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Universidade de Brasília Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais Bacharelado em Ciências Contábeis Raphael Lima Mendes Alves ADOÇÃO DAS NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE APLICADAS AO SETOR PÚBLICO NO TRIBUNAL DE CONTAS NO DISTRITO FEDERAL. BRASÍLIA, 2015

Universidade de Brasília Faculdade de Economia ...bdm.unb.br/bitstream/10483/11091/1/2015_RaphaelLimaMendesAlves.pdf · O Decreto Lei nº 2.416, de 1940, substituiu o código de

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Universidade de Brasília

Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade

Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais

Bacharelado em Ciências Contábeis

Raphael Lima Mendes Alves

ADOÇÃO DAS NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE APLICADAS

AO SETOR PÚBLICO NO TRIBUNAL DE CONTAS NO DISTRITO FEDERAL.

BRASÍLIA,

2015

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Professor Doutor Ivan Marques de Toledo Camargo

Reitor da Universidade de Brasília

Professor Doutor Roberto de GoesEllery Junior

Diretor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade

Professor Doutor José Antônio de França

Chefe do Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais

Professora Doutora Diana Vaz de Lima

Coordenadora de Graduação do curso de Ciências Contábeis – diurno

Professor Doutor Marcelo Driemeyer Wilbert

Coordenador de Graduação do curso de Ciências Contábeis – noturno

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Raphael Lima Mendes Alves

ADOÇÃO DAS NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE APLICADAS

AO SETOR PÚBLICO NO TRIBUNAL DE CONTAS NO DISTRITO FEDERAL.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Departamento de Ciências Contábeis e atuariais

da Faculdade de Economia, Administração e

Contabilidade da Universidade de Brasília, como

requisito à conclusão da disciplina Pesquisa em

Ciências Contábeis e obtenção do grau de

Bacharel em Ciências Contábeis.

Orientador: Prof. MSc. Antonio Carlos dos

Santos

BRASÍLIA,

2015

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Raphael Lima Mendes Alves

ADOÇÃO DAS NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE APLICADAS

AO SETOR PÚBLICO NO TRIBUNAL DE CONTAS NO DISTRITO FEDERAL.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Departamento de Ciências Contábeis e atuariais

da Faculdade de Economia, Administração e

Contabilidade da Universidade de Brasília, como

requisito à conclusão da disciplina Pesquisa em

Ciências Contábeis e obtenção do grau de

Bacharel em Ciências Contábeis.

Orientador: Prof. MSc. Antonio Carlos dos

Santos

Brasília, 01 de julho de 2015.

Banca Examinadora

Prof. MSc. Antonio Carlos dos Santos

Universidade de Brasília - UnB

Profª. Fernanda Jaqueline Lopes

Universidade de Brasília - UnB

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ALVES, Raphael Lima Mendes.

Adoção das normas brasileiras de contabilidade aplicadas ao setor público no

tribunal de contas no distrito federal. Raphael Lima Mendes Alves – Brasília,

2015. 38 p.

Orientador (a): Prof. Mestre Antônio Carlos dos Santos

Trabalho de Conclusão de curso (Monografia – Graduação) – Universidade de

Brasília, 2014/1.

Bibliografia.

1.Introdução. 2. Referencial Teórico. 3. Metodologia da Pesquisa. 4. Análise e

Interpretação do Estudo de Caso. 5. Considerações Finais. I. Contabilidade

Aplicada ao Setor Público. II. IPSAS. III. TCDF.

CDD –

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RESUMO

O objetivo geral do trabalho consistiu em verificar se o Tribunal de Contas do Distrito

Federal absorveu as modificações introduzidas pelas Normas Brasileiras de

Contabilidade Aplicadas ao Setor Público, as quais têm como escopo fornecer

informações mais precisas de natureza orçamentária, financeira e patrimonial das

entidades do setor público. Em relação à metodologia, empregou-se a pesquisa

qualitativa e dedutiva de natureza aplicada. O alcance do objetivo traçado, foi cumprido

de forma exploratória, utilizando-se a pesquisa documental, bibliográfica e o estudo de

caso. Através da análise de dados foi possível constatar que o TCDF avançou rumo a

implementação das novas normas contábeis aplicadas ao setor público, porém algumas

mudanças no reconhecimento, na mensuração e na evidenciação de seus ativos e

passivos ainda não foram observadas.

Palavras-Chave: Contabilidade Aplicada ao Setor Público. IPSAS. TCDF.

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LISTAS DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Evolução recente do processo orçamentário e contábil no Brasil .............................. 15

Figura 2 Conselho Federal de Contabilidade: Resolução, Normas do CFC e Ementas. .......... 17

Figura 3 Processo de Convergência das Normas ...................................................................... 19

Figura 4 Características dos entrevistados ............................................................................... 29

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CFC – Conselho Federal de Contabilidade

GAAC – Grupo de Apoio às Atividades de Implantação da Nova Contabilidade Pública

e do Sistema de Custos

IBRACON – Instituto dos Auditores Independente do Brasil

IFAC – International Federation of Accountants

IPSAS – International Public Sector Accounting Standards

LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal

MCASP – Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público

NBCASP – Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público

PCASP – Plano de Contas Aplicado ao Setor Público

SIGGO - Sistema Integrado de Gestão Governamental

SISGEPAT - Sistema Geral de Patrimônio

STN – Secretaria do Tesouro Nacional

SUCON – Subsecretaria de Contabilidade

TCDF – Tribunal de Contas do Distrito Federal

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 9

1.1. Problema ..................................................................................................................... 9

1.2. Objetivos ................................................................................................................... 10

1.3. Justificativa ............................................................................................................... 10

2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................ 12

2.1. Evolução Normativa ................................................................................................. 12

2.2. Convergência às Normas Internacionais de Contabilidade .................................. 15

2.2.1. IPSAS ................................................................................................................................ 15

2.2.2. NBCTS .............................................................................................................................. 16

2.2.3. MCASP ............................................................................................................................. 18

2.3. Harmonização contábil no TCDF ..................................................................................... 19

3. METODOLOGIA DA PESQUISA ...................................................................................... 22

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DO ESTUDO DE CASO ............................................. 24

4.1. Sobre as dimensões estabelecidas pela Sucon/SEF/DF ................................................... 24

4.2. Características dos entrevistados ...................................................................................... 28

4.3. Desafios da implantação das NBCASP no TCDF ............................................................ 29

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................ 31

APÊNDICES .................................................................................................................................. 37

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1.INTRODUÇÃO

A contabilidade aplicada ao Setor Público é o “ramo da contabilidade que

estuda, orienta, controla e demonstra a organização e execução da Fazenda Pública, o

Patrimônio Público e suas variações” (KOHAMA,2000,p.50).

No transcorrer dos anos, a sociedade moderna foi requerendo informações

quanto ao uso dos recursos arrecadados por parte dos gestores públicos. No que diz

respeito ao Brasil, em março de 1964, tivemos um marco na administração pública

brasileira: a Lei 4.320. Esse instrumento legal definiu normas gerais para elaboração e

controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados e Municípios e do Distrito

Federal. A partir daí, a função da contabilidade como ferramenta de gestão e controle foi

evidenciada cada vez mais, tornando-se muito importante a área governamental.

Diversas foram as alterações em termos orçamentários, sendo as mais recentes

oriundas da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) publicada no ano 2000. Contudo, em

termos contábeis, com a publicação da Portaria n° 184 de 2008, pela Secretaria do

Tesouro Nacional (STN), iniciou-se um processo de modernização, culminando com a

decisão de buscar a convergência às Normas Internacionais de Contabilidade Pública

(IPSAS – International Public Sector Accounting Standards) para todas as entidades

públicas brasileiras, nas três esferas de governo: Federal, Estadual e Municipal.

Em função disso, o Distrito Federal como ente federativo e seus diferentes

órgãos, encontram-se envolvidos nesse processo de inovação pelo qual está passando a

contabilidade pública do Brasil.

Dentro desse contexto, decidiu-se buscar subsídios para analisar em que ponto se

encontra as alterações advindas dessa convergência às IPSAS no Brasil. Para tanto, foi

escolhido o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) como objeto de estudo.

1.1.Problema

No âmbito Federal, o órgão responsável pelo gerenciamento e normatização da

convergência às IPSAS é a STN, órgão central de contabilidade pública da união, ao

qual compete definir os procedimentos a serem adotados por todos os entes federativos.

Assim sendo, esse órgão estabeleceu um cronograma para a implantação dos

novos procedimentos contábeis no setor público brasileiro. Entretanto, em função da

complexidade e dos desafios que a harmonização requer, esse cronograma foi alterado

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diversas vezes. Porém, os prazos para a introdução de algumas modificações já se

esgotaram.

No que diz respeito especificamente ao Governo do Distrito Federal, a

Subsecretaria de Contabilidade (Sucon) determinou um prazo, até dezembro de 2014,

para adoção dos novos procedimentos, principalmente, no tocante a adoção do regime

de competência para o reconhecimento, mensuração e evidenciação dos atos e fatos que

afetam o patrimônio público.

Em decorrência disso, segundo o relatório efetuado por meio da Informação

TCDF/DOFC nº 1, de 2013 (TCDF, 2013), a então Presidente do Tribunal, a

Conselheira Marli Vinhadeli, constituiu o Grupo de Apoio às Atividades de Implantação

da Nova Contabilidade Pública e do Sistema de Custos (GAAC) para apresentar

propostas para a introdução das inovações contábeis no TCDF.

Em face desse cenário, estabeleceu-se o seguinte questionamento para o presente

estudo: Após a publicação das novas Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicada ao

Setor Público (NBCASP), o TCDF alterou a forma de registrar os atos e fatos que

afetam o seu patrimônio?

1.2. Objetivos

O principal objetivo deste trabalho é averiguar se a Corte de Contas do Distrito

Federal absorveu as modificações introduzidas pelas Normas Brasileiras de

Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCASP).

Para tanto, foram definidos os seguintes objetivos secundários:

- verificar o estágio em que se encontra a implantação das alterações advindas

das NBCASP no TCDF;

- evidenciar o grau de difusão nas novas práticas contábeis no Tribunal; e

- expor os principais desafios do TCDF nesse processo de harmonização

contábil, pelo qual vem passando o setor público brasileiro.

1.3. Justificativa

O Brasil vive um momento histórico, pois até recentemente os procedimentos

contábeis adotados pelo setor público eram realizados com uma visão rigorosamente

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orçamentária, enquanto a evidenciação patrimonial, com base nos fundamentos da

ciência contábil, não era praticada.

Para quem conhece um pouco de contabilidade, e fazendo uma analogia

simplista, é como se a contabilidade pública no nosso país fosse baseada na

apresentação de um demonstrativo de fluxo de caixa complexo, com controle dos

orçamentos anuais de cada grupo contábil em comparação com os dispêndios

efetivamente realizados, sendo todos os desembolsos, basicamente, considerados como

despesas, sem haver uma consideração de quais gastos deveriam compor despesas e

quais deveriam ser considerados como ativo fixo (TCDF, 2013).

Segundo Moura (2003), é possível deduzir que as despesas governamentais

brasileiras são reconhecidas em decorrência da execução orçamentária, ou seja, o fato

gerador para o reconhecimento da despesa não é, necessariamente, a sua efetiva

realização, e sim o comprometimento orçamentário do exercício a que se refere. Assim,

ao reconhecer as receitas, as entidades governamentais seguiam o que determina a Lei

nº 4.320/1964, e não os preceitos da Resolução nº 750/1993 do CFC.

Assim sendo, um dos grandes benefícios apresentados pela Nova Contabilidade

Pública é justamente a atualização dos conceitos relativos ao patrimônio público, o que

implica na necessidade de se adequar o controle contábil dos bens patrimoniais. Outro

beneficio, é a utilização dos princípios gerais de contabilidade como base para registro,

entre os quais destacamos o da competência. Esse princípio determina que as despesas e

receitas públicas devam ser reconhecidas no momento a que se referem,

independentemente de recebimento ou pagamento, ao contrário do que ocorria até

então, onde a atenção estava voltava apenas para aspecto financeiro do regime de caixa.

Portanto, a relevância desse trabalho está em relatar esse momento de transição

pelo qual está passando o Tribunal de Contas do Distrito Federal, apontando as

modificações introduzidas em seus demonstrativos contábeis, decorrentes desse

processo de harmonização às IPSAS.

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2.REFERENCIAL TEÓRICO

2.1.Evolução Normativa

Segundo Slomski (2002), a Contabilidade no Brasil surgiu no reinado de D. João

VI, quando da instalação de seu governo provisório, em 1808, ao publicar o alvará

obrigando os contadores gerais da Real Fazenda a aplicar o método das partidas

dobradas na escrituração mercantil. Em 1850 foi promulgado o Código Comercial, que

instituiu a obrigatoriedade da escritura contábil e da elaboração anual da Demonstração

e do Balanço Geral. Com a queda do Imperador D. Pedro II, em 1889, e a consequente

proclamação da República, mais evidente se tornou a necessidade de melhor controlar a

fazenda pública.

Desse modo, no início do século XX, através de um decreto de 1922, foi

publicado o código de contabilidade pública, que, segundo Lock e Pigatto (2005), foi o

coroamento dos esforços de organização e sistematização para se construir uma

contabilidade pública realmente informativa. Este fato já demonstrava uma preocupação

maior dos governantes para com a população, entendendo que se devia dar um destino

mais correto para o dinheiro público, que de alguma forma beneficiasse a população

como um todo, e não a uma minoria. Sendo, esse código, considerado o marco do

surgimento da contabilidade governamental moderna no Brasil.

O Decreto Lei nº 2.416, de 1940, substituiu o código de 1922, sendo abolido em

virtude da publicação da Lei Federal 4.320/64, que estabeleceu regras para o registro,

execução e controle do orçamento público. Foram lançadas, a partir daí, normas com o

propósito de auxiliar os governantes a gerirem seus orçamentos e promoverem maior

controle sobre suas finanças durante a execução.

A referida lei, também faz menção sobre a obrigação da prestação de contas do

Poder Executivo ao Poder Legislativo e aos Tribunais de Contas. Contudo, ainda que

houvesse dispositivos de controle orçamentário, foi notada uma ausência de sansões aos

gestores públicos em atos prejudiciais derivados de resultados falsos, sendo perceptível

a importância de normativos que repreendesse os infratores.

Diante disso, no ano 2000, cria-se a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei Nº

10.028, as quais tem o propósito de promover sanções administrativas e penais aos entes

públicos e aos gestores governamentais.

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Entre as importantes contribuições aplicadas ao setor público que a Lei nº

101/2000, Lei de Responsabilidade Fiscal, trouxe à sociedade, pode-se destacar a

transparência da gestão fiscal por meio da ampla publicidade e divulgação das ações

governamentais, conforme dispõe o seu Art. 48:

São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla

divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos,

orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o

respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e

o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.

Neto (2009) cita ainda que a LRF fundamenta-se em princípios como o

planejamento, a transparência e a participação popular. A participação popular, alicerce

do controle social, depende fortemente da transparência das ações governamentais e das

contas públicas, pois sem informações as decisões são prejudicadas. A transparência é

um conceito mais amplo do que publicidade, isso porque uma informação pode ser

pública, mas não ser relevante, confiável, tempestiva e compreensível. Mais do que

garantir o atendimento das normas legais, as iniciativas de transparência na

administração pública constituem uma política de gestão responsável que favorece o

exercício da cidadania pela população.

Outro avanço, em termos de contabilidade aplicada ao setor público, foi dado no

Brasil, em 25 de agosto de 2008, através da Portaria do Ministério da Fazenda nº 184,

que apresentou diretrizes a serem observadas pelos entes públicos quanto aos

procedimentos, práticas, elaboração e divulgação das demonstrações contábeis, de

forma a torná-los convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade

(NEVES, 2012).

Posteriormente, em 21 de novembro de 2008, foram aprovadas pelo Conselho

Federal de Contabilidade (CFC) as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao

Setor Público (NBCASP). A intenção proposta pelas Normas foi contribuir para a

uniformização de práticas e procedimentos contábeis, adequando-se às Normas

Internacionais de Contabilidade. É necessário, entretanto, deixar claro que o objetivo

principal das Normas reside na necessidade de apresentar a aplicação da contabilidade

no setor público, indo além da simples regulação de procedimentos contábeis. Com as

mudanças trazidas, o orçamento público passa a tratar do fluxo de caixa do Governo,

baseando-se em autorização legislativa para arrecadar receitas e realizar despesas.

Assim, os fatos administrativos passarão a ser examinados e registrados quando

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gerarem modificações em algum elemento do ativo, passivo e patrimônio líquido e não

quando originarem no orçamento (ARRUDA, 2009).

No ano subsequente, a STN, com vistas a padronizar um plano de contas em

concordância com a lei Nº. 4320/64 e consolidar as contas públicas de acordo com o

Artigo 50, § 2° da Lei N°.101/2000, criou o Grupo Técnico de Padronização de

Procedimentos Contábeis.

Através da elaboração do novo Plano de Contas Aplicado ao Setor Público

(PCASP), o grupo viabilizou a uniformização do tratamento contábil dos fatos e atos

administrativos, a adequação aos padrões internacionais de Contabilidade e às regras e

procedimentos de Estatísticas de Finanças Públicas reconhecidas por organismos

internacionais, permitindo a consolidação das Contas Públicas Nacionais, conforme

determinação da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Outro marco evolutivo, já em 2012, foi a tradução das IPSAS para o português.

Este trabalho foi conduzido pelo Comitê Gestor da Convergência no Brasil, um produto

da ação conjunta do CFC com o Instituto dos Auditores Independente do Brasil

(Ibracon), que são os tradutores oficiais das Normas Internacionais editadas pela

International Federation of Accountants (IFAC). Tal iniciativa, representou o

coroamento dos esforços e ações realizadas pelo CFC, com a cooperação técnica da

STN, por meio da sua Subsecretaria de Contabilidade, na busca da adoção, no Brasil, do

novo modelo de Contabilidade Patrimonial, bem como da convergência das normas

contábeis brasileiras aos padrões internacionais.

A partir de então, a contabilidade passou a constituir um campo de estudo da

observação econômica, com o objetivo de estudar o desempenho da gestão e levar ao

conhecimento mais amplo da situação financeira e patrimonial, bem como possibilitar a

identificação de perspectivas futuras da entidade pública (SILVA, 2012).

Em resumo, todo esse Processo de modernização da Contabilidade Aplicadas ao

Setor Público pode ser melhor compreendido observando a figura a seguir:

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Figura 1 Evolução recente do processo orçamentário e contábil no Brasil

Fonte: STN

O intento, a partir desse conjunto de atos recentes, é a busca por mais um grande

objetivo: a consolidação completa das demonstrações contábeis sob um novo padrão

contábil em 2015.

2.2.Convergência às Normas Internacionais de Contabilidade

2.2.1. IPSAS

Niyama e Silva (2008) apresentam alguns aspectos que apontam a necessidade

de uma linguagem comum entre os países de modo a estabelecer padrões contábeis

uniformes, transparentes e comparáveis. São eles: a expansão das relações comerciais

internacionais em um cenário globalizado, a necessidade de investimento e o avanço

tecnológico, o qual permite fácil acesso à informação.

A missão da IFAC, dentre outras, conforme evidenciado em seu ato constitutivo,

é contribuir para o desenvolvimento de economias internacionais fortes, estabelecendo

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a adesão a normas profissionais de alta qualidade, estimulando a convergência

internacional a essas normas.

Este organismo internacional, objetiva trazer um novo modelo de gestão pública

a contabilidade aplicada ao setor público brasileiro, através das concepções trazidas

pelas IPSAS, determinando padrões internacionais de contabilidade destinada ao setor

público.

2.2.2. NBCTS

No Brasil, a contabilidade sempre foi dividida entre Pública e Privada; com leis,

formação educacional e regras específicas para cada setor. A edição das Normas

Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCT), destacando a

importância dos aspectos patrimoniais no setor público, sem perder de vista as

peculiaridade dos aspectos orçamentários, complementada pelas alterações na estrutura

do Plano de Contas do Setor Público, na reestruturação dos Anexos da Lei Nº 4.320/64

e nas mudanças na Lei Nº 6.404/76 do setor privado, pelas Leis Nº 11.638/07 e

11.941/09, estão evidenciando aproximação entre as duas contabilidades e, ambas, em

busca da convergência com as normas internacionais (CASTRO, 2011).

Perante as modificações da legislação brasileira visando a convergência as

normas internacionais, pode-se observar o importante papel do Conselho Federal de

Contabilidade, que aprovou e editou as primeiras 11 Nomas Brasileiras de

Contabilidade Aplicada ao Setor Público, a seguir ilustradas:

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Figura 2 Conselho Federal de Contabilidade: Resolução, Normas do CFC e Ementas.

Fonte: CFC 2012

De acordo com essas normas, dois novos campos de atuação para contabilidade

aplicada ao setor público são identificados, são eles: à depreciação, amortização e

exaustão, prevista na NBCT 16.9, e o sistema de informação de custos do setor público,

elencado na 16.11.

Em relação a NBCT 16.9, trata-se de uma das mais profundas mudanças

recentes na contabilidade pública, a fim de aproximá-la da contabilidade empresarial e

da real apuração da despesa na entidade pública. Os ativos permanentes da

administração pública passaram a ser avaliados semelhantemente ao modo que é

praticado nas empresas privadas.

A NBCT 16.11, traz um novo conceito a cerca do Sistema de Informação de

Custos do Setor Público, tema esse, que necessita de uma análise mais minuciosa e uma

discussão mais aprofundada pelos profissionais da área contábil pública. Pois, os

desafios são enormes. Entretanto, a implantação de um sistema de custos no setor

público dará suporte aos gestores públicos e aos profissionais da contabilidade, para a

correta acumulação e apropriação dos custos aos bens e serviços colocados à disposição

da sociedade.

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18

Diante disso, cabe destacar a relevância da transparência dos atos praticados

pelos gestores. Sabe-se que os fatos ocorridos serão registrados, pelos responsáveis dos

mais variados setores que compõem a máquina administrativa, junto a sistemas

informatizados. Tal procedimento permite uma maior acessibilidade aos custos da

administração pública, tanto aos gestores quanto aos órgãos fiscalizadores, bem como à

sociedade em geral.

2.2.3. MCASP

Trabalhando em conjunto com as Normas aprovadas pelo CFC, está o Manual de

Contabilidade Aplicado ao Setor Público (MCASP). Ele é resultado do trabalho dos

grupos técnicos criados pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), cujo objetivo é o de

reduzir divergências e facilitar a transparência da gestão fiscal e racionalização dos

custos, conforme enunciado no próprio sítio eletrônico do Tesouro.

Desde sua criação em 2009, quando substituiu o Manual de Receita Nacional e o

Manual de Despesa Nacional, ambos de 2008, 4 edições foram lançadas e revisadas,

começando pela 2ª edição e tendo a 5ª com mais mudanças significantes referentes ao

regime contábil e plano de contas. A STN, por sua vez, também iniciou um processo de

revisão minucioso, tanto de conteúdo quanto de forma, visando atingir uma versão o

mais definitiva possível do MCASP, publicada em meados de 2014, com validade a

partir do exercício de 2015.

Esse processo de revisão foi disponibilizado para consulta pública, culminou

com a publicação da versão final da 6ª Edição do MCASP em 2014. Segundo o sítio

eletrônico do Tesouro Nacional, as recomendações dos grupos técnicos são os pilares do

Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) e do Manual de

Demonstrativos Fiscais (MDF). Estando, nestas medidas, a representação de mais uma

conquista rumo à introdução de um novo modelo de contabilidade pública a ser

implantado no país (OLIVEIRA, 2014).

A figura 3 a seguir, tem por objetivo explicitar o processo de convergência ao

qual as normas foram submetidas:

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19 Figura 3 Processo de Convergência das Normas

Fonte: CFC

2.3. Harmonização contábil no TCDF

A contabilidade baseia-se em três pilares fundamentais: reconhecimento,

mensuração e evidenciação de eventos econômicos recorrentes em uma entidade. Por

meio do uso de demonstrações contábeis é possível dar respaldo aos usuários da

informação a cerca da situação econômica e financeira da entidade, auxiliando-os nas

tomadas de decisões.

Segundo as Normas Brasileiras de Contabilidade NBC T1, reconhecimento é o

processo que consiste em incorporar ao balanço patrimonial ou à demonstração do

resultado um item que satisfaça a definição de uma classe e os critérios de

reconhecimento. Hendriksen e Van Breda (1999) definem mensuração como o processo

de atribuir valores monetários a objetos ou eventos associados às atividades de uma

empresa. Já a evidenciação (disclosure), pode ser entendida como a transmissão clara,

fidedigna e com qualidade das informações que expressem a situação econômico-

financeira da empresa, de forma compreensível para o interessado (PEREIRA; SILVA,

2006). Baseando-se nestes conceitos e associando-os ao advento da nova contabilidade,

o presente trabalho busca evidenciar o comportamento do Tribunal de Contas do

Distrito Federal (TCDF) no presente cenário de padronização das normas contábeis.

Entre os desafios atuais da Administração Pública, um dos mais urgentes é a

melhoria na operacionalização do controle social, que passa pela necessidade de se

fornecer informações úteis para a avaliação do desempenho da máquina administrativa

em termos de custos e eficiência, promovendo assim um aumento da accountability

(TCDF, 2013).

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Nesse sentido, destaca-se o processo de convergência das Normas Brasileiras de

Contabilidade Pública às Normas Internacionais de Contabilidade Pública, que vem

sendo conduzido na esfera federal pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), que é o

órgão central do Sistema de Contabilidade, e, no âmbito distrital, pela Subsecretaria de

Contabilidade (Sucon), da Secretaria de Estado de Fazenda do Distrito Federal.

Considerando, entre outras coisas, a necessidade de adoção de ações para o

aperfeiçoamento da metodologia de trabalho do Setor de Contabilidade, a então

Presidente do Tribunal, Conselheira Marli Vinhadeli, constituiu o Grupo de Apoio às

Atividades de Implantação da Nova Contabilidade Pública e do Sistema de Custos

(GAAC) no âmbito do TCDF, composto por três servidores do quadro de pessoal.

Com vistas às adaptações necessárias, a Sucon/SEF/DF, em reunião técnica

ocorrida em 23 de outubro de 2012, da qual participou o GAAC, destacou que já se

encontra em andamento no DF a padronização dos procedimentos contábeis na forma

exigida pelo MCASP, oportunidade em que apresentou as seguintes mudanças a serem

implementadas:

a) Regime de Competência – os atos e os fatos que afetam o patrimônio

público deverão ser contabilizados no momento da ocorrência do fato gerador,

independentemente de pagamento ou de empenho orçamentário, ou seja, a

contabilidade, além do aspecto orçamentário, deverá reconhecer os fatos sob a ótica

patrimonial, na forma dos princípios de contabilidade geralmente aceitos;

b) Provisões Trabalhistas – deverá ser feita provisão mensal dos valores

relativos ao décimo terceiro salário e às férias dos servidores do TCDF;

c) Permissionários – a atual forma de contabilização será modificada, os

créditos deverão ser classificados como direito no ativo e os credores identificados

nominalmente;

d) Suprimento de Fundos – os serviços e os produtos adquiridos sob essa

forma de contratação deverão ser contabilizados individualmente no Sistema Integrado

de Gestão Governamental (Siggo), dentro de sistema próprio criado para tal finalidade;

e) Multas aplicadas pelo TCDF – todas as multas aplicadas pela Corte de

Contas, sob qualquer título, deverão ser contabilizadas; para tanto, deverá ser criado um

setor para controle desses valores;

f) Contratos e Convênios – as rotinas e os procedimentos de controle de todos

os contratos e convênios firmados pelo órgão deverão ser contabilizados de acordo com

a nova rotina de procedimentos existente no Siggo;

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g) Bens Patrimoniais – o reconhecimento, a mensuração e a evidenciação dos

bens patrimoniais, móveis, imóveis e intangíveis, deverão observar a nova legislação,

inclusive com o efetivo registro de suas depreciações e amortizações; para tanto,

necessita-se que o Setor de Patrimônio seja preparado para a implantação dessas

mudanças que ocorrerão no âmbito do Sistema Geral de Patrimônio (Sisgepat).

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3.METODOLOGIA DA PESQUISA

Strauss e Corbin (1998), afirmam que o método de pesquisa é um conjunto de

procedimentos e técnicas utilizados para se coletar e analisar os dados. O método

fornece os meios para se alcançar o objetivo proposto, ou seja, são as ferramentas das

quais fazemos uso na pesquisa, a fim de responder a questão proposta. Neste estudo, o

método adotado foi o dedutivo. Haja vista que se sustenta em conceitos tidos como

verdades, possibilitando chegar a conclusão através de inferências lógicas.

Enquanto a abordagem, o presente trabalho caracteriza-se, essencialmente, como

pesquisa qualitativa, a qual pode ser conceituada como: qualquer tipo de pesquisa que

produz descobertas não obtidas por procedimentos estatísticos ou outros meios de

quantificação.

Assim sendo, pretende-se levantar através de entrevistas com especialistas do

assunto, informações que possam ser relevantes na compreensão e solução do objetivo

apresentado, em que a interpretação, não pode ser quantificada.

Sobre a natureza, a pesquisa pode ser classificada como aplicada, pois, “objetiva

gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas

específicos, além de, envolver verdades e interesses locais” (MOREZI, 2013, p.8).

Do ponto de vista dos objetivos, a pesquisa apresenta-se como exploratória, uma

vez que objetiva proporcionar maior familiaridade com um problema e envolve

entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado

(GIL, 2012).

Em relação aos procedimentos técnicos adotados na pesquisa, foram utilizadas

no desenvolvimento das ideias: a pesquisa documental, bibliográfica e o estudo de caso.

Assim sendo, a parte bibliográfica deste estudo científico, fundamenta-se no fato de ter

como base, principalmente, livros e outros artigos científicos. Porém, ele também se

enquadra como uma pesquisa documental, pois foram utilizados, como suporte dos

argumentos, outros tipos de fontes ainda não tratadas formalmente.

No presente trabalho, o estudo de caso levou em consideração os procedimentos

contábeis adotados pelo TCDF antes e após a adoção das NBCASP. Para tal, baseou-se,

além das entrevistas, em leis, normas, pronunciamentos do Conselho Federal de

Contabilidade e do Comitê de Pronunciamentos Contábeis.

Os dados qualitativos foram coletados, dia 29 de maio de 2015, através das

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entrevistas não estruturadas, em que não existe rigidez no roteiro, podendo-se explorar

mais amplamente algumas questões. Não foi estabelecido tempo para as perguntas e

outras foram surgindo no desenrolar da conversa. Como o conteúdo tratado nas

perguntas era extenso, decidiu-se gravar as entrevistas, através da plena ciência e

autorização dos entrevistados, conforme consta do documento posto em apêndice no

trabalho.

Foram adotadas algumas técnicas para melhor explorar o conhecimento dos

informantes a cerca do assunto. Em alguns momentos, foi preciso ficar segundos em

silêncio para sugerir aos entrevistados que se esperava mais deles, já em outros, foi feito

um resumo do que foi dito para confirmar o entendimento e, através desse Feedback,

dado ao informante, foi possível encoraja-lo a continuar. Os questionamentos

levantados nas entrevistas também constam em apêndice.

Para o devido tratamento dos dados, foi necessário transcrever tudo o que foi

gravado, depois de ouvir atentamente, fazendo as anotações preliminares das

informações que iam surgindo nas entrevistas, dando assim, suporte a análise.

Enquanto a amostra, foram selecionados seis servidores do quadro de pessoal do

TCDF, entre auditores, controladores e contadores, sendo alguns deles, integrantes e

ex-integrantes do GAAC. As entrevistas foram realizadas no próprio tribunal, nas

respectivas salas de trabalho, proporcionando maior comodidade aos informantes. Ao

inicio de cada entrevista, eles foram qualificados a partir do cargo, formação, tempo de

serviço e ainda, trajetória dentro do referido órgão.

Por meio da análise de dados, foram identificados os pontos essenciais para

responder ao questionamento levantado no problema desta pesquisa. As informações

foram tratadas através da matriz, em que foram parametrizados os dados obtidos, tendo

como base o material apresentado em outros artigos científicos, relatórios processuais e

normativos do TCDF e sites eletrônicos dos órgãos que dispõe das informações

relacionadas ao tema da pesquisa, tais como CFC, STN.

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4.ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DO ESTUDO DE CASO

Para o bom entendimento acerca do tratamento dos dados levantados nesta

pesquisa, faz-se necessário a ambientação com algumas informações extraídas do

relatório do GAAC (TCDF, 2013) dispondo sobre as determinações do Tesouro para a

adoção das NBCASP no sentido de buscar a harmonização às IPSAS, as quais se

encontram apresentadas de forma resumidas nos parágrafos a seguir.

Segundo determinações da STN, os entes públicos deveriam adotar, já a partir de

janeiro de 2013, o novo Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP), bem

como as novas Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP),

conforme estabeleceu a Portaria STN nº 406/2011, com as alterações posteriores

promovidas pelas Portarias STN nº 828/2011 e 437/2012.

Contudo, outra Portaria da STN nº 753, de 21 de dezembro de 2012,

considerando a complexidade do processo de consolidação das contas públicas,

prorrogou, mais uma vez, para todos os Entes da Federação, o prazo de adoção, tanto do

novo Plano de Contas quanto das novas Demonstrações Contábeis, para até o término

do exercício de 2014.

Na área Distrital, foi editada a Portaria nº 51/2012, de 29 de março de 2012, da

Secretaria de Estado de Fazenda do DF (Sucon/SEF/DF), a qual previa a adoção do

novo Plano de Contas a partir de janeiro de 2013. Obviamente que, em face da Portaria

STN nº 753/12, poderiam ocorrer alterações no cronograma inicialmente proposto pelo

Governo do Distrito Federal. Assim sendo, cabe registrar que a implantação do novo

Plano de Contas não se deu dentro do prazo, contrariando as previsões iniciais, sendo

que até o momento ainda não foi divulgado novo cronograma pela Sucon/SEF/DF.

Diante desse cenário, e tendo em vista o objeto desta pesquisa, o foco se dará a

partir das mudanças a serem implementadas pelo TCDF, denominadas neste capitulo de

dimensões, as quais foram elencadas no relatório do GAAC e se encontram detalhadas

na subseção 2.3 do referencial teórico deste estudo, com vistas à observância dos

procedimentos a serem seguidos na busca da harmonização contábil na forma exigida

pelo MCASP.

4.1.Sobre as dimensões estabelecidas pela Sucon/SEF/DF

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Com o intuito de verificar o estágio em que se encontra o processo de

implantação das NBCASP no TCDF, segundo o que foi determinado pela

Sucon/SEF/DF, foram entrevistados seis servidores do Tribunal, entre auditores,

contadores e controladores. As entrevistas, apesar de não estruturadas, sempre tiveram

como foco as dimensões pré-estabelecidas, por essa Secretaria do DF, e cujos resultados

estão a seguir sintetizados. Cabe observar que todas as entrevistas foram gravadas e

seguem, em mídia, anexadas a esta monografia.

a) Regime de Competência

Segundo o que consta do relatório do GAAC (TCDF, 2013), a contabilidade

pública advinda da Lei 4.320/1964 estabelece uma relação de extrema dependência com

o orçamento. Há casos, em que o governo com necessidade de caixa ou restrição no

próprio orçamento, acaba não tendo dotação orçamentária para algumas despesas

recorrentes em todos os exercícios, como por exemplo: contas de água e luz. Em alguns

órgãos, pelo fato de ter ocorrido um contingenciamento na dotação, não é feito o

empenho, que é a autorização orçamentária para a realização do gasto. Ou seja, a

despesa aconteceu de fato, mas não houve o devido registro porque o sistema contábil

não permite que se faça sem que sejam seguidas as etapas das despesas orçamentárias.

Se não empenha, a despesa não é registrada, mesmo que o fato gerador tenha ocorrido.

Esse sempre foi um dos aspectos que impediam a contabilização dos atos e fatos

que afetam o patrimônio público pelo regime de competência. No âmbito do TCDF, a

situação é ainda mais grave. Pois, segundo os entrevistados, ainda existem ativos que

não foram incorporados ao patrimônio, entre os quais se destacam: bens de

infraestrutura (redes de esgoto, água, energia elétrica, calçada construída etc),

intangível, provisões, dentre outros. As informações passadas são que os registros de

tais itens ficam impossibilitados por existirem amarras que dificultam o processo de

reconhecimento, mensuração e evidenciação desse tipo de patrimônio. Já que existem

adaptações no sistema contábil, que é de responsabilidade da Secretaria de Estado da

Fazenda, que ainda não foram feitas. Dessa forma, pode-se inferir que não é só o

aspecto legal que vem impedindo a implementação dos novos procedimentos contábeis

na área do TCDF, há também entraves de ordem técnica ou burocrática que precisam ser

superados.

b) Provisões Trabalhistas

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Sobre as provisões trabalhistas, foi informado que ainda existem empecilhos

operacionais que impossibilitam o registro mensal. Pois, o setor de contabilidade

requere as informações necessárias para o efetivo registro ao setor de pagamento, e este,

por sua vez, ainda não está apto a fornecê-las em tempo hábil. Além disso, observa-se

que, no TCDF, existe a prática de adiantar os direitos trabalhistas, pois grande parte dos

servidores tira férias concomitantemente com o recesso para receberem o adiantamento,

então, acaba que tornando desnecessário o registro das provisões. Porém, segundo os

entrevistados, existe uma grande discussão sobre esse tema. Enfim, independente da

maior parte dos servidores receberem adiantamentos, não há o cumprimento das

NBCASP. Haja vista, que além de não se fazer as devidas provisões, no caso dos

adiantamentos, também não há o registro do direito público, sendo tudo tratado como

despesa no momento do pagamento.

c) Permissionários

No tocante a empresas permissionárias, no TCDF, existe apenas uma lanchonete.

A contabilização é feita de maneira que, o Serviço de Contabilidade registra a receita

como um direito a receber a cada mês, e como se trata, de uma cessão de uso de um

bem móvel público, a Fazenda Distrital arrecada a receita da permissionária, que, após o

devido pagamento, apresenta o comprovante da arrecadação à contabilidade, a quem

cabe, em seguida, efetuar a baixa no patrimônio do Tribunal, sendo a receita patrimonial

lançada pela Fazenda Distrital. Assim sendo, em termos gerais, nesse caso, há o

cumprimento das novas NBCASP.

d) Suprimento de Fundos

Relativo ao registro dos produtos e serviços adquiridos sobre a forma de

suprimento de fundos, a administração solicita ao setor de contabilidade que faça o

registro do suprimento no sistema. Após isso, é preparado o pagamento do adiantamento

ao agente suprido, que por sua vez, o utiliza conforme a legislação determina. Após

efetuar o gasto, o servidor presta contas ao setor de contabilidade, que avalia se os

limites liberados foram aplicados corretamente, e caso esteja em conformidade, sugere à

administração que o aprove, ou em caso de descumprimento, que faça uma diligência

apurando o possível erro cometido. A contabilização é feita no momento da ocorrência

do fato gerador, pois, é registrado o adiantamento, e depois da prestação de contas, é

feito a apropriação das despesas, registrando a variação patrimonial.

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O suprimento de fundos é um exemplo bem claro da separação entre orçamento

e a contabilidade. A despesa é apropriada e liquidada no momento em que é entregue o

recurso ao agente suprido, gerando o efeito orçamentário, e no momento da prestação de

contas, é feito o registro da variação patrimonial, evidenciando, assim, o efeito contábil.

e) Multas aplicadas pelo TCDF

Referente às multas aplicadas pelo TCDF, foi feito um levantamento na

Secretaria Geral de Controle Externo e percebeu-se que não há um controle efetivo

sobre essas receitas. Segundo os entrevistados, o chefe do setor de contabilidade esteve

na Secretaria Fazenda do DF, no mês de maio passado, para definir exatamente essa

questão. Em conseqüência, foi determinada a criação de um procedimento que, de

imediato, não será integrado ao sistema financeiro do GDF, mas possibilitará um

controle dessas multas, para que então possam ser contabilizadas no patrimônio público.

Embora o TCDF possua autonomia administrativa plena, em relação à execução

orçamentária e financeira, na prática, o tribunal é “subordinado” ou “dependente” da

Secretaria da Fazenda do DF, pelo fato de ser esta a gestora do sistema, ou seja, se ela

não cria um evento, a contabilidade não pode lançar. Em função disso, estão sendo

envidados esforços para que a citada Secretaria crie os eventos necessários à

contabilização das multas e assim posso ser feito o reconhecimento das respectivas

variações patrimoniais.

f) Contratos e Convênios

No que diz respeito aos contratos e convênios, o registro é feito no momento da

pactuação, da renovação ou até mesmo quando da ocorrência de qualquer alteração que

haja. Ou seja, quando da ocorrência do fato gerador, cria-se uma conta de controle com

o saldo do contrato, o que permite vincular o empenho quando de sua efetivação. Em

função disso, caso queiram executar mais do que foi registrado, não é possível, e se não

registrar o contrato ou convênio antes, também não é possível executá-los. Porém,

apesar dessa sistemática vigente, não havia convênios ativos no Tribunal quando do

desenvolvimento das entrevistas.

g) Bens Patrimoniais

Em relação aos bens patrimoniais, o único registro efetuado regularmente é o do

ativo permanente. Pois, mensalmente é enviado um relatório, para o setor de

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contabilidade, contendo as alterações ocorridas no mês, como: perdas por inutilização,

extravios, alienações, aquisições, bens em trânsito etc. Segundo informado, esses

registros são efetuados obedecendo ao regime de competência.

Entretanto, existem vários itens do patrimônio que ainda não foram

reconhecidos contabilmente, tais como: obras de arte, ativos de infraestrutura, rede

elétrica e rede lógica. Essa situação é ainda mais grave, quando se verifica que foram

gastos milhões com redes de computadores e todo o cabeamento, dentre outras coisas,

foi registrado como serviço. Bem como, que foi construída uma calçada nas

intermediações no Tribunal e, até o momento, ainda não foi reconhecida, ou seja, os

demonstrativos contábeis não refletem com fidedignidade o real valor do patrimônio

público sob a égide do TCDF.

No que diz respeito à mensuração dos bens patrimoniais, nenhuma reavaliação

ou teste de impairment foi feito. O prédio do TCDF, por exemplo, está registrado com o

valor mínimo. Entretanto, a avaliação deveria ser feita, evidenciada pela contabilidade e

mensalmente registrada a respectiva depreciação, conforme prevê as NBCASP. O

mesmo também é válido para os móveis e os veículos.

O tribunal adota o Sisgepat para controlar seus bens patrimoniais. Esse sistema

do GDF vem sofrendo algumas alterações para que o registro da depreciação,

amortização e exaustão sejam feitos de forma automatizada. O sistema será vinculado

ao SIGO e irá gerar, mensalmente, um relatório e, a partir daí,será procedido o correto

registro.

4.2.Características dos entrevistados

Para nortear as inferências feitas a partir das entrevistas, foi feito uma

parametrização com as observações sobre algumas características dos entrevistados,

conforme quadro a seguir:

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29 Figura 4 Características dos entrevistados

Fonte: O próprio autor

Considerando a formação dos entrevistados e o cargo ocupado no TCDF, é

possível inferir que a normatização das novas práticas contábeis não está amplamente

difundida entre os setores. Apesar do envolvimento, direto ou indireto, com o

implemento das novas diretrizes da Contabilidade Pública no Tribunal, observa-se que

alguns ainda não têm pleno conhecimento das mudanças, principalmente, no que diz

respeito à forma de contabilização e aos conceitos ora dominantes. Fato este, que pode

ser notado no questionamento levantado a respeito do registro das provisões

trabalhistas, em que somente um servidor pôde responder com propriedade e razoável

segurança.

Enfim, nota-se que, para o sucesso completo do processo de harmonização

contábil, não se pode esquecer de investir na qualificação permanente do pessoal

envolvido.

4.3.Desafios da implantação das NBCASP no TCDF

Embora as primeiras determinações da STN tenham sido publicadas em 2013,

devido a complexidade do processo de consolidação das contas, os prazos para

implementação foram postergados e reiteradas vezes e ainda, no ano vigente, é possível

identificar, no TCDF, muitos gargalos na contabilização dos atos e fatos que afetam o

patrimônio público, contrariando as previsões inicias.

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Conforme o posicionamento dos servidores entrevistados, pode-se perceber que

das sete dimensões a serem implementadas, apenas os permissionários, os suprimentos

de fundos e os contratos e convênios encontram-se em conformidade com o previsto nos

respectivos dispositivos legais.

Quanto ao regime competência, observou-se que devido a forte relação de

dependência que a contabilidade estabelece com orçamento, o registro de alguns atos e

fatos ainda é impossibilitado. Existem despesas que ainda não são reconhecidas e alguns

ativos que ainda não são incorporados ao patrimônio, apontando para a limitação do

sistema contábil disponível, e a necessidade de adaptações nos procedimentos que

dificultam tais registros.

Já a contabilização das provisões trabalhistas não é feita mensalmente, devido a

um aspecto puramente operacional. Por demandar esforços conjuntos entre diferentes

setores, acaba que o trâmite das informações não ocorre de maneira tempestiva.

Outro fato curioso levantado, foi em relação as multas aplicadas pelo TCDF. O

registro dessas receitas ainda não é feito, e, portanto inexiste um controle efetivo sobre

as mesmas. Segundo o Chefe do Serviço de Contabilidade, o sistema adotado pelo

TCDF é gerido pela Secretaria da Fazenda que por sua vez ainda não criou o evento

para a contabilização das multas. Aqui o desafio parece estar relacionado puramente a

aspectos burocráticos.

Por último e não menos importante, em relação a mensuração dos bens

patrimoniais, foi atestado que procedimentos como a reavaliação e teste de impairment

ainda não são realizados, portanto, nem mesmo a depreciação desses bens é registrada

na contabilidade devido a limitação do sistema. Nesse caso, é importante que haja um

esforço conjunto entre o TCDF e a Secretaria de Fazenda, pois é necessário priorizar

investimentos para que esse gargalo seja resolvido.

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5.CONSIDERAÇÕES FINAIS

As modificações previstas pela convergência às normas internacionais visam

assegurar melhoras na gestão dos recursos, promovendo maior transparência na gestão

dos ativos, passivos, receitas e despesas, garantindo às entidades públicas, projeções

internacionais e melhor grau de comparabilidade dos demonstrativos contábeis

divulgados pelos países.

A padronização das normas de contabilidade aplicada ao setor público trouxe às

práticas contábeis, uma proposta de uniformização, possibilitando maior precisão e

evidenciação no registro dos bens e serviços públicos. Pode-se destacar ainda, que o

principal óbice a ser enfrentado era o enfoque aos aspectos patrimoniais, já que antes, a

Contabilidade Pública tinha uma visão estritamente orçamentária, e partir de então teria

que demonstrar uma visão mais fidedigna do patrimônio público, dando qualidade a

informação contábil para tomada de decisões dos gestores.

Ressalta-se também, entre os grandes desafios, a obrigatoriedade de

coordenação entre os diversos setores de um órgão público de forma que a informação

transite com a mesma qualidade em que foi originada. Há necessidade, também, do

desenvolvimento de sistemas de informações adequados para comportar as mudanças e

preparar as demonstrações nos moldes propostos, bem como a qualificação adequada

dos servidores públicos.

O objetivo principal traçado para esta pesquisa foi alcançado, uma vez que

foram apresentadas e detalhadas as mudanças trazidas pelas NBCASP, e o tratamento

dado a cada uma delas pelo TCDF.

Assim sendo, pôde-se constatar que alguns eventos contábeis já estão em

conformidade com o princípio da competência exigido nas NBCASP. No entanto, pela

essência de alguns atos e fatos, a contabilização pode continuar sendo feita segundo a

movimentação no caixa, sem que a competência seja prejudicada, haja vista que esta

abarca aquela.

Quanto a amostra escolhida, os esclarecimentos apresentados pelos seis

servidores entrevistados foram suficientes, de uma forma geral, para atender a

problemática levantada nas sete dimensões abordadas na pesquisa. Porém tratando cada

uma delas, isoladamente, foi possível identificar uma possível disparidade em relação

ao domínio do assunto por parte dos entrevistados.

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Verificou-se também que para o atendimento integral às exigências traçadas nas

dimensões estabelecidas pela Secretaria da Fazenda, o TCDF depende de alguns

aspectos que ultrapassam os limites das suas atribuições, pois compete à própria

Secretaria, a criação de eventos contábeis que possibilite os devidos lançamentos, por

ser esta, a gestora do sistema adotado no Tribunal. Cabe também à Fazenda, verificar se

o cronograma estabelecido para implementação dos novos procedimentos contábeis está

sendo cumprido pelos demais entes públicos.

Porém, por se tratar de uma determinação legal, nenhum percalço poderá

interromper o ciclo evolutivo da contabilidade, deixando deste modo a incumbência aos

servidores administrativos dos órgãos públicos a responsabilidade de fazer essa

estrutura toda funcionar dentro do que determina a nova legislação.

Por fim, é de bom alvitre que outras pesquisas sejam feitas no sentido de

verificar o comportamento de outros órgãos em relação ao processo de convergência,

com o propósito de demonstrar o ciclo completo das alterações pelas quais a

Contabilidade do Setor Público tem que passar.

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REFERÊNCIAS

ARRUDA, Leonardo Garcia Pais de. As alterações geradas pela aprovação das

Normas Brasileiras de Contabilidade para o Setor Público NBC T 16. 7º Simpósio

de Ensino de Graduação - 7º Mostra Acadêmica UNIMEP, 2009. Disponível em:

<http://www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/7mostra /4/290.pdf> Acesso em:

16 jun. 2015.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Questionário

1)Os atos e fatos que afetam o patrimônio público estão sendo contabilizados no

momento da ocorrência do fato gerador?

2)As provisões trabalhistas (décimo terceiro salário e às férias) são feitas mensal-

mente?

3)Como vem sendo feita a contabilização dos contratos com empresas permissioná-

rias?

4)Como são contabilizados os serviços e produtos adquiridos sob a forma de supri-

mento de fundos?

5)As multas aplicadas pelo TCDF são contabilizadas?

6)Como são contabilizados os contratos e convênios?

7)Como se dá o reconhecimento, a mensuração e a evidenciação dos bens patrimo-

niais?

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APÊNDICE B – Autorização(cópia)