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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE GESTÃO ESTRATÉGICA NOS EMPREENDIMENTOS DE CARCINICULTURA DO LITORAL BRASILEIRO COM A UTILIZAÇÃO DA ISO 14.000 Por: Denise Pereira Hartmann Orientador Profº. Mário Luiz Trindade Rocha Brasília 2011

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GESTÃO ESTRATÉGICA NOS EMPREENDIMENTOS DE

CARCINICULTURA DO LITORAL BRASILEIRO COM A

UTILIZAÇÃO DA ISO 14.000

Por: Denise Pereira Hartmann

Orientador

Profº. Mário Luiz Trindade Rocha

Brasília

2011

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GESTÃO ESTRATÉGICA NOS EMPREENDIMENTOS DE

CARCINICULTURA NO LITORAL BRASILEIRO COM A

UTILIZAÇÃO DA ISO 14.000

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito para obtenção do

grau de especialista em Gestão Estratégica e

Qualidade.

Por: Denise Pereira Hartmann

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AGRADECIMENTOS

....aos que me apoiaram neste trabalho.

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DEDICATÓRIA

.....dedico este trabalho ao meio ambiente

e ao desenvolvimento sustentável.

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RESUMO

As questões ambientais vêm nas últimas décadas, despertando a

atenção de diversos setores da sociedade. Com a abertura da economia, o

aumento da competitividade e a maior conscientização dos consumidores, a

variável ambiental assume uma importância cada vez maior. As organizações

empresariais, nesse novo contexto, passam a adotar uma nova orientação

incorporando a variável ambiental em suas decisões estratégicas, como forma

de obter vantagem competitiva. Desta forma, a preocupação com o meio

ambiente passa a se constituir em nova oportunidade de mercado ao invés de

tornar-se barreira comercial.

Uma maneira de conciliar crescimento, conservação e assim

desenvolver sustentavelmente seria mediante a implantação da norma ISO

série 14000. Afinal, a certificação pelas normas ISO 14000 deve fazer parte da

estratégia de uma organização que pretenda manter-se competitiva.

No Brasil, o setor de carcinicultura é um dos que mais apresentam perfil

exportador, mas possui grandes problemáticas ambientais como

desmatamento, destruição de fauna e flora. O desenvolvimento dessa atividade

precisa se adequar para atender às novas exigências do comércio

internacional.

Assim, este trabalho pretende discutir as perspectivas da norma ISO

série 14000 nos empreendimentos de carcinicultura do litoral brasileiro.

Palavras-chave: estratégia – carcinicultura – ISO 14000

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METODOLOGIA

A pesquisa teve como base a leitura de livros, revistas e “sites” sobre o

assunto, com o propósito de coletar dados e informações a fim de encontrar

soluções para minimizar as problemáticas observadas no desenvolvimento da

atividade.

A abordagem teórica versa sobre como gerir uma empresa de

carcinicultura, mediante a utilização da série ISO 14000 como ferramenta de

Gestão Estratégica.

Diante de um tema multidisciplinar a presença de autores de diversas

áreas é inevitável. Desse modo, os autores citados são estudiosos das áreas

administrativa, ambiental, jurídica e educacional.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Gestão Estratégica nas Empresas 10

CAPÍTULO II - Como funciona a Carcinicultura no Brasil 16

CAPÍTULO III - ISO 14001 25

CAPÍTULO IV - Gestão Estratégica nos Empreendimentos

de Carcinicultura com a utilização da ISO 14001 32

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA 39

ÍNDICE 41 FOLHA DE AVALIAÇÃO 42

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho é o resultado de observações realizadas nas

atividades profissionais cotidianas, nos processos analisados sobre os

empreendimentos de carcinicultura do litoral brasileiro.

As empresas de carcinicultura no Brasil carecem de Gestão Estratégica

e por isso é possível observar índices elevados de infrações ambientais. Surge,

então, o questionamento: É possível combater as irregularidades ambientais

mediante Gestão Estratégica nos Empreendimentos de Carcinicultura do litoral

brasileiro com a utilização da ISO 14.000?

Diante disso, nasce a ideia de pesquisar e apresentar uma gestão

capaz de contribuir no fortalecimento dos empreendimentos de carcinicultura a

fim de reduzir o cometimento de crimes ambientais, ampliar o mercado

consumidor e melhorar a qualidade de vida das populações envolvidas.

A atividade de carcinicultura é lucrativa, mas muitas vezes por não

haver uma gestão direcionada, a atividade causa prejuízos materiais e

imateriais para a empresa. A carcinicultura realizada no litoral brasileiro é uma

rica atividade, pois revela interesses tanto do mercado interno quanto externo

por seus produtos, como camarões, ostras e moluscos.

A gestão estratégica é transversal em uma empresa, pois passa por

todas as etapas empresariais, contribuindo inclusive para a qualidade da

produção e dos produtos.

Nesse ambiente econômico, não se pode deixar de observar as

variáveis internas e externas a fim de manter-se atualizada com o mercado e a

observância das leis ambientais.

Isso porque no Brasil possuímos uma das legislações ambientais mais

modernas do mundo. E a falta de observação nas leis do meio ambiente traz

grandes transtornos e prejuízos vultosos para empresas promissoras e

lucrativas. A utilização da ISO 14000 pode contribuir para gerir e reduzir a

quantidade de multas ambientais, expandir o mercado, aumentar os lucros, a

qualidade dos produtos, a preservação, a conservação do meio ambiente e das

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populações ribeirinhas, além de universalizar conceitos e procedimentos, sem

perder de vista características e valores regionais.

Diante disso o capítulo I refere-se aos conceitos de gestão estratégica

nas empresas. E esclarece a importância da utilização de uma gestão eficiente

a fim de definir o caminho, a diretriz para a empresa diante das diversidades. É

possível com sua implementação detectar falhas, definir soluções imediatas e a

relação a ser estabelecida entre a organização e seu ambiente. O objetivo é

encontrar o padrão de comportamento ou atitudes para que a organização

descubra que produtos e serviços pretende oferecer e quais mercados e

clientes pretende atingir.

O capítulo II registra alguns conceitos importantes da atividade de

carcinicultura e do processo produtivo. Faz referência às questões que

envolvem a sistemática do mercado consumidor, produtos, serviços e questões

ambientais relacionadas a carcinicultura no Brasil. Além de “pincelar” alguns

pontos estritamente técnicos da atividade em si.

O capítulo III apresenta o histórico da criação da série ISO 14.000, as

características, os procedimentos, os objetivos da ISO 14.000, que estabelece

diretrizes para as organizações obterem padrão de excelência na produção ou

na oferta de serviços com respeito às questões ambientais e com qualidade.

O capítulo IV faz um paralelo, comparando, apresentando e analisando

as definições da gestão estratégica na administração dos empreendimentos de

carcinicultura. Avalia a situação desses negócios com base nos conceitos

apresentados nos capítulos I, II e III.

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CAPÍTULO I

GESTÃO ESTRATÉGICA NAS EMPRESAS

A definição de estratégia é proveniente dos gregos, que significa a arte

dos generais, pois os estrategos eram os comandantes supremos escolhidos

para planejar e fazer a guerra. O significado de estratégia e as técnicas da

administração estratégica chegaram às empresas no início do século XX

(MAXIMIANO, 2009, p. 230)

Podemos dar inúmeras definições para gestão estratégica nas

empresas. Uma delas, de Chiavenato (2010), é a seguinte: “Gestão Estratégica

representa a maneira pela qual a empresa se comporta perante o ambiente

que a circunda, procurando aproveitar as oportunidades potenciais do ambiente

e neutralizar as ameaças potenciais que rondam os seus negócios” (p.74).

Outra, mais diretamente relacionada com gestão estratégica, conforme

Maximiano, diz que:

“Gestão Estratégica nas empresas é um termo que se

refere às técnicas de gestão, avaliação e ao conjunto de

ferramentas respectivas (como software) concebidas para

ajudar empresas na tomada de decisões estratégicas de

alto nível” (MAXIMIANO, 2009, p.232).

De acordo com Maximiano (2009), os primeiros a fazerem referência à

gestão estratégica foram os gregos. Usavam essa palavra para designar a arte

dos generais. Esses eram responsáveis por planejar e fazer a guerra.

Segundo Chiavenato (2010), a gestão estratégica é a união de vários

procedimentos que vão se aperfeiçoando dentro de um ambiente competitivo.

Desse modo, devem-se aproveitar as variáveis externas e driblar as ameaças

ambientais concomitantemente e utilizar as forças internas e corrigir as

fraquezas internas. Isso faz da gestão estratégica o itinerário para a empresa

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seguir um norte no enfrentamento das dificuldades que se apresentam. A

necessidade de agir estrategicamente esta diretamente relacionada com às

mudanças ambientais ocorridas, a gestão estratégica funciona como

termômetro para detectar falhas. Uma gestão eficiente e eficaz detecta e

permite adoção rápida de novos rumos e novas saídas.

Na visão de Chiavenato (2010), a gestão estratégica interfere em toda

a organização, ou seja, desde a missão, a visão, alinhada a estrutura e a

cultura. Para alcançar o sucesso, todos esses pontos devem se aglutinar a fim

de atingir os objetivos organizacionais com êxito.

Para Chiavenato (2010), a estratégia precisa funcionar como um

programa global para a consecução de objetivos organizacionais e deve

receber o concenso geral e ser capaz de motivar e envolver todos os

colaboradores da organização. Deve ser amplamente difundida e comunicada

para servir como fio condutor da ação organizacional.

A estratégia precisa ser planejada, pois requer um planejamento

estratégico para ser colocada em ação. Sobre planejamento estratégico

Maximiano diz que:

“Planejamento Estratégico é o processo de elaborar a

estratégia – a relação pretendida da organização com seu

ambiente” (MAXIMIANO, 2009, p.231).

Segundo Maximiano (2009), o processo de planejamento estratégico

compreende a tomada de decisões sobre o padrão de comportamento ou

cursos de ação que a organização pretende seguir: produtos e serviços que

pretende oferecer e mercados e clientes que pretende atingir.

Segundo Rocha (2006), as escolas do pensamento estratégico

apresentam-se em três grandes grupos como a seguir:

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Escolas do Pensamento Estratégico

Grupos Escolas Principais

Autores

Objetivo Características

Grupo 1:

Preocupa-se

no modo como

as estratégias

devem ser

formuladas.

Concepção

Selznick,

1957

- Remete as

bases do

planejament

o

estratégico

ao abordar

o conceito

de missão

empresarial,

fazendo

análise de

ambiente.

- Realiza

avaliações do

ambiente

externo

(ameaças e

oportunidades)

e do interno

(pontos fracos e

fortes);

- O executivo

principal é o

estrategista.

Planejamento

Igor

Ansoff,

Década de

70.

-Elaboração

de Etapas.

- Utiliza os

conceitos da

escola do

design;

- Primeiras

tentativas de

elaboração de

cenários;

- Formatação

do controle

estratégico.

Posicionamento

Michael

Porter

1980

- Voltada

para o

conteúdo.

- Realiza a

análise das

forças

competitivas

em mercados;

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Escolas do Pensamento Estratégico

Grupos Escolas Principais

Autores

Objetivo Características

Grupo 2:

Concentram-

se no

processo de

concepção

estratégica.

- Cria-se as

estratégias

genéricas e de

negócios;

- Modelo mais

utilizado,

atualmente,

pelas

consultorias de

negócios.

Espírito

Empreendedor

Shumpeter

1954.

- Inovar - Associada a

espírito

empreendedor.

Cognitiva

March e

Simon,

1958.

- Penetrar

na mente do

estrategista.

- Vinculada à

idéia do espírito

empreendedor;

- Desenvolveu

a linha do

conhecimento,

mediante as

ferramentas da

psicologia

cognitiva.

Aprendizado

Prahalad,

Gary

Hammel e

Peter

Senge.

- Construir

ideias em

pequenas

etapas, à

medida que

- Para seus

seguidores é

complexo

demais

construir de

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Escolas do Pensamento Estratégico

Grupos Escolas Principais

Autores

Objetivo Características

Grupo 2:

Concentram-

se no

processo de

concepção

estratégica.

a empresa

se adapta.

súbito um plano

ou uma idéia

clara.

Poder

Ashey,

1984.

- Enfatizar a

questão

política.

- Processo de

negociação que

rege o

confronto entre

grupos internos,

ou entre a

organização e

seu ambiente.

Ambiente

Hannan e

Freeman.

Década de

60.

- Estratégia

baseada na

reação da

empresa ao

contexto e

às pressões

e não ao

que ela é de

fato.

- Proposta

pelos teóricos

da

contingência.

Empresarial

Rhennan e

Normann,

fins dos

anos 60.

-Elaboração

da

estratégia

deve ser

coletiva e

cooperativa.

- Julgam que a

estratégia está

enraizada na

cultura da

empresa.

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Escolas do Pensamento Estratégico

Grupos Escolas Principais

Autores

Objetivo Características

Grupo 3:

Encontra-se

nesse grupo,

apenas, uma

linha de

pensamento,

que aglutina

aspectos

concernentes

aos dois

grupos antes

mencionados.

Configuração

Mintzberg,

1962

-Integrar

várias

partes :

gênese,

conteúdo,

estruturadas

organizacio

nais,

contextos,

em função

de estágios

de vida

diferentes.

-Utilizada no

serviço público.

A função da estratégia é a de orientação sobre qual caminho seguir. É

a diretriz da empresa, pois favorece a coordenação, a canalização dos

esforços. A estratégia funciona como meio político para as pessoas

compreenderem a empresa e a diferenciá-la dos outros. Destina-se a

simplificar e facilitar a ação. Outra função é resolver os grandes problemas de

maneira que as pessoas se sintam liberados dos pequenos detalhes. (ROCHA,

2006, p.12).

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CAPÍTULO II

COMO FUNCIONA A CARCINICULTURA NO BRASIL

Segundo Sant’anna (2003), a carcinicultura é a atividade desenvolvida

com a finalidade de cultivar camarões marinhos ou de água doce. A

carcinicultura tem se desenvolvido bastante nos últimos anos, produzindo

excelentes resultados financeiros.

Iniciada na década de 70 com o domínio do ciclo e da produção em

escala comercial de pós-larvas das espécies Penaeus brasiliensis, P. subtilis,

P. schmitti, a cultura de camarões marinhos no Brasil começou a adquirir

caráter técnico-empresarial no final da década de 80. As improvisações

praticadas até então começaram a ceder espaço para o profissionalismo e o

planejamento estratégico, fundamentados em tecnologias inovadoras, que vêm

sendo adotadas como a principal ferramenta dos novos e bem sucedidos

empreendimentos comerciais (ROCHA, et al, 1998)

Para se chegar ao atual estágio de desenvolvimento da atividade, não

há dúvida de que foi decisiva a introdução da espécie Penaeus vannamei, cuja

capacidade de adaptação às mais variadas condições de cultivo contribuiu para

elevá-la à condição de principal espécie da carcinicultura brasileira. Por se

tratar de uma espécie exótica, seu processo de adaptação, consolidação e

disseminação exigiu demandas importantes, como a produção auto-suficiente

de pós-larvas e a oferta de rações de boa qualidade, além da completa

reformulação dos processos tecnológicos adotados, envolvendo a aplicação de

técnicas de cultivo mais aprimoradas, tanto no manejo propriamente dito, como

no processamento e apresentação do produto final. O domínio do ciclo

reprodutivo e da produção de pós-larvas, resultou em auto-suficiência e

regularização da sua oferta. Essa evolução se processou com tal ritmo

favorável, que se pode considerar consolidada a tecnologia da formação de

plantéis em cativeiro, relegando-se ao passado a dependência das

importações, que além de contribuírem para a introdução de enfermidades,

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resultavam em constantes soluções de continuidade na oferta de pós-larvas,

com reflexos negativos sobre o desempenho da atividade no País. (ROCHA et

al, 1998).

Segundo a associação brasileira de cultivadores de camarão, a pesca

de camarões é uma atividade de grande valor em quase todo o mundo, porém

a criação de camarões (carcinicultura) é uma atividade relativamente nova no

Brasil. O principal mercado para a produção de camarões é a exportação para

países como os Estados Unidos, Japão e Europa.

De acordo com a associação brasileira de cultivadores de camarão as

principais vantagens para o produtor de camarão são: curta duração dos

cultivos, altos preços do produto no mercado e condições climáticas favoráveis

para o cultivo.

Para Sant’anna (2003), o Brasil possui aproximadamente 25 fazendas

de criação de camarão marinho, grandes empreendimentos que somam 3.500

hectares de viveiros instalados.

Apesar de o Brasil dispor de condições favoráveis para a prática da

carcinicultura em toda a extensão de sua costa, o desenvolvimento dessa

atividade está concentrado na região Nordeste, registrando-se pequenas

iniciativas nas regiões Norte, Sudeste e Sul. (ROCHA et AL, 1998).

Conforme Sant’anna (2003), no Nordeste, a criação de camarões é

próspera o ano inteiro, dando até seis safras consecutivas. No Sul e Sudeste

são possíveis três safras nos meses de agosto a março.

Diante disso a associação brasileira de cultivadores de camarão afirma

que, são necessárias algumas observações para que a atividade de

carcinicultura seja lucrativa e esteja dentro dos padrões ambientais

sustentáveis. Isso corrobora a necessidade de introduzir a gestão estratégica,

mediante a aplicação dos procedimentos ISO 14001 nos empreendimentos de

carcinicultura a fim de evitar danos ambientais, prejuízos para a atividade, para

as populações ribeirinhas e assim fortalecer os procedimentos internos da

empresa.

As observações são as seguintes:

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1- Cumprir a CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, não permitindo o

trabalho escravo ou que exija o desenvolvimento das atividades com

horas semanais superiores às estabelecidas em lei;

2- Estimular a educação ambiental aos trabalhadores, bem como

treinamento profissionalizante para o desenvolvimento da atividade;

3- Proteger o trabalhador de acordo com as normas de segurança e saúde

no trabalho;

4- Cumprir as leis ambientais, a fim de preservar e desenvolver a atividade

de modo sustentável.

Ainda, segundo Rocha (1998), é necessário destacar:

a) Elaboração e institucionalização de um programa nacional de

desenvolvimento da carcinicultura marinha, com diretrizes, parâmetros,

recursos próprios e linhas de ação, que definam a participação e o

apoio do Governo Federal e a contrapartida dos Governos Estaduais e

Municipais, bem como do setor privado interessado na realização de

projetos e investimentos nessa área;

b) Promoção e realização de um esforço de articulação junto aos

Governos Estaduais e Municipais para conhecer, analisar, apoiar e, no

possível, harmonizar em termos regionais, as iniciativas que estão

sendo consideradas e /ou operacionalizadas nesse setor em cada

Estado e/ou Município;

c) Realização de um estudo específico, através de um grupo técnico

multidisciplinar, que conte com a participação dos Governos Federal e

Estadual e das Entidades Empresariais representativas do setor, com

vistas a:

a. Estabelecer os conceitos e as bases que permitam conciliar o

cultivo de peixes, camarões e outros, com a preservação do meio

ambiente, sendo necessário introduzir mudanças nos atuais

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regulamentos e Normas Federais e Estaduais, para possibilitar o

desenvolvimento sustentado da carcinicultura marinha;

b. Identificar e recomendar aos órgãos Federais, Estaduais e

Municipais competentes, a adoção de uma política de incentivos,

capaz de atrair os investidores externos, que têm mostrado

especial interesse em transferir capital e tecnologia produtiva na

área de carcinicultura marinha para o Brasil, como já vem

ocorrendo por parte de grupos privados da Taiwan, da Argentina,

do Equador, dos Estados Unidos e da Europa.

Esses pontos são importantes para que segundo Sant’anna (2003) a

carcinicultura marinha, principalmente, não corra o risco de ser inviabilizada em

decorrência da insustentabilidade, devido o crescente ritmo da degradação na

implantação e no desenvolvimento dos projetos em manguezais.

A prática da carcinicultura marinha, vem sofrendo críticas por diversos

segmentos sociais, segundo Sant’anna (2003) isso ocorre devido à destruição

de manguezais, poluição da água e inobservância de outras regras ambientais.

Conforme Sant’anna (2003) essas críticas poderiam inexistir caso as

empresas possuíssem uma boa gestão.

E como diz Elias et al (1987), o futuro da humanidade não está no mar

como alegam muitos. O futuro está sim, na capacidade que o homem tiver de

obter conhecimento, adquirir técnicas que permitam racionalmente, explorar os

recursos naturais marinhos.

Segundo Neto (2003), um dos fatos mais graves é o desperdício da

fauna acompanhante (espécies capturadas junto com o camarão), que é

descartada na sua quase totalidade. O que segundo Neto (2003), seria 7,2 kg

de peixes descartado para cada quilo de camarão. Resultando em 40 mil

toneladas de pescados desperdiçados, sendo que desse total, 24 mil toneladas

são de reconhecida aceitação para o consumo humano e são devolvidos ao

mar sem nenhuma chance de sobrevivência.

Neto (2003), outro ponto a ser observado é que a atividade

camaroneira está ameaçada pela sobrepesca de camarões juvenis, quer por

má gestão, pressão do setor empresarial ou por assessoramento inadequado.

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É inevitável a necessidade de uma Gestão Estratégica para as

empresas do setor, pois segundo Sant’anna (2003), o camarão não é

importante apenas como alimento, mas é primordial para a cadeia alimentar,

servindo aos robalos, as curvinas e as pescadas. São responsáveis pela

limpeza do fundo dos rios e dos mares. Com a cabeça, fabrica-se a farinha de

camarão, com a casca extrai-se a quitina, responsável pela fabricação de colas

altamente resistentes, utilizadas na indústria aeronáutica e em materiais

odontológicos de alta precisão.

De acordo com Sant’anna (2003), os criadores de camarão marinho no

Ceará aceleram investimentos. A estimativa do setor é dobrar o faturamento

com exportações, passando de 20,38 milhões de dólares para cerca de 40

milhões em dois anos. O maior problema para a expansão da atividade está

associada às licenças ambientais, das quais dependem os projetos.

Conforme a visão de Elias et al(1987), a criação de camarão em

cativeiro vem despertando grande interesse no setor empresarial e pesqueiro

do País, por permitir uma maior diversificação da economia e, ao mesmo

tempo, possibilitar a utilização racional de recursos pesqueiros abundantes,

hoje ociosos ou subutilizados. A exploração de camarão em cativeiro,

compreende duas fases distintas, uma, em que se produz o filhote até um

estágio denominado de “pós-larva” e outra, em que se faz a criação

propriamente dita, chamada de recria ou recriação comercial.

Segundo Elias et al(1987), o processo produtivo compreende as fases

de pós-larvas, criação propriamente dita, recria ou criação comercial:

1) Produção das Pós-larvas: as larvas são obtidas da

desova de fêmeas maturas capturadas nos estoques

naturais, existentes na Costa Brasileira. Sabe-se que em

média, 50% dos camarões capturados são fêmeas;

destas aproximadamente 1/3 estão ovadas (em

determinada época do ano) e portanto próprias para o

aproveitamento dos trabalhos de desova. Nas águas da

plataforma continental da região Centro-Sul do Brasil,

ocorrem três espécies de camarões do gênero Penaeus:

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P. paulensis, P. brasiliensis e P. schimitti. No momento há

um consenso a nível empresarial que a melhor espécie

para criação em cativeiro é P. japonicus (espécie exótica)

em virtude de sua maior precocidade, docilidade, maior

tamanho e de se reproduzir em cativeiro, dispensando

assim à captura de fêmeas ovadas em alto mar. A

produção de ovos por fêmea, varia principalmente, em

função do seu grau de desenvolvimento (idade) e das

condições de captura e transporte, sendo também

importante a qualidade do ambiente em que se processar

a desova. Normalmente, as fêmeas produzem de 30 a

100 mil ovos, sendo utilizado o número menor para efeito

de cálculo. A larvicultura (cultivo das larvas após a

eclosão dos ovos) desenvolve-se em tanques de

alvenaria de aproximadamente 15.000 litros, é

acompanhada minuciosamente a períodos curtos com

especial atenção para os parâmetros de quantidade de

alimento, qualidade da água e temperatura. A

estabilidade destes fatores reflete-se intensamente no

rendimento final do cultivo. No trabalho de cultivo larval, a

oferta de alimento consiste, basicamente, em algas

microscópicas, controladas a nível de células por

milímetros, de náuplius de Artemia salina recém eclodidas

também sofrendo o mesmo controle. A retirada das pós-

larvas do tanque é feita com a drenagem completa do

mesmo e recolhimento dos camarões após 10 a 15 dias,

em sacos de tela com malhas apropriadas.

2) Criação propriamente dita, recria ou criação comercial: a

criação dos camarões da fase de pós-larva até a idade

comercial, é desenvolvida em viveiros, de construção

simples, constituindo-se apenas de áreas circundadas por

taludes construídos com material do próprio local,

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providos de comportas e servidos por canais de

abastecimento e drenagem, por onde fluem as águas

oriundas de centrais de bombeamento. Aconselha-se a

construção de dois tipos de viveiros: berçários e

definitivos, conforme a etapa de desenvolvimento dos

camarões a que se destinarem. Tanto os viveiros

berçários como os definitivos devem possuir tamanhos

compatíveis. O viveiro berçário deve ter um quarto do

tamanho do viveiro definitivo e pode ser utilizado mais de

uma vez por ano. Os viveiros berçários têm área máxima

de 5 ha, enquanto os definitivos a sua área máxima é de

20 há. A área máxima de 20 há é aconselhável por ser a

mais indicada para o processo de despesca, em virtude

de áreas maiores serem mais problemáticas para a

despesca. As comportas de admissão e drenagem são

protegidas por um sistema de telas com malhas de

abertura adequada a cada fase. Além das comportas já

mencionadas, devem existir outras interligando os

viveiros berçários e definitivos. Etapas para os ciclos de

cultivo:

i. Esterilização: Por maiores que sejam os cuidados de

manejo dispensados, sempre há ocorrência de espécies

predadoras e/ou concorrentes biológicos nos viveiros. Para

evitar seus efeitos danosos, bem como para aumentar a

produtividade, faz-se os cultivos em dois turnos, sendo o

viveiro berçário sede do primeiro (da pós-larva a fase

juvenil), num prazo de aproximadamente 50 dias e no

viveiro definitivo opera-se o término do crescimento ou

“engorda” com duração de 100 dias, jogando-se ainda com

a densidade de povoamento adequadas a cada turno.

Dentro deste sistema, os camarões desenvolvem-se mais

rapidamente que seus inimigos naturais, sendo retirados

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ou transferidos antes que sejam prejudicados. Todavia

quando se utiliza o mesmo viveiro para consecutivos

cultivos, faz-se necessário que além de impedir a entrada

destes predadores, por ocasião da captação de água,

combatam-se os remanescentes do cultivo anterior. A

esterilização do viveiro é feita com produto químico

(Rotenona) dissolvido em água e borrifado em toda

extensão do viveiro, especialmente nas coleções d’água

que eventualmente persistem à completa drenagem do

viveiro, por ocasião de cada despesca.

ii. Fertilização: São utilizados adubos químicos ou orgânicos à

razão de 40 kg/ha de difosfato de amônia e ureia em

partes iguais ou 1.000 kg/ha de esterco bovino, espalhado

por toda a área do viveiro antes da inundação. A seguir é

colocada uma lâmina d’água de 10 centímetros que será

aumentada até 50 centímetros de acordo com o

desenvolvimento das algas.

iii. Povoamento do viveiro berçário: Ao chegarem ao módulo,

às pós-larvas são submetidas a um processo de

aclimatação para evitar o choque térmico e logo após são

liberadas em diversos pontos do viveiro berçário, à razão

de aproximadamente 15/m², uma população de 750.000

indivíduos. Nestas condições, os camarões, desenvolvem-

se rapidamente, e tendo seu crescimento acompanhado

por biometrias semanais, atingem dimensões próximas de

60 mm e 2,5g em um período de 50 dias.

iv. Transferência para o viveiro definitivo: Para receber os

camarões do viveiro berçário, também o viveiro definitivo

deverá sofrer idêntico processo de preparação e

fertilização. Os camarões poderão ficar em uma densidade

de 3/m². Durante esta segunda etapa, o crescimento dos

camarões é acompanhado por biometrias quinzenais. Após

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um período de 100 a 110 dias deverão ter atingido

dimensões próximas de 130 mm de comprimento com

peso médio aproximado de 15g. Em ambas as etapas de

cultivo praticadas nos viveiros, a lâmina d’água é mantida

próximo de um metro e são realizadas renovações de água

sempre que necessário, quer pela elevação da salinidade

provocada pela evaporação, quer pela queda dos níveis de

oxigênio dissolvido.

v. Despesca: Para a colheita dos camarões, são empregados

os métodos correntes de despesca, com a utilização de

redes e tarrafas, após provocar a concentração dos

camarões em um ponto qualquer da periferia do viveiro

atraindo-os com luz de lampião. Usa-se também injetar

água nova nos viveiros, despertando nos camarões o

instinto de deslocamento, o que faz com que eles se

aproximem da fonte de água (comporta de admissão) onde

são facilmente capturados. Os remanescentes são

capturados à mão após a completa drenagem do viveiro.

Para a fase final de cultivo, a taxa de sobrevivência

esperada é em torno de 80%. Assim, estima-se obter um

rendimento de 360 kg/ha em cada cultivo, o que permite

extrapolar para um viveiro definitivo de 20/ha uma

produção total de cerca de 7.200 kg.

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CAPÍTULO III

ISO 14001

Segundo D´lsep (2004) a atividade de normalização internacional teve

seu início em 1906, na área de Engenharia Elétrica, pela Comissão

Eletrotécnica Internacional – IEC, que, em seguida, passou a atuar em outras

áreas, o que deu origem a ISA – Associação Internacional de Normalização.

Em 1946, na cidade de Londres, nasceu a ISO – International

Organization for Standardization (Organização Internacional de Padronização),

após uma reunião com 25 países.

A ISO possui sede em Genebra na Suíça, sendo uma organização

internacional não-governamental, sem fins lucrativos, composta por mais de

cem países-membros.

A ISO tem caráter privado e todas as suas normas são aprovadas por

consenso, são voluntárias, o que significa que a adesão independe de força de

lei, mas sim de pressões comerciais, sociais ou por mero ato de vontade,

embora segundo D´lsep (2004) alguns países, ao adotarem as normas ISO,

tornem-nas compulsórias.

Moreira (2006) a ISO tem por objetivo propor normas que representem

o consenso dos diferentes países para homogeneizar métodos, medidas,

materiais e seu uso, em todos os domínios de atividades, exceto no campo

eletro-eletrônico, cuja responsabilidade é da IEC – Internacional

Electrotechnical Commission.

Afirma Moreira (2006) que o processo de emissão das normas ISO

segue conforme abaixo:

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Estágio Sigla Significado

Preliminary Work Item WI Estágio preliminar,

análise do tema.

New Work Item Proposal NP O tema é proposto e

votado quanto à sua

aceitação para ser

objeto de uma norma

internacional.

Working Draft WD Primeira minuta de

trabalho a ser submetida

à votação do comitê

responsável pelo tema.

Committee Draft CD Minuta que obteve a

aprovação do comitê

responsável.

Draft of International

Standard

DIS Minuta que já pode ser

considerada um projeto

de norma internacional,

com possibilidade de ser

aplicada

experimentalmente e ser

objeto inclusive de

certificação.

Final Draft of

Internacional Standard

FDIS Minuta final, aprovada

pelo comitê responsável,

sujeita a pequenas

alterações.

International Standard IS Versão final, aprovada e

publicada pela ISO.

De acordo com D´lsep (2004) a finalidade da ISO é desenvolver

normas de “fabricação, comércio e comunicações”, mediante acordos técnicos

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internacionais, respaldados na ciência, tecnologia e experiência. E ao fazê-lo,

busca patrocinar maior facilidade nas relações internacionais no que tange a

produtos e serviços, bem como promover a cooperação intelectual, científica e

tecnológica, satisfazendo os setores industriais e seus clientes.

Segundo o sítio oficial do Inmetro na Internet, o Inmetro - Instituto

Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial é uma autarquia

federal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior, com personalidade jurídica e patrimônio próprio. Tem por objetivo

fortalecer as empresas nacionais, aumentando sua produtividade por meio da

adoção de mecanismos destinados à melhoria da qualidade de produtos e

serviços. É órgão executivo do sistema de normalização, na qual a ABNT –

Associação Brasileira de Normas Técnicas é vinculada.

É a ABNT que representa oficialmente o Brasil na ISO e vice-versa. É

entidade civil, sem fins lucrativos, fundada em 28/09/1940. Tem por objetivo

elaborar normas técnicas e atividades afins em âmbito nacional, visando

facilitar as trocas de bens e serviços, bem como promover o desenvolvimento

da ciência, da tecnologia, da indústria e do comércio no país.

Moreira (2006) como conseqüência da Rio-92, a Conferência das

Nações Unidas de Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de

Janeiro em 1992, foi proposta a criação de um grupo especial na ISO para

elaborar normas relacionadas ao tema meio ambiente. Em março de 1993

instalou-se o comitê técnico ISO/TC 207 – Gestão Ambiental, com a

participação de cerca de 56 países, responsável por elaborar a série de normas

ISO 14.000, inter-relacionando-se com o ISO/TC 176, comitê que elaborou as

normas de Gestão da Qualidade (série ISO 9000). Desde sua origem, portanto,

a série de normas ambientais buscou afinidades com a série da Qualidade,

deixando clara a integração necessária entre os conceitos de Qualidade e Meio

Ambiente. O Brasil participou ativamente da elaboração das normas

ambientais, por intermédio de um grupo especial da ABNT, o GANA – Grupo

de Apoio à Normalização Ambiental.

Devido a evolução no processo produtivo, surgiu a necessidade de

padronizar e regulamentar os produtos e serviços, o que demonstra o

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amadurecimento da sociedade. Isso mostra a importância da busca pela

segurança, qualidade e responsabilização dos envolvidos no processo de

fabricação até o cliente final.

De acordo com Valle (2002) a fim de eliminar ou reduzir os impactos

causados por suas atividades sobre o meio ambiente, a organização que

pleiteia certificação na norma ISO 14001 compromete-se a melhorar

continuamente seu desempenho ambiental. Para tanto terá de identificar e

aplicar tecnologias adequadas para tratar ou pelo menos dispor corretamente

seus resíduos da produção e prever que seus próprios produtos, ao fim de

suas vidas úteis, um dia se tornarão resíduos.

Conforme afirma D´lsep (2004) a certificação se revela como barreira

comercial, tendo sua intenção inicial de padronizar os procedimentos, criando

uma linguagem comum.

Ocorre que de acordo com a evolução social e a urgência cada vez

maior de conservação e preservação ambiental em todo o mundo, surge a

necessidade de adequar às empresas nesse sentido, então, amplia-se a visão

para as questões comerciais e lucrativas, inclusive. Isso ocorre, pois segundo

Dias (1999), é necessário promover a compreensão da existência e da

importância da interdependência econômica, social, política e ecológica.

Diante disso surge a série ISO 14000 na qual se assenta um sistema

hábil a ser certificado. As diretrizes são dadas pela ISO 14004, que se

posiciona como o complemento das especificações da ISO 14001.

Segundo D´lsep (2004) a ISO 14004 traz os elementos práticos, sob a

forma de exemplos ou de conselhos, e valores que são aditados simplesmente

para facilitar a implementação do sistema.

O ISO 14001 e 14004 funcionam como referenciais para auditores

internos e externos da empresa.

A importância para a empresa da certificação ISO série 14000 é

justamente a organização, a gestão do ciclo do produto e a gestão dos

procedimentos.

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As propostas da ISO são de um modelo simples para organizar uma

empresa que pretenda monitorar seu impacto sobre o meio ambiente, pois se

aplica àqueles sob os quais ela possa controlar ou direcionar.

Para D´lsep (2004) tanto a ISO série 9000 como a série 14000 tiveram

por fim o desenvolvimento de processos, ou seja, de aspectos de uma

padronização e não da padronização em si, isto é, de produtos, o que seria

impossível dado o fato da diversidade de produtos existentes no mercado.

Portanto, implicou a elaboração de estruturas, criação de terminologias,

critérios de auditorias e outros elementos foram criados, para tornar pelo

menos compatíveis os padrões de gestão. Cria-se uma linha política

empresarial comum.

D´lsep (2004) a ISO 14001 fornece as especificações verificáveis, o

caminho, na qual se assenta um sistema hábil a ser certificado ou para a

utilização em sua auto-avaliação ou autodeclaração. A diretriz da ISO 14004 se

posiciona como o complemento ideal das especificações da ISO 14001,

revelando os princípios e recomendações para a construção de um sistema de

gerenciamento ambiental. A ISO 14004 traz os elementos práticos, sob a forma

de exemplos, conselhos e valores que são aditados simplesmente para facilitar

a implementação do sistema.

Segundo D´lsep (2004) as normas preparadas pela ISO sobre as

técnicas de gerenciamento ambiental propõem um modelo simples para

organizar uma empresa que pretenda monitorar seu impacto sobre o meio

ambiente, pois se aplica àqueles sob os quais ela possa controlar ou ao menos

direcionar. Define um sistema de gerenciamento que é implantado e

acompanhado por auditores que adaptam os objetivos e metas de desempenho

ambiental.

Conforme D´lsep (2004) o caminho a ser percorrido, revelando os seus

requisitos são os seguintes:

1- Elaboração da política ambiental: definida a política, a administração

o faz de forma a assegurar; a) adaptação às suas atividades,

produtos ou serviços; b) comprometimento com a melhoria contínua,

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c) atenda à legislação e normas ambientais, d) seja documentada,

implementada e comunicada a todos os empregados, a fim de se

comprometerem, e) disponível ao público.

2- Planejamento: realiza-se um levantamento dos aspectos ambientais,

dos requisitos legais e do estabelecimento dos objetivos e metas,

com o intuito de elaborar o programa de gestão ambiental.

3- Implementaçãoe operação:definem-se as funções, responsabilidades

e autoridades, que deverão ser documentadas e comunicadas aos

membros da organização, fornecer treinamento, tendo em vista a

conscientização e competência necessárias para a conformidade

com a política ambiental. Mantendo-se uma boa comunicação interna

entre os vários níveis e funções.

4- Verificação e ação corretiva: Caso ocorra a não conformidade,

deverão ser promovidas ações corretivas e registros. Deverão ser

estabelecidos e mantidos programas para auditorias periódicas do

sistema de gestão ambiental.

5- Análise crítica pela administração, devendo retornar ao número 1 na

busca da melhoria contínua: nessa etapa faz-se a análise dos

resultados trazidos pelos instrumentos do estágio anterior, em

especial pela auditoria com o intuito de atender ao comprometimento

da melhoria contínua, pois isso é o que dá eficácia à proposta da

norma.

Segundo D´lsep (2004) a organização que não atentar para as suas

obrigações legais, não estará atendendo aos requisitos da norma. Sendo

necessário para a obtenção da certificação a obrigação de obediência às leis

do país e a obrigação de resultados, traduzidos na obrigação de melhoria

contínua.

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Cumpre ressaltar, que o fato de uma organização ter certificado ISO

14001 ou adotar um sistema de gestão ambiental, seja ele qual for, não

significa que ela não seja poluidora. Mas que ela monitora por meio de um

sistema como o ISO 14001 ou outro sistema, o seu desempenho ambiental. E

o resultado disso é que em o fazendo, a organização estará otimizando o seu

impacto ambiental, pois, caso contrário, não manterá a sua certificação.

(D´lsep, 2004, p.172)

Certificações, rotulagem e etiquetas são instrumentos de comunicação.

A adoção dessa linguagem tem demonstrado um caminho sem volta, devido a

seu eficaz poder de informação na sociedade massificada. (D´lsep, 2004,

p.173)

Fato é que o conhecimento de tais mecanismos e dos efeitos jurídicos,

quando de sua adoção, contribuem para a efetivação de diversos preceitos

ambientais, a exemplo do princípio da educação, informação e participação,

mediante a viabilização do conhecimento da conduta ambiental entre os

parceiros comerciais, o consumidor e os expostos, às práticas da atividade

econômica da própria sociedade. (D´lsep, 2004, p.173)

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CAPÍTULO IV

GESTÃO ESTRATÉGICA NOS EMPREENDIMENTOS DE

CARCINICULTURA COM A UTILIZAÇÃO DA ISO 14001.

Definida no capítulo II, a gestão estratégica é fundamental para o

progresso das empresas, pois funciona como uma espécie de retroalimentação

do sistema coorporativo.

Desse modo, a implantação da estratégia nos empreendimentos de

carcinicultura passa por algumas etapas, que segundo Maximiano (2009),

seriam:

1- Análise da situação estratégica presente na organização.

(Onde estamos? Como chegamos aqui?);

2- Análise do ambiente ou análise externa. (Quais são as

ameaças e as oportunidades do ambiente presente e futuro?);

3- Análise interna. (Quais são nossos pontos fortes e fracos?);

4- Definição do plano estratégico: objetivos e estratégias. (Para

onde devemos ir? O que devemos fazer para chegar até lá?)

Analisaremos a estratégia dos empreendimentos de carcinicultura

mediante: 1 – escopo ou modelo de negócio: produtos e mercados; 2-

vantagens competitivas; 3- desempenho; e 4- uso de recursos.

1- Escopo da organização: produtos e mercados: as linhas de produtos

e serviços em questão são os camarões e outros crustáceos, alguns

empreendimentos mantêm restaurantes próximos de seus criadouros

outros, apenas, produzem e vendem a produção. O mercado é o

conjunto de clientes – consumidores finais ou organizações – com os

quais a organização tem ou deseja ter negócios, é promissor, pois a

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questão da busca pela qualidade de vida e alimentação saudáveis

aumenta a procura por esses produtos.

2- Vantagens competitivas: o estudo das vantagens competitivas

permite entender as razões pelas quais os consumidores preferem

um produto ou serviço, a outro, e tomar decisões sobre como a

empresa pode distinguir-se dos concorrentes. As principais

vantagens competitivas que as organizações podem desenvolver

são: qualidade do produto ou serviço, baixo custo das operações e

preço reduzido para os clientes, sistema eficiente de distribuição,

velocidade da inovação e imagem de exclusividade. As empresas

procuram fazer uma combinação de vantagens para competir e

ganhar a preferência do mercado. Nesse ponto, é necessário que os

empreendimentos de carcinicultura observassem às questões

referentes à ISO 14001, pois a adequação das leis ambientais e dos

procedimentos operacionais com a certificação ISO 14001, eleva a

empresa ao patamar de destaque no mercado competitivo.

3- O desempenho: pode ser medido por meio de indicadores como

vendas, clientes, rentabilidade, taxa de retorno do capital investido.

Com a implantação da ISO 14001 é possível reduzir gastos com

multas ambientais.

4- O uso dos recursos: a análise do uso dos recursos tem natureza

qualitativa. Pode-se fazer uma análise do uso de recursos por meio

de perguntas como:

a. Quais são os ativos de maior valor da organização? Onde

estão localizados?

b. Onde estão concentrados os talentos?

c. Em que áreas a organização faz investimentos? Há setores

que estão sendo privilegiados ou negligenciados?

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A forma como os recursos são utilizados reflete a ênfase que a

organização coloca em suas diferentes áreas. A análise da situação estratégica

revela como essa ênfase afetou a organização. Quando o plano estratégico é

elaborado, os recursos devem ser alocados de forma coerente com a situação

futura desejada.

Para administrar de forma estratégica os empreendimentos de

carcinicultura é necessário que haja uma mudança na forma de pensar. Porque

não estamos falando somente de técnicas de gestão empresarial que devamos

aplicar, mas também de como encaramos a comunicação e a relação com as

pessoas para influir profundamente na organização e conseguir que o

alinhamento estratégico sobreviva à implementação de processos e

procedimentos.

Segundo Chiavenato (2010), a metodologia por excelência da gestão

estratégica é o ciclo de Deming, de melhoria contínua. Também é conhecido

como, PDCA, por causa das siglas em inglês de suas quatro etapas: Plan – Do

– Check – Act.

Plan = Planejar: etapa de definição de objetivos e processos

necessários para atingir determinados resultados;

Do = Executar: etapa de implementação onde se documentam e

utilizam os processos e procedimentos específicos;

Check = Chegar: etapa de verificação, onde se comparam os

resultados obtidos com os esperados, e tudo o que for encontrado é

documentado;

Act = Analisar: etapa de melhora, onde são analisados os resultados

obtidos, e são aplicadas as melhoras necessárias para realinhar a organização

em direção aos objetivos esperados.

O objetivo de utilizar uma metodologia é modelar as distintas etapas da

gestão estratégica para certificar-nos de que realmente estamos cumprindo

com os requisitos mínimos necessários.

Para Chiavenato (2010), a metodologia fornece as ferramentas para

desenvolver as atividades que permitirão tratar os desvios e aproveitá-los para

melhorar o sistema dentro dos próprios processos de nosso sistema de gestão,

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é importante utilizar a metodologia como um guia de alto nível acerca dos

processos principais.

Desse modo, para a empresa viabilizar suas operações, é importante

conhecer o ambiente legal onde se situa e adotar práticas que lhe permitam se

antecipar e influenciar as mudanças nesse ambiente.

Outro ponto relevante é a pouca atenção dada às fontes dos produtos,

da seleção e gerenciamento de fornecedores e do gerenciamento da produção

e da força de trabalho. Segundo D´lsep (2004), isso leva a indústria ao patamar

de pivô da degradação do meio ambiente responsável pelo seu contexto atual.

Se a questão ambiental, verificável em diversos empreendimentos de

carcinicultura, nela começou, agora, a ela deve retornar.

Diante disso, o desenvolvimento da atividade de carcinicultura dá força

ao mercado consumidor de frutos do mar, mas faz que a poluição se apresente

sob a forma de resíduos, desmatamentos e destruição da fauna e flora,

levando o desconforto para os seus arredores.

D´lsep (2004), com a revolução tecnológica, aumenta-se a capacidade

de impacto ambiental, quando vemos surtir os efeitos em nível planetário

(camada de ozônio, ar atmosférico), o que exige dos Estados a mobilização no

fito de comprometerem-se a promover o desenvolvimento sustentável.

D´lsep (2004), esta orientação, de tutela do meio ambiente, recai sobre

a indústria da carcinicultura, da qual é exigido o desempenho da função

ambiental, sob pena de responder aos efeitos dessa omissão nas esferas

administrativa, civil e criminal.

Conforme D´lsep (2004), o respeito ao meio ambiente é necessário só

pelo fato de colocar em risco a própria matéria-prima da atividade econômica –

os recursos naturais. Além disso, alguns consumidores preferem pagar mais

por ecoprodutos.

Para D´lsep (2004), tais razões denotam a influência das normas

ambientais preventivas e repressivas sob os novos modelos de gerenciamento,

dentre elas a norma ISO série 14000.

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Segundo D´lsep (2004), essas normas se revelam como verdadeiros

modelos de gerenciamento ganham novos contornos ao se externarem

mediante a sua autodeclaração ou certificação. E se isso ocorreu foi dada a

necessidade de responder às pressões de mercado e legais, no tocante à

padronização de um critério, que possibilite à organização analisar seus

impactos e adotar estratégias para um melhor desempenho ambiental (ISO

14001).

Para Campanhol (2010), o desenvolvimento de uma estratégia

competitiva é a essência da empresa, pois é desse ponto que derivam as

metas e as políticas. Dessa maneira, as normas ISO série 14000, constitui uma

oportunidade estratégica para a empresa que deseja agregar valor a sua

imagem e se diferenciar de seus competidores.

De acordo com Campanhol (2010), as organizações que se

comportarem de forma pró-ativa, terão mais chance de encontrar soluções

eficazes e, com isso, obterão vantagens ao iniciar antes dos concorrentes,

cumprimento de regulamentações e a satisfação de expectativas do

consumidor, que muitas vezes possuem posturas rígidas, voltada à expectativa

de interagir com organizações que sejam éticas, com boa imagem institucional

no mercado e que atuem de forma ecologicamente responsável.

Segundo Campanhol (2010), o respeito às leis gera, economias de

custo. Muitas empresas estão descobrindo, no contexto de ameaças e

oportunidades, que o seu lixo não é necessariamente um subproduto inútil,

dispendioso de se desfazer, mas um recurso mal usado que pode ajudar a

economizar dinheiro e até render lucros.

Afirma Campanhol (2010), o planejamento estratégico refere-se à

maneira pela qual uma empresa pretende aplicar uma determinada estratégia

para alcançar os objetivos propostos. É geralmente um planejamento global, a

longo prazo e que serve de orientação para a definição e o desenvolvimento

dos planos e programas de curto e médio prazo, bem como permitindo a

convergência de ações em torno de objetivos comuns.

Diante disso, observa-se que com o aumento da consciência ecológica,

tanto por parte dos consumidores como por parte do poder público, os recursos

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e as capacitações necessárias para aumentar a eco-eficiência de nossas

empresas serão também condição necessária para competir, seja no mercado

interno quanto no externo (Gavronski, 2003).

Segundo Gavronski (2003), os benefícios da implantação da norma

ISO série 14001 para os empreendimentos de carcinicultura são:

• melhorias no desempenho ambiental;

• melhor organização e documentação;

• maior certeza de estar cumprindo a legislação ambiental;

• melhor imagem da empresa junto à sociedade em geral;

• melhor imagem da empresa junto aos clientes;

• maior motivação dos funcionários para o trabalho;

• redução no uso de recursos: energia, matéria-prima e água;

• maior segurança industrial;

• oportunidade de dar bom exemplo aos fornecedores;

• otimização dos fluxos de processo;

• melhor cooperação com as autoridades;

• efeitos positivos no mercado e junto aos clientes;

• redução de custos de produção;

• vantagens em relação aos concorrentes;

• obter acesso a linhas de crédito especiais, com juros reduzidos;

• redução de custos com seguro;

• oportunidade de usar fundos públicos para financiamentos;

• maior envolvimento do pessoal operacional no processo de proteção

ambiental.

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CONCLUSÃO

A carcinicultura desenvolveu-se de forma rápida em todo o mundo,

trazendo consigo importantes avanços em termos tecnológicos, porém vem

demonstrando nos últimos cinco anos seqüelas da intensificação deste

processo produtivo. Uma vez que a mesma tem sido vista por muitos

empresários como uma atividade meramente extrativa, faltando dar a devida

ênfase da interação que a mesma requer com o meio ambiente, pois toda

atividade de confinamento como a carcinicultura precisa de um cuidado extra

uma vez que, este confinamento provoca um aumento nos desejos dos

animais.

Desse modo, o presente estudo sugere que a implantação da série ISO

14000 contribuirá para a Gestão Estratégica nos Empreendimentos de

Carcinicultura do Litoral Brasileiro, uma vez que a gestão estratégica, a

responsabilidade social, a gestão ambiental e a certificação para as empresas

brasileiras e exportadoras, podem ser uma garantia de permanência no

mercado, visto que é crescente a importância dada aos produtos “verdes”, que

respeitam em sua cadeia produtiva às leis e normas ambientais.

A consciência dos consumidores em todo o mundo exige outra postura

das empresas. Isso traz oportunidades de negócios para os empreendimentos,

boa imagem, preservação e conservação do meio ambiente.

Os consumidores acreditam que isso contribui para agregar

informações verdadeiras e confiáveis, e que além de ser uma garantia da

preservação da natureza, comprova também a qualidade do produto.

Isso ocorre porque o tema meio ambiente assumiu uma posição de

destaque entre as preocupações que afligem a sociedade e, nos últimos anos,

vem passando por um processo permanente de reavaliação.

Existem atitudes isoladas em prol da preservação do meio em que

vivemos; algumas radicais, outras até românticas, que estão aos poucos

cedendo espaço para abordagens mais racionais, objetivas e sistêmicas dos

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problemas causados pela poluição e pelos impactos das atividades humanas

sobre o ambiente.

Diante disso, é apresentado um diferencial competitivo e aquelas

organizações que forem pioneiras terão lucros, mas observa-se uma via de

mão única, pois o que é um diferencial passará a ser uma exigência para

garantir a continuidade da nossa espécie e do planeta.

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BIBLIOGRAFIA

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Estratégica. Curso de Pós Graduação em Gestão Estratégica e

Qualidade. Rio de Janeiro: UCAM / IAVM, 2006.

2. CAMPANHOL, Maria Edna; ANDRADE, de Priscilla. Rotulagem

Ambiental: Barreira ou Oportunidade Estratégica? <URL:

http://www.rea.com.br> Acesso em 12/12/2010.

3. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. Rio de Janeiro: Elsevier,

2010.

4. D´ISEP, Clarissa Ferreira Macedo. Direito Ambiental Econômico e a

ISO 14000. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.

5. ELIAS, José Vicente; VIVEKANANDA, Guadalupe; PEGORARO, Jorge

Luiz e JUNIOR, Newton Barriola. Aqüicultura, uma nova opção !

Curitiba: Sudepe Editora, 1987.

6. INMETRO – O que é Inmetro? <URL: http://www.inmetro.gov.br>

Acessado em 12/09/2010.

7. MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria Geral da Administração.

São Paulo: Atlas, 2009.

8. Monografia UFSCAR: SANT’ANNA, Helder Francisco Pimentel de.

Impacto causado pela implantação de fazendas de camarão nos

manguezais. São Carlos: UFSCAR, 2003.

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9. Monografia UNISINOS: GAVRONSKI, Iuri. Gestão Estratégica de

Operações Sustentáveis: Levantamento das Empresas Brasileiras

Certificadas na Norma NBR ISO 14001. São Leopoldo: Unisinos, 2003.

10. MOREIRA, Maria Suely. Estratégia e Implantação do Sistema de

Gestão Ambiental. Modelo ISO 14.000. Nova Lima: INDG Tecnologia e

Serviços LTDA, 2006.

11. NETO, José Dias. Gestão do Uso dos Recursos Pesqueiros

Marinhos no Brasil. Brasília: Ibama, 2003.

12. ROCHA, Itamar P.; MAIA, Enox P. Desenvolvimento Tecnológico e

Perspectivas de Crescimento da Carcinicultura Marinha Brasileira.

In: I Congresso Sul-Americano de Aqüicultura. Recife, 1998. Anais, p

213 – 228.

13. VALLE, Cyro Eyer do. Qualidade Ambiental: ISO 14.000. São Paulo:

Editora SENAC, 2002.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

(GESTÃO ESTRATÉGICA NAS EMPRESAS) 10

CAPÍTULO II

(COMO FUNCIONA A CARCINICULTURA NO BRASIL) 16

CAPÍTULO III

(ISO 14000) 25

CAPÍTULO IV

(GESTÃO ESTRAT. NOS EMPREEND. DE CARC.

COM A UTILIZAÇÃO DA ISO 14001) 32

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA 39

ÍNDICE 41

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: Gestão Estratégica nos Empreendimentos de

Carcinicultura do Litoral Brasileiro.

Autora: Denise Pereira Hartmann

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: