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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA Gestão de competências: a Nova forma de liderança Por: Marcelo Mendes Afonso Orientador Prof. Jorge Vieira Rio de Janeiro 2010

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2 LIDERANÇA TRANSFORMADORA O advento da globalização faz o mundo passar por muitas mudanças, um processo de transformações

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

Gestão de competências: a Nova forma de liderança

Por: Marcelo Mendes Afonso

Orientador

Prof. Jorge Vieira

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

Gestão de competências: a Nova forma de liderança

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em GESTÃO ESTRATÉGICA

DE VENDAS E NEGOCIAÇÃO

Por: Marcelo Mendes Afonso

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AGRADECIMENTOS

À minha esposa pelo companheirismo

e estímulo em prol da conclusão do

curso e ao meu amigo Marcelo Ramos

pelo incentivo à minha inscrição na

AVM.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia à minha família e

aos meus familiares, colegas de curso,

professores e a todos aqueles que direta

ou indiretamente contribuíram para esta

conquista.

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RESUMO

O principal objetivo desta monografia é demonstrar a importância da liderança

para o cumprimento de metas nas organizações contemporâneas.

O estudo se faz relevante, pois parte da premissa que o líder nas organizações

contemporâneas deve ser capaz de motivar o desenvolvimento de

competências e o desempenho individual de seus colaboradores. Este estudo

se justifica à medida que o papel da Liderança nas organizações modernas

fundamenta-se, em síntese, na capacidade de articular as necessidades

demandadas das orientações estratégicas em harmonia com as necessidades

dos indivíduos, orientando as necessidades de ambas as partes na direção do

desenvolvimento institucional e individual.

Concluiu-se que seria desejável que o sistema de liderança adotado por uma

empresa fosse capaz de, à medida que for mensurando seu desempenho,

identificar onde esta precisa incrementar suas competências. Assim, estar-se-

ia fazendo constantemente um levantamento das necessidades de treinamento

e sempre com foco no desempenho global da organização.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a realização desta pesquisa foi a pesquisa

bibliográfica.

A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências

teóricas publicadas, buscando conhecer e analisar as contribuições culturais

ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou

problema.

O presente estudo será dividido em cinco etapas, a saber: (a) levantamento do

referencial teórico; (b) seleção do referencial teórico apropriado a presente

investigação; (c) leitura crítico-analítica do referencial selecionado; (d)

organização dos dados levantados e (e) elaboração do relatório final.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8

1 LIDERANÇA ......................................................................................................... 10

1.1 Líder x Chefe ..................................................................................................... 10

1.2 Estilos de Liderança ........................................................................................... 10

2 LIDERANÇA TRANSFORMADORA ...................................................................... 13

2.1 O líder como gestor de pessoas ........................................................................ 16

3 A LIDERANÇA VOLTADA PARA A GESTÃO DE COMPETÊNCIAS ................... 18

4 GESTÃO DE PESSOAS E DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS ........... 23

4.1 Conceito de competências ................................................................................. 24

4.1.1 Competências Organizacionais ................................................................ 25

4.1.2 Competência Individual ............................................................................ 26

4.2 Avaliação por competências ............................................................................... 30

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 35

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INTRODUÇÃO

O papel da gestão empresarial aponta atualmente para a

necessidade da integração do papel de administrador com o de líder.

Pesquisas sugerem que as habilidades ou competências se

sobrepõem às demais, tais como: a definição da estratégia a ser seguida; a

mobilização de pessoas em prol de idéias inovadoras; a motivação e

estruturação das equipes.

O papel do gestor nos dias de hoje encontra-se ampliado e deve tirar

partido da energia individual, baseado numa liderança transformadora que

começa pelo indivíduo, fortalece a capacidade administrativa e se dissemina

pelas organizações com as quais o indivíduo interage.

Acredita-se que a meta fundamental da liderança deva ser viabilizar

a implementação de mudanças que façam a diferença. A diferença é produzida

por líderes e equipes que agem fazendo com que os resultados aconteçam.

Ou seja, o papel das lideranças deve ser o de assegurar igualdade de

oportunidades a todos os membros das equipes.

A liderança contemporânea tem por objetivo à gestão de

competências que possibilita a identificação das carências, referente aos

recursos humanos que implicam na geração de idéias e na eficiência dos

projetos de pesquisa e desenvolvimento, enfim, no alcance das metas e dos

objetivos estratégicos da empresa.

Esta monografia tem como principal objetivo demonstrar a

importância da liderança para o cumprimento de metas nas organizações

contemporâneas.

O objetivo geral desta pesquisa será alcançado através dos objetivos

específicos listados a seguir:

• Definir o líder no contexto da contemporaneidade;

• Demonstrar qual o papel do líder na implementação das

mudanças organizacionais necessárias na atualidade;

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• Discutir a importância da liderança compartilhada.

Desta forma, questiona-se: Qual o papel do líder nas organizações

contemporâneas?

A tendência atual aponta para a formação de equipes de alto

desempenho, capazes de otimizar resultados, por meio do desenvolvimento e

aprimoramento na gestão de pessoas.

Partindo-se da premissa que o líder nas organizações

contemporâneas deve ser capaz de motivar o desenvolvimento de

competências e o desempenho individual, este estudo se justifica e se faz

relevante pois o papel da Liderança nas organizações modernas fundamenta-

se, em síntese, na capacidade de articular as necessidades demandadas das

orientações estratégicas em harmonia com as necessidades dos indivíduos,

orientando as necessidades de ambas as partes na direção do

desenvolvimento institucional e individual.

Quando exercida com excelência a liderança estimula o

comprometimento dos indivíduos, conduzindo-os a altos desempenhos, o que

certamente gera resultados positivos crescentes para a organização.

É fundamental para a organização contemporânea que seus líderes

desenvolvam as competências necessárias para o sucesso do seu negócio,

que participem ativamente, assumam responsabilidades e riscos, sejam

eternos aprendizes e mestres, tenham senso inovador e visão de negócio. Este

perfil de liderança torna-se cada vez mais, fator indispensável para pessoas

que assumem postos gerenciais nas empresas.

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1 LIDERANÇA

A liderança é um tema importante para os gestores devido ao papel

fundamental que os líderes representam na eficácia do grupo e da

organização. Os líderes são responsáveis pelo sucesso ou fracasso da

organização.Liderar não é uma tarefa simples. Pelo contrário. Liderança exige

paciência, disciplina, humildade, respeito e compromisso, pois a organização é

um ser vivo, dotado de colaboradores dos mais diferentes tipos.

Chiavenato (1999, p.554) define a liderança como uma “influência

interpessoal exercida em uma dada situação e dirigida através do processo de

comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos

específicos”.

1.1 Líder x Chefe

Liderança, de uma forma bem clara, é o processo de conduzir um

grupo de pessoas, transformando-o numa equipe que gera resultados. O líder

precisar ter a habilidade de motivar e influenciar os liderados, de forma ética e

positiva, para que contribuam voluntariamente e com entusiasmo para

alcançarem os objetivos da equipe e da organizaçao. Desta forma , o líder

diferencia-se do chefe, que é aquela pessoa encarregada por uma tarefa ou

atividade de uma organização e que, para tal, comanda um grupo de pessoas,

tendo autoridade de mandar e exigir obediência.

1.2 Estilos de Liderança

Estilo de liderança: sempre foi complexo, por estar diretamente

condicionado com as reações do comportamento humano, mas é

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imprescindível que seja situacional, flexível e adaptado para os resultados que

se pretende.

De acordo com Lewin (apud MACHADO, 2000),“a liderança é o

determinante decisivo da atmosfera do grupo”, ou seja, do clima

organizacional. Lewin, em suas pesquisas, identificou três estilos de liderança:

• Liderança autocrática: Liderança focada apenas nas tarefas. Este tipo

de liderança também é chamado de liderança autoritária ou diretiva. O

líder toma decisões individuais, desconsiderando a opinião dos

liderados. O líder determina as providências e as técnicas para a

execução das tarefas, de modo imprevisível para o grupo. Além da

tarefa que cada um deve executar, o líder determina ainda qual o seu

companheiro de trabalho. O líder é dominador e pessoal nos elogios e

nas críticas ao trabalho de cada membro.

• Liderança democrática: Também chamada de liderança participativa

ou consultiva, este tipo de liderança é voltado para as pessoas e há

participação dos liderados no processo decisório. As diretrizes são

debatidas e decididas pelo grupo, estimulado e assistido pelo líder. O

próprio grupo esboça as providências para atingir o alvo solicitando

aconselhamento técnico ao líder quando necessário, passando este a

sugerir duas ou mais alternativas para o grupo escolher. As tarefas

ganham novas perspectivas com o debate. A divisão das tarefas fica ao

critério do próprio grupo e cada membro pode escolher os seus próprios

companheiros de trabalho. O líder procura ser um membro normal do

grupo. Ele é objetivo e limita-se aos fatos nas suas críticas e elogios.

• Liderança liberal ou Laissez faire: Laissez-faire é a contração da

expressão em língua francesa laissez faire, laissez aller, laissez passer,

que significa literalmente "deixai fazer, deixai ir, deixai passar". Neste

tipo de liderança as pessoas tem mais liberdade na execução dos seus

projetos, indicando possivelmente uma equipe madura, auto dirigida e

que não necessita de supervisão constante. Por outro lado, a Liderança

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liberal também pode ser indício de uma liderança negligente e fraca,

onde o líder deixa passar falhas e erros sem corrigi-los.

Chiavenato (2000) sintetizou as principais características de cada

um dos estilos, conforme pode ser verificado no quadro a seguir:

Fonte: Adaptado Chiavenato (2000)

Na prática, o administrador utiliza os três estilos de liderança de

acordo com a tarefa a ser executada, as pessoas e a situação. O administrador

tanto manda cumprir as ordens como sugere aos subordinados a realização de

certas tarefas, ou ainda os consulta antes de tomar decisão. O desafio está em

saber como aplicar cada estilo, com quem e em que circunstância e tarefas a

serem desenvolvidas.

Em minhas pesquisas encontrei ainda citaçoes sobre a Liderança

paternalista: O paternalismo é uma atrofia da Liderança, onde o Líder e sua

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equipe tem relações interpessoais similares às de pai e filho. A Liderança

paternalista pode ser confortável para os liderados e evitar conflitos, mas não é

o modelo adequado num relacionamento profissional, pois numa relação

paternal, o mais importante para o pai é o filho, incondicionalmente. Já em

uma relação profissional, o equilíbrio deve preponderar e os resultados a

serem alcançados pela equipe são mais importantes do que um indivíduo.

2 LIDERANÇA TRANSFORMADORA

O advento da globalização faz o mundo passar por muitas

mudanças, um processo de transformações e também de grandes

expectativas. Recentemente, fomos testemunhas do rompimento da sociedade

pós - industrial, e do advento da Era da Informação, a disparada para

Informatização, o nascimento da Biotecnologia, a Era do Conhecimento, e

ganhando notoriedade neste cenário as novas formas de Relações Humanas.

A globalização tornou a concorrência mais acirrada, o ritmo das

inovações tecnológicas, desafia as estratégias mais brilhantes.

Segundo Schermerhorn et al. (1999, p.121):

As empresas que querem ser competitivas não podem mais ignorar os desejos dos seus clientes, e os administradores não podem dar ordens e esperar que sejam cumpridas cegamente. As relações pessoais não podem mais ser aceitas como verdadeiras, e tampouco tanta criatividade humana pode continuar a ser desprezada e ignorada.

Para garantir sua sobrevivência, as empresas, em qualquer

segmento terão que passar por uma mudança cultural profunda. O seu recurso

humano terá que trabalhar inteligentemente e pensar mais rápido e de maneira

diferente.

Este novo cenário não permite as organizações seguir modelos

ultrapassados de premiar talentos e resultados, oferecendo posições de chefia.

Há que se evitar o “desperdício” de talentos que podem estar voltados para

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estudos, pesquisas ou desenvolvimento, em nível até mesmo estratégico,

obrigando-os a assumirem posições de lideranças.

A implementação destas mudanças requer um novo modelo de

atuação. Acabou a era do modelo de gestão baseada em penalidades, rigidez

e advertências, é página virada. Os líderes de hoje, terão que ter capacidade

de adaptações rápidas, e de promover mudanças em contraste com a

administração tradicional, terão que destruir as barreiras erguidas pelas

lideranças passadas e construir pontes, implantando um novo estilo de gestão,

voltado para ajudar os colaboradores a realizarem o que são capazes de fazer,

criando um ambiente propício à discussão, assegurando a liberação da

capacidade criativa, formulando uma visão para o futuro, encorajando,

emocionando, contextualizando, treinando, ensinando, facilitando, cultuando o

desprendimento e a diversidade, admirando e respeitando as diferenças, e

aproveitando as peculiaridades para obter as melhores ações, intenções e

soluções.

Na visão de Stoner & Freeman (1999, p.73):

Nenhuma organização, existe ou funciona sem a pessoa humana. Há que se observar que quando modificamos as estruturas, também modificamos as pessoas, o grande desafio dos líderes é conseguir que os seus colaboradores aceitem novas responsabilidades, que compreendam que as suas atividades combinam com a dos outros, e que possam se adaptar às circunstâncias modificadas, e que estejam afinados com as pessoas em sua volta, de maneira que realizem seu trabalho mais eficazmente, sejam mais produtivos e se tornem pessoas melhores .

Ao longo dos anos, alguns tabus, crenças ou se quiserem

paradigmas, estão caindo. Um deles é o da criatividade e das pessoas

criativas. Criatividade não é um dom. Pode e deve ser trabalhada em qualquer

situação – pode ser estimulada – pode ser apreendida.

As lideranças em muitas organizações estão produzindo cada vez

mais maneiras de estimular e capacitar seus colaboradores na busca de

soluções criativas e alternativas inovadoras. Não é regra ainda, mas

caminhamos para uma visão muito melhor do que há alguns anos.

Multiplicaram-se os cursos e as consultorias que tratam somente

de criatividade e inovação. Entretanto verifica-se que muitos ainda não se

deram conta da importância da construção dos ambientes criativos.

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Pessoas criativas, processos criativos, não conseguem produzir

inovações ou adaptações criativas se o ambiente não favorecer a criatividade.

Isto mesmo! É preciso ter um ambiente criativo.

Os ambientes criativos são fundamentais no processo de

criatividade e não podem ser criados somente na hora que precisamos ter

idéias novas. Em outras palavras, não da para mudar radicalmente um

ambiente desagradável, tanto no aspecto material (instalações, cores,

iluminação, etc.) quanto no psicológico (relações interpessoais, comunicação)

de um momento para outro, como se fosse um passe de mágica.

A construção de um ambiente criativo é permanente. As

lideranças podem dizer qual a hora da aplicação de um processo criativo,

podem estimular a criatividade das pessoas numa dada tarefa ou num

determinado processo, mas não podem mudar, criar e estruturar um ambiente

de uma hora para outra. Ambientes criativos estão sempre em processo de

formação. Talvez seja este um dos nós que dificulta a criatividade nas

organizações.

As lideranças precisam observar com mais cuidado o ambiente

criativo. Esse é o novo paradigma. É esse o desafio das lideranças e das

equipes.

Exercer a autoridade pode ser suficiente em épocas de

estabilidade, mas para um ambiente em constante transformação, quando

mudam as regras que determinam estruturas, valores, normas, processos e

sistemas é preciso haver liderança. E no exercício de um poder justo, o líder

autêntico cria estratégias, determina a direção que a empresa deve seguir para

alcançar um conjunto de metas e faz com que seus colaboradores o sigam por

estarem convencidos da validade de suas idéias. É importante ter paixão e

entusiasmo, que impulsionam os líderes, que os motivam a investir o tempo e

esforços necessários para criar a visão e depois transmiti-la para ajudar a

inspirar outras pessoas.

De acordo com Stoner & Freeman (1999, p.162):

Em seu papel mais importante hoje, o líder eficaz é aquele capaz de criar condições para o florescimento da liderança em outros,

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identificando e cultivando líderes potenciais em todos os níveis. Isto porque as grandes empresas estão se decompondo em unidades menores de negócios para se tornarem mais competitivas.

Enfrentar riscos, ter persistência para alcançar resultados

desafiadores, ter coragem, ser ético, construir novos valores de gestão, fazer

com que as pessoas se desenvolvam, ajudar as pessoas a encararem a

realidade e mobilizá-las para que façam mudanças, são as responsabilidades

do líder hoje, que ultrapassa tudo o que se falou e esperou dos líderes do

passado.

2.1 O líder como gestor de pessoas

As organizações modernas necessitam de maior velocidade e

menor custo nas soluções de seus problemas. Estes aspectos relacionam-se,

principalmente, com a necessidade de se estabelecer vínculos expressivos no

relacionamento, cooperação e aprendizagem entre talentos humanos,

facilitando, desta forma, o desenvolvimento da criatividade, senso de inovação

e eficiência, diferenciais de suma importância para o sucesso organizacional.

Segundo Chiavenato (2001, p. 137),

[...] liderança é uma influência interpessoal exercida em uma dada situação e dirigida através do processo de comunicação humana, para consecução de um ou mais objetivos e podendo ser dividida em: - liderança como influência: uma pessoa pode influenciar outra em

função do relacionamento existente entre elas; - liderança que ocorre em determinada situação: ocorre em dada

estrutura social decorrente da atribuição de autoridade para a tomada de decisão;

- liderança dirigida pelo processo de comunicação humana, capacidade de induzir o grupo a cumprir as obrigações atribuídas a cada um com zelo e correção;

- liderança visando à concepção de um ou de diversos objetivos específicos: o líder como meio para atribuir seus objetivos ou necessidades.

Do exposto depreende-se que a liderança não pode ser

confundida com as atividades de direção ou gerência, haja vista que esta ação

deve ser conduzida por um bom líder que não necessariamente ocupa a

função de diretor ou gerente dentro de uma empresa. O líder deve atuar em

todos os níveis hierárquicos e em todas as áreas da empresa, devendo ser

empreendedor e capaz de persuadir os recursos humanos da empresa a

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buscar pelo desenvolvimento em si próprio do que se convencionou chamar de

“Tecnologia Individual”.

As organizações passam, neste novo contexto, a priorizar a

criação de ambientes organizacionais que as coloquem em patamares mais

elevados de competitividade. Sendo assim, passam a compreender que é

fundamental estimular o desenvolvimento de competências nas pessoas que

integram suas equipes para manter a empresa numa dinâmica competitiva,

construindo novos valores e culturas organizacionais mais flexíveis e portanto,

com maior poder de adaptação ao novo cenário.

De acordo com Chiavenato (2001, p.140):

[...] existe uma grande diferença entre gerenciar pessoas e gerenciar com pessoas. No primeiro caso, as pessoas são o objeto da gerência, são guiadas e controladas para alcançar determinados objetivos. No segundo caso, as mesmas são o sujeito ativo da gerência, são elas que guiam e controlam para atingir os objetivos da organização e os objetivos pessoais.

O gerenciamento de pessoas passa assim, a ser a maior

preocupação das organizações a fim de que seus objetivos sejam atingidos,

através da participação de uma equipe eficiente e motivada, liderada por um

gestor que tenha como meta os seguintes desafios estratégicos, propostos por

Chiavenato (2001, p.146):

[...] atrair, capacitar e reter talentos; gerir competências; gerir conhecimento; formar novo perfil do profissional demandado pelo setor; gerir novas relações trabalhistas; manter a motivação no clima organizacional; desenvolver uma cultura gerencial voltada para a excelência; RH reconhecido como contributivo para o negócio; RH reconhecido como estratégico; conciliar redução de custo e desempenho humano de qualidade; equilíbrio com qualidade de vida no trabalho; descentralizar gestão de RH.

Dentro das novas tendências em gestão de pessoas, Bitencourt

(2004, p. XIV) chama a atenção para a necessidade de não considerar as

pessoas como recursos, propondo o seguinte questionamento:

Seria o Recurso Humano, no discurso dito tradicional e fortemente ideologizado, uma simples área para amortecer o conflito capital-trabalho, ao reproduzir os interesses de uma camada social? Ou seria, conforme apregoam aqueles com uma visão funcionalista, uma área preocupada somente com a reprodução ferramental de uma práxis? Ou, dentro de uma visão mais pragmática, seria uma área que necessita demonstrar como cria valor para a organização?

A fim de que seja possível uma eficaz mediação do

relacionamento entre os indivíduos e a empresa, o novo papel do gestor de

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pessoas vai além da tradicional missão de selecionar, recrutar, orientar, treinar,

avaliar e reter talentos por meio de pacotes de remuneração e benefícios

salariais. Políticas de motivação e a criação de um clima organizacional flexível

e favorável às mudanças devem ser implementados. Assim, acredita-se estar

inserida no novo papel do gestor de pessoas, a necessidade de estabelecer e

implementar modelos, políticas e práticas de gestão com vistas a obter o

comprometimento do trabalhador para com a empresa.

3 A LIDERANÇA VOLTADA PARA A GESTÃO DE

COMPETÊNCIAS

A liderança consiste na capacidade de exercer influência sobre

as pessoas em diferentes situações e contextos. Ocorre em grupos de diversos

segmentos, onde o processo de comunicação entre as pessoas funciona como

meta para a consecução dos objetivos almejados.

Neste cenário, as organizações contemporâneas foram

impulsionadas a buscar novas formas de relações humanas, pois a

globalização tornou a concorrência mais acirrada e o ritmo crescente das

inovações tecnológicas, demanda por estratégias mais eficazes.

Chiavenatto (2001, p.112), destaca que “não é a tecnologia, mas,

sim, o seu uso apropriado que cria valor agregado, visto que a capacidade de

adquirir, tratar, interpretar e utilizar a informação de forma eficaz é que

promove o diferencial estratégico”.

As empresas para garantirem sua competitividade, em qualquer

segmento terão que transformar sua cultura. Seus colaboradores terão que

pensar mais rápido, trabalhar de forma inteligente, pensar diferente e,

sobretudo, possuir competências que conduzam a excelência do

desempenho individual.

O líder deixa de gerenciar pessoas e passa a gerenciar

competências.

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De acordo com Bitencourt (2004, p.58),

[...] gerenciar competências é um processo contínuo e articulado, de formação e desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes, em que o indivíduo é responsável pelo seu próprio desenvolvimento, a partir da interação com outras pessoas no ambiente de trabalho, visando aprimorar sua capacitação, podendo, desta forma, adicionar valor às atividades da organização, da sociedade e a si próprio.

De acordo com a autora a sociedade do conhecimento tem

produzido um interessante paradoxo: para se tornarem mais competitivas,

as empresas precisam se tornar mais humanas.

Os líderes contemporâneos terão que ser capazes promover

mudanças rápidas que diferenciem a administração moderna da administração

tradicional. O papel do novo líder deve ser auxiliar os colaboradores a

descobrir e desenvolver suas competências, criando um ambiente propício à

discussão, à liberação da capacidade criativa e à aprendizagem.

As lideranças em muitas organizações estão produzindo cada vez

mais maneiras de estimular e capacitar seus colaboradores na busca de

soluções criativas e alternativas inovadoras. Não é regra ainda, mas caminha-

se para uma visão muito melhor do que há alguns anos. Cada vez mais, tem-

se evidenciado inúmeras vitórias associadas à criatividade e à inovação.

De acordo com Chiavenato (2001, p.70), a liderança

transformadora de que tratam os pesquisadores que têm estudando o

assunto, é aquela que percebe que não existe liderança eficaz sem que haja

seguidores convictos.

Conclui-se que a liderança transformadora, necessária às

organizações contemporâneas, é aquela que se baseia na credibilidade, na

construção da confiança mútua; é aquela que identifica uma visão de futuro

que inspire a ação dos liderados, levando-os a entender a necessidade de

desenvolver suas competências para que obtenham desenvolvimento

individual.

Num mundo tão complexo, a colaboração e o desenvolvimento de

processos participativos se tornam cada vez mais importantes.

As organizações tiveram seus processos abertos pela tecnologia e

a disseminação da informação. Nesse novo contexto, indivíduos e

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organizações buscam pontos comuns entre dedicação e engajamento,

desempenho e resultados, procuram motivos para a ação.

Segundo Ribeiro (2006, p.18-21) o modelo de gestão de pessoas

deve ser compreendido como um conjunto de políticas, padrões atitudinais e

ações utilizadas por uma empresa para interferir no comportamento de seus

colaboradores, direcionando-os no ambiente de trabalho. Do ponto de vista

organizacional, tais iniciativas provêm de diferentes instâncias

organizacionais e se misturam com as estratégias e práticas dos próprios

funcionários.

A nova concepção de liderança valoriza o talento humano

conduzindo e motivando os funcionários na busca do desenvolvimento de

seu potencial.

Chiavenato (2001, p.111) aponta quatro indicadores de

desempenho sistêmicos, englobando toda a empresa, a equipe e a própria

pessoa: financeiros, ligados ao cliente, internos e de inovação. Considera a

evolução dos índices de desempenho em confronto com outros indicadores,

tanto econômicos por mercado, região ou país, quando de empresas do

mesmo ramo.

Sendo assim, a identificação da competência organizacional

fornece excelentes subsídios para que se definam as estratégias e as

potencialidades da empresa, viabilizando também uma gestão de pessoas

mais eficiente e coerente baseada na obtenção dos resultados propostos.

É importante que a organização, ao administrar seus recursos

humanos, incentive a promoção de novas idéias e encoraje a adoção das

mesmas. A gestão de competências ajuda a organização identificar as

contribuições efetivas de cada funcionário e, viabiliza sua recompensa com

um incentivo à criatividade e à motivação.

De acordo com Ribeiro (2006, p.27):

Um modelo integrado de recursos humanos com a estratégia de negócios utiliza competências individuais como referência para outras funções e instrumentos de gestão de recursos humanos, apontando estratégias e mecanismos de recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, recompensa e gestão de carreiras.

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Desta forma, o diagnóstico de competências do funcionário

torna-se de suma importância para a gestão de pessoas e para a

implementação de avaliações de desempenho por resultados, de ações de

desenvolvimento profissional e de reciclagem de processos ou políticas

internas da empresa.

A Liderança exerce influência direta sobre as pessoas, quando

da sua aceitação. Impulsiona o grupo liderado ao alcance dos objetivos da

empresa, o que certamente promoverá ações para tornar a equipe eficaz e

preparada para os desafios.

O líder deve sempre buscar dar assistência e orientação à sua

equipe, preocupando-se com seu desenvolvimento, com a auto-estima do

grupo, com o senso de realização das pessoas, escolhendo os melhores

caminhos e melhores soluções para o bem estar daqueles que nela trabalham

e colaboram.

A partir dos anos 80 iniciaram-se as discussões sobre

competências nas empresas e pesquisadores organizacionais e consultores

começaram a se ter maior interesse pelo assunto. A princípio, a temática

parecia confusa, haja vista que se tratava de algo novo e muito avançado para

a época.

Foi a partir da escola de relações humanas de Elton Mayo que

se introduziu a abordagem humanística no mundo do trabalho, objetivando

tornar mais humana e democrática as relações entre as pessoas e as

organizações, surgindo a preocupação com aspectos não só psicológicos mas

também sociológicos, dando início a estudos e aplicação de conceitos tais

como: motivação, liderança e comunicação.

De acordo com Chiavenato (2001, p. 29):

Aos poucos, a cultura organizacional reinante nas empresas deixou de privilegiar as tradições antigas e passadas e passou a concentrar-se no presente, fazendo com que o conservantismo e a manutenção do status quo cedessem lugar à inovação e mudança de hábitos e de maneira de pensar e agir. A velha concepção de Relações Industriais foi substituída por uma nova maneira de administrar as pessoas, a qual recebeu o nome de Administração de Recursos Humanos. Os departamentos de recursos humanos (DRH) visualizavam as pessoas como recursos vivos e inteligentes e não mais como fatores inertes de produção; RH como o mais importante recurso organizacional e fator determinante do sucesso empresarial.

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Por outro lado, como comenta Bitencourt (2004, p. 240), “no fim da

Idade Média, a expressão competência já era associada à linguagem jurídica.

Onde, naquela época, dizia respeito à faculdade atribuída a alguém ou a uma

instituição para apreciar e julgar certas questões.”

Esta mesma autora define competências como:

Processo contínuo e articulado de formação e desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes onde o indivíduo é responsável pela construção e consolidação de suas competências (autodesenvolvimento) a partir da interação com outras pessoas no ambiente do trabalho, familiar e/ou em outros grupos sociais (espaço ampliado), tendo em vista o aprimoramento de sua capacitação, podendo, dessa forma, adicionar valor às atividades da organização, da sociedade e a si próprio (auto-realização) (BITENCOURT, 2004, p. 230).

A liderança das organizações modernas não está mais voltada para

o todo da empresa, ela refere-se ao desenvolvimento de competências

humanas. Hoje, não mais se fala em Recursos Humanos e sim em Talentos

Humanos.

Neste sentido o objetivo do líder na gestão de pessoas por

competências é implementar ações que permitam conhecer, potencializar,

integrar e subsidiar a gestão das competências individuais visando a auto-

realização das pessoas e a excelência no cumprimento da missão institucional.

O foco neste momento é o desenvolvimento de habilidades individuais,

incentivo ao diálogo e ao constante aperfeiçoamento.

Conclui-se então que os ambientes criativos são fundamentais no

processo de liderança.

Atualmente, no desempenho de sua função, o líder eficaz é aquele

capaz de propiciar condições favoráveis ao florescimento da liderança em

outras pessoas, identificando e cultivando líderes potenciais em todos os níveis

da Empresa. Isto porque as grandes organizações estão se decompondo em

unidades menores de negócios a fim de se tornarem mais competitivas no

mundo dos negócios.

Neste contexto, enfrentar riscos, ser persistente para alcançar

resultados desafiadores, ter coragem e ética, construir sempre novos valores

para a administração, fazer com que os recursos humanos da empresa se

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desenvolvam, auxiliar as pessoas conscientizando-as da nova realidade e

impulsioná-las para que busquem transformações que agreguem valor à

Empresa, são algumas das muitas responsabilidades do líder de hoje, que

difere de tudo o que se postulou e esperou dos líderes do passado.

O líder deixou de gerenciar pessoas, passando a gerenciar talentos.

4 GESTÃO DE PESSOAS E DESENVOLVIMENTO DE

COMPETÊNCIAS

Uma organização sofre a ação de estímulos internos e externos e

reage a eles. Através desses estímulos ela gera conhecimento e,

conseqüentemente, diferencial competitivo. A gestão do conhecimento

organizacional pressupõe a gestão do conhecimento do indivíduo. Sendo

assim, é importante que técnicas de elicitação de conhecimento individual

sejam usadas com o objetivo de criar uma memória organizacional semelhante

à soma das estruturas mentais de seus indivíduos.

A tecnologia individual constitui-se em um conjunto de habilidades e

competências do indivíduo que o impulsiona a agir e tomar decisões nas

organizações e pressupõe a existência de desempenho individual. Essa

associação leva à produtividade individual.

Segundo Carvalhal e Ferreira (1999, p.34), “desempenho individual é

a capacidade de um indivíduo de trabalhar com uma visão sistêmica,

articulando as diversas formas de racionalidade, com uma percepção cada vez

mais aguçada e com intuição”.

Lawler III (1995, p.76) acentua a importância de relacionar-se

competências com desempenho individual, pois para este autor, as

competências são características demonstráveis de um indivíduo, que incluem

conhecimentos, habilidades e comportamentos ligados diretamente ao

desempenho.

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É importante, também, apostar nas habilidades impulsionadoras da

liderança que delega poderes, persuade, capacita liderados para serem

agentes e multiplicadores das idéias de mudança.

Assim como a diferenciação competitiva em segmentos de alta tec-

nologia se faz pela adição de valores agregados ao produto, também a

qualidade do indivíduo nas organizações se diferencia quando ele é dotado de

um conjunto de habilidades de elevado valor agregado.

A capacidade de realizar múltiplas funções, caracterizada pelo uso

de um amplo espectro de competências, é a tônica requerida pelo ambiente

atual.

Segundo Carvalhal e Ferreira (1999, p.45):

Há uma tendência de diminuir o número de cargos e aumentar se-letivamente a capacitação e as recompensas. Isso implica, como contraponto, criar condições para que os indivíduos com elevado valor agregado de competências possam adicionar valor às equipes autogerenciáveis, que por sua vez poderão contribuir para que o desempenho seja qualitativa-mente melhor.

Depreende-se do exposto que o profissional deste século deve

privilegiar as realizações. Não pode se restringir a fazer a coisa certa, testada e

aprovada, mas ousar arriscar uma solução diferente para buscar a coisa que

dá certo, variando de acordo com o caso. Deve ser, portanto, um estudioso,

possuir uma visão global, adaptar seu negócio ao contexto requerido. Procurar

estar sempre na posição do atacante, ser um empreendedor, assumir riscos. O

profissional deve situar-se como um facilitador, abrindo caminhos – buscar o

crescimento coletivo. Deve ser um líder e estimular mudanças.

4.1 Conceito de competências

Para gerir o conhecimento organizacional, faz-se necessária a

anterior gestão do conhecimento e competências do indivíduo, pois a forma

como ele aprende é a base de todo o estudo do conhecimento organizacional.

Assim, o desenvolvimento de competências (conhecimentos, habilidades e

atitudes) tem sido o caminho apontado por muitos, para a mudança deste

paradigma.

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Competência, segundo o dicionário, vem do latim competentia e

significa “a qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto,

fazer determinada coisa, capacidade, habilidade, aptidão e idoneidade”

(FERREIRA, 1995, p.353).

Segundo Perrenoud (1999, p.43), “competência é a capacidade de

mobilizar, articular e colocar em ação valores, conhecimentos e habilidades

necessários para o desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas

pela natureza do trabalho”.

Ramos (2001, p.66), destaca que a noção de competência propõe o

saber-fazer proveniente da experiência ao invés de somente os saberes

teóricos tradicionais valorizados na lógica da qualificação. Basicamente,

desloca a atenção para a atitude, o comportamento e os saberes tácitos dos

trabalhadores devido às novas concepções do trabalho baseado na

flexibilidade, na autonomia, responsabilidade, capacidade de comunicação e

polivalência.

4.1.1 Competências Organizacionais

Hamel e Prahalad (1990) definem o conceito de “core competence”,

ou competência essencial, como um conjunto de habilidades, competências e

tecnologias que permite uma empresa atender às necessidades específicas de

seus clientes, isto é, alcançarem vantagem competitiva sobre seus

concorrentes.

Assim, a competência essencial da empresa é a soma do

aprendizado de todo o conjunto de suas habilidades e competências

individuais nos processos decisórios da organização. Constitui uma fonte de

vantagem competitiva, porque deve ser única e contribuir para o valor

percebido pelo cliente e não ser, facilmente, copiada pela concorrência.

Compreender e distinguir melhor as competências de uma empresa

pode trazer inúmeros benefícios.

De acordo com King, Fowlwe e Zeithami (2002, p.37):

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Quando os gerentes têm opiniões similares sobre as competências mais importantes de sua empresa, tendem a ser mais coerente nas decisões voltadas a desenvolver e fortalecer essas competências, e indicando áreas em que é preciso investir para aumentar a condição competitiva da empresa.

4.1.2 Competência Individual

Com relação à competência no nível individual, constata-se que as

habilidades, potencialidades e atitudes do funcionário são influenciadas pelas

competências da organização.

De acordo com Hipólito (2001, p.81):

O conceito de competência ampliou-se. Além de considerar o estoque de conhecimentos, habilidades e atitudes de um indivíduo, considera também resultados, produção e entrega decorrentes de sua mobilização, isto é, incorpora o valor adicionado pelo empregado ao negócio.

Dejours (1997) acredita que a competência humana relaciona-se ao

contexto ético e social, ou seja, depende tanto do sujeito, quanto do coletivo.

Antes de ser individual, a competência é coletiva.

De acordo com Sveiby (1998, p.42) a competência de uma pessoa

pode ser conceituada a partir de cinco elementos, sendo eles: o conhecimento

explícito, que envolve o conhecimento dos fatos e é adquirido principalmente

pela informação formal; a habilidade, que engloba uma proficiência física e

mental e é adquirida pelo treinamento, pela prática e pela comunicação; a

experiência, adquirida principalmente pela reflexão sobre sucessos e erros

passados; os julgamentos de valor, que dizem respeito às percepções do que

o indivíduo acredita estar certo; e, por último, a rede social, formada pelas

relações do indivíduo com outros seres humanos, dentro do ambiente e da

cultura transmitidos pela tradição.

A partir da análise dos conceitos de competência apresentados por

diversos autores, o conceito de competência, discutido neste estudo, envolve

diretamente o indivíduo inserido em sua equipe de trabalho através de sua

atividade prática, uma vez que sua rotina diária implica num constante

processo de saber aprender.

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O indivíduo deve mostrar-se apto a tomar iniciativa e a assumir

responsabilidades diante das situações profissionais com as quais se depara.

A responsabilidade é, sem dúvida, a contrapartida da autonomia e da

descentralização das tomadas de decisões. Não mais diz respeito à questão

de executar ordens, mas de ser capaz de assumir a responsabilidade pela

avaliação da situação, pela iniciativa exigida e pelos efeitos que vão decorrer

dessa situação.

A gestão por competências, muito mais do que uma forma de

administrar, é uma filosofia de desenvolvimento de talentos nas

organizações com o objetivo de se construir uma organização eficaz, ou

seja, aquela que atinge as suas metas e seus objetivos traçados.

Lockett citado por Gramigna (2002, p.50), postula que:

[...] a essência da gestão do desempenho é o desenvolvimento dos indivíduos em termos de competência e comprometimento, avançando em direção a objetivos significativos e compartilhados em uma organização que apóie e encoraje o seu atingimento.

Este processo requer ferramentas apropriadas de gestão e estas

ferramentas são apresentadas por Carvalhal e Ferreira (1999, p.85):

[...] planejamento estratégico; definição de metas, indicadores, prioridades e valores para a organização, processos e indivíduos; avaliação, plano de desenvolvimento pessoal; atividades de aprendizagem e desenvolvimento; e remuneração com base em desempenho.

Chiavenatto (1999, p.112) destaca que “não é a tecnologia, mas,

sim, o seu uso apropriado que cria valor agregado, visto que a capacidade de

adquirir, tratar, interpretar e utilizar a informação de forma eficaz é que

promove o diferencial estratégico”.

Albrecht (2004, p.31), defende a inteligência organizacional como

modelo para integrar diversos níveis de inteligência individual, de equipe e

organizacional, capazes de “nutrir a cultura do conhecimento” para enfrentar a

terceira onda. Programas de treinamentos a fim de trabalhar habilidades como

pensamento crítico, criatividade, solução de problemas, tomada de decisões e

ultimamente até inteligência emocional são estratégias utilizadas nesse

modelo.

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Sendo assim, para que uma organização aprenda, é preciso que os

indivíduos que dela fazem parte estejam em constante aprendizagem. Além

disso, é necessário que o conhecimento dos indivíduos, venha a ser

exteriorizado a fim de que outros indivíduos possam processá-lo e valorá-lo.

Esse processo de aprendizagem individual – exteriorização do

conhecimento tácito – assimilação do conhecimento por outros indivíduos

dentro de uma organização é o que Nonaka e Takeuchi (1997, p.116)

chamaram de “espiral do conhecimento”.

A organização precisa adaptar-se rapidamente aos novos

paradigmas, considerando que os recursos humanos é um conceito

ultrapassado, podendo ser substituído por talentos humanos, pessoal,

potencial humano, dentre muitos outros.

Observa-se que o grande desafio que se impõe é a criação de um

ambiente de aprendizagem no qual todo funcionário e todo componente do

sistema comercial da empresa compreenda a importância da contínua

aprendizagem associada às metas empresariais.

Os avanços tecnológicos, evidenciados tanto nos produtos quanto

nos processos faz com que as empresas se mobilizem em busca de um

diferencial, na capacitação profissional de seus colaboradores, seja para

aumentar a produtividade seja para melhorar a qualidade. E, o treinamento

constitui-se em um instrumento adequado e de grande utilidade neste

processo.

Na busca pela melhoria, toda transformação requer que o

trabalhador seja protagonista dos processos. Segundo Prahalad (1997, p.6),

“[...] não bastam as máquinas, sem as pessoas, elas param; sem estas,

devidamente preparadas, não se produz o que é necessário”.

A melhoria de produtividade individual em muito depende da melhor

utilização dos recursos tecnológicos à disposição, o que por sua vez é

conseqüência do treinamento e da formação dos indivíduos.

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Para que haja desenvolvimento tecnológico, o problema fundamental

é o da educação e treinamento dos colaboradores.

Meister (1999, p.90), nos ensina que:

No Brasil, como em muitos países, há uma profunda crise educacional e, essa má qualidade reflete-se diretamente nas relações de trabalho. Esse panorama traz conseqüências desagradáveis aos níveis de qualidade e produtividade. Como conseqüência, recai sobre a exigência de uma formação mínima para se realizar o manuseio de equipamentos sofisticados, softwares, etc... No entanto o prazo é relativamente curto.

Essa tendência poderá ser minimizada, no momento em que se

compreender que a qualidade e a produtividade somente são possíveis com

educação, trabalho, ciência e tecnologia individual. Saber como fazer e,

principalmente, capacitar os trabalhadores para que o façam, de maneira

eficiente e criativa, são condições básicas. É impossível pensar em qualidade e

produtividade sem a respectiva contrapartida da formação profissional. Mais do

que investir em educação, investir em pessoas parece o ser o caminho certo

para o crescimento das empresas.

Em organizações bem sucedidas no processo de aprendizagem, a

aprendizagem individual é contínua, o conhecimento é compartilhado e a

cultura organizacional apóia a aprendizagem. Os funcionários são encorajados

a pensar criticamente e a assumir riscos com novas idéias, sendo as suas

contribuições devidamente valorizadas.

De acordo com Costa (1996, p.82), “[...] uma organização que

aprende é aquela em que o conhecimento é a base de tudo que a empresa

faz”.

No passado, as empresas precisam muito do capital dinheiro no

negócio da produção. Hoje em dia, é necessário investir em capital humano.

No que diz respeito à questão de aprender, até há pouco, a empresa enviava

os profissionais para o treinamento, para fora, para um congresso, para um

seminário etc. Mas não existia na organização um comprometimento em

passar este aprendizado para outras pessoas.

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De acordo com Mundim (2002, p.175), atualmente espera-se que a

qualidade nas organizações propicie maior competitividade pelos seguintes

pontos:

[...] redução de custo; redução da variação e dos defeitos; maior conhecimento das expectativas e necessidades dos clientes; maior conhecimento dos processos; melhor tomada de decisão gerencial e rápida introdução de produtos e serviços no mercado.

Face ao exposto depreende-se que líderes em sintonia com a nova

era integram-se efetivamente nas equipes, envolvendo-se muito mais com os

demais membros. Têm claro seu papel no contexto do empreendimento e, ao

mesmo tempo em que procuram aplanar o caminho do desenvolvimento dos

colaboradores, trabalham também seu auto-desenvolvimento e não perdem de

vista a missão da empresa. Sabem, também, que precisarão buscar e

desenvolver novas habilidades, em conformidade com a nova performance

desejada.

Quem tem pouca atitude no trabalho tende a apenas executar as

tarefas que lhe são solicitadas, sem nunca apresentar novas propostas.

Empresas que não têm a preocupação de cultivar lideranças

transformadoras não se transformam em organizações de aprendizado e

ficarão estagnadas no mundo dos negócios. A organização que aprende

valoriza cada vez mais a geração de conhecimento interno.

Dessa forma, a gestão de competências é uma prática estratégica

que visa a aumentar o desempenho global da corporação, através do

incremento do desempenho individual de seus empregados

4.2 Avaliação por competências

Com base na gestão estratégica de recursos humanos, o

acompanhamento do desempenho destaca-se como uma tecnologia muito

importante na identificação das competências das empresas, tanto

organizacionais como individuais.

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Pressupõe-se que o funcionário sabe ou pode aprender a identificar

suas próprias competências, necessidades, pontos fortes, pontos fracos e

metas. Assim, ele é a pessoa mais capaz de determinar o que é melhor para

si. O papel dos superiores e do Departamento de Recursos Humanos, passa a

ser o de ajudar o funcionário a relacionar seu desempenho às necessidades e

à realidade da organização.

Esse processo conduz ao conceito de competências, termo este

amplamente utilizado e dotado de diversas conotações.

Segundo Leboyer (1997, p.125), “Competências são repertórios de

comportamentos que algumas pessoas e/ou organizações dominam, o que as

faz destacar de outras em contextos específicos”.

Faz-se necessário ressaltar que o conceito prioriza a excelência, o

que torna necessário estabelecer um processo sistematizado, com

metodologias específicas, passível de mensuração e comparação de

performances entre os vários colaboradores de uma instituição, quando se

deseja identificar pessoas dentro do perfil desejado.

Gramignia (2002, p.87), refere que:

[...] é possível pensar a avaliação de desempenho por competências como um poderoso meio de identificar os potenciais dos funcionários, melhorar o desempenho da equipe e a qualidade das relações dos funcionários e superiores, assim como estimular aos funcionários a assumir a responsabilidade pela excelência dos resultados pessoais e empresariais.

Do exposto depreende-se que a gestão por competências constitui-

se em um sistema gerencial impulsiona os funcionários a descobrir sua

competência profissional, aliando capacidades e aprimorando as já existentes.

Competências são aqui compreendidas como capacidades, conhecimentos e

características pessoais que diferenciam os profissionais de alto desempenho

com relação aos funcionários que apresentam desempenho baixo ou regular.

A gestão de competências é uma ferramenta que identifica as

competências essenciais, as habilidades e conhecimentos que determinam a

eficácia profissional e também as lacunas de qualificação do funcionário para

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tarefas específicas e fornece recursos para aperfeiçoar suas capacidades. O

resultado é um quadro de funcionários mais talentosos e mais produtivos.

De acordo com Prahalad (1997, p.121), “na maior parte das vezes, é

a percepção do gerente sobre o funcionário que define a competência do

mesmo. Se for uma percepção correta é ponto a favor do funcionário”. Porém,

na grande maioria das vezes, a percepção do gerente é incompleta ou

incompreendida pelos funcionários, pois cada funcionário possui uma visão

diferente sobre o que é preciso para ser eficaz no trabalho.

Uma das questões mais difíceis na gestão de pessoas é definir e

avaliar o desempenho. A avaliação de desempenho, segundo Dutra (2001,

p.33), possibilita a identificação de três dimensões do indivíduo que interagem

entre si: o desenvolvimento, o esforço e o comportamento. Segundo o autor:

Cada dimensão deve ser tratada de forma diferente, tanto no que se refere à maneira de avaliar quanto no que diz respeito às ações decorrentes da avaliação. Em geral, as empresas misturam essas três dimensões e dão mais ênfase ao esforço e ao comportamento. No momento atual, o desenvolvimento é a dimensão mais importante do desempenho e merece uma atenção diferenciada (p.35).

A avaliação de desempenho tradicional apenas estabelece

comparação entre os resultados alcançados com os resultados esperados, a

fim de corrigir os possíveis erros existentes nos processos que influenciam na

consecução dos resultados.

Com a nova abordagem, ou seja, a gestão de competências e de

tecnologia individual, a gestão de desempenho passa a integrar um processo

estratégico maior de gestão de pessoas, porque viabiliza que se reveja

estratégias, objetivos, processos de trabalho e políticas de recursos humanos

corrigindo os desvios para dar uma melhor sustentação às competências da

organização.

Chiavenato (1996, p.111) aponta quatro indicadores de desempenho

sistêmicos, englobando toda a empresa, a equipe e a própria pessoa:

financeiros, ligados ao cliente, internos e de inovação. Considera a evolução

dos índices de desempenho em confronto com outros indicadores, tanto

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econômicos por mercado, região ou país, quando de empresas do mesmo

ramo.

Enfim, finalizando esta discussão, depreende-se que a medição do

desempenho tem se guiado mais pelo entendimento e acordo entre avaliador e

avaliado, deixando de lado o julgamento superior e definitivo do

comportamento dos funcionários, isto é, passa a ser um processo de acordo e

discussão a respeito dos objetivos a serem atingidos, gerente e funcionários

trocam idéias e informações, resultando daí um compromisso conjunto em prol

de condições necessárias de crescimento profissional e atingimento de

resultados.

CONCLUSÃO

As organizações estão sendo impulsionadas a lidar com ambientes

cada vez mais dinâmicos, demandando novas exigências de gestão e novos

perfis de lideranças. Grande ênfase tem se dada à questão das competências

essenciais da organização, que se referem ao aprendizado coletivo, e das

competências do indivíduo, tais como: tecnologia individual, desempenho

individual e produtividade individual. As mudanças não são decorrentes apenas

dos avanços tecnológicos, mas também do ambiente que se tornou complexo,

demandando transformações permanentes para se garantir a vantagem

competitiva.

Somente as pessoas são capazes de desenvolver-se, pois têm uma

enorme necessidade de crescimento. O desenvolvimento organizacional

procura modificar as organizações mecanicistas transformando-as em

organizações orgânicas através da compatibilização dos objetivos

organizacionais e dos objetivos individuais dos seus colaboradores.

A partir desta premissa de desenvolvimento organizacional conclui-

se que o papel das organizações atualmente deixou de ser apenas o

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tradicional e ganhou novas responsabilidades. A mais importante delas é a de

promover o desenvolvimento de toda a sociedade, e para que esse papel seja

cumprido de maneira satisfatória, faz-se necessário que os seus colaboradores

diretos estejam conscientes da necessidade de estarem preparados como

cidadãos conscientes. Isso implica que tenham acesso à educação e à cultura

de forma ampla, para que possam agregar valor ao trabalho que eles realizam.

Ou seja, é preciso que os colaboradores sejam capazes de agregar valor à

empresa através de seu desempenho individual.

O talento e a qualificação tornam-se, assim, os principais meios para

o desenvolvimento de uma carreira profissional promissora. Para ser capaz de

competir nas diferentes situações de mercado, exigi-se dos líderes dedicação

exclusiva à qualidade, à produtividade e à contínua flexibilidade para o

atendimento das necessidades dos clientes, internos e externos à organização.

Do exposto conclui-se que é fundamental, na Gestão por

Competências, levar-se em consideração não somente as competências

comportamentais, mas também as competências técnicas, atribuindo-se pesos

e profundidades a cada uma delas adequados ao perfil da empresa, sua

cultura organizacional e sua atividade. Ainda, estendendo-se um pouco mais,

subdividindo as competências comportamentais em essenciais (aquelas que

são comuns a qualquer indivíduo na empresa) e as específicas (aquelas que

são atribuídas a cada cargo específico).

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTO 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I 1 LIDERANÇA TRANSFORMADORA 10 1.1 O líder como gestor de pessoas 13 CAPÍTULO II 2 A LIDERANÇA VOLTADA PARA A GESTÃO DE COMPETÊNCIAS 15 CAPÍTULO III 3 GESTÃO DE PESSOAS E DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS 20 3.1 Conceito de competências 21

3.1.1 Competências Organizacionais 22

3.1.2 Competência Individual 22

3.2 Avaliação por competências 27 CONCLUSÃO 30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 32 ÍNDICE 35