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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL Por: FÁTIMA CRISTINA TAVARES BELEM Orientador Prof. Carlos Afonso Leite Leocádio RIO DE JANEIRO 2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …e especificado, a presente monografia dedica-se, especificamente, às questões relativas ao direito do trabalho brasileiro

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL

Por: FÁTIMA CRISTINA TAVARES BELEM

Orientador Prof. Carlos Afonso Leite Leocádio

RIO DE JANEIRO 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes, como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Por: Fátima Cristina Tavares Belém.

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RESUMO

A abolição da escravatura se deu no país com o advento da Lei Áurea, a qual conferiu a todas as pessoas escravizadas a sua tão sonhada liberdade. Entretanto, apesar disto ter ocorrido há mais cem anos, o uso do trabalho escravo ainda permanece: é o denominado trabalho escravo contemporâneo. As poucas oportunidades existentes são os caminhos perfeitos encontrados pelos donos de fazendas para o aliciamento daqueles que buscam melhorar as condições de vida de sua família e a sua própria. Diante desta crescente realidade em nosso país, o Governo, sociedades civis, e organizações não governamentais têm tomado medidas para tentar reprimir ao máximo essa calamidade social que insiste em permanecer.

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METODOLOGIA

O estudo que ora se apresenta foi levado a efeito a partir do método

da pesquisa bibliográfica, em que se buscou o conhecimento em diversos tipos

de publicações, como livros e artigos em jornais, revistas e outros periódicos

especializados, além de publicações oficiais da legislação e da jurisprudência,

bem como diversos arquivos dispostos na internet e CD-ROM.

Por outro lado, a pesquisa que resultou nesta monografia também foi

empreendida através do método dogmático, porque teve como marco

referencial e fundamento exclusivo a dogmática desenvolvida pelos estudiosos

que já se debruçaram sobre o tema anteriormente, e positivista, porque buscou

apenas identificar a realidade social em estudo e o tratamento jurídico a ela

conferido, sob o ponto de vista específico do direito positivo brasileiro.

Adicionalmente, o estudo que resultou neste trabalho identifica-se,

também, com o método da pesquisa aplicada, por pretender produzir

conhecimento para aplicação prática, assim como com o método da pesquisa

qualitativa, porque procurou entender a realidade a partir da interpretação e

qualificação dos fenômenos estudados; identifica-se, ainda, com a pesquisa

exploratória, porque buscou proporcionar maior conhecimento sobre a questão

proposta, além da pesquisa descritiva, porque visou à obtenção de um

resultado puramente descritivo, sem a pretensão de uma análise crítica do

tema.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.........................................................................................7

CAPÍTULO I

O QUE É TRABALHO ESCRAVO E QUAIS SÃO AS SUAS

MODALIDADES?....................................................................................11

1.1 – O QUE É TRABALHO ESCRAVO?..................................................11

1.2 – CONCEITUAÇÃO JURÍDICA – DIFICULDADES..................................13

1.3 – MODALIDADES..............................................................................15

CAPÍTULO II

COMO ALGUÉM SE TORNA ESCRAVO? ................................................16

2.1 – DE QUE MANEIRA UMA PESSOA LIVRE SE TORNA ESCRAVA?.....16

2.2- DE QUE MANEIRA UMA PESSOA ESCRAVIZADA SE TORNA

LIVRE?...................................................................................................18

CAPÍTULO III

QUAIS SÃO AS MEDIDAS DE COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO?.....21

CAPÍTULO IV

QUAIS SÃO AS LEGISLAÇÕES UTILIZADAS PARA A VEDAÇÃO DO

TRABALHO ESCRAVO?.........................................................................26

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CAPÍTULO V

COMO A JUSTIÇA DO TRABALHO JULGA OS CASOS DE ESCRAVIDÃO

NO PAÍS?...............................................................................................34

5.1 – INTRODUÇÃO.................................................................................34

5.2 – COMPETÊNCIA: FEDERAL OU ESTADUAL?...................................34

5.3 – JUSTIÇA DO TRABALHO................................................................36

5.4 – AÇÃO CIVIL PÚBLICA.....................................................................36

5.5 – DECISÕES DOS TRIBUNAIS...........................................................38

CONCLUSÃO..........................................................................................39

BIBLIOGRAFIA......................................................................................,41

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho é um estudo sobre o trabalho escravo no Brasil.

Nesse contexto, o trabalho mostra: o que é o trabalho escravo e as suas

modalidades; como alguém se torna escravo; quais são as medidas de

combate ao trabalho escravo; e, quais são as legislações utilizadas para a

vedação do trabalho escravo.

Adicionalmente, o presente estudo apresenta como a Justiça do

Trabalho tem julgado os casos de escravidão no país. Decisões dos Tribunais

Regionais do Trabalho foram reunidas e destacadas, nesta pesquisa, com o

intuito de facilitar a compreensão do texto.

O estudo do tema e das questões analisadas em torno do mesmo

justifica-se pelo fato de sua grande importância no meio jurídico e social, já que

visa demonstrar a quebra dos direitos mínimos trabalhistas das pessoas

escravizadas, a busca de soluções para o combate desse crime, bem como a

atuação do Judiciário trabalhista frente a esta questão.

A pesquisa que precedeu esta monografia teve como ponto de partida o

pressuposto de que o estudo deste tema possui grande importância no meio

jurídico e social, já que visa demonstrar a quebra dos direitos mínimos

trabalhistas das pessoas escravizadas, a busca de soluções para o combate

desse crime, bem como a atuação do Judiciário Trabalhista frente a esta

questão.

Visando um trabalho objetivo, cujo objeto de estudo seja bem delineado

e especificado, a presente monografia dedica-se, especificamente, às questões

relativas ao direito do trabalho brasileiro e da Justiça do Trabalho brasileira.

Este estudo pretende se dedicar, ainda, ao estudo histórico no tocante ao

trabalho escravo, desde os seus primeiros registros até os dias de hoje. As

regiões norte, nordeste e centro-oeste do país terão maior enfoque, já que os

índices de trabalho escravo se fazem mais presentes nestes locais.

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Este trabalho dá início às suas pesquisas discorrendo sobre o que venha

ser o trabalho escravo, de forma breve, passa pela parte histórica até os dias

atuais. Expõe comentários sobre as dificuldades existentes sobre qual seria a

maneira mais acertada de se conceituar juridicamente o trabalho escravo. Fala

sobre a nomenclatura trabalho escravo contemporâneo e, apresenta algumas

modalidades de trabalho escravo. Não se pretende, evidentemente, esgotar

todas as formas de trabalho escravo, e, por isso, fala-se das principais.

O capítulo seguinte reúne informações, retiradas da rede mundial de

computadores (internet), de como uma pessoa, em pleno gozo de sua

liberdade, transforma-se em uma pessoa escravizada. E, o contrário também

se comenta, ou seja, como a pessoa que se encontra em condições análogas à

de escravo se torna livre novamente.

No terceiro capítulo, falamos sobre as medidas de combate ao trabalho

escravo, que aponta necessidades a serem supridas, não apenas pelo estado,

mas como também pela sociedade civil, e os demais órgãos não

governamentais. A união de todos, com certeza, facilitará a solução do

problema. Contudo, enquanto isso não ocorre, de maneira intensiva, foi criado

um cadastro especial público das empresas que possuíam escravos em suas

propriedades. Tal cadastro, denominado lista suja, impossibilita o acesso a

diversos benefícios conferidos pelo Governo.

No quarto capítulo, elencamos várias legislações utilizadas para a

vedação do trabalho escravo, tanto nacionais, como internacionais.

Finalmente, no último capítulo, exprimimos como a Justiça do Trabalho

julga os casos de escravidão no país. Necessário se fez comentar sobre a

questão, ainda não decidida, sobre quem é o órgão judiciário competente para

julgar os casos relativos a trabalho escravo. A questão está em suspenso e

ainda não se tem previsão de data para o julgamento em Plenário. A Justiça do

Trabalho, por sua vez, diz-se competente para tal, já tendo julgando diversas

causas, em especial, ações civis públicas, promovidas pelo Ministério Público

do Trabalho.

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CAPÍTULO I

O QUE É TRABALHO ESCRAVO E QUAIS SÃO AS

SUAS MODALIDADES.

1. O que é trabalho escravo?

Segundo definição estampada no dicionário Aurélio, escravo é

aquele que está sujeito a um senhor, como propriedade dele1.

A proposição trabalho escravo nos remete a conjecturar sobre as

cenas de pura crueldade que os negros da África sofreram na época anterior à

abolição da escravatura em 1888. O padecimento a que eram submetidas

todas aquelas pessoas, retiradas violentamente de suas famílias, enviadas

para terras longínquas, obrigadas a trabalhar até a exaustão, com o único

intuito de satisfazer o desejo de lucro de seus senhores, é algo, todavia,

impossível de se imaginar nos dias de hoje.

A abolição da escravatura no país se deu com a Lei Áurea, a qual

devolveu a todos os trabalhadores a liberdade. Mas, podemos verificar,

entretanto, através de reportagens nos mais diversos veículos de comunicação

que a lei mencionada acima não tem sido observada por inteiro, já que muitos

trabalhadores são seduzidos em lugares distantes daqueles onde vão

realmente trabalhar, acreditam que terão carteira assinada, local para morar,

alimentação, e etc., ou seja, dignas condições de trabalho.

Na realidade, esses trabalhadores são obrigados a realizar um

trabalho forçado e degradante, e lá se veem diante de doenças e maus tratos.

_________ 1 Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, p.800.

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Com relação ao pagamento, este permanece retido pelo patrão

como forma de ressarcimento por todos os gastos que ele obteve. Isso engloba

desde o transporte até o local do trabalho, a alimentação, as ferramentas, e

tudo mais que está em desacordo com a legislação. Como ilustração, abaixo,

mostramos um quadro comparativo entre a nova e antiga escravidão, retirado

do site Repórter Brasil – Agência de Notícia2.

Brasil Antiga escravidão Nova escravidão Propriedade legal Permitida Proibida

Custo de aquisição de mão-de-obra

Alto. A riqueza de uma pessoa podia ser medida

pela quantidade de escravos

Muito baixo. Não há compra e, muitas vezes,

se gasta apenas o transporte

Lucros Baixos. Havia custos com a manutenção dos

escravos

Altos. Se alguém fica doente pode ser mandado embora, sem nenhum

direito Mão-de-obra Escassa. Dependia de

tráfico negreiro, prisão de índios ou reprodução. bales afirma que, em 1850, um escravo era

vendido por uma quantia equivalente a R$ 120 mil

Descartável. Um grande contingente de trabalhadores

desempregados. um homem foi levado por um gato por R$ 150,00 em eldorado dos Carajás, sul

do Pará Relacionamento Longo período. a vida

inteira do escravo e até de seus descendentes

Curto período. Terminado o serviço, não é mais necessário prover o

sustento Diferenças étnicas Relevantes para a

escravização Pouco relevantes.

Qualquer pessoa pobre e miserável são os que se

tornam escravos, independente da cor da

pele

Manutenção da ordem

Ameaças, violência psicológica, coerção física, punições exemplares e até assassinatos

Ameaças, violência psicológica, coerção física, punições exemplares e até assassinatos

_________ 2 BRASIL. Comparação entre a nova escravidão e o antigo sistema. Disponível em <http://www.reporterbrasil.org.br/conteudo.php?id=7>. Acesso em: 18 de dezembro de 2010.

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1.2. Conceituação Jurídica – Dificuldades.

É debatido na doutrina se o termo trabalho escravo é a forma mais

acertada de configurar esse fenômeno que macula a imagem do nosso Brasil.

Inúmeras nomenclaturas são usadas para qualificar o trabalho escravo como

falta de liberdade. A realidade é que, seja trabalho forçado, escravo, ou

qualquer outra denominação, ele existe e é muito comum, principalmente em

áreas rurais, o que dificulta ainda mais a fiscalização e a atuação do Ministério

Público do Trabalho.

A Convenção 29 da Organização Internacional do Trabalho

conceitua trabalho escravo da seguinte maneira: “Trabalho forçado ou

obrigatório como sendo todo trabalho ou serviço exigido de uma pessoa sob a

ameaça de sanção e para o qual não se tenha oferecido espontaneamente.”3

Por sua vez, a Convenção 105, da mesma Organização, lida com a

questão da abolição do trabalho forçado. 4

A OIT utiliza como conceito de trabalho escravo o seguinte: “toda a

forma de trabalho escravo é trabalho degradante, mas o recíproco nem sempre

é verdadeiro. O que diferencia um conceito do outro é a liberdade.”5

A chamada escravidão contemporânea é aquela em que o trabalho

degradante engloba a privação da liberdade do trabalhador. Neste momento, a

sua cor de pele não tem qualquer importância. As pessoas escravizadas são,

em geral, muito pobres, não importando no que creem ou sua etnia. Por este

motivo é que há debate na doutrina se o termo trabalho escravo é o mais

correto, já que a escravidão ocorrida no passado é diversa da atual.

____________ 3 Artigo segundo da Convenção (29) sobre o Trabalho Forçado ou Obrigatório.1º de maio de 1932. Disponível em <http://www.oit.org.br/info/download/conv_29.pdf>. Acesso em: 15 de janeiro de 2011. 4 Artigo primeiro da Convenção (105) relativa a Abolição do Trabalho Forçado. 17 de janeiro de 1959. Disponível em <http://www.oit.org.br/info/download/conv_105.pdf>. Acesso em: 15 de janeiro de 2011. 5 RIBEIRO, Antonio Carlos Evangelista. O Trabalho Escravo. Disponível em <http://www.portalbrasil.net/2006/colunas/administracao/junho_16.htm>. Acesso em 20 janeiro de 2011.

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Mas, em ambas as escravidões, atual e antigamente, são mantidas

e permanecem as ordens através de ameaças, punições físicas e psicológicas,

e muitas vezes, assassinatos. Existem situações, ainda hoje, que impedem o

trabalhador escravo de se desvincular de seu patrão.

A escravidão antiga é diferente da dos dias atuais, isto é, da

escravidão contemporânea, mas permanece a retirada da liberdade e da

dignidade humana. No passado, era normal e permitido alguém ter outrem

como seu escravo, mas hoje, essa ideia de propriedade ultrapassa todas as

barreiras do possível, tanto legal quanto legitimamente.

Podemos verificar que, na antiguidade, a escravidão era um tipo de

investimento muito caro e poucas pessoas tinham condições de possuir um

escravo. Cumpre asseverar que a não liberdade do considerado escravo

moderno não se configura de maneira clara conforme o sistema de escravidão

do antigo Brasil, no século XIX. Nos dias de hoje, não há quase gasto nenhum,

pois sempre há donos de terras que pagam pelo deslocamento, e, ressarcem-

se fazendo com que os atuais escravos contraiam dívidas em seus

estabelecimentos, gerando um círculo vicioso e muito lucrativo.

Apesar das divergências existentes na doutrina, o termo trabalho

escravo vem se consolidando no nosso país, consoante com a expressão

disposta no lançamento no ano de 2003 do Plano Nacional de Erradicação do

Trabalho Escravo6 , onde não foram salientadas referências à escravidão que

fora abolida, e sim os diversos tipos de abusos existentes. No ano de 2005, a

Organização Internacional do Trabalho, em um relatório, reconheceu que o

nosso país encara os episódios de trabalhos forçados nas convenções

internacionais como trabalho escravo7. Diante de tudo o que foi dito acima,

___________ 6 BRASIL. Comissão Nacional dos Direitos da Pessoa. Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo. Disponível em <http://www.mte.gov.br/trab_escravo/default.asp>. Acesso em 23 de fevereiro de 2011. 7 BRASIL. Organização Internacional do Trabalho. Uma Aliança Global contra o Trabalho Escravo. Brasília: OIT, 2005. Disponível em <http://www.oitbrasil.org.br/trabalho_forcado/oit/relatorio/relatorio_global2005.pdf>. Acesso em 01 de fevereiro de 2011.

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ao nos referirmos ao trabalho escravo no Brasil atual, estamos nos reportando

à exploração de um indivíduo que está sendo coagido a desempenhar serviços

de quaisquer tipos e em condições degradantes, sem a possibilidade de

melhoria econômica ou social. Conforme nos menciona Rodrigo Garcia

Schwarz, “A escravidão contemporânea configura-se, portanto, em situações

em que o trabalhador é reduzido, de fato, a condição análoga à de escravo,

sendo-lhe suprimido o seu status libertatis”8. Identifica-se, portanto, na

mitigação da liberdade do indivíduo, que tem que se submeter ao poder

arbitrário de outrem, passando a exercer sobre aquela pessoa, de maneira

totalmente ilegal, poderes idênticos ao direito de propriedade9.

1.3 – Modalidades

Existem várias modalidades de trabalho escravo10 pelo mundo e em

nosso Brasil, e podemos mencionar como exemplos: o trabalho escravo infantil,

o trabalho escravo rural, o trabalho escravo de mulheres e meninas com fins

sexuais, e ainda, também, para trabalhos domésticos, entre outros.

Todos os tipos de trabalhos declarados como forçados possuem

dois pontos relevantes em comum, que são o uso da força - ou coação -e a

privação da liberdade. No nosso país, como já dito anteriormente, o trabalho

escravo é a somatória da ausência da liberdade com a superexploração do

serviço. O trabalhador fica vinculado a uma dívida, tem todos os seus

documentos e pertences contidos pelos patrões, é encaminhado para um lugar

que pela sua geografia acaba dificultando a sua volta para sua casa e família

ou ainda, é proibido sair da localidade por “capangas” que sempre estão

armados.

____________ 8 NETO, Vito Palo. Conceito Jurídico e Combate ao Trabalho Escravo Contemporâneo. 1 Ed. São Paulo: LTr, 2008. p.74. 9 SCHWARZ, Rodrigo Garcia. Trabalho Escravo – A Abolição Necessária. 1 Ed. São Paulo: LTr, 2008. p.118. 10BRASIL, Repórter. O Trabalho Escravo e a Legislação Brasileira. Disponível em <http://www.reporterbrasil.org.br/conteudo.php?id=55>. Acesso em 02 de fevereiro de 2011.

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CAPÍTULO II

COMO ALGUÉM SE TORNA ESCRAVO?

2.1. DE QUE MANEIRA UMA PESSOA LIVRE SE TORNA

ESCRAVA?

Os direitos trabalhistas corriqueiramente são desprezados,

principalmente por aqueles que povoam o meio rural, as fronteiras agrícolas.

Nestas localidades, existem alojamentos em precárias condições, alimentação

insuficiente, demora ou mesmo o não pagamento pelos serviços prestados, e

até o impedimento de sair do lugar, a ausência de própria liberdade, com os

trabalhadores, a todo o momento, sendo ameaçados de morte.

Essas pessoas, que sofrem com a falta de oportunidade na vida,

acabam sendo ludibriadas em seus territórios de origem, sob as falsas

promessas de um bom trabalho, excelentes salários, ótimas acomodações,

alimentação farta, e por aí vai. Entretanto, o que se percebe é uma realidade

completamente diversa da que foi apresentada inicialmente. Ameaças,

violência, dívidas, assassinatos, e a mais pura impunidade existente.

Diante destas situações corriqueiras em nossa sociedade, várias

organizações não governamentais desenvolvem um excelente trabalho de luta

contra o trabalho escravo. Esse trabalho visa alcançar uma melhor

compreensão doutrinária e prática do que venha ser efetivamente o combate

contra o trabalho escravo.

Uma Organização não governamental que vem desempenhando

este papel é a denominada Organização Não Governamental Repórter Brasil11,

__________ 11 BRASIL. ONG Repórter. Disponível em <http://www.reporterbrasil.org.br>.Acesso em 15 de dezembro de 2010.

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a qual vem atacando de maneira contundente os casos de escravidão,

adicionando a esta luta as possíveis formas de se identificar e exterminar com

esse mal contemporâneo.

Com relação a tudo dito anteriormente, foram desenvolvidos e

minuciosamente apontados o passo a passo que acabam transformando um

homem que está livre em um escravo. Esses passos foram retirados do site

ONG Repórter Brasil:

1) Ao ouvir rumores de que existe serviço farto em fazendas, mesmo em terras distantes, o trabalhador ruma para esses locais. O Tocantins e a região Nordeste, tendo à frente os Estados do Maranhão e Piauí, são grandes fornecedores de mão-de-obra.

2) Alguns vão espontaneamente. Outros são aliciados por "gatos" (contratadores de mão-de-obra a serviço do fazendeiro). Estes, muitas vezes, vêm buscá-los de ônibus, de caminhão - o velho pau-de-arara - ou, para fugir da fiscalização da Polícia Rodoviária Federal, pagam passagens para os trabalhadores em ônibus ou trens de linha.

3) O destino principal é a região de expansão agrícola, onde a floresta amazônica tomba diariamente para dar lugar a pastos e plantações. Os estados do Pará e Mato Grosso são os campeões em resgates de trabalhadores pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

4) Há os "peões do trecho" que deixaram sua terra um dia e, sem residência fixa, vão de trecho em trecho, de um canto a outro em busca de trabalho. Nos chamados "hotéis peoneiros", onde se hospedam à espera de serviço, são encontrados pelos gatos, que "compram" suas dívidas e os levam às fazendas. A partir daí, os peões tornam-se seus devedores e devem trabalhar para abater o saldo. Alguns seguem contrariados, por estarem sendo negociados. Mas há os que vão felizes, pois acreditam ter conseguido um emprego que possibilitará honrar seus compromissos e ganhar dinheiro.

5) Já na chegada, o peão vê que a realidade é bem diferente. A dívida que tem por conta do transporte aumentará em um ritmo crescente, uma vez que o material de trabalho pessoal, como botas, é comprado na cantina do próprio gato, do dono da fazenda ou de alguém indicado por eles. Os gastos com refeições, remédios, pilhas ou cigarros vão sendo anotados em um "caderninho", e o que é cobrado por um produto dificilmente será o seu preço real. Um par de chinelos pode custar o triplo.

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Além disso, é costume do gato não informar o montante, só anotar. Uma foice, que é um instrumento de trabalho e, portanto, deveria ser fornecido gratuitamente pelo empregador, já foi comprada por um peão por R$ 12,00 do gato. O equipamento mínimo de segurança também não costuma existir.

6) Após meses de serviço, o trabalhador não vê nada de dinheiro. Sob a promessa de que vai receber tudo no final, ele continua a derrubar a mata, aplicar veneno, erguer cercas, catar raízes e outras atividades agropecuárias, sempre em situações degradantes e insalubres. Cobra-se pelo uso de alojamentos sem condições de higiene.

7) No dia do pagamento, a dívida do trabalhador é maior do que o total que ele teria a receber. O acordo verbal com o gato também costuma ser quebrado, e o peão ganha um valor bem menor que o combinado inicialmente. Ao final, quem trabalhou meses sem receber nada acaba devedor do gato e do dono da fazenda e tem de continuar a suar para quitar a dívida. Ameaças psicológicas, força física e armas também podem ser usadas para mantê-lo no serviço.12

2.2 – DE QUE MANEIRA UMA PESSOA ESCRAVIZADA DE

TORNA LIVRE?

A libertação das pessoas que estão escravizadas se dá através de

vistorias inesperadas realizadas pelos Grupos Móveis do Ministério do

Trabalho e Emprego. Sendo confirmado que há escravo no local, este grupo

faz a aplicação de multas, e a consequente libertação destas pessoas.

O maior índice de mão de obra escrava, após estudos realizados

pela Organização Internacional do Trabalho, encontra-se nos Estados do Pará

e do Mato Grosso.

Até a data de 18 de agosto de 2010, conforme Relatórios

Específicos de Fiscalização Para Erradicação do Trabalho Escravo, foram

contabilizados sessenta e sete operações, cento e trinta e oito

estabelecimentos inspecionados, mil trezentos e dezoito trabalhadores

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resgatados, três milhões trezentos e setenta e três mil e cento e vinte e dois

reais e sessenta e quatro centavos em pagamentos com indenizações, e por

fim, mil seiscentos e noventa e dois autos e infração lavrados13.

De extrema importância, aqui, neste momento, mencionar a

dinâmica de uma ação fiscalizadora e de seus integrantes. Abaixo, seguem oito

pontos desta empreitada, retirados do site Repórter Brasil14 :

1) Escravos que conseguem fugir das fazendas - muitas vezes andando dias até chegar em alguma cidade - ou que são liberados após o fim do serviço denunciam os maus-tratos. A Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Polícia Federal, Sindicatos, Cooperativas de Trabalhadores, entre outros, recebem as denúncias e as encaminham ao Ministério do Trabalho e Emprego, em Brasília, e às Delegacias Regionais do Trabalho. Muitos trabalhadores têm medo de prestar queixa à polícia e às autoridades locais, pois há pessoas ligadas com os fazendeiros.

2) A Secretaria de Inspeção do Trabalho recebe e faz uma triagem dos casos. Um Grupo Móvel de Fiscalização é acionado e se dirige à região para averiguar as condições a que estão expostos trabalhadores. Quando encontram irregularidades, como superexploração, trabalho escravo ou infantil, aplicam autos de infração que geram multas, além de garantir que os direitos sejam pagos aos empregados. Funcionários do MTE de diversos estados integram esses grupos, que possuem especialistas em áreas como saúde e assistência jurídica. Também participam da ação procuradores do Ministério Público do Trabalho, do Ministério Público Federal e policiais federais.

3) O grupo se encontra com o trabalhador ou a entidade que fez a denúncia e planeja a ação, que tem de ser realizada em total sigilo. A rede de informações de fazendeiros é extensa e, quando há rumores da presença de um grupo móvel na região, eles escondem os peões.

4) A fazenda é visitada por vários dias até que todos os locais de trabalho sejam vistoriados. Constatadas irregularidades, o dono da fazenda é obrigado a pagar todos os direitos trabalhistas aos peões no ato. Por exemplo, em maio de 2003, em uma fazenda no município de Marabá, Olavo recebeu R$ 40 mil, descontados os impostos, pelos seus 19 anos como carpinteiro da fazenda sem direito nenhum e com a audição comprometida por causa do serviço. Aos 64 anos, já tinha

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passado da idade de se aposentar, mas tinha medo de parar de trabalhar por não ter a carteira de trabalho assinada.

5) O proprietário rural é obrigado a garantir transporte aos trabalhadores para fora da fazenda e hospedagem em local decente, caso o pagamento leve mais que um dia. O grupo móvel só vai embora depois que todos forem pagos e os autos de infração forem lavrados. O responsável pela fazenda ainda responderá a processo na Justiça. Uma ação de fiscalização completa pode levar mais de duas semanas, dependendo da gravidade da situação.

6) Se a situação encontrada for muito grave, o proprietário se negar a realizar o pagamento ou criar problemas ao trabalho do grupo móvel, o Ministério Público do Trabalho pode acionar a Justiça do Trabalho e a Procuradoria da República pedindo o congelamento das contas bancárias dos sócios no empreendimento e a prisão dos envolvidos.

7) A maior parte dos trabalhadores volta para sua casa e sua família. Pelo menos, até o dinheiro dos direitos pagos acabar. E a seca, o desemprego, a falta de terra e de crédito agrícola apertarem novamente. Outros, principalmente os "peões do trecho", continuam na região de fronteira agrícola, com a esperança de conseguir um serviço que pague bem e um patrão que os trate com dignidade. Apesar de ser uma minoria de fazendeiros que utilizam escravos, não é raro os trabalhadores serem enganados novamente. Há registros de peões libertados em quatro ocasiões distintas pelo grupo móvel de fiscalização.

_____________

12BRASIL, Repórter. Como uma pessoa livre se torna escrava. Disponível em <http://www.reporterbrasil.com.br/conteudo.php?id=5>. Acesso em 16 de dezembro de 2010.

13Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo – DETRAE. Disponível em <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812B2F46A8012B300691AF227A/F1E45CFEd01.pdf>. Acesso em 07 de janeiro de 2011.

14BRASIL, Repórter. Como uma Pessoa Escrava se Torna Livre. Disponível em <http://www.reporterbrasil.org.br/conteudo.php?id=6>. Acesso em 16 de dezembro de 2010.

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CAPÍTULO III

QUAIS SÃO AS MEDIDAS DE COMBATE AO

TRABALHO ESCRAVO?

Para que a escravidão seja exterminada de uma vez por todas, uma

ação conjunta da sociedade e dos poderes públicos faz-se necessária. Desta

forma, é preciso um projeto totalmente popular e coletivo, que leve em

consideração não apenas as iniciativas de repressão à escravização encarada

como ilícito trabalhista ou penal. São imprescindíveis, também, medidas que

possibilitem o retorno dessas pessoas, que foram libertadas, à sociedade, e

ainda, que sirva como forma de prevenção a submissão dos demais

trabalhadores, focando especialmente, nas situações que englobam as

demandas sociais mais frágeis da sociedade, com eficácia nas áreas de

criação de emprego e renda e na diminuição das diferenças regionais e sociais.

Na luta contra o trabalho escravo, é requerida, dos organismos do

Estado, uma dedicação totalmente voltada para os setores mais esquecidos da

nossa sociedade, isto é, os desprovidos de cultura, os sem moradia e família,

os sem especialização profissional, etc. Este quadro retrata o perfil de todas as

pessoas que são obrigadas às mais diversas formas de trabalho, quase

sempre vergonhosas, e, no entanto, normais nas áreas rurais do nosso país.

O Ministério Público do Trabalho, desde o ano de 2003, passou a

acompanhar as incursões dos grupos móveis de fiscalização, e, em

decorrência desta iniciativa aumentou-se o número de ajuizamentos de Ações

Civis Públicas. Há, assim, uma reunião das ações do Executivo com o

Judiciário.

As Ações Civis Públicas promovidas pelo Ministério Público do

Trabalho tem cooperado muito para a manutenção da garantia dos direitos

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coletivos, e ainda, no que tange à escravidão, a vedação da impunidade dos

autores deste crime na área penal.

As decisões da Justiça do Trabalho, que resultam em condenação

pecuniária, tem se apresentado como a melhor maneira de garantia dos

direitos sociais daquelas pessoas que estavam submetidas à condição de

escravas. A mescla de multas conferidas pelo Ministério Público do Trabalho e

as indenizações trabalhistas são, hoje, a repressões mais eficazes aplicadas

àqueles que usam a mão de obra escrava.

Outra iniciativa muito importante, no mesmo sentido, foi a criação da

denominada lista suja, ou seja, de um cadastro especial público das empresas

que possuem trabalhadores na condição análoga à de escravo, pela Portaria nº

540/04 do Ministério do Trabalho e Emprego.

Nesta tal listagem estão compreendidos os empregadores que foram

pegos em suas propriedades, pela fiscalização do Ministério do Trabalho e

Emprego, utilizando-se de mão de obra escrava. Logo, haverá a abertura de

um processo administrativo. no qual será respeitado e assegurado o princípio

da ampla defesa e do contraditório a quem cometeu a infração.

Conforme a portaria acima citada, a eliminação das empresas que

constam nesta lista dependerá de um monitoramento, pelo período de dois

anos, no local, não poderá haver reincidência, deverá quitar todas as multas

conferidas pela fiscalização do trabalho, e, ainda, garantir o oferecimento de

dignas condições de trabalho aos seus trabalhadores.

Existem empregadores que, mediante esse monitoramento, acabam

se adequando a todas as leis trabalhistas, depois que experimentaram danos e

prejuízos ao terem seus nomes inseridos neste cadastro. Essa inserção busca

dar a publicidade necessária às ações de fiscalização.

Entretanto, infelizmente, tal listagem possibilita a constatação dos

diversos casos de reincidência de trabalho escavo em determinadas terras. O

costume tem nos apresentado que apenas através de uma medida

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contundente, que ponha em risco a perda das terras onde foi encontrado o uso

de trabalho escravo, conterá com eficácia esse fato repreensível.

Neste passo, a sanção de um dispositivo constitucional, que

possibilite a expropriação das terras onde se confirme o crime de escravidão,

se configura necessária para a eliminação deste mal no Brasil. Mas, um

dispositivo de aplicação análoga já existe: o artigo 243 da Constituição Federal

de 1988, que determina a expropriação das terras onde sejam encontradas

culturas ilegais de plantas psicotrópicas.

O trabalho escravo não é uma questão apenas trabalhista. Aquele

que faz uso deste tipo de trabalho está incurso em diversos outros delitos

puníveis, tais como: crimes ambientais, de falsificação de documentos,

grilagem de terra, lesão corporal, e homicídios. O trabalho escravo é um ponto

que abrange várias áreas e em todas elas deverá ser combatido. Neste

sentido, existe a Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo

(CONATRAE)15 é um órgão intersetorial, englobando várias instituições do

Estado e da sociedade civil.

O trabalho escravo configura um caso claro de violação aos direitos

humanos, e, dentre estes, trabalhistas. A Medida Provisória nº 74, que foi

convertida na Lei nº 10.608 de 200216, garante o pagamento do seguro

desemprego ao trabalhador que foi libertado da condição de escravo.

A modificação do artigo 149 do Código Penal Brasileiro nos brindou

com novos elementos caracterizadores do trabalho escravo, prevendo o

agravamento da pena em determinados casos. Embora a doutrina, neste caso,

tenha encontrado algumas falhas no dispositivo, a alteração alcança a grande

maioria dos casos existentes no Brasil, que se referem exatamente ao crime

de escravidão que acontece nas áreas rurais, ligado a dívidas que teriam sido

15 CONATRAE. Comissão Nacional Para a Erradicação do Trabalho Escravo. Disponível em < http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/conatrae/conatrae.htm>. Acesso em 28 de janeiro de 2011. 16BRASIL. Medida Provisória nº 74, de 23/10/2002. Brasília, 2002. Altera a Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990, para assegurar o pagamento do seguro-desemprego ao trabalhador resgatado da condição análoga à de escravo. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/Antigas_2002/74.htm>. Acesso em 20 de janeiro de 2011.

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inventadas pelo empregador.

Para que houvesse uma ação mais eficaz, seria necessário um

investimento pesado na geração de empregos, mais facilidade na concessão

do crédito agrícola, propiciando melhores condições de vida, e, ao mesmo

tempo, uma atuação preventiva nas localidades onde ocorrem os aliciamentos,

impedindo, desta feita, que esses trabalhadores se desloquem à procura de

trabalho.

Em 199517, durante o governo do presidente Fernando Henrique, o

combate à escravidão contemporânea vislumbrou medidas efetivas, tais como:

a criação do Grupo Móvel de Fiscalização, coordenado pelo Ministério do

Trabalho e Emprego.

Mais recentemente, no ano de 200318, o presidente Lula difundiu o

Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo, um sinal

extremamente significativo no combate à escravidão. Porque além de

reconhecer a existência do problema, ainda se comprometeu em por a questão

como prioridade nacional.

O reconhecimento pelo então presidente Lula está diretamente

ligado ao caso José Pereira Ferreira, que foi analisado pela Corte

Interamericana de Direitos Humanos. Na fazenda Espírito Santo, no Estado do

Pará, José e mais sessenta pessoas se encontravam em condições análogas à

escravidão. Na tentativa de fuga, foi alvejado por dois tiros, sofrendo lesões

permanentes em uma de suas mãos e no olho direito. No Brasil, o crime ficou

impune, pois foi alcançado pela prescrição retroativa. Insurgindo-se contra isto,

duas entidades, o Centro pela Justiça Internacional (CEJIL) e a Comissão

Pastoral da Terra (CPT) , levaram o caso a esta Corte e lá, representaram

__________________

17 BRASIL, Repórter. Balanço do grupo móvel: mais de 30 mil libertados desde 1995. Disponível em <http://www.reporterbrasil.org.br/exibe.php?id=1397>. Acesso em 23 de janeiro de 2011.

18 TRABALHO, Organização do Trabalho. Projeto de Combate ao Trabalho Escravo no Brasil. Disponível em <http://www.oitbrasil.org.br/trabalho_forcado/brasil/projetos/documento.php>. Acesso em 25 de janeiro de 2011.

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contra a inércia do nosso país19.

Com o objetivo de finalizar com a demanda, o Brasil assinou um

acordo junto à Corte, no qual se comprometeu a desenvolver e efetivar

medidas que visem à luta contra a escravidão.

O Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo, além de

ter sido um ponto substancial para os julgados referentes à violação dos

direitos humanos no Brasil, ainda, restou em um acordo avocado ante a

Organização dos Estados Americanos. Sessenta e seis medidas contra o

trabalho escravo foram estipuladas, envolvendo questões legislativas e

administrativas.

Claro que ainda há muito fazer, mas este plano, somado com as

medidas de combate à escravidão, com os grupos de fiscalização, e a lista

suja, deu ao nosso Brasil o posto de exemplo mundial no combate ao trabalho

escravo contemporâneo, nos escritos do relatório “Uma Aliança Global contra o

Trabalho Forçado”20 confeccionado pela OIT, no ano de 2005.

Contudo, não vale apenas dizer que o Brasil evoluiu na luta contra à

escravidão. Importante o acompanhamento, de perto, do alcance das metas

determinadas no Plano de Erradicação.

O que se pode compreender e constatar deste estudo é que o

trabalho escravo é um flagrante desrespeito à dignidade humana, contrariando

o preceituado em nossa Carta Magna, em seu artigo 3º, I e III, e caput do seu

artigo 5º.

__________ 19 AUDI, Patrícia. Escravagismo Impune. Coordenadora nacional do Projeto de Combate ao Trabalho Escravo no Brasil, da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Disponível em <http://www.oitbrasil.org.br/news/artigos/ler_artigos.php?id=1531>. Acesso em 29 de janeiro de 2011. 20 TRABALHO, Organização Internacional do. Uma Aliança Global contra o Trabalho Escravo. Op. Cit.

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CAPÍTULO IV

QUAIS SÃO AS LEGISLAÇÕES UTILIZADAS PARA A

VEDAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO?

Apesar de já termos mencionado algo nesta pesquisa sobre as

legislações utilizadas para a vedação do trabalho escravo, neste capítulo

reuniremos as leis que visam à proteção contra a escravidão contemporânea.

Vale ressaltar que não pretendemos esgotar todo o assunto.

Necessário se faz ressaltar que ainda que este estudo esteja voltado

para a prática de trabalho escravo no Brasil, é de suma importância conjugar

nossa legislação com a legislação internacional, até porque o nosso país é

signatário de algumas Convenções, e comprometeu-se a executá-las. Então,

vejamos:

1) Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: é assegurado, em

seu primeiro capítulo a segurança da dignidade da pessoa humana e os

valores sociais do trabalho. O artigo 5º menciona:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)”

2) Código Penal Brasileiro: artigos 63 e 64; 132 e 135; 149; 197; 203; e 207.

Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

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Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003). § 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) I – contra criança ou adolescente;

II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou

origem.

§ 1º Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhadores fora da localidade de execução do trabalho, dentro do território nacional, mediante fraude ou cobrança de qualquer quantia do trabalhador, ou, ainda, não assegurar condições do seu retorno ao local de origem. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998) § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998).

A redução de uma pessoa à condição análoga à de um escravo se

compara a usurpação da liberdade. O tipo penal é a redução de alguém aos

desejos de outrem, em condição semelhante à de um escravo; é a submissão

completa, é a diminuição a condição de uma coisa.

3) Código Civil Brasileiro: artigos 186 a 188; 927; 930 a 935; 939 e 940; 942 a

954. Ressalta sobre os atos ilícitos, responsabilidade civil, especialmente, com

relação à obrigação de indenizar.

4) Estatuto da Criança e do Adolescente: artigos 5º; 87; 112; e 130. Dispõem

que a criança e o adolescente não poderá ser objeto de nenhum tipo de

violência, seja por ação ou omissão, e nem obrigada por quem quer que seja a

nenhum tipo de exploração.

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5) Consolidação das Leis do Trabalho: artigo 462. O empregador não pode

manter o seu subalterno no sistema de trabalho em servidão por dívida.

6) Organização Internacional do Trabalho – OIT21:

6.1)Declaração de Filadélfia que é a declaração relativa aos fins e objetivos da

Organização Internacional do Trabalho de 1944;

6.2)Declaração da OIT sobre os Princípios e Direitos Fundamentais no

Trabalho de 1998, os países membros acordaram em respeitar e utilizar os

princípios desta declaração.

6.3) Convenção nº 29 – Sobre o Trabalho Forçado ou Obrigatório de 1930,

trata da eliminação do trabalho forçado ou obrigatório.

6.4) Decreto Legislativo nº 24, de 1956. Aprova algumas Convenções do

Trabalho concluídas em sessões da Conferência Geral da OIT, no período de

1946 a 1952.

6.5) Decreto nº 41.721, de 1957. Promulgação de algumas Convenções do

Trabalho firmadas pelo Brasil.

f.6) Convenção nº 105 de 1957. Relativa à Abolição do Trabalho Forçado.

6.7) Decreto Legislativo nº 20, de 1965. Aprovação e Rejeição de Convenções.

6.8) Decreto nº 58.822, de 1966. Promulga a Convenção de nº 105 da OIT.

7) MERCOSUL22: Declaração do Sócio Laboral do MERCOSUL. Trata da

eliminação do trabalho forçado, bem como, do trabalho infantil e de menores.

8) Legislação Infra Constitucional23:

8.1) Instrução Normativa Intersecretarial nº 01 de 1994. Trata dos

procedimentos da inspeção do trabalho na área rural.

8.2) Lei 9.777 de 29 de dezembro de 1998. Alteração dos artigos 132, 203, e

207, e Decreto Lei nº 2.848 de 1940 do Código Penal.

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8.3) Lei nº 10.446, de 08 de maio de 2002. Infrações penais estaduais e

internacionais que exigem repressão uniforme, para os fins do artigo 144,

inciso I, § primeiro.

8.4) Lei 10.608, de 20 de dezembro de 2002. Modifica a Lei nº 7.998 garante o

pagamento do seguro desemprego ao trabalhador resgatado da condição de

escravo.

8.5) Lei 10.706, de 30 de julho de 2003. Pagamento de indenização pela União

ao caso José Pereira.

8.6) Lei 10.803, de 11 de dezembro de 2003. Altera o art. 149 e Decreto-lei do

Código Penal, tipificando as condições análogas a escravo.

8.7) Decreto nº 4.433, de 18 de outubro de 2002. Institui a Comissão de Tutela

dos Direitos Humanos e da Secretaria de Estado de Direitos Humanos.

8.8) Decreto nº 4.552, de 27 de dezembro de 2002. Aprova o regulamento da

Inspeção do trabalho.

8.9) Portaria nº 1.150, de 18 de novembro de 2003. Eis, a íntegra do artigo

primeiro:

“Art. 1º Determinar ao Departamento de Gestão dos Fundos de Desenvolvimento Regional da Secretaria de Políticas de Desenvolvimento Regional do Ministério que encaminhe, semestralmente, aos bancos administradores dos Fundos Constitucionais de Financiamento, idem com relação aos Fundos Regionais, relação de empregadores e de propriedades rurais, que submetam trabalhadores a formas degradantes de trabalho ou que os mantenham em condições análogas ao de trabalho escravo, cujas autuações com decisão administrativa são de procedência definitiva, publicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, para as providências cabíveis.”

8.10) Portaria nº 1.234, de 17 de novembro de 2003. Determina os

procedimentos para o envio de informações sobre as inspeções do trabalho.

8.11) Portaria nº 265, de 06 de junho de 2002. Normas de atuação dos Grupos

Especiais de Fiscalização Móvel – GEFM.

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8.12) Portaria nº 1.153, de 13 de outubro de 2003. Determina os procedimentos

dos auditores fiscais do trabalho nas ações de identificação e libertação de

trabalhadores escravos.

8.13) Portaria nº 101, de 12 de janeiro de 1996. Assim, diz, o artigo primeiro:

“Art. 1º O Ministério do Trabalho ao constatar, por via da Fiscalização, que em função dos dispositivos violados, os trabalhadores, naquela propriedade, são submetidos à forma degradantes de trabalho, desvirtuando a função social da propriedade, encaminhará relatório circunstanciado ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, a fim de subsidiar proposta de ação de desapropriação, de acordo com o art. 2º §1º, da Lei Complementar nº 76, de 06 de junho de 1993.”

8.14) Portaria nº 231, de 12 de setembro de 2002. A Procuradoria Geral do

Trabalho editou esta portaria com o intuito de promover medidas contra o

trabalho escravo.

8.15) Resolução nº 306, de 06 de novembro de 2002. O Conselho Deliberativo

do Fundo de Amparo ao Trabalhador – CODEFAT - estabelece normas para

liberação do seguro desemprego àqueles trabalhadores que se encontravam

na condição de escravo.

8.16) Instrução Normativa nº 3, de 1º de setembro de 1997. O Ministro do

Trabalho e Emprego dispôs sobre a fiscalização do trabalho nas empresas de

prestação de serviços a terceiros e empresas de trabalho temporário.

8.17) Portaria nº 001, de 4 de novembro de 2002. O Ministério Público Federal

editou esta portaria com o objetivo de erradicar o combate ao trabalho escravo

contemporâneo.

8.18) Portaria nº 540, de 15 de outubro de 2004. O Ministério do Trabalho e

Emprego no uso de suas atribuições criou uma lista que engloba o nome de

todos os empregadores que mantiveram empregados escravizados.

9) CONATRAE24:

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9.1 ) Decreto de 31 de julho de 2003. Cria a Comissão Nacional de Erradicação

do Trabalho Escravo.

9.2 ) Portaria nº 107, de 20 de agosto de 2003. Também visa o combate ao

trabalho escravo. Eis, o artigo primeiro:

“Art. 1º - Determinar, até o dia 12.09.2003, às 18 horas, a abertura de inscrições para as entidades privadas não governamentais, reconhecidas nacionalmente, e que possuam atividades relevantes relacionadas ao combate ao trabalho escravo, manifestarem a sua vontade e interesse em participar como membro da CONATRAE, pelas vagas previstas no inciso IV do art.3º do Decreto.”

9.3) Plano de Erradicação do Trabalho Escravo: Em 11 de março do ano de

2003, o Governo editou este plano com 76 medidas contra o trabalho escravo.

Uma das mais interessantes medidas existentes trata daquela que proíbe

proprietários que possuem escravos a conseguir linhas de crédito e incentivos

fiscais.

10) Tratados Internacionais25:

10.1) Convenção Sobre a Escravatura Assinada em Genebra, em 12 de

Setembro de 1926, e Emendada pelo Protocolo Aberto à Assinatura ou

Aceitação na Sede da Organização das Nações Unidas, Nova York, em 7 de

Dezembro de 1953. (ONU).

10.2) Decreto Legislativo nº 27, de 1992. O Congresso Nacional aprovou a

Convenção Americana sobre Direitos Humanos – São José da Costa Rica.

10.3) Declaração dos Direitos Humanos, em 10 de Dezembro de 1948.

10.4) Decreto Legislativo nº 89, em 21 de outubro de 1998. Avaliemos o artigo

primeiro:

“Art 1º É aprovada a solicitação de reconhecimento da competência obrigatória da Corte Interamericana de Direitos Humanos em todos os casos relativos à interpretação ou aplicação da Convenção Americana de Direitos Humanos para fatos ocorridos a partir do reconhecimento, de acordo com o previsto no parágrafo primeiro do art. 62 daquele instrumento internacional.”

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11) Congresso Nacional26:

11.1) Proposta de Emenda à Constituição nº 438, de 2001. Nova redação ao

artigo 243 da Constituição da República. Expropriação das terras onde

trabalham pessoas escravas. Infelizmente, até hoje, se encontra parada.

Abaixo o artigo:

“Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo serão imediatamente expropriados e especificamente destinadas à reforma agrária, com o assentamento prioritário aos colonos que já trabalhavam na respectiva gleba, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e droga afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e se reverterá, conforme o caso, em benefício de instituições e pessoal especializado no tratamento e recuperação de viciados, no assentamento dos colonos que foram escravizados, no aparelhamento e custeio de atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão ao crime de tráfico ou do trabalho escravo.”

11.2) Proposta de Emenda à Constituição nº 438, de 2001. Emenda nº 001 do

Deputado Ronaldo Caiado e outros. Acrescentando o art. 243 – A, abaixo:

“Art. 243-A. Responderá por crime hediondo todo aquele que, de qualquer modo, concorrer para a exploração de trabalho escravo em gleba de qualquer região do País.”

11.3) Proposta de Emenda à Constituição nº 438, de 2001. Emenda nº 002, de

2004 da Deputada Kátia Abreu. Nova redação ao art. 243, estabelecendo a

pena de perda da gleba onde for verificada a existência de trabalho escravo.

Vejamos:

“Art. 243. As áreas urbanas e rurais de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo serão imediatamente expropriadas, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

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§ 1° Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá em benefício de instituições e pessoal especializados no tratamento e recuperação de viciados, no assentamento dos colonos escravizados, bem assim no aparelhamento e custeio de atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico dessas substâncias e de trabalho escravo. § 2° A expropriação de área em que tenha se verificado a exploração de trabalho escravo ocorrerá após o trânsito em julgado de sentença judicial condenatória, observadas, durante o processo judicial, as garantias do contraditório e da ampla defesa.”

11.4) Proposta de Emenda à Constituição nº 438, de 2001. Emenda nº 003,

de 2004 da Deputada Kátia Abreu. Nova redação ao art. 243, determinando

que onde houver trabalho escravo, a perda da gleba se reverterá aos colonos

que lá trabalhavam.

“§ 2° Lei disporá sobre a retenção de parte do bem a ser expropriado ou a sua compensação financeira, em benefício do cônjuge e dos filhos menores que não tenham participado, direta ou indiretamente, das condutas referidas no caput.”

__________ 21 ao 26 Clóvis Veloso de Queiroz Neto e outros. Jurisprudência e Legislação Sobre Trabalho Escravo. [CD-ROM]. Brasília: Guiotti, 2005.

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CAPÍTULO V

COMO A JUSTIÇA DO TRABALHO JULGA OS CASOS DE

ESCRAVIDÃO NO PAÍS?

5.1 – Introdução.

Chegamos ao capítulo final, mas não menos importante. Este

capítulo tem como objetivo ser um apanhado resumido de como os Tribunais

do Trabalho estão decidindo as questões relativas à exploração do trabalho

escravo. Mas, vale aqui discorrer, rapidamente, sobre o impasse relativo à

competência do julgamento desses casos. Cabe à Justiça Federal ou

Estadual? E, por derradeiro, apresentaremos algumas decisões sobre o

assunto em tela.

5.2 – Competência. Federal ou Estadual?

Esse tema é deveras controvertido. Àqueles que entendem que a

competência é da Justiça Estadual afirmam que o artigo 149, do Código Penal

Brasileiro não está inserido no capítulo dos crimes contra a organização do

trabalho (Título IV – Dos Crimes contra a Organização do Trabalho – arts. 197

a 207 – Código Penal Brasileiro). E, por isso, seria este crime contra a

liberdade individual, e não contra a organização do trabalho.

Por outro lado, os que sustentam que a competência pertence à

Justiça Federal ressaltam que a real busca é o combate a todos os crimes que

atinjam os trabalhadores, e não apenas, aqueles que estão arrolados no título

citado acima. A Constituição Federal prevê, no seu artigo 109, VI a

competência da Justiça Federal no que tange à luta contra a organização do

trabalho sem fazer qualquer limitação aos crimes. Os artigos do Código Penal

não esgotam os dispostos da Carta Magna.

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O Supremo Tribunal Federal encontra-se com o assunto em

suspenso, sem previsão de quando o caso voltará a Plenário. Vejamos, abaixo,

trecho de uma reportagem retirada do site Observatório da FDV27:

“O Supremo Tribunal Federal está discutindo se cabe à Justiça Federal ou à Justiça Estadual julgar o crime de exploração de trabalho escravo. A jurisprudência da corte é no sentido de que o crime deve ser julgado pela Justiça Federal, mas nesta quinta-feira (4/2), o ministro Cezar Peluso propôs que esse entendimento seja revisto e que o delito passe a ser julgado pela Justiça Estadual. Em novembro de 2006, ele defendeu esse mesmo ponto de vista no julgamento do Recurso Extraordinário 398.041, sobre um caso de crime de exploração de trabalho escravo no Pará. Na ocasião, ficou vencido, junto com os ministros Marco Aurélio e Carlos Velloso, já aposentado. Nesta quinta, após o voto de Peluso, o ministro Dias Toffoli posicionou-se pela manutenção da jurisprudência. O julgamento foi suspenso pelo pedido de vista do ministro Joaquim Barbosa. Não há previsão de data para o processo voltar a ser analisado no Plenário. (...)

O ministro Dias Toffoli discordou. Para ele, “ao atingir a dignidade do indivíduo, há [no crime] uma afronta também à organização do trabalho”. Ele votou pela aplicação do inciso 6º do artigo 109 da Constituição Federal, ou seja, pela competência da Justiça Federal para processar e julgar os crimes de redução à condição análoga à de escravo. O ministro citou dispositivos constitucionais que visam exatamente “proteger a pessoa humana e o trabalhador da usurpação da sua força de trabalho”. “É obrigação do Estado, na sua organização social e trabalhista, proteger a atividade laboral do trabalhador”, acrescentou.

Ele ponderou que o crime de trabalho escravo é de investigação e fiscalização complexas, em que órgãos de Estado têm de atuar de maneira conjunta. “É uma vergonha para a nação brasileira, no cenário internacional, quando surge uma denúncia e uma verificação de que no Brasil ainda existem crimes de escravidão”, disse. “É necessário, portanto, sem dúvida nenhuma, a competência do Ministério Público da União, através de forças que sejam supraestaduais, no combate desse crime tão perverso contra a humanidade e que, portanto, também atinge a organização social do trabalho, que é a liberdade do trabalhador vender a sua força de trabalho dentro dos parâmetros legais.”

_________ 27TRABALHO, Direito do. STF volta a discutir quem julga trabalho escravo Disponível em: http://www.fdv.ensinolivre.net/fdvobs/index.php?option=com_community&view=groups&task=viewbulletin&groupid=16&bulletinid=54&Itemid=86. Acesso em 02 de março de 2011.

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Por enquanto, o entendimento majoritário aponta a Justiça Federal

como a verdadeira competente para o deslinde da questão. Devemos aguardar

para saber o posicionamento do Supremo.

5.3 – Justiça do Trabalho.

A Emenda Constitucional 45 de 2004 estabeleceu, em seu artigo

114, que a Justiça do Trabalho passa a ser a competente para o julgamento de

todas as demandas provenientes das relações de trabalho, incluindo, também,

as de caráter penal. No nosso humilde raciocínio entendemos que não cabem

às demais Justiças, Federal e Estadual, a responsabilidade pelos julgamentos

relacionados ao trabalho escravo. Até porque a Justiça do Trabalho está mais

intimamente ligada à questão.

O Procurador do Trabalho, Wilson Prudente, em sua obra Crime de

Escravidão, afirma que a redação atual do artigo 114, harmonizou e

racionalizou o sistema jurídico brasileiro, ao colocar a Justiça do Trabalho em

plano de igualdade com os demais ramos do Poder Judiciário28. E que, ao se

deparar com a incompatibilidade de normas (artigos 109, VI e 114, I da

CRFB/88) deverá ser usada a Lei de Introdução ao Código Civil, a qual

menciona que lei posterior revoga a anterior.

5.4 – Ação Civil Pública.

O Ministério Público do Trabalho possui diversos instrumentos para

sua atuação, tais como: termos de ajustamento de conduta, inquéritos,

procedimentos investigatórios, mas, neste momento, falaremos apenas da

Ação Civil Pública.

A Lei Complementar nº. 75/93 estabeleceu que cabe ao Ministério

_________________ 28PRUDENTE, Wilson. Crime de Escravidão. Rio de Janeiro:Lumen Juris, 2006, p.83.

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Público do Trabalho a promoção de Ação Civil Pública, no âmbito da Justiça do

Trabalho, para a defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados os

direitos sociais constitucionalmente garantidos (art. 83. III), além disso, o art.

83, I, garante ao MPT o privilégio de propor as ações que lhes sejam

conferidas pela Constituição da República e pelas leis trabalhistas, inclusive

para a defesa dos interesses de menores, incapazes e índios, relacionados

com a relação de trabalho. Deduz-se, desta forma, que a Ação Civil Pública,

desde que cuide de tutela de interesses difusos, coletivos ou individuais

homogêneos pode se revelar um instrumento extremamente útil.

A Ação Civil Pública, prevista na Lei 7.347/85, é a defesa da ordem

jurídica, do regime democrático e dos interesses individuais indisponíveis29.

Verificamos que uma das medidas mais praticadas pelo Ministério

Público do Trabalho são as Ações Civis Públicas, relacionadas a trabalho

escravo, é claro. Vejamos uma decisão de uma Ação Civil Pública no TRT da

8ª Região – Vara do Trabalho de Parauapebas/PA:

PROCESSO DO TRABALHO – AÇÃO CIVIL PÚBLICA REPARAÇÃO DE DANO COLETIVO – AFRONTA À LEGISLAÇÃO DE HIGIENE, MEDICINA E SEGURANÇA DO TRABALHO – TRABALHO DEGRADANTE – POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO – CONFIGURAÇÃO – CABIMENTO – LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO – POSSIBILIDADE – INTERESSES COLETIVOS E DIFUSOS DOS TRABALHADORES - OCORRÊNCIA - Inexistindo dúvida razoável sobre o fato de o réu utilizar-se, abusivamente, de mão de obra obtida de forma ilegal e aviltante, de maneira degradante, com base nos Relatórios de Inspeção do Grupo Móvel, emitidos pelos Fiscais da DRT, tal ato é suficiente e necessário, por si só, a gerar a possibilidade jurídica de concessão de reparação por dano coletivo contra o infrator de normas protetivas de higiene, segurança e saúde do trabalho. Dizer que tal conduta não gera dano coletivo, impõe chancela judicial a todo tipo de desmando e inobservância da legislação trabalhista, que põem em risco, coletivamente, trabalhadores indefinidamente considerados. Os

_________________ 29 PRUDENTE, Wilson. Crime de Escravidão. Rio de Janeiro:Lumen Juris, 2006, p.226.

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empregadores rurais, que se utilizam de práticas ilícitas, dessas natureza e magnitude, devem ser responsabilizados, pecuniariamente, com a reparação do dano em questão, em atenção às expressas imposições constitucionais, insculpidas nos arts. 1º, III; 4º, II; 5º, III, que, minimamente, estabelecem parâmetros, em que se fundam o Estado Brasileiro e as Garantias de seus cidadãos. Desse modo, o pedido do autor, tem natureza nitidamente coletiva, o que autoriza a atuação do Ministério Público do Trabalho, de acordo com sua competência constitucional, podendo ser acatado, sem rebuços de natureza legal ou acadêmica, pois a atividade produtiva impõe responsabilidade social (art. 1º, IV, da CF/88) e o direito de propriedade tem função de mesma natureza, a ele ligado por substrato constitucional, insculpido no art. 5º, XXIII, pois de nada adianta a existência de Leis justas, se estas não forem observadas, ainda que por imposição coercitiva, punitiva e reparadora, que presente Ação visa compor. REPARAÇÃO POR DANO COLETIVO JULGADA PROCEDENTE.(Proc nº: 0276/2002. Autor: MPT – 8ª Região. Procurador: Dr. Marcelo Brandão De Morais Cunha. Réu: Osvaldo Saldanha De Almeida (Fazenda Bandeirante)).

É notável que as ações promovidas pelo Ministério Público do

Trabalho têm ajudado na garantia dos direitos coletivos, direitos sociais que, no

contexto da filosofia jurídica e política do direito constitucional estão

intimamente vinculados às necessidades mínimas humanas. Essas

expectativas estão atreladas às situações de trabalho, segurança, saúde,

higiene, entre outras, que se caracterizem indispensáveis ao desenvolvimento

humano.

5.5 – Decisões dos Tribunais.

A seguir, apresentaremos algumas decisões de alguns Tribunais.

Primeiramente, julgado do TRT da 11ª Região/AM:

PROCESSO TRT RO-28325/2003-008-11-00 ACÓRDÃO Nº 4068/2004 Recorrente: MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO PRT DA 11ª REGIÃO Procurador: Dr. Faustino Bartolomeu Alves Pimenta Recorridos: CAIAUE AGROINDUSTRIAL S/A

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MONTEBOR AGRÍCOLA LTDA. PAGÉ AGRÍCOLA LTDA. PAULO NERES CAVALCANTE CONDIÇÕES DE TRABALHO AVILTANTES. DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES PATRONAIS. AFRONTA À CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Restando patente que as demandadas, além de não arcarem com suas obrigações legais, ainda submetiam seus empregados a condições aviltantes cárcere decorrente da falta de pagamento de salário, fome, submissão, ameaças e humilhações, torna-se imperiosa a reforma do julgado originário, a fim de responsabilizá-las solidariamente pela satisfação dos encargos trabalhistas, fiscais e previdenciários, sem eximi-las de indenizar os obreiros pelos danos morais sofridos.

Tribunal Regional do Trabalho – 24ª Região/MA:

PROCESSO Nº 971/2002-071-24-00-6-RO.1 A C Ó R D Ã O Relator : Juiz Ricardo Geraldo Monteiro Zandona Revisor : Juiz AMAURY RODRIGUES PINTO JÚNIOR Recorrentes : AGROPEVA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA CARVOARIA CARBONIZA LTDA JOSÉ AFONSO FERNANDES Advogado: Sérgio Chibeni Yarid Recorrido: MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO ASSISTENTE DOS RECLAMANTES: ADENIR MARTINS BRAGA E OUTROS Procurador: Jonas Ratier Moreno Origem:Vara do Trabalho de Três Lagoas/MS RECLAMAÇÃO TRABALHISTA - TRABALHO ESCRAVO INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. O trabalho escravo contribui sobremaneira com o crescimento das assimetrias sociais e vem sendo coibido por diversos órgãos governamentais, num verdadeiro esforço conjunto para disseminá-lo. Assim, o simples indício da ocorrência desse tipo de trabalho atrai o interesse público justificador da intervenção do parquet, ante à amplitude e relevância da missão constitucional que lhe é reservada (art. 127).Recursos das reclamadas não providos.

Estas são algumas decisões, prolatadas pelos nossos Tribunais

Regionais, que facilitam a compreensão de como estão sendo encaradas as

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questões relativas ao trabalho escravo. O trabalho escravo tem sido combatido

com mais veemência a cada dia, apesar de sabermos o muito ainda a fazer. O

Estado e a sociedade civil devem unir-se para exterminar essa exploração de

uma vez por todas.

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CONCLUSÃO

Esta monografia partiu de um pressuposto que diz respeito ao

excelente papel desempenhado pela Justiça do Trabalho no que concerne ao

julgamento das causas que envolvem trabalho escravo, e que, através do

recebimento das Ações Civis Públicas propostas pelo Ministério Público do

Trabalho visam buscar o cumprimento dos comandos normativos inseridos na

legislação trabalhista, tais como: segurança, higiene, medicina do trabalho, e

normas ligadas ao exercício profissional.

O trabalho escravo nos leva a pensar em todas aquelas cenas de

pura crueldade por quais passavam os negros da África. A forma como eram

retirados de suas famílias, a violência, e o trabalho imposto até a exaustão,

tudo isso, com um único objetivo: o lucro dos seus senhores. No Brasil, o fim

da escravatura se deu com o advento da Lei Áurea em 1888, surgindo, assim,

uma nova esperança na vida daqueles ex-escravos. Mas, infelizmente, a

libertação parece que ficou apenas no papel. Atualmente, através dos meios de

comunicação, as notícias sobre o uso de trabalho escravo nos rincões do

nosso país é comum. Pessoas completamente vulneráveis, por conta das

deficiências da vida, acabam sendo enganadas, levadas para lugares distantes

de onde moravam, com a promessa de um bom serviço, e, se deparam com

uma situação totalmente diversa, sem condições mínimas de trabalho e

sobrevivência. A doutrina busca alcançar um denominador comum quanto à

melhor forma de conceituação do trabalho escravo, mas a um consenso ainda

não se chegou. A escravidão tem várias modalidades, mas as mais corriqueiras

são as ocorridas nas áreas rurais.

As pessoas que povoam as áreas rurais, ao saberem da existência

de trabalho farto em alguma outra localidade, mesmo sendo bem longínquo,

partem para lá, uns de maneira espontânea, outros, aliciados. E, assim, ao

chegarem, tornam-se escravos. Ameaças, violência, e trabalho além do

suportado pelo ser humano fazem parte do cotidiano dessas pessoas. A

liberação ocorre através de inspeções realizadas pelo Grupo Móvel do

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Ministério do Trabalho e Emprego, que podem emitir multas e liberar todas as

pessoas escravizadas que lá se encontram.

O combate ao trabalho escravo dá-se mediante ações de diversas

instituições que buscam o extermínio dessa mazela social. O Executivo e o

Judiciário deram as mãos quando o Ministério Público do Trabalho passou a

acompanhar as inspeções realizadas pelos grupos móveis de fiscalização

desde o ano de 2003. A criação da “lista suja”, através da Portaria nº 540/04 do

Ministério do Trabalho e Emprego, obriga aos criminosos se adequarem à

legislação trabalhista no que tange aos seus empregados.

O Brasil possui um rol de legislações com o fito de vedar o trabalho

escravo, mas é importante, também, dizer, que toda essa legislação deve ser

conjugada com a internacional, pois o Brasil possui acordos assinados, e deve

cumpri-los.

Em referência aos órgãos competentes para o julgamento dos casos

de escravidão, existe um impasse, que será decidido no Supremo Tribunal

Federal. Para uns, a competência é Estadual, para outros, Federal. Mas, a

Justiça do Trabalho também detém competência para tal, já que a Emenda

Constitucional nº 45 de 2004, lhe conferiu esse poder. Entendemos que esta

Justiça deveria ter a competência exclusiva de julgamento, tendo em vista as

justificativas já comentadas.

Ao longo deste trabalho, restou demonstrado que o trabalho escravo

é tão velho quanto à exploração do ser humano. O trabalho escravo

contemporâneo decorre de uma exploração desenfreada capitalista de quem

tem o poder. Está diretamente ligado à falta de condições de trabalho e

informação, ou seja, condições mínimas de sobrevivência. Lesões aos direitos

de liberdade e dignidade da pessoa humana são evidentes. Como dito

anteriormente, a solução para esse problema é de todos nós. Vale salientar

que a discussão sobre qual seria a forma mais adequada de se conceituar o

que venha ser trabalho escravo é completamente irrelevante, tendo essa

preocupação que ser voltada para o que realmente importa, ou seja, o combate

à exploração humana.

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BRASIL. Decreto Legislativo nº 58.822, de 14 de julho de 1966. Promulga a

Convenção nº 105 concernente à abolição do Trabalho forçado.

BRASIL. Decreto Legislativo nº 27, de 14 de novembro de 1966. Acrescenta à

Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, artigo referente às contribuições para

fins sociais.

BRASIL. Decreto nº 4432, de 18 de outubro de 2002. Institui a Comissão de

Tutela dos Direitos Humanos da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e

dá outras providências.

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42

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Regulamento da Inspeção do Trabalho.

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BRASIL. Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. Disciplina a ação civil pública de

responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a

bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico

(VETADO) e dá outras providências

BRASIL. Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990. Regula o Programa do

Seguro-Desemprego, o Abono Salarial, institui o Fundo de Amparo ao

Trabalhador (FAT), e dá outras providências.

BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da

Criança e do Adolescente e dá outras providências.

BRASIL. Lei nº 9.777, de 29 de dezembro de 1998. Altera os arts. 132, 203 e

207 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.

BRASIL. Lei nº 10.446, de 08 de maio de 2002. Dispõe sobre infrações penais

de repercussão interestadual ou internacional que exigem repressão uniforme,

para os fins do disposto no inciso I do § 1o do art. 144 da Constituição.

BRASIL. Lei nº 10.608, de 20 de dezembro de 2002. Altera a Lei no 7.998, de

11 de janeiro de 1990, para assegurar o pagamento de seguro-desemprego ao

trabalhador resgatado da condição análoga à de escravo.

BRASIL. Lei nº 10.706, de 30 de julho de 2003. Autoriza a União a conceder

indenização a José Pereira Ferreira.

BRASIL. Lei nº 10.803, de 11 de dezembro de 2003. Altera o art. 149 do

Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, para

estabelecer penas ao crime nele tipificado e indicar as hipóteses em que se

configura condição análoga à de escravo.

.

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43

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organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público da União.

BRASIL. Medida Provisória nº 74, de 23 de outubro de 2002. Altera a Lei no

7.998, de 11 de janeiro de 1990, para assegurar o pagamento de seguro-

desemprego ao trabalhador resgatado da condição análoga à de escravo.

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forçado e condição análoga à de escravo visando à concessão do benefício do

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INDICE

RESUMO...................................................................................................3

METODOLOGIA.........................................................................................4

SUMÁRIO..................................................................................................5

INTRODUÇÃO...........................................................................................7

CAPÍTULO I

O QUE É TRABALHO ESCRAVO E QUAIS SÃO AS SUAS

MODALIDADES?......................................................................................11

1.1 – O QUE É TRABALHO ESCRAVO?....................................................11

1.2 – CONCEITUAÇÃO JURÍDICA – DIFICULDADES..................................13

1.3 – MODALIDADES.................................................................................15

CAPÍTULO II

COMO ALGUÉM SE TORNA ESCRAVO? ..................................................16

2.1 – DE QUE MANEIRA UMA PESSOA LIVRE SE TORNA ESCRAVA?.....16

2.2- DE QUE MANEIRA UMA PESSOA ESCRAVIZADA SE TORNA

LIVRE?.....................................................................................................18

CAPÍTULO III

QUAIS SÃO AS MEDIDAS DE COMBATE AO TRABALHO ESCRAVO?.....21

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CAPÍTULO IV

QUAIS SÃO AS LEGISLAÇÕES UTILIZADAS PARA A VEDAÇÃO DO

TRABALHO ESCRAVO?...........................................................................26

CAPÍTULO V

COMO A JUSTIÇA DO TRABALHO JULGA OS CASOS DE ESCRAVIDÃO

NO PAÍS?.................................................................................................34

5.1 – INTRODUÇÃO...................................................................................34

5.2 – COMPETÊNCIA: FEDERAL OU ESTADUAL?.....................................34

5.3 – JUSTIÇA DO TRABALHO..................................................................36

5.4 – AÇÃO CIVIL PÚBLICA.......................................................................36

5.5 – DECISÕES DOS TRIBUNAIS.............................................................38

CONCLUSÃO...........................................................................................39

BIBLIOGRAFIA.......................................................................................41

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