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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE Curso de Pós-Graduação Lato-Sensu TERCEIRIZAÇÃO: VANTAGEM EMPRESARIAL E DESQUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL NA GERAÇÃO DE EMPREGOS E EXCLUSÃO SOCIAL Por: Miguel Tarcisio de Athayde Costa Orientador: Prof. William Lima Rocha RIO DE JANEIRO 2008

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO … · 3 DEDICATÓRIA Ao Sr. Renato, 35 anos na função de porteiro, para que à luz dos anjos e das estrelas, possa também abrir,

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE

Curso de Pós-Graduação Lato-Sensu

TERCEIRIZAÇÃO: VANTAGEM EMPRESARIAL E DESQUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL NA GERAÇÃO DE EMPREGOS E

EXCLUSÃO SOCIAL

Por: Miguel Tarcisio de Athayde Costa

Orientador: Prof. William Lima Rocha

RIO DE JANEIRO

2008

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE

Curso de Pós-Graduação Lato-Sensu

TERCEIRIZAÇÃO:

VANTAGEM EMPRESARIAL E DESQUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL NA GERAÇÃO DE EMPREGOS E

EXCLUSÃO SOCIAL

Por: Miguel Tarcisio de Athayde Costa

Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para a obtenção do Título Especialista em Direito do Trabalho

Orientador: Prof. William Lima Rocha

RIO DE JANEIRO

2008

3

DEDICATÓRIA

Ao Sr. Renato, 35 anos na

função de porteiro, para que à luz dos anjos e das estrelas, possa também abrir, lá do alto, as portas do bem sobre o mal e da justiça sobre as iniqüidades.

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AGRADECIMENTO

A todos os trabalhadores: presentes, ausentes,

distantes ou próximos, lembrados ou esquecidos... que de alguma forma, em alguma curva do

caminho, me ajudaram a chegar até aqui.

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EPÍGRAFE

Trabalhando o sal Pra ver a mulher se vestir E ao chegar em casa

Encontrar a família a sorrir Filho vir da escola

Problema maior é o de estudar

Que é pra não ter meu trabalho

E vida de gente levar.

(Canção do Sal, Milton Nascimento, 1978, www.cifras.com.br, consulta em

12/04/2008)

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RESUMO

Refere-se a presente monografia, estruturada em quatro capítulos e anexos, ao problema da terceirização nas empresas e administração pública notadamente na cidade do Rio de Janeiro, delimitação do trabalho. O procedimento metodológico foi pesquisa bibliográfica e a hipótese formulada – trabalho x capacitação profissional x terceirização – foi incompleta por não existir, ainda, jurisprudência que a regulamente com clareza, além da necessidade de capacitação para qualificação profissional. O foco evidenciou a prática dos mecanismos mercadológicos superando a carência de mão-de-obra especializada nas contratações trabalhistas de ofertas de trabalho da era atual, no ideário sócio-político da geração de empregos através de contratações temporárias e terceirizações. Na elaboração do trabalho foram consultados os teóricos Lacerda Carelli, Sérgio Martins, Leonardo Boff, Paulo Freire, dentre outros. Procurou-se pautar a linha de pesquisa na temática da importância da formação humanística, enquanto principal alicerce no mundo contemporâneo, dada a necessidade de capacitação e diversidade de qualificação para o desempenho de ações intencionais transformadoras do meio social nas relações de convivência de trabalho. Apesar dos problemas gerados pelas terceirizações praticadas em grande escala, considerando-se tão somente a produtividade a baixo custo empresarial, ressaltou-se na pesquisa a importância da formação de base e da capacitação na qualificação profissional. Buscou-se, assim, sinalizar-se novos rumos para o Direito do Trabalho, considerando-se a jurisprudência e os recursos humanos não pautados unicamente pela produtividade massificadora, alienada e excludente, mas sob o prisma holístico da visão educacional, paralelamente à prática da terceirização nos desafios do mundo atual.

Palavras – chave: trabalho; terceirização; geração de empregos; capacitação; qualificação profissional; educação.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO------------------------------------------------------------- pág 8

CAPÍTULO 1----------------------------------------------------------------pág 12

CAPÍTULO 2----------------------------------------------------------------pág 17

CAPÍTULO 3----------------------------------------------------------------pág 22

CAPÍTULO 4----------------------------------------------------------------pág 26

CONCLUSÃO--------------------------------------------------------------pág 30

REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS----------------------------------pág 33

ANEXO 1 -------------------------------------------------------------------pág 36

ANEXO 2 -------------------------------------------------------------------pág 37

ANEXO 3 -------------------------------------------------------------------pág 39

ÍNDICE ---------------------------------------------------------------------pág 40

FOLHA DE AVALIAÇÃO ----------------------------------------------pág 42

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INTRODUÇÃO

O presente estudo tem por finalidade ressaltar o funcionamento

das empresas no âmbito público e privado das grandes metrópoles,

notadamente no Rio de Janeiro, diante da carência de mão-de-obra qualificada

em todos os setores de trabalho e a estratégia da Terceirização.

Atualmente não se pode mais fugir à prática da terceirização, uma

vez que a velocidade das transformações extrapola os limites disponíveis de

sua aplicabilidade no mercado de trabalho.

As novas tendências exigem uma abrangência maior de

qualificação profissional na formação dos recursos humanos. Contudo, a

terceirização é um fato incontestável e irreversível, posto que a quantidade de

vagas e ofertas de emprego disponíveis não atende a demanda na

desenfreada busca de oportunidades no mercado de trabalho por meio de

concursos, em se tratando de empresas públicas.

Diante dessa tendência, é necessário buscar-se os meios de

harmonizar a tríade oportunidade x qualificação profissional x terceirização,

como fator de desenvolvimento humano e crescimento no mundo globalizado.

A Terceirização sob a ótica da jurisprudência atual e do Direito de

Trabalho está voltada à solução de um problema de macroeconomia, que é a

busca da otimização na produtividade de lucros na atual política de geração de

rendas do capitalismo.

Destarte, há que se refletir na formação humanística do pilar de

sustentabildade das atividades-fim do meio empresarial na rede privada e

administração pública. Sendo tal caminho a solução e/ou minimização dos

atuais problemas gerados pela escassez de mão – de -obra qualificada e

especializada na busca desenfreada empregado x empregador, há que se

voltar o olhar holístico para a formação dos recursos humanos.

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Nesse sentido, a educação deveria caminhar a passos largos

para que a formação de base permitisse - ou ao menos pudesse ensaiar os

primeiros passos do cidadão – a descoberta do mundo do trabalho através de

sua autopoiese (MATURANA, 1989). Segundo o autor, na teia de

relacionamentos repousa o emocionar-se para a descoberta do outro como

legítimo outro, no reconhecimento de sua potencialidade latente para a

verdadeira integração no contexto sócio-cultural de sua geração. Para que os

caminhos se perpetuem através das humanidade à luz das novas descobertas

científicas a bem da humanidade e da justiça social.

Destarte, os problemas de oferta de emprego, carência de

profissionais qualificados, procura de vagas, concursos e práticas voltadas à

terceirização e desafios da contemporaneidade convergem todos para a

extremidade multifacetada desse arco-íris de nuances do mundo globalizado: o

extremo do pote de ouro, como na lenda, onde está guardada a chave do

sucesso. E qual seria essa riqueza? Há que se ressaltar nesse ponto dessa

reflexão que o maior tesouro é a liberdade através do conhecimento.

Sendo os recursos humanos, logo a humanização e não

alienação através do trabalho, muito do que ocorre na prática da terceirização.

A jurisprudência regulamentar que norteia a prática da terceirização

certamente deveria estar também voltada para a contemplação de seu

executante no serviço prestado, seja na empresa mista, pública ou privada.

Como já disse Paulo Freire (2007, p: 58):

Estar no mundo sem fazer história, sem por ela ser feito, sem fazer cultura, sem “tratar “ sua própria presença no mundo, sem sonhar, sem cantar, sem musicar, sem pintar, sem cuidar da terra, das águas, sem usar as mãos, sem esculpir, sem filosofar, sem pontos de vista sobre o mundo, sem fazer ciência ou teologia, sem assombro em face do mistério, sem aprender, sem ensinar, sem idéias de formação, sem politizar, não é possível. É a inconclusão do ser, que se sabe como tal, que se funda a educação como processo permanente.

Como bem pontuado pelo autor, na inconclusão perceptível pelo

homem está o caminho para a liberdade. Porque é o conhecimento que liberta.

Liberdade para autonomia no mundo globalizado, para enfrentar os desafios da

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sociedade competitiva, dos descaminhos pela precarização do trabalho. No

instituto da terceirização, dever-se-ia legislar-se com o cuidado de consolidar a

jurisprudência da valorização humanística, porquanto a terceirização vem

ganhando espaço sem que haja preocupação com a qualificação profissional e

sim com a massificação da produção.

Pontua-se tão somente nessa pesquisa buscar-se o caminho

para a harmonia empregado x empregador, talvez com o olhar para o

emocionar-se na rede de conversações estruturadas no mudo do trabalho

(MATURANA, 1989), buscando-se os caminhos para a valorização do

trabalhador terceirizado e de sua produtividade.

Na prática da terceirização para suprir a dificuldade do meio

empresarial nas ofertas de emprego bem como no âmbito das empresas

públicas não existe uma política direcionada para a capacitação e aquisição de

conhecimentos para capacitação e treinamentos relacionados ao trabalho. A

legislação também é omissa quando não distingue bem a terceirização da

contratação de mão de obra para serviços ao preço mais baixo, o que gera a

precarização.

Abordando-se principalmente as relações humanísticas no

trabalho, pautou-se o tema do mesmo nas saídas muitas vezes nefastas para o

trabalhador da prática da terceirização: a “causa da ruptura no sistema

trabalhista, determinadora principal da precarização do trabalho humano, bem

como fator de segregação do trabalho e exclusão social”. (CARELLI, 2003,

P:6).

Nesse sentido, todos os caminhos parecem convergir para uma

nova postura diante do complexo problema no meio social em sintonia com o

mundo do trabalho, procurando-se estabelecer novos parâmetros para

entendimentos do Direito do Trabalho voltados à valorização dos recursos

humanos para a obtenção de maior produtividade nas relações de trabalho.

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Há que se voltar o ideário político para uma doutrina trabalhista

que não vise tão somente o lucro empresarial, fruto do capitalismo econômico

do mundo globalizado. Tal pensamento, diante da multifacetada organização

social humana na contemporaneidade, impõe uma nova ordem no domínio das

relações condizentes com o fator mercadológico do trabalho.

O trabalho é condição humana de liberdade. Portanto, aos

recursos humanos, notadamente àqueles voltados ao atendimento das

demandas do mundo do trabalho no preenchimento de vagas destinadas a

trabalhadores terceirizados, deve ser direcionada uma boa e eficaz política de

capacitação profissional.

Normalmente, esse grupo de trabalhadores na atual política

econômica necessita de maiores esclarecimentos à luz do Direito do Trabalho,

com jurisprudência voltada à garantia de sua estabilidade e qualificação

profissional.

Por não ser esse o principal objetivo quando de sua contratação,

essa classe de trabalhadores tem fragmentada a sua ideologia político-social

por não encontrar os caminhos que lhes proporcione a necessária

transcendência para o crescimento pessoal e liberdade, na multifacetada teia

de relacionamentos no mundo do trabalho.

Muitas vezes, por até desconhecer seus direitos, aliena-se na

atividade desempenhada no âmbito empresarial ou setor público, numa fuga

até de si mesmo pela sobrevivência e assim permanece sem oportunidade de

escolhas para as saídas da condição de excluídos.

Destarte, buscou-se nesta pesquisa uma resposta para tais

anseios, vez que a situação dos trabalhadores terceirizados jamais poderá

competir com a estabilidade dos funcionários estáveis no serviço público. No

meio empresarial, sendo igualmente discriminados, estarão sempre a mercê

dos descaminhos traçados muito mais nos desentendimentos da jurisprudência

regulamentar quanto propriamente pelos benefícios dos direitos trabalhistas.

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1. A GÊNESE DA TERCEIRIZAÇÃO NO CONTEXTO

HISTÓRICO

Historicamente, o trabalho sempre existiu na humanidade. Como

condição de sobrevivência para o homem das cavernas ou para a corrida na

obtenção de lucros na sociedade capitalista das velozes e multifacetadas

transformações no mundo globalizado, o trabalho sempre estabeleceu

importantes relacionamentos no contexto social.

Destarte, se num primeiro momento a natureza se apresenta aos

homens como destino, o trabalho será condição de superação dos

determinismos: a transcendência é propriamente a liberdade. Por isso a

liberdade não é alguma coisa que é dada ao homem, mas o resultado de sua

ação transformadora sobre o mundo, segundo seus projetos.

Em relação ao instrumento da terceirização, segundo Carelli (2003, p: 1)

É instrumento que vem sendo utilizado em larga escala (...) com vistas à redução de custos, maior produtividade e melhor gerência de seu produto, gerando intensa modificação nas relações empregado – empregador, ocasionando também, por sua vez, grande precarização nas condições de trabalho e diminuição dos direitos trabalhistas.

Portanto, como pontua o autor, as falhas existentes na

jurisprudências ocasionadas pelas omissões ou falta de clareza nos

entendimentos deixam brechas para que o instrumento da terceirização seja

mais excludente do que propriamente fator de inclusão social e

empregabilidade. Enquanto fator de geração de empregos, notadamente no

serviço público, onde os terceirizados, de um modo geral, nem mesmo

conhecem seus direitos trabalhistas, a terceirização é tida como fator de

precarização de trabalho, muito embora não se possa mais prescindir a sua

prática no mundo atual.

Desde a pós-guerra, após a Segunda Grande Guerra veio a

terceirização sendo aplicada de acordo com a passagem de seu momento

histórico em cada fase do curso da história através de décadas.

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Assim, naquele momento era preciso praticar-se essa forma de

contratação temporária para a maior fabricação de armamentos.

Em 1950 a terceirização chegou ao Brasil pelas empresas

multinacionais, “pelo interesse que tinham em se preocupar apenas com a

essência de seu negócio.” (MARTINS, 2007, p: 16). Como se pode observar na

informação pontuada pelo autor, tem antecedentes históricos a negligência

para com a formação humanística do trabalhador. O que importava era a

produtividade, ainda que pautada na alienação do trabalhador pela forma de

exclusão social mais do que empregabilidade, como ara tratada essa forma de

contratação de pessoas para trabalhos através de interposição ou contratações

de serviços terceirizados.

Assim, para limpeza e conservação, que constituem atividades

largamente utilizadas no instrumento da terceirização desde 1967,

praticamente inexistem vínculos com a tomadora desses serviços em se

tratando de estabilidade, tanto no setor público quanto privado, o que pode ser

considerado uma sinalização de exclusão social na empregabilidade.

A vez dos bancos veio com os Decretos de 1966, nº 1.212 e

1.216, com a empregabilidade de serviços de segurança. Hoje, em todo o

serviço público e em todos os setores privados essa atividade praticamente só

é realizada por terceirização.

Outras legislações vieram trazendo essa forma de geração de

empregos ao longo de décadas, consolidando-se e tornado-se a prática mais

comum nos últimos tempos.

O Decreto 62.756, de 22 de maio de 1968, estabeleceu regras para o funcionamento das agências de colocação ou intermediação de mão-de-obra, revelando que a partir do referido momento havia licitude na contratação de funcionários por meio das mencionadas agências, atividade rotineira na prática. (Martins, 2007, p: 16).

Note-se que a relevância da questão foi sempre pautada na

produtividade, ou ainda, na alienação através da produção em massa, todos

mergulhados na “estranha máquina de entortar homens” (Exupéry, 2006, p:

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139), porquanto, como pontua o autor em suas sábias considerações sobre a

formação humanística dos valores mais essenciais à plenitude no viver e

conviver,

Ligados aos nossos irmãos por um fim comum que se situa fora de nós, só então respiramos. A experiência mostra que amar não é olhar um para o outro, mas olhar juntos na mesma direção. Só há companheiros quando homens se unem na mesma escalada para o mesmo pico, onde se encontram. (p: 131) (...) Queremos ser libertados. O que dá uma enxadada no chão quer saber o sentido dessa enxadada. E a enxada do forçado, que humilha o forçado, não é a mesma enxada do lavrador, que exalta o lavrador. A prisão está onde o trabalho da enxada não tem sentido, não liga quem o faz à comunidade dos homens. E nós queremos fugir da prisão. (Exupéry, 2006, p: 133)

A belíssima e sábia metáfora de Exupéry coloca em destaque o

valor da formação e descoberta do potencial latente do homem na sua

qualificação e humanização. Condição de liberdade, a formação transcende a

fria condição de trabalho na alienação e exclusão social.

Mas desde os precursores nos rumos da história, o trabalho só é

condição de liberdade para aquele que luta em busca de seu lugar ao sol,

posto que os caminhos são árduos na relação empregado-empregador. A

geração de lucros para o patronato fala mais alto e a geração de empregos na

exclusão social da terceirização virou lugar comum.

Na seqüência histórica dos caminhos da terceirização vieram as

medidas de segurança para instituições financeiras com o Decreto-lei

1.034/1969.

Assim, o Taylorismo e o Fordismo dos anos 50, em que produção

humana nas fábricas não passava de robotização, trouxe para a

contemporaneidade a noção de otimização através da produtividade, muito

mais do que propriamente pela descoberta do potencial latente humanístico por

iniciativa de capacitação da entidade contratante.

O filme “Tempos Modernos”, (Charles Chaplin, USA, 1936)

demonstra essa ideologia de alienação através do trabalho e não se precisa

voltar tanto no tempo para saber que tal ideário político ainda permanece

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quando o fenômeno da terceirização alastra-se largamente sem que seja

simultânea a qualificação do trabalhador.

Nesse sentido, o curso da história na gênese da terceirização tem

mostrado que os caminhos são paradigmas eternos e imutáveis. Ainda que a

complexidade de atividades do mundo contemporâneo exija cada vez mais

formação específica para a multiplicidade de atividades que o mercado oferece,

as políticas educacionais não caminham na mesma velocidade. Somente

através da educação o homem se humaniza e busca a sua ascenção na

autopoiese (MATURANA, 1999) pela essência da finalidade da educação em

si mesma, porquanto o homem, lapidado, transformado, interfere no meio

social e o transforma.

Nesse circuito histórico a vida acontece, os valores atravessam as

gerações e o homem, através do trabalho, se humaniza. Mas onde

humanização numa sociedade de ideário político voltado unicamente para a

geração de lucros, inclusive nos setores públicos, onde a contratação de

pessoal deveria acontecer somente através de concurso? Não é o quadro

atual.

A mesma jurisprudência que contrata pessoal para serviços

terceirizados no meio empresarial e setores públicos tem se mostrado, no

curso da história, um tanto omissa em relação à qualificação do profissional

contratado. Realmente, o que conta é a quantidade e não a qualidade.

O resultado é a precarização do trabalho, a falta de profissionais

qualificados e a exclusão social pela alienação no trabalho.

Hoje, os “Tempos Modernos” de Chaplin no que tange à política

econômica é a oportunidade para quem consegue atingir o topo na corrida para

o conhecimento e a capacitação profissional. O mercado, cada vez mais

seletivo, não encontra mais o trabalhador com tanta facilidade, as vagas e

oportunidades de trabalho vão sendo preenchidas através de contratações

temporárias, terceirizações, convênios de estágios com instituições de ensino

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superior e médio. Tal competitividade resulta na queda da produtividade pela

precarização do trabalho, baixa na empregabilidade qualificada e alternativas

de convênios, como a noticia veiculada no Globo:

Luiz Arruda, Gerente de Projetos Especiais de Qualificação da FIRJAN, lembra que a carência da mão-de-obra na construção civil é grave e preocupante. (...) As empresas estão fazendo parcerias com instituições de treinamento profissional e ensino superior. (O Globo – Caderno Boa Chance, domingo, 13-04-2008, p: 3).

Uma alternativa, na história das contratações e geração de

emregos tem sido, no meio empresarial, a oferta de capacitação na própria

empresa, como já vem ocorrendo na Petrobrás, e outras empresas

conveniadas voltadas para a qualificação de trabalhadores (O Globo – Caderno

Boa Chance, 13-04-2008, p: 3).

Ainda assim a prática do instrumento da terceirização é uma

constante, para a realização de atividades–meio e até atividades-fim de

instituições, como é o caso da contratação temporária de professores para

atuação nas instituições federais de ensino pela falta de preenchimento de

vagas via concurso público.

Assim, a gênese da terceirização no contexto histórico remete tão

somente à escassez de mão-de-obra qualificada que vem se acentuando nas

últimas décadas. Carelli (2003, p:44) pontua que:

Nas crises o ser humano se desdobra e se mostra um ser capaz de se reinventar e remodelar suas instituições para a fuga do perigo. E da mesma forma age o capitalismo, recriando-se e remodelando-se justamente nesses momentos de crise. Apesar de as mudanças no capitalismo terem dado seus primeiros sinais já nos anos 60, foi a partir da grande crise capitalista de 1973, ocasionada pelo choque do petróleo, que tomaram fôlego transformações sócio-históricas com diversas influências no mundo em que vivemos, atingindo todas as pessoas em qualquer parte do planeta. A partir dessa época, surgiram dois movimentos que se entrelaçam e não se separam: a globalização, principalmente em sua faceta financeira e econômica, e o regime de acumulação flexível de capital.

Destarte, urge imprimir as mudanças no sistema educacional para

a viabilidade de ações de qualificação e capacitação de recursos humanos

coerentes com as transformações sócio-político-econômico.

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2. A CARÊNCIA DE MÃO-DE-OBRA QUALIFICADA

NO MERCADO DE TRABALHO

As últimas tendências tem demonstrado que educação e mercado

de trabalho são fatores de inclusão social historicamente inseparáveis, como

foi abordado no capítulo anterior, porquanto a educação prepara para a

verdadeira integração do homem ao meio social.

Assim, tratando-se de trabalho terceirizado pela competitividade

mercadológica de oferta de vagas na contemporaneidade, urge seja dada

especial ênfase à ação educacional intencional, notadamente nos setores

públicos.

O instrumento da terceirização vem sendo praticado em larga

escala porque os profissionais de que se necessita estão longe de atender à

demanda. Tal fenômeno se institucionaliza pela dissociação entre educação

formal ou informal e real necessidade de oferta de empregos de acordo com as

novas descobertas e necessidades no meio da sociedade.

As novas propostas de acumulação de capital apontam as novas

tendências no campo econômico e estas, na velocidade das transformações e

redução das distâncias pelo avanço científico-tecnológico, sinalizam o

despontar de horizontes na era da informação e do conhecimento. No atual

contexto, o homem se integra no seu mundo de trabalho e cidadania se estiver

capacitado para funções para as quais deva apresentar a devida qualificação.

A pirâmide vai afunilando no seu topo. Não há vagas para todos nas

universidades, a educação básica não atende a demanda porque está

dissociada do contexto real dos envolvidos.

O momento é de perplexidade diante da imposição das

mudanças, posto que na era do conhecimento e da informação há que se ter

um caminho para a inclusão social dos menos favorecidosno contexto sócio-

cultural e no mundo do trabalho.

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O Professor Geraldo Luiz Mascarenhas Prado da Faculdade de

Direito da UFRJ e Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro,

em recente entrevista publicada no Jornal da UFRJ, (Ano 3, nº 30,

Novembro/2007, p: 12 – 13) afirmou:

O Brasil não pertence às elites. A ampliação do acesso ao Ensino Superior é um desafio histórico que aponta para a transformação da realidade brasileira. Não será restringindo o acesso que conseguiremos essa façanha. (...) A gratuidade da universidade é relativa e chega a ser uma exploração você ser o beneficiário de recursos públicos e não devolver esses investimentos para a sociedade.

Essa entrevista explica em parte as falhas dosistema educacional

brasileiro na formação integral do homem para a sua cidadania plena. Nem a

Universidade pública tem condições de projetar os futuros profissionais e nem

o ensino básico permite um preparo adequado, contextualizado com a

realidade.

Dessa forma, sem condições de aprovação no concurso

vestibular as vagas ficam ociosas e os jovens, força de futuro trabalho, vão

ficar desempregados porque não têm formação nem qualificação. O mercado

ficará carente de profissionais qualificados, como já vem sendo alardeada a

falta de médicos, engenheiros, etc.

“Faltará pessoal no setor de construção civil” ( Jornal O Globo,

p:3, Caderno Boa Chance, 13/04/080; “Baixa qualificação dificulta contratação”

(O Globo, Boa Chance, p: 3, 13/01/2008). Essas e outras notícias,

recentemente veiculadas na mídia, demonstram bem claramente a

profundidade do círculo vicioso que revela o curso do problema: não há

emprego porque não há vagas para todos. Não tem funcionário qualificado

porque ninguém tem condições, por falta de especialização ou qualificação

profissional, de assumir cargos mais altos. A aprovação em concurso público

para a conquista das vagas oferecidas nos editas, quantidade essa sempre

absurdamente distante da necessidade real, igualmente passa por um crivo

bem rigoroso e só quem pode pagar os cursos preparatórios pode almejar esse

lugar ao sol.

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A educação básica não prepara para o ingresso nas

universidades públicas e quem consegue chegar ao ensino universitário

enfrenta a dicotomia entre a realidade da carreira estudada e o mundo do

trabalho fora dos bancos acadêmicos.

Finalmente, a escola básica, principalmente o ensino público,

igualmente dissociado da realidade dos discentes, traz os resquícios de um

sistema educacional falho, de um ideário político descontextualizado com a

sociedade e não prepara ninguém para o mercado de trabalho, pois, segundo

Luiz Antonio Cunha (2005, p: 484):

As condições para isso ainda não estão dadas. Elas só virão de uma especial atuação dos partidos políticos e ideológicos, assim como das organizações existentes e por existir no âmbito da sociedade, visando à construção de uma nova hegemonia, onde a escola pública (sem mais adjetivos) substitua a escola governamental sob administração privada.

Diante desse contexto, pautando-se na pontuação do autor, a

necessidade de profissionais especializados será sempre uma lacuna aberta

no universo dos jogos das estratégias políticas e sócio-educacionais,

configurando-se como um mundo distante, onde os caminhos para o

preenchimento de vagas ociosas e obtenção de profissionais competentes e

habilitados ainda está por vir.

Assim, até que ponto pode-se afirmar que o problema é de ordem

social? Qual é a parcela de cada um na sociedade? Onde os caminhos para

a superação das crises no mundo do trabalho, seja no meio empresarial ou

administração pública? Como superar os problemas gerados pela falta de

profissionais qualificados, o que tem levado à contratações temporárias,

terceirizações até ilícitas e precarização do trabalho?

São perguntas que permanecem ainda sem resposta e para as

quais, no presente trabalho, procura-se sinalizar a origem dos problemas

contemporâneos que, no mundo do trabalho, vão encontrar soluções nas

estratégias das terceirizações e contratos temporários de toda a ordem.

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Como se observa, a espinha dorsal dos problemas estruturais

de ordem político - social é a educação. Sem ela as portas se fecham. Não há

empregos. Não há mão-de obra qualificada e devidamente capacitada e

integrada no mundo do trabalho. Sem Educação não há caminhos!

A solução seria cursos na própria empresa ou no serviço

público, já que a escola é fantasia e a universidade pública inexiste. Mas como

a solução recai sempre sobre os menores custos, acredita-se então que a

terceirização venha a superar os problemas históricos das falhas e desacertos

do sistema educacional brasileiro.

A carência de mão-de-obra qualificada no mundo do trabalho do

meio empresarial e serviço público sempre existirá, enquanto não mudarem os

rumos dos interesses do poder hegemônico.

É que esse poder não humaniza, aliena. E na alienação, as

relações empregado x empregador se procedem com cada classe na sua

realidade e domínio, vivendo e convivendo o dia-a-dia distantes, sem harmonia,

sem transformação. Na alienação, segundo Pires Martins e Arruda Aranha

(1995, p:12),

a perda da compreensão do mundo em que se vive torna a consciência alheia a um segmento importante da realidade em que se acha inserido.(...) Etimologicamente, a palavra alienação vem do latim alienare, alienus, que significa “que pertence a um outro”. E outro é alius. Sob determinado aspecto, alienar é tornar alheio, transferir para outrem o que é seu.

Nessa concepção dos autores, percebe-se que o crescimento da

utilização do instrumento da terceirização no mundo globalizado estabelece,

em muitas situações, um estado de alienação no trabalho. É o estado dos que

são contratados para a prestação de serviços nas empresas públicas e

privadas.

Alheios ao que é seu – trabalho digno, cidadania, integração

social, capacidade criadora como ser verdadeiramente pensante, crítico e

liberto – trabalham discriminados nos setores onde atuam e sem oportunidades

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de crescimento ou de qualquer forma de liberdade através do acesso ao

conhecimento, à informação, desconhecendo, na maioria dos casos, os

pressupostos jurídicos do Direito do Trabalho em seu próprio benefício.

A grandeza de uma profissão é talvez, antes de tudo, unir os homens; só há um luxo verdadeiro, o das relações humanas. Trabalhando só pelos bens materiais construímos nós mesmos nossa prisão. Encerramo-nos lá dentro, solitários, com nossa moeda de cinza que não pode ser trocada por coisa alguma que valha a pena viver.(Exupèry, 2006, p:32).

Como pontua o autor, nas relações humanas se estabelecem o

viver e conviver da teia de relacionamentos que conduz à liberdade e à

autopoiese (MATURANA, 1999).

Certamente não são esses os caminhos dos desafios do mundo

contemporâneo que conduzem às inevitáveis estratégias para suprir a falta de

pessoal devidamente qualificado para enfrentar a realidade do mundo do

trabalho nos setores públicos e privados.

Não há relacionamentos; há o trabalho pela mercadoria: os

lucros – para o empregador – e a sobrevivência – para o empregado. E a

“moeda cinza” (Exupèry, 2006) realmente nada pode comprar. Nem para o

alienado, o trabalhador terceirizado, notadamente nos setores públicos, nem

para o empregador, pela precarização do trabalho.

Daí a precarização pela precariedade e falsidade do sistema. Tudo parece estar perfeito. Mas ideologicamente, percebe-se que

A precarização do trabalho humano gera somente precarização da vida humana. E não há justificativa para isso, somente podendo ser fruto de desorientação causada pela força destrutiva do capital. (Carelli, 2003, p: 61).

Nesse sentido, com a humanização da mercadoria (capitalismo)

à frente da humanização dos homens (qualificação e capacitação), na

terceirização o próprio homem é transformado em mercadoria. Sua força de

trabalho tem um preço de mercado, na “ globalização financeira” e suas

conseqüências ao mundo unificado.

22

3. REPRESENTATIVIDADE SINDICAL NA

TERCEIRIZAÇÃO

As associações de classe no Brasil sempre tiveram os dois polos

bem definidos: os que mandam, imperam, dominam e os que fazem, executam,

obedecem. A forma com que cada uma dessas classes executa, no seu

sentido nato, a sua força e poder imperativo de dominante ou dominado vai

depender da sua visão de mundo, que embora seja proveniente do mesmo

meio natural, tem concepções diferentes de domínio.

Na história dos povos e raças sempre houve estruturas de classes

operando como um sistema de ordem social vigente, muito embora os conflitos

começam a surgir a partir do momento em que cada aglomerado classista

toma consciência de ameaças à sua hegemonia.

Segundo Darcy Ribeiro,

Nossa tipologia das classes sociais vê na cúpula dois corpos conflitantes, mas mutuamente complementares. O patronato de empresários, cujo poder vem da riqueza através da exploração econômica; e o patriciado, cujo mando decorre do desempenho de cargos, tal como o general, o deputado, o bispo, o líder sindical e tantíssimos outros. Naturalmente, cada patrício enriquecido quer ser patrão e cada patrão aspira às glórias de um mandato que lhe dê, além de riqueza, o poder de determinar o destino alheio. (Ribeiro, Darcy, 1997, p: 208)

Nesse sentido, cada classe aspira o seu momento na medida

certa de suas conquistas e realizações. No caso de classes trabalhadoras, as

aspirações nascem e se consubstanciam em suas vivências cotidianas

dimensionadas pelos horizontes que almejam ter. Mas as aspirações brotam

de desejos e muitas vezes tais anseios permanecem sufocados nas classes

dominadas pela hegemonia do poder estatal da classe dominante por não

existir a possibilidade de outras saídas de resistência às mudanças.

Há os que não conseguem resistir e se submetem ao poder do

mais forte. Ou os que buscam a resistência nas associações de bairro, de

núcleos comunitários e de classes sociais e trabalhadoras.

23

Em relação às classes trabalhadoras, “as entidades sindicais não

têm como na realidade nunca tiveram aqui em nosso país) poder de agregação

e não conseguem resistir às mudanças, por mais profundas e massacrantes

que sejam para o trabalhador”. (CARELLI, 2003, p: 49).

Na prática da terceirização, que já se tornou lugar comum na

sociedade brasileira, os trabalhadores contratados tanto nas empresas

privadas quanto no serviço público desempenham suas funções

desconhecendo, na maioria das vezes, seus direitos de trabalhadores e

cidadãos. As portas se fecham quando se fala em defesa de seus direitos,

posto que a formação dos grupos classistas em conformidade com as

atividades desempenhadas se dispersam na fragmentação das variadas

funções que desempenham.

Em se tratando da Administração pública, os trabalhadores

terceirizados não têm cargos e sim inúmeros encargos que realizam

passivamente. Ainda que possam vir a demonstrar habilidades para o

desempenho de uma ou outra função mais relevante, geralmente são

contratados para os serviços de limpeza e vigilância. São discriminados

porque não têm a estabilidade do servidor efetivo. Estão sempre

desempenhando funções que normalmente passam esquecidas e

desvalorizadas na máquina administrativa. Muitas vezes não possuem nem

um “nome”, porque são chamados freqüentemente de “pessoal da limpeza” ou

da “segurança” , enfim, trabalham na condição de oprimidos e dominados,

numa evidente caracterização de exclusão social. “Muitas vezes o termo

terceirizado é realizado com menosprezo e rebaixamento ao trabalhador

contratado por empresa interposta”. (CARELLI, 2003, P:209).

Quanto à formação de sindicatos, os terceirizados não encontram

possibilidades de associação porque não possuem uma carreira ou uma

profissão específica. Além disso, não podem se associar a sindicatos das

empresas tomadoras de seus serviços terceirizados e a firma à qual pertencem

apenas administra sua lotação nos órgãos públicos ou empresas.

24

Os terceirizados são classes subalternas nas empresas e

serviços públicos. Oprimidos e servis, só são capazes de explosões de revolta

com os dominados, sem chance de expressão de sua revolta, que com eles

convive no dia-a-dia de seus afazeres rotineiros. Geralmente estão resignados

com seu destino, apesar da miserabilidade em que vivem, e por sua

capacidade de organizar-se e enfrentar os donos do poder.

Com relação aos sindicatos, só são entidades expressivas

quando relacionados às classes de empregados unidos por um laço comum,

seja no ideário político, seja na profissão ou carreira profissional.

Mas se os empregados terceirizados acabam se alijando por

serem sempre discriminados, não possuem força coerciva para a união de

grupos dentro dos setores onde trabalham para defenderem seus direitos de

trabalhadores. Segundo Carelli (2003,p: 48)

A terceirização fragmenta mais ainda as categorias, desfacelando e enfraquecendo os sindicatos, já enclausurados pela unicidade sindical exigida por lei, impedimento óbvio à liberdade sindical plena.

Destarte, quando se pensa em terceirização acaba-se remetendo

à idéia de discriminação. E nessa roda viva da luta cotidiana , os Direitos do

Trabalho acabam sendo postos de lado, ou por desconhecimento ou por

desinteresse, ou, o que é pior, por alienação.

Sob esse aspecto há que se voltar o pensamento na luta diária

desses trabalhadores que acabam vivendo o presente de suas vivências

submissos a um regime de geração de lucros cuja compreensão podem

percebê-la mas estão distantes das lutas , de captação das formas de saída

para a liberdade que não seja a imersão da realidade e da condição de

oprimidos. .Quanto mais tomam consciência dessa condição, tanto mais se

alienam, pois têm dificuldades de visualizar outro porvir, outra realidade.

Segundo Paulo Freire (2007, p:43 -53)),

As massas populares têm dificuldades de “inserir-se” criticamente na realidade. É que o opressor sabe muito bem que essa “inserção crítica das massas oprimidas, na realidade opressora, em nada pode a ele interessar. O que lhe interessa, pelo contrário, é a

25

permanência delas em seu estado de ”imersão” em que, de um modo geral, se encontram impotentes em face da realidade opressora, como “situação limite” que lhes pareça intransponível. (...) Não haveria oprimidos se não houvesse uma relação de violência que os conforma como violentados, numa situação objetiva de opressão. Inauguram a violência os que oprimem, os que exploram, os que não se reconhecem nos outros. (...) Os oprimidos, como objetos, como quase “coisas”, não têm finalidades. As suas, são as finalidades que lhes prescrevem os opressores.

Nesse ponto de vista do autor, é possível o entendimento sobre a

dificuldade que os trabalhadores discriminados, por não lhes serem

concedidos os mesmos direitos dos efetivos e estáveis (mais especificamente

no caso das terceirizações no serviço público), encontram na formação de

lutas de classe.

A sindicalização normalmente impera uma organização pautada

na ideologia das buscas pelos direitos trabalhistas, pelas conquistas que a real

hegemonia do poder opressor tende a olvidar ou empanar, dificultando os seus

caminhos para os grupos organizados em associações de classe.

Nesse sentido é que pode manifestar-se no trabalhador

terceirizado um anseio de liberdade, mas percebendo-se como “quase coisa”

(FREIRE, 2007, p: 48) se alienam e desistem das lutas e buscas para os

caminhos de liberdade.

Essa situação tem permanecido nesses estágios cada vez mais

acentuados de discriminação, em que empregados terceirizados, sem

pertencerem a nenhuma associação de classe, nunca buscarão outros

caminhos, porquanto a sua realidade é o dia-a-dia das funções se realizam.

Suas buscas não tem como serem reivindicadas em sindicatos, pois estes se

organizam pelos trabalhadores que possuem estabilidade de carreira ou

profissão.

Os sindicatos asseguram a participação dos empregados da

empresa ou entidade contratante, não sendo, portanto, abertos aos

terceirizados e sob o regime de contratos temporários, o que já constitui uma

forma de exclusão social na geração de empregos, tema do presente trabalho.

26

4. A JURISPRUDÊNCIA REGULAMENTAR DA

TERCEIRIZAÇÃO

Com a globalização e o regime capitalista de produção de bens e

consumo, a política econômica recorreu a estratégias e mecanismos para

suprir a falta de pessoal qualificado.

O desempenho das funções, já em aceleradas mudanças face

às velozes transformações impostas pela era do conhecimento e da

informação, em que o avanço técnico-científico caminha à frente até das

relações humanas – pressuposto fundamental da convivência – trouxe ao

mundo globalizado profundas modificações.

Dentre as estratégias para suprir a falta de pessoal com

habilidades e competências para os novos rumos mercadológicos do

multifacetado mundo do trabalho na era atual, vem sendo largamente utilizado

o instrumento da terceirização.

Tal estratégia de execução de serviços, como já foi exposto no

Capítulo 1 do presente trabalho, há muito vem sendo empregada nas

empresas públicas e privadas.

Em relação à Administração pública “a forma ampla como vem

sendo empregada nem sempre é totalmente consentânea com os ditames

legais” (SJT/RJ, Atualidade, Ano 3, nº 31, Outubro/2007, p:4).

Há, por outro lado, uma visão distorcida e às vezes equivocada no

meio jurídico e sociológico pátrio acerca do instituto da terceirização, devendo

ser esclarecidas as razões políticas que constituem ilegalidade de contratação

por empresa interposta.

Na terceirização, segundo Carelli, (2003, p2),

O crescimento e utilização de tal instrumento, na maioria das vezes de forma equivocada, tendo como característica a mera utilização de mão-de-obra fornecida por empresa agenciadora, faz com que

27

empresas de grande porte passem a ter porcentual bastante elevado de trabalhadores denominados “terceirizados” ou seja, com estatuto diferenciado dos seus trabalhadores tido como “efetivos”.

Nesse sentido, há que se refletir sobre a legalidade acerca desse

instrumento de contratação de pessoal, uma vez que o ideário político-

mercadológico dominante não pode mais prescindir da captação da adoção de

tal estratégia para o mundo globalizado.

Na administração pública, principalmente, a idéia é que a

terceirização seja de serviços e não de mão-de-obra. Igualmente há que se

ter o cuidado de terceirizar serviços que não constituam-se como atividades-

fim.

Sob esse aspecto, já se pode observar uma enorme gama de

contratações temporárias em instituições federais de ensino, onde a atividade-

fim é o ensino e há, maciçamente, contratações temporárias de professores

para suprir a falta de docentes nas salas de aula.

O problema é que a legislação atual, a Súmula 331 do TST,

aprovada pela Resolução Administrativa nº 23/93 de 17 de dezembro de 1993

(ANEXO 1) e seus pressupostos abre ainda muitas brechas à ilegalidade, que

acabam mesclando-se com os princípios jurídicos norteadores da estratégia

legal e procedimentos para a contratação através de empresa interposta.

O controvertido, então, conceito de atividade-fim das empresas e

instituições públicas leva a diferentes interpretações da lei. Quando se trata

de terceirizações, não existe uma legislação específica que assegure a

plenitude da legalidade, princípios e normas jurídicas na enorme e variada

gama de contratações, o que gera, ainda, muitos problemas e

questionamentos.

Os fundamentos estabelecidos na redação da Súmula 331 do

TST basearam-se em legislações anteriores estabelecidos pelo Decreto-Lei

200/ 67, Leis 5.645/70, 6.019/74, 7.102/83 e CF de 1988. (MARTINS, 2007,

P:128-129).

28

Segundo o autor, discussões a respeito da legalidade de

prestação de serviços levaram a acórdãos com respaldos na lei, há ainda

muitas controvérsias pelos ditames de enunciados anteriores à Súmula 331/93

que deram diferentes tratamentos, interpretações e aberturas às contratações

e geração de empregos através de terceirizações.

Tanto o trabalho temporário como as terceirizações tem

respaldados legais nos entendimentos do teor contido na Súmula 331,

formando-se então as correntes e discussões que têm alimentado os estudos

mais recentes sobre a temática.

Quanto à regulamentação para o trabalho dito temporário,

“prevê o inciso I da Súmula 331 do TST que a contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário”. (Martins, 2007, p: 132).

Pontua o autor sobre a ilegalidade, mas a interpretação atual é

que a fraude passa a existir só se a intenção é frustrar a aplicação da lei.

No caso da Administração pública, muitos setores cujas vagas

deveriam ser preenchidas via concurso público através de maior oferta nos

editais são hoje ocupadas por contratos temporários e terceirizações. Tal

estratégia, além da discriminação e caracterização de formas de exclusão

social através da geração de empregos, tema do presente trabalho, traz

entendimentos que devem ser observados na aplicação do instrumento.

Segundo Martins (2007, p:145),

Não há dúvida que a terceirização de serviços pode ser feita na administração pública. Entretanto, não se pode fazer a terceirização na mão-de-obra, pois favorece o nepotismo e as nomeações políticas, ferindo a exigência de concurso público. O governo gasta com o terceirizado mais do que com o servidor público. Às vezes, até o dobro. O terceirizado não tem o mesmo comprometimento que o funcionário público tem com o serviço público.

Tais colocações do autor levam a questionamentos passíveis de uma

profunda reflexão se a terceirização está, realmente, a favor do crescimento e

desenvolvimento, principalmente no caso da Administração pública.

29

Mais produtividade pelo menor custo. Isso é o que está levando o

empresariado a disseminar cada vez mais o ideário mercadológico da

terceirização.

Na Administração Pública, a estratégia já se espalhou como

rastilho de pólvora, a fomentar discussões, desentendimentos, aumentando a

imensa tramitação de processos que são abertos em todos os órgãos públicos

para buscar a fundamentação legal, ainda bastante controvertida, sobre a

estratégia da terceirização.

O Decreto 2.271/97 (ANEXO 2) dispõe sobre os serviços

passíveis de terceirização nos órgãos públicos.

Entretanto, na Administração Pública, as terceirizações de

solução se transformam em problemas, quando novos cargos são criados pela

modernidade dos setores e serviços e não são preenchidos através dos

concursos. As necessidades são levantadas nos quadros de pessoal, dos

órgãos públicos. mas muitos serviços ficam à mercê de funcionamento através

de trabalhadores excluídos do quadro efetivo. Isso gera um clima de

discriminação e insegurança quanto à estabilidade e o vínculo empregatício.

Destarte, a contratação de pessoas na terceirização de serviços,

notadamente no serviço público, acaba se tornando um controvertido

procedimento, vez que , segundo Carelli (2003, p: 211),

o Governo Federal está tratando o instituto da terceirização como “fornecimento de trabalhadores sem concurso público”, implicando que as prestadoras de serviço estariam sendo meras intermediadoras de mão-de-obra ao governo federal. (...) A atividade pode ser terceirizada, mas isso não implica no “fornecimento” de trabalhadores para que estes atuem como “servidores”, sem o concurso público devido, com a subordinação do governo federal. As atividades terceirizadas devem ser realizadas autonomamente, e não como estão sendo tratadas pelo governo federal, que quer ter a ingerência sobre o pessoal que a prestadora de serviços irá realizar sua atividade, contrariando o Decreto nº 2.271/97, da própria Administração Pública Federal.

Portanto, pela pontuação do autor, as terceirizações ilegais na

Administração Pública são aceitas e respaldadas pelo próprio governo.

30

CONCLUSÃO

Na presente monografia buscou-se o foco no problema das

terceirização das relações de trabalho e serviços, necessidade que hoje já se

tornou uma estratégia complementar para a garantia da competitividade no

mercado de trabalho das empresas privadas e funcionamento da máquina

administrativa no serviço público.

Procurou-se no texto abordar a temática das estratégias

adotadas, notadamente na Administração Pública, para suprir a falta de

pessoal qualificado para a oferta de vagas e empregos, delimitando-se a

pesquisa no âmbito das grandes metrópoles, mais especificamente na cidade

do Rio de Janeiro.

Para a realização do trabalho levantou-se o seguinte PROBLEMA:

- Como equacionar geração de empregos, dinamização do

mercado de trabalho e valorização da mão-de-obra especializada?

A HIPÓTESE formulada para a questão foi:

- Para equacionar a tríade apresentada no problema, só

proporcionando ao trabalhador oportunidades de capacitação, tendo a

jurisprudência clareza nos entendimentos quando se trata de terceirização.

Na conclusão, a hipótese configura-se incompleta face as

dificuldades para a capacitação profissional na terceirização, principalmente no

serviço público, e as controvérsias que a legislação atual não esclarece.

Nesse caso, quando são oferecidas capacitações através de

cursos e seminários, o público-alvo selecionado, inclusive com despesas

pagas de diárias e passagens aos locais dos eventos, tem que pertencer ao

quadro de pessoal dos funcionários públicos efetivos.

Nas empresas privadas, valoriza-se mais os recursos humanos.

31

Na seqüência, concluiu-se que o empregado terceirizado é

discriminado e para ele nenhuma porta é aberta com a finalidade de investir-se

na valorização de seu potencial latente e suas experiências de vida. Difícil é

existir caminhos, especialmente no serviço público, para que os terceirizados

adquiram competências e habilidades necessárias ao seu desempenho

profissional. Nem no âmbito do trabalho e nem para a sua formação enquanto

pessoa - nada lhe será oferecido em termos de crescimento, valorização

profissional, suplência de escolarização e/ou capacitação.

Como foi explanado no Capítulo 2, são históricos os problemas e

falhas do sistema escolar brasileiro na formação integral para a cidadania e

mercado de trabalho, donde se conclui que serão iguais e paralelamente

históricas as vagas ociosas nas universidades e no mundo do trabalho.

Ora, é inadmissível o mundo do trabalho dissociado da educação

na era do conhecimento, da informação e do desenvolvimento científico-

tecnológico do mundo globalizado.

Daí a conclusão de que ainda há muitas distorções a serem

corrigidas para que novos caminhos possam se abrir à luz do Direito do

Trabalho nos rumos do real contexto nas relações empregado x empregador.

No Capítulo 1, procurando-se fazer uma abordagem da origem

das estratégias de terceirização no serviço público e nas empresas, concluiu-

se que sempre houve alienação no trabalho e desvalorização do profissional

nas relações empregado x empregador.

Para o desenvolvimento deste trabalho o procedimento

metodológico foi pesquisa bibliográfica, tendo sido consultados teóricos de

algumas décadas anteriores e da atualidade, entre outros Humberto Maturana,

Paulo Freire, Darcy Ribeiro, Lacerda Carelli, Sergio Martins, Leonardo Boff.

Ao longo do Capítulo 3 pretendeu-se ressaltar as dificuldades

encontradas para a formação de sindicatos entre empregados terceirizados.

32

Concluiu-se que será sempre fragilizada, senão impossível, tal

representatividade sindical pois, como foi bem exposto por Carelli (2003, p:

176),

A representação sindical é baseada na atividade econômica do empregador, que no caso dos trabalhadores terceirizados, são da empresa que o contrata e não daquela em que ele, efetivamente, exerce suas funções.

No Capitulo 4 e Anexos procurou-se fazer uma explanação do

Direito do Trabalho no que concerne ao instrumento da terceirização,

pesquisando-se a jurisprudência de legislações anteriores e atualmente

aplicadas. Na seqüência, concluiu-se que a atual legislação deixa muitas

brechas por entendimentos divergentes, o que abre caminhos a toda a sorte de

procedimentos, alguns até ilícitos, se considerados à luz da lei máxima –

CF/1988 – e outros pressupostos legais. Só para exemplificar, pode-se citar as

contratações sem concurso público na Administração Pública e/ou para o

desempenho de atividades –fim nos setores públicos e no meio empresarial.

Destarte, abrindo caminhos para novas pesquisas sobre

Terceirização e fatores relacionados aos temas geração de empregos,

qualificação profissional, exclusão social na empregabilidade, etc. sugere-se:

1. Possa o Direito do Trabalho elucidar novos entendimentos à

luz da justiça nas relações de geração de empregos com inclusão social.

2. Que se proceda a fusão da teoria na prática, com a verdade da

justiça transformadora para o bem social no contexto real dos envolvidos.

3. Que a valorização profissional do trabalhador seja a bandeira a

ser desfraldada nos rumos da liberdade pelo conhecimento e crescimento

pessoal do trabalhador.

Espera-se, com este trabalho, que brilhe um novo sol a iluminar

cada manhã nos caminhos das incertezas.

Possa o Direito do Trabalho renascer à luz desse novo horizonte.

33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1) ARANHA, Maria L. A.; Martins, M. H. P. Filosofando: introdução à Filosofia.

Moderna, São Paulo, 1995.

2) BOFF, Leonardo. O despertar da águia: o dia-bólco e o sim-bólico na

construção da realidade. Vozes, RJ, 1998.

3) CARELLI, Rodrigo L. Terceirização e Intermediação de mão-de-obra:

ruptura do sistema trabalhista, precarização do trabalho e exclusão social.

Renovar, RJ, 2003.

4) CUNHA, Luiz A. Educação: Estado e Democracia no Brasil. Cortez, RJ,

2005.

5) EXUPÈRY, Antoine S. Terra dos Homens. Nova Fronteira, RJ, 2006.

6) FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia . Paz e Terra, SP, 1996.

7) ____________. Pedagogia do Oprimido. Paz e Terra, RJ, 2005.

8) JORNAL O DIA. 2º Caderno. 15/02//08, p. 3. Andréa Machado, Concursos

e Empregos: Substituição de Terceirizados.

9) JORNAL O GLOBO.Caderno Boa Chance. 13/04/2008, p.3. Empresas e

Escolas terão banco de Currículos.

10) ___________________________________. 13/01/2008, p. 3. Baixa

qualificação dificulta contratação.

11) JORNAL DA UFRJ. Ano 3, nº 30, Novembro 2007, p.12-13. O Brasil não

pertence às elites.

12) JORNAL DO SINDEPRESTEM. PRIMEIRO PLANO. Sindicato das

Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros, Colocação e

Administração de Mão-de-obra e de Trabalho Temporário no Estado de

34

São Paulo, Terceirização: Necessidade sem precariedade. Ano 2, nº 8,

Março de 2008, p.5 – 6.

13) JORNAL ATUALIDADE . Servidores da Justiça do Trabalho, RJ. Ano 3, nº

31, Outubro de 2007. Entrevista SCI: Terceirização. P. 4.

14) MARTINS, Sérgio P. A Terceirização e o Direito do Trabalho. Atlas, SP,

2007.

15) MATURANA H. e VARELA F. A Árvore do Conhecimento: as bases

biológicas da compreensão humana. Palas Athena, SP, 2001.

16) RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil.

Companhia das Letras, SP, 1995.

LEGISLAÇÃO

1) Constituição Federal. 1988

2) Súmula 331/ 1993, TST

3) Decreto Lei 2.271/97

FILMOGRAFIA

TEMPOS MODERNOS. Direção, roteiro e música por Charles Chaplin, 1936.

Gravação em DVD, Coleção Carlitos, Volume V. Produção Sonopress Rimo de Industrial e Comércio Fonográfico Ltda, SP. Distribuição Grupo 72, Moema, RJ.

WEBSITEGRAFIA

1) www.contrafcut.org.br/artigos. Artigo selecionado: Sindicatos têm papel importante no combate à Terceirização. Consulta em novembro de 2008.

2) www.cifras.com.br. Canção do Sal, Milton Nascimento, 1978. Consulta em 12/04/2008.

35

ANEXOS

36

ANEXO 1

SÚMULA 331 DO TST DE 17 DE DEZEMBRO DE 1993

TST Enunciado nº 331 - Revisão da Súmula nº 256 - Res. 23/1993, DJ 21, 28.12.1993 e 04.01.1994 - Alterada (Inciso IV) - Res. 96/2000, DJ 18, 19 e 20.09.2000 - Mantida - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Contrato de Prestação de Serviços - Legalidade I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). (Revisão do Enunciado nº 256 - TST) III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20-06-1983), de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que hajam participado da relação processual e constem também do título executivo judicial (art. 71 da Lei nº 8.666, de 21.06.1993). (Alterado pela Res. 96/2000, DJ 18.09.2000)

37

ANEXO 2

DECRETO Nº 2.271 - DE 7 DE JULHO DE 1997 DOU DE 8/7/97

Dispõe sobre a contratação de serviços pela Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no § 7º do art. 10 do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967. DECRETA: Art. 1º No âmbito da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional poderão ser objeto de execução indireta as atividades materiais acessórias, instrumentais ou complementares aos assuntos que constituem área de competência legal do órgão ou entidade. § 1º As atividades de conservação, limpeza, segurança, vigilância, transportes, informática, copeiragem, recepção, reprografia, telecomunicações e manutenção de prédios, equipamentos e instalações serão, de preferência, objeto de execução indireta. § 2º Não poderão ser objeto de execução indireta as atividades inerentes às categorias fundacionais abrangidas pelo plano de cargos do órgão ou entidade, salvo expressa disposição legal em contrário ou quando se tratar de cargo extinto, total ou parcialmente, no âmbito do quadro geral de pessoal. Art. 2º A contratação deverá ser precedida e instruída com plano de trabalho aprovado, pela autoridade máxima do órgão ou entidade, ou a quem esta delegar competência, e que conterá, no mínimo: I - justificativa da necessidade dos serviços; II - relação entre a demanda prevista e a quantidade de serviço a ser contratada; III - demonstrativo de resultados a serem alcançados em termos de economicidade e de melhor aproveitamento dos recursos humanos, materiais ou financeiros disponíveis. Art. 3º O objeto da contratação será definido de forma expressa no edital de licitação e no contrato exclusivamente como prestação de serviços. § 1º Sempre que a prestação do serviço objeto da contratação puder ser avaliada por determinada unidade quantitativa de serviço prestado, esta deverá estar prevista no edital e no respectivo contratado, e será utilizada como um dos parâmetros de aferição de resultados. § 2º Os Órgãos e entidades contratantes poderão fixar nos respectivos editais de licitação, o preço máximo que se dispõem a pagar pela realização dos serviços, tendo por base os preços de mercado, inclusive aqueles praticados entre contratantes da iniciativa privada.

38

Art. 4º É vedada a inclusão de disposições nos instrumentos contratuais que permitam: I - indexação de preços por índices gerais, setoriais ou que reflitam a variação de custos; II - caracterização exclusiva do objeto como fornecimento de mão-de-obra; III - previsão de reembolso de salários pela contratante; IV - subordinação dos empregados da contratada à administração da contratante. Art. 5º Os contratos de que trata este Decreto, que tenham por objeto a prestação de serviços executados de forma contínua poderão, desde que previsto no edital, admitir repactuação visando a adequação aos novos preços de mercado, observados o interregno mínimo de um ano e a demonstração analítica da variação dos componentes dos custos do contrato, devidamente justificada. Parágrafo único. Efetuada a repactuação, o órgão ou entidade divulgará, imediatamente, por intermédio do Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais - SIASG, os novos valores e a variação ocorrida. Art. 6º A administração indicará um gestor do contrato, que será responsável pelo acompanhamento e fiscalização da sua execução, procedendo ao registro das ocorrências e adotando as providências necessárias ao seu fiel cumprimento, tendo por parâmetro os resultados previstos no contrato. Art. 7º Os órgãos e entidades contratantes divulgarão ou manterão em local visível e acessível ao público, listagem mensalmente atualizada dos contratos firmados, indicando a contratada, o objeto, valor mensal e quantitativo de empregados envolvidos em cada contrato de prestação de serviços. Art. 8º O Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado expedirá, quando necessário, normas complementares ao cumprimento do disposto neste Decreto. Art. 9º As contratações visando à prestação de serviços, efetuadas por empresas públicas, sociedades de economia mista e demais empresas controladas direta ou indiretamente pela União, serão disciplinadas por resolução do Conselho de Coordenação das Empresas Estatais - CCE. Art. 10. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Art. 11. Ficam revogados o Decreto nº 2.031, de 11 de outubro de 1996, e o art. 6º do Decreto nº 99.188, de 17 de março de 1990, na redação dada pelo Decreto nº 804, e 20 de abril de 1993. Brasília, 7 de julho de 1997; 176º da Independência e 109º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Pedro Malan Antonio Kandir

Claudia Maria Costin

39

ANEXO 3

TICKETS

40

INDICE

CAPA ----------------------------------------------------------------------pág 01

FOLHA DE ROSTO ----------------------------------------------------pág 02

DEDICATÓRIA ----------------------------------------------------------pág 03

AGRADECIMENTO ----------------------------------------------------pág 04

EPÍGRAFE ---------------------------------------------------------------pág 05

RESUMO -----------------------------------------------------------------pág 06

SUMÁRIO ----------------------------------------------------------------pág 07

INTRODUÇÃO ----------------------------------------------------------pág 08

CAPÍTULO 1 – A gênese da Terceirização no contexto histórico – pág 12

CAPÍTULO 2 – A carência de mão-de-obra qualificada no merca

do de trabalho -----------------------------------------pág 17

CAPÍTULO 3 – Representatividade sindical na Terceirização--------pág 22

CAPÍTULO 4 – A jurisprudência regulamentar da Terceirização ----pág 26

CONCLUSÃO ------------------------------------------------------------pág 30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS --------------------------------pág 33

41

LEGISLAÇÃO, FILMOGRAFIA, WEBSITEGRAFIA ------------pág 34

ANEXOS -------------------------------------------------------------------pág 35

ANEXO 1 - Súmula do TST – Enunciado nº 331/93 -------------------pág 36

ANEXO 2 – Decreto 2.271/97 --------------------------------------------pág 37

ANEXO 3 – Tickets --------------------------------------------------------pág 39

ÍNDICE ----------------------------------------------------------------------pág 40

FOLHA DE AVALIAÇÃO -----------------------------------------------pág 42

42

FOLHA DE AVALIAÇÃO

MATRÍCULA: K206192

TURMA: K088

ALUNO: Miguel Tarcisio de Athayde Costa

CURSO: Direito do Trabalho

TÍTULO: Terceirização: vantagem empresarial e desqualificação

profissional na geração de empregos e exclusão social AVALIADOR: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________