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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE O TURISMO ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PRESERVAÇÃO DAS TRILHAS DE PARQUES - O PARQUE DO PÃO DE AÇUCAR, UM ESTUDO DE CASO. Por: Jorge Renato Fragoso Antonio Orientadora Prof a . DSc. Ana Paula Pereira da Gama Alves Ribeiro Rio de Janeiro 2009

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-25 · o visitante ao ambiente natural, ou conduzi-lo a um atrativo específico, possibilitando seu entretenimento

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O TURISMO ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PRESERVAÇÃO DAS

TRILHAS DE PARQUES - O PARQUE DO PÃO DE AÇUCAR, UM ESTUDO DE

CASO.

Por: Jorge Renato Fragoso Antonio

Orientadora

Profa. DSc. Ana Paula Pereira da Gama Alves Ribeiro

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O TURISMO ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PRESERVAÇÃO DAS

TRILHAS DE PARQUES - O PARQUE DO PÃO DE AÇUCAR, UM ESTUDO DE

CASO.

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau

de Especialista em Gestão Ambiental.

Por: Jorge Renato Fragoso Antonio

Rio de Janeiro

2009

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AGRADECIMENTOS

A todos os autores, a minha

orientadora Profa. Ana Paula e

aos colegas de classe: Luis

Claudio, Daniel, Daniela, Elisa

e Cleiton, pela amizade.

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DEDICATÓRIA

Aos meus queridos pais, com todo amor e carinho. Ao meu companheiro e amigo Fabiano Vidal da Silva (IN MEMORIAM). E em especial para Elias da Silva Fontoura por tanto colaborar para a confecção e aperfeiçoamento deste trabalho acadêmico. Jorge Renato Fragoso Antonio

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RESUMO

Este trabalho analisa a consciência ambiental com base nos princípios da

Educação Ambiental. A principal tarefa da Educação Ambiental é o desenvolvimento do senso crítico, pois assim estará sendo dada a chance para a população dizer “não” aos empresários que só visam aumentar o seu lucro, o seu montante sem maiores preocupações com o meio ambiente, com as demais culturas e com futuros problemas sociais decorrentes da falta de sustentabilidade. A interpretação em áreas naturais tem sido realizada freqüentemente através de Trilhas de interpretação (que visam mostrar placas indicativas) da natureza, que é uma estratégia utilizada para promover maior integração entre o homem e a natureza, propiciando melhor conhecimento do ambiente local. As Trilhas podem passar por diferentes ambientes, serem trabalhados em seus aspectos históricos, culturais e principalmente ambientais. Hoje em dia é possível encontrar programas de Educação Ambiental, não somente em áreas de conservação mas também em propriedades particulares, onde tanto o conhecimento quanto o lucro gerado são voltados integralmente à natureza.

Palavras-chave: 1. Turismo Ecológico. 2. Educação Ambiental. 3. Trilhas.

4. Sustentabilidade.

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METODOLOGIA

Ao elaborar este trabalho acadêmico buscou-se o conhecimento e informações através do levantamento de dados, com ênfase na pesquisa bibliográfica, tais como: leitura de livros, jornais, manuais, revistas, pesquisas publicadas nas entidades acadêmicas, Internet e nos vinte e dois anos de experiência profissional do autor como Guia de Turismo Regional cadastrado pelo Ministério do Turismo. Esta pesquisa é do tipo: aplicada, qualitativa, descritiva e bibliográfica.

7

SUMÁRIO

Página

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO 1 AVALIANDO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL 11 CAPÍTULO 2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O ECOTURISMO 21 CAPÍTULO 3 A EA COMO INSTRUMENTO DE PRESERVAÇÃO DAS TRILHAS NO PARQUE DO PÃO DE AÇUCAR - RJ 36

CONSIDERAÇÕES FINAIS 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA 48

ANEXOS 50

ÍNDICE 58

ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES 60

FOLHA DE AVALIAÇÃO 62

8

INTRODUÇÃO

Atualmente, tanto no Brasil quanto em todo mundo, grande parte da

população está cada vez mais envolvida com novas tecnologias e com cenários

urbanos, perdendo, dessa maneira, a relação natural que tinham com a terra e

seus referenciais culturais.

Principalmente na última década a Educação Ambiental (EA) vem

buscando incentivar o interesse pelos problemas ambientais, políticos e sócio-

culturais, não somente através da sensibilização, mas modificando atitudes e

proporcionando novos conhecimentos e critérios.

A EA, vem se constituindo cada vez mais uma das formas mais

abrangentes e lúdicas de educação. Implementando várias propostas para atingir

os cidadãos, principalmente os mais jovens, utilizando um processo pedagógico

participativo permanente, que envolva não somente as questões educacionais,

mas também procurando despertar no educando, uma consciência crítica sobre a

problemática ambiental e quando se menciona consciência crítica, leia-se como a

capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais.

Nos primórdios da civilização humana, os seres humanos tinham uma

relação mais harmônica com o Meio Ambiente, provocando um mínimo de

interferências nos ecossistemas, mas com a expansão das cidades e o aumento

da população e suas demandas inerentes, passou a exercer uma agressiva

pressão sobre os recursos naturais do planeta.

Dentro desse contexto, se torna cada vez mais prioritária a necessidade

de mudar o comportamento dos seres humanos em relação à natureza, no

sentido de promover a compatibilização das atuais práticas econômicas com

atitudes mais conservacionistas. O atual modelo de desenvolvimento deve adotar

cada vez mais um viés de sustentabilidade (processo que assegura uma gestão

responsável dos recursos do planeta de forma a preservar os interesses das

gerações futuras e, ao mesmo tempo, atender as necessidades das gerações

atuais), com reflexos positivos evidentes junto à qualidade de vida de todos

(BARBOSA, 2002).

Boa parte das Trilhas hoje utilizadas em Ecoturismo são caminhos

tradicionalmente utilizados por determinadas comunidades de baixa renda e ou

favelas para se locomoverem mais rápido, entre os bairros. Mas também,

9

atualmente, muitos especialistas (gestores, ecólogos, biólogos e ambientalistas)

detém conhecimentos que transformam a abertura de trilhas em um trabalho

científico, pedagógico e paisagístico, incrementando possibilidades de haver um

Turismo Ecológico.

Desta forma, trilhas são caminhos existentes ou estabelecidos, com

diferentes formas, comprimentos e larguras, que possuam o objetivo de aproximar

o visitante ao ambiente natural, ou conduzi-lo a um atrativo específico,

possibilitando seu entretenimento ou educação através de sinalizações ou de

recursos interpretativos (SALVATI, 2004).

O Pão de Açúcar fica localizado na Avenida Pasteur, s/n. Bairro: Urca,

Praia Vermelha, na cidade do Rio de Janeiro. Foi devidamente tombado junto

com o Morro da Urca e ambos foram considerados patrimônios naturais, passíveis

de preservação permanente, através do Decreto Municipal n.º 26578, em 1º de

junho de 2006. Além disso, também é considerado, nacional e mundialmente, um

dos pricipais símbolos da cidade do Rio de Janeiro.

Ao elaborar este trabalho pretendeu-se replicar a e partilhar as

experiências do autor desta pesquisa através de um estudo de caso originado

pelas aulas de EA que tiveram como um de seus objetivos principais mostrar

como a exploração sustentável das trilhas ora existentes na Área de Proteção

Ambiental (APA), que rodeiam o morro do Pão de Açúcar, podem se tornar um

meio de lazer muito acessível a toda a população e, ao mesmo tempo, uma forma

de aprender sobre como funcionam os ecossistemas da Mata Atlântica.

Portanto, o estudo de caso aqui analisado, pretendeu ensinar EA de

uma forma mais prática e lúdica, procurando gerar mais interesse nos eventuais

alunos, utilizando uma inovadora metodologia, onde o Guia e ora Professor,

passou a percorrer as trilhas de uma forma mais interpretativa, gerando uma nova

visão aos alunos de forma que estes pudessem ter mais acesso à natureza, com

possibilidades de aulas mais práticas.

Dentro da vertente acima mencionada, na primeira parte deste trabalho,

procurou-se a conceituação teórica da EA, além de delimitar sua finalidade, seus

princípios básicos e a visão histórica.

Na segunda parte de deste trabalho, será analisada forma de como a

Educação Ambiental pode ser aplicada em Unidades de Conservação (UC) e

Áreas de Preservação Permanente (APAs), inclusive, através da percepção no

10

processo de Educação Ambiental. Após esta análise introdutória em áreas de

preservação haverá a delimitação da pesquisa analisando-se o estudo de caso

que sobre a APA onde está localizado o Pão de Açúcar, avaliando os impactos

ambientais nas trilhas e a metodologia de controle de impactos.

Na terceira parte deste trabalho se faz uma conclusão, procurando

oferecer novas propostas do aproveitamento ecológico das trilhas não somente

do Pão de Açúcar, mas também de todo o município do Rio de Janeiro, sempre

conjugando Turismo Ecológico com EA.

11

CAPÍTULO 1 AVALIANDO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

1.1. – Conceito de Educação Ambiental

Historicamente, o conceito de Educação Ambiental foi mencionado pela

primeira vez na Conferência Intergovernamental sobre a Educação Ambiental

(Tbilisi, Geórgia, ex-URSS – 1977), conhecida como a Conferência de Tbilisi

(DIAS: 1992).

A partir desta Conferência e em consonância com os movimentos

sociais e ambientais que começam atuar fortemente em todo mundo, inicia-se um

amplo processo global que deu subsídios para criar as novas condições que

passaram a contribuir para formar uma nova consciência sobre o valor da

natureza e também para reorientar a produção de conhecimento baseada em

métodos de interdisciplinaridade e nos princípios da complexidade. Esse campo

educativo tem sido pavimentado com conhecimento transversal e isso tem

possibilitado a realização de experiências concretas de EA de forma criativa e

inovadora por diversos segmentos da população e em diversos níveis de

formação.

Na seqüência destes fatos, é lançado um documento na Conferência

Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade, Educação e Consciência Pública

para a Sustentabilidade, que foi realizada em Tessalônica (Grécia). Este

documento chama a atenção para a necessidade de se articularem ações de EA

baseadas nos conceitos de ética e sustentabilidade, identidade cultural e

diversidade, mobilização e participação e práticas interdisciplinares (Sorrentino,

1998).

Considerando-se que a Educação Ambiental surgiu num momento

histórico de grandes mudanças no planeta, ela tende a questionar as opções

políticas atuais e inclusive, o próprio conceito de educação existente, exigindo-a

mais criativa, inovadora e, principalmente, crítica. Neste ínterim, a EA passa a

adquirir um papel de relevância no contexto da educação como um todo.

O homem contemporâneo vem vivendo profundas dicotomias em sua

coabitação com as outras espécies e, até a última década, muito pouco se inseriu

como parte integrante (e diretamente dependente) dos biomas naturais, de uma

12

forma geral, vem se comportando como uma espécie à parte, adotando uma

atitude, ora como observadora, ora como exploradora e dominadora da mesma.

Em Concordância com Reigota (1994), que afirma: “precisamos ter

claro que o problema ambiental não está na quantidade de pessoas existente no

planeta e que necessita consumir cada vez mais os recursos naturais para se

alimentar, vestir, morar, etc”... De uma forma geral, a discussão ambiental vem

sendo constantemente levada para o campo da dualidade entre natureza e

cultura, entre sujeito e objeto. Mas quando analisamos a essência da origem

lúdica da EA, a idéia de uma natureza contemplativa é evocada como algo

sagrado, puro, seja pela beleza ou pela harmônia, não levando em conta o caos

urbano e também o desequilíbrio e a desordem que também lhe são peculiares. A

complexidade está entre os princípios da EA, portanto, as noções de incerteza

são incorporadas no seu campo do conhecimento para compreensão dos

fenômenos ambientais.

A Educação Ambiental Crítica está, dessa forma, impregnada da utopia

de mudar radicalmente as relações que conhecemos hoje, sejam elas entre a

humanidade, sejam entre a natureza. Dessa forma, o componente filosófico da EA

é tão importante quanto o comportamental. Assim, a EA deve ser entendida como

Educação Política, no sentido de que ela reivindica e prepara os cidadãos para

exigir justiça social e autogestão, ou ao menos gestão (realmente) participativa.

É de suma importância a participação dos cidadãos na definição de um

projeto econômico, portanto político. A EA deve orientar-se para a comunidade.

Deve proporcionar um incentivo para os indivíduos participarem ativamente da

resolução de problemas no seu contexto de realidade específica. “Os cidadãos do

mundo atuando em suas comunidades” (Reigota, 1994), é a proposta traduzida

na frase muito usada nos meios ambientalistas: “Pensamento Global e Ação

Local”.

13

“A Educação Ambiental com uma dimensão dada ao conteúdo e a prática, orientada para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de enfoques interdisciplinares, e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade." (DIAS: 1992, p.29).

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), define a EA como:

“Um processo de formação e informação, orientado para o desenvolvimento da consciência crítica sobre as questões ambientais, e de atividades que levem à participação das comunidades na preservação do equilíbrio ambiental”. (DIAS:1992, p.31)

A Educação Ambiental é uma forma abrangente de educação que se

propõe a atingir todos os cidadãos, inserindo a variável Meio Ambiente em suas

dimensões física, química, biológica, econômica, política e cultural em todas as

disciplinas e em todos os veículos de transmissão de conhecimentos. As diversas

definições variam de acordo com o enfoque dado pela área de conhecimento

biológico, geográfico.

Os processos por meio dos quais, o indivíduo e a coletividade

constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências

voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,

essencial a sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

O processo pedagógico que tem por objetivo a formação e o

desenvolvimento do homem e da coletividade com vistas à conservação do meio

ambiente equilibrado, abrangendo a agregação de valores sociais, conhecimento

e habilidades, o estimulo à compreensão dos problemas ambientais, a indicação

de alternativas e ao emprego adequado das potencialidades.

Entende-se por EA os processos por meio dos quais, o indivíduo e a

coletividade constróem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e

competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso

comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

A EA é um componente essencial e permanente da Educação Nacional,

devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades

do processo educativo, em caráter formal e não-formal.

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Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à

Educação Ambiental, incumbindo. (LEI No 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999)1.

As definições são muitas, mas existem entre elas vários pontos em

comum, pois consideram que a Educação Ambiental, possui, necessariamente

uma visão holística e uma abordagem integradora.

A EA busca incentivar as pessoas a se interessarem pelos problemas

ambientais, políticos e sócio-culturais, não somente sensibilizando, mas

modificando atitudes e proporcionando novos conhecimentos e critérios. A

Educação Ambiental constitui uma forma abrangente de educação, que se propõe

atingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico participativo

permanente, que procura despertar no educando, uma consciência crítica sobre a

problemática ambiental, compreendendo-se como crítica à capacidade de captar

a gênese e a evolução de problemas ambientais.

O relacionamento da humanidade com a natureza, que teve início com

um mínimo de interferência nos ecossistemas, tem hoje culminado numa forte

pressão exercida sobre os recursos naturais. Dentro desse contexto, é clara a

necessidade de mudar o comportamento do homem em relação à natureza, no

sentido de promover a compatibilização de práticas econômicas e

conservacionistas, sob um modelo de desenvolvimento sustentável (processo que

assegura uma gestão responsável dos recursos do planeta de forma a preservar

os interesses das gerações futuras e, ao mesmo tempo, atender as necessidades

das gerações atuais), com reflexos positivos evidentes junto à qualidade de vida

de todos (BARBOSA, 2002).

Para que se estude Educação Ambiental de maneira prática e de forma

que as pessoas tenham mais interesse, ocorreu a formação de Trilhas

interpretativas, com isso as pessoas conseguem ter mais acesso à natureza com

possibilidades de aulas práticas.

Boa parte das Trilhas hoje utilizadas em Ecoturismo são caminhos

tradicionalmente utilizados por determinadas comunidades para se locomoverem.

Desde a época do Brasil Colônia, os portugueses utilizavam os caminhos abertos

pelos indígenas para alcançarem o interior do país.

1 http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=20&idConteudo=967

15

Hoje em dia, especialistas (gestores, ecólogos, biólogos, e

ambientalistas) detém conhecimentos que transformam a abertura de Trilhas em

um trabalho científico, pedagógico e paisagístico. Desta forma, Trilhas são

caminhos existentes ou estabelecidos, com diferentes formas, comprimentos e

larguras, que possuam o objetivo de aproximar o visitante ao ambiente natural, ou

conduzi-lo a um atrativo específico, possibilitando seu entretenimento ou

educação através de sinalizações ou de recursos interpretativos (SALVATI, 2004).

1.2. Princípios Básicos da EA

A Educação Ambiental é um instrumento que pode e deve ser

utilizado como estratégia para o embasamento de discussões acerca de

problemas concretos. Deve ser constantemente considerada nas atividades de

integração da unidade de conservação com o entorno, nos planos de manejo,

desde a sua elaboração até a implantação, na fiscalização enquanto preparação

para a ação fiscalizatória, desde que seja bem conhecido o sujeito a quem a ação

se destina (REIGOTA, 1994). Desta forma, O desafio que se coloca é de formular

uma EA que seja crítica e inovadora em dois níveis: formal e não formal. Assim,

ela deve ser, acima de tudo, um ato político voltado para a transformação social,

com enfoque de uma perspectiva de ação integrada que inter-relaciona o homem

com a natureza e o universo, não excluindo a referência de que os recursos

naturais vão se esgotar e que o principal responsável pela sua degradação tem

sido predominantemente o ser humano. Dentro dessas premissas que cita-se os

princípios básicos da Educação Ambiental, abaixo listados, conforme publicado

pelo IBAMA, (1996):

(...) “Considerar o Meio Ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus aspectos naturais e nos criados pela espécie humana, sejam tecnológicos, sociais, econômicos, políticos, técnicos, histórico-culturais, morais e estéticos; Constituir-se num processo contínuo e permanente, começando pelo ensino pré-escolar e continuando através de todas as fases da aprendizagem formal e não-formal; Aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada disciplina, de modo a se adquirir uma perspectiva global e equilibrada; Examinar as principais questões ambientais do ponto de vista local, regional, nacional e internacional a fim de desenvolver uma percepção global e equilibrada; Concentrar-se nas situações ambientais atuais, tendo em conta também a perspectiva histórica; Insistir no valor e na necessidade da cooperação local, nacional e internacional para prevenir e resolver os problemas ambientais; Considerar, de maneira explícita, os aspectos ambientais

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nos planos de desenvolvimento e de crescimento; Ajudar a descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais; Destacar a complexidade dos problemas ambientais e, em conseqüência, a necessidade de desenvolver o senso crítico e as habilidades necessárias para resolver os problemas; Utilizar diversos ambientes educativos e uma ampla gama de métodos para comunicar e adquirir conhecimentos sobre o meio ambiente, acentuando devidamente as atividades práticas e as experiências pessoais.” (...) (IBAMA, 1996):

1.3. A Importância da EA na Educação

No contexto educacional, a necessidade de abordar mais efetivamente

o tema da EA dentro do currículo escolar, no ponto de vista da complexidade

ambiental nas realidades atuais, vem como conseqüência direta da percepção

sobre o incipiente processo de reflexão que a sociedade brasileira vem

promovendo, não somente do ponto de vista de promover ações de cidadania que

visem a preservação dos ecossistemas brasileiros, mas principalmente, em

função das práticas educacionais e motivacionais atuais, inócuas quando falamos

em múltiplas possibilidades de se criar uma nova racionalidade entre as novas

gerações, dentro do espaço escolar, onde deviam articulam harmonicamente a

natureza, a técnica e a cultura de um país cujo povo deveria olhar com mais

atenção para as potencialidades de suas florestas, principalmente as urbanas,

que podem ser exploradas de formas mais sustentáveis.

Refletir sobre a complexidade ambiental abre uma estimulante

oportunidade para se compreender a gestação de uma geração de novos atores e

protagonistas sociais (e ambientais) que, através do estímulo que deveria vir de

dentro das escolas através da EA, poderiam se mobilizar para se apropriarem da

natureza mais produtivamente, dentro de um processo educativo articulado e

compromissado com a sustentabilidade e a participação cidadã, apoiado numa

lógica que privilegia o diálogo e a interdependência de uma área tão

transdisciplinar quanto a EA. De acordo com o que nos relata Barbosa (2002), são os seguintes,

alguns dos objetivos da EA aqui transcritos:

• A Conscientização, onde se procura chamar atenção para os atuais problemas do planeta, que já estão afetando a todos, já que, com a camada de ozônio cada vez menor, com o desmatamento da Floresta Amazônica, as armas nucleares, o desaparecimento de culturas, a poluição das águas e outras questões tem de receber a atenção das novas gerações; • O Conhecimento: Levar os indivíduos ( principalmente os mais jovens) a adquirir uma compreensão essencial de seu planeta, dos

17

problemas que estão a ele interligados e do papel e lugar da responsabilidade crítica do ser humano. O conhecimento adquirido nos últimos séculos, proporcionado pela ciência e pelas culturas sobre o meio ambiente deve ser cada vez mais democratizado. Assim, a EA não deve transmitir só o conhecimento científico, mas todo tipo de conhecimento que permita uma melhor atuação de todos, frente aos problemas ambientais. • Mudanças Comportamentais: Levar os indivíduos e os grupos a adquirir o verdadeiro sentido dos valores sociais, através da promoção de um sentimento profundo de interesse pelo meio ambiente e a vontade de contribuir para sua proteção e qualidade. Não adianta só falar do meio ambiente, mas também mudar os comportamentos individuais e sociais, os exemplos aqui são diversos, como, não fumar em lugar proibido, não destruir árvores, economizar água e energia, utilizar meios de transporte coletivos, respeitar as leis de trânsito, etc; • Competência: Levar os indivíduos e os grupos a adquirir o necessário à solução dos problemas. Nem todos têm capacidade técnica para resolver os problemas ambientais. Reconhecer essa deficiência é um primeiro passo para superá-la. A Educação Ambiental pode auxiliar a sua superação, buscando elaborar meios técnicos com ajudas de especialistas e conhecedores autodidatas do problema. • Capacidade de avaliação: Levar os indivíduos e os grupos a avaliar medidas e programas relacionados ao meio ambiente em função de fatores de ordem ecológica, política, econômica, social, estética e educativa. Fundamental para a participação do cidadão é decifrar a linguagem dos projetos de riscos ambientais elaborados por técnicos especializados. A capacidade de avaliação permite ou não que os projetos duvidosos sejam efetuados. A Educação Ambiental deve procurar traduzir a linguagem técnico-científica para compreensão de todos.

• Participação: Levar os indivíduos e grupos a perceber suas responsabilidades e necessidades de ação imediata para solução dos problemas ambientais. Procurar nas pessoas o desejo de participar na construção de sua cidadania. Fazer com que as pessoas entendam a responsabilidade, os direitos e os deveres que todos têm com uma melhor qualidade de vida. (PROJETO APOEMA)

Assim, dentro dos objetivos, finalidades e práticas ou estratégias, a

Educação Ambiental, tem de ser vista como um dos principais instrumentos para

a solução de problemas ambientais, com ampla aplicação no gerenciamento das

unidades de conservação, uma vez que as ações da população do entorno ou do

interior da Unidade (especialmente no caso de Áreas de Proteção Ambiental) são

essenciais para que a mesma cumpra suas finalidades.

Outro ponto a destacar como estratégia para o desenvolvimento de

atividades de caráter educativo nas unidades de conservação é o de estar sempre

em estreito contato com as áreas de conhecimento da própria unidade, bem como

organizações não-governamentais (ONG) e governamentais, universidades,

18

escolas de Ensino Fundamental e Médio (antigo 1º e 2º grau), sindicatos,

cooperativas e demais formas de organização.

1.4. A Percepção da Educação Ambiental no Processo de Gestão Ambiental

Para que problemas ambientais possam ser minimizados e para que

ocorra uma melhoria na qualidade ambiental e de vida, importante, se não

fundamental, é a mudança de comportamento dos indivíduos e da sociedade

como um todo, tanto em suas atividades como em todos os aspectos de suas

vidas. É, essencialmente, uma questão que implica em um processo educativo e

de conscientização ambiental.

Para reconhecer qual é o conhecimento e o que condiciona os

comportamentos de um indivíduo ou um grupo em relação ao Meio Ambiente, é

fundamental o estudo da percepção ambiental. Conforme Oliveira (1983), a

percepção se define como o conhecimento que o ser humano adquire através do

contato com meio em que vive.

Estes contatos são realizados de forma direta e imediata com os

objetos e com seus movimentos, dentro do campo sensitivo.

“A percepção ambiental é o entendimento e o conhecimento que os seres humanos têm do meio em que vivem, com a influência dos fatores sociais e culturais” (Tuan, 1983). A percepção não são simples sensações, mas que são significados atribuídos ao ato de perceber.” (Machado, 1988).

Assim sendo, o comportamento ambiental e as respostas ao meio

ambiente variam de acordo com as escalas de percepção e de valor. Talvez o

aspecto mais importante não seja a percepção ou o comportamento, ou mesmo o

seu significado, mas sim, a sua tomada de consciência, considerando-se a

tomada de consciência não como uma simples informação dada pela percepção,

mas essencialmente uma conceituação.

Esta tomada de consciência ocorre quando o indivíduo procura

decompor a situação ou o acontecimento em níveis conceituais, ao invés de

meramente registrarem-se modificações. Portanto, pode-se afirmar que é preciso

que as pessoas, tanto as usuárias como as que administram e legislam,

desenvolvam um conhecimento sobre o assunto (Oliveira, 1983).

19

Na Gestão Ambiental a participação de todos os indivíduos é primordial;

ela que assegurará as profundas transformações que se estão gerenciando. Mas

esta participação não se dá de forma totalmente espontânea; ela é aprendida.

Desta forma, para que um sistema de gestão ambiental possa se tornar efetivo e

ser interiorizado por todos os indivíduos envolvidos, é necessário que um

programa de EA acompanhe todo o processo de implantação e execução do

sistema, visando inclusive a sua continuidade. É o programa de EA que fomentará

a elaboração de comportamento positivos de conduta com respeito ao meio

ambiente e à sua utilização racional.

São objetivos fundamentais da EA (Dias, 1999): despertar a

consciência e sensibilizar frente às questões pertinentes à relação sociedade-

meio ambiente, dotar de conhecimentos sobre estas questões, estimular a

mudança de comportamentos e propiciar informações sobre como propiciar a

mudança de comportamento de outras pessoas em um programa de educação

ambiental, desenvolver habilidades através da apresentação de programas de EA

e de exercícios práticos, preparar os futuros profissionais para participarem

ativamente nas atividades que visam resolver problemas ambientais e melhorar a

qualidade ambiental e de vida da população, e para serem fomentadores da

participação dos demais integrantes dos grupos sociais em que atuarem.

Tomando-se como referência o fato de que atualmente a maior parte da

população brasileira vive nos grandes centros urbanos, vem se observando uma

crescente degradação das condições de vida, refletindo diretamente em uma crise

ambiental, isto nos remete a uma necessária reflexão sobre os desafios para

mudar as formas de pensar e de agir em torno da questão ambiental numa

perspectiva contemporânea. Leff (2001) fala sobre a impossibilidade de resolver

os crescentes e complexos problemas ambientais e reverter suas causas sem

que ocorra uma mudança radical nos sistemas de conhecimento, dos valores e

dos comportamentos gerados pela dinâmica de racionalidade existente, fundada

no aspecto econômico do desenvolvimento.

Dentre todos estes contextos, o observa-se que a Educação Ambiental tem

fundamental importância estratégica quando se pensa em criar instrumentos

educacionais que visem transmitir informações e conhecimentos, que possam

estimular as populações urbanas em direção à conscientização ambiental.

Portanto, quando pensamos em implementar soluções urbanas para que as

20

populações mais pobres e ou desinformadas possam contribuir para a

preservação de Trilhas e Florestas dentro de cidades, tais como: as Trilhas dentro

da Área de Preservação Ambiental (APA) que circunda a área do morro do Pão

de Açúcar e o parque a Urca, cuja situação histórica e descrição situacional

estará descrita e será avaliada no Capítulo 2, na sequência deste trabalho

acadêmico.

21

CAPÍTULO 2

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O ECOTURISMO

2.1. A História e a Formação Conceitual do Ecoturismo

Segundo o portal do MEC, (2000)2 a História da Educação Ambiental e

do Ecoturismo no Brasil se inicia em 1962, com a publicação do Livro “Primavera

Silenciosa” de Rachel Carson - alertava sobre os efeitos danosos de inúmeras

ações humanas sobre o ambiente, como por exemplo o uso de pesticidas. Em

1072, acontece a Conferência das Nações sobre o Ambiente Humano, Estocolmo.

Os principais resultados formais do encontro constituíram a Declaração

sobre o Ambiente Humano ou Declaração de Estocolmo que expressa a

convicção de que “tanto as gerações presentes como as futuras, tenham

reconhecidas como direito fundamental, a vida num ambiente sadio e não

degradado ”(Tamanes - 1977); a ONU cria o PNUMA3 e a UNESCO promove, em

Belgrado (Iugoslávia) um Encontro Internacional em Educação Ambiental onde

criou o Programa Internacional de Educação Ambiental - PIEA que formula os

seguintes princípios orientadores: a EA. deve ser continuada, multidisciplinar,

integrada às diferenças regionais.

Em 1977, é realizada a Conferência Intergovernamental de Educação

Ambiental em Tbilisi (ex- URSS) organizada pela UNESCO com a colaboração do

PNUMA. Foi o ponto culminante da primeira fase do Programa Internacional de

Educação Ambiental, iniciado em 1975. Definiu-se os objetivos, as características

da EA, assim como as estratégias pertinentes no plano nacional e internacional.

Segundo Jacobi(2003) A partir da Conferência Intergovernamental

sobre Educação Ambiental realizada em Tsibilisi (EUA), em 1977, inicia-se um

amplo processo em nível global orientado para criar as condições que formem

uma nova consciência sobre o valor da natureza e para reorientar a produção de

conhecimento baseada nos métodos da interdisciplinaridade e nos princípios da

complexidade.

Esse campo educativo tem sido fertilizado transversalmente, e isso

tem possibilitado a realização de experiências concretas de educação ambiental

2 http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/historia.pdf. 3 Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA, sediado em Nairobi.

22

de forma nos EUA, em 1979, Love Canal no Alasca, Bhopal, na Índia, em 1984 e

Chernobyl, na época, União Soviética, em 1986, estimularam o debate público e

científico sobre a questão dos riscos nas sociedades contemporâneas. Inicia-se

uma mudança de escala na análise dos problemas ambientais, tornados mais

freqüentes, os quais pela sua própria natureza tornam-se mais difíceis de serem

previstos e assimilados como parte da realidade global. (JACOBI, 2003)

Nos anos 80, o governo brasileiro começa a se organizar para difundir a

EA, base do Ecoturismo, através do Parecer 819/85 do MEC reforça a

necessidade da inclusão de conteúdos ecológicos ao longo do processo de

formação do Ensino Fundamental e Médio, (antigo 1º e 2º grau), integrados a

todas as áreas do conhecimento de forma sistematizada e progressiva,

possibilitando a “formação da consciência ecológica do futuro cidadão”. No

decênio de 90 é publicado, No Brasil, documento final do Congresso Internacional

sobre Educação e Formação Relativas ao Meio Ambiente, realizado em 1987 em

Moscou, Rússia, promovido pela UNESCO. Ressalta a importância da formação

de recursos humanos nas áreas formais e não formais da EA e na inclusão da

dimensão ambiental nos curriculos de todos os níveis ( Almanaque Cultural Abril

2001. p 226)

O documento da Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e

Sociedade, Educação e Consciência Pública para a Sustentabilidade, realizada

em Tessalônica (Grécia), chama a atenção para a necessidade de se articularem

ações de EA baseadas nos conceitos de ética e sustentabilidade, identidade

cultural e diversidade, mobilização e participação e práticas interdisciplinares

(Sorrentino, 1998)

Nas últimas três décadas a História da Educação Ambiental e do

Ecoturismo no Brasil vem sendo construída por atores e instituições de vários

Estados brasileiros. O primeiro impulsionador, de âmbito nacional, que estimulou

mudanças de rumos e estratégias, foi a promulgação da Lei N· 9.795 de Abril

1999, instituindo a Política Nacional de Educação Ambiental. O segundo aspecto

a ser destacado, do ponto de vista normativo, foi a criação das Câmaras Técnicas

de Educação Ambiental do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) e dos

Consemas (Conselhos Estaduais de Meio Ambiente).

Mas, para se entender a essência do Ecoturismo, também é preciso

entender o que vem a ser sustentabilidade. Uma proposta muito almejada, mas

23

pouco conhecida. Um ideal de postura de vida para civilização, que representaria

a sua sobrevivência em longo prazo, preservando os recursos para as gerações

futuras, por outro lado, ao contrário do que se pensa, o ecoturismo não é somente

um segmento do turismo, como mostra WESTERN (2001):

“Ecoturismo é mais que uma pequena elite de amantes da natureza. É, na verdade, um amálgama de interesses que emergem de preocupações de ordem ambiental, econômica e social. (...) Ecoturismo, em outras palavras, envolve tanto um sério compromisso com a natureza como responsabilidade social.”

Na The Ecotourism Society4 se define ecoturismo como a viagem

responsável a áreas naturais, visando preservar o meio ambiente e promover o

bem estar da população local. Assim quando se trata de ecoturismo tem-se um

novo olhar sobre a forma de fazer viagens no século XXI. Esta nova forma de

viajar é conseqüência de uma nova forma de comportamento social. Por sua vez

este novo comportamento é decorrente de uma original forma de ver o mundo.

Logo, para procurar os verdadeiros ideais que incorporam o turismo sustentável é

preciso entender esta nova forma de ver o mundo, esta cultura chamada

sustentabilidade. Mas, para a compreensão da essência da sustentabilidade, é

preciso de outra definição, a de que relata como se solidificou o termo, com base

no conceito de ecoturismo, segundo o site do Ministério do Turismo (2004), onde

informa que:

O termo Ecoturismo, grifo do autor, foi introduzido no Brasil no final dos

anos 80, seguindo a tendência mundial de valorização dos espaços naturais. A

EMBRATUR iniciou o Projeto "Turismo Ecológico" em 1985, criando, em 1987, a

Comissão Técnica Nacional constituída por técnicos do Instituto Brasileiro do

Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e do Instituto

Brasileiro de Turismo - EMBRATUR, primeira iniciativa de ordenar o novo

segmento. Ainda em 1989 foram autorizados os primeiros cursos de guia para

este tipo de turismo, mas foi com a Rio 925 que esse tipo de turismo ganhou

visibilidade e impulsionou um mercado com tendência de crescimento contínuo.

E dentre as diversas interpretações e definições para Ecoturismo, a

conceituação à seguir, é referência no Brasil, onde segundo o site da

4http://www.ecotourismo.org/site/c.orLQKXPCLmF/b.4832143/k.D9CF/Welcome_to_The_International_Ecotourism_Society__Uniting_Conservation_Communities_and_Sustainable_Travel.htm 5 Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), que por ser realizada na cidade do Rio de Janeiro, em 1992, passou a ser conhecida por Rio 92.

24

EMBRATUR, termo “Turismo Ecológico”, foi alcunhado em 1994, com a

publicação, das Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo pela

EMBRATUR e Ministério do Meio Ambiente, onde o termo citado passou a

denominar-se e foi conceituado oficialmente como:

“Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações”. (BRASIL, 2006, p. 9).

Dando sequência na evolução do conceito de Ecoturismo no Brasil, o

Ministério do Turismo, escolhe ecoturismo como um dos segmentos turísticos a

ser priorizado no Brasil e elaborou um conceito que mantém a mesma linha de

pensamento dos autores aqui apresentados, destacando o processo de

interpretação ambiental e a distribuição dos benefícios para a comunidade local:

“A vida moderna nas grandes cidades tem provocado a necessidade de contato

com o espaço verde, a busca pelo campo, pela área rural, que tem sido atendida

pelas atividades de Ecoturismo.” (BRASIL, 2006).

Ainda segundo Cândido (2003), nas últimas décadas, o homem tem se

interessado em vivenciar as sensações geradas pelo contato com a natureza.

Neste contexto, o Ecoturismo vem suprir essa carência do homem moderno por

experiências no meio natural em função da metropolização das zonas urbanas,

com a construção cada vez maior de prédios, rodovias e indústrias, as pessoas

necessitam, cada vez mais, de “espaços naturais” ou “espaços verdes”, para um

restabelecimento tanto emocional quanto físico.” (CÂNDIDO, 2003, p. 9).

Portanto, a identificação da percepção das pessoas em relação aos ecossistemas

urbanos tem recebido uma atenção cada vez maior dos especialistas e

acadêmicos na questão da EA e do Ecoturismo, conceito que será avaliado à

seguir.

2.2. A Percepção e a Educação Ambiental no Ecoturismo

O Ecoturismo é um tipo de turismo que, se corretamente utilizado,

possibilita o desenvolvimento sócio-econômico de uma região, através da

integração da população com a atividade turística (e com os turistas), se

preocupando em manter a identidade cultural e gerar o mínimo de impacto

negativo,os governos devem investir em EA e também desenvolver políticas de

25

incentivos ao Ecoturismo de forma que se implemente o planejamento de novos

produtos turísticos, dentro da política do turismo sustentável, que é essencial para

o desempenho profissional e do próprio país. Requer, contudo, como pré-

requisito, que o aluno domine uma gama de conhecimentos históricos,

geográficos, sócio-culturais e econômicos, quer sejam nacionais ou regionais,

visto que, sendo adequadamente implantado, o Ecoturismo, poderá ser

instrumento de progresso e de satisfação de necessidades sociais e econômicas

de uma região, ao mesmo tempo em que se contribui para o desenvolvimento

cultural da população local e dos usuários.

Inversamente, quando mal planejado, o turismo alternativo poderá

causar efeitos nocivos junto à cultura da população local e ao meio ambiente, o

que exigirá iniciativas de correção pois os projetos mal explorados passa uma

imagem ruim deste tipo de iniciativa e tambem pode trazer um publico que não

tenha o entendimento correto da proposta que é conjugar lazer com preservação

ambiental.

Refletir sobre a responsabilidade de um correto planejamento na área

de ecoturismo, levando-se em consideração os impactos gerados junto à

comunidade: sociais, culturais, ambientais, ecológicos, econômicos.

Para que problemas ambientais possam ser minimizados e para que

ocorra uma melhoria na qualidade ambiental e de vida, importante, se não

fundamental, é a mudança de comportamento dos indivíduos e da sociedade

como um todo, tanto em suas atividades como em todos os aspectos de suas

vidas. É, essencialmente, uma questão que implica em um processo educativo e

de conscientização ambiental.

Para reconhecer qual é o conhecimento e o que condiciona os

comportamentos de um indivíduo ou um grupo em relação ao meio ambiente, é

fundamental o estudo da percepção ambiental. Conforme Oliveira (1983), a

percepção se define como o conhecimento que o ser humano adquire através do

contato com meio em que vive.“A percepção ambiental é o entendimento e o

conhecimento que os seres humanos têm do meio em que vivem com a influência

dos fatores sociais e culturais” (Tuan, 1983). A percepção não são simples

sensações, mas que são significados atribuídos ao ato de perceber. (Machado,

1988).Assim sendo, o comportamento ambiental e as respostas ao Meio

Ambiente variam de acordo com as escalas de percepção e de valor. Talvez o

26

aspecto mais importante não seja a percepção ou o comportamento, ou mesmo o

seu significado, mas sim, a sua tomada de consciência, considerando-se a

tomada de consciência não como uma simples informação dada pela percepção,

mas essencialmente uma conceituação.

Esta tomada de consciência ocorre quando o indivíduo procura

decompor a situação ou o acontecimento em níveis conceituais, ao invés de

meramente registrarem-se modificações. Portanto, pode-se afirmar que é preciso

que as pessoas, tanto as usuárias como as que administram e legislam,

desenvolvam um conhecimento sobre o assunto (Oliveira, 1983).

Na gestão ambiental a participação de todos os indivíduos é primordial;

ela que assegurará as profundas transformações que se estão gerenciando. Mas

esta participação não se dá de forma totalmente espontânea; ela é aprendida.

Outro objetivo que a EA pode propiciar como eixo de conscientização

de cidadãos na zona urbana é o de contribuir para desenvolver projetos de

Ecoturismo nestas áreas, para comprovar como pode ser produtiva a percepção

ambiental das pessoas que fazem trilhas, inclusive em Áreas de Preservação

Ambiental (APA), realizando a transmissão do conhecimento ecológico para

crianças, jovens e adultos e como esta EA pode contribuir, em paralelo para o

incremento do Ecoturismo e ajudar a conservar estas áreas que estão reféns do

crescimento vertiginoso das áreas urbanas das grandes cidades, que estão

engolindo rapidamente as suas áreas de preservação ambiental.

Pretende-se, inclusive, no Capítulo 3, à seguir, relatar quais as

experiências como Educador Ambiental, dentro do contexto de expertises e de

vivências do autor deste trabalho como Guia Especialista em Trilhas, que

constantemente faz uso das trilhas que cortam toda da APA do Pão de Açúcar, no

bairro da Urca, localizado na zona sul da cidade do Rio de Janeiro para

implementar projetos de cidadania e Educação Ambiental para jovens, adultos e

turistas interessados em conhecer a APA do Pão de Açúcar de uma forma mais

lúdica.

2.3. Educação Ambiental em Unidades de Conservação e APAs A EA tem uma característica que lhe é muito peculiar que é a

possibilidade de ensinar seu conteudo através de atividades lúdicas que

27

conjuguem excursões em áreas verdes exercida em Unidades de Conservação

propiciam a inter-relação dos processos de aprendizagem, sensibilização,

questionamento e conscientização em todas as idades, e a utilização dos diversos

meios e métodos educativos para transmitir o conhecimento sobre o ambiente e

enfatizar de modo adequado atividades práticas e sociais (Guimarães, 1995).

Segundo Andrade (2005) as trilhas são os únicos meios de acesso às

UCs, permitem o contato com os lugares e paisagens, para Tamborim et al

(2000) representam uma das opções recreativas mais comumente oferecidas e

utilizadas por visitantes em áreas naturais. No entanto, conforme destacam

Fontoura & Simiqueli (2006), o uso das trilhas pelos visitantes pode provocar

alteração e destruição dos habitats da flora e fauna, fuga de algumas espécies

animais, erosão, alteração dos canais de drenagem da água, compactação do

solo pelo pisoteio e a redução da regeneração natural de espécies vegetais. Os

autores propõem uma abordagem integrada de Trilhas, que engloba todas as

fases essenciais do manejo, ajudando a garantir a sustentabilidade dos recursos

naturais e a satisfação daqueles que utilizam a trilha. Sugerem a construção de

tabelas de diagnóstico ambiental, com anotações de campo e o uso do GPS para

assinalar os trechos impactados, de maneira a mapear a situação em que se

encontra a Trilha.

Lechner (2006) realiza um panorama geral do estudo de Trilhas e

aborda itens sobre planejamento, implantação e manejo. Nesse contexto, é

importante que o planejamento esteja adequado à destinação proposta,

especialmente quando a trilha estiver localizada em uma área natural

protegida, o autor apresenta a estratégia de zoneamento da área, com

objetivos e usos permitidos, de acordo com os possíveis tipos de trilhas.

As Unidades de Conservação de todo o mundo são grandes áreas

naturais, que possuem em seu ecossistema vasta diversidade de espécies. A

partir daí, pode-se dizer que as Unidades de Conservação, além de abrigarem os

mais diferentes ecossistemas, desenvolvem ainda atividades turísticas em seu

espaço de maneira controlada, podendo o seu uso ser científico, educativo e

recreativo. Os parques públicos são grandes áreas destinadas ao lazer da

população, que possuem em seus espaços quantidades consideráveis de áreas

naturais para os visitantes. A visitação ao parque público está diretamente ligada

28

a ele, pois é o espaço que vai determinar as características dessa visitação.

Então, fatores como dimensão, localização, atividades desenvolvidas no parque,

infra-estrutura, equipamentos de apoio (sanitários, lanchonetes), a quantidade e a

qualidade dos funcionários do local são determinantes quanto à visitação ao

parque.

As Unidades de Conservação podem atuar não somente na

preservação dos recursos naturais, mas também, como locais de aprendizagem e

sensibilização das pessoas que fazem trilhas acerca dos problemas ambientais.

Fundamental para o sucesso desse processo é adequar o programa às

percepções diferentes de cada tipo de pessoa. É com essa intenção que

realizamos visitas de EA na pista Cláudio Coutinho.

2.4. A Educação Ambiental em unidades de conservação – Delimitando o Parque Municipal do Pão de Açúcar

Ratificando o potencial exploratório da Apa do Pão de Açúcar após a

análise de vasta bibliografia e também de estudos que confirmam que a ecologia

e manejo dos recursos naturais são capazes de gerar diretrizes e propor

estratégias mais eficazes para sua conservação.

Através de um planejamento e monitoramento adequados das trilhas

em unidades de conservação, o uso público e a preservação da biodiversidade e

dos recursos naturais tornam-se possíveis concomitantemente, aliados a um

manejo efetivo (dinâmico e periódico), estabelecido pela gestão do parque. No

entanto, os dados encontrados mostraram que as discussões sobre o manejo de

trilhas, visando a conservação ecológica, vem ocorrendo de maneira gradativa e

com ênfase em novas metodologias, embora ainda não seja realidade na maioria

das unidades de conservação. Observa-se que o manejo efetivo, com fins de

mínimo impacto e contemplando estratégias responsáveis em garantir a

manutenção e dinâmica de processos ecológicos, está em construção, por vezes

distante de ser alcançado com o devido sucesso pelos gestores das unidades de

conservação, como os parques abertos à visitação e o Complexo do Pão de

Açúcar e Morro da Urca pode ser citado como um grande exemplo de conjugação

de lazer e ecoturismo ecológico, valorizados pela Educação Ambiental.

29

Fragoso (2003, p 21) faz uma apaixonada descrição sobre as belas

paisagens que encontra nas matas que estão em volta das trilhas sempre que

leva um grupo.

(...) Vista maravilhosa da cidade em especial do topo do Pão de Açúcar se vê lindamente a praia de Copacabana , o lugar oferece ao visitante a oportunidade de apreciar espécies típicas da nossa fauna e flora, incluindo espécies da Mata Atlântica. O montanhismo é praticado no Pão de Açúcar. Escolas e Guias Especializados em Montanhismo oferecem cursos e passeios.O Morro da Urca, tem uma Arena para a realização de eventos, conforme atestam projetos como o “Oi Noites Cariocas” e o “Verão no Morro”.

Fragoso (2003) segue em sua descrição da área do bairro da Urca, que

ladeia a APA do Pão de Açúcar e Morro da Urca: “As lojas e restaurantes, assim

como os banheiros estão todos atualmente em obras, esperamos uma melhoria

geral. Vôos panorâmicos e turísticos de helicóptero a partir do Morro da Urca.”

Seguindo em frente na descritiva da criação do parque, pode-se afirmar

que o Complexo do Pão de Açúcar, fica localizado no bairro da Urca e é

composto pelo Morro do Pão de Açúcar e o Morro da Babilônia, que juntamente

com o Cristo Redentor, é o maior cartão postal da cidade do Rio de Janeiro e um

dos mais famosos do Brasil.

Figura 01: Caminho para Trilha Claudio Coutinho vista Pão

de Açucar ao fundo. Fonte: O Autor (2009)

Possui um passeio de teleférico, conforme Figura 01, acima, que

interliga a Praia Vermelha e o Morro da Urca ao Pão de Açúcar. Carinhosamente conhecido pelos cariocas como Bondinho do Pão de Açúcar, o teleférico foi inaugurado em 1912, tornando-se o primeiro teleférico instalado no país e o

30

terceiro do mundo.6, conforme as Figuras 02 e 03, que mostram, respectivamente, a vista panoranica do Pão de Açucar, em ângulos diferentes, com os cabos do teleférico onde os turistas sobem para ver a maravilhosa vista da cidade. Os quatro teleféricos existentes no complexo foram recentemente substituidos, os novos teleféricos são de tecnologia suiça, da empresa CWA.

.

Figura 2 - Vista panorânica Pão de Açucar ângulo 1. Fonte: O Autor (2009)

Figura 3- Vista panorânica Pão de Açucar ângulo 2. Fonte: O Autor (2009)

Mas quando o local tem uma exploração turística com pouco ou nenhum

planejamento, pode gerar mais danos do que exatamente o incentivo à

preservação dos biomas. Este é o caso do relato de Fragoso em seu artigo sobre

as problemática geradas pela falta de infra-estrutura e da localização do heliporto

no morro da Urca que fica muito próximo à mata e o fato das subidas e decidas

dos helicópteros que levam os turistas para o passeio panorâmico gerarem

danos irreversíveis ao local:

“O local tem aspectos negativos por não ter estacionamento na estação da Praia Vermelha, deveriam fazer um enorme estacionamento subterrâneo como foi feito em Roma para à melhoria do fluxo do turismo no verão. Outro ponto negativo com grande impacto ambiental e o

6 QUEIROZ, Delson L. M.; DAFLON, Flávio H. in. Urca, Guia de Escaladas

31

heliporto que se tem no morro da Urca para vôos panorâmicos de ate 30 minutos. É sofrível a quantidade de micos correndo em desespero nos pousos e decolagens dos helicópteros. A mesma companhia possui mais dois pontos para o embarque e desembarque dos vôos, na Lagoa e no morro Dona Marta,que também faz parte do parque Nacional da Tijuca, onde diversas espécies de pássaros, macacos e também as preguiças se assustam constantemente com a invasão em seu habitat natural.” FRAGOSO ( 2005)

No início dos anos 60 a mata do entorno do complexo começou a ser

tomada por uma favela, que chegou a contar com cerca de 40 barracos. O

Exército, que nunca deteve a posse efetiva da área, mas que conta com algumas

instalações militares nas proximidades, como a Escola de Comando e Estado

Maior do Exército – ECEME. Então foi incumbido o então tenente Stein de

proceder à sua remoção, tarefa que foi concluída com êxito. Esse fato rendeu

permissão para ocupar a casa que ainda hoje existe na entrada da pista Cláudio

Coutinho, como podemos ver na Figura 04, que mostra todo o complexo do Pão

de Açúcar por cima, e onde se pode ver a abrangencia da APA que também

abrange o Morro da Urca e algumas praias, incluído a Praia Vermelha.

Figura 04: Vista aérea do Complexo do Pão de Açúcar. Fonte: Google Prefeitura do Rio de Janeiro (2007)

Após a remoção da favela que lá havia, o Ministério da Agricultura

empreendeu ali um reflorestamento que foi muito bem sucedido, na mesma época

em que o Exército fechou a área para o público em geral, permitindo o ingresso

na Estrada do Costão (depois rebatizada como Pista Cláudio Coutinho) de

apenas três categorias de usuários: pescadores devidamente credenciados,

montanhistas (somente com carteira de algum clube) e, claro, os próprios

militares. Isto permitiu uma excelente regeneração da vegetação local e da trilha

para o Morro da Urca, àquela época, não passava de uma estreita picada. As

restrições à entrada de pessoas variaram um pouco ao longo do tempo, mas,

32

além disso, algumas benfeitorias na Pista Cláudio Coutinho podem ser creditadas

aos militares, tais como remoção de lixo, capina de suas margens, plantio de

árvores, construção de jardineiras com plantas ornamentais etc... 7,

No final dos anos 80 o Exército subitamente deixou de controlar a

entrada e saída de pessoas na Estrada do Costão, limitando-se apenas a abrir o

portão bem cedo pela manhã e fechá-lo no final da tarde.

As atividades disponíveis no Parque, são o Montanhismo, a Caminhada,

Corrida e a Pesca no Costão e a pista recebe um grande numero de visitantes,

cerca de 30 pessoas por hora passam pelo portão principal 8, conforme a

Figura 05, abaixo, que mostra a Praia Vermelha e a vista parcial do costão e do

inicio da pista Claudio Coutinho.

Figura 5: Vista da Praia Vermelha, Urca RJ. Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro (2007)

Áreas de Unidades de Conservação tais como a do Pão de Açúcar,

podem atuar não somente na preservação dos recursos naturais, mas também,

como locais de aprendizagem e sensibilização dos trilheiros acerca dos

problemas ambientais. Fundamental para o sucesso desse processo é adequar o

programa às percepções diferentes de cada tipo de pessoa. É com essa intenção

que realizamos visitas de Educação Ambiental na pista Cláudio Coutinho cuja

entrada é mostrada pelo autor, respectivamente nas Figuras 06 e 07, abaixo:

7 André Ilha in www.femerj.org (Web Page Projeto de criação do Parque Municipal do Pão de Açúcar). 8 Avaliação feita pelo autor, em pesquisa pessoal para realizar este trabalho. Estes dados foram levantados durante todo o horário comercial, entre os dias 25.05.2009 à 03.07.2009

33

Figura 06: Placa existente na entrada do Parque e da Pista Claudio

Coutinho. Fonte: O Autor (2009)

Figura 07: Inicio da Pista Claudio Coutinho. Fonte: O Autor (2009)

As Unidades de Conservação de todo o mundo são grandes áreas

naturais, que possuem em seu ecossistema vasta diversidade de espécies. A

partir daí, pode-se dizer que as Unidades de Conservação, além de abrigarem os

mais diferentes ecossistemas, desenvolvem ainda atividades turísticas em seu

espaço de maneira controlada, podendo o seu uso ser científico, educativo e

recreativo.

Os parques públicos são grandes áreas destinadas ao lazer da

população, que possuem em seus espaços quantidades consideráveis de áreas

34

naturais para os visitantes. A visitação ao parque público está diretamente ligada

a ele, pois é o espaço que vai determinar as características dessa visitação.

Então, fatores como dimensão, localização, atividades desenvolvidas no parque,

infra-estrutura, equipamentos de apoio (sanitários, lanchonetes), a quantidade e a

qualidade dos funcionários do local são determinantes quanto à visitação ao

parque. Tambem há a preocupação em distribuir cartazes que comuniquem à

população como esta deve proceder corretamente na interação com o Complexo

do Parque do Pão de Açúcar sem poluir, matar e ou retirar animais silvestres e

outros procedimentos, conforme mostra as figuras 08, 09 e 10 com os cartazes

de avisos e no cuidado da proteção dos micos que habitam este ecossistema:

Figura 08: Placa avisando os procedimentos para entrar dentro do Parque, na entrada da Pista Claudio Coutinho. Fonte: O Autor (2009)

Figura 09: Placa da Fundação da Pista existente na entrada

do Parque do Pão de Açucar. Fonte: O Autor (2009)

35

Figura 10: Placa avisando não alimentar animais silvestres. Fonte: O Autor ( 2009)

O prefeito César Maia assinou no dia 01 de junho 2006 um decreto n°

26578/2006 criando o Monumento Natural do Pão de Açúcar, englobando o

próprio e também o Morro da Urca, foi aprovado pelo Conselho Municipal de Meio

Ambiente do Rio de Janeiro e amplamente apoiado pelos montanhistas, inclusive

com abaixo-assinados colhidos durante Aberturas de Temporada.

Na prática, o conjunto formado pelo morro do Pão de Açúcar e da Urca

passam a integrar o Sistema Municipal de Unidades de Conservação, e fica

equiparado a diversos outros Parques Municipais como Prainha, Grumari, e Dois

Irmãos. De imediato, nada deve mudar, mas a curto/médio prazo devemos

esperar alguma presença do Poder Público Municipal na área, inclusive, e

especialmente, com a presença de agentes da Guarda Municipal na Pista Cláudio

Coutinho, a exemplo do que já ocorre nos parques acima mencionados.

Sobre a importância de realizar visitas a áreas de preservação como o

Monumento Natural do Pão de Açúcar, pode-se oferecer uma oportunidade de se

conciliar tranqüilidade e diversão e de se aprender sobre a Mata Atlântica e seus

biomas característicos, sendo que será apresentado no Capítulo 03, à seguir.

36

CAPÍTULO 3

A EA COMO INSTRUMENTO DE PRESERVAÇÃO DAS TRILHAS NO PARQUE DO PÃO DE AÇUCAR – RJ

3.1. Breve descrição da área de atuação – As Trilhas do Parque do Pão de Açúcar

Analisando-se um pouco mais as iniciativas publicas, constata-se que o

a APA do Pão de Açúcar e Urca tem pouco respaldo da Leis de proteção

ambientais disponíveis. Existe apenas o Decreto municipal n.º 26578, de 1º de

junho de 2006, cujo texto integral consta no Item 2 do ANEXO I, deste trabalho e

que transforma o conjunto dos Morros do Pão de Açúcar e da Urca em

Monumento Natural, tentando implementar tímidas iniciativas de políticas

ambientais locais.

Diz o texto do DECRETO, dos Artigos 1º ao Artigo 5º:

Art 1.o Fica declarada como Monumento Natural a área formada pelo conjunto dos Morros do Pão de Açúcar e da Urca, com área de 91,5 ha descrita no Anexo I e delimitada no Anexo II.

Art. 2.º Caberá a Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SMAC desenvolver estudos para a elaboração de regulamentos de uso e/ou planos de gestão/conservação ambiental das áreas mencionadas no caput deste Decreto.

Art. 3.º Entende-se por gestão ambiental, a conservação, a manutenção, a recuperação, a direção e o controle ambiental das referidas áreas, para o seu funcionamento eficaz, visitação adequada e o desfrute da população.

Art. 4.º São objetivos da criação do Monumento Natural: I – garantir espaços verdes e livres para a promoção do lazer em área natural; II – conservar, proteger e recuperar o ecossistema de Mata Atlântica existente e o patrimônio paisagístico da área; III – garantir a preservação dos bens naturais tombados.

Art. 5.º Quaisquer intervenções, obras, ações degradadoras ou atividades impactantes, incluindo modificações ou ampliações, quer de caráter público ou privado, dependerá de autorização e/ou licenciamento dos órgãos responsáveis pela tutela e gestão do Monumento Natural e/ou dos órgãos licenciadores. (DO RIO, 2006).

Como informa o Artigo 2º, a Secretaria de Meio Ambiente - SMAC, está

incumbida de desenvolver estudos para elaborar regulamentos e/ou planos de

gestão e ou conservação ambiental nas áreas de preservação. Mas, ao freqüentar

o local pouco se constata de iniciativas como estas citadas já que percebe-se

uma conservação deficiente nas trilhas do parque.

No artigo 4º, a Prefeitura se compromete a fazer projetos e iniciativas

de implantação de gestão ambiental, além de conservação, manutenção,

37

recuperação e controle das áreas de proteção. Todas estas iniciativas objetivam

gerar um funcionamento mais eficaz que possa viabilizar uma visitação adequada,

oferecendo mais um local de desfrute da população da cidade. Mas, avalia-se

que, mesmo atualmente ainda há muito trabalho de conscientização e mudanças

culturais a serem feitas através da EA e do ecoturismo de forma que estas trilhas

realmente possam a vir ser utilizadas realmente de forma mais eficaz, mantendo-

as preservadas, com aliás, informa ILHA (2001):

“Após a remoção da favela o Ministério da Agricultura empreendeu ali um reflorestamento que foi muito bem sucedido, mais ainda porque o Exército fechou a área para o público em geral a partir de então, permitindo o ingresso na Estrada do Costão (depois rebatizada como Pista Cláudio Coutinho) de apenas três categorias de usuários: pescadores devidamente credenciados, montanhistas (somente com carteira de algum clube) e, claro, os próprios militares. Isto permitiu uma excelente regeneração da vegetação local, e a Trilha para o Morro da Urca, àquela época, não passava de uma estreita picada. As restrições à entrada de pessoas variaram um pouco ao longo do tempo, mas além disso algumas benfeitorias na Pista Cláudio Coutinho podem ser creditadas aos militares, tais como remoção de lixo, capina de suas margens, plantio de árvores, construção de jardineiras com plantas ornamentais etc. Além disso, o Exército manteve durante bom tempo um porteiro civil na guarita que existe na sua entrada.”

Outra atividade que contribuiu para a evolução do melhor

aproveitamento das trilhas foi a abertura da Pista Claudio Coutinho, na década de

80, permitindo que excursionistas e montanhistas passassem a explorar trilhas e

costões do complexo, conforme informa ILHA (2001)

“No final dos anos 80, no entanto, talvez devido à abertura política que o país estava experimentando, e certamente cedendo a apelos nesse sentido, o Exército subitamente deixou de controlar a entrada e saída de pessoas na Estrada do Costão, limitando-se apenas a abrir o portão bem cedo pela manhã e fechá-lo no final da tarde. Esse momento coincidiu com o início da atividade profissional em montanhismo no Estado do Rio de Janeiro, tanto no que diz respeito a caminhadas quanto a escaladas, e matérias sobre aquele local foram veiculadas em série na mídia impressa e televisiva.”

Mas, mesmo com um bom aumento de publico afluente, o inicio da

exploração das trilhas do Complexo por montanhistas e até alguns guias de

excursão já começavam a explorar as trilhas, seduzidos por uma vista

espetacular, não houve um acompanhamento adequado pela administração

publica. Em consequencia, começaram tambem a surgir problemas inerentes a

uma falta de fiscalização eficaz conforme informa ILHA (2001):

“O resultado, como seria de se esperar, foi um aumento espetacular na freqüência tanto da pista em si, por pessoas apenas passeando, quanto nas trilhas, em especial às que conduzem ao cume do Morro da Urca e ao Costão do Pão de Açúcar, que logo passaram a apresentar sinais evidentes de erosão acelerada, em alguns pontos só detida após a rocha

38

nua ser alcançada. As multidões que passaram a visitar diariamente os dois morros levaram consigo toda a espécie de problemas ambientais: lixo, dejetos em quantidade ao ar livre (inclusive no único curso d'água local, que é intermitente), pichações, coleta de plantas ornamentais, captura de animais, introdução de animais domésticos ou exóticos, incêndios etc...”

Como se pode avaliar, há muito a ser desenvolvido para explorar as

Trilhas de uma forma mais viável, afinal, a prática do Ecoturismo pressupõe uma

utilização sustentável dos destinos turísticos, principalmente os de preservação

ambiental, portanto é imprescindível que se avalie melhor os impactos ambientais

causados ao complexo dos Morros Pão de açúcar e Urca, como se fará à seguir.

3.2. Impactos Ambientais nas Trilhas do Pão de Açúcar

Segundo GUILLAUMON (1977), as trilhas de um ponto de vista formal,

vêm a ser um novo impacto do homem na natureza e uma oportunidade a mais

para se admitir inconscientemente este impacto onipresente. Provoca tanto

impacto físico como visual, sonoro e de cheiro. Ao mesmo tempo constituem um

meio de canalizar o impacto do homem e de circunscrevê-lo a um itinerário

restrito de uma forma geral as trilhas geralmente atravessam unidades de

conservação, passando por ambientes naturais muitas vezes frágeis ou carentes

de proteção. O complexo do Pão de Açúcar não é uma exceção à esta regra,

muito pelo contrario, pois esta sujeito a constantes degradações em função de

lixo, queimadas feitas por causa da queda de balões e ou por causa de fogueiras

feitas por montanhistas inexperientes que não respeitamos avisos dos cartazes

ao longo das Trilhas do complexo.

Reforçando a descrição dos impactos ambientais causados ao complexo,

cita-se Outro fator preponderante no histórico de uso do local é a presença

maciça de praticantes dos chamados esportes naturais, o que, no caso específico

dessa área, remete diretamente aos montanhistas e praticantes de corrida. Esses

últimos se restringem mais à área da Pista Cláudio Coutinho. Porém, os

montanhistas - categoria que inclui praticantes de escalada, rapel e trekking – têm

uma ação mais direta sobre o ambiente natural ali existente. O complexo do Pão

de Açúcar possui mais de 270 vias de escaladas catalogadas, mais de 50 delas

no próprio morro do Pão de Açúcar (Queiroz & Daflon 1996). Além disso, existem

dezenas de Trilhas nesta área, muitas delas em mau estado de conservação,

devido ao uso indiscriminado.

39

Os efeitos que uma Trilha do tipo das que se encontra no Pão de

Açúcar, em função da afluência quantitativa e qualitativa do publico pode causar

no ambiente alguns impactos negativos ao bioma local.

Podemos citar alguns impactos negativos que qualquer tipo de Trilha

pode gerar no solo (erosão e compactação), na fauna (alterações nas

populações) e na flora (desmatamento), tanto nas fases de implantação como no

uso. Nas figuras 11 e 12, abaixo, podemos ver exemplos da utilização de Trilhas

do Complexo.

Figura 11-Descida Trilha do Morro da Urca. Figura 12 -Subida/Descida-Escada da trilha. Fonte: Ricardo Rapapport ( 2006) Fonte: Ricardo Rapapport ( 2006)

Outro problema bastante sério de dano ambiental é a forma como é

utilizado o heliporto que fica no Morro da Urca, conforme Figura 13, abaixo, pois

explorar vôos de helicóptero neste mesmo, que inicialmente teriam a finalidade de

fazer resgates de emergência, de acordo com um projeto apresentado ao IPHAN9

que não tem sido seguido. Estes vôos assustam os animais, matam pássaros

com suas hélices e deixam os micos assustados (Figuras 13,14,15 e 16)

incomodam pelo barulho gerado pelos motores dos helicópteros.

9 Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

40

Figura 13 - Heliporto no Morro da Urca. Fonte: O Autor ( 2009)

Figura 14 - Mico Incomodado com barulho Figura 15 - Micos & Turistas. do Heliporto. Fonte: O Autor (2009) Fonte: O Autor (2009)

Figura 16 - Turistas em harmônia com os micos no Morro da Urca. Fonte: O Autor (2009)

41

3.3. Medidas de Controle de Impactos nas Trilhas

O turismo através da exploração lúdica das Trilhas no complexo do Pão

de Açúcar deve pressupor atividades que venham a promover a reflexão e a

integração da população da cidade, numa inter-relação de percepção vivencial

com os ecossistemas ali existentes, sem se distanciar dos costumes e da

história da cidade.

Salvo as intervenções de ordem estrutural e de segurança, os sítios de

visitação não devem ser adaptados aos visitantes, estes é que deverão ser

preparados para a visitação.

Para elaborar medidas preventivas de impactos negativos em trilhas,

minimizando os custos de implantação e manutenção, deve-se estabelecer

primeiramente um zoneamento das áreas de uso e não-uso e o manejo das áreas

de uso, seguido do estabelecimento de técnicas que identifique o impacto

potencial e os parâmetros para monitoramento da vida silvestre.

Por fim, a educação ambiental é o instrumento de fundamental

importância para minimizar os impactos da visitação.

As técnicas para minimizar os impactos basicamente restringem-se aos

cuidados com o solo e a vegetação. A fauna precisaria ser estudada durante

meses (talvez anos) para que se conheça todos os hábitos comportamentais de

todas as espécies presentes em determinada área, podendo-se, assim,

estabelecer sua capacidade de suporte.

3.4. Proposta de Projeto de EA e Ecoturismo para o Complexo do Pão de

Açucar.

O autor pretendeu, através do propósito deste trabalho, fornecer

sugestões de formas de explorar o Complexo do Pão de Açúcar e Urca através de

sua vivencia como Guia de Turismo e de Guia de Trilhas. Torna-se pois, relevante

destacar que, pelo fato da temática ora abordada ser relativamente recente, no

nível de pesquisas exploratórias.

A proposta de Educação Ambiental visa à participação do cidadão na

solução dos problemas ambientais que devem pregar metodologias que permitam

a pessoa questionar dados e idéias sobre um determinado tema, apresentá-las e

até propor soluções.

42

A primeira etapa do projeto consistiu em uma pesquisa através de

visitas locais e tambem teórica, realizada por meio de bibliografia e pesquisas na

internet. Em seguida, numa segunda etapa, ao fazer uma avaliação contextual e

teórica dos problemas levantados e explanados ao longo deste trabalho, permitiu

que o autor formule algumas propostas que podem ser implementadas visando a

melhoria da gestão e conservação do Complexo do Pão de Açúcar e Morro da

Urca, através de iniciativas e praticas que propiciem cidadania e consciência

ambiental através da educação ambiental dentro do contexto estratégico do

ecoturismo.

Dentro deste contexto avaliou-se que as trilhas do complexo do Pão de

Açúcar e Morro da Urca se apresentam como um ótimo instrumento deste

aprendizado através da EA, uma vez que, cada indivíduo está intimamente ligado

ao seu meio, interagindo através de percepções lúdicas.

Portanto, em seguida, o autor faz uma preleção de propostas que podem

ser perfeitamente implantadas, visando contribuir para a preservação das trilhas

e, por abrangência, de todo o ecossistema no complexo do Pão de Açúcar e

Morro da Urca, a saber:

Estabelecer mecanismos para o estimulo ao desenvolvimento de ações

de Educação Ambiental, alem de subsidiar projetos de EA voltados ao

conhecimento e à conservação dos recursos naturais das Unidades de

Conservação, tais como:

a. Distribuição de folhetos para campanhas de conscientização de EA

Conforme as Figuras 17, 18 e 19, abaixo, mostram. A utilização de folhetos,

mapas e folders para campanhas de conscientização e até mapas para guiar os

turistas pelas Trilhas de forma correta, são poderosos instrumentos de EA e

contribuem muito para a preservação das Trilhas.

43

Figura 17 – Folheto Campanha EA Parque Nacional da Tijuca. Fonte: IBAMA (2009)

Figura 18 – Campanha de EA para preservação do Parque Nacional da Tijuca. Fonte: IBAMA (2009)

44

Figura 19 – Mapas Trilhas Parque Nacional da Tijuca. Fonte: IBAMA (2009)

b. Obras de drenagem e contenção da erosão da ultrapassagem

dos corregos

A necessidade de obras encontra-se tanto na fase de implantação

quanto de manutenção de trilhas. Há três fatores mais comuns que são os

causadores da necessidade da realização de obras em trilhas: drenagem,

ultrapassagem de corpos d’água e contenção de erosão e como a presença de

uma trilha altera o padrão de circulação de água na área, algumas obras de

“reorganização” da drenagem são necessárias.

Pode-se construir canais laterais de escoamento (para que a água corra

paralelamente à trilha), canais que cruzam perpendicularmente a trilha (tanto em

nível quanto por baixo da mesma) e valas ou barreiras oblíquas à superfície da

trilha, para facilitar o escoamento da água que está eventualmente sobre a

mesma e na passagem de córregos, fazer construção de pequenas pontes.

AGATE (1983).

45

c. Contenção da erosão

Dois tipos de obras podem ser feitos na contenção de erosão: degraus

e “paredes”, onde a construção de degraus é uma das mais difíceis obras em

trilhas e devem ser construídos somente se não houver outra alternativa. Deve-se

evitar longos trechos de degraus em linhas retas, construção em terrenos ao lado

de quedas abruptas (terrenos normalmente instáveis) e deve-se ainda analisar o

local da obra tanto com uma visão de quem desce quanto de quem sobe, a fim de

tornar o traçado o mais atrativo possível (AGATE, 1983).

d. Fazer intenso uso de sinalização e placas

Permitir aos excursionistas não familiarizados com a área a ser explorada

forneçam verbas para aquisição de mapas alem de possibilitar que se encontre o

caminho em áreas florestais onde até mesmo os mapas de maiores escalas não

apresentam detalhes suficientes;

As utilização de placas ao longo da trilha são extremamente importantes

pois informam o nome, direção, pontos importantes, distância e destinos

possíveis, conforme ilustra as figuras 20 e 21, abaixo.

Figura 20 – Placa indicativa na Trilha - Pão de Açucar Fonte: O Autor (2009)

Figura 21 – Placa de sinalização na Trilha - Pão de Açucar.

Fonte: O Autor (2009)

46

Segundo AGATE (1983) as placas e sinalizadores podem: “ ( . . . ) ser confecc ionadas em pedra, metal ou madeira. Esta ú lt ima é a mais popular e atrat iva e, se devidamente af ixada, d if ic i lmente será ret irada como “souvenir” por certos v is i tantes inescrupulosos. Para se confeccionar ta is p lacas não se necess i ta técnica sof is t icada.”

e. Colocação de lixeiras, serviço de coletas periódicas de lixo e locais com

banheiro seco

Figura 22 – Colocação de lixeiras - Pista Claudio Coutinho. Fonte: O Autor (2009)

Se faz necessária a colocação de lixeiras que permitam que o publico

possa acondicionar o lixo em locais adequados de forma que não precisem atirá-

los nas trilhas e matas e tambem que estes resíduos sejam coletados de forma

correta e se possível, reciclados.

f. Criação de uma escola de EA em local próximo ao Complexo dos Morros

do Pão de Açúcar e da Urca

Esta iniciativa pode ser implementada pela prefeitura em convênio com

ONGs, empresas e a sociedade civil, podendo atingir as escolas publicas e

privadas alem de fazer convênios com Universidades visando implementação de

projetos de conservação e reflorestamento.

47

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Educação Ambiental tem como objetivo incentivar cidadãos e cidadãs

a se interessarem pelos problemas ambientais, políticos e sócio-culturais,

propondo novos modelos de relacionamentos mais harmônicos com a natureza.

As Trilhas podem trazer este relacionamento harmônico, aproximando

os visitantes da natureza ou até mesmo conduzindo as pessoas a um atrativo

especifico, possibilitando seu entretenimento ou educação através de sinalizações

ou de recursos interpretativos, pois facilita o conhecimento e a apreciação da

natureza aumentando a satisfação e a participação de seus visitantes nas

questões políticas ambientais, pois dentro das Trilhas podemos abordar diversos

assuntos, mas não esquecendo nunca o objetivo que é sempre relacionado com

Educação Ambiental, a conscientização da população.

Quando criamos uma Trilha temos que ter cuidado com o local que ela

será construída, pois quase sempre temos problemas de fragmentação de área

necessária e algumas espécies animais, provocando interferências nas rotas de

deslocamento, destruição de seu habitat e abrigos de alguns animais, podendo

também podem ocorrer impactos na flora (desmatamento).

Por esses motivos antes de uma Trilha ser construída o local deve ser

bem analisado, para que os problemas de fragmentação sejam os menores

possíveis.

O Poder público e a sociedade civil devem se unir para planejar de

forma mais unida e integrada visam e orientar melhor a população através de um

envolvimento mais eficaz do turista em potencial, quer seja cidadão carioca ou

não, nas questões relacionadas à conservação dos ecossistemas que se

constituem num patrimônio pertencente não somente à Cidade do Rio de Janeiro,

mas também à Humanidade e às próximas gerações.

48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS

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FRAGOSO, Jorge Renato Antonio. Guia do Guia. Ed. Rio de Janeiro,1994. GUIMARÃES, Mauro. A dimensão ambiental na Educação. Campinas: Papirus, 1995. IBAMA. Considerações Gerais sobre Educação Ambiental. 05.1999. http://www.ibama.gov.br/siucweb/guiadechefe/guia/q-1corpo.htm. Acesso em 20.05.2009. IBAMA. Educação Ambiental: Uma possível abordagem. Brasília, DF: 1996. ILHA, André 2001. Projeto de criação do Parque Municipal do Pão de Açúcar. Departamento de Meio Ambiente da FREMERJ. Disponível no sítio: http://www.femerj.org/departamentos. Acesso em 21.06.2009. IPHAN. Patrimônio vivo - Arte e História nas igrejas cariocas, 2o Ed. Ministério da Cultura, IPHAN.2007.

49

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SOBRAL, Marcella – O Globo Revista Boa Viagem. Revitalização do Rio: Turismo e Cultura. 2004. TIRAPELI, PERCIVAL. As Mais Belas Igrejas do Brasil. S.Paulo Ed.Metalivros, 2001. TUAN, Yi-Fu. Espaço e Lugar. São Paulo: Hucitec, 1983. VEJA. Editora Abril. Pagina de Turismo. No. 2040 N.51 Pg. 62, 2007. XAVIER, A.Telles, Estudos Sociais p. 115,116 , 2000.

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ANEXOS

ANEXO I – LEIS E DECRETOS

I.2. DECRETO N.º 26578, DE 1º DE JUNHO DE 2006

Declara o conjunto dos Morros do Pão de Açúcar e Urca como Monumento Natural e dá outras providências.

O Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro, no uso de suas atribuições

legais; Considerando o Processo de tombamento federal dos Morros do Pão

de Açúcar e da Urca, em 1973, pelo SPHAN, através do processo n.º 869-T/73, com inscrições n.º 52, 53, 54 e 58 no Livro Arqueológico, Etnológico e Paisagístico em 08/08/73;

Considerando o Decreto n.º 1.446, de 02/03/78, que aprova o PEU n.º

001, de Preservação Paisagística dos Morros do Pão de Açúcar, da Urca e da Babilônia;

Considerando o Decreto n.º 322, de 03/03/76 (art.163), que estabelece

que as áreas acima da curva de nível de 60m dos Morros do Pão de Açúcar e da Urca estão incluídas na ZE-1, conforme legislação urbanística;

Considerando o conjunto dos Morros do Pão de Açúcar e da Urca,

reconhecido como áreas de visitação nacional e internacional, com importância singular na história da Cidade do Rio de Janeiro;

Considerando a Lei n.° 9.985, de 18/07/2000 e Decreto n.° 4.340, de

22/08/02, que institui e regulamenta, respectivamente, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC;

Considerando que essas áreas apresentam características e atributos

naturais, geomorfológicos e ecológicos próprios, destacando-se inúmeras espécies endêmicas, raras e ameaçadas de extinção;

Considerando, por fim, a ausência de uma legislação de proteção

ambiental específica para os respectivos bens naturais e o que consta nos processos n.º 06/204.441/1993 e 14/001.103/2006;

DECRETA Art 1º. Fica declarada como Monumento Natural a área formada pelo conjunto dos Morros do Pão de Açúcar e da Urca, com área de 91,5 ha descrita no Anexo I e delimitada no Anexo II.

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Art. 2.º Caberá a Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SMAC desenvolver estudos para a elaboração de regulamentos de uso e/ou planos de gestão/conservação ambiental das áreas mencionadas no caput deste Decreto. Art. 3.º Entende-se por gestão ambiental, a conservação, a manutenção, a recuperação, a direção e o controle ambiental das referidas áreas, para o seu funcionamento eficaz, visitação adequada e o desfrute da população. Art. 4.º São objetivos da criação do Monumento Natural: I – garantir espaços verdes e livres para a promoção do lazer em área natural; II – conservar, proteger e recuperar o ecossistema de Mata Atlântica existente e o patrimônio paisagístico da área; III – garantir a preservação dos bens naturais tombados. Art. 5.º Quaisquer intervenções, obras, ações degradadoras ou atividades impactantes, incluindo modificações ou ampliações, quer de caráter público ou privado, dependerá de autorização e/ou licenciamento dos órgãos responsáveis pela tutela e gestão do Monumento Natural e/ou dos órgãos licenciadores. Art. 6.º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Rio de Janeiro, 1º de junho de 2006 - 442º ano da fundação da Cidade

CESAR MAIA

ANEXO DO DECRETO N.º 26578

Delimitação do Monumento Natural dos Morros do Pão de Açúcar e da Urca Inicia-se na Praia Vermelha, no ponto 1, de coordenadas 688.329 / 7.460.427. Segue na direção Norte até o ponto 2, de coordenadas 688.329 / 7.460.466, na curva de nível de 20 metros. Por esta curva de nível contorna o Morro da Urca até a altura da Praia da Urca, no ponto 3 de coordenadas 688.352 / 7.461.008. A partir deste, na direção Sul, encontra o ponto 4, de coordenadas 688.352 / 7.460.962, na curva de nível de 50 metros. Por esta curva de nível contorna a face Norte do Pão de Açúcar até o ponto 5, de coordenadas 689.248 / 7.461.107. Daí, na direção Norte, encontra o ponto 6, de coordenadas 689.248 / 7.461.169, no costão rochoso. Por este contorna a face Leste e Sul do Pão-de-Açúcar e do Morro da Urca até encontrar o ponto inicial. Base Cartográfica: IPP, escala 1:10.000, 1999

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ANEXO II

PROJETO DE CRIAÇÃO DO PARQUE MUNICIPAL DO PÃO DE AÇÚCAR

(link: http://www.femerj.org/departamentos/meio_ambiente_parque_urca.html)

FEMERJ DEPARTAMENTO DE MEIO AMBIENTE

Apesar de ser um dos principais símbolos da cidade do Rio de Janeiro, conhecido internacionalmente devido à sua inconfundível silhueta, o Pão de Açúcar não conta, até hoje, com um status legal de proteção compatível com a sua importância em termos cênicos, históricos e ambientais. O tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, que data da década de 70, é o único ato que confere alguma proteção teórica ao local, mas esta é muito relativa e mesmo assim restringe-se apenas ao próprio Pão de Açúcar, deixando de fora o Morro da Urca e a mata existente entre ambos.

No início dos anos 60 esta mata começou a ser tomada por uma favela, que chegou a contar com cerca de 40 barracos. Ainda naquela década o Exército, que nunca deteve a posse efetiva da área, mas que conta com algumas instalações militares nas proximidades, especialmente a Escola de Comando e Estado Maior do Exército - ECEME, incumbiu o então tenente Stein de proceder à sua remoção, tarefa que, concluída com êxito, rendeu-lhe permissão para ocupar a casa que ainda hoje existe na entrada da Pista Cláudio Coutinho.

Um único morador, no entanto, permaneceu na mata, vivendo acompanhado de inúmeros cachorros em um barraco construído entre as árvores frutíferas que ele mesmo havia plantado. “Seu” Brito era uma espécie de ermitão que, a despeito de sinais evidentes de esclerose devido à sua idade avançada, tinha um coração generoso, e recebia de bom grado em sua casa os jovens montanhistas que estavam descobrindo as belezas e as potencialidades daquele local, aos quais oferecia frutas maduras - sua única fonte de renda - entre uma história e outra que contava para entretê-los. Tempos depois ele também foi expulso dali, diz-se que após revidar com certa violência o furto de suas frutas por soldados dos estabelecimentos militares vizinhos. Seja como for, ``Seu'' Brito passou seus últimos dias, que não foram muitos mais, mendigando pelas ruas da Urca, impedido de voltar ao seu barraco por guardas armados. Só depois é que se instalou, mais ou menos no mesmo local, o Gomes, que até hoje vive por lá e é figura bem conhecida dos montanhistas.

Após a remoção da favela o Ministério da Agricultura empreendeu ali um reflorestamento que foi muito bem sucedido, mais ainda porque o Exército fechou a área para o público em geral a partir de então, permitindo o ingresso na Estrada do Costão (depois rebatizada como Pista Cláudio Coutinho) de apenas três categorias de usuários: pescadores devidamente credenciados, montanhistas (somente com carteira de algum clube) e, claro, os próprios militares. Isto permitiu uma excelente regeneração da vegetação local, e a trilha para o Morro da Urca, àquela época, não passava de uma estreita picada. As restrições à entrada de pessoas variaram um pouco ao longo do tempo, mas além disso algumas benfeitorias na Pista Cláudio Coutinho podem ser creditadas aos militares, tais como remoção de lixo, capina de suas margens, plantio de árvores, construção de

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jardineiras com plantas ornamentais etc... Além disso, o Exército manteve durante bom tempo um porteiro civil na guarita que existe na sua entrada.

Devido aos constantes incêndios no capim colonião, que assustavam os turistas e prejudicavam o funcionamento do bondinho, a Cia. do Caminho Aéreo, que desde o início do século administra o teleférico do Pão de Açúcar, reflorestou toda a parte superior da crista que liga esta montanha ao Morro da Urca, o que também contribuiu para uma significativa melhoria ambiental daquele conjunto.

O resultado, como seria de se esperar, foi um aumento espetacular na freqüência tanto da pista em si, por pessoas apenas passeando, quanto nas trilhas, em especial às que conduzem ao cume do Morro da Urca e ao Costão do Pão de Açúcar, que logo passaram a apresentar sinais evidentes de erosão acelerada, em alguns pontos só detida após a rocha nua ser alcançada. As multidões que passaram a visitar diariamente os dois morros levaram consigo toda a espécie de problemas ambientais: lixo, dejetos em quantidade ao ar livre (inclusive no único curso d'água local, que é intermitente), pichações, coleta de plantas ornamentais, captura de animais, introdução de animais domésticos ou exóticos, incêndios etc...

Além disso, havia - e há - também a degradação ambiental provocada pelas atividades da própria Cia. do Caminho Aéreo. A pior talvez tenha sido o entulho jogado parede abaixo na face oeste do Pão de Açúcar por ocasião da construção da atual estação no topo daquele morro, ainda na década de 70, que arrasou não apenas a sua rica flora rupícola, claramente visível em fotografias mais antigas, mas também a mata que existia no sopé da parede, e que impede a sua adequada regeneração até hoje, a despeito dos esforços voluntários de alguns montanhistas em reflorestá-la. Havia também o esgoto jogado parede abaixo, ao lado da Chaminé Stop; as águas servidas lançadas na face norte do Morro da Urca, ao lado do restaurante que existe no topo; a incrível quantidade de lixo lançada do cume dos dois morros pelos turistas mas também por funcionários da empresa; e, sobretudo, o lento mas contínuo avanço de suas instalações pelas encostas do Pão de Açúcar e do Morro da Urca, qual calda grossa de chocolate a escorrer de um bolo.

A situação ficou tão alarmante que no final de 1990, logo após a sua fundação por oito montanhistas estimulados com a vitoriosa luta pela preservação do Morro da Pedreira, em Minas Gerais, o Grupo Ação Ecológica - GAE apresentou ao Instituto Estadual de Florestas - IEF/RJ uma proposta para criação da “Reserva Florestal do Pão de Açúcar”, nome inspirado pela Reserva Florestal do Grajaú, que é administrada por aquele órgão. Mais tarde viu-se, contudo, que esta denominação é imprópria, já que não prevista em lei, e além disso a área era pequena demais para justificar a criação de uma unidade de conservação estadual. De qualquer forma, os limites propostos para a nova unidade de conservação compreendiam os dois morros e toda a mata no seu entorno, excluindo, claro, a área reservada às estações do teleférico constantes no plano apresentado originalmente pela empresa ao IPHAN, para aprovação do novo projeto do empreendimento, nos anos 70.

Assim, em 1993 o GAE reapresentou o projeto à Fundação Parques e Jardins, vinculada à Prefeitura da cidade, agora com o nome de Parque Municipal do Pão de Açúcar mas sem modificações em sua essência. O projeto, protocolado sob o nº 06/204441/93, foi elaborado por André Ilha e Marcelo

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Ribeiro, ambos do GAE, sendo o último ainda, à época, diretor de meio ambiente da Associação de Moradores da Urca - AMOUR, o que evidentemente garantiu o apoio daquela ativa associação de moradores ao mesmo. De acordo com o projeto apresentado à Prefeitura, a criação do parque visa (ipsis litteris):

1. preservar a mata que circunda os Morros da Urca e do Pão de Açúcar; 2. preservar a rica vegetação rupícola existente nas encostas dos dois

morros, especialmente as espécies raras e endêmicas; 3. reflorestar, por um programa de longo prazo, as áreas infestadas pelo

capim colonião, notadamente na face L do Pão de Açúcar, face N do Morro da Urca e ao longo da Pista Cláudio Coutinho;

4. promover o enriquecimento biológico do reflorestamento que já vem sendo executado pela Cia. do Caminho Aéreo do Pão de Açúcar;

5. promover a gradativa substituição do bambuzal existente na porção superior da face S do Morro da Urca por vegetação nativa;

6. identificar as espécies vegetais e animais mais raras e/ou ameaçadas existentes nos limites do Parque proposto com vista ao desenvolvimento de programas especiais para a sua proteção;

7. reintroduzir, sob acompanhamento técnico da FPJ, espécies animais e vegetais que originalmente existiam na região e que hoje já não são mais encontradas;

8. controlar a entrada e fiscalizar a permanência de pessoas nos limites do Parque, de forma a impedir atividades destrutivas e predatórias, tais como a caça, a coleta de plantas, a propagação de incêndios etc.;

9. promover programas simples de educação ambiental dirigidos ao universo de freqüentadores do futuro Parque;

10. estimular a realização de trabalhos científicos dentro da nova unidade de conservação, de tal forma que se conheça melhor os processos de regeneração natural de florestas pluviais como a que lá existe, assim como estudar possíveis novas técnicas de combate ao colonião;

11. recuperar, limpar e conservar os caminhos já existentes, inclusive a própria Pista Cláudio Coutinho;

12. impedir quaisquer atividades que, direta ou indiretamente, descaracterizem a paisagem de excepcional beleza constituída pelos morros do Pão de Açúcar e da Urca, fator de projeção de nossa cidade e incomparável atração turística.

O projeto encontrou ótima acolhida na recém-criada (1994) Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SMAC, mas não foi bem recebido pela Cia. do Caminho Aéreo, que via nele um empecilho às suas atividades, e em incontáveis reuniões para discuti-lo a mesma viu-se em posição antagônica àquela defendida pela frente formada pelo GAE/AMOUR/IPHAN, com apoio da comunidade de montanhistas.

Além da empresa se recusar a reconhecer o seu passivo ambiental lixo, esgoto, impactos na fauna e flora etc... ela ainda ambicionava aumentar a área explorada pelo empreendimento, e tentou aprovar diversos projetos nesse sentido, quase todos oriundos do escritório de arquitetura Alfredo Brito. Os mais badalados deles foram o “Parque da Mônica” que, entre outras coisas, contaria com trilhas adicionais e estátuas dos personagens do Maurício de Souza espalhadas pela mata; e o anfiteatro projetado para a vertente norte do Morro da

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Urca (aquela voltada para o bairro homônimo), num pacote que incluía ainda bares e sanitários construídos no local hoje reflorestado pela Prefeitura. Outras propostas ainda mais delirantes existiram, mas não chegaram a ser levadas tão longe como as duas acima mencionadas.

As reuniões na prefeitura tiveram ainda o condão de impedir agressões adicionais ao meio ambiente da Urca, tais como o gigantesco cometa de Natal que queriam instalar na face N do Pão de Açúcar, ou para evitar que este morro viesse a ser “embrulhado” com papel celofane por um “artista” Húngaro, para citar apenas duas. Mas não se conseguiu evitar, por exemplo, que gigantescos letreiros de neon fossem instalados na face N do Morro da Urca, presos com pontos de durepox que ali foram abandonados com cacos de vidro, sendo depois removidos pelos escaladores, ou que a empresa parasse de explorar voos de helicóptero no heliponto construído no mesmo morro “apenas para” resgates de “emergência”, de acordo com o projeto apresentado ao IPHAN mas nunca respeitado. Estes vôos assustam os animais e incomodam os moradores, mas prosseguem ininterruptamente até hoje.

A criação do parque, no entanto, esbarrava em um problema fundamental: a titularidade da área, isto é, a definição sobre quem era o “dono” dos dois morros. Como a cidade do Rio de Janeiro primeiro fora Distrito Federal, depois Estado da Guanabara e, por fim, município-sede do Estado do Rio de Janeiro, não se tinha certeza sobre quem tinha o domínio da área, sendo certo, contudo, que os militares, no vácuo criado por esta confusão, exerceram durante muito tempo o domínio de fato sobre mesma, e em diversas oportunidades, equivocadamente, se atribuíram também a posse de direito - ainda que, obviamente, não apresentassem qualquer documento que amparasse tal pretensão.

O projeto de criação do parque de certa forma reavivou a questão da titularidade da área, e o respectivo processo administrativo foi remetido para a Procuradoria de Desapropriações do município, onde repousou por bom tempo. Isto porque mesmo depois de cabalmente concluído que era a própria Prefeitura que detinha a sua posse, o ex-prefeito Luiz Paulo Conde determinou que o processo não “andasse”, uma vez que aproximava-se o momento da renovação da concessão do teleférico, e ele, além de pretender promover uma licitação internacional para tal, alardeou que incluiria na mesma a permissão para a construção de uma nova linha do bondinho, unindo o Morro da Urca ao Morro da Babilônia!

Nesse meio tempo foi criado o Conselho Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro - CONSEMAC, previsto desde 1990 na Lei Orgânica do município mas que até então não havia saído do papel, e o GAE, que nele ocupava uma das três vagas destinadas aos ambientalistas, apresentou duas propostas de Resolução: a primeira, aprovada por unanimidade, rejeitava a construção da nova linha do teleférico, que deixaria a Urca mais parecendo um varal de roupas; e a segunda, aprovada com apenas um voto contrário, pleiteava a criação do Parque Municipal do Pão de Açúcar. Infelizmente o prefeito Conde, como de hábito, ignorou ambas, mas a licitação também acabou não saindo porque a Cia. do Caminho Aéreo, como se sabe, ingressou na Justiça contra a Prefeitura, pretendendo manter indefinidamente o negócio para si, estando o caso hoje sub judice.

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Nesse meio tempo, houve uma guinada importante: a empresa dispensou os serviços do escritório de arquitetura anterior e contratou um outro, do arquiteto Índio da Costa, que apresentou ao CONSEMAC um projeto inteiramente novo para à área, elaborado em parceria com o paisagista Fernando Chacel. Este novo projeto, além de frear a expansão da área ocupada pela empresa, tem duas características notáveis. A primeira é o fato de reduzir o impacto visual da presença das instalações do teleférico, “embutindo” parcialmente as estações na rocha e reduzindo a altura das demais instalações, o que de certa forma devolveria o perfil original da montanha - ainda que talvez ao custo dos metros finais de algumas escaladas. A segunda é que este projeto não apenas não se opunha à criação de uma unidade de conservação no local como a defendia e incorporava ao conjunto do empreendimento, baseado na premissa de que a existência do parque municipal seria um fator de atração a mais para os turistas, bem de acordo com o conceito emergente de “Turismo Ecológico”.

Desta forma, a Cia. do Caminho Aéreo passava de opositora a defensora da criação do parque, e os militares progressivamente deixaram de reivindicar a posse da área, o que significava que os últimos obstáculos importantes à sua criação deixaram de existir. De fato, logo após a posse do novo prefeito, em janeiro de 2001, o secretário municipal de Meio Ambiente, Eduardo Paes, declarou seu apoio à criação do parque, chegando a firmar seu nome no abaixo-assinado nesse sentido endereçado ao prefeito que correu durante a Abertura da Temporada de Montanhismo deste ano. Ao que tudo indica, faltaria apenas a assinatura de um convênio entre a Prefeitura do Rio de Janeiro e o Comando Militar do Leste para que o decreto venha a ser assinado.

E com a mudança de nome imposta pela recém-aprovada Lei Federal que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC ( Lei nº 9985/00 ), esperamos que seja então criado, finalmente, o Parque Natural Municipal do Pão de Açúcar, ou seja, esta como projeto de lei (PL) em tramitação na Câmara Estadual do RJ para ser votado. Aliás, uma boa causa a ser levada à frente.

Rio de Janeiro, 30 de outubro de 2001.

FEMERJ - Federação de Montanhismo do Estado do Rio de Janeiro Copyright 2002 - Todos os direitos reservados Av. Rio Branco, nº277 - sala 805 Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP: 20.047-900

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ANEXO III

Carteira do Ministério do Turismo - Credencial de Guia de Turismo - Renato Fragoso

Frente e Verso - Validade da Credencial 2 anos. Renovação e reciclagem do profissional a cada 2 anos.

Figura 23 Frente Credencial Autor Figura 24 Verso Credencial Autor Fonte:(Ministério do Turismo) Fonte: (Ministério do Turismo)

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ÍNDICE

Pagina

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTOS 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO 1 AVALIANDO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL 11

1.1. Conceito de Educação Ambiental 11

1.2. Princípios Básicos da EA 15

1.3. A Importância da EA na Educação 16

1.4. A Educação Ambiental no Processo de Gestão Ambiental 18

CAPITULO 2

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O ECOTURISMO 21

2.1. A História e a Formação Conceitual do Ecoturismo 21

2.2. A Percepção e a Educação Ambiental no Ecoturismo 24

2.3. Educação Ambiental em Unidades de Conservação e APAs 26

2.4. A Educação Ambiental em unidades de conservação

- Delimitando o Parque Municipal do Pão de Açúcar 28

CAPITULO 3

A EA COMO INSTRUMENTO DE PRESERVAÇÃO DAS

TRILHAS NO PARQUE DO PÃO DE AÇUCAR – RJ 36

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3.1. Breve descrição da área de atuação – As Trilhas do

Parque do Pão de Açúcar 36

3.2. Impactos Ambientais nas Trilhas do Pão de Açúcar 38

3.3. Medidas de Controle de Impactos nas Trilhas 41

3.4. Proposta de Projeto de EA e Ecoturismo para o

Complexo do Pão de Açúcar 41

CONSIDERAÇÕES FINAIS 47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 48

ANEXOS 50

ANEXO I - LEIS E DECRETOS 50

ANEXO II - PROJETO DE CRIAÇÃO DO PARQUE

MUNICIPAL DO PÃO DE AÇÚCAR 52

ANEXO III - CARTEIRA DO MINISTÉRIO DO TURISMO

CREDENCIAL DE GUIA DE TURISMO

RENATO FRAGOSO FRENTE E VERSO 57

ÍNDICE 58

ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES 60

FOLHA DE AVALIAÇÃO 62

60

ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES

FIGURAS PÁGINA

Figura 1 - Caminho para trilha Claudio Coutinho vista Pão de

Açucar ao fundo 29

Figura 2 - Vista panorâmica Pão de Açucar ângulo 1 30

Figura 3 - Vista panorâmica Pão de Açucar ângulo 2 30

Figura 4 - Vista aérea do complexo do Pão de Açúcar 31

Figura 5 - Vista Praia Vermelha, Urca RJ 32

Figura 6 - Início da Pista Claudio Coutinho 33

Figura 7 - Placa existente na entrada do parque e da

Pista Claudio Coutinho 33

Figura 8 - Placa avisando os procedimentos para entrar dentro

do Parque, na entrada da Pista Claudio Coutinho 34

Figura 9 - Placa da Fundação da pista existente na entrada do

Parque do Pão de Açúcar 34

Figura 10 - Placa avisando não alimentar animais silvestres 35

Figura 11 - Descida Trilha do Morro da Urca 39

Figura 12 - Subida/descida - escada da Trilha 39

Figura 13 - Heliporto no Morro da Urca 40

Figura 14 - Mico incomodado com barulho do Heliporto 40

Figura 15 - Micos & Turistas 40

Figura 16 - Turistas em harmonia com micos no Morro da Urca 40

Figura 17 - Folheto campanha Educaçao Ambiental Parque Nacional

da Tijuca 43

Figura 18 -.Campanha de EA para preservação do

Parque Nacional da Tijuca 43

Figura 19 - Mapa Trilhas Parque Nacional da Tijuca 44

Figura 20 - Placa indicativa na Trilha - Pão de Açúcar 45

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Figura 21 - Placa de sinalização na Trilha - Pão de Açúcar 45

Figura 22 -.Colocação de lixeiras - Pista Claudio Coutinho 46

Figura 23 - Frente Credencial Autor 57

Figura 24 - Verso Credencial Autor 57

62

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes Pós-Graduação “Lato

Sensu”, Projeto A Vez Do Mestre. Curso de Gestão Ambiental.

Título da Monografia:

O TURISMO ECOLÓGICO COMO INSTRUMENTO DE PRESERVAÇÃO DAS

TRILHAS DE PARQUES - O PARQUE DO PÃO DE AÇUCAR, UM ESTUDO DE

CASO.

Autor: Jorge Renato Fragoso Antonio

Data da entrega: 27/07/2009

Avaliado por: Profa DSc. Ana Paula Pereira da Gama Alves Ribeiro

Conceito: