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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA PREVENÇÃO DOS INCÊNDIOS
FLORESTAIS
Por: Divina Paula Batista de Oliveira
Orientador(a): Prof(a). Mariana de Castro Moreira
Palmas/TO
2013
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1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA PREVENÇÃO DOS INCÊNDIOS
FLORESTAIS
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Educação Ambiental
Por: Divina Paula Batista de Oliveira
2
AGRADECIMENTOS
A Deus, primeiramente, e às
colegas Rossana Gehlen, Maria
de Jesus e Margarida,
companheiras nos caminhos da
educação ambiental.
3
DEDICATÓRIA
Aos meus f i lhos Leonardo, Augusto
César e José Augusto, bênçãos de
Deus em minha vida.
4
RESUMO
Trata-se de um tema de fundamental importância que visa analisar a Educação Ambiental na prevenção e combate aos incêndios f lorestais originários em decorrência das queimadas como prát ica corriqueira dos trabalhadores nas atividades rurais, sob a ót ica dos conceitos f irmados na Conferência de Tbil is i (Geórgia, ex-URSS, 1977) juntamente com os princípios do desenvolvimento sustentável estabelecidos no Relatório Brundtland ou Nosso Futuro Comum1.
Descritores: Educação Ambiental, Desenvolvimento Sustentável, Incêndios Florestais, e Queimadas.
1 O relatório final da Comissão Mundial de Meio Ambiente, entregue em 1987 com o título Relatório Brundland ou Nosso Futuro Comum, apresenta o conceito de desenvolvimento sustentável definindo-o como "aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias".
5
METODOLOGIA
A metodologia deste trabalho encontra-se apoiada em
consultas em material publicado em l ivros, dissertações, teses,
revistas, anais, sites de busca, revistas on-line, catálogos e
artigos, todos de cunho técnico ou científ ico, bem como legislação
pertinente ao assunto. Trata-se, portanto, de uma pesquisa
bibl iográf ica e telematizada (VERGARA, 1997).
Verif ica-se que a internet tornou-se uma fonte de informação,
sendo inegável sua contribuição como ferramenta de construção
nos trabalhos acadêmicos, uma vez que são disponibi l izados em
formato eletrônico publicações de inst ituições públicas e
particulares em sites acessados l ivremente pelo público apoiando
assim a pesquisa documental contemporânea (TURRIONE &
MELLO, 2012).
Como fonte de pesquisa, a legislação brasileira retrata o
caminho percorrido pelas polít icas públicas concernentes às
questões relat ivas às queimadas e incêndios f lorestais e um olhar
sobre a mesma considera o trato governamental ao longo da
história dessas ocorrências no País.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ............7
CAPITULO I – O Fogo e os Incêndios Florestais.... ......... ............9
CAPITULO II – Ações de Combate e Prevenção .. ........ .... ..........13
CAPITULO III – Uma Agricultura Sustentável... ......... ... ............28
CAPITULO IV - Educação Ambiental . ............ ........ ........ ............35
CONCLUSÃO ....... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ..........41
BIBLIOGRAFIA ..... ............ ........ ........ ............ ........ ........ .........43
WEBGRAFIA......... ............ ........ ........ ............ ........ ........ ..........44
ANEXOS ... ........ .. ............ ........ ........ ............ ........ ........ ..........46
7
INTRODUÇÃO
Os incêndios nas f lorestas brasi leiras são fatos
incontestáveis que acontecem anualmente, são divulgados na
mídia nacional e constatados pelos satéli tes da NASA durante o
monitoramento que é feito ininterruptamente para verif icar a
qualidade ambiental do Planeta. Estes fatos danosos, de repetição
periódica, somados à prát ica das queimadas são elementos
suf icientes que induzem ao estudo das ações e métodos que os
órgãos públicos e a sociedade brasileira ut i l izam para prevenir e
reduzir os incêndios f lorestais.
A educação ambiental conforme o conceito estabelecido na
Conferência de Tbilis i (Geórgia, ex-URSS, 1977), apesar de que a
terminologia globalização não era usual à época, nem ter sido
aplicada, seus 41 princípios delimitam os objetivos e estratégias
para a Educação Ambiental, numa perspectiva interdisciplinar e
globalizadora.
Conforme (DIAS, 1994) esse conceito é aceito e adotado pelo
Brasil e a maioria dos países da ONU. Portanto a educação
ambiental se caracteriza por incorporar as dimensões,
socioeconômica, polít ica e cultural. Devendo ser abordada sob um
ponto de vista que contemplem do local ao global, permitindo a
compreensão da complexidade relativamente à interação e
interdependência, aparentemente paradoxal, entre os diversos
fatores que compõem a questão socioambiental, num aprendizado
contínuo, para todas as idades, culturas e classes sociais.
8
Sua adoção deve sempre considerar a sustentabil idade do
processo de desenvolvimento (MATTAR e HELÚ, 2009) e, nesse
sentido, a questão da prevenção dos incêndios f lorestais, em
decorrência da prática das queimadas nas atividades rurais, está
contemplada no processo educativo visando o desenvolvimento
sustentável regional.
Considerando que os incêndios f lorestais são uma realidade
observada nos noticiários internacionais (principalmente quando se
referem às mudanças climáticas), que acarretam muito mais do
que prejuízos f inanceiros, mas aportam danos diretos imensuráveis
à população local, a biodiversidade e aos ecossistemas de uma
forma global.
Considerando ainda, que segundo Carvalho (2004) a
Educação Ambiental é uma ferramenta eficaz para a conservação dos
recursos naturais cujos resultados incluem os processos de
socialização, percepção, e conscientização por parte de toda a
população, com a participação permanente do governo, da
sociedade, das instituições públicas e privadas, que este trabalho
acadêmico tem como objeto analisar a sua importância, sob a ótica
dos conceitos f irmados na Conferência de Tbilis i (Geórgia, ex-
URSS, 1977) juntamente com os princípios do desenvolvimento
sustentável estabelecidos no Relatório Brundtland ou Nosso Futuro
Comum2, relativamente ao combate e, sobretudo a prevenção dos
incêndios f lorestais originários em decorrência das queimadas
como prática corriqueira dos trabalhadores nas at ividades rurais.
2 O relatório final da Comissão Mundial de Meio Ambiente, entregue em 1987 com o título Relatório Brundland ou Nosso Futuro Comum, apresenta o conceito de desenvolvimento sustentável definindo-o como "aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias".
9
CAPÍTULO I
O FOGO E OS INCÊNDIOS FLORESTAIS 1.1 O fogo O fogo é o resultado de um processo termoquímico de
oxidação. Essa reação química de oxidação é também denominada
de combustão e somente ocorre mediante uma fonte de calor e
quando há um combustível e um comburente. Portanto para que
haja a combustão são necessários três elementos, o combustível,
geralmente papel, madeira, álcool, gasolina, etc... , o comburente,
geralmente o oxigênio do ar atmosférico e a fonte de calor cuja
ignição pode ocorrer através da brasa de um cigarro, uma
descarga elétrica, a faísca resultado do atri to entre duas pedras,
etc.
É um fenômeno químico que obedece às denominadas Leis
das Proporções Definidas ou Leis de Proust, que signif ica dizer
que a configuração desordenada desses três elementos não
produzirá o fogo. Portanto, se houver a supressão de um de seus
elementos o fogo é extinto (site FIOCRUZ, 2013).
Este conceito é importante às técnicas de controle,
prevenção e combate aos incêndios, à medida que se pode
eliminar o fogo mediante a supressão do:
• Combustível, caso do isolamento, quando se isola a
área, não permitindo a sua expansão;
• Comburente, caso do abafamento, uti l izando nos focos
elementos denominados de abafadores ou chicotes feitos de borracha
10
resistente a altas temperaturas ou outros materiais, que servem para
abafar não permitindo a presença do oxigênio;
• Fonte de Calor, caso do resfr iamento, quando se lança
água nos focos.
1.2 Os incêndios e as queimadas Cabe distinguir os incêndios f lorestais das queimadas.
Enquanto o primeiro é o fogo de livre propagação que depende do clima, relevo e vegetação as queimadas são definidas como sendo o uso do fogo sob condições de controle para f ins agrícolas (DIAS, 2007).
Os incêndios f lorestais, de conformidade com Genebaldo Freire Dias (2007), têm como principais causas os seguintes motivos:
O desconhecimento dos processos que asseguram a vida na terra; Fenômenos Naturais – raios, combustão natural, efeito lupa; Cultura - costumes, comportamento, tais como o uso de fogos de art if ício, balões, r itos rel ig iosos, queima de l ixo, distúrbios psíquicos (piromania) e fogueiras. Extrat ivismo – extração da f lora, extração de madeira, extração de mel, caça e preparação de área para extração mineral; Incidentes – preparação de aceiros, fagulhas de máquinas, rompimento de cabos de alta tensão e reignição; Polít ica Agrária Insustentáveis – incent ivo para prát icas agropecuárias não sustentáveis, como o uso do fogo para real izar “ l impeza” de áreas, queima de restos de exploração f lorestal, queima de cana; e despreparo dos rur ícolas, que realizam manejo controle inadequado das queimadas;
Dessa forma, f icam evidenciadas que apenas os fenômenos
naturais são as causas que independem da ação do homem para
que aconteçam. E, neste caso que são inevitáveis que sucedam,
os procedimentos de combate e prevenção são medidas para
minimizar suas consequências.
No mais as causas dos incêndios f lorestais são
majoritariamente decorrentes de ações antrópicas o que nos
11
remete ao Relatório Brundtland quando af irma a relação entre os
problemas ambientais e o desenvolvimento é absoluta. E somente
polít icas e diretrizes embasadas no melhor conhecimento científ ico
e tecnológico permitem o uso mais ef icaz dos recursos naturais
que podem proporcionar o desenvolvimento sustentável. Isto
signif ica que os acontecimentos que causam danos ao meio
ambiente provenientes de ações do homem seriam controlados
através de polít icas educativas, preventivas, de planejamento e
combate, visando à minimização ou até mesmo a erradicação dos
incêndios f lorestais (MATTAR E HELÚ, 2009).
1.3 Fogo e agricultura Há uma vasta l iteratura sobre conservação ambiental,
algumas referenciadas ao f inal deste trabalho, que demonstra os
efeitos danosos sobre a terra, população local e mundial referente
ao uso do fogo na agricultura. Provoca a desertif icação,
alterações climáticas, destruição da cobertura f lorestal nat iva
desprotegendo as nascentes e mananciais, o que ocasiona
grandes alterações no ciclo das chuvas.
As queimadas apesar de ser uma prática que há séculos é
uti l izada na agropecuária, são condenadas há mais de cem anos
pelos manuais de conservação do solo, devido às consequências
negativas que provoca na produtividade da terra. No Brasil para
realizá-la é necessário uma licença específ ica. Entretanto, apesar
da autorização, em alguns casos, convém dizer que sua prática de
forma irregular e indiscriminada é crime ambiental Lei nº 9.605, de
12 de fevereiro de 1998 que dispõe sobre as sansões penais e
administrativas decorrentes de condutas e atividades lesivas ao
meio ambiente.
Genebaldo Freire Dias (2007) sustenta que as queimadas
provocam impactos ambientais negativos que afetam a
sustentabil idade da própria agricultura. No solo, o fogo altera as
12
suas composições químicas, f ísicas e biológicas, prejudicando a
troca dos nutrientes e causando a sua volat i l ização.
Por consequência, há um uso maior de agrotóxicos e
herbicidas para o controle de pragas e de plantas invasoras, sendo
que tal prática agrava ainda mais a questão ambiental, matando os
micro-organismos do solo e contaminando o lençol freático e os
rios.
Liberam ozônio e grandes concentrações de monóxido e
dióxido de carbono, afetando a saúde dos seres vivos,
prejudicando a produtividade de diversas culturas. Elas
possibil itam que raios ultravioletas atinjam em maior quantidade a
Terra e causem efeitos cancerígenos. Igualmente, os gases que
f icam concentrados na atmosfera absorvem a energia térmica dos
raios infravermelhos ref letidos pela superfície da Terra,
contribuindo para o desequil íbrio dos gases que compõem o efeito
estufa gerando, entre outros danos as mudanças cl imáticas.
Como já foi dito, apesar de o fato de as queimadas serem autorizadas por órgãos governamentais, a r igor, vio lam a Constituição e a Lei Federal nº 6.938/81, que dispõe sobre a polít ica nacional do meio ambiente, e conceitua poluição de forma ampla (art. 3º, III ). E a Constituição assegura que:
todos têm direito ao meio ambiente equi l ibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à colet ividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para os presentes e futuras gerações (art. 225).
Daí a ênfase para a educação ambiental como instrumento de
combate e prevenção aos incêndios f lorestais, principalmente os
decorrentes das queimadas.
O enfrentamento mais ef icaz envolve a participação da
comunidade local. Portanto devem ser combatidos através de
polít icas, estratégias e planejamento visando conscientizar e
orientar a prática das atividades rurais de forma sustentável,
temas que serão abordados nos próximos capítulos, no sentido de
atender as necessidades econômicas atuais, maximizando a
ef icácia, gerando recursos para melhorar, em todos os aspectos a
13
qualidade socioambiental, sem, contudo, comprometer os recursos
naturais para que as produções vindouras sejam profícuas,
conforme os princípios da sustentabil idade descritos no relatório
“Nosso Futuro Comum”.
CAPÍTULO II
AÇÕES DE COMBATE E PREVENÇÃO
2.1 Planejamento
O planejamento é uma ferramenta administrativa, que possibilita
observar os fatos reais, diagnosticar, avaliar as soluções viáveis e construir um
referencial futuro objetivando a adoção de medidas e ações para efetivar os
resultados a que o planejamento se destina. Pode-se dizer que é o lado
racional da ação. É um processo que escolhe e organiza ações, buscando
alcançar objetivos pré-definidos. Essas ações devem ser identificadas de modo
a permitir que elas sejam executadas de forma adequada, considerando
aspectos como o prazo, custos, qualidade, segurança, desempenho e outras
condicionantes (Marcio Eduardo, 2008).
A proteção dos recursos naturais exige um planejamento criterioso de
maneira a antecipar a ocorrência de incêndios florestais, principalmente
próximos às unidades de conservação, cujo principal objetivo é a redução do
número de ocorrências, o combate ao fogo e a minimização dos impactos
negativos.
No processo de combate, o planejamento é fundamental para que o fogo
seja controlado, no menor tempo possível, com segurança, menor custo e
menor área queimada.
2.2 Planos de manejo
14
Os Planos de Manejo são uma exigência da lei federal que
trata do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza (lei 9985/2000). Baseado nos objet ivos gerais de uma
Unidade de Conservação, o Plano de Manejo é um instrumento de
planejamento no qual se estabelece o zoneamento e as normas
que devem orientar o uso da área, ocupação do solo e o manejo
dos recursos naturais, incluindo a implantação das estruturas
f ísicas necessárias à gestão da Unidade.
O IBAMA – Instituto Brasileiro e Meio Ambiente, órgão
executivo do Sistema Nacional de Meio Ambiente, tem dentre suas
atividades a realização de atividades de prevenção e combate aos
incêndios f lorestais e controle de queimadas por meio da
sensibil ização ambiental, desenvolvimento e difusão de técnicas
de manejo controlado do fogo e alternativas ao seu uso em todo
território nacional; e seleção, capacitação e contratação de
brigadas de prevenção e combate aos incêndios f lorestais para
municípios crít icos.
2.3 Brigadas de prevenção e combate O IBAMA e as prefeituras municipais estão estimulando a
criação de brigadas de prevenção e combate aos incêndios
f lorestais. São formadas por pessoas parceiras na proteção dos
recursos naturais. Elas atuam como complemento importante ao
trabalho executado pelos funcionários das unidades de
conservação e do Corpo de Bombeiros. Os brigadistas participam
de uma formação básica onde aprendem como definir a
coordenação do combate ao fogo, como reconhecer o local do
incêndio e técnicas para o combate direto e indireto. Formas de
util ização de ferramentas e conhecimento específ ico como o de
construção de aceiros.
As brigadas contra incêndios f lorestais buscam alertar as
comunidades locais quanto aos perigos do uso inadequado do
fogo. Os treinamentos contam com o suporte técnico do Ibama, dos
órgãos estaduais e do Corpo de Bombeiros. O público-alvo é a
15
comunidade local, formada por agricultores e fazendeiros que
costumam usar o fogo como ferramenta para renovar pastagens.
O trabalho de educação ambiental junto às comunidades é de
sensibil ização dos moradores do local com palestras e exposições
dos funcionários e componentes das equipes das unidades de
conservação após fazerem um levantamento sobre as áreas
crít icas no entorno. Essas palestras e exposições reúnem os
moradores em igrejas, associações comunitárias e outras
inst ituições e organizações que ao se sensibil izarem participam
dos cursos de capacitação/formação tornando-se um brigadista.
2.4 Planos de proteção
O PREVFOGO3 em suas publicações deixa claro que os
sistemas de proteção, em geral, têm o mesmo objetivo,
diferenciando-se apenas nos recursos, nos procedimentos
util izados e nos planos de proteção.
Os planos devem ser feitos de acordo com a situação local e
dos recursos disponíveis, mas, em qualquer que seja a situação,
para ser ef icaz o plano deve considerar os seguintes elementos:
o - causa;
o - local de ocorrência;
o - época de ocorrência;
o - classe do material combustível;
o - zonas prioritárias.
2.4.1 Conhecimento das Causas dos Incêndios
3 PREVFOGO - Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais - é um
Centro Especializado, dentro da estrutura do IBAMA, responsável pela política de prevenção e
combate aos incêndios florestais em todo o território nacional, incluindo atividades relacionadas
com campanhas educativas, treinamento e capacitação de produtores rurais e brigadistas,
monitoramento, pesquisa e manejo de fogo nas unidades de conservação administradas pelo
ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
16
Como já foi mencionado, o conhecimento das causas dos
incêndios é importante para a implantação de programas ef icazes
de prevenção. Segue suas principais causas:
o - naturais (raios);
o - incendiários;
o - queimas agrícolas ou f lorestais;
o - caçadores, pescadores e turistas;
o - estradas; e
o - diversos.
2.4.2 Caracterização da Área
A primeira ação no processo preventivo é real izar o
levantamento da área que se deseja proteger part indo dos dados
existentes como plantas topográf icas, mapas, dados
climatológicos, ocorrência de incêndios f lorestais em anos
anteriores, uso do solo na região, existência de estradas,
caminhos e outras vias de acesso, incluindo aceiros e a existência
de cursos d'água. Este levantamento deve ser constantemente
atualizado.
Os mapas planimétricos e planialt imétricos são fundamentais
para que os brigadistas saibam onde se encontram as encostas, os
vales, os cumes, as regiões mais acidentadas, as características
locais, construções existentes, caminhos, vias de acesso,
estradas, t ipo de cobertura vegetal, cursos d’água, barragens e
reservatórios, aceiros, uso do solo confrontante e locais de
incêndios anteriores.
As informações contidas nos mapas deverão ser
complementadas com dados f lorestais e cl imáticos da região,
períodos crít icos de incêndios, existência de recursos humanos,
materiais disponíveis para ações de prevenção e combate e
informações de hábitos da população ribeir inha.
17
2.5 Prevenção das fontes de fogo Segundo dados do PREVFOGO, é necessário se conhecer os
motivos que originaram os incêndios, para se realizar um
diagnóstico e a partir desses dados se possa elaborar um plano de
prevenção específ ico para cada caso. Exemplif ica:
O incêndio causado por fogueira é resultado do turista, da própria
fogueira e do descuido.
Incêndio de fogueiras = turista + fogueira + descuido. Se qualquer um
dos três elementos do incêndio for eliminado, não haverá fogo, por
conseguinte, existem três maneiras de se prevenir um incêndio desse tipo:
Banir os turistas de áreas sujeitas à ocorrência de incêndios (fechamento completo da área), ou induzir a não fazer fogueiras em determinadas áreas; Limitar o uso de fogueiras em determinadas áreas que não oferecem risco; Educar ou motivar os turistas a ser cuidadoso; e tomar precauções necessárias, a fim de evitar o incêndio.
As medidas proibit ivas como banir o turista ou proibir a
visitação, devem ser de caráter temporário, haja vista que se
obtêm resultados imediatos para uma determinada área. No
entanto, não conscientiza a população e não pode ser estendida
para grandes áreas.
A medida sustentável de combate e prevenção a incêndios
tem sempre o caráter part icipativo envolvendo a conscientização e
educação. Esse t ipo de medida de combate que tem caráter
temporário é, em alguns casos, aceito por causa do longo prazo
que é necessário até que se consiga obter os resultados
satisfatórios previstos nos programas de educação da população.
2.6 Educação e Comunicação da População
Como já foi mencionado no capítulo primeiro deste trabalho,
o ser humano é o maior causador de incêndios f lorestais, e a
desinformação da população sobre a necessidade de se conhecer
como se deve proceder para prevenir os incêndios também é um
18
fato. Outra coisa que f ica explícita é que a educação deve ser a
primeira iniciativa nos planos e programas de prevenção de
incêndios f lorestais.
A apostila elaborada pela PREVFOGO contendo orientações
para formação de brigadas aponta para a importância da
conscient ização da população para a conservação das f lorestas e
minimização dos prejuízos que os incêndios f lorestais podem
causar. Sendo que essa conscient ização pode ser obt ida através
de contatos individuais ou em grupo, da elaboração e divulgação
de material de apoio, da realização de reuniões, seminários,
palestras e entrevistas, e deve ser encarada como a primeira
iniciat iva na prevenção de incêndios.
O conhecimento prévio das característ icas da população
local permitirá a def inição da melhor estratégia de abordagem.
Contudo, o contato pessoal com os ribeir inhos, em particular com
aqueles situados em áreas de risco, é uma medida
reconhecidamente ef icaz. Deverá ser realizada pelo menos uma
visita antes do período crít ico, procurando motivar os habitantes
locais para o problema, estabelecer laços de parceria, difundir
normas legais existentes e distr ibuir material de apoio.
Outro aspecto é o contato pessoal que apesar de ser um
método caro, apresenta bons resultados, pois permite um diálogo
direto com população rural, geralmente carente de informações.
Neste t ipo de abordagem a part icipação de representantes do
poder público federal, estadual ou municipal é muito importante.
Também devem ser real izados trabalhos com os jovens e
atividades em escolas buscando a sensibil ização e a
conscient ização real da situação da população frente à
conservação e aos incêndios f lorestais. Esse t ipo de trabalho pode
ser mais profícuo quando é feito com a população em geral através
de reuniões em cooperativas, sindicatos, após os cultos religiosos,
os torneios ou as festas folclóricas regionais.
19
2.7 Vigilâncias fixas e móveis
Segundo o PREVFOGO a prática demonstra que a vigi lância
é uma ferramenta importante e necessária. Sua principal f inalidade
é detectar o foco de incêndio no estágio inicial e imediatamente
acionar o serviço de combate para debelar o fogo. Entretanto, a
vigi lância tem outro aspecto não menos importante que diz
respeito o monitoramento e a f iscalização da área para impedir a
ação de pessoas estranhas. Pode ser real izada de duas maneiras:
Vigi lância f ixa ou móvel.
A vigilância f ixa normalmente é feita através de um
observatório, geralmente constituído de torres em que operadores
instalados em seus bojos se revezam se comunicam e observam
diuturnamente a área selecionada.
Para isso é necessário um conjunto de torres que funcionem
por meio de triangulação entre elas, de forma que de uma torre
seja possível ser vista por outra e assim sucessivamente. A torre
deve oferecer comodidade e segurança para o operário, ter para-
raios, sistema de radiocomunicação e 360 graus de visibil idade.
Os principais critérios para a instalação de torres são o local
de maior alt itude dentro da área, número de torres a instalar,
zonas de ocorrência e principalmente o acesso até o local. Em
regiões acidentadas, podem ser feitos abrigos em pontos
estratégicos, aproveitando os acidentes geográf icos.
Para que o trabalho tenha o sucesso esperado devem ser
requeridas determinadas característ icas pessoais ao observador,
tais como: boa acuidade visual, experiência, método, atenção e
concentração; assim como lhe deverão ser proporcionadas boas
condições de trabalho e um completo equipamento de observação
e de comunicação.
A vigi lância móvel consiste no patrulhamento a pé, a cavalo,
de motocicleta, ou com outro t ipo de veículo. Tem um baixo custo
de instalação quando comparada ao da vigi lância f ixa, entretanto
sua manutenção é mais dispendiosa.
20
Um aspecto importante é que a presença de patrulheiros
intimida infratores e dif icultando a ação de estranhos.
Há outra forma de se efetuar a vigilância móvel que consiste
nas observações por aviões ou satélites que, apesar de mais
onerosas, se tornam mais ef icientes quando se trata de áreas de
grandes extensões.
Os sistemas de vigilância devem ser dotados de Centros de
Prevenção de Incêndios Florestais que são estruturas operacionais
que funcionam 24 horas por dia durante a época de maior
ocorrência de incêndios, cujas funções são:
o - central izar as informações de vigia relacionadas à
existência de incêndio, sua localização correta e a
informação de ocorrência aos meios de combate, como
corpos de bombeiros e brigadas de incêndio;
o - acompanhar a evolução dos incêndios, informando os
responsáveis pelo combate das infraestruturas
existentes (rede viária, rede de defesa contra
incêndios, locais de apoio, pontos de água); e das suas
características.
o - recolher elementos para o relatório posterior do
incêndio.
2.8 Plano de queima
Conforme Batista (1995) trata-se de um trabalho técnico que
exige conhecimento específ ico sobre o comportamento do fogo,
seus efeitos sobre o ambiente e técnicas de combate. A queima
controlada necessita da elaboração de um plano escrito e
detalhado para cada queima. Os principais pontos abordados em
um plano de queima controlada são:
a) Descrição e localização da área a ser queimada.
Incluindo t ipo de vegetação, topograf ia, t ipo e
quantidade de combustível, hectares a serem
21
queimados, um mapa com aceiros, l imites da área,
estradas, etc.
b) Objetivos da Queima - Definindo as razões para a
uti l ização do fogo, qual a ação esperada do fogo,
quanto material combustível será consumido, seu efeito
sobre as espécies arbóreas, intensidade, altura de
crestamento, etc.
c) Condições Climáticas Ideais - Com base no
comportamento do fogo estabelecer os limites dos
fatores cl imáticos (temperatura do ar, velocidade e
direção do vento, umidade relativa e índice de perigo
do fogo) condições sob as quais a queima pode ser
real izada sem danos ao ambiente.
d) Técnica de Queima - O método de queima a ser usado
depende da quantidade de combustível e da
intensidade de fogo desejada. (ex:. queima contra o
vento).
e) Vigi lância, Controle e Rescaldo - A vigi lância durante o
transcorrer de uma queima controlada é imprescindível
para que o fogo fuja de controle, bem como o rescaldo
que se deve eliminar todos os vestígios de fogo
remanescentes após o término da queima.
f) Avaliação da Queima- Deve ser real izada após a
queima registrando a data, hora da queima e
comportamento do fogo observados (velocidade de
propagação, intensidade, altura de crestamento e
quantidade de combustível consumida), bem como os
registros das condições climáticas e os efeitos do fogo
sobre o ambiente. Todos estes fatores irão determinar
a ef iciência da queima .
2.9 Queima controlada (queimadas)
22
Batista (1995) def ine queima controlada como sendo a
aplicação controlada do fogo em combustíveis, tanto no estado
natural como alterado sob determinadas condições de clima, de
umidade do material combustível, de umidade do solo, entre
outros, de tal forma que o mesmo seja confirmado a uma área pré-
determinada e produza a intensidade de calor e a taxa de
propagação para favorecer certos objetivos do manejo.
Tem como objetivos a redução do acúmulo de material
combustível em povoamentos, a facil itação e indução ao
surgimento de um sub-bosque imprescindível ao equil íbrio
ecológico, a preparação de terreno à prática de plantio, o controle
de espécies indesejáveis, controle de parasitas e doenças.
É importante salientar que o fogo controlado só deve ser
usado após um diagnóstico cuidadoso que indique que ele é mais
seguro, barato, ef iciente e prát ico do que outros tratamentos.
2.9.1 Material combustível da Floresta
Batista (1995) define material combustível da f loresta a
qualquer material orgânico, vivo ou morto, no solo ou acima deste,
capaz de alterar em ignição e queimar e classif ica-os de acordo
com sua distr ibuição vert ical, em três grupos:
o - Combustíveis de solo
o - Superf iciais
o - Aéreos
Combustíveis de solo são todos os materiais que estão
abaixo da superfície da f loresta tais como: húmus, raízes de
árvores, tocos em decomposição e turfa. Como combustíveis
superf iciais são classif icados todos os materiais depositados sobre
o piso da f loresta tais como: folhas, ramos, galhos, casca, cones e
frutos que ainda não estão totalmente decompostos, incluindo as
herbáceas e os arbustos com até 1,8m de altura.
Como combustíveis aéreos incluem-se os materiais localizados no
sub-bosque e na parte superior da copa das árvores, separadas da
23
superfície da f loresta por uma altura superior a 1,8m. (ramos,
folhas, casca, galhos secos, musgos, l íquéns e outras plantas
epíf itas).
Quanto a periculosidade de inf lamação os combustíveis
podem ser classif icados como perigosos, semi-perigosos e verdes.
São considerados combustíveis f lorestais perigosos os
galhos e ramos pequenos, com diâmetro menor que 1.0 cm, folhas
liquens, musgos e herbáceas (em estado seco) são materiais que
perdem umidade rapidamente, apresentam menor temperatura de
ignição, faci l itando o início do fogo queimando rapidamente e
acelerando a sua propagação.
Os combustíveis f lorestais semi-perigosos são aqueles
materiais geralmente lenhosos como troncos caídos, tocos, galhos
e ramos acima de 1.0cm de diâmetro, sim de húmus e turfa. São
materiais compactados ou de dimensões grossas que queimam
lentamente. Apresentam ignição lenta e dif ícil, porém desenvolvem
intenso calor.
Combustíveis verdes são constituídos de vegetação viva
existente na f loresta ou povoamento. Possuem um teor de
umidade, os combustíveis verdes (exceto as coníferas), são às
vezes consideradas não inf lamáveis, porém o calor l iberado pela
combustão de outros combustíveis conduzem esses materiais ao
ponto de inf lamáveis.
A quantidade de combustível inf luencia se o fogo vai se
propagar ou não e determina à quantidade de calor que será
liberada na queima, a intensidade do fogo é diretamente
proporcional à quantidade de combustível que queima, nem todo o
material é necessariamente combustível. A quantidade de
combustível que está disponível para queimar é chamada de
“Combustível Disponível”. Na prát ica o combustível disponível é a
quantidade de material que normalmente é consumida em um
incêndio superf icial. Este t ipo de material depende de outras
propriedades como: tamanho das partículas, conteúdo de umidade
e continuidade.
24
O conteúdo de umidade é a mais importante propriedade que
controla a infalibi l idade dos combustíveis, que vivos ou mortos
apresentam diferentes mecanismos de retenção de água e
diferentes respostas às variações meteorológicas, e nos materiais
vivos a umidade é mais estável e maior do que o material morto. O
material morto responde mais rapidamente às mudanças
meteorológicas, sendo o principal responsável pela propagação
dos incêndios. Esse conteúdo f lutua principalmente em função da
variação da umidade relat iva e temperatura do ar, e da
precipitação. Partículas f inas de combustíveis como folhas secas e
pequenos galhos podem variar de umidade consideravelmente em
poucas horas. Porém para materiais de dimensões maiores como
troncos de árvores, são necessários vários dias ou semanas para
que ocorra uma variação signif icat iva no conteúdo de umidade.
A compactação é outra característ ica importante do material
combustível. A compactação é o espaçamento entre materiais
combustíveis e de ar em uma determinada quantidade de
combustível. A compactação afeta principalmente a taxa de
secagem e a velocidade de propagação dos combustíveis.
A continuidade refere-se a distr ibuição dos combustíveis tanto
horizontal como vertical.
A continuidade controla parcialmente onde o fogo pode ir e a
velocidade com que se propaga. A continuidade horizontal é a
distribuição uniforme do combustível sobre uma área, de forma a
possibil itar ou não a propagação linear ou horizontal do fogo. A
distribuição vert ical se deve à disposição dos combustíveis a
diversas alturas, como se fossem degraus de uma escada.
2.10 Técnicas de Queima Ainda de acordo com Batista (1995) as técnicas de queima
são procedimentos adotados à realização da queima controlada.
Esses conhecimentos são necessários ao planejamento da queima.
A seguir são relacionadas algumas dessas técnicas:
25
2.10.1 Queima contra o vento Consiste em fazer o fogo progredir na direção contrária ao
vento. O fogo pode ser iniciado ao longo de uma l inha de base
preparada, que pode ser uma estrada, um aceiro, um córrego ou
outra forma de barreira e deixa-se que prossiga contra o vento. É
considerada a técnica mais fácil e segura de queima controlada
desde que o vento seja constante tanto em direção como em
velocidade. Pode ser usada em grandes concentrações de
combustíveis.
As desvantagens referem-se ao tempo gasto na operação;
necessidade da construção de aceiros no interior da área em
intervalos frequentes; presença de ventos com velocidade entre
6.5 e l6 km/hora para que a fumaça seja bem dissipada e o calor
não suba diretamente para a copa das árvores; não deve ser
uti l izada em áreas inclinadas. Esta técnica é recomendada para a
primeira redução de combustível nos povoamentos.
2.10.2 Queima em faixas a favor do vento Consiste em se colocar uma l inha de fogo ou uma série de
linhas de fogo de tal forma que nenhuma linha individual possa
desenvolver alta intensidade antes de encontrar outra l inha de
fogo ou aceiro. A distância entre as linhas varia de 20 a 60 metros.
Frequentemente se usa uma combinação da queima a favor e da
queima contra o vento para tratar uma área. Este método é
relat ivamente rápido, f lexível e geralmente de custo moderado.
Pode ser usado para reduções periódicas de combustível no
interior das plantações, desde que a primeira redução tenha sido
feito através da técnica contra o vento. Tem como desvantagens a
necessidade de acesso no interior da área; o aumento da
intensidade no encontro das l inhas de fogo que aumentam a
possibil idade de crescimento das copas.
26
2.10.3 Queima de flancos Consiste em acender l inhas de fogo paralelas à direção do
vento, de modo que o fogo se propague formando um ângulo reto.
Não deve ser uti l izado quando ocorrem alterações na direção do
vento, porém é muito úti l em pequenas áreas ou para facil itar a
queima de grandes áreas em períodos de tempo relativamente
curtos.
2.10.4 Queima em manchas Emprega uma série de pequenos pontos ou círculos de fogo
que queimam em todas as direções, mas vão se encontrar antes de
se tornarem muito grandes propagando-se violentamente. Quando
util izados em áreas de resíduos de exploração, deve-se estar
atento para que os pontos de fogo não f iquem distanciados entre si
no máximo 60 e no mínimo 40 metros, para se evitar que se crie
zonas com aumento de intensidade, nem tão longe que possa
permitir que pontos individuais se tornem queimas indesejáveis a
favor do vento. Uma equipe bem treinada pode queimar extensas
áreas em pouco tempo.
2.10.5 Queima central Vários pontos de fogo, em forma mais ou menos circular, são acesos no
centro da área. A propagação destes ponto de fogo vai se acelerar a medida
que a medida que a liberação de calor aumenta, formando uma ativa coluna de
convecção. Em áreas maiores de 40 ha, uma segunda série de pontos de fogo
é iniciada (formando um anel em volta da primeira), entre 15 e 30 metros do
limite externo da área. Devido a forte coluna de convecção criada na região
central, o fogo não se propaga com muita intensidade na direção dos limites
externos da área. É uma técnica geralmente utilizada em atividades florestais,
principalmente na eliminação de resíduos de exploração, para o preparo do
terreno para o plantio ou para melhorar o habitat da fauna silvestre em
pequenas aberturas ou clareiras na floresta.
27
2.10.6 Queima em V
Uti l izada para queima de áreas montanhosas. Consiste em
acender l inhas de fogo simultaneamente, partindo de um único
ponto no ápice da montanha, fazendo com que progrida para a
parte baixa basicamente este método envolve o conceito da
queima de f lancos, exceto que as linhas de fogo não são paralelas.
2.11 Época, Intervalo entre queimas e horário A decisão da melhor estação do ano para a real ização de
queimas depende de vários fatores como os objetivos da queima,
t ipo de vegetação, época de maior perigo de incêndio, quantidade
de combustível, hábitos da fauna silvestre local e condições
climáticas.
A determinação da melhor hora do dia para o início de uma
queima é feita com base na necessidade de controle do fogo,
objetivos da queima e aspectos de sua dispersão.
No que ser refere ao intervalo entre as queimas é importante
sua determinação. Elas devem ocorrer somente quando
necessárias, não havendo disponibil idade de outro procedimento e
quando as acumulações de combustível sejam crít icas. A
determinação destes intervalos é importante para evitar a
gradativa degeneração do solo.
Evitar a degeneração do solo ou o seu empobrecimento é um
dos principais fatores que compõem uma agricultura sustentável.
Tema abordado no próximo capítulo.
28
CAPÍTULO III
UMA AGRICULTURA SUSTENTÁVEL
3.1 Necessidade de mudança de comportamento
O desenvolvimento sustentável, além da questão ambiental,
tecnológica e econômica, tem uma dimensão-cultural e polít ica que
vai exigir a participação democrát ica de todos na tomada de
decisões. Segundo o Relatório Brundtland o conceito de
desenvolvimento sustentável não envolve l imites absolutos, mas
limitações impostas pelo estágio atual da tecnologia e da
organização social, sobre os recursos ambientais, e, também, pela
capacidade da biosfera para absorver os efeitos das atividades
humanas.
A Agenda 21 Brasileira corrobora que as transformações
sociais, econômicas e ambientais em todo o sistema agrícola
perpassa por polít icas de erradicação da fome e da miséria, a
promoção de melhorias na qualidade de vida para os habitantes, a
democratização do uso da terra ou mesmo a consolidação de uma
ética social mais igualitária são alguns dos desafios contidos no
conceito de agricultura sustentável.
Segundo Balestro e Sauer (2009):
O modelo agropecuário inscr ito no paradigma da agricultura moderna enfrenta cr ít icas e resistências em uma disputa onde muitas visões
29
tem dado ênfase à contr ibuição da produção familiar e da sociobiodiversidade na construção de um desenvolvimento sustentável no campo.
Uma agricultura que preserve os recursos naturais e o meio
ambiente não resultarão da difusão de qualquer nova tecnologia
genérica, de fácil adoção, mas do estabelecimento de polít icas
locais com visão global que promovam mudanças de
comportamento. Haja vista a aplicação de tecnologia de ponta para
o cult ivo extensivo de monoculturas que são insustentáveis à
medida que favorece o uso excessivo de queimadas, ferti l izantes e
agrotóxicos, poluindo o solo, as águas e provocando graves
alterações no ecossistema e na saúde da população.
Acarretando, além dos aspectos do comprometimento da
qualidade da produção são modelos agricolas que privilegiam
poucos em detrimento de muitos, tornando as áreas rurais, lugar
onde se deveriam produzir alimentos, em regiões em que muitos
vivem em condições precárias abaixo da l inha da pobreza, e,
conforme dados da FAO4, ganhando menos de um dólar por dia.
3.2 a ética na mudança de comportamento Segundo Mattar (2012), o Relatório Bruntdland indica que o
planeta e seus habitantes passam por uma grave situação de
insustentabil idade devido ao modelo de desenvolvimento
caracterizado pela degradação do meio ambiente, desigualdades
econômicas e injustiças sociais.
Da mesma forma, algumas estratégias adotadas pelas
sociedades contemporâneas, tais como: industrialização,
consumismo, exploração dos recursos naturais, urbanização, etc.,
fomentam ainda mais esse desequil íbrio econômico, ambiental e
social, dando origem a uma série de problemas de âmbito global:
desequil íbrio do efeito estufa, aquecimento global, buraco na
4 FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. Si te: www.fao.org.br /ú l t imos re latór ios.
30
camada de ozônio, poluição de recursos hídricos, fome, miséria,
etc.
A literatura e a mídia internacional divulgam dados da ONU
assinalando que embora nos últ imos 50 anos as riquezas do
Planeta tenham sido multipl icadas por sete, elas nunca estiveram
tão mal distribuídas, pois 20% da população mundial detêm 82,7%
da riqueza do mundo, enquanto os 20% mais pobres vivem
mergulhados na miséria, tentando sobreviver com menos de US$ 1
diário, e 60% da população mundial com menos de US$ 2 por dia.
Conforme dados da UNESCO o hemisfério norte, onde vive a
quarta parte da população global, consome 70% da energia
mundial; 75% dos metais; 85% da madeira e 60% dos al imentos. E,
em todo o mundo 1,3 bilhão de pessoas não têm acesso à água
potável e 880 milhões de adultos são analfabetos. Um número
estimado entre 13 e 18 milhões de pessoas, a maioria crianças,
morre de fome a cada ano.
Nos EUA, 35 milhões de habitantes vivem na pobreza; nos
países que constituem a União Européia, 55 milhões; e na Rússia,
25% da população (aproximadamente 45 milhões de pessoas).
Dados divulgados pela ONU assinalam também que 100
milhões de pessoas em todo o mundo não têm onde morar, sendo
5 milhões nos países ricos. Em Washington, segundo o relatório de
uma ONG que associa grupos cristãos, a Bread for the World
Institute, o país mais rico do planeta, os EUA, é o que possui o
maior número de crianças famintas entre os países
industrializados: 21,5% - 13,5 milhões – das crianças norte-
americanas com menos de 12 anos passam fome regularmente.
Ainda segundo o Relatório Nosso Futuro Comum esses
problemas sociais, econômicos, polít icos e éticos, não são
independentes um dos outros, nem da questão ambiental. Mas,
ratif ica a necessidade de mudança de comportamento,
principalmente no que se refere ao enfrentamento da questão
social de erradicação do estado de pobreza. Não se erradica a
fome com comida, mas com educação.
31
Mattar (2012) af irma que os dados divulgados por
organizações mundiais indicam que os milhões de subnutridos que
existem no mundo decorrem do fato da má distribuição da renda,
isto explica o grande crescimento econômico mundial com a
maioria da população pobre.
Af irma também que no Brasil as causas vão desde a
corrupção desenfreada, a incapacidade administrat iva, o sistema
polít ico sem compromisso com o bem comum e principalmente a
hipocrisia cristal izada na mente dos promotores de programas de
combate a fome, onde o bom sentimento, de amor e solidariedade,
característica do povo brasi leiro, é perversamente levado a pensar
que auxil iar ao próximo com um prato de comida, contribui para
eliminação da fome no País.
Da mesma forma a História da humanidade ratif ica que se
não houver uma polít ica consistente onde a educação e os valores
morais forem prioridades, o fracasso do governo é certo e o
sofrimento do povo se agravará.
A educação além de ser um indicador da boa distribuição de
renda é o principal fator de sustentabil idade do processo de
desenvolvimento de uma nação.
Quanto maior for o grau de instrução da pessoa maior será
sua capacidade de trabalho, isto signif ica que um analfabeto tem
menos condições de entrar no mercado do que um prof issional
alfabetizado.
A instrução capacita, é condição necessária, mas não é
suf iciente. A educação somente se completa quando nela estão
presentes princípios morais.
É de estarrecer as declarações conclusivas e materialistas
que autoridades polít icas relacionam a fome, a miséria e a pobreza
à necessidade da prática do roubo, assaltos e sequestros. Quando
é fácil perceber que as regiões mais pobres do planeta, a exemplo
do sertão nordest ino, interior da Índia e na chamada África negra,
os índices de criminalidade praticamente inexistem, enquanto nas
32
regiões mais ricas do globo, Tóquio, Nova Iorque, São Paulo e Rio
de Janeiro, são justamente onde se praticam mais cr imes.
A literatura vista, neste item, indica que para haver a
mudança de comportamento, desejada para se cumprir os objetivos
de sustentabil idade do novo processo de desenvolvimento, exige-
se, não apenas a erradicação do analfabetismo e da adoção de
uma consciência ambiental, mas, deve-se inst ituir uma educação,
formal e informal, onde aos valores ambientais e sociais devem
estar incorporados aos morais e cívicos predominando sobre a
radicalização materialista.
3.3 Agricultura familiar
A agricultura familiar const ituída por pequenos e médios
produtores representa a grande parte dos produtores rurais no
Brasil. Segundo dados da EMBRAPA são cerca de 4,5 milhões de
estabelecimentos, dos quais 50% no Nordeste. Embora prat icada
em apenas 20% das terras rurais do País, responde respondem por
30% da produção total de al imentos.
Considerando os produtos que compõem os alimentos
básicos do brasileiro, tais como feijão, arroz, milho, hortal iças e
mandioca chegam a ser responsável por 60% da produção.
Esses produtores rurais são geralmente agricultores com
baixo nível de escolaridade e têm como hábito a diversif icação dos
produtos cult ivados, aproveitando para o plantio de espécies em
momentos propícios à época de seu cult ivo, aproveitando as
condições ambientais da estação e a disponibi l idade de mão de
obra. Essas ações são mais econômicas quando se verif ica que o
menor uso de ferti l izantes e agrotóxicos além de proporcionar a
produção de al imentos mais saudáveis minimiza os impactos
negativos sobre o solo. Ainda segundo a EMBRAPA, embora pouco
informados sobre os aspectos sociais da educação ambiental com
relação às suas at ividades e seu baixo índice de instrução, estes
33
produtores rurais e seus famil iares são responsáveis por inúmeros
empregos no comércio e nos serviços prestados nas pequenas
cidades.
3.4 O papel da informação
A Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão traz em
seu art. 15 o seguinte enunciado: “A sociedade tem o direito de
pedir contas a todo agente público pela sua administração”.
A informação constitui um direito fundamental e intransferível
do ser humano, sendo o Estado obrigado a garantir o seu pleno
exercício.
Conforme a etimologia da palavra, informar é instruir,
ensinar, dar notícia, avisar, cient if icar, comunicar, part icipar. Fica,
assim, evidenciado que o legislador const ituinte queria que o
cidadão pudesse contar com um sistema de informações que
obrigue os órgãos do Estado a disponibil izar as informações
existentes, permitindo o exercício de um direito individual para
conhecimento das ações dos administradores da coisa pública.
Entende-se que estes princípios pressupõe uma maior
consciência ecológica, que ao se associar a desconf iança da
população no que se refere aos sistemas de produção de alimentos
convencionais (em decorrência de vários problemas, como a
contaminação de alimentos, o ressurgimento da febre aftosa e a
expansão da gripe aviária) tem levado à expansão do consumo de
alimentos produzidos sem o emprego de agrotóxicos.
Exercer o dever de part icipação pela coletividade na
proteção ambiental exige que a mesma seja informada a respeito
das questões ambientais que vão da conscient ização, processo
natural da educação ambiental, até a adoção de padrões de
consumo sustentáveis, dentro de uma polít ica de desenvolvimento
com preservação de recursos naturais.
34
Neste contexto, segundo Mattar e Helú (2009) tornam-se
evidente a necessidade de mudar o comportamento da sociedade
em relação ao modelo polít ico insustentável adotado em favor da
promoção de um modelo de desenvolvimento sustentável onde a
compatibi l ização de práticas econômicas e conservacionistas
tenham ref lexos posit ivos evidentes junto à qualidade de vida de
toda a população.
O enfrentamento das causas e consequências dos incêndios
f lorestais de forma ef icaz perpassa pela prevenção e combate, nos
quais a educação ambiental é uma ferramenta indispensável, uma
vez que envolve a sociedade e a comunidade local a pensar e agir
diante desse problema de âmbito internacional.
Devido ao exposto até aqui, onde a importância da promoção
da educação ambiental e da consciência de se identif icar e
minimizar as causas dos incêndios f lorestais, criando novos
elementos na Polít ica Agrária para fortalecer suas ações e
apoiando a pesquisa e o desenvolvimento de novas polít icas e
tecnologias que o capítulo a seguir aborda os princípios da
Educação Ambiental part indo dos conceitos de educação,
socialização, percepção e conscientização.
35
CAPÍTULO IV
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
4.1 Educação e percepção
Em sentido amplo, compreende-se a educação como um
aspecto da socialização (processo pelo qual o indivíduo é
integrado na sociedade). É o processo de aprendizagem que
começa no nascimento do indivíduo e termina somente na morte.
Em sentido restr ito, porém, a educação compreende todos
aqueles processos, inst itucionalizados ou não, que visam transmit ir
aos jovens determinados conhecimentos e padrões de
comportamento a f im de garantir a continuidade de Cultura na
sociedade.
Para DURKHEIM (1981), a educação é a ação exercida
pelas gerações de adultos sobre as gerações que não se
encontrem ainda preparadas para a vida social; tem por objetivo
suscitar e desenvolver na pessoa, certo número de estados f ísicos
intelectuais e morais, reclamados pela sociedade.
Podendo-se af irmar que os recursos humanos (educadores,
pesquisadores, administradores, técnicos de nível médio e
36
superior, trabalhadores qualif icados em geral) ou mão de obra
estratégica constituem-se em fatores criadores ou mult iplicadores
de conhecimentos técnicos e habilidades prát icas.
Portanto a educação se processa no sentido de fornecer
elementos mentais e técnicos capazes de levar o homem a uma
ação social plenamente integrada nas realizações e exigências do
momento, para que as relações humanas se estabeleçam em clima
de responsabil idade.
Enquanto a educação conceituada por Durkheim é uma ação de
adultos sobre outras pessoas, a percepção humana ocorre quando se
consegue dar signif icado às sensações provocadas pelo meio em
um indivíduo.
A percepção propiciará o início do processo de
aprendizagem, onde o histórico pessoal e a sociedade são os
meios que promoverão situações para o desenvolvimento
perceptivo. Essas percepções são de importância fundamental
para a ampliação do saber e do relacionamento social de um
cidadão. A promoção de programas de Educação Ambiental exige o
entendimento desse conceito de percepção, assim como
compreender quando e como ela ocorre (SOUZA, 2002).
Segundo FONSECA (1995), desde o nascimento o ser
humano possui a capacidade de receber estímulos através dos
órgãos sensoriais, entretanto, esse estímulo, vindo do meio que se
vive, não possui um signif icado para um bebê, pois está faltando
uma relação entre ambos. Essa relação chama-se percepção, a
qual pode ser def inida, como a função cerebral que atribui
signif icado a estímulos sensoriais, a partir de histórico
armazenado no cérebro de situações já vivenciadas. Através da
percepção um indivíduo organiza e interpreta as suas impressões
sensoriais para atr ibuir signif icado ao seu meio.
A mediação dos órgãos sensoriais ao meio ocorre durante o
desenvolvimento humano através da apropriação da l inguagem, do
pensamento, dos conceitos produzidos historicamente e dos
signif icados atr ibuídos aos objetos, provocando alterações na
37
forma de percepção humana. Dessa forma, entende-se que a
percepção é um processo de aprendizagem vivenciado ao longo da
vida humana, onde a cada dia somos submetidos a novas relações
com o meio, alterando ou não nossa percepção sobre algo. (SILVA,
2007).
Assim sendo, a percepção propiciará o início do processo de
conscient ização, onde o histórico pessoal e a sociedade são os
meios que promoverão situações para o desenvolvimento
perceptivo. Essas percepções são de importância fundamental
para a ampliação do saber, da conscientização, do relacionamento
social e da prática de atividades sustentáveis.
4.2 Conscientização e Educação Ambiental
Conforme foi visto no item anterior a conscientização
ambiental somente acontece quando há percepção e entendimento
da real importância do meio natural à vida humana. Entender que
preservar o meio ambiente é preservar a própria vida, e fragi l izá-
lo, é enfraquecer a economia, o emprego, a saúde, e tudo mais.
Através da mídia se pode perceber que instituições,
organizações, governos e educadores de todo o mundo lutam para
levar ao público a necessidade de se conservar os ecossistemas
util izando-os de forma, onde se possa usufruir dos recursos
naturais sem comprometer sua existência, legando-os para as
futuras gerações.
São princípios, amplamente divulgados nas escolas,
organizações e governos de quase todo o mundo. Conceitos
norteadores do modelo de desenvolvimento sustentável,
estabelecidos desde 1987 quando foi f inalizado e entregue às
Nações Unidas o relatório “Nosso Futuro Comum”.
Por sua vez Genebaldo Freire Dias (1994) relata que o
CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente def ine Educação
Ambiental como:
um processo de formação e informação,
38
orientado para o desenvolvimento da consciência cr ít ica sobre as questões ambientais e de at ividades que levem à part ic ipação das comunidades na preservação do equi l íbr io ambiental.
Os documentos of iciais brasileiros para a Rio-92 colocam a
Educação Ambiental incorporando as dimensões socioeconômica,
polít ica, cultural e histórica. Devendo se considerar os estágios e
condições de cada país, região e comunidade, sob uma
perspectiva histórica. Signif ica dizer que a Educação Ambiental
deve permit ir a compreensão da questão relativa ao meio ambiente
e ao desenvolvimento com vista a uti l ização dos recursos naturais
de forma consciente, racionalmente no sentido de atender as
necessidades presentes e futuras.
Isto porque o País entende que a falta dessa consciência
ambiental compromete a uti l ização de forma adequada dos
recursos hídricos, da matriz energética l impa e renovável, da
enorme biodiversidade e demais vantagens ambientais que o Brasil
detém.
Entretanto, segundo SOUZA (2002) sem ação de nada vale a
informação para o aprendizado. Signif ica que mais do que falar os
atores sociais devem agir de forma sustentável para que haja
conscient ização socioambiental.
4.3 Princípios básicos da Educação Ambiental
A Conferência de Tbil is i, adotada pelo Brasi l e a maioria dos
países da ONU, estabeleceu 41 princípios para prática da
Educação Ambiental. Dentre esses princípios é conveniente
destacar os propósitos da Educação Ambiental, relacionados no
princípio nº 01, itens a, b, c, d, e, f , g, descritos a seguir:
a) A Educação Ambiental deve considerar o meio ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus aspectos naturais e criados pelo homem, tecnológicos, sociais, econômicos, políticos, histórico-culturais, morais e estéticos;
39
b) A educação Ambiental deve ser um processo contínuo e permanente, começando na pré-escola e continuando através de todas as fases do ensino formal e não formal; c) A Educação Ambiental deve aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada disciplina, de modo que se adquira uma visão global; d) O propósito fundamental da educação ambiental é também mostrar, com toda clareza, as interdependências econômicas, políticas e ecológicas do mundo moderno, no qual as decisões e comportamentos dos diversos países podem ter conseqüências de alcance internacional. Neste sentido, a educação ambiental deveria contribuir para o desenvolvimento de um espírito de responsabilidade e de solidariedade entre os países e as regiões, como fundamento de uma nova ordem internacional que garanta a conservação e a melhoria do meio ambiente; e) A educação Ambiental deve ajudar a descobrir os sintomas e causas reais dos problemas ambientais; f) A Educação Ambiental deve destacar a complexidade dos problemas ambientais e, em consequência, a necessidade de desenvolver o senso crítico e as habilidades necessárias para resolver tais problemas; g) A Educação Ambiental deve utilizar diversos Ambientes educativos e métodos para comunicar e adquirir conhecimentos sobre o meio ambiente, dando ênfase às atividades práticas e às experiências pessoais;...
Um dos aspectos da Educação Ambiental é constar temas
relacionados com a importância do meio socioambiental para a
preservação dos recursos naturais e melhoria da qualidade de vida
de todos, no conteúdo curricular do ensino formal, signif ica nos
conteúdos programáticos das disciplinas, mas que não deve ser
uma disciplina.
O caráter permanente e a ênfase para a resolução de
problemas que afetam a comunidade evidenciam que a Educação
Ambiental, segundo Genebaldo Freira Dias (2007), deve ser
sintonizada com a vida da sociedade, abordando
interdiscipl inarmente os problemas ambientais, o fatores a eles
ligados, de forma part icipat iva com a sociedade local, sem,
contudo, se perder a visão global.
4.4 Ensino Formal, não formal e importância.
40
A Lei 9.795/1999 que dispõe sobre o ensino formal da
Educação Ambiental especif ica que os currículos das instituições
públicas e privadas vinculadas aos sistemas federais, estaduais e
municipais de ensino devem conter de forma prática educativa
integrada, contínua, permanente, em todos os níveis e
modalidades educacionais nos seus conteúdos programáticos
temas relacionados ao meio ambiente e à formação de hábitos e
atitudes pessoais e coletivas que preservem a qualidade de vida e
os recursos naturais do país e do planeta.
A educação ambiental no ensino formal não incorpora uma
discipl ina específ ica nos currículos, mas está contida no conteúdo
das demais discipl inas. Permitida somente, como disciplina, nos
currículos dos cursos de pós-graduação, extensão e em áreas
relacionadas com aspectos metodológicos da educação ambiental.
O Ensino não formal como a própria expressão revela, diz
respeito: “as ações e práticas educativas voltadas à sensibi l ização
da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização
e participação na defesa da qualidade do meio ambiente” (Lei
9.795/1999, artigo 13).
Portanto a educação ambiental não formal consiste em
campanhas educativas e informações relacionadas ao meio
ambiente, com a participação do poder público, das empresas
públicas e privadas, meios de comunicação, universidades, ONGs,
escolas e sociedade na formulação, execução e desenvolvimento
de programas e atividades vinculadas à conscientização e
sensibil ização da população das questões ambientais, envolvendo
de forma participativa a sociedade (MATTAR E HELÚ, 2009).
No caso deste estudo f ica evidente que a conscient ização e
sensibil ização dos agricultores para com as questões ambientais e
suas at ividades rurais, especif icamente as relacionadas com
práticas de queimadas, estão relacionadas com atividades da
Educação Ambiental formal e não formal no ensino brasileiro.
41
Convém f inalizar este capítulo conforme Carvalho (2004)
quando af irma que a Educação Ambiental é de fundamental
importância para ef iciência e ef icácia da prevenção e combate aos
incêndios f lorestais, no momento em que investiga polít icas e
ações governamentais, relativamente à questão e ao envolvimento
de todos os atores sociais e, que verif ica as ações e atitudes por
parte do governo e sociedade que podem minimizar os impactos
danosos ao meio ambiente decorrentes dos incêndios f lorestais.
CONCLUSÃO
Como descreve este trabalho, o combate e o controle dos
incêndios f lorestais perpassam pelas polít icas de governo e,
principalmente pela conscient ização e sensibi l ização da sociedade
diante dos danos que não se l imitam somente à perda da
biodiversidade, mas também prejuízos à saúde e à economia da
população brasi leira.
E, ainda, relata que a percepção e a educação se processam
conjuntamente no sentido de fornecerem elementos mentais e
técnicos capazes de sensibi l izar e conscient izar o homem à prática
de ações sociais plenamente integradas às realizações e
exigências do momento, para que as relações humanas se
estabeleçam em cl ima de responsabilidade.
Por conseguinte, considera:
Que as causas dos incêndios f lorestais são majoritariamente
decorrentes de ações do homem especialmente devido à prát ica de
queimadas nas atividades rurais.
Que o uso do fogo na agricultura é altamente prejudicial à
terra, provocando, dentre outros danos, processos de
desert if icação, modif icações cl imáticas, destruição da cobertura
f lorestal nativa desprotegendo as nascentes e mananciais, o que
ocasiona grandes alterações no ciclo das chuvas.
42
Que as queimadas ao serem autorizadas por órgãos
governamentais, a rigor, são atos passíveis de punições pois há
formas de legais de considerá-los atos Inconstitucionais.
Que, conforme dados da FAO, o cult ivo extensivo de
monoculturas são insustentáveis à medida que favorece o uso
excessivo de queimadas, ferti l izantes e agrotóxicos, poluindo o
solo, as águas e provocando graves alterações no ecossistema e
na saúde da população. E, que são modelos agricolas que
privi legiam poucos em detrimento de muitos, tornando as áreas
rurais, lugar onde se deveriam produzir al imentos, em regiões em
que muitos vivem em condições precárias abaixo da l inha da
pobreza.
Que cabe ao governo verif icar de uma forma democrática e
participat iva a ef icácia das polít icas agrárias e de desenvolvimento
no que se referem à adoção de monoculturas extensivas e a
prática de queimadas.
Que a agricultura familiar const ituída por pequenos e médios
produtores tem como agricultores pessoas de baixa escolaridade,
mas, conforme os dados da EMBRAPA5 são os responsáveis
diretos de cerca de 60% da produção dos alimentos que compõem
a dieta básica da população brasi leira e que estes produtores
rurais e seus familiares são responsáveis por inúmeros empregos
no comércio e nos serviços prestados nas pequenas cidades.
E, f inalmente, que a Educação Ambiental é essencial e de
fundamental importância para a prevenção e combate aos
incêndios f lorestais, mas f ica evidenciado o não cumprimento de
forma plena a Constituição no que se refere ao artigo 225:
todos têm direito ao meio ambiente equi l ibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à colet ividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para os presentes e futuras gerações.
5 A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA - é uma instituição pública de pesquisa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Site: www.embrapa.br.
43
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12/03/2013.
46
ANEXOS
ANEXO 01
O quadro abaixo foi elaborado para melhor visualização do histórico das
políticas públicas no Brasil concernentes ao uso do fogo relatado na
apresentação da publicação “Efeitos do regime do fogo sobre a estrutura de
comunidades de cerrado: Resultados do Projeto Fogo”: Ibama, 2010, e
consulta à página no site www.ibama.gov.br/prevfogo.
1605 Primeiro código florestal brasileiro, chamado de “Regimento sobre
o Pao-Brazil” – proibia colocar fogo nas matas do pau-brasil
1609 Editado o “Regimento da Relação e Casa do Brazil” – primeiro
tribunal brasileiro, instalado em Salvador, que proibia a queima
das lenhas nas roças para evitar a falta de lenha e madeira.
1751 Editado o “Regimento da Relação do Rio de Janeiro” que tinha por
objetivo determinar cuidados para evitar a queima das lenhas.
1796 Foi criado o cargo de “juiz conservador das matas”, que tinha as
funções de decidir sobre as melhores técnicas de utilização das
florestas e de policiar e punir o mau uso das florestas.
1850 Criação da Lei nº 601, chamada Lei das Terras, que punia os
danos causados pela derrubada de matas e queimadas com multa
e prisão, atribuindo aos delegados de polícia seu cumprimento.
1934 Criação do Código Florestal Brasileiro – proibia colocar fogo nos
campos, entre outras coisas.
1965 Lei nº 4771 – Código Florestal Brasileiro, manteve as mesmas
proibições constantes no antigo código.
1979 Decreto 84.017, regulamenta os parques nacionais, proíbe atos
que possam provocar incêndios, sendo o fogo permitido apenas
para manejo.
1980 Criação do Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos
Incêndios Florestais – PREVFOGO.
Artigo 250 do Decreto Lei nº 2.848/80
1981 Lei nº 6938/81 – Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e
47
dá outras providências.
1988 Artigo 225 da Constituição Federal de 1988.
Resolução CONAMA – regulamenta o uso do fogo como
instrumento de manejo em Unidades de Conservação e seu
entorno.
Foi criada a Comissão de Prevenção e Combate a Incêndios
Florestais – CONACIF no Instituto Brasileiro de Desenvolvimento
Florestal – IBDF, com a função de estabelecer critérios para o
manejo do fogo, controle das queimadas e a prevenção e combate
aos incêndios florestais.
1989 Decreto 97.635 de 10 de abril de 1989 Regula o art. 27 do Código
Florestal1 e dispõe sobre a prevenção e combate a incêndio
florestal.
1999 Portaria MMA 345/1999 – dispõe sobre a emissão de
autorizações para o emprego do fogo como método despalhador
e facilitador do corte de cana de açúcar
2008 Decreto nº 6.514/2008 – dispõe sobre as infrações e sanções
administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo
administrativo federal para apuração destas infrações, e dá outras
providências.
2009 Instrução Normativa Ibama nº 14 – dispõe sobre as infrações e
sanções administrativas por condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente e dá outras providências.
2012 Instrução Normativa Ibama nº 10 de 13/12/2012 - regula os
procedimentos para apuração de infrações administrativas por
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, a imposição das
sanções, a defesa, o sistema recursal e a cobrança de multas no
âmbito do IBAMA.
2012 Lei nº 12.651 – institui o novo Código Florestal