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Instituto Carnaúba de Ecologia Social Instituto Carnaúba de Ecologia Social Instituto Carnaúba de Ecologia Social Instituto Carnaúba de Ecologia Social Centro de Referência da Assistência Social Centro de Referência da Assistência Social Centro de Referência da Assistência Social Centro de Referência da Assistência Social – CRAS CRAS CRAS CRAS DIAGNÓSTICO RURAL DIAGNÓSTICO RURAL DIAGNÓSTICO RURAL DIAGNÓSTICO RURAL PARTICIPATIVO PARTICIPATIVO PARTICIPATIVO PARTICIPATIVO ALDEIA TREMEMBÉ DE QUEIMADAS ALDEIA TREMEMBÉ DE QUEIMADAS ALDEIA TREMEMBÉ DE QUEIMADAS ALDEIA TREMEMBÉ DE QUEIMADAS ACARAÚ/CE ACARAÚ/CE ACARAÚ/CE ACARAÚ/CE Acaraú Acaraú Acaraú Acaraú Fevereiro de 2010 Fevereiro de 2010 Fevereiro de 2010 Fevereiro de 2010

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Diagnóstico Rural Participativo da aldeia Tremembé de Queimadas, município de Acaraú/CE.

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Instituto Carnaúba de Ecologia Social Instituto Carnaúba de Ecologia Social Instituto Carnaúba de Ecologia Social Instituto Carnaúba de Ecologia Social

Centro de Referência da Assistência Social Centro de Referência da Assistência Social Centro de Referência da Assistência Social Centro de Referência da Assistência Social –––– CRAS CRAS CRAS CRAS

DIAGNÓSTICO RURAL DIAGNÓSTICO RURAL DIAGNÓSTICO RURAL DIAGNÓSTICO RURAL

PARTICIPATIVOPARTICIPATIVOPARTICIPATIVOPARTICIPATIVO

ALDEIA TREMEMBÉ DE QUEIMADASALDEIA TREMEMBÉ DE QUEIMADASALDEIA TREMEMBÉ DE QUEIMADASALDEIA TREMEMBÉ DE QUEIMADAS

ACARAÚ/CEACARAÚ/CEACARAÚ/CEACARAÚ/CE

AcaraúAcaraúAcaraúAcaraú

Fevereiro de 2010Fevereiro de 2010Fevereiro de 2010Fevereiro de 2010

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SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................... 3

2. EXPECTATIVAS DA COMUNIDADE INDÍGENA............................................................................ 3

3. METODOLOGIA.......................................................................................................................... 4

4. OBJETIVO................................................................................................................................... 5

5. MEMORIAL DESCRITIVO ............................................................................................................ 5

6. HISTÓRICO DO PROCESSO AGRÍCOLA ....................................................................................... 6

7. MATRIZES .................................................................................................................................. 9

7.1. ÁRVORE DE PROBLEMAS......................................................................................................... 9

7.2. DIAGRAMA DE VENN............................................................................................................. 11

8. INSTITUIÇÕES, PROJETOS E ASSISTÊNCIA TÉCNICA.................................................................. 15

9. PLANO DE AÇÃO COMUNITÁRIA – PAC....................................................................................16

10. REGISTRO FOTOGRÁFICO ....................................................................................................... 17

11. EQUIPE TÉCNICA......................................................................................................................19

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3

1. 1. 1. 1. APRESENTAÇÃOAPRESENTAÇÃOAPRESENTAÇÃOAPRESENTAÇÃO

O presente trabalho é o resultado das informações obtidas a partir do

Diagnóstico Rural Participativo – DRP realizado na aldeia Tremembé de

Queimadas, município de Acaraú. Através de dinâmicas, formação de grupos e dos

posicionamentos colocados durante o processo, foi possível identificar as

prioridades das comunidades, bem como a importância e a participação efetiva de

algumas instituições apontadas pelos participantes. Além disso, foi pontuado

também os fatores que dificultam o desenvolvimento das aldeias, sejam eles

internos ou externos.

O Diagnóstico Rural Participativo (DRP) é um conjunto de técnicas e

ferramentas que permite que as comunidades façam o seu próprio diagnóstico e a

partir daí comecem a autogerenciar o seu planejamento e desenvolvimento. Desta

maneira, os participantes poderão compartilhar experiências e analisar os seus

conhecimentos, a fim de melhorar as suas habilidades de planejamento e ação.

Além do objetivo de impulsionar a auto-análise e a autodeterminação de

grupos comunitários, o propósito do DRP é a obtenção direta de informação

primária ou de "campo" na comunidade. Esta é conseguida por meio de grupos

representativos de seus membros, até chegar a um autodiagnóstico sobre o estado

dos seus recursos naturais, sua situação econômica e social e outros aspectos

importantes para a comunidade. 1

2. 2. 2. 2. EXPECTATIVAS DA COMUNIDADE INDÍGENAEXPECTATIVAS DA COMUNIDADE INDÍGENAEXPECTATIVAS DA COMUNIDADE INDÍGENAEXPECTATIVAS DA COMUNIDADE INDÍGENA

De acordo com as reflexões de Miguel Verdejo sobre os processos de DRP,

cada pessoa que participa do processo do DRP espera beneficiar-se dele de uma

maneira diferente. Os membros da comunidade podem ter como meta que a

pesquisa acarrete uma melhora específica da sua qualidade de vida e o pessoal do 1 Extraído de: VERDEJO, Miguel Expósito. Diagnóstico Rural Participativo Diagnóstico Rural Participativo Diagnóstico Rural Participativo Diagnóstico Rural Participativo –––– DRP: Um guia prático. DRP: Um guia prático. DRP: Um guia prático. DRP: Um guia prático. Brasília:

MDA, 2006.

Page 4: DRP Queimadas PDF

4

projeto pode esperar que o processo do DRP aumente a motivação e o interesse

entre os membros da comunidade, para participar do desenho e da implementação

das atividades.

No caso do DRP realizado com os Tremembé de Queimadas, a situação não

foi diferente. Desta forma, tomamos o cuidado de deixar claro os objetivos do DRP,

entretanto, entendemos que este trabalho se configura como a verbalização e

oficialização das demandas e necessidades da aldeia, que até então as famílias não

tinham conseguido reunir em um documento. Sendo assim, a equipe que realizou

este trabalho tomou o cuidado para expressar integralmente as percepções,

anseios e expectativas da comunidade.

3. 3. 3. 3. METODOLOGIAMETODOLOGIAMETODOLOGIAMETODOLOGIA

O caminho percorrido até chegarmos a elaboração deste documento se

iniciou bem antes da mobilização específica para a elaboração destes diagnósticos.

A equipe que realizou o DRP, composta de técnicos do Centro de Referência da

Assistência Social – CRAS e do Instituto Carnaúba, utilizaram como método

primário a observação participante pelas possibilidades de percepção da dinâmica

sociocultural das aldeias Tremembé de Acaraú.

A observação participante consiste num método criado pela Antropologia

na qual o pesquisador procura, a partir do contato direto, observar a realidade

social dos pesquisados, não se restringindo somente ao ato da observação, mas

também pela vivência, participação e envolvimento na vida cotidiana do grupo

pesquisado. A partir desta proposta, é possível conhecer aspectos da vida social

que muitas vezes estão implícitos nos discursos, práticas e ações dos membros da

comunidade, assim como, os problemas, dificuldades, as causas e os efeitos.

Outro método também utilizado foram as reuniões periódicas realizadas

para discutir os problemas e as demandas de cada aldeia. Neste momento, vários

membros da comunidade tiveram a oportunidade de expressar suas impressões,

bem como de propor encaminhamentos para a resolução destes problemas.

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5

Além destas reuniões, a equipe técnica também organizou uma

mobilização para a execução do DRP, de modo que fosse possível aplicar as demais

técnicas utilizadas especificamente para obter os dados principais que

fundamentam o diagnóstico.

4. 4. 4. 4. OBJEOBJEOBJEOBJETIVOTIVOTIVOTIVO

A proposta do diagnóstico é traçar as potencialidades econômicas e

produtivas e os principais obstáculos ao desenvolvimento sustentável das aldeias,

para que a partir das informações obtidas durante esse processo seja possível

traçar ações, metas e projetos visando o planejamento e a organização necessários

a sustentabilidade econômica e etnopolítica das aldeias.

5. 5. 5. 5. MEMORIAL DESCRITIVOMEMORIAL DESCRITIVOMEMORIAL DESCRITIVOMEMORIAL DESCRITIVO2

A aldeia dos Tremembé de Queimadas está localizada há 30 km da sede do

município e encontra-se bem próxima ao Perímetro Irrigado do Baixo Acaraú que

compreende uma área que perpassa as cidades de Acaraú e Marco. O caminho dos

primeiros moradores das Queimadas foi semelhante aos do Córrego João Pereira,

havendo inclusive, laços de parentesco entre os membros das duas comunidades.

Segundo seu Cecídio3, o mais velho morador das Queimadas, teria sido seu pai e

outros seis homens com suas respectivas famílias, que teriam desbravado a região

onde hoje ocupam. Segundo ele, nos idos de 1927, “os sete” teriam saído da Lagoa

dos Negros4, abrindo caminho mata à dentro, até que se depararam em um certo

2 Cf: LOPES, Ronaldo Santiago. Organização social e identidade étnica: a situação dOrganização social e identidade étnica: a situação dOrganização social e identidade étnica: a situação dOrganização social e identidade étnica: a situação dos Tremembés de os Tremembés de os Tremembés de os Tremembés de

Acaraú/CE.Acaraú/CE.Acaraú/CE.Acaraú/CE. Mimeo, 2010. 3 Depoimento obtido informalmente, mas que se encontra presente no relatório antropológico realizado

pelo Antropólogo Sergio Telles Brissac, analista pericial em Antropologia do Ministério Público Federal – MPF/CE, em 2007. 4 A Lagoa dos Negros está situada no município de Itarema. Segundo depoimentos, o lugar teria sido

descoberto pelos índios que vinham de Almofala. A referida lagoa era muito bonita e havia fartura de água, peixe e outros animais que viviam em redor. Os índios contam que ela foi desencantada pelo Pajé João Cosmo. Como era um lugar também propício à criação de gado, pela abundância de água, alguns “coronéis” expulsaram os índios e se apossaram do lugar. É nesse êxodo que um grupo de índios chega à localidade de Queimadas.

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momento com uma grande queimada provocada não se sabe por quem. Foi neste

lugar que o grupo resolveu se estabelecer com suas respectivas famílias.

Diferentemente dos Tremembés das Telhas, os índios de Queimadas

travam sua luta contra o próprio Estado, através do Departamento Nacional de

Obras contra as Secas – DNOCS, que tenta desapropriar a comunidade indígena

para ampliar a área do Perímetro Irrigado do Baixo Acaraú. Os conflitos

começaram no final dos anos 80, quando o DNOCS alega que já teria indenizado as

famílias da aldeia. A comunidade reconhece que uma das lideranças teria recebido

dinheiro do órgão federal, mas argumentam que foram lesados. Mesmo a questão

estando na justiça, o DNOCS destruiu parte significativa do território ocupado

pelos Tremembés de Queimadas, principalmente a área chamada de Serrote, tida

como sagrada pelos índios. O processo continua em andamento, mas com a

intervenção da FUNAI e do Ministério Público Federal as obras na área indígena

foram paralisadas. A extensão da terra em questão na qual vivem os Tremembé de

Queimadas é de 912 hectares.

6. 6. 6. 6. HISTÓRICO DO PROCESSO AGRÍCOLAHISTÓRICO DO PROCESSO AGRÍCOLAHISTÓRICO DO PROCESSO AGRÍCOLAHISTÓRICO DO PROCESSO AGRÍCOLA

A agricultura realizada pelos Tremembé de Queimadas é baseada,

principalmente, nas culturas de milho, feijão e mandioca. O método de plantio

utilizado consiste basicamente no desmatamento, queimada, plantio por dois anos

e pousio da área, que pode ficar entre 06 a 30 anos em repouso, dependendo do

tamanho da área que se tem.

Essa agricultura pode ser caracterizada como itinerante (nômade), por

passar somente dois anos no local. De acordo com alguns indígenas, a produção de

milho e feijão reduz em até 30% no segundo ano em relação ao primeiro. É

utilizado para cada agricultor (família) um roçado de 8 a 20 litros de milho, isso

quer dizer que cada agricultor planta de 1 a 3 hectares de terra. Portanto, o

agricultor que brocou, queimou e plantou 2 hectares, no terceiro repetirá a mesma

ação, sendo que quando for com dez anos eles terá brocado, queimado e plantado

cerca de 10 hectares.

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No "verão" (meses de outubro e novembro), quando as plantas

apresentam menor teor de água, as famílias iniciam o preparo da área. Esse

preparo consiste em brocar (desmatar). Parte da madeira é retirada para

confecção da cerca onde será feito o roçado e parte para uso como lenha nas casas

e nos fornos das Casas de Farinha. Em seguida faz-se o uso da queimada da área,

que geralmente é feita em pleno meio dia (período de maior intensidade solar e

maior calor). Caso "não tenha queimado bem" eles voltam na área e realizam as

coivaras, ou seja, juntam os restos de galhos que não foram queimados na primeira

etapa e novamente ateam fogo. Com isso a terra está queimada, pronta para ser

construída a cerca que geralmente é feita de pau a pique, ou do tipo “faxina”, com

galhos entrançados geralmente de espécies como sipaúba, catanduva e

marmeleiro. Essa cerca tem durabilidade de 2 anos, período em que o roçado fica

na mesma área.

Até o mês de janeiro a área deve estar no ponto de ser plantada, pois em

alguns anos a chuva se inicia em janeiro e isso garante o legume mais cedo. O

plantio da mandioca é feito com os galhos da planta, conhecida como maniva, no

período antecedendo as chuvas. A maniva é colocada quando o solo ainda está seco

na lua minguante, pois de acordo com eles facilita o crescimento e o

desenvolvimento do tubérculo. O plantio de milho e feijão é feito "após o chão estar

bem molhado", quando se observa que o período de chuva iniciou (conhecimento

empírico). Se as chuvas forem intensas é ano de colheita de milho, se for pouco de

é de escassez, sendo bom para o feijão. O plantio do milho e do feijão é feito na lua

quarto crescente, saindo da lua nova para a lua cheia.

As atividades do roçado são realizadas de forma coletiva, juntando se um

grupo que pode variar de duas pessoas até grupos de dez agricultores dentro da

mesma área. O trabalho é coletivo desde o desmatamento, queimada, coivara, o

plantio e as limpas (capina) que se faz no terreno até o momento em que o milho

e o feijão crescem na altura que ultrapasse as ervas (mato). Mas desde o início do

desmatamento a área estará totalmente fragmentada, dividida, com linhas

imaginárias, onde eles marcam através de planta, tocos, ou até mesmo parte da

cerca com intuito de delimitar a área de plantio de cada um.

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No período da colheita o trabalho passa a ser individual. Não é realizado

no mesmo período, alguns retiram o milho e o feijão ainda verde para se alimentar

e vender, enquanto outros preferem guardar o milho para alimentar os pequenos

animais.

Observou-se que não existe muita variedade de milho e feijão, porém foi

relatada a presença de mais de 16 tipos de tubérculos da família da mandioca e

macaxeira. Ocorre também a seleção de algumas plantas como o caso do milho e do

caju. Após a colheita do milho, os índios fazem a separação das espigas de maior

tamanho e menos deformação e retiram os grãos da extremidade medindo três

dedos para cada lado, com isso ele retiram os grãos irregulares das extremidades e

priorizam os grãos do meio da espiga com melhores características para a

produção. No caso do caju eles também escolhem as maiores castanhas e guardam

para o plantio no período do cultivo do milho. No momento que estão no

roçado, fazem as "covas" e semeam, marcando com pequenos galhos para se

orientar e não prejudicar na hora da capina.

Outro aspecto agroeconômico importante de Queimadas diz respeito a

cultura do caju, que é de extrema importância para a cultura e economia da

comunidade. Do caju eles preparam a bebida fermentada tradicional dos índios, o

mocororó, a cajuína, o doce de cajú, o suco que é riquissimo em vitamina C, além da

castanha que pode ser utilizada como alimento e é uma renda garantida num

período do ano, através da colheita.

Durante a safra do caju, toda a aldeia se envolve com a coleta da castanha

para a venda e com o pedúnculo que é utilizado para fazer doces, cajuína e o

mocororó. Apesar de a maioria das famílias terem conhecimento na produção de

alimentos oriundos do caju, este potencial não é explorado economicamente. A

produção de doces e cajuína é apenas para o autoconsumo. No entanto, o potencial

da cajucultura poderia ser melhor aproveitado com a construção de uma unidade

de beneficiamento de frutas que poderia abarcar não só o caju, mas outras frutas

existentes no local.

O mocororó, bebida criada pelos índios, uma espécie de vinho do caju, é

um dos principais elementos motivadores da prática do torém, uma dança de roda

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em que os índios exaltam a natureza, o trabalho e a relação que o índio tem com a

terra. Além disso, outro aspecto marcante da dança é o culto aos seres encantados.

Praticamente todos são agricultores e, além da renda advinda com a venda

da castanha, a produção de farinha e goma é o principal fator de geração de renda

da aldeia. O processo de preparação da farinha, chamado de farinhada, é feito

coletivamente numa casa de farinha comunitária. No período em que estão sendo

realizadas, as farinhadas duram várias semanas.

7. 7. 7. 7. MATRIZESMATRIZESMATRIZESMATRIZES

7.1. 7.1. 7.1. 7.1. ÁRVORE DE PROBLEMASÁRVORE DE PROBLEMASÁRVORE DE PROBLEMASÁRVORE DE PROBLEMAS

Durante a aplicação desta técnica, foi perguntado aos moradores aquilo

que eles identificam como os principais problemas da comunidade e a relação de

proximidade e distância. Os problemas distantes são aqueles nos quais a

comunidade não possui condições ou meios de resolver, ou seja, não estão ao

alcance da aldeia, sendo função de alguma instituição do poder público. Os

problemas identificados como próximos, de outro modo, são aqueles que a

comunidade pode, dependendo de seu empenho e organização, resolver ou sanar.

Como problemas distantesproblemas distantesproblemas distantesproblemas distantes, os Tremembé de Queimadas identificaram os

seguintes problemas:

� HabitaçãoHabitaçãoHabitaçãoHabitação

Muitas famílias moram em casas de taipa em acelerado processo de

desgaste, sem estrutura adequada para acolher o número de pessoas da família. No

segundo semestre de 2009 a FUNAI firmou parceria com a prefeitura de Acaraú

para construir 25 unidades habitacionais para as famílias mais necessitadas da

aldeia. Entretanto, até o momento nenhuma ação por parte do órgão indigenista foi

realizada para resolver este problema.

� Posto de Saúde Posto de Saúde Posto de Saúde Posto de Saúde

A construção de um posto de saúde para atender as famílias é uma

reivindicação antiga na comunidade. Atualmente a enfermeira e o técnico de

enfermagem são obrigados a realizar atendimento na casa do senhor Júlio.

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Segundo moradores, há alguns anos o pedido foi encaminhado a FUNASA, sem, no

entanto, nenhuma resposta até o momento.

� Demarcação e regularização da terraDemarcação e regularização da terraDemarcação e regularização da terraDemarcação e regularização da terra

A Terra Indígena de Queimadas espera a regularização da terra. Até o

presente momento, foram realizados apenas estudos preliminares de identificação

da comunidade por parte da FUNAI. Os Tremembé de Queimadas travam uma luta

contra o DNOCS, responsável pelo Perímetro Irrigado Baixo Acaraú.

� Educação IndígenaEducação IndígenaEducação IndígenaEducação Indígena

A comunidade identifica como um problema distante, o magistério

superior para os professores da escola de Queimadas, visando uma formação mais

contextualizada com a história e as práticas culturais da comunidade indígena.

Atualmente, os professores da aldeia estão concluindo o magistério de nível médio

organizado pela CREDE 03.

� TrabalhoTrabalhoTrabalhoTrabalho

Algumas pessoas citaram o caju como potencial econômico da aldeia e

colocaram como um projeto distante uma unidade de beneficiamento do caju. Além

da venda da castanha, os indígenas desejam trabalhar o pedúnculo,

transformando-o em cajuína, mocororó, doces entre outros produtos.

� Implantação de projetosImplantação de projetosImplantação de projetosImplantação de projetos

Vários indígenas apontaram a necessidade da elaboração de projetos

voltados para atender as demandas apresentadas pela comunidade de Queimadas.

Como problemas próximosproblemas próximosproblemas próximosproblemas próximos, cujas possibilidades de resolução estão ao

alcance do próprio grupo, estão os seguintes aspectos:

� Unidade e organização política internaUnidade e organização política internaUnidade e organização política internaUnidade e organização política interna

Um dos aspectos recorrente na técnica da árvore de problemas, no que diz

respeito aos problemas internos da aldeia, foi o desafio da unidade da aldeia. Os

conflitos e divergências entre membros do grupo foram identificados como um dos

principais obstáculos a serem superados. O grupo tem consciência que precisa

superar tal problema, pois ele é o principal entrave à organização da aldeia

Queimadas.

� TTTTrabalho na aldeiarabalho na aldeiarabalho na aldeiarabalho na aldeia

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Outro aspecto colocado pelo grupo foi o desejo de trabalhar na própria

terra indígena. Atualmente um número considerável de homens trabalham como

diaristas no Perímetro Irrigado do Baixo Acaraú, ganhando em média 12 reais por

dia trabalhado. Algumas pessoas afirmaram que “a comunidade vai viver melhor”

quando as famílias tirarem o sustento da “própria terra”, outras manifestam o

desejo de deixar de “trabalhar pro alugado”. Entre as áreas de trabalho sugeridas

pelos membros da aldeia se destacam:

- Horticultura (hortas familiares e comunitárias);

- Criação de avinos, caprinos e suínos;

- Beneficiamento do caju;

� Implantação de Implantação de Implantação de Implantação de SSSSistemas istemas istemas istemas AAAAgroflorestaisgroflorestaisgroflorestaisgroflorestais –––– SAF SAF SAF SAF

A necessidade de recomposição de mata nativa, sobretudo, de espécies

que não são mais encontradas na mata, foi colocada por membros da aldeia. A

iniciativa de algumas famílias apontam os sistemas agroflorestais como alternativa

sustentável para utilização da terra indígena, tendo em vista que o manejo

ecológico da terra proporciona produção de alimentos e conservação da natureza.

� Produção de artesanatoProdução de artesanatoProdução de artesanatoProdução de artesanato

A produção de artesanatos (colares, anéis, renda, redes, chapéus e outros

produtos de palha) foi apresentada como um desejo da aldeia. Apesar de ser

identificado como um problema “próximo”, falta incentivo para capacitação e

qualificação das famílias visando a produção. Além disso, existe também a

necessidade de organização produtiva e de comercialização do artesanato.

� Incentivo à formação acadêmicaIncentivo à formação acadêmicaIncentivo à formação acadêmicaIncentivo à formação acadêmica

Alguns membros do grupo acreditam que a formação educacional (básica

e superior) também depende do empenho de cada pessoa, assim como do

incentivo da família. Entretanto, os Tremembé do município de Acaraú ainda não

contam com incentivos à formação universitária, principalmente dos professores

indígenas.

7.2. 7.2. 7.2. 7.2. DIAGRAMA DE VENNDIAGRAMA DE VENNDIAGRAMA DE VENNDIAGRAMA DE VENN

O objetivo deste diagrama é identificar entre as instituições que se

relacionam direta ou indiretamente com a comunidade indígena, quais delas estão

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mais próximas ou mais distantes. A noção de proximidade e distância está

diretamente relacionado com a atuação efetiva e eficaz, ou não, destas instituições

na aldeia. Partindo do mais próximo ao mais distante, abaixo estão as instituições

identificadas pela aldeia.

� Conselho Indígena Tremembé de QueimadasConselho Indígena Tremembé de QueimadasConselho Indígena Tremembé de QueimadasConselho Indígena Tremembé de Queimadas –––– CITQ CITQ CITQ CITQ

Instituição criada para organizar internamente e representar a

comunidade indígena de Queimadas diante do estado e da sociedade civil, o

Conselho é o principal canal de representação política da aldeia, de modo que ela

se confunde com a própria comunidade.

� CentroCentroCentroCentro de Referência da Assistência Social de Referência da Assistência Social de Referência da Assistência Social de Referência da Assistência Social –––– CRAS CRAS CRAS CRAS

O CRAS é o equipamento da Secretaria Municipal da Assistência Social e

co-financiado pelo Ministério do Desenvolvimento Social – MDS, que atende

diretamente a comunidade indígena de Queimadas. Tem sido nos últimos anos, o

principal parceiro da aldeia, assessorando e contribuindo para a organização

política e econômica da comunidade. O CRAS desenvolve atividades que vão desde

a orientação e acompanhamento das demandas da aldeia, até a implantação de

unidades produtivas de base agroecológica, contribuindo para a geração de

trabalho e renda e para a sustentabilidade dos Tremembé de Acaraú.

Esquema do Diagrama de Venn, construído pela Aldeia de

Queimadas (06/02/2010)

Ilustração: Tiago Silva Bezerra

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� Instituto Carnaúba de Ecologia SocialInstituto Carnaúba de Ecologia SocialInstituto Carnaúba de Ecologia SocialInstituto Carnaúba de Ecologia Social

Parceiro do CRAS e da Secretaria de Assistência Social desde o final do ano

de 2009, o Instituto Carnaúba presta assessoria e assistência técnica aos indígenas

de Queimadas e Telhas, implantando quintais produtivos e sistemas agroflorestais,

cuja finalidade principal é garantir a segurança alimentar e nutricional das aldeias

indígenas. Além disso, oferece assistência na elaboração e acompanhamento

técnico de projetos de base agroecológica.

� Secretaria Municipal de Assistência Social de AcaraúSecretaria Municipal de Assistência Social de AcaraúSecretaria Municipal de Assistência Social de AcaraúSecretaria Municipal de Assistência Social de Acaraú

A instituição tem dado suporte financeiro e operacional para as ações

desenvolvidas pelo CRAS e o Carnaúba. Através de sua gestora, a Secretaria tem se

mostrado sensível as questões das comunidades indígenas, investindo e

contribuindo para sua autonomia e sustentabilidade, algo, até então nunca feito em

gestões anteriores.

� Coordenadoria Regional de DesenvolvCoordenadoria Regional de DesenvolvCoordenadoria Regional de DesenvolvCoordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação imento da Educação imento da Educação imento da Educação –––– CREDE 03 / CREDE 03 / CREDE 03 / CREDE 03 /

SEDUCSEDUCSEDUCSEDUC

De acordo com algumas pessoas, principalmente ligadas a educação na

aldeia, a CREDE foi bem avaliada pela comunidade, apresentando-se, quando

solicitada, de forma atenciosa as demandas da aldeia, no que se refere à sua

jurisdição e área de atuação.

� Companhia Nacional de Abastecimento Companhia Nacional de Abastecimento Companhia Nacional de Abastecimento Companhia Nacional de Abastecimento –––– CONAB CONAB CONAB CONAB

A instituição foi citada pela comunidade indígena principalmente pela

inserção de algumas famílias no Programa de Aquisição de Alimentos – PAA da

CONAB no final do ano de 2009.

� SeSeSeSecretaria Municipal de Agricultura e Pesca de Acaraúcretaria Municipal de Agricultura e Pesca de Acaraúcretaria Municipal de Agricultura e Pesca de Acaraúcretaria Municipal de Agricultura e Pesca de Acaraú

Como as famílias indígenas vivem basicamente da agricultura, esta

instituição foi citada pelos recentes diálogos estabelecidos e pela disposição do

gestor da secretaria em aprovar projetos de criação animal para Queimadas. No

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entanto, pela posição ocupada no diagrama, percebe-se que o canal de

comunicação com a comunidade precisa ser intensificado.

� Empresa de Assistência Técnica em Extensão Rural do Ceará Empresa de Assistência Técnica em Extensão Rural do Ceará Empresa de Assistência Técnica em Extensão Rural do Ceará Empresa de Assistência Técnica em Extensão Rural do Ceará –––– EEEEMATERCEMATERCEMATERCEMATERCE

A Empresa foi lembrada na discussão, porém observou-se através das

colocações dos presentes que não havia nenhuma aproximação com a aldeia. Isso

remete à necessidade de se ter uma instituição que realize acompanhamento

técnico no que tange a produção agrícola.

� Prefeitura Municipal de AcaraúPrefeitura Municipal de AcaraúPrefeitura Municipal de AcaraúPrefeitura Municipal de Acaraú

De acordo com as famílias, a relação da prefeitura com as comunidades de

Queimadas e Telhas tem se estreitado nesta gestão. Desde as visitas feitas pelo

prefeito até o conhecimento das demandas do local, percebe-se que há uma certa

abertura da gestão municipal com as demandas indígenas. No entanto, as famílias

solicitam ações urgentes, principalmente no que se refere à iluminação pública e

reparo das estradas que dão acesso à aldeia.

� Banco do Nordeste Banco do Nordeste Banco do Nordeste Banco do Nordeste –––– BNB BNB BNB BNB

O banco também aparece na visão dos indígenas, sobretudo, pela

possibilidade de financiamentos para projetos agrícolas.

� Fundação Nacional de Saúde Fundação Nacional de Saúde Fundação Nacional de Saúde Fundação Nacional de Saúde –––– FUNASA FUNASA FUNASA FUNASA

A FUNASA é a responsável pela saúde das comunidades indígenas de todo

o Brasil. O município de Acaraú está inserido no Distrito Sanitário Especial

Indígena – DSEI Região Norte. Segundo moradores de Queimadas, a atuação da

FUNASA vem se caracterizando pela indiferença em relação aos problemas

identificados na aldeia. Como já foi mostrado no item anterior, o atendimento a

saúde é comprometido por que não existe local apropriado para a realização das

consultas. Os moradores já solicitaram, junto a instituição, a construção de um

posto de saúde, mas até agora nada foi feito.

� Fundação Nacional do Índio Fundação Nacional do Índio Fundação Nacional do Índio Fundação Nacional do Índio –––– FUNAI FUNAI FUNAI FUNAI

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Responsável pela garantia dos direitos das populações indígenas, a FUNAI

tem tido uma atuação marcada pela ausência na aldeia Queimadas. As famílias

reclamam da indiferença dos técnicos da FUNAI em relação aos problemas da

aldeia. A demarcação da Terra Indígena de Queimadas está parada por conta da

burocracia do órgão indigenista oficial. A ajuda na FUNAI à aldeia tem se

restringido a cestas básicas enviadas mensalmente. A comunidade reclama da

ausência de projetos e ações concretas para melhorar as condições de vida das

famílias da aldeia. Até a construção de uma Casa de Farinha, iniciada pelo órgão

não foi concluída, tendo o galpão sido apropriado por uma pessoa que se diz dono

do espaço. Além disso, a comunidade indígena reclama da falta de comunicação

entre a FUNAI e as famílias, tendo em vista que os técnicos passam longos períodos

sem visitar a aldeia, o que dificulta o repasse das demandas e a resolução de

conflitos internos.

Vale ressaltar, que as instituições mais distantes, segundo a comunidade,

são aquelas que deveriam estar mais próximas, tendo em vista que cabe a elas

(FUNAI e FUNASA) a garantia dos direitos fundiários, sociais, jurídicos, civis e de

saúde, ou seja, são atribuições institucionais o atendimento às comunidades

indígenas.

8. 8. 8. 8. INSTITUIÇÕES, PROJETOS E ASSISTÊNCIA TÉCNICAINSTITUIÇÕES, PROJETOS E ASSISTÊNCIA TÉCNICAINSTITUIÇÕES, PROJETOS E ASSISTÊNCIA TÉCNICAINSTITUIÇÕES, PROJETOS E ASSISTÊNCIA TÉCNICA

� InstituInstituInstituInstituto Carnaúba de Ecologia Socialto Carnaúba de Ecologia Socialto Carnaúba de Ecologia Socialto Carnaúba de Ecologia Social

Projeto: Assessoria e Assistência Técnica na implantação de Quintais Produtivos e Sistemas Agroflorestais – SAF’s

Situação: em andamento

� Companhia Nacional de Abastecimento / Secretaria de Assistência SocialCompanhia Nacional de Abastecimento / Secretaria de Assistência SocialCompanhia Nacional de Abastecimento / Secretaria de Assistência SocialCompanhia Nacional de Abastecimento / Secretaria de Assistência Social

Projeto: Compra com Doação Simultânea para Merenda Escolar

Situação: aguardando implantação

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9. 9. 9. 9. PLANO DE AÇÃO COMUNITÁRIA PLANO DE AÇÃO COMUNITÁRIA PLANO DE AÇÃO COMUNITÁRIA PLANO DE AÇÃO COMUNITÁRIA –––– PAC PAC PAC PAC

Ao identificar através das técnicas da árvore de problemas e do diagrama

de Venn, os problemas, carências e demandas, bem como as instituições que

podem solucionar os problemas, a comunidade de Queimadas estabeleceu, junto

com a equipe de técnicos, um plano de ação comunitária para dar

encaminhamentos às demandas da aldeia.

ATIVIDADESATIVIDADESATIVIDADESATIVIDADES RESPONSÁVEISRESPONSÁVEISRESPONSÁVEISRESPONSÁVEIS

Demarcação da Terra Indígena; FUNAI

Construção de moradias; Trabalho na

Aldeia; Projetos.

FUNAI; Prefeitura Municipal de Acaraú

Construção do Posto de Saúde;

Atendimento médico; dentista.

FUNASA

Unidade; organização social e política Conselho Indígena Tremembé de

Queimadas – CITQ

Sistemas Agroflorestais; Quintais

Produtivos

Comunidade; Instituto Carnaúba

Magistério Superior para professores

indígenas

CREDE / SEDUC

Projetos de beneficiamento do Cajú;

Criação de galinhas, cabras e porcos.

Secretaria Municipal de Agricultura

Acompanhamento social e assessoria Centro de Referência da Assistência

Social – CRAS

Projeto de Aquisição de Alimentos Secretaria de Assistência Social;

CONAB; CRAS; I. Carnaúba.

Trabalho com artesanato Comunidade; CRAS; Carnaúba;

Secretaria de A. Social.

Financiamento de projetos agrícolas Banco do Nordeste – BNB; Ematerce.

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10. REGISTRO FOTOGRÁFICO10. REGISTRO FOTOGRÁFICO10. REGISTRO FOTOGRÁFICO10. REGISTRO FOTOGRÁFICO

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11111111. . . . EQUIPE TÉCNICAEQUIPE TÉCNICAEQUIPE TÉCNICAEQUIPE TÉCNICA

Tiago Silva Bezerra – Técnico em Agroecologia e estudante de Zootecnia da UVA;

Eli Briseno – Biólogo;

Ronaldo Santiago – Antropólogo e técnico do Centro de Referência da Assistência

Social – CRAS.