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UNIVERSIDADE DE ÉVORA MESTRADO EM INTERVENÇÃO SÓCIO-ORGANIZACIONAL NA SAÚDE Curso ministrado em associação com a Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa - IPL (Adequado ao Processo de Bolonha conforme Registo na DGES nº. R/B-AD-917/2007) ÁREA DE ESPECIALIZAÇÃO EM QUALIDADE E TECNOLOGIAS DA SAÚDE Prevalência de Lesões Músculo-Esqueléticas Ligadas ao Trabalho (LMELT) em Higienistas Orais: contributo para a saúde e segurança no local de trabalho Dissertação de Mestrado apresentada por: Maria de Fátima da Assunção Duarte Aluno nº 4434 Orientador: Prof. Doutor Florentino Serranheira Évora/Lisboa Julho, 2011

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UNIVERSIDADE DE ÉVORA

MESTRADO EM INTERVENÇÃO SÓCIO-ORGANIZACIONAL NA SAÚDE

Curso ministrado em associação com a Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa - IPL

(Adequado ao Processo de Bolonha conforme Registo na DGES nº. R/B-AD-917/2007)

ÁREA DE ESPECIALIZAÇÃO EM

QUALIDADE E TECNOLOGIAS DA SAÚDE

Prevalência de Lesões Músculo-Esqueléticas Ligadas ao Trabalho (LMELT) em Higienistas Orais: contributo para a saúde e segurança no local de trabalho

Dissertação de Mestrado apresentada por:

Maria de Fátima da Assunção Duarte Aluno nº 4434

Orientador:

Prof. Doutor Florentino Serranheira

Évora/Lisboa Julho, 2011

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Prevalência de LMELT nos Higienistas Orais: contributo para a saúde e

segurança no local de trabalho

I

Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um chama-se ontem e o outro

chama-se amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e

principalmente viver.

"Dalai Lama”

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Prevalência de LMELT nos Higienistas Orais: contributo para a saúde e

segurança no local de trabalho

II

Agradecimentos

A Deus, pela minha existência e teimosia em querer fazer!

O meu maior agradecimento vai para o meu orientador, Sr. Professor Doutor

Florentino Serranheira, porque sempre acreditou em mim, pelo incentivo

mantido e porque me engrandeceu com o seu saber transmitido.

Em seguida tenho de destacar a minha Amiga e Colega, Sra. Dra. Sandra

Ribeiro, minha mestra, pela sua constante e desmedida paciência e vontade

de fazer e ajudar em qualquer momento. Sem ela tudo teria sido muito mais

difícil.

Ao meu marido, Ricardo, porque sei que posso sempre contar com ele em

todas as horas da nossa vida. E sei que está sempre do meu lado.

À minha família, porque mesmo que de forma indirecta, consigo sempre o seu

apoio.

À Inês Santos pela cumplicidade de ajudar nas horas difíceis.

Aos colegas que colaboraram no inquérito do estudo, porque sem os dados

deles o trabalho não era fazível.

A todos os meus amigos e até inimigos (se é que os tenho), o meu grande

agradecimento, por me lembrarem, muitas vezes que, eu sou uma pessoa

que dificilmente desisto dos meus projectos.

E a todos que de uma forma directa ou mesmo indirecta estiveram comigo

nesta caminhada.

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Prevalência de LMELT nos Higienistas Orais: contributo para a saúde e

segurança no local de trabalho

III

Resumo

Apesar das lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho (LMELT) se

encontrarem entre as doenças profissionais mais prevalentes nos higienistas

orais (HO), não se conhece nenhum estudo que avalia esta problemática nos

profissionais Portugueses.

O presente estudo investigou a prevalência de sintomas de LMELT nos

higienistas orais, procurando relações com as actividades mais frequentes.

Um questionário de auto-preenchimento foi distribuído a 415 HO obtendo-se

uma taxa de resposta de 61,2%.

Os sintomas de LMELT mais referidas estão ao nível do pescoço (52%),

punho/mão (47,8%), zona dorsal (45,2%), lombar (44,5%) e ombro

(40,9%). Apesar de existirem algumas associações significativas ao nível da

parte superior do corpo, somente a variável género apresentou associação

significativa forte com a variável ―qualquer sintoma em qualquer localização‖

(p=0,001).

Este estudo sugere que as LMELT são um problema entre os higienistas orais

portugueses. Mais estudos serão necessários para melhor compreender esta

problemática e estabelecer estratégias preventivas que ajudem a minimizar o

seu impacto.

PALAVRAS-CHAVE: Lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho; saúde

ocupacional; higienistas orais; prevalência; questionário.

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Prevalence of musculoskeletal disorders in dental hygienist: contribution for

the health and safety on the workplace

IV

Abstract

Despite work-related musculoskeletal disorders (WRMSDs) are among the

most prevalent occupational diseases between dental hygienists (DH), any

known study have explored this problem in the Portuguese professionals.

The present study investigated the prevalence of WRMSDs symptoms in

dental hygiene professionals, looking for relationships with the most frequent

activities.

A self-reporting questionnaire was distributed to 415 DH from which a

response rate of 61,2% was achieved.

The WRMSDs symptoms most commonly reported are at the neck (52%),

hand/wrist (47,8%), upper back (45,2%), lower back (44,5%) and shoulder

(40,9%) regions. Although there are some significant associations in the

upper body, only gender revealed a significant association with the presence

of ―any symptom in any body location‖ (p=0,001).

Overall, this study suggests that WRMSDs are a common problem among

dental hygienists in Portugal. As such, further studies are required to better

understand this problem and to establish preventive strategies that minimize

its impact.

Key-words: work-related musculoskeletal disorders; occupational health;

dental hygienists; prevalence; questionnaire.

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Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e

segurança no local de trabalho

V

Índice Geral

Agradecimentos ..................................................................................... II

Resumo ............................................................................................... III

Abstract .............................................................................................. IV

Índice Geral .......................................................................................... V

Índice de Quadros ............................................................................... VII

Índice de Tabelas................................................................................ VIII

Índice de Gráficos ................................................................................. IX

Abreviaturas e Siglas ............................................................................. X

1 - Introdução ....................................................................................... 1

2 - O Trabalho e a Saúde dos Trabalhadores ............................................. 5

2.1 - As doenças ligadas ao trabalho ..................................................... 8

2.2 - A importância das lesões músculo-esqueléticas ............................. 10

2.3 - O panorama europeu das lesões músculo-esqueléticas ................... 14

2.3.1 - Dados referentes a LMELT por género na UE ........................... 17

2.3.2 - Dados referentes a LMELT por idade na UE ............................. 17

2.3.3 - Dados referentes a LMELT por sectores de trabalho na UE ........ 18

2.3.4 - Dados referentes a LMELT por trabalho dependente vs

independente na UE ....................................................................... 18

3 – Aspectos Gerais da Etiopatogenia das Lesões Músculo-esqueléticas

Ligadas ao Trabalho .............................................................................. 18

3.1 - Factores de risco das LMELT ........................................................ 22

3.2 - As principais lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho ......... 27

4 - As Lesões Músculo-esqueléticas Ligadas ao Trabalho em Saúde Oral ...... 33

4.1 - O perfil na profissão dos Higienistas Orais..................................... 35

4.2 - Áreas de actuação ..................................................................... 37

4.3 - Caracterização da profissão ........................................................ 37

5 – Objectivos do Estudo ....................................................................... 39

6 - Metodologia .................................................................................... 40

6.1 - Delineamento do estudo ............................................................. 40

6.2 - Recolha de dados ...................................................................... 41

6.3 - Análise de dados ....................................................................... 42

6.4 - Pré – Teste do questionário ......................................................... 43

6.5 - Limitações do estudo ................................................................. 43

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segurança no local de trabalho

VI

7 - Resultados ...................................................................................... 45

7.1 - Variáveis demográficas e antropométricas .................................... 45

7.2 - Caracterização do estado de saúde .............................................. 46

7.3 - Caracterização profissional .......................................................... 47

7.4 – Prevalência de lesões músculo-esqueléticas .................................. 48

8 - Discussão ....................................................................................... 61

9 - Considerações Finais ........................................................................ 65

10 - Recomendações ............................................................................. 67

11 - Bibliografia .................................................................................... 69

ANEXO 1 ............................................................................................. 76

ANEXO 2 ............................................................................................. 79

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segurança no local de trabalho

VII

Índice de Quadros

Quadro 1 - Proporção do total de casos de doenças profissionais (DP) e

LMELT na Europa entre 2000-2005. ........................................................ 16

Quadro 2 – LMELT: exemplos de designações ......................................... 21

Quadro 3 – Principais factores de risco de LMELT..................................... 24

Quadro 4 - As principais LMELT ............................................................. 28

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VIII

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Patologias dos membros superiores ........................................ 30

Tabela 2 - Características antropométricas dos inquiridos ......................... 46

Tabela 3 - Características profissionais dos Higienistas Orais ..................... 47

Tabela 4 - Frequências absolutas e relativas (%) da sintomatologia músculo-

esquelética para a região do pescoço ...................................................... 50

Tabela 5- Frequências absolutas e relativas (%) da sintomatologia músculo-

esquelética para a zona dorsal................................................................ 51

Tabela 6 – Frequências absolutas e relativas (%) da sintomatologia músculo-

esquelética para a zona lombar. ............................................................. 52

Tabela 7 -- Frequências absolutas e relativas (%) da sintomatologia

músculo-esquelética para os ombros ....................................................... 53

Tabela 8 - Frequências absolutas e relativas (%) da sintomatologia músculo-

esquelética para punhos/mãos ............................................................... 54

Tabela 9 - Percentagem diária de tempo gasto em determinadas condições 57

Tabela 10 - Absentismo ao trabalho por localização anatómica ................. 60

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Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e

segurança no local de trabalho

IX

Índice de Gráficos

Gráfico 1 - Representação gráfica da idade por classes nos Higienistas Orais

.......................................................................................................... 45

Gráfico 2 - Percentagem de inquiridos com sintomas na parte superior do

corpo .................................................................................................. 48

Gráfico 3 - Frequências relativas (%) à sintomatologia por zona corporal nos

últimos 7 dias e nos últimos 12 meses .................................................... 49

Gráfico 4 – Representação percentual do número de sintomas na parte

superior do corpo.................................................................................. 55

Gráfico 5 - Frequências relativas (%) das diferentes actividades clínicas .... 58

Gráfico 6 – Número de inquiridos com impedimento ao trabalho por

sintomatologia dolorosa nos últimos 12 meses. ........................................ 60

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segurança no local de trabalho

X

Abreviaturas e Siglas

CNPCRP - Centro Nacional de Protecção Contra Riscos profissionais

dp – Desvio padrão

DH – Dental Hygienists

DP – Doenças Profissionais

EASHW - European Agency and Safety Health at Work

EFILWC - European Foundation for Improvement of Living and Working

Conditions

EODS - European Occupational Diseases Statistics

ESWC - European Survey on Working Conditions

FMDUL – Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa

HO – Higienista Oral/Higiene Oral

IFDH – International Federation of Dental Hygienists

IMC – Índice de Massa Corporal

LME - Lesões Músculo-esqueléticas

LMELT- Lesões Músculo-esqueléticas Ligadas ao Trabalho

LMEMSLT - Lesões Músculo-esqueléticas do Membro Superior Ligadas ao

Trabalho

OIT - Organização Internacional do Trabalho

ILO - International Labour Organization

NRC/IOM - The National Research Council/Institute of Occupational Medicine

OMS - Organização Mundial da Saúde

OSHA – Occupational Safety and Health Administration

QNM - Questionário Nórdico Músculo-Esquelético

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

TCC - Túnel do Canal Cárpico

UE - União Europeia

WHO - World Health Organization

WRMSDs - Work-related Musculoskeletal Disorders

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Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e

segurança no local de trabalho

1

1 - Introdução

As lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho (LMELT), nomeadamente

as lesões ao nível do membro superior (Hamann, 2004) têm sido

referenciadas como as doenças profissionais mais comuns nos Higienistas

Orais (Ylipaa, Arnetz, & Preber, 1999).

O Trabalho ao longo da história da Humanidade tem desenrolado um papel de

elevada importância. Na perspectiva das doenças profissionais este contribui

de forma inequívoca na potenciação do risco da saúde e segurança do

trabalho (Uva, 2006).

As inter-relações e interdependências entre trabalho e saúde são o objecto de

estudo específico da Saúde Ocupacional e de acordo com Uva e Faria (1992)

este tema é naturalmente complexo.

Pelo facto de existir uma economia cada vez mais competitiva, centrada na

componente financeira em detrimento do valor humano, assiste-se de forma

regular, ao aumento do número de casos de doenças relacionadas e ligadas

com o trabalho, em particular com os ritmos acelerados de trabalho. A

crescente automatização das linhas de montagem coloca o homem a

responder ao ritmo imposto, quer no início das linhas de produção

(alimentação da linha), quer no final (retirar o produto), ou ainda nas

situações em que a tecnologia actual ainda não permite a automatização. No

essencial, o homem é visto com uma extensão da máquina e a generalidade

das iniciativas de reestruturação produtiva estão centradas apenas na

componente produtiva, desvalorizando o homem. No leque das doenças

profissionais mais frequentes surgem as lesões músculo-esqueléticas ligadas

ao trabalho (Schneider & Irastorza, 2010).

As LMELT são as doenças profissionais mais comuns na União Europeia, e os

trabalhadores de todos os sectores podem ser afectados (EASHW, 2007;

Schneider & Irastorza, 2010). De acordo com o Bureau of Labor Statistics

(Hamann, 2004) acima de 60% das doenças profissionais são LMELT crónicas.

Sabe-se também que estas doenças profissionais constituem uma das

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segurança no local de trabalho

2

grandes preocupações dos serviços de gestão de recursos humanos assim

como dos serviços de saúde e segurança do trabalho (Hélis, 2005) com uma

dimensão individual e social com custos intangíveis (Serranheira, Uva, &

Santo, 2009a).

As LMELT podem ser definidas como síndromes de dor crónica e podem

afectar uma ou mais regiões do corpo no decorrer de uma actividade física,

repetitiva, que envolve posturas estáticas e/ou extremas e, acima de tudo,

aplicação de força, quer repetitiva, quer em posições angulares extremas. As

regiões mais vulgarmente afectadas são a região cervical e os membros

superiores (Serranheira, Uva, & Lopes, 2008).

De acordo com Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho as

LMELT têm etiologia multifactorial e é difícil na maioria das vezes estabelecer

uma causa exacta da doença - nexo de causalidade (EASHW, 2007; Schneider

& Irastorza 2010; WHO, 2003). Localizam-se normalmente no membro

superior e na coluna vertebral, mas podem ocorrer noutras localizações, como

joelhos ou tornozelos, dependendo da área do corpo afectada e da actividade

de risco desenvolvida pelo trabalhador (Schneider & Irastorza, 2010).

Na origem das lesões músculo-esqueléticas do membro superior ligadas ao

trabalho (LMEMSLT) estão normalmente actividades que exigem força elevada

com as mãos, postura extremas dos membros superiores, repetitividade de

movimentos e compressão mecânica das estruturas anatómicas dos membros

superiores (Serranheira, 2007). Considera-se também que a exposição a

ferramentas vibratórias manuais possa influenciar e de uma forma elevada, o

risco de contrair LME, por haver uma exposição a vibrações, quer da mão-

braço quer do corpo inteiro (Serranheira, Lopes, & Uva, 2004).

Na União Europeia (UE) dos 27, um quarto dos trabalhadores queixa-se de

lombalgias e quase um quarto diz sofrer de dores musculares. Estas lesões

são motivo de grande preocupação: afectam a saúde dos trabalhadores a

nível individual e aumentam os custos empresariais e sociais das empresas e

dos países europeus. Prejudicam o trabalho, diminuem a produtividade e

podem causar absentismo por doença e incapacidade profissional crónica

(EASHW, 2007; Schneider & Irastorza, 2010).

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Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e

segurança no local de trabalho

3

Segundo Bernard (1997), existem vários factores de risco: físicos,

psicossociais e individuais que podem levar ao desenvolvimento das LMELT.

Nos factores de risco físico destacam-se as posturas e movimentos extremos,

movimentação de cargas, movimentos repetitivos ou estáticos durante

períodos de tempo alargados, os esforços excessivos e a exposição a

vibrações.

Os Higienistas Orais (HO) são profissionais de saúde que, na sua vertente

clínica, utilizam frequentemente os membros superiores, com gestos e

movimentos repetitivos, sobretudo com os punhos/mãos e dedos. Essa

prevalente utilização anatómica encontra-se dependente das exigências

externas, designadamente, dos instrumentos com frequência vibratórios, e

fundamentalmente dos constrangimentos da sua manipulação observada na

zona oral, entre outros. Assim, presume-se que estes profissionais

apresentem um risco elevado de contrair LMEMSLT. Basicamente, são as

posturas de trabalho, a força e a repetitividade dos gestos impostos pelos

equipamentos, utensílios e posição do utente, os principais condicionantes

que podem levar a estas lesões e todos esses factores de risco estão

presentes na actividade diária dos HO. Outro dos factores referenciados é o

stress diário a que o HO está exposto, mormente pelo número de pacientes

que vê e muitas vezes devido às frequentes exigências temporais por atraso

entre consultas e que vão influenciar determinantemente as suas atitudes e

modos operatórios no decorrer da actividade profissional.

Dados dos anos 80-90 revelam uma prevalência de LMELT nos HO que atingiu

os 62% (Michalak-Turcotte, 2000). De acordo com Sanders (2010) existem

estudos indicativos de que mais do que 56% dos HO se queixam de ter

sintomas ao nível túnel canal cárpico (Lalumandier, McPhee, Parrott, &

Vendemia, 2001; Macdonald, 1987), e ainda que a prevalência de LMELT na

generalidade é maior, com percentagens que vão de 63% a 95%, quando são

combinados a zona lombar, pescoço, ombro, braço e mão (Akesson,

Johnsson, Rylander, Moritz, & Skerfving, 1999; Atwood & Michalak-Turcotte,

1992; Shenkar, Mann, Shevach, Ever-Hadani, & Weiss, 1998).

O presente trabalho tem como objectivo geral, identificar a prevalência da

sintomatologia auto-referida pelos higienistas orais relacionada com as lesões

músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho incluindo elementos de relação com

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Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e

segurança no local de trabalho

4

a caracterização sócio-demográfica, de saúde e, principalmente, da actividade

de trabalho.

Este trabalho inicia-se com uma introdução ao estudo e apresenta duas partes

distintas. A primeira parte incide sobre a fundamentação teórica do trabalho

através da revisão bibliográfica do tema. O objectivo é o de proporcionar ao

leitor a oportunidade de compreender as lesões músculo-esqueléticas ligadas

ao trabalho (LMELT) e os seus mecanismos etiopatogénicos, e ainda os

factores de risco. A segunda parte descreve a metodologia do estudo,

principalmente o modelo do estudo, a sua caracterização, os métodos de

recolha de informação, técnicas de tratamentos de dados e as limitações do

estudo.

Por último faz-se a análise e discussão dos resultados obtidos, comparando

com estudos anteriores. São feitas ainda as considerações finais e

recomendações/sugestões do estudo conduzido com o grupo profissional dos

higienistas orais.

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Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e

segurança no local de trabalho

5

2 - O Trabalho e a Saúde dos Trabalhadores

O Trabalho designado como factor necessário para o desenvolvimento

económico, técnico e social, tem sido de extrema importância ao longo do

percurso de toda a história da Humanidade e de acordo com a Organização

Mundial da Saúde (1995) e Uva (2006) o universo do trabalho abrange 45%

da população, o que indica que um elevado número de pessoas na sua vida

adulta dedica grande parte do seu tempo no desempenho profissional, que

nem sempre é isento de perigo (Uva & Faria, 2000).

A actividade laboral/trabalho, como conceito em Saúde deve considerar-se

como o conjunto de actividades executadas num ambiente próprio por um

determinado individuo (Miranda, 2002).

São conhecidos dados que referem que entre 6 000 a 8 000 trabalhadores

europeus perdem por ano a vida em consequência de acidentes de trabalho,

enquanto mais de 10 milhões são vítimas de acidentes de trabalho e doenças

profissionais (Conselho Económico e Social, 2001).

Referenciando o género, as mulheres constituem a maioria dos trabalhadores

nos sectores da saúde (79%), da educação (72%), em outros serviços (61%),

e no comércio por grosso e a retalho (55%). Estes sectores empregam mais

de metade das mulheres. Os homens constituem 89% dos trabalhadores do

sector da construção, 80% dos que trabalham nos serviços públicos e 74%

dos trabalhadores dos transportes e comunicações (Fundação Europeia para a

Melhoria das Condições de Trabalho, 2007).

A industrialização tem seguido desde o final do séc. XIX um modelo

inicialmente taylorista e, já mais recentemente, de parcelização do trabalho,

onde «começaram a haver tarefas e processos que gradualmente se tornaram

mais simples e elementares. E aqui pode referir-se o trabalho de montagem

em indústrias, quase sempre organizado de forma sequencial (Serranheira,

Uva, & Santo, 2009b).

Já no séc. XX surgiu uma corrente sócio-técnica que favoreceu o valor das

tarefas e a sua diversificação, sempre de forma básica e simples. Nesta altura

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Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e

segurança no local de trabalho

6

criaram-se métodos de ―diversificação‖ do trabalho que assentavam na

alternância entre postos de trabalho, muitas vezes de forma similar,

aumentando todavia os tempos de trabalho e diminuindo os ciclos de

produção (Serranheira et al., 2009b).

Estas formas de organização do trabalho trouxeram vantagens mas também

desvantagens. A principal vantagem consistiu num sistema de rotação entre

postos de trabalho, e a maior desvantagem consistiu na rotação dos postos de

trabalho que não obedecia a critérios ―protectores‖ das capacidades

fisiológicas dos trabalhadores que passaram a desempenhar a sua actividade

em diferentes lugares mas com exigências idênticas, ou seja, mantiveram-se

as exigências, ainda que repartidas entre diversos e distintos postos de

trabalho, onde essencialmente o trabalhador executa gestos similares, com

aplicações de força e posturas extremas (Serranheira, Uva, & Santo, 2007;

Serranheira et al., 2009b).

Sabe-se também que a influência das condições de trabalho na vida dos

trabalhadores e na capacidade competitiva das empresas sempre foi

reconhecida na sociedade moderna, e que na actualidade se considera que a

promoção da saúde e segurança no trabalho deve traduzir-se numa

intervenção global e integrada, que envolva os trabalhadores, assim como

todos os sectores e dimensões das empresas (Conselho Económico e Social,

2001).

Neste contexto é importante referir os riscos para a saúde relacionados com o

trabalho, e estes naturalmente serão diferentes, conforme o tipo de actividade

profissional, e dependem acima de tudo, das condições em que o seu

desempenho é feito (Uva & Faria, 1992).

Foi durante a Revolução Industrial na Europa que os serviços de medicina do

trabalho de empresa se desenvolveram, com o objectivo maior de tratar os

acidentes de trabalho e doenças profissionais, para além dos cuidados gerais

de saúde (Murray, 1987). É a partir daqui que se desenvolve o conceito de

exposição profissional e se aumentam os estudos sobre os efeitos negativos

dos factores profissionais de risco para a saúde e segurança e a sua

consequente abordagem preventiva (Uva, 2006). Contudo, só após a 2ª

Guerra Mundial é que aos factores de risco profissionais clássicos, os agentes

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segurança no local de trabalho

7

causais de acidente de trabalho e essencialmente de natureza mecânica, são

acrescentados outros factores profissionais, nomeadamente de natureza física

e química, tais como o trabalho físico intenso, as condições de trabalho com

exposição a stress térmico, a exposição a substâncias químicas ou a

exposição a ruído (WHO, 1990).

Com a profunda mudança nos últimos anos (iniciada na década de 60), pela

entrada de novas tecnologias, como por exemplo o processo de

automatização no sector secundário e as elevadas alterações organizacionais,

fizeram com que houvesse um reconhecimento maior dos factores

profissionais de natureza psicossocial na saúde dos trabalhadores. Esta

situação pouco ou nada era reconhecida até então, por oposição aos factores

de risco ―clássicos‖ de natureza física e química que sempre dominaram as

preocupações da segurança e saúde do trabalho (Uva, 2006).

Vários têm sido os esforços na manutenção de importantes preocupações

relacionadas com a prevenção dos acidentes de trabalho e das doenças

profissionais. Apesar disto, quer os acidentes de trabalho, quer as doenças

ligadas ao trabalho mantêm-se como uma fonte de preocupação actual (Uva,

2006). Ainda são muitas as situações que levam a que cerca de 350.000

trabalhadores sejam obrigados a mudar de emprego ou de local de trabalho

ou mesmo a reduzir o tempo de trabalho. Sabe-se também que perto de

300.000 trabalhadores ficam com diferentes graus de incapacidade

permanente, e dentro destes, 15.000 são excluídos do sistema de trabalho

para o resto da vida (Comissão das Comunidades Europeias, 2002).

A Saúde Ocupacional (actualmente com a denominação Saúde e Segurança

do Trabalho – ―Occupational Safety and Health‖) define-se segundo o Comité

Misto OIT/OMS (1950) como um serviço organizado no local de trabalho ou na

sua proximidade e destinado a: (i) promoção e a manutenção do maior bem-

estar físico, mental e social dos trabalhadores de todas as profissões,

independentemente da sua situação no emprego; (ii) prevenção da doença

relacionada com as condições de trabalho; (iii) protecção dos trabalhadores

dos riscos profissionais; (iv) colocação e manutenção dos trabalhadores num

ambiente de trabalho adaptado às suas capacidades físicas e psicológicas. O

conceito foi revisto em 1994, no mesmo comité, dando realce à manutenção

de um ambiente de trabalho são e seguro, aos aspectos não só da protecção

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8

da saúde mas também a acções que levem a manter a capacidade de trabalho

e à necessidade da participação dos trabalhadores na gestão desses

objectivos (Uva & Graça, 2004).

A nível europeu existe a directiva-quadro (Directiva 89/391/CEE do Conselho,

de 12 de Junho de 1989) que denominou o que se entendia como Saúde

Ocupacional ou Saúde e Segurança do Trabalho por Segurança Higiene e

Saúde dos Trabalhadores nos Locais de Trabalho (Uva, 2006).

2.1 - As doenças ligadas ao trabalho

A noção de que certas profissões podem induzir doença não é recente.

Efectivamente, já há mais de 300 anos, em 1700, Bernardino Ramazzini,

médico italiano, que poderemos considerar o pai da Medicina do Trabalho,

considerava que o trabalho em condições climáticas adversas e em ambientes

mal ventilados podia originar doença e aconselhava períodos de repouso,

exercício e posturas correctas, situação que continua a ser flagrantemente

actual (Hamann, 2004; Miranda, 2002).

Segundo Miranda (2002), é a interacção entre tarefa/máquina+ambiente

laboral/trabalhador que representa o ponto-chave de toda a patologia

relacionada ao trabalho.

Segundo estimativas da Organização Internacional do Trabalho (ILO, 2005)

em cada dia morrem 5000 trabalhadores como resultado das doenças

―ligadas‖ ao trabalho (Uva, 2006).

As doenças ―ligadas‖ ao trabalho englobam um conjunto de entidades, das

quais se destacam, a doença profissional e os acidentes de trabalho (factores

inerentes ao trabalho são condição essencial para a génese da doença), as

―doenças relacionadas com o trabalho‖ (a influência dos factores profissionais

é diluída num contexto multifactorial e não tem carácter decisivo) e as

―doenças agravadas pelo trabalho‖ (a influência dos factores profissionais, não

dizendo respeito à génese da doença, implicam apenas na sua evolução e no

correspondente resultado final (Faria & Uva, 1988; Uva & Graça, 2004).

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segurança no local de trabalho

9

Estas patologias abrangem situações clínicas do sistema músculo-esquelético

contraídas pelo trabalhador, quando submetido a determinadas condições de

trabalho e exposto a factores de risco profissionais de natureza

ambiental/física, da actividade e psicossociais/organizacionais (Kuorinka &

Forcier, 1995).

É importante ainda reconhecer-se que os riscos profissionais não são variáveis

incontroláveis mas que, frequentemente, surgem do modo concreto e de

acordo com a forma de organização que o trabalho é feito. A promoção da

saúde e a segurança dos trabalhadores deve desenvolver-se, de forma

sustentada, em obediência ao princípio de adaptação do trabalho ao Homem,

assumindo-se como indicador de modernidade das organizações de trabalho

(Conselho Económico e Social, 2001).

Nas últimas duas ou três décadas tem sido dado maior destaque no que

respeita aos factores profissionais de natureza psicossocial na saúde dos

trabalhadores da saúde, que até aqui, pouco ou mesmo nada se tinham

valorizado. Foi também no início dos anos oitenta que passou a ser dado

maior destaque às lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho, que

surgiam da exposição a factores de risco mais relacionados com a actividade

do que com as condições de trabalho prescrito (Uva, 2009).

De acordo com terceiro inquérito europeu sobre condições de trabalho, no

decurso de 2000 (os anteriores foram em 1990 e 1995), parece haver uma

melhoria da percepção dos trabalhadores, quanto aos riscos para a saúde e

segurança com origem no trabalho que executam. Apesar disso, uma

percentagem cada vez maior de trabalhadores queixa-se de problemas de

saúde relacionados com o trabalho. Referem um aumento das lesões

músculo-esqueléticas (dores lombares e musculares, em particular no pescoço

e ombros) assim como o cansaço geral (23% em ambos os casos). O stress

parece manter-se com níveis aproximados entre os valores registados em

1995 e 2000 (28%). A constatar uma forte correlação entre o stress e as

lesões músculo-esqueléticas e as características da organização do trabalho,

nomeadamente, o trabalho repetitivo e a cadência do trabalho. Os

trabalhadores com tarefas repetitivas estão mais sujeitos a sofrerem de

lesões músculo-esqueléticas (EFILWC, 2000).

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segurança no local de trabalho

10

Num número considerável de países, os trabalhadores da saúde (médicos,

enfermeiros, técnicos de diagnóstico e terapêutica, entre outros) constituem

um dos grupos profissionais mais numerosos e são aqueles que naturalmente

se encontram sujeitos a maior número de riscos, alguns dos quais específicos

do desempenho de determinadas actividades profissionais (Uva & Faria,

1992).

Foram diversos os estudos, desde o inicio dos anos sessenta, que revelaram

que os trabalhadores da saúde, como qualquer outro grupo profissional,

podem estar expostos a factores de risco de natureza profissional no exercício

das suas actividades profissionais. Em Portugal, nos últimos anos os serviços

de saúde e segurança em hospitais têm vindo a ser estruturados, contudo

ainda são poucos os estudos sobre as atitudes e expectativas dos profissionais

de saúde em relação aos aspectos de Saúde e Segurança do Trabalho (Uva &

Prista, 2005).

Como consequência duma economia competitiva, assistimos cada vez mais ao

aumento de casos de doenças que estão relacionados com o ritmo de trabalho

mais acelerado, e com a reestruturação produtiva. As Lesões Músculo-

esqueléticas (LME) incluem-se nessas doenças (Schneider & Irastorza, 2010).

2.2 - A importância das lesões músculo-esqueléticas

As LME apesar de serem um tema profusamente abordado na actualidade, já

tiveram relevância na Antiguidade (400 a.c.) e foram alvo de citações, como

por exemplo na obra Epidemia, de Hipócrates (Dembe, 1996).

Quando um indivíduo é exposto a um conjunto de factores de risco que, no

essencial o agridem, relacionados com o trabalho ou meio ambiente e para as

quais não encontra resposta ou mecanismos protectores, poderá estar-se

perante o desenvolvimento de uma lesão músculo-esquelética ligada ao

trabalho. Estas LMELT constituem actualmente o paradigma das doenças

profissionais e resultam muitas das vezes por agressões mínimas que vão de

forma acumulada, por um período variável de tempo, desencadear queixas

músculo-esqueléticas (Miranda, 2002).

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Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e

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11

As lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho são doenças profissionais

frequentes (Serranheira et al., 2009b) e permanecem a doença profissional

mais corrente na União Europeia, e os trabalhadores de todos os sectores

podem ser afectados. E ainda de acordo com os dados do EODS (2005),

mesmo sabendo-se que subestimados, as LMELT abrangem cerca de 39% da

lista obrigatória de doenças classificadas (Schneider & Irastorza, 2010).

Em Portugal, as doenças profissionais estão classificadas no Decreto-Lei n.º

6/2001 de 5 de Maio (Lista de Doenças Profissionais) e há obrigatoriedade de

haver notificação das mesmas, apesar de constatar-se que nem sempre são

dados a conhecer todos os casos no Centro Nacional de Protecção Contra os

Riscos Profissionais (CNPCRP). Contudo, mesmo sabendo-se que os dados

estatísticos disponíveis não são rigorosos, que permitam conhecer a

importância das LMELT, o número de notificações tem vindo a aumentar e de

acordo com os dados do CNPCRP, não publicados (2011), atingiram-se

valores próximos de 60% de entre todas as doenças profissionais. Os dados

do European Survey on Working Conditions (ESWC, 2005) referem em

Portugal, no ano de 2001, que 30.7% de trabalhadores apresentavam queixas

de dor de costas e cerca de 28.8% referiam dores musculares (dados

retirados do departamento de estatística do trabalho, emprego e formação

profissional, Abril de 2001).

As exigências músculo-esqueléticas são referidas com maior ênfase nos

Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica (74%), de que fazem parte os

Higienistas Orais, e nos Enfermeiros (69%). Os factores de risco relacionados

com a organização do trabalho e com o ―stress‖ ocupacional são mais

expressivos nos grupos profissionais dos Enfermeiros e Médicos (Uva & Prista,

2005).

De maneira geral as LMELT são consideradas uma causa importante de

absentismo-doença, de incapacidade e de gastos em cuidados de saúde

Badley et al., 1995; Rosenstock, 1997; Melhorn, 1998 (como citado em Uva

et al., 2001).

As LME são patologias que se instalam insidiosamente em determinados

segmentos do corpo em consequência do trabalho que exige movimentos

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Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e

segurança no local de trabalho

12

repetitivos, esforços excessivos e posturas extremas. A doença atinge

trabalhadores de diversos ramos de actividade (Schneider & Irastorza, 2010).

Ao longo de muitos anos, várias foram as medidas implementadas para a

prevenção destas lesões, contudo poucos foram os contributos efectivos para

a diminuição da sua prevalência. Desta forma, e porque este assunto requer

importância actual, não só a nível individual como social, e porque o aumento

do número de casos tem vindo a surgir, é urgente que se avaliem as

situações de risco para que se defina correctamente a prevenção das LMELT

(Serranheira et al., 2009b).

Em Portugal, as referências às LMELT são muitas vezes subdiagnosticadas,

omissas ou mesmo esquecidas em relação às estatísticas oficiais.

Normalmente são as actividades onde existem cadências impostas, com

tempos de trabalho reduzidos – repetitividade, aplicação de força, posturas

extremas ao nível dos membros superiores e exposição a vibrações, que

determinam uma probabilidade maior de surgirem, ou mesmo se

desenvolverem, situações de LMEMSLT. Essas actividades podem também

encontrar-se em trabalhos extremamente diversificados, como a indústria da

panificação ou a prestação de cuidados de saúde (Serranheira et al., 2009b),

designadamente a saúde oral (Cherniack et al., 2006; Michalak-Turcotte,

2000).

Também se demonstrou que existe maior incidência de dor reportada, de

lesões, de absentismo e invalidez em indivíduos que estão expostos a elevado

nível de exposição a cargas físicas, do que naqueles que estão em profissões

com reduzidos níveis de exposição a esses factores de risco. Há igualmente

uma forte plausibilidade para a relação entre a incidência de lesões músculo-

esqueléticas e a exposição elevada a determinados factores de risco da

actividade profissional (NRC/IOM, 2001; Schneider & Irastorza, 2010).

Assim as lesões músculo-esqueléticas não são causadas exclusivamente pela

exposição profissional, são induzidas por um conjunto de factores. A

Organização Mundial da Saúde chama-lhes ―condições de trabalho‖ pois elas

podem surgir pela exposição profissional, bem como por factores externos ao

trabalho (WHO, 1985).

Os dois factores de risco mais frequentes para homens e mulheres são os

movimentos repetitivos da mão e/ou do braço e o trabalho em posições

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Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e

segurança no local de trabalho

13

extremas ou fatigantes: mais de 62% dos trabalhadores fazem movimentos

repetitivos da mão e/ou do braço durante um quarto do tempo ou mais,

enquanto 46% trabalham em posições extremas ou fatigantes (Schneider &

Irastorza, 2010).

A percentagem de trabalhadores que refere movimentos repetitivos da mão

ou do braço aumentou nos últimos anos. Este é o risco físico mais referido,

com 62% da população trabalhadora a declarar estar exposta ao mesmo

trabalho durante um quarto ou mais do tempo de trabalho. Os sintomas mais

referidos são as dores na coluna vertebral (25%) e as dores musculares

(23%), seguidos pela fadiga e o stress (22%). Estes problemas são sobretudo

mencionados pelos trabalhadores dos sectores da agricultura, da saúde, da

educação e da construção. (EASHW, 2007).

De acordo com dados recentes, torna-se evidente que as LMELT constituem

uma proporção significativa das doenças profissionais com absentismo. Este

facto é, sem dúvida, confirmado pelos estudos realizados a nível europeu que

dizem haver um enorme impacto pelos dias de trabalho perdidos ao nível dos

Estados Membros da União Europeia relativos às LMELT (Schneider &

Irastorza, 2010).

As LMELT são motivo de preocupação não só pelos efeitos que produzem na

saúde individual dos trabalhadores, como também no impacto económico que

têm sobre as empresas pelos custos sociais que acarretam para os países

europeus. Em relatórios anteriores da agência (Buckle & Devereux, 1999)

refere-se que determinados estudos apontam para estimativas de custos de

LMEMSLT, entre 0.5% e 2% do Produto Interno Bruto. As LMELT continuam a

ser um problema de saúde significativo e em largo crescimento (Schneider &

Irastorza, 2010).

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Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e

segurança no local de trabalho

14

2.3 - O panorama europeu das lesões músculo-esqueléticas

Na Região Europeia, os dados provenientes da Organização Mundial da Saúde

(WHO, 1990), apontam para 43% da população empregada, o que significa

cerca de 350 milhões de indivíduos no activo.

Sabe-se que na Europa, sobretudo ao nível dos Estados Membros da União

Europeia, existem dados significativos de que as LMELT são um problema de

saúde significativo no rol das doenças profissionais, e que atingem custos

muito elevados. Contudo, e pelo facto de não existirem critério uniformes na

sua definição, torna-se difícil obter uma estimativa da prevalência de LMELT

na União Europeia (Buckle & Devereux, 1999; Serranheira et al., 2008).

De cinco em cinco anos, a Fundação Europeia para a Melhoria das Condições

de Vida e de Trabalho realiza um inquérito a nível europeu sobre as condições

de trabalho. O primeiro inquérito foi realizado em 1990. Estes inquéritos têm

como objectivo fornecer uma visão geral da situação das condições de

trabalho na UE, identificando questões relevantes e alterações que acontecem

no local de trabalho. O objectivo geral é contribuir para um melhor

acompanhamento da qualidade do trabalho e do emprego no espaço europeu.

De acordo com o ultimo relatório em 2005, 24.7% dos trabalhadores

europeus queixa-se de dores na coluna vertebral e 22.8% de dores

musculares, sabendo-se que 45.5% refere trabalhar em posições cansativas e

dolorosas (EASHW, 2007). E ainda que as LMELT representam 38.1% de

todas as doenças profissionais, e quando incluído a síndrome do túnel do

canal cárpico, esta percentagem sobe para 59% (Schneider & Irastorza,

2010).

Estudos europeus recentes fornecem provas evidentes de que as LMELT,

nomeadamente as dos membros superiores, são consideradas doenças

profissionais e estão a aumentar. Em cada ano que passa, milhões de

trabalhadores europeus, nas mais diversas profissões, são afectados por estas

lesões no seu trabalho diário. As LMELT continuam a ser um dos grandes

problemas profissionais de saúde (Schneider & Irastorza, 2010).

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Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e

segurança no local de trabalho

15

De acordo com o European Occupational Diseases Statistics (EODS, 2005) do

total das doenças profissionais, as mais comuns (de acordo com os registos)

são a epicondilite do cotovelo (16,054 casos) e a tenossinovite da mão e

punho (12,962 casos). Em relação à síndrome do túnel do canal cárpico

existem 17,395 casos (Schneider & Irastorza, 2010).

Ao nível da Europa o sector da construção civil corresponde a 7,9% da

população activa e em Portugal parece ser este o sector mais afectado pelas

LMELT (Schneider & Irastorza, 2010; Uva, 2006).

Com base nos dados disponíveis dos Estados-Membros, pode concluir-se que

as LMELT são um dos maiores problemas de saúde nos locais de trabalho, na

Europa. Na Bélgica as doenças provocadas pela vibração mecânica (a maior

parte são lesões das costas que surgem nos sectores dos transportes e

construção) representam o maior número de indemnizações de todas as

doenças profissionais. Na República Checa, as LMELT representam cerca de

33% de todas as doenças profissionais notificadas e em Espanha são as

doenças profissionais mais prevalentes (Schneider & Irastorza, 2010). Em

França, as LME estão a aumentar largamente depois do início dos anos 90, e

representam à data, 76% das doenças profissionais com origem diversificada

(Hélis, 2005). Parece haver uma tendência crescente do número de LMELT em

muitos dos países dos Estados-Membros (Schneider & Irastorza, 2010).

Apoiado nas estatísticas do EUROGIP (2007) pode apresentar-se de forma

resumida as percentagens de LMELT, ao nível da UE (países membros)

comparadas com o número de casos da totalidade das doenças profissionais,

nos anos de 2000 a 2005 (Quadro 1).

Pode observar-se uma disparidade de valores entre os países membros, à

excepção da Alemanha e Dinamarca. Estes dois países têm poucos casos de

LMELT comparados com as estatísticas referidas nos outros seis estados-

membros, sobretudo na França e Espanha em que a proporção de casos é

igual ou superior a 70%. Na Alemanha o número de casos é baixo no mesmo

período (2000-2005). Também na Bélgica o número de casos identificados

desceu drasticamente nos últimos anos, contrariamente à Itália em que os

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Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e

segurança no local de trabalho

16

números aumentaram, e ainda na República Checa onde a percentagem de

casos aumentou de 27% para 29,8%, entre 2004-2005.

Quadro 1 - Proporção do total de casos de doenças profissionais (DP) e

LMELT na Europa entre 2000-2005.

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Alemanha LMELT

Total DP

% LMELT

933

16,41

4

5,68%

-

-

-

980

16,669

5,9%

926

15,75

8

5,9%

846

15,83

2

5,3%

755

14,920

5%

Bélgica LMELT

Total DP

% LMELT

-

-

-

-

-

-

1,691

3,624

46.7%

1,316

3,340

39.4

%

747

2,358

31.7

%

719

2,358

30.5%

Dinamarca

LMELT

Total DO

% LMELT

-

-

-

511

2,391

21.4

%

437

2,430

18 %

513

3,045

16.8

%

526

2,302

22.8%

593

5,652

10.5%

Espanha LMELT

Total DP

% LMELT

-

-

-

-

-

-

-

-

-

22,89

9

26.85

7

85 %

24,81

4

28.72

8

86 %

26,833

30.030

89.35

%

França LMELT

Total DP

% LMELT

-

-

-

26,06

0

35,69

5

73 %

31,428

41,581

75.6 %

31,18

1

44,57

5

70 %

34,46

1

48,03

9

71.7%

39,040

51,830

75.3

%

Itália LMELT

Total DP

% LMELT

1,016

7,755

13.1

%

1,371

8,549

16 %

1,651

8,734

18.9 %

1,524

8,032

19 %

2,025

7,329

2.6 %

2,316

7,379

31.4

%

Rep. Checa

LMELT

Total DP

% LMELT

634

1,751

36.2

%

552

1,677

32.9

%

562

1,600

35.2 %

518

1,558

33.3

%

375

1,388

27 %

557

1,400

39.8

%

Suécia LMELT

Total DP

% LMELT

4,409

11,94

5

36.9

%

4,174

12,545

33.3 %

3,650

12,37

0

29.5

%

3,575

11,27

5

31.7%

3,965

11,825

33.5

%

Fonte: EUROGIP, 2007

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segurança no local de trabalho

17

2.3.1 - Dados referentes a LMELT por género na UE

Mais de um quarto dos homens (26.6%) e 22.3% das mulheres na UE-27

sofre de ―dores de costas‖ enquanto as dores musculares apresentam valores

mais baixos: 24.3% e 20.8% respectivamente.

As LMELT entre homens e mulheres apresentam padrões diferentes,

provavelmente por reflectir a segregação que existe ao nível dos diferentes

tipos de trabalho que cada um exerce.

A taxa de incidência de LMELT nos homens é maior do que nas mulheres mas

em proporção as restantes doenças profissionais assumem-se com valores

maiores nas mulheres: LMELT + Síndrome do Túnel do Canal Cárpico

representam 85% do leque das doenças profissionais entre as mulheres

(média de 59%).

A percentagem de LMELT + Síndrome do Túnel do Canal Cárpico aumentou

39% entre as mulheres de 2002 até 2005, numa média de 32% (Schneider &

Irastorza, 2010; Serranheira et al., 2004, 2008).

2.3.2 - Dados referentes a LMELT por idade na UE

A probabilidade de aparecerem LMELT aumenta com a idade. Os

trabalhadores europeus mais velhos referem ter mais LMELT. Por exemplo

24.2% dos trabalhadores com idade acima dos 55 anos queixam-se de dores

nas costas. Contudo os trabalhadores com idades abaixo dos 25 anos também

apresentam queixas significativas de LMELT, isto é, 17.7% sofrem de dores

nas costas e 16.5% de dores musculares. Esta situação parece ocorrer

sobretudo porque os trabalhadores mais jovens estão maioritariamente

empregados em sectores onde o trabalho físico é frequente e onde a

prevalência dos factores de risco pode ser maior, nomeadamente pelo

trabalho repetitivo, caso de trabalhos na agricultura, construção, restauração,

entre outros (Schneider & Irastorza, 2010).

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segurança no local de trabalho

18

2.3.3 - Dados referentes a LMELT por sectores de trabalho

na UE

De acordo com Schneider e Irastorza (2010) a taxa de maior incidência de

LMELT foi encontrada nos trabalhadores da saúde, serviço social, transportes,

armazenamento, comunicações, construção e agricultura (1.2 a 1.6 vezes

maior que a média). A agricultura e a pesca apresentam valores iguais de

50.5%, na construção (36.5%) e transportes, armazenamento e

comunicações (28.4%) seguidos da saúde e serviço social (26.3%).

2.3.4 - Dados referentes a LMELT por trabalho dependente

vs independente na UE

Os trabalhadores da UE-27 em regime de trabalho independente parecem

apresentar mais problemas com a saúde (42.8%) do que os trabalhadores

dependentes (34%). Um terço dos trabalhadores independentes (31.3%)

refere ter dores nas costas enquanto os dependentes mostram apenas 23.3%.

Em relação às dores musculares, os dados referem 29.9% para os

trabalhadores independentes e 21.4% para os dependentes (Schneider &

Irastorza, 2010).

3 – Aspectos Gerais da Etiopatogenia das Lesões

Músculo-esqueléticas Ligadas ao Trabalho

As lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho constituem um conjunto

de patologias profissionais já muito antigo: Imothep, 2 500 a.c. descreveu o

primeiro caso de lombalgia aguda num escravo que trabalhava na edificação

duma pirâmide (Golberg & Imbernon, 2005).

Com base no conhecimento cientifico, poder-se-á afirmar que as exigências

físicas e/ou biomecânicas dos diversos tipos de trabalho, podem estar na

génese das LME (Serranheira et al., 2004).

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19

Segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2003), as LMELT são um

conjunto de doenças inflamatórias e degenerativas, de natureza multifactorial,

ao nível do aparelho músculo-esquelético e ocorrem no contexto de uma dada

actividade profissional, repetitiva, com manutenção postural e/ou

manuseamento de cargas (Serranheira et al., 2004). Localizam-se

normalmente no membro superior e na coluna vertebral, mas podem ocorrer

noutras localizações, como joelhos ou tornozelos, dependendo da área corpo

afectada e da actividade de risco desenvolvida pelo trabalhador. O tratamento

e a recuperação são normalmente insatisfatórios, especialmente nas situações

crónicas. Em certos casos, as LMELT podem levar a situações de incapacidade

permanente e perda de emprego (Schneider & Irastorza, 2010).

O sistema músculo-esquelético é composto por ossos, músculos, tendões

ligamentos, cartilagens, nervos e vasos sanguíneos. Este é um sistema

dinâmico que absorve e distribui as cargas e suporta o corpo (EUROGIP,

2007; Schneider & Irastorza, 2010; Yamalik, 2006). Estas lesões resultam de

fenómenos inflamatórios, vasculares e degenerativos em proporções e

localizações diferentes de indivíduo para indivíduo (Clot, 2005).

Qualquer zona corporal pode ser afectada, apesar dos membros superiores e

a coluna vertebral serem as áreas mais atingidas (Schneider & Irastorza,

2010). Estas lesões representam uma ampla gama de alterações, que variam

em severidade, desde sintomas leves até aos crónicos severos e mesmo a

condições debilitantes (Bernard, 1997).

As LMELT abarcam um largo número de doenças inflamatórias e

degenerativas do sistema locomotor, onde se incluem:

- Inflamação dos tendões e das bainhas que envolvem os tendões (tendinites

e tenossinovites) especialmente no antebraço, cotovelo, punho e ombro, e

mais evidente em profissões que envolvam longos períodos de trabalho

repetitivo e estático.

- Mialgias, i.e. dor e limitação funcional dos músculos, que ocorre

predominantemente na região do pescoço e ombros. Surgem em profissões

com o trabalho estático de grande exigência.

- Compressão dos nervos. Surge especialmente no pulso e antebraço.

- Lesões degenerativas ao nível da coluna vertebral, geralmente ao nível do

pescoço e região lombar e ocorrem especialmente em trabalhos com

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20

movimentos manuais de carga ou em trabalhos físicos pesados. Contudo

estas lesões também podem aparecer na anca ou joelhos (EUROGIP, 2007;

Schneider & Irastorza, 2010).

Os sintomas mais associados às LMELT englobam frequentemente a dor, a

maior parte das vezes localizada mas que pode irradiar para áreas corporais,

as parestesias, na área afectada ou em área próxima, a sensação de peso, a

fadiga ou desconforto localizado a determinado segmento corporal e a

sensação de perda ou mesmo perda de força (Kuorinka & Forcier, 1995). Nas

situações clínicas com evolução crónica pode também aparecer edema e

alodínia. Estes sintomas são referenciados em diferentes associações e em

diversos graus de intensidade, consoante o quadro clínico presente e o seu

estadio, salientando que a dor quase sempre está presente (Serranheira et

al., 2004).

De forma geral os sintomas surgem de maneira insidiosa com maior evidência

no final do dia de trabalho ou durante os picos de produção, ocorrendo o

alívio dos sintomas com o repouso e os períodos de descanso, tais como

folgas ou fins-de-semana. A contínua exposição aos factores de risco

desencadeantes leva a que os sintomas iniciais, que são descontínuos,

possam tornar-se persistentes e mantidos, arrastando-se muitas vezes pela

noite e nos períodos de repouso, afectando por vezes o sono. Estes sintomas

podem inclusive ser desencadeados por esforços mínimos, provocando

interferência com o próprio trabalho e alterando as actividades do quotidiano

e outras actividades extra-profissionais (Serranheira et al., 2008).

Sabe-se que, e através de vários estudos, que as LME surgem pela

intensificação do trabalho imposto por diversos factores, mas é importante

não esquecer que os factores profissionais psicossociais também têm de ser

valorizados. É por esta razão que as LMELT são muitas vezes chamadas

doenças psicossomáticas, sabendo também que é a doença profissional mais

indemnizada e a que causa mais dias de trabalho perdido (Hélis, 2005).

Na base do desenvolvimento do risco de LMELT está o que se designa por

―dose de exposição‖ e esta é determinada por (1) a intensidade, (2) a

duração e (3) a frequência. Estas dimensões relacionam-se com o tempo de

recuperação e podem ser condicionantes do desequilíbrio entre as solicitações

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biomecânicas e os tempos de recuperação. Desta forma é importante

perceber que a presença de factores de risco no local de trabalho, não

determina por si só, o risco de desenvolver LMELT, visto que a ―dose de

exposição‖ é determinante (Serranheira et al., 2004, 2008).

A bibliografia apresenta uma vasta nomenclatura na designação das LMELT de

acordo com cada grupo de investigação. Cada país tem uma denominação

diferente e esta relaciona-se com a história do processo de reconhecimento

da doença, como ocupacional. No meio científico actual, a tendência mundial

é utilizar cada vez mais a denominação Work Related Musculoskeletal

Disorders (WRMD) (Serranheira et al., 2008).

O quadro 2 faz a referência dos vários exemplos de designações de LMELT ao

nível dos diversos países.

Quadro 2 – LMELT: exemplos de designações

País Designação

EUA Cumulative Trauma Disorders (CTD)

Canadá e

Reino Unido

Repetitive Strain Injuries (RSI)

Austrália Occupational Overuse Syndrome (OOS)

Japão e Suécia Cervicobrachial Syndrome / Occupational Cervicobrachial

Disorder

França e Canadá Troubles Musculosqueletiques (TMS) / Lésions

Attribuables aux Travaux Répétitifes (LART)

Brasil Lesões por Esforços Repetitivos (LER) / Distúrbios

Osteomusculares Relacionados com o Trabalho (DORT)

Portugal Lesões Músculo-esqueléticas Ligadas ao Trabalho

(LMELT) ou Relacionadas com o Trabalho (LMERT)

Fonte: Serranheira, Uva, Lopes, 2008

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22

A designação para doenças ―ligadas‖ ao trabalho deve ser entendido como um

conjunto de entidades, onde se engloba os acidentes de trabalho, as doenças

profissionais, as doenças ―relacionadas‖ com o trabalho e as doenças

―agravadas‖ pelo trabalho (Serranheira et al., 2008; Uva & Graça, 2004).

Trata-se de situações em que o trabalho interfere negativamente, e de

diferentes formas, na saúde dos trabalhadores e de forma necessária nos

profissionais de saúde (Uva, 2009).

3.1 - Factores de risco das LMELT

Um factor de risco é um elemento da situação de trabalho que pode provocar

um efeito negativo (Serranheira et al., 2008; Uva & Graça, 2004).

A manter-se um quadro evolutivo cada vez mais ―mecanicista‖ do trabalho, é

possível prever o aumento da competitividade e o aumento de factores de

risco principalmente relacionados com a actividade profissional. Serão

factores de risco não tão ligados ao trabalho físico intenso, como aconteceu

no passado, mas sobretudo ligados à repetitividade de gestos e movimentos,

à adopção de atitudes de trabalho anti-fisiológicas ou à imposição de

cadências e ritmos de trabalho (Serranheira et al., 2008).

As causas das lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho são de origem

multifactorial e os factores de risco estão bem definidos e englobam factores

físicos, da actividade e psicossociais (Bernard, 1997; Schneider & Irastorza,

2010).

Desta forma é importante salientar que na etiologia das LME são factores a

considerar: (1) aspectos físicos, organizacionais, sociais, no exercício do

trabalho e no local de trabalho, (2) aspectos físicos e sociais fora dos local de

trabalho, incluindo as actividades físicas, trabalhos extras e valores culturais

(3) as características individuais, físicas e psicológicas do indivíduo, onde se

inclui a idade o género, a massa corporal, hábitos pessoais como o hábito

tabágico, e provavelmente alguma predisposição genética (Serranheira & Uva,

2002; WHO, 1985).

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23

O essencial é avaliar os factores de risco que resultam da exposição

profissional, tendo em conta os factores individuais fora do exercício

profissional. A complexidade do problema torna-se maior porque todos estes

factores interagem e variam ao longo do tempo e de situação para situação

(WHO, 1985).

Desta forma, e segundo a Organização Mundial de Saúde, as ―Doenças

Ligadas ao Trabalho‖ (―Work-related diseases‖) são patologias com natureza

multifactorial onde o ambiente e a actividade profissional contribuem

largamente, mas apenas como um entre uma série de factores, para a

etiologia da doença (WHO, 1985).

Os factores de risco (profissionais) mais evidentes e que podem levar ao

desenvolvimento de LMELT são: trabalho repetitivo (movimentos

estereotipados), posturas extremas e dor, gestos frequentes, aplicação de

força, levantamento e transporte de cargas, ausência de períodos de

descanso entre actividades e tempos prolongados de pé ou a andar. É

importante salientar que outras actividades de natureza extra-profissional

também podem estar na origem dessas lesões e provocarem factores de

confundimento (Schneider & Irastorza, 2010 Serranheira et al., 2004).

É importante salientar que uma grande proporção de trabalhadores está

exposto a factores de risco de LMELT e muito provavelmente a mais do que

um em simultâneo (Schneider & Irastorza, 2010). Ao nível da UE, o trabalho

repetitivo é o factor de risco mais frequente no desenvolvimento de lesões

músculo-esqueléticas (Miranda, 2002; Schneider & Irastorza, 2010).

De uma forma suportada e sintética e apoiado no modelo multifactorial de

risco para as LMEMSLT (Hagberg et al., 1995; Schneider & Irastorza, 2010)

destacam-se: (1) factores de risco relacionados com a actividade,

insuficientemente valorizados pelas organizações e responsáveis pela saúde

dos trabalhadores; (2) factores de risco individuais ou relativos à

susceptibilidade individual, também chamados co-factores de risco (Malchaire,

1999); (3) factores de risco organizacionais/psicossociais, dentro do contexto

do trabalho, que embora sejam também factores de risco profissionais, não

são considerados como os ―clássicos‖ profissionais (ver quadro 3)

(Serranheira et al., 2004, 2008).

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24

A exposição ao factor de risco pode causar (ou não) doença ou lesão,

dependendo de vários factores adicionais ou seja a exposição a um factor X.

O factor de risco só é importante na etiologia da doença se a exposição do

trabalhador for acima dos níveis considerados aceitáveis. Assim sendo, a

exposição deverá ser avaliada em função da duração, relativamente ao tempo

de trabalho e/ou frequência da exposição (Serranheira et al., 2008).

Quadro 3 – Principais factores de risco de LMELT

Factores de risco de LMELT

Actividade Individuais Organizacionais/psicossociais

aplicação de força idade ritmos intensos de trabalho

levantamento e

transporte de cargas

sexo baixa latitude decisional;

monotonia de tarefas; ausência

de controlo

choques e impactos peso pressão temporal; ausência de

pausas

repetitividade (gestos

e/ou movimentos)

características

antropométricas

estilo de chefia; relacionamento

com os colegas

posturas estáticas ou

repetidas no limite

articular

situação de

saúde

avaliação do desempenho

contacto com

ferramentas

vibratórias

patologias

(ex.diabetes)

exigências de produtividade

temperaturas

extremas-frio

estilos de vida

não saudáveis

trabalho por objectivos;

insatisfação profissional

Fonte: Serranheira, Lopes & Uva, 2008

Os principais factores de risco físicos da actividade de trabalho são: a postura,

a repetitividade, a força e a exposição a vibrações (Serranheira et al., 2008).

No que respeita à postura adoptada pelo trabalhador nas suas tarefas

profissionais, Serranheira et al. (2008) entre outros, defendem que esta é um

factor de risco de LME quando ultrapassa, pelo menos, metade da amplitude

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25

de movimento da articulação envolvida na actividade e quando se verifica

durante um período considerável do dia de trabalho, habitualmente por mais

de 2 horas num período diário de trabalho de 8 horas (Serranheira et al.,

2004, 2008). A postura e os movimentos dos membros superiores são muitos

importantes no risco de várias LMELT. A lesão deriva de posições extremas e

de movimentos de cada articulação devido a posturas mantidas durante muito

tempo (mesmo não extremas) bem como de movimentos específicos e

fortemente repetitivos dos vários segmentos corporais. De forma geral a

aceitabilidade relaciona-se com a frequência e a duração (Miranda, 2002).

Existe repetitividade sempre que se façam movimentos idênticos mais de

duas a quatro vezes por minuto, em ciclos de trabalho de duração inferior a

trinta segundos ou realizados durante mais de quatro horas, no total de um

dia de trabalho (Serranheira et al., 2004, 2008).

A força traduz o movimento biomecânico necessário para atingir uma dada

acção ou sequência de acções. Estas acções podem ser estáticas ou

dinâmicas. A dinâmica parece ser a mais importante como factor de risco

(Miranda, 2002). A força, como factor de risco profissional, está relacionada

com a intensidade da sua aplicação, com o tempo de duração e respectivos

períodos de recuperação, sobretudo em acções de trabalho

predominantemente estático (Serranheira et al., 2004, 2008).

Nos factores individuais destaca-se a idade, que pode ser ou não um

potencial factor de risco pelo facto de acumular os riscos do trabalho e o

envelhecimento biológico, que acarreta uma diminuição da força muscular e

mobilidade articular (verdadeiros factores de risco).

Outro dos factores é o sexo. Sabe-se através de alguns estudos que existe

uma maior prevalência de sintomas no sexo feminino. Esta situação parece

existir pelas características biológicas distintas entre homens e mulheres, ou

seja nas mulheres a capacidade física é inferior, o que implica uma carga de

trabalho maior quando estas assumem postos de trabalho semelhantes aos

dos homens. Referem-se ainda as alterações hormonais relacionadas com a

menopausa, onde há perda óssea e consequentemente diminuição de força. A

acrescentar ainda o facto de a maior parte das mulheres estarem em postos

de trabalhos menos diferenciados, ou seja, mais repetitivos e com elevadas

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26

cadências o que pode fomentar o desenvolvimento de LMELT. É ainda

importante perceber o papel que as mulheres mantêm nas actividades

domésticas, o que lhes confere mais solicitações biomecânicas dos membros

superiores e coluna vertebral (Schneider & Irastorza, 2010; Serranheira et al.,

2008).

Ainda nos factores individuais é de acrescentar que as características

antropométricas dos trabalhadores, sobretudo o peso e altura, podem

contribuir para a génese de LMELT, principalmente quando se tratam de

indivíduos com uma morfologia que se afasta dos ―padrões médios‖ da

população. Os hábitos e estilos de vida também podem concorrer para o risco

de lesões, designadamente actividades desportivas, condução (exposição a

vibrações), actividades de ocupação de tempos livres, e actividades

domésticas, por exposição extra-profissionais, com frequência a factores de

risco de LMELT, Cole & Rivilis (2004, como citado em Serraheira et al., 2008,

pág. 43). Paralelamente, também se julga que algumas doenças (entre

outras, o hipotiroidismo, a diabetes mellitus tipo II, as doenças renais e do

foro reumatológico), contribuam para o aparecimento de LMELT. O consumo

de álcool e o tabaco podem também aumentar a vulnerabilidade músculo-

esquelética pelo aparecimento de neuropatias, miopatias, e de alterações da

circulação sanguínea (Serranheira et al., 2004, 2008). A gravidez parece

predispor para estas lesões por haver um desequilíbrio osmótico, de

alterações hormonais, o que potencia o aparecimento da síndrome do túnel do

canal cárpico (Weimer, Yin, Lovelace, & Gooch, 2002).

Relativamente aos factores de risco organizacionais/psicossociais, a evidência

científica levou tempo a relacionar as influências psicossociais com o

desenvolvimento de LMELT. O facto é que existem estudos epidemiológicos

que apresentam provas de relação entre a incidência de LMELT e os ritmos

intensos de trabalho, a monotonia das tarefas e o reduzido suporte social

(Bernard, 1997).

Apesar de se conhecerem os diversos factores de risco na génese das LMELT,

a aplicação de medidas de prevenção envolve sempre aspectos de grande

complexidade (Serranheira & Uva, 2002).

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27

Essa complexidade reside, desde logo, no frequente desconhecimento ou pelo

menos insuficiente conhecimento, sobre o nível de exposição abaixo do qual

não se observam efeitos adversos (NOAEL – no observed adverse effect level)

(Uva & Graça, 2004; Uva, 2006) na exposição a factores de risco, mesmo

quando considerados isoladamente (Westgaard & Winkel, 1996). Por outro

lado, a interacção entre os diversos factores de risco, na complexidade das

suas interdependências, é estimada como substancialmente acrescida,

eventualmente exponencial, para o risco de desenvolvimento das lesões e, de

forma muito particular, quando se verifica a exposição simultânea a factores

de risco como a repetitividade e a aplicação de força (Silverstein, Fine, &

Armstrong, 1986). Estes aspectos, entre outros, condicionam o processo de

diagnóstico das situações de risco resultando alguma incerteza e a

consequente dificuldade no processo de gestão (ou controlo) do risco dessas

lesões.

Desta forma é pois necessário identificar os factores de risco, avaliar o risco e

as suas eventuais consequências (no trabalhador e nos organismos) que o

trabalho pode desencadear (Serranheira et al., 2004). Para além disto,

importa conhecer as variáveis individuais que podem constituir situação de

susceptibilidade ou de vulnerabilidade (ou não) na ocorrência das lesões, tais

como os factores anátomo-fisiológicos relacionados com a idade, o sexo ou a

capacidade física de cada trabalhador (Uva, 2009).

3.2 - As principais lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho

As LMELT definem-se como síndromes de dor crónica, que afectam uma ou

mais partes do corpo, com maior frequência na região cervical, os ombros, os

membros superiores, incluindo braço, cotovelo, antebraço, punho, mão e

dedos e de modo geral, a coluna vertebral, com particular evidência a nível da

região lombar (Bernard, 1997).

As principais queixas, como já dito anteriormente, são a dor, o desconforto,

as parestesias, a fadiga, a sensação de peso e a perda de força. De referir

que a dor aparece geralmente na região das estruturas afectadas, caso das

tendinites e tenossinovites, e agrava pela mobilização da articulação

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28

subjacente ou pela pressão local. No caso das lesões de compressão nervosa,

a dor estende-se a toda a zona do nervo lesado. Se houver continuação da

exposição aos factores de risco, os sintomas que inicialmente eram

intermitentes podem persistir de forma mantida, alterando o sono e mesmo

os períodos de repouso do trabalhador. Os sintomas podem ser exibidos

mesmo com esforços mínimos (Serranheira et al., 2004).

As principais LMELT, segundo vários autores (Serranheira et al., 2007), são

agrupadas de acordo com as estruturas anatómicas afectadas (quadro 4).

Quadro 4 - As principais LMELT

Ombro

e

Pescoço

Síndrome do desfiladeiro

torácico

Mialgia do trapézio

Síndrome cervical

Tendinite bicipital

Tendinite do supra-

espinhoso

Tendinite da coifa dos

rotadores

Bursite sub-acromio-

deltoidea

Cotovelo

Epicondilite

Epitrocleite

Síndrome do

canal radial

Síndrome do

canal cubital

Bursite do

cotovelo

Coluna

Vertebral

Cervicalgias

Dorsalgias

Lombalgias

Hérnias discais

Joelho

Bursite pré-

patelar

Gonartrose

Mão e

Punho

Síndrome do túnel cárpico

Síndrome do canal de Guyon

Tendinites dos flexores/extensores do punho

Doença de De Quervain

Higroma da mão

Tenossinovite estenosante digital

Rizartrose

Doença de Kienböck

Osteonecrose do escafóide (Doença de Köhler)

Fenómeno de Raynaud

Contratura de Dupuytren

Cãibras da mão

Fonte: Serranheira, 2007

As lesões músculo-esqueléticas podem ser classificadas em três categorias

Putz-Anderson (1988 como citado em Serranheira, Uva, & Lopes, 2008, pág.

65) e de acordo com a tipologia das patologias:

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1) - Lesões localizadas ao nível dos tendões e bainhas, que incluem de

modo geral, as tendinites, as tendinoses e as tenossinovites, a doença de De

Quervain e os quistos das bainhas dos tendões.

2) - Lesões dos nervos que abarcam todas as síndromes canaliculares, onde

há lesão de um nervo, como acontecem na Síndrome do Túnel Cárpico e na

Síndrome do canal de Guyon.

3) - Lesões neuro-vasculares que englobam todas as patologias onde exista

contacto entre nervos e os vasos sanguíneos (lesão nervosa e vascular em

simultâneo), e ainda as síndromes de exposição a vibrações.

De acordo com Hagberg et al. (1995) esta classificação não contempla as

lesões osteo-articulares (raquialgias) e as lesões das bolsas articulares

também consideradas lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho.

Neste contexto é importante fazer uma descrição sumária das LMELT mais

comuns e sobretudo das mais frequentes nos HO, nomeadamente, ao nível do

membro superior (Hamann, 2004; Serranheira et al., 2004).

As lesões músculo-esqueléticas do membro superior ligadas ao trabalho são

as LMELT mais frequentes e manifestam-se no seu inicio por desconforto ou

mal-estar, fadiga, relacionados por esforço intenso, esforços consecutivos ou

ainda com esforço sem intervalos de recuperação. São vários os casos em que

a sintomatologia persiste, podendo agravar-se e muitas vezes traduzirem-se

em situações patológicas que podem levar à incapacidade (Serranheira et al.,

2008).

As LMEMSLT abrangem um conjunto grande de lesões distribuídas pelas

diferentes áreas anatómicas. Neste sentido e não pretendendo haver uma

forma exaustiva na apresentação de todos os quadros clínicos faz-se uma

abordagem de algumas lesões músculo-esqueléticas (Tabela 1), dando

destaque às seguintes: Tendinite da Coifa dos Rotadores, Síndrome do

Túnel do Canal Cárpico, Doença de De Quervain.

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30

Tabela 1 - Patologias dos membros superiores

Patologia Sintomas Sinais Factores de risco

laborais

Tenossinovite de

De Quervain

(Mão)

Dor ao nível do polegar Manobra de Finkelstein

positiva

Edema e palpação

dolorosa

Actividades laborais

que impliquem

movimentos finos de

pinçar acompanhados

de movimentos de

rotação do punho

Dedo em “gatilho”

(tenossinovite

estenosante digital)

(Mão)

LME mais frequente na

mão.

Dor local acompanhada

por um movimento de

―gatilho‖ do dedo

afectado, por vezes

com bloqueio

Dor ao longo do trajecto

do tendão com a flexão e

extensão resistida e

alongamento passivo.

Empastamento, palpação

dolorosa e edema da

bainha tendinosa

Flexão ou extensão

excessivas,

movimentos de

apertar (rato de

computador, pistolas

de ar comprimido)

Síndrome do túnel

cárpico

(Mão)

Parestesias e

adormecimento das

mãos no território do

nervo mediano (mais

nocturno), atinge

ambos os punhos

sendo a fraqueza e a

atrofia muscular sinais

tardios

Manobra de Phalen e

sinal de Tinel positivos

no território do nervo

mediano, confirmação do

quadro através da

electromiografia

Desvio repetido do

punho da posição

neutral,

repetitividade,

vibração, stress

mecânico

Síndrome do túnel

de Guyon

(Mão)

Parestesias e

adormecimento das

mãos no território do

nervo cubital

Manobra de Phalen e

sinal de Tinel positivos

no território do nervo

cubital

Prolongada

extensão/flexão do

punho e pressão na

eminência hipotenar

(carimbar)

Contratura de

Dupuytren

(Mão)

Dor pouco intensa e

uma função mantida,

com curso variável, até

quadros com grave

deformidade e

incapacidade num

curto período de tempo

Espessamento nodular e

contracção da fáscia

palmar levando um ou

mais dedos a uma flexão

mantida ao nível das

articulações

metacarpofalângicas:

4º dedo é mais afectado

Relaciona-se com a

utilização de

ferramentas vibráteis

(martelos

pneumáticos, brocas,

serras, etc.)

Síndroma do túnel

radial

(Cotovelo)

Parestesias no

território de

distribuição do nervo

radial

Sinal de Tinel positivo

sobre o nervo radial

Movimentos repetidos

de rotação do

antebraço, flexão

repetida do punho

com pronação ou

extensão do punho

Tendinite da Coifa

dos Rotadores

(Ombro)

Dor ao nível do supra-

espinhoso

Elevação com

abdução dos ombros

associada a elevação

de força

Fonte: Miranda, 2002

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31

Tendinite da Coifa dos Rotadores

É uma das mais frequentes patologias do ombro e resulta da realização de

actividades que exigem a elevação mantida ou repetida dos membros

superiores ao nível dos ombros ou acima deles ou ainda da realização de

movimentos de circundação com os braços elevados. A coifa dos rotadores

(conjunto de tendões dos músculos supra-espinhoso, infra-espinhoso e

pequeno redondo) é frequentemente atingida. As actividades que exigem

elevação mantida ou repetida dos membros superiores ao nível dos ombros

ou acima deles ou os movimentos de circundação com os membros superiores

elevados e ainda as contracções estáticas dos músculos do ombro, provocam

um conflito entre a coifa, principalmente do tendão do músculo supra-

espinhoso, contra a arcada acrómio-coracoideia, levando a micro

traumatismos do tendão e desencadeando uma situação inflamatória e

possível degenerescência do mesmo, Pujol (1993 como citado em Serranheira

et al., 2004, pág. 25).

O diagnóstico é feito através da anamnese com uma boa caracterização da

dor. Os exames complementares são a ressonância magnética e a ecografia

do ombro. A radiografia simples do ombro só serve para situações tardias da

lesão.

Manifestações clínicas: dor quase sempre intermitente, localizada na região

anterior ou lateral do ombro, por vezes irradiando para o braço, sem

parestesias, podendo ser agravada pelo movimento de abdução activa do

braço ou em contra-resistência e ainda pela rotação interna ou externa do

cotovelo em flexão (Serranheira et al., 2004, 2008).

Síndrome do Túnel Cárpico

A síndrome do túnel cárpico é uma neuropatia, isto é, uma lesão de um nervo

periférico, provocada pela compressão do nervo mediano num espaço

limitado, o túnel cárpico, localizado no punho. O túnel cárpico é uma estrutura

inextensível, delimitada pelo ligamento cárpico transversal e pelos ossos do

punho. Este túnel conduz o nervo mediano e os tendões flexores dos dedos

desde o antebraço até à mão. Esta neuropatia é, assim, caracterizada pela

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32

restrição da sensibilidade e movimento das zonas, à partida, controladas pelo

nervo lesado (Selley, Stephens, & Tate, 2001).

Etiologia: o factor mais comum no aparecimento da síndrome do túnel cárpico

é a componente traumática, que pode lesar o nervo ou mesmo suprimir a

irrigação sanguínea do mesmo. É através de movimentos repetidos e em

posições articulares anatomicamente anormais, como a extensão excessiva do

punho, que ocorre a compressão do nervo mediano a nível do canal cárpico. A

vibração excessiva é também factor que desencadeia a lesão do nervo

mediano (Berkow, Beers, & Fletcher, 1947).

Manifestações Clínicas: o nervo mediano é responsável pela sensibilidade das

zonas que enerva, e os sintomas vão incluir parestesias (i.e., dormência,

formigueiro) e por vezes disestesias (i.e., sensação de queimadura, pressão

no corpo) no primeiro, segundo e terceiro dedos e numa porção do quarto. E

podem irradiar para o antebraço (Lopes & Uva, 2002).

Os indivíduos que sofrem desta neuropatia queixam-se, inclusivamente, de

perda de destreza nas mãos e de dor. A dor geralmente é aliviada pelo

movimento e pelo ―sacudir das mãos‖, que se pode alastrar para o antebraço.

Os sintomas ocorrem essencialmente de noite e de manhã (Selley et al.,

2001).

De modo geral, a sensibilidade é a primeira a ser afectada, enquanto o

controlo motor sofre degradação numa fase mais avançada da doença,

tornando-se indicador de uma situação grave e de longa evolução.

Nas fases iniciais da síndrome, os sintomas podem ser episódicos e

geralmente estão relacionados com a exposição aos factores desencadeantes.

No entanto, nos estados mais avançados da patologia, a disfunção não é

passível de ser observada e sentida apenas durante a exposição às causas, e

sim permanentemente, uma vez que a lesão do nervo é já definitiva. Desta

forma, o paciente com síndrome do túnel cárpico sente melhorias com a

fisioterapia e com o afastamento dos factores principiantes apenas nas fases

iniciais, enquanto nas fases mais tardias, somente a cirurgia atenua

totalmente a sintomatologia e a disfunção (Boyling & Wilson, 2002). O meio

auxiliar mais importante para o diagnóstico é a electromiografia.

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33

Doença de De Quervain

A doença de De Quervain resulta da inflamação do longo abdutor e do curto

extensor do polegar, no 1º compartimento dorsal do punho.

Histologicamente, a bainha tendinosa e o tendão sofrem metaplasia

fibrocartilagínea com aumento dos condrócitos e da matriz de

glicosaminoglicanos. O uso do polegar em pinça término-lateral ou o desvio

repetitivo no plano transversal (radial ou cubital) são factores potencialmente

desencadeantes deste tipo de lesões (Hutson, 1999).

A sintomatologia passa pela dor e esta surge inicialmente localizada às

estruturas afectadas, mantendo-se durante o desenvolvimento da actividade

desencadeante, mas progressivamente irradia (distal e proximal) e prolonga-

se no tempo, persistindo aquando da realização de outras actividades e

mesmo em situações de repouso. A ecografia é o exame complementar de

diagnóstico de eleição para estabelecer o diagnóstico definitivo e

caracterização da fase em que a lesão se encontra.

4 - As Lesões Músculo-esqueléticas Ligadas ao

Trabalho em Saúde Oral

Na base das LMELT existem três factores envolvidos no seu aparecimento – o

trabalhador, o trabalho e o local de trabalho (Guay, 1998).

As LMEMSLT nos profissionais de saúde (dentistas, higienistas e assistentes

dentários) apresentam elevadas prevalências, sobretudo ao nível do pescoço

e ombros (Hygienists`Association, 2007; Puriene, Aleksejuniene,

Petrauskiene, Balciuniene, & Janulyte, 2008). São consideradas entre muitas

outras, uma das mais importantes doenças profissionais na saúde dos

trabalhadores (Hayes, Smith, & Cockrell, 2009). Estas estão associadas a um

grande número de factores de risco tais como posições extremas,

movimentos repetitivos, posições musculares estáticas e em carga e ausência

de pausas (Akesson, Hansson, Balogh, Moritz, & Skerfving, 1997), além da

precisão de trabalho com as mãos e os movimentos do punho (Hayes et al.,

2009a).

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34

Os factores de risco de LME em medicina dentária são vários, pois os

procedimentos mais comuns envolvem precisão e destreza manual,

nomeadamente ao nível do campo visual e muitas vezes em simultâneo com

aplicações de força com mãos/dedos. Estas tarefas podem levar a alterações

posturais, especialmente ao nível da cabeça, pescoço, braços e mãos

(Haslegrave, 1994; Hayes et al., 2009a). Apesar do tratamento dentário

diferir de um trabalho de produção de linha, onde os trabalhadores fazem

repetidamente as mesmas tarefas, de forma rápida e por períodos longos de

tempo, o trabalho do HO requer uma elevada precisão nas actividades,

nomeadamente, na destartarização e polimento profiláctico, procedimentos

que podem durar cerca de 20 minutos do total da consulta habitual de HO de

50 minutos, onde os factores de risco estão presentes (Guay, 1998). Neste

contexto é também importante referir que os factores psicológicos podem

estar associados à prevalência de LMELT (Hayes, et al., 2009a).

De acordo com investigação nesta área, reconhece-se que as LMELT na

medicina dentária podem contribuir de forma elevada para que estes

profissionais possam vir a ter alterações nas actividades da prática clínica,

dias de absentismo e ainda a uma baixa produtividade do trabalho (Guay,

1998; Hayes et al., 2009a).

Desde a década de 70 e 80 que a higiene oral e a medicina dentária são

consideradas profissões, em que as LMELT são referidas como a doença

profissional com maior incidência. Estima-se existir uma prevalência entre os

64% e os 93% de LMELT nestes profissionais (Hayes et al., 2009a).

Em relação aos médicos-dentistas a LMELT mais detectada situa-se ao nível

zona lombar (36.3-60.1%) e pescoço (19.8-85%), enquanto nos HO, as

zonas corporais mais afectadas são ao nível das regiões da mão e do punho

com percentagens a rondar os 70% (Hayes et al., 2009a) sobretudo a

síndrome do túnel do canal cárpico (Guay, 1998; Sanders, 2010). Em relação

à prevalência de LMELT nos estudantes de higiene oral, e de acordo com as

pesquisas, este assunto parece ser contraditório e limitado. Num estudo feito

com alunos de Michigan a percentagem de sintomas ao nível da parte superior

do corpo revelou-se reduzida (Werner et al., 2005), enquanto num estudo

feito com alunos de Connecticut, foram referidos, e ainda durante o treino

escolar, sintomas ao nível do braço e mão (Morse et al., 2003) deste grupo.

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35

No grupo dos assistentes dentários a prevalência de LMELT parece ser

igualmente reduzida (Guay, 1998).

Estes registos têm sido feitos ao longo dos tempos (Akesson et al., 1999;

Lalumandier & McPhee, 2001; Liss, Jesin, Kusiak, & White, 1995; Macdonald,

Robertson, & Erickson, 1988; Oberg & Oberg, 1993), justificando o

aparecimento de LME, em cada ano que passa, ao atingir os 70% de

profissionais a referir sintomas mais evidentes ao nível da zona lombar,

pescoço e ombro (Akesson et al., 1999 Oberg & Oberg, 1993).

De acordo com uma avaliação feita pelo Bureau of Labor Statistics (Leigh &

Miller, 1998), os HO foram classificados como os profissionais que tinham

mais lesões ao nível do túnel do canal cárpico por cada 1.000 trabalhadores.

Sabe-se que a síndrome do túnel do canal cárpico (STCC) e outras LME

podem ter o seu aparecimento pela exposição repetida a factores de risco

dentro da profissão dos HO. Neste contexto, dá-se como exemplo a

destartarização manual, actividade que exige movimentos repetitivos e de

força para manter um contacto seguro dos instrumentos com os dentes do

paciente (Anton, Rosecrance, Merlino, & Cook, 2002). Os profissionais de

saúde oral trabalham a maior parte do tempo com posturas estáticas da

cabeça, pescoço e ombros (Akesson et al., 1997; Oberg, Karsznia, Sandsjo, &

Kadefors, 1995).

Vários autores referem que a síndrome do TCC, é mais prevalente nas

mulheres que nos homens, Silverstein et al. (1986 como citado em Guay,

1998, p.186) e encontraram algumas dificuldades em determinar se o género

era um factor mais prevalente nas mulheres em relação à Síndrome do Túnel

do Canal Cárpico, mas concluiu-se haver um ratio de 3:1 desta doença entre

mulheres e homens. Desta forma parece haver uma predisposição maior para

esta doença ao nível do sexo feminino (Guay, 1998).

4.1 - O perfil na profissão dos Higienistas Orais

Os Higienistas Orais são profissionais de saúde especializados em higiene oral

(Yee, Crawford, & Harber, 2005).

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36

A profissão de Higienista Oral teve o seu início no princípio do século XX nos

Estados Unidos e depressa se estendeu à Europa.

Em Portugal, o programa de Higiene Oral data de 1984, em Lisboa, e foi

criado com o objectivo primário da prevenção de doenças que afectam a

saúde oral e a promoção de estratégias que visam melhorar a saúde oral

(Luis, Ribeiro, & Albuquerque, 2003). O maior objectivo foi criar HO que

clinicamente tivessem competências para promover os cuidados de saúde oral

e a gestão das necessidades de higiene oral de pacientes de todas as idades,

incluindo os pacientes com condições especiais, ou medicamente

comprometidos.

Segundo o código de ética da Federação Internacional de Higienistas Orais

(IFDH) a responsabilidade fundamental dos HO é a promoção da saúde e o

restabelecimento da saúde oral através de intervenções clínicas, terapêuticas

e de educação para a saúde. Os HO servem o público como profissionais de

saúde oral e assim contribuem para a saúde pública geral e o seu bem-estar.

A necessidade de serviços de HO é universal e estes são chamados a

ministrar cuidados aos indivíduos, à família e a comunidade (IFDH, 2003).

Em Portugal, o programa de Higiene Oral foi desenvolvido com o apoio da

Universidade de Washington e o seu objectivo de estudo foi o de dar igual

proporção de interesse ao trabalho clínico e comunitário, e esta característica,

constituiu uma das suas particularidades a nível internacional (Luis et al.,

2003).

Os HO estão integrados nas equipas de saúde e trabalham sobre a supervisão

de um médico ou médico-dentista. Entre muitas outras responsabilidades,

fazem parte do perfil profissional as seguintes funções: participar em

programas de educação para a saúde e sensibilizar a população para a

prevenção das doenças orais, participar no planeamento, implementação e

avaliação de programas de saúde pública e realizar tratamentos clínicos com

o objectivo de prevenir e controlar as doenças periodontais (gengivite e

periodontite) e a cárie dentária (Luis et al., 2003).

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37

4.2 - Áreas de actuação

Os HO em Portugal têm a oportunidade de trabalhar em consultórios

dentários, centros de saúde, unidades hospitalares, organismos de saúde,

nacionais e regionais, empresas de produtos de higiene oral, na investigação

e no ensino nas universidades.

Na prática privada, os HO realizam actividades de promoção da saúde oral,

educação e tratamento de pacientes com o objectivo de atingir-se o mais alto

nível de saúde oral.

4.3 - Caracterização da profissão

A profissão do HO remete-se à legislação descrita no Decreto-Lei 564/99, que

diz que o conteúdo funcional dos HO tem por base «a realização de

actividades de promoção da saúde oral dos indivíduos e das comunidades,

visando métodos epidemiológicos e acções de educação para a saúde; e

prestação de cuidados individuais que visem prevenir e tratar doenças orais».

A nível dos cuidados individuais, mais propriamente o trabalho clínico, o HO

tem como objectivo major a prevenção das doenças orais (cárie e doença

periodontal) e de forma mais concreta, o tratamento da doença periodontal,

como forma de remover o factor etiológico principal, a placa bacteriana e

ainda o cálculo dentário da superfície dos dentes (Allen, McFall, & Jenzano,

1987; Luis et al., 2003).

O trabalho clínico do HO requer níveis posturais exigentes e elevados. O nível

de precisão e a área de trabalho restrita (cavidade oral) podem tornar o

trabalho cansativo, no qual a fadiga pode conduzir a factores de risco

profissionais (Phagan-Schostok & Maloney, 1988).

A Higiene Oral é uma profissão que exige, sobretudo a nível clínico, um

número elevado de tarefas repetidas por cada paciente, onde a remoção de

depósitos dentários constitui uma das principais actividades.

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Esta remoção de depósitos, duros e moles (cálculo e placa bacteriana), é feita

através de técnicas que envolvem de forma regular, movimentos repetitivos e

vibratórios (Hamann, 2004) sendo os procedimentos de trabalho mais

habituais: 1- a destartarização, 2- o alisamento radicular e 3- o polimento

profiláctico dos dentes (Allen et al., 1987).

1- A destartarização é o procedimento mecânico de fractura, pelo qual os

depósitos são removidos das superfícies dentárias. Este procedimento

pode ser feito supragengival ou subgengival (Allen et al., 1987;

Phagan-Schostok & Maloney, 1988).

2- O alisamento radicular é o procedimento no qual o cálculo e cemento

necrosado são removidos, criando uma superfície radicular lisa, dura e

livre de depósitos.

3- O polimento profiláctico é o procedimento que remove depósitos moles

e manchas extrínsecas da superfície dentária e alisa a superfície

radicular.

Para a remoção de depósitos supra e subgengival são usados instrumentos

manuais (curetas, foices e outros instrumentos suplementares) e mecânicos

(aparelhos ultrasónicos=destartatrizadores, contra-ângulo, aparelho de jacto

de bicarbonato de sódio)

Na instrumentação manual a Cureta é o instrumento mais usado (Allen et al.,

1987; Phagan-Schostok & Maloney, 1988). O seu manuseamento requer

vários movimentos verticais, oblíquos, circunferenciais e horizontais.

Outro dos procedimentos referido na literatura como promotor de LMELT é a

execução da técnica do Fio Dentário no paciente, por exigir movimentos

repetidos de flexão e extensão, pela força e frequência dos movimentos

executados (Bramson, Smith, & Romagnoli, 1998).

Para este trabalho destacam-se as actividades de destartarização, alisamento

radicular e polimentos profilácticos, por serem os procedimentos descritos

potencialmente mais elevados em provocar LME, por gestos repetitivos.

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5 – Objectivos do Estudo

- Identificar sintomatologia de LMELT referida pelos higienistas orais.

- Verificar se factores sócio-demográficos e antropométricos se relacionam

com as queixas referidas.

- Procurar associações entre a sintomatologia e as actividades próprias dos

higienistas orais.

- Comparar a sintomatologia de LMELT auto-referida neste estudo com outros

estudos a nível internacional.

- Esboçar possíveis propostas de alteração organizacional que permitam

modificar o comportamento dos HO durante a actividade de trabalho.

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40

6 - Metodologia

Um dos possíveis métodos de recolha de informação sobre sintomas de LMELT

é através de questionários de aplicação geral com base na avaliação de

sintomas auto-referidos e consequente monitorização dos níveis de

desconforto, incómodo ou dor por zonas corporais (Stuart-Buttle, 1994). Esta

análise da avaliação do desconforto e incómodo corporal faz-se com relativa

frequência através deste tipo de questionários.

A informação recolhida foi introduzida numa base de dados, especificamente

criada para este estudo através do programa Statistical Package for the Social

Sciences (SPSS) ®, na versão 17.

Optou-se por um estudo descritivo e transversal (cross-sectional) com o

objectivo de se estudar a prevalência das LMELT na classe profissional dos HO

(observação duma população num tempo determinado).

6.1 - Delineamento do estudo

O estudo teve como grupo alvo, todos os higienistas orais que tivessem

concluído o curso de Higiene Oral, desde o ano de 1986 (início do curso em

Portugal) até finais de 2008. Foram contactados todos os HO formados pela

FMDUL e os HO formados no ISAVE de 2004 (ano de abertura do curso) até

2008, num total de 415 profissionais. Estes profissionais estão distribuídos de

norte a sul do país e ainda ilhas.

O estudo fez-se através da recolha de respostas a um questionário enviado

aos higienistas orais, por uma lista de e-mails, obtida pelo método de ―passa

palavra‖ e do efeito bola de neve.

O questionário foi introduzido numa ferramenta designada por SurveyMonkey

(www.surveymonkey.com) para facilitar a recolha de dados.

O SurveyMonkey é uma ferramenta on-line de recolha sistematizada de

informação, que permite a criação de questionários de uma forma simples e

rápida.

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41

Esta ferramenta permite contactar os participantes directamente através do

seu endereço de correio electrónico, facilitando o controlo do número de

respostas obtidas e o tratamento da informação.

Os dados recolhidos foram posteriormente combinados e agrupados para

análise estatística.

A lista de e-mail obtida desta forma foi unicamente usada para a realização

deste estudo e de acordo com o Anexo 1.

A participação no estudo foi voluntária e a confidencialidade foi resguardada.

O primeiro e-mail de solicitação à participação no estudo foi enviado em

Agosto de 2009 e houve um segundo envio em Outubro do mesmo ano, no

sentido de atingir um maior número de respostas. O limite de aceitação das

respostas foi até Dezembro de 2009.

6.2 - Recolha de dados

A Saúde Ocupacional nas suas actividades de vigilância activa da saúde

necessita de informação sobre o estado de saúde dos trabalhadores

(Serranheira, Uva, & Lopes, 2008).

A investigação deste estudo foi feita através dum inquérito que tem por base

uma adaptação do Questionário Nórdico músculo-esquelético — QNM

(Kuorinka et al., 1987; Serranheira, Uva, & Lopes, 2008) para a língua

Portuguesa (Fernandes, 1999). A estrutura original foi mantida mas o

conteúdo foi alterado particularmente no ―módulo de trabalho‖ pela

especificidade das actividades e de acordo com as exigências de trabalho dos

higienistas orais.

O questionário usado neste estudo é um inquérito que abrange os sintomas

genéricos da saúde e os factores de trabalho da população baseado na

caracterização sócio-demográfica, na identificação da sintomatologia

músculo-esquelética e na caracterização das principais actividades

desempenhadas pelos higienistas orais e identificação da

sintomatologia associada.

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42

Na primeira secção do questionário foram identificadas características sócio-

demográficas e profissionais de cada higienista oral, nomeadamente o género,

idade, peso, altura, membro dominante, anos de profissão, número de horas

de trabalho por semana, regime de trabalho (fixo, independente ou ambos),

número de horas de trabalho com o paciente e realização de algum tipo de

actividade fora da profissão. A segunda secção consistiu na caracterização do

estado de saúde e nas questões acerca das lesões músculo-esqueléticas

relatadas nos últimos 12 meses. Foram abrangidas nove zonas corporais

(coluna cervical, coluna dorsal, coluna lombar, ombros, cotovelos,

punhos/mãos, coxas, joelhos e tornozelos/pés) e os higienistas foram

questionados se nos últimos 12 meses tiveram fadiga, desconforto, dor ou

inchaço nalguma das zonas corporais, e se ―sim‖, qual a intensidade numa

escala de 1-4 (1- ligeiro a 4- muito intenso) e frequência (1- uma vez até 4-

mais de 6 vezes). A terceira secção pretendeu caracterizar o tipo de trabalho

que o HO desempenha e identificar sintomatologia associada. Fez-se de

seguida e tendo em conta uma margem de subjectividade própria do

preenchimento individual, a caracterização relativa à exposição biomecânica

exigida durante a realização da actividade de trabalho (Anton et al., 2002;

Serranheira et al., 2008).

É importante salientar que este tipo de método aplicado, inquérito através de

questionário proporciona algumas vantagens, pois permite quantificar um

largo número de dados, apesar de também oferece desvantagens,

nomeadamente pelo facto do inquirido responder de forma isolada e não

poder tirar dúvidas, de haver questões que não são respondidas e ainda

existir a subjectividade de cada um perante as respostas (Gil, 1999).

6.3 - Análise de dados

A descrição dos dados fez-se de forma sequencial às perguntas do

questionário, com base na estatística descritiva.

Na análise descritiva foram utilizadas medidas de tendência central - média,

desvio padrão e medidas de dispersão – amplitude para as variáveis

quantitativas contínuas e frequências relativas para as variáveis nominais e

ordinais.

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43

Para a análise de correlações foi usado o teste de coeficiente de correlação de

Pearson. Para avaliar as associações entre as variáveis dos sintomas com as

variáveis de interesse foram utilizados os testes estatísticos, nomeadamente,

os testes de kruskal Wallis e de Mann-Whitney U. Nos testes utilizados, o nível

de significância foi de 5%.

Através da avaliação dos dados obtidos pode constatar-se que a todas as

variáveis registaram ausências de resposta (missing values) à excepção do

―género‖.

Na base de dados existem valores de ―99‖ = não se aplica e ―999‖ = não

respondeu.

6.4 - Pré – Teste do questionário

Foi aplicado um pré-teste do questionário a uma amostra de 10 médicos-

dentistas que tiraram o curso de higiene oral mas que não exercem a

profissão actualmente, e que permitiu avaliar o desempenho e funcionalidade

do questionário. Este procedimento também permitiu identificar questões que

não conduziam a dados relevantes e que incluísse todos os aspectos

importantes relativos ao tema.

De acordo com os comentários resultantes da aplicação do pré-teste foram

anuladas duas questões que continham a mesma informação e foi mudada a

escala das variáveis de tempo com actividades da profissão de ―muitas

vezes‖, ―algumas vezes‖ e nunca‖ para ―ocasional‖, ―pouco frequente‖,

―frequente‖ e ―muito frequente‖.

6.5 - Limitações do estudo

O desenho deste estudo, transversal, não permite fazer inferências causais

uma vez que não há grupo de comparação. Os resultados obtidos têm sempre

por base as limitações ligadas aos estudos transversais que usam

instrumentos de auto-preenchimento, pelo facto de poder haver interferência

de factores não controlados.

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44

Os viézes nos inquéritos por questionário podem resultar da forma de como

as questões estão desenhadas, pelo desenho do questionário em si e de como

o questionário é gerido.

O questionário Nórdico é um instrumento comummente aceite e válido para

medir a prevalência das lesões. Embora os métodos auto-relatados possam

introduzir viés de memória, trata-se de métodos convenientes e simples.

Este estudo também poderá ter um viés de selecção introduzido pelos não-

respondentes. É possível que os que responderam, o terem feito por sofrerem

de LME, o que poderá inflacionar os resultados.

O formato do questionário também permitiu que alguns dos inquiridos

pudesse escapar a uma ou outra pergunta, por ser demasiado extensa e não

obrigatória. Desta forma foram perdidos alguns dados que poderiam ter sido

contabilizados.

O facto de o questionário ter sido enviado, via electrónica, também pode ter

limitado o número de respondentes por não estarem familiarizadas com este

procedimento.

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segurança no local de trabalho

45

7 - Resultados

Do total dos 415 questionários enviados foram respondidos 254, o que

corresponde a uma taxa de resposta de 61,2%.

Pelo facto de existirem perguntas não respondidas, as percentagens

apresentadas são sempre em função do número de respostas obtidas e não

da totalidade da população em estudo.

7.1 - Variáveis demográficas e antropométricas

Dos 254 inquiridos, maioritariamente são do género feminino (80,7%) e 49

(19,3%) do género masculino.

A idade média dos inquiridos é de 34,96 anos (dp=±6,93). O inquirido mais

jovem tem 23 anos e o mais velho 55. Trata-se de uma população jovem com

mais de 2/3 dos inquiridos a terem menos de 40 anos (Gráfico 1)

Gráfico 1 - Representação gráfica da idade por classes nos Higienistas Orais

26%

51%

20%

3%

< 29 anos

30-39 anos

40-49 anos

≥ 50 anos

Através da tabela 2 faz-se a apresentação os dados antropométricos dos

inquiridos. O peso médio da amostra é de 63,58 Kg (dp=± 12,31) e a altura

média de 1,65 m (±7,97cm). Quando calculado o índice de massa corporal

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segurança no local de trabalho

46

(IMC) da amostra verifica-se que varia entre 16,53 e 39,84 com um valor

médio de 23,13 (± 3,29), o que demonstra uma relação peso/altura normal

dos inquiridos. Contudo, observa-se uma percentagem de 23,2% com um IMC

igual ou superior a 25, o que revela excesso de peso ou obesidade.

Tabela 2 - Características antropométricas dos inquiridos

Média

(x)

Desvio padrão

(s)

Amplitude

(Max. -mín.)

Peso (Kg) 63,58 12,31 45-130

Altura (m) 165,38 7,97 149-193

IMC (Kg/m2) 23,13 3,29 16,53–39,84

Quanto ao membro superior dominante, o direito é relatado em 95,1% dos

casos (232) e cinco dos inquiridos (2,0%) reportam ser ambidextros.

7.2 - Caracterização do estado de saúde

Quanto ao estado de saúde geral, 21% (53) dos inquiridos relatou ser

portador de uma ou mais doenças, mas apenas 18 (7,3%) faz algum tipo de

tratamento de reabilitação. Das doenças encontradas, 35 (66%) não tinham

relação com LME, 14 (26,4%) poderão ter alguma relação e 4 (7,5%) são

LME.

No último ano 85,1% dos respondentes consultaram um médico por razões

diversas, e 134 (54,3%) tomaram medicamentos com regularidade.

A actividade física é praticada de forma regular por sensivelmente metade dos

higienistas (123 - 49,4%), contudo 26,5% (31) dessas actividades

apresentam algum risco acrescido no desenvolvimento de LME.

Os hábitos tabágicos e o consumo de álcool são observados em 47 indivíduos

(48,9%) e 27 indivíduos (10,6%), respectivamente.

A frequência de consumo de café regista-se em 61,7% dos respondentes.

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47

7.3 - Caracterização profissional

Na Tabela 3 verifica-se que a média de anos de profissão é inferior a 10, com

83,6% da amostra a ter menos de 15 anos de profissão. Observa-se uma

ligeira diferença entre o número de anos de profissão e os anos de trabalho

principal (efectivo), o que pode indicar uma entrada na profissão mais tardia.

As horas de trabalho com paciente variam entre zero e 50 horas, com uma

média de 27 horas por semana.

Tabela 3 - Características profissionais dos Higienistas Orais

Média

(x)

Desvio padrão

(s)

Amplitude

Anos de profissão 9,15 6,19 0-25

Horas por semana com paciente 26,67 12,12 0-50

Anos de trabalho principal 8,98 6,03 0-25

Quando questionados sobre o trabalho predominante, alguns higienistas

responderam mais do que uma opção. Maioritariamente os inquiridos exercem

a actividade profissional em trabalho clínico (n=219, 86,2%), com uma média

de 16,15 horas por semana, nesta actividade. A actividade comunitária é

exercida por 87 higienistas (34,3%), com uma média de 10,40 horas

semanais. O trabalho pedagógico foi assinalado por 34 higienistas (13,4%)

num total de 7,71 horas por semana dedicadas a esta actividade. Vinte e

nove (11,4%) higienistas assinalaram outro tipo de trabalho, como actividade

predominante, nomeadamente, marketing, publicidade, membros de

organismos oficiais, consultoria, com uma média de 5,69 horas semanais.

De referir que a maioria dos higienistas divide o seu tempo de trabalho por

mais do que uma das áreas de actividade das suas competências,

despendendo 35 ou mais horas por semana (82,1%).

Quanto ao regime de trabalho, o mais observado é a combinação do fixo com

o trabalho independente (ambos) com 38,6% (93), havendo a registar 32,8%

(79) e 27,2% (69) dos HO que trabalham em regime somente fixo ou

somente independente, respectivamente.

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48

Quarenta e quatro higienistas (18,2%) exercem também outra actividade

profissional fora da profissão.

Ainda de referir que 14 (31,8%) dos respondentes representam risco

potencial de desenvolvimento de LME.

7.4 – Prevalência de lesões músculo-esqueléticas

Os resultados demonstraram que dos 254 respondentes, 214 (86,6%)

relataram a ocorrência de sintomatologia músculo-esquelética em diferentes

partes do corpo em relação aos últimos 12 meses, dos quais 202 inquiridos

referiram sintomatologia na parte superior do corpo, 52 inquiridos

apresentavam sintomatologia na parte inferior do corpo e 45 inquiridos com

sintomatologia concomitante na parte superior e inferior do corpo.

Quando analisada a sintomatologia da parte superior do corpo (pescoço, zona

dorsal, zona lombar, ombros, cotovelos e mão/punho) verifica-se que 202

(81,8%) dos inquiridos apresentou alguma ocorrência nos últimos 12 meses,

com um quarto da amostra a registar sintomatologia em 3 localizações

superiores diferentes. Nenhum inquirido reportou sintomatologia em todas as

localizações superiores do corpo (Gráfico 2).

Gráfico 2 - Percentagem de inquiridos com sintomas na parte superior do

corpo

0

5

10

15

20

25

30

sem sintomas em nenhuma localização

1 zona sintomática

2 zonas sintomáticas

3 zonas sintomáticas

4 zonas sintomáticas

5 zonas sintomáticas

18,2

24,7

19,4

25,1

11,3

1,2

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49

No Gráfico 3 são apresentadas as áreas com sintomatologia de desconforto,

fadiga ou dor por ordem decrescente: pescoço, n=129 (52%), punho/mão,

n=118 (48%), zona dorsal, n=112 (45%), zona lombar, n=107 (44,5%),

ombros, n=100 (41%), tornozelos/pés, n=29 (12%), joelhos, n=23 (9%),

cotovelos, n=13 (6%) e coxas, n=10 (4%).

Gráfico 3 - Frequências relativas (%) à sintomatologia por zona corporal nos

últimos 7 dias e nos últimos 12 meses

Em relação à sintomatologia especificamente ao nível do pescoço (ver Tabela

4), dos 248 respondentes cerca de metade (52,0%) referiram ter tido dores

ao nível do pescoço nos últimos 12 meses, relatando uma frequência maior de

2 ou mais vezes (38,1%) com uma intensidade de sintomas de forma

moderada (49,5%). Foi ainda referido que 51 dos 129 respondentes (39,5%)

teve sintomatologia ao nível deste segmento corporal, nos últimos 7 dias e

que 13 indivíduos (10,1%) faltaram ao trabalho, nos últimos 12 meses em

aproximadamente uma semana.

40%

39%

38%

34%

1%

30%

2%

4%

3%

52%

45%

44,5%

41%

6%

48%

4%

9%

12%

Pescoço

Zona dorsal

Zona lombar

Ombros

Cotovelos

Punho/mão

Coxas

Joelhos

Tornozelos/pés

12 meses Nos últimos 7 dias

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50

Tabela 4 - Frequências absolutas e relativas (%) da sintomatologia músculo-

esquelética para a região do pescoço

PESCOÇO n (%)

Nos últimos 12 meses teve algum problema (fadiga/desconforto/dor

inchaço), que estivesse presente por 4 dias seguidos no pescoço?

Não 119 48,0

Sim 129 52,0

Se sim, frequência anual:

1 vez 17 13,2

2 ou 3 vezes 44 38,1

4 a 6 vezes 31 24,0

Mais de 6 vezes 37 28,7

Se sim, qual a intensidade:

Ligeiro 20 15,5

Moderado 60 49,5

Intenso 32 24,8

Muito intenso 17 13,2

Esteve impedido de fazer o seu trabalho normal por problemas no

pescoço?

Não 116 89,9

Sim 13 10,1

Durante quanto tempo os problemas no pescoço o impediram de

fazer o seu trabalho normal?

0 dias 116 89,9

1 a 7 dias 8 6,2

8 a 30 dias 4 3,1

Mais de 30 dias 1 0,8

Teve algum problema no pescoço durante os últimos 7 dias?

Não 78 60,5

Sim 51 39,5

Ao nível da região dorsal, 112 indivíduos responderam ter sintomas ao nível

da coluna dorsal (45,2%), com maior frequência de 2 a 3 vezes por ano

(39,3%), seguida de mais de 6 vezes com 26,8%. A intensidade do

desconforto/dor referem ser mais evidente, de forma moderada (44,6%).

Existem mais indivíduos sem sintomas nos últimos sete dias (60,7%) e foi

baixa a percentagem daqueles que estiveram impedidos de trabalhar nos 12

meses anteriores (9,8%), por problemas na coluna dorsal (Tabela 5).

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51

Tabela 5- Frequências absolutas e relativas (%) da sintomatologia músculo-

esquelética para a zona dorsal

ZONA DORSAL n (%)

Nos últimos 12 meses teve algum problema (fadiga/desconforto/dor

inchaço), que estivesse presente por 4 dias seguidos na zona dorsal?

Não 136 54,8

Sim 112 45,2

Se sim, frequência anual:

1 vez 10 8,9

2 ou 3 vezes 44 39,3

4 a 6 vezes 28 25,0

Mais de 6 vezes 30 26,8

Se sim, qual a intensidade:

Ligeiro 22 19,6

Moderado 50 44,6

Intenso 26 23,2

Muito intenso 14 12,5

Esteve impedido de fazer o seu trabalho normal por problemas na

zona dorsal?

Não 101 90,2

Sim 11 9,8

Durante quanto tempo os problemas na zona dorsal o impediram

de fazer o seu trabalho normal?

0 dias 101 90,2

1 a 7 dias 8 7,1

8 a 30 dias 2 1,8

Mais de 30 dias 1 0,9

Teve algum problema na zona dorsal durante os últimos 7 dias?

Não 68 60,7

Sim 44 39,3

Na Tabela 6, e especificamente ao nível da coluna lombar, a média de

respondentes com sintomatologia é 43%, com frequência relatada de 2/3

vezes ao ano (34,5%) e com uma intensidade moderada (50,9%). Dos 107

indivíduos respondentes só 42 (38,2%) referiram ter tido sintomatologia nos

últimos 7 dias e só 11,8% ficaram impedidos de trabalhar nos 12 meses

anteriores ao inquérito.

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52

Tabela 6 – Frequências absolutas e relativas (%) da sintomatologia músculo-

esquelética para a zona lombar.

ZONA LOMBAR n (%)

Nos últimos 12 meses teve algum problema (fadiga/desconforto/dor

inchaço), que estivesse presente por 4 dias seguidos na zona lombar?

%

Não 140 56,7

Sim 107 43,3

Se sim, frequência anual:

1 vez 13 11,8

Duas ou 3 vezes 38 34,5

Quatro a seis vezes 29 26,4

Mais de 6 vezes 30 27,3

Se sim, qual a intensidade:

Ligeiro 11 10,0

Moderado 56 50,9

Intenso 27 24,5

Muito intenso 16 14,5

Esteve impedido de fazer o seu trabalho normal por problemas na

zona lombar?

Não 97 88,2

Sim 13 11,8

Durante quanto tempo os problemas na zona lombar o impediram

de fazer o seu trabalho normal?

0 dias 97 88,2

1 a 7 dias 12 10,9

8 a 30 dias 1 0.9

Mais de 30 dias 0 0

Teve algum problema na zona lombar durante os últimos 7 dias?

Não 68 61,8

Sim 42 38,2

Em relação à sintomatologia ao nível dos ombros, dos 247 respondentes,

100 (41%) afirmaram ter sintomas, com maior registo no ombro direito

(51,5%), onde a frequência registada entre as 2 ou 3 vezes (35,6%) era mais

evidente e com uma intensidade de desconforto/dor de forma moderada

(39,6%).

Esta sintomatologia só foi referida por 34,0% dos inquiridos nos últimos 7

dias anteriores ao inquérito e só 5,9% teve impedido de cumprir o seu

trabalho nos últimos 12 meses (Tabela 7).

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53

Tabela 7 -- Frequências absolutas e relativas (%) da sintomatologia

músculo-esquelética para os ombros

OMBROS n (%)

Nos últimos 12 meses teve algum problema (fadiga/desconforto/dor

inchaço), que estivesse presente por 4 dias seguidos nos ombros?

Não 147 59,5

Sim 100 41,0

Se sim, em qual?

Ombro direito 35 51,5

Ombro esquerdo 17 25,0

Ambos 16 23,5

Se sim, frequência anual

1 vez 15 14,9

2 ou 3vezes 36 35,6

4 a 6 vezes 26 25,7

Mais de 6 vezes 24 23,8

Se sim, qual a intensidade:

Ligeiro 16 15,8

Moderado 40 39,6

Intenso 27 26,7

Muito intenso 18 17,8

Esteve impedido de fazer o seu trabalho normal por problemas nos

ombros?

Não 95 94,1

Sim 6 5,9

Durante quanto tempo os problemas nos ombros o impediram de

fazer o seu trabalho normal?

0 dias 95 94,1

1 a 7 dias 4 4,0

8 a 30 dias 2 2,0

Mais de 30 dias 0 0

Teve algum problema nos ombros durante os últimos 7 dias?

Não 66 66,0

Sim 34 34,0

A Tabela 8 é relativa à sintomatologia apresentada ao nível dos

punhos/mãos. Dos 247 inquiridos, cerca de metade (47,8%) refere ter tido

sintomatologia nesta zona corporal nos últimos 12 meses, mais ao nível do

punho/mão direita (67,4%), e com uma frequência ao ano de 2/3 vezes mais

evidente (39,0%). A intensidade mais referida foi a moderada, em 41,5% dos

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segurança no local de trabalho

54

casos. Somente sete inquiridos responderam ter faltado ao trabalho por

problemas neste segmento corporal (5,9%), dos quais 6 em cerca de uma

semana. Apenas 35 referiram ter tido sintomas nos últimos sete dias.

Tabela 8 - Frequências absolutas e relativas (%) da sintomatologia músculo-

esquelética para punhos/mãos

PUNHOS/MÃOS n (%)

Nos últimos 12 meses teve algum problema (fadiga/desconforto/dor

inchaço), que estivesse presente por 4 dias seguidos nos

punhos/mãos?

Não 129 52,2

Sim 118 47,8

Se sim, em qual?

Punho/mão direita 60 67,4

Punho/mão esquerda 8 9,0

Ambos 21 23,6

Se sim, frequência anual:

1 vez 27 22,9

2 ou 3 vezes 46 39,0

4 a 6 vezes 21 17,8

Mais de 6 vezes 24 20,3

Se sim, qual a intensidade:

Ligeiro 27 22,9

Moderado 49 41,5

Intenso 26 22,0

Muito intenso 16 13,6

Esteve impedido de fazer o seu trabalho normal por problemas nos

punhos/mãos?

Não 111 94,1

Sim 7 5,9

Durante quanto tempo os problemas nos punhos/mãos o

impediram de fazer o seu trabalho normal?

0 dias 111 94,1

1 a 7 dias 6 5,1

8 a 30 dias 1 0,8

Mais de 30 dias 0 0

Teve algum problema nos punhos/mãos durante os últimos 7 dias?

Não 83 69,6

Sim 35 30,4

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55

Uma vez que a maior parte dos sintomas apresentados são na parte superior

do corpo foram recodificados os dados para permitir comparações estatísticas.

Assim foram criadas duas variáveis ―a soma de sintomas‖ com um intervalo

de 0 a 5 sintomas e a variável ―qualquer sintoma‖ na parte superior do corpo

(sim ou não). Duzentos e dois (81,8%) dos higienistas apresentaram

sintomas na parte superior do corpo nos últimos doze meses com uma média

de 1,9 sintomas. No Gráfico 4 apresenta-se a distribuição do número de

sintomas na parte superior do corpo.

Gráfico 4 – Representação percentual do número de sintomas na parte

superior do corpo

Procuraram-se associações entre a presença de ―qualquer sintoma na parte

superior do corpo‖ e diferentes variáveis de interesse, nomeadamente o

género, o IMC, horas semanais com paciente, a idade, outra actividade fora

da profissão ou actividade física, que pudessem promover o desenvolvimento

de LME, ser portador de doença e anos de profissão.

A variável género foi a única que revelou diferença estatisticamente

significativa com a ―presença de sintomas na parte superior do corpo‖

(Z=-3,291: p=0,001).

18,5

24,6

19,4

25

11,3

1,2

sem sintomas

1 sintoma

2 sintomas

3 sintomas

4 sintomas

5 sintomas

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56

As mesmas variáveis foram cruzadas com a ―soma de sintomas‖ e a única que

se revelou estatisticamente significativa foi o número de horas com paciente

(χ2=11,903; p=0,036).

Relativamente aos factores que podem diminuir o risco de desenvolvimento

de LME encontram-se as pausas diárias, o trabalho a quatro mãos e a posição

de trabalho sentado.

As pausas diárias de 5 minutos são feitas pela maioria dos inquiridos (146,

59,8%), com um máximo de 10 pausas e uma média de 3 pausas diárias. Já

o trabalho a quatro mãos com colaboração de assistente é praticado sempre

ou frequentemente por 78 (32,3%) dos inquiridos e raramente ou nunca por

164 (67,7%). Existe uma correlação entre a percentagem de tempo de

trabalho com assistente e a presença de ―qualquer sintoma‖ e o ―número de

sintomas‖ (r=.162; p=.012 e r=.137; p=.033), respectivamente.

A posição de trabalho sentado é prática comum em 150 (61,7%) inquiridos

correspondendo a 70 ou mais percentagem do tempo e 38 (15,6%) trabalha

sentado em 50% ou menos do tempo. Não se encontraram correlações

significativas entre esta variável e a ―presença de qualquer sintoma‖ e o

―número de sintomas‖.

Na Tabela 9 observa-se a distribuição em termos de percentagem diária de

tempo em que são tomadas diversas posições de trabalho e com movimentos

repetidos bem como a aplicação de força com os dedos e mão. A repetição de

movimentos de mãos/dedos é observada em mais de 70% do tempo, bem

como a precisão com os dedos e a aplicação de força com as mãos e dedos.

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57

Tabela 9 - Percentagem diária de tempo gasto em determinadas condições

Actividade <30%

n (%)

30 a < 50%

n (%)

50 a < 70%

n (%)

≥ 70%

n (%)

Braços acima dos

ombros

176

(72,4)

34 (14,0) 23(9,5) 10 (4,1)

Inclinação do tronco 28

(11,5)

56(23,0) 99 (40,7) 60(24,7)

Rodar o tronco 39 (16,0) 71 (29,2) 93 (38,3) 40 (16,5)

Movimentos repetidos

c/ braços

20 (8,2) 44(18,1) 73 (30,0) 106 (43,6)

Movimentos repetidos

mãos/dedos

15 (6,2) 33(13,6) 70(28,8) 125(51,4)

Precisão com os dedos 19 (7,8) 24(9,9) 71 (29,2) 129 (53,1)

Aplicação de força

com mãos/dedos

28

(11,5)

50(20,6) 80(32,9) 85(35,0)

Verifica-se uma correlação positiva fraca entre a % de tempo de trabalho em

pé e os sintomas relacionados com essa posição (r =.223; p< .000).

As correlações, entre os sintomas relacionados com os diferentes tipos de

posição ou movimento, são positivas moderadas e significativas a 0,001 para

o trabalho com os braços acima da altura dos ombros (r =.390; p< .000), a

inclinação do tronco (r =.505; p< .000), a rotação do tronco (r =.479; p<

.000), a repetividade dos movimentos dos braços (ρ =.457; p< .000), com os

movimentos repetidos das mãos e dedos (r =.428; p< .000), a precisão com

os dedos (ρ =.395; p< .000) e a aplicação de forças com as mãos e dedos (ρ

=.425; p< .000).

No Gráfico 5 mostra-se a frequência com que os inquiridos exercem as

diferentes actividades clínicas. A actividade que é exercida com maior

frequência é o polimento profiláctico seguido da destartarização. A actividade

que requer mais esforço a nível manual (alisamento radicular) é aquela que é

praticada com menor frequência.

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Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e

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Gráfico 5 - Frequências relativas (%) das diferentes actividades clínicas

Observa-se uma associação estatisticamente significativa entre a ―soma de

sintomas‖ na parte superior do corpo e a percentagem de ―tempo com

inclinação do tronco‖ (χ2=24,203; p <.000), a percentagem de ―tempo gasto

com movimentos repetidos das mãos/dedos‖ (χ2=12,055; p=.034), a

percentagem de ―tempo com movimentos de precisão com os dedos‖

(χ2=11,823; p=.037) e ainda a percentagem de tempo com alisamento

radicular (χ2=14,188; p=.014).

Para explorar a sintomatologia presente em cada uma das localizações da

parte superior do corpo com as diferentes variáveis relativas ao trabalho do

higienista oral utilizou-se o teste U de Mann-Whitney (Z) e obtiveram-se as

seguintes associações significativas:

PESCOÇO

- Percentagem de tempo diário com os braços acima da altura dos ombros

(Z=-3,200; p=.001)

- Percentagem diária de inclinação do tronco (Z=-2,478; p=.013)

- Percentagem diária de movimentos repetidos com os braços

(Z=-2,202; p=.028)

- Tempo gasto com alisamento radicular (Z=-2,519; p=.012)

- Tempo gasto com polimento (Z=-2,354; p=.019)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Mto Frequente

Frequente

Pouco frequente

Ocasional

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59

ZONA DORSAL

- Horas de trabalho clínico (Z=-2,691;p=.007)

- Percentagem diária de inclinação do tronco (Z=-4,073;p=0,000)

- Percentagem diária de rotação do tronco (Z=-2,551; p=.011)

OMBROS

- Percentagem de tempo diário com os braços acima da altura dos ombros

(Z=-2,438; p=.015)

- Percentagem diária de inclinação do tronco (Z=-4,009; p=.000)

- Percentagem diária de movimentos repetidos com os braços

(Z=-3,392; p=.001)

- Percentagem diária de movimentos repetidos com as mãos e dedos

(Z=-2,946; p=.003)

- Percentagem diária de movimentos de precisão com os dedos

(Z=-3,529;p=.000)

- Percentagem diária de aplicação de força com mãos e dedos

(Z=-2,164; p=.030)

- Tempo gasto com destartarização (Z=-2,460; p=.014)

- Tempo gasto com alisamento radicular (Z=-2,573; p=.010)

- Tempo gasto com polimento (Z=-2,077; p=.038)

PUNHO/MÃO - Percentagem diária de movimentos repetidos com as mãos e dedos

(Z=-1,978; p=.048)

- Tempo gasto com destartarização (Z=-2,148; p=.032)

- Tempo gasto com alisamento radicular (Z=-2,693; p=.007)

Dos 215 inquiridos que apresentaram ―qualquer tipo de sintoma‖ 34 (15,8%)

referiram impedimento ao trabalho pela sintomatologia apresentada. De

salientar que a sintomatologia provocou impedimento ao trabalho mais do que

uma vez em alguns inquiridos (média de 1,92). No Gráfico 6 observa-se o

número de inquiridos que registaram impedimento ao trabalho por

sintomatologia dolorosa nos últimos 12 meses.

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Gráfico 6 – Número de inquiridos com impedimento ao trabalho por

sintomatologia dolorosa nos últimos 12 meses.

Não houve nenhum inquirido que tenha registado impedimento ao trabalho

por sintomatologia nos joelhos ou cotovelos (Tabela 10).

Relativamente aos dias de absentismo ao trabalho por sintomatologia nas

diferentes regiões anatómicas verifica-se que é pelo pescoço e zona dorsal

que se regista maior absentismo tendo um inquirido reportado 330 dias de

impedimento ao trabalho em ambas as localizações.

Tabela 10 - Absentismo ao trabalho por localização anatómica

Localização

anatómica

Nº total de dias

de absentismo

Média de dias de

absentismo

Mínimo-Máximo

dias de

absentismo

Pescoço 414 31,84 1 -330

Zona Dorsal 339 36,28 1-330

Zona Lombar 48 3,7 1-21

Ombro 57 9,5 2-21

Punho/mão 52 7,42 2-30

Coxas 15 3 3-8

Tornozelos/pés 30 30 30

Foram apenas encontradas correlações significativas entre o absentismo ao

trabalho e a percentagem de tempo diário em posição sentado (r =-139;

p=.031) e ainda com a percentagem de tempo diário com os braços acima da

altura dos ombros (r =.140; p=.029).

13

11

13

7

7 3 1 Pescoço

Zona Dorsal

Zona Lombar

Ombro

Punho/mão

Coxas

Tornozelos/pés

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61

8 - Discussão

Este estudo teve como objectivo, identificar a prevalência de sintomatologia

auto-referida de LMELT em diferentes localizações corporais, em higienistas

orais portugueses, que é do nosso entendimento ser pioneiro.

O estudo foi feito através de um questionário, frequentemente referido na

literatura, e validado internacionalmente, fazendo-se dele inúmeras aplicações

em estudos de situações reais de trabalho. No presente estudo foi feita uma

adaptação à realidade dos higienistas orais.

Vários factores de risco têm sido identificados na literatura que contribuem

para o desenvolvimento de LME. A prática da higiene oral é um trabalho que

requer coordenação motora fina, com uma zona de trabalho pequena e

elevada, com falta de suporte dos antebraços, usando movimentos repetitivos

e de precisão do punho e da mão e com o uso de aparelhos de vibração.

Estas características do trabalho clínico são a base para posições estáticas do

pescoço, flexão do pescoço, inclinação e rotação do tronco, todas associadas

com queixas músculo-esqueléticas. Para além destes factores relacionados

directamente com as actividades praticadas, outros têm sido sugeridos tais

como, os anos de profissão, o maior tempo de consulta e o género feminino

(Hayes et al., 2009a).

A sintomatologia ao nível do pescoço foi a relatada em mais de metade do

grupo estudado, o que vai de encontro ao referido por Hayes et al. (2009b) e

Anton et al. (2002) onde referem, em vários estudos, que os HO têm maior

experiência de sintomas de LME ao nível do pescoço, ombro e punho/mão

comparados com outros profissionais de saúde oral.

É de salientar neste estudo que a presença de frequências de sintomatologia

músculo-esquelética é superior às referidas em estudos semelhantes (Anton

et al., 2002; Hayes et al., 2009b; Lindfors, von Thiele, & Lundberg, 2006;

Werner et al., 2005).

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62

Neste estudo os valores de prevalência auto-referida de sintomas nos últimos

12 meses na parte superior do corpo, traduziu um quarto da amostra 81,8%

(52% para o pescoço, 48% para o punho/mão, 45% para a zona dorsal, 43%

para a zona lombar, 41% para os ombros), o que parece estar similar noutros

estudos: Akesson et al. (1999), Anton et al. (2003) e Morse et al. (2003)

onde são referidos valores respectivamente de 64%, 69% e 60% ao nível do

punho/mão; Oberg & Oberg (1993) e Anton et al. (2002) apresentam valores

para o pescoço de 62% e 68% respectivamente. Ylipaa et al. (1999) referem

64% para estudos com pescoço e ombros em simultâneo.

Por outro lado também a evidência de sintomatologia da zona cervical,

pescoço e ombros, é atribuída às componentes posturais e biomecânicas

exigidas pelas actividades no desempenho da higiene oral, nomeadamente a

flexão cervical, pela exigências visuais, a elevação dos membros superiores,

muitas vezes acima da altura dos ombros, o trabalho muscular estático ao

nível da articulação dos ombros, a extensão repetida do braço e antebraço e a

repetitividade de movimentos ao nível do punho/ mão. É importante neste

contexto referir que estes sintomas estão relacionados com a duração e o

ritmo do trabalho executado. Talvez por estes factos, tenha havido uma

correlação significativa entre o absentismo e a percentagem de tempo diário

em posição sentado (r =-139; p=.031) e a percentagem de tempo diário com

os braços acima da altura dos ombros (r =.140; p=.029).

De acordo com a literatura o género constitui um factor de influência na

sintomatologia de LMELT (Hagberg et al., 1995), aplicável neste estudo visto

a população em causa ser maioritariamente do sexo feminino (80,7%). Esta

referência é apresentada num estudo semelhante (Ylipaa et al., 1999) onde

se constatou que dos 471 HO respondentes, 99.7% eram do sexo feminino e

0.3% do masculino. De acordo com Osuna, 98% dos higienistas orais são

mulheres (Osuna, 2006).

Como dito anteriormente a sintomatologia do pescoço (52%) revelou ser o

problema mais importante ao nível dos higienistas orais portugueses. Esta

prevalência foi semelhante a um estudo realizado com alunos de HO

australianos, com 64,3% dos participantes a apresentarem sintomatologia

músculo-esquelética nos últimos 12 meses. Estudos semelhantes, também

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63

com alunos suecos e americanos reportam a sintomatologia do pescoço como

a mais referida, respectivamente 62% e 68,5%.

Analisando as relações entre a sintomatologia ao nível da zona lombar (43%),

no presente estudo, e comparando com estudos semelhantes (Hayes et al.,

2009b) nos alunos australianos, com percentagens de 57,9%, este risco pode

existir pelo facto da actualidade fazer os profissionais dedicarem muitas horas

ao computador, onde se adoptam posições estáticas recorrentes, que podem

estar na origem do aparecimento de LME.

A maioria dos higienistas orais tem actividade física regular (123 – 49,4%), e

26,5% dessas actividades apresentam risco acrescido para a sintomatologia

músculo-esquelética, tal como é referenciado na literatura (Schneider &

Irastorza, 2010).

Estudos anteriores noutros países referem que os higienistas orais exercem a

sua prática profissional estabelecendo posturas inadequadas e prolongadas,

as quais podem conduzir a dores musculares. Por outro lado, tem sido

sugerido que o uso de instrumentos e equipamentos ergonomicamente bem

desenhados ajuda a promover posturas correctas limitando

consequentemente o potencial desenvolvimento de LME (Hayes et al, 2009).

Um estudo que analisou o efeito do uso de lupas ópticas na postura verificou

que este dispositivo poderá ter um efeito positivo no posicionamento correcto

da cabeça e pescoço (Morse, Dillon, Warren, Levenstein, & Warren, 1998),

sendo sugerido como um complemento promotor da saúde músculo-

esquelética dos higienistas orais (Osuna, 2006; Warren, Dillon, Morse, Hall, &

Warren, 2000).

É importante que a prevenção das LMELT se inicie logo na formação e que os

estudantes durante o seu treino clínico sejam educados na ergonomia,

incluindo o uso de equipamentos e instrumentos que suportem posturas

óptimas e cuidados corporais. Este cuidado holístico deve incluir não só estes

aspectos, mas também os aspectos relacionados com o calçado e vestuário

apropriados e a protecção dos riscos ambientais.

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64

Apesar do presente estudo proporcionar uma visão global sobre as LME, trata-

se de um primeiro estudo exploratório, com todas as limitações a ele

inerentes. Estudos longitudinais de profissionais e estudantes são necessários

para estabelecer os padrões epidemiológicos das LMELT.

A investigação sobre intervenções ergonómicas e bem-estar físico podem

igualmente ter algum impacto nos problemas músculo-esqueléticos deste

grupo profissional.

No presente estudo não foram encontradas associações entre a presença de

sintomatologia músculo-esquelética aos 12 meses com as variáveis

demográficas: idade, peso, altura e nem com as variáveis profissionais:

número de horas de trabalho semanais, número de anos de profissão, horas

de trabalho com o paciente. Isto pode remeter-nos para o facto da população

em estudo ser uma população jovem, fazer uma média de 30 horas de

trabalho, o que pode diminuir a exposição à fadiga e ao stress.

Perante estes resultados pode ser possível afirmar que a avaliação dos níveis

de desconforto e incómodo ou dor com origem no sistema músculo-

esquelético está relacionado com o trabalho e as condições em que ele é

desenvolvido e de acordo com o descrito na literatura internacional (Schneider

& Irastorza, 2010).

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65

9 - Considerações Finais

Este estudo teve como principal objectivo identificar a prevalência de

sintomatologia auto-referida no grupo profissional dos Higienistas Orais.

De acordo com a literatura e em vários estudos feitos com profissionais e

estudantes de saúde oral, as LMELT representam um enorme problema na

profissão dos higienistas orais (Hayes, Cockrell, & Smith, 2009a).

No presente estudo os resultados obtidos permitem referir a existência de

sintomatologia músculo-esquelética nas diferentes zonas corporais dos HO,

manifestada nos últimos 12 meses, com maior prevalência ao nível da parte

superior do corpo, nomeadamente com (52%) para o pescoço, (48%) para o

punho/mão, (45%) para a zona dorsal, (43%) para a zona lombar e (41%)

para os ombros. Esta prevalência vai de encontro a estudos internacionais,

onde a ocorrência de sintomas nos 12 meses anteriores eram semelhantes

(Akesson et al., 1997; Atwood & Michalak-Turcotte, 1992; Hayes et al.,

2009b).

As correlações encontradas foram significativas (para um nível de significância

de p=0,001) para o trabalho com os braços acima da altura dos ombros (r

=.390; p<.000), a inclinação dos ombros (r =.390; p<.000), a inclinação do

tronco (r =.505; p<.000), a rotação do tronco (r =.479; p<.000), a

repetividade dos movimentos dos braços (r =.457; p<.000), com os

movimentos repetidos das mãos e dedos (r =.428; p<.000), a precisão com

os dedos (r =.395; p<.000) e a aplicação de forças com as mãos e dedos (r

=.425; p<.000), factores que influenciam a sintomatologia de dor,

desconforto e incómodo relatadas na zona superior do corpo e que estão

relacionados com a actividade desenvolvida pelos HO.

Só uma pequena percentagem de respondentes (15,8%) referiu impedimento

ao trabalho pela sintomatologia dolorosa apresentada nos últimos 12 meses e

foi no pescoço e zona dorsal que se registou maior absentismo. As correlações

significativas no absentismo fizeram-se entre a percentagem de tempo diário

em posição sentado (r =-139; p=.031) e a percentagem de tempo diário com

os braços acima da altura dos ombros (r = 140; p=.029), o que demonstra

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segurança no local de trabalho

66

existirem factores de riscos evidentes na prática clínica destes profissionais,

que levam ao aparecimento da sintomatologia músculo-esquelética referida.

Foram muitos os estudos que utilizaram questionários na identificação dos

factores de risco e das actividades que podem levar ao agravamento de

sintomatologia nas regiões superiores do corpo. Os maiores problemas nas

actividades dos HO passam, precisamente, por haver uma prática clínica que

envolve movimentos muito repetitivos e procedimentos sempre muito

semelhantes comparados com os outros profissionais da saúde oral.

Embora os métodos de identificação de sintomas auto-relatados possam

introduzir viés de memória, trata-se de métodos convenientes e simples.

Apesar do método de auto-relato poder levar a respostas enviesadas, não

deixa de ser uma técnica prática e pouco onerosa (Hayes e al., 2009b).

Talvez medidas mais precisas, como avaliações físicas, possam levar a

resultados mais fiáveis apesar de serem mais caras e mais demoradas. Este

estudo também poderá ter um viés de selecção introduzido pelos não-

respondentes. É possível que os que responderam o terem feito por sofrerem

de LME, o que poderá inflacionar os resultados (Hayes et al., 2009b).

É evidente através da literatura existente, que as LMELT são um problema

complexo e multifactorial que atinge os componentes pessoais, familiares e

sócio-organizacionais deste grupo de profissionais de saúde.

Uma completa compreensão da progressão destas patologias está longe de

ser esclarecida devido à falta de estudos longitudinais e métodos

estandardizados de investigação. Estudos futuros devem incluir uma

triangulação de métodos em estudos longitudinais (Hayes et al, 2010),

contribuindo para a intervenção ao nível da prevenção destas lesões e, por

consequência, para uma melhor qualidade de vida e maior integração social,

assim como para a existência de melhores organizações do trabalho e melhor

e mais efectiva saúde ocupacional.

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segurança no local de trabalho

67

10 - Recomendações

As LMELT são uma realidade no seio dos profissionais de saúde oral mais

propriamente no grupo dos higienistas orais.

Os factores de risco que levam ao aparecimento destas lesões desempenham

um papel muito importante num plano organizacional, o que força a que a

prevenção deva ser feita, com o objectivo de minimizar os danos a que os

higienistas orais possam estar sujeitos.

Desta maneira o primeiro passo deve ser dado com os alunos, logo no inicio

das sua escolaridade para que se possam optimizar os espaços, os

equipamentos, o ambiente e a actividade de trabalho, enquanto alunos e na

sua vida profissional futura, para que aprendam a ter noções posturais que

diminuam a probabilidade de instalação de LMELT. Neste sentido é preciso

que haja um conjunto de situações que promovam esta prevenção, ou seja,

não só é importante ter um bom equipamento dentário como é necessário

que haja desde cedo instrução e treino sobre os princípios ergonómicos. Deve

dar-se especial atenção às posturas de trabalho e aos movimentos exercidos,

que possam influenciar a posição da cabeça e punhos e reduzir as posições

estáticas e extremas ao nível dos ombros (Akesson et al., 1997).

É importante que haja um investimento ao nível do plano organizacional que

implique a educação e o treino sobre as LMELT aos profissionais, para que

haja uma prevenção atempada (Michalak-Turcotte, 2000).

Para além disso, a formação e informação sobre LMELT permitirá reconhecer

os sintomas de forma precoce evitando estádios avançados de lesões.

Utilizando estratégias conservativas, incluindo um ritmo de trabalho mais

baixo ou mudando estratégias nas actividades clínicas, reduzindo factores

stressores (instrumentos, luvas, etc.) e as posturas incorrectas ao nível da

mão, braço, e pescoço é possível prevenir estas doenças profissionais

(Hamann, 2004).

Torna-se muito importante que neste contexto, se inicie um programa de

prevenção das LMELT, orientado para uma intervenção ergonómica

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segurança no local de trabalho

68

sistemática e integrada, que crie medidas para alterar a organização do

trabalho de forma a minimizar as posturas ortostáticas, a ter menor

repetitividade, ou diminuição dos movimentos dos braços e punhos, de modo

a permitir que haja recuperação fisiológica do profissional.

Deve existir também outra vertente da intervenção ergonómica que diminua

as exigências das zonas da parte superior do corpo, pela prevalência de

LMELT apresentadas neste estudo, que inclua mecanismos de diminuição da

intensidade de exposição aos factores de risco, tais como: luvas específicas

para cada mão, e não ambidextras (que não obriguem a tanto esforço das

mãos), sistemas de afiação de instrumentos mais fáceis para que sejam

diminuídos o número de movimentos de trabalho, iluminação melhorada,

cadeira do paciente e do clínico mais ergonómica, material de protecção e uso

de lentes no trabalho de alta precisão. Finalmente a existência de um

programa de exercícios de relaxamento entre pausas para compensação do

trabalho esforçado permitirá a prevenção efectiva das LMELT nos Higienistas

Orais (Osuna, 2006).

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segurança no local de trabalho

76

ANEXO 1

Carta aos Colegas para preenchimento do questionário sobre LMELT.

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segurança no local de trabalho

77

[email protected]

Pedido de apoio ao preenchimento de questionário sobre LMELT (doenças

profissionais), nos Higienistas Orais

Caro(a) colega [FirstName] [LastName],

No âmbito da minha dissertação de mestrado (Mestrado em Intervenção Sócio

-Organizacional na Saúde, Especialização em Tecnologias e Qualidade da

Saúde) estou a desenvolver uma investigação sobre lesões músculo-

esqueléticas ligadas ao trabalho (LMELT) nos Higienistas Orais.

As lesões músculo-esqueléticas, como todos sabem, são referenciadas como

um dos maiores problemas de saúde profissional dos Higienistas Orais.

As LMELT provocam dor, perda de força e edema, e são responsáveis pela

diminuição do desempenho e do rendimento profissional.

Face à inexistência de estudos nesta área em Portugal, no delineamento

metodológico deste trabalho optou-se pela aplicação de um questionário a

todos os Higienistas Orais que se formaram até à data.

A divulgação do questionário vai ser realizada via correio electrónico. Este

meio é, actualmente, a forma mais fácil de chegar a todos.

Ficarei muito grata pela sua participação e espero partilhar consigo os

principais resultados. Se conseguirmos chamar a atenção para este problema

de saúde ocupacional e encetar o início de uma linha de investigação,

esperamos que seja possível culminar numa efectiva prevenção de LMELT nos

Higienistas Orais.

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Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e

segurança no local de trabalho

78

Agradeço a sua compreensão, o seu tempo e a sua colaboração em prol de

um grupo profissional.

Sugere-se que o questionário seja respondido após um dia de trabalho

(preferencialmente numa 5ª feira) em que os sintomas estejam mais

evidentes.

Este é a hiperligação para o questionário:

http://www.surveymonkey.com/s.aspx

Este hiperligação está exclusivamente ligado a este questionário e ao seu

endereço de correio electrónico. Por favor, não encaminhe esta mensagem.

Muito obrigada pela colaboração,

Fátima Duarte

4º Curso de HO da FMDUL

PS: para qualquer esclarecimento adicional deixo o meu endereço electrónico,

[email protected]

Atenção: se não quiser receber mais emails, por favor clique na hiperligação

abaixo. Será automaticamente removido da nossa mailing list.

http://www.surveymonkey.com/optout.aspx

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segurança no local de trabalho

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ANEXO 2

Questionário Final enviado aos Higienistas Orais

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Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-

Este questionário pretende conhecer aspectos da sua saúde, hábitos e actividade profissional. A utilização é exclusivamente para fins de investigação, estando assegurada a confidencialidade das suas respostas e a sua não utilização para outros fins. Seja, por favor, o mais preciso possível nas suas respostas. A sua contribuição é indispensável. O questionário depende da sua cooperação e estimamos que deverá ocupar apenas cerca de 10 minutos. Fique perfeitamente seguro, porque as suas respostas são totalmente confidenciais. Regras de Preenchimento: Seleccione o campo correspondente à sua opção na chave de respostas. Complete as suas respostas quando existir essa oportunidade.

1. Nome (facultativo)

2. Género

3. Ano de Nascimento

4. Peso (Kg)

5. Altura (cm)

6. Membro superior dominante

7. Há quanto tempo exerce a profissão?

Introdução

A - Caracterização sócio-demográfica

Anos

Meses

Feminino nmlkj

Masculino nmlkj

Dextro nmlkj

Esquerdino/canhoto nmlkj

Ambidextro nmlkj

Sim,

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Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-8. Numero de horas de trabalho por semana?

9. Regime de trabalho

10. Numero de horas por semana que trabalha directamente com o paciente?

11. Realiza algum tipo de actividade fora da profissão de H.O.?

12. Realiza regularmente algum tipo de actividade fisica?

13. Fuma?

14. Bebe habitualmente bebidas alcoólicas?

15. Bebe habitualmente café?

B - Caracterização do estado de saúde

< 35h nmlkj

35 a 40 nmlkj

> de 40 nmlkj

Fixo nmlkj

Independente nmlkj

Ambos nmlkj

Não nmlkj

Sim, qual?

nmlkj

Não nmlkj

Sim, qual?

nmlkj

Não nmlkj

Sim, nº de cigarrros p/ dia

nmlkj

Sim nmlkj

Não nmlkj

Sim nmlkj

Não nmlkj

Sim,

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Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-16. Sofre de alguma doença?

17. Qual das seguintes?

18. Está a receber algum tratamento de reabilitação ? (ex. Fisioterapia, Terapia ocupacional...)

19. Toma medicamentos regularmente (incluindo calmantes ou pílula)?

20. Consultou algum médico no último ano?

*

B - Caracterização do estado de saúde

B - Caracterização do estado de saúde

C - Caracterização da sintomatologia ligada ao trabalho [PESCOÇO]

Sim nmlkj

Não nmlkj

Diabetes gfedc

Hérnia discal gfedc

Hipertensão gfedc

Sindrome do túnel cárpico gfedc

Gota gfedc

Tendinite gfedc

Osteoporese gfedc

Artrose gfedc

Outra

gfedc

Não nmlkj

Sim, qual?

nmlkj

Sim nmlkj

Não nmlkj

Sim nmlkj

Não nmlkj

Porquê?

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Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-Para responder por todos os Higienistas Orais. Teve algum problema durante os últimos 12 meses (fadiga, desconforto, dor, inchaço), que estivesse presente pelo menos 4 dias seguidos? Se SIM, refira qual a sua intensidade e frequência, marcando o valor correspondente

21. PESCOÇO

Preencha a tabela seguinte, assinalando com uma cruz o quadrado correspondente ao estado de fadiga, desconforto ou dor, em função dos segmentos corporais considerados. No caso de referir sintomas, indique qual a sua intensidade e a sua frequência anual, de acordo com as escalas que se seguem, marcando o valor correspondente:

*

C - PESCOÇO

Não nmlkj

Sim nmlkj

Sim,

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Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-Intensidade do desconforto /dor: 1- Ligeiro 2- Moderado 3- Intenso 4- Muito intenso Frequência (nº de vezes por ano): 1- Uma vez 2- 2 ou 3 vezes 3- 4 a 6 vezes 4- Mais de 6 vezes 22. PESCOÇO

23. Os sintomas referidos estão presentes ou estiveram presentes durante os últimos 7 dias?

24. Nos últimos 12 meses, esteve impedido de realizar o seu trabalho normal devido a esse problema?

Para responder por todos os Higienistas Orais. Teve algum problema durante os últimos 12 meses (fadiga, desconforto, dor, inchaço), que estivesse presente pelo menos 4 dias seguidos? Se SIM, refira qual a sua intensidade e frequência, marcando o valor correspondente

*  1 2 3 4

Frequência nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Intensidade nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

C - Caracterização da sintomatologia ligada ao trabalho [ZONA DOR...

Não nmlkj

Sim nmlkj

Não nmlkj

Sim, quantos dias?

nmlkj

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Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-

25. ZONA DORSAL

Preencha a tabela seguinte, assinalando com uma cruz o quadrado correspondente ao estado de fadiga, desconforto ou dor, em função dos segmentos corporais considerados. No caso de referir sintomas, indique qual a sua intensidade e a sua frequência anual, de acordo com as escalas que se seguem, marcando o valor correspondente:

Intensidade do desconforto /dor: 1- Ligeiro 2- Moderado 3- Intenso 4- Muito intenso Frequência (nº de vezes por ano): 1- Uma vez 2- 2 ou 3 vezes 3- 4 a 6 vezes 4- Mais de 6 vezes 26. ZONA DORSAL

*

C - ZONA DORSAL

*  1 2 3 4

Frequência nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Intensidade nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Não nmlkj

Sim nmlkj

Sim,

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Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-27. Os sintomas referidos estão presentes ou estiveram presentes durante os últimos 7 dias?

28. Nos últimos 12 meses, esteve impedido de realizar o seu trabalho normal devido a esse problema?

Para responder por todos os Higienistas Orais. Teve algum problema durante os últimos 12 meses (fadiga, desconforto, dor, inchaço), que estivesse presente pelo menos 4 dias seguidos? Se SIM, refira qual a sua intensidade e frequência, marcando o valor correspondente

29. ZONA LOMBAR

Preencha a tabela seguinte, assinalando com uma cruz o quadrado correspondente ao estado de fadiga, desconforto ou dor, em função dos segmentos corporais considerados. No caso de referir sintomas, indique qual a sua intensidade e a sua frequência anual, de acordo com as escalas que se seguem, marcando o valor correspondente:

C - Caracterização da sintomatologia ligada ao trabalho [ZONA LOM...

*

C - ZONA LOMBAR

Não nmlkj

Sim nmlkj

Não nmlkj

Sim, quantos dias?

nmlkj

Não nmlkj

Sim nmlkj

Sim,

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87

Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-Intensidade do desconforto /dor: 1- Ligeiro 2- Moderado 3- Intenso 4- Muito intenso Frequência (nº de vezes por ano): 1- Uma vez 2- 2 ou 3 vezes 3- 4 a 6 vezes 4- Mais de 6 vezes 30. ZONA LOMBAR

31. Os sintomas referidos estão presentes ou estiveram presentes durante os últimos 7 dias?

32. Nos últimos 12 meses, esteve impedido de realizar o seu trabalho normal devido a esse problema?

Para responder por todos os Higienistas Orais. Teve algum problema durante os últimos 12 meses (fadiga, desconforto, dor, inchaço), que estivesse presente pelo menos 4 dias seguidos? Se SIM, refira qual a sua intensidade e frequência, marcando o valor correspondente

*  1 2 3 4

Frequência nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Intensidade nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

C - Caracterização da sintomatologia ligada ao trabalho [OMBROS]

Não nmlkj

Sim nmlkj

Não nmlkj

Sim, quantos dias?

nmlkj

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88

Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-33. OMBROS

34. Indique em qual dos lados.

Preencha a tabela seguinte, assinalando com uma cruz o quadrado correspondente ao estado de fadiga, desconforto ou dor, em função dos segmentos corporais considerados. No caso de referir sintomas, indique qual a sua intensidade e a sua frequência anual, de acordo com as escalas que se seguem, marcando o valor correspondente:

Intensidade do desconforto /dor: 1- Ligeiro 2- Moderado 3- Intenso 4- Muito intenso Frequência (nº de vezes por ano): 1- Uma vez 2- 2 ou 3 vezes 3- 4 a 6 vezes 4- Mais de 6 vezes 35. OMBROS

36. Os sintomas referidos estão presentes ou estiveram presentes durante os últimos 7 dias?

*

C - OMBRO(S)

*  1 2 3 4

Frequência nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Intensidade nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Não nmlkj

Sim nmlkj

Direito nmlkj

Esquerdo nmlkj

Ambos nmlkj

Não nmlkj

Sim nmlkj

Sim,

Page 100: UNIVERSIDADE DE ÉVORA - repositorio.ipl.ptrepositorio.ipl.pt/bitstream/10400.21/1545/1/Prevalência de... · como dos serviços de saúde e segurança do trabalho (Hélis, 2005)

89

Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-37. Nos últimos 12 meses, esteve impedido de realizar o seu trabalho normal devido a esse problema?

Para responder por todos os Higienistas Orais. Teve algum problema durante os últimos 12 meses (fadiga, desconforto, dor, inchaço), que estivesse presente pelo menos 4 dias seguidos? Se SIM, refira qual a sua intensidade e frequência, marcando o valor correspondente

38. COTOVELOS

39. Indique em qual dos lados.

Preencha a tabela seguinte, assinalando com uma cruz o quadrado correspondente ao estado de fadiga, desconforto ou dor, em função dos segmentos corporais considerados. No caso de referir sintomas, indique qual a sua intensidade e a sua frequência anual, de acordo com as escalas que se seguem, marcando o valor correspondente:

C - Caracterização da sintomatologia ligada ao trabalho [COTOVELO...

*

C - COTOVELO(S)

Não nmlkj

Sim, quantos dias?

nmlkj

Não nmlkj

Sim nmlkj

Direito nmlkj

Esquerdo nmlkj

Ambos nmlkj

Sim,

Page 101: UNIVERSIDADE DE ÉVORA - repositorio.ipl.ptrepositorio.ipl.pt/bitstream/10400.21/1545/1/Prevalência de... · como dos serviços de saúde e segurança do trabalho (Hélis, 2005)

90

Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-Intensidade do desconforto /dor: 1- Ligeiro 2- Moderado 3- Intenso 4- Muito intenso Frequência (nº de vezes por ano): 1- Uma vez 2- 2 ou 3 vezes 3- 4 a 6 vezes 4- Mais de 6 vezes 40. COTOVELOS

41. Os sintomas referidos estão presentes ou estiveram presentes durante os últimos 7 dias?

42. Nos últimos 12 meses, esteve impedido de realizar o seu trabalho normal devido a esse problema?

Para responder por todos os Higienistas Orais. Teve algum problema durante os últimos 12 meses (fadiga, desconforto, dor, inchaço), que estivesse presente pelo menos 4 dias seguidos? Se SIM, refira qual a sua intensidade e frequência, marcando o valor correspondente

*  1 2 3 4

Frequência nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Intensidade nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

C - Caracterização da sintomatologia ligada ao trabalho [PUNHO/MÃO]

Não nmlkj

Sim nmlkj

Não nmlkj

Sim, quantos dias?

nmlkj

Page 102: UNIVERSIDADE DE ÉVORA - repositorio.ipl.ptrepositorio.ipl.pt/bitstream/10400.21/1545/1/Prevalência de... · como dos serviços de saúde e segurança do trabalho (Hélis, 2005)

91

Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-43. PUNHO/MÃO

44. Indique em qual dos lados.

Preencha a tabela seguinte, assinalando com uma cruz o quadrado correspondente ao estado de fadiga, desconforto ou dor, em função dos segmentos corporais considerados. No caso de referir sintomas, indique qual a sua intensidade e a sua frequência anual, de acordo com as escalas que se seguem, marcando o valor correspondente:

Intensidade do desconforto /dor: 1- Ligeiro 2- Moderado 3- Intenso 4- Muito intenso Frequência (nº de vezes por ano): 1- Uma vez 2- 2 ou 3 vezes 3- 4 a 6 vezes 4- Mais de 6 vezes 45. PUNHO/MÃO

*

C - PUNHO(S)/MÃO(S)

*  1 2 3 4

Frequência nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Intensidade nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Não nmlkj

Sim nmlkj

Direito nmlkj

Esquerdo nmlkj

Ambos nmlkj

Sim,

Outra

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Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-46. Os sintomas referidos estão presentes ou estiveram presentes durante os últimos 7 dias?

47. Nos últimos 12 meses, esteve impedido de realizar o seu trabalho normal devido a esse problema?

Para responder por todos os Higienistas Orais. Teve algum problema durante os últimos 12 meses (fadiga, desconforto, dor, inchaço), que estivesse presente pelo menos 4 dias seguidos? Se SIM, refira qual a sua intensidade e frequência, marcando o valor correspondente

48. COXAS

49. Indique em qual dos lados.

Preencha a tabela seguinte, assinalando com uma cruz o quadrado correspondente ao estado de fadiga, desconforto ou dor, em função dos segmentos corporais considerados. No caso de referir sintomas, indique qual a sua intensidade e a sua frequência anual, de acordo com as escalas que se seguem, marcando o valor correspondente:

C - Caracterização da sintomatologia ligada ao trabalho [COXAS]

*

C - COXA(S)

Não nmlkj

Sim nmlkj

Não nmlkj

Sim, quantos dias?

nmlkj

Não nmlkj

Sim nmlkj

Direito nmlkj

Esquerdo nmlkj

Ambos nmlkj

Sim,

Page 104: UNIVERSIDADE DE ÉVORA - repositorio.ipl.ptrepositorio.ipl.pt/bitstream/10400.21/1545/1/Prevalência de... · como dos serviços de saúde e segurança do trabalho (Hélis, 2005)

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Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-

Intensidade do desconforto /dor: 1- Ligeiro 2- Moderado 3- Intenso 4- Muito intenso Frequência (nº de vezes por ano): 1- Uma vez 2- 2 ou 3 vezes 3- 4 a 6 vezes 4- Mais de 6 vezes 50. COXAS

51. Os sintomas referidos estão presentes ou estiveram presentes durante os últimos 7 dias?

52. Nos últimos 12 meses, esteve impedido de realizar o seu trabalho normal devido a esse problema?

Para responder por todos os Higienistas Orais. Teve algum problema durante os últimos 12 meses (fadiga, desconforto, dor, inchaço), que estivesse presente pelo menos 4 dias seguidos? Se SIM, refira qual a sua intensidade e frequência, marcando o valor correspondente

*  1 2 3 4

Frequência nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Intensidade nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

C - Caracterização da sintomatologia ligada ao trabalho [JOELHOS]

Não nmlkj

Sim nmlkj

Não nmlkj

Sim, quantos dias?

nmlkj

Page 105: UNIVERSIDADE DE ÉVORA - repositorio.ipl.ptrepositorio.ipl.pt/bitstream/10400.21/1545/1/Prevalência de... · como dos serviços de saúde e segurança do trabalho (Hélis, 2005)

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Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-

53. JOELHOS

54. Indique em qual dos lados.

Preencha a tabela seguinte, assinalando com uma cruz o quadrado correspondente ao estado de fadiga, desconforto ou dor, em função dos segmentos corporais considerados. No caso de referir sintomas, indique qual a sua intensidade e a sua frequência anual, de acordo com as escalas que se seguem, marcando o valor correspondente:

*

C - JOELHO(S)

Não nmlkj

Sim nmlkj

Direito nmlkj

Esquerdo nmlkj

Ambos nmlkj

Page 106: UNIVERSIDADE DE ÉVORA - repositorio.ipl.ptrepositorio.ipl.pt/bitstream/10400.21/1545/1/Prevalência de... · como dos serviços de saúde e segurança do trabalho (Hélis, 2005)

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Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-Intensidade do desconforto /dor: 1- Ligeiro 2- Moderado 3- Intenso 4- Muito intenso Frequência (nº de vezes por ano): 1- Uma vez 2- 2 ou 3 vezes 3- 4 a 6 vezes 4- Mais de 6 vezes 55. JOELHOS

56. Os sintomas referidos estão presentes ou estiveram presentes durante os últimos 7 dias?

57. Nos últimos 12 meses, esteve impedido de realizar o seu trabalho normal devido a esse problema?

Para responder por todos os Higienistas Orais. Teve algum problema durante os últimos 12 meses (fadiga, desconforto, dor, inchaço), que estivesse presente pelo menos 4 dias seguidos? Se SIM, refira qual a sua intensidade e frequência, marcando o valor correspondente

*  1 2 3 4

Frequência nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Intensidade nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

C - Caracterização da sintomatologia ligada ao trabalho [TORNOZEL...

Não nmlkj

Sim nmlkj

Não nmlkj

Sim, quantos dias?

nmlkj

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Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-58. TORNOZELOS/PÉS

59. Indique em qual dos lados.

Preencha a tabela seguinte, assinalando com uma cruz o quadrado correspondente ao estado de fadiga, desconforto ou dor, em função dos segmentos corporais considerados. No caso de referir sintomas, indique qual a sua intensidade e a sua frequência anual, de acordo com as escalas que se seguem, marcando o valor correspondente:

Intensidade do desconforto /dor: 1- Ligeiro 2- Moderado 3- Intenso 4- Muito intenso Frequência (nº de vezes por ano): 1- Uma vez 2- 2 ou 3 vezes 3- 4 a 6 vezes 4- Mais de 6 vezes 60. TORNOZELOS/PÉS

*

C - TORNOZELO(S)/PÉ(S)

*  1 2 3 4

Frequência nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Intensidade nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Não nmlkj

Sim nmlkj

Direito nmlkj

Esquerdo nmlkj

Ambos nmlkj

Page 108: UNIVERSIDADE DE ÉVORA - repositorio.ipl.ptrepositorio.ipl.pt/bitstream/10400.21/1545/1/Prevalência de... · como dos serviços de saúde e segurança do trabalho (Hélis, 2005)

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Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-61. Os sintomas referidos estão presentes ou estiveram presentes durante os últimos 7 dias?

62. Nos últimos 12 meses, esteve impedido de realizar o seu trabalho normal devido a esse problema?

Responda às seguintes questões sobre o tipo de trabalho que desempenha na profissão.

63. Classifique o seu tipo de trabalho predominante (assinale apenas as actividades que realiza)

64. Tempo diário (horas)

65. Há quanto tempo desempenha o trabalho principal?

66. Costuma fazer pausas de pelo menos, 5 minutos seguidos, durante o seu dia de trabalho (excluindo a pausa para almoço)?

D - Caracterização dos aspectos relacionados com o exercício...

Clinico

Comunitário

Pedagógico

Outra

Anos

Meses

Não nmlkj

Sim nmlkj

Não nmlkj

Sim, quantos dias?

nmlkj

Clinico gfedc

Comunitário gfedc

Pedagógico gfedc

Outra

gfedc

Não nmlkj

Sim, quantas?

nmlkj

Page 109: UNIVERSIDADE DE ÉVORA - repositorio.ipl.ptrepositorio.ipl.pt/bitstream/10400.21/1545/1/Prevalência de... · como dos serviços de saúde e segurança do trabalho (Hélis, 2005)

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Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-67. Executa o seu trabalho a quatro mãos?

O seu posto de trabalho principal envolve algumas características; Classifique-as de acordo com os sintomas referidos anteriormente.

68. Percentagem do tempo diário

69. Relação com sintomas

E - Relação dos sintomas com a actividade de trabalho

*  < 30% ≥ 30% < 50% ≥ 50% < 70% ≥ 70%

Trabalho sentado nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Trabalho de pé nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Braços a cima da altura dos ombros

nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Inclinar o tronco nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Rodar o tronco nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Repetitividade de movimentos dos braços

nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Repetitividade de movimentos das mãos/dedos

nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Precisão com os dedos nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Aplicar força com as mãos ou dedos

nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

*  Sem relação

Pouco relacionado

Muito relacionado

Totalmente relacionado

Trabalho sentado nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Trabalho de pé nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Braços a cima da altura dos ombros

nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Inclinar o tronco nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Rodar o tronco nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Repetitividade de movimentos dos braços

nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Repetitividade de movimentos das mãos / dedos

nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Precisão com os dedos nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Aplicar força com as mãos ou dedos

nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

F - Tempo diário gasto na execução das actividades mais frequentes

Sempre nmlkj

Frequentemente nmlkj

Raramente nmlkj

Nunca nmlkj

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99

Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-

70. Seleccione qual a proporção de tempo diário gasto na execução das seguintes actividades:

  Ocasional Pouco frequente Frequente Muito frequenteTécnicas de Higiene Oral nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Destartarização nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Alisamento radicular nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Polimento profilático nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj

Outra nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj