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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE REESTRUTURAÇÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS EM UMA FÁBRICA DE COSMÉTICOS Por: Elisabete Cheres Ribeiro D’avilla Orientador Prof. Jorge Tadeu Rio de Janeiro 2010

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · de cosméticos 2.2 - Fatores que impulsionaram mudança na cadeia 23 de suprimentos da fábrica de cosméticos CAPÍTULO

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

REESTRUTURAÇÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS EM UMA

FÁBRICA DE COSMÉTICOS

Por: Elisabete Cheres Ribeiro D’avilla

Orientador

Prof. Jorge Tadeu

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

REESTRUTURAÇÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS EM UMA

FÁBRICA DE COSMÉTICOS

Trabalho monográfico apresentado à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Logística

Empresarial.

Por: Elisabete Cheres Ribeiro D’avilla

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Jorge Tadeu, pela orientação

desta monografia.

Aos meus colegas da Cândido Mendes

que sempre colaboraram de forma

gentil. Aos meus colegas de trabalho e

aos meus chefes pelas informações

inspiradoras que fizeram despertar

algumas idéias adormecidas.

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DEDICATÓRIA

A Deus por estar sempre ao meu lado,

mesmo quando eu nem percebia a sua

presença.

A meu marido e minha filha por terem

suportado com carinho, amor e

compreensão toda angústia e

ansiedade pela qual passamos durante

este curso.

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RESUMO

O presente trabalho aborda o tema Reestruturação da Cadeia de

Suprimentos em uma Fábrica de cosméticos, ressaltando o conceito de Supply

Chain Management que é a integração dos processos industriais e comerciais,

partindo do consumidor final e indo até os fornecedores iniciais, gerando

produtos, serviços e informações que agreguem valor para o cliente. Nesse

novo conceito logístico o consumidor é o foco com destaque especial, pois

todo o processo deve partir dele, buscando equacionar a cadeia de

suprimentos para atendê-lo na forma por ele desejada. A metodologia utilizada

neste trabalho foi pesquisa bibliográfica e de campo (diálogos). No primeiro

capítulo, apresenta-se as origens da logística, sua evolução ao longo do

tempo, as primeiras atividades dessa doutrina em solo brasileiro, a sua

conceituação e a evolução do seu conceito para o conceito de logística

integrada. No capítulo dois são apresentados os problemas encontrados em

uma cadeia de suprimentos dentro de uma fábrica de cosméticos, os fatores

que motivaram a mudança do papel da logística dentro desta cadeia. No

capítulo três são apresentados o conceito de cadeia logística, as

oportunidades de melhorias oferecidas através da tecnologia da informação, as

alternativas obtidas com a implementação, seus objetivos e como se pode

alcançar objetivos de otimização de estoques valendo-se da T.I.

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METODOLOGIA

O procedimento metodológico utilizado neste trabalho é um estudo de

um caso real, com pesquisa de campo, dados coletados na própria empresa,

de maneira a diagnosticar as deficiências nos processos e as soluções

possíveis para eliminação ou redução destes problemas, visando aumentar o

nível do serviço prestado por esta empresa.

No que se refere ao estudo, foi realizado em pesquisa bibliográfica e

coleta de dados. Primeiramente se realizou uma pesquisa bibliográfica para

conhecimento da origem e conceito da logística.

O ambiente de pesquisa para coleta de dados é a empresa de

cosméticos que atende a uma rede de institutos de beleza, pertencentes a

mesma empresa, sendo a fábrica a matriz e os institutos as filiais.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Logística: Origens e Evolução 10

1.1 – A Logística e suas origens 10 1.2 – A Logística no Brasil 12 1.3 – O Conceito de Logística 13 1.4 – Logística Integrada – A evolução do conceito 15

de logística CAPÍTULO II - A Cadeia de suprimentos em

uma fábrica de cosméticos 18

2.1 Cadeia de suprimentos integrada dentro da fábrica 20 de cosméticos 2.2 - Fatores que impulsionaram mudança na cadeia 23 de suprimentos da fábrica de cosméticos CAPÍTULO III – Principais mudanças no processo 24

logístico da fábrica de cosméticos

3.1 - Desenvolvimento Produto 25 3.2 - Otimização da produção 26 3.3 - Otimização da área de estocagem 26 3.4 - Investimento na tecnologia da informação 27 CONCLUSÃO 30

BIBLIOGRAFIA 31

ANEXOS 33

ÍNDICE 39

FOLHA DE AVALIAÇÃO 40

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INTRODUÇÃO

Atualmente a competitividade global entre as empresas obrigou-

as a buscarem melhorias para garantir seu espaço no mercado. Numa

época em que a sociedade é espantosamente dinâmica, instável e evolutiva,

a adaptação a essa realidade é, cada vez mais, uma questão de

sobrevivência para as empresas que queiram conquistar e fidelizar seus

clientes.

A globalização e o ciclo de vida curto dos produtos forçam a uma

constante inovação de técnicas de produção e de escoamento. A cada dia

os produtos concorrentes ficam mais similares em termos de tecnologia e

preço, o diferencial está, portanto, nas empresas comerciais e industriais

que conseguirem otimizar seus serviços, superando a expectativa de seus

clientes com atendimentos rápidos e eficazes.

Nesse cenário, em que os consumidores são cada vez mais

exigentes, as empresas precisam de uma área que as auxiliem a produzir

esses efeitos de superação das expectativas dos clientes no que tange ao

escoamento eficiente e eficaz da produção, ao mesmo tempo em que

contribui para o alinhamento de objetivos geradores de vantagem

competitiva e redução de custos. Para tanto, é necessário uma metodologia

que consiga planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo

de produtos, serviços e informações desde o ponto de origem

(fornecedores) até o ponto de consumo (o cliente), esse é o papel da

Supply Chain Management ou Gerência da Cadeia de Suprimentos.

A ferramenta Supply Chain Management, desenvolvida para

alinhar todas as atividades de produção de forma sincronizada visando à

redução de custos, minimização de ciclos e maximização de valor percebido

pelo cliente, foi abordada neste estudo de maneira que se possa identificar

as ferramentas que possam ser utilizadas para a otimização de estoques.

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Partindo das descrições dadas por Ballou, Bowersox e Ching, os

principais autores consultados durante a pesquisa, passando pela revisão

de artigos e periódicos que tratam sobre o assunto, o presente estudo tenta

responder ao seguinte problema: Em que medida as empresas podem

alcançar objetivos de otimização de estoques valendo-se dos princípios e

técnicas de Supply Chain Management? Para tanto, buscou-se evidenciar,

como objetivo final, as recomendações dos autores consultados às

empresas que utilizam os princípios e técnicas de Supply Chain

Management para iniciativas de otimização de estoques e, como objetivos

intermediários os seguintes itens:

• A descrição de seus conceitos e princípios;

• A identificação e descrição das técnicas apropriadas aos

objetivos de otimização dos estoques;

• A identificação das características que produzam efeitos

desejados quanto à superação das expectativas dos clientes; e

• A verificação de até que ponto a sua adoção contribui para o

alinhamento de objetivos geradores de vantagem competitiva

para a empresa.

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CAPÍTULO I

LOGÍSTICA ORIGENS E EVOLUÇÃO

.

Este capítulo apresenta de maneira breve e simples as origens da

logística como doutrina militar, as circunstâncias que levaram ao seu estudo no

meio acadêmico e as primeiras atividades dessa doutrina em solo brasileiro,

primeiramente nas Forças Armadas Brasileiras e mais tarde dentro das

empresas comerciais e industriais do país.

O capítulo aborda, ainda, o conceito de logística e a sua evolução

ao longo do tempo a partir da adaptação dos conceitos e ferramentas mais

utilizados nessa metodologia.

1.1 - A LOGÍSTICA E SUAS ORÍGENS

A logística teve origem nas organizações militares. De fato, a

primeira vez que o termo apareceu na literatura militar dos norte-americanos

não foi antes de 1870, no período que sucedeu a Guerra Civil nos Estados

Unidos. Seu desenvolvimento deveu-se ao intuito de abastecer, transportar e

alojar tropas, propiciando que os recursos certos estivessem no local certo e

na hora certa. Dessa forma, esta doutrina operacional permitia que as

campanhas militares fossem realizadas e contribuía, como diferencial de

vantagem, para a vitória das tropas em combates.

Semanticamente, diferentes autores atribuem origem diversa à

palavra logística. Alguns afirmam que ela vem do verbo francês loger

(acomodar, alojar), outros afirmam que ela é derivada da palavra grega logos

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(razão), que significa a arte de calcular ou manipular os detalhes de uma

operação.

Souza (2002) afirma que a origem da logística data do século XVIII,

durante o reinado de Luiz XIV na França, onde existia o posto de Marechal-

General de Lógis, responsável pelo suprimento e pelo transporte do material

bélico nas batalhas. Gallo (1998), porém, diz que o primeiro general a utilizar

esse termo foi o general Von Claussen de Frederico da Prússia, e foi

desenvolvida mais adiante pela Inteligência Americana (CIA), juntamente com

os professores de Harvard, para a Segunda Guerra Mundial.

A partir do momento em que os militares começaram a perceber o

poder estratégico que a logística possuía, deu-se mais atenção ao serviço de

apoio que as equipes prestavam no sentido de deslocamento de munição,

víveres, socorro médico nas batalhas etc. (Anexo 2)

Despertou-se o interesse em estudos nesta área. Logo depois, em

meados de 1950, a logística surge como matéria na Universidade de Harvard

nos Estados Unidos da América, nas cadeiras de Engenharia e Administração

de Empresas.

Nascimento (2001) descreve que a educação formal em logística

nasceu da necessidade de administrar as diferenças espaciais entre produção

e consumo. O economista relata que em 1901 foi publicado o primeiro texto

sobre custos de distribuição de produtos agrícolas, pois, nos Estados Unidos

da América, as áreas de produção se tornaram mais distantes dos grandes

mercados de consumo. Em 1960, a Michigan State University desenvolveu e

iniciou os primeiros cursos formais para treinamento de logisticians1 práticos e

acadêmicos. A partir daí, houve uma união entre acadêmicos e militares para

utilizarem os conceitos da logística militar nas atividades do seu cotidiano.

A partir de 1970, a logística já era adotada por várias empresas,

porém algumas ainda só se preocupavam com o lucro, esquecendo dos

custos. Com as crises que se sucederam2, as empresas passaram a se

preocupar com a gestão de suprimentos.

1 Especialistas em logística com conhecimento da Administração. 2 As crises do petróleo nas décadas de 1970 e 1980 que afetaram as economias de todos os países do globo e a ascensão do Japão como grande inovador no campo tecnológico.

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1.2. A LOGÍSTICA NO BRASIL

Segundo o Centro de Comunicação Social do Exército Brasileiro, as

primeiras atividades logísticas desenvolvidas pelos militares brasileiros

remontam a época imperial. Em 1821, durante a regência de D. Pedro I, foram

efetuadas as primeiras incumbências referentes ao rancho3 da tropa, ao

fardamento, ao equipamento, ao material de acampamento, ao arreamento4 e

aos utensílios usados pelo exército.

Nas Forças Armadas do Brasil, a logística é parte integrante do

Serviço de Intendência5, criado em 1920 com a vinda da Missão Militar

Francesa e suas atividades são desenvolvidas de maneira muito parecida à

das empresas comerciais e industriais no sentido de desenvolver um

planejamento eficaz e o provimento adequado nos locais específicos e nas

devidas quantidades.

Já no meio empresarial brasileiro, Martins e Alt (2003, p.251)

relatam que a logística apareceu nos anos 1970, por meio de um de seus

aspecto, a distribuição física, tanto interna quanto externa[...]. Ao perceberem

que em um país de dimensões continentais como o Brasil as empresas

deveriam ter um gerenciamento logístico eficaz, os empresários, tanto do

comércio quanto da indústria, atentaram definitivamente para a logística como

um elemento que poderia gerar vantagem em relação à concorrência.

A logística nacional passou por um período de extraordinária

mudança e viveu uma verdadeira revolução, tanto em termos das práticas

empresariais quanto da eficiência, qualidade e disponibilidade da infra-

estrutura de transportes e comunicações, elementos fundamentais para a

existência de uma logística moderna. Para as empresas que operavam no

3 Local onde são feitas as refeições dentro dos quartéis. 4 Equipamento de montaria – as tropas se deslocavam a cavalo naquela época. 5 O Serviço de Intendência é o responsável pelas atividades de gerenciamento dos diversos recursos no meio militar.

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Brasil foi um período de riscos e oportunidades. Riscos devido às enormes

mudanças que precisavam ser implementadas e oportunidades devido aos

enormes espaços para melhorias de qualidade do serviço e aumento de

produtividade, fundamentais para o aumento da competitividade empresarial.

Até cerca de dez anos a logística era o elo perdido da modernização

empresarial no Brasil6.

A explosão do comércio internacional, a estabilização econômica

produzida pelo Real e as privatizações da infra-estrutura foram os fatores que

impulsionaram este processo de mudanças. Entre 1994 e 1997, o comércio

exterior brasileiro pulou de um volume de aproximadamente US$ 77 bilhões

para cerca de US$ 115 bilhões, ou seja, um crescimento de 50% em três anos.

No nível empresarial, o processo de modernização foi liderado por

dois segmentos industriais, o automobilístico e o grande varejo. Nos anos de

1993 até 1998 as quatro montadoras de automóveis, até então instaladas no

território brasileiro, haviam feito mudanças radicais em suas políticas de

suprimento, passando a combinar compras internacionais com as locais. Estas

mudanças implicaram numa forte demanda por uma logística mais eficiente e

sofisticada.

Com um cenário interno desta magnitude as pressões impostas pela

globalização, os avanços tecnológicos dos sistemas de informação, a

constante pressão por redução dos custos e o aumento do nível de exigência

dos clientes evidenciando um crescimento na concorrência para conquistá-los

e, sobretudo fidelizá-los, era natural que a logística sofresse modificações em

seu conceito e nas técnicas aplicadas dentro das empresas (MENDES, 2000,

P. 15-16).

1.3. O CONCEITO DE LOGÍSTICA

6 Retirado do artigo Perspectivas para a Logística Brasileira de Paulo Fernando Fleury disponível na página da COPPEAD

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Segundo Bowersox (2001), a logística é única, pois ocorre a todo

instante no mundo. Poucas áreas de operações envolvem a complexidade, a

abrangência e o escopo geográfico característico da logística. Tornar

disponíveis produtos e serviços no local e instante em que são necessários é o

seu objetivo desde seus primórdios.

Por esse motivo, em 1991 o Council of Logistics Management

(CLM), a maior autoridade sobre o assunto, modificou a sua definição de

gerenciamento da distribuição física, datado de 1976, passando a adotar o

conceito de que logística seria o processo de planejamento, implementação e

controle eficiente e eficaz do fluxo e armazenamento de insumos, materiais em

processo e produtos acabados, assim como informações relacionadas, desde

o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às

necessidades do cliente.

Mais uma vez, em outubro de 1999, atendendo aos requisitos da

globalização e dos avanços tecnológicos na área da Informação, o CLM

adaptou a definição de Logística de 1991, colocando que logística seria a parte

do processo da cadeia de suprimento7 que planeja, implementa e controla o

eficiente e efetivo fluxo e estocagem de bens, serviços e informações

relacionadas, do ponto de origem ao ponto de consumo, visando atender aos

requisitos dos consumidores.

No seu emprego nas empresas, a logística ganhou diferentes

definições, correspondendo a uma crescente amplitude de seu escopo,

experimentada ao longo do tempo. Notou-se também que, ao mesmo tempo

em que a função logística era enriquecida em atividades, ela também deixava

de ter uma característica meramente técnica e operacional, ganhando

conteúdo estratégico proveniente da integração das suas diversas atividades.

A definição apresentada pelo Council of Logistics Management

menciona bem a integração de todas as funções ressaltando o foco no cliente

e, indiretamente, transmitindo uma visão sistêmica à logística.

7 Conjunto interligado entre fornecedores de materiais e prestadores de serviços que abrange a transformação de matérias-primas em produtos e serviços e os disponibiliza para os clientes de uma empresa (RIZTMAN e KRAJEWSKI).

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Ching (2001) diz que com o passar dos anos, esse conceito evoluiu

e uma nova concepção entrou em vigor, passou a existir a integração das

diversas áreas envolvidas na produção, dimensionamento e layout de

armazéns, alocação de produtos em depósitos, transportes8, distribuição,

seleção de fornecedores e clientes externos, surgindo um novo conceito

conhecido como supply chain ou logística integrada.

1.4. LOGISTICA INTEGRADA - A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE

LOGÍSTICA

A logística, por meio do Serviço de Intendência, evoluiu muito dentro

das Forças Armadas. Hoje, este setor deixou de ser apenas um serviço de

apoio ao combate, passando a ser um elemento de suma importância, capaz

de definir o curso de uma guerra.

Em dois recentes conflitos da era Contemporânea, a Guerra do

Golfo e a Invasão do Iraque, pôde-se observar que o papel da logística foi

preponderante para garantia da vitória das forças americanas, provendo os

recursos de maneira eficaz e tempestiva e estabelecendo condições de

sustentabilidade das posições conquistadas pelos americanos.

Martins e Alt (2003, p. 251) expõem que até poucos anos o termo

logística continuava associado a transporte, depósitos regionais e atividades

ligadas a vendas. [,,,] Hoje, as empresas já se deram conta do imenso

potencial implícito nas atividades integradas de um sistema de logística [...]

Novaes (2003) cita que, durante aproximadamente trinta anos, as

atividades relacionadas á logística dentro das empresas comerciais e

industriais eram tidas, tal qual no meio militar, como um serviço meramente de

apoio e que não agregavam valor ao produto e era vista, apenas, como

geradora de custos e sem nenhuma influência no planejamento estratégico

organizacional.

Os conceitos de Henry Ford, a produção em massa e a abundância

da década de 1950 criaram componentes administrativos que ainda hoje estão

8 Roteirização, dimensionamento de frota de veículo.

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enraizados no ambiente industrial das empresas em todo o mundo ocidental.

Fazer um empresário compreender que, para o bem geral da sua organização,

pode haver um momento em que o departamento de vendas tenha, como

tática, de deixar de vender tudo a todos, mesmo havendo demanda, é um

grande desafio.

Foi preciso criar uma nova mentalidade que admitisse que o

sucesso da empresa independia da concorrência de metas de cada setor,

mas, sim, da capacidade de sincronizar todos os elos de uma corrente num

único mecanismo, capaz de gerar o maior ganho ao negócio.

Com o passar do tempo, em função da grande preocupação das

empresas com a redução de estoques e com a busca da satisfação plena do

cliente, a logística empresarial teve que evoluir para atender aos objetivos de

otimização desses estoques. Dessa forma, a logística passou a agregar valor

de lugar, de tempo, de qualidade e de informação à cadeia produtiva. Além

disso, a logística moderna procurou eliminar do processo tudo que não

agregasse valor para o cliente, ou seja, tudo que acarretasse somente custos e

perda de tempo.

As organizações comerciais e industriais começaram a mudar suas

visões em relação aos clientes. Anteriormente, as empresas apenas ofereciam

seus serviços e produtos e não se preocupavam com a satisfação do cliente.

Souza (2002) diz que essa mudança de visão fez com que as empresas

procurassem não mais possuir depósitos descentralizados, mas sim

centralizados e com maior poder de agilidade na distribuição, provocando uma

redução nos estoques, um melhor nível de serviço e uma administração

reduzida na loja. A partir desse ponto de vista, o ritmo de mudança acelerou e

o gerenciamento da cadeia de suprimento (supply chain management) tornou-

se um importante conceito a ser implementado.

A necessidade de integração evoluiu de dentro para fora das

empresas, constituindo uma rede de organizações integradas desde os

fornecedores de matéria-prima até os consumidores finais. A esta constituição

integrada foi dado o nome de cadeia de abastecimento, que naturalmente se

transformou na visão da logística moderna.

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Para um melhor entendimento sobre o significado de logística

integrada, deve-se primeiro entender três importantes conceitos. Primeiro, um

sistema é uma série de grupos de atividades aparentemente independentes,

porém agindo sinergeticamente9, possibilitando a conclusão de um objetivo.

Segundo, grupos de atividades são áreas específicas de atuação dentro das

diferentes empresas envolvidas no sistema, melhor ainda, subsistemas

especialistas. Terceiro, interfaces são fronteiras, às vezes tênues, entre grupos

de atividades que permitem o fluxo de informações e materiais de forma

sincronizada.

A logística integrada envolve o gerenciamento de informações,

transporte, estoque, armazenamento, manuseio de materiais e embalagem.

Todas essas áreas que envolvem o trabalho logístico oferecem ampla

variedade de tarefas estimulantes. Combinadas, essas tarefas tornam o

gerenciamento integrado da logística uma profissão desafiante e

compensadora.

Dentro da empresa, o desafio é coordenar o conhecimento

específico de tarefas individuais numa competência integrada concentrada no

atendimento ao cliente. Na maior parte das situações, o âmbito desejado

dessa coordenação transcende a própria empresa e amplia-se para incluir

clientes, assim como fornecedores de materiais e de serviços. O que faz a

logística contemporânea interessante é o desafio de tornar os resultados

combinados da integração interna e externa numa das competências centrais

da empresa (MARTINS E ALT,2002, P.255).

A Logística Integrada, como visto, tem a intenção de promover o

fluxo contínuo de entrada de matéria-prima (suprimento), de fabricação do bem

ou serviço (produção) e da saída deste produto acabado até o ponto de venda

(distribuição), não interrompendo em nenhum dos pontos da cadeia de

suprimentos o processo, minimizando assim a necessidade de estoque pela

empresa.

9 Quando a soma das partes é maior que o todo.

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CAPÍTULO II

A CADEIA DE SUPRIMENTOS EM UMA FÁBRICA DE

COSMÉTICOS

Como foi exposto no primeiro capítulo, a logística, conhecida desde

o Séc. XVIII, relacionava-se com todo o processo de adquirir e fornecer

materiais para suprir as necessidades das tropas em combate. A insuficiente

difusão da logística nas empresas comerciais e industriais fez com que à

matéria fosse dispensado um tratamento puramente funcional.

A execução das atividades relativas a movimentação de materiais e

ao fluxo de informações, do fornecedor ao consumidor final e vice-versa, é

realizada de forma segmentada. Aliado a este tratamento fracionado dado às

atividades logísticas ressaltava-se o fato de não existirem profissionais que

dominassem e possuíssem habilidades para planejar, executar e analisar

todas as atividades de forma integrada.

Neste capítulo serão abordados os motivos que levaram à mudança

do papel da logística dentro da cadeia de suprimentos em uma fábrica de

cosméticos, o conceito de cadeia de suprimentos integrada e as vantagens e

desvantagens de se manter ou não um estoque.

Em meio a uma crise global é fundamental a busca por maior

competitividade, maior desenvolvimento tecnológico, maior oferta de produtos

e serviços adequados às expectativas dos clientes e, claro, maior motivação

dos recursos humanos. Isso faz diferença no desempenho da organização,

bem como eleva o grau de felicidades de todos. Um sistema de troca justa

eleva a vontade de trabalhar na organização.

Na unidade estudada, a Logística é dividida em dois setores:

Planejamento e Controle de Produção (PCP) e Planejamento e Controle

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Logístico e de Materiais (PCL), que é subordinada à gerência da unidade.

Enquanto que o PCP é responsável pelo cálculo de necessidades de matérias-

primas e recursos necessários à produção, o PCL é responsável pelo

gerenciamento de fluxos de materiais produtivos e não produtivos, incluindo o

recebimento, estocagem e entrega até o ponto de uso; gerenciamento de

transporte; aquisição e abastecimento dos contêineres; requerimentos de

equipamentos de movimentação de materiais e mão-de-obra indireta; serviço

ao cliente, entre outros.

Todas as atividades de Logística são executadas internamente na

empresa, com exceção da armazenagem e transporte, que é terceirizado. O

transporte de matérias-primas e componentes necessários à fabricação do

produto final é responsabilidade dos fornecedores da empresa. Já o transporte

de produtos acabados é realizado por duas transportadoras fixas.

O transporte dos produtos aos clientes é feito principalmente, por

meio do modal rodoviário, utilizando caminhões que transportam, em média,

150ton/dia. O transporte de produtos até os clientes é feito diretamente da

empresa para os mesmos. Não existe centro de distribuição entre a empresa e

os clientes e o estoque de matérias-primas necessárias à fabricação e

produtos acabados estão localizados dentro das unidades fabris, em armazéns

próprios.

A programação mensal fornece, a médio prazo, a previsão dos

recursos para a produção, mas é preciso levar em consideração uma série de

fatores, como o fato de que muitos componentes necessários ao processo

produtivo serem importados.

Existem clientes para os quais a previsão de produção sofre poucas

alterações. Em contrapartida, há outros que apresentam mudanças constantes

na programação enviada pela empresa, então surge a necessidade de

adequar sua oferta/produção rapidamente a estas variações na demanda.

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2.1 - CADEIA DE SUPRIMENTOS INTEGRADA DENTRO DA FÁBRICA DE

COSMÉTICOS

A Logística de Cosméticos possui muitas particularidades, além da

ampla aplicação dos conceitos e ferramentas logísticas comuns a todos os

segmentos, podendo-se destacar: rastreabilidade dos insumos e produtos

acabados através de data de validade e de expiração dos produtos, lote de

produção, controle de condições de armazenagem e de transporte através

de boas práticas – portanto, a visibilidade em toda a cadeia logística, por

meio de sistemas integrados, é vital para a Logística de Cosméticos. No

ponto de vista operacional, a dificuldade está na limitação volumétrica de

cargas compatíveis com o segmento, o que, em alguns casos, não gera

massa crítica suficiente para melhor otimização dos recursos e conseqüente

redução de custo na operação. Quanto à regulamentação legal, as licenças

reguladas pela a Anvisa (Agência nacional de Vigilância Sanitária)

restringem, mas não inviabilizam, a operação de armazenagem e

distribuição, isto quer dizer, que os operadores logísticos que atuam neste

segmento possuem cuidados especiais nos processos e estruturas para

garantir o cumprimento da legislação em vigor. A legislação prevê a

necessidade de licenças conforme tipo e classificação de produtos.

Operadores logísticos e empresas de transporte em geral

necessitam de licença a fim de garantir o cumprimento das normas da

Anvisa, visto que são produtos que interferem na saúde e ainda podem ter

efeitos reduzidos ou adversos se não forem bem armazenados ou

transportados. Essas boas práticas decorrem do segmento farmacêutico,

cuja relação com o de cosmético tem-se estreitado cada vez mais.

Capacitação de sistemas de informação é vital para que não haja rupturas

na cadeia logística para controle e gestão de estoques e de transporte e,

ainda, para assegurar a rastreabilidade. O primeiro fluxo logístico da

empresa é o dos insumos (matéria-prima e material de embalagens), que

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se inicia com os fornecedores. Depois passamos a abastecer a fabricação,

por meio do nosso setor de pesagem, e ao setor de envase, por meio do

nosso setor de embalagens. Após o produto pronto, o transferimos para o

armazenamento que é feito pelo PEPS (primeiro que expira, primeiro que

sai), de modo que fiquem sempre com fácil acesso para garantir a rapidez

na separação dos pedidos. Neste período, as empresas de transportes já

estão sendo acionadas para coletarem, determinando limites de horário,

conforme suas regiões. Depois de embarcados os produtos, passamos para

a parte da informação, fazendo o rastreamento das entregas até o destino

final, verificando se está sendo cumprido o prazo acordado.

A reestruturação e consolidação da cadeia de

suprimentos. Nos últimos anos, um dos pilares da SCM no mundo industrial

tem sido o processo de reestruturação e consolidação das bases de

fornecedores e clientes. Basicamente, esse processo seleciona (geralmente

reduz) e aprofunda as relações com um conjunto seleto de fornecedores e

clientes com os quais se deseja estabelecer parceria.

Diante do quadro apresentado a Fábrica foi obrigada a mudar seu

papel e suas atividades , a fim de se adaptar aos fatores externos que exercem

pressões sobre ela. Antes se pensava somente em atender a demanda da

produção. Em razão da concorrência, quem dita o preço dos produtos é o

mercado e não há mais margem para repasse das ineficiências, sejam

produtivas ou operacionais. Através de um processo logístico bem-estruturado,

as empresas buscam eliminar suas perdas, responder de forma mais ágil e

eficiente e, conseqüentemente, melhorar suas margens. É preciso assegurar o

fluxo de materiais e serviços com a melhor relação custo/benefício. Afinal, com

a globalização ocorre uma mudança comportamental do consumidor que

passa a exigir menor lead-time de entrega, menor custo com a mesma

qualidade de serviço ou produto. Essa pressão por menor custo com melhor

serviço de entrega obrigou a empresa a repensar suas estratégias e a

Logística passou a ser fundamental para sua posição no mercado diante da

concorrência cada vez mais intensa.

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Os ciclos de vida dos produtos ficaram cada vez mais curtos,

demanda por parcerias, novos canais para os consumidores, papel mais

restrito dos distribuidores, aumento da competição externa com a globalização

e clientes melhor informados foram os principais fatores que levaram a fábrica

não só a mudar suas atividades e decisões, mas principalmente a oferecer aos

clientes produtos e serviços com menor preço e melhor qualidade.

Com essa nova característica do mercado globalizado, a fábrica foi

obrigada a reformular-se para poder adaptar sua estrutura às atuais

exigências do mercado. Uma das soluções encontradas foi a mudança do

conceito de logística, agora responsável desde o recebimento da matéria-prima

até a entrega do produto acabado ao cliente. A logística, agora, atuaria em

diversas áreas dentre as quais a área de suprimentos, produção e distribuição.

O novo conceito básico da logística passou a ser a integração das

áreas e processos da empresa a fim de se obter melhor desempenho que seus

concorrentes. Com isso, a empresa podia diminuir seus custos e melhorar a

qualidade do produto, disponibilizando ao cliente o produto correto, no tempo e

quantidade que deseja.

Dentro deste contexto cabe ressaltar o conceito de cadeia de

suprimentos integrada que é o primeiro passo para a integração dos processos

logísticos dentro das empresas.

Indo mais além, podemos dizer que o processo logístico começa

desde o Marketing da empresa, que utilizasse de informações obtidas

diretamente do consumidor final, como pesquisa de mercado, para

lançamento de novos produtos. Com isso, todos os setores da fábrica

começam a trabalhar de forma conjunta, para que produto seja lançado no

momento certo e com a demanda correta, evitando abarrotamento de estoque.

A Fábrica acabou concluindo que ter o produto certo para o público

certo é uma questão de marketing, fundamental para a sobrevivência da

empresa. Porém, estar no momento certo, na hora certa, pelo preço justo e

na conveniência deste público, é uma questão de logística; diferencial este

que impacta diretamente na decisão de compra dos clientes e que irá garantir

a excelência do nível de serviço prestado.

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Partindo da produção observou-se que no processo havia muito

“tempo morto”, teriam que buscar vantagens operacionais e econômicas

relativamente simples para minimizar os “tempos mortos” registrados na

movimentação de materiais e produtos semi-acabados. Neste ponto se

observam os maiores desperdícios de tempo, com a agravante de que os

desperdícios são vistos como “normais”.

O layout, em especial no que diz respeito à disposição do estoque em

relação às máquinas de produção, teria que ser revisto, pois o estoque de

materiais estava muito longe da produção. Ocorreram retornos de materiais

(insumos) e/ou semi-acabados quando a produção ocorria em linha; as

máquinas estavam em posições distantes; faltava definição no chão-de-

fábrica, para os espaços destinados à armazenagem de produtos em

processos e movimentação.

No estoque podíamos observar que tanto o de produtos acabados,

peças e componentes ou ainda de matéria-prima estavam incorretamente

dimensionados. Buscava-se obter um estoque bem analisado partindo da

eficiência logística disponível.

O espaço disponível para armazenamento e estoque era muito

restrito, o dimensionamento correto estava distante devido ao pouco espaço.

2.2 - FATORES QUE IMPULSIONARAM MUDANÇA NA CADEIA DE

SUPRIMENTOS DA FÁBRICA DE COSMÉTICOS

O mercado competitivo foi o maior impulsionador de mudanças,

despertou necessidades talvez nunca detectadas, pelo comodismo do

mercado, até se levantar um a forte concorrente.

Para se manter na sofisticação do mercado, se fez necessário aumentar

sua variedade de produtos, todos originados na fábrica. Começou-se a ter

idéia da complexidade da logística após olhar a variedade de cosméticos que

se fabricava na fábrica.

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Não se conseguia manter um nível de estoque para atender a demanda

dos institutos de beleza da rede.

Não se tinha uma tecnologia da informação que permitisse o

intercâmbio de dados e a identificação rápida de lotes, volumes, peças etc.

Detectou-se a necessidade de investir no campo da logística para

harmonizar as fases de suprimentos, produção e distribuição. Para que se

efetivasse esta teoria, fazia-se necessário a profissionalização da empresa.

Observa-se no Anexo I (Indicadores logísticos mais comuns) que

alguns dados deveriam ser levados em consideração.

CAPÍTULO III

PRINCIPAIS MUDANÇAS NO PROCESSO LOGÍSTICO

DA FÁBRICA DE COSMÉTICOS

Neste trabalho o interesse reside no estudo da cadeia de abastecimento

da indústria de computadores, com o objetivo de apresentar uma análise da

gestão da cadeia de suprimentos, verificando a influência de algumas de suas

estratégias no desempenho de sua cadeia de abastecimento, estruturar os

elementos-chave para o aprimoramento da cadeia de abastecimento do setor.

O primeiro passo e fundamental para o desenvolvimento da empresa se

deu através da profissionalização, pois até então a empresa era familiar.

Indiscutivelmente, a profissionalização é essencial para as empresas que

desejam perpetuar-se. Neste sentido, a profissionalização de uma empresa

familiar deve ser completa, ou seja, devem ser observadas três perspectivas: a

profissionalização dos gestores, a profissionalização dos familiares e a

profissionalização dos sócios. Esta profissionalização iniciou-se com a

contratação de executivo comprovadamente competente para ocupar a

Diretoria Geral, com a tarefa mais importante no organograma da empresa.

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Por reestruturação entende-se a simplificação da cadeia de

suprimentos, com o objetivo de melhorar principalmente sua eficiência. A

questão básica dessa etapa é com quem a empresa pretende construir

parcerias e simplificar os processos de comunicação. Na maioria das vezes, a

reestruturação acaba incorrendo na redução do número de fornecedores e,

eventualmente, do número de clientes. Um exemplo dessa situação, menos

comum, é a solicitação de algumas empresas para que pequenos clientes

comprem por meio de distribuidores e não diretamente, reduzindo o número de

clientes diretos e os custos decorrentes de tal prática.

3.1 – DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

Conforme descrito anteriormente, a redução dos ciclos de vida e o

aumento da gama de produtos são características típicas da indústria de

Cosméticos. Assim, qualquer que seja a estratégia relacionada ao

desenvolvimento de produtos tem por obrigatoriedade considerar essas

características. A proposta aqui apresentada sugere mudanças no

desenvolvimento de produtos, principalmente no que diz respeito à redução da

gama de produtos.

A redução da gama de produtos, em princípio, aparenta ser uma

estratégia equivocada, pois induz ao pensamento de perda de mercado.

Contudo, análises revelam que mais de 80% do faturamento das empresas se

concentra em reduzido número de produtos. Portanto, a reduçãoda gama de

produtos faz com que o foco das vendas se volte para os produtos que

realmente contribuem para o faturamento. No que tange à cadeia de

abastecimento, essa redução é extremamente benéfica, pois simplifica e reduz

o número de materiais adquiridos e controlados.

Essa simplificação, por sua vez, proporcionaria um aumento da eficiência nos

controles.

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3.2 – OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO

Para otimização da produção, além de um profissional especializado

na área a nível gerencial, buscou-se também investimentos para um bom

planejamento na produção, estocagem e distribuição. Ficou evidente a

necessidade de se aumentar a produção, chamadas de “terceiristas” onde se

terceirizaria somente a mão de obra, pois os insumos e a armazenagem dos

produtos acabados continuariam a cargo da empresa de cosméticos.

Buscando então empresas parceiras que fabricariam a maioria dos produto e

consequentemente aumentando o nível de produção, mantendo-o a contento

para atender ao a demanda solicitada pelo mercado.

De uma forma ampla, deve-se considerar inovação em uma empresa

não somente as globalização dos mercados e da produção e o advento da

economia do conhecimento são marketing, distribuição, em processos

administrativos e organizacionais que ajudem a obter mercado via novos

segmentos, novos canais ou novas áreas geográficas ou a colocação dos

mesmos produtos de maneira mais vigorosa para os mesmos mercados.

3.3 – OTIMIZAÇÃO DA ÁREA PARA ESTOCAGEM

Ao longo de toda a cadeia produtiva, o objetivo final e supremo do

processo é o consumidor. Na nova conceituação de cadeia varejista, todos os

processos logísticos, que envolve da matéria-prima até o consumidor final, é

hoje considerado uma entidade única, sistêmica, em que cada parte do

processo depende das demais e deve ser ajustada visando o todo. Diante

dessa realidade, a função de armazenagem é relevante para a eficiência do

processo logístico, pois acarreta desperdícios quando mal administrada.

Assim, decorrente da falta de informação, muitas empresas não enfocam a

armazenagem como um causador de custo, tornando-se uma área esquecida,

visto as oportunidades de obtenção de lucros encontrarem-se, na esfera da

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administração de materiais. O desenvolvimento de um projeto em um

armazém exige o estudo de numerosos problemas inter-relacionados

abordados neste trabalho. A escolha de um operador logístico foi feita

decorrente da perspectiva de seu crescimento no setor, como também, ao

efeito potencial que as mudanças propostas trariam para a mesma.

A solução encontrada dentro das limitações de espaço da empresa, foi

a contratação de um operador Logístico, empresa prestadora de serviços,

especializada em gerenciar e executar parte das atividades logísticas, nas

várias fases da cadeia de abastecimento da fábrica de cosméticos, agregando

valor aos produtos da mesma.

A empresa prestadora de serviços logísticos possa executaria três

atividades básicas seguintes:

• Armazenagem

• Gestão de transportes

O Controle de estoque continuaria a cargo da empresa de cosméticos,

desde os insumos, semi acabados até os produtos acabados

3.4 – INVESTIMENTO NA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Pode-se dizer que dentre as quatro variáveis relacionadas ao

desenvolvimento – terra, capital, trabalho e tecnologia, a tecnologia é a que

mais peso tem na determinação da capacidade competitiva de um setor.

Atualmente com o nivelamento das empresas quanto aos aspectos de

qualidade e produtividade, a gestão da tecnologia passou a despontar como

importante diferencial de competitividade. A importância da inovação

tecnológica para a competitividade é inquestionável, seja para ganhar

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mercados através da introdução de novos produtos e processos ou produzir

com máximo aproveitamento físico de insumos a fim de reduzir custos. Dentro

desse contexto, o desenvolvimento de novos processos e produtos, está se

tornando uma função primordial para as empresas. A indústria de cosméticos

tem apresentado expressivo crescimento nos últimos anos com um aumento

no seu faturamento 19% no ano de 2004 em comparação a 2003. Esse

crescimento do setor reflete uma competitividade acirrada exigindo das

empresas o lançamento constante de novos produtos bem como

reformulações de embalagens. Para acompanhar esse dinamismo torna-se

necessário a adoção de estratégias voltadas para a gestão da inovação e do

processo desenvolvimento de produto.

Para eliminar pedidos de clientes e de ressuprimentos , necessidades

de estoque, movimentações nos armazéns, documentação de transporte e

fatura não identificadas e não atendidas em prazos pré determinados,

investiu-se em tecnologia da informação. Objetivando-se também, o

equilíbrio de demandas sazonais, compensações na capacidade de produção,

garantia de continuidade do insumo, redução “tempos mortos” e melhoria na

administração de estoque.

Introduziu-se um sistema gestão integrado, desde a demanda de

vendas até a distribuição desta demanda, passando por módulos de compras,

recepção, financeiro, faturamento etc.

A transferência e o gerenciamento eletrônico de informações

proporcionaram uma oportunidade de reduzir os custos logísticos através da

sua melhor coordenação. Além disso, permitiu o aperfeiçoamento do serviço

baseando-se principalmente na melhoria da oferta de informações aos clientes.

Os clientes passaram a ter informações imediatas, sobre status do

pedido, disponibilidade de produtos, programação de entrega e fatura,

tornando o nível de serviço com eficiência total;

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Os sistemas de informações logísticas funcionam como elos que ligam

as atividades logísticas em um processo integrado, combinando hardware e

software para medir, controlar e gerenciar as operações logísticas. Estas

operações tanto ocorrem dentro da empresa de cosméticos, bem como ao

longo de toda sua cadeia de suprimentos.

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CONCLUSÃO

Ao fim deste trabalho e diante do que foi apresentado, chegasse

a conclusão que é importante as empresas repensarem seus paradigmas no

que diz respeito aos seus sistemas logísticos. Trata-se de uma estratégia

fundamental para que alcancem o sucesso diante da competição acirrada

num mercado globalizado como é o de hoje. O modelo de produção, em que

a gestão se baseava no culto da quantidade transformou-se no modelo de

competitividade, no qual a gestão se baseia no culto do serviço ao cliente.

Conclui-se, então que, para uma empresa mensurar o alcance de

objetivos de otimização de estoque valendo-se dos princípios e técnicas de

Supply Chain Management ela deve manter uma gestão de estoque eficaz,

abastecendo-se somente dos materiais que realmente utilizará nos

processos de produção de bens e serviços, reduzindo com isso os estoques

desnecessários e a possível obsolencência de itens em estoque, e uma

estrutura de cadeia de suprimentos intimamente integrada, tanto interna

como externamente, com todos os elementos relacionados e

comprometidos com o objetivo final que é a superação das necessidades

dos clientes e, sobretudo, estar disposta a quebrar paradigmas arraigados

em sua estrutura, como por exemplo a compra de materiais além das

necessidades somente para suprir possíveis imprevistos.

Barreiras a implantação da metodologia SCM e de suas

ferramentas vão existir, pois mudanças são normalmente repelidas pela

tentativa de manutenção do status quo, mas as oportunidades e

possibilidades de novos negócios não devem ser tolidas por conta da não

aceitação de uma política de mudança nos sistemas logísticos de uma

empresa.

Sendo assim, este estudo dá-se por concluído naquilo que

pretendia mostrar, deixando para pesquisas futuras, qualquer

questionamento que seja objetivado pelos dados aqui apresentados.

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BIBLIOGRAFIA

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Acesso em: 18 fev. 2010.

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ANEXO I

INDICADORES LOGÍSTICOS MAIS COMUNS

Figura I — Indicadores logísticos mais comuns Fonte: Keeping Score

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ANEXO 2

INTERNET

http://www.guialog.com.br/Y626.htm

Logística Militar : Berço da Logística Empresarial

Palavras Chave: Logística, Estratégia, Planejamento, Competitividade e Suprimentos.

I�TRODUÇÃO

Observando-se as mudanças que vêm ocorrendo no cenário atual, as empresas precisam, cada vez mais, ambientar-se com as transformações decorridas de grandes forças, como avanços tecnológicos e globalização. Essas grandes forças têm criado novos comportamentos e desafios – o que leva as empresas a repensarem suas filosofias e conceitos. A exigência por uma gestão competente em uma empresa de serviços não é diferente da indústria. Torna-se necessário, para competir no mercado em igualdade com os melhores concorrentes, uma gestão empresarial que se antecipe a prováveis problemas que a empresa, porventura, possa vir a enfrentar. Tal como nas guerras, onde a logística militar precisa dar o suporte adequado para as tropas poderem operar com eficiência e eficácia nos campos de batalha, as empresas necessitam enfrentar os competidores existentes no mercado em que cada organização está inserida – com o mesmo suporte eficiente e eficaz de que as tropas anseiam. Atualmente, são notórias as oscilações que a economia brasileira apresenta, alternando fases de ampliação e recessão – obrigando as empresas a operarem superando vários problemas associados a aumento de produção e preços elevados. Como que em confrontos diários, os gerentes necessitam traçar estratégias adequadas a cada campo de combate, digo, cada mercado em que a empresa atua. Com isto, os administradores desempenham o papel de verdadeiros generais com suas táticas de guerra contra a concorrência. JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

Este artigo propõe-se não a expor um tema inédito, pois logística tem sido amplamente estudado e divulgado, mas, apresentar um assunto relevante e de grande utilidade prática nas organizações atuais – uma vez que o gerenciamento eficaz do sistema logístico proporciona uma redução de custos e maximização de lucros dentro das organizações. Mas, por que é necessário estudar-se com afinco a logística? Quais os conceitos de logística herdados dos militares que podem ser úteis aos gerentes de hoje? De que forma o gerenciamento logístico pode influenciar no objetivo das empresas (obtenção de lucro)? Estas questões serão abordadas no decorrer do presente artigo para poder proporcionar ao leitor, uma visão da logística como um diferencial que as empresas podem explorar e tirar vantagens. Dias (1993, p.11) corrobora esta idéia de que os administradores estão sentindo a necessidade de se ter um conceito claro de logística para poderem obter uma melhor

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compreensão do “fluxo contínuo dos materiais, as relações tempo-estoque na produção e na distribuição e os aspectos relativos ao fluxo de caixa no controle de materiais”. Este artigo, portanto, irá tratar de assuntos relevantes para os administradores atuais – mostrando os conceitos herdados da logística militar e que são úteis dentro do âmbito empresarial. HISTÓRICO DA LOGÍSTICA

A logística tem suas origens nas organizações militares. Semanticamente, a palavra tem suas raízes na França – proveniente do verbo “loger” (alojar). Segundo Souza (2002), “a logística originou-se no século XVIII, no reinado de Luiz XIV, onde existia o posto de Marechal – General de Lógis – responsável pelo suprimento e pelo transporte do material bélico nas batalhas”. O sistema logístico foi desenvolvido com o intuito de abastecer, transportar e alojar tropas – propiciando que os recursos certos estivessem no local certo e na hora certa. Este sistema operacional permitia que as campanhas militares fossem realizadas e contribuía para a vitória das tropas nos combates. Gallo (1998) diz que: O primeiro general a utilizar esse termo, foi o general Von Claussen de Frederico da Prússia, e foi desenvolvido mais adiante pela Inteligência Americana – CIA, juntamente com os professores de Harvard, para a Segunda Guerra Mundial. Logo depois, em meados de 1950, a logística, surge como matéria na Universidade de Harvard, nas cadeiras de Engenharia e Administração de Empresas. A partir do momento em que os militares começaram a perceber o poder estratégico que o sistema logístico possuía, deu-se mais atenção ao serviço de apoio que as equipes prestavam no sentido de deslocamento de munição, víveres, socorro médico nas batalhas etc. Conseqüentemente, despertou-se o interesse em estudos nesta área – que foi evoluindo após os resultados observados na Segunda Guerra Mundial em relação ao sistema logístico utilizados pelos militares. Nascimento (2001) fala que a educação formal em logística nasceu da necessidade de administrar as diferenças espaciais entre produção e consumo. O economista relata que “em 1901 foi publicado o primeiro texto sobre custos de distribuição de produtos agrícolas, pois, nos USA, as áreas de produção se tornaram mais distantes dos grandes mercados de consumo”. O economista diz, ainda, que: “Em 1960 a Michigan State University, desenvolveu e iniciou os primeiros cursos formais para treinamento de logisticians práticos e acadêmicos”. A partir daí, houve uma união entre acadêmicos e militares para utilizarem os conceitos da logística militar nas atividades do cotidiano. Segundo o Centro de Comunicação Social do Exército Brasileiro, as primeiras atividades logísticas desenvolvidas pelos militares brasileiros remontam a época imperial. Em 1821, durante a regência de D. Pedro I, foram efetuadas as primeiras incumbências referentes ao rancho da tropa, ao fardamento, ao equipamento, ao material de acampamento, ao arreamento e aos utensílios usados no Exército. Nas Forças Armadas do Brasil, a logística é parte integrante do Serviço de Intendência – criado em 1920 com a vinda da Missão Militar Francesa. As atividades

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logísticas desenvolvidas nas organizações militares do Brasil trabalham, tal qual nas empresas, no sentido de desenvolver um planejamento eficaz e o provimento adequado, nos locais especificados e nas devidas quantidades. Já no meio empresarial, Martins e Alt (2003, p. 251) relatam que: “No Brasil, a logística apareceu nos anos 1970, por meio de um de seus aspectos: a distribuição física, tanto interna quanto externa[...]”. Ao perceberem que, em um país de dimensões continentais como o Brasil as empresas deveriam ter um gerenciamento logístico eficaz, os empresários atentaram definitivamente para a logística como um elemento que poder gerar vantagem em relação à concorrência.

A HERA�ÇA MILITAR

Após a Segunda Guerra Mundial, observou-se um grande avanço nas questões ligadas a logística. Mendes (2000, p. 15-16) diz que algumas condições econômicas e tecnológicas contribuíram também para o desenvolvimento da logística, como: “Alterações nos padrões e atitudes da demanda dos consumidores, [...] pressão por custo, [...] avanços na tecnologia de computadores, [...] experiência militar”.

A logística, através do Serviço de Intendência, evoluiu muito dentro das Forças Armadas. Hoje, este setor deixou de ser apenas um serviço de apoio ao combate, mas sim, um elemento de suma importância que pode definir o curso de uma guerra. Em um recente conflito da era Contemporânea, a Guerra do Golfo, pôde-se observar que o papel da logística foi preponderante para a vitória das forças americanas – prevendo e provendo os recursos de maneira eficaz e na hora certa.

O Centro de Comunicação Social do Exército Brasileiro divulga que o Serviço de Intendência, atualmente, é responsável pela distribuição de fardamentos, equipamentos etc., além dos variados tipos de munição e gêneros alimentícios. Dentro das organizações militares, este setor é incumbido de outras missões, como transporte de pessoal e suprimentos; serviço de banho e lavanderia; suprimentos reembolsáveis etc. Além disso, os intendentes prestam o serviço de assessoramento aos comandantes de Unidades Militares na parte de administração financeira, controle interno, contabilidade e informática.

Mendes (2000, p. 15) afirma que: Muitos conceitos logísticos utilizados atualmente são provenientes da logística militar da Segunda Guerra Mundial, infelizmente, somente depois de muito tempo é que esse exemplo militar conseguiu influenciar as atividades logísticas das empresas comerciais.

No cenário atual, diante de dos avanços tecnológicos e da globalização, as empresas também precisam vencer “batalhas” diárias – onde todos os elementos da sociedade estão direta ou indiretamente envolvidos. É necessário, que cada vez mais, os gerentes estejam atualizados nas mudanças constantes (e ás vezes quase instantâneas) que ocorrem no mercado. Para isto, é preciso usar a logística como um diferencial competitivo – delineando objetivos e estratégias na “guerra” da competitividade travada entre as empresas. Novaes (2003) fala que durante muito tempo nas empresas, tal como no meio militar,

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as atividades relacionadas à logística eram tidas como um serviço meramente de apoio e que não agregavam valor ao produto. O sistema logístico era visto como um gerador de custos e sem nenhuma influência no planejamento estratégico organizacional. Sabe-se que hoje, a elaboração de um sistema logístico deve ser feito de forma cuidadosa – uma vez que a logística influi muito na geração dos negócios de uma organização. Foi recentemente que se atribuiu o grau de relevância adequado que o assunto merecia.

Os autores Martins e Alt (2003, p. 251) expõem que: Até poucos anos atrás, o termo logística continuava associado a transportes, depósitos regionais e atividades ligadas a vendas. [...] Hoje as empresas brasileiras já se deram conta do imenso potencial implícito nas atividades integradas de um sistema logístico [...]

Com o passar do tempo, em função da grande preocupação das empresas com a redução de estoques e com a busca da satisfação plena do cliente, a Logística Empresarial evoluiu muito. Novaes (2003) fala que a Logística passou a agregar valor de lugar, de tempo, de qualidade e de informação à cadeia produtiva. Além disso, a Logística moderna procura eliminar do processo tudo que não tenha valor para o cliente, ou seja, tudo que acarrete somente custos e perda te tempo.

As organizações comerciais e industriais brasileiras começaram a mudar suas visões em relação aos clientes. Anteriormente, as empresas apenas ofereciam seus serviços e produtos e não se preocupavam com a satisfação do cliente. Souza (2002) diz que: Essa mudança de visão fez com que as empresas procurassem não mais possuir depósitos descentralizados, mas sim centralizados e com maior poder de agilidade na distribuição, provocando uma redução nos estoques, um melhor nível de serviço e uma administração reduzida na loja. A partir desse ponto de vista, o ritmo de mudança acelerou e o gerenciamento da cadeia de suprimento tornou-se importante.

Apesar de as empresas demorarem a perceber o papel da logística como um diferencial competitivo – na logística militar, o diferencial da guerra – a expansão do mercado, a variabilidade de produtos e os diversos meios de telecomunicações fizeram com que as empresas atuais atentassem para um gerenciamento eficaz do processo logístico.

A partir do momento em que os administradores tomaram consciência do grau de relevância ocupada pelas atividades logísticas nas empresas, os estudos direcionados à logística empresarial passaram a ser mais afincos. Com isto, vários conceitos e definições emergiram. Ballou (1993, p.17) mostra uma definição para logística empresarial: A logística empresarial estuda como a administração pode prover melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e consumidores, através de planejamento, organização e controle efetivos para as atividades de movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo de produtos.

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Martins e Alt (2003, p. 252) dizem que “A logística é responsável pelo planejamento, operação e controle de todo fluxo de mercadorias e informação, desde a fonte fornecedora até o consumidor [...]”.

Novaes (2003) fala que a Logística moderna procura coligar todos os elementos do processo – prazos, integração de setores da empresa e formação de parcerias com fornecedores e clientes – para satisfazer as necessidades e preferências dos consumidores finais.

CO�CLUSÃO

Pode-se observar que a concepção logística dentro das empresas foi evoluindo consideravelmente no que tange a parte de fluxo de produtos e serviços.

A partir do momento em que os gerentes passaram a utilizar os ensinamentos que o militares deixaram – principalmente após a Segunda Guerra Mundial – nas empresas, controlando e coordenando de forma coletiva todas as atividades logísticas, houve um salto muito grande de qualidade na prestação de serviço e no atendimento aos clientes.

Hoje em dia, os administradores deparam-se com inúmeras decisões referentes às atividades logísticas devido ao crescimento do mercado, alargamento das linhas de produtos e dos vários meios de comunicações existentes. Com isto, deve-se analisar severamente todas as variáveis que circundam o sistema logístico, a fim de obter a otimização das operações envolvidas no processo.

O tema logística estará sempre sob objeto de interesse dos empresários. A redução dos custos logísticos aliados ao aumento de produtividade neste setor nunca deixará de ser perseguido pelos gestores. Diante do mercado globalizado em que vivemos e com constantes mudanças, qualquer alteração pode provocar incertezas para o planejamento e operação das atividades logísticas. Isto exigirá habilidade e constante atualização por parte da administração das empresas. julho/2005 Betovem Dias, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS.

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Fevereiro/2010

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - Logística: Origens e Evolução 10

1.1– A Logística e suas origens 1.2 – A Logística no Brasil 1.3 – O Conceito de Logística 1.4 – Logística Integrada – A evolução do conceito

de logística CAPÍTULO II - A Cadeia de suprimentos em

uma fábrica de cosméticos 18 2.1 Cadeia de suprimentos integrada dentro da fábrica de cosméticos 18 2.2 - Fatores que impulsionaram mudança na cadeia de suprimentos da fábrica de cosméticos 20 CAPÍTULO III – Principais mudanças no processo

logístico da fábrica de cosméticos 21

3.1 - Otimização da produção 22 3.2 - Otimização da área de estocagem 22 3.3 - Investimento na tecnologia da informação 23 CONCLUSÃO 24

BIBLIOGRAFIA 25

ANEXOS 27

ÍNDICE 33

FOLHA DE AVALIAÇÃO 34

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Título da Monografia: REESTRUTURAÇÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS

EM UMA FÁBRICA DE COSMÉTICOS

Autor: ELISABETE CHERES RIBEIRO D’AVILLA

Data da entrega: 26-02-2010

Avaliado por: Conceito: