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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM Inclusão: entre a letra e a prática Angela Simone de Mattos Esteves Orientador Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · exigem cuidados especiais? Esta é uma reflexão que surgiu a partir do exercício diário do magistério no Centro Educacional

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

Inclusão: entre a letra e a prática

Angela Simone de Mattos Esteves

Orientador

Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

INCLUSÃO: ENTRE A LETRA E A PRÁTICA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Administração

e Supervisão Escolar.

Por: Angela Simone de Mattos Esteves

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela vida, a minha mãe que muito me incentiva nos meus novos desafios, ao meu irmão pelo carinho e dedicação ao meu filho, ao Du, meu esposo, pela compreensão com minhas teimosias, ao meu filho e amigo, Caio, pela paciência e companheirismo, aos meus alunos por sempre me mostrarem que é na diversidade que devemos co-construir, a Mary Sue, minha orientadora, pela dedicação e paciência, aos demais colegas professores que me auxiliaram nessa nova empreitada, a todos os meus amigos que direta ou indiretamente me ajudam nesses constantes embates educacionais, mas em especial a Lubélia Gualda Dantas, Celso Lopes e Marcelo Fonte Boa que me mostraram e me mostram na práxis que é possível sonhar e fazer diferente.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu filho Caio,

ao meu marido, a minha mãe, ao meu

irmão, aos nossos amigos Davi e

Felipe, aos meus alunos que são

pessoas que me ensinam sempre o

quanto precisamos aprender uns com

os outros. Obrigada.

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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo permitir uma reflexão sobre a riqueza do

espaço escolar no que concerne a construção de conhecimento e formação

das relações interpessoais no processo de educação inclusiva.

A intenção, neste texto, é de permitir um diálogo sobre a maneira como

os educadores atuam nas escolas no processo de educação inclusiva. Em que

medida o educador elabora o processo de inclusão em uma escola de ensino

regular1 como o Centro Educacional de Niterói.

No primeiro capítulo faz-se um breve levantamento histórico das

Políticas Públicas a partir da Constituição de 1988 através das leis sobre

inclusão de alunos com necessidades especiais em turmas regulares.

No capítulo dois analisa-se através de um questionário que segue modelo em

anexo como os educadores do segundo segmento do fundamental entendem,

atuam e se preparam para atuar no processo de inclusão escolar. Como esses

profissionais da educação se percebem em suas práticas de educação especial

proposta pelos projetos interdisciplinares dessa escola privada de ensino

regular.

1 Escola regular como sinônimo de escola comum em oposição ao conceito de escola especial, que só atende que demanda cuidados especiais.

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METODOLOGIA

Levantamento das principais legislações educacionais que tratam de

inclusão a partir da Constituição Federal de 1988 até a Lei de Diretrizes e

Bases LDB.

Elaboração e análise dos questionários preenchidos pela pesquisadora e

que foram respondidos oralmente pelos professores das diversas áreas que

compõem a grade curricular do 2º segmento do Ensino Fundamental desta

instituição de ensino privada em Niterói para um diagnóstico sobre sua

formação, conhecimento e opinião em torno da temática.

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Índice

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I -Política Nacional de Educação Especial a partir da Constituição Federal de 1988 10

CAPÍTULO II - A formação do professor: reflexões, desafios, perspectivas.

18

CAPÍTULO III – O Coordenador Pedagógico e a questão da inclusão.

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CONCLUSÃO 44 BIBLIOGRAFIA 45

ANEXO 47

FOLHA DE AVALIAÇÃO 50

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INTRODUÇÃO

Como uma escola regular privada se prepara para atender crianças que

exigem cuidados especiais?

Esta é uma reflexão que surgiu a partir do exercício diário do magistério

no Centro Educacional de Niterói escola privada localizada na região

metropolitana no Rio de Janeiro em que atuo desde 1998.

Questionamentos como: o que dizem as leis a partir da Constituição

Federal de 1988 sobre o processo de inclusão de alunos com necessidades

educacionais especiais? Por que uma lei de inclusão social escolar? Qual o

lugar do professor e do aluno nesse processo educacional? A inclusão é uma

questão política de legislação ou uma mudança de concepção em nossa

prática escolar? Qual o significado da exclusão? Uma política de inclusão

resolve a questão?

Através de um questionário aos professores do 2º segmento do Ensino

Fundamental assim como através da análise do Projeto Político Pedagógico,

analiso e verifico ao longo desta pesquisa em que medida as políticas públicas

de inclusão, o conhecimento e a práxis dos professores, do coordenador

pedagógico e o Projeto Político Pedagógico contribuem para uma

escola/educação mais democrática e livre de preconceito.

Nesta pesquisa, há em um primeiro momento, um levantamento histórico

das leis que tratam do assunto inclusão de alunos com necessidades

educacionais especiais a partir da Constituição Federal de 1988. Em um

segundo momento, apresenta-se uma reflexão a partir da análise de um

questionário aplicado aos educadores que atuam no 2º segmento do Ensino

Fundamental sobre o entendimento que possuem sobre inclusão escolar. Em

um terceiro momento, investiga-se a partir da análise da proposta político

pedagógica da instituição em análise como o coordenador escolar auxilia na

práxis sobre a questão da inclusão escolar.

Partindo-se do pressuposto que as escolas devem cumprir a legislação,

resgata-se a Constituição Federal que apresenta em seus artigos 205 e 206

item I que: “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família (...)

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assim como o ensino será ministrado com base nos princípios de – igualdade

de condições para o acesso e permanência na escola” e as leis, declarações e

decretos subsequentes, tais como: Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, Lei

nº 8.490 de 19 de novembro de 1992, Estatuto da criança e do adolescente -

Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990, Lei nº 9.394, (LDB) – Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional- de 20 de dezembro de 1996, para mostrar como

elas estão sendo cumpridas.

Em se tratando de uma escola experimental que tem como pressuposto

primeiro o conceito de liberdade e que encaminha três elementos como básicos

no processo de formação humana: a consciência de si mesmo, a visão do

mundo e a presença do outro, vê-se que a análise dessa proposta político

pedagógica pode contribuir e permitir uma revisitação da construção desse

espaço de diálogo escolar. Por ser uma escola que nasceu para facilitar o

processo de formação humana, possibilitando que cada um desenvolva seu

projeto de vida em interação com o outro, continuando o conhecimento do

mundo iniciado no mundo da família; que tem como ponto de apoio a

diversidade e não a uniformidade; que entende o currículo como imerso na

cultura e, portanto, dinâmico, levando constantemente todos os envolvidos no

processo educacional para o desafio da prática interdisciplinar e

contextualizado; esta pesquisa verifica e amplia com essas reflexões maiores e

melhores possibilidades de realização dessa práxis nos diversos setores desse

processo dinâmico e intensamente movimentado que constitui o contexto

escolar.

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CAPÍTULO I

-Política Nacional de Educação Especial a partir da Constituição Federal de 1988

Em 5 de outubro de 1988 é promulgada a Nova Constituição

Brasileira. Alguns de seus itens de maior importância para este estudo sobre

educação especial serão analisados, a seguir, dentro da perspectiva de uma

análise interpretativa das ações governamentais.

Será apresentado, então, neste primeiro capítulo uma interpretação

das políticas públicas de educação especial.

1.1 – Da Constituição Federal de 1988.

No Capítulo III, Da Educação, da Cultura e do Desporto, Artigo 205: “A

educação é direito de todos e dever do Estado e da família. Será promovida e

incentivada com a colaboração da sociedade visando ao pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho”; Artigo 208: “O dever do Estado com a educação

será efetivado mediante a garantia de:

“I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17

(dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos

os que a ela não tiveram acesso na idade própria;

“II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;

“III - atendimento educacional especializado aos portadores de

deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino (...);

“VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação

básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar,

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transporte, alimentação e assistência à saúde”; Artigo 213: “Os recursos

públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas

comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei...”.

No Título VIII Da Ordem Social, Capítulo II, Da seguridade Social, Seção

IV, Da Assistência Social, o Artigo 203 dispõe que: “A assistência social será

prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à

seguridade social, e tem por objetivos:

I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à

velhice;

II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;

III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;

IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e

a promoção de sua integração à vida comunitária;

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa

portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de

prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme

dispuser a lei.”

Ainda no Título VIII, Da Ordem Social, mas no Capítulo VII, Da Família,

da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso, Artigo 227: “É dever da

família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao

jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à

educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à

liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de

toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e

opressão.”

No Parágrafo 1º desse artigo, está definido que o Estado, admitida a

participação de entidades não-governamentais, promoverá programas de

assistência integral à saúde da criança e do adolescente, segundo

determinados princípios. Dentre eles o inciso II do Parágrafo primeiro:

“ - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para

as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de

integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante

o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos

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bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de

todas as formas de discriminação.”

No Parágrafo segundo estabelece que “A lei disporá sobre normas de

construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de

veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas

portadoras de deficiência.”

Além do ensino fundamental, em caráter obrigatório e gratuito para

todos, é colocado como dever do Estado o oferecimento de programas

suplementares necessários ao atendimento do educando nesse nível da

escolarização. É também assegurado, preferencialmente na rede regular de

ensino, o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência.

É importante ao analisar a legislação esclarecer os aspectos

fundamentais sobre os quais ela legisla, para assim se definir a política e a

ação governamental.

No Capítulo III, Artigo 213, Inciso VII: “Os recursos públicos serão

destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias,

confessionais ou filantrópicas, definidas em lei...” Como se pode observar, uma

determinada medida pode significar entraves à melhoria da qualidade do

ensino na escola pública e mais ainda na educação especial. Historicamente,

exemplos não faltam para mostrar que recursos públicos destinados à

educação especial têm sido canalizados, em elevadas parcelas, para a

iniciativa privada, ainda que de cunho assistencial. Evidentemente algumas

instituições especializadas particulares que exercem relevante papel na

educação especial são contempladas. No entanto, sua presença e participação

na garantia do atendimento educacional especializado hão de ser incentivadas

sem pôr em risco a sobrevivência, a expansão e, sobretudo, a melhoria dos

serviços públicos nessa área.

Ao legislar, fazem-se necessários esclarecimentos sobre o assunto a ser

legislado, pois dependendo da visão que o legislador tem, pode-se caminhar

com uma visão dinâmica ou não-linear ou uma visão estática da relação entre

aquele que requer cuidados especiais e a educação escolar (comum ou

especial).

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Na visão dinâmica ou não-linear entende-se que as várias alternativas

são extensivas ao atendimento educacional dos educandos que exigem

cuidados especiais por conter as noções de tempo, mudança e flutuação.

Na visão estática, vincula-se o educando que exige cuidados especiais à

educação especializada. Nesta circunstância, a relação definida será:

educando que exige cuidados especiais necessariamente educação especial e

educando que não exige esses cuidados necessariamente educação comum

ou regular.

Visão dinâmica:

Visão estática:

Vinculação necessária

Vinculação necessária

1.2 – Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989.

A Lei 7.853 de 1989 dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de

deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para

Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - Corde, e institui a tutela

jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a

atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências.

Educando Situação de ensino-aprendizagem (comum ou especial)

Educação

Educando que exige cuidados especiais

Educação Especial

Educando que não exige cuidados especiais

Educação comum ou regular

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Essa Lei em seu Artigo 2º estabelece que cabe ao “Poder Público e

seus órgãos assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício

de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao

trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade,

e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-

estar pessoal, social e econômico.” No Inciso I desse Artigo 2º define as

medidas a serem tomadas pelo órgãos da administração direta na área da

educação:

“a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como

modalidade educativa que abranja a educação precoce, a pré-escolar, as de 1º

e 2º graus, a supletiva, a habilitação e reabilitação profissionais, com

currículos, etapas e exigências de diplomação próprios;

b) a inserção, no referido sistema educacional, das escolas especiais,

privadas e públicas;

c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em

estabelecimento público de ensino;

d) o oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial a

nível pré-escolar, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam

internados, por prazo igual ou superior a 1 (um) ano, educandos portadores de

deficiência;

e) o acesso de alunos portadores de deficiência aos benefícios

conferidos aos demais educandos, inclusive material escolar, merenda escolar

e bolsas de estudo;

f) a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos

públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se

integrarem no sistema regular de ensino;”

Esta mesma Lei nos Artigos 10 e 11 reestrutura a CORDE –

Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência

como órgão autônomo, administrativa e financeiramente, com destinação de

recursos orçamentários específicos. No Artigo 15 estabelece que a Secretaria

de Educação Especial – SESPE do Ministério da Educação será reestruturada,

para atendimento e fiel cumprimento do que dispõe.

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1.3 – Lei nº 8.490 de 19 de novembro de 1992.

Em 1990 a SESPE foi extinta, tendo suas atribuições sido absorvidas

pela então criada Secretaria Nacional de Educação Básica – SENEB. Pelo

Decreto nº 99.678, de 8 de novembro de 1990, a educação especial e a

educação básica passam a ser da competência da SENEB. Na estrutura da

SENEB, o Departamento de Educação Supletiva e Especial – DESE – fica

responsável por esta modalidade de ensino que, para gerenciá-la conta com

uma Coordenação de Educação Especial.

Esta alteração de estrutura sugere uma preocupação com a integração

da Educação Especial com os demais órgãos centrais da administração do

ensino. Com isso, a Educação Especial deixa de ser objeto de um órgão

autônomo em relação as demais modalidades de ensino. Porém, a Lei 8.490

de 19 de novembro de 1992 que dispõe sobre a organização da Presidência da

República e dos Ministérios e dá outras providências, dá nova organização ao

MEC e recoloca o órgão específico de Educação na Subseção III Dos órgãos

específicos do Ministério da Educação e do Desporto na alínea h no status de

Secretaria de Educação Especial.

1.4 – Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990.

A lei 8.069/90 dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá

outras providências.

Em seu Artigo 1º esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao

adolescente. No Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a

pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e

dezoito anos de idade. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se

excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de

idade.

No Art. 11 desta Lei é assegurado o atendimento integral à saúde da

criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde,

garantido o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção,

proteção e recuperação da saúde.

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No Parágrafo 1º desse mesmo Artigo a criança e o adolescente

portadores de deficiência receberão atendimento especializado. Assim com no

em seu Parágrafo 2º incumbe ao poder público fornecer gratuitamente àqueles

que necessitarem os medicamentos, próteses e outros recursos relativos ao

tratamento, habilitação ou reabilitação.

No Capítulo IV Artigo 54 dessa Lei assim como na Constituição Federal de

1988 em seu Art.208: Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer

dispõe: É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: Inciso III -

atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,

preferencialmente na rede regular de ensino.

Vale lembrar, que este Estatuto é o conjunto dos direitos e deveres

legalmente estabelecidos para toda criança e adolescente, portador(a) de

deficiência ou não.

No que se refere à criança a ao adolescente portadores de deficiência,

essa legislação significa um importante caminho para o exercício de direitos

que muito poucas vezes são praticados, por falta de mecanismos eficazes.

1.5 – Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (LDB)

Esta Lei estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. No

Título III: Do Direito à Educação e do Dever de Educar, no Art. 4º Inciso III:

dispõe que o dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado

mediante a garantia de atendimento educacional especializado gratuito aos

educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de

ensino.

No que concerne o atendimento educacional especializado da rede

privada de ensino esta lei não dispõe diretamente sobre ele.

No Capítulo V, Da Educação Especial, dessa mesma Lei dispõe-se no

Art. 58º que:. entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a

modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular

de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.

§ 1º. Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola

regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.

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§ 2º. O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços

especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos,

não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.

§ 3º. A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início

na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.

Art. 59º. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com

necessidades especiais:

I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização

específicos, para atender às suas necessidades;

II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível

exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas

deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar

para os superdotados;

III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior,

para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular

capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;

IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na

vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem

capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os

órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade

superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;

V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares

disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.

Art. 60º. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios

de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas

e com atuação.

Se tudo o que está previsto nessas Leis estivesse ocorrendo na práxis

escolar, talvez os dados apresentados e analisados no capítulo II deste

trabalho pudessem dialogar de outra forma com essas legislações vigentes.

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CAPÍTULO II

A formação do professor: reflexões, desafios,

perspectivas.

A Constituição Federal de 1988 estabelece, explicitamente, algumas

garantias aos portadores de deficiência, mas a práxis escolar mostra através

da análise do questionário em anexo que apenas a legislação e o Projeto

Político Pedagógico da escola não são suficientes para que os professores

trabalhem na perspectiva da inclusão escolar.

Qual o lugar do professor e do aluno nesse processo educacional? A

inclusão é uma questão política de legislação ou uma mudança de concepção

em nossa prática escolar? Qual o significado da exclusão? Uma política de

inclusão resolve a questão?

Através de um questionário aos professores do 2º segmento do Ensino

Fundamental assim como através da análise do Projeto Político Pedagógico,

analiso e verifico ao longo desta pesquisa em que medida as políticas públicas

de inclusão, o conhecimento e a práxis dos professores, do coordenador

pedagógico e o Projeto Político Pedagógico contribuem para uma

escola/educação mais democrática e livre de preconceito.

Dentro da tradição escolar brasileira, a face de preferência comumente

apresentada é pelos ricos, pelos que apresentam maior desempenho escolar,

aqueles que tiram as maiores notas e que não apresentam necessidade de

cuidados específicos.

Esses pensamentos que durante anos perduraram na educação

reiterando a divisão de classes sociais, a segregação pelo bom desempenho

escolar e a discriminação por aquele que está em menor número e que exige

maior atenção por parte dos educadores e educandos na perspectiva de escola

para todos estão tendo que de uma forma ou de outra reavaliar seus

paradigmas. Para assim, continuarem atuando no processo educacional sem

se sentirem marginalizados.

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Desta forma, em diálogo com os professores do 2º segmento do Ensino

Fundamental II do Centro Educacional de Niterói pelo não conformismo com a

atual situação educacional brasileira no que concerne a educação inclusiva

especificamente, nesta pesquisa, analisa-se através de um questionário sobre

esse assunto as relações entre a práxis inclusiva e o processo de formação do

educador.

A primeira questão apresentada foi: O que é, para você, educação

inclusiva? E os professores entrevistados responderam que:

É respeitar as diferenças------------------------------------------------------------11

É compreender as diferenças------------------------------------------------------07

É harmonizar as diferenças---------------------------------------------------------06

É buscar práticas didáticas diferenciadas, respeitando sempre as

diferenças--------------------------------------------------------------------------------------—11

É incluir em sala de aula sem ter que salientar as diferenças-------------02

É não ter diferenciação entre as características individuais—-------------04

É o que é feito no CEN há 50 anos ----------------------------------------------02

É incluir as várias deficiências em um contexto educacional--------------01

É dar ao incluído a oportunidade de aprender---------------------------------01

Não sei como explicar—-------------------------------------------------------------01

É a oportunidade de dar a todos a mesma educação------------------------01

É incluir em várias áreas: digital, alunos especiais, deficientes. ----------01

É incluir o marginalizado socialmente para participar de parte pelo

menos do seu meio. ---------------------------------------------------------------------------01

Essa questão por permitir muitas variantes já que não era tão diretiva,

auxilia no processo de entendimento sobre o que pensa o educador sobre a

educação inclusiva.

Algumas dessas explicações foram apresentadas por mais de um

entrevistado e por isso o quantitativo final difere do número de questionários

analisados. Ainda assim, os itens que mais aparecem são: respeitar as

diferenças e buscar práticas didáticas diferenciadas que respeitem sempre as

diferenças.

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Na questão 2: Dentro do contexto escolar, você tem conhecimento

sobre educação inclusiva?

Dos 27 questionários aplicados aos professores das diversas áreas do

conhecimento obteve-se o seguinte gráfico a essa pergunta.

Dentro do contexto escolar, você tem conhecimento sobre educação inclusiva?

Sim

Não

Essa informação muito interessa a essa análise, pois comprova que os

educadores em sua maioria têm conhecimento de que ocorre educação

inclusiva. Mas, a pergunta seguinte era para esses que responderam que tem

conhecimento de que ocorre educação inclusiva, e ela reflete que a maioria

tem esse conhecimento pela prática e não fruto de um estudo sobre o assunto.

Na prática, na vida

Nas escolas

Formação continuada

Onde este conhecimento foi adquirido?

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Já que esta é uma pesquisa que busca melhor entender a prática

escolar em uma determinada instituição de ensino privada para que possa

promover uma reflexão maior em outros âmbitos educacionais, a pergunta 3

do questionário era mais volta para a escola pesquisada. Dos 27 que

responderam ao questionário, obteve-se como resposta:

Você teve aqui na escola experiência com aluno(s) com deficiência?

Sim

Não

Em sua totalidade, o grupo respondeu que teve no Centro Educacional

de Niterói experiência com alunos com deficiência. A pergunta seguinte que

versa sobre a qualidade dessa experiência, apresentou o seguinte resultado.

No momento da entrevista, muitos dos entrevistados se questionavam

sobre o que representa uma experiência muito boa, boa ou regular. Como esta

análise buscou entender o processo de formação e a prática do educador em

relação à educação inclusiva, não se buscou com isso, esmiuçar esses

conceitos e sim procurar relacioná-los com a formação desse educador.

Na questão 4, muitas variantes foram apresentadas como resposta, o que

indica que a pergunta precisava ser mais determinante, mas ainda assim vale a

análise desse corpus para se ter um maior entendimento do que pensam esses

professores sobre esse assunto. Como foi uma resposta dissertativa, os

professores muita das vezes apresentavam mais de uma resposta como

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explicação sobre o assunto, por isso o quantitativo final dessa análise é

superior ao número total de questionários.

Para você, quando uma criança deve ser considerada com deficiência? Quando tem déficit cognitivo ------------------------------------------------------------------2

Quando não consegue aprender de forma alguma -------------------------------------1

Não sei responder -------------------------------------------------------------------------------5

Quando tem qualquer tipo de problema, de deficiência, limitações

(concentração, capacidade, síndrome)-----------------------------------------------------6

Quando precisa de apoio-----------------------------------------------------------------------3

Quando tem laudo médico --------------------------------------------------------------------3

Não tenho esse conceito ----------------------------------------------------------------------1

Todos têm deficiência --------------------------------------------------------------------------3

É difícil responder -------------------------------------------------------------------------------2

Quando tem déficit em relação ao grupo --------------------------------------------------3

Quando a criança não pode se movimentar ----------------------------------------------1

Deficiência é uma palavra que não se enquadra ----------------------------------------1

Quando tem uma dificuldade aguda constante no aprendizado e nas relações

na escola -------------------------------------------------------------------------------------------1

Na questão 5, o questionamento foi para saber exatamente onde foi adquirido

o conhecimento desses professores que disseram saber como atuar com

pessoas com deficiência. Primeiramente foi perguntado sobre:

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23

Você tem conhecimento sobre como atuar com pessoas com deficiência?

Sim

Não

Ao comparar os gráficos das questões 2,3 e 4, percebe-se coerência nas

informações coletas. Na questão 2, a maioria informa que tem conhecimento

sobre educação inclusiva no contexto escolar, na questão 3, em sua totalidade

o grupo afirma ter tido experiência com educação inclusiva no Centro

Educacional de Niterói e agora na questão 5 também em sua maioria o grupo

responde que tem conhecimento sobre como atuar com as pessoas com

deficiências.

Vale lembrar que os dados coletados devem mostrar o processo de

formação do educando e sua práxis escolar.

A pergunta seguinte relacionada à questão 5 indica o processo de

formação desse conhecimento que o educador afirma possuir.

Onde este conhecimento foi adquirido? Ou seja, onde foi adquirida essa

formação sobre como atuar com pessoas com deficiência?

Na Universidade ---------------------------------------------------------------------------------4

No cotidiano, com a vida, com as próprias pessoas deficientes-------------------10

Lendo, na internet, revistas, estudos--------------------------------------------------------3

Em uma disciplina na especialização ------------------------------------------------------1

Na prática com conversa com especialistas ----------------------------------------------2

Em cursos -----------------------------------------------------------------------------------------1

Em outra escola ----------------------------------------------------------------------------------2

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24

Na questão 6, analisa-se com esse questionamento se o educador tem

conhecimento desse assunto no Projeto Político Pedagógico da escola, pois já

foi afirmado anteriormente pela maioria do corpo docente do segmento

analisado que eles já vivenciaram a experiência de inclusão nessa escola.

Você tem conhecimento sobre educação inclusiva no PPP desta escola?

Sim

Não

A análise do gráfico remete a duas grandes possibilidades de

interpretação. Primeiramente que questionar se esses 63% que disseram que

não tem conhecimento dessa informação sobre inclusão escolar no PPP, pois

não leram isso no Projeto ou se não sabem porque não tiveram acesso ao

Projeto.

Como infelizmente esse questionário não previu esse tipo de resposta já

que se trata de uma escola com uma filosofia humanista, o que cabe analisar

aqui pela questão subseqüente é os 37% dos entrevistados que disseram que

sim e somar essa dúvida para em outro momento reavaliar esse processo de

análise entre a práxis e as imposições governamentais.

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Você tem conhecimento sobre educação inclusiva no PPP desta escola?

Sim

Não

Os educadores que responderam que sim, ou seja, os 37% dos

entrevistados informaram na questão seguinte relacionada ao PPP que tiveram

conhecimento sobre esse assunto no PPP através de:

Se sim em quais condições? No retreinamento, com a orientação,

direção, coordenação ou com os demais professores?

Demais professores----------------------------------------------------------------------------10

No Projeto Político Pedagógico --------------------------------------------------------------3

Com a orientação---------------------------------------------------------------------------------6

No retreinamento---------------------------------------------------------------------------------4

Com a coordenação-----------------------------------------------------------------------------5

Com a direção-------------------------------------------------------------------------------------2

Como esta foi uma questão dissertativa, o quantitativo apresentado nos

itens levantados difere do número de questionários respondidos, pois alguns

profissionais responderam à questão apresentando mais de um item.

O Centro Educacional de Niterói é uma escola experimental fundada em

1960. Tem como missão em seu PPP a formação integral da pessoa inserida

no espaço que a cerca e no tempo do qual ela emerge, contribuindo, ao

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mesmo tempo, para a formação ética e o desenvolvimento da autonomia moral

e intelectual e do pensamento crítico, de forma que possa intervir na realidade.

O CEN em seu Projeto Político Pedagógico afirma que se deve pensar

em uma educação voltada para a formação da pessoa em sua totalidade, para

o desenvolvimento da sua inteligência crítica e do seu espírito inventivo,

capacitando o indivíduo para viver em uma sociedade pluralista em

permanente processo de transformação. Isso prevê o oferecimento de

oportunidades educacionais que desenvolvam a dimensão cognitiva, a

capacidade de trabalho, a intuição, a criatividade, a responsabilidade social, os

substratos éticos, afetivos, físicos e espirituais.

A educação nessa escola, segundo o seu PPP, deve ser vivenciada

como processo, em contínua construção, onde a inteligência, a consciência e o

pensamento atuam em um movimento recursivo de reflexão na ação e de

reflexão sobre a ação.

Nessa escola, por exemplo, solicitar alguns minutos para se responder a

um questionário que reflete sobre a prática escolar é tão recorrente, seja pelos

alunos ou pelos professores que o difícil é selecionar o corpus a ser

entrevistado.

Na questão 7, sobre quais crianças poderiam ser incluídas, houve um

questionamento por parte dos entrevistados. Para alguns, o “não” poderia

atender ao fato dessa característica já fazer parte do processo de incluídos,

para outros o “não” poderia representar que não faz parte do grupo que precisa

ser incluído. Como à pergunta cabia apenas sim ou não como resposta, assim

foi respondido:

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Quais crianças poderiam ser incluídas?

DeficientesMentais/Intelectuais

Deficientes Auditivos

Deficientes Visuais

Deficientes Físicos

Com Síndromes (Dow n;Autismo;Outros)

Com fissuralabiopalatina

Com problemasneurológicos

Com problemas deaprendizagem

Com problemas decomportamento

Com problemasfamiliares

Com classe social muitobaixa

Órfãos

Porém, nos quadros a seguir, em que se analisa cada item em

separado, pode-se observar que algumas pessoas informaram que não

deveriam não deveriam ser incluídas seja porque para ela não caberia ser

enquadrada no processo de inclusão ou porque já estavam incluídas sem

necessariamente serem mencionadas como participantes de um grupo que

requer cuidados outros.

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Como este questionário não contemplou essa possibilidade de

interpretação,cabe neste caso analisar simplesmente se a criança com essas

características poderia ou não, segundo os educadores entrevistados, ser ou

não incluída no processo educacional.

Deficientes Mentais/Intelectuais

Sim

Não

Deficientes Auditivos

Sim

Não

Deficientes Visuais

Sim

Não

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Deficientes Físicos

Sim

Não

Com Síndromes (Down; Autismo;Outros)

Sim

Não

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30

Com fissura labiopalatina

Sim

Não

Com problemas neurológicos

Sim

Não

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Com problemas de aprendizagem

Sim

Não

Com problemas de comportamento

Sim

Não

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Com problemas familiares

Sim

Não

Com classe social muito baixa

Sim

Não

Órfãos

Sim

Não

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33

Na questão 6 os educadores responderam em sua maioria que não

tinham conhecimento sobre o assunto inclusão no PPP da escola, porém eles

pensam em consonância com o que nele está escrito como mostra o texto

acima sobre o que trata esse documento. Esses educadores, em sua maioria,

ainda que desconheçam o assunto no PPP, segundo esse questionário,

pensam que as pessoas com deficiência mental/intelectual, auditiva, visual,

física, com síndromes, com fissura labiopalatina, com problemas neurológicos,

com problemas de aprendizagem, com problemas de comportamento, com

problemas familiares, com classe social baixa e/ou órfã podem ser incluídas no

processo educacional.

A questão 8 apresenta um questionamento sobre a ordenação do grau

de importância de alguns itens para haver melhor êxito na inclusão escolar.

Todos os entrevistados reclamaram sobre o processo de ordenação das

propostas, fosse porque muitos gostariam de colocar vários itens como o 1º no

grau de importância do processo, fosse porque era difícil pensar em uma

hierarquização dos quesitos como um todo.

Os itens que foram enumerados em ordem de grau de importância para

que a educação inclusiva dê certo:

Boa vontade do professor

1

2

3

4

5

6

7

8

Os entrevistados em sua maioria informam ser de suma importância a

boa vontade e no item seguinte informam que para 30% dessas pessoas fazer

parte do PPP deva ser o 8º item do processo.

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As informações obtidas através das respostas das questões 1,2 e 3

ratificam a informação de que para um educador obter êxito no processo de

inclusão, não basta boa vontade. Na questão 1, foi apresentado como

resposta, em um relativo percentual, que é importante buscar práticas didáticas

diferenciadas, respeitando sempre as diferenças.

Essa busca de novas e adequadas práticas didáticas só é possível

mediante o conhecimento das mesmas, portanto cabe ao educar perceber a

multiplicidade de sua sala de aula através da observação direta (práxis), das

informações compartilhadas pela orientação, coordenação e familiares além é

claro de estudos sobre como melhor desenvolver seus métodos e planos de

atuação.

Classificação da experiência com inclusão no CEN

Muito boa

Boa

Regular

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35

Que faça parte do Projeto Pedagógico

1

2

3

4

5

6

7

8

É importante observar que ainda em relação a esse item, 26% dos

entrevistados julgam ser muito importante fazer parte do Projeto Político

Pedagógico, mas lá na questão 6 do questionário a maioria respondeu

desconhecer essa informação nesse documento.

Que a equipe escolar toda seja favorável

1

2

3

4

5

6

7

8

Apenas 15% julgam esse item como o mais importante enquanto que a

maior parte, 22%, o qualifica como sendo o 4º item da ordenação da listagem.

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Que haja apoio da diretoria

1

2

3

4

5

6

7

8

Nenhum entrevistado coloca esse item como 1º lugar da escala de

importância para o sucesso da inclusão, 27% dos educadores entrevistados

julga esse como o 8º item mais importante. Isso pode em um outro momento

compor em uma outra análise para o entendimento de que é o professor em

sua sala de aula que faz acontecer os projetos educacionais.

Que o professor saiba sobre deficiência

1

2

3

4

5

6

7

8

4% dos educadores julgam este item como 1º lugar e 21% como o mais

votado do 4º lugar.

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37

Que o professor tenha auxílio de equipe técnica

1

2

3

4

5

6

7

8

Ninguém apresentou esse como 4º item da ordenação, 22% colocaram

como o mais importante e 33%, a maioria, como o 3º item da escala.

Que sejam oferecidos cursos de formação continuada sobre o assunto

1

2

3

4

5

6

7

8

Ninguém colocou este como o 7º item da escala, 7% colocaram como o

mais importante e 23%, a maioria, colocou como 4º lugar do processo.

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Que tenha colaboração entre educação comum e educação especial

1

2

3

4

5

6

7

8

Ninguém colocou este item como o 2º lugar da escala, 2% apresenta

esse como item mais importante e 27%, a maioria o classifica como sendo o 6º

item mais importante.

Aquela informação inicial sobre a dificuldade dos entrevistados

escalonarem os itens apresentados para indicarem seus respectivos graus de

importância para que a educação inclusiva dê certo é reiterada pela análise dos

gráficos que são representados em seu conjunto no gráfico a seguir:

Veja no diagrama a seguir os itens representados por grau de

importância para os entrevistados:

(a) Boa vontade do professor.

(b) Que faça parte do projeto pedagógico.

(c) Que a equipe escolar toda seja favorável.

(d) Que haja apoio da diretoria

(e) Que o professor saiba sobre deficiências.

(f) Que o professor tenha auxílio de equipe técnica (Psicólogo; Fonoaudióloga;

Assistente social; Especialista em Educação Especial).

(g ) Que sejam oferecidos cursos de formação Continuada sobre o assunto.

(h) Que tenha colaboração entre educação comum e educação especial.

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De 1 a 8 o que é importante para que a educação inclusiva dê certo

0

2

4

6

8

10

1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o 8o

a

b

c

d

e

f

g

h

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CAPÍTULO III

O Coordenador Pedagógico e a questão da inclusão

O CONCEITO

A palavra “inclusão”, do latim inclusione, significa o ato ou efeito de

incluir. Pode-se entender esse conceito para outros sentidos, como os de

“juntar”, “estar com”,”fazer participar”, “considerar como parte”. Assim, uma

nação inclusiva é aquela que atua em coletividade, mas preza o indivíduo, ou

melhor, reconhece e preserva a identidade de cada um. Um lugar em que

todos fazem parte, todos participam, todos atuam com suas possibilidades e

diferenças, com seus limites, pensamentos, opiniões, crenças, gostos. Uma

sociedade que repudia a marginalidade e a discriminação de qualquer ordem,

que respeita as diferenças, que acolhe a todos, em todos os lugares. Inclusão

também engloba o acesso de todos os cidadãos aos meios de comunicação

(Internet, telefone, televisão, jornais, revistas) e de consumo dos bens e

produtos minimamente necessário para uma vida digna.

3.1 A inclusão na escola.

No contexto escolar, a ideia de inclusão quase sempre está associada

ao ato de aceitar ou receber a criança e o adolescente que exigem cuidados

especiais2. Porém, uma escola inclusiva deve estar preparada, do ponto de

vista de sua arquitetura, dos processos pedagógicos, recursos materiais e

profissionais, para muito mais. Ela deve acolher e trabalhar com todos:

crianças, jovens, adolescentes e adultos que necessitam e têm direito à escola.

A escola tem de aceitar a todos, e para frisar esse “todos” vale a tautologia,

“com sua diferenças”, pois quando se fala em “todos” pensa-se em cada um, o

cada um pressupõe as individualidades, as particularidades, portanto as

diferenças. Diferenças que não estão circunscritas às necessidades especiais

mencionadas em nota abaixo, envolvendo, ainda, aquelas denominadas

dislexias, hiperatividade, pobreza, assim como outras relacionadas a fatores

psicológicos, sociais e culturais que também interferem no bom desempenho

2 Comumente entendidas como deficiência mental, auditiva,da fala,visual e física.

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escolar do aluno e resultam em preconceito, discriminação e indiferença por

parte da escola.

Só se pode estabelecer uma igualdade se admitir-se que existam

diferenças, com as quais se devem trabalhar. Só se alcançará uma igualdade

de oportunidades se tratarem as pessoas diferentemente, ou seja, a partir de

suas potencialidades intelectuais e de sua condição econômica, cultural, social.

Sabe-se que a escola não tem o poder de acabar com as mazelas

sociais, como se acreditou com as políticas públicas no início do século XX,

que defendiam a difusão das escolas como uma forma de assegurar à nação

um lugar no mundo desenvolvido. Entretanto, ainda hoje, legislação não falta

para mostrar que cabe à escola fazer esse papel de inserção social.

Porém, como foi visto no capítulo II desse trabalho, o educador que

acolhe esse educando que requer cuidados outros, faz isso de forma

espontânea e desinformado, pois possui em si o germe da solidariedade,

fundamental para a tendência à inclusão, mas deve-se ter claro que em

educação não basta boa vontade. É necessário conhecimento e para tanto é

fundamental a formação desse educador.

3.2 O coordenador pedagógico e a inclusão.

A escolha do coordenador pedagógico como o interlocutor desse

processo de inclusão escolar foi realizada mediante a abrangência de sua

atividade, que é caracterizada pelo tempo, diário e semanal, que ele

permanece na instituição e, sobretudo, pelo relacionamento que mantém com o

conjunto dos professores.

Cotidianamente pode-se observar que o coordenador pedagógico se

articula com vários outros setores da vida escolar (direção, pais, alunos,

funcionários e comunidade em geral). Portanto, sua atuação no processo

educacional é de grande valia, pois ele é um importante facilitador das relações

interpessoais.

O coordenador pedagógico pelo papel que desempenha na comunidade

escolar precisa ter claro que as pessoas possuem em si mesmas os recursos

para a autocompreensão e para a modificação de seu autoconceito, de suas

atitudes e, consequentemente, de seus comportamentos, e que esses recursos

podem ser ativados, se houver um clima psicológico facilitador.

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Cabe ao coordenador com esse importante papel de facilitador

apresentar alto grau de empatia. Mas, para que ele seja sensível ao outro é

preciso que ele o aceite como a pessoa que é. Dificilmente se pode ter empatia

sem que se tenha também consideração positiva incondicional. Mas essas

duas condições só terão sentido se forem autênticas.

Quando alguém é ouvido (e compreendido), isso traz uma mudança na

percepção de si mesmo, por sentir-se valorizado e aceito. E por sentir-se

valorizado e aceito, pode apresentar-se ao outro sem medo, sem

constrangimentos. Por isso, a relação de empatia está intimamente ligada à

construção da identidade.

Para que haja um clima de empatia nas instituições escolares é

fundamental que se estabeleça a habilidade de ouvir. É através dessa

capacidade que o coordenador poderá perceber melhor o meio em que atua e

assim respeitando e valorizando a diversidade de seu meio que ele poderá

melhor atuar nas inter-relações.

No processo de formação educacional contínuo e dialógico, os

educadores estão aprendendo assim como os educandos. Esse desconforto no

ato de aprender, que se traduz por uma resistência, permite ao se reconhecer

como não sabendo algo, um possível bloqueio. O coordenador que ouve, que

observa, que se percebe como parte formadora e que se forma

concomitantemente nessas relações interpessoais facilita esse diálogo e

permite nas reuniões formais ou informais do espaço escolar momentos de

formação contínua.

Saber ouvir permite que as reações de bloqueio, de resistência, de

ameaça a sua identidade sejam diminuídas, pois as pessoas se sentem

aceitas, valorizadas com suas experiências, percepções, sucessos e

insucessos. As pessoas quando ouvidas sentem-se mais aberta à nova

experiência.

O planejamento escolar dialógico permite por intermédio desse

coordenador facilitador uma discussão clara, objetiva que registra todo o

processo de busca e de avaliação do processo educacional.

Quando educadores e educandos conversam e deixam aflorar as

experiências vividas permitindo ouvir as experiências dos idosos sem serem,

com isso, melancólicos e nostálgicos, o espaço escolar em que pulula a cada

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instante com mais e mais vida, avança nas discussões, entende porque

determinadas ações pedagógicas de tempos em tempos podem e devem ser

re-visitadas e outras tantas modificadas.

O coordenador que ouve, percebe que o diálogo prevê o ouvir nas suas

diferentes formas e aumenta as possibilidades de releitura da experiência, em

confronto com as situações do momento presente.

Como foi dito ao começar este capítulo, uma nação que trabalha de

forma inclusiva, atua na coletividade. O coordenador-facilitador auxilia a

organizar a escola como um espaço para que as pessoas se encontrem,

troquem vivências, reelaborem suas experiências e tenham retaguarda para

implantar seus planos.

Uma escola que preconiza o diálogo, que valoriza as diversidades dos

indivíduos, que se ouve reflete na sala de aula esses momentos democráticos,

respeitosos, ricos na pluralidade individual, fortalece o coletivo, se autoavalia

periodicamente, atua com liberdade , apresenta, discute e ouve propostas.

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CONCLUSÃO

Ao longo deste trabalho, através dos questionamentos que surgem e

surgiram dentro próprio espaço escolar, assumi um compromisso de repensar

esse espaço com, na e para nele avançar com as discussões.

Através das leituras de textos sobre inclusão escolar, sobre as

legislações, da elaboração das perguntas do questionário, das entrevistas, das

inúmeras reflexões sobre o que a escola representa na e para sociedade, das

análises dos questionários pude re-visitar a escola. Pude com isso, lembrar de

Léa Tiriba que diz que a construção coletiva de uma escola é a oportunidade

que os educadores têm de explicarem e sistematizarem suas visões de mundo

e projetos de sociedade.

Através dessas reflexões sobre o cotidiano escolar pude analisar e

fomentar o diálogo sobre a importância de se formar continuamente o

educador, já que ele é ao mesmo tempo sujeito e paciente desse discurso que

sustenta e fomenta as interrelações constituintes da sociedade.

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CARVALHO, Rosita Edler Carvalho. A nova LDB e a educação especial. Ed.

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Lei nº 8.490 de 19 de novembro de 1992.

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ANEXO

AVM Pós Graduação: Administração e Supervisão Escolar Questionário Ano:__________________E.F.II Disciplina:_______________________ 1. O que é, para você, educação inclusiva? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2. Dentro do contexto escolar, você tem conhecimento sobre educação inclusiva? ( ) Sim ( )Não Onde este conhecimento foi adquirido? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3. Você teve aqui na escola experiência com aluno(s) com deficiência? ( ) Sim ( )Não Caso Sim, classifique como foi: ( ) Muito Boa ( ) Boa ( ) Regular 4. Para você, quando uma criança deve ser considerada com deficiência? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5. Você tem conhecimento sobre como atuar com pessoas com deficiência? ( ) Sim ( )Não Onde este conhecimento foi adquirido? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6. Você tem conhecimento sobre educação inclusiva no PPP desta escola? ( ) Sim ( )Não Se sim em quais condições? No retreinamento, com a orientação, direção, coordenação ou com os demais professores? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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7. Quais crianças poderiam ser incluídas:

8. O que você julga que é importante para que a educação inclusiva dê certo? Enumere de 1 a 8 a coluna abaixo sendo 1 o indicador do que há de mais importante e 8 o que há de menor importância para você nesse processo.

( ) Boa vontade do professor. ( ) Que faça parte do projeto pedagógico. ( ) Que a equipe escolar toda seja favorável. ( ) Que haja apoio da diretoria. ( ) Que o professor saiba sobre deficiências. ( )Que o professor tenha auxílio de equipe técnica (Psicólogo; Fonoaudióloga; Assistente social; Especialista em Educação Especial). ( ) Que sejam oferecidos cursos de formação Continuada sobre o assunto. ( ) Que tenha colaboração entre educação comum e educação especial.

Este questionário foi respondido por 27 profissionais relacionados

diretamente ao 2º segmento do Ensino Fundamental II que são eles:

Auxiliar de Educação -----------------------------------------------------------------02

Auxiliar de manutenção -------------------------------------------------------------01

Auxiliar de Coordenação ------------------------------------------------------------01

Professor de Matemática -----------------------------------------------------------03

Professor de Cozinha Experimental ----------------------------------------------01

Supervisor Pedagógico --------------------------------------------------------------01

Professor de Língua Inglesa -------------------------------------------------------01

Professor de Língua Portuguesa --------------------------------------------------01

Professor de TI (Tecnologia da Informação) -----------------------------------01

Orientadora Educacional ------------------------------------------------------------02

Professor de Educação Física------------------------------------------------------02

Professor de Ciências ---------------------------------------------------------------01

Tutor -------------------------------------------------------------------------------------01

(1 ) Deficientes Mentais/Intelectuais ( ) Sim ( ) Não (2 ) Deficientes Auditivos ( ) Sim ( ) Não (3 ) Deficientes Visuais ( ) Sim ( ) Não (4 ) Deficientes Físicos ( ) Sim ( ) Não (5 ) Com Síndromes (Down; Autismo;Outros) ( ) Sim ( ) Não (6 ) Com fissura labiopalatina ( ) Sim ( ) Não (7 ) Com problemas neurológicos ( ) Sim ( ) Não (8 ) Com problemas de aprendizagem ( ) Sim ( ) Não (9 ) Com problemas de comportamento ( ) Sim ( ) Não (10 ) Com problemas familiares ( ) Sim ( ) Não (11 ) Com classe social muito baixa ( ) Sim ( ) Não (12 ) Órfãos ( ) Sim ( ) Não

Page 49: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · exigem cuidados especiais? Esta é uma reflexão que surgiu a partir do exercício diário do magistério no Centro Educacional

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Professor de atividades Agrícolas ----------------------------------------------01

Professor de História ---------------------------------------------------------------01

Professor de Química --------------------------------------------------------------01

Professor de Prática de Pesquisa Escolar -------------------------------------01

Professor de Geografia -----------------------------------------------------------02

Professor de Língua Francesa --------------------------------------------------01

Professor de Educação Musical -------------------------------------------------01

Professor de CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) e EGT

(Empreendedorismo e Gestão de Talentos) ------------------------------------------01

Obs: 04 Professores de Artes não responderam ao questionário, por

incompatibilidade de horários e por ter sido aplicado próximo ao fechamento do

bimestre e culminância do Projeto Festa Junina. E 1 Professora de TI também

não respondeu, pois não estava no período de aplicação do questionário por

questões de saúde. A 1 Professora de Língua Portuguesa também não fez

parte do corpus analisado, pois foi ela quem entrevistou os demais colegas de

trabalho.