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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS ESTUDO DA ASSOCIAÇÃO ENTRE HIPERTONIA DO COMPLEXO ESFINCTERIANO ANAL E DISPAREUNIA EM MULHERES ADULTAS SAMANTHA FIGUEIREDO FROTA FERNANDES BRASÍLIA DF 2012

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE MEDICINA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS

ESTUDO DA ASSOCIAÇÃO ENTRE HIPERTONIA DO COMPLEXO

ESFINCTERIANO ANAL E DISPAREUNIA EM MULHERES ADULTAS

SAMANTHA FIGUEIREDO FROTA FERNANDES

BRASÍLIA – DF

2012

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SAMANTHA FIGUEIREDO FROTA FERNANDES

ESTUDO DA ASSOCIAÇÃO ENTRE HIPERTONIA DO COMPLEXO

ESFINCTERIANO ANAL E DISPAREUNIA EM MULHERES ADULTAS

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Ciências

Médicas da Faculdade de Medicina da

Universidade de Brasília como requisito

parcial à obtenção do grau de Mestre.

Área de concentração: Ciências Aplicadas

em Saúde

Orientador: Prof. Dr. João Batista de Sousa

BRASÍLIA – DF

2012

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Às pacientes, que permitiram que esse trabalho fosse realizado.

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AGRADECIMENTOS

Ao Estado, pelo auxílio na minha formação, “dos filhos deste solo és mãe gentil”.

À Universidade de Brasília e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas, pela

oportunidade de estudar nesta instituição. Aos funcionários, pela disposição. Aos docentes, o

meu obrigado pelos saberes transmitidos.

Ao meu querido orientador, Professor Doutor João Batista de Sousa. Agradeço toda a

hospitalidade, o apoio, a partilha do saber e as valiosas contribuições para o meu trabalho e

para minha vida pessoal. Um homem ímpar, que ministrou ao longo dessa jornada muito mais

do que conhecimentos em Coloproctologia.

A todo corpo clínico do Serviço de Coloproctologia e Urologia do Hospital

Universitário de Brasília, agradeço a confiança e as oportunidades oferecidas, pilares

importantes na minha formação profissional.

Aos queridos amigos coloproctologistas Romulo Medeiros de Almeida, Marcelo de

Melo Andrade Coura, Valéria Cardoso Pinto e Silvana Marques e Silva, pela realização dos

exames.

Às secretárias da Clínica Uniprocto, pelo auxílio no trabalho.

Às amigas de trabalho Monique de Azevedo e Ana Terra Andrade, pela paciência e

compreensão.

À minha querida amiga Maria Lúcia Campos Gonçalves, por todos os ensejos para que

esta pós-graduação virasse realidade. Obrigada pela confiança, pelo carinho e pelas

oportunidades, imprescindíveis na minha vida profissional e pessoal. Um presente de Deus

pra mim.

Ao meu pai, a lição mais profunda que vivi de ética. Obrigada por todos os princípios a

mim repassados.

À minha mãe e à minha irmã, que embora sejam alheias aos assuntos inerentes a essa

dissertação, constituem com muita excelência os pilares da minha história. Obrigada por me

amarem incondicionalmente.

À Família Fernandes, que me apoiou em mais esta etapa.

Agradeço, de forma muito carinhosa, a minha melhor metade, Marco Vinícius

Fernandes. Sua paciência infinita e sua crença absoluta na capacidade da realização desta

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dissertação me fizeram acreditar sempre que tudo daria certo. Por me trazer calma e carinho

sempre quando necessitei.

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“... Eu te dou graças e te louvo, porque me deste sabedoria e força...”

Bíblia Sagrada, Livro de Daniel, Capítulo 2, Versículo 23.

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RESUMO

Existem várias associações entre causas orgânicas e dispareunia, no entanto há poucos estudos

que examinam sua relação com a hipertonia da musculatura do assoalho pélvico. Portanto,

mulheres com hipertonia neste grupo muscular caracterizam uma amostra relevante para

investigar a ocorrência de dispareunia. Objetivo: Estudar a possível associação entre

hipertonia do complexo esfincteriano anal e dispareunia em mulheres adultas. Método:

Participaram do estudo 57 mulheres, com idade de 18 a 51 anos, com indicação médica prévia

para a realização do exame de manometria anorretal, que foram distribuídas em 2 grupos:

Grupo de Estudo (GE), composto por 34 mulheres com diagnóstico manométrico de

hipertonia esfincteriana anal, e o Grupo Controle (GC), constituído por 23 mulheres sem o

diagnóstico manométrico de hipertonia esfincteriana anal. Todas as pacientes passaram por

uma anamnese e responderam ao questionário Female Sexual Function Index (FSFI), para

caracterização da presença ou ausência de dispareunia. Resultados: O Grupo GE ficou

constituído por 34 mulheres, com média de idade de 35,61 (±7,67) anos, e o Grupo GC por 23

pacientes, com média de idade de 35,91 (±8,36) anos. O Grupo GC apresentou maior

ocorrência de partos normais, episiotomias e contração paradoxal do puborretal, com

diferença estatisticamente significante, quando comparado com o Grupo GE. As pacientes do

Grupo GE apresentaram pressão média de repouso e de contração significativamente maiores

que as do Grupo GC (p=0,000), no entanto proporcionalmente o Grupo GC apresentou mais

mulheres com dispareunia (9 pacientes, 39,2%) do que o Grupo GE (10 pacientes, 29,4%)

sem diferença estatisticamente significante. Na análise da correlação entre os domínios dor e

lubrificação do questionário FSFI, a força foi maior no Grupo GC, sugerindo que a

dispareunia encontrada neste grupo associou-se à falta de lubrificação, e a encontrada no

Grupo GE a outros fatores, como a hipertonia do complexo esfincteriano anal. Conclusão: A

ocorrência de dispareunia nas pacientes avaliadas não pôde ser atribuída à hipertonia do

complexo esfincteriano anal.

Descritores: Dispareunia. Assoalho pélvico. Manometria anorretal. Disfunção sexual. Saúde

da mulher.

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ABSTRACT

There are several associations between organic causes and dyspareunia, however there are

few studies which examine its relation with the hypertonia of the pelvic floor muscle.

Therefore, women with hypertonia in this muscle group characterize a relevant sample to

investigate the dyspareunia occurrence. Objective: To study possible association between

hypertonia of the anal sphincteric complex and dyspareunia in adult women. Method: Took

part in the study, 57 women, ages 18 to 51, with previous medical indication to run exams of

anorectal manometry, that were divided in 2 groups: Study Group (SG), composed by 34

women with the manometric diagnosis of anal sphinteric hypertonia; and Control Group

(CG), composed by 23 women without the manometric diagnosis of anal sphinteric

hypertonia. All patients passed through an anamnesis and answered to a Female Sexual

Function Index (FSFI) survey to characterize the presence or absence of dyspareunia. Results:

The GE group was constituted by 34 women with average age of 35.61 (±7.67) years old and

the CG Group, by 23 women with average age of 35.91 (±8.36) years old. The Control Group

presented higher occurrence of regular childbirth, episiotomies and puborectalis' paradoxical

contraction, with statistically significant difference when compared to those of the Study

Group. The SG Group's patients presented both resting and contraction average pressure

significantly higher than those of the CG Group (p=0.000); however, proportionally, the CG

Group showed more women with dyspareunia (9 patients, 39.2%) than on the SG Group (10

patients, 29.4%), with no statistically significant difference. In the correlation analysis

between pain and lubrication domains in the FSFI survey, the strength was higher in the CG

Group, suggesting that the dyspareunia found in this group were associated to the lack of

lubrication; and to those found in the SG Group were associated to other factors such as the

hypertonia of the anal sphincteric complex. Conclusion: The dyspareunia occurrence on the

surveyed patients could not be assigned to the hypertonia of the anal sphincteric complex.

Keywords: Dyspareunia. Pelvic Floor. Anorectal Manometry. Sexual Dysfunction. Women's

Health.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Delineamento do estudo...........................................................................................23

Figura 2 - Equipamento utilizado para realização da manometria anorretal. Manômetro de oito

canais, composto por uma bomba que controla, por meio de pressão fixa de gás nitrogênio, a

perfusão de água destilada à velocidade contínua....................................................................24

Figura 3 - Cateter usado para mensurar as pressões do canal anal no exame de manometria

anorretal: cateter de silicone com 0,5 cm de diâmetro, canais dispostos radialmente e balão de

látex na extremidade.................................................................................................................24

Figura 4 – Distribuição das médias de pressão de repouso do complexo esfincteriano anal nos

grupos GC e GE........................................................................................................................35

Figura 5 – Distribuição das médias de pressão de contração do complexo esfincteriano anal

nos grupos GC e GE..................................................................................................................36

Figura 6 - Correlação entre os escores dos domínios dor e lubrificação no Grupo Controle

(GC)..........................................................................................................................................39

Figura 7 - Correlação entre os escores dos domínios dor e lubrificação no Grupo de Estudo

(GE) ..........................................................................................................................................40

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Escores dos domínios do questionário FSFI...........................................................28

Tabela 2 – Distribuição das pacientes nos grupos GE e GC por faixas etárias........................30

Tabela 3 – Distribuição das pacientes nos grupos GE e GC por tempo de escolaridade..........31

Tabela 4 – Distribuição das pacientes nos grupos GE e GC por estado civil...........................31

Tabela 5 – Distribuição das pacientes nos grupos GE e GC segundo o número de gestações,

os tipos de partos e o número de abortos..................................................................................32

Tabela 6 – Indicações para realização de manometria anorretal nos grupos GE e GC............34

Tabela 7 – Valores da pressão de repouso do canal anal (mínimo, máximo, mediana, média,

desvio padrão, erro padrão) nos grupos GE e GC ....................................................................34

Tabela 8 – Valores da pressão de contração do canal anal (mínimo, máximo, mediana, média,

desvio padrão, erro padrão) nos grupos GE e GC ....................................................................35

Tabela 9 – Frequência de hipertonia de repouso e de contração isolada e hipertonia de repouso

associada à hipertonia de contração no Grupo de Estudo (GE) ...............................................36

Tabela 10 – Valores médios e erro padrão da sensibilidade, capacidade retal e comprimento

do canal anal nos grupos GE e GC...........................................................................................37

Tabela 11 – Frequência da presença ou ausência do RIRA e contração paradoxal do

puborretal nos grupos GE e GC ...............................................................................................37

Tabela 12 – Frequência de dispareunia nos grupos GE e GC ..................................................38

Tabela 13 – Frequência do escore do domínio de dor nos grupos GE e GC ...........................38

Tabela 14 – Escores dos achados do questionário FSFI para os domínios dor e lubrificação

nos grupos GE e GC .................................................................................................................39

Tabela 15 – Distribuição das pacientes segundo a frequência de fissura e dispareunia nos

grupos GE e GC .......................................................................................................................40

Tabela 16 – Médias dos escores dos domínios do questionário FSFI nos grupos GE e GC....41

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AFUD – American Foundation for Urologic Disease

CID-10 - Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à

Saúde – 10ª revisão

cm - Centímetro

DSM - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais

DSM-IV-TR - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 4º edição, texto

revisado.

EMG - Eletromiografia

FSFI - Female Sexual Function Index (Índice da Função Sexual Feminina)

Grupo C – Grupo Controle

Grupo GE – Grupo de Estudo

HUB - Hospital Universitário de Brasília

ml - Mililitro

ml/minuto - Mililitro por minuto

mmHg – Milímetro de mercúrio

RIRA – Reflexo Inibitório Reto Anal

SPSS – Statistical Package for the Social Sciences

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................13

2 OBJETIVO...........................................................................................................................20

3 PACIENTES E MÉTODOS ...............................................................................................21

3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO.....................................................................................21

3.2 PACIENTES......................................................................................................................21

3.2.1 Critérios de inclusão...............................................................................................21

3.2.2 Critérios de exclusão..............................................................................................22

3.2.3 Formação dos grupos..............................................................................................22

3.3 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO .............................................................................23

3.3.1 Manometria anorretal............................................................................................23

3.3.1.1 Equipamento...................................................................................................24

3.3.1.2 Técnica do exame...........................................................................................25

3.3.1.3 Parâmetros avaliados......................................................................................25

3.3.2 Anamnese……….....……………………………………….................................26

3.3.3 Female Sexual Function Index (FSFI)..................................................................27

3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA.................................................................................................28

4 RESULTADOS ...................................................................................................................30

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PACIENTES........................................................................30

4.2 MANOMETRIA ANORRETAL........................................................................................33

4.3 RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO SEXUAL.........................................38

5 DISCUSSÃO ............................................................................................................42

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................49

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APÊNDICES.....................................................................................................................54

Apêndice A Termo de Consentimento Livre e Esclarecido......................................................54

Apêndice B Ficha de anamnese................................................................................................56

Apêndice C Ficha da manometria anorretal..............................................................................57

Apêndice D Característica idade e estado civil do Grupo Controle (GC) ...............................58

Apêndice E Característica idade e estado civil do Grupo de Estudo (GE) ..............................59

Apêndice F Distribuição do número de gestações, partos vaginais, cesáreos e abortos do

Grupo Controle (GC) ...............................................................................................................60

Apêndice G Distribuição do número de gestações, partos vaginais, cesáreos e abortos do

Grupo de Estudo (GE) ..............................................................................................................61

Apêndice H Achados da manometria anorretal em cada participante do Grupo Controle

(Grupo GC): valores de pressão de repouso e de contração do canal anal funcional, presença

ou ausência de contração paradoxal do músculo puborretal e dos esfíncteres anais................62

Apêndice I Achados da manometria anorretal em cada participante do Grupo de Estudo

(Grupo GE): valores de pressão de repouso e de contração do canal anal funcional, presença

ou ausência de contração paradoxal do músculo puborretal e dos esfíncteres anais................63

Apêndice J Dados manométricos: sensibilidade, capacidade retal, comprimento do canal anal

e o RIRA do Grupo Controle (GC) ..........................................................................................64

Apêndice K Dados manométricos: sensibilidade, capacidade retal, comprimento do canal anal

e o RIRA do Grupo de Estudo (GE) ........................................................................................65

Apêndice L Escores do questionário FSFI do Grupo Controle (GC) ......................................66

Apêndice M Escores do questionário FSFI do Grupo de Estudo (GE) ...................................67

ANEXOS ................................................................................................................................68

Anexo A Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa FM/UNB................................................68

Anexo B Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa SES/DF..................................................69

Anexo C Declaração de conflito de interesse………………………………………………70

Anexo D Female Sexual Function Index (FSFI)………........................................................71

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1 INTRODUÇÃO

De acordo com a Organização Mundial de Saúde a sexualidade é parte integrante do ser

humano e compõe um dos pilares da qualidade de vida. Para uma melhor qualidade de vida o

ser humano tem direito a um estado de completo bem-estar relacionado à saúde sexual, assim

como é direito este completo bem-estar na família, segurança e finanças (The WHOQOL

Group, 1995; FLECK, 2000; MUNARRIZ et al., 2002).

Para que haja este bem-estar, a resposta sexual saudável definida como a habilidade de

usufruir e expressar a sexualidade sem riscos de doenças, gestações indesejadas e violência,

precisa ocorrer de forma funcional nos aspectos físicos, psicológicos e emocionais

(AMERICAM PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2002; DEROGATIS; BURNETT, 2008).

Os estudos mais expressivos sobre sexualidade foram iniciados por Kinsey, em 1948.

Alfred Charles Kinsey, entomólogo, especialista em vespas, passou a dedicar-se ao estudo do

comportamento sexual humano quando foi convidado pela Universidade de Indiana, nos

Estados Unidos da América, onde era professor, a coordenar um curso sobre casamento e

aspectos biológicos da sexualidade (BROWN; FEE, 2003; SENA, 2007).

Kinsey realizou um levantamento bibliográfico e encontrou dados de estudos de

precursores como Havelock Ellis e Magnus Hirchfeld, no entanto definiu estes dados como

pouco representativos e com número limitado de pessoas (BROWN; FEE, 2003; SENA,

2007).

Iniciou então a aplicação de questionários sobre o assunto para os alunos do curso que

ministrava, no entanto percebeu que, ainda persistiam muitas informações pouco confiáveis.

Foi quando um colaborador propôs que a investigação fosse por meio de entrevista pessoal,

presencial, sendo os registros feitos por códigos (KUBIE, 1955; BROWN; FEE, 2003; SENA,

2007).

Empenhado em conhecer a verdadeira realidade do comportamento sexual humano,

Kinsey fez uma ampla pesquisa nos Estados Unidos da América (KINSEY, 2004)

entrevistando homens e mulheres, chegando a entrevistar, em 15 anos de estudo mais de

11.000 pessoas (KUBIE, 1955; BROWN; FEE, 2003).

Apesar das contribuições de Kinsey para o conhecimento sexual humano, foi na década

de 1960 que William Masters, médico ginecologista, e Virgínia Johnson, psicóloga,

começaram a estudar a fisiologia da resposta sexual humana e de sua disfunção. Observaram,

sob condições científicas de laboratório, o comportamento sexual de homens e mulheres

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registrando aproximadamente 14.000 atos sexuais, e com esse embasamento desenvolveram o

modelo do ciclo de resposta sexual (MASTERS; JOHNSON, 1985).

Masters e Johnson caracterizaram este ciclo em um conjunto composto por quatro fases:

excitação, platô, orgasmo e resolução, comum aos dois sexos, feminino e masculino

(MASTERS; JOHNSON, 1985). Tais estudos causaram grande impacto por proporcionar o

desenvolvimento do tratamento da disfunção sexual (KAPLAN, 1974).

Outra pesquisadora influenciada por Kinsey foi a historiadora Shere Hite. Seus estudos

foram sobre a sexualidade feminina, principalmente quanto ao prazer sexual e orgástico da

mulher. As investigações foram realizadas por meio de questionário enviado as leitoras de

revistas e boletins, na década de 1970 (HITE, 1976).

Helen Kaplan propôs um novo modelo para o ciclo da resposta sexual, constituído por

três fases: desejo, excitação e orgasmo, alegando que a fase do desejo precedia a excitação, e

que não havia justificativa para a fase de platô (KAPLAN, 1974; BERMAN et al., 1999).

Esse novo modelo e o proposto por Masters e Johnson foram utilizados para definir a

resposta sexual saudável. A disfunção sexual feminina, em contrapartida, caracterizou-se pela

falência de uma ou mais fases deste ciclo, ou a falta, excesso, desconforto ou dor que se

manifesta de forma persistente ou recorrente durante o ato sexual (ABDO; FLEURY, 2006;

CEREJO, 2006).

A partir dos modelos de Masters e Johnson e de Kaplan houve o interesse na

caracterização do ciclo de resposta sexual e nos transtornos da sexualidade, e estabeleceram-

se critérios diagnósticos para a disfunção sexual feminina, os quais constam na Classificação

Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, em sua décima

edição, (CID-10) e no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o DSM, já

em sua quarta versão, texto revisado (DSM-IV-TR) (AMERICAM PSYCHIATRIC

ASSOCIATION, 2002).

Na CID-10 a disfunção sexual está descrita em dois capítulos: no das síndromes

comportamentais associadas a perturbações fisiológicas e fatores físicos, e no dos transtornos

de personalidade e de comportamento em adultos (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA

SAÚDE, 1995).

A disfunção sexual feminina é classificada segundo o DSM-IV-TR em: transtornos do

desejo, transtornos da excitação, transtornos do orgasmo, disfunção sexual devida a uma

condição médica geral, disfunção sexual induzida por substância e transtornos sexuais

dolorosos, neste último estão a dispareunia e o vaginismo (AMERICAM PSYCHIATRIC

ASSOCIATION, 2002).

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Em 1999, a Fundação Americana de Doenças Urológicas (AFUD) fez o primeiro Painel

de Consenso de Classificação e Definição de Disfunção Sexual Feminina, tendo como base a

CID-10 e o DSM-IV-TR. Neste foi incluído “outros transtornos sexuais associado à dor”,

além da dispareunia e do vaginismo, caracterizado por dor genital não induzida por coito

(BERMAN et al., 1999).

A disfunção sexual feminina é multicausal e multidimensional, com a combinação de

fatores biológicos como anatômicos, vasculares, neurológicos, hormonais, além de

psicológicos e de determinantes interpessoais, que geram grande impacto na qualidade de vida

(BASSON et al., 2000).

As causas para que a disfunção ocorra são variadas e incluí o contexto psicofisiológico

envolvido (MASTERS; JOHNSON, 1985), a menopausa, a endometriose, a cistite intersticial,

a dor pélvica crônica, (HEIM, 2001; BINIK, 2010), a disfunção do eixo hipotálamo-hipófise

(BERMAN et al., 1999), a iatrogenia (GRAZIOTTIN, 2003), a episiotomia (HULL;

CORTON, 2009), as operações pélvicas prévias, ooforectomia e histerectomia (ZHANG et

al., 2011), as doenças associadas (diabetes, obesidade e hipotireoidismo) e o uso de

medicamentos, como o contraceptivo oral (HEIM, 2001; BOUCHARD et al., 2002).

A prevalência de disfunção sexual feminina apresenta taxas em torno de 40%

(ETIENNE; WAITMAN, 2006; PRADO et al., 2007; KINGSBERG; ALTHOF, 2009). No

Brasil foi realizado um estudo para avaliar a prevalência de disfunções sexuais em mulheres,

no qual os autores constataram que 49% tinham pelo menos uma disfunção, sendo o desejo

sexual hipoativo o mais frequente, seguido por transtornos sexuais dolorosos, como a

dispareunia (ABDO et al., 2004).

A dispareunia é definida como uma dor genital associada com o intercurso sexual, exceto

quando há exclusivamente vaginismo ou falta de lubrificação como causa da dor antes, durante

ou após o coito (AMERICAM PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2002; KINGSBERG;

ALTHOF, 2009).

O vaginismo, uma condição caracterizada por uma contração involuntária, recorrente ou

persistente do assoalho pélvico quando é tentada, prevista ou imaginada a penetração vaginal

com pênis, dedo, tampão ou espéculo (REISSING et al., 1999; AMERICAM PSYCHIATRIC

ASSOCIATION, 2002; LARA et al., 2008; BINIK, 2010), geralmente se desenvolve

secundariamente a fatores psicológicos e emocionais, e está associado a uma contração

involuntária que impede o coito (BERMAN et al., 1999). Já a falta de lubrificação está

comumente associada com outras causas de dispareunia, mas se não houver outra etiologia

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associada, e a dor possuir apenas a falta de lubrificação como causa, esse transtorno sexual

doloroso não é diagnosticado como dispareunia (SUTTON et al., 2012).

Frequentemente a dispareunia pode ocorrer no momento do coito, no entanto pode

surgir antes ou logo após este, e pode variar de um pequeno desconforto até uma dor intensa.

(AMERICAM PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2002).

A dispareunia pode ser causada por alteração psicogênica, doença orgânica ou pela

associação de ambas (BERMAN et al., 1999). As causas psicogênicas incluem o medo da dor,

a perturbação interpessoal e o abuso sexual (VALADARES et al., 2008), no entanto, HEIM,

2001, afirma que as pacientes com dispareunia não apresentam geralmente histórico de

violência física ou abuso sexual.

Já as causas físicas estão associadas com afecções dos órgãos pélvicos e genitais

femininos e com o ciclo menstrual (OMS, 1995). Dentre as causas estão os fatores hormonais,

causas orgânicas e inflamatórias, iatrogenia, origem neurológica e vascular, além de causas

musculares (GRAZIOTTIN, 2003). É encontrada facilmente em pacientes com cistite

intersticial, síndrome do intestino irritável, doença inflamatória pélvica, dor pélvica crônica,

infecção do trato urinário, colites e endometriose (HEIM, 2001; BINIK, 2010).

Na dispareunia, há uma divisão na característica da dor, que pode ser superficial e

profunda. A dispareunia superficial é qualquer tipo de dor recorrente sentida na região

vulvovaginal, como ocorre na vulvodinia, caracterizada como um subtipo da superficial. É uma

dor em queimação ou em corte localizada no vestíbulo vulvar provocado pelo estímulo

mecânico, como por exemplo, na relação sexual, comum na dispareunia pré-menopausa

(HEIM, 2001; BINIK, 2010).

A dispareunia profunda tem tido sua etiologia vinculada a uma doença subjacente como

endometriose, síndrome da congestão pélvica, retroversão uterina, miomas uterinos,

adenomiose, síndrome do intestino irritável e mialgia do músculo elevador do ânus (HEIM,

2001; BINIK, 2010).

A dispareunia ocorre em homens e mulheres, no entanto é mais prevalente no sexo

feminino, com taxas que variam de 8% a 39,5% (WEST; VINIKOOR, 2004; VALADARES

et al., 2008; SUNG et al., 2011). Um estudo com 1.219 mulheres brasileiras, com idade

superior a 18 anos, revelou prevalência de 23,1% de transtornos sexuais dolorosos na

população estudada (ABDO et al., 2004).

Sendo a mialgia do elevador do ânus uma das causas de dispareunia, faz-se necessário

compreender a anatomia e a função de todo o assoalho pélvico.

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O assoalho pélvico é formado por dois diafragmas: o pélvico e o urogenital. O

diafragma pélvico é composto pelo músculo coccígeo e pelos músculos elevadores do ânus. O

diafragma urogenital é composto pelas seguintes estruturas musculares: o esfíncter externo do

ânus, transverso superficial e profundo, esfíncter externo da uretra, isquiocavernoso e

bulboesponjoso (ROGERS Jr., 2006; PELOSO Jr.; GARBELLOTTI Jr., 2009).

A inervação dos músculos do assoalho pélvico é realizada bilateralmente por ramos do

segundo, terceiro e quarto nervos sacrais. Desses ramos o nervo pudendo, formado pela união

de dois ramos do plexo sacral, é o responsável pela inervação da maior parte do períneo, e é o

responsável por manter o tônus muscular e promover a resposta reflexa durante o esforço

(PELOSO Jr.; GARBELLOTTI 2009). O funcionamento adequado deste grupo muscular

depende de sua integridade anatômica e nervosa.

O assoalho pélvico possui três funções primárias: a resposta sexual normal, o suporte

inferior dos órgãos pélvicos e a função esfincteriana no controle intestinal e vesical

(MANLEY; ODOM, 2006).

O elevador do ânus é o complexo muscular mais importante do assoalho pélvico

(HULL, 2009), formado por três fascículos: os músculos puborretal, pubococcígeo e

iliococcígeo.

O esfíncter anal externo e o puborretal são os músculos do assoalho pélvico que compõe

o complexo esfincteriano anal, no entanto este complexo é acrescido ainda pelo esfíncter anal

interno, sistema hemorroidário, gordura, mucosa, pele e nervos (JORGE; SOUSA, 2010).

O esfíncter anal interno, localizado no canal anal, é aneliforme e constituído por fibras

musculares lisas, que se mantém em constante contração involuntária, com a função de

manter o ânus fechado para evitar a perda involuntária de conteúdo, exceto durante a

defecação ou ato voluntário de eliminação de gases (KLEINUBING Jr., 2007).

O esfíncter anal externo e o músculo puborretal fundem-se em estrutura muscular única.

Nas regiões posteriores e laterais do canal anal algumas fibras musculares desse complexo se

dirigem para a porção posterior da vagina, inserindo-se no corpo perineal (KLEINUBING Jr.,

2007).

As fibras musculares que constituem o assoalho pélvico são as fibras tipo I e as fibras

tipo II. As fibras musculares tipo I são predominantes e mantém um constante estado de

contração durante o repouso. Esta contração sustentada preserva o hiato urogenital fechado e

as porções distais da uretra, vagina, e reto tensionadas em direção ao púbis (HULL;

CORTON, 2009).

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As fibras do tipo II executam uma contração involuntária eliciada pelo aumento

repentino da pressão abdominal, para prevenir perdas involuntárias de urina, fezes e gases. A

contração voluntária também pode ocorrer como a executada na cinesioterapia, também

chamada de exercícios de Kegel. Já o relaxamento ocorre durante os processos de eliminação,

como na evacauação e micção, e no durante o trabalho de parto (HULL; CORTON, 2009).

MANLEY E ODOM (2006) afirmam que pode haver quatro tipos de disfunção do

assoalho pélvico: de suporte, por incoordenação, visceral e a por hipertonia. A disfunção por

hipertonia ocorre quando há uma tensão ou espasmo dos músculos do assoalho pélvico que

gera dor musculoesquelética. Nesta situação, reforça-se a idéia que o comprometimento do

assoalho pélvico pode repercutir na função urinária, anorretal ou sexual.

Disfunção musculoesquelética, especialmente dor muscular ou hiperatividade do

levantador do ânus, é uma das causas de dispareunia documentadas na literatura (MONIF;

BELATTI Jr, 1993; BASSON et al., 2000; FITZGERALD; KOTARINOS, 2003;

PRENDERGAST; WEISS, 2003; ACOG, 2004; MESSELINK et al., 2005). A hiperatividade

do levantador do ânus é uma condição onde os músculos que compõe este grupo muscular não

relaxam completamente ou se contraem no momento em que deveriam relaxar (MESSELINK

et al., 2005; FISHER, 2007).

Considerando que a dispareunia pode ser gerada por uma disfunção da musculatura do

assoalho pélvico, faz-se necessário o uso de instrumentos específicos capazes de avaliar essa

disfunção sexual e esse grupo muscular.

Um instrumento frequentemente aplicado na avaliação da função sexual feminina é o

questionário Female Sexual Function Index (FSFI), ou índice da função sexual feminina

(HENTSCHEL et al., 2007; WIEGEL et al., 2005). Para o estudo da função da musculatura

esfincteriana pode-se utilizar a manometria anorretal, atualmente um dos exames mais

utilizados na avaliação dos distúrbios do assoalho pélvico (RIVADENEIRA et al., 2010).

O Female Sexual Function Index (FSFI) é usado para identificar ou diagnosticar

indivíduos com disfunção sexual. A definição das características dos questionários sobre

sexualidade é particularmente útil, porque muitas vezes refletem os comportamentos que são

alvos de intervenção clínica e de investigação (SUNG et al., 2011).

O questionário é composto por 19 perguntas, sendo que há seis domínios envolvidos:

desejo, excitação, lubrificação, orgasmo, satisfação e dor (ROSEN et al., 2000).

O FSFI foi criado para ser um instrumento de avaliação de ensaios clínicos que aborda a

natureza multidimensional da função sexual feminina (ROSEN et al., 2000). Foi desenvolvido

exclusivamente para mulheres e tem apresentado validade estatística aceitável na literatura

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(MESTON; DEROGATIS, 2002; MESTON, 2003; LEITE et al., 2007), além de ser traduzido

e validado para o português (HENTSCHEL et al., 2007).

A manometria anorretal pode ser utilizada para avaliação funcional da musculatura

esfincteriana. Este exame permite pesquisar a presença ou ausência do reflexo inibitório

retoanal (RIRA), e medir as pressões do canal anal, a sensibilidade, a capacidade retal e o

comprimento do canal anal (JORGE; WEXNER, 1993; SANGWAN; SOLLA, 1998; GÓES;

COY, 2007; GÓES, 2010).

O estudo manométrico anorretal permite a medição da pressão anal de repouso e da

pressão anal de contração voluntária, além de verificar o padrão pressórico à manobra de

Valsalva (JORGE; WEXNER, 1993; SANGWAN; SOLLA, 1998; GÓES; COY, 2007;

GÓES, 2010).

A pressão anal de repouso é o resultado da soma do tônus do esfíncter anal interno, do

esfíncter anal externo e do revestimento do ânus pelos coxins vasculares (RIVADENEIRA et

al., 2010). O esfíncter anal interno é responsável por até 85% da pressão de repouso do canal

anal (DUTHIE; WATTS, 1965). Já a pressão de contração avalia o esfíncter anal externo e os

elevadores do ânus. À manobra de Valsalva, esses músculos também são observados porque

se espera que haja adequado relaxamento ao esforço evacuatório (RIVADENEIRA et al.,

2010; GÓES, 2010).

A avaliação das pressões do canal anal permite também pesquisar a presença de

hipercontratilidade do diafragma pélvico que pode ser verificada quando a pressão anal de

repouso está normal ou elevada e os valores da contração voluntária não conseguem alcançar

o dobro da pressão anal de repouso. Essa hipercontratilidade não parece estar associada

apenas a um músculo específico, mas sim a todo o conjunto do diafragma pélvico (GÓES;

COY, 2007; RIVADENERIA et al., 2010).

O sintoma de dor durante a relação sexual apresenta associação com a disfunção

musculoesquelética do assoalho pélvico, contudo pouco se sabe sobre os mecanismos que

justificam essa ligação. Dentre estas justificativas encontra-se a hipertonia, o não relaxamento

deste grupo muscular e a contração paradoxal durante a relação sexual.

Considerando que o comprometimento do assoalho pélvico repercute na função

urinária, anorretal e sexual formulou-se a hipótese de que a hipertonia do complexo

esfincteriano anal traduz o aumento do tônus do assoalho pélvico o que poderia causar a

dispareunia.

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2 OBJETIVO

Este estudo foi delineado para estudar a possível associação entre hipertonia do

complexo esfincteriano anal e dispareunia em mulheres adultas.

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3 PACIENTES E MÉTODOS

3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO

Estudo do tipo transversal. As avaliações foram realizadas em momento único e não foi

feito nenhum seguimento.

3.2 PACIENTES

Este estudo foi desenvolvido no período de fevereiro a novembro de 2011, após ser

aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de

Brasília, registro 043/2010 (anexo A), e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria de

Estado de Saúde do Distrito Federal, registro 473/10 (anexo B). A declaração de conflito de

interesse está apresentada no anexo C.

Para a redação do trabalho foram utilizadas as normas da Associação Brasileira de

Normas e Técnicas (ABNT NBR 14724:2011).

Participaram deste estudo 57 mulheres provenientes do Ambulatório de Coloproctologia

do Hospital Universitário de Brasília (HUB) e do Ambulatório da Clínica Uniprocto®. Essas

pacientes foram encaminhadas ao Ambulatório de Reabilitação do Assoalho Pélvico desses

serviços.

As pacientes tinham indicação médica prévia para a realização da manometria anorretal,

e ao serem encaminhadas à reabilitação do assoalho pélvico estavam com o laudo do exame

em mãos. Os dois serviços envolvidos na pesquisa possuíam o mesmo protocolo para a

indicação, técnica e parâmetros para a realização do exame.

As mulheres que aceitaram participar da pesquisa e incluídas no estudo foram

previamente informadas e esclarecidas, assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido (apêndice A), passaram por uma anamnese (apêndice B) e responderam ao

questionário FSFI (anexo D).

3.2.1 Critérios de inclusão

(i) Indicação médica prévia para a realização de manometria anorretal;

(ii) Sexo feminino;

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(iii) Idade mínima de 18 anos;

(iv) Vida sexual ativa nas últimas quatro semanas;

(v) Capacidade intelectual para responder o questionário, identificado por avaliação

clínica simples realizada pelo pesquisador.

3.2.2 Critérios de exclusão

(i) Vulvodínia;

(ii) Menopausa;

(iii) Endometriose;

(iv) Doenças degenerativas (centrais ou periféricas);

(v) Megacólon;

(vi) Malformação congênita dos órgãos genitais;

(vii) Ooforectomia;

(viii) Histerectomia;

(ix) Câncer de órgãos pélvicos;

(x) Quimioterapia e

(xi) Radioterapia pélvica.

3.2.3 Formação dos grupos

As pacientes foram distribuídas em dois grupos após a realização da manometria

anorretal, conforme ilustrado na figura 1.

Grupo de Estudo (GE): pacientes com hipertonia esfincteriana anal à manometria

anorretal.

Grupo controle (GC): pacientes que não tinham hipertonia esfincteriana anal à avaliação

manométrica.

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Figura 1 - Delineamento do estudo

Fonte: próprio autor.

3.3 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

Os instrumentos utilizados na pesquisa foram:

Manometria anorretal,

Anamnese,

Questionário FSFI.

3.3.1 Manometria anorretal

As pacientes incluídas no estudo realizaram a manometria anorretal de acordo com os

parâmetros e características descritas a seguir.

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3.3.1.1 Equipamento

O aparelho utilizado para a manometria foi Dynamed® acoplado a um sistema que

contém um cateter flexível de cinco milímetros de diâmetro com oito orifícios radiados por

onde ocorre a perfusão de água com velocidade de 18 ml/minuto usado para mensurar as

pressões do canal anal, e, na extremidade distal da sonda, um dedo de luva foi acoplado para

insuflar o balão por meio de uma seringa de 60 ml, conforme ilustrado nas figuras 2 e 3.

Figura 2 - Equipamento utilizado para realização da manometria anorretal. Manômetro de oito canais,

composto por uma bomba que controla, por meio de pressão fixa de gás nitrogênio, a perfusão de água

destilada à velocidade contínua.

Fonte: próprio autor.

Figura 3 - Cateter usado para mensurar as pressões do canal anal no exame de manometria anorretal,

de silicone com 0,5 cm de diâmetro, canais dispostos radialmente e balão de látex na extremidade.

Fonte: próprio autor.

A análise dos dados foi obtida por meio de software denominado Procto Master®, que

calcula automaticamente as médias das pressões e os valores pressóricos máximos. A

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interpretação desses dados é feita com base nos resultados fornecidos pela análise

computadorizada dos valores de cada indivíduo. O diagnóstico manométrico foi realizado

considerando os valores de referência dos serviços, HUB e Clínica Uniprocto. Os dois

serviços envolvidos na pesquisa possuíam o mesmo protocolo.

3.3.1.2 Técnica do exame

Não foi realizado preparo intestinal prévio para a realização da manometria. Cada

paciente foi orientada a respeito das etapas do exame na tentativa de se obter máxima

colaboração.

A paciente permaneceu durante todo o exame em decúbito lateral esquerdo com os

quadris e joelhos fletidos, com o membro inferior direito sobre o esquerdo.

Antes do início do exame, o equipamento foi calibrado e o cateter, lubrificado em

solução inerte, foi introduzido no ânus até o ponto correspondente a seis centímetros da borda

anal, sendo então tracionado, a cada centímetro, manualmente pelo examinador.

A cada centímetro tracionado a paciente era orientada a executar três comandos. No

primeiro, a paciente era instruída a manter a região anal relaxada para mensuração da pressão

de repouso. Em seguida, a realizar a contração da região anal para captação da pressão de

contração, e por fim realizar esforço evacuatório para observar a pressão do canal anal durante

a manobra de Valsalva.

Após essas 6 avaliações consecutivas, o balão era reposicionado a 6 centímetros da

margem anal, e inflado com ar a volume controlado. A paciente era orientada a mencionar a

primeira sensação retal, o volume obtido neste momento corresponde à sensibilidade retal.

Continuou a injeção de ar até a paciente referir desejo evacuatório.

Para finalizar o exame, o balão foi posicionado no canal anal funcional, isto é, na zona

de mais alta pressão, em torno de 2cm da margem anal, e inflado rapidamente com volume de

20 a 60 ml, com intuito de distender as paredes retais e avaliar o reflexo inibitório retoanal

(RIRA). O examinador solicitou também que a paciente realizasse manobra de Valsalva para

avaliação das pressões do canal anal.

3.3.1.3 Parâmetros avaliados

A manometria anorretal foi realizada de acordo com o protocolo dos serviços, que

consideravam as seguintes variáveis:

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Pressão de repouso é a pressão obtida, no canal anal, quando o esfíncter anal externo

encontra-se relaxado. Valores normais de 40 a 70 mmHg;

Pressão de contração é a pressão obtida quando o paciente executa a contração

voluntária da musculatura estriada. Valores normais de 100 a 180 mmHg;

Avaliação da pressão do canal anal durante a manobra de Valsalva é realizada durante

o esforço evacuatório e espera-se a queda da pressão esfincteriana, associada ao relaxamento

da musculatura. Quando existe um aumento dessa pressão durante o esforço evacuatório

sugere-se contração paradoxal do puborretal;

Hipotonia esfincteriana é a pressão de repouso do canal anal abaixo de 40 mmHg ou

pressão de contração abaixo de 100 mmHg;

Hipertonia esfincteriana é a pressão de repouso do canal anal acima de 70 mmHg ou

pressão de contração acima 180 mmHg;

Reflexo Inibitório Retoanal (RIRA) é o reflexo obtido pela distensão do reto com a

insuflação do balão. Observa-se o relaxamento transitório do esfíncter interno, com retorno ao

tônus normal. O RIRA presente representa redução, de pelo menos, 20% da pressão de

repouso após a insuflação do balão;

Sensibilidade retal é a percepção de distensão ou peso na ampola retal referida pelo

paciente à insuflação do balão. O volume normal para desencadear esta sensibilidade é de 10

a 30 ml;

Capacidade retal corresponde ao volume máximo tolerável à insuflação do balão. A

capacidade retal normal varia de 100 a 250 ml;

Canal anal funcional ou Zona de alta pressão é a porção do canal anal onde a pressão

de repouso se apresenta mais alta. O comprimento do canal anal é o valor em centímetros do

canal anal funcional. O valor esperado é de 2 a 3 cm.

Os dados obtidos à avaliação manométrica foram registrados em uma planilha para

avaliação estatística (apêndice C).

3.3.2 Anamnese

Todas as participantes responderam ao interrogatório dirigido realizado pelo mesmo

pesquisador.

Foram interrogadas quanto ao estado civil, à escolaridade, ao número de gestações, a

partos vaginais, a partos cesáreos, a abortos, à episiotomia, operações abdominais e pélvicas

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prévias, o uso de anticoncepcional oral ou outros hormônios, e doenças associadas tais como

diabetes mellitus, hipotireoidismo, infecções e fissura anal.

O pesquisador desconhecia o resultado do exame de manometria anorretal ao receber as

pacientes para realizar a anamnese, para não haver indução no resultado.

3.3.3 Female Sexual Function Index (FSFI)

Foi utilizado um instrumento estruturado e auto-aplicável, o Female Sexual Function

Index (FSFI) para avaliar a função sexual feminina. Após responderem o interrogatório dirigido

realizado pelo pesquisador, as pacientes permaneceram sozinhas em uma sala para

responderem de próprio punho o questionário FSFI.

O questionário é composto por 19 perguntas, sendo que há seis domínios envolvidos:

Domínio 1: Desejo. As questões 1 e 2 abordam a frequência e o grau de desejo sexual

nas últimas quatro semanas;

Domínio 2: Excitação. As questões 3 a 6 abordam a frequência, o grau, a confiança e a

satisfação da excitação durante a atividade sexual;

Domínio 3: Lubrificação. As questões 7 a 10 abordam a frequência de lubrificação e o

grau de dificuldade de manter a lubrificação durante e até o fim da atividade sexual;

Domínio 4: Orgasmo. As questões 11 a 13 abordam a frequencia, o grau de dificuldade

e a satisfação de atingir o orgasmo;

Domínio 5: Satisfação. As questões 14 a 16 abordam a satisfação do envolvimento

emocional com o parceiro, do relacionamento sexual com o parceiro e da vida sexual em geral;

Domínio 6: Dor. As questões 17 a 19 abordam a frequência e o grau de dor durante e

logo após a penetração vaginal.

Os escores dos domínios e a escala geral de escores do FSFI são calculados como

apresentado na tabela 1. Cada questão possui pontuações individuais variam de 0 a 5, e a

soma dessas pontuações resulta em um escore. O escore final de cada domínio é corrigido por

um fator correspondente. Esse escore mede o grau de desejo, excitação, lubrificação,

orgasmo, satisfação e dor (dispareunia). O escore gerado pelas questões incluídas no domínio

dor abaixo de 4,4 sugere dispareunia (ZHANG et al., 2011).

O escore final é calculado pela soma de todos os escores dos seis domínios. Quanto

mais alto o escore melhor o grau de função sexual (FSFI; ROSEN et al., 2000).

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Tabela 1 – Escores dos domínios do questionário FSFI.

Domínio Questões Faixa de

pontuação

Fator Escore

mínimo

Escore

máximo

Desejo 1, 2 1 – 5 0,6 1,2 6,0

Excitação 3, 4, 5, 6 0 – 5 0,3 0 6,0

Lubrificação 7, 8, 9, 10 0 – 5 0,3 0 6,0

Orgasmo 11, 12, 13 0 – 5 0,4 0 6,0

Satisfação 14, 15, 16 *0 (ou 1) – 5 0,4 0,8 6,0

Dor 17, 18, 19 0 – 5 0,4 0 6,0

Faixa de pontuação em todos os domínios 2,0 36,0

Fonte: www.fsfiquestionnare.com

*Variação para o item 14 = 0–5; variação para os itens 15 e 16 = 1–5.

Para melhor compreensão, algumas definições foram dadas às pacientes com o intuito

de esclarecer expressões contidas no questionário:

Atividade sexual incluía carícias, preliminares, masturbação e sexo vaginal;

Relação sexual foi definida como a penetração do pênis na vagina;

Estimulação sexual incluía situações como as preliminares com um parceiro, auto-

estimulação (masturbação) ou fantasia sexual;

Desejo ou interesse sexual é o sentimento que inclui querer ter uma experiência

sexual, sentimento receptivo a um parceiro sexual, e pensar ou fantasiar sobre relações

sexuais;

Excitação sexual é o sentimento que inclui aspectos físicos e mentais de excitação.

Inclui sensações de calor ou formigamento nos órgãos genitais, lubrificação ou contrações

musculares.

As pacientes completaram todo o questionário, em uma sala individual. Foram

esclarecidas que as questões eram referentes à atividade sexuais das últimas quatro semanas,

que as respostas deveriam ser sinceras, claras e seriam mantidas em sigilo.

3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para análise dos domínios, foram calculadas as estatísticas e as frequências, conforme

os grupos estudados (sem hipertonia e com hipertonia).

Foi utilizado a média e o desvio padrão para a variável idade, e para as demais foi

utilizado o erro padrão da média.

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Para comparação das variáveis contínuas: idade, número de gestações, partos normais,

partos cesáreos, episiotomias, conforme o grupo em estudo (sem hipertonia e com hipertonia)

foi utilizado o teste t de Student para amostras independentes, ou o test U de Mann-whitney,

quando os dados não possuíam distribuição normal.

Por outro lado, algumas variáveis quantitativas foram tratadas de forma qualitativa para

executar as comparações entre os grupos. Estas variáveis foram número de abortos, escore do

questionário FSFI e número de gestações. Além disto, outras variáveis qualitativas foram

analisadas como a indicação para a manometria, estado civil e uso de anticoncepcional. Para

todas estas comparações entre os grupos de estudos, foi utilizado o teste do qui-quadrado.

Para comparar a correlação entre dor e lubrificação entre os diferentes grupos foi

utilizado o coeficiente de correlação de Pearson.

O nível de significância adotado foi de 5%. As análises foram realizadas no programa

SPSS versão 17.0.

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4 RESULTADOS

O grupo com hipertonia esfincteriana (Grupo GE) ficou constituído por 34 participantes

e o grupo sem hipertonia esfincteriana (Grupo GC) foi composto por 23 participantes.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS PACIENTES

O grupo com hipertonia esfincteriana (Grupo GE) apresentou média de idade de 35,61

(±7,67) anos e o grupo sem hipertonia esfincteriana (Grupo GC) média de idade de 35,91

(±8,36) anos, conforme apresentado na tabela 2.

Tabela 2 – Distribuição das pacientes nos grupos GE e GC por faixas etárias.

Características Grupo GE

n (%)

Grupo GC

n (%)

Total

n (%)

p valor

Faixa etária (anos)

18-24

25-29

30-34

35-39

40-44

45-49

50-51

2 (5,9%)

6 (17,6%)

9 (26,6%)

5 (14,7%)

6 (17,6%)

6 (17,6%)

0 (0%)

2 (8,8%)

3 (13%)

5 (21,7%)

5 (21,7%)

5 (21,7%)

1 (4,3%)

2 (8,8%)

4 (7%)

9 (15,8%)

14 (24,6%)

10 (17,5%)

11 (19,3%)

7 (12,3%)

2 (3,5%)

0,434

Total 34 (100%) 23 (100%) 57 (100%)

O tempo médio de escolaridade do grupo GE foi de 13,54 (±0,74) anos, e o do grupo

GC foi de 13,62 (±0,89) anos, conforme demonstrado na tabela 3.

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31

Tabela 3 – Distribuição das pacientes nos grupos GE e GC por tempo de escolaridade.

Características Grupo GE

n (%)

Grupo GC

n (%)

Total

n (%)

p valor

Escolaridade 0,562

1 a 5 anos 1 (2,9%) 0 (0%) 1 (1,8%)

5 a 10 anos 3 (8,8%) 1 (4,3%) 4 (7%)

11 anos ou mais 30 (88,3%) 22 (95,7%) 52 (91,2%)

Total 34 (100%) 23 (100%) 57 (100%)

Os dois grupos foram compostos majoritariamente por mulheres casadas (GE: 19

mulheres, 55,9%; GC: 15 mulheres, 65,2%), seguida das solteiras (GE: 11 pacientes, 32,4%;

GC: 4 pacientes, 17,4%), como detalhado na tabela 4.

Tabela 4 – Distribuição das pacientes nos grupos GE e GC por estado civil.

Características Grupo GE

n (%)

Grupo GC

n (%)

Total

n (%)

p valor

Estado civil 0,526

Casada 19 (55,9%) 15 (65,2%) 34 (59,7%)

Solteira 11 (32,4%) 4 (17,4%) 15 (26,3%)

Separada

judicialmente

1 (2,9%) 2 (8,7%) 3 (5,3%)

União consensual 3 (8,8%) 2 (8,7%) 5 (8,7%)

Total 34 (100%) 23 (100%) 57 (100%)

Não houve diferença estatisticamente significante em nenhum desses dados

apresentados (p > 0,05). A idade e o estado civil das pacientes estão detalhados no apêndice D

e E.

Os dados referentes aos antecedentes gestacionais das pacientes dos dois grupos estão

apresentados na tabela 5 e nos apêndices F e G. Não houve diferença estatística entre os

grupos quando se comparou o número de gestações, partos cesáreos e abortos. Houve maior

ocorrência de partos vaginais no Grupo Controle quando comparado ao Grupo de Estudo,

sendo essa diferença estatisticamente significante (p = 0,034).

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32

Tabela 5 – Distribuição das pacientes nos grupos GE e GC segundo o número de gestações, os tipos de

partos e o número de abortos.

Características Grupo GE

n (%)

Grupo GC

n (%)

Total

n (%)

p valor

Número de gestações 0,172

Nenhuma 17 (50,2%) 7 (30,5%) 24 (42,1%)

1 gestação 3 (8,8%) 5 (21,7%) 8 (14%)

2 gestações 6 (17,6%) 5 (21,7%) 11 (19,3%)

3 gestações 6 (17,6%) 2 (8,7%) 8 (14%)

4 gestações 1 (2,9%) 4 (17,4%) 5 (8,7%)

8 gestações 1 (2,9%) 0 (0%) 1 (1,8%)

Total 34 (100%) 23 (100%) 57 (100%)

Partos vaginais 0,034*

Nenhum 27 (79,5%) 12 (52,2%) 39 (68,5%)

1 parto vaginal 4 (11,7%) 4 (17,4%) 8 (14%)

2 partos vaginais 2 (5,9%) 4 (17,4%) 6 (10,5%)

3 partos vaginais 1 (2,9%) 1 (4,3%) 2 (3,5%)

4 partos vaginais 0 (0%) 2 (8,7%) 2 (3,5%)

Total 34 (100%) 23 (100%) 57 (100%)

Partos cesáreos 0,341

Nenhum 22 (64,8%) 15 (65,3%) 37 (64,9%)

1 parto cesáreo 3 (8,8%) 5 (21,7%) 8 (14%)

2 partos cesáreos 6 (17,6%) 3 (13%) 9 (15,8%)

3 partos cesáreos 3 (8,8%) 0 (0%) 3 (5,3%)

Total 34 (100%) 23 (100%) 57 (100%)

Abortos 0,680

Nenhum 27 (79,5%) 19 (82,6%) 46 (80,7%)

1 a 2 abortos 6 (17,6%) 4 (17,4%) 10 (17,5%)

4 a 6 abortos 1 (2,9%) 0 (0%) 1 (1,8%)

Total 34 (100%) 23 (100%) 57 (100%)

*p < 0,05

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33

As mulheres do Grupo Controle tiveram maior frequencia de episiotomias do que o

Grupo de Estudo, sendo essa diferença estatisticamente significante (p=0,016). A média de

ocorrência de episiotomias no Grupo de Estudo foi de 0,21 (± 0,11), e no Grupo Controle de

0,95 (± 0,27).

As operações abdominais e pélvicas mais frequentes foram a laqueadura tubária (GE: 4

pacientes, 11,8%, GC: 7 pacientes, 30,5%), seguida da perineoplastia (GE: 1 paciente, 2,9%,

GC: 3 pacientes, 13,1%), sem diferença estatística entre os grupos (p=0,266).

Diabetes mellitus e hipotireoidismo foram as doenças associadas mais frequentes, sendo

a primeira com maior ocorrência no grupo GC (1 paciente, 4,4%), e a segunda mais frequente

no grupo GE (4 pacientes, 11,7%). Não houve diferença estatisticamente significante entre os

grupos (p=0,479).

O uso do anticoncepcional oral foi mencionado por 21 (61,8%) pacientes do Grupo de

Estudo e 15 (65,2%) pacientes do Grupo Controle, não havendo diferença estatisticamente

significante entre os grupos (p = 0,508).

4.2 MANOMETRIA ANORRETAL

As indicações para a realização da manometria anorretal estão apresentadas na tabela 6.

A fissura anal foi a indicação mais frequente com 21 (36,8%) exames, seguido por

constipação intestinal com 15 (26,3%), e incontinência fecal com 8 (14%) exames.

A distribuição das indicações foi diferente para os dois grupos analisados. Para o grupo

GE a indicação mais frequente foi fissura anal com 18 (52,9%) exames, com diferença

estatisticamente significante entre os grupos (p = 0,002). Já para o grupo GC foi constipação

intestinal com 9 (39,2%) exames, sem diferença estatística entre eles (p=0,071).

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34

Tabela 6 - Indicações para realização de manometria anorretal nos grupos GE e GC.

Achados manométricos Grupo GE

n (%)

Grupo GC

n (%)

Total

n (%)

p valor

Indicação

Fissura anal 18 (52,9%) 3 (13,1%) 21 (36,8%) 0,002*

Constipação intestinal 6 (17,6%) 9 (39,2%) 15 (26,3%) 0,071

Incontinência fecal 4 (11,8%) 4 (17,4%) 8 (14%) 0,549

Pré-operatório 3 (8,9%) 1 (4,3%) 4 (7%) 0,516

Doença hemorroidária 2 (5,9%) 0 (0,0%) 2 (3,5%) 0,236

Proctalgia 1 (2,9%) 3 (13,1%) 4 (7%) 0,143

Hipertonia 0 (0,0%) 1 (4,3%) 1 (1,8%) 0,220

Fístula 0 (0,0%) 1 (4,3%) 1 (1,8%) 0,220

Retocele 0 (0,0%) 1 (4,3%) 1 (1,8%) 0,220

Total 34 (100%) 23 (100%) 57 (100%)

*p < 0,05

Os dados das pressões de repouso estão na tabela 7 e na figura 4, e os da pressão de

contração na tabela 8 e na figura 5. A média da pressão de repouso e de contração encontrada

nos dois grupos apresentou diferença estatisticamente significante com p = 0,000 na análise

das duas pressões citadas, isso era necessário para definir os grupos. O grupo GE apresentou

média da pressão de repouso de 71,64 mmHg e o Grupo Controle 49,82 mmHg.

Tabela 7 – Valores da pressão de repouso do canal anal (mínimo, máximo, mediana, média, desvio

padrão, erro padrão) nos grupos GE e GC.

Pressão de repouso Grupo GE Grupo GC p valor

Mínimo 32,0 23,0

Máximo 102,0 69,0

Mediana 73,5 53,0

Média 71,6 49,8 0,000*

Desvio padrão 19,2 13,9

Erro padrão 3,3 2,9

*p < 0,05

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Figura 4. Distribuição das médias de pressão de repouso do complexo esfincteriano anal nos grupos

GC e GE.

Fonte: próprio autor.

Na pressão de contração, o grupo GE apresentou média de 176,67 mmHg, e o Grupo

Controle de 100,39 mmHg.

Tabela 8 – Valores da pressão de contração do canal anal (mínimo, máximo, mediana, média, desvio

padrão, erro padrão) nos grupos GE e GC.

Pressão de contração Grupo GE Grupo GC p valor

Mínimo 85,0 65,0

Máximo 232,0 154,0

Mediana 191,5 89,0

Média 176,6 100,4 0,000*

Desvio padrão 39,7 28,9

Erro padrão 6,8 6,0

*p < 0,05

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Figura 5. Distribuição das médias de pressão de contração do complexo esfincteriano anal nos

Grupos GC e GE.

Fonte: próprio autor.

As pressões de repouso, de contração e a presença ou não de contração paradoxal de

cada paciente do Grupo Controle estão descritas no apêndice H, e as do Grupo de Estudo no

apêndice I.

Está sumarizada na tabela 9 a ocorrência dos tipos de hipertonia das pacientes do Grupo

de Estudo, de acordo com os valores de referência utilizados neste trabalho. A maioria das

pacientes avaliadas apresentou hipertonia de contração (14 pacientes, 41%).

Tabela 9 – Frequência de hipertonia de repouso e de contração isolada e hipertonia de repouso

associada à hipertonia de contração no Grupo de Estudo (GE).

Hipertonia Grupo de Estudo (GE)

TOTAL (%)

Hipertonia de repouso 11 32,4%

Hipertonia de contração 14 41%

Hipertonia de repouso e de contração 9 26,6%

Total 34 100%

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37

Para os achados manométricos RIRA, sensibilidade, capacidade retal e comprimento do

canal anal não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos, conforme

apresentado na tabela 10.

Tabela 10 – Valores médios e erro padrão da sensibilidade, capacidade retal e comprimento do canal

anal nos grupos GE e GC.

Achados manométricos Grupo GE

n = 34

Grupo GC

n = 23

p valor

Sensibilidade (ml) 20,87 (±0,60) 20,0 (±0,00) 0,162

Capacidade retal (ml) 320,87 (±14,41) 275,29 (±18,06) 0,054

Comprimento do canal anal (cm) 2,26 (±0,14) 2,38 (±0,08) 0,441

Conforme apresentado na tabela 11, a maioria das pacientes teve o RIRA presente (GE:

32 pacientes, 94,1%; GC: 23 mulheres, 100%), e houve 9 (39,1%) ocorrências de contração

paradoxal no grupo GC e 4 (11,7%) no grupo GE com diferença estatisticamente significante

entre os dois grupos (p = 0,003).

Tabela 11 – Frequência da presença ou ausência do RIRA e contração paradoxal do puborretal nos

grupos GE e GC.

Achados manométricos Grupo GE

n (%)

Grupo GC

n (%)

Total

n (%)

p valor

RIRA 0,236

Presente 32 (94,1%) 23 (100%) 55 (96,5%)

Ausente 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0%)

Indeterminado 2 (5,9%) 0 (0,0%) 2 (3,5%)

Total 34 (100%) 23 (100%) 57 (100%)

Contração paradoxal do

puborretal

0,003*

Presente 4 (11,7%) 9 (39,1%) 13 (22,8%)

Ausente 30 (88,3%) 14 (60,9%) 44 (77,2%)

Total 34 (100%) 23 (100%) 57 (100%)

*p<0,05

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Os dados individualizados por pacientes da sensibilidade, capacidade retal,

comprimento do canal anal e RIRA do Grupo Controle estão detalhados no apêndice J e as do

Grupo de Estudo no apêndice K.

4.3 RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO SEXUAL

A frequência de dispareunia dos dois grupos está expressa na tabela 12.

Proporcionalmente o Grupo Controle apresentou mais mulheres com dispareunia (GC: 9

pacientes, 39,1%) do que o Grupo de Estudo (GE: 10 pacientes, 29,5%), no entanto não houve

diferença estatisticamente significante.

Tabela 12 – Frequência de dispareunia nos grupos GE e GC.

Dispareunia Grupo GE

n (%)

Grupo GC

n (%)

Total

n (%)

p valor

0,445

Presença 10 (29,5%) 9 (39,1%) 19 (33,4%)

Ausência 24 (70,5%) 14 (60,9%) 38 (66,6%)

Total 34 (100%) 23 (100%) 57 (100%)

A média do escorre do domínio dor do Grupo GE foi de 3,60 (±0,22) e a do Grupo GC

foi de 3,68 (±0,38), sem diferença estatisticamente significante entre os grupos (p=0,400). Na

tabela 13 observa-se a frequência do escore do domínio dor nos dois grupos.

Tabela 13. Frequência do escore do domínio de dor nos grupos GE e GC.

Escore

Domínio Dor

Grupo GE

n (%)

Grupo GC

n (%)

Total

n (%)

0 – 2,0 0 (0%) 1 (4,3%) 1 (1,8%)

2,1 – 3,0 3 (8,8%) 1 (4,3%) 4 (7%)

3,1 – 4,4 7 (20,6%) 7 (30,5%) 14 (24,6%)

4,5 – 6,0 24 (70,6%) 14 (60,9%) 38 (66,6%)

Total 34 (100%) 23 (100%) 57 (100%)

Na avaliação dos escores dos domínios dor e lubrificação não houve diferença

estatisticamente significante quando comparado o grupo de mulheres com hipertonia

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esfincteriana (Grupo GE) com o grupo de mulheres sem hipertonia esfincteriana (Grupo GC)

(p>0,05). Esses dados estão demonstrados na tabela 14.

Tabela 14 - Escores dos achados do questionário FSFI para os domínios dor e lubrificação nos grupos

GE e GC.

Domínio Grupo GE

n = 34

Grupo GC

n = 23

p valor

Lubrificação 4,8265 4,6696 0,682

Dor 4,8588 4,7304 0,699

Na análise da correlação entre os domínios dor e lubrificação, a força de correlação

entre as variáveis foi maior no Grupo GC (r²=0,304) quando comparado ao Grupo GE

(r²=0,139). Esse dado é apresentado nos figuras 6 e 7.

Figura 6 - Correlação entre os escores dos domínios dor e lubrificação no Grupo Controle (GC).

Fonte: próprio autor.

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Figura 7 - Correlação entre os escores dos domínios dor e lubrificação no Grupo de Estudo (GE).

Fonte: próprio autor.

Para avaliar a associação da fissura com a dispareunia verificou-se a proporção de

mulheres nesses achados.

Na tabela 15 verifica-se a distribuição de pacientes segundo a fissura e a dispareunia.

Na comparação entre esses subgrupos não houve diferença estatisticamente significante no

Grupo de Estudo (p=0,842) e no Grupo Controle (p=0,295).

Tabela 15 – Distribuição das pacientes segundo a frequência de fissura e dispareunia nos grupos GE e

GC.

Dispareunia

Grupo GE

34 (100%)

Grupo GC

23 (100%)

Total

Com

fissura

Sem

fissura

Com

fissura

Sem

fissura

n (%)

Presença 5 (14,7%) 5 (14,7%) 2 (8,7%) 7 (30,5%) 19 (33,4%)

Ausência 13 (38,3%) 11 (32,3%) 1 (4,3%) 13 (56,5%) 38 (66,6%)

Total 18 (53%) 16 (47%) 3 (13%) 20 (87%) 57 (100%)

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41

Quando analisados os escores dos 6 domínios (desejo, excitação, lubrificação, orgasmo,

satisfação e dor) presentes no questionário FSFI e o escore total não houve diferença

estatisticamente significante entre os dois grupos. Dados apresentados na tabela 16 e nos

apêndices L e M.

Tabela 16 – Médias dos escores dos domínios do questionário FSFI nos grupos GE e GC.

Domínio Grupo GE

n = 34 (100%)

Grupo GC

N = 23 (100%)

p valor

Desejo 3,4588 3,7304 0,245

Excitação 4,1824 4,3826 0,325

Lubrificação 4,8265 4,6696 0,682

Orgasmo 4,0588 4,6435 0,135

Satisfação 4,5176 4,6609 0,786

Dor 4,8588 4,7304 0,699

Escore total 25,90 (±0,77) 26,81 (±1,04) 0,475

Em resumo, os grupos GC e GE foram semelhantes na idade, na escolaridade, no estado

civil, no número de gestações, partos cesáreos, abortos, operações abdominais e pélvicas,

doenças associadas, uso de anticoncepcional, escore de lubrificação e ocorrência de

dispareunia.

Os achados manométricos sensibilidade, capacidade retal, comprimento do canal anal e

RIRA também foram semelhantes entre os grupos.

O Grupo GC apresentou maior ocorrência de partos vaginais, episiotomias e contração

paradoxal do puborretal em relação ao Grupo GE, com diferença estatisticamente significante.

O Grupo GE apresentou mais indicação de fissura anal para realização de manometria

anorretal quando comparado com o Grupo GC, com diferença estatisticamente significante.

O Grupo GE apresentou pressões de repouso e de contração maiores que o Grupo GC

com diferença estatística, esse resultado era primordial para a definição dos grupos.

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5 DISCUSSÃO

O relato de dor no canal vaginal durante o exame físico de pacientes encaminhadas à

reabilitação do assoalho pélvico nos chamou a atenção por observar que clinicamente

mulheres com essa queixa também referiam frequentemente dor associada à relação sexual.

A maioria dos encaminhamentos à reabilitação é por queixa urinária ou anorretal, e as

queixas sexuais frequentemente não são relatadas durante a anamnese, porque as pacientes

acreditam que questões sexuais não têm nenhuma associação com sua doença de base ou

tratamento (SUNG et al., 2011), e que o tempo no ambiente clínico não favorece que aspectos

sobre a vida sexual sejam abordados durante uma consulta (OHL, 2007).

Estes aspectos somados aos poucos estudos que avaliam o diagnóstico e o tratamento da

dispareunia motivaram a realização deste estudo.

O processo de avaliação de pacientes com dispareunia deve ser individualizado e o

cuidado com o ambiente é fundamental. O espaço deve ser reservado, pois a paciente está

fazendo referência a uma das questões mais íntimas de sua vida pessoal (OHL, 2007). No

nosso trabalho houve a preocupação com o controle do ambiente e com a forma da coleta

realizada, para obter resultados mais confiáveis, já que estudos no campo da medicina sexual

não conseguem resultados perfeitamente fidedignos pela natureza delicada das questões

envolvidas (HITE, 1976).

Para melhor definir o fator causal da dispareunia das pacientes avaliadas, esta pesquisa

procurou controlar grande parte das variáveis passíveis de confusão para este diagnóstico.

Neste estudo a idade, a escolaridade e o estado civil foram semelhantes entre os dois

grupos sem diferença estatística. As características da população avaliada foram mulheres

jovens, não principiantes na vida sexual, com parceiros fixos, que tem experiência sexual

suficiente para não apresentar dificuldade para o relaxamento ou lubrificação como as

mulheres no início da vida sexual, e que compreendem bem as perguntas do questionário

aplicado.

Foram excluídas as mulheres na menopausa, visto que a queda hormonal pode acarretar

atrofia vulvovaginal, uma possível causa de dispareunia (BINIK, 2010), e a idade maior que

50 anos está associada a este sintoma (ZHANG et al., 2011).

A história gestacional foi similar entre os grupos avaliados, no entanto o número de

partos vaginais e consequentemente o número de episiotomias realizadas foi diferente

estatisticamente, com maior ocorrência no Grupo Controle. Esses dois achados por si só

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justificam as pressões mais baixas no Grupo GC. Partos vaginais e episiotomias estão

associados a vários transtornos da região perineal, como incontinência urinária e a dispareunia

(BERTOZZI et al., 2011), desse modo as mulheres deste grupo poderiam estar mais sujeita a

dispareunia, no entanto mesmo tendo maior proporção, não houve diferença estatística entre

os dois grupos.

A frequência de operações abdominais e pélvicas foi baixa nos dois grupos avaliados e

sem diferença estatística entre eles. O mesmo ocorreu com as doenças associadas.

As pacientes ooforectomizadas e histerectomizadas foram excluídas, porque esses

procedimentos cirúrgicos estão associados à dispareunia (ZHANG et al., 2011). WURN et al.

(2004) presumem que alguns casos de dispareunia podem ser devido à formação de

aderências pélvicas consequentes de operações prévias ou processos inflamatórios, permitindo

que as estruturas fiquem mais sensíveis à dor.

VERONELLI et al. (2009) afirmam que há maior prevalência de disfunção sexual em

pacientes diabéticos e em obesos com hipotireoidismo.

O uso de anticoncepcional não apresentou diferença entre os grupos, e teve ocorrência

maior que 60% nos dois grupos avaliados, sendo assim os dois grupos tiveram a mesma

possibilidade de apresentar este sintoma em decorrência do uso desta medicação. O

contraceptivo oral tem sido sugerido como um fator causal para dispareunia (HEIM, 2001;

BOUCHARD et al., 2002).

Os dados manométricos RIRA, sensibilidade retal e comprimento do canal anal se

mantiveram dentro dos padrões fisiológicos e não houve diferença estatisticamente

significante entre os grupos. Com relação a capacidade retal embora a diferença não tenha

alcançado significado estatístico observou-se uma tendência (p=0,054), o Grupo de Estudo

apresentou maior capacidade retal quando comparado ao Grupo Controle. Na literatura que

tivemos acesso não encontramos dados que associassem este achado ao Grupo de Estudo, e

nem tão pouco associação deste achado com a dispareunia.

Neste trabalho houve 9 indicações para a realização do exame de manometria anorretal,

as mais frequentes foram a fissura anal (GE: 18 pacientes, 52,9%, GC: 3 pacientes, 13,1%) e a

constipação intestinal (GE: 6 pacientes, 17,6%, GC: 9 pacientes, 39,2%), no entanto a

indicação fissura anal apresentou diferença estatística entre os grupos (p=0,002).

Fez-se necessário então a análise dos pacientes com fissura anal separadamente por ser

a dor uma característica clínica frequente. Fissura anal é uma condição comum dentre as

queixas anorretais encontradas na prática médica. É caracterizada pela perda da continuidade

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44

da pele do canal anal, na porção abaixo da linha pectínea, região altamente sensível

despertando dor de elevada intensidade (CRUZ, 1999).

Muitas delas têm resolução espontânea, sem necessidade de terapêutica. Os pacientes

que procuram assistência geralmente em consequência da combinação da dor anal intensa

durante ou após a evacuação e a passagem de sangue vermelho vivo pelo ânus (HERZIG; LU,

2010; YAKOVLEV; KARASEV, 2010).

Podem ser classificadas em agudas ou crônicas. Durante o exame físico, na fissura anal

aguda não se observa fibras transversas dos esfíncteres, apenas uma ulceração superficial. A

cronicidade do quadro resulta na fissura anal crônica, onde as fibras do esfíncter interno são

facilmente visíveis (CRUZ, 1999).

Na fissura anal aguda há o desaparecimento dos sintomas com 4 a 6 semanas. Já nas

fissuras crônicas os sintomas perduram além desse período (HERZIG; LU, 2010).

A patogênese da fissura anal é pouco compreendida, mas acredita-se que a combinação

da hipertonia do esfíncter anal interno, da isquemia relativa e do trauma do canal anal estejam

relacionada, como causa ou como efeito (HERZIG; LU, 2010; YAKOVLEV; KARASEV,

2010). Como uma das funções da manometria anorretal é medir o tônus do complexo

esfincteriano anal (KIM, 2010), há a indicação da realização do exame em pacientes com

fissura anal.

Neste estudo foram analisados os dados isoladamente para que a dor gerada pela fissura

não interferisse no diagnóstico de dispareunia, para descartar a fissura como causa da dor

durante a relação sexual. No Grupo GE, a proporção de pacientes com e sem dispareunia de

acordo com o diagnóstico de fissura foi comparada e não houve diferença estatística. O

mesmo ocorreu na avaliação desses pacientes no Grupo Controle. Isso confirma que a fissura

anal não está associada com o diagnóstico de dispareunia nas pacientes avaliadas.

Na avaliação das pressões de repouso e de contração, a diferença entre os grupos foi

estatisticamente significante para as duas análises (p=0,000 para as duas pressões), isso

confirma que, não apenas a pressão de repouso, onde o esfíncter anal interno é responsável

por até 85% desse tônus de base (DUTHIE; WATTS, 1965), mas também a pressão de

contração, pressão acrescida pelo esfíncter externo, puborretal e demais musculaturas do

assoalho pélvico apresentaram hipertonia.

MURAD-REGADAS et al. (2010) afirmam que a manometria anorretal é altamente

precisa na identificação de anismus. Já GÓES (2010) menciona que nos casos de constipação

intestinal, a interpretação dos dados manométricos seria em sua maior parte especulativa, mas

com possibilidade de associação de dados como pressão de repouso aumentada e a presença

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de contração paradoxal do puborretal. PFEIFER (2010) relata que a presença de contração

paradoxal do puborretal é bastante controversa, porque ocorre também em indivíduos

normais, sem sintomas associados.

Em pacientes com anismus, a incoordenação do assoalho pélvico impede o adequado

relaxamento durante o ato evacuatório (PFEIFER, 2010). Em pacientes com anismus, essa

incoordenação pode ocorrer também no intercurso sexual, aumentando o tônus e a resistência,

gerando a dor.

Diante disso, a ocorrência maior, no Grupo Controle, de episiotomias (p=0,016) e de

contração paradoxal do puborretal (p=0,003) sugerem que essas pacientes possam ter

apresentado mais dispareunia do que o esperado para este grupo, o que pode ter ocasionado na

diferença não significativa entre os grupos para o diagnóstico de dispareunia (p= 0,400). Uma

casuística maior poderia comprovar a hipótese de que o grupo de mulheres com hipertonia

esfincteriana apresenta mais dispareunia quando comparado com um grupo sem essa alteração

do complexo esfincteriano anal.

Para excluir a falta de lubrificação como fator causal para a dor durante o intercurso

sexual o presente estudo fez a avaliação da correlação entre os domínios dor e lubrificação

nos dois grupos.

É importante ressaltar que quanto maior o escore de lubrificação maior a frequência que

a paciente manteve-se lubrificada durante a atividade sexual ou o coito. Já o escore dor

apresenta-se de outra forma, quanto maior o escore menor os episódios de desconforto

durante a penetração vaginal.

A correlação entre esses dois domínios se apresentou maior no Grupo Controle do que

no Grupo de Estudo. Subentende-se que no Grupo Controle, apesar da diferença significante

da ocorrência de episiotomias e de contração paradoxal do puborretal, existe um

relacionamento previsível entre as variáveis dor e lubrificação, sendo assim o aumento de

uma variável é acompanhado por um aumento previsível na outra, isto é, se houver uma

melhora na lubrificação, o quadro de dor diminui consequentemente.

Já no Grupo de Estudo o aumento de uma variável talvez não cause o aumento da outra,

porque outros fatores também poderão estar envolvidos. Sendo assim, uma melhora na

lubrificação não acarretará consequentemente na diminuição da dor, justamente pela

existência de fatores associados, como por exemplo, a hipertonia esfincteriana.

Diante do exposto, embora tenha havido proporcionalmente mais mulheres com

dispareunia no Grupo Controle e não tenha havido diferença estatisticamente significante na

proporção de pacientes com dispareunia entre os grupos, sugere-se que a dispareunia

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encontrada no Grupo Controle esteja mais relacionada com falta de lubrificação, e a do Grupo

de Estudo com a hipertonia do complexo esfincteriano anal.

SUTTON et. al. (2012) realizaram um estudo com uso de lubrificantes em mulheres

com e sem dispareunia. Elas foram avaliadas pelo FSFI, e o estudo concluiu que mulheres

com dispareunia apresentaram significativamente menos lubrificação e mais disfunção sexual

do que as mulheres sem esse diagnóstico.

Ainda no estudo de SUTTON et. al. (2012) o uso de lubrificante foi mais eficaz nas

mulheres sem dispareunia do que nas pacientes com dispareunia. As pacientes sem dor

mencionaram que utilizavam o lubrificante para diminuir a secura vaginal quando ocorria, e

aumentar o prazer. Já as mulheres com dispareunia referiram menos eficácia, embora usassem

com mais frequência, e utilizavam com o objetivo de reduzir ou aliviar a dor.

Em um estudo que avaliou a presença de anodispareunia, dor no intercurso sexual anal,

os autores afirmaram que, mulheres que têm prática de coito anal, que apresentam ou não dor

neste tipo de relação, mencionaram que a incapacidade de relaxar a musculatura do assoalho

pélvico é a justificativa mais frequente para o quadro de dor (ŠTULHOFER; AJDUKOVIĆ,

2011).

Dentre as limitações do presente estudo está a falta de informações que interferem na

função sexual como o uso de medicação, opção religiosa, avaliação psicológica sobre história

de abuso sexual ou trauma e avaliação física da musculatura do assoalho pélvico. Outra

limitação foi o pequeno tamanho da amostra. Seria útil uma amostra maior na tentativa de

conseguir comprovar a hipótese proposta, no entanto, estas limitações não constituíram

impedimento para validar os resultados do estudo e as conclusões que se retiraram a partir de

suas análises.

A maioria dos estudos sobre dispareunia tem o foco no diagnóstico, na prevalência, no

tratamento farmacológico e na abordagem psicológica. Informações sobre outras modalidades

de tratamentos têm sido limitadas.

No entanto, estudos recentes já demonstram que em pacientes com dispareunia, os

exercícios de Kegel são indicados para ajudar a paciente a relaxar os músculos do assoalho

pélvico (SUNG et al., 2011). WURN et al. (2004) aplicaram terapia manual com liberação

miofascial em pacientes com dispareunia em decorrência de aderências e encontraram

resultados significativamente satisfatórios na diminuição da dor durante o intercurso sexual.

Considerando a literatura científica e os resultados do presente estudo, feitas as

ressalvas a eventuais limitações metodológicas, abrem-se perspectivas para futuras

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investigações no diagnóstico e no tratamento da dispareunia causada por hipertonia dos

músculos do assoalho pélvico.

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6 CONCLUSÃO

Considerando as condições em que essa investigação foi conduzida e com base nos

resultados obtidos, a hipertonia do complexo esfincteriano anal não se associou a ocorrência

de dispareunia.

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Apêndices

APÊNDICE A – Termo de consentimento livre e esclarecido

Termo de consentimento livre e esclarecido

Você está sendo convidada a participar do estudo “Estudo da associação entre dispareunia

e o tônus do complexo esfincteriano anal em mulheres adultas”, na qual Samantha Figueiredo

Frota Fernandes é a pesquisadora responsável, sob orientação do Professor João Batista de Sousa.

Os avanços na área da saúde ocorrem por meio de estudos como este, por isso a sua

participação é importante. O objetivo deste estudo é avaliar se a presença de alguns aspectos do seu

intestino pode estar contribuindo para a presença de queixas sexuais, como a dor durante a relação

sexual.

Você pode ou não participar desta pesquisa. Você fará um exame chamado manometria

anorretal para avaliação do seu intestinal e de sua evacuação, conforme foi prescrito pelo médico.

Caso aceite participar, será necessário, antes a realização da manometria anorretal, que você

responda algumas perguntas sobre seus dados pessoais, sua história clínica e um questionário sobre

a sua função sexual.

As perguntas sobre sua história clínica incluirão quantas gestações, quantos partos normais e

cesáreos, abortos, se está na menopausa, quais as cirurgias que você já fez e se você tem alguma

doença.

Gostaríamos que soubesse um pouco mais sobre o questionário e o exame a qual você será

submetida caso ingresse voluntariamente em nossa pesquisa.

O questionário, que você responderá antes do exame, avalia a função sexual feminina. É

constituído por 19 perguntas que mede o grau de desejo, excitação, lubrificação, orgasmo, satisfação

e dor durante a relação sexual. É um questionário simples e de fácil entendimento.

O exame, chamado de manometria anorretal é um exame simples, indolor, sem riscos, sem

necessidade de anestesia ou medicamentos. Este exame é o mais indicado para avaliar o

funcionamento de seu intestino. Ele não gera dor nem riscos ao paciente, é rápido, de baixo custo

para o hospital, além de bastante esclarecedor para avaliar a sua evacuação. Para realização será

necessário usar um aparelho no qual uma delicada sonda (mais fina que uma caneta e menor que seu

dedo indicador) será introduzida no ânus, permitindo avaliar a pressão do canal anal, quantificar a

sensibilidade e capacidade do reto, e avaliar os reflexos próprios desta região. Em seguida, será

solicitado a você que contraia a região anal (“feche o ânus e o bumbum”), depois relaxe (“solte a

região”) e por último faça um esforço evacuatório (“força para fazer cocô”). Os dados captados por

esse aparelho serão interpretados por sistema de computador. O exame terá duração máxima de 10

minutos.

Você poderá obter mais informações e poderá não participar da pesquisa ou retirar seu

consentimento a qualquer momento, sem prejuízo no seu atendimento. Pela sua participação no

estudo, você não será exposto a nem um risco pessoal e nem referente à realização de seu

tratamento. Você não receberá qualquer valor em dinheiro, mas terá a garantia de que todas as

despesas necessárias para a realização da pesquisa não serão de sua responsabilidade. Seu nome não

aparecerá em qualquer momento do estudo, pois você será identificado como número para zelo de

sua privacidade.

Caso você concorde em participar é necessário que assine abaixo.

Eu, _______________________________________________, li e/ou ouvi o esclarecimento

acima e compreendi para que serve o estudo e qual procedimento a que serei submetida. A

explicação que recebi esclarece os riscos e benefícios do estudo. Eu entendi que sou livre para

interromper minha participação a qualquer momento, sem justificar minha decisão e que isso não

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55

afetará meu tratamento. Sei que meu nome não será divulgado, que não terei despesas e não

receberei dinheiro por participar do estudo. Eu concordo em participar do estudo.

Brasília,............./ ................. /................

_________________________________________ __________________________________

Assinatura do voluntário ou seu responsável legal Documento de identidade

_________________________________________

Assinatura do pesquisador responsável

_________________________________________

Assinatura do pesquisador orientador

Qualquer dúvida não hesite em entrar em contato com o pesquisador responsável (61) 3345-4054 ou

com Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Brasília (61) 3307-2520 ou 3273-4069.

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APÊNDICE B – Ficha de anamnese

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APÊNDICE C – Ficha da manometria anorretal

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58

APÊNDICE D – Característica idade e estado civil do Grupo Controle (GC)

Identificação Idade (anos) Estado civil

GC1 46 Solteira

GC2 32 Casada

GC3 41 Casada

GC4 33 Casada

GC5 37 Casada

GC6 37 Casada

GC7 29 Casada

GC8 41 Casada

GC9 51 Separada judicialmente

GC10 31 Casada

GC11 39 Casada

GC12 26 Solteira

GC13 34 Casada

GC14 24 Solteira

GC15 50 Solteira

GC16 44 Casada

GC17 34 Casada

GC18 18 Casada

GC19 25 União consensual

GC20 40 Casada

GC21 35 Separada judicialmente

GC22 43 União consensual

GC23 36 Casada

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APÊNDICE E – Característica idade e estado civil do Grupo de Estudo (GE)

Identificação Idade (anos) Estado civil

GE1 34 Casada

GE2 36 Casada

GE3 44 Casada

GE4 33 Solteira

GE5 31 Solteira

GE6 42 Casada

GE7 36 União consensual

GE8 38 União consensual

GE9 30 Solteira

GE10 30 Casada

GE11 32 Solteira

GE12 40 Casada

GE13 43 Solteira

GE14 47 Casada

GE15 49 Casada

GE16 27 Casada

GE17 45 Casada

GE18 27 Solteira

GE19 35 Casada

GE20 34 União consensual

GE21 22 Solteira

GE22 28 Casada

GE23 28 Solteira

GE24 43 Casada

GE25 46 Separada judicialmente

GE26 31 Solteira

GE27 33 Solteira

GE28 47 Casada

GE29 21 Casada

GE30 28 Casada

GE31 35 Casada

GE32 28 Casada

GE33 46 Casada

GE34 42 Solteira

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APÊNDICE F – Distribuição do número de gestações, partos vaginais, cesáreos e abortos do

Grupo Controle (GC)

Identificação Número de gestações Partos vaginais Partos cesáreos Abortos

GC1 4 4 0 0

GC2 0 0 0 0

GC3 2 0 1 1

GC4 2 2 0 0

GC5 1 1 0 0

GC6 3 2 1 0

GC7 0 0 0 0

GC8 1 1 0 0

GC9 4 1 2 1

GC10 0 0 0 0

GC11 1 0 1 0

GC12 0 0 0 0

GC13 2 0 2 0

GC14 1 0 1 0

GC15 0 0 0 0

GC16 4 4 0 0

GC17 2 0 2 0

GC18 0 0 0 0

GC19 0 0 0 0

GC20 3 2 1 0

GC21 2 2 0 0

GC22 4 3 0 1

GC23 2 1 0 1

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APÊNDICE G - Distribuição do número de gestações, partos vaginais, cesáreos e abortos do

Grupo de Estudo (GE)

Identificação Número de gestações Partos vaginais Partos cesáreos Abortos

GE1 2 0 2 0

GE2 2 0 2 0

GE3 4 3 0 1

GE4 0 0 0 0

GE5 0 0 0 0

GE6 2 0 2 0

GE7 1 0 0 1

GE8 8 1 1 6

GE9 0 0 0 0

GE10 0 0 0 0

GE11 0 0 0 0

GE12 3 0 2 1

GE13 0 0 0 0

GE14 2 0 2 0

GE15 3 0 3 0

GE16 0 0 0 0

GE17 2 2 0 0

GE18 0 0 0 0

GE19 3 0 3 0

GE20 3 1 1 1

GE21 0 0 0 0

GE22 0 0 0 0

GE23 0 0 0 0

GE24 2 2 0 0

GE25 0 0 0 0

GE26 0 0 0 0

GE27 0 0 0 0

GE28 3 0 2 1

GE29 0 0 0 0

GE30 1 0 1 0

GE31 2 1 0 1

GE32 0 0 0 0

GE33 3 0 3 0

GE34 1 1 0 0

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APÊNDICE H – Achados da manometria anorretal em cada participante do Grupo Controle

(Grupo GC): valores das pressões de repouso e de contração do canal anal funcional, presença ou

ausência de contração paradoxal do músculo puborretal e dos esfíncteres anais.

Identificação Pressão média de repouso

(mmHg)

Pressão média de

contração (mmHg)

Contração

paradoxal

GC1 43 75 Ausente

GC2 65 120 Presente

GC3 65 123 Ausente

GC4 61 123 Presente

GC5 23 73 Ausente

GC6 29 72 Ausente

GC7 31 97 Ausente

GC8 34 65 Presente

GC9 43 98 Ausente

GC10 43 83 Presente

GC11 53 147 Presente

GC12 49 83 Presente

GC13 53 85 Presente

GC14 69 154 Presente

GC15 62 98 Ausente

GC16 54 152 Ausente

GC17 43 78 Ausente

GC18 62 109 Ausente

GC19 43 74 Presente

GC20 32 76 Presente

GC21 53 89 Ausente

GC22 69 83 Ausente

GC23 67 152 Ausente

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APÊNDICE I – Achados da manometria anorretal em cada participante do Grupo de Estudo

(Grupo GE): valores das pressões de repouso e de contração do canal anal funcional, presença ou

ausência de contração paradoxal do músculo puborretal e dos esfíncteres anais.

Identificação Pressão média de repouso

(mmHg)

Pressão média de

contração (mmHg)

Contração

paradoxal

GE1 89 203 Ausente

GE2 94 205 Ausente

GE3 102 179 Ausente

GE4 32 198 Presente

GE5 74 198 Ausente

GE6 86 220 Ausente

GE7 92 183 Ausente

GE8 61 182 Ausente

GE9 83 152 Ausente

GE10 73 148 Ausente

GE11 93 121 Ausente

GE12 42 182 Ausente

GE13 32 182 Presente

GE14 62 203 Ausente

GE15 45 203 Presente

GE16 45 210 Ausente

GE17 65 194 Ausente

GE18 69 187 Ausente

GE19 67 198 Ausente

GE20 52 198 Ausente

GE21 78 198 Ausente

GE22 89 91 Ausente

GE23 89 153 Ausente

GE24 72 203 Ausente

GE25 55 232 Ausente

GE26 98 145 Ausente

GE27 87 178 Ausente

GE28 89 203 Presente

GE29 67 189 Ausente

GE30 43 196 Ausente

GE31 72 85 Ausente

GE32 79 89 Ausente

GE33 81 89 Ausente

GE34 79 210 Ausente

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APÊNDICE J – Dados manométricos: sensibilidade, capacidade retal, comprimento do canal

anal e o RIRA do Grupo Controle (GC)

Identificação Sensibilidade Capacidade

retal

Comprimento canal

anal

RIRA

GC1 20 ml 180 ml 2 cm Presente

GC2 30 ml 240 ml 2 cm Presente

GC3 20 ml 300 ml 2 cm Presente

GC4 20 ml 360 ml 3 cm Presente

GC5 20 ml 360 ml 2 cm Presente

GC6 20 ml 360 ml 3 cm Presente

GC7 20 ml 360 ml 2 cm Presente

GC8 20 ml 360 ml 2 cm Presente

GC9 20 ml 360 ml 3 cm Presente

GC10 20 ml 360 ml 2 cm Presente

GC11 20 ml 360 ml 2 cm Presente

GC12 20 ml 360 ml 2 cm Presente

GC13 20 ml 360 ml 3 cm Presente

GC14 30 ml 240 ml 3 cm Presente

GC15 20 ml 240 ml 3 cm Presente

GC16 20 ml 300 ml 1 cm Presente

GC17 20 ml 120 ml 2 cm Presente

GC18 20 ml 360 ml 3 cm Presente

GC19 20 ml 360 ml 2 cm Presente

GC20 20 ml 360 ml 2 cm Presente

GC21 20 ml 360 ml 2 cm Presente

GC22 20 ml 360 ml 2 cm Presente

GC23 20 ml 180 ml 2 cm Presente

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APÊNDICE K – Dados manométricos: sensibilidade, capacidade retal, comprimento do canal

anal e o RIRA do Grupo de Estudo (GE) Identificação Sensibilidade Capacidade retal Comprimento canal

anal

RIRA

GE1 20 ml 180 ml 3 cm Presente

GE2 20 ml 120 ml 2 cm Presente

GE3 20 ml 240 ml 3 cm Presente

GE4 20 ml 150 ml 2 cm Presente

GE5 20 ml 180 ml 2 cm Presente

GE6 20 ml 120 ml 3 cm Presente

GE7 20 ml 120 ml 2 cm Presente

GE8 20 ml 120 ml 2 cm Presente

GE9 20 ml 120 ml 2 cm Presente

GE10 20 ml 180 ml 2 cm Presente

GE11 20 ml 360 ml 2 cm Presente

GE12 20 ml 360 ml 3 cm Presente

GE13 20 ml 360 ml 2 cm Presente

GE14 20 ml 360 ml 2 cm Presente

GE15 20 ml 360 ml 3 cm Indeterminado

GE16 20 ml 360 ml 3 cm Presente

GE17 20 ml 360 ml 3 cm Presente

GE18 20 ml 360 ml 2 cm Presente

GE19 20 ml 360 ml 2 cm Presente

GE20 20 ml 360 ml 3 cm Presente

GE21 20 ml 360 ml 2 cm Presente

GE22 20 ml 360 ml 3 cm Presente

GE23 20 ml 360 ml 2 cm Presente

GE24 20 ml 360 ml 2 cm Presente

GE25 20 ml 180 ml 2 cm Indeterminado

GE26 20 ml 150 ml 3 cm Presente

GE27 20 ml 180 ml 2 cm Presente

GE28 20 ml 120 ml 2 cm Presente

GE29 20 ml 360 ml 2 cm Presente

GE30 20 ml 360 ml 2 cm Presente

GE31 20 ml 360 ml 3 cm Presente

GE32 20 ml 360 ml 3 cm Presente

GE33 20 ml 360 ml 3 cm Presente

GE34 20 ml 360 ml 2 cm Presente

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APÊNDICE L – Escores do questionário FSFI do Grupo Controle (GC)

Identificação Desejo Excitação Lubrificação Orgasmo Satisfação Dor Escore

total

GC1 4,8 4,80 3,60 2,80 3,60 5,20 24,80

GC2 3,6 3,00 4,50 2,80 4,00 4,80 22,70

GC3 4,8 4,50 5,70 5,20 4,80 5,60 30,60

GC4 5,4 5,10 4,50 4,40 6,00 5,60 31,00

GC5 4,8 5,10 5,70 4,80 4,80 4,80 30,00

GC6 4,8 3,90 5,40 4,80 4,80 5,60 29,30

GC7 3,0 4,50 5,40 5,60 6,00 6,00 30,50

GC8 5,4 5,40 4,20 4,40 6,00 5,60 31,00

GC9 5,4 5,10 5,40 4,80 3,20 6,00 29,90

GC10 3,0 4,50 5,10 4,80 5,60 5,60 28,60

GC11 3,0 5,10 6,00 6,00 6,00 4,80 30,90

GC12 3,0 3,60 3,60 4,40 5,60 4,80 25,00

GC13 3,6 6,00 6,00 6,00 4,40 5,20 31,20

GC14 4,8 4,20 5,40 4,80 5,60 6,00 30,80

GC15 3,0 4,20 4,20 4,40 4,80 4,40 25,00

GC16 3,0 3,30 3,60 4,40 4,40 4,40 23,10

GC17 1,2 2,70 4,20 4,80 2,40 4,00 19,30

GC18 4,2 4,80 4,80 5,60 6,00 2,40 27,80

GC19 1,2 3,00 1,20 5,20 3,20 1,20 15,00

GC20 1,2 2,40 2,70 2,80 2,00 4,40 15,50

GC21 4,2 5,10 4,80 3,20 4,00 4,40 25,70

GC22 3,6 5,10 5,40 4,80 4,00 3,60 26,50

GC23 4,8 5,40 6,00 6,00 6,00 4,40 32,60

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APÊNDICE M – Escores do questionário FSFI do Grupo de Estudo (GE)

Identificação Desejo Excitação Lubrificação Orgasmo Satisfação Dor Escore

total

GE1 3,0 3,30 4,50 2,80 3,60 5,20 22,40

GE2 2,4 5,40 4,20 5,60 4,80 5,20 27,60

GE3 4,8 4,80 6,00 5,20 6,00 5,60 32,40

GE4 1,8 2,40 3,30 1,20 2,80 6,00 17,50

GE5 3,0 5,70 6,00 1,60 5,20 5,20 26,70

GE6 3,0 5,10 4,80 6,00 6,00 5,60 30,50

GE7 5,4 5,10 6,00 2,80 6,00 5,60 30,90

GE8 5,4 5,40 6,00 6,00 6,00 6,00 34,80

GE9 3,6 5,10 5,40 4,40 6,00 4,80 29,30

GE10 4,2 3,90 3,30 4,00 3,20 4,80 23,40

GE11 4,2 4,20 4,80 4,00 3,20 5,60 26,00

GE12 3,0 4,50 6,00 4,40 5,20 6,00 29,10

GE13 3,0 4,50 5,10 5,60 4,80 4,80 27,80

GE14 2,4 4,50 4,80 5,20 5,20 5,60 27,70

GE15 1,2 4,50 2,10 4,40 2,80 4,80 19,80

GE16 3,6 4,20 5,70 2,40 3,60 5,60 25,10

GE17 3,0 4,20 5,40 5,60 6,00 5,60 29,80

GE18 4,8 4,50 4,80 3,60 4,40 4,80 26,90

GE19 6,0 3,60 5,70 3,20 1,20 4,80 24,50

GE20 3,0 2,70 3,60 3,20 3,20 4,80 20,50

GE21 3,0 4,50 4,50 2,40 2,40 5,60 22,40

GE22 3,0 4,20 5,70 4,40 5,20 6,00 28,50

GE23 4,2 5,10 5,10 5,60 6,00 5,20 31,20

GE24 3,0 4,50 5,70 5,60 6,00 6,00 30,80

GE25 4,8 4,80 5,10 4,80 4,00 3,60 27,10

GE26 3,6 4,50 4,50 4,80 4,80 4,00 26,20

GE27 3,0 3,90 6,00 2,40 5,60 4,00 24,90

GE28 3,0 3,30 4,80 4,80 4,80 3,60 24,30

GE29 4,8 3,90 3,90 4,40 5,20 2,40 24,60

GE30 3,0 4,20 4,20 4,80 4,80 4,40 25,40

GE31 1,2 1,80 2,70 1,60 2,40 2,80 12,50

GE32 3,0 3,60 4,80 1,60 3,60 2,80 19,40

GE33 3,6 3,00 4,50 4,40 4,80 4,00 24,30

GE34 3,6 3,30 5,10 5,20 4,80 4,40 26,40

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Anexos

ANEXO A - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa FM/UNB

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ANEXO B - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa SES/DF

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70

ANEXO C – Declaração de conflito de interesses

Os autores afirmam que não houve conflito de interesse (financeiros ou de outra natureza)

na realização da pesquisa ou redação dessa dissertação. O estudo não recebeu apoio financeiro

de nenhuma clínica, laboratório e empresa farmacêutica.

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ANEXO D - Female Sexual Function Index (FSFI)

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