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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A RELAÇÃO ENTRE PRODUTIVIDADE E QUALIDADE DE VIDA NO SETOR BANCÁRIO Por: Flávia da Silva Denberg Orientadora Prof.ª Aleksandra Sliwowska Rio de Janeiro 2010

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 3.2 – Relato 3.3 – Produtividade e Qualidade CONCLUSÃO 27 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 28 FOLHA DE AVALIAÇÃO 30. 8 INTRODUÇÃO

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A RELAÇÃO ENTRE PRODUTIVIDADE E QUALIDADE DE VIDA

NO SETOR BANCÁRIO

Por: Flávia da Silva Denberg

Orientadora

Prof.ª Aleksandra Sliwowska

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A RELAÇÃO ENTRE PRODUTIVIDADE E QUALIDADE DE VIDA

NO SETOR BANCÁRIO

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão

Empresarial

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AGRADECIMENTOS

A toda minha família e principalmente

aos meus pais.

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, família e amigos

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RESUMO

Este trabalho tem o objetivo de informar sobre um dos setores que mais

emprega no Brasil, que é o setor bancário. Pretende-se mostrar as dificuldades

encontradas pelos trabalhadores e suas expectativas de melhoras num ramo

tão importante para a economia do país.

Para compreender melhor o tipo de relação empregado/ empregador

existente hoje foi feita uma análise da evolução da organização do trabalho ao

longo dos anos: o que as empresas esperavam de seus funcionários, as

pretensões destes, etc. Também foi abordado o conceito sobre qualidade de

vida no trabalho e sua ligação com a produtividade.

Espera-se que este trabalho possa instigar as pessoas a repensar a

forma de trabalho, como pressão constante, assédio morais e outros abusos,

utilizada nas instituições financeiras.

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METODOLOGIA

A base utilizada neste estudo foram materiais bibliográficos de grandes

autores que durante muitos anos estudaram as relações de trabalho e suas

implicações sociais, humanas e econômicas.

De grande importância foram artigos na internet e publicações em

revistas de onde foram apresentadas algumas pesquisas sobre o que os

funcionários consideram importante numa empresa para se trabalhar. Todo o

conteúdo bibliográfico está especificado no final da monografia.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO 1 - Estudos sobre as formas de organização do Trabalho 10

1.1 - A Administração Científica 1.2 – A Teoria Clássica 1.3 – A Teoria das Relações Humanas 1.4 – A Teoria dos Sistemas 1.5 – Abordagem Sócio Técnica CAPÍTULO 2 - Qualidade de Vida no Trabalho 16

2.1 – O Conceito CAPÍTULO 3 – O Setor Bancário 21

3.1 – Histórico 3.2 – Relato 3.3 – Produtividade e Qualidade CONCLUSÃO 27

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 28

FOLHA DE AVALIAÇÃO 30

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INTRODUÇÃO

Atualmente, a concorrência está cada vez mais acirrada fazendo com

que as empresas busquem a todo instante, inovações e formas de atrair e

manter sua clientela é de suma importância garantir aos seus funcionários

melhores condições no trabalho e em sua vida. Para aprofundar mais o

assunto tomou-se como foco do estudo o setor bancário por ser um segmento

com muitos problemas relacionados ao corpo funcional.

Além de se trabalhar em função de uma produtividade cada vez maior

em espaços de tempo cada vez menores, a globalização está fazendo com

que os produtos ou serviços ofertados aos clientes sejam muito parecidos e a

opção de um cliente por uma empresa em detrimento da outra se dá pelo nível

de atendimento. Nível este que está diretamente ligado a satisfação do

funcionário em fazer parte da empresa.

Às empresas que buscam maior produtividade e diferencial competitivo

são importantes o desenvolvimento de programas de qualidade de vida no

trabalho. Segundo Davis e Newstrom (2004) “a proposta básica é desenvolver

ambientes de trabalho que sejam tão bons para as pessoas como para a

saúde econômica da organização”.

O estudo de QVT abrange vida pessoal, família, atividades de lazer,

cuidados com a saúde e alimentação, combate à vida sedentária, preservação

do meio ambiente, política de gestão de pessoas – valorização e capacitação

além de fatores biológicos, psicológicos e sociais.

Em meio a tanta pressão no ambiente de trabalho e a busca por alta

qualificação o maior objetivo dos funcionários e podemos dizer também das

empresas é conseguir o equilíbrio entre vida profissional e pessoal.

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O setor bancário tem hoje um dos maiores índices de empregados com

as chamadas doenças ocupacionais como a LER/DORT além de vários

problemas decorrentes do stress

Segundo López (1986), uma das perguntas mais óbvias e nem por isso

mais fácil de responder, é a que se refere aos motivos que levaram o homem a

trabalhar. A resposta de que o faz para satisfazer suas necessidades não

resolve a questão, pois encerra outra pergunta: Quais são estas

necessidades?

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CAPÍTULO 1

ESTUDOS SOBRE AS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO

TRABALHO

Uma organização, seja ela de qualquer tipo, tem como objetivo imediato

e fundamental a produção. Para ser eficiente, a produção deve se basear na

divisão do trabalho, que nada mais é do que a maneira pela qual um processo

complexo pode ser decomposto em uma série de pequenas tarefas. Com a

Revolução Industrial o procedimento de dividir o trabalho começou a ser

praticado mais intensamente, provocando uma mudança radical no conceito de

produção, principalmente pela fabricação maciça de grandes quantidades

através do uso da máquina, em substituição ao artesanato, e do uso da

especialização do trabalhador na linha de montagem.

1.1 – A Administração Científica

Os primeiros estudos sobre administração foram realizados no início

do século XX por Frederick Winslow Taylor e Henri Fayol. Taylor desenvolveu

a chamada escola da Administração Científica, preocupada em aumentar a

eficiência da indústria através, inicialmente, da racionalização do trabalho do

operário. Henri Fayol desenvolveu a chamada Teoria Clássica, preocupada em

aumentar a eficiência da empresa através da sua organização e da aplicação

de princípios gerais da Administração em bases científicas. As idéias de ambos

constituem as bases da chamada Abordagem Clássica ou Tradicional da

Administração.

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Na Administração Científica de Taylor as atividades eram realizadas

pelos funcionários nas fábricas – era a racionalização do trabalho a nível

operacional, através do Estudo de Tempos e Movimentos. Esta teoria seguiu

um caminho de baixo para cima e das partes para o todo. Dava-se ênfase a na

análise e na divisão do trabalho do operário, uma vez que as tarefas do cargo

e o ocupante constituem a unidade fundamental da organização. Essa relação

foi facilitada pela Revolução Industrial, onde as máquinas tinham uma

importância maior do que as habilidades dos operários. Predominava a

atenção para o método de trabalho, para os movimentos necessários à

execução de uma tarefa, para o tempo-padrão determinado para sua

execução: esse cuidado analítico e detalhista permitia a especialização do

operário e o reagrupamento de movimentos, operações, tarefas, cargos, etc.

Algumas características dessa época ainda podem ser vistas nos dias

de hoje, como, os baixos salários, um controle rígido dos funcionários, na

época realizado por capatazes, hoje por funcionários com nível hierárquico

maior ou até mesmo os próprios colegas.

Segundo Taylor (1903), “Cada homem busca maximizar a sua

prosperidade em termos econômicos” “A ambição individual, se corretamente

incentivada, é um fator de motivação que prevalece sobre qualquer outro.”

Administração Cientifica tem por seus fundamentos a certeza de que

os verdadeiros interesses de empregadores e empregados são um único e

mesmo interesse: o de que a prosperidade do primeiro não pode existir por

muito tempo se não for acompanhada da prosperidade do segundo, e vice-

versa.

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1.2 – A Teoria Clássica

Na Teoria Clássica de Fayol a preocupação básica era aumentar a

eficiência da empresa através da forma e disposição dos órgãos componentes

da organização (departamentos) e das suas inter-relações estruturais. A

ênfase era na anatomia (estrutura) e na fisiologia (funcionamento) da

organização, onde predominava a atenção para a estrutura organizacional,

com os elementos da Administração, com os princípios gerais da

Administração, com a departamentalização. A visão global e a síntese

permitiam a melhor maneira de subdividir a empresa sob a centralização de

um chefe principal.

A eficiência está voltada para a melhor maneira pela qual as coisas

devem ser feitas ou executadas (métodos de trabalho), a fim de que os

recursos (pessoas, máquinas, matérias-primas etc.) sejam aplicados da forma

mais racional possível. Com o intuito de maximizar a eficiência, cada operário

passou a ser especializado na execução de uma única tarefa ou de tarefas

simples e elementares, para ajustar-se aos padrões descritos e às normas de

desempenho estabelecidas pelo Método Clássico. A idéia básica era a de que

a eficiência aumenta com a especialização: quanto mais especializado for um

operário, tanto maior será a sua eficiência.

1.3 – A Teoria das Relações Humanas

Com o aparecimento da Teoria das Relações Humanas, nos Estados

Unidos, a partir da década de 30 surge a Abordagem Humanística, que só foi

possível com o desenvolvimento das ciências sociais, notadamente a

Psicologia, e, em particular, a Psicologia do Trabalho. Nesta abordagem há

uma verdadeira revolução conceitual da Teoria Administrativa: a transferência

da ênfase antes colocada na tarefa (pela Administração Científica) e na

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estrutura organizacional (pela Teoria Clássica da Administração) para a ênfase

nas pessoas que trabalham ou que participam nas organizações.

Nesta Teoria, onde as pessoas passaram a ser o foco das relações,

procurava-se obter o máximo rendimento através da cooperação mútua e de

estudos científicos. Os conceitos básicos dessa teoria eram a motivação, a

liderança, a organização informal, a dinâmica de grupo e a comunicação.

A empresa passou a ser visualizada como uma organização social

composta de diversos grupos sociais informais, cuja estrutura nem sempre

coincide com a organização formal da empresa, ou seja, com os propósitos e

estrutura definidos pela empresa. O conceito de organização informal foi

delineado com a Teoria das Relações Humanas: a organização não é só

composta de pessoas, mas é o próprio conjunto das pessoas que se

relacionam espontaneamente entre si.

Os defensores desta Teoria verificaram que a maior especialização (e,

portanto a maior fragrnentação) do trabalho não é a forma mais eficiente de

divisão do trabalho. A partir daí, passou-se a verificar que o conteúdo e a

natureza do trabalho têm enorme influência sobre o moral do trabalhador.

A colaboração é um fenômeno estritamente social, não lógico, calcado

inteiramente em códigos sociais, convenções, tradições, expectativas e modos

rotineiros de reagir às situações. Não é questão de lógica, mas de psicologia.

Assim, para a maioria dos operários, os estímulos psicológicos e sociais são

mais importantes do que as condições de ordem material ou econômica.

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1.4 – A Teoria dos Sistemas

Esta teoria trata as organizações como sistemas abertos e em

constante interação e intercâmbio com o meio ambiente. Ela é tida como uma

teoria interdisciplinar na medida em que analisa as diversas ciências (físicos,

biológicos, psíquicos, sociais, químicos), baseando-se na compreensão e na

dependência recíproca de todas as disciplinas e da necessidade de sua

integração.

Com três princípios - expansionismo, pensamento sintético e teleologia

– a Teoria Geral de Sistemas (TGS) proporcionou o surgimento da Cibernética,

da Pesquisa Operacional e desaguou na Teoria Geral da Administração,

redimensionando suas concepções.

A Cibernética surgiu como a ciência destinada a estabelecer relações entre as

várias ciências, no sentido de preencher tanto os espaços vazios

interdisciplinares não pesquisados por nenhuma ciência, como também de

permitir que cada ciência utilizasse para o seu desenvolvimento os

conhecimentos desenvolvidos pelas demais ciências. Bertalanffy salienta que

"A Cibernética é uma teoria dos sistemas de controle baseada na comunicação

(transferência de informação) entre o sistema e o meio e dentro do sistema, e

do controle (retroação) da função dos sistemas com respeito ao ambiente”.

Com a automação provocada pela Cibernética, muitas tarefas que

cabiam ao cérebro humano passaram para a máquina. Wiener salienta que, se

a primeira Revolução Industrial desvalorizou o esforço muscular humano, a

segunda Revolução Industrial (provocada pela Cibernética) está levando a uma

desvalorização do cérebro humano. O computador tende a substituir o homem

em uma gama crescente de atividades, e com grande vantagem. As principais

consequências da Cibernética na Administração são a automação e a

informática.

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1.5 – Abordagem Sócio Técnica

Com o início dos estudos sobre a Qualidade de Vida no Trabalho, teve

origem a Abordagem Sócio Técnica com a premissa de que o trabalho pode

ser significativo e compensador.

Esta abordagem propunha a substituição de estruturas burocráticas de

trabalho por arranjos não-lineares baseados nos sistemas técnico e social das

organizações. O subsistema técnico consiste de ferramentas e técnicas para a

conversão de entradas em saídas desejadas. Pode ser representado pelas

tarefas e pela tecnologia empregada. O subsistema social indica a divisão do

trabalho e a sua coordenação. Pode ser representado pelas pessoas e pela

estrutura do trabalho.

Como princípios dessa teoria destacaram-se: o grupo de trabalho que

agora é o centro e não mais o indivíduo isoladamente, a organização do

trabalho deve prever redundância de funções (desenvolvimento de múltiplas

habilidades nos indivíduos) em vez de partes. O indivíduo complementa a

máquina, não é extensão dela.

Conceitos e métodos sócios técnicos têm influenciado mudanças em

valores sociais e auxiliado na mensuração dos efeitos desses valores nas

organizações e nos indivíduos. Os recursos de uma organização são recursos

da sociedade.

De acordo com esta abordagem torna-se inviável o aumento da

eficácia organizacional enfatizando-se, exclusivamente, um dos sub-sistemas

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CAPÍTULO 2

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

“Não se pode falar em qualidade de produtos e serviços

se aqueles que vão produzi-los não têm qualidade de vida

no trabalho” (EDA FERNANDES,1996)

2.1 – O Conceito

A definição de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é, de certa forma,

abrangente, e precisa ser conceituada com clareza, uma vez que, como

enfatizam Wether e Davis(1983), os cargos/postos de trabalham representam

não apenas uma fonte de renda para os trabalhadores, mas também um meio

de satisfazerem suas necessidades de toda ordem, com reflexos

evidentemente em sua qualidade de vida.

Considerando os países onde tais estudos se encontram bastante

desenvolvidos, como nos Estados Unidos (Quality of Working Life – QWL),

Canadá e França (Qualité de La Vie au Travail – QVT) e de modo especial na

Suécia, onde esta linha de pesquisas alcançou considerável desenvolvimento,

“tal expressão não apresenta consenso em sua definição ”(Belanger, 1983)

O movimento para definir qualidade de vida no trabalho teve diversas

fases e apontamos como precursor Eric Trist e seus colaboradores. Eles

tinham uma grande preocupação com a satisfação e o bem-estar do

trabalhador. Foi na década de 60 que o movimento se desenvolveu, a partir da

conscientização da importância de se buscarem melhores formas de organizar

o trabalho, tendo como objetivo minimizar os seus efeitos negativos sobre o

trabalhador e alcançar o bem-estar geral.

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Em meados da década de 70 houve uma queda no interesse pela QVT

em função da preocupação com questões econômicas, como a crise

energética e a crescente inflação. A necessidade de sobrevivência das

empresas fez com que o interesse pelos funcionários passasse a ter uma

importância secundária.

No Brasil, a preocupação com QVT surge mais tardiamente, também

em função da preocupação com a competitividade das empresas, em contexto

de maior abertura para a importação de produtos estrangeiros e na esteira dos

programas de qualidade total (Fernandes,1996)

Hanashiro e Vieira (apud Fernandes e Becker, 1988), tratando

especificamente do caso brasileiro, chamam a atenção para a necessidade de

se ter uma visão situacional de QVT, partindo de um contexto sócio-econômico

e político local, que é totalmente diferente dos países desenvolvidos; por isso,

para as autoras, o conceito de qualidade de vida no trabalho é amplo, flexível e

contingencial.

Para que as empresas renovem suas formas de organização no

trabalho, pode ser utilizada a tecnologia de QVT, de modo que, ao mesmo

tempo em que se eleve o nível de satisfação do pessoal, se eleve também a

produtividade das empresas, como resultado de maior participação dos

empregados nos processos relacionados ao seu trabalho.

A preocupação com o conceito de QVT justifica-se, porque certas

atividades empresariais, atribuindo-se o título de programas de QVT,

constituem-se apenas em esquemas de manipulação, baseados em

abordagens simplistas e míopes relativamente ao comportamento humano nas

organizações, motivando críticas a movimentos orientados por esta linha de

trabalho como sendo mais um “modismo” da área de Recursos Humanos. Por

outro lado, constata-se que o simples uso da expressão “qualidade de vida”

induz à imediata associação com melhorias nas condições físicas e de

instalações, atendimentos a reivindicações salariais, redução de jornada de

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trabalho e outras medidas do gênero que, sem dúvida, têm implicações de

custos adicionais. Surgem as barreiras, como decorrência natural de tais

inferências, opondo-se à implantação de programas de QVT, como algo que

acarretará despesas às empresas.

Porém, na verdade, são as reformulações a nível do trabalho em si que

constituem o objetivo principal das ações implicadas na QVT, que visam

garantir maior eficácia e produtividade e, ao mesmo tempo, o atendimento das

necessidades básicas dos trabalhadores. Sendo assim, quando

adequadamente proposto, um programa de QVT tem como meta “gerar uma

organização mais humanizada, na qual o trabalho envolve, simultaneamente,

relativo grau de responsabilidade e de autonomia em nível do cargo,

recebimento de recursos de “feedback” sobre o desempenho, com tarefas

adequadas, variedade, enriquecimento do trabalho e com ênfase no

desenvolvimento pessoal do indivíduo.” (Walton, 1973)

Bowditch e Buono (1992) enfatizaram as práticas adotadas pelas

organizações e que se constituem em ações voltadas à QVT. Para estes

autores, “um conjunto de definições equaciona a QVT com a existência de

certo conjunto de condições e práticas organizacionais tais como cargos

enriquecidos, participação dos empregados nos processos de tomada de

decisões, condições seguras de trabalho e assim por diante. Outra abordagem

equaciona a QVT com os efeitos visíveis que as condições de trabalho têm no

bem-estar de um indivíduo (por exemplo, manifestação de satisfação no local

de trabalho, crescimento e desenvolvimento dos funcionários, a capacidade de

atender a toda a gama de necessidades humanas)” (Bowditch e Buono, 1992,

p. 207).

A atualização dos projetos da empresa é atingida pelas pessoas. E,

somente atendendo às necessidades delas e as desenvolvendo, maximizando

as suas potencialidades, é que a empresa também se desenvolverá, atingindo

suas metas.

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Fato facilmente constatado é que mais e mais trabalhadores se

queixam de uma maior rotina de trabalho, de uma subutilização de suas

potencialidades e talentos, e de condições de trabalho inadequadas, apesar de

toda a badalação em cima das novas tecnologias de produção, ferramentas da

Qualidade, etc. Estes problemas ligados à insatisfação no trabalho têm

conseqüências que geram um aumento do absenteísmo, uma diminuição do

rendimento, uma rotatividade de mão-de-obra mais elevada, reclamações e

greves mais numerosas, tendo um efeito marcante sobre a saúde mental e

física dos trabalhadores, e, em decorrência, na rentabilidade empresarial.

Indo mais além, é importante salientar que a questão da produtividade

e da eficiência organizacional como metas essenciais à sobrevivência das

empresas, tem trazido conseqüências nem sempre adequadas para o bem-

estar dos trabalhadores. Ainda hoje impera na maioria das empresas, os

efeitos da “apregoada” administração científica, calcada na especialização de

tarefas, hierarquias ligadas, padronização da mão-de-obra, representam

aspectos de caráter negativo, como o isolamento do trabalhador no seu posto,

a não-identificação com o produto final, o que causa falta de qualidade,

rotatividade, absenteísmo, alienação, falta de envolvimento e outros tantos

aspectos que devem ser repensados pelos administradores. Isto porque, com

o advento da busca incessante pela Qualidade, verifica-se que os executivos

trabalham bastante em cima dos produtos/ serviços que na verdade

melhoraram e muito, mas não se observa o mesmo empenho nas questões

ligadas ao gerenciamento do pessoal.

Acrescenta-se a tais questionamentos, as pressões que apareceram

mais recentemente, notadamente oriundas das demandas por maior

participação e comprometimento por parte dos trabalhadores, visando atender

às metas dos programas de qualidade implantados em grande parte das

empresas. Entretanto, não se pode esperar qualidade no desempenho de

pessoas que carecem de qualidade em seu próprio trabalho.

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Com relação à definição de QVT, adita-se que esta engloba além de

atos legislativos que protegem o trabalhador, o atendimento a necessidades e

aspirações humanas, baseado na idéia de humanização do trabalho e na

responsabilidade social da empresa.

Ao final da década de 70, momento em que houve uma grande

competição nos mercados internacionais, com especial participação do Japão,

os americanos começaram a questionar seu modelo de gestão empresarial.

Talvez o modelo de outros países tivesse relação com eficácia.

Nadler e Lawer(1983) analisam QVT ao longo do tempo, haja vista ela

ter passado por diferentes concepções, conforme abaixo:

CONCEPÇÕES EVOLUTIVAS DO QVT

CARACTERÍSTICAS OU VISÃO

1- QVT como uma variável (1959 a 1972)

Reação do indivíduo ao trabalho. Era investigado como melhorar a qualidade de vida no trabalho para o indivíduo.

2- QVT como uma abordagem O foco era o indivíduo antes do resultado organizacional; mas, ao mesmo tempo, tendia a trazer melhorias tanto ao empregado como à direção.

3- QVT como um método (1972 a 1975)

Um conjunto de abordagens, métodos ou técnicas para melhorar o ambiente de trabalho e tornar o trabalho mais produtivo e mais satisfatório. QVT era visto como sinônimos de grupos autônomos de trabalho, enriquecimento de cargo ou desenho de novas plantas co integração social e técnica.

4- QVT como um movimento (1975 a 1980)

Declaração ideológica sobre a natureza do trabalho e as relações dos trabalhadores com a organização. Os termos – administração participativa e democracia industrial – eram frequentemente ditos como ideais do movimento de QVT.

5- QVT como tudo (1979 a 1982)

Como panacéia contra a competição estrangeira, problemas de qualidade, baixas taxas de produtividade, problemas de queixas e outros problemas organizacionais.

6- QVT como nada (futuro)

No caso de alguns projetos de QVT fracassarem no futuro, não passará de apenas um “modismo” passageiro.

Quadro 1- Evolução do Conceito de QVT (Nadler e Lawler, 1983)

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CAPÍTULO 3

O SETOR BANCÁRIO

3.1 – Histórico

Em consulta ao site da FEBRABAN ( Federação Brasileira de Bancos)

foi retirado alguns dados que mostram o quão importante é o setor bancário no

país. No Brasil, hoje existem 156 bancos com 19.989 agências e 43.480

postos de atendimento. Com aproximadamente 612 mil empregados e

representando através do crédito, 45% do PIB brasileiro.

Com um número tão expressivo de funcionários nesse setor é urgente

a necessidade de implementar novas relações de trabalho. Esta urgência pode

ser comprovada através da pesquisa realizada pela Revista Exame sobre as

Melhores e Maiores empresas do país para se trabalhar, onde, neste ano,

somente três empresas deste ramo participam do ranking.

Durante muito tempo, os administradores de banco não demonstraram

preocupação com a qualidade dos serviços prestados, uma explicação para

isso pode ter sido os altos níveis de inflação a que os bancos estiveram

submetidos, favorecendo a lucratividade e assim, preterindo o critério de

atendimento. O ex-presidente do Lloyds Bank, Frederick Henry, afirmava que

“as operações brasileiras moldaram-se ao ambiente de inflação que encobriria

as deficiências”

A preocupação com qualidade no setor bancário teve uma importância

maior a partir de 1994 com o Plano Real cujo objetivo, o de controlar a

inflação, foi vencedor. A partir daí instalou-se um novo cenário econômico.

Nesse mesmo ano, os bancos que operavam no Brasil começaram a adotar

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Sistemas de Garantia de Qualidade (SGQ), uma certificação de conformidade

com as Normas ISSO 9000 e divulgando cada conquista.

A mudança nas relações financeiras teve como fator preponderante a

grande quantidade de instituições operantes levando-as a uma concorrência

mais acirrada. Desta forma, os bancos passaram de meros depositários a

prestadores de serviços progressivamente engenhosos a clientes cada vez

mais exigentes. O mercado passou a selecionar instituições comprometidas

com a qualidade de seus serviços.

Para se obter uma maior contribuição da qualidade para os resultados

é extremamente importante que uma empresa implemente diversos sistemas

de garantia de qualidade. Estas normas provavelmente terão como prioridade

as principais unidades de negócio e logo em seguida, porém não menos

importante, as unidades de serviços dos bancos.

Confirmando, ainda mais, a busca por melhores condições de trabalho,

um levantamento feito pelo Ministério da Previdência Social constatou uma

grande concessão de benefícios de natureza previdenciária e acidentária,

principalmente por transtornos mentais e lesões por esforço repetitivo

(LER/DORT).

Estes problemas de saúde são devidos a pressão diária e a

sobrecarga de trabalho a que os funcionários são submetidos. Outro agravante

dessa situação é o assédio moral que muitos bancários sofrem numa forma

grotesca de atingir metas desumanas e que aumentam a cada dia.

Uma pesquisa realizada pela UNB (Universidade de Brasília)

demonstrou que aproximadamente 18 mil profissionais do país sofriam, à

época, ideação suicida (vontade de tirar a própria vida). A explicação para esse

número expressivo foram transformações ocorridas no mercado financeiro a

partir da década de 1990. No período, 430 mil bancários foram demitidos no

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Brasil. Se antes os bancos tinham lucros com a inflação, após 1995 o papel do

bancário mudou. “Ele passa a ser vendedor e consultor. As cobranças se

acentuaram”, afirma. O vínculo estabelecido entre as empresas e o trabalhador

muda bruscamente e passa a ser o de submissão.

Esse estudo indica a necessidade de humanização das relações de

trabalho nas empresas. “Falta o cumprimento da legislação trabalhista, metas

de produção condizentes com a capacidade física e psicológica dos

funcionários, assim como o treinamento dos gestores para lidar com os

conflitos.

Outro fato bastante curioso, é que o setor bancário foi o mais lucrativo

no segudo trimestre de 2010. Comparado a 23 diferentes setores da economia

o ganho consolidado das instituições bancárias foi de R$ 10,1 bilhões no

segundo trimestre de 2010, contra R$ 8,5 bilhões do mesmo período de 2009.

3.2 – Relato

Apresento, neste momento, um breve relato pessoal da experiência de

trabalho no setor bancário: Trabalhar em banco, hoje em dia, não é algo fácil.

Exige-se uma carga horária maior do que aquela contratada inicialmente em

um ambiente onde a pressão é uma característica habitual.

Os funcionários são constantemente aliciados a vender para alcançar

metas praticamente inatingíveis. E caso não consigam, o que na maioria das

vezes acontece, são submetidos a terrorismo dentro da empresa, podendo até

perder seu emprego. Há casos em que alguns funcionários acabam seduzidos

por um salário melhor ou esse frágil status de reconhecimento, digo frágil, pois

no momento em que os números desejados não são alcançados o empregado

e todo seu trabalho já realizado são esquecidos. Estes funcionários tornam-se

escravos do trabalho e deixam de lado suas famílias, vida pessoal em troca de

uma situação financeira melhor, tornando essa relação entre empresa e

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empregado um ciclo vicioso. Tal situação é bem semelhante ao modelo

defendido por Taylor.

Nos últimos anos, vimos o setor bancário tendo cada vez mais lucros

exorbitantes, sendo que por trás disso estão funcionários estressados,

desmotivados e até mesmo com doenças crônicas por anos submetidos a essa

pressão. Estas empresas sugam ao máximo o empregado e quando este não

consegue mais dar o retorno desejado são substituídos por outros.

Faz-se necessário perguntar se é essa relação moderna de trabalho?

Se para conseguirmos uma vida mais confortável para nós e nossa família é

necessário se deixar escravizar. Será que não seria mais rentável e,

principalmente, mais humano, essas empresas estimularem seus funcionários

a alcançarem os objetivos definidos com metas mais palpáveis? “A fixação de

metas além do razoável junto a uma administração por pressão fazem com

que, no afã de atingi-las, se tenha uma queda na Qualidade” (Peixoto,1995)

Na minha experiência nesse segmento, acredito que se as empresas

valorizassem mais seus funcionários, eles por si só buscariam se superar.

Claro, que uma empresa sempre vai querer obter lucro, e isso um funcionário

engajado com a empresa sabe que é necessário para seu emprego sendo

esse um forte estímulo para uma competição saudável.

3.3 – Produtividade e Qualidade

Conforme falado anteriormente, na pesquisa realizada pela Revista

Exame sobre as Melhores e Maiores empresas do país para se trabalhar,

verifica-se que os itens salários e benefícios são menos contemplados pelas

empresas mais bem avaliadas como um lugar excelente para nelas se

trabalhar no Brasil. Este item pode ser relacionado ao fator descrito por Walton

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(1973) como compensação justa e adequada, e compreende a renda

adequada ao trabalho, a eqüidade interna e a eqüidade externa.

Os benefícios e a remuneração não funcionam como fonte de

motivação, mas servem unicamente para evitar a desmotivação. Uma

contribuição ainda hoje importante é a de Herzberg, quando assinala que o

salário tem uma função higiênica sobre a motivação.

Como item mais representativo das melhores empresas para nelas se

trabalhar no Brasil encontra-se o orgulho do trabalho e da empresa. Baseando-

se no modelo de Walton (1973) para a análise da qualidade de vida no

trabalho, percebe-se que ele está relacionado com a relevância social da vida

no trabalho. Ou seja, os funcionários avaliam como positiva a imagem da

empresa decorrente da sua atuação perante a sociedade.

A grande maioria dos bancos supõe que a qualidade e a produtividade

podem ser atingidas promovendo-se um arrocho geral, e instalando-se novos

aparelhos e máquinas. Tal método não funciona como mostra o trecho de um

livro que explica como “Motivar seu Pessoal para Trabalhar a Todo Vapor!”

Chicoteie o cavalo, e ele correrá mais depressa – por um tempo. A

conseqüência direta da eficiência é a produtividade, e esta, pode ser definida

como a produção de uma unidade produtora por unidade de tempo, isto é, o

resultado da produção de alguém por um determinado período de tempo. E

quanto maior a eficiência maior a produtividade.

A qualidade e a produtividade são dois fatores com uma resultante –

desempenho, resultados, etc. O desconhecimento ou menosprezo de um

desses fatores tem feito, de um lado, empresas ganharem produtividade a

curto prazo e a perderem mercado a médio e longo; de outro lado, tem levado

até empresas ganhadoras de prêmios da Qualidade a falirem.

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A produtividade é influenciada, fundamentalmente, pelo custo do

trabalho (um dos fatores mais utilizados no cálculo da produtividade), pelo

volume de capital utilizado, pelos métodos de trabalho e a gestão, pelo nível de

qualidade dos produtos e pelo uso intensivo da tecnologia.

Com relação a qualidade, Nobre (2004) afirma:

⇒ Se o ser humano não tem qualidade em sua vida, como poderá produzir produtos ou prestar serviços com qualidade? ⇒ Se o homem não possui um ambiente de trabalho agradável, onde é respeitado e tratado com atenção, como é possível exigir que ele atenda bem as pessoas com as quais se relaciona diariamente?

Muito tem se falado a respeito da qualidade de produtos e serviços,

porém pouca atenção tem sido dada ao ser humano responsável pela

conquista da mesma.

O fator competitivo neste novo cenário passa a ser o conhecimento, as

competências individuais dentro das organizações, por isso a necessidade de

ações facilitadoras para identificar e desenvolver o conhecimento de seus

colaboradores, ou seja, valorizar o seu capital humano, segundo Picarelli

(2002) “as empresas entenderam que os aspectos mais relevantes de todas as

suas estratégias, são relacionados às pessoas”

Para que seja possível trabalhar com o conhecimento, com o capital

intelectual das pessoas, é necessário que estas estejam bem, daí a

necessidade de verificar a qualidade de vida dentro e fora das organizações,

pois o funcionário que mantém uma boa qualidade de vida refletira em melhor

desenvolvimento no ambiente de trabalho e na execução de suas atividades,

assim produzirá mais e poderá contribuir com novos conhecimentos para a

organização.

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CONCLUSÃO

O que se percebe, na atualidade, é que a sobrevivência das

organizações é função direta da produtividade e da qualidade que a empresa

tenha condições de assumir, dentro de um mercado cada vez mais competitivo

e globalizado.

Ou seja, as empresas que não atualizarem e não modernizarem seus

métodos tradicionais, ou insistirem em manter aqueles que foram utilizados

com sucesso até alguns poucos anos atrás, estarão se colocando numa zona

de alto risco pra sua sobrevivência.

É necessário, hoje mais do que nunca, que as empresas questionem,

testem, verifiquem, modernizem, atualizem seus produtos e o ciclo produtivo,

os serviços oferecidos ou não, o ciclo de gerenciamento interno e associem-

nos sempre, aos níveis de qualidade atingidos, pela própria empresa, bem

como por suas concorrentes.

Em uma pesquisa feita nos EUA, 79% dos clientes apontam o

comportamento humano como o mais importante na qualidade em serviços.

Aqui no Brasil, um estudo feito pelo Ministério da Saúde destaca que ao fazer

uso dos conceitos de qualidade de vida pelos funcionários há um aumento de

2 a 5% na produtividade. Daí conclui-se o quanto é importante para as

empresas investirem em ações que busquem melhoras na vida dos

funcionários.

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Site da FEBRABAN

Site WWW.bancarios.inf.br

Site do Banco Central Site da UNB – Universidade de Brasília

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Instituto a Vez do Mestre

Título da Monografia: A Relação entre Produtividade e Qualidade de Vida no

Setor Bancário

Autor: Flávia da Silva Denberg

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