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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A EVOLUÇÃO DO MARKETING ESPORTIVO NO BRASIL E SUAS TRANSFORMAÇÕES Por: Arthur Silva Gomes Orientador Prof. Jorge Vieira Rio de Janeiro 2012

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2012-03-22 · e o seu relacionamento com os mesmos. O marketing hoje vai em busca de uma fidelização maior para com

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A EVOLUÇÃO DO MARKETING ESPORTIVO NO BRASIL E

SUAS TRANSFORMAÇÕES

Por: Arthur Silva Gomes

Orientador

Prof. Jorge Vieira

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A EVOLUÇÃO DO MARKETING ESPORTIVO NO BRASIL E

SUAS TRANSFORMAÇÕES

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Marketing.

Por: Arthur Silva Gomes

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AGRADECIMENTOS

....A minha mãe que sempre me apoiou

nos momentos difíceis, a Débora

Amorim pela ajuda acadêmica e ao

Professor Jorge Vieira pela

compreensão e auxilio e a Deus por

me proporcionar este momento...

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DEDICATÓRIA

....Dedico à minha mãe e a Deus......

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RESUMO

Nosso objetivo no presente estudo é abordar de forma clara a evolução

do marketing esportivo brasileiro ao longo dos anos e as tendências deste

segmento do cenário brasileiro atual, cercado de futuros eventos esportivos de

grande porte, onde as estratégias de marketing devem acompanhar o aumento

da importância do papel do esporte no Brasil.

E através da elucidação deste tema analisar brevemente e realizar um

comparativo simples do papel do marketing esportivo nos países

desenvolvidos e no Brasil, apontando as dificuldades existentes no

desenvolvimento de estratégias eficazes no marketing esportivo brasileiro.

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METODOLOGIA

Para a composição deste trabalho, utilizamos as metodologias de

pesquisa exploratória, descritiva e bibliográfica em livros, revistas e sites,

optando-se pelos métodos: comparativo e dedutivo para sua elaboração.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO 1 - Os principais conceitos de Marketing 10

1.1 – Marketing Esportivo 11

1.2 – Marketing Esportivo Brasileiro 14

CAPÍTULO 2 - A Marca 17

CAPÍTULO 3 - Endossos e Patrocínios 19

CONCLUSÃO 21

ANEXOS 22

ANEXO 1 23

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37

BIBLIOGRAFIA CITADA 39

ÍNDICE 40

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INTRODUÇÃO

O mundo moderno encontra-se em mudanças constantes e cada vez

mais o marketing necessita acompanhar essas mudanças. Nos últimos anos,

temos visto uma evolução do marketing e uma mudança grande no seu foco,

aonde no inicio as empresas possuíam foco no produto e agora com o

aumento da concorrência e de produtos similares o foco passou a ser o cliente

e o seu relacionamento com os mesmos. O marketing hoje vai em busca de

uma fidelização maior para com os seus clientes, tentando estabelecer

relacionamentos de longo prazo, duradouros e consistentes.

O marketing esportivo no Brasil antes do final da década de 70

praticamente não existia, mas a partir da descoberta de novos e grandes

talentos no esporte brasileiro o interesse do marketing pelo setor começou a

surgir.

No início cigarros e bebidas eram divulgados principalmente através do

automobilismo e a partir daí portas foram se abrindo para o crescimento do

marketing esportivo no Brasil, pois os esportes começaram a chamar a

atenção e o interesse das pessoas que viam atletas de sucesso e em várias

modalidades ao mesmo tempo, com isso crescia o número de programas

esportivos e também de coberturas de eventos esportivos.

Apesar de não acompanhar as tendências mundiais de crescimento, é

preciso admitir que o marketing esportivo no Brasil está crescendo de forma

considerável, atualmente a indústria esportiva do nosso país movimenta

aproximadamente 31 bilhões anuais, o que significa algo em torno de 3% do

PIB (Produto Interno Bruto) e é realmente espantoso concluirmos que

enquanto o PIB cresceu aproximadamente 3% nos últimos anos o marketing

esportivo cresceu cerca de 12%. É muito provável que esse percentual

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continue aumentando porque além do Brasil ser celeiro de atletas bem

sucedidos, também sediará brevemente eventos de suma importância para o

esporte mundial e esses dois fatores são considerados grandes atrativos para

as empresas do ramo, elas visam uma espécie de ”transferência de sucesso”,

ou seja, se o atleta patrocinado e ou o evento fazem sucesso isso chama

atenção para o patrocinador que fica em evidência junto e alcança seu objetivo

atingindo assim o consumidor.

Tendo em vista a dificuldade em descobrir o que de fato o consumidor

quer, as empresas começaram a enxergar no esporte uma grande

oportunidade para que seus clientes estivessem mais dispostos a consumir

seus produtos, que os desejassem mais ou pelo menos simpatizassem com

eles. E como o interesse do consumidor pelo esporte não para de aumentar a

estratégia tem dado certo.

As empresas que buscam resultados mais agressivos e em pouco

tempo estão investindo cada vez mais no marketing esportivo que tem se

revelado uma estratégia de mercado eficaz.

Segundo Pozzi (1998) o marketing esportivo está cada vez mais

presente em nosso meio, e está se profissionalizando, os eventos esportivos

estão mais organizados e ocorrendo com mais frequência.

Através deste estudo mostraremos o que é de fato o marketing

esportivo, suas principais teorias e conceitos no capítulo 1, em seguida no

capítulo 2 falaremos de sua trajetória e evolução no Brasil além de citarmos

suas principais limitações, e concluiremos com uma breve análise comparativa

da evolução do marketing esportivo no Brasil e em outros países mais

desenvolvidos.

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CAPÍTULO 1

OS PRINCIPAIS CONCEITOS DE MARKETING

Segundo Philip Kotler e Armstrong (2000) marketing e um processo

gerencial e social aonde indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e

almejam por meio da criação e troca de produtos e valores com outros

indivíduos ou grupos. Seguindo essa linha de raciocínio e tendo em vista a

dificuldade de descobrir o que de fato o consumidor quer, as empresas

começaram a enxergar no esporte uma grande oportunidade para que seus

clientes estivessem mais dispostos a consumir seus produtos, que os

desejassem mais ou pelo menos simpatizassem com eles. E como o interesse

do consumidor pelo esporte não para de aumentar a estratégia tem dado certo.

Kotler e Keller (2006) traduzem esse conceito na premissa que para

que o consumidor consiga satisfazer suas necessidades com um produto, o

mesmo pode produzi-lo ou troca-lo com outro individuo ou grupo.

Segundo Cobra (1985) diversas áreas estão inseridas no marketing. As

compras, o comportamento dos consumidores, a administração de vendas,

comunicação de mercados, gerência de produtos. O mesmo define o sistema

de marketing através do Composto de Marketing ou Mix de Marketing

formulado primeiramente por Jerome McCarthy(1960),que se tornou

comumente chamado de os “quatro P’s”, que são considerados o conjunto de

pontos de interesse aos quais as organizações devem estar atentas se

desejarem perseguir seus objetivos de marketing. São eles Produto,

Praça(ponto de venda/distribuição) e Promoção. Todos os fatores merecem

igual atenção, ao ingnorarmos um ou outro, temos nossa chance de insucesso

diante de uma decisão maximizadas. Cobra (1997) apresenta 4C’s

correspondentes aos P’s de McCarthy, consumidor, custo para o consumidor,

conveniência e comunicação, mostrando que de acordo com os 4C’s o foco

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deixa de ser o produto e passa a ser o cliente, e o produtor ou comerciante

deveria proporcionar ao cliente tudo o que for necessário para a compra, isto é,

a conveniência, acessibilidade e o que mais for preciso, comunicando e

tornando visíveis as facilidades que a empresa oferece ao mercado.

Os conceitos mais atuais de marketing revelam que uma forma eficaz de

atingir os objetivos organizacionais consiste na pro atividade existente em

definir as necessidades e desejos do mercado alvo e consumidores de

maneira mais eficaz e eficiente do que os concorrentes, agregando valores ao

público final.

1.1 - Marketing esportivo

O marketing Esportivo é um campo novo de estudos se comparado a

outros campos como Direito, Educação, Administração, Medicina ou Marketing,

sendo assim não envolve um corpo de conhecimento substancial como os

campos supracitados.

Sutton (2008), diz que a expressão marketing esportivo foi criado em

1978 pela Advertising Age com o objetivo de descrever as atividades dos

profissionais de marketing de diferentes produtos que cada vez mais utilizavam

o esporte como veículo de informação.

De acordo com Pitts e Stotlar (2002), os acadêmicos ainda não

chegaram a um acordo quanto à definição de marketing esportivo. Alguns

adotam uma abordagem mais ampla e acreditam que marketing esportivo é a

aplicação dos princípios de marketing a qualquer produto da indústria do

esporte. Outros acreditam que a atividade envolve apenas a venda de produtos

esportivos. Sendo assim adotaremos o conceito de que “Marketing Esportivo”,

e o processo de elaborar e programar atividades de promoção, produção,

formação de preço e distribuição de um produto esportivo para satisfazer as

necessidades ou desejos de consumidores e realizar os objetivos da empresa.

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Para entendermos melhor o conceito de marketing Esportivo é

interessante passar pelos conceitos de Indústria do Esporte e Administração

Esportiva.

Segundo Porter (1985) “Indústria é um mercado que vende a

consumidores produtos semelhantes ou estreitamente relacionados”. Algumas

indústrias produzem somente um produto, mas normalmente uma indústria

compreende uma variedade de produtos, os quais vendem a diversos

consumidores existentes ou potenciais, que variam demográfica e

psicograficamente e que diferem quanto a necessidades, exigências, desejos e

vontades. Por exemplo, a indústria bancária é composta de produtos, serviços

e soluções financeiras diversas, tais como seguros, investimentos,

empréstimos, vemos assim que uma indústria pode compreender muitos

produtos ou poucos, que podem ser semelhantes e estritamente relacionados

ou nada parecidos e muito pouco relacionados. Como por exemplo, um cliente

com alto poder aquisitivo, seja ele empreendedor ou aplicador, possui

necessidades de produtos e serviços bancários diferentes de um cliente

tomador de crédito com um poder aquisitivo mais reduzido e necessidades

diferentes.

A palavra “esporte” possui uma definição mais restrita segundo Parks e

Zanger (1990) “que é o conjunto de atividades distintas como golfe, vôlei.

futebol, basquetebol e ginástica – itens de uma série que podem ser contados”

e é assim que a maioria das pessoas define o termo – atividades esportivas.

Essa definição típica nos mostra a grande exposição dos esportes nas escolas

e faculdades e a exposição diária através das mídias existentes.

Temos uma definição mais ampla do substantivo “esporte” utilizada pela

Sociedade Norte-Americana para a Administração Esportiva (NASSM),

composta por acadêmicos e professores universitários, escolheram a palavra

“esporte” como aquela que identifica e define mais corretamente o campo de

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estudo da Administração Esportiva (Parks e Zanger, 1990). Sendo assim

temos um conceito mais amplo de Administração Esportiva que são todas as

pessoas, negócios, atividades e organizações envolvidas nos processos de

produção, auxílio, promoção e organização de produtos esportivos, de fitness e

de recreação. Esse conceito envolve todos os profissionais ligados aos

processos esportivos.

A indústria do esporte através dos anos tem tido um crescimento

fenomenal, e não dá sinais de esgotamento, tornando assim o Marketing

Esportivo à função mais importante de um negócio esportivo, é esta função

que orienta o negócio esportivo, identifica os produtos que os consumidores

desejam, identifica e analisa as empresas e produtos da concorrência que tem

se tornado cada vez mais variados, que desenvolve estratégias de promoção e

preço e escolhe como levar o produto ao consumidor.

O marketing como todo processo e um ciclo contínuo, isto o torna uma

função interminável. O processo de marketing esportivo está cada vez mais

complexo na medida em que se foca mais o consumidor e cada vez mais

interage com o mesmo, aproximando a marca ao seu público alvo, podendo

agregar custos menores e aumentar as chances de êxitos.

O esporte é associado a conceitos de bem estar, saúde e inserção social,

ele estabelece uma relação intima com o consumidor, sendo assim as ações

de marketing esportivo buscam trazer valores de saúde, vitória, cooperação,

respeito e união, além de um estilo de vida saudável, de diversão e aventura.

O esporte está diretamente ligado à emoção e paixão das pessoas, o

Marketing Esportivo e a ferramenta de comunicação que esta diretamente

ligada a esses sentimentos. Ele consegue impactar o consumidor no momento

de lazer, de emoção, de conquistas.

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1.2. O Marketing esportivo no Brasil

A indústria esportiva brasileira está crescendo significativamente e

atraindo os olhares mais atentos para o marketing esportivo, que conforme

pesquisa da Delloitte Brasil representa aproximadamente 900 milhões na

economia brasileira.

É indubitável que o papel da mídia nos esportes tem sido fundamental,

pois ela une interesses, promove e contribui para o desenvolvimento do

esporte, que é além de tudo um meio importantíssimo de inclusão social.

Atualmente, o esporte é considerado o terceiro maior meio de

publicidade e o número de brasileiros que pratica esporte já ultrapassa os 80

milhões, mas nem sempre foi assim....

Os investimentos em marketing esportivo aqui no Brasil só começaram a

surgir no final da década de 70 e desde então não pararam de crescer, é

evidente que esse crescimento ainda não é comparável, por exemplo, ao da

Europa, mas ainda assim é muito relevante. Enquanto que a vantagem

competitiva brasileira é indiscutível, a quantidade de atletas bons que o Brasil

consegue produzir mesmo sem ter ainda os investimentos necessários no

setor é incrível.

O futebol, modalidade que mais concentra investimentos por ser a mais

popular por aqui e com mais visibilidade, fica com 60% do total investido, mas

ainda assim segundo o Atlas do Esporte no Brasil mundialmente falando só

representa cerca de 1,5%. Apesar disso segundo POZZI (1998) a Copa do

Mundo de 94 movimentou no Brasil cerca de US$ 180 milhões através de

transmissões televisivas e US$ 450 milhões com publicidade, números esses

incomparáveis com os da Copa de 70.

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Até 1979 a FIFA permitia apenas que os times utilizassem em seus

uniformes os nomes de seus fabricantes, e apenas em 1981 que a liberação

de logomarcas foi claramente liberada.

O primeiro grande patrocínio no âmbito do futebol aqui no Brasil se deu

na final da Copa do Brasil em 1984 quando o antigo Banco Nacional investiu

aproximadamente U$700mil nos dois times que disputaram a final. O Banco

Nacional segundo Vargas (2006) ainda estaria disposto a investir cerca de

U$1,2 milhões em artigos com a imagem do piloto Ayrton Senna no ano de sua

morte.

Segundo POZZI (1998, p. 71) “a indústria esportiva ainda não está

pronta para parar de crescer. Atualmente os esportes não ocupam uma parte

tão grande do orçamento não essencial de uma família, de maneira que não é

provável que as despesas em esportes sejam cortadas em caso de recessão”,

logo, podemos concluir que cada vez mais pessoas estão se interessando

pelos esportes e esse interesse aqui no Brasil não tem se concentrado em

apenas uma ou outra modalidade, o número de golfistas, por exemplo, cresceu

cerca de 550% de acordo com a Confederação Brasileira de Golfe.

Conforme POZZI e RIBEIRO (2005) o Brasil é considerado o quinto

maior mercado esportivo do mundo, o que condiz com seu potencial, mas no

cenário mundial isso é apenas 1% do total investido na área esportiva, ou seja,

ainda há muito para crescer, muita estrada pela frente e se compararmos tais

dados com os EUA vemos que a diferença é gritante, pois enquanto

representamos apenas 1% do total mundial investido nos esportes os EUA

abocanham nada mais do que cerca de 31%.

Uma das modalidades de esporte que não para de crescer no Brasil e

tem atraído cada vez mais jovens é o Surf, que segundo a Revista Alma Surf

teve crescimento de 100% nos últimos anos e tem movimentado cerca de R$ 5

bilhões por ano, estes dados representam parte da força que os esportes

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radicais tem conquistado totalizando em R$700milhões de movimentação

anual.

Outra modalidade que também tem sido alvo do marketing esportivo

brasileiro é o automobilismo, que segundo a revista Máquina do Esporte, gera

aproximadamente R$10 milhões por etapa o que totaliza anualmente cerca de

R4100 milhões e ao todo mais de 90 empresas tem seus nomes associados à

Stock Car, o que possibilita um faturamento de cerca de R$200 milhões por

temporada. E assim o automobilismo segue crescendo em ritmo frenético.

Não são apenas as empresas especializadas em marketing que tem

investido e acreditado no potencial brasileiro esportivo, a Caixa Econômica, por

exemplo, apoia o atletismo nacional e seus investimentos no marketing

esportivo brasileiro nesta modalidade já ultrapassaram os R$ 27 milhões. A

Confederação Brasileira de Atletismo e a Caixa possuem uma parceria de

cerca de R$ 3 milhões anuais. O Banco do Brasil é patrocinador oficial do vôlei

de quadra brasileiro desde 1991 e ainda promove o vôlei de praia através de

patrocínio a determinadas duplas, com isso ele contribui com cerca de R$60

milhões no marketing esportivo do país.

Atualmente o mercado esportivo brasileiro está vivendo um momento de

grande expectativa para o crescimento dos próximos anos, eventos como a

Copa de 2014 gerarão um desenvolvimento absurdo do mercado e do fluxo de

investimentos, as oportunidades que surgem nesse contexto são enormes e

visíveis a olho nu, mas por outro lado, nosso mercado ainda está em processo

de maturação, ou seja, se faz necessária uma mudança evolucionista nas

estratégias utilizadas para que consigamos concretizar as expectativas de

crescimento.

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CAPÍTULO 2

A MARCA

David Ogilvy (1955) referiu que “Uma marca é a soma intangível dos

atributos de um produto: o seu nome, embalagem e preço; a sua história,

reputação e a maneira pela qual é comunicada. É ainda definida pelas

impressões e experiências de quem as usa”.

“Segundo a Associação Americana de Marketing (AMA) a marca seria:”

um nome distinto e /ou símbolo (“...), destinado a identificar os bens ou

serviços de um vendedor ou grupo de vendedores, no sentido de diferenciar

esses bens ou serviços da concorrência”. Esta perspectiva, que se tornou na

mais expressiva definição idealista das marcas, defendia que o seu valor

estava ancorado na consciência dos consumidores, como uma construção

teórica que dependeria fundamentalmente da sua gestão. Ou seja, as marcas

valeriam essencialmente pelos nomes, termos, símbolos ou designs que

acompa-nhavam os produtos e que ajudavam ao reconhecimento e

consciencialização do consumidor.

Para Martins (2000), não resta duvida que a marca seja o maior

patrimônio de uma empresa, porque lhe confere singularidade no mercado e

contribui para diferenciá-la de forma competitiva, de outras empresas.

Christopher Kenton (2007) define marca como “uma ideia na mente dos

consumidoresY e essa ideia é formada pelo que se diz e pelo que se faz.” O

produto e o que a empresa fabrica, a marca e o que a empresa vende,

constitui o principal motor de compra, assentando na percepção que os

consumidores dela formam, a partir das ações de marketing desenvolvidas

pela empresa. São construções teóricas que vão além das características

físicas dos produtos, pois assentam em elementos intangíveis. As marcas

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trazem uma forma de identificação com o produto ou serviço. O valor da marca

esta intrinsecamente associada à percepção daquela marca pelo consumidor,

ela deve transcender a forma física e estar ligada ao imaginário do

consumidor, agregando valor ao produto. Os idealistas defendem que as

marcas devem ser entendidas como ativos financeiros a ser geridos no mais

alto nível.

Partindo da análise dos conceitos percebemos que se a marca

apresentar um valor positivo na mente dos consumidores ela trará resultados

positivos a empresa e maior identificação com seu público. A imagem da

empresa esta diretamente ligada ao valor da marca.

Murphy (2000) mostra o conceito de posicionamento de um produto

como sendo a busca de estabelecer um ponto de referência em relação à

concorrência. O posicionamento de uma marca está ligado à percepção do

consumidor em relação àquela marca.

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CAPÍTULO 3

ENDOSSOS E PATROCÍNIOS

O uso de atletas individuais para endossar produtos e de formadores de

opinião devido ao conhecimento e poder destes dentro de certos grupos, é

prática de marketing no esporte a há décadas. Durante os jogos de verão de

1936, Adolf Dassler fabricante de sapatos alemão se dirigiu da Baviera à Vila

Olímpica, para convencer o velocista afro-americano Jesse Owens a usar seus

sapatos. Owens foi o primeiro atleta afro-americano a ser patrocinado pelos

irmãos Dassler. Quando o velocista foi premiado com quatro medalhas de

ouro, o sucesso confirmou a reputação dos calçados Dassler entre os

esportistas mais famosos do mundo, despertando o interesse de treinadores

de várias equipes nacionais. A empresa de calçados futuramente daria origem

as empresas ADIDAS e PUMA. Ambas as empresas seguiram a linha de

patrocínio de esportes, equipes e atletas, sendo atualmente a Adidas a

segunda maior empresa de equipamentos esportivos do mundo, atrás de sua

maior rival, a americana Nike. Na Europa, porém, a Adidas é líder de mercado,

e a Nike a segunda colocada. No entanto a Adidas é a maior distribuidora de

equipamentos esportivos para o futebol, apesar dos grandes investimentos que

a Nike tem feito desde que entrou neste mercado. O livro Invasão de Campo

conta a historia da criação da Adidas e da Puma, bem como o crescimento das

marcas.

O patrocínio compreende o financiamento de uma atividade esportiva

com a finalidade de retorno econômico. A relação entre a organização

esportiva e os donos do evento envolvidos com o patrocínio deve incluir

vantagens para ambas às partes, incrementando o valor de mercado e os

lucros do produto.

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Patrocinar e uma ação de comunicação são um investimento de caráter

empresarial, requer uma atuação planejada e bem analisada, pois além de

possuir um alto custo expõe a marca da empresa. Quando uma empresa

decide patrocinar um atleta ou equipe, e indispensável que haja um

comprometimento entre as partes, pois os consumidores ligam diretamente

o patrocinador ao patrocinado e estabelecer normas de conduta em

contrato. Como exemplo temos o contrato vitalício da Nike com o Atleta

Ronaldo “Fenômeno”, que foi abalado após um incidente em que o jogador

envolveu-se com um grupo de travestis na cidade do Rio de Janeiro. Tal

evento abalou a imagem do jogador e logo foi ligado a imagem de seu

principal patrocinador a Nike.

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CONCLUSÃO

O marketing esportivo no Brasil está em constante crescimento e muitas

empresas passaram a enxergar o potencial existente neste tipo de marketing e

o retorno que o mesmo pode trazer. Esse tipo de marketing pode trazer um

reforço da imagem de suas marcas. Ao investir no esporte há uma

aproximação da empresa com a maioria do público jovem e consumidores de

uma forma geral, a empresa é vista com maior intimidade e proximidade, bem

como a ideia de investimento no lazer, cultura, proporcionando o espetáculo

que o público necessita, mexendo com paixões e emoções do consumidor, que

passa a vincular suas alegrias a empresa e seus produtos.

Dentro do marketing esportivo ,temos diversas estratégias que atendem

as empresas de diferentes formas, o que faz com que a escolha da

modalidade esportiva seja condizente com o objetivo da empresa. Temos o

patrocínio de equipes, como o da equipe brasileira masculina e feminina de

vôlei pelo Banco do Brasil, o patrocínio de atletas, como a Nike com os

Jogadores Ronaldo e Neymar, o patrocínio de jogos pela televisão como e o

caso do Banco Itaú e da operadora de celular Vivo, o patrocínio de eventos e

de publicidade estática.

Temos no esporte a opção de lazer mais democrática, pois o mesmo

atinge todas as classes sem distinção e preconceitos ,o mesmo tem caráter

educativo e vincula-se a formação do ser humano, estudos mostram que o

esporte proporciona uma sensação de alegria e bem estar comparável ao

recebimento de uma grande quantia de dinheiro inesperadamente, isto

é,uma conexão direta com o bem estar.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Artigo da Revista Época Negócios: Neymar – a construção de uma

marca.

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ANEXO 1

REVISTA ÉPOCA NEGÓCIOS JANEIRO/2011

Neymar: a construção de uma marca

Não basta ter um produto extraordinário. É preciso desenvolver, embalar, proteger – e saber vender. O exemplo da grife Neymar Darcio Oliveira e Marcos Todeschini

A jogada começou na lateral do campo, intermediária do ataque do Santos. Neymar deu um drible curto, livrou-se de dois marcadores e partiu em velocidade. Ainda teve tempo de tocar a bola para um companheiro e recebê-la de volta, antes de chegar à grande área. Foi então que Neymar resolveu driblar a física, tabelando com ele mesmo para aplicar uma meia-lua no último zagueiro – num movimento tão rápido de pernas que parecia haver dois neymares ocupando, ao mesmo tempo, o mesmo lugar no espaço. Isaac Newton aplaudiria. A vítima da improvável finta só se lembra de ter visto a bola no fundo das redes. Uma pintura de gol. Naquele dia o Santos perdeu por 5 a 4 para o Flamengo, no maior jogo do Campeonato Brasileiro de 2011. Mas quem se importa com o placar? O gol de Neymar, candidato ao prêmio Puskás da FIFA como o mais bonito do ano, valeu por três e pagou dez vezes o ingresso dos torcedores.

Terminada a partida, o presidente do Santos, Luiz Álvaro de Oliveira Ribeiro, telefonou para a presidente do Flamengo, Patrícia Amorim. Queria cumprimentá-la pela vitória. Ouviu da moça os agradecimentos e um pedido: a camisa de Neymar autografada para seu filho, rubro-negro desde berço, neymarista desde agora. “Dias depois o Roberto Dinamite [presidente do Vasco] entrou no vestiário do Santos antes de um jogo e pediu uma camisa para a mulher dele, fã de Neymar”, conta Luiz Álvaro. Tem sido assim, para desgosto de dirigentes de outras agremiações: diante do camisa 11 do Santos, crianças, jovens, senhoras e senhores se rendem, como os zagueiros do Flamengo.

Poucas marcas tiveram tamanha valorização em tão pouco tempo – Neymar ainda nem completou três anos como profissional. Isso não se deve apenas a seu talento. O talento é essencial, mas em cima dele há muito a construir. Como, aliás, ocorre com qualquer produto. “O exemplo do Neymar vale para todas as empresas”, diz o publicitário Washington Olivetto, da W/McCann. “A marca nada mais é do que uma biografia, seja de pessoa física ou jurídica.”

Existe uma leitura heroica em sua decisão de permanecer no Brasil. A estratégia valoriza o nome do craque e torna sua marca ainda mais especial

Uma pesquisa feita pela consultoria alemã Sport+Markt dá a dimensão do fascínio que o santista exerce sobre os torcedores. Ele é o preferido de 25% dos brasileiros, com maior aceitação no Centro-Oeste e no Sudeste. No recorte social, Neymar é reconhecido por

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todas as camadas, com uma ligeira preferência das classes A e B. O que mais chama a atenção no resultado, porém, não diz respeito a quem gosta dele, mas sim a quem, em princípio, deveria detestar: a torcida adversária. Neste quesito o nome do santista é, de longe, o preferido. Neymar é atualmente o melhor jogador na opinião de 30% dos corinthianos, 25% dos palmeirenses, 25% dos são-paulinos e 27% dos vascaínos. “Ele não é só um ídolo ligado a um clube. Ele é um ídolo. Ponto”, diz Cesar Gualdani, sócio diretor da Sport+Markt no Brasil.

Foi esse “ponto” que chamou a atenção de uma dezena de empresas, ávidas por grudar seus nomes à figura de um garoto que, desde que calçou as primeiras chuteiras profissionais, há pouco menos de três anos, não para de colecionar recordes. Fez 97 gols em 173 partidas – melhor que o começo dele, nos últimos anos, só o de Ronaldo (Pelé não conta). Foi artilheiro do campeonato brasileiro do ano passado, eleito o melhor jogador da Taça Libertadores neste ano, pré-indicado para a Bola de Ouro da FIFA como melhor do mundo e está prestes a conquistar o título de campeão mundial pelo Santos – se o Barcelona não estragar a festa. Neymar não é apenas um jogador diferenciado, mas uma marca formidável, que ganhou especial brilho quando o Santos anunciou que ele ficaria até 2014 na Vila Belmiro. “Um jogador como Neymar não tem mais a necessidade financeira de ir para a Europa. Pode chegar ao patamar dos milhões jogando aqui”, diz Jochen Lösch, presidente de International Business da Traffic, empresa de marketing esportivo.

Na lista de companhias que pagam uma pequena fortuna para ter o craque associado a seus logotipos despontam nomes como Nike, Panasonic, Lupo, Tenys-Pé, Ambev, Santander e Unilever. A Claro é o mais recente membro do clube. No início de dezembro, a operadora de celular anunciou que patrocinará o jogador até 2016. Embora nenhum dos lados revele o valor, estima-se que a empresa vá desembolsar R$ 2,5 milhões por ano para transformá-lo em garoto-propaganda. Somados os contratos, o jogador recebe cerca de R$ 13 milhões por ano – bem mais do que Ronaldo Fenômeno auferia na mesma idade. “Ainda não caiu a ficha”, diz Neymar. “Quando vejo as comparações com Ronaldo fico pensando que há pouco mais de dois anos eu estava batalhando uma vaga no time principal do Santos. Foi tudo muito rápido.” Um estudo da revista especializada SportsPro constatou a rapidez e a força com que o nome de Neymar vem se espalhando pelo mercado publicitário. O levantamento tinha como objetivo identificar atletas de várias modalidades esportivas que traziam os melhores retornos financeiros para cada dólar investido em contrato de publicidade. Na lista dos 50 principais nomes, o de Neymar apareceu em 17º lugar. Só outros dois jogadores de futebol estavam à sua frente – Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, e Lionel Messi, do Barcelona. “Neymar só evoca reações positivas. Ele é hoje um dos maiores nomes do cenário da propaganda”, diz Mark Spencer, um dos responsáveis pela pesquisa. O que

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explica essa força da grife Neymar?

ATITUDE E AUTENTICIDADE

O processo de construir uma marca humana de sucesso é sustentado por alguns pilares bem semelhantes aos de uma marca de produto. Kevin Lane Keller, professor de marketing do Darthmouth College e autor do livro Strategic Brand Management, criou um modelo para tentar entender o papel da associação da imagem de um atleta no

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processo de construção de marca. O professor definiu três características básicas: atributo, benefício e atitude. Atributo se resume à performance e ao aspecto do produto, a sua identidade visual. No caso de Neymar, isso se traduz em sua inquestionável habilidade em campo e na capacidade de criar moda com seu visual singular. Basta observar a garotada jogando bola nas ruas para constatar o fenômeno: cabelos moicanos, a gola da camisa levantada, o meião acima do joelho, a chuteira Mercurial da Nike – tudo inspirado no craque. Até os adversários já entraram na onda. Não é raro ver Neymar driblando alguns clones no Campeonato Brasileiro.

Benefício, no modelo de Keller, é a constatação ou a expectativa do que aquele produto pode fazer pelo consumidor. É algo que pode ser medido pela euforia com a vitória do time ou da seleção ou mesmo pelo prazer sensorial de ver um belo lance ou um gol de placa. Atitude, o terceiro item, tem mais a ver com carisma e com a postura perante os fãs e a sociedade. Keller não se refere ao bom-mocismo, e sim à autenticidade. A história está repleta de exemplos de jogadores rebeldes que viraram notáveis garotos-propaganda (a performance sempre se encarregou de livrar a barra dos menos comportados). Atletas que possuem um alto índice nestes três quesitos, segundo Keller, são considerados efetivos promotores de marca, aqueles que podem vincular seu nome e sua imagem a uma série de produtos, para vários públicos.

A primeira a enxergar o fenômeno Neymar foi a Nike. Não, não, desculpe. A primeira a enxergar o fenômeno Neymar foi dona Berenice, sua avó. Quando o menino tinha ainda 6 anos, fazia uma fileira com os primos e dona Berenice no quintal da casa de Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo, e ia lhes aplicando pedaladas, chapéus, dribles de chaleira, meias-luas. Hoje vários zagueiros lembram dona Berenice. E Neymar se sente agradecido: “Ela sempre me deu a maior força.”

O camisa 11 ajudou o Santos a aumentar em 50% o número de sócios. Os contratos para patrocinar o time já estão 20% mais altos

A segunda a enxergar o fenômeno Neymar foi a Nike. O moleque mirrado mal tinha saído do futebol de salão e chegado às equipes de base do Santos e a empresa já estava lá, mimando o potencial ativo de 13 anos de idade. Primeiro, com fornecimento de material esportivo. Depois, oferecendo um cachê de R$ 10 mil por mês. Selava ali uma relação que já dura seis anos, com cifras cada vez mais altas. Hoje, Neymar é um dos atletas mais bem pagos da Nike. “Ele está no patamar dos grandes astros internacionais da empresa”, diz Luiz Alexandre Rodriguez, um ex-jogador de vôlei que dirige o marketing esportivo da fabricante. Significa dizer que o contrato com o santista deve estar na casa de US$ 1 milhão anuais. A empresa assinou com o craque até 2022: terá domínio sobre Neymar por pelo menos três copas do mundo. A próxima tabelinha entre os dois pode ser a Neymar Store – já registrada pela família de Neymar na Junta Comercial de São Paulo. Nenhuma das partes comenta o assunto.

A Nike identifica potenciais estrelas mantendo uma equipe de profissonais e parceiros (informantes) em quase todos os clubes. Quando recebe uma dica, começa a acompanhar de perto, analisar o entorno (a família e os amigos) e as condições de vida do futuro craque. O passo seguinte é visitar os pais e engatar uma aproximação.

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Rodriguez diz que seus “olheiros” acertam mais do que erram. Com Neymar não havia dúvidas. “Além do desempenho incomum, o cara é alucinado por títulos, vitórias e não gosta de perder nem no par ou ímpar. A Nike busca isso, atitude.” E eventuais problemas de mau comportamento em campo? “Queremos o atleta autêntico. Não dá para ficar mudando as pessoas. Se o cara é bom-moço, vamos trabalhar essa imagem. Se há alguma rebeldia, vamos trabalhá-la também. É assim que funciona.” Tiger Woods foi um bom exemplo de como a Nike lida com as confusões envolvendo suas estrelas. O golfista, ex-bom-moço, enfrentou a exposição pública de um caso de adultério, confessou sua compulsão por sexo, internou-se, perdeu prestígio no PGA, o principal torneio de golfe do mundo, e foi abandonado por alguns patrocinadores. A Nike manteve o apoio. Agora, Tiger está de volta ao green, louco para recuperar sua condição de número 1 do golfe.

“Neymar é hoje uma grife com rejeição quase zero. Todo mundo gosta dele”, afirma Valquirio Cabral Júnior, diretor comercial da Lupo, empresa que pagou R$ 4 milhões para o craque vestir pijamas, cuecas e meias sociais. O jogador entra no programa da Hebe e a atração quadruplica de audiência. Vai ao Domingão do Faustão e sustenta o recorde de televisores ligados no canal. Faz uma ponta ao lado de Paulo Henrique Ganso, seu companheiro de Santos, na novela Malhação, e o folhetim registra o maior pico de audiência em 16 anos de história. No Twitter, é seguido por 2,7 milhões de pessoas. O frisson em torno de seu nome valorizou o passe publicitário, claro. Em abril de 2010, a Panasonic contratou o jogador para ser o garoto-propaganda de uma linha de produtos que consome menos energia. Na época, Neymar ainda não era tão conhecido do público. Na hora de renovar, este ano, os diretores levaram um susto com o aumento, mas acabaram fechando com o craque. Embora nenhum dos lados revele o valor do acordo, estima-se que seja algo em torno de US$ 2,5 milhões até 2014. Os diretores dos Correios, procurados pelos agentes de Neymar, também se espantaram com o cachê do moço. “Não dava para assinar”, diz um deles. Um dos trunfos do jogador, segundo Alessandro Batista, chefe de marketing da Panasonic, é ser particularmente admirado pelo público mais jovem, entre 7 e 16 anos, faixa considerada fundamental na estratégia das empresas para tentar fidelizar novos consumidores. “Quando você põe uma campanha no ar, no dia seguinte tem alguém procurando a câmera fotográfica do Neymar ou a TV do Neymar nas lojas”, diz.

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DE VOLTA AOS ANOS 60

Não existem números fechados sobre o valor da marca Neymar. Há apenas estimativas do valor de mercado do atacante, que levam em conta, entre outros fatores, seu potencial de marketing. Recentemente, a consultoria Pluri o avaliou em e 50 milhões (R$ 122 milhões), colocando-o na sexta posição de uma lista de 20 nomes liderada pelo argentino Messi (R$ 244 milhões). O estudo se baseou em 11 variáveis, algumas delas bem subjetivas, como disposição do atleta (?!) ou disciplina tática. Outras métricas, mais tangíveis, diziam respeito à presença do jogador na seleção de seu país, títulos conquistados e capacidade de geração de retorno publicitário. A consultoria BDO também arriscou um número: R$ 300 milhões – o dobro da Pluri – numa conta que levava em consideração o salário anual, multa rescisória e patrocínios atuais. É difícil calcular.

As cifras envolvendo Neymar foram exaustivamente discutidas nas longas negociações entre o atleta, o Santos e os clubes que queriam contratá-lo, o Real Madrid e o Barcelona. Os espanhóis vieram com um caminhão de dinheiro (cerca de R$ 146 milhões para tirá-lo do Peixe) e fizeram concessões inéditas, como levá-lo somente no final de 2013. Ao saber das propostas, Luiz Álvaro se reuniu com Neymar pai e Neymar Jr. para tentar convencê-los da importância de permanecer no Brasil. Publicitário que é, começou falando dos tais diferenciais competitivos. Lembrou que Neymar poderia ser o melhor do mundo jogando no Brasil, que teria condições de dar o título inédito de

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campeão olímpico ao país, de se tornar campeão do mundo jogando uma Copa aqui e de resgatar o orgulho do brasileiro pela seleção. Terminou a conversa filosofando sobre a carência de ídolos nacionais e detalhando os planos financeiros para manter o craque no Santos – incluindo a cláusula que dispensa Neymar de qualquer multa rescisória caso decida ir para outro clube em agosto de 2014. O jogador ficou. “Existe uma leitura heroica neste ‘fico’. Sua mitificação como craque ganha ainda mais força e torna seu nome mais especial”, diz João Ricardo Cozac, psicólogo especializado em acompanhar craques em fase de desenvolvimento.

A decisão provocou duas reações completamente opostas nos espanhóis. Florentino Peréz, presidente do Real Madrid, disse poucas e boas ao presidente do Santos, por telefone, e o acusou de apenas estar cacifando a multa do menino. Já Sandro Rosel, do Barcelona, saiu-se com esta: “Pelo menos ele não vai para o Real”. Luiz Álvaro conta que o único ponto em comum naqueles dois telefonemas é que ambos os presidentes duvidaram das condições do alvinegro de manter o craque por aqui.

O torcedor percebeu a mudança. De encrenqueiro, Neymar passou a ser considerado irreverente. De mascarado, virou talentoso e criativo

Neymar passará a ganhar 90% dos direitos sobre os contratos publicitários que assina. Os 10% restantes ficam com o Santos – antes a relação era 70%-30%. Quando isso ocorrer, boa parte dos cerca de R$ 33 milhões que passará a receber a partir do ano que vem virá dos cofres dos patrocinadores. Há outros ganhos com direito de imagem e percentual na venda de produtos, como camisas e demais artigos relacionados aos Santos. “De salário mesmo, o Santos pagará menos ao Neymar do que a dupla Traffic Flamengo paga ao Ronaldinho Gaúcho”, afirma Luiz Álvaro. “É possível manter um craque no país sem fazer loucuras financeiras. Basta planejamento e bons parceiros.”

Hoje, o Santos tem 55% do passe do atleta. A DIS, empresa pertencente ao empresário Delcir Sonda, do grupo Sonda, detém 40% e o fundo Terceira Estrela Investimentos (Teisa), formado por integrantes do grupo Amigos dos Santos (executivos como Walter Schalka, da Votorantim, José Berenguer, do Santander, e Álvaro de Souza, ex-Citi), detém 5%. As relações entre Santos e DIS não andam nada bem. “Claro que eles ficaram p... com o novo contrato. Se Neymar sair depois do dia 31 de julho de 2014, eles não ganham nada. Se sair antes, levam uma bolada. É o risco do investimento.” Mas não será surpresa se em meados de 2013 houver um novo adendo ao contrato esticando a permanência do jogador, digamos, até 2015. O Santos não vai segurá-lo depois da Copa do Mundo. Ninguém seguraria. E, na verdade, nem seria este o intuito. Uma pequena prorrogação, com multa ainda maior do que os estimados e 70 milhões atuais, serviria exclusivamente para garantir o retorno tão esperado pelos investidores. Resta saber se o jogador terá interesse em dificultar a vida dos clubes estrangeiros.

O efeito Neymar foi fundamental para que o Santos aumentasse de 24 mil para 47 mil o número de sócios nos últimos dois anos. A ideia do presidente do Santos é ultrapassar 100 mil até 2014, o que daria ao clube uma receita de mais de R$ 42 milhões – é o que o Internacional de Porto Alegre, com seus 100 mil sócios-torcedores, arrecada por ano. Luiz Álvaro acredita ser perfeitamente possível transformar a massa santista na terceira maior do Brasil (hoje é a oitava) em dois anos, atrás apenas de Flamengo e Corinthians.

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Torcida maior rende mais bilheteria e audiência. Maior audiência puxa patrocinadores, vende mais camisas e desperta o interesse da TV. Com mais TV, aumentam as chances de captar torcedores, que renderão mais bilheteria nos estádios. E o ciclo não para. “O Santos sempre esteve no subgrupo 1 na escala de audiência da Rede Globo. Neste ano já entramos para o grupo 1, a elite”, diz Luiz Álvaro. “Nossa remuneração pelas transmissões passou a ser maior.” Os contratos para patrocinar a camisa do Santos também já estão 20% mais caros do que no ano passado.

Outra medida para encher os cofres do clube é negociar com a CBF algumas janelas nos campeonatos nacionais dos próximos anos para que o Santos de Neymar possa se apresentar no exterior, como fazia o Santos de Pelé, na década de 60. O mercado asiático, emergente no futebol, é o que mais interessa à diretoria alvinegra. “O Santos vem fazendo um excelente trabalho de rejuvenescimento do futebol, investindo em novos talentos e resgatando a beleza do jogo. E isso desperta o interesse dos mercados nacional e internacional”, diz Eduardo Rezende, vice-presidente da Brunoro Sports Business (BSB), responsável por levar para a Vila Belmiro parceiros poderosos como BMG e Panasonic.

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COM A BENÇÃO DO PAI

Quando somas milionárias entram em cena, faz sentido o processo pelo qual Neymar está passando. Para atrair a fortuna que as empresas estão dispostas a pagar, ele precisa mostrar que sabe fazer mais do que jogar bola. É necessário sustentar a marca. Neste ponto entra em funcionamento uma robusta estrutura de apoio, capitaneada pelo pai do atleta e composta por um time de dez pessoas voltadas exclusivamente à carreira do craque. São jornalistas, psicólogos, fonoaudióloga, profissionais de marketing, agentes, empresários de futebol, professores de idiomas e de cultura geral (leia quadro à pag. 66). “É bom, porque eu só me preocupo com uma parte da administração de minha carreira: a parte de dentro de campo”, diz Neymar. Na parte de fora, o controle é tão grande que o milionário Neymar Jr. tem de se contentar com uma mesada de R$ 15 mil. Quem controla todos os gastos da “empresa” é o pai. Até mesmo para comprar carrões, o garoto tem de pedir a bênção do Seu Neymar. Luiz Álvaro acha saudável essa relação e a supervisão do pai em cima de um garoto de 19 anos que já é um dos maiores jogadores do mundo.

Neymar vem recebendo aulas intensivas de cultura japonesa para chegar à sede do mundial de clubes mais preparado nas entrevistas. Visitas ao consulado japonês também constaram de sua agenda neste final de ano. “A marca está sendo construída de maneira muito profissional. A equipe do marketing viu que tinha um diamante bruto nas mãos e fez o que se esperava: lapidou-o”, diz Júlio Moreira, especialista em marcas da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

Um relatório produzido quando o time do Barcelona começou a se interessar pela contratação de Neymar, há três anos, mostra que havia muito a ser feito na imagem do craque. O time catalão costuma produzir este tipo de dossiê de jovens jogadores que estão em seu radar – e seus relatórios vão muito além de analisar o que o atleta é capaz de fazer com os pés. A avaliação sobre o desempenho de Neymar resultou num documento de 80 páginas, que davam conta desde quantas vezes o garoto sorria durante uma coletiva de imprensa até o jeito que ele caminhava quando saía de campo. Antes de concluir que Neymar “é um talento nato, fora do normal, e será um dos maiores do mundo”, os observadores do craque apontaram mudanças importantes que deveriam ser feitas para chegar a esse futuro espetacular.

Um dos grandes problemas dizia respeito às polêmicas com que sua figura estava associada. No ano passado (só para ficar num episódio de maior repercussão), Neymar bateu o pé e xingou o então técnico do Santos, Dorival Júnior, quando este escalou um outro jogador para bater um pênalti. O treinador do time rival, René Simões, saiu em defesa de Dorival: “Está na hora de alguém educar esse rapaz, ou vamos criar um monstro”. O informe do Barcelona também recordou que Neymar teve uma experiência “fracassada” no Real Madrid quando tinha 13 anos. O resultado negativo, segundo o dossiê, se deveu à falta de familiares presentes para lhe dar estrutura. Foi preciso pouco tempo para que Neymar se transformasse num garoto muito diferente do que o pintado pelo relatório. Já não protagoniza escândalos dentro de campo. Hoje está mais tranquilo, graças aos conselhos de sua família, aos toques do técnico Muricy Ramalho, ao nascimento do filho Davi Lucca e, claro, aos compromissos assumidos com patrocinadores. O torcedor percebeu a mudança. De encrenqueiro, Neymar passou a ser

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considerado irreverente. De mascarado, virou talentoso e criativo. Ele também sorri mais. Fala pouco, mas o que diz não são mais sussurros incompreensíveis – graças às aulas semanais de dicção e elaboração linguística da fonoaudióloga Cida Coelho. E seu pai, antes figura ausente, de acordo com o dossiê do Barcelona, passou a ter um papel fundamental em seu esquema de marketing.

O temor é que não seja estabelecido um limite de exposição para Neymar. Seus agentes precisam filtrar os patrocínios para não banalizar o ativo

Com Luis Álvaro, presidente do Santos, no “Dia do Fico” FILÉ DE BORBOLETA

A consultoria Interbrand elaborou uma lista com dez pontos cruciais que podem servir de parâmetro para detectar ou não falhas em um processo de construção de marcas. Os itens vão desde diferenciação, clareza (como a marca é percebida dentro da empresa, pelos funcionários) e comprometimento até consistência, veracidade e relevância (o quanto, de fato, entrega o que promete). “A marca Neymar, pelo que pude observar, se encaixa na maioria dos pontos de nosso estudo”, diz Artur Matias, gerente de estratégia e avaliação da Interbrand. O temor, segundo Matias, é que Neymar e seu estafe, deslumbrados com a condição atual do garoto, não estabeleçam limite de exposição, tanto fora quanto dentro de campo. Mesmo numa marca de alta relevância, é preciso filtrar a quantidade de patrocínios para não banalizar o ativo. O mesmo vale para as exibições na mídia. Em outubro, o jogador apareceu 100 vezes nos intervalos da programação televisiva, segundo levantamento da consultoria Controle da Concorrência. Só perdeu para o lutador Anderson Silva (161 inserções). No que se refere ao campo, há de se preservar a condição física de um atleta para que o principal atributo da marca – a qualidade, o desempenho – não seja comprometido.

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Neymar foi o jogador que mais atuou neste ano no futebol brasileiro: 62 jogos na temporada. Na reta final do campeonato brasileiro, quando o Santos já estava em marcha lenta e com a cabeça voltada para o mundial, o técnico Muricy Ramalho transferiu a cada um do elenco a decisão de entrar ou não em campo. Neymar sempre queria atuar. “Ele é fominha por bola”, diz Muricy. Em pelo menos um episódio, a sequência estafante de jogos, combinada aos compromissos comerciais, acabou se refletindo em campo. Jogavam Atlético Mineiro e Santos. Neymar vinha em voo fretado do México, onde acabara de participar de um amistoso da seleção. Chegou a Belo Horizonte no dia da partida, mal teve tempo de descansar e entrou em campo. Caçado como sempre, revidou uma agressão. Ao levar cartão amarelo, bateu palmas para o juiz. Acabou expulso. Na passagem pelo banco de reservas, veio a bronca de Muricy e Neymar chorou. Era nítida a carga emocional em cima do craque.

“A sorte é que ele tem uma recuperação física espetacular”, diz Luís Fernando Leite de Barros, médico e fisiologista do Santos. Neymar não é, como era Pelé, o recordista nos testes físicos. Existem jogadores no Santos com índices melhores nas provas de explosão ou na medição de massa muscular. O que difere o camisa 11 é a resistência e a leveza, o que já lhe rendeu até um apelido pejorativo cunhado pelo técnico Vanderlei Luxemburgo: filé de borboleta. Pois o filé voa em campo. Chega a percorrer 6 quilômetros em cada tempo da partida – a média é 4. O fisiologista conta que o nível de enzima CK de Neymar após a partida é, disparado, o maior entre todos os jogadores. Tal enzima, presente nas células musculares, serve como parâmetro para o desgaste físico. “No caso de Neymar, o desgaste vem também das pancadas que ele sofre durante o jogo. Qualquer jogador com esse nível de enzima CK passaria a maior parte do tempo no departamento médico. Ele não”, afirma Barros. O fisiologista iniciou há dois anos um programa para aumentar a massa muscular do atleta. Neymar subiu de 61 kg para 65 kg, sem perder sua principal característica, a agilidade de dribles e movimentos.

Para ajudar a genética, o craque desenvolveu a técnica de se atirar quando os brucutus adversários resolvem chegar junto – expediente que já lhe rendeu a fama de cai-cai. Foi o pai quem deu a dica: “Com esse biotipo, se ficar com o pés fincados no chão na hora da paulada vai sair quebrado sempre”. Diz o publicitário Olivetto: “A fragilidade joga a seu favor. Neymar é o anti-herói, falível. Faz um golaço, perde um pênalti, desconcerta um adversário, briga com o técnico. O brasileiro gosta disso”. E isso vale muito.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO 1 - Os principais conceitos de Marketing 10

1.1 – Marketing Esportivo 11

1.2 – Marketing Esportivo Brasileiro 14

CAPÍTULO 2 - A Marca 17

CAPÍTULO 3 - Endossos e Patrocínios 19

CONCLUSÃO 21

ANEXOS 22

ANEXO 1 23

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37

BIBLIOGRAFIA CITADA 39

ÍNDICE 40