Upload
vuongmien
View
213
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM LINGUÍSTICA
DIALOGISMO E POLIDEZ: ASPECTOS DISCURSIVOS NAS COMUNICAÇÕES VIRTUAIS EM EaD
MARIA VERONICA DA FONSECA TEIXEIRA
Orientadora: Profª Drª Sonia Sueli Berti Santos
Dissertação apresentada ao Mestrado em Linguística, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Linguística.
SÃO PAULO 2014
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
T267d
Teixeira, Maria Veronica da Fonseca. Dialogismo e polidez: aspectos discursivos nas comunicações
virtuais em EaD / Maria Veronica da Fonseca Teixeira. -- São Paulo; SP: [s.n], 2014.
93 p. : il. ; 30 cm. Orientadora: Sonia Sueli Berti Santos. Dissertação (mestrado) - Programa de Pós-Graduação em
Linguística, Universidade Cruzeiro do Sul. 1. Educação à distância – Ensino superior 2. Ambiente virtual de
aprendizagem 3. Compreensão da leitura 4. Compreensão da escrita. I. Santos, Sonia Sueli Berti. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de Pós-Graduação em Linguística. III. Título.
CDU: 37.018.43(043.3)
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
DIALOGISMO E POLIDEZ: ASPECTOS DISCURSIVOS NAS COMUNICAÇÕES VIRTUAIS EM EaD
MARIA VERONICA DA FONSECA TEIXEIRA
Dissertação de mestrado defendida e aprovada pela Banca Examinadora em 14/08/2014.
BANCA EXAMINADORA:
Profª Drª Sonia Sueli Berti Santos Universidade Cruzeiro do Sul Presidente
Profª Drª Patrícia Silvestre Leite Di Iório Universidade Cruzeiro do Sul
Prof. Dr. Fábio Cardoso dos Santos Centro Universitário Metropolitano de São Paulo
Que vossos esforços desafiem as impossibilidades. Lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível.
Charles Chaplin
Ao meu esposo, Antonio Andrade dos Santos, que foi meu maior incentivador nessa jornada, não me deixando desistir, ajudando com palavras de apoio e atitudes positivas. Meu eterno “Muito Obrigada”, por me mostrar que não era tarde demais para ser o que eu poderia ter sido.
AGRADECIMENTOS
Rubem Alves dizia que “Faz tempo que para pensar sobre Deus não leio os teólogos, leio os poetas”. Acredito verdadeiramente que Deus está no comando da nossa vida, em cada ato que realizamos, no nosso esforço diário. Quando lemos para compor trabalhos acadêmicos, com certeza Ele está ao nosso lado, para intuir na escolha das palavras, nos ajudando a decidir o melhor caminho a seguir. Senti essa força a todo o momento. E quando pensava em “jogar tudo para o alto”, vencida pelo cansaço, “ouvia” uma voz interior dizendo “Siga em frente, tudo vai dar certo”. Acreditei e graças a Deus, alcancei o meu objetivo. Agradeço a minha Orientadora, Profª Drª Sonia Sueli Berti Santos, pelo incentivo e por me fazer acreditar em minha capacidade como pesquisadora, me ajudando a crescer como pessoa e também profissionalmente. Meus sinceros agradecimentos a todos os professores do Programa do Mestrado em Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul, que me concederam grandiosas e novas possibilidades de aprendizado. Aos Professores que compuseram a Banca Examinadora, Prof Dr Fabio Cardoso dos Santos e a Profª Drª Patrícia Silvestre Leite Di Iório, meus agradecimentos pelas considerações valiosas para o término deste trabalho.
“Há pessoas que nos fazem voar. A gente se encontra com elas e leva um bruta susto (...) elas nos surpreendem e nos descobrimos mais selvagens, mais bonitos, mais leves, com uma vontade incrível de subir até as alturas, saltando de penhascos”... (Ruben Alves)
“A vida é dialógica por natureza. Viver significa
participar de um diálogo: interrogar, escutar, responder,
concordar etc. Neste diálogo o homem participa todo e
com toda sua vida: com os olhos, os lábios, as mãos, a
alma, o espírito, com o corpo todo, com as suas ações.
Ele se põe todo na palavra, e esta palavra entra no tecido
dialógico da existência humana, no simpósio universal.”
Mikhail Bakhtin
TEIXEIRA, M. V. F. Dialogismo e polidez: aspectos discursivos nas comunicações virtuais em EaD. 2014. 93 f. Dissertação (Mestrado em Linguística)–Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2014.
RESUMO
A necessidade de aperfeiçoamento profissional é essencial nos dias atuais, mas as
condições para se tornar um profissional competente depende de muito esforço,
sendo o estudo um dos meios que conduz a novas oportunidades. No entanto, o
tempo da maioria das pessoas está reduzido devido às inúmeras ocupações e
deveres que os impedem de voltar aos bancos da Universidade. A dificuldade é
ainda maior, quando se considera o deslocamento do trabalho até a Instituição
escolhida. O cansaço prejudica o desempenho, incluindo o regresso à casa que se
torna o vilão que influencia a tomada de decisão de retomada ao estudo. Os
interessados em ingressar no Ensino Superior na Educação a Distância (EaD), terão
condições de apropriar-se de conhecimentos conforme seus interesses pessoais ou
profissionais, retomando os estudos no ambiente que lhe for conveniente. Partindo
do pressuposto que os alunos dessa modalidade de ensino, em sua maioria, são
adultos e trabalham, pode-se inferir que sejam responsáveis, independentes e
capazes de decidir se querem e se podem fazê-lo sem a presença de um professor
orientador da tarefa diária. A EaD exige do indivíduo disciplina, dedicação,
compromisso, pesquisa e leitura. Considerando que a leitura e a escrita em
ambiente virtual são os veículos para que essa comunicação aconteça,
compreender a importância desses elementos dentro do ambiente virtual é
fundamental. Então, que tipo de leitura é essa? Que tipo de escrita é preciso para se
dar conta da EaD? Como os diálogos acontecem dentro da EaD? É preciso entender
melhor como esses indivíduos escrevem, como entendem o que leem, como
interagem uns com os outros. A partir daí, verificar qual a relação dessa
comunicação no mundo contemporâneo, compreendendo como se processam as
relações entre professor tutor e aluno, e como cada participante do processo
percebe essa comunicação. Para tanto, os pontos que permeiam a investigação
dessa pesquisa são: a leitura e a escrita como forma de compreensão dos estudos
em ambiente virtual, o dialogismo e a polidez usada em todas as situações de
contato entre professor e alunos nos cursos oferecidos em EaD no Ensino Superior.
Palavras-chave: Ensino à distância, Ambiente virtual, Leitura, Escrita, Dialogismo,
Polidez.
TEIXEIRA, M. V. F. Dialogism and politeness: discourse aspects in virtual communications in distance learning. 2014. 93 f. Dissertação (Mestrado em Linguística)–Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2014.
ABSTRACT
The need for professional development is essential today, but the conditions to
become a competent professional depends much effort, and the study of the means
that lead to new opportunities. However, the time of most people is reduced due to
the numerous occupations and duties that prevent them from returning to the banks
of the University. The difficulty is even greater when one considers the displacement
of labor to the institution chosen. Fatigue impairs performance, including the
homecoming that becomes the villain that influences the decision making of the
recovery study. Those interested in joining the Higher Education in Distance Learning
(DL/), will be able to take ownership of knowledge as their personal or professional
interests, resuming studies in the environment that is convenient for you. Assuming
that this type of education students, mostly adults and are working, it can be inferred
to be responsible, independent and able to decide if they want and if they can do so
without the presence of a guiding teacher of the task daily. The EAD requires the
individual discipline, dedication, commitment, research and reading. Whereas
reading and writing in a virtual environment are the vehicles for this communication to
happen, understand the importance of these elements within the virtual environment
is critical. So what kind of reading is this? What kind of writing is needed to realize
the DL? As the dialogues take place inside the DL? It is necessary to better
understand how these individuals write, how they understand what they read, how
they interact with each other. From there, find what the relationship of the
communication in the contemporary world, understanding how to process the
relationship between tutor and student, and how each process participant perceives
this communication. For both, the points that permeate the research of this research
are: reading and writing as a way of understanding the studies in virtual environment,
dialogism and politeness used in all situations of contact between teacher and
students in the courses offered in distance learning in Higher Education.
Keywords: Distance learning, Virtual environment, Reading, Writing, Dialogism,
Politeness.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Exemplo de tela de estudo das aulas virtuais com infográfico 59
Figura 2 - Exemplo de Infográfico ................................................................. 63
Figura 3 - Exemplo de tela de estudo das aulas virtuais com exercício ... 64
Figura 4 - Exemplo de tela inicial do exercício ............................................ 65
Figura 5 - Exemplo da tela 1 do exercício .................................................... 66
Figura 6 - Exemplo da tela 2 do exercício .................................................... 67
Figura 7 - Exemplo da tela 3 do exercício .................................................... 68
Figura 8 - Exemplo da tela 4 do exercício .................................................... 69
Figura 9 - Exemplo de exercício de cruzadinha – Tela inicial. ................... 70
Figura 10 - Exemplo de exercício de cruzadinha – Tela de respostas ...... 71
Figura 11 - Exemplo de exercício de cruzadinha – Tela de ajuda .............. 72
Figura 12 – Exemplo de exercício do jogo da forca – Tela inicial .............. 73
Figura 13 - Exemplo de exercício do jogo da forca – Tela do jogo ............ 74
Figura 14 - Mensagem genérica passada via ferramenta – Aluno recebe como
se fosse só para ele por e-mail. .................................................................... 76
Figura 15 - Fórum – Parte da discussão do anexo da mensagem genérica
passada via ferramenta. ................................................................................ 81
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem
CEAD Centro Nacional de Educação a Distância
DL Distance Learning
EaD Educação a Distância
IES Instituto de Educação Superior
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira
MEC Ministério da Educação
OA Objeto de Aprendizagem
SEED Secretaria de Educação a Distância
SENAC Serviço Nacional de aprendizagem Comercial
SESC Serviço Social do Comércio
TIC Tecnologia da informação e comunicação
UAB Universidade Aberta do Brasil
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 15
CAPÍTULO I
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................... 19
1.1 Como definir educação a distância? .................................................... 19
1.2 Breve histórico sobre EaD no mundo .................................................. 22
1.3 Histórico sobre o Ensino a distância no Brasil ................................... 25
1.4 As Leis que regulamentam a EAD no Brasil........................................ 28
CAPÍTULO II
2 LEITURA E ESCRITA NO UNIVERSO VIRTUAL ................................... 34
2.1 Gênero Discursivo: aula em ambiente virtual ..................................... 42
2.2 Dialogismo na EaD ................................................................................ 46
2.3 Polidez nas interações virtuais ............................................................. 50
CAPÍTULO III
3.1 PASSOS METODOLÓGICOS ................................................................. 55
3.1 Aula virtual ............................................................................................. 57
3.1 Fórum ...................................................................................................... 74
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 87
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 90
15
INTRODUÇÃO
As transformações que as inovações tecnológicas têm proporcionado ao
surgimento de novos gêneros vêm sendo o motivo crescente de estudos na
área virtual. O interesse que desperta nas pessoas de todas as idades é
incontestável.
Como professora, apesar de perceber uma grande dificuldade dos
alunos no ato de ler e escrever e em como usar a linguagem oral e escrita para
se expressarem durante as aulas, um fator chamou minha atenção: o interesse
desses alunos pelas aulas de informática.
Com as pesquisas, percebemos então o quanto a linguagem virtual está
inserida em todos os níveis de estudo e para os alunos de todas as idades, que
passaram a utilizar uma forma particular de escrever com abreviações,
imagens e avatares. Além disso, a rapidez com que as informações surgem na
tela deixa os alunos, desde os mais jovens até os adultos, muito atraídos pela
utilização do computador. A importância dessa linguagem para toda a
população escolar foi ficando muito evidente.
Partindo do princípio que as relações virtuais são muito utilizadas hoje
em dia, podemos fazer o seguinte questionamento: Que comunicação é essa?
Com o desenrolar das pesquisas, verificamos a relação dessa
comunicação no mundo contemporâneo, compreendendo como se processam
as relações entre professor tutor e aluno, as relações dos alunos como grupo
de estudo, e como cada participante do processo percebe essa comunicação.
Conhecendo as possibilidades de se estudar por meio da Educação a
Distância, que doravante trataremos por EaD, oferecidas em várias Instituições
espalhadas pelo Brasil, podemos questionar: Que tipo de escrita é preciso para
se dar conta da EaD? Que leitura é essa? Como os diálogos acontecem dentro
da EaD? Qual a importância da polidez nas interações em EaD?
16
Os estudos nos levaram a compreender que a leitura na EaD é
dinâmica, envolta em estímulos visuais que ajudam o leitor no momento do
estudo e pesquisa. A escrita na EaD deve ser clara, concisa e polida para que
os diálogos, que na maioria das vezes não acontecem em tempo real, possam
ser bem aproveitados e dirigidos.
Ao iniciar a escolha do corpus, a linguagem utilizada por professor e
aluno durante uma interação em um Fórum 1 , nos chamou a atenção. No
momento da exposição de dúvidas por parte dos alunos e nas orientações
fornecidas pelo professor, elementos como a utilização de caixa alta, nos levou
a enveredar pelos caminhos dessa linguagem tão utilizada atualmente.
Nos fez pensar também, na importância da utilização de atenuantes para
se evitar mal entendidos dentro dos ambientes virtuais de aprendizagem.
Ao iniciar esta pesquisa, percebemos que poderíamos contribuir com os
estudos linguísticos, pesquisando conceitos que nos levariam a compreensão
da leitura e da escrita no mundo virtual. Sentimos também a necessidade de
conhecer e compreender um pouco o mundo da EaD e assim, contribuir com o
aprimoramento da comunicação utilizada nos cursos oferecidos em EaD,
ajudando a torna-la uma modalidade de ensino cada vez mais atraente e
eficiente para o Ensino Superior.
Refletimos então, que todos aqueles que se interessassem por cursos a
distância, deveriam aprender a usar a linguagem dentro de ambientes virtuais,
seja na elaboração de aulas virtuais, seja como tutor, seja como aluno, para
que os diálogos e as interações virtuais acontecessem de forma polida
facilitando a aquisição e fixação de conceitos, na realização de exercícios ou
colaborando nas avaliações. Seria preciso que ambos, professores e alunos
conhecessem essa linguagem, para que as relações interpessoais
acontecessem de forma natural e sem constrangimentos.
1 Fórum educacional é uma ferramenta para promover a interação entre um grupo de estudantes e o professor com o objetivo de trocar experiências, saberes e perspectivas. Cabral;Cavalcante (2010, p.72).
17
Por estarmos diante de uma forma nova de ensinar e aprender, que
altera a ideologia de educação que nos remete as salas de aulas presenciais
com cadeiras, mesas, alunos e um professor, surgiu a inquietação em estudar
o dialogismo e a polidez nas interações pessoais dentro de um curso em EaD.
Para tanto, escolhemos como corpus, uma aula virtual na disciplina de
Desenvolvimento WEB e um fórum na disciplina de Comércio eletrônico (E-
commerce), que utiliza o Ambiente Virtual de Aprendizagem conhecido como
AVA, oferecido por uma Instituição de Ensino Superior da cidade de São Paulo.
Propositalmente, escolhemos duas disciplinas de Tecnologia da
Informação e Comunicação, que doravante trataremos de TIC, para mostrar
que a linguagem entre professores e alunos deve ser o mais adequada
possível, independente do curso ou disciplina a ser ministrada.
O percurso teórico se faz necessário para desenvolver os objetivos
propostos nesse trabalho. Utilizaremos como suporte, a perspectiva de Bakhtin,
que no Brasil é um dos autores mais citados, e de autores que seguem a linha
Bakhtiniana. Estudaremos o Dialogismo, leitura, escrita e gênero discursivo em
Estética da Criação Verbal (BAKHTIN, 2003), Marxismo e Filosofia da
Linguagem (BAKHTIN, 2006), Do dialogismo ao gênero: as bases do
pensamento do círculo de Bakhtin (SOBRAL, 2009), tom avaliativo e
responsividade em Construção de sentidos em Discursos em diálogo: leitura,
escrita e gramática (BERTI-SANTOS, 2011), a interação virtual e a polidez em
20% a distância: e agora? (CABRAL; CAVALCANTE, 2010), entre outros.
Também foram realizadas leituras de artigos e textos extraídos da
internet, de livros de autores de áreas correlatas ao tema e de revistas
indexadas, que deram suporte para o contexto histórico dessa dissertação, a
fim de que os objetivos da pesquisa fossem atingidos.
O resultado desse estudo será apresentado nessa dissertação de forma
estruturada em três capítulos abordando algumas teorias necessárias para o
desenvolvimento do tema, análise do corpus, conclusão e trechos da aula
virtual e do fórum, para apreciação do leitor.
18
No primeiro capítulo trataremos da Fundamentação teórica, que definirá
a EaD, o histórico da EaD no mundo e no Brasil, respectivamente, reportando
ao leitor as datas mais marcantes como: evolução dos cursos por
correspondência, por meio do rádio e da televisão em projetos educativos, até
a introdução das TICs.
Ainda nesse capítulo, estudaremos as Leis que regulamentam a EaD no
Brasil. Os dados contidos nesse capítulo foram pesquisadas no site do
Ministério da Educação (BRASIL).
O segundo capítulo tratará da leitura e da escrita no universo virtual,
considerando que a EaD necessita desses dois elementos para alcançar seus
objetivos, gênero discursivo: aula em ambiente virtual e o dialogismo na EaD.
Baseados no diálogo construído dentro de um fórum educacional, parte
do corpus escolhido para essa pesquisa, analisaremos como esse diálogo se
constrói e a polidez contida nessa interação como fator importante, que pode
influenciar positiva ou negativamente na relação professor-aluno, já que os
sujeitos se envolvem com a intenção de ensinar e aprender.
O capítulo três traçará os passos metodológicos da pesquisa e análise
do Corpus.
Para desenvolvermos as pesquisas, inicialmente devemos conhecer o
que é a EaD, como essa modalidade de ensino cresceu no Brasil e no mundo.
No próximo capítulo conheceremos um pouco dessa história que, aos poucos,
mostra como e porque a EaD vem perdendo a fama de ensino de baixa
qualidade.
19
CAPÍTULO I
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Autores como: Alves (2014), Barros (2003), Cabral e Cavalcante (2010),
Coscarelli (2011), Litwin (2001), Marcuschi (2010), Marquesi (2008), Nunes
(2014), Ribeiro (2005), Santos (2011), Shepherd (2013), realizam estudos que
nos mostram que a EaD é uma modalidade de ensino contemporânea, já que
segundo Marcuschi (2010, p.15-16), em certo sentido, pode-se dizer, que na
atual sociedade da informação, a internet é uma espécie de protótipo de novas
formas de comportamento comunicativo.
Como esses estudos serão de grande importância para essa pesquisa,
iniciaremos o primeiro capítulo com a definição de EaD e na sequência, o
histórico da EaD no mundo e no Brasil, o que ajudará o leitor a compreender a
evolução dessa modalidade de ensino tão procurada nos dias atuais.
1.1 Como definir educação a distância?
Inicialmente falaremos um pouco sobre a evolução dos computadores,
essas máquinas que estão a nossa volta, em todos os lugares, nos auxiliando
nos problemas diários.
Coscarelli (2011, p.7) aponta que na década de 90, algumas pessoas
começaram a utilizar os computadores em seu dia-a-dia, que foram ganhando
espaço nas empresas, bancos, supermercados, etc. Em pouco tempo já estava
em nossas casas incorporado ao nosso cotidiano e atualmente, podemos dizer
que não vivemos mais sem o computador por facilitar a nossa vida em muitos
aspectos. Já não vamos mais tanto ao banco, podemos realizar pesquisas sem
ir a uma biblioteca, nos comunicamos com pessoas do outro lado do planeta,
com isso, a internet passou a ser acessível a uma infinidade de pessoas.
20
Em apenas vinte anos, os microcomputadores cresceram em espaço de memória e velocidade de processamento, mas diminuíram muito de tamanho, o que permitiu seu uso portátil e doméstico. As máquinas, que também ganharam o mercado de genéricos, passaram a ser empregadas na administração das escolas e empresas (passando ao status de eletrodoméstico) e chegaram às salas de aula, inclusive fundando as salas de aula virtuais, em uma espécie de evolução de ensino à distância, antes feito por cartas, só que muito mais ágil e eficiente (COSCARELLI; RIBEIRO, 2011, p.7).
Para Coscarelli (2011, p.8) as instituições escolares não poderiam ficar
fora dessa realidade. A criação de laboratórios de informática e aquisição de
maquinário concedeu aos alunos, que não possuíam computadores em casa, a
possibilidade de terem contato com a tecnologia. Utilizável em todos os
campos de nossa vida social tornou-se indispensável no dia-a-dia dos
cidadãos. Até mesmo aqueles mais humildes já utilizam alguma forma de
tecnologia.
Mas, obter as máquinas sem pessoal qualificado para operá-las seria
inútil. No ambiente escolar, atualizar os educadores seria o ideal para termos
novos modelos de ensinar e de inserir os alunos na sociedade da informação.
Foi necessário se repensar a sala de aula e todos os ambientes de
ensino/aprendizagem, reconfigurar conceitos e práticas. Surgiram novas
formas de interação e novos gêneros e formatos textuais (COSCARELLI, 2011,
p.8).
Pensemos numa sala de aula convencional nos dias de hoje, onde os
alunos já tem acesso a internet ao utilizarem seus celulares, iphones, tablets,
acabam se desestimulando com as aulas convencionais. Em contrapartida,
aqueles que não têm acesso, os chamados “excluídos digitais”, sabem da
existência da internet e desejam conhecer as novas modalidades de estudo,
comunicação, lazer e cultura (COSCARELLI, 2011, p. 9).
Esse interesse, aliado ao crescimento tecnológico, permite um ambiente
de aprendizagem, em que alunos e professores, conseguem manter uma
relação cordial, favorecendo o bom desenvolvimento dos cursos oferecidos em
diversas Instituições de Ensino Superior, conhecidos como IES, espalhados por
todo o Brasil.
21
Quando o processo ensino-aprendizagem é mediado por tecnologias,
professores e alunos estão separados física e temporalmente, mas interligados
ou conectados pela internet, e-mails, chats, celulares, estamos falando de EaD
como afirma Moram (2014b).
Nessa modalidade de ensino, há momentos presenciais para sanar
dúvidas e para realização de avaliações presenciais obrigatórias, segundo o
Decreto nº 5.622 (Brasil, 2005), que será apresentado ainda nesse capítulo. É
uma modalidade de ensino muito adequada para a educação de adultos,
principalmente para aqueles que já têm alguma experiência na aprendizagem
individual e de pesquisa (MORAN, 2014b). Quando as tecnologias avançam o
conceito de presencialidade se altera. É possível termos professores de
disciplinas presenciais atuando como professores tutores e professores de
“fora” da instituição contribuindo com sua imagem e voz na aula de outro
professor. Teremos um intercâmbio de saberes que só contribuirá com o
aprendizado dos que procuram a EaD. Segundo Moran (2014b):
O conceito de curso, de aula também muda. Hoje, ainda entendemos por aula um espaço e um tempo determinados. Mas, esse tempo e esse espaço, cada vez mais, serão flexíveis. O professor continuará "dando aula", e enriquecerá esse processo com as possibilidades que as tecnologias interativas proporcionam: para receber e responder mensagens dos alunos, criar listas de discussão e alimentar continuamente os debates e pesquisas com textos, páginas da Internet, até mesmo fora do horário específico da aula. [...] Poderemos também oferecer cursos predominantemente presenciais e outros predominantemente virtuais. Isso dependerá da área de conhecimento, das necessidades concretas do currículo ou para aproveitar melhor especialistas de outras instituições, que seria difícil contratar (MORAN, 2014b).
Como podemos observar a evolução dos cursos em EaD é uma
realidade já prevista por muitos autores que estudam essa modalidade de
ensino, como Moran (2014b)
Muitos cursos poderão ser realizados a distância com som e imagem, principalmente cursos de atualização, de extensão. As possibilidades de interação serão diretamente proporcionais ao número de pessoas envolvidas.Teremos aulas a distância com possibilidade de interação on-line (ao vivo) e aulas presenciais com interação a distância (MORAN, 2014b).
Atualmente, há instituições que preparam seus professores atuantes em
salas de aula presenciais para atuarem também como professores tutores na
22
EaD e, para isso, promovem capacitações internas. O professor tutor será cada
vez mais solicitado para participar de um módulo ou parte de um curso,
interagir com os alunos em chats, videoconferências ou mesmo será orientado
a não utilizar tanto tais recursos por serem mais dispersivos e, sim, a se focar
em textos impressos. O Professor terá que se adaptar as necessidades e
situações diferenciadas. Terá que aprender a trabalhar com muitos alunos, com
menos encontros presenciais, se habituar a frequentemente entrar no ambiente
virtual para atender as questões levantadas por seus alunos, a avalia-los em
tempo para que possam perceber suas dificuldades.
Com a transmissão em tempo real de som e imagem os alunos podem
perguntar, interagir com o professor tutor e com o grupo, pesquisar, tirar
dúvidas, ser avaliado e acompanhar seus progressos. Esses são alguns fatores
que unem as pessoas que estão envolvidas na EaD e se encontram em locais
distintos.
Levar a educação a locais de difícil acesso é uma preocupação que
surgiu no século XVIII. Com a história da evolução da EaD no mundo, é
possível estabelecer uma ordem cronológica importantes para a consolidação
da EaD. Alves (2014).
1.2 Breve histórico sobre EaD no mundo
É necessário analisar o processo histórico e a evolução da EaD no
mundo para se compreender sua importância nos dias atuais. Organizando as
datas mais marcantes, mostrando como cursos por correspondência, aulas via
rádio e programas de televisão, abriram caminho para a tecnologia da
Informação e da Comunicação (conhecido como TIC) na educação atual.
Nos últimos três séculos surgiram formas diferentes de EaD com o
intuito de comunicar, ensinar por meio de cursos por correspondência.
Segundo Barros (2003); Alves (2014); Nunes (2014), a Educação a
Distância surgiu no século XVIII, mais precisamente em 1728, quando um
anúncio publicado na Gazeta de Boston, transmitiu um comunicado sobre
23
“material para ensino e tutoria por correspondência”. A partir daí, é possível
estabelecer uma cronologia da evolução da EaD no mundo.
1833- Na Suécia, um anúncio se referia ao ensino a distância.
1840- na Inglaterra, Isaac Pitman trocava cartões postais com seus
alunos, com os princípios da taquigrafia.
1856- em Berlim, surgiu a primeira escola por correspondência
destinada ao ensino de idiomas.
Com o final da Primeira Guerra Mundial, surgiram novas possibilidades
de ensino a distância, devido ao aumento da necessidade da população por
educação.
Em 1892 a Universidade de Chicago ofereceu um curso de formação de
professores para as escolas paroquiais por correspondência.
Os fatores que contribuíram para que esse tipo de ensino fosse
oferecido foram: o aperfeiçoamento dos serviços do correio, a agilização dos
meios de transporte e o desenvolvimento tecnológico aplicado ao campo da
comunicação e da informação. Após as décadas de 60 e 70 a EaD passou a
ser oferecido através de áudio através de discos de vinil e fitas cassetes.
Somente na segunda metade do século XX é que a educação a distância
começou a se fortalecer e a se estabelecer como uma importante modalidade
de ensino (BARROS, 2003).
Continuamos a observar o crescimento da EaD no mundo.
1910 – A Universidade de Queensland, na Austrália, inicia programas
por correspondência.
1928 – A BBC começa a promover cursos para a educação de adultos
usando o rádio.
1969 - Surge a British Open University na Inglaterra trazendo inovações
entre professores e alunos, tanto no envio de materiais educativos como na
24
comunicação entre as partes. Com isso, a Open University transformou-se em
um modelo de ensino a distância, segundo Litwin (2001).
Por ser amplamente utilizada, a EaD já está presente em cinco
continentes, em mais de 80 países, beneficiando milhões de pessoas e
conferindo a professores aperfeiçoamento profissional.
it in e arros citam a criação da Universidade a cional
de ducação a i st ncia, na spanha, em , ue surgiu com ideias
atrativas para estudantes de graduação e p s-graduação do mundo inteiro,
com grande parcela de alunos latino-americanos.
Em 1973, no Canadá, na Athabasca University foi criada com uma rede
de telecomunicações em seu campus, onde a interação acontecia via telefone,
tendo um sistema de tutoria eficiente, alcançando em 1976 um modelo próprio
desenvolvendo-se, tendo como modelo a sociedade da informação.
1975 - Na Austrália, há dezenas de programas de EaD do Ensino
Fundamental ao Universitário, todos de excelente qualidade.
Países como osta i ca, enezuela, l alvador, éxico, hile,
Argentina, olívia e uador também implementaram programas de ducação
a i st ncia, como aponta arros .
it in afirma ue instituiç es como a niv ersidade Aberta da
enezuela e a niversidade statal a i st ncia da ost a i ca, ambas criadas
em 1977, adotaram o modelo da British Open University de produção e
implementação.
1979 - Em Cuba a Faculdade de Ensino Dirigido da Universidade de
Havana cria seus cursos com o programa curricular igual ao dos cursos
presenciais.
1985 – Em Bangladesh, a EaD foi implementado como parte de um
programa para capacitação de professores, como pós-graduação, mantido pelo
Instituo de Educação a Distância de Bangladesh com 3 mil alunos.
25
A República Popular da China mantém projetos de educação a distância
desde a década de 50. Na atualidade funciona o Sistema Chinês de
Universidade pela Televisão (Dianda) com um grande número de alunos já
formados e que já conseguiram espaço no mercado de trabalho.
1994 - A Universidade Aberta de Portugal, possui centros de apoio
espalhados pelo país, oferecendo cursos de graduação e pós-graduação em
várias áreas. Na área de especialização, oferece uma grande variedade de
cursos de Mestrado.
1996 – O ensino a distância foi de importante relevância para a
reconstrução da Rússia e de sua sociedade, segundo a II Conferência
Internacional de Educação a Distância da Rússia.
Atualmente, a EaD mobiliza quase todo o mundo com uma gama de
novos cursos sendo oferecidos em todas as áreas. Iniciou-se a EaD como
recurso para qualificar, profissionalizar, aperfeiçoar e atualizar os indivíduos
que desejassem seguir com seus estudos e hoje, está sendo usada para
complementar o ensino presencial. Encarada como uma modalidade de ensino
efetivo foi implantada no Brasil e legalizada pelo MEC. Segundo Alves (2014),
esta modalidade de educação é conceituada por diversos autores e cada um
destes enfatiza alguma característica especial no seu conceito. Ainda, segundo
Alves (2014) [...] a EaD oferece oportunidades que pelo modelo presencial
seria difícil ou impossível de atingir, pois possui uma ampla abrangência e
grandiosa magnitude não somente no nosso país, mas em todo o mundo.
No Brasil, provavelmente, as primeiras experiências tenham, ficado sem
registro, visto que os primeiros dados conhecidos, segundo Alves (2014), são
do século XX, como mostramos a seguir.
1.3 Histórico sobre o Ensino a distância no Brasil
Segundo Tarcia; Costa (2010, p.4) A EaD não é de toda nova como
muitos acreditam. O uso das novas tecnologias para essa modalidade é que
trouxe o caráter inovador e atualizado para a EaD.
26
No Brasil, a EaD teve início no século XX com a intenção de formar o
trabalhador para a indústria. Através do rádio a EaD surgiu como alternativa
para formar trabalhadores do meio rural sem que precisassem se deslocar
para os centros urbanos. Favoreciam os indivíduos que viviam no interior do
país onde não havia cursos técnicos, e também os profissionais que
precisavam de qualificação rápida. Até donas de casa, que desejavam ter
uma profissão, foram beneficiadas. Na verdade, o ensino a distância no Brasil
sempre esteve ligado a formação profissionalizante, motivadas pelo interesse
do mercado, como aponta Nunes (1992).
A Radio Sociedade do Rio de Janeiro, criada na década de 20, mais
tarde incorporada pelo MEC, é uma das primeiras iniciativas de EaD que se
tem notícia. O Instituto Monitor, na década de 30 e o Instituto Universal
Brasileiro fundado em 1941, como aponta Nunes (1992), são exemplos de
iniciativas pioneiras em cursos por correspondência. Desde a década de 40 o
ensino a distância está incorporada a educação dos brasileiros, oferecendo
cursos técnicos, supletivos e outros sempre voltados para o público adulto que
desejasse se profissionalizar.
1947 – O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) em
São Paulo, em parceria com o Serviço Social do Comércio (SESC) e
emissoras associadas, criam a Universidade do Ar, um projeto que durou até
1962, e beneficiou 91 mil pessoas, segundo (Alves). Levar a educação
através do rádio a milhares de ouvintes da capital e do interior, era a forma
que encontraram para atingir pessoas que não tinham acesso ao ensino. As
aulas eram gravadas em discos de vinil que seguiam para os núcleos
educacionais instalados nas cidades do interior, e nesses núcleos, equipes
treinadas cuidavam do equipamento de som e orientavam os estudantes na
execução dos exercícios propostos no material de suporte. Esses alunos eram
capacitados para assumir diversas funções no setor de comércio e serviços.
Na década de 50, com a implantação da televisão no Brasil, surge a
ideia de utiliza-la como meio de comunicação na educação. Assim, nos anos
60, surgem as televisões educativas.
27
Nos anos 70, ainda no contexto do rádio, é criado o Projeto Minerva,
um convênio entre o MEC, a Fundação Padre Landell e Fundação Padre
Anchieta, com cursos para pessoas com baixo poder aquisitivo e o Projeto
SACI, que chegou atender 16.000 alunos em um ano. Nessa mesma década,
foi criado o Telecurso 2º Grau, em parceria com a Fundação Padre Anchieta e
Fundação Roberto Marinho, composto por aulas via satélite e material
impresso, se tornando um meio muito eficaz da população completar seus
estudos, preparando-os para os exames supletivos de 2º Grau. Alves (2014).
Na década de 80 é criado o projeto Ipê, com o objetivo de aperfeiçoar
professores para o magistério de 1º e 2º Graus. Nessa mesma época, o
SENAC desenvolveu uma série de programas radiofônicos sobre orientação
profissional na área de comércio e serviços, denominada “Abrindo am inhos”.
Na década de 90, temos a reformulação do Telecurso.
A partir da década de 90, é criada a Secretaria de Educação a
Distância (SEED), pelo MEC, dentro de uma política que privilegia a
democratização e a qualidade da educação brasileira. Alves (2014).
Nesse mesmo ano, a Teleducação foi reestruturada e a partir de 1995
foi criado o CEAD- Centro Nacional de Educação a Distância. A Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 vem, nessa época, para
legalizar o ensino a distância como uma modalidade de ensino/aprendizagem
igualando-a como as outras formas de ensino. Segundo Moran (2014a):
[...] um curso por correspondência é a distância e não é on-line. Por outro lado, não podemos confundir a educação on-line só com cursos pela Internet e somente pela Internet no modo texto. A educação on-line está em seus primórdios e sua interferência se fará notar cada vez mais em todas as dimensões e níveis de ensino. Com o avanço da telemática, a rapidez de comunicação por redes, a facilidade próxima de ver-nos e interagir a distância, a educação on-line ocupará um espaço central na pedagogia nos próximos anos (MORAN, 2014a).
Em 1999, o Ministério da Educação inicia o credenciamento de
Instituições de ensino superior para atuar na Educação a Distância agora sob a
sigla EaD. Hoje, inúmeras instituições universitárias públicas e privadas estão
credenciadas para operar com ensino a distância nos cursos de graduação e
pós-graduação.
28
Ao falarmos da EaD no Brasil, não poderíamos deixar de contemplar
alguns dados estatísticos sobre essa modalidade de ensino.
De acordo com o Censo da Educação Superior 2012, divulgados pelo
INEP em, 17 de setembro de 2013, o total de alunos matriculados na educação
superior brasileira ultrapassou a marca de 7 milhões em 2012.
O Censo mostra também, segundo o INEP (2013), que entre 2011 e
2012, as matrículas avançaram 12,2% nos cursos a distância e 3,1% nos
presenciais. Com esse crescimento, a modalidade a distância já representa
mais de 15% do total de matrículas em graduação.
Para que a EaD seja confiável, o MEC mantém um rigoroso controle
sobre a avaliação e o credenciamento de cursos de graduação a distância no
Brasil. Com a expansão da EaD, é necessário zelar pela qualidade dos cursos
para que cada vez mais alunos possam fazer esse tipo de graduação,
garantindo a formação dos futuros profissionais.
Nos dias de hoje, o EaD conta com o avanço das novas tecnologias e
tecnologias móveis como instrumentos para enriquecer o ensino
aprendizagem. Os docentes podem utilizar os recursos digitais na educação,
principalmente a internet, como apoio para a pesquisa, segundo Moran (2000).
Como essa modalidade de ensino é regulada por uma legislação
específica, abordaremos a seguir, as Leis que regulamentam a EaD no Brasil.
1.4 As Leis que regulamentam a EAD no Brasil
Legalmente, a EAD foi oficialmente reconhecida como modalidade no
Brasil em 1996, na última reforma educacional brasileira, instaurada pela Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 9.394/96, de 20 de
dezembro de 1996, que oficializa a educação a distância como parte do nosso
sistema educacional no artigo nº 80, que diz: “O poder Público incentivará o
desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em
todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.”
(BRASIL, 1996).
29
Com essa lei (BRASIL,1996) abre-se oportunidades maiores para
aqueles indivíduos que desejam prosseguir nos estudos e vivem em lugares
distantes. É uma forma possível e legítima dos indivíduos terem acesso a
educação se não tiveram a oportunidade de frequentar, no tempo devido, a
escola de forma convencional ou que não teriam, devido a acessibilidade
local. Utilizando-se de ferramentas como computadores, tablets, celulares, as
interações se fazem em lugares e momentos distintos. A EaD passou a ser
uma alternativa regular e regulamentada, deixando de fazer parte de projetos
experimentais. Conjuntamente com essa Lei, existem decretos e portarias
para aplica-la com recomendações, normas de execução e outras
determinações.
O Decreto 5622, de 19 de dezembro de 2005, que regulamenta o artigo
80 da Lei nº 9.394/96, caracteriza a educação a distância, em seu artigo 1º:
Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares e tempos diversos. (BRASIL, 2005).
Com esse Decreto a EaD passou para o status de modalidade
plenamente integrada ao sistema de ensino. Ensino que não está mais limitado
a sala de aula e que proporciona ao aluno condições de construir seus
conhecimentos em espaços diversos como museus, bibliotecas e
principalmente em ambientes virtuais, mesmo vivendo em regiões afastadas
dos grandes centros. O Decreto orienta que:
§ 1o A educação a distância organiza-se segundo metodologia, gestão e avaliação peculiares, para as quais deverá estar prevista a obrigatoriedade de momentos presenciais para:
I - avaliações de estudantes;
II - estágios obrigatórios, quando previstos na legislação pertinente;
III - defesa de trabalhos de conclusão de curso, quando previstos na legislação pertinente; e
IV - atividades relacionadas a laboratórios de ensino, quando for o caso (BRASIL, 2005).
30
Os momentos presenciais são imprescindíveis para o aluno atestar seus
conhecimentos perante a IES que oferece o curso em EaD. Para tanto, essas
Instituições devem seguir normas estabelecidas pelo Decreto, que em seus
artigos 9 e 10 regulamentam que:
Art. 9o O ato de credenciamento para a oferta de cursos e programas na modalidade a distância destina-se às instituições de ensino, públicas ou privadas.
Parágrafo único. As instituições de pesquisa científica e tecnológica, públicas ou privadas, de comprovada excelência e de relevante produção em pesquisa, poderão solicitar credenciamento institucional, para a oferta de cursos ou programas a distância de:
I - especialização;
II - mestrado;
III - doutorado; e
IV - educação profissional tecnológica de pós-graduação.
Art. 10. Compete ao Ministério da Educação promover os atos de credenciamento de instituições para oferta de cursos e programas a distância para educação superior (BRASIL, 2005).
Conhecemos a importância das avaliações para aqueles que investem
em seus estudos e pesquisas. O Decreto nº 5622 (BRASIL, 2005), garante a
emissão e registro de diplomas mediante o cumprimento das atividades
programadas obedecendo a legislação em vigor:
Art. 4o A avaliação do desempenho do estudante para fins de promoção, conclusão de estudos e obtenção de diplomas ou certificados dar-se-á no processo, mediante:
I - cumprimento das atividades programadas; e
II - realização de exames presenciais.
§ 1o Os exames citados no inciso II serão elaborados pela própria instituição de ensino credenciada, segundo procedimentos e critérios definidos no projeto pedagógico curso ou programa.
§ 2o Os resultados dos exames citados no inciso II deverão prevalecer sobre os demais resultados obtidos em quaisquer outras formas de avaliação a distância.
Art. 5o Os diplomas e certificados de cursos e programas a distância, expedidos por instituições credenciadas e registrados na forma da lei, terão validade nacional.
31
Parágrafo único. A emissão e registro de diplomas de cursos e programas a distância deverão ser realizados conforme legislação educacional pertinente (BRASIL, 2005).
Em 08 de junho de 2006, o Decreto nº 5.800 instituiu o Sistema
Universidade Aberta do Brasil - UAB, voltado para o desenvolvimento da
modalidade de educação a distância, com a finalidade de expandir e interiorizar
a oferta de cursos e programas de educação superior no País. Para tanto, o
Decreto orienta no seu artigo 1º, incisos VI e VII que:
Art. 1o Fica instituído o Sistema Universidade Aberta do Brasil - UAB, voltado para o desenvolvimento da modalidade de educação a distância, com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no País.
Parágrafo único. São objetivos do Sistema UAB:
VI - estabelecer amplo sistema nacional de educação superior a distância; e
VII - fomentar o desenvolvimento institucional para a modalidade de educação a distância, bem como a pesquisa em metodologias inovadoras de ensino superior apoiadas em tecnologias de informação e comunicação (BRASIL, 2006).
A Portaria normativa nº 40, de 12 de dezembro de 2007, também
regulamenta o ensino a distância no ensino superior autorizando cursos em
EaD para as instituições de educação superior já credenciadas e garantindo
aos alunos pólo de apoio presencial com atividades presenciais obrigatórias,
avaliações e estágios como o exposto nos Art. 44 e 45.
PORTARIA NORMATIVA Nº 40, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2007
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES PECULIARES AOS PROCESSOS DE CREDENCIAMENTO, AUTORIZAÇÃO E RECONHECIMENTO PARA OFERTA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Seção I
Disposições gerais
Art. 44. O credenciamento de instituições para oferta de educação na modalidade a distância deverá ser requerido por instituições de educação superior já credenciadas no sistema federal ou nos sistemas estaduais e do Distrito Federal, conforme art. 80 da Lei nº
32
9.394 de 20 de dezembro de 1996 e art. 9º do Decreto n° 5.622, de 19 de dezembro de 2005.
§ 1º O pedido de credenciamento para EaD observará, no que couber, as disposições processuais que regem o pedido de credenciamento.
§ 2º O pedido de credenciamento para EaD tramitará em conjunto com o pedido de autorização de pelo menos um curso superior na modalidade a distância, nos termos do art. 67 do Decreto nº 5.773, de 2006.
§ 3º O recredenciamento para EaD tramitará em conjunto com o pedido de recredenciamento de instituições de educação superior.
§ 4º O credenciamento de instituições para oferta de cursos e programas de mestrado e doutorado na modalidade a distância sujeita-se à competência normativa da CAPES e à expedição de ato autorizativo específico.
Art. 45. O ato de credenciamento para EaD considerará como abrangência geográfica para atuação da instituição de ensino superior na modalidade de educação a distância, para fim de realização das atividades presenciais obrigatórias, a sede da instituição acrescida dos pólos de apoio presencial.
§ 1º Pólo de apoio presencial é a unidade operacional para o desenvolvimento descentralizado de atividades pedagógicas e administrativas relativas aos cursos e programas ofertados a distância, conforme dispõe o art. 12, X, c, do Decreto nº 5.622, de 2005.
§ 2º As atividades presenciais obrigatórias, compreendendo avaliação, estágios, defesa de trabalhos ou prática em laboratório, conforme o art. 1º, § 1º, do Decreto nº 5.622, de 2005, serão realizados na sede da instituição ou nos pólos de apoio presencial credenciados.
§ 3º Caso a sede da instituição venha a ser utilizada para a realização da parte presencial dos cursos a distância, deverá submeter-se a avaliação in loco, observados os referenciais de qualidade exigíveis dos pólos.
§ 4º As atividades presenciais obrigatórias dos cursos de pós graduação lato sensu a distância poderão ser realizadas em locais distintos da sede ou dos pólos credenciados. (BRASIL, 2007).
Todas as leis direcionadas a EaD definem que além das aulas virtuais o
indivíduo terá momentos presenciais e poderá realizar estágios, defesas e
trabalhos, prática em laboratório, em polos de apoio presencial e serão
avaliados para fim de promoção e conclusão de estudos e obtenção de diploma
e certificado com validade nacional. Esses cursos e programas em EaD
poderão ser oferecidos na educação básica, ensino superior e pós-graduação.
33
Devemos sempre ter em mente que a educação, como processo de
formação do cidadão é fator primordial, portanto os professores envolvidos na
EaD devem incentivar os alunos a utilizarem os recursos tecnológicos de
maneira colaborativa, reflexiva e crítica, respeitando as normas estabelecidas
nas Leis que regem a Educação a Distância Nacional além de motivá-los a
escrever e a realizar leituras que favoreçam o desenvolvimento de habilidades
necessárias para sua vida profissional e pessoal.
O capítulo a seguir tratará da leitura e escrita no universo virtual, já que
a EaD necessita desses elementos para estimular os alunos envolvidos no
processo a pesquisarem e produzirem textos.
34
CAPÍTULO II
2 LEITURA E ESCRITA NO UNIVERSO VIRTUAL
A fala e a escrita são duas modalidades da língua que se utilizam do
mesmo sistema linguístico, porém com características próprias. A partir do
nascimento os indivíduos interagem com o outro, utilizando-se da linguagem
oral ou escrita. obre essa uestão akhtin 6, p. 4 diz: “ om efeito, a
enunciação é o produto da interação de dois indivíduos socialmente
organizados [...]”, sendo o ato de comunicar-se puro produto da interação
social.
Para Koch (2012, p.34) durante toda a vida somos estimulados a ler e
escrever, produzindo textos escritos e lendo diferentes gêneros. Se pensarmos
em texto escrito, teremos uma relação entre autor e leitor onde quem escreve o
faz para um determinado tipo de leitor, prevendo suas reações diante da
leitura. Ambos, no ato da leitura não se encontram presentes como no texto
falado, mas a comunicação é efetivada pela compreensão de ambos no
processo. É uma via de mão dupla e a resposta faz com que o autor saiba a
medida exata se seu objetivo foi atingido.
A comunicação se faz desde a conversa informal face a face, porém
pode acontecer dessa coprodução ser menor, se um dos interlocutores
dominar o assunto, não dando oportunidade de réplica para o outro. É o caso
das palestras, conferências, que são situações mais formais de comunicação.
Vem-se postulando que os diversos tipos de práticas sociais de produção textual situam-se ao longo de um contínuo tipológico, em cujas extremidades estariam, de um lado, a escrita formal e, de outro a conversação espontânea, coloquial. (KOCH, 2012, p 14).
Assim as comunicações orais e escritas são eficazes na medida em que
haja um envolvimento entre os interlocutores. Escrevemos bilhetes, e-mails,
lemos letreiros, anúncios que nos informam, divertem, educam. Podemos dizer
que estão incorporadas a nossa vida. Observamos que há textos escritos que
35
se aproximam do polo da fala conversacional, como afirma Koch (2012, p.15),
tornando a interação entre os interlocutores muito mais eficiente. A exemplo
disso temos as cartas familiares que naturalmente são utilizadas pelas pessoas
para contar com detalhes determinados acontecimentos ou situações de
família, que ajudam quem as recebe de se aproximar da situação. Porém, há
muitos textos falados que se aproximam do polo da escrita formal como as
conferências. Com a utilização, muitas vezes de termos técnicos, o palestrante
disserta sobre um assunto e a maioria dos interlocutores ouve sem emitir
opinião.
Koch (2012, p.17) afirma que a fala possui características próprias. No
texto falado em situações de interação face a face, o locutor e o interlocutor
estão juntamente empenhados na produção do texto e, portanto, não se pode
analisar as produções individualmente. Já as produções escritas começam a
ser analisadas no início da vida escolar do indivíduo que, quando criança, entra
em contato com a escrita levando marcas da oralidade que aos poucos vão
sendo eliminadas e adequadas as regras da escrita pela intervenção de
profissionais, possibilitando que esse indivíduo construa seu texto e realize a
comunicação.
Ora, a criança, quando chega à escola, já domina a língua falada. Ao entrar em contato com a escrita, precisa adequar-se às exigências desta, o que não é tarefa fácil. É por essa razão que seus textos se apresentam eivados de marcas de oralidade, que, aos poucos, deverão ser eliminadas (KOCH, 2012, p 18).
Na fase da aquisição da escrita é comum surgirem as repetições que
mostram claramente a forma oral de se comunicar. Repetir seria como enfatizar
o que se deseja falar. Aparecem também os organizadores textuais como: e,
aí, daí, aí, então, etc, que são elementos típicos de textos orais, utilizados
como esclarecedores. Para a criança é necessário utilizar esse recurso para se
fazer entender e organizar suas ideias.
No texto falado, a repetição ocorre com extrema frequência, podendo mesmo ser considerada um dos mecanismos organizadores dessa modalidade textual; em ambas as modalidades, ela constitui, muitas vezes, um recurso retórico, desempenhando funções didáticas, argumentativas, enfáticas, etc (KOCH, 2012, p 22).
36
Escrever sem utilizar os sinais de pontuação, justapondo os enunciados
como se quisesse falar tudo rapidamente, além de segmentar as palavras,
cometendo equívocos na grafia correta, são interferências da oralidade que
segundo Koch (2012, p. 26) são práticas comuns na fase de aquisição da
escrita.
É bastante comum em textos de crianças a produção de enunciados justapostos, sem marcas de conexão explícita, sem elementos de ligação ou transição entre as ideias e, frequentemente, sem qualquer sinal de pontuação[...] A segmentação gráfica em textos de crianças é feita com base nos vocábulos fonológicos ou aquilo que a criança aprende como tal. O que se nota é que a criança, ao tentar efetuar a segmentação gráfica adequada, acaba, por vezes, caindo no extremo oposto, isto é, “picando” demais a palavra ou, pelo contrário, emendando vocábulos, conforme a maneira como são pronunciados (KOCH, 2012, p.25-26-28).
Koch (2012, p. 29-30) afirma que essas interferências da oralidade na
escrita inicial podem servir de base para a intervenção do professor durante a
fase da aquisição da escrita, levando o aluno a perceber que no texto escrito
deverá fazer uso dos recursos gramaticais para ser compreendido.
Trabalhando cada um deles separadamente e levando o aluno a perceber que o texto escrito difere daquele que usa na interação face a face, tendo portanto suas especificidades, ele acabará por construir um outro modelo de texto – o do texto escrito – e será capaz de – se e quando necessário – utilizar de forma adequada os recursos próprios desta modalidade. (KOCH, 2012, p 30).
Como a escrita faz parte de nosso cotidiano, vimos a necessidade de
focalizar, brevemente, alguns pontos sobre a escrita de nossa língua neste
trabalho. Deixamos esclarecido que segundo Kock (2012) aquele que produz
textos é um escritor que doravante, trataremos como autor.
Se focarmos a escrita na língua, será necessário conhecer bem as
regras gramaticais, ter um bom vocabulário como afirma Koch (2012, p. 32),
para produzirmos um texto. O que limitaria nossa criatividade para a escrita e o
texto seria visto como um simples produto.
Se focarmos no autor (KOCH, 2012, p. 33), entenderemos a escrita
como um produto -lógico- do pensamento (representação mental) do autor, que
expressa suas intenções, sem levar em conta as experiências do leitor e a
37
interação que envolve esse processo. Por esse enfoque, o leitor se limita ao
que o autor determina que acaba se tornando senhor absoluto de seu dizer.
Em um terceiro enfoque, o da interação, Koch (2012, p. 34) afirma que a
escrita é vista como uma produção textual levando em conta as intenções do
autor, sem ignorar os conhecimentos de seu leitor que se torna parte
constitutiva do processo. Entendida como uma concepção (dialógica) da língua,
tanto aquele que escreve como aquele para quem se escreve, são sujeitos
ativos que - dialogicamente- se constroem e são construídos no texto.
Existe, porém, uma concepção segundo a qual a escrita é vista como uma produção textual, cuja realização exige do produtor a ativação de conhecimentos e a mobilização de várias estratégias. Isso significa dizer u e o produtor, de forma não linear, “pensa” no ue vai escrever e em seu leitor, depois escreve, lê o que escreveu, revê ou reescreve o que julga necessário, em um movimento constante e on-line guiado pelo princípio interacional (KOCH, 2012, p 34).
Os conhecimentos dos mais diversos assuntos do mundo ficam
armazenados em nossa mente e são constantemente ativados pelos autores
dos mais diversos textos e assuntos (KOCH, 2012, p.41). Os textos escritos
podem vir carregados de humor, sarcasmo, tristeza, fatos históricos, enfim,
dependendo da vivência e do repertório de cada leitor, a compreensão da
leitura se fará de maneira mais ou menos fácil.
[...] a memória deixa de ser vista como um auxiliar do conhecimento, passando a ser considerada parte integrante dele, ou mesmo como a forma de todo o conhecimento: o conhecimento nada mais é que estruturas estabilizadas na memória de longo prazo, que são utilizadas para o reconhecimento, a compreensão de situações – e de textos -, a ação e a interação social (KOCH, 2002, p.40).
Além disso, conhecer os tipos de gêneros disponíveis torna mais
eficiente o ato de escrever, o que para nós não é difícil por termos contato com
vários gêneros escritos ao longo da vida como livros, bilhetes, cartas, etc.
A riqueza e a diversidade dos gêneros do discurso são infinitas porque são inesgotáveis as possibilidades da multiforme atividade humana e porque em cada campo dessa atividade é integral o repertório de gêneros do discurso, que cresce e se diferencia à medida que se desenvolve e se complexifica um determinado campo. Cabe salientar em especial a extrema heterogeneidade dos gêneros do discurso (orais e escritos), nos quais devemos incluir as breves réplicas do diálogo do cotidiano (saliente-se que a diversidade das modalidades de diálogo cotidiano é extraordinariamente grande em função do seu tema, da situação e da composição dos participantes) [...] (BAKHTIN, 2003, p. 262).
38
De acordo com as afirmações de Bakhtin (2003, p.262), somos capazes
de reconhecer dentro de um único texto, diferentes tipos de gêneros e as
diferentes sequências narrativas, descritivas, argumentativas ou expositivas,
que facilitam a nossa produção escrita e oral.
Todos os diversos campos da atividade humana estão ligados ao uso da linguagem. Compreende-se perfeitamente que o caráter e as formas desse uso sejam tão multiformes quanto os campos da atividade humana, o que, é claro, não contradiz a unidade nacional de uma língua. O emprego da língua efetua-se em forma de enunciados* (orais e escritos) concretos e únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo da atividade humana. Esses enunciados refletem as condições específicas e as finalidades de cada referido campo não só por seu conteúdo (temático) e pelo estilo de linguagem, ou seja, pela seleção dos recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais da língua mas, acima de tudo, por sua construção composicional (BAKHTIN, 2003, p. 261).
Para os professores em sua atividade diária, a escrita é essencial
durante o planejamento das aulas. Na elaboração de aulas virtuais não é
diferente. Os textos utilizados na elaboração dessa modalidade de aula são de
grande importância para a compreensão do conteúdo que se deseja ensinar,
portanto o professor deve cuidar para que a escrita seja clara e não produza
dúvidas para o aluno. Será por meio dessa escrita que a interação virtual vai
acontecer.
O texto pode ser oral ou escrito. É construído no processo das relações interacionais, isto é, quando um falante interage com outro ou com outros por meio da língua..., para produzir ou compreender um texto, tenho que ter não só conhecimentos linguísticos (conhecer vocabulário, a gramática da língua,isto é, suas regras morfológicas e sintáticas) mas também tenho que ter conhecimentos extralinguísticos (conhecimento de mundo, enciclopédico, históricos, culturais, ideológicos, de que trata o texto) [...] (BRANDÃO, 2009, p. 9-10).
A troca de informações e conhecimentos serão muito uteis para que as
aulas virtuais sejam produtivas. Todos os envolvidos no processo serão
capazes de interagir, perguntar, responder durante a leitura dos textos
oferecidos nos cursos em EaD e na realização de exercícios, abrindo um canal
de comunicação muito rico entre professores e alunos.
Segundo Cabral, Cavalcante (2010, p.54) [...] a internet aproximou os
seres humanos, ao tornar possível a comunicação de forma rápida, por outro
lado, ela implica certo distanciamento imposto pela utilização da palavra
39
escrita, [...] Cabral e Cavalcante (2010, p.54) seguem afirmando que a
linguagem escrita cumpre duplo papel: servindo tanto para a transmissão de
conteúdos quanto para a interação entre professor e alunos e dos alunos entre
si.
A EaD é uma modalidade de ensino que surgiu com a finalidade de
envolver o maior número de pessoas no mundo acadêmico, utilizando-se da
escrita como o meio de interação entre professor e aluno. Não é fácil mudar da
cultura da escrita no papel para o letramento digital.
Por isso segundo Cabral, Cavalcante, (2010, p. 79) o papel do professor
nesse contexto deixa de ser o detentor do conhecimento para interventor no
processo e interlocutor, atuando como corresponsável junto com os alunos.
Para tanto, a sua linguagem precisa refletir essa nova postura.
É fundamental observar quais os impactos que essa nova cultura vai
gerar e que resultados essa forma de relação com a leitura e com a escrita na
tela vão surgir. Podemos considerar essa relação como uma nova forma de
letramento sem esquecer que não significa apenas conhecer as tecnologias
digitais: letramento digital significa entrar em contato com essas tecnologias de
forma significativa, entendendo seus usos durante o curso e na vida
profissional e social.
A leitura em tela, por exemplo, fez retornar um comportamento há tempos esquecido pelo leitor: a leitura privada, não pública, solitária, feita em ambiente fechado, onde se encontra o computador, que precisa estar ligado à tomada, cheio de fios e grande demais para ser carregado pela rua, para ser lido dentro do ônibus (RIBEIRO, 2011, p.131).
Sabemos que a informatização não vai substituir a figura do professor,
mas também sabemos que não fará mágicas porque o computador só funciona
se alguém o manipular, segundo Coscarelli ( 2011, p. 25) É preciso, então, que
o professor conheça os recursos que ele oferece a favor de suas aulas e que
crie formas novas de usá-las, como afirma Coscarelli (2011, p. 26),
aproveitando os momentos em sala de aula, utilizando estratégias diferentes
para se chegar ao objetivo final.
40
Muitas atividades que realizamos quando estamos escrevendo e que
exigem de nós um mínimo de conhecimento da língua pátria, o computador
realiza automaticamente, como correções ortográficas, separação de sílabas. A
famosa letra cursiva, que ainda é alvo de críticas, agora pode ser alterada nas
fontes que estão disponíveis no computador. Coscarelli (2011, p. 29).
Atualmente digitar é uma atividade muito importante para quem quer entrar no
mundo letrado.
Se antes era importante saber separar as palavras em sílabas, hoje, quem digita não precisa se preocupar em partir as palavras para alinhar o texto, pois o computador faz isso automaticamente. Se antes era preciso saber escrever com letra cursiva, de preferência legível e bonita, agora é preciso saber digitar, é preciso conhecer as fontes disponíveis no computador e como usá-las. Ainda não precisamos trocar o lápis e a caneta pelo teclado, mas devemos aceitar essa troca como algo previsto para um futuro próximo (COSCARELLI, 2011, p.29).
Preparar os alunos para essa nova realidade, levando-os a aprender a
utilizar os recursos básicos para seu crescimento, é um desafio para os
professores de todos os níveis, principalmente para aqueles que trabalham
com formação de professores em universidades. Nossos alunos devem se
tornar usuários da tecnologia e não apenas alunos da disciplina de informática.
A informática deve ser um recurso que auxilie a aprendizagem de todas as
disciplinas ministradas nas escolas. Só assim teremos alunos pesquisadores e
críticos. Como afirma Coscarelli (2011, p. 32):
A escola precisa encarar seu papel, não mais de transmissora de saber, mas de ambiente de construção do conhecimento. Os alunos precisam saber aprender, saber onde encontrar as informações de que precisam e ter autonomia para lidar com essas informações, avaliando, questionando e aplicando aquelas que julgarem úteis e pertinentes (COSCARELLI, 2011, p.32).
Para Coscarelli (2010, p. 34) a escrita e a leitura na internet é por si uma
atividade prazerosa. Passar e receber e-mails faz parte do processo de
letramento digital dos alunos. No momento da criação de sua conta o aluno
realiza uma tarefa interessante segundo Coscarelli (2010, p. 34) preenchendo
formulários, criando sua senha, lendo os termos do contrato.
Assim começa a viagem de abrir sua caixa de e-mail e ler as
mensagens, responde-las ou não respeitando o espaço disponível em sua
41
caixa e a deletá-las quando necessário. Esse gênero textual passa a incorporar
o cotidiano dos alunos que, por sua vez, passam a escrever utilizando
abreviações e recursos visuais como os emoticons por exemplo.
O importante é não rotular o computador como o vilão da aprendizagem.
Quando os usuários, alunos e professores, souberem digitar, a lidar com
mecanismos de busca, de exploração das informações e com novas formas de
interação como e-mail, fóruns, entre outras, como afirma Coscarelli (2011,
p.40), estaremos iniciando o letramento desses usuários.
Para que a informática se instaure como tecnologia educacional, é preciso que os professores se preparem para operar desembaraçadamente com esse instrumental. Isso não significa ser expert em informática, mas familiarizar-se com os recursos básicos necessários à utilização dessa tecnologia (COSCARELLI, 2011, p. 40).
Familiarizar-se inclui saber dominar a máquina transcrevendo suas
ideias claramente, elaborando seu planejamento de aulas de forma
esclarecedora. É deixar o velho hábito de ler apenas nos livros marcando os
pontos importantes a lápis, para fazer leituras na tela do computador. Segundo
Coscarelli, (2011, p.129) aos poucos, a medida que o leitor praticar,
reconhecerá características do velho texto no novo objeto, aprenderá a lidar
com a tela e passará a consolidar novas práticas. A leitura e a escrita virtual
são novas possibilidades de continuarmos fazendo o que sempre fizemos, só
que de forma mais dinâmica.
A relação estabelecida (durante séculos) entre as mãos e o papel, o tato e a capa, as pontas dos dedos, a saliva e as arestas do papel, a página e a numeração, o movimento dos olhos e a forma das letras – a serifa – [...] tudo isso ganha status de opção e passa a fazer parte de um universo ampliado por uma nova possibilidade: a de ler diante de uma tela que emite luz, mover o texto de maneira indireta (por meio do mouse ou do teclado), sentir a eletricidade, ouvir os estalos da eletrostática, escrever copiando e colando, [...] na verdade, são apenas novas possibilidades para algo que já se fazia e já se fez na história das interfaces da leitura, interfaces homem/objeto de leitura. RIBEIRO In (COSCARELLI, 2011, p. 129).
Para ler é necessário um suporte e esses suportes se modernizam e
evoluem. A cada mudança o leitor também se modifica e se adapta as
mudanças, fazendo uso de seus conhecimentos prévios. A facilidade da leitura
e escrita no meio tecnológico é de inteira responsabilidade do leitor que poderá
42
ler de forma diferenciada pulando páginas, parágrafos, do final para o início ou
escolhendo os links que mais interessem e, assim, podem perceber todas as
possibilidades que o meio digital oferece.
Transcrever ideias, ler textos na tela do computador, são atividades que
fazem parte desse gênero muito utilizado atualmente na educação a distância:
a aula virtual. Para melhor compreensão desse novo gênero, precisamos
conhecer a sua definição.
2.1 Gênero Discursivo: aula em ambiente virtual
Considerando que todos os campos da atividade humana estão ligados
ao uso da linguagem e que o emprego da língua efetua-se em forma de
enunciados orais e escritos, estudamos o gênero discursivo que cresce e se
diferencia à medida que se desenvolve e se complexifica, por ser rico em
possibilidades comunicativas. Bakhtin (2003 p. 262), via a língua de forma
dinâmica produzida pela história. Ele tratou o gênero sob uma ótica sócio-
histórica e dialógica, ou seja, ele examina os gêneros por meio de sua
historicidade, e atribui-lhes uma natureza social, discursiva e dialógica.
Para o autor, o gênero é construído socialmente e repete padrões já
existentes, sendo produzidos por várias vozes. Por exemplo, quando nós
falamos ou escrevemos alguma coisa, não estamos sendo totalmente originais.
Nossa voz é atravessada por outras vozes, outros textos. Mesmo quando
ocorre uma grande mudança na sociedade (como a utilização de novas
tecnologias), abre-se espaço para a introdução de novos gêneros, novas
práticas sem que haja rompimento com as práticas já existentes. Sobre isso
vejamos o que diz Bakhtin:
O emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos) [...], cada enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais denominamos gêneros do discurso. A riqueza e a diversidade dos gêneros do discurso são infinitas porque são inesgotáveis as possibilidades da multiforme atividade humana e porque em cada campo dessa atividade é integral o repertório de gêneros do discurso, que cresce e se diferencia à medida que se desenvolve e se complexifica um determinado campo (BAKHTIN, 2003, p. 261-262).
43
Segundo Bakhtin (2003, p. 262-266) gêneros do discurso são tipos
relativamente estáveis de enunciados e que, por serem determinados pelas
esferas das atividades humanas e da comunicação, estão em constante
mudança por estarem ligados as modalidades estilísticas, palavras dialéticas,
arcaicas e profissionais. Com essa contribuição, Mikhail Bakhtin nos deixou
suporte para compreender os meios de comunicação pela internet.
Para Bakhtin (2003, p.268), só nos comunicamos, falamos e
escrevemos, por meio de diferentes tipos de gêneros de conversação e
diálogo. Os sujeitos tem um infindável repertório de gêneros orais e escritos, e
muitas vezes, nem se dão conta disso. Nos comunicamos sem nos preocupar
que tipo de gênero vamos utilizar. Essa utilização é natural. Reconhecemos o
que é um bilhete, anotamos recados, lemos receituários médicos, receitas
culinárias, conferimos notas de compras, verificamos extratos bancários, dados
que estão incorporados a nossa vida diária. Tais gêneros nos são dados,
conforme Bakhtin (2003, p.282), ” uase da mesma forma com ue nos é dada
a língua materna, a qual dominamos livremente até começarmos o estudo
te rico da gramática”. om relação a palavra, o autor afirma ue escolhemos
as palavras de acordo com as especificidades do gênero discursivo utilizado no
momento. (BAKHTIN, 2003, p.293).
Levando em conta a teoria bakhtiniana da relativa estabilidade dos
gêneros, é importante considerar o gênero aula como um gênero enquadrado
nessa perspectiva do hibridismo, por isso, Marcuschi postula que:
“[...] os ambientes virtuais são extremamente versáteis e hoje competem, em importância, entre as atividades comunicativas ao lado do papel e do som (...) a Internet é uma espécie de protótipo de novas formas de comportamento comunicativo” A HI , 2002, p. 13).
Em geral, as aulas tem uma estrutura comum: apresentação, conteúdo,
exercícios, respostas, exercícios que devem ser enviados para o professor
tutor. Em EaD é necessário que haja elementos atrativos para manterem o
aluno conectado a atividade proposta. Na aula virtual se o texto apresentado só
tiver a fonte como elemento de destaque, ficará muito próximo dos textos de
livros didáticos convencionais, não havendo interação digital real.
44
O gênero aula envolve interação verbal e a conversa abrange
conhecimentos sobre a disciplina a ser ensinada e inclui exercícios. Os
participantes entram na conversa com objetivo específico de aprender. A aula
presencial é híbrida e se aproxima de duas modalidades: o gênero oral e o
gênero escrito. Já a aula virtual é mais escrita do que oral e simula situações
de oralidade. As interações que não são simultâneas partem para as
simultâneas em fóruns (onde os alunos respondem escrevendo/ digitando)
diretamente para o professor ou mesmo trocando informações com seus
colegas no ambiente virtual.
Segundo Shepherd (2013, p. 246) o ensino baseado em gêneros se
configura, portanto, numa perspectiva em que os professores criem situações
didáticas cuja intenção seja proporcionar aos estudantes a vivência de
múltiplos letramentos. E também um ambiente motivador para que o aluno
consiga pesquisar e aumentar seu interesse pelos mais diversos assuntos.
Dessa forma, a aula virtual se configura como um gênero em constante
mudança, por ser um meio de comunicação que deve atingir um determinado
público, situações diversas e que permitam a autonomia e comprometimento
do participante. Esse comprometimento se dá quando ele se disciplina, lê,
pesquisa e responde aos exercícios e posta na plataforma no tempo
determinado.
Sabemos que as aulas presenciais necessitam de planejamento
baseadas em um conteúdo programático específico, elaborado por um
professor da área que domine a disciplina em questão, e que esse professor
ministre essas aulas e faça um acompanhamento desses alunos e os avalie.
Nas aulas virtuais esse processo acontece de forma mais ampla: um professor
docente, que é responsável pela elaboração do material, elaborará as aulas
que serão veiculadas na plataforma escolhida pela Instituição.
Edith Litwin (2001) destaca ainda que quem é um bom docente será também um bom tutor. Um bom docente cria propostas de atividades para reflexão, apoia sua resolução, sugere fontes de informação alternativa, oferece explicações, facilita os processos de compreensão; (LITWIN, 2001, p.99)
45
Haverá um professor tutor que orientará os trabalhos acadêmicos,
acompanhará os alunos em suas dúvidas e responderá aos questionamentos
em fóruns, por exemplo, oferecendo novas possibilidades de informação,
interpretação, reflexão, compreensão e reconstrução do conhecimento e, um
professor tutor presencial que acompanhará os alunos, presencialmente, com
encontros frequentes ou esporádicos, estando junto dos alunos face a face,
promovendo interação com os conteúdos, permitindo atendimento
individualizado ou em grupo. Tanto o professor tutor quanto o professor tutor
presencial, receberão suporte do professor docente, para que não haja
equívocos durante o desenvolvimento da disciplina.
O que se espera do aluno virtual é que ele seja capaz de compreender
essa leitura, de entender o funcionamento dos elementos que compõem a sua
língua pátria, possuir certa independência (já que na maioria dos casos
possuem mais idade), deve ter acesso às tecnologias e saber manuseá-las,
dispor de tempo para os estudos para realizar as atividades, deve ter
capacidade de reflexão, argumentação e pensamento crítico e, um maior
controle sobre o percurso de sua aprendizagem. Para isso o aluno deve ser
mais responsável, mais proativo, mais participativo.
Em contrapartida, o professor deverá ser capaz de se comunicar com
seus alunos dentro dessa perspectiva. Sobre a atualização dos docentes
Coscarelli (2011, p. 8) afirma que:
Para atualizar os docentes é preciso repensar a sala de aula, refletir sobre os ambientes de ensino/aprendizagem, reconfigurar conceitos e práticas. Assim, como a emergência das novas tecnologias, emergiram formas de interação e até mesmo novos gêneros e formatos textuais (COSCARELLI, 2011, p.8).
Os professores saem das salas de aulas físicas e passam para as salas
virtuais, lançando mão dos recursos disponíveis pela tecnologia para ilustrar as
aulas e utilizando a escrita como a forma principal de comunicação. Os Objetos
de aprendizagem (OAs), como ferramentas de ensino podem trazer para a sala
de aula muitas possibilidades de aprendizagem, motivando o aluno a aprender
utilizando recursos digitais aumentando o interesse pelas atividades propostas.
Os alunos interagem, compartilham conhecimentos de maneira interativa. É a
atitude responsiva ativa, como afirma Bakhtin (2003, p. 272).
46
Portanto, toda compreensão plena real é ativamente responsiva e não é senão uma fase inicial preparatória da resposta (seja qual for a forma que se dê). O próprio falante está determinado precisamente a essa compreensão ativamente responsiva: ele não espera uma compreensão passiva, por assim dizer, que apenas duble o seu pensamento em voz alheia, mas uma resposta, uma concordância, uma participação, uma objeção, uma execução, etc (BAKHTIN, 2003, p.272).
O gênero estabelece uma interconexão com a vida social por meio dos
enunciados concretos e estão sempre vinculados a um domínio da atividade
humana.
Em cada época de evolução da linguagem literária, o tom é dado por determinados gêneros do discurso, e não só gêneros secundários (literários, publicísticos, científicos) mas também primários (determinados tipos de diálogo oral – de salão, íntimo, de circulo, familiar-cotidiano,sociopolítico, filosófico,etc.) (BAKHTIN, 2003, p.268).
Como todo gênero envolve interação verbal, o diálogo que é a forma
clássica de comunicação discursiva, se faz presente (BAKHTIN, p. 275).
Observamos a alternância dos sujeitos do discurso de modo mais simples e
evidente no diálogo real.
Nas interações virtuais o contato acontece por meio de troca de
informações, que apesar de mediado por uma máquina, é legítimo. Para
compreendermos melhor esse conceito, estudaremos a seguir o Dialogismo na
EaD.
2.2 Dialogismo na EaD
A linguagem está sempre ligada a um tempo, um espaço e a posição do
sujeito diante do mundo. E esse sujeito utiliza essa linguagem da melhor forma
possível, num determinado momento histórico ou situação para se fazer
entender pelo outro.
Para estudar a natureza das categorias de tempo e espaço representados nos textos, Bakhtin cria o conceito de cronotopo formado pelas palavras gregas crónus (= tempo) e tópos (= espaço) [...] Figura-se o mundo por meio de cronotopos, que são, pois uma ligação entre o mundo real e o mundo representado, que estão em interação mútua (FIORIN, 2008, p. 133).
47
Ao levar em conta seus interlocutores, utilizando a mesma língua, ele vai
se colocar como sujeito sem repetir ninguém. Estando sozinho, refletindo, esse
sujeito também vai se colocar diante de suas reflexões e a linguagem será o
veículo para que a comunicação aconteça em um tempo e um espaço
determinado. Segundo Amorim: (2012, p.112), O cronotopos em literatura é
uma categoria da forma e do conteúdo que realiza a fusão dos índices
espaciais e temporais em um todo inteligível e concreto.
Podemos reconhecer essa relação espaço temporal bem definida nas
interações virtuais na EaD. Em alguns momentos ela pode ser assíncrona mas
é legítima. A falta de contato visual não impede que a comunicação se realize.
Todos os envolvidos na interação estão conectados no mesmo espaço e
podem acessar a plataforma em momentos e horários distintos.
O conceito de cronotopo trata de uma produção da história. Designa um lugar coletivo, espécie de matriz espaço temporal de onde as várias histórias se contam ou se escrevem.[...] Podemos então concluir que, no trabalho de análise dos discursos da cultura, quando conseguimos identificar o cronotopo de uma determinada produção discursiva, poderemos dele inferir uma determinada visão de homem. Determinadas produções culturais facilitam essa tarefa, pelo seu poder de síntese e por sua precisão, e podem, assim, nos ajudar a identificar o que poderíamos chamar de cronotopo contemporâneo (AMORIM, 2012, p.105-106).
Podemos observar que a visão do homem moderno é aquele que
dialoga com seus pares de forma diferenciada, utilizando o ambiente virtual
para facilitar seus contatos, procurando se conectar com pessoas que tenham
interesses comuns. Para isso, além de utilizar os recursos visuais que a
internet oferece, faz uso da linguagem para viabilizar a comunicação.
A função da linguagem é a de refletir o mundo, desde que não nos
esqueçamos que essa linguagem constitui e é constituída desse sujeito. Mais
do que língua, a linguagem é tudo que oferece significado e sentido para a
nossa comunicação e expressão. Bakhtin (2006, p.17) trata dessas relações
colocando como elemento centralizador o signo. Nenhuma linguagem pode
aparecer sem um signo, como por exemplo, na linguagem escrita ou verbal, as
palavras com seus sons, organização sintática, morfológica, textual, discursiva
são o suporte dessa linguagem. Para Bakhtin (2006, p. ‘o signo e a situação
social estão indissoluvelmente ligados’.
48
Bakhtin (2006, p.30), destaca ue ‘a palavra é o signo ideol g ico por
excelência’. e fine como signo ‘tudo ue é ideol gico, possui um significado e
remete a algo situado fora de si mesmo’, citando como exemplo o pão e o
vinho como signo ideológico no sacramento cristão da comunhão. Bakhtin
(2006) ressalta, ainda, o caráter semiótico do signo no conjunto da vida social,
que além de refletir uma realidade, se materializa como som, cor, massa física,
movimento do corpo ou outra forma de expressão. Privilegia a palavra ‘ u e
funciona como elemento essencial e acompanha toda criação ideológica, seja
ela ual for’, pois todas as manifestaç es da criação ideol gica de signos não-
verbais podem ser manifestadas pelo discurso verbal.
Bakhtin (2006) retoma, nesta obra, o conceito de dialogismo e o valor
duplo da palavra, ou seja, por um lado palavra no sentido de unidade lexical e,
por outro, no sentido de encadeamento de ideias como unidade de enunciação.
As palavras são unidades da língua, enquanto os enunciados são unidades
reais de comunicação. Por isso o enunciado é singular; não é determinado pela
dimensão, mas pelo dialogismo. Vale destacar a afirmação de Bakhtin (2003),
quando diz que o enunciado não existe fora do dialogismo, pois este é
constitutivo do enunciado:
Cada enunciado é pleno de ecos e ressonâncias de outros enunciados com os quais está ligado pela identidade da esfera de comunicação discursiva. Cada enunciado deve ser visto antes de tudo como uma resposta aos enunciados precedentes de um determinado campo a ui concebemos a palavra “resposta” no sentido mais amplo): ela os rejeita, confirma, completa, baseia-se neles, subentende-os como conhecidos, de certo modo os leva em conta (BAKHTIN, 2003:297).
O dialogo compõe-se como característica decisiva da linguagem.
Quando se pensa em linguagem, pensa-se em tudo que vai auxiliar na
comunicação e expressão além de mostrar a posição do sujeito diante do
mundo. A ação entre duas pessoas no momento da comunicação é uma
relação tensa. A tensão é inerente ao dialogismo, onde a interação acontece na
troca, numa relação de discursos, as crenças de ambos se entrelaçam para
produzir sentido.
Ao contrário, todos os enunciados no processo e comunicação, independentemente de sua dimensão, são dialógicos. Neles, existem uma dialogização interna da palavra, que é perpassada sempre pela
49
palavra do outro, é sempre e inevitavelmente também a palavra do outro. Isso quer dizer que o enunciador, para constituir um discurso, leva em conta o discurso de outrem, que está presente no seu. Por isso, todo discurso é inevitavelmente ocupado, atravessado, pelo discurso alheio. O dialogismo são as relações de sentido que se estabelecem entre dois enunciados (FIORIN, 2008, p. 19).
A atividade humana, assim como a linguagem se constroem dentro de
relações de interação e, as pessoas ao dialogarem conseguem recuperar fatos,
conversas anteriores e pensam em questões possíveis de acontecer. Em
textos diversos que podem ser textos literários, jornalísticos, a ideia do
dialogismo é a de textos que podem ter essa recuperação, de algo que já
passou ou de algo que pode ser realizado no futuro. Portanto o texto não pode
ser pensado em si mesmo, isoladamente.
Fiorin (2008, p. 23) “As unidades da língua são neutras, en uanto
enunciados carregam emoç es, juízos de valor, paix es”. O ue os indivíduos
acreditam e suas opiniões, irão ditar o seu tipo de comunicação para com o seu
interlocutor. Não basta saber o que significam é preciso perceber as relações
dialógicas.
Quando recebemos uma enunciação significativa se espera de nós uma
réplica. Podemos concordar, apreciar, agir. O movimento dialógico é que vai
nos direcionar na compreensão dos enunciados alheios e aos nossos próprios
enunciados.
Neste caso, o ouvinte, ao perceber e compreender o significado (linguístico) do discurso, ocupa simultaneamente em relação a ele uma (total ou parcialmente), completa-o, aplica-o, prepara-se, para usa-lo, etc.; essa posição responsiva do ouvinte se forma ao longo de todo o processo de audição e compreensão desde o seu início, às vezes literalmente a partir da primeira palavra do falante (BAKHTIN, 2003, p.271).
Segundo a concepção bakhtiniana, a atitude do interlocutor é sempre
responsiva, mesmo que ela não se traduza em nenhum ato ou discurso
imediatos estando sempre pronto para reagir as solicitações. É o caso do aluno
ao responder os questionamentos durante as aulas virtuais e do professor
durante a devolutiva. Nesse caso, tanto professor como aluno tem uma atitude
responsiva frente ao ambiente de aprendizagem. Essa comunicação
assíncrona constitui uma das peculiaridades do AVA.
50
Sendo o enunciado dialógico, constituído de muitas vozes, todo ato traz um tom avaliativo pelo qual o sujeito se responsabiliza e envolve um conteúdo e um processo que adquire sentido pela entoação avaliativa em relação com a responsividade ativa do interlocutor, coautor do enunciado, da produção de seu sentido. Essa entoação avaliativa do criador relaciona-se com a resposta ativa presumida do outro, uma vez que todo discurso carrega consigo uma valoração (BERTI-SANTOS, 2011, p. 106)
Em toda comunicação virtual, principalmente na EaD, devemos nos
mostrar polidos sendo claros em nossas solicitações e respostas, por não
estarmos presentes para resolver problemas decorrentes de má interpretações
durante a comunicação e interação virtual.
Todas as respostas devem ser tratadas de forma a não se criar
equívocos na comunicação. Para isso é necessário se estabelecer regras de
convivência, para que a amabilidade seja o ponto alto na comunicação.
Para abordar esse assunto, no próximo capítulo, estudaremos a polidez
nas comunicações virtuais pensando na preservação da liberdade de
expressão e no cuidado que se deve ter durante uma interação, para se evitar
confrontos desnecessários, principalmente entre professor e alunos.
2.3 Polidez nas interações virtuais
Existe uma sensação geral de que não há mais cortesia nos dias atuais.
Porém, o jogo da cortesia está diretamente ligado a vida social, ao se procurar
mostrar respeito pelo interlocutor, seja para demonstrar afeto, gentileza ou
mesmo para não ofendê-lo. Como as manifestações de cortesia verbal são
discretas, devemos pensar um pouco em como as relações virtuais estão
acontecendo, já que é uma prática constante em nossas vidas.
Sentimos então, a necessidade de conhecer algumas definições de
polidez para ajudar na compreensão desse capítulo.
Brown & Levinson (1987) discutem o fenômeno da polidez segundo o
qual qualquer mensagem deve ser uma mistura cuidadosa de deferência e
solidariedade.
51
A comunicação virtual é fonte de oralidade e de liberdade de expressão.
Por sermos um povo conhecido mundialmente como hospitaleiro, comunicativo
e alegre precisamos cuidar bem dessa forma de comunicação. No campo do
estudo da língua, segundo Koch e Bentes (2008, p.25), a polidez é forjada em
meio a práticas sociais, portanto, é preciso entender que o contexto de
comportamento dos usuários é fundamental para se buscar construção de
polidez.
O Dicionário Houaiss (2009, p.1516) assim define a polidez:
Polidez. \ê\sf.(c1539) 1 - Caráter ou qualidade do que é polido. 2 – Atitude gentil; cortesia, civilidade. 3 – LING. Característica do discurso., que indica cortesia, gentileza, civilidade, etc., do locutor (autêntica ou não), e que se expressa especialmente nas formas de tratamento, em expressões que atenuam o tom autoritário do imperativo (como por gentileza, por favor, se me permite, etc.) e outras fórmulas de etiqueta linguística. ETIM polido + ez. SIN/VAR ver sinonímia da delicadeza. ANT impolidez, grosseria, secura; ver também antonímia de delicadeza.
As normas de polidez são universais uma vez que em toda sociedade
existem regras a serem seguidas. A polidez existe para salvar a face, a
imagem construída por nós e que não queremos que invadam. Cabral e
Cavalcante (2010, p.60). Em cada interação os interlocutores procuram evitar
qualquer tipo de agressão à sua face e a do parceiro. O estudo da polidez nas
interações online é assunto recente nos meios acadêmicos. Porém, as relações
pessoais têm sofrido mudanças devido às inúmeras possibilidades de interação
que o ambiente virtual tem proporcionado.
Com os variados aparelhos portáteis existentes, as distâncias entre
países mais remotos têm sido minimizadas. Em questão de segundos as
pessoas podem se ver, falar em tempo real. Sem falar nas possibilidades do
aumento nos relacionamentos interpessoais no espaço virtual e, a possibilidade
de conhecimento de realidades diferentes. Com isso, o número de usuários
vem crescendo a cada dia e o mundo está cada vez mais conectado, porém
essas relações podem ser muito voláteis. Como ter certeza que estamos
falando com alguém real? Podemos encontrar pessoas que assumem outra
identidade, tornando–se verdadeiros espiões de outros, ou simplesmente que
se exibem virtualmente.
52
De acordo com Berti-Santos (2011, p.101) no ambiente virtual a
presença física se dá de forma semiótica, ou seja, nosso mundo é semiotizado
pelos discursos e a relação entre esses discursos, as diferentes vozes que os
compõem é o dialogismo. O papel que cada usuário vai exercer dependerá da
plateia ue está “assistindo” essa representação. A imaginação flui de forma
liberada e cada um reagirá de forma diferente. Será preciso, cada vez mais,
que o respeito seja fortalecido, porque muitos se sentirão invadidos, outros
traídos em sua confiança, por ue nesse ambiente se criarão “personagens”
que poderão usar um vocabulário inadequado, os bate-papos poderão se
tornar vulgares e até mesmo promíscuos.
Os textos que circulam na internet, as salas de bate-papo, os recados
deixados nas redes sociais, são carregados de marcadores discursivos,
abreviações, que tornam a escrita do usuário individualizada. Por sermos um
povo comunicativo, o cuidado com as palavras é fundamental. Como já
havíamos dito anteriormente, de acordo com Koch e Bentes (2008, p.25), a
polidez é forjada em meio a práticas sociais, isto é, são fenômenos
constitutivamente culturais.
Durante um curso a distância a escrita é o ponto alto da comunicação a
todo o momento essa interação precisa ser bem trabalhada porque, a EaD não
é mais ou menos importante que o ensino presencial e, sim, uma interação
mediada pela máquina com formato, funcionamento e normas de conduta
diferenciadas (BARROS, 2008, p. 73).
Como consequência disso, as formas de interação pela escrita são
desafiadoras e oferecem maior chance para mal entendidos. Para o docente
virtual os desafios são: promover e gerenciar os diferentes tipos de interação
dentro dos fóruns e Chats sem ignorar os objetivos pretendidos em cada
interação, garantir as relações de cordialidade e fazer com que os alunos
sintam-se a vontade no ambiente virtual. Assim, a importância de se estudar a
polidez surge para garantir uma interação de qualidade.
Do mesmo modo, é importante estudá-los no contexto da sala de aula digital, em que se utilizam fóruns, nos quais a interação ocorre utilizando-se o canal da escrita, já que, em consequência da ausência de marcadores paralinguísticos e prosódicos como olhar, entonação
53
etc., podem existir problemas de interpretação. Além disso,o ambiente virtual traz muitos desafios também para o aluno, que se sente vulnerável por ainda não ter se apropriado da cultura digital, daí a necessidade de o professor estar atento ao mecanismo da preservação das faces, garantindo que o aluno se sinta num ambiente amigável, de certa forma “confortável”, apesar das dificuldades e dos desafios inerentes à situação (BARROS; CRESCITELLI, 2008, p. 77).
Na EaD é fundamental que a comunicação aconteça de forma agradável
pois, o distanciamento pode ocasionar um baixo rendimento na aprendizagem
e provocar evasão. Há variáveis importantes no aspecto linguístico da polidez
como tom de voz (que na EaD pode ser representado pela caixa alta durante a
escrita), expressões de tratamento, marcadores de discurso que podem
promover uma interação colaborativa no meio virtual de aprendizagem,
aproximando professores e alunos, o que ajudará muito no processo de
aprendizagem. É importante que o aluno tenha a sensação de que estamos
falando com ele, nos dirigindo a ele como interlocutor. Saber posicionar-se
frente a hierarquias facilita muito a polidez nas relações interpessoais e
garantem os valores sociais.
Sem esquecer que a interação acontece numa troca entre pelo menos
dois interlocutores, precisamos nos incluir nas mensagens. Segundo Cabral e
Cavalcante (2010, p.63).
[...] a melhor forma de mostrar aos alunos que participamos juntamente com eles da interação nas práticas educativas à distância é por meio do uso da primeira pessoa do plural (nós) para as ações que envolvem os alunos, alternando com a primeira pessoa do singular (eu) quando nos referimos a nós individualmente (CABRAL; CAVALCANTE, 2010, p.63).
Os alunos acessam o ambiente virtual, se não compreendem o conteúdo
precisam enviar uma mensagem solicitando esclarecimentos ficam aguardando
o contato com a resposta. Por isso as mensagens devem ser claras, de forma
que o aluno compreenda que a realização da atividade é importante e
obrigatória para que se concluam as etapas da disciplina, assim como nas
aulas presenciais. Cabral e av alcante , p. 64 afirmam [...] “como vimos
até aqui, é importante deixar claro para os alunos que, nas práticas educativas
a distância, precisamos assumir uma atitude de agentes do processo, que, sem
a participação efetiva de todos, fica comprometido”.
54
Nos fóruns educacionais digitais, segundo as necessidades da turma, se
discutem temas específicos. Situações tensas que possam comprometer a
interação podem acontecer mesmo que professor e alunos interajam de forma
assíncrona, sem partilhar do mesmo espaço físico e temporal. Para Cabral e
Cavalcante (2010, p.72):
Uma das finalidades a que se propõe o fórum á a socialização, pois por meio dessa ferramenta a troca deve ser intensa e constante. Por conta de suas características, o fórum é apresentado como uma ferramenta assíncrona, pois os locutores não precisam estar todos ‘conectados’ no mesmo momento.
O objetivo dessa ferramenta deve centrar-se na troca de experiências, saberes e perspectivas. Também é necessário que o professor a utilize para estimular a troca entre os locutores, a a comunicação, a reflexão e um posicionamento sobre o assunto em discussão (CABRAL; CAVALCANTE, 2010, p. 72).
Participar constantemente das discussões nos fóruns educacionais fará
com que o aluno perceba que, por meio da ferramenta, o conhecimento se
constrói coletivamente e que suas ideias poderão ser partilhadas com os outros
colegas e que há a necessidade de dialogar com todos, inclusive com o
professor (CABRAL; CAVALCANTE, 2010, p. 73).
Utilizar uma linguagem adequada para atingir os objetivos da disciplina,
saber se colocar assumindo posturas, emitindo opiniões, respeitando a opinião
dos outros, é uma forma polida de dialogar e de interagir com os outros
participantes e com o professor.
Podemos observar algumas variáveis nos exemplos a seguir.
Iniciaremos a análise do Corpus, observando a materialidade linguística do
texto, traços de mal entendidos e possibilidades viáveis para facilitar a
comunicação com a sugestão de utilização de atenuantes que podem melhorar
o nível da interação.
55
CAPÍTULO III
3 PASSOS METODOLÓGICOS
O corpus a ser analisado é composto por uma aula virtual na disciplina
de Desenvolvimento Web, oferecida para uma turma de 5º semestre do curso
de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e um Fórum na
disciplina de Comércio eletrônico (E-commerce), oferecida para uma turma de
4º semestre do curso de Tecnologia em Sistemas para Internet.
Tanto a aula virtual quanto o Fórum fazem parte do programa de cursos
em EaD, oferecidos por uma Instituição de Ensino Superior da Cidade de São
Paulo.
Propositalmente, como já afirmamos no início desse trabalho,
escolhemos disciplinas de TIC, para mostrar que a linguagem entre
professores e alunos deve ser o mais adequada e polida possível,
independente do curso ou disciplina a ser ministrada.
Falar de EaD, Aula Virtual, Fórum é falar de educação, de planejamento,
objetivos e avaliação. Não poderíamos deixar de lado alguns aspectos que
estão presentes tanto nas aulas presenciais como nas aulas da EaD. Para
tanto, entendemos a importância em abordar alguns pontos, que ajudarão o
leitor a compreender como essas aulas são planejadas.
É importante salientar que toda aula tem uma estrutura comum e,
planejar o ensino, seja ele presencial ou a distância tem a mesma importância.
Segundo Tarcia; Carlini (2010, p. 40), não há diferenças entre planejar o ensino
presencial ou virtual, o processo não apresenta diferenças significativas [...]; as
diferenças se dão, sobretudo nas tomadas de decisão.
Esse processo que determina os rumos de uma nova ação educativa deve incluir uma fase de preparação, que rascunha respostas para u est es como: “A u em ensinar?”, “Por u e ensinar?”, “O u e ensinar?”, “ om o ensinar?”, “Que recursos usar?”, e, por fim, “ o mo
56
perceber se está dando ou se deu certo esse novo modo de ensinar que propicia uma nova forma de aprender?” (TARCIA; CARLINI, 2010, p.43)
Tarcia (2009) destaca também, que os materiais didáticos são de grande
importância nas aulas em EaD e assinala que constituem materiais didáticos na
EaD: os textos impressos, os objetos de aprendizagem conhecidos por (OA), o
AVA, entre outros.
Como textos impressos, e OA fazem parte de nosso corpus e estando o
corpus no ambiente AVA, iniciaremos nossa análise apresentando os objetivos
das disciplinas escolhidas e alguns dados sobre os alunos matriculados em
três turmas de cada disciplina.
A disciplina de Desenvolvimento WEB na modalidade EaD (aula virtual),
tem por objetivo: Desenvolver aplicações para internet/intranet em ambiente
empresarial utilizando uma linguagem orientada a objetos.
Os alunos nessa disciplina, foram distribuídos em três turmas de 30, 22
e 14 alunos. Sendo um total de 66 alunos.
A disciplina de Comércio eletrônico (E-commerce) na modalidade EaD
(Fórum) tem por objetivo: Planejar, desenvolver e analisar lojas virtuais,
comércios eletrônicos e aplicações para internet com acesso a banco de
dados.
Os alunos foram distribuídos em três turmas de 24, 1 e 1 aluno. Sendo
um total de 26 alunos. Lembramos que, na EaD as turmas são compostas por
alunos matriculados em diferentes polos que se juntam em uma disciplina. Na
verdade em EaD, os alunos de polos diferentes formam uma única turma,
interagindo no Fórum como uma turma única.
Os alunos que procuram os cursos em Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Tecnologia em Sistemas para Internet dessa Universidade na modalidade EaD são, em sua maioria, adultos,
trabalhadores, que muitas vezes já atuam na área das TICs. E a Universidade
tem como objetivo do curso que, após de formados, os egressos sejam
profissionais aptos e pró-ativos em condições de se antecipar aos problemas,
57
sabendo trabalhar em equipe, comprometidos com metas e resultados,
cultivando o hábito da educação continuada.
Vale a pena salientar que a Universidade em questão tem seus cursos
regulamentados pelo MEC e conta com um corpo docente de Mestres e
Doutores, um acervo bibliográfico físico, Digital e laboratório, oferecendo uma
excelente infraestrutura aos alunos, graduandos e pós-graduandos.
Assim como os Planos de aula dos cursos na modalidade EaD são os
mesmos que os da modalidade presencial, o material produzido para a
modalidade EaD também vem sendo disponibilizado para a modalidade
presencial, nessa Universidade.
O professor que aparece como interlocutor nas interações – aula virtual
e Fórum – dessa pesquisa, vem se aperfeiçoando dentro da área de TICs
desde 2003. É formado em: Gestão de Ambientes Internet e Redes de
Computadores, Tecnologia em Gestão de Redes de computador e Internet,
Especialista em MBA em Gestão de Tecnologia da Informação e Internet,
Docente para o Ensino Superior e Mestrando em Engenharia Biomédica, na
área de desenvolvimento de sistema na área médica com Prontuário Eletrônico
para Dispositivos Móveis. Trabalha com tecnologia desde 1988 e nas salas de
aula com graduação, desde 2009, portanto, possui experiência para interagir
com os alunos seja em aulas virtuais ou fóruns, objetos de nosso estudo.
A partir do próximo tópico, iniciaremos a análise da Aula Virtual,
observando a materialidade linguística do texto, que apesar de bem elaborado,
traz alguns pontos a serem discutidos no decorrer da análise.
3.1 Aula virtual
Um curso elaborado para EaD se compõe de unidades de conteúdo,
como o curso da modalidade presencial. Segundo Cabral (2008, p. 158), há
uma diferença entre essas duas modalidades: no EaD as unidades de
conteúdo não são atreladas ao fator tempo ligado a hora/aula como no curso
presencial e o curso em EaD é estabelecido por unidades de conteúdo.
58
As aulas virtuais são elaboradas antecipadamente e colocadas a
disposição dos alunos no AVA. Ainda segundo Cabral (2008, p.158), em vez de
assistirem a uma aula, devem ler a informação na tela.
Ensinar e aprender, sem estar necessariamente presente a uma sala de
aula, é uma prática que ocorre há muito tempo, por diversos meios, em muitos
países como afirmam Albert; Migliorança (2008, p. 105). A aula virtual, é uma
realidade e necessita ser elaborada levando-se em conta que se trata de uma
interação assíncrona, isto é, uma interação em que as situações de
comunicação não ocorrem em tempo real (TARCIA; COSTA, 2010, p. 7).
Sendo assim, é necessário, como aponta Cabral e Cavalcante (2010, p.
56), observar que [...] há algumas regrinhas de ouro para garantir a eficácia de
um texto a ser utilizado em EaD: precisamos ser claros, concisos, polidos e
procurar utilizar a linguagem elemento atenuante da distância imposta pela
máquina.
Um desses atenuantes é a saudação no início da interação. Observando
a figura 1 da Aula Virtual que nos servirá de exemplo, percebemos que não
apresenta uma saudação, e possivelmente crie um certo distanciamento entre
o aluno e o professor.
59
Figura 1 - Exemplo de tela de estudo das aulas virtuais com infográfico
Fonte: Uma Instituição de Ensino Superior da cidade de São Paulo.
A saudação iniciando uma interação, no caso, a aula virtual é
importante para abrir o canal comunicativo e estimular o aluno a participar da
60
interação. Porém é necessário observar qual o grau de intimidade entre os
participantes.
Na interação entre amigos ou entre colegas de turma, há uma igualdade de poder, enquanto entre professor e alunos existe uma hierarquia na qual o professor se enquadra numa posição superior à dos alunos, o que naturalmente gera maior distância (MARQUESI; CABRAL, 2010, p. 248).
Para minimizar a distância causada pela modalidade EaD, existem
fórmulas que indicam nosso grau de intimidade com o interlocutor. Mas, qual
será a fórmula mais adequada para interagirmos com nossos alunos no AVA?
Segundo Cabral e Cavalcante (2010, p. 61).
Essa resposta vai depender do tipo de instrumento da interação [...] nos avisos de orientações de estudos, que são documentos mais institucionalizados e gerais, podemos optar Pela f rm ula “ ar os alunos”, u e marca o desejo de proximidade, mas mantém a adequação à situação (CABRAL; CAVALCANTE, 2010, p.61).
Voltando ao texto da figura 1, podemos observar que a linguagem
utilizada, está bem próxima das linguagens de apostilas físicas ou livros
didáticos. Isso é uma peculiaridade que a linguagem da internet traz do texto
escrito: pode ser planejada, pensada, reformulada, o que faz com que sua
estrutura fique igual a de um texto escrito Cabral; Cavalcante (2010, p. 56).
O título da aula virtual está em destaque. O conteúdo está escrito em
uma linguagem clara. Segundo Cabral; Cavalcante (2010, p. 56), a clareza dos
textos depende em parte do vocabulário utilizado.
No segundo parágrafo observamos que o professor utilizou alguns
termos técnicos como: JSP, Servelet e banco de dados, Clint/Server, para que
os alunos se identifiquem com o que já conhecem ou com o que já aprenderam
em semestres anteriores, já que se encontram no 5º semestre. Os termos
técnicos foram utilizados apenas o necessário, a fim de relembrar os termos já
conhecidos pelos alunos.
Para minimizar a distância fica claro para o aluno o que se espera dele,
quais atividades devem ser realizadas, com instruções claras, como por
exemplo, o texto que se encontra em destaque colorido na figura 1: “Para
conhecer um pouco mais sobre conceito de aplicação Clint/Server, veja o
61
infográfico abaixo. Este infográfico faz parte da sequência desta aula e,
portanto, é essencial para a aprendizagem.”
Para o indivíduo que já possui certa habilidade com a linguagem da
internet, a ferramenta “infográfico” passa a ser intuitiva, dispensando
explicações elaboradas para o seu uso.
Ainda pensando na clareza, é importante lembrar que a classe de palavras responsável por expressar ações é o verbo. Na linguagem formal, como a utilizada em textos acadêmicos, por exemplo, é comum substituir verbos por formas nominais, isto é, por nomes. A utilização de nomes em vez de verbos para expressar ações também gera certo distanciamento do locutor. Por isso, nas práticas educativas a distância, devemos evitar o excesso de nomes, utilizando verbos no lugar de alguns nomes a fim de deixar bem claro o texto para os alunos. CABRAL; CAVALCANTE (2010, p. 58-59).
Os verbos: desejamos, necessitamos, utilizaremos, temos, trabalhamos,
vamos, precisamos, foram utilizados na primeira pessoa do plural facilitando a
interação e gerando sensação de aproximação entre aluno e professor.
O emprego do pronome de primeira pessoa do plural - nós -, por permitir a inclusão do produtor no texto teórico (professor) e incluir o leitor (aluno) como participante ativo do texto; o uso de linguagem adequada ao universo do aluno, por permitir que o aluno (leitor) supra a ausência da explicação direta do professor, já que este não estará presente no momento do estudo, e que seja um construtor de sentidos do texto apresentado, realizando, desta forma, uma aprendizagem autônoma e significativa MARQUESI; CABRAL, (2010, p. 251).
Não se observou a inversão na estruturação dos períodos utilizados na
elaboração da aula, dessa forma, não se encontra dificuldade para a
compreensão e realização dos exercícios.
Observando a figura 2, temos um OA, o infográfico como se apresenta
para os alunos, ilustrando e explicando o funcionamento da comunicação do
Client/Server, que é o tema da aula virtual em questão.
O professor continua utilizando termos técnicos como: Oracle, SQL
Server, Firebird, Informix, MySQL, entre outros como podemos observar,
porém sem excessos.
62
Elaborar textos para práticas educativas a distância não é tarefa simples. Além do conhecimento da área específica relativa ao conteúdo tratado, o produtor do material didático precisa ter claro que o ambiente virtual estabelece novo espaço de interação, em que as relações são muito diversas de uma sala de aula presencial (CABRAL, CAVALCANTE, 2010, p.55).
Os principais agentes da aula virtual são: professor e aluno. Os verbos
utilizados incluem o professor na interação e envolvem o aluno no processo de
realização que está por acontecer. Ambos, professor e aluno, são os principais
agentes responsáveis pelo bom andamento da disciplina (CABRAL;
CAVALCANTE, 2010, p. 64).
Passaremos agora a um exemplo de infográfico, que ilustra bem o
funcionamento de Web Server, tanto do lado servidor como do lado cliente, que
é tema da aula em questão. Observaremos que fica claro para os alunos como
acontece esse processo. Com utilização de cores sóbrias e desenho
significativos, a comunicação acontece.
63
Figura 2 - Exemplo de Infográfico
Fonte: Uma Instituição de Ensino Superior da cidade de São Paulo.
64
Na sequência, a figura 3, contém indicações para a realização dos
exercícios, como mostra a frase: “A seguir, preencha as lacuna (s) com a(s)
palavra s ade uada s às afirmaç es”. asta clicar no botão “ x ercícios” que
se encontra no centro da tela para continuar.
Ainda na sequência da figura 3, o aluno conta com as referências
bibliográficas, com links para facilitar a pesquisa e estudos posteriores.
Figura 3 - Exemplo de tela de estudo das aulas virtuais com exercício
Fonte: Uma Instituição de Ensino Superior da cidade de São Paulo.
Nessa tela de estudos, a linguagem segue menos formal permitindo
maior interação e minimizando a distância provocada pela máquina.
Consideramos que, na produção de materiais para ambientes virtuais de aprendizagem, devemos buscar uma linguagem menos formal e técnica, uma vez que ela permite uma interação maior entre os interlocutores do processo e, assim, minimiza a distância. Para tanto, concorrem diferentes estratégias linguísticas. Dentre elas destacamos; o pronome de tratamento você, o pronome pessoal de primeira pessoa do plural nós e usos de linguagem que facilitem a interação (MARQUESI; CABRAL, 2010, p.250).
65
O uso da linguagem que facilite a interação é muito importante para que
o aluno sinta-se a vontade para pesquisar e aumentar o interesse pelo tema
proposto em aula, desenvolvendo sua capacidade de estudo.
Conforme a figura 4 sinaliza a “Atividade é Interativa”. É o momento de
mostrar o que aprendeu, se as pesquisas foram suficientes para a realização
dos exercícios.
Figura 4 - Exemplo de tela inicial do exercício
Fonte: Uma Instituição de Ensino Superior da cidade de São Paulo.
Clicando o botão colorido onde está escrito “Iniciar”, no canto inferior
direito, o aluno passa para as telas seguintes como mostram as figuras 5, 6, 7
e 8.
Em todas as atividades a linguagem vem acompanhada de alguns
termos técnicos necessários para o desenvolvimento da disciplina, porém, sem
exageros. Tudo é bem dosado e simples para não provocar desinteresse por
parte do aluno.
66
Os exercícios se apresentam na web numa sequência lógica e tem
razão de ser. Cada uma das figuras mostram as etapas do exercício, até sua
conclusão.
Figura 5 - Exemplo da tela 1 do exercício
Fonte: Uma Instituição de Ensino Superior da cidade de São Paulo.
67
Figura 6 - Exemplo da tela 2 do exercício
Fonte: Uma Instituição de Ensino Superior da cidade de São Paulo.
As cores utilizadas na elaboração das aulas foram usadas apenas com a
intenção de destacar os passos mais importantes da aula.
Como a percepção da cor é o mais emocional dos elementos específicos do processo visual, ela tem grande força e pode ser usada com muito proveito para expressar e intensificar a informação visual. A cor não apenas tem um significado universalmente compartilhado através da experiência, como também um valor informativo específico, que se dá através dos significados simbólicos a ela vinculados (DONDIS, 2007, p.69).
68
Figura 7 - Exemplo da tela 3 do exercício
Fonte: Uma Instituição de Ensino Superior da cidade de São Paulo.
Podemos observar que todas as atividades propostas nessa aula não
são questões e provocam uma troca discursiva. É um dialogo escrito entre
locutores participativos. Albert e Migliorança (2008, p.116).
69
Figura 8 - Exemplo da tela 4 do exercício
Fonte: Uma Instituição de Ensino Superior da cidade de São Paulo.
As figuras 9 e 10 continuam convidando para a “Atividade Interativa”. Os
exercícios por terem sido elaborados baseados no conteúdo da disciplina de
Desenvolvimento Web e, disponibilizados na plataforma AVA, oferecem
condições para que o exercício seja realizado de forma coerente, levando o
aluno a construir seu conhecimento, sem o auxílio de um professor. O aluno
deverá ter disciplina e ser capaz de compreender a leitura proposta, ser
reflexivo, saber argumentar e ter pensamento crítico.
70
Figura 9 - Exemplo de exercício de cruzadinha – Tela inicial.
Fonte: Uma Instituição de Ensino Superior da cidade de São Paulo.
Os exercícios se apresentam na web numa sequência lógica e tem
razão de ser. Cada uma das figuras mostram as etapas do exercício, até sua
conclusão. Todos os exercícios tem correção automática, permitindo que o
aluno conheça seu desempenho e possa se aprofundar mais nos estudos caso
não tenha sido bem sucedido.
71
Figura 10 - Exemplo de exercício de cruzadinha – Tela de respostas
Fonte: Uma Instituição de Ensino Superior da cidade de São Paulo.
Na figura 10 o aluno encontrará “pistas”, com algumas definiç e s ue o
ajudarão a resolver a cruzadinha. Parte da linguagem técnica aparece nesse
exercício e não há perguntas. A resposta virá da reflexão do aluno após a
leitura do conteúdo da aula.
Na figura 11 temos uma frase utilizada para orientar na execução do
exercício, possui verbos no infinitivo (preencher, verificar) e no imperativo
(clique, digite). A informação é precisa, não deixando dúvidas sobre o que o
aluno deve fazer para realizar a atividade e como verificar as respostas.
72
Figura 11 - Exemplo de exercício de cruzadinha – Tela de ajuda
Fonte: Uma Instituição de Ensino Superior da cidade de São Paulo.
Os indivíduos que desejam ingressar em uma Universidade convivem
com o mundo virtual de alguma forma. Se escolhem a EaD é porque
conhecem, além do e-mail, outras ferramentas utilizadas na internet. De uma
maneira geral, esses indivíduos utilizam a comunicação assíncrona, que é a
utilizada em tempo flexível, sem horário comum. Algumas ferramentas
favorecem a oportunidade de reflexão, pesquisa e organização de conteúdo. É
o caso dos Blogs. Já as redes sociais como: Twitter, facebook, facilitam a
interação com pessoas de todo o mundo que partilhem dos mesmos
interesses. Atualmente, com os iphones, instagran, a comunicação com as
redes sociais tornou-se síncrona, isto é, é comum um cidadão postar em tempo
real o que está fazendo em uma das redes sociais, ou em todas ao mesmo
tempo.
Na aula virtual, a comunicação assíncrona é uma constante, pois o aluno
acessa o conteúdo na medida em que o professor vai solicitando sua
participação nas atividades, no seu tempo. A frase “ a pr x ima aula, vamos
entender um pouco mais sobre os servidores de conteúdo...” atua com agente
73
motivador para ativar a curiosidade do aluno e acesse o conteúdo na aula
seguinte.
A frase que está no final da figura 1 diz: “Como desenvolvedor
apaixonado pelo poder da criação de aplicativos ou sites que possam enchê-lo
de orgulho (e por ue não dizer um retorno financeiro satisfat rio? ”, usa de
argumentos que mexem com o lado emotivo do aluno para fazê-lo pensar em
um futuro promissor. Segundo Bakhtin (2003, p. 296), [...] - as palavras e
orações – carecem de expressão pela própria natureza, são neutras. Por isso
servem igualmente bem a quaisquer juízos de valor, os mais diversos e
contraditórios, a quaisquer posições valorativas. Nesse caso, o professor emite
sua opinião pessoal, suas ambições, claramente expostas na elaboração da
aula.
As figuras 12 e 13 seguem com “Atividades Interativas”. Um joguinho
muito comum, conhecido pela maioria das pessoas, que se torna uma forma
lúdica de ensinar e aprender o conteúdo remetendo aos “joguinhos virtuais”.
Figura 12 – Exemplo de exercício do jogo da forca – Tela inicial
Fonte: Uma Instituição de Ensino Superior da cidade de São Paulo.
74
Figura 13 - Exemplo de exercício do jogo da forca – Tela do jogo
Fonte: Uma Instituição de Ensino Superior da cidade de São Paulo.
A elaboração da aula virtual é um trabalho de grupo. O professor
conteudista, que é responsável pela elaboração do material, elabora as aulas
que serão veiculadas na plataforma escolhida pela Instituição, utilizando
recursos audiovisuais e objetos de aprendizagem dos mais diversos para que a
comunicação aconteça. Silveira (2010, p.90). Durante a elaboração deverá
pensar em seu público para torná-la atraente. Haverá um professor tutor que
orientará os trabalhos acadêmicos, e que fará o acompanhamento dos alunos
sanando suas dúvidas e respondendo aos questionamentos, por meio de
outras ferramentas, como por exemplo, em fóruns, ferramenta muito utilizada
na EaD e que será o próximo assunto.
3.2 Fórum
O Fórum educacional é um ambiente para discussão de temas
específicos, por meio de comunicação assíncrona permitindo a interação por
troca de mensagens. Segundo Cabral e Cavalcante (2010, p. 72), é uma
75
excelente ferramenta para promover a interação entre um grupo de estudantes
e o professor, que pode promover um debate entre todos os membros do
processo.
Segundo, Moore (2007, p.162) um fórum de discussão educacional deve
ser configurado da seguinte forma:
Mensagem inicial - O docente prepara uma pergunta que exige uma resposta [...] Resposta a mensagem - O professor ou os alunos devem responder a questões propostas [...] Mensagem de acompanhamento – O docente ou o aprendiz “respondem às colocações anteriores com uma explicação de como a segunda mensagem foi útil para aumentar a compreensão do tópico e, se possível, acrescentam um comentário [...]” Resumo da mensagem - O professor “resume as mensagens dos membros do grupo para incluir aspectos importantes, similaridades e diferenças na compreensão do grupo”. (MOORE, 2007, p. 162)
No fórum escolhido como corpus dessa pesquisa, a mensagem inicial é
claramente percebida no momento que o professor pergunta:
Em que situação você se encontra?
Na sequência da interação, a resposta a mensagem, a mensagem de
acompanhamento virão para ajudar na comunicação. Nesse momento, ambos,
docente e aprendiz, respondem e acrescentam comentários, enriquecendo a
interação.
De acordo com Marcuschi e Xavier (2010, p.32), as relações são
continuadas e movidas por interesses comuns. É um ambiente que envolve
vários gêneros. O professor tutor abre um fórum e os alunos podem manifestar
suas opiniões. Para construir o conhecimento, numa relação dialógico-social,
diferentes interlocutores vão se posicionando.
O Fórum tem como finalidade a socialização e a maioria das atividades
desenvolvidas, gira em torno de discussão e construção de conteúdo. Cabral e
Cavalcante (2010, p. 72) afirmam que o fórum constitui um recurso coletivo de
aprendizagem que exige a presença contínua de um mediador para
redirecionar e orientar comentários que não estejam de acordo com os
objetivos do trabalho a ser desenvolvido.
76
A seguir apresentaremos uma conversa em um fórum educacional
iniciada em: 31/03/2014 às 18:25:44.
Figura 14 - Mensagem genérica passada via ferramenta – Aluno recebe como se fosse só para ele por e-mail.
Fonte: Uma Instituição de Ensino Superior da cidade de São Paulo.
O professor inicia a interação com uma saudação: “Olá”. Conforme já
estudamos, entendemos que a escolha de determinadas estratégias pode
provocar reações colaborativas no discurso dos alunos. E a saudação é a
melhor para trazer o aluno para a interação.
Como já vimos anteriormente, a saudação minimiza a distância causada
pela modalidade EaD, tornando a interação importante para abrir o canal
comunicativo e estimular o aluno a participar do fórum.
Na frase inicial:
Olá... Gostaria de chamá-lo à reflexão!
O professor inicia a mensagem com uma saudação genérica sugerindo
maior proximidade entre os interlocutores conforme mostramos na figura 14.
Saudar uma pessoa quando a encontramos é um ato diário em nossas vidas.
Em todos os lugares por onde passamos e temos que interagir com pessoas,
77
saudamos, nos despedimos por educação, para tornar nossa vida em
sociedade mais agradável. Também é a forma de iniciar diálogos ou encerra-
los de forma pacífica nas interações virtuais.
A saudação cumpre a importante função de iniciar a interação. Ela é tão importante que todas as culturas tem fórmulas de saudação. Abre o canal comunicativo, incitando o interlocutor a participar da interação verbal. Além disso, pode impedir que se produza uma tensão,...(CABRAL; CAVALCANTE, 2010, p.60).
Dizendo: “Olá”, o professor indica uma interação mais informal. O que
não se pode é criar uma relação entre professor e aluno íntima demais ao
ponto de prejudicar a confiança que o aluno deve ter no professor. Um
professor muito íntimo pode passar uma impressão errônea de que não fará as
exigências necessárias na sua disciplina por ser amigo de todos. Porém, ser
muito formal provoca distanciamento, o que não é interessante nas práticas
educativas a distância.
Nos fóruns e nas devolutivas de aprendizagem, por exemplo, podemos utilizar simplesmente “Olá”, pois, com essa f r mula, indicamos nossa intenção de proximidade, de apagamento de hierarquia e nossa disposição para uma interação mais frequente, mais igualitária, mais informal, mais próxima do aluno...Podemos também associar duas fórmulas, como “Olá, caro aluno”. O u e não caberia de forma alguma seria a f rm ula “Queridos alunos”, pois a situação institucional da relação professor-aluno não permitiria esse tipo de intimidade (CABRAL, CAVALCANTE, 2010, p. 61).
O texto inicial do fórum é curto, fácil de ler. O professor tenta ser o mais
genérico possível. Porém, na sequência, focaliza uma troca de mensagens
entre professor e o aluno que, apesar da tentativa de aproximação, podemos
observar que há frases que podem ser interpretadas diferentemente do
desejado.
As mensagens podem ser positivas ou negativas, polidas ou não,
dependendo da interpretação de ambas as partes, nesse caso, entre professor
e alunos. Segundo Cabral e Cavalcante (2010, p. 59):
O primeiro cuidado diz respeito à polidez: devemos ‘utilizar express e s de polidez’, u e incluem uma saudação e uma despedida. Essa prática é válida especialmente para os recursos de interação como e-mail e fóruns.[...] A saudação cumpre a importante função de iniciar a interação. [...} Abre o canal comunicativo, incitando o interlocutor a participar da interação verbal. (CABRAL; CAVALCANTE, 2010, p. 59).
78
Ao ler as frases iniciais:
Olá...Gostaria de chamá-lo à reflexão! Em que situação você se encontra?
Possivelmente o aluno sinta-se convidado a pensar em sua situação de
participação e presença nos debates propostos no fórum. A intenção do
professor é ativar nos alunos uma atitude responsiva.
As palavras, nas situações discursivas, são enunciações valorativas, uma vez que adquirem, em determinadas condições político-sociais valores específicos. Nesse caso não são unidades da língua, mas unidades discursivas com valor e sentido concretos, dentro de enunciados concretos. Não mais palavras isoladas ou um “estado de dicionário”. es sas circunst n cias, podemos compreender seu significado e, mais, ocupamos frente a ela uma ativa posição responsiva (BERTI-SANTOS, 2011, p. 103).
O professor também utiliza frases de incentivo como:
Parabéns! Continue assim e aprenderá muito mais do que já sabe.; Parabéns! É de profunda sabedoria despojar-se de qualquer orgulho bobo e perguntar...
Essas frases podem estimular o interesse dos alunos em participar,
mesmo sendo um texto genérico. Apenas quando um aluno interage é que o
professor o chama pelo nome, tornando a sua resposta personalizada.
O professor se coloca a todo o momento na interação, mostrando
claramente sua preocupação com o desempenho de seus alunos. A entoação
avaliativa e a responsividade ativa são assim atitudes vitais presentes em todo
ato e em toda enunciação vinculados com todo processo de apropriação social
e histórica do mundo pelos sujeitos Sobral (2009, p. 88).
Nas frases:
Já postou algo nos fóruns que ajudou os colegas! Parabéns! Continue assim e aprenderá mais do que já sabe.
Os verbos “postar e ajudar” aparecem no pretérito perfeito exprimindo
uma ação ou atividade acabada, formando predicados verbais dinâmicos. O
pronome de tratamento “você” é o sujeito agente ou causativo. Nesse
momento, quem lê a mensagem sente que o professor está falando
79
diretamente com ele. A conversa torna-se mais pessoal apesar do texto ter sido
feito genericamente.
Observemos as frases escritas ao final da mensagem do fórum:
O que? Você não está participando dos fóruns?
Não lê o que seus colegas postam? Não acredito!
Você deve estar passando por algum problema muito sério!
Afinal, deixou de pensar em seu crescimento pessoal e profissional.
Se eu fosse você, estaria desesperado, não vendo a hora de encontrar um computador na frente só para colocar minhas atividades em dia e participar desse mundo de possibilidades que só a Universidade pode me oferecer!
A forma que o professor encontra para se comunicar com seus alunos é
utilizando o pronome você, o que gera a sensação de aproximação do
interlocutor. Ao expor suas considerações a respeito do estudo utiliza a
primeira pessoa do singular (eu). Essa é a melhor forma de mostrarmos aos
alunos que participamos junto com eles da interação. Cabral; Cavalcante
(2010, p. 63).
O aluno, ao se deparar com intercalações iniciativas com você, sente-se individualmente invocado no texto, como que participando de um diálogo. Essa estratégia, cabe-nos destacar, é a mesma utilizada por diversos autores da literatura para invocar seus leitores e fazê-los participar mais ativamente do texto. (MARQUESI; CABRAL, 2010, p.251).
No final do texto do fórum, quando o professor utiliza caixa alta (letras
maiúsculas) para se expressar nas frases:
VEJO MUITOS COLEGAS COMPARTILHANDO suas experiências e deixando as discussões do fóruns cada vez mais rica.
Na linguagem da internet o texto em caixa alta indica aumento na altura
da voz e o aluno pode interpretar como uma ordem e não como um estímulo
para o estudo. É possível que a intenção do professor seja apenas destacar a
ação de compartilhar conhecimentos e a de participação. Porém, fica difícil
80
perceber isso, já que os participantes da interação não acessam ao mesmo
tempo a plataforma e o fórum.
As hierarquias devem ser respeitadas, mas durante as práticas
educativas a distância não é interessante empregá-la, pois como já dissemos
anteriormente, gera sensação de distanciamento, segundo Cabral e Cavalcante
(2010, p.61).
Nas interações entre professores e alunos, com frequência, as críticas e
as ordens acontecem, pelo grau de hierarquia já existente. São situações
delicadas na interação que devem ser contornadas com atenuantes ou
sugestões que tornem a situação menos ameaçadora.
Essas situações costumam gerar desconforto na interação, especialmente porque as ordens e as críticas representam uma ameaça para o interlocutor. Nas práticas educativas a distância não é interessante submeter os alunos a desconforto por causa de uma crítica mais severa, pois eles podem sentir-se rejeitados e abandonar o ambiente. Por isso o professor ‘deve evitar julgamentos categ ricos, procurando enunciar avaliações por meio de sugest e s’ (CABRAL; CAVALCANTE, 2010, p. 65).
Ao final da mensagem do fórum o professor diz:
SÓ PERDE QUEM NÃO PARTICIPA !
Seria mais adequado que o professor usasse uma fórmula de sugestão
como: “...pense na possibilidade de participar”. O tom mudaria, para um tom de
convite, não deixando margem para mal entendido. Mudar o tamanho da fonte
também ajudaria muito a evitar situações de conflito.
Como a mensagem é genérica, a frase soa como um convite:
Espero você lá no AVA!!!
O professor torna a se aproximar dos alunos incentivando-os a participar
dos fóruns e das atividades nas aulas virtuais de uma forma mais amena,
atenuando a forma como se dirigiu aos alunos na frase anterior, preservando a
face do interlocutor, evitando que os alunos possam interpretar mal suas
palavras. Deve-se lembrar que, o professor não está presente para explicar aos
81
alunos que sua intenção não é desqualificar o trabalho (Cabral; Cavalcante,
2010, p. 65).
Gostaríamos de lembrar que o fórum é uma interação assíncrona, onde
os interlocutores lerão a mensagem em um momento bastante diverso daquele
em que a escrevemos Cabral e Cavalcante (2010, p. 59). Na sequência,
apresentaremos a continuação da interação do fórum que aconteceu entre:
29/03/2014 às 18:05:06 e 02/04/2014 às 19:34:52.
Figura 15 - Fórum – Parte da discussão do anexo da mensagem genérica passada via ferramenta.
Prof - Postado em 02/04/2014 às 19:34:52 Por Aluno A- Postado em 29/03/2014 às 18:05:06 Esqueci de postar o nome do síte de hospedagem gratuita: http://www.1apps.com/
Por Aluno B - Postado em 31/03/2014 às 11:11:32 Obrigado, de grande ajuda posto que instalei o IIS em quatro computadores e todos eles travam quando busco rodar algo em ASP.
Por Prof. - Postado em 31/03/2014 às 17:51:18 Ola Aluno B! Será que com a dica de provedor do Aluno A, a "coisa" vai? rs.. E se não for, temos que descobrir o que está acontecendo... ou arrumar outra alternativa para que consiga desenvolver as atividades!
Por Aluno B - Postado em 01/04/2014 às 12:43:46 Professor li seu e-mail, mas resolvi lhe responder pelo fórum, pois no e-mail há o relato de que eu não leio ou participo de fóruns, quase me vi entristecido com o comentário, não fosse ele postado para meu auxílio, tenho participado de fóruns constantemente como se pode ver pelos postagens que faço, não tenho tempo de fazê-lo todos os dias, mas o faço sempre que possível.. Quanto a Instalação do IIS, bem tenho dois computadores com o Windows 8, e um com Windows 7, todos versão Pró, nos três, aparentemente após a instalação ele roda as páginas padrões do IIS (localhost), porém quando se trata das páginas que crio, o Internet Explorer 'trava', não exibindo nada. Busquei instalar em máquinas virtuais com o Windows XP, mas aí quando vou criar um novo diretório na pasta Inetpub, ele solicita senhas, busquei em fóruns na internet solução, e nada, todas as dicas dadas não resolveram. Tenho um amigo pessoal que paga hospedagem de uma página web simplória que fiz a ele tempos atrás, mas ele se encontra na Austrália e só volta depois da páscoa. Os sites de hospedagem gratuitas que os colegas postaram, rodam normalmente os exercícios quando gerencio os códigos dentro da interface do site, mas quando desenvolvo em um editor e faço update,eles não rodam. O computador de meu trabalho tem bloqueios, portanto não tenho como desenvolver nada nele, busco argumentar sobre questão do estágio para que me liberem, mas encontro resistência por parte deles. Tenho me esforçado, dentro do pouco tempo que tenho a desenvolver as atividades, busco ajuda em fóruns tanto no AVA, como em sites, e foi exatamente nessa pesquisa que vi que não sou o único a ter tais problemas. Sei que meu problema parece ser 'engraçado', porém não consigo rir com tudo isso.
82
Por Prof. - Postado em 02/04/2014 às 19:34:52 Não sei a que e-mail a que se refere. Talvez seja aquele e-mail em que coloquei varias situações. De quem participa e de quem ainda não teve a oportunidade. É um e-mail genérico, embora pareça ter sido enviado apenas para uma pessoa. Quanto ao provedor, se tiver problemas com o gratuito, posso conseguir criar um sub-dominio em meu domínio na locaweb e fornecer temporariamente, para os testes da disciplina. Quanto a achar graça da situação, jamais! Apenas quiz ser simpático. Nossa obrigação é tentar resolver o problema. O IIS para ASP geralmente ocasiona alguns conflitos com alguma outra ferramenta instalada. Talvez uma maneira de ainda tentar resolver o problema, seria você novamente fazer um print de telas sequencial da instalação do seu IIS e nos relatasse exatamente o que acontece. Talvez utilizar até aqueles programas que gravam em vídeo a sequencia realizada no computador, para tentarmos identificar o problema. No entanto, temos alternativas! Provedores gratuitos, servidor que roda até em pen-drive como o http://www.pablosoftwaresolutions.com/html/baby_web_server.html, etc. EU JAMAIS ZOMBARIA DE QUALQUER SITUAÇÃO. ESSE É UM ESPAÇO SUPER DEMOCRÁTICO E O APRENDIZADO SÓ ACONTECE SE TODOS EXPOREM SUAS DÚVIDAS E OS DEMAIS TENTAREM AJUDAR. QUERIDOS AMIGOS... O IMPORTANTE É O APRENDIZADO. ADMIRO CADA UM DE VOCÊS PELO ESFORÇO E DEDICAÇÃO... BONS ESTUDOS!
Fonte: Uma Instituição de Ensino Superior da cidade de São Paulo.
Temos, no exemplo, uma interação entre um professor e dois alunos, em
um fórum na disciplina de Comércio eletrônico (e-commerce). O professor que
interage no fórum escolhido como corpus para esse trabalho, tem uma
experiência de vinte e seis anos em TICs, atua há cinco anos no magistério
superior, a três também como professor tutor na EaD e, desde 2003, vem se
aperfeiçoando: tem MBA em Gestão de Tecnologia da Informação e Internet, é
Docente para o Ensino Superior e Mestrando em Engenharia Biomédica, na
área de desenvolvimento de sistema na área médica com Prontuário Eletrônico
para Dispositivos Móveis como citamos nos passos metodológicos. É um
professor com uma certa experiência no magistério, acostumado a situações
de conflito em sala de aula porém, acaba se envolvendo em um embate ao
escolher equivocadamente as palavras durante a interação.
A interação começa com um aluno, que denominamos de aluno A,
conforme figura 15 acima, postando o nome de um site de hospedagem
gratuita para os colegas.
83
Um segundo aluno, que denominamos aluno B, entra no fórum e
agradece a ajuda do aluno A.
Na sequência, horas depois, o professor entra no fórum e percebendo
que o aluno B estava com dificuldades, se dirige a ele dizendo:
Olá, aluno B!
Será que com a dica de provedor do aluno A, a coisa “vai?” rs...
E se não for, temos que descobrir o que está acontecendo..ou arrumar outra alternativa para que consiga desenvolver as atividades!
Diante de um comentário do professor, o aluno B sentiu-se ofendido e
envia uma resposta longa, explicando toda a situação, conforme a figura 15.
Nessa resposta ele é polido ao dirigir-se ao professor com o intuito de se
explicar por não ter acessado as atividades da EaD:
Professor li seu e-mail, mas resolvi lhe responder pelo fórum, pois no e-mail há o relato de que eu não leio ou participo de fóruns, quase me vi entristecido com o comentário, não fosse ele postado para meu auxílio, tenho participado de fóruns constantemente como se pode ver pelos postagens que faço, não tenho tempo de fazê-lo todos os dias, mas o faço sempre que possível.
Quanto a Instalação do IIS, bem tenho dois computadores com o Windows 8, e um com Windows 7, todos versão Pró, nos três, aparentemente após a instalação ele roda as páginas padrões do IIS (localhost), porém quando se trata das páginas que crio, o Internet Explorer 'trava', não exibindo nada. Busquei instalar em máquinas virtuais com o Windows XP, mas aí quando vou criar um novo diretório na pasta Inetpub, ele solicita senhas, busquei em fóruns na internet solução, e nada, todas as dicas dadas não resolveram.
No momento em que o aluno responde ao professor pelo fórum, ele
passa a partilhar com os colegas o seu problema, uma vez que um dos
objetivos dessa ferramenta é a troca de experiências.
Ele segue se justificando, sempre de forma polida e muito detalhada
tudo que vem acontecendo que o impede de interagir, demonstrando ter
conhecimentos que não podem ser ignorados:
Tenho um amigo pessoal que paga hospedagem de uma página web simplória que fiz a ele tempos atrás, mas ele se encontra na Austrália e só volta depois da páscoa.
84
Os sites de hospedagem gratuitas que os colegas postaram, rodam normalmente os exercícios quando gerencio os códigos dentro da interface do site, mas quando desenvolvo em um editor e faço update, eles não rodam.
Não podemos esquecer que a grande maioria dos indivíduos que
escolhe a EaD , estuda e trabalha. O aluno B deixa clara a dificuldade que
encontra para se conectar na empresa com a intenção de utilizar o computador
para seus estudos, como mostramos a seguir:
O computador de meu trabalho tem bloqueios, portanto não tenho como desenvolver nada nele, busco argumentar sobre questão do estágio para que me liberem, mas encontro resistência por parte deles.
Tenho me esforçado, dentro do pouco tempo que tenho a desenvolver as atividades, busco ajuda em fóruns tanto no AVA, como em sites, ...
O aluno B demonstra que há um rigor em seu trabalho que não o
permite acessar a rede virtual na hora que lhe convém. A polidez aqui aparece
na sua ética como profissional, que o impede de transgredir regras impostas
pela empresa em benefício próprio.
Ao procurar ajuda com seus colegas, ou mesmo em sites, estabelece-se
uma relação dialógica.
..., e foi exatamente nessa pesquisa que vi que não sou o único a ter tais
problemas.
O fórum é um recurso que possibilita o diálogo entre os participantes,
segundo Cabral e Cavalcante (2010, p. 74). O dialogo está no momento que o
aluno troca informações com seu grupo de estudo, quando responde aos
exercícios, ao tirar dúvidas com seu professor.
Numa atividade assíncrona como o fórum, não foi possível para o
professor minimizar o mal entendido. Nesse caso, especificamente, a resposta
ocorreu horas depois, transformando a situação também delicada para o
professor que passa a utilizar letras maiúsculas para se explicar.
85
O Objetivo dessa ferramenta deve centrar-se na troca de experiências [...] A ferramenta também pode ser utilizada para solucionar dúvidas, para que posteriormente o aluno possa expressar opiniões mais elaboradas[...] o fórum constitui um recurso coletivo de aprendizagem que exige a presença constante de um mediador para redirecionar e orientar comentários e/ou situações que não estejam de acordo com os objetivos do trabalho a ser desenvolvido. (CABRAL; CAVALCANTE, 2010, p. 72).
Nesse momento surge um mal entendido entre aluno B e o professor. A
resposta do aluno B foi emitida horas depois do envio da mensagem do
professor. O aluno B, sentindo-se ofendido, responde que: não tem tempo de
participar diariamente das aulas, mas o faz sempre que possível, e que
participa constantemente dos fóruns e, no final acrescenta:
Sei que meu problema parece ‘engraçado’, porém não consigo rir com tudo isso.”
A polidez entra como um atenuante a mais na comunicação entre
professor e alunos. Quem não gosta de ser atendido em suas necessidades
com atenção e gentileza? Ser prontamente atendido em suas necessidades,
principalmente se essas necessidades significam o seu futuro, acaba gerando
uma ansiedade naquele que precisa da resposta para prosseguir os estudos.
Mostrar ao aluno que há alguém além do virtual e que ele pode acessar a
qualquer hora a plataforma que, receberá um suporte para continuar a realizar
os exercícios, é uma atitude que gera confiança e facilita a interação.
Quando o professor escreve:
EU JAMAIS ZOMBARIA DE QUALQUER SITUAÇÃO.
ESSE É UM ESPAÇO SUPER DEMOCRÁTICO E O APRENDIZADO SÓ ACONTECE SE TODOS EXPOREM SUAS DÚVIDAS E OS DEMAIS TENTAREM AJUDAR.
QUERIDOS AMIGOS...O IMPORTANTE É O APRENDIZADO. ADMIRO CADA UM DE VOCÊS PELO ESFORÇO E DEDICAÇÃO...
BONS ESTUDOS!
Fica claro que o professor deseja se explicar e de alguma forma quer ser
ouvido, pois, sua intenção não era a de ofender um aluno. Ao utilizar a caixa
alta (letra maiúscula) confere ao texto a impressão que ele está usando sua
autoridade de professor para se comunicar. No final ele diminui a letra para
86
sugerir um endereço eletrônico para que os alunos possam enviar conteúdos
grandes como, por exemplo, vídeos.
Nessa parte da comunicação, o professor parece estar mais sereno por
ter conseguido se explicar. A polidez ao utilizar a frase BONS ESTUDOS,
mostra o cuidado do professor ao interagir com os alunos, após uma situação
delicada.
Em diálogos orais, constantemente seja pela necessidade de aprovação
ou atenção do outro, o interlocutor procura uma resposta.
...nos diálogos orais, é comum interlocutor interpelar o outro constantemente, explicitando a simetria e indicando a necessidade de resposta, atenção ou aprovação do outro. Essa mesma situação deve ser garantida no diálogo via internet e, por isso, o produtor de materiais para o ambiente virtual, também quando se trata de texto de caráter teórico, deve fazer o mesmo, incluindo o aluno no processo, o que pode gerar uma sensação de aproximação.Essa estratégia confere ao texto escrito veiculado pela internet um caráter participativo, cujo leitor é chamado a agir, a participar, a responder ao texto, de forma imediata, o que gera uma sensação de interação em grau maior. (MARQUESI; CABRAL, 2010, p.251).
Durante as aulas virtuais é comum o aluno sentir-se um pouco solitário
quando surgem dúvidas. Segundo Cabral e Cavalcante (2010, p.62) Nos
diálogos no ambiente virtual o aluno deve sentir-se incluído a fim de gerar
maior proximidade com o professor e com os colegas e ter garantido seu direito
de resposta. Isso vale também para o professor que espera sempre uma
resposta aos questionamentos de suas disciplinas.
O modo como a aula virtual é elaborada, o dialogismo contido nessa
interação, as formas de tratamento utilizadas, são elementos importantes para
a EaD. Porém, a polidez constitui um elemento primordial para que essas
relações aconteçam. O posicionamento do professor ao convocar os alunos
para interagirem na aula virtual ou no fórum, dará força ou não para se avançar
na interação.
87
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As tecnologias e ferramentas que a internet disponibiliza oferecem
inúmeras possibilidades comunicativas, permitindo que pessoas que estejam
em lugares distantes possam se comunicar, estudar, trabalhar em ambientes
diversos.
A todo o momento que utilizamos a internet ou principalmente
participamos de uma interação virtual, seja nas redes sociais ou em uma aula
na EaD, está havendo uma interação, seja ela síncrona ou assíncrona. Nessas
interações, o locutor e interlocutor tem a mesma importância durante a
comunicação.
O corpus escolhido para essa pesquisa, nos deram embasamento para
perceber a importância da leitura e da escrita na EaD e o quanto a linguagem
bem cuidada pode ser um fator de sucesso nos cursos oferecidos dentro dessa
modalidade de ensino.
Para conhecer essa modalidade de ensino, estudamos no capítulo I datas
marcantes sobre a criação do EaD, traçando o percurso histórico da EaD no
Brasil e no mundo. Conhecemos formas diferentes de EaD que surgiram para
comunicar e ensinar por meios diversos, além da maneira presencial. Seja
através do rádio, da TV ou por correspondência, inúmeras pessoas se
beneficiaram dessa modalidade de ensino no Brasil e no mundo.
Conforme citado anteriormente, a EaD foi regulamentada pela Lei nº
9.394/96 e foi contemplada no artigo nº 80 passando a fazer parte,
oficialmente, do nosso sistema educacional, o que garante aos nossos alunos
confiabilidade na escolha de um curso a distância.
Atualmente a EaD tornou-se a oportunidade que muitas pessoas tem de
crescer profissionalmente. Com o avanço das tecnologias e tecnologias
móveis, a qualquer hora e, em qualquer lugar, podemos acessar documentos e
textos que colaborem com a nossa aprendizagem. Podemos interagir com um
grupo de estudos em tempo real.
88
Partindo desse pressuposto, temos uma forma de diálogo dentro do
ensino a distância (EaD) que nunca poderá ser descartado. Se pensarmos que
em uma comunicação virtual o professor fala por intermédio do texto teórico, e
o texto aparece para substituir sua aula expositiva, e que, ele não estará
presente para responder as dúvidas que seus alunos venham a apresentar, a
linguagem utilizada deverá ser muito bem cuidada por ser de grande
importância para que os objetivos sejam atingidos.
Analisando o corpus, é possível perceber que as palavras bem colocadas
são elementos fundamentais para que o dialogo se estabeleça e a
comunicação aconteça. As interações virtuais aproximam os seres, levando a
comunicação de forma rápida e em tempo real, porém, cria um distanciamento
na medida em que utiliza a palavra escrita. Na EaD não é diferente. Por causa
da palavra escrita a EaD passa uma sensação de distanciamento, o que pode
desestimular o aluno, conforme Cabral; Cavalcante (2010, p.54).
Os diálogos em fóruns, surgem como auxiliares para essa comunicação
ser mais eficiente. Embora sendo uma interação assíncrona, a possibilidade de
interação é positiva.
Para cuidar da linguagem, já que é o recurso principal na EaD é a
escrita, é necessário fazermos uso da polidez no momento da interação. É por
meio da linguagem escrita e polida que podemos evitar situações tensas,
garantindo uma interação bem sucedida que favoreça a aprendizagem.
Verificamos, após os estudos, que houve uma pequena falha na polidez
durante uma parte da comunicação no fórum escolhido para nosso corpus.
Percebemos também que tanto o professor como o aluno se colocaram
ativamente na interação. Polidos em alguns momentos e não tão polidos em
outros, demonstrando que também na escrita é possível perceber quando algo
não está bem e o exato momento em que devemos voltar atrás, e corrigir
eventuais problemas.
Acreditamos que o uso de estratégias de atenuação e sugestão,
poderiam tornar as expressões de ordem e críticas mais amenas, já que o
89
diálogo estava claro e constituía a forma mais adequada de se resolver
questões delicadas como a que surgiu durante a interação.
Em uma sala de aula virtual em que, a relação face a face não se
estabelece, cabe ao professor garantir a eficácia da interação com a utilização
de uma linguagem acessível e polida e que as relações dialógicas se
estabeleçam com atitudes responsivas, para que os envolvidos na interação
compartilhem saberes.
Sabemos que o nosso estudo não se esgota aqui, mas oferece
condições para que novas pesquisas sejam realizadas, tornando a EaD cada
vez mais atraente para o aluno e para o professor do Ensino Superior.
90
REFERÊNCIAS
ALBERT, S. A. B.; MIGLIORANÇA, C. R. Um diálogo por escrito: a interação pela linguagem na mediação em educação a distância. In: MARQUESI, S. C.; ELIAS, V. M. S.; CABRAL, A. L. T. (Org.). Interações virtuais: perspectivas para o ensino de língua portuguesa a distância. São Carlos: Editora Claraluz, 2008.
ALVES, L. Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundo (Distance learning: concepts and history in Brazil and in the world). Disponível em:<http://www.abed.org.br/revistacientifica/Revista_PDF_Doc/2011/Artigo_07.pdf>. Acesso em: 04 fev. 2014.
AMORIM, M. Cronotopo e exotopia. In: BRAIT, Beth. Bakhtin e outros conceitos-chave. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2012.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p. 261-306.
______. Marxismo e filosofia da linguagem. 12. ed. São Paulo: HUCITEC, 2006.
BARROS, D. M. V. Educação a distância e o universo do trabalho. Bauru-SP: EUDSC, 2003.
BARROS, K. S. M.; CRESCITELLI, M. F. C. Prática docente virtual e polidez na interação. In: MARQUESI, S. C.; ELIAS, V. M. da S.; CABRAL, A. L. T.(Org.). Interações virtuais: perspectivas para o ensino de língua portuguesa a distância. São Carlos: Editora Claraluz, 2008.
BERTI-SANTOS, S. S. Análise dialógica do discurso: a materialidade linguística e a constituição do sentido. In: CABRAL, A. L. T.; SANTOS, S. S. B. (Org.). Discursos em diálogo: leitura escrita e gramática. São Paulo: Terracota, 2011.
BRANDÃO, H. H. N. Analisando o discurso. Disponível em: <http://www.museulinguaportuguesa.org.br/files/mlp/texto_1.pdf>. Acesso em: 03 abr. 2014.
BRASIL. Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/dec_5622.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2013a.
______. Decreto nº 5.800, de 8 de junho de 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/decreto/d5800.htm>. Acesso em: 03 jun. 2014a.
______. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP. Censo da Educação Superior, 2012.
91
Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/visualizar//asset_publisher/6AhJ/content/brasil-teve-mais-de-7-milhoes-de-matriculas-no-ano-passado>. Acesso em: 03 jun. 2014b.
______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 10 ago. 2013b.
______. Portaria normativa nº 40, de 12 de dezembro de 2007. Disponível em: <http://meclegis.mec.gov.br/documento/view/id/17>. Acesso em: 10 ago. 2013c.
BROWN, P.; LEVINSON, S. C. Politeness some universals in language usage. New York: Cambridge University Press, 1987.
CABRAL, A. L. T.; CAVALCANTE, F. C. linguagem escrita. In: CARLINI, A.; TARCIA, R. M. 20% a distância: e agora? orientações práticas para o uso da tecnologia de educação a distância. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010
CAMPOS, K. R. Estratégias de interação em ambiente virtual de aprendizagem: o fórum educacional. In: MARQUESI, S. C.; ELIAS, V. M. da S.; CABRAL, A. L. T. (Org.). Interações virtuais: perspectivas para o ensino de língua portuguesa a distância. São Carlos: Editora Claraluz, 2008. 208 p.
COSCARELLI, C.; RIBEIRO, A. E. (Org.). Letramento digital: aspectos sociais e possibilidades pedagógicas. 3. ed. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2011.
DONDIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
FIORIN, J. L. Introdução ao pensamento de Bakhtin. São Paulo: Ática, 2008.
HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Elaborado pelo Instituto Houaiss de Lexicografia e Banco de Dados da Língua Portuguesa. S/C Ltda. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. 1986 p.
KOCH, I. G. V.; BENTES, A. C. Aspectos da cortesia na interação face a face. In: PRETI, D. Cortesia verbal. São Paulo: Humanitas, 2008. v. 10, p. 19-48.
______. Desvendando os segredos do texto. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2006.
______; ELIAS, V. M. Ler e escrever: estratégias de produção textual. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2012.
LITWIN, E. (Org.). Educação a distância: temas para o debate de uma nova agenda educativa.Tradução de Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2001.
LOBO NETO, Francisco José da Silveira (Org.). Educação a distância: referências e trajetórias. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Tecnologia Educacional; Brasília: Plano, 2001.
92
MARCUSCHI, L. A.; XAVIER, A. C. (Org.). Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção de sentido. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
MARQUESI, S. C.; ELIAS, V. M. da S.; CABRAL, A. L. T. (Org.). Interações virtuais: perspectivas para o ensino de língua portuguesa a distância. São Carlos: Editora Claraluz, 2008. 208 p.
______; CABRAL, A. L. T. Interações verbais em educação a distância: reflexões teóricas e metodológicas. In: BASTOS, N. B. (Org.). Língua portuguesa: cultura e identidade nacional. São Paulo: IP-PUC-SP; EDUC, 2010.
MOORE, M.; KEARSLEY, G. Educação a distância: uma visão integrada. São Paulo: Thompson Learning, 2007.
MORAN, J. M. Contribuições para uma pedagogia da educação on-line. In: SILVA, M. Educação online: teorias, práticas, legislação, formação corporativa. São Paulo: Loyola, 2003. p. 39-50. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/site/textos/educacao_online/contrib.pdf>. Acesso em: 27 jan. 2014a.
______. Integrar as tecnologias de forma inovadora. In: ______. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2000.
______. O que é educação a distância. Texto atualizado em 2002. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/site/textos/educacao_online/dist.pdf>. Acesso em: 27 jan. 2014b.
NUNES. I. B. A história da EAD no mundo. Disponível em: <http://www.prodocente.redintel.com.br/cursos/000009/colaboracao/a_historia_do_EaD_pelo_mundo.pdf>. Acesso em: 04 fev. 2014.
______. Educação a distância e o mundo do trabalho. Revista Tecnologica Educacional, n. 107, p. 73-78, jul./ago. 1992.
RIBEIRO, A. E. Ler na tela: letramento e novos suportes de leitura e escrita. In: COSCARELLI, C. V.; RIBEIRO, A. E. (Org.). Letramento digital: aspectos sociais e possibilidades pedagógicas. Belo Horizonte: Ceale, Autêntica, 2005, p. 125-150.
RITA, R. M. L. Criação: aprendizagem em foco. In: BERTOMEU, J. V. C. Criação visual e multimídia. São Paulo: Cengage Learning, 2009.
SHEPHERD, T. G.; SALIÉS, G. T. (Org.). Linguística na internet. São Paulo: Ed Contexto, 2013.
SILVEIRA, I. F. Objetos de aprendizagem: uma visão prática aplicada ao ensino. In: CARLINI, A.; TARCIA, R. M. 20% a distância: e agora?orientações práticas para o uso da tecnologia de educação a distância. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010.
93
SOBRAL, A. D. Do dialogismo ao gênero: as bases do pensamento do círculo
de Bakhtin. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2009. (Série Ideias sobre
linguagem).