZAÇÃO FINANCEIRA COMO CONSTRUIR SUA INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA JOSÉ SEGUNDO FILHO Rio de Janeiro 2002

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDESPRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

Instituto de Pesquisas Sócio-PedagógicasPós-graduação em Docência do Ensino Superior

ALFABETIZAÇÃO FINANCEIRACOMO CONSTRUIR SUA INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA

JOSÉ SEGUNDO FILHO

Rio de Janeiro2002

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDESPRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

Instituto de Pesquisas Sócio-PedagógicasPós-graduação em Docência do Ensino Superior

ALFABETIZAÇÃO FINANCEIRACOMO CONSTRUIR SUA INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA

Monografia apresentada como parte das exigênciasdo Curso de Pós-Graduação em Docência doEnsino Superior da Universidade Cândido MendesPró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento –Instituto de Pesquisas Sócio-Pedagógicas.

JOSÉ SEGUNDO FILHO

Rio de Janeiro2002

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Meus sinceros agradecimentos a todos que, diretaou indiretamente, contribuíram para a realizaçãodeste trabalho.À minha amada família, pela felicidade quesempre trouxe para mim, especialmente, à minhaquerida esposa que convive comigo há quasetrinta anos e que me deu dois filhos lindos emaravilhosos;A todos os meus amigos que contribuíram paraque eu sempre tivesse certeza de que a amizadeé um dos maiores tesouros da vida;Aos meus colegas de curso pelo prazer do seuconvívio.

“Você não consegue ensinar nadaa uma pessoa; você só consegue

ajudá-la a encontrar o que está dentro dela mesma”.

(Galileu)

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Ao Professor Palmiropor ter despertado em mim

o prazer pela Pesquisa.

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SUMÁRIO

RESUMO – PALAVRAS-CHAVE 6

ABSTRACT – KEYWORDS 7

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I – OS CONHECIMENTOS BÁSICOS DE ADMINISTRAÇÃO

FINANCEIRA

1.1 – Poupança 17

1.2 – Os Tipos de Investidores 19

1.2.1 - Os que Não Têm Nada para Investir 20

1.2.2 – Os que Pedem Emprestado 20

1.2.3 - Os Poupadores 21

1.2.4 - Os Investidores “Espertos” 22

1.2.5 - Os Investidores de Longo Prazo 23

1.2.6 - Os Investidores Sofisticados 24

1.2.7 - Os Capitalistas 25

1.3 – Os Tipos de Investimentos 26

1.3.1 - As Regras Básicas para Investir 26

1.3.2 - Aplicações em Renda Fixa 28

1.3.2.1 – Caderneta de Poupança 28

1.3.2.2 - Fundos de Renda Fixa 29

1.3.2.3 - Certificado de Depósito Bancário 30

1.3.3 - Aplicações em Renda Variável 31

1.3.3.1 - Aplicação em Ações 32

1.3.3.2 - Fundo de Ações 37

1.3.3.3 - Fundo de Derivativos 38

1.3.3.4 - Fundos Cambiais 39

1.3.3.5 - Fundos Imobiliários 39

1.3.3.6 - Aplicação em Imóveis 40

1.3.3.7 – Previdência Privada 41

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1.3.3.8 - Negócios Próprios 43

1.4 – Administração de Riscos 49

CAPÍTULO II – A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO FINANCEIRA

2.1 – A Busca da Independência Financeira 55

2.2 – A Educação Financeira 58

2.3 - Noções Indispensáveis de Matemática Financeira 61

2.3.1 – A Mágica dos Juros 61

2.3.2 - Taxa de Juros 63

2.3.3 - Sistema de Juros Simples 66

2.3.4 - Sistema de Juros Compostos 71

2.3.5 - Taxa Real 77

2.3.6 - Taxas Equivalentes 80

2.3.7 - Comprar a Prazo ou à Vista? 83

2.3.8 - Reajuste de Preço 87

2.3.9 - Cálculo da Inflação Pessoal 91

2.3.10 Cálculo do Preço de Venda 93

2.4 - O Quadrante do Fluxo de Caixa 97

2.5 - O Planejamento Financeiro 103

2.5.1 - O Balanço Patrimonial 105

2.5.2 - O Fluxo de Caixa 106

2.5.3 - O Controle Mensal de Gastos 108

CAPÍTULO III – A DIFERENÇA ENTRE UM ATIVO E UM PASSIVO QUE

NÃO SE ENSINA NA ESCOLA

3.1 – O Conceito de Ativo sob a Ótica Financeira 112

3.2 – Por que a Maioria das Pessoas não Consegue Poupar 114

3.3 – O Padrão de Comportamento dos Ricos 115

IV - CONCLUSÃO 119

V - GLOSSÁRIO 121

VI - BIBLIOGRAFIA 126

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RESUMO

A globalização nos campos econômico, social e político tem colocado em

evidência inúmeros problemas até então desconhecidos ou restritos a determinados

países, dentre eles uma crescente competitividade, a busca incessante da redução de

custos e, por conseqüência, o enxugamento do quadro de pessoal das empresas.

Atualmente, não existe mais emprego “seguro”. A cada nova crise, muitas empresas e

setores são afetados e centenas de pessoas são dispensadas.

Por outro lado, o sistema de previdência pública vigente no Brasil, a não ser que

seja efetuada uma mudança radical na atual política, estará, em poucos anos, falido e o

governo, não só terá dificuldades de pagar as atuais aposentadorias como, dificilmente,

terá recursos para pagar as futuras aposentadorias para as pessoas que, por mais de trinta

anos, contribuíram para a previdência social.

Nesse cenário, é importante que as pessoas se conscientizem de que devem

aprender como administrar financeiramente sua vida, poupando e investindo

corretamente seu dinheiro para enfrentar um futuro cada vez mais incerto e garantir uma

terceira idade tranqüila.

PALAVRAS - CHAVE

1. Patrimônio Pessoal

2. Juros Compostos

3. Fluxo de Caixa

4. Risco

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ABSTRACT

The globalization brought about an increasing competitiveness, a continuous

search for cost reduction by Corporations and, consequently, a decrease in staff.

Nowadays, there is not any secure job. After a new crisis, many companies and sectors

are affected and hundreds of people are laid off.

On the other side, the public social welfare system in force in Brazil, unless a

fundamental change in the current policy is put in place, in a few years, it will be forced

to declare bankruptcy, and the government, not only will be in difficulties to pay the

current retirement income, but also, it hardly will have sufficient resources to pay future

retirement income for the people that, during more than thirty years, contributed to the

public social welfare.

In this scenario, it is important that people be aware that they need to learn how

to financially control its life, by correctly saving and investing its money to copy with

an even more uncertain future, and guarantee an undisturbed old age.

KEYWORDS

1. Personal Equity

2. Compound Interest

3. Cash Flow

4. Risk

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INTRODUÇÃO

A formação proporcionada pelo atual sistema de ensino não prepara as pessoas

para administrar financeiramente suas vidas. O sucesso da educação de uma pessoa não

é medido no momento em que ela recebe o diploma de graduação, mestrado ou

doutorado, mas quando ela atinge a idade para se aposentar, ou mesmo quando ela é

forçada a ficar um longo período desempregada. É nessas ocasiões que vai ser avaliado

o seu real sucesso na vida. Por quanto tempo ela poderá sobreviver sem um

contracheque mensal? Será que seus recursos serão suficientes para arcar com os

crescentes gastos com sua saúde na terceira idade e para manter o seu padrão de vida?

A preparação dos jovens, desde a adolescência, através do desenvolvimento da

inteligência financeira como forma de atingir a independência financeira e uma vida

tranqüila para si e para seus familiares, será o objeto da pesquisa.

A pesquisa visou disseminar uma metodologia de administração das finanças

pessoais, mediante a assimilação dos conceitos básicos indispensáveis de matemática

financeira, do conhecimento das principais alternativas de investimento, da análise de

um modelo prático de desenvolvimento do planejamento financeiro de um indivíduo e

dos passos necessários para se atingir a independência financeira.

O projeto, ora apresentado, teve por objetivos específicos pesquisar:

á Por que a falta de uma educação financeira básica pode trazer

dificuldades à nossa vida pessoal?

á Quais as noções básicas de alfabetização financeira que todos precisam

saber para alcançar a independência financeira?

á Por que a alfabetização financeira é necessária?

á Qual é a diferença entre um ativo e um passivo (obrigação) que não se

ensina na escola?

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á Por que a maioria das pessoas não consegue poupar?

Na era da informação e da competitividade, a boa educação tornou-se o fator

mais importante. Entretanto, o atual sistema educacional não está fornecendo todas as

informações de que os jovens precisam. O presente trabalho visou pesquisar como o

desenvolvimento da inteligência financeira e de algumas teorias que, embora muitas

vezes, contrariem os princípios contábeis geralmente aceitos, poderão contribuir com

uma valiosa e moderna percepção da forma como se deve administrar o patrimônio

pessoal para se acumular recursos suficientes para garantir uma sobrevivência tranqüila

para toda vida.

Em algumas situações, nem uma fortuna de 40 bilhões de dólares é suficiente

para garantir isso. Foi o que aconteceu com o sultão Hassanal Bolkiah, de Brunei, um

país do Oriente Médio, grande produtor de petróleo. Sua fortuna atual está reduzida à

cerca de 10 bilhões de dólares. O que aconteceu? Por mais rico que a pessoa seja, gastar

mais do que ganha vai acarretar uma diminuição contínua do patrimônio, podendo levar

o indivíduo a situações de diminuição do padrão de vida e até de dificuldades

financeiras. Este foi o caso do milionário Jorjinho Guinle, que conseguiu dilapidar uma

fortuna de cerca de 12 milhões de dólares, vivendo hoje num modesto apartamento na

Gávea e andando de táxi. O problema dessas pessoas é que elas se acostumaram a um

alto padrão de vida e a gastos superiores à sua renda, agravado pela má administração

de seus investimentos. É por isso que a maioria das grandes fortunas, raramente,

ultrapassa a terceira geração da família. Com a morte dos patriarcas, os descendentes

começam a se desentender e a gastar a fortuna, porque nunca se preocupam em poupar

para o futuro porque acham que sua fortuna é infinita.

O dinheiro é uma importante reserva de valor. A natureza nos impõe, com o

tempo, a um declínio na capacidade de trabalho e, por volta dos sessenta anos, poucos

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estarão capacitados a trabalhar no mesmo ritmo que tinham aos trinta anos. Esse

declínio coincide com a idade da aposentadoria e requer a reserva de uma substancial

quantia de recursos para custear as despesas na terceira idade.

Quanto à metodologia, o trabalho combinou uma pesquisa teórica com a análise

de um caso prático. Assim, a pesquisa foi desenvolvida da seguinte forma:

A pesquisa teórica abrangeu um roteiro de estudo a partir de textos recentes

publicados em livros nacionais e estrangeiros.

A análise de caso prático objetivou demonstrar a metodologia de construção do

planejamento financeiro de uma pessoa física e as técnicas adotadas para administração

do patrimônio pessoal.

Desta forma, o trabalho procurou priorizar a união do conhecimento teórico com

a prática e contribuir para a assimilação do conceito de “alfabetização financeira”.

A pesquisa se restringiu ao universo bibliográfico que aborda a matéria em

questão e à utilização de uma metodologia prática para a análise de alternativas de

investimento e à elaboração de relatórios específicos para administração e

acompanhamento de um orçamento familiar.

Para Mauro Halfeld,1 “poupar é adiar o consumo presente visando a um

consumo maior no futuro”. As pessoas poupam com dois objetivos básicos:

á Consumir mais, no futuro;

á Enfrentar o declínio que a natureza impõe à capacidade produtiva do

homem, após certa idade.

Entretanto, “poupar é a primeira batalha. Investir corretamente, fazendo seu

dinheiro crescer, é a segunda. Usufruir dos resultados obtidos é vencer a guerra”.2

1 Mauro Halfeld, in “Investimentos: Como administrar melhor o seu dinheiro”. p.13.2 Idem. p.17

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Segundo Cláudio Gradilone,3 investir parece complicado à primeira vista.

Aplicações de curto prazo ou de longo prazo? Renda fixa ou renda variável? Imóveis ou

ações? Vale a pena aplicar em dólares? Embora pareça confuso, não é tão difícil quanto

parece. Primeiro conceito: investir não é a mesma coisa que poupar. Poupar é

simplesmente deixar de gastar. Investir é colocar seu dinheiro para trabalhar para você.

É “comprar” um produto financeiro – como uma caderneta de poupança, um fundo de

investimento ou adquirir um imóvel para alugar – para ganhar mais dinheiro.

Investimento engloba três conceitos fundamentais: rentabilidade, risco e

liquidez.

Rentabilidade é quanto o investidor ganha por cada real aplicado.

Risco é a probabilidade de você aplicar um valor e, no resgate, ou na venda,

receber menos do que investiu.

Liquidez é a possibilidade de mudar de investimento ou desfazer-se dele, a

qualquer tempo, sem prejuízo da rentabilidade.

Seria fantástico se todos os investimentos tivessem alta rentabilidade, baixo risco

e boa liquidez. Entretanto, essas três características são mutuamente excludentes. Uma

rentabilidade maior significa um risco maior. Baixa rentabilidade, como a caderneta de

poupança, representa um risco menor.

“A palavra risco deriva do italiano risicare que significa ousar.

Risco é uma escolha e não um destino.” (Peter Bernstein).

Todos os investimentos trazem surpresas inesperadas. Risco é a parcela

inesperada do retorno de um investimento. Pode-se classificar os riscos em cinco tipos:

Risco do negócio, risco do mercado, risco de crédito, risco de liquidez e risco de perda

do poder de compra.4

3 Cláudio Gradilone, in “Guia de Investimentos”. Revista Você S.A., São Paulo, n. 42, p. 86-90, 20024 Mauro Halfeld, in “Investimentos: Como administrar melhor o seu dinheiro”. p. 71

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Para alcançar a independência financeira, você tem que conhecer a diferença

entre um ativo e um passivo. É a regra número um e é a única. Isso pode parecer

absurdamente simples porque não se tem idéia do quanto é profunda. A maioria das

pessoas tem dificuldades financeiras porque não conhece a diferença entre um ativo e

um passivo.

Primeiramente, no capítulo 1, são apresentados os conceitos básicos de

poupança, os diversos tipos de investidores, os principais tipos de investimentos e os

riscos a eles inerentes.

No capítulo 2, é descrita a importância de uma boa alfabetização financeira,

como um excelente auxílio na busca da independência financeira, os principais

conceitos de uma boa educação financeira e as noções indispensáveis de matemática

financeira que qualquer pessoa precisa saber para proceder corretamente nas diversas

situações que envolvam dinheiro. É apresentada uma análise detalhada das várias

formas de como se ganha dinheiro: Como empregado, como autônomo, como

proprietário do seu próprio negócio ou como investidor e as vantagens e desvantagens

de cada uma. Finalmente, define-se uma metodologia de planejamento financeiro e de

controle dos gastos pessoais.

No capítulo 3, é apresentada a diferença entre um Ativo e um Passivo que não se

ensina na escola e como o desconhecimento desse conceito pode trazer muitos

dissabores futuros para as pessoas. Também, explica-se o conceito de ativo financeiro

sob a ótica financeira e porque a maioria das pessoas não consegue poupar. Finalmente,

apresenta-se o resultado de uma pesquisa que definiu os padrões de comportamento e as

características típicas das pessoas ricas.

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CAPÍTULO I

OS CONHECIMENTOS BÁSICOS DE ADMINISTRAÇÃOFINANCEIRA

Os conhecimentos básicos de administração financeira não devem ficar restritos

aos especialistas da área financeira. Qualquer pessoa, independentemente de sua

atividade profissional, deve aprender os princípios básicos de matemática financeira

necessários à realização de transações envolvendo dinheiro. É extremamente importante

que se conheça os caminhos para atingir os objetivos financeiros: Poupar, escolher os

investimentos que gerem a melhor rentabilidade e administrar os riscos envolvidos

nessas operações, além de melhor se enquadrar no tipo de investidor que melhor se

adapte aos objetivos de curto e longo prazo.

Neste capítulo, apresenta-se o conceito de poupança, os diversos tipos de

investidores, segundo seus objetivos, motivações e padrões de comportamento, as

principais alternativas de investimento existentes no mercado brasileiro, seus riscos e

rentabilidade e como administrar o risco a fim de maximizar a rentabilidade de seus

investimentos.

1.1. POUPANÇA

A grande maioria da população brasileira ganha muito pouco porque o Brasil

tem uma das piores distribuições de renda do mundo. Mas, se o brasileiro ganha tão

pouco, como pode pensar em poupar?

Para se poupar, é preciso adiar o consumo, gastando estritamente o necessário,

evitando-se os gastos supérfluos. Desta forma, chegamos ao conceito básico de

poupança:

Poupança = Renda – Despesa

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Para se aumentar a poupança só existem dois caminhos:

á aumentar a renda, o que pode ser conseguido através de um aumento de

salário ou através de uma atividade paralela;

á diminuir a despesa, eliminando os gastos desnecessários.

O conceito de poupança deve ser ensinado aos filhos desde a infância, quando

você começa a lhes dar a mesada mensal. É a partir daí que se forma o hábito de poupar

tão necessário para a construção de um futuro melhor. Poupar é importante para

qualquer indivíduo ou País que deseja se livrar da pobreza.

Na vida adulta, a relação que temos com o dinheiro é reflexo da orientação que

recebemos sobre ele na infância. Um pai que gasta mais do que ganha, vive execedendo

o limite do cheque especial, atolou-se em dívidas e nem sequer pensou em fazer uma

reserva financeira, pode não tornar seus filhos conscientes da importância da poupança.

Não são poucas as pessoas que ganham muito dinheiro, durante vários anos, mas

que não conseguem acumular uma “poupança”. Alguns jogadores de futebol, que

ganham altos salários durante suas curtas carreiras profissionais, são exemplos de maus

administradores de finanças pessoais, talvez, porque a maioria deles venha de uma

família pobre que não lhes proporcionou uma formação intelectual adequada. Eles

vivem, durante a fase áurea de suas carreiras, um período de deslumbramento, gastando

fortunas com carros importados e a última coisa que passa pela cabeça deles é poupar

para o futuro. Muitos deles, após o término da carreira, sem uma formação profissional

necessária para começar uma nova atividade, enfrentam sérias dificuldades financeiras.

Isso, também, costuma acontecer com muitos outros profissionais com boa formação

cultural, que gastam mais do que ganham, muitas vezes, para manter as aparências e o

status social. Essas pessoas, em vez de poupar, se endividam e passam, também, a

enfrentar problemas financeiros.

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Segundo Modigliane,5 o ciclo da vida financeira de uma pessoa segue o seguinte

padrão:

Entre os 20 e 50 anos, ela deve definir os seus objetivos, poupar

disciplinadamente, assumir conscientemente riscos e não esquecer de fazer seguros de

vida e de saúde. Entre os 50 e 65 anos, a pessoa deve adotar uma postura mais

conservadora, evitando correr riscos, pois não teria tempo para se recuperar de uma

eventual perda de sua poupança. Tendo obedecido às orientações anteriores, após os 65

anos, a pessoa poderia aproveitar a aposentadoria confortavelmente.

1.2. OS TIPOS DE INVESTIDORES

Poupar é importante, mas é apenas o primeiro passo. Em virtude da perda de

valor do dinheiro ao longo do tempo, simplesmente, guardar dinheiro não é

aconselhável. Até as moedas fortes, como o dólar americano, se desvaloriza em virtude

da inflação. Por exemplo, se você for hoje aos Estados Unidos com mil dólares para

gastar, você vai adquirir determinadas mercadorias com esse valor. Se você retornar lá

daqui a cinco anos, certamente não conseguirá adquirir as mesmas mercadorias com

essa mesma importância.

Segundo Kiyosaki,6 os investidores são classificados em sete categorias,

dependendo de seu nível de sofisticação nos investimentos:

1.2.1. CATEGORIA 1: OS QUE NÃO TÊM NADA PARA INVESTIR

Essas pessoas não têm dinheiro para investir. Elas gastam tudo o que ganham ou

gastam mais do que ganham. Há muitos “ricos” que recaem nessa categoria porque

gastam tudo ou mais do que ganham e não sobra nada para investir.

5 MODIGLIANE, in “Life Cycle, Individual Thrift, and the Wealth of Nations”. The American EconomicReview, n. 76, p. 297-313, 1986.

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1.2.2. CATEGORIA 2: OS QUE PEDEM EMPRESTADO

Essas pessoas resolvem seus problemas financeiros tomando dinheiro

emprestado. Freqüentemente, investem com dinheiro emprestado. Embora consigam

acumular uns poucos ativos, na verdade, seu nível de dívidas é simplesmente alto

demais. Na maior parte do tempo, elas não têm consciência de dinheiro e de seu hábito

de gastar. Tudo o que têm de valor está relacionado à dívidas. Elas, freqüentemente,

compram “brinquedinhos” que se desvalorizam como: barcos, carros importados, casa

de campo, etc., considerando esses bens como investimentos. Comprar é o seu esporte

preferido.

Apesar de terem atingido uma renda mensal alta, nunca conseguem poupar. Elas

não vêem que o problema não é necessariamente sua renda, mas seus hábitos de

consumo. A menos que esses investidores estejam dispostos a mudar, seu futuro

financeiro será desolador, a menos que se casem com uma pessoa rica que sustente seus

hábitos consumistas.

1.2.3. CATEGORIA 3: OS POUPADORES

Essas pessoas normalmente poupam uma determinada quantia regularmente. O

seu dinheiro está numa aplicação de pequeno risco e baixo rendimento como, por

exemplo, uma caderneta de poupança.

Freqüentemente, elas economizam para gastar, em vez de investir. Por exemplo,

para comprar um carro novo, um aparelho de televisão, para as férias, etc. Elas preferem

pagar à vista porque têm medo de dívidas. Em vez disso, elas gostam da segurança de

ter o dinheiro no banco. Mesmo sabendo que uma caderneta de poupança, geralmente,

rende menos que as demais aplicações de curto prazo, elas preferem esse tipo

investimento por causa da segurança.

6 Robert T. Kiyosaki, in “Independência Financeira: O Guia do pai rico”. p. 105-118.

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É bom ter algumas economias. Recomenda-se que se tenha dinheiro em

aplicações de curtíssimo prazo para sobreviver, pelo menos, por um período de seis a

doze meses. Mas, depois disso, manter dinheiro em caderneta de poupança, enquanto

existem aplicações rendendo mais, não é uma estratégia de investimento inteligente.

Se você quiser continuar aplicando em caderneta de poupança, o seu gerente de

banco vai lhe agradecer. E por que não? Os bancos emprestam seu dinheiro à taxas que

superam, em até duas vezes, as taxas que eles pagam à caderneta de poupança.

1.2.4. CATEGORIA 4: OS INVESTIDORES “ESPERTOS”

Essas pessoas estão cientes da necessidade de investir. Às vezes, têm

investimentos em fundos mútuos, ações em bolsa ou são sócias de empresas.

Geralmente, são pessoas inteligentes e com uma educação sólida. Elas

constituem os dois terços do País aos quais chamamos de classe média. Entretanto, em

se tratando de investimentos, elas, freqüentemente, não são financeiramente

alfabetizadas, ou não têm o que os especialistas em investimentos chamam de

“sofisticação”. Elas, raramente, lêem um relatório anual de uma empresa ou seu

prospecto de lançamento de ações. Mas, como poderiam? Não foram treinadas para ler

relatórios financeiros. Falta-lhes alfabetização financeira.

Essas pessoas foram bem educadas. Geralmente, têm uma alta renda e aplicam

em investimentos que não demandam tempo para serem acompanhados. Elas

constituem o grupo dos “Não tenho tempo para isso”. Elas se convenceram de que não

entendem de investimentos e nunca entenderão. Elas dizem coisas do tipo:

á “Não sou bom em números”.

á “Nunca vou entender como os investimentos funcionam”.

á “Investir é muito arriscado”.

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Essas pessoas deixam os investimentos de lado e fazem seu plano de

aposentadoria ou contratam um especialista financeiro que recomenda a

“diversificação”. Somente quando se aposentam é que vão ver quanto seu investimento

lhes rendeu.

1.2.5. CATEGORIA 5: OS INVESTIDORES DE LONGO PRAZO

Esses investidores estão perfeitamente cientes da necessidade de investir. Estão

ativamente envolvidos nas suas próprias decisões de investir. Têm um plano de

investimento de longo prazo que lhes permitirão alcançar seus objetivos financeiros.

Antes de adquirirem, de fato, um investimento, elas procuram informar-se

detalhadamente sobre o assunto. Geralmente, elas procuram aconselhamento de

especialistas em investimento competentes. Apesar disso, essas pessoas não são

investidores em horário integral. Não investem em imóveis, empresas ou qualquer tipo

de investimento arriscado. Em vez disso, adotam a abordagem conservadora de longo

prazo.

Se você não é um investidor que investe a longo prazo, transforme-se nesse tipo

de investidor o quanto antes possível. Mas, o que significa isso? Significa que você deve

sentar e traçar um plano. Controle seus hábitos de consumo. Minimize suas dívidas e

viva dentro de suas posses. Comece hoje, não espere. Corte seus cartões de crédito. Não

troque de carro todo ano e livre-se de seus “brinquedinhos”. Consulte um especialista

em investimentos e comece a economizar dinheiro. Quanto mais você esperar, mais

você gasta um de seus bens mais preciosos... o bem intangível e inestimável que é o

tempo.

Para as pessoas que não gostam de correr risco e preferem se concentrar em suas

profissões, emprego ou carreira, em vez de gastarem muito tempo aprendendo a

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investir, essa categoria de investidor é a mais adequada para se viver com prosperidade

e abundância financeira. Essa categoria de investidor é paciente e usa a vantagem do

tempo. Se você começar cedo e investir regularmente, você poderá atingir sua

independência financeira. Entretanto, se você começar mais tarde na vida, por exemplo,

depois dos 45, essa categoria pode não funcionar.

1.2.6. CATEGORIA 6: OS INVESTIDORES SOFISTICADOS

Esses investidores buscam estratégias de investimento mais agressivas e

arriscadas, porque têm bons hábitos financeiros, uma base financeira sólida e longa

prática de investimentos. Geralmente, eles “concentram” seus investimentos, em vez de

“diversificar”, porque, para eles, diversificar é uma maneira de evitar riscos e de não

perder.

Esses são investidores que compram investimentos “por atacado”, em vez de “no

varejo”. Eles arriscam 20% de sua poupança em aventuras especulativas. Eles,

geralmente, começam com pouco, para que possam aprender sobre investimentos, seja

em ações, aquisições, administração de imóveis, etc. Se perderem esses 20%, isso não

lhes irá fazer falta.

O que determina se os investidores são “sofisticados”? Eles têm uma boa base

financeira, a partir de sua profissão ou negócio, ou têm uma base de investimentos

sólidos e conservadores. Eles são bem instruídos no mundo dos investimentos e buscam

ativamente novas informações.

Esses investidores sabem que épocas ou mercados oferecem as melhores

oportunidades de sucesso. Eles entram no mercado quando os outros estão saindo. Eles

geralmente sabem quando sair.

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1.2.7. CATEGORIA 7: OS CAPITALISTAS

Poucas pessoas atingem esse nível de excelência em investimentos. O objetivo

dessas pessoas é fazer o dinheiro trabalhar para elas. Seu objetivo é ganhar dinheiro

dirigindo, simultaneamente, o dinheiro, o talento e o tempo de outras pessoas. Os

verdadeiros capitalistas utilizam o talento e os recursos de outras pessoas, criam

investimentos para si próprios e para terceiros e vendem-nos ao mercado. Eles não

precisam de dinheiro para ganhar dinheiro, simplesmente, porque sabem utilizar o

dinheiro e o tempo de outras pessoas. Esses investidores criam os investimentos que as

outras pessoas compram. São eles que criam empregos e fazem as coisas acontecerem.

Quando a economia vai bem, os verdadeiros capitalistas se dão bem. Quando a

economia vai mal, os verdadeiros capitalistas ficam ainda mais ricos.

ATENÇÃO: Qualquer pessoa que tiver por objetivo tornar-se um investidor

categoria 6 ou 7, deve desenvolver primeiro suas habilidades como investidor categoria

5. Qualquer investidor que tentar ser um investidor categoria 6 ou 7, sem as habilidades

de um investidor categoria 5, na realidade, é um jogador!

1.3. OS TIPOS DE INVESTIMENTOS

1.3.1. AS REGRAS BÁSICAS PARA INVESTIR

Investir, no sentido amplo, é escolher entre várias alternativas. Existem algumas

regras básicas para se investir:

Regra 1. É saber de onde vem a sua renda:

a) Renda do trabalho – é a renda mais comum. É oriunda do trabalho

assalariado ou de renda do trabalho autônomo, sem vínculo empregatício.

Normalmente, esse tipo de renda é a mais tributada pelo governo.

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b) Renda de portfólio – é a renda oriunda de investimentos em ativos

financeiros como: ações, fundos de investimento, fundos de ações,

certificados de depósitos bancários, etc. Esta é a forma mais popular de

renda de investimento, porque os ativos financeiros são muito mais fáceis

de administrar e manter do que os investimentos em ativos reais como:

imóveis ou negócios próprios.

c) Renda passiva – É a renda de investimentos, geralmente, oriunda da

propriedade de bens e direitos: aluguel, franchise, patentes, direitos

autorais e negócios próprios.

Regra 2. É converter a renda do trabalho em renda de portfólio ou em renda

passiva.

Regra 3. Em condições normais de mercado, quanto maior for o risco, maior

será a rentabilidade.

Regra 4. A volatilidade, ou a tendência de um investimento alterar de valor no

curto prazo, é a maior forma de risco.

Regra 5. O verdadeiro investidor deve sempre estar preparado para ganhar ou

perder.

Regra 6. Quando o investidor encontra um bom negócio, o dinheiro para investir

sempre aparece.

Regra 7. É a habilidade para avaliar risco e rentabilidade.

O problema de qualquer investidor é obter a mais alta rentabilidade, com um

nível de risco seguro. A questão é como definir qual é o nível de risco suportável. Uma

forma de resolver a questão é pensar no risco em termos de volatilidade.

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1.3.2. APLICAÇÕES EM RENDA FIXA

As aplicações mais comuns em renda fixa são: caderneta de poupança,

certificado de depósito bancário e fundos de renda fixa. São indicados para os

investidores mais conservadores que não gostam de se arriscar. Geralmente, apresentam

poucas surpresas aos seus aplicadores, ao não ser que aconteça algo como aconteceu na

Argentina, após a queda do presidente Fernando de la Rúa, ou no Brasil, na época do

“Plano Collor”, quando todos os investimentos foram congelados. Esses investimentos,

também, são indicados para aqueles que vão precisar do dinheiro no curto prazo, isto é,

em menos de cinco anos. Se você estiver planejando comprar um carro, fazer uma

viagem ao exterior ou comprar um apartamento em menos de cinco anos, recomenda-se

fazer aplicações em renda fixa.

1.3.2.1. CADERNETA DE POUPANÇA

É o investimento mais tradicional de renda fixa, pagando juros de 0,5% ao mês,

mais a variação da TR (Taxa Referencial de Juros). É considerado o ativo de menor

risco na economia brasileira, mas sua rentabilidade tem sido inferior à dos fundos de

investimento. A remuneração da caderneta de poupança depende sempre das políticas

macroeconômicas do governo.

No fim de 2001, aproximadamente 119,5 bilhões de reais estavam aplicados em

caderneta de poupança no Brasil, representando um crescimento de 6,88%, em relação

ao mesmo período do ano anterior. No mesmo período, a rentabilidade registrada pela

caderneta de poupança foi de 8,59%. Comparada ao IGP-M7, a rentabilidade ficou

abaixo da inflação, de 10,38%, significando que os poupadores perderam dinheiro. Se a

7 IGP-M é o Índice Geral de Preços, da Fundação Getúlio Vargas, que mede a inflação no Brasil.

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comparação for feita com o IPCA,8 que ficou em 7,67%, o ganho foi de menos de 1% ao

ano.

Mas, se a poupança rende tão pouco em relação às demais aplicações, por que

tanta gente ainda prefere esse tipo de aplicação? Fundamentalmente, por dois motivos:

Um é a suposta segurança da aplicação. A idéia de que o dinheiro investido em

caderneta de poupança é garantido pelo governo ainda é o principal fator. Entretanto, o

governo só garante até o limite de 20 mil reais por pessoa e por instituição financeira. O

segundo motivo é a simplicidade de funcionamento dessa aplicação. Normalmente, as

instituições financeiras aceitam depósitos de pequeno valor e, além disso, a caderneta de

poupança é isenta de imposto de renda e não tem cobrança de taxa de administração. As

outras aplicações têm cobrança de taxa de administração e impostos, e a sua

rentabilidade depende muito do administrador do investimento.9

1.3.2.2. FUNDOS DE RENDA FIXA

Os fundos de renda fixa investem em títulos públicos e em CDBs e acompanham

as taxas de juros do CDI.10 Os fundos de renda fixa se dividem em fundos de renda fixa

passivos (ou fundos DI) e fundos de renda fixa ativos. Os fundos de renda fixa passivos

acompanham, ao máximo, a variação dos juros do CDI. Se a taxa de juros sobe, esses

fundos rendem mais. Se a taxa de juros cai, esses fundos rendem menos. Os fundos de

renda fixa ativos podem render mais do que os fundos DI, embora tenham um pouco

mais de risco, porque o gestor desses fundos vai comprar ou vender mais papéis para

aumentar a rentabilidade. Se ele acertar, o fundo renderá mais que o fundo DI. Se ele

errar, ou se as condições do mercado mudarem para pior, esse fundo vai render menos.

8 IPCA é o Índice de Preços ao Consumidor Ampliado, do IBGE, utilizado pelo governo para estabelecersuas metas de inflação.9 ALESSANDRA FONTANA, in “Guia de Investimentos Pessoais”. Revista Você S.A, São Paulo, n. 42,p. 9810 CDI Certificado de Depósitos Interbancários – são as aplicações efetuadas por um banco em outro.

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Uma das vantagens em aplicar nesses fundos é que a rentabilidade de cada fundo é a

mesma para qualquer investidor, independente do valor aplicado.

Atualmente, os fundos de renda fixa são tributados pelo imposto de renda à

alíquota de 20% sobre o ganho nominal (diferença entre o valor aplicado e o valor de

resgate) e, a título de taxa de administração, são cobrados valores que variam desde

0,5% até 8% ao ano, dependendo do fundo. Se você for aplicar num fundo de

investimento (fundo DI), é importante pesquisar a taxa de administração cobrada pelo

fundo, porque, dependendo dessa taxa, sua rentabilidade pode ficar comprometida.

Apesar da tributação, a rentabilidade da maioria dos fundos de renda fixa,

principalmente, daqueles que cobram uma taxa de administração razoável, têm superado

a rentabilidade da caderneta de poupança.

1.3.2.3. CDB – CERTIFICADO DE DEPÓSITO BANCÁRIO

São títulos representativos de depósitos a prazo emitidos por bancos de

investimentos e comerciais, com prazos curtos (30 a 180 dias). São utilizados pelos

bancos para captarem recursos no mercado. Seus rendimentos podem ser pré ou pós-

fixados e acompanham os juros do mercado. Sobre eles, há incidência de CPMF11 toda

vez que se faz uma renovação do CDB, no vencimento da aplicação, o que tem levado

muitos investidores a migrarem para os fundos de investimentos.

O risco desses papéis é o risco do banco. Se o banco falir, o investidor perde o

dinheiro que aplicou, acima de 20 mil reais. Portanto, ao aplicar importâncias superiores

a essa, analise antes a situação financeira do banco ou diversifique sua aplicação em

outros bancos. A grande desvantagem do CDB, para os pequenos investidores, é que os

11 CPMF – Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, que é calculada atualmente à taxa de0,38% sobre cada movimentação bancária.

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bancos costumam pagar taxas menores às aplicações inferiores a 100 mil reais. Se você

investir menos que essa quantia, dificilmente, vai conseguir uma boa taxa.

1.3.3. APLICAÇÕES EM RENDA VARIÁVEL

As aplicações em renda variável, embora mais voláteis, são recomendadas para

aqueles que estiverem trabalhando com horizontes superiores a cinco anos. No longo

prazo, a renda variável, geralmente, oferece resultados muito superiores aos da renda

fixa.

As aplicações mais comuns em renda variável são: ações, fundo de ações,

fundos de derivativos, fundos cambiais, fundos imobiliários, fundos de previdência,

imóveis e negócios próprios.

1.3.3.1. APLICAÇÃO EM AÇÕES

“Uma ação é um pedaço de uma empresa. Quando uma companhia quer captar

dinheiro, sem pagar juros, ela vende um pedacinho de si mesma e promete que o

comprador ganhará uma parcela dos lucros, se houver”. 12

O acionista da companhia tem uma fatia do futuro da empresa. Assim, uma ação

representa um ativo real, lastreado pelo patrimônio da empresa (fábricas, veículos, lojas,

etc). Se a empresa tiver lucro, ou se aumentar sua participação no mercado, mais

investidores estarão interessados em comprar suas ações, o que elevará os preços. Se a

empresa tiver prejuízo, o preço das ações pode cair. Por isso, as ações são um

investimento de risco.

Ao se investir em ações, deve-se considerar o custo da corretagem que é cobrada

sobre o valor da operação, tanto por ocasião da compra, como da venda de ações.

12 Cláudio Gradilone, in “Guia de Investimentos”. Revista Você S.A., São Paulo, n. 42, p. 89-92.

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Dependendo do tempo que você pretende ficar com as ações, talvez, não valha a pena o

investimento.

“Diferentemente dos Estados Unidos, onde as pessoas, geralmente, aplicam em

ações, no Brasil, a maioria das pessoas pensa que a Bolsa é um cassino e que poucos são

capazes de ganhar dinheiro com ações. Infelizmente, estão ignorando um dos melhores

instrumentos para fazer crescer sua “poupança”. Para se ganhar dinheiro com ações,

existem, basicamente, duas estratégias:”13

a) Market Timing: tentativa de antever os momentos de alta e de baixa do

mercado de ações, procurando comprá-las somente quando o mercado subir

e vendê-las quando o mercado cair. O oposto a isso é a estratégia “comprar e

segurar”, isto é, investir em ações a longo prazo.

b) Seleção de Ações: selecionar ações que vêm tendo um desempenho superior

ao do Índice Ibovespa.14 Devido às oscilações do mercado, os investidores

que adotam a estratégia mais simples de “comprar e segurar” acabam por

superar, no longo prazo, os que preferem fazer “market timing”. Essa

estratégia, além de ser mais segura, ainda adiciona um ganho a mais à

aplicação - o dividendo. Quando as empresas de capital aberto (empresas

com ações negociadas em Bolsa) têm lucro, de acordo com a Lei das

Sociedade Anônimas, elas são obrigadas a destinar anualmente, no mínimo,

25% desse lucro para pagar como dividendo aos seus acionistas, na

proporção das ações possuídas.

Para os investidores que pretendem aplicar em ações, existem alguns indicadores

importantes para auxiliar na escolha das melhores alternativas. Independentemente do

13 Mauro Halfeld, in “Investimentos: Como administrar melhor o seu dinheiro” p. 6014 Índice Ibovespa é o índice da Bolsa de Valores de São Paulo que acompanha diariamente a variaçãomédia das principais ações do mercado incluídas periodicamente nesse índice.

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conhecimento desses indicadores, para os iniciantes nesse tipo de investimento, a

consulta a especialistas nesse tipo de investimento é fundamental.

Primeiramente, deve-se escolher as ações daquelas empresas com maior solidez

financeira e crescimento constante de receitas e, mais importante, que distribuam,

habitualmente, dividendos mínimos de 6% ao ano.

Os principais indicadores para análise de investimento em ações são:

1. Retorno sobre dividendos (Rd) = dividendo por ação / preço da ação

Representa a taxa de retorno do investimento da ação.

2. Dividendo por ação (DPA) = dividendo / nº de ações do capital da empresa

Representa o valor unitário do dividendo distribuído para cada ação da empresa.

Obs: O dividendo por ação é informado na publicação do balanço anual da

empresa, logo abaixo da linha do lucro líquido, na Demonstração de Resultados.

3. Índice de distribuição de dividendo (IDV) = dividendo / lucro líquido

Representa a porcentagem do lucro líquido da empresa que foi destinado ao

pagamento de dividendo.

4. Lucro por ação (LPA) = lucro líquido / nº de ações do capital da empresa

Representa o valor unitário do lucro líquido gerado por cada ação da empresa.

5. Índice preço lucro (P/L) = preço de Bolsa da ação / lucro por ação (LPA)

Indica o potencial de retorno da ação. O número resultante representa o número

de anos em que, potencialmente, o valor do investimento poderá ser recuperado.

Desta forma, quanto menor for o P/L, mais potencial de ganho a ação tem.

6. Valor estimado do preço da ação (VE) = P/L x LPA

Indica o preço potencial da ação, independente do seu valor atual de Bolsa.

Deve-se comparar esse valor potencial com o valor de Bolsa da ação. Se o VE

for maior , o preço da ação está subvalorizado.

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7. Valor patrimonial (VP) = patrimônio líquido / nº de ações do capital da

empresa.

Representa o valor contábil unitário da ação da empresa. Também, deve-se

comparar esse com o valor de Bolsa da ação.

8. Retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) = lucro líquido / patrimônio

líquido.

Mede a taxa de retorno do investimento para os acionistas.

9. Taxa de crescimento de dividendo (G) = retorno sobre o patrimônio líquido

(ROE) x ( 1 – índice de distribuição de dividendo (IDV).

Mede o potencial de crescimento da geração de dividendos pela empresa.

Exemplo prático: Suponha-se que uma empresa com ações negociadas em Bolsa

apresente os seguintes dados:

1. Patrimônio líquido R$ 10.000.000,00

2. Número de ações do capital 400.000

3. Dividendos propostos R$ 400.000,00

4. Lucro líquido do exercício R$ 1.000.000,00

5. Preço de Bolsa da ação R$ 20,00

Com base nesses dados, pode-se calcular os indicadores apresentados:

1. LPA = lucro líquido / nº de ações = 1.000.000,00 / 400.000 = R$ 2,50 por

ação.

2. DPA = dividendo / nº de ações = 400.000,00 / 400.000 = R$ 1 por ação.

3. Rd = dividendo por ação / preço da ação = 1 / 20,00 = 0,05 ou 5%

4. IDV = dividendo / lucro líquido = 400.000,00 / 1.000.000,00 = 0,40 ou 40%

5. P/L = preço da ação / lucro por ação = 20,00 / 2,50 = 8 vezes

6. VE = P/L x LPA = 8 x 2,50 = R$ 20,00

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7. VP = patrimônio líquido / nº de ações = 10.000.000,00 / 400.000 = R$ 25,00

8. ROE = lucro líquido / patrimônio líquido = 1.000.000,00 / 10.000.000,00 =

0,10 ou 10%.

10. G = taxa de crescimento de dividendo (G) = retorno sobre o patrimônio

líquido (ROE) x ( 1 – índice de distribuição de dividendos (IDV) =

0,10 x (1 – 0,40) = 0,04 ou 4%.

1.3.3.2. FUNDOS DE AÇÕES

Os fundos de ações são uma alternativa para aplicar em ações. Em vez de aplicar

diretamente em ações de uma ou mais empresas, o investidor pode aplicar em um fundo

de ações, que é um conjunto de recursos administrados por uma instituição que os aplica

em uma “carteira de ações” (grupo de ações de várias empresas), distribuindo os

resultados aos cotistas, proporcionalmente ao número de cotas possuídas. Portanto, você

não compra as ações das empresas, mas as cotas do fundo, que vão variando na medida

em que os preços das ações que compõem o fundo aumentam ou diminuem. Os fundos

de ações podem ser de dois tipos: Os fundos passivos, que compram ações que fazem

parte do Índice Ibovespa. Assim, quando o Ibovespa sobe, as cotas do fundo aumentam

de valor. Quando o Ibovespa cai, as cotas do fundo diminuem de valor. Os fundos

ativos, que formam uma carteira de ações de acordo com a preferência do administrador

do fundo. Logo, a rentabilidade desse tipo de fundo depende de uma boa gestão da

carteira do fundo pelo administrador.

1.3.3.3. FUNDOS DE DERIVATIVOS

Derivativos são ativos financeiros que se derivam de outros ativos, financeiros

ou físicos, como trigo, café, feijão, etc. O preço dos derivativos oscila de acordo com o

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preço dos ativos-base. A aplicação em derivativos é efetuada, normalmente, por

empresários que dependem de uma matéria-prima que tem uma oscilação muito grande

de preço no mercado, seja porque ela é importada e depende da variação da taxa de

câmbio ou porque há escassez dela no mercado e o seu preço varia de acordo com a lei

da oferta e da procura. Para se proteger contra essas oscilações de preços, o empresário

resolve comprar o “direito de comprar” a matéria-prima, a um determinado preço, de

um produtor. Esse direito é chamado de “opção de compra”. O investidor paga, então,

uma parte do preço total para garantir o direito de comprar um determinado ativo a um

determinado preço. Se o investidor que comprou a opção, porque o preço do ativo subiu

muito, não quiser comprar esse ativo no futuro, perderá o que já pagou. A vantagem é

que, neste caso, o prejuízo será menor. Esses fundos são, também, conhecidos como

fundos alavancados. Eles são os que vão apostar pesado na alta dos preços. Se o preço

do ativo baixar muito, o investidor pode perder todo o dinheiro aplicado. É o tipo de

aplicação que requer um alto grau de informação sobre os diversos mercados

envolvidos.

1.3.3.4. FUNDOS CAMBIAIS

Os fundos cambiais são aqueles que investem em títulos indexados ao dólar. É

um investimento de alto risco porque é muito sensível, não só às crises da economia

brasileira, mas também às crises da economia mundial que afetam, periodicamente, a

taxa do dólar no Brasil, a exemplo do que ocorreu no ano passado que, até o fim

outubro, os fundos cambiais renderam 42%, em média. Entretanto, quem aplicou nesses

fundos quando o dólar iniciou sua queda, poderá ter perdido dinheiro. Nos últimos doze

meses (janeiro/2001 a janeiro/2002), os fundos cambiais acumularam um rendimento de

28,02%.

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1.3.3.5. FUNDOS IMOBILIÁRIOS

Com a perspectiva de melhoria da economia e, em um cenário de queda de juros

no longo prazo, a aplicação em fundos imobiliários é uma boa alternativa. Nesses

fundos, o investidor compra cotas de uma aplicação na construção ou no aluguel de

imóveis. Essas aplicações são mais atrativas quando os juros básicos da economia estão

baixos. Existem dois tipos de fundos imobiliários: Os que são voltados para pequenos

investidores, chamados de fundos de aluguel, que exigem uma aplicação mínima de

R$ 5 mil, rendem entre 1,20% a 1,45% ao mês, e os fundos de incorporação, que

exigem uma aplicação mínima a partir de R$ 200 mil. Nesses fundos, o investidor

compra a cota de um fundo que vai financiar a construção de um imóvel comercial ou

residencial. Sua rentabilidade é alta, atingindo entre 20% e 25% ao ano, e o

investimento costuma durar, no máximo seis anos. Esses fundos têm data para terminar:

quando acaba o financiamento aos compradores do imóvel. Antes desse período, o

cotista não tem como sair do investimento, pois ainda não há mercado secundário para

esses fundos. Para quem gosta de aplicar em imóveis, é mais vantagem ter uma fração

de um empreendimento de alto padrão, que dê bom retorno, do que assumir os riscos da

compra de uma sala ou de apartamentos inteiros, que podem demorar meses para serem

alugados.

1.3.3.6. APLICAÇÃO EM IMÓVEIS

Investir em imóveis pode ser um bom negócio, desde que o investidor conheça

profundamente o mercado imobiliário ou tenha a assessoria de um especialista no

assunto, além de um advogado de confiança. Muitas vezes, por ocasião de crises

econômicas, as pessoas tiram dinheiro de outras aplicações para comprar imóveis. Essa

estratégia pode representar sérios riscos para o investidor. Muito cuidado ao comprar

imóveis na planta. No passado, muitas pessoas ganharam muito dinheiro nessas

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operações. Mas esse investimento é de alto risco, porque depende da saúde financeira da

construtora. Muitas empresas grandes e tradicionais, a exemplo da Construtora Encol,

quebraram deixando milhares de clientes sem nada.

Aqueles que pretendem comprar imóveis para alugar, devem analisar o tipo de

imóvel a ser comprado, sua localização, o custo de manutenção (condomínio, IPTU,

etc.), porque, no caso do imóvel ficar muito tempo desocupado, o proprietário terá que

arcar com essas despesas. Deve-se verificar se o imóvel está livre de ônus (se não está

garantindo uma operação de empréstimo), se está devidamente registrado no Registro de

Imóveis, se não está em litígio entre herdeiros e se está com todos os impostos e taxas

de condomínios em dia. A localização do imóvel é um aspecto muito importante para se

evitar uma eventual desvalorização acelerada do investimento. Por exemplo, comprar

um imóvel localizado perto de uma favela. Se houver um aumento da violência nas

redondezas, o imóvel certamente se desvalorizará rapidamente e então, não só vai ser

difícil alugá-lo, como vendê-lo, a não ser por um valor bem inferior ao de mercado. É o

caso da maioria dos imóveis localizados no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, que têm

perdido cerca de 50% do seu valor de mercado, em virtude do grande número de favelas

existentes nas redondezas e do aumento da violência naquele bairro. Além disso, os

custos da transação (corretagem, escritura e Imposto de Transmissão) elevam o custo de

compra ou de venda de um imóvel. Por isso, considere-o, apenas, como um

investimento de longo prazo.

1.3.3.7. PREVIDÊNCIA PRIVADA

A redução do teto da aposentadoria pública para o valor máximo de 10 salários

mínimo fez com que a sociedade procurasse alternativas para garantir que, quando da

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aposentadoria, as pessoas não tivessem uma drástica queda no seu padrão de vida. Foi, a

partir daí, que proliferaram os fundos de pensão ou fundos de previdência privada.

Quanto aos benefícios, os planos de previdência podem ser classificados em:

1. Previdência Fechada: É patrocinado pela empresa, com contribuições

variáveis dos funcionários, dependendo do valor com que o funcionário

pretende aposentar-se.

2. Previdência Aberta

2.1. Plano de Garantia Mínima – O administrador promete uma rentabilidade

mínima, equivalente à inflação, mais uma taxa de juros. Esse tipo de

plano tende a desaparecer do mercado.

2.2. Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL) – Este plano funciona de

forma similar à de um fundo de investimentos. Você pode determinar o

valor da sua contribuição. Se você quiser, pode transferir o seu plano

para outra instituição financeira. Além disso, o investidor pode sacar sua

reserva quando desejar. A vantagem do PGBL é que ele permite abater o

total das suas contribuições da base de cálculo do imposto de renda, até

o limite de 12% de sua renda bruta. Entretanto, quando você fizer o

resgate, haverá incidência de imposto de renda, sobre o valor total

resgatado, à alíquota da tabela de imposto de renda na fonte das pessoas

físicas.

2.3. Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL) – São muito parecidos com

os PGBLs, que foram lançados, com bastante sucesso, há cerca de três

anos. Também, se parece com um fundo de investimento convencional.

Você investe regularmente agora para sacar o dinheiro no futuro,

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complementando a aposentadoria que receber do INSS. A diferença, em

relação aos PGBLs, é que os VGBLs não permitem que o poupador

reduza em nada o seu imposto de renda. Em compensação, na hora do

resgate, o desconto do imposto de renda incide somente sobre o ganho

de capital (diferença entre o valor investido e o valor do resgate). Esse

tipo de fundo, só entrou no mercado a partir de fevereiro de 2002.

2.4. Fundo de Aposentadoria Programável Individual – Como o nome diz, é

uma aposentadoria programada, ou seja, a pessoa deposita,

periodicamente, uma importância para resgatar no futuro. Normalmente,

a taxa de administração cobrada pelos administradores desses fundos é

inferior aos dos demais fundos de previdência privada aberta.

Entretanto, a desvantagem é que há incidência de imposto de renda

sobre os rendimentos recebidos.

1.3.3.8. NEGÓCIOS PRÓPRIOS

É a maneira mais provável para alguém ficar milionário. São poucas as pessoas

que ficam ricas com rendimentos do trabalho assalariado. Somente alguns poucos

privilegiados, presidentes de grandes empresas, com salários anuais que se aproximam

de um milhão de reais, desde que saibam administrar seu dinheiro e sigam a regra básica

de gastar menos do que ganham e invistam corretamente. Praticamente, todos os

milionários, ficaram ricos através de negócios próprios.

Por que muitas pessoas preferem ter seu próprio negócio? Primeiramente, por

causa da liberdade. Eles são seus próprios patrões. Na verdade, é um risco financeiro

considerável ser proprietário de um negócio. Mas, quem tem seu próprio negócio, tem

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algumas crenças que lhe ajuda a reduzir seu risco ou, pelo menos, sua percepção de

risco:

á Estar no controle do próprio destino;

á Arriscado é trabalhar para um empregador desumano;

á Pode resolver qualquer problema;

á Ter sua própria companhia é a única maneira de ser presidente;

á Não há limite para o valor da renda que ele pode obter;

á Consegue ficar cada vez mais perspicaz ao enfrentar o risco e a

adversidade;

á Os assalariados pagam muito mais imposto do que os empresários e não

têm como reduzir sua carga tributária, já que a retenção do imposto já é

efetuada no próprio contra-cheque mensal.

Existem, basicamente, três tipos de organizações de negócios: firma individual,

sociedade por cotas de responsabilidade limitada e sociedades por ações.

FIRMA INDIVIDUAL

Esse é o tipo de negócio mais arriscado, porque a pessoa jurídica se confunde

com a pessoa física, que assume sozinha toda a responsabilidade sobre as dívidas da

empresa. É a forma mais antiga de organização empresarial pertencente à apenas uma

pessoa.

A principal vantagem de uma firma individual é a facilidade de seu processo de

constituição. Outra vantagem é a forma de taxação da firma individual: a renda do

proprietário é simplesmente incluída na renda da pessoa física, para fins de cálculo do

imposto de renda.

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A principal desvantagem dessa forma de organização é que o proprietário é

responsável por toda a dívida da firma individual. Como sua responsabilidade é

ilimitada, seus bens particulares, não ligados ao negócio, também garantem as dívidas

da empresa. Se a empresa for mal, esses bens podem ser perdidos para os credores.

Outra desvantagem é que a firma individual não pode utilizar o mercado de

capitais para captar recursos necessários para desenvolver o negócio.

SOCIEDADE POR COTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA

A sociedade por Cotas de Responsabilidade Limitada é uma forma de

organização na qual dois ou mais indivíduos são proprietários. Seu capital é constituído

de cotas, que são distribuídas entre os sócios na proporção da participação de cada um

no capital da sociedade. Os sócios desse tipo de sociedade são responsáveis, quanto ao

funcionamento do negócio, somente até o montante do capital social da sociedade.

SOCIEDADE ANÔNIMA OU POR AÇÕES

Esta é uma das formas mais difundidas de organização. Seu capital é constituído

de ações, distribuídas entre dois ou mais acionistas. As sociedades anônimas podem ser:

de capital fechado, cujas ações não são negociadas na Bolsa de Valores. A transferência

das ações só pode ser feita através da venda de um sócio para outro. E de capital aberto,

cujas ações são negociadas na Bolsa de Valores. Nessa forma de sociedade, o capital é

democratizado, pois as ações pertencem a várias pessoas diferentes, ou seja, através da

Bolsa de Valores, qualquer pessoa pode adquirir ações da empresa. O principal

propósito de uma sociedade por ações é aumentar a riqueza dos acionistas, que elegem

entre eles, seus administradores para gerir a empresa. Em virtude do alto custo de

manutenção das empresas de capital aberto, que têm que pagar altas taxas de

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manutenção à CVM – Comissão de Valores Mobiliários, além do custo de

administração e atendimento da base de acionistas que, muitas vezes, podem chegar a

milhares de pessoas, muitas empresas têm fechado o seu capital, retornando à condição

de Sociedade Anônima de Capital Fechado.

Se você pretende constituir um negócio a partir de uma nova empresa, deve

atentar que, para ter sucesso você deve:

á Escolher um nicho de negócio lucrativo e com potencial de crescimento.

á Escolher uma boa localização. Dependendo do negócio, a localização é

vital para o sucesso do negócio, por exemplo, abrir um restaurante em

um lugar de pouco movimento ou de difícil acesso, não é uma boa

estratégia.

á Selecionar pessoas de talento para ajudá-lo no negócio. Este é um

componente-chave para o sucesso de qualquer negócio.

Se uma empresa nova não for administrada com inteligência, morre fatalmente

antes de completar o terceiro ano de existência. Segundo pesquisa do BNDES – Banco

Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, a chance de uma empresa fechar no

primeiro ano é de 18,3%. Em dois anos, é de 36,1%. Em três, vai a 48,1%.

Para se evitar os erros fatais na abertura de uma nova empresa, os candidatos a

empresários devem adotar os seguintes procedimentos:15

á Planeje antes de montar sua empresa. Analise os clientes potenciais,

fornecedores e concorrentes. Isso evita surpresas desagradáveis.

á Procure um diferencial. Compare seu produto ou serviço com o dos

concorrentes. Sem uma vantagem competitiva, as chances são poucas.

15 JIMENEZ, Cláudia. “Uma dura realidade”. Pequenas Empresas Grandes Negócios, Rio de Janeiro,2002, coluna Conjuntura, p. 18-19

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á Estude a legislação do segmento. Conheça bem as normas de segurança,

sanitárias e tributárias que devam ser respeitadas. Muitas empreas fecham

por falta de atenção a esse aspecto.

á Cuide das finanças. O equilíbrio entre as receitas e despesas deve ser

constante. Sempre compre a prazo e venda à vista. Na ânsia de ganhar

clientes, muitos fazem exatamente o contrário.

á Garanta reservas financeiras para os primeiros anos e evite dívidas.

Segundo o BNDES, o terceiro ano é um dos mais difíceis, porque o

empresário já esgotou todas as suas reservas.

á Separe a empresa do empresário. A confusão é comum nas pequenas

empresas. Se precisar de uma retirada desde o início, estabeleça um

percentual fixo sobre o faturamento.

Se você pretende adquirir um negócio já existente, os cuidados deverão ser ainda

maiores. Primeiramente, você deve contratar um bom contador e um advogado

especializado em empresas, de sua confiança, para verificar a real situação financeira e

legal da empresa. Não confie nos dados da contabilidade da empresa. Muitas pessoas

são lesadas nessas negociações, porque muitos empresários desonestos deixam de

registrar, na contabilidade da empresa, passivos trabalhistas ou tributários para melhorar

seus balanços, com o objetivo de conseguir empréstimos bancários ou um preço melhor

na hora de vender a empresa. Consiga todas as certidões fiscais (municipais, estaduais e

federais) e de dívidas da empresa. Além disso, você deve pedir a um especialista para

determinar o valor real de mercado da empresa e fazer uma análise de sua viabilidade

econômica.

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1.4. ADMINISTRAÇÃO DE RISCOS

Todos investimentos trazem surpresas inesperadas. Risco é a parcela inesperada

do retorno de um investimento. Pode-se classificar os riscos em cinco tipos: Risco do

negócio, risco do mercado, risco de crédito, risco de liquidez e risco de perda do poder

de compra.

1.4.1. RISCO DO NEGÓCIOSão os riscos específicos de cada investimento. Suponhamos que alguém tenha

adquirido ações de uma determinada empresa. A fusão dessa empresa com outra deverá

afetar os acionistas que investiram nessas empresas.

No caso de um imóvel, a construção de uma estrada perto da rua onde se situa

esse imóvel poderá trazer conseqüências para quem investiu.

Se, em 1990, você tivesse investido todas as suas economias em ações do

Mappin e da Mesbla, hoje você não teria mais nada. Essas empresas faliram e os seus

acionistas perderam todo o investimento. Mas perceba que, se você tivesse concentrado

seus investimentos nas ações dessas duas empresas, estaria contrariando a estratégia de

só investir em ações através de carteiras diversificadas, distribuindo suas aplicações em

ações de várias empresas. A diversificação é o melhor antídoto contra o risco do

negócio.

1.4.2. RISCO DO MERCADOEsse tipo de risco, também conhecido como risco sistêmico, são os riscos mais

genéricos que decorrem de alterações nas condições macroeconômicas do País, como

uma alta na taxa de juros, que deve reduzir os preços das ações, porque um juro mais

alto reduz o lucro das empresas e, por conseqüência, o dividendo pago aos acionistas.

Por outro lado, um juro mais baixo, afeta o rendimento das aplicações em poupança e

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renda fixa. Em um mundo globalizado, o comportamento da economia mundial, como,

por exemplo, uma recessão nos Estados Unidos, poderá trazer conseqüências imediatas

à economia de quase todos os países. Tal tipo de risco é não-diversificável. Por mais

que você tente diversificar suas aplicações, você nunca estará completamente livre de

risco. O preço das ações, do ouro e, até dos imóveis, flutuam diariamente. Esses preços

são determinados pela lei da oferta e da procura. Se houver mais compradores do que

vendedores, os preços sobem. Se houver mais vendedores do que compradores, os

preços descem. O que determina essa proporção entre compradores e vendedores são

diversos fatores. No longo prazo, a taxa de juros e os lucros gerados pelas empresas são

os principais determinantes. Mas, no curto prazo, os mercados são muito instáveis. Um

boato, um escândalo no governo, ou eventos inesperados, como os ataques terroristas de

11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, são capazes de influenciar todo mercado,

afetando vários setores da economia e vários tipos de aplicações.

1.4.3. RISCO DE CRÉDITO

É o risco que você corre ao emprestar dinheiro a uma pessoa ou empresa e elas

não honrarem o compromisso de lhe pagar de volta. Isso, também, pode acontecer

quando você compra um CDB (certificado de depósito bancário) de uma instituição

financeira que venha a ser liquidada. No Brasil, existe o FGC (Fundo Garantidor de

Créditos), que dá proteção aos depósitos à vista, ao CDB e à caderneta de poupança, até

o limite de R$ 20.000,00 por depositante e por instituição financeira. Se você quiser

investir em um banco um valor superior a esse, avalie com mais critério a situação

financeira desse banco ou diversifique, investindo parte de seus recursos em outras

instituições.

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1.4.4. RISCO DE LIQUIDEZ

O conceito de liquidez é uma referência ao prazo e ao custo para um

investimento se transformar em dinheiro vivo. O dinheiro em seu bolso é considerado

um ativo perfeitamente líquido. Imóveis são bens pouco líquidos; negócios próprios são,

geralmente, ainda menos líquidos.

Suponha que você tenha uma casa de praia. Se você optar por vendê-la,

certamente, terá que esperar muito tempo até que alguém faça uma oferta razoável pela

sua propriedade. Se você precisar vendê-la com urgência, deverá aceitar um preço bem

abaixo do valor real de mercado. Esse será o custo de transformar um bem pouco

líquido em dinheiro vivo. Mas, se você tem uma aplicação em caderneta de poupança,

poderá ir ao banco e sacar imediatamente o dinheiro.

1.4.5. RISCO DE PERDA DO PODER DE COMPRA – INFLAÇÃO

Imagine que você tenha investido em um título do governo, com dez anos de

prazo, à uma taxa juros fixos de 12% ao ano. Se, nesse período, a inflação sofrer um

drástico aumento e atingir 20% ao ano, você estará perdendo o seu poder de compra. Os

preços dos bens e serviços certamente terão subido muito mais do que o rendimento do

seu investimento. Todas as aplicações em renda fixa estão sujeitas a esse risco. Numa

visão de curto prazo, a caderneta de poupança e as aplicações em renda fixa oferecem

poucas surpresas. Mas, no longo prazo, uma mudança no rumo da economia pode vir a

gerar perdas nesses investimentos.

Conclui-se que, para as pessoas que desejam construir a independência

financeira e ter um futuro tranqüilo, os conhecimentos básicos de administração

financeira são de suma importância.

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Esses conhecimentos básicos podem ser adquiridos através da leitura de livros

sobre o assunto, da participação em cursos e seminários e hoje, com a facilidade de

consulta através da Internet, acessando-se vários sites de finanças existentes da Internet,

que dão informações, dicas, sugestões e tiram dúvidas sobre investimentos. Entretanto,

mais importante do que qualquer conhecimento teórico ou sugestões de técnicos

especializados, é não se aventurar em transações especulativas e investimentos

duvidosos. E, acima de tudo, é necessário que se defina o horizonte de tempo e que se

faça um amplo planejamento das finanças pessoais para se determinar os recursos

disponíveis para investimento.

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CAPÍTULO II

A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO FINANCEIRA

Na Era Industrial, as regras eram estudar, encontrar um emprego seguro e

permanecer nele a vida inteira. Na Era da Informação, as regras mudaram. Não existe

mais essa estabilidade para toda a vida. Por vários motivos, você pode perder o emprego

(conjuntura econômica, dificuldades financeiras da empresa, fusão da empresa, novas

tecnologias, nova administração, etc). Então, você procura um novo emprego e se

prepara mais uma vez para galgar a pirâmide hierárquica da nova empresa. Mas, se você

for despedido numa época de crise de emprego e passar vários meses desempregado?

Como você vai se arranjar? Ou pior, se você for despedido quando já estiver com mais

de 50 anos de idade? Ou ainda se, após 35 anos de trabalho e com 58 anos de idade,

você resolve aposentar-se? Será que você está preparado para esses acontecimentos?

Neste capítulo, mostra-se porque é necessário buscar a independência financeira,

como adquirir uma boa educação financeira para atingir esse objetivo e os conceitos de

juros simples e juros compostos e seus reflexos no cálculo das aplicações em geral e na

escolha entre alternativas de investimento. Classifica-se o fluxo de caixa em quatro

quadrantes, segundo a origem da renda das pessoas e, finalmente, apresenta-se uma

metodologia para o planejamento financeiro e controle de gastos pessoais.

2.1. A BUSCA DA INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA

O maior desafio do homem não é a compra de uma casa própria. O mais difícil

de tudo é ter recursos suficientes para se manter com dignidade durante a terceira idade.

Para se precaver contra um futuro de dificuldades financeiras, só há um caminho: buscar

um determinado nível de independência financeira.

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Suponhamos que, antes de se aposentar, você tivesse uma renda líquida mensal

razoável que desse para desfrutar de uma boa tranqüilidade financeira. Ao se aposentar,

se você não construiu uma razoável poupança, essa tranqüilidade financeira não será

mais possível. A não ser que você seja um funcionário público, que ainda pode se

aposentar com o mesmo salário da ativa, você vai ter que viver com uma renda de, no

máximo, dez salários mínimos brutos, no momento da aposentadoria. Isso, no início,

porque, a cada ano que passa, o governo arranja novos artifícios para diminuir o valor já

insignificante da aposentadoria.

Outra bomba relógio na vida daqueles que, um dia, pretendem aposentar-se, é o

sistema previdenciário brasileiro. Segundo notícia no jornal O Globo,16 no ano de 2001,

o déficit da Previdência cresceu 27,4%, em relação ao ano de 2000, atingindo

R$ 12,8 bilhões, apesar da arrecadação do INSS (Instituto Nacional de Seguridade

Social) ter aumentado 12,2%. Em 2001, o déficit da Previdência representou 1,08% do

PIB (Produto Interno Bruto)17 brasileiro. Em 2000, era 0,93%. Segundo o Ministério da

Previdência, para 2002, a estimativa é que o déficit deve alcançar entre R$ 16 bilhões e

R$ 17 bilhões. Se continuar nessa escalada, teme-se que, em dez anos, o sistema

previdenciário brasileiro esteja quebrado. Isto é, não terá mais condições de pagar, não

somente as atuais aposentadorias mas, principalmente, as futuras.

A independência financeira não se constrói do dia para a noite. Para isso, é

necessário começar a poupar o mais cedo possível, pois ela se constrói ao longo de

vários anos, através de um planejamento financeiro bem estruturado e da correta

administração do seu dinheiro.

16 OSVALD, Vivian. “Previdência : Déficit cresceu 27,4%”. O Globo, Rio de Janeiro, 15/01/2002,caderno de economia, p.20.17 PIB é a riqueza de uma nação, a soma de todos os produtos e serviços produzidos no país.

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Segundo Halfeld,18 para se atingir a independência financeira você deve adotar

dez passos básicos:

Primeiro passo: ganhe mais dinheiro, seja na sua profissão ou em atividades

adicionais.

Segundo passo: poupe. gastando menos do que ganha. Se você não está

conseguindo isso, pare já! Pegue um pequeno caderno e anote, durante três meses, todos

os seus gastos. Faça uma análise crítica e corte as despesas desnecessárias.

Terceiro passo: evite ter dívidas. Assim que você conseguir gastar menos do

que ganha (segundo passo), use todos os seus recursos para pagar as dívidas. Em um

País como o Brasil, onde os juros têm sido exorbitantes, o endividamento deve ser o

menor possível.

Quarto passo: invista corretamente. Simplesmente poupar não é o bastante,

invista corretamente, aproveitando a “mágica” dos juros compostos. Faça um

compromisso de investir, todos os meses, pelo menos, 10% de seus rendimentos em

aplicações de longo prazo.

Quinto passo: tenha sua casa própria. Compre uma casa que lhe seja

confortável. Mas não tenha pressa. Compre à vista ou construa. Fuja dos financiamentos

e dos riscos de quebra das construtoras.

Sexto passo: Faça seguro de vida e seguro saúde. Se você tem filhos

pequenos, faça bons seguros de vida. Faça um bom plano de saúde para você e seus

familiares. Os preços dos tratamentos particulares de saúde são imensamente elevados.

Se você tiver a infelicidade de enfrentar um problema desses, certamente perderá muitos

anos de percurso. Não faça economia em saúde.

18 Mauro Halfeld, in “Investimentos: Como administrar melhor o seu dinheiro”. p.122

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Sétimo passo: permita que você “como algumas cenouras” ao longo da

caminhada. Seguir os passos listados acima não é tarefa simples. Crie sempre objetivos

bem definidos e fortes incentivos para alcançá-los.

Oitavo passo: busque adquirir intensamente educação financeira. Leia

alguns livros e matérias de jornais sobre o assunto. Aprenda noções básicas de

Matemática Financeira, de Contabilidade, de Economia e de Direito para ajudá-lo

durante o percurso. Acompanhe o desempenho dos fundos de investimento e de

algumas ações de empresas negociadas em Bolsa. Acesse os sites de finanças

disponíveis na Internet. Esses sites ensinam os conceitos básicos de investimentos e

como fazer para investir sem sair de casa.

Nono passo: se precisar, peça a ajuda de um especialista financeiro. Você

poderá ter o aconselhamento de um especialista neutro, que não estará tentando

vender-lhe seus próprios produtos financeiros ou imobiliários.

Décimo passo: entenda que o dinheiro é apenas um meio; não um fim para

si mesmo. Continue amigo de seus familiares e de seus colegas de trabalho. Seja

solidário com os menos afortunados. A essa altura, fazer doações é muito gratificante.

Ensine aos inexperientes o que de bom você conseguiu aprender em sua trajetória de

vida.

E lembre-se: Dinheiro não traz felicidade, mas a falta dele traz infelicidade,

preocupações e muitos problemas para você e sua família.

2.2. A EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Educação financeira é a educação necessária para administrar melhor o seu

dinheiro com o objetivo de atingir uma independência financeira para toda a vida. A

educação financeira que milhões de idosos, hoje aposentados e dependentes de uma

renda insignificante para a sua sobrevivência, não receberam. Uma boa educação

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financeira poderá assegurar que você não acabe com problemas financeiros no final da

vida, ou completamente falido, depois de uma vida inteira de trabalho árduo.

Atualmente, a expectativa de vida do ser humano é muito maior. As novas

gerações poderão viver 120 ou 130 anos. Para isso, vão precisar acumular uma

poupança para poder viver durante muito mais tempo e não depender dos filhos ou da

aposentadoria.

A maioria das pessoas preocupa-se em adquirir uma educação acadêmica ou

profissional, entretanto, o problema é que, com exceção dos graduados em

Contabilidade e Finanças, a maioria das pessoas saem da faculdade sem saber o que é

uma demonstração financeira. Existem muitos empresários conceituados que dizem:

“Eu não preciso entender de demonstrações financeiras. Para isso, eu pago ao meu

contador.” Entretanto, na maioria das vezes, é justamente por não saber avaliar a real

situação financeira da sua empresa e, por confiar sempre na opinião dos outros, que

eles, freqüentemente, vão à falência. Entender o funcionamento de uma demonstração

financeira é essencial para qualquer um que deseje construir uma vida de segurança

financeira.

Ensine seus filhos a pescar. Dê condições para que eles adquiram uma boa

educação acadêmica. Mas, isso certamente não será suficiente para que eles alcancem a

independência financeira. É essencial que eles adquiram, também, uma boa educação

financeira. Ensine a seus filhos a poupar, a não serem gastadores inveterados e a não

necessitarem sempre de recursos adicionais de seus pais durante a juventude e inicio da

vida adulta. Ensine-os, desde cedo, a serem auto-suficientes. Há inúmeros exemplos de

pais abastados que dão de tudo aos seus filhos adolescentes, desde uma gorda mesada,

até carro do ano. O que isto causa é uma acomodação e a assimilação de hábitos de

consumo que irão prejudicá-los durante sua vida financeira futura. Quanto mais dinheiro

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você der aos seus filhos, menos dinheiro eles poupam, enquanto que, quanto menos

dinheiro você der a eles, mais dinheiro eles tendem a poupar. Muitos pais ricos pensam

que sua fortuna pode automaticamente transformar seus filhos em adultos

economicamente independentes. Não é isso que acontece. Disciplina e iniciativa não

podem ser compradas.

Ao contrário do que já acontece nos países desenvolvidos, onde o ensino da

educação financeira é obrigatório, a exemplo do que ocorre na Inglaterra desde de

setembro de 2000, que instituiu o ensino da educação financeira como obrigatório da

pré-escola até o ensino médio, no Brasil, ela não faz parte do universo da educação

familiar e nem mesmo escolar.

A falta de uma educação financeira pode levar a uma vida de problemas

financeiros, com graves consequências emocionais. Problemas emocionais são comuns

entre os aposentados, que passam a depender do governo e a passar dificuldades e, em

muitos casos, têm que viver à custa da familia, com toda a carga psicológica daí

resultante.

Em pesquisa feita nos Estados Unidos,19 os autores concluíram que as maiores

fortunas, dificilmente, alcançam a terceira geração da família. Isso acontece, justamente,

pela falta de uma educação financeira adequada dos descendentes, que se acostumam a

ter dinheiro fácil e a gastarem além dos seus ganhos.

2.3. NOÇÕES INDISPENSÁVEIS DE MATEMÁTICA FINANCEIRA

2.3.1. A MÁGICA DOS JUROS

Juros é a remuneração pela utilização do capital, da mesma forma que o salário é

a remuneração do trabalho (utilização do tempo das pessoas).

19 STANLEY, Thomas J; DANKO, William D. The millionaire next door: The surprising secrets of

America´s wealthy. New York: Longstreet Press, Inc, 1996.

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O conceito de juros nasce do conceito do valor do dinheiro no tempo, por

exemplo: R$ 100 hoje vale mais do que R$ 100 daqui a um ano, porque o poder de

compra de R$ 100 hoje é maior do que daqui a um ano, ou seja, R$ 100 compram mais

coisas hoje do que daqui a um ano.

Existem dois sistemas para determinação dos juros:

á O sistema de juros simples, cujo conceito é baseado no fato de que,

apenas, o valor inicial da aplicação, chamado de valor principal, será

remunerado ao longo do tempo da aplicação. Este sistema não é utilizado

para as aplicações financeiras e tem pouca aplicação comercial.

á O sistema de juros compostos, que é caracterizado pelo fato de que, ao

longo do tempo da aplicação, o saldo acumulado, ou seja, a aplicação

inicial, acrescida dos juros do período anterior, será utilizada no cálculo

do rendimento atual. O segredo dos juros compostos, está, portanto,

baseado no conceito de “capitalização”, que é a adição dos juros, no fim

de determinado período, ao saldo da aplicação inicial, ou ao valor da

aplicação acumulada até determinada data.

Graças à mágica dos juros compostos, pequenas quantias poupadas desde cedo

podem se transformar em centenas de milhares de reais, ao fim de trinta anos.

Por exemplo: se uma pessoa, a partir dos vinte e cinco anos de idade,

conseguisse colocar, no início de cada mês, numa caderneta de poupança, que rendesse

0,5% ao mês acima da inflação, a importância de R$ 300, durante trinta e cinco anos,

aos sessenta anos, teria acumulado R$ 429.550,16!

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Se essa pessoa assumisse alguns riscos e conseguisse aplicar o mesmo valor a

uma taxa de 1% ao mês, acima da inflação, aos sessenta anos, teria acumulado

R$ 1.948.580,72!

2.3.2. TAXA DE JUROS

Taxa de juros é a razão entre os juros ganhos por unidade de tempo e o capital

aplicado. A taxa de juros deve estar sempre expressa na mesma unidade de tempo do

prazo.

Nos cálculos envolvendo juros emprega-se a representação percentual, ou

porcentagem, no resultado final e a representação unitária, nas fórmulas:

FORMA FORMAPERCENTUAL TRANSFORMAÇÃO UNITÁRIA

1,2% 1,2/100 0,01210% 10/100 0,102,5% 2,5/100 0,025

No presente trabalho, utilizaremos, nos exemplos, recursos da matemática

financeira, da planilha Excel e calculadora HP-12C, por ser esta a mais utilizada

atualmente.

Como vantagem da utilização de uma calculadora, destacam-se:

á Agilidade: como basta inserir os valores nas teclas correspondentes aos

parâmetros, o tempo necessário à obtenção do resultado é muito menor

que realizando todos os cálculos;

á Dispensa a necessidade de memorizar as fórmulas, apenas a definição

das teclas a serem utilizadas.

Destaca-se a seguir a notação básica das principais teclas da calculadora HP-12C

e que são suficientes para se efetuar os cálculos apresentados no presente capítulo:

f FIN para limpar a memória da calculadora

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PV tecla associada ao capital inicial, valor principal ou valor presente.

FV tecla associada ao montante ou ao valor futuro

i tecla associada aos juros (na forma percentual)

n tecla associada ao número de períodos

PMT tecla associada aos pagamentos periódicos (parcelados)

CHS tecla para trocar o sinal de um valor (passar de positivo para

negativo)

g END nos cálculos envolvendo pagamentos parcelados, indica que os

pagamentos ocorrerão no fim de cada período.

g BEG nos cálculos envolvendo pagamentos parcelados, indica que os

pagamentos ocorrerão no início de cada período.

Para exemplificar os conceitos de juros simples e juros compostos, suponhamos

que uma pessoa tenha aplicado em um fundo de renda fixa a importância de R$ 10 mil,

por um prazo de quatro meses, a uma taxa de 1,2% ao mês (tabela 1):

TABELA 1. COMPARAÇÃO JUROS SIMPLES X JUROS COMPOSTOS

JUROS SIMPLES JUROS COMPOSTOS P Juros do Período Montante Juros do Período Montante

1 10.000,00 x 0,012 = 120,00 10.120,00 10.000,00 x 0,012 = 120,00 10.120,002 10.000,00 x 0,012 = 120,00 10.240,00 10.120,00 x 0,012 = 121,44 10.241,443 10.000,00 x 0,012 = 120,00 10.360,00 10.241,44 x 0,012 = 122,90 10.364,344 10.000,00 x 0,012 = 120,00 10.480,00 10.364,34 x 0,012 = 124,37 10.488,71

Pela comparação dos dois resultados, percebemos que, para o primeiro período,

em ambos os sistemas, os resultados são iguais. A partir do segundo período, contudo,

os juros e, consequentemente, o saldo final, são maiores no sistema de juros compostos,

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devido a capitalização dos juros. No último período, encontramos uma diferença de

R$ 88,71.

Diferentemente do sistema de juros simples, o sistema de juros compostos é

utilizado em quase todos os cálculos financeiros que envolvem o valor do dinheiro no

tempo como: empréstimos bancários, aplicações em fundos e poupanças e cálculos

financeiros para escolha de alternativas de investimentos.

2.3.3. SISTEMA DE JUROS SIMPLES (TABELA 1)

a) CÁLCULO DO MONTANTE (VALOR FUTURO)

Qual o montante produzido por uma aplicação de R$ 10.000,00, pelo prazo de 4

meses, à uma taxa de juros simples de 1,2% ao mês?

a1) FÓRMULA MATEMÁTICA:

FV = PV x (1 + i x n)

Temos:

PV = 10.000,00

i = 1,2%

n = 4 meses

FV = ?

FV = 10.000,00 x (1 + 0,012 x 4)

FV = 10.000,00 [ENTER] 0,012 [ENTER] 4 [x] 1 [+] [x]

FV = 10.480,00

a2) UTILIZANDO A PLANILHA EXCEL

FV =PV*(1+ i*n)

FV =10.000,00*(1+(0,012*4)) = 10.480,00

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b) CÁLCULO DO VALOR PRESENTE

Qual o valor do capital inicial que, aplicado por um prazo de 4 meses, à uma

taxa de juros simples de 1,2% ao mês, produz um montante de R$ 10.480,00?

b1) FÓRMULA MATEMÁTICA:

PV = FV / (1 + i x n)

Temos:

FV = 10.480,00

i = 1,2%

n = 4 meses

PV = ?

PV = 10.480,00 / (1 + 0,012 x 4)

PV = 10.480,00 [ENTER] 0,012 [ENTER] 4 [x] 1 [+] [÷]

PV = 10.000,00

b2) UTILIZANDO A PLANILHA EXCEL

PV =FV/(1+i*n)

PV =10.480,00/(1+(0,012*4)) = 10.000,00

c) CÁLCULO DA TAXA DE JUROS

Qual a taxa de juros de juros simples necessária para que um capital

inicial de R$ 10.000,00, aplicado durante 4 meses, produza um montante de R$

10.480,00?

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c1) FÓRMULA MATEMÁTICA

i = (FV / PV –1) / n

Temos:

FV = 10.480,00

PV = 10.000,00

n = 4 meses

i = ?

i = (10.480,00 / 10.000,00 –1) / 4

10.480,00 [ENTER] 10.000,00 [÷] 1 [-] 4 [÷] 100 [x]

i = 1,2%

c2) UTILIZANDO A PLANILHA EXCEL

i =(FV/PV-1)/n

i =(10.480,00/10.000,00-1)/4 = 0,012 ou 1,2%

d) CÁLCULO DO PRAZO

Qual o prazo necessário para que uma aplicação de R$ 10.000,00, aplicada à

uma taxa de juros simples de 1,2% ao mês, produza um montante de R$ 10.480,00?

d1) FÓRMULA MATEMÁTICA

n = (FV / PV – 1) / i

Temos:

FV = 10.480,00

PV = 10.000,00

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i = 1,2%

n = ?

n = (10.480,00 / 10.000,00 –1) / 0,012

n = 10.480,00 [ENTER] 10.000,00 [÷] 1 [-] 0,012 [÷]

n = 4 (meses)

d2) UTILIZANDO A PLANILHA EXCEL

n=(FV/PV-1)/i

n =(10.480,00/10.000,00-1)/0,012 = 4 (meses)

e) CÁLCULO DOS JUROS

Qual o valor dos juros produzidos por uma aplicação de R$ 10.000,00, aplicada

à uma taxa de juros simples de 1,2% ao mês, durante o prazo de 4 meses?

e1) FÓRMULA MATEMÁTICA

J = PV x i x n

Temos:

PV = 10.000,00

i = 1,2%

n = 4 meses

J = ?

J = 10.000,00 x 0,012 x 4

J = 10.000,00 [ENTER] 0,012 [ENTER] 4 [x] [x]

J = 480,00

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e2) UTILIZANDO A PLANILHA EXCEL

J =PV*i*n

J =10.000,00*0,012*4 = 480,00

2.3.4. SISTEMA DE JUROS COMPOSTOS (TABELA 1)

a) CÁLCULO DO MONTANTE (VALOR FUTURO)

Qual o montante produzido por uma aplicação de R$ 10.000,00, pelo prazo de 4

meses, à uma taxa de juros compostos de 1,2% ao mês?

a1) FÓRMULA MATEMÁTICA:

FV = PV x (1 + i)n

Temos:

PV = 10.000,00

i = 1,2%

n = 4 meses

FV = ?

FV = 10.000,00 x (1 + 0,012)4

FV = 10.000,00 [ENTER] 1,012 [ENTER] 4 [yx] [x] = 10.488,71

a2) UTILIZANDO A CALCULADORA HP-12C

[f] [FIN] 10.000,00 [CHS] [PV] 1.2 [i] 4 [n] [FV] = 10.488,71

a3) UTILIZANDO A PLANILHA EXCEL

FV = PV*(1+i)^n

FV =10.000,00*(1+0,012)^4 = 10.488,71

b) CÁLCULO DO VALOR PRESENTE

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Qual o valor do capital inicial que, aplicado por um prazo de 4 meses, à uma

taxa de juros compostos de 1,2% ao mês, produz um montante de R$ 10.488,71?

b1) FÓRMULA MATEMÁTICA:

PV = FV / (1 + i)n

Temos:

FV = 10.488,71

i = 1,2%

n = 4 meses

PV = ?

PV = 10.488,71 [ENTER] 1,012 [ENTER] 4 [yx] [÷] = 10.000,00

b2) UTILIZANDO A CALCULADORA HP-12C

[f] [FIN] 10.488,71 [CHS] [FV] 1.2 [i] 4 [n] [PV] = 10.000,00

b3) UTILIZANDO A PLANILHA EXCEL

PV =FV/(1 + i)^ n

PV =10.488,71/(1+0,012)^4 = 10.000,00

c) CÁLCULO DA TAXA DE JUROS

Qual a taxa de juros compostos necessária para que um capital inicial de

R$ 10.000,00, aplicado durante 4 meses, produza um montante de R$ 10.488,71?

c1) FÓRMULA MATEMÁTICA

i = (FV/PV)1/n - 1

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Temos:

FV = 10.488,71

PV = 10.000,00

n = 4 meses

i = ?

i = 10.488,71 [ENTER] 10.000,00 [÷]1 [ENTER] 4 [÷] [yx] 1 [-] 100 [x]

i = 1,2%

c2) UTILIZANDO A CALCULADORA HP-12C

[f] [FIN] 10.000,00 [CHS] [PV] 10.488,71 [FV] 4 [n] [i] = 1,2%

c3) UTILIZANDO A PLANILHA EXCEL

i =(FV/PV)1/n –1

i =((10.488,71/10.000,00)^ (1/4) -1) = 0,012 ou 1,2%

d) CÁLCULO DO PRAZO

Qual o prazo necessário para que uma aplicação de R$ 10.000,00, aplicada à

uma taxa de juros compostos de 1,2% ao mês, produza um montante de R$ 10.488,71?

d1) FÓRMULA MATEMÁTICA

n = ln (FV / PV) / ln (1 + i)

FV = 10.488,71

PV = 10.000,00

i = 1,2%

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n = ?

n = ln (10.488,71 / 10.000,00) / ln (1 + 0,012)

n = 10.488,71 [ENTER] 10.000,00 [÷] [g] [LN] 1,012 [g] [LN] [÷]

n = 4 (meses)

obs: LN = logaritmo neperiano ou natural

d2) UTILIZANDO A CALCULADORA HP-12C

[f] [FIN] 10.488,71 [CHS] [FV] 10.000,00 [PV]1.2 [i] [n] = 4 (meses)

d3) UTILIZANDO A PLANILHA EXCEL

n =ln(FV/PV)/ln(1+i)

n =ln(10.488,71/10.000,00)/ln(1+ 0,012)

n = 4 (meses)

e) CÁLCULO DOS JUROS

Qual o valor dos juros produzidos por uma aplicação de R$ 10.000,00, aplicada

à uma taxa de juros compostos de 1,2% ao mês, durante o prazo de 4 meses?

e1) FÓRMULA MATEMÁTICA

J = PV x ((1 + i)n – 1)

Temos:

PV = 10.000,00

i = 1,2%

n = 4 meses

J = ?

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J = 10.000,00 x ((1 + 0,012)4 – 1)

J = 10.000,00 [ENTER] 1,012 [ENTER] 4 [yx] 1 [-] [x]

J = 488,71

e2) UTILIZANDO A CALCULADORA

[f] [FIN] 10.000,00 [CHS] [PV] 1.2 [i] 4 [n] [FV] = 10.488,71

Sabendo-se que: J = FV – PV, temos que:

J = 10.488,71 – 10.000,00 = 488,71

e3) UTILIZANDO A PLANILHA EXCEL

J =PV*((1+ i)n –1)

J = 10.000,00*((1+0,012)^4-1)

J = 488,71

2.3.5. TAXA REAL

A taxa de juro pode ser: nominal, efetiva ou real.

Taxa nominal – é aquela negociada para um determinado período de tempo, mas

não é empregada nos cálculos de capitalização.

Taxa efetiva – é aquela que expressa realmente o crescimento do capital.

Por exemplo: Em janeiro de 2001, uma pessoa negociou com um gerente de

banco uma aplicação em renda fixa à taxa nominal de 1% ao mês, por um período de 12

meses. No final de 12 meses, o rendimento final será de 12,68% (taxa efetiva) e não

12% (taxa nominal), porque os rendimentos são capitalizados mensalmente

(adicionados ao valor da aplicação).

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Taxa real – é a taxa obtida, descontando-se da taxa efetiva, o percentual

correspondente à inflação do período da aplicação.

No exemplo acima, a rentabilidade efetiva (não considerada a inflação do

período) foi de 12,68% ao ano. Entretanto, para sabermos a rentabilidade real (que

supera a inflação) é necessário considerarmos os efeitos da inflação no mesmo período

da aplicação.

Como a inflação, medida pelo IPCA, do IBGE, atingiu 7,67% naquele ano, a

taxa real, deve ser calculada aplicando-se a fórmula de Fisher:

Taxa real = (1 + i) / (1 + I) – 1

Onde:

i = Taxa efetiva da aplicação

I = Taxa de inflação do período

Taxa real = (1 + 0,1268) / (1 + 0,0767) - 1

Taxa real = 1,1268 [ENTER] 1,0767 [÷] 1 [-] 100 [x]

Taxa real = 4,65%

TAXA REAL LÍQUIDA

Supondo-se que o rendimento da aplicação acima seja tributado pelo imposto de

renda à alíquota de 20%, para calcular a taxa real líquida, a fórmula seria a seguinte:

Taxa real líquida = ((1 + (i x (1 - ir)) / (1 + I) – 1

Onde:

i = Taxa efetiva da aplicação

I = Taxa de inflação do período

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ir = Alíquota do imposto de renda (forma decimal)

Taxa real líquida = ((1 + (0,1268 x (1 – 0,20)) / (1 + 0,0767) – 1

Taxa real líquida = 1 [ENTER] 0,1268 [ENTER] 1 [ENTER] 0,20 [-] [x] [+]

1,0767 [÷] 1 [-] 100 [x] = 2,30%

COMO CALCULAR A INFLAÇÃO DE UM PERÍODO (dois ou mais

meses)

Para saber se a rentabilidade de seu investimento superou a inflação num

determinado período, é preciso calcular a inflação acumulada nesse período.

Sabendo-se que a inflação medida pelo IGP-M, da Fundação Getúlio Vargas,

durante os meses de outubro, novembro e dezembro de 2001, foi, respectivamente,

1,18%, 1,10% e 0,22%, chega-se à seguinte inflação acumulada no período:

FÓRMULA:

Ia = (1 + n1)x(1 + n2)x(1 + n3) –1

onde:

Ia = inflação acumulada no período

n1, n2, n3 = inflação dos meses 1, 2 e 3

Ia = (1 + 0,0118) x (1 + 0,0110) x (1 + 0,0022) – 1

Ia = 1,0118 [ENTER] 1,0110 [x] 1,0022 [x] 1 [-] 100 [x]

Ia = 2,52%

2.3.6. TAXAS DE JUROS EQUIVALENTES

São aquelas que, utilizadas com períodos de capitalização diferentes,

transformam um mesmo capital em um mesmo montante.

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1. Para calcular a taxa de juros que, relativa ao um período maior, é equivalente

à uma taxa dada para um período menor:

Por exemplo: Para se determinar a taxa anual equivalente à taxa de 1,2% ao mês.

a) CÁLCULO ATRAVÉS DA FÓRMULA MATEMÁTICA

i1 = (1 + i2) q/t - 1

Onde:

i1 = taxa de juros procurada

i2 = taxa de juros atual

q = período de tempo da taxa equivalente procurada

t = período de tempo da taxa conhecida

i1 = (1 + 0,012) 360/30 – 1

i1 = 1,012 [ENTER] 360 [ENTER] 30 [÷] [yx] 1 [-] 100 [x]

i1 = 15,39%

b) UTILIZANDO A PLANILHA EXCEL:

i1 =(1 + i2)^q/t-1

i1 =((1 + 0,012)^(360/30)–1) = 0,1539 ou 15,39%

2. Para se utilizar quando, dada a taxa de juros relativa ao período maior,

queremos saber qual a taxa que, sendo relativa a uma certa fração do período

considerado, lhe seja equivalente:

Por exemplo: Para se determinar a taxa mensal equivalente à taxa de 15,39% ao

ano.

a) CÁLCULO ATRAVÉS DA FÓRMULA MATEMÁTICA

i1 = (1 + i2) q/t – 1

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Onde:

i1 = taxa de juros procurada

i2 = taxa de juros atual

q = período de tempo da taxa equivalente procurada

t = período de tempo da taxa conhecida

i1 = (1 + 0,1539) 30/360 – 1

i1 = 1,1539 [ENTER] 30 [ENTER] 360 [÷] [yx] 1 [-] 100 [x]

i1 = 1,2% ao mês.

b) UTILIZANDO A PLANILHA EXCEL:

i1 =(1+ i2)^(q/t)-1

i1 =(1+ 0,1538)^(30/360)–1 = 0,012 ou 1,2%

2.3.7. ESCOLHA DE ALTERNATIVAS: COMPRAR A PRAZO OU À

VISTA?

A decisão de comprar a prazo ou à vista envolve conceitos mais complexos de

matemática financeira e, geralmente, é mais fácil calcular com a utilização de uma

calculadora financeira.

Dependendo dos juros embutidos nas prestações de um crediário, pode ser mais

vantagem pagar à vista do que deixar o seu dinheiro numa aplicação que pague um juro

inferior àquele que você vai pagar no crediário.

Situação 1. Suponha-se que uma pessoa quer comprar um computador que, à

vista, custa R$ 1.350,00, e está em oferta em três parcelas mensais iguais de R$ 500,00,

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sem entrada. Será mais vantagem comprar a prazo ou à vista, sabendo-se que o dinheiro

do comprador está aplicado à uma taxa de 1,08% ao mês?

OPÇÃO 1 – Compra a prazo, em três parcelas de R$ 500,00.

Nesta opção a pessoa vai pagar 3 x 500,00 = 1.500,00

OPÇÃO 2 – Compra à vista.

Para isso, temos que calcular o montante que o valor de R$ 1.350,00, aplicado à

taxa de 1.08%, produziria, no final de três meses. Para isso, temos:

Temos:

PV = 1.350,00

i = 1,08%

n = 3 meses

FV = ?

a) FÓRMULA MATEMÁTICA

FV = PV x (1 +i)n

FV = 1.350,00 x (1 + 0,0108) 3 =

FV = 1.350,00 [ENTER] 1,0108 [ENTER] 3 [yx] [x]

FV = 1.394,21

b) UTILIZANDO A CALCULADORA HP-12C

[f] [FIN] 1.350,00 [CHS] [PV] 1.08 [i] 3 [n] [FV] = 1.394,21

c) UTILIZANDO A PLANILHA EXCEL

FV =PV*(1+i)^n

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FV =1.350,00*(1+0,0108)^ 3 = 1.394,21

Como decidir? Deve-se escolher a alternativa com menor desembolso. Como o

montante da aplicação de R$ 1.350,00 (R$ 1.394,21) é menor do que o pagamento em

três parcelas de R$ 500,00 (R$ 1.500,00), a opção 2 – comprar á vista é a que tem

menor desembolso para o comprador.

Se quisermos saber qual a taxa embutida no valor das prestações, temos que:

PV = 1.350,00

PMT = -500,00

n = 3

i = ?

[f] [FIN] [g] [END]1.350,00 [ENTER] [PV] 500,00 [CHS] [PMT] 3 [n] [i] =

5,46%.

Obs: a sua aplicação renderia, no mesmo período, apenas, 3,28% de juros.

Situação 2. Uma loja de eletrodomésticos oferece duas alternativas para pagar a

compra de uma televisão de R$ 650,00. a) à vista com 2% de desconto b) com cheque

pré-datado de R$ 650,00 para 30 dias.

Qual a melhor alternativa considerando-se que o dinheiro do comprador está em

uma aplicação que rende 1,15% de juros ao mês?

OPÇÃO A – Compra à vista, com 2% de desconto.

650,00 x (1 – 0,02) = R$ 637,00

OPÇÃO B – Com cheque pré-datado de R$ 650,00 para 30 dias.

Para compararmos com a opção a, deve-se calcula o valor presente do

pagamento com cheque para 30 dias, considerando uma taxa de juros de 1,15% ao mês.

Com isso, teremos os dois valores comparados na mesma data.

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Temos:

FV = 650,00

i = 1,15% ao mês

n = 1 mês

PV = ?

a) FÓRMULA MATEMÁTICA

PV = FV / (1 + i)

PV = 650,00 / (1 + 0,0115)

PV = 650,00 [ENTER] 1,0115 [÷] = 642,61

b) UTILIZANDO A CALCULADORA HP-12C

[f] [FIN] 650,00 [CHS] [FV] 1.15 [i] 1 [n] [PV] = 642,61

b) UTILIZANDO A PLANILHA EXCEL

PV =FV/(1+i)

PV = 650,00/(1+0,0115) = 642,61

Solução: A alternativa (a) é a melhor opção, pois o desembolso é menor.

2.3.8. REAJUSTE DE PREÇOS

Um reajuste significa a atualização de um determinado valor, mediante a

aplicação da variação ocorrida em um indicador econômico, em um determinado

período de tempo. Normalmente, os contratos de prestação de serviços, as tarifas, como

de ônibus e de avião, são reajustadas periodicamente, na medida em que os custos dos

serviços sofrem variação que possam comprometer o lucro do prestador do serviço.

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1. REAJUSTES UTILIZANDO APENAS UM INDICADOR

ECONÔMICO

Normalmente, utilizado para reajustes de contratos de prestação de serviços,

quando o contrato prevê um único indicador de correção a ser utilizado.

P1 = (P2 x I1) / Io

Onde:

P1 = Preço reajustado

P2 = Preço sem reajuste

Io = Índice anterior, quando do último reajuste

I1 = Índice atual, na data do reajuste.

Exemplo: Suponha que um contrato de prestação de serviços, no valor de

R$ 20.000,00, contenha um índice de reajuste com base na variação do IGP-M, da

Fundação Getúlio Vargas. E que, na data do fechamento do contrato, em dezembro de

1999, o IGP-M era 195,80. Como o reajuste do contrato é anual e, em dezembro de

2000, o IGP-M era 216,11, o novo valor reajustado será:

P1 = (20.000,00 x 216,11) / 195,80 = R$ 22.074,57

2. REAJUSTES UTILIZANDO MAIS DE UM INDICADOR

ECONÔMICO

Essa forma de reajuste é muito utilizada por empresas que trabalham com

serviços públicos, empresas de transportes coletivos, empresas de transportes aéreos, a

maioria das empresas que têm seus preços controlados pelo Governo e por qualquer

empresa para reajustar o seu preço de venda de forma a cobrir todos os aumentos de

seus insumos. Essa forma de reajuste utiliza vários indicadores, dependendo da

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incidência de cada indicador sobre determinado item de custo, como por exemplo:

Salários podem ser corrigidos pelo índice de inflação (IPCA); os combustíveis têm,

geralmente, seus preços controlados pelo Governo e sofre influência do preço do barril

de petróleo nos EUA.

Primeiramente, deve-se determinar a influência de cada item de custo no total

de custos da empresa, sob a forma de porcentagem. A soma de todos os percentuais

deve, naturalmente, ser 100%.

FÓRMULA MATEMÁTICA:

V1 = V2 x {1 + a ((I1 – I2)/I2) + b ((J1 – J2)/J2) + …. + n ((K1 – K2)/K2))}

Onde:

V1 é o valor original da tarifa ou preço

V2 é o valor reajustado da tarifa ou preço

a, b … n são os percentuais que indicam a influência de cada índice econômico

no valor do item de custo.

I, J .... K são os indicadores econômicos

SOLUÇÃO PRÁTICA:

Supondo os custos apresentados na planilha a seguir, relativos a dois períodos

em análise, a participação de cada um no custo total de uma empresa de transportes

interestaduais e que a tarifa atual seja R$ 255,00, deve-se calcular o novo preço

reajustado da seguinte forma:

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TABELA 3. PLANILHA DE REAJUSTE DE PREÇO

Item de Custo Partic. Custo Custo Variação Índice de % Anterior Atual % CorreçãoA B C D E F

Salários 29% 2.500,00 3.000,00 0,2000 0,0581 Combustível 41% 3.500,00 3.800,00 0,0857 0,0349 Peças 21% 1.800,00 2.300,00 0,2778 0,0581 Despesas Operacionais 9% 800,00 1.200,00 0,5000 0,0465Total 100% 8.600,00 10.300,00 0,1977

Cálculos:

Coluna B – resultado da divisão de cada item da coluna C pelo total da coluna C,

ou seja, é o peso de cada item no custo total.

Coluna C – custo total de cada item no período até o último reajuste.

Coluna D - custo total de cada item no período após o último reajuste.

Coluna E - é a variação da coluna D em relação à coluna C, resultante da

seguinte fórmula : D / C – 1. Se o item está sujeito a um determinado índice de reajuste,

como por exemplo, o IGP-M, em vez de utilizar essa fórmula, coloque nessa coluna a

variação desse índice no período.

Coluna F - resultado da multiplicação da coluna B pela coluna E.

O índice final de correção será o resultado da seguinte fórmula:

(1 + total coluna F) = 1 + 0,1977 = 1,1977

O novo preço da tarifa será o resultado do índice encontrado multiplicado pelo

valor anterior da tarifa:

Tarifa reajustada = 1,1977 x 255,00 = R$ 305,41.

2.3.9. CÁLCULO DA INFLAÇÃO PESSOAL

Cada um de nós tem uma inflação pessoal que, certamente, é bem diferente

daquela calculada pelo Governo, que inclui itens médios de custo de uma determinada

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camada da população e de algumas regiões do país. Esses itens utilizados pelo Governo

não variam da mesma forma para todas as pessoas. Os itens de custo que afetam sua

inflação pessoal têm muito a ver com a localidade onde você mora, os itens consumidos

por você e com a lei da oferta e da procura. Por exemplo: O item educação, para você,

pode ser representativo, se você tem filhos em idade escolar mas, para outra pessoa que

não tem filhos, esse item não tem influência na sua inflação.

Para se calcular a inflação pessoal, deve-se utilizar uma planilha similar à

utilizada para o cálculo de reajuste de preço com vários indicadores, mostrada

anteriormente, com pequenas adaptações quanto aos itens de custo considerados.

Por exemplo: No cálculo da inflação do mês de janeiro de 2002, medida pelo

INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), foram os seguintes os itens que mais

influenciaram o índice:

TABELA 3 – CÁLCULO DA INFLAÇÃO DE JANEIRO DE 2002

Item de Custo Peso Variação InflaçãoA B C D

Alimentos 30,08% 0,89% 0,27 Botijão de gás 2,25% 18,80% 0,42 Energia elétrica 5,42% 3,91% 0,21 Ônibus urbano 8,40% 1,50% 0,13 Outros - - 0,04 Inflação do mês 1,07

Coluna A – são os itens que influenciaram a inflação no mês do cálculo.

Coluna B – é o peso de cada item selecionado para cálculo da inflação

Coluna C – é a variação no preço do item entre o mês atual e o mês anterior.

Coluna D – é a variação de cada item no mês do cálculo, resultante da

multiplicação da coluna B pela coluna C.

A inflação do mês é a soma da variação de cada item.

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2.3.10. CÁLCULO DO PREÇO DE VENDA DE UM PRODUTO

As empresas industriais e comerciais, que produzem ou adquirem um produto e

as prestadoras de serviços, que prestam um serviço, tiveram um determinado custo na

produção do produto ou do serviço prestado. A partir daí, elas têm que fixar o preço de

venda do produto ou serviço, de forma a cobrir o custo e, ainda, proporcionar uma

determinada margem de lucro.

Para fixar o preço de venda de um produto ou serviço existem duas maneiras:

a) MARGEM SOBRE O PREÇO (ou cálculo por dentro)

É a maneira mais adotada pelos empresários, pois é a mais fácil. Margem é a

relação percentual de diferença entre o preço de venda e o custo, com o preço de venda.

Exemplo: a) Preço de venda R$ 50,00

b) Preço de custo R$ 25,00

c) Margem (a – b) R$ 25,00

d) Margem % (c / a) 50%

Supondo que um empresário deseje obter uma margem de 50%, partindo do

preço de custo de R$ 25,00, para se achar o preço de venda, utiliza-se a seguinte

fórmula:

PVR = preço custo / (1 – m)

PVR = 25,00 / (1 – 0,50) = 50,00

Onde :

PVR = Preço de venda

m = margem de lucro (%)

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b) MARK-UP OU MARGEM SOBRE O CUSTO (ou cálculo por fora)

É a fixação do preço de venda com base no custo do produto ou serviço. Essa

margem deve cobrir todos os custos e ainda deixar uma margem de lucro.

Supondo que um empresário deseje obter uma margem de 50% sobre o preço de

custo, que é de R$ 25,00, teríamos a seguinte fórmula:

PRV = preço de custo x (1 + m)

PRV = 25,00 x (1 + 0,50) = 25,00 x 1,50 = R$ 37,50

c) INCLUSÃO DOS IMPOSTOS NO PREÇO DE VENDA

Considerando-se no exemplo (b) acima a inclusão dos seguintes impostos que

incidem sobre o preço final de venda (que devem ser calculados por dentro na formação

do preço de venda), com as respectivas alíquotas abaixo relacionadas (no caso do

ICMS, a alíquota varia de acordo com a unidade da federação em que o produto é

comercializado):

ICMS – 18% .

PIS - 0,65%

COFINS – 3%

Qual deverá ser o preço de venda para que a empresa obtenha a mesma margem

de lucro de 50% sobre o preço de venda, líquido de impostos?

FÓRMULA:

PVR = custo / (1 – m) x (1 – (Icms + Pis + Cofins))

Onde:

m = margem de lucro desejada (%)

icms = alíquota do ICMS

Pis = alíquota do Pis

Cofins = alíquota do Cofins

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PRV = 25,00 / ((1 – 0,50) x (1 – (0,18 + 0,0065 + 0,03))

PRV = 25,00 [ENTER] 1 [ENTER] 0,50 [-] 1 [ENTER] 0,18 [-]

0,0065 [-] 0,03 [-] [x] [÷] = 63,81

TESTE:

Preço de venda 63,81

(-) ICMS ( 18% x 63,81) 11,49

(-) PIS ( 0,65 x 63,81) 0,41

(-) COFINS (3% x 63,81) 1,91

(=) Preço líquido de impostos 50,00 = 100,00%

(-) Custo 25,00

(=) Margem de lucro 25,00 = 50,00%

Se essa empresa fosse uma indústria e o produto fosse tributado pelo IPI

(Imposto sobre Produtos Industrializados) à alíquota de 10% sobre o preço de venda,

simplesmente, deve-se acrescentar 10% sobre o preço de venda final calculado

(R$ 63,81), obtendo R$ 70,19, pois o IPI é calculado por fora.

A fórmula que engloba todos os impostos é a seguinte:

FÓRMULA:

PVR = custo / (1 – m) x ((1 – (Icms + Pis + Cofins + Ipi)) / (1 + Ipi))

PRV = 25,00 / (1 – 0,50) x (1 – ((0,18 + 0,0065 + 0,03 + 0,10)) / (1 + 0,10))

PRV = 25,00 [ENTER] 1 [ENTER] 0,18 [ENTER] 0,0065 [+] 0,03 [+] 0,10

[+] 1,10 [÷] [-]1 [ENTER] 0,50 [-] [x] [÷] = 70,19

TESTE:

Preço de venda 70,19

(-) IPI (10% s/preço sem IPI) 6,38 (10% x 61,81)

(=) Preço líquido de IPI 63,81

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(-) ICMS ( 18% x 63,81) 11,49

(-) PIS ( 0,65 x 63,81) 0,41

(-) COFINS (3% x 63,81) 1,91

(=) Preço líquido de impostos 50,00 = 100,00%

(-) Custo 25,00

(=) Margem de lucro 25,00 = 50,00%

Na fixação do preço de venda de um produto ou serviço, o empresário deve levar

em consideração que, nem sempre, ele poderá determinar o preço de venda no nível que

ele deseja, principalmente quando, no mercado em que sua empresa atua, existe uma

acirrada concorrência. Em muitos casos, para calcular o seu preço de venda, ele tem que

partir do preço de venda praticado pela concorrência e, ou diminuir a sua margem de

lucro, ou reduzir os seus custos, para poder competir em igualdade de condições.

2.4. O QUADRANTE DO FLUXO DE CAIXA

O fluxo de caixa de qualquer pessoa é classificado em quatro quadrantes,

segundo a origem dos seus rendimentos. Muitos dependem de salário e, por isso, são

empregados. Outros são autônomos, como médicos, dentistas, advogados, consultores,

etc., que trabalham por conta própria e não têm patrões. Os empregados e os autônomos

ficam nos quadrantes esquerdos do fluxo de caixa. Os quadrantes direitos destinam-se

àqueles cuja renda é proveniente de negócios (empresários) e investimentos próprios

(aqueles que vivem de investimento), como demonstrado no diagrama a seguir:

(Kiyosaki, 2001:21)

E = Empregado D = DonoA = Autônomo I = Investidor

E DA I

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A independência financeira pode ser alcançada em qualquer um dos quatro

quadrantes mas, sem sombra de dúvidas, as habilidades de um “D” ou de um “I”,

certamente vão ajudá-lo a atingir suas metas financeiras mais rapidamente. É lógico que

um “E” ou um “A” bem-sucedidos, também, poderão se tornar um “I” bem-sucedido.

O Quadrante do Fluxo de Caixa representa diferentes formas pelas quais a renda

ou o dinheiro é ganho. Por exemplo, um empregado ganha dinheiro mantendo um

emprego e trabalhando para uma empresa. Autônomos ganham dinheiro trabalhando

para si próprios. O dono tem uma empresa que gera dinheiro e o investidor ganha

dinheiro de vários investimentos - em outras palavras, dinheiro gerando dinheiro.

Diferentes formas de geração de renda exigem diferentes mentalidades,

diferentes habilidades técnicas, diferentes tipos de educação e diferentes tipos de

pessoas.

A maioria de nós pode gerar renda em qualquer um dos quadrantes. O quadrante

que escolhemos para ganhar nossa renda principal não é aprendido na escola. É mais o

que nós somos na essência, nossos valores básicos e interesses pessoais. São esses

valores essenciais que nos atraem para ou nos repelem de um desses quatro quadrantes.

Mesmo assim, independentemente do que fazemos em termos profissionais,

podemos ganhar dinheiro nos quatro quadrantes. Por exemplo, um engenheiro pode

optar por obter sua renda na forma de um “E”, como empregado de uma empresa de

construção civil.

O mesmo engenheiro poderia decidir tornar-se um “A”, um autônomo e montar

um escritório para dar consultoria à empresas. Ou ainda, poderia montar uma empresa

de construção e contratar outros engenheiros como empregados. Nesse caso, contrataria

uma outra pessoa para administrar a organização. Ele seria dono do negócio, mas não

trabalharia nele.

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Como um “I”, o engenheiro também geraria renda como investidor em negócios

de terceiros ou através de investimentos no mercado financeiro ou no mercado

imobiliário.

Vale notar que você pode ser rico ou pobre em todos os quatro quadrantes. Há

pessoas que ganham milhões e pessoas que abrem falência em todos os quadrantes.

Estar em um quadrante ou no outro não garante, necessariamente, a independência

financeira.

As diferenças fundamentais porque uma pessoa escolhe um dos quadrantes para

obter sua renda depende de fatores emocionais, motivacionais ou culturais. A seguir,

encontram-se os aspectos principais que diferenciam as pessoas de um quadrante das do

outro:

Quadrante “E” – Empregado. O principal motivo que atrai essas pessoas para

esse quadrante é a “segurança”. Para essas pessoas dinheiro não é o mais importante.

Mas a certeza de que, no fim do mês, terão garantido um contra-cheque e um

seguro-saúde pago pela empresa, lhes traz segurança e tranqüilidade. Mesmo que, para

isso, elas tenham que trabalhar, muitas vezes, mais de dez horas por dia. Que não

tenham tempo para a sua família ou para o lazer. Que tenham que aturar chefes

autoritários e medíocres. Mesmo que elas venham a perder o emprego várias vezes, elas

sempre irão procurar um novo emprego porque, para elas, emprego representa

segurança.

Quadrante “A” – Autônomo. A palavra chave dessas pessoas é “independência”.

Para essas pessoas o mais importante é ser seu próprio patrão. Elas não gostam de

receber ordens e gostam de fazer o seu próprio horário. O verdadeiro “A” não gosta que

sua renda dependa de outras pessoas. As pessoas desse quadrante reagem ao medo, não

procurando segurança, mas assumindo o controle da situação e fazendo elas mesmas.

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Sua renda total só depende delas mesmas. Essas pessoas são, essencialmente,

perfeccionistas acirradas. A maioria acha que ninguém sabe fazer as coisas melhor do

que elas, por isso, não confiam em ninguém para fazer o que elas fazem do jeito que

acham que é “o certo”.

O grande problema dessas pessoas é que, como a sua renda depende somente

delas, trabalham demasiadamente por horas a fio porque, quanto mais elas trabalham,

mais dinheiro ganham. Apesar de serem pessoas com uma boa formação acadêmica

(professores, médicos, dentistas), a expectativa de vida delas é baixa, porque são

pessoas que trabalham mais do que a média da população, muitas vezes, em vários

locais. Vivem em constante estresse e, dificilmente, tiram férias. Em função do volume

de trabalho, a maioria não aproveita o dinheiro que ganha.

Quadrante “D” – Dono. A palavra chave dessas pessoas é “liderança”. Elas têm

a habilidade de trazer à tona o que as pessoas têm de melhor. As pessoas desse

quadrante são quase o oposto do “A”. Enquanto as pessoas do quadrante “A” não

gostam de delegar trabalho (porque ninguém faz melhor do que elas), o verdadeiro “D”

delega e adota a seguinte premissa: “Por que fazer eu mesmo, se eu posso contratar

alguém para fazer o trabalho para mim, e fazer melhor?”

O segredo dessas pessoas é utilizar um bem precioso que a maioria das pessoas

não dão valor – o tempo. Essas pessoas ganham dinheiro contratando o “tempo” das

pessoas. Enquanto as pessoas dos quadrantes “E” e “A” procuram segurança, essas

pessoas procuram liberdade.

Para serem bem sucedidas no quadrante “D”, é necessário que as pessoas

possuam algumas habilidades técnicas, como o conhecimento de demonstrações

financeiras, marketing, vendas, gerência, negociação e, principalmente, saber como

liderar pessoas.

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Os verdadeiros “D” podem deixar seus negócios por um período e, ao voltarem,

vão encontrá-los ainda mais lucrativos e bem administrados. Num negócio tipo “A”, se

o “A” deixá-lo por algum tempo, pode acontecer que não haja mais negócio quando ele

voltar.

Quadrante “I” – Investidor. A palavra chave dessas pessoas é “liberdade”. Os

investidores ganham dinheiro a partir do dinheiro, ou seja, eles colocam o dinheiro para

trabalhar para eles.

Independentemente do quadrante no qual as pessoas ganham dinheiro, se elas

quiserem ficar ricas algum dia, devem passar a gerar renda, também, no quadrante “I”.

É nesse quadrante que o dinheiro se converte em riqueza. Enquanto as pessoas do

quadrante “D” usam o tempo das outras pessoas para ganhar dinheiro, as pessoas do

quadrante “I” colocam o dinheiro para trabalhar para elas e, muitas vezes, usam o

dinheiro das outras pessoas para ganhar dinheiro.

2.5. O PLANEJAMENTO FINANCEIRO

Você ganhou ou perdeu dinheiro no ano passado? Seu patrimônio cresceu ou

diminuiu? E para este ano, qual é a estimativa de crescimento do seu patrimônio?

Provavelmente, você não tem a menor idéia de como responder a essas perguntas. Não

se assuste. A maioria das pessoas, também, não sabe como respondê-las.

Planejamento financeiro significa organizar a vida financeira de forma que se

possa sempre ter reservas para os imprevistos da vida e, sistematicamente, construir

uma independência financeira que garanta, na aposentadoria, uma renda suficiente para

uma vida tranquila e confortável.

O planejamento financeiro e o controle de gastos são fatores essenciais para se

alcançar a independência financeira.

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Pergunte as pessoas para definir o conceito de “rico”. A maioria dará a definição

encontrada no dicionário Aurélio: “Rico é aquele que possui muitos bens e coisas de

valor”.

Entretanto, muitas pessoas possuem muitos bens de valor e têm um alto padrão

de vida às custas de um alto nível de endividamento. O verdadeiro rico é aquele que

sente muito mais prazer em possuir um considerável número de bens de valor, do que

ficar demonstrando status social através de um estilo consumista. A riqueza de uma

pessoa ou seu patrimônio líquido pessoal é a diferença entre o Ativo (o que ela possui:

depósitos em bancos, aplicações financeiras, ações de empresas, veículos, bens imóveis,

etc.) e o Passivo (o que ela deve: dívidas a pagar: cartão de crédito, financiamentos

bancários, crediários, etc). Se o passivo for maior do que o ativo, seu patrimônio pessoal

será negativo, ou porque você se endividou para comprar ativos ou porque gastou muito

mais do que ganhou. Logo, se o passivo for maior do que o ativo, a pessoa pode

“aparentar” rica e ser pobre.

Após uma pesquisa que durou vários anos, os autores do livro The millionaire

next door (O milionário mora ao lado),20 definiram uma fórmula que, a partir da idade

de uma pessoa e da sua renda anual, qual deve ser o patrimônio líquido ideal esperado

para que uma pessoa esteja incluída no rol dos “financeiramente independentes”.

“Multiplique sua idade pelo total da sua renda bruta anual de todas

as fontes, antes do imposto de renda (exceto heranças) e divida o

resultado por dez. Esse é o valor que deveria ser o seu patrimônio

líquido ideal esperado”.

Patrimônio líquido esperado = (Renda bruta anual x idade) / 10

20 STANLEY, Thomas J; DANKO, William D. in: op. cit. p.13

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O primeiro passo para se preparar um planejamento financeiro é determinar o

seu patrimônio líquido (riqueza) e o seu fluxo de caixa líquido, para saber para onde

está indo o seu dinheiro.

Para se chegar ao patrimônio líquido efetivo de uma pessoa, deve-se levantar o

seu Balanço Patrimonial, que é composto pelos seguintes grupos:

Ativo é o conjunto formado pelos bens e direitos e o Passivo que é formado

pelas dívidas de curto (até 12 meses) e longo prazo (mais de 12 meses). A diferença

entre o Ativo e o Passivo representa a sua riqueza ou patrimônio líquido. Quanto maior

o patrimônio líquido, maior será a sua riqueza. Você pode aumentar a sua riqueza de

duas maneiras: aumentando o ativo ou diminuindo as dívidas.

TABELA 4. BALANÇO PATRIMONIAL DE UMA PESSOA FÍSICA

ATIVO PASSIVOBens e Direitos Dívidas a Pagar Dinheiro em Bancos 1.500,00 Cartões de Crédito 2.000,00 Caderneta de Poupança 20.000,00 Financiamentos: Fundo de Renda Fixo DI 15.000,00 Automóvel 12.000,00 Ações de Empresas 10.000,00 Apartamento 160.000,00 FGTS 30.000,00 Impostos e Taxas a Pagar 2.500,00 Fundo de Pensão 70.000,00 Total das Dívidas 176.500,00 Apartamento 80.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Automóvel 25.000,00 Bens e Direitos - Dívidas 75.000,00 (251.500,00 – 75.000,00) TOTAL DO ATIVO 251.500,00 TOTAL DO PASSIVO 251.500,00

2.5.2. O FLUXO DE CAIXA

O Fluxo de Caixa de uma pessoa física (tabela 5) é similar à Demonstração de

Resultados de uma empresa. É o detalhamento mensal das suas rendas e das suas

despesas. A diferença entre as rendas e as despesas vai indicar para onde está indo o seu

dinheiro. Se a diferença for positiva, o saldo estará indo para o seu bolso ou,

normalmente, para a sua conta bancária. Se a diferença for negativa, significa que você

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gastou mais do que recebeu. Nesse caso, vai ocorrer o seguinte: se você tinha saldo na

conta bancária, esse saldo será reduzido. Se você não tinha saldo em sua conta, você

estará entrando em uma forma de dívida bastante onerosa: o “cheque especial”, sobre a

qual são cobrados juros exorbitantes!

É aconselhável que a projeção do Fluxo de Caixa seja preparada para o ano

inteiro. Dessa forma, a pessoa vai ter uma estimativa de quanto será seu saldo

disponível acumulado até o fim do ano e poderá planejar sua vida financeira com

antecedência. O demonstrativo a seguir é um resumo do fluxo de caixa apresentado por

total de categorias de gastos, que devem ser detalhadas em anexo.

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1.3

00 1

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1.4

00 1

.450

1.5

00 1

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85

2.5.3. O CONTROLE MENSAL DE GASTOS

Se você está tendo problemas com o seu fluxo de caixa mensal, por não

ter mantido um planejamento inteligente da sua vida financeira, você está

gastando mais do que ganha. O primeiro passo é saber quais são,

efetivamente, os seus gastos mensais, analisando-os por categoria e

determinando a participação percentual de cada uma no total de gastos

mensais, para saber quais são os gastos mais relevantes no seu orçamento

mensal. A partir daí, você poderá definir onde reduzir seus gastos para

equilibrar o seu orçamento mensal ou torná-lo superavitário (renda maior do

que a despesa).

Para isso, utilize o modelo a seguir, devidamente adaptado às suas

necessidades:

As categorias de gastos poderão abranger:

1. MORADIA – prestação ou aluguel, condomínio, IPTU, gás, luz, telefones,

TV a cabo, seguro do apartamento, taxa de incêndio, empregada, reformas,

aquisições de móveis e utensílios domésticos, provedor de Internet, etc.

2. ALIMENTAÇÃO – supermercado, padaria, feira, restaurante, etc

3. CONDUÇÃO – prestação do carro, combustível, pedágio, passagens de

ônibus, táxi, IPVA, manutenção do carro, seguro do carro, etc.

4. HIGIENE E SAÚDE – Seguro-saúde, médicos, dentistas, farmácia, hospital,

clínicas, academia de ginástica, cabeleireiros, manicuras, etc.

5. EDUCAÇÃO – mensalidade escolar, cursos, seminários, livros, revistas,

jornais, etc

6. LAZER – viagens, restaurantes e bares, hobbies, taxa de manutenção de

clubes, etc.

7. VESTUÁRIO – roupas, calçados, jóias, etc

8. CARTÕES E CREDIÁRIOS – cartões de crédito, crediários, empréstimos

pessoais, etc

9. PRESENTES – presentes em geral.

10. OUTROS GASTOS – gastos não enquadrados nos itens anteriores.

Page 86: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … SEGUNDO FILHO.pdf · 1 Mauro Halfeld, in “Investimentos: Como administrar melhor o seu dinheiro”. p.13. 2 Idem. p.17. 12 Segundo

86

A planilha de controle mensal de gastos deverá ser elaborada para cada

mês e servirá de base para preenchimento das categorias de despesas no

demonstrativo de fluxo de caixa mensal. Ela deverá conter cinco colunas, que

serão assim utilizadas:

Coluna 1 – Itens: Relacionar todos os itens de gastos dentro de cada

categoria, de acordo com suas necessidades.

Coluna 2 - Gastos atuais: Informar os valores atuais de item de gasto.

Coluna 3 - Calcular o percentual de cada item em relação ao total de

gastos

Coluna 4 - Após análise de seus gastos, informar os valores de cada

item que poderão ser reduzidos (itens supérfluos, desnecessários, etc).

Coluna 5 - Colocar a diferença entre a coluna 2 e coluna 4. Este será o

seu novo nível de gastos

TABELA 6. PLANILHA DE CONTROLE MENSAL DE GASTOS

Itens gastos partic reduções gastos

atuais % possíveisajustado

s MORADIA Prestação/aluguel 950 18% 950 Condomínio 350 7% 350 Subtotal 1300 25% 0 1300 ALIMENTAÇÃO Supermercado 500 10% 500 Feira 350 7% 50 300 Subtotal 850 16% 50 800 CONDUÇÃO Combustível 500 10% 100 400 Manutenção 1000 19% 1000 Subtotal 1500 29% 100 1400 HIGIENE E SAÚDE Médicos 120 2% 120 Farmácia 180 3% 180 Subtotal 300 6% 0 300 EDUCAÇÃO Mensalidades 150 3% 150 Livros 50 1% 50 Subtotal 200 4% 0 200 TOTAL DE GASTOS 5.250 100% 380 4.870

Page 87: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … SEGUNDO FILHO.pdf · 1 Mauro Halfeld, in “Investimentos: Como administrar melhor o seu dinheiro”. p.13. 2 Idem. p.17. 12 Segundo

87

Uma das principais razões para se buscar a independência financeira é

o fato de milhões de pessoas ficarem paralisadas pelo medo da pobreza. É

verdade que dinheiro é apenas um disco de metal ou um pedaço de papel. Há

outros tesouros da alma e do coração que o dinheiro não pode comprar mas, a

maioria das pessoas, quando ficam desempregadas e sem dinheiro, não

conseguem ter isso em mente. Quando uma pessoa está nessa situação, algo

lhe acontece no espírito, que pode ser observado pelo andar, o olhar. Ela não

consegue fugir à sensação de inferioridade e insegurança diante das pessoas.

É por isso que, quem já passou por situações idênticas tem,

internamente, medo da pobreza. Para vencer esse medo e viver tranquilo é

indispensável alcançar a independência financeira. Imagine quanta

tranquilidade uma pessoa poderá ter se não tiver medo de ficar desempregada,

mesmo quando, em algumas ocasiões, tenha que “chutar o balde” e pedir

demissão por não suportar mais o ambiente ou o tipo de trabalho que faz, se

essa pessoa tiver uma reserva financeira que lhe permita ficar, de seis a doze

meses sem emprego.

Conclui-se que, a alfabetização financeira é o caminho mais curto para,

não só se atingir a independência financeira, como também para se escolher

conscientemente a forma para se atingir esse objetivo. Através dela, você

aprenderá a escolher as alternativas de investimentos que lhe propiciarão a

melhor rentabilidade e a planejar sua vida financeira de uma forma inteligente e

segura.

Ser financeiramente alfabetizado é planejar de forma inteligente sua

vida financeira, para realizar tudo o que deseja, com consciência e prazer. É

saber como eliminar a preocupação com dinheiro. É saber identificar e

aproveitar as oportunidades que lhe aparecem. É saber os princípios básicos

de matemática financeira para não ser enganado pelos números ou pelas

pessoas mal intencionadas.

Page 88: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … SEGUNDO FILHO.pdf · 1 Mauro Halfeld, in “Investimentos: Como administrar melhor o seu dinheiro”. p.13. 2 Idem. p.17. 12 Segundo

88

CAPÍTULO III

A DIFERENÇA ENTRE UM ATIVO E UM PASSIVO QUE NÃO SEENSINA NA ESCOLA

Se você quer alcançar a independência financeira, você tem que conhecer a

diferença entre um ativo e um passivo. É a regra número um e é a única. Isso pode

parecer absurdamente simples, porque você não tem idéia do quanto é profunda. A

maioria das pessoas têm dificuldades financeiras porque não conhecem a diferença entre

um ativo e um passivo.

No presente capítulo, apresenta-se o conceito de ativo sob a ótica financeira,

mostra-se a razão por que a maioria das pessoas não consegue poupar e o padrão de

comportamento e as características típicas das pessoas ricas.

3.1. O CONCEITO DE ATIVO SOB A ÓTICA FINANCEIRA

No presente trabalho, o conceito de ativo difere daquele aprendido pelos

contadores e pelos profissionais de finanças. Um ativo, sob a ótica financeira, é algo que

põe dinheiro no seu bolso. Um passivo é algo que tira dinheiro do seu bolso. Se você

quer alcançar a independência financeira, simplesmente, passe sua vida comprando

ativos. Se você quer ser pobre e ter dificuldades financeiras, passe sua vida comprando

passivos. As pessoas ricas compram ativos. Os pobres e a classe média compram

passivos pensando que são ativos.

Para exemplificar a diferença entre um ativo e um passivo, suponhamos que

você resolveu adquirir uma casa de praia para passar os fins de semana ou feriados

prolongados. Certamente, você está pensando que comprou um ativo. Porém, vejamos:

Page 89: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … SEGUNDO FILHO.pdf · 1 Mauro Halfeld, in “Investimentos: Como administrar melhor o seu dinheiro”. p.13. 2 Idem. p.17. 12 Segundo

89

você teve que pagar as despesas com a escritura do imóvel, fazer uma reforma e

comprar alguns móveis e utensílios domésticos para deixar o imóvel em condições de

uso, pagar a um caseiro para tomar conta do imóvel, ou pagar o condomínio, se o

imóvel estiver localizado dentro de um condomínio, além de pagar imposto predial.

Além disso, o valor desse tipo de imóvel nem sempre aumenta. Ao contrário, ele se

deprecia (perde valor ao longo do tempo). Você, dificilmente, vai conseguir recuperar o

valor investido nesse imóvel. Agora, considerando o conceito de ativo já citado, quanto

dinheiro você acha que esse ativo estará pondo no seu bolso? Portanto, esse

investimento não é um ativo e sim um passivo.

Por outro lado, quanto você perderá em um ano, ou durante todo o período em

que possuir esse imóvel, se consideramos que, em vez de adquirir esse imóvel, você

tivesse aplicado em um fundo de renda fixa, ou mesmo em caderneta de poupança?

Para que essa casa fosse considerada um ativo seria necessário que ela tivesse

sido adquirida para ser alugada e que seu aluguel, além de cobrir todos os custos de

manutenção, ainda gerasse uma renda adicional para você.

3.2. POR QUE A MAIORIA DAS PESSOAS NÃO CONSEGUE POUPAR

Você certamente conhece de perto várias pessoas que, apesar de terem uma

ótima renda, não conseguem poupar. O grande problema dessas pessoas é que elas

adquiriram o hábito do consumismo e, normalmente, gastam mais do que ganham.

Jantar nos melhores restaurantes, viajar ao exterior com a família , trocar de carro todos

os anos, comprar roupas e sapatos nas melhores lojas, muitas vezes, sem necessidade.

Tudo isso, para elas, passa a ser necessidade. Essas pessoas não se preocupam com o

futuro. Querem, apenas, aproveitar o presente. “O futuro a Deus pertence”, dizem elas.

Page 90: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … SEGUNDO FILHO.pdf · 1 Mauro Halfeld, in “Investimentos: Como administrar melhor o seu dinheiro”. p.13. 2 Idem. p.17. 12 Segundo

90

O problema é que esse padrão de comportamento é assimilado pela família. E

todos passam a gastar cada vez mais. Se acontecer um evento inesperado, como ter que

passar um longo período desempregado, ou uma doença grave na família, cujo

tratamento não seja coberto pelo plano de saúde, essas pessoas não têm uma reserva de

recursos para essas ocasiões.

Essas pessoas, geralmente, confundem o verbo “necessitar” com o verbo

“desejar”. Elas dizem: Necessito de um carro novo. Necessito comprar roupas novas.

Necessito fazer uma viagem ao exterior. Na verdade, o verbo “desejar” deveria ser o

escolhido.

A mudança nos hábitos de consumo pode contribuir para que você possa poupar

e isso pode significar um futuro mais tranqüilo para você e sua família.

3.3. O PADRÃO DE COMPORTAMENTO DOS RICOS

Em uma longa pesquisa realizada pelos autores do livro The millionaire next

door (o milionário mora ao lado),21entrevistando cerca de mil milionários, eles

identificaram que os ricos, principalmente, aqueles que fazem a sua própria fortuna

começando do nada, têm alguns padrões de comportamento que explica porque eles

conseguiram acumular sua riqueza.

Normalmente, o indivíduo rico é um negociante que sempre viveu na mesma

cidade. Esse indivíduo possui uma pequena fábrica, uma cadeia de lojas ou uma

empresa prestadora de serviços. Casou-se uma única vez e ainda continua casado.

21 Thomas J. Stanley, in: op. cit. p.2

Page 91: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … SEGUNDO FILHO.pdf · 1 Mauro Halfeld, in “Investimentos: Como administrar melhor o seu dinheiro”. p.13. 2 Idem. p.17. 12 Segundo

91

Costuma poupar e investir compulsivamente e fez sua própria fortuna. Os padrões de

comportamento dos ricos são os seguintes:

1. Vivem abaixo de suas posses (gastam menos do que ganham);

2. Alocam seu tempo, energia e dinheiro eficientemente de forma a

construir sua fortuna;

3. Acreditam que a independência financeira é mais importante do que

mostrar status social;

4. Seus pais não lhe deram ajuda financeira;

5. Seus filhos adultos são economicamente auto-suficientes;

6. São peritos em vislumbrar oportunidades de mercado;

7. Escolhem a ocupação certa;

8. Sistematicamente, planejam e controlam seus gastos;

9. Compram, preferencialmente, à vista para conseguir bons descontos;

Na pesquisa realizada, os autores concluíram que o retrato típico de um

milionário típico tinha as seguintes características:

á Tem em torno de 57 anos de idade, casado e três filhos. Cerca de 70%

dos milionários ganham 80% ou mais da renda familiar.

á Um em cada cinco é aposentado. Dois terços dos que ainda trabalham

têm negócios próprios. Dentre esses, três entre quatro são

empreendedores e os restantes são profissionais autônomos, como

médicos, dentistas, etc.

á A maioria dos tipos de negócios dos milionários pode ser considerada

comum como: leiloeiros, fazendeiros, empreiteiros, etc.

Page 92: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … SEGUNDO FILHO.pdf · 1 Mauro Halfeld, in “Investimentos: Como administrar melhor o seu dinheiro”. p.13. 2 Idem. p.17. 12 Segundo

92

á Cerca de metade de suas esposas não trabalham fora. Quando trabalham,

a principal ocupação é professora.

á A renda anual média fica em torno de U$ 247 mil. Cerca de 8% têm

renda que vai de U$ 500 mil a U$ 999 mil e 5% têm renda superior a U$

1 milhão.

á Em média, o patrimônio familiar desse grupo gira em torno de

U$ 3,7 milhões. Cerca de 6% tem patrimônio familiar superior a

U$ 10 milhões.

á Em geral, vivem com uma renda de menos de 7% do seu patrimônio.

á Mais de 97% possuem casa própria, cujo valor médio é de U$ 320 mil,

onde vivem por mais de 20 anos.

á Mais de 80% construíram sua própria fortuna e, a maioria, nunca se

lastimaram de não terem recebido uma herança.

á Vivem muito abaixo de suas posses e, a maioria, não possuem carro

importado. Apenas uma minoria compra seus carros financiados.

á A maioria de suas esposas planejam e controlam meticulosamente o

orçamento familiar. A maioria delas são mais econômicas, em relação ao

dinheiro, do que eles.

á A maioria têm um fundo com o qual podem viver por 10 anos ou mais

sem trabalhar.

á Como grupo, são bem instruídos. Apenas um em cinco não possui curso

secundário. Muitos deles têm curso superior. 18% têm mestrado, 8% são

bacharéis em Direito, 6% são médicos e 6% são Ph.D.s.

Page 93: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … SEGUNDO FILHO.pdf · 1 Mauro Halfeld, in “Investimentos: Como administrar melhor o seu dinheiro”. p.13. 2 Idem. p.17. 12 Segundo

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á Consideram a educação extremamente importante para si próprios e para

seus filhos e netos. Investem pesadamente na educação da família.

á Cerca de dois terços trabalham entre 45 e 55 horas por semana.

á São investidores inveterados. Em média, investem cerca de 20% da renda

familiar por ano. A maioria investe, pelo menos, 15%. Pelo menos, 75%

deles mantêm uma conta numa corretora de valores. Mas, fazem

pessoalmente suas decisões de investimento.

á Mantêm quase 20% do patrimônio familiar aplicado em ações e fundo

mútuos. Mas, raramente vendem seus investimentos. Têm muito mais em

um fundo de pensão. Em média, 21% do patrimônio familiar está

investido em negócios próprios.

Uma constante na imaginação das pessoas é a idéia de ganhar na loteria ou casar

com um parceiro rico. Imaginam em tudo que poderiam fazer se ficassem ricos. A

maioria não pensa em investir seu dinheiro para aumentar a sua fortuna. Não é à toa que

a maioria dos ganhadores em loteria ficam novamente pobres por não saberem

administrar suas fortunas.

O importante é entender que, para ser rico não basta ter dinheiro. Ser rico é

diferente de permanecer rico. Ser rico é ter o controle sobre sua riqueza. Ser rico requer

padrões de comportamento para evitar o consumismo exagerado e adotar uma mudança

de mentalidade. Conservar a riqueza não é suficiente. Para continuar rico, é necessário

multiplicar a riqueza. Para construir riqueza são necessários disciplina, sacrifício e

trabalho duro.

Page 94: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … SEGUNDO FILHO.pdf · 1 Mauro Halfeld, in “Investimentos: Como administrar melhor o seu dinheiro”. p.13. 2 Idem. p.17. 12 Segundo

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CONCLUSÃO

A “Alfabetização Financeira” contribui para que o indivíduo possa adquirir,

desde cedo, uma educação financeira básica que irá ajudá-lo, durante toda a vida, a

administrar de forma inteligente a sua vida financeira, assimilando técnicas de como

planejar, como poupar e como investir corretamente seu dinheiro, visando alcançar a

independência financeira e tornar seu futuro e de sua família mais tranqüilo.

O trabalho classifica os investidores em sete tipos: os que não têm nada para

poupar, os que pedem emprestado, os poupadores, os “espertos”, os investidores de

longo prazo, os investidores sofisticados e os capitalistas. Define as principais

alternativas de investimento, dependendo da sua opção por segurança, com menor

rentabilidade ou por risco, com maior rentabilidade, em: aplicações em renda fixa:

caderneta de poupança, certificado de depósito bancário – CDB e fundos de renda fixa e

em aplicações em renda variável: ações, fundo de ações, fundos de derivativos, fundos

cambiais, previdência privada e negócios próprios. Classifica os tipos de risco existentes

em qualquer investimento em: risco do negócio, risco do mercado, risco de crédito,

risco de liquidez e risco de perda do poder de compra.

O trabalho apresenta, também, os passos a serem seguidos na busca da

independência financeira, as noções indispensáveis de Matemática Financeira que

qualquer pessoa precisa saber para proceder corretamente nas diversas situações que

envolvem dinheiro, quais os controles financeiros que uma pessoa deve utilizar para ter

sob controle o seu fluxo de caixa mensal e para determinar qual será o seu saldo

disponível para aplicar.

Page 95: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … SEGUNDO FILHO.pdf · 1 Mauro Halfeld, in “Investimentos: Como administrar melhor o seu dinheiro”. p.13. 2 Idem. p.17. 12 Segundo

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O trabalho analisa os quadrantes do fluxo de caixa e as várias formas pelas quais

uma pessoa ganha dinheiro, de acordo com suas motivações e objetivos de vida: como

empregado, autônomo, dono e investidor. O trabalho é encerrado mostrando uma

pesquisa sobre os padrões de comportamento e características típicas das pessoas ricas.

Concluindo, o trabalho pretende demonstrar que, independentemente, da sua

condição financeira e de quanto você ganha, você pode alcançar sua independência

financeira, se mantiver um padrão de vida dentro das suas posses e se adquirir hábitos

consistentes de poupança e investir corretamente seu dinheiro.

Page 96: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … SEGUNDO FILHO.pdf · 1 Mauro Halfeld, in “Investimentos: Como administrar melhor o seu dinheiro”. p.13. 2 Idem. p.17. 12 Segundo

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GLOSSÁRIO:

A

Ação - Título representativo da menor parcela em que se divide o capital de uma

sociedade anônima.

Acionista – Aquele que possui ações de uma companhia.

B

Balanço Patrimonial - Demonstrativo contábil dos valores do ativo, do passivo e do

patrimônio líquido de uma pessoa física ou jurídica.

Balcão – Mercado onde se negocia ações fora da Bolsa de Valores.

Bolsa de Valores – Local onde são efetuadas as transações de compra e venda de ações.

C

Capital – É a soma de todos os recursos destinados à constituição de uma empresa.

Capitalização – a) É o reforço de recursos para o capital de uma empresa já

constituída. b) É a adição dos juros ao valor inicial de uma aplicação.

Carteira de Ações – Grupo de ações de diferentes empresas.

Certificado de Depósito Bancário (CDB) - Título emitido por bancos de investimentos

e comerciais, representativo de depósitos a prazo.

Certificado de Depósito Interbancário (CDI) – São aplicações efetuadas por uma

instituição financeira em outra.

Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – Autarquia federal que disciplina e

fiscaliza o mercado de valores mobiliários.

Corretagem – É a remuneração cobrada por um intermediário na compra e venda de

títulos.

Page 97: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … SEGUNDO FILHO.pdf · 1 Mauro Halfeld, in “Investimentos: Como administrar melhor o seu dinheiro”. p.13. 2 Idem. p.17. 12 Segundo

97

Cota – É o valor da menor parcela em que se divide o capital de uma sociedade por

cotas.

D

Déficit - É o saldo negativo do fluxo de caixa (despesas maiores que as rendas)

Demonstrativo de Resultado – É o relatório contábil das receitas, dos custos

operacionais e financeiros de uma empresa.

Depreciação – É a desvalorização de um bem em função do uso e da obsolescência.

Dividendo – Valor distribuído aos acionistas, em dinheiro, na proporção da quantidade

de ações possuídas.

E

Especulação – Manipulação do mercado com objetivo de ganho a curto prazo.

F

Firma individual – É a forma de organização em que a pessoa jurídica se confunde

com a pessoa física.

Fluxo de Caixa – É o demonstrativo que espelha as receitas (recebimentos), as despesas

(pagamentos) e o saldo líquido disponível no fim de cada mês.

Fusão - É a junção de duas empresas com uma delas mantendo sua razão social e

identidade.

FGC – É o Fundo Garantidor de Créditos, que dá proteção aos depósitos à vista, ao

CDB e à caderneta de poupança, até o limite de R$ 20.000,00 por depositante e por

instituição financeira.

Fundo de ações – Conjunto de recursos administrados por uma instituição que os aplica

em uma carteira de ações.

Page 98: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … SEGUNDO FILHO.pdf · 1 Mauro Halfeld, in “Investimentos: Como administrar melhor o seu dinheiro”. p.13. 2 Idem. p.17. 12 Segundo

98

G

Ganho de capital – Lucro obtido na revenda de um ativo. É o valor da venda deduzido

do custo de adquisição do ativo.

I

Índice Ibovespa – É o indicador de desempenho médio das cotações das ações da Bolsa

de Valores de São Paulo.

Inflação – É o aumento geral de preços da economia.

Insolvência - É a incapacidade de uma pessoa ou uma empresa pagar suas dívidas.

IGP-M - Índice Geral de Preços - Mercado, da Fundação Getúlio Vargas, que registra a

evolução dos preços como medida da inflação nacional. É apurado mensalmente no

período entre o dia 21 do mês anterior ao de referência e o dia 20 do mês de referência.

INPC - Índice Nacional de Preços ao Consumidor, que apura a inflação das famílias

que ganham entre um e oito salários-mínimos (70% da população), apurada

mensalmente pelo IBGE em nove regiões metropolitanas e duas capitais. Mede a

variação dos preços no varejo e toma por base a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF)

para ver qual a composição e peso dos diversos gastos das famílias brasileiras em seus

orçamentos domésticos.

IPCA - Índice de Preços ao Consumidor Ampliado, do IBGE, utilizado pelo governo

para estabelecer as metas de inflação, que apura o custo de vida de quem ganha entre

um e 40 salários-mínimos, em nove regiões metropolitanas e duas capitais.

L

Liquidez – É a medida de facilidade com que um bem se transforma em dinheiro.

Page 99: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … SEGUNDO FILHO.pdf · 1 Mauro Halfeld, in “Investimentos: Como administrar melhor o seu dinheiro”. p.13. 2 Idem. p.17. 12 Segundo

99

M

Mercado primário – Mercado em que as empresas vendem ações a investidores.

Mercado secundário – Mercado em que os acionistas vendem suas ações para outros

investidores.

O

Oscilação – É a variação verificada no preço de um mesmo bem em um determinado

período de tempo.

P

Patrimônio líquido – É a diferença entre o valor total dos ativos e valor total das

dívidas de uma pessoa ou empresa.

Passivo – É o total das dívidas de uma pessoa ou empresa.

Poupança – É a diferença entre a renda de uma pessoa e seus gastos, que é destinada

para investimento.

PIB (Produto Interno Bruto) – É a riqueza de um país. O produto de todos os bens e

serviços produzidos por um país.

Prospecto – É um documento escrito que contém informações sobre uma nova emissão

de títulos de uma empresa de capital aberto.

R

Rentabilidade - É quanto o investidor ganha por cada real aplicado.

Risco - É o grau de incerteza associado ao resultado de um investimento.

S

Superávit - É o saldo positivo do fluxo de caixa (renda maior que despesas)

Page 100: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … SEGUNDO FILHO.pdf · 1 Mauro Halfeld, in “Investimentos: Como administrar melhor o seu dinheiro”. p.13. 2 Idem. p.17. 12 Segundo

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T

TR – Taxa referencial de Juros – É o indexador que corrige as contas em caderneta de

poupança e o saldo do FGTS.

V

Volatilidade – Indica o grau de variação dos preços de um ativo em um determinado

período.

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