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UNIVERSIDADE DE ÉVORA
MESTRADO EM INTERVENÇÃO SÓCIO-ORGANIZACIONAL NA SAÚDE
Curso ministrado em associação com a Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa - IPL
(Adequado ao Processo de Bolonha conforme Registo na DGES nº. R/B-AD-917/2007)
ÁREA DE ESPECIALIZAÇÃO EM
QUALIDADE E TECNOLOGIAS DA SAÚDE
Prevalência de Lesões Músculo-Esqueléticas Ligadas ao Trabalho (LMELT) em Higienistas Orais: contributo para a saúde e segurança no local de trabalho
Dissertação de Mestrado apresentada por:
Maria de Fátima da Assunção Duarte Aluno nº 4434
Orientador:
Prof. Doutor Florentino Serranheira
Évora/Lisboa Julho, 2011
Prevalência de LMELT nos Higienistas Orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
I
Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um chama-se ontem e o outro
chama-se amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e
principalmente viver.
"Dalai Lama”
Prevalência de LMELT nos Higienistas Orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
II
Agradecimentos
A Deus, pela minha existência e teimosia em querer fazer!
O meu maior agradecimento vai para o meu orientador, Sr. Professor Doutor
Florentino Serranheira, porque sempre acreditou em mim, pelo incentivo
mantido e porque me engrandeceu com o seu saber transmitido.
Em seguida tenho de destacar a minha Amiga e Colega, Sra. Dra. Sandra
Ribeiro, minha mestra, pela sua constante e desmedida paciência e vontade
de fazer e ajudar em qualquer momento. Sem ela tudo teria sido muito mais
difícil.
Ao meu marido, Ricardo, porque sei que posso sempre contar com ele em
todas as horas da nossa vida. E sei que está sempre do meu lado.
À minha família, porque mesmo que de forma indirecta, consigo sempre o seu
apoio.
À Inês Santos pela cumplicidade de ajudar nas horas difíceis.
Aos colegas que colaboraram no inquérito do estudo, porque sem os dados
deles o trabalho não era fazível.
A todos os meus amigos e até inimigos (se é que os tenho), o meu grande
agradecimento, por me lembrarem, muitas vezes que, eu sou uma pessoa
que dificilmente desisto dos meus projectos.
E a todos que de uma forma directa ou mesmo indirecta estiveram comigo
nesta caminhada.
Prevalência de LMELT nos Higienistas Orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
III
Resumo
Apesar das lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho (LMELT) se
encontrarem entre as doenças profissionais mais prevalentes nos higienistas
orais (HO), não se conhece nenhum estudo que avalia esta problemática nos
profissionais Portugueses.
O presente estudo investigou a prevalência de sintomas de LMELT nos
higienistas orais, procurando relações com as actividades mais frequentes.
Um questionário de auto-preenchimento foi distribuído a 415 HO obtendo-se
uma taxa de resposta de 61,2%.
Os sintomas de LMELT mais referidas estão ao nível do pescoço (52%),
punho/mão (47,8%), zona dorsal (45,2%), lombar (44,5%) e ombro
(40,9%). Apesar de existirem algumas associações significativas ao nível da
parte superior do corpo, somente a variável género apresentou associação
significativa forte com a variável ―qualquer sintoma em qualquer localização‖
(p=0,001).
Este estudo sugere que as LMELT são um problema entre os higienistas orais
portugueses. Mais estudos serão necessários para melhor compreender esta
problemática e estabelecer estratégias preventivas que ajudem a minimizar o
seu impacto.
PALAVRAS-CHAVE: Lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho; saúde
ocupacional; higienistas orais; prevalência; questionário.
Prevalence of musculoskeletal disorders in dental hygienist: contribution for
the health and safety on the workplace
IV
Abstract
Despite work-related musculoskeletal disorders (WRMSDs) are among the
most prevalent occupational diseases between dental hygienists (DH), any
known study have explored this problem in the Portuguese professionals.
The present study investigated the prevalence of WRMSDs symptoms in
dental hygiene professionals, looking for relationships with the most frequent
activities.
A self-reporting questionnaire was distributed to 415 DH from which a
response rate of 61,2% was achieved.
The WRMSDs symptoms most commonly reported are at the neck (52%),
hand/wrist (47,8%), upper back (45,2%), lower back (44,5%) and shoulder
(40,9%) regions. Although there are some significant associations in the
upper body, only gender revealed a significant association with the presence
of ―any symptom in any body location‖ (p=0,001).
Overall, this study suggests that WRMSDs are a common problem among
dental hygienists in Portugal. As such, further studies are required to better
understand this problem and to establish preventive strategies that minimize
its impact.
Key-words: work-related musculoskeletal disorders; occupational health;
dental hygienists; prevalence; questionnaire.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
V
Índice Geral
Agradecimentos ..................................................................................... II
Resumo ............................................................................................... III
Abstract .............................................................................................. IV
Índice Geral .......................................................................................... V
Índice de Quadros ............................................................................... VII
Índice de Tabelas................................................................................ VIII
Índice de Gráficos ................................................................................. IX
Abreviaturas e Siglas ............................................................................. X
1 - Introdução ....................................................................................... 1
2 - O Trabalho e a Saúde dos Trabalhadores ............................................. 5
2.1 - As doenças ligadas ao trabalho ..................................................... 8
2.2 - A importância das lesões músculo-esqueléticas ............................. 10
2.3 - O panorama europeu das lesões músculo-esqueléticas ................... 14
2.3.1 - Dados referentes a LMELT por género na UE ........................... 17
2.3.2 - Dados referentes a LMELT por idade na UE ............................. 17
2.3.3 - Dados referentes a LMELT por sectores de trabalho na UE ........ 18
2.3.4 - Dados referentes a LMELT por trabalho dependente vs
independente na UE ....................................................................... 18
3 – Aspectos Gerais da Etiopatogenia das Lesões Músculo-esqueléticas
Ligadas ao Trabalho .............................................................................. 18
3.1 - Factores de risco das LMELT ........................................................ 22
3.2 - As principais lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho ......... 27
4 - As Lesões Músculo-esqueléticas Ligadas ao Trabalho em Saúde Oral ...... 33
4.1 - O perfil na profissão dos Higienistas Orais..................................... 35
4.2 - Áreas de actuação ..................................................................... 37
4.3 - Caracterização da profissão ........................................................ 37
5 – Objectivos do Estudo ....................................................................... 39
6 - Metodologia .................................................................................... 40
6.1 - Delineamento do estudo ............................................................. 40
6.2 - Recolha de dados ...................................................................... 41
6.3 - Análise de dados ....................................................................... 42
6.4 - Pré – Teste do questionário ......................................................... 43
6.5 - Limitações do estudo ................................................................. 43
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
VI
7 - Resultados ...................................................................................... 45
7.1 - Variáveis demográficas e antropométricas .................................... 45
7.2 - Caracterização do estado de saúde .............................................. 46
7.3 - Caracterização profissional .......................................................... 47
7.4 – Prevalência de lesões músculo-esqueléticas .................................. 48
8 - Discussão ....................................................................................... 61
9 - Considerações Finais ........................................................................ 65
10 - Recomendações ............................................................................. 67
11 - Bibliografia .................................................................................... 69
ANEXO 1 ............................................................................................. 76
ANEXO 2 ............................................................................................. 79
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
VII
Índice de Quadros
Quadro 1 - Proporção do total de casos de doenças profissionais (DP) e
LMELT na Europa entre 2000-2005. ........................................................ 16
Quadro 2 – LMELT: exemplos de designações ......................................... 21
Quadro 3 – Principais factores de risco de LMELT..................................... 24
Quadro 4 - As principais LMELT ............................................................. 28
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
VIII
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Patologias dos membros superiores ........................................ 30
Tabela 2 - Características antropométricas dos inquiridos ......................... 46
Tabela 3 - Características profissionais dos Higienistas Orais ..................... 47
Tabela 4 - Frequências absolutas e relativas (%) da sintomatologia músculo-
esquelética para a região do pescoço ...................................................... 50
Tabela 5- Frequências absolutas e relativas (%) da sintomatologia músculo-
esquelética para a zona dorsal................................................................ 51
Tabela 6 – Frequências absolutas e relativas (%) da sintomatologia músculo-
esquelética para a zona lombar. ............................................................. 52
Tabela 7 -- Frequências absolutas e relativas (%) da sintomatologia
músculo-esquelética para os ombros ....................................................... 53
Tabela 8 - Frequências absolutas e relativas (%) da sintomatologia músculo-
esquelética para punhos/mãos ............................................................... 54
Tabela 9 - Percentagem diária de tempo gasto em determinadas condições 57
Tabela 10 - Absentismo ao trabalho por localização anatómica ................. 60
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
IX
Índice de Gráficos
Gráfico 1 - Representação gráfica da idade por classes nos Higienistas Orais
.......................................................................................................... 45
Gráfico 2 - Percentagem de inquiridos com sintomas na parte superior do
corpo .................................................................................................. 48
Gráfico 3 - Frequências relativas (%) à sintomatologia por zona corporal nos
últimos 7 dias e nos últimos 12 meses .................................................... 49
Gráfico 4 – Representação percentual do número de sintomas na parte
superior do corpo.................................................................................. 55
Gráfico 5 - Frequências relativas (%) das diferentes actividades clínicas .... 58
Gráfico 6 – Número de inquiridos com impedimento ao trabalho por
sintomatologia dolorosa nos últimos 12 meses. ........................................ 60
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
X
Abreviaturas e Siglas
CNPCRP - Centro Nacional de Protecção Contra Riscos profissionais
dp – Desvio padrão
DH – Dental Hygienists
DP – Doenças Profissionais
EASHW - European Agency and Safety Health at Work
EFILWC - European Foundation for Improvement of Living and Working
Conditions
EODS - European Occupational Diseases Statistics
ESWC - European Survey on Working Conditions
FMDUL – Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa
HO – Higienista Oral/Higiene Oral
IFDH – International Federation of Dental Hygienists
IMC – Índice de Massa Corporal
LME - Lesões Músculo-esqueléticas
LMELT- Lesões Músculo-esqueléticas Ligadas ao Trabalho
LMEMSLT - Lesões Músculo-esqueléticas do Membro Superior Ligadas ao
Trabalho
OIT - Organização Internacional do Trabalho
ILO - International Labour Organization
NRC/IOM - The National Research Council/Institute of Occupational Medicine
OMS - Organização Mundial da Saúde
OSHA – Occupational Safety and Health Administration
QNM - Questionário Nórdico Músculo-Esquelético
SPSS - Statistical Package for the Social Sciences
TCC - Túnel do Canal Cárpico
UE - União Europeia
WHO - World Health Organization
WRMSDs - Work-related Musculoskeletal Disorders
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
1
1 - Introdução
As lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho (LMELT), nomeadamente
as lesões ao nível do membro superior (Hamann, 2004) têm sido
referenciadas como as doenças profissionais mais comuns nos Higienistas
Orais (Ylipaa, Arnetz, & Preber, 1999).
O Trabalho ao longo da história da Humanidade tem desenrolado um papel de
elevada importância. Na perspectiva das doenças profissionais este contribui
de forma inequívoca na potenciação do risco da saúde e segurança do
trabalho (Uva, 2006).
As inter-relações e interdependências entre trabalho e saúde são o objecto de
estudo específico da Saúde Ocupacional e de acordo com Uva e Faria (1992)
este tema é naturalmente complexo.
Pelo facto de existir uma economia cada vez mais competitiva, centrada na
componente financeira em detrimento do valor humano, assiste-se de forma
regular, ao aumento do número de casos de doenças relacionadas e ligadas
com o trabalho, em particular com os ritmos acelerados de trabalho. A
crescente automatização das linhas de montagem coloca o homem a
responder ao ritmo imposto, quer no início das linhas de produção
(alimentação da linha), quer no final (retirar o produto), ou ainda nas
situações em que a tecnologia actual ainda não permite a automatização. No
essencial, o homem é visto com uma extensão da máquina e a generalidade
das iniciativas de reestruturação produtiva estão centradas apenas na
componente produtiva, desvalorizando o homem. No leque das doenças
profissionais mais frequentes surgem as lesões músculo-esqueléticas ligadas
ao trabalho (Schneider & Irastorza, 2010).
As LMELT são as doenças profissionais mais comuns na União Europeia, e os
trabalhadores de todos os sectores podem ser afectados (EASHW, 2007;
Schneider & Irastorza, 2010). De acordo com o Bureau of Labor Statistics
(Hamann, 2004) acima de 60% das doenças profissionais são LMELT crónicas.
Sabe-se também que estas doenças profissionais constituem uma das
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
2
grandes preocupações dos serviços de gestão de recursos humanos assim
como dos serviços de saúde e segurança do trabalho (Hélis, 2005) com uma
dimensão individual e social com custos intangíveis (Serranheira, Uva, &
Santo, 2009a).
As LMELT podem ser definidas como síndromes de dor crónica e podem
afectar uma ou mais regiões do corpo no decorrer de uma actividade física,
repetitiva, que envolve posturas estáticas e/ou extremas e, acima de tudo,
aplicação de força, quer repetitiva, quer em posições angulares extremas. As
regiões mais vulgarmente afectadas são a região cervical e os membros
superiores (Serranheira, Uva, & Lopes, 2008).
De acordo com Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho as
LMELT têm etiologia multifactorial e é difícil na maioria das vezes estabelecer
uma causa exacta da doença - nexo de causalidade (EASHW, 2007; Schneider
& Irastorza 2010; WHO, 2003). Localizam-se normalmente no membro
superior e na coluna vertebral, mas podem ocorrer noutras localizações, como
joelhos ou tornozelos, dependendo da área do corpo afectada e da actividade
de risco desenvolvida pelo trabalhador (Schneider & Irastorza, 2010).
Na origem das lesões músculo-esqueléticas do membro superior ligadas ao
trabalho (LMEMSLT) estão normalmente actividades que exigem força elevada
com as mãos, postura extremas dos membros superiores, repetitividade de
movimentos e compressão mecânica das estruturas anatómicas dos membros
superiores (Serranheira, 2007). Considera-se também que a exposição a
ferramentas vibratórias manuais possa influenciar e de uma forma elevada, o
risco de contrair LME, por haver uma exposição a vibrações, quer da mão-
braço quer do corpo inteiro (Serranheira, Lopes, & Uva, 2004).
Na União Europeia (UE) dos 27, um quarto dos trabalhadores queixa-se de
lombalgias e quase um quarto diz sofrer de dores musculares. Estas lesões
são motivo de grande preocupação: afectam a saúde dos trabalhadores a
nível individual e aumentam os custos empresariais e sociais das empresas e
dos países europeus. Prejudicam o trabalho, diminuem a produtividade e
podem causar absentismo por doença e incapacidade profissional crónica
(EASHW, 2007; Schneider & Irastorza, 2010).
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
3
Segundo Bernard (1997), existem vários factores de risco: físicos,
psicossociais e individuais que podem levar ao desenvolvimento das LMELT.
Nos factores de risco físico destacam-se as posturas e movimentos extremos,
movimentação de cargas, movimentos repetitivos ou estáticos durante
períodos de tempo alargados, os esforços excessivos e a exposição a
vibrações.
Os Higienistas Orais (HO) são profissionais de saúde que, na sua vertente
clínica, utilizam frequentemente os membros superiores, com gestos e
movimentos repetitivos, sobretudo com os punhos/mãos e dedos. Essa
prevalente utilização anatómica encontra-se dependente das exigências
externas, designadamente, dos instrumentos com frequência vibratórios, e
fundamentalmente dos constrangimentos da sua manipulação observada na
zona oral, entre outros. Assim, presume-se que estes profissionais
apresentem um risco elevado de contrair LMEMSLT. Basicamente, são as
posturas de trabalho, a força e a repetitividade dos gestos impostos pelos
equipamentos, utensílios e posição do utente, os principais condicionantes
que podem levar a estas lesões e todos esses factores de risco estão
presentes na actividade diária dos HO. Outro dos factores referenciados é o
stress diário a que o HO está exposto, mormente pelo número de pacientes
que vê e muitas vezes devido às frequentes exigências temporais por atraso
entre consultas e que vão influenciar determinantemente as suas atitudes e
modos operatórios no decorrer da actividade profissional.
Dados dos anos 80-90 revelam uma prevalência de LMELT nos HO que atingiu
os 62% (Michalak-Turcotte, 2000). De acordo com Sanders (2010) existem
estudos indicativos de que mais do que 56% dos HO se queixam de ter
sintomas ao nível túnel canal cárpico (Lalumandier, McPhee, Parrott, &
Vendemia, 2001; Macdonald, 1987), e ainda que a prevalência de LMELT na
generalidade é maior, com percentagens que vão de 63% a 95%, quando são
combinados a zona lombar, pescoço, ombro, braço e mão (Akesson,
Johnsson, Rylander, Moritz, & Skerfving, 1999; Atwood & Michalak-Turcotte,
1992; Shenkar, Mann, Shevach, Ever-Hadani, & Weiss, 1998).
O presente trabalho tem como objectivo geral, identificar a prevalência da
sintomatologia auto-referida pelos higienistas orais relacionada com as lesões
músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho incluindo elementos de relação com
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
4
a caracterização sócio-demográfica, de saúde e, principalmente, da actividade
de trabalho.
Este trabalho inicia-se com uma introdução ao estudo e apresenta duas partes
distintas. A primeira parte incide sobre a fundamentação teórica do trabalho
através da revisão bibliográfica do tema. O objectivo é o de proporcionar ao
leitor a oportunidade de compreender as lesões músculo-esqueléticas ligadas
ao trabalho (LMELT) e os seus mecanismos etiopatogénicos, e ainda os
factores de risco. A segunda parte descreve a metodologia do estudo,
principalmente o modelo do estudo, a sua caracterização, os métodos de
recolha de informação, técnicas de tratamentos de dados e as limitações do
estudo.
Por último faz-se a análise e discussão dos resultados obtidos, comparando
com estudos anteriores. São feitas ainda as considerações finais e
recomendações/sugestões do estudo conduzido com o grupo profissional dos
higienistas orais.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
5
2 - O Trabalho e a Saúde dos Trabalhadores
O Trabalho designado como factor necessário para o desenvolvimento
económico, técnico e social, tem sido de extrema importância ao longo do
percurso de toda a história da Humanidade e de acordo com a Organização
Mundial da Saúde (1995) e Uva (2006) o universo do trabalho abrange 45%
da população, o que indica que um elevado número de pessoas na sua vida
adulta dedica grande parte do seu tempo no desempenho profissional, que
nem sempre é isento de perigo (Uva & Faria, 2000).
A actividade laboral/trabalho, como conceito em Saúde deve considerar-se
como o conjunto de actividades executadas num ambiente próprio por um
determinado individuo (Miranda, 2002).
São conhecidos dados que referem que entre 6 000 a 8 000 trabalhadores
europeus perdem por ano a vida em consequência de acidentes de trabalho,
enquanto mais de 10 milhões são vítimas de acidentes de trabalho e doenças
profissionais (Conselho Económico e Social, 2001).
Referenciando o género, as mulheres constituem a maioria dos trabalhadores
nos sectores da saúde (79%), da educação (72%), em outros serviços (61%),
e no comércio por grosso e a retalho (55%). Estes sectores empregam mais
de metade das mulheres. Os homens constituem 89% dos trabalhadores do
sector da construção, 80% dos que trabalham nos serviços públicos e 74%
dos trabalhadores dos transportes e comunicações (Fundação Europeia para a
Melhoria das Condições de Trabalho, 2007).
A industrialização tem seguido desde o final do séc. XIX um modelo
inicialmente taylorista e, já mais recentemente, de parcelização do trabalho,
onde «começaram a haver tarefas e processos que gradualmente se tornaram
mais simples e elementares. E aqui pode referir-se o trabalho de montagem
em indústrias, quase sempre organizado de forma sequencial (Serranheira,
Uva, & Santo, 2009b).
Já no séc. XX surgiu uma corrente sócio-técnica que favoreceu o valor das
tarefas e a sua diversificação, sempre de forma básica e simples. Nesta altura
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
6
criaram-se métodos de ―diversificação‖ do trabalho que assentavam na
alternância entre postos de trabalho, muitas vezes de forma similar,
aumentando todavia os tempos de trabalho e diminuindo os ciclos de
produção (Serranheira et al., 2009b).
Estas formas de organização do trabalho trouxeram vantagens mas também
desvantagens. A principal vantagem consistiu num sistema de rotação entre
postos de trabalho, e a maior desvantagem consistiu na rotação dos postos de
trabalho que não obedecia a critérios ―protectores‖ das capacidades
fisiológicas dos trabalhadores que passaram a desempenhar a sua actividade
em diferentes lugares mas com exigências idênticas, ou seja, mantiveram-se
as exigências, ainda que repartidas entre diversos e distintos postos de
trabalho, onde essencialmente o trabalhador executa gestos similares, com
aplicações de força e posturas extremas (Serranheira, Uva, & Santo, 2007;
Serranheira et al., 2009b).
Sabe-se também que a influência das condições de trabalho na vida dos
trabalhadores e na capacidade competitiva das empresas sempre foi
reconhecida na sociedade moderna, e que na actualidade se considera que a
promoção da saúde e segurança no trabalho deve traduzir-se numa
intervenção global e integrada, que envolva os trabalhadores, assim como
todos os sectores e dimensões das empresas (Conselho Económico e Social,
2001).
Neste contexto é importante referir os riscos para a saúde relacionados com o
trabalho, e estes naturalmente serão diferentes, conforme o tipo de actividade
profissional, e dependem acima de tudo, das condições em que o seu
desempenho é feito (Uva & Faria, 1992).
Foi durante a Revolução Industrial na Europa que os serviços de medicina do
trabalho de empresa se desenvolveram, com o objectivo maior de tratar os
acidentes de trabalho e doenças profissionais, para além dos cuidados gerais
de saúde (Murray, 1987). É a partir daqui que se desenvolve o conceito de
exposição profissional e se aumentam os estudos sobre os efeitos negativos
dos factores profissionais de risco para a saúde e segurança e a sua
consequente abordagem preventiva (Uva, 2006). Contudo, só após a 2ª
Guerra Mundial é que aos factores de risco profissionais clássicos, os agentes
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
7
causais de acidente de trabalho e essencialmente de natureza mecânica, são
acrescentados outros factores profissionais, nomeadamente de natureza física
e química, tais como o trabalho físico intenso, as condições de trabalho com
exposição a stress térmico, a exposição a substâncias químicas ou a
exposição a ruído (WHO, 1990).
Com a profunda mudança nos últimos anos (iniciada na década de 60), pela
entrada de novas tecnologias, como por exemplo o processo de
automatização no sector secundário e as elevadas alterações organizacionais,
fizeram com que houvesse um reconhecimento maior dos factores
profissionais de natureza psicossocial na saúde dos trabalhadores. Esta
situação pouco ou nada era reconhecida até então, por oposição aos factores
de risco ―clássicos‖ de natureza física e química que sempre dominaram as
preocupações da segurança e saúde do trabalho (Uva, 2006).
Vários têm sido os esforços na manutenção de importantes preocupações
relacionadas com a prevenção dos acidentes de trabalho e das doenças
profissionais. Apesar disto, quer os acidentes de trabalho, quer as doenças
ligadas ao trabalho mantêm-se como uma fonte de preocupação actual (Uva,
2006). Ainda são muitas as situações que levam a que cerca de 350.000
trabalhadores sejam obrigados a mudar de emprego ou de local de trabalho
ou mesmo a reduzir o tempo de trabalho. Sabe-se também que perto de
300.000 trabalhadores ficam com diferentes graus de incapacidade
permanente, e dentro destes, 15.000 são excluídos do sistema de trabalho
para o resto da vida (Comissão das Comunidades Europeias, 2002).
A Saúde Ocupacional (actualmente com a denominação Saúde e Segurança
do Trabalho – ―Occupational Safety and Health‖) define-se segundo o Comité
Misto OIT/OMS (1950) como um serviço organizado no local de trabalho ou na
sua proximidade e destinado a: (i) promoção e a manutenção do maior bem-
estar físico, mental e social dos trabalhadores de todas as profissões,
independentemente da sua situação no emprego; (ii) prevenção da doença
relacionada com as condições de trabalho; (iii) protecção dos trabalhadores
dos riscos profissionais; (iv) colocação e manutenção dos trabalhadores num
ambiente de trabalho adaptado às suas capacidades físicas e psicológicas. O
conceito foi revisto em 1994, no mesmo comité, dando realce à manutenção
de um ambiente de trabalho são e seguro, aos aspectos não só da protecção
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
8
da saúde mas também a acções que levem a manter a capacidade de trabalho
e à necessidade da participação dos trabalhadores na gestão desses
objectivos (Uva & Graça, 2004).
A nível europeu existe a directiva-quadro (Directiva 89/391/CEE do Conselho,
de 12 de Junho de 1989) que denominou o que se entendia como Saúde
Ocupacional ou Saúde e Segurança do Trabalho por Segurança Higiene e
Saúde dos Trabalhadores nos Locais de Trabalho (Uva, 2006).
2.1 - As doenças ligadas ao trabalho
A noção de que certas profissões podem induzir doença não é recente.
Efectivamente, já há mais de 300 anos, em 1700, Bernardino Ramazzini,
médico italiano, que poderemos considerar o pai da Medicina do Trabalho,
considerava que o trabalho em condições climáticas adversas e em ambientes
mal ventilados podia originar doença e aconselhava períodos de repouso,
exercício e posturas correctas, situação que continua a ser flagrantemente
actual (Hamann, 2004; Miranda, 2002).
Segundo Miranda (2002), é a interacção entre tarefa/máquina+ambiente
laboral/trabalhador que representa o ponto-chave de toda a patologia
relacionada ao trabalho.
Segundo estimativas da Organização Internacional do Trabalho (ILO, 2005)
em cada dia morrem 5000 trabalhadores como resultado das doenças
―ligadas‖ ao trabalho (Uva, 2006).
As doenças ―ligadas‖ ao trabalho englobam um conjunto de entidades, das
quais se destacam, a doença profissional e os acidentes de trabalho (factores
inerentes ao trabalho são condição essencial para a génese da doença), as
―doenças relacionadas com o trabalho‖ (a influência dos factores profissionais
é diluída num contexto multifactorial e não tem carácter decisivo) e as
―doenças agravadas pelo trabalho‖ (a influência dos factores profissionais, não
dizendo respeito à génese da doença, implicam apenas na sua evolução e no
correspondente resultado final (Faria & Uva, 1988; Uva & Graça, 2004).
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
9
Estas patologias abrangem situações clínicas do sistema músculo-esquelético
contraídas pelo trabalhador, quando submetido a determinadas condições de
trabalho e exposto a factores de risco profissionais de natureza
ambiental/física, da actividade e psicossociais/organizacionais (Kuorinka &
Forcier, 1995).
É importante ainda reconhecer-se que os riscos profissionais não são variáveis
incontroláveis mas que, frequentemente, surgem do modo concreto e de
acordo com a forma de organização que o trabalho é feito. A promoção da
saúde e a segurança dos trabalhadores deve desenvolver-se, de forma
sustentada, em obediência ao princípio de adaptação do trabalho ao Homem,
assumindo-se como indicador de modernidade das organizações de trabalho
(Conselho Económico e Social, 2001).
Nas últimas duas ou três décadas tem sido dado maior destaque no que
respeita aos factores profissionais de natureza psicossocial na saúde dos
trabalhadores da saúde, que até aqui, pouco ou mesmo nada se tinham
valorizado. Foi também no início dos anos oitenta que passou a ser dado
maior destaque às lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho, que
surgiam da exposição a factores de risco mais relacionados com a actividade
do que com as condições de trabalho prescrito (Uva, 2009).
De acordo com terceiro inquérito europeu sobre condições de trabalho, no
decurso de 2000 (os anteriores foram em 1990 e 1995), parece haver uma
melhoria da percepção dos trabalhadores, quanto aos riscos para a saúde e
segurança com origem no trabalho que executam. Apesar disso, uma
percentagem cada vez maior de trabalhadores queixa-se de problemas de
saúde relacionados com o trabalho. Referem um aumento das lesões
músculo-esqueléticas (dores lombares e musculares, em particular no pescoço
e ombros) assim como o cansaço geral (23% em ambos os casos). O stress
parece manter-se com níveis aproximados entre os valores registados em
1995 e 2000 (28%). A constatar uma forte correlação entre o stress e as
lesões músculo-esqueléticas e as características da organização do trabalho,
nomeadamente, o trabalho repetitivo e a cadência do trabalho. Os
trabalhadores com tarefas repetitivas estão mais sujeitos a sofrerem de
lesões músculo-esqueléticas (EFILWC, 2000).
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
10
Num número considerável de países, os trabalhadores da saúde (médicos,
enfermeiros, técnicos de diagnóstico e terapêutica, entre outros) constituem
um dos grupos profissionais mais numerosos e são aqueles que naturalmente
se encontram sujeitos a maior número de riscos, alguns dos quais específicos
do desempenho de determinadas actividades profissionais (Uva & Faria,
1992).
Foram diversos os estudos, desde o inicio dos anos sessenta, que revelaram
que os trabalhadores da saúde, como qualquer outro grupo profissional,
podem estar expostos a factores de risco de natureza profissional no exercício
das suas actividades profissionais. Em Portugal, nos últimos anos os serviços
de saúde e segurança em hospitais têm vindo a ser estruturados, contudo
ainda são poucos os estudos sobre as atitudes e expectativas dos profissionais
de saúde em relação aos aspectos de Saúde e Segurança do Trabalho (Uva &
Prista, 2005).
Como consequência duma economia competitiva, assistimos cada vez mais ao
aumento de casos de doenças que estão relacionados com o ritmo de trabalho
mais acelerado, e com a reestruturação produtiva. As Lesões Músculo-
esqueléticas (LME) incluem-se nessas doenças (Schneider & Irastorza, 2010).
2.2 - A importância das lesões músculo-esqueléticas
As LME apesar de serem um tema profusamente abordado na actualidade, já
tiveram relevância na Antiguidade (400 a.c.) e foram alvo de citações, como
por exemplo na obra Epidemia, de Hipócrates (Dembe, 1996).
Quando um indivíduo é exposto a um conjunto de factores de risco que, no
essencial o agridem, relacionados com o trabalho ou meio ambiente e para as
quais não encontra resposta ou mecanismos protectores, poderá estar-se
perante o desenvolvimento de uma lesão músculo-esquelética ligada ao
trabalho. Estas LMELT constituem actualmente o paradigma das doenças
profissionais e resultam muitas das vezes por agressões mínimas que vão de
forma acumulada, por um período variável de tempo, desencadear queixas
músculo-esqueléticas (Miranda, 2002).
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
11
As lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho são doenças profissionais
frequentes (Serranheira et al., 2009b) e permanecem a doença profissional
mais corrente na União Europeia, e os trabalhadores de todos os sectores
podem ser afectados. E ainda de acordo com os dados do EODS (2005),
mesmo sabendo-se que subestimados, as LMELT abrangem cerca de 39% da
lista obrigatória de doenças classificadas (Schneider & Irastorza, 2010).
Em Portugal, as doenças profissionais estão classificadas no Decreto-Lei n.º
6/2001 de 5 de Maio (Lista de Doenças Profissionais) e há obrigatoriedade de
haver notificação das mesmas, apesar de constatar-se que nem sempre são
dados a conhecer todos os casos no Centro Nacional de Protecção Contra os
Riscos Profissionais (CNPCRP). Contudo, mesmo sabendo-se que os dados
estatísticos disponíveis não são rigorosos, que permitam conhecer a
importância das LMELT, o número de notificações tem vindo a aumentar e de
acordo com os dados do CNPCRP, não publicados (2011), atingiram-se
valores próximos de 60% de entre todas as doenças profissionais. Os dados
do European Survey on Working Conditions (ESWC, 2005) referem em
Portugal, no ano de 2001, que 30.7% de trabalhadores apresentavam queixas
de dor de costas e cerca de 28.8% referiam dores musculares (dados
retirados do departamento de estatística do trabalho, emprego e formação
profissional, Abril de 2001).
As exigências músculo-esqueléticas são referidas com maior ênfase nos
Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica (74%), de que fazem parte os
Higienistas Orais, e nos Enfermeiros (69%). Os factores de risco relacionados
com a organização do trabalho e com o ―stress‖ ocupacional são mais
expressivos nos grupos profissionais dos Enfermeiros e Médicos (Uva & Prista,
2005).
De maneira geral as LMELT são consideradas uma causa importante de
absentismo-doença, de incapacidade e de gastos em cuidados de saúde
Badley et al., 1995; Rosenstock, 1997; Melhorn, 1998 (como citado em Uva
et al., 2001).
As LME são patologias que se instalam insidiosamente em determinados
segmentos do corpo em consequência do trabalho que exige movimentos
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
12
repetitivos, esforços excessivos e posturas extremas. A doença atinge
trabalhadores de diversos ramos de actividade (Schneider & Irastorza, 2010).
Ao longo de muitos anos, várias foram as medidas implementadas para a
prevenção destas lesões, contudo poucos foram os contributos efectivos para
a diminuição da sua prevalência. Desta forma, e porque este assunto requer
importância actual, não só a nível individual como social, e porque o aumento
do número de casos tem vindo a surgir, é urgente que se avaliem as
situações de risco para que se defina correctamente a prevenção das LMELT
(Serranheira et al., 2009b).
Em Portugal, as referências às LMELT são muitas vezes subdiagnosticadas,
omissas ou mesmo esquecidas em relação às estatísticas oficiais.
Normalmente são as actividades onde existem cadências impostas, com
tempos de trabalho reduzidos – repetitividade, aplicação de força, posturas
extremas ao nível dos membros superiores e exposição a vibrações, que
determinam uma probabilidade maior de surgirem, ou mesmo se
desenvolverem, situações de LMEMSLT. Essas actividades podem também
encontrar-se em trabalhos extremamente diversificados, como a indústria da
panificação ou a prestação de cuidados de saúde (Serranheira et al., 2009b),
designadamente a saúde oral (Cherniack et al., 2006; Michalak-Turcotte,
2000).
Também se demonstrou que existe maior incidência de dor reportada, de
lesões, de absentismo e invalidez em indivíduos que estão expostos a elevado
nível de exposição a cargas físicas, do que naqueles que estão em profissões
com reduzidos níveis de exposição a esses factores de risco. Há igualmente
uma forte plausibilidade para a relação entre a incidência de lesões músculo-
esqueléticas e a exposição elevada a determinados factores de risco da
actividade profissional (NRC/IOM, 2001; Schneider & Irastorza, 2010).
Assim as lesões músculo-esqueléticas não são causadas exclusivamente pela
exposição profissional, são induzidas por um conjunto de factores. A
Organização Mundial da Saúde chama-lhes ―condições de trabalho‖ pois elas
podem surgir pela exposição profissional, bem como por factores externos ao
trabalho (WHO, 1985).
Os dois factores de risco mais frequentes para homens e mulheres são os
movimentos repetitivos da mão e/ou do braço e o trabalho em posições
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
13
extremas ou fatigantes: mais de 62% dos trabalhadores fazem movimentos
repetitivos da mão e/ou do braço durante um quarto do tempo ou mais,
enquanto 46% trabalham em posições extremas ou fatigantes (Schneider &
Irastorza, 2010).
A percentagem de trabalhadores que refere movimentos repetitivos da mão
ou do braço aumentou nos últimos anos. Este é o risco físico mais referido,
com 62% da população trabalhadora a declarar estar exposta ao mesmo
trabalho durante um quarto ou mais do tempo de trabalho. Os sintomas mais
referidos são as dores na coluna vertebral (25%) e as dores musculares
(23%), seguidos pela fadiga e o stress (22%). Estes problemas são sobretudo
mencionados pelos trabalhadores dos sectores da agricultura, da saúde, da
educação e da construção. (EASHW, 2007).
De acordo com dados recentes, torna-se evidente que as LMELT constituem
uma proporção significativa das doenças profissionais com absentismo. Este
facto é, sem dúvida, confirmado pelos estudos realizados a nível europeu que
dizem haver um enorme impacto pelos dias de trabalho perdidos ao nível dos
Estados Membros da União Europeia relativos às LMELT (Schneider &
Irastorza, 2010).
As LMELT são motivo de preocupação não só pelos efeitos que produzem na
saúde individual dos trabalhadores, como também no impacto económico que
têm sobre as empresas pelos custos sociais que acarretam para os países
europeus. Em relatórios anteriores da agência (Buckle & Devereux, 1999)
refere-se que determinados estudos apontam para estimativas de custos de
LMEMSLT, entre 0.5% e 2% do Produto Interno Bruto. As LMELT continuam a
ser um problema de saúde significativo e em largo crescimento (Schneider &
Irastorza, 2010).
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
14
2.3 - O panorama europeu das lesões músculo-esqueléticas
Na Região Europeia, os dados provenientes da Organização Mundial da Saúde
(WHO, 1990), apontam para 43% da população empregada, o que significa
cerca de 350 milhões de indivíduos no activo.
Sabe-se que na Europa, sobretudo ao nível dos Estados Membros da União
Europeia, existem dados significativos de que as LMELT são um problema de
saúde significativo no rol das doenças profissionais, e que atingem custos
muito elevados. Contudo, e pelo facto de não existirem critério uniformes na
sua definição, torna-se difícil obter uma estimativa da prevalência de LMELT
na União Europeia (Buckle & Devereux, 1999; Serranheira et al., 2008).
De cinco em cinco anos, a Fundação Europeia para a Melhoria das Condições
de Vida e de Trabalho realiza um inquérito a nível europeu sobre as condições
de trabalho. O primeiro inquérito foi realizado em 1990. Estes inquéritos têm
como objectivo fornecer uma visão geral da situação das condições de
trabalho na UE, identificando questões relevantes e alterações que acontecem
no local de trabalho. O objectivo geral é contribuir para um melhor
acompanhamento da qualidade do trabalho e do emprego no espaço europeu.
De acordo com o ultimo relatório em 2005, 24.7% dos trabalhadores
europeus queixa-se de dores na coluna vertebral e 22.8% de dores
musculares, sabendo-se que 45.5% refere trabalhar em posições cansativas e
dolorosas (EASHW, 2007). E ainda que as LMELT representam 38.1% de
todas as doenças profissionais, e quando incluído a síndrome do túnel do
canal cárpico, esta percentagem sobe para 59% (Schneider & Irastorza,
2010).
Estudos europeus recentes fornecem provas evidentes de que as LMELT,
nomeadamente as dos membros superiores, são consideradas doenças
profissionais e estão a aumentar. Em cada ano que passa, milhões de
trabalhadores europeus, nas mais diversas profissões, são afectados por estas
lesões no seu trabalho diário. As LMELT continuam a ser um dos grandes
problemas profissionais de saúde (Schneider & Irastorza, 2010).
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
15
De acordo com o European Occupational Diseases Statistics (EODS, 2005) do
total das doenças profissionais, as mais comuns (de acordo com os registos)
são a epicondilite do cotovelo (16,054 casos) e a tenossinovite da mão e
punho (12,962 casos). Em relação à síndrome do túnel do canal cárpico
existem 17,395 casos (Schneider & Irastorza, 2010).
Ao nível da Europa o sector da construção civil corresponde a 7,9% da
população activa e em Portugal parece ser este o sector mais afectado pelas
LMELT (Schneider & Irastorza, 2010; Uva, 2006).
Com base nos dados disponíveis dos Estados-Membros, pode concluir-se que
as LMELT são um dos maiores problemas de saúde nos locais de trabalho, na
Europa. Na Bélgica as doenças provocadas pela vibração mecânica (a maior
parte são lesões das costas que surgem nos sectores dos transportes e
construção) representam o maior número de indemnizações de todas as
doenças profissionais. Na República Checa, as LMELT representam cerca de
33% de todas as doenças profissionais notificadas e em Espanha são as
doenças profissionais mais prevalentes (Schneider & Irastorza, 2010). Em
França, as LME estão a aumentar largamente depois do início dos anos 90, e
representam à data, 76% das doenças profissionais com origem diversificada
(Hélis, 2005). Parece haver uma tendência crescente do número de LMELT em
muitos dos países dos Estados-Membros (Schneider & Irastorza, 2010).
Apoiado nas estatísticas do EUROGIP (2007) pode apresentar-se de forma
resumida as percentagens de LMELT, ao nível da UE (países membros)
comparadas com o número de casos da totalidade das doenças profissionais,
nos anos de 2000 a 2005 (Quadro 1).
Pode observar-se uma disparidade de valores entre os países membros, à
excepção da Alemanha e Dinamarca. Estes dois países têm poucos casos de
LMELT comparados com as estatísticas referidas nos outros seis estados-
membros, sobretudo na França e Espanha em que a proporção de casos é
igual ou superior a 70%. Na Alemanha o número de casos é baixo no mesmo
período (2000-2005). Também na Bélgica o número de casos identificados
desceu drasticamente nos últimos anos, contrariamente à Itália em que os
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
16
números aumentaram, e ainda na República Checa onde a percentagem de
casos aumentou de 27% para 29,8%, entre 2004-2005.
Quadro 1 - Proporção do total de casos de doenças profissionais (DP) e
LMELT na Europa entre 2000-2005.
2000 2001 2002 2003 2004 2005
Alemanha LMELT
Total DP
% LMELT
933
16,41
4
5,68%
-
-
-
980
16,669
5,9%
926
15,75
8
5,9%
846
15,83
2
5,3%
755
14,920
5%
Bélgica LMELT
Total DP
% LMELT
-
-
-
-
-
-
1,691
3,624
46.7%
1,316
3,340
39.4
%
747
2,358
31.7
%
719
2,358
30.5%
Dinamarca
LMELT
Total DO
% LMELT
-
-
-
511
2,391
21.4
%
437
2,430
18 %
513
3,045
16.8
%
526
2,302
22.8%
593
5,652
10.5%
Espanha LMELT
Total DP
% LMELT
-
-
-
-
-
-
-
-
-
22,89
9
26.85
7
85 %
24,81
4
28.72
8
86 %
26,833
30.030
89.35
%
França LMELT
Total DP
% LMELT
-
-
-
26,06
0
35,69
5
73 %
31,428
41,581
75.6 %
31,18
1
44,57
5
70 %
34,46
1
48,03
9
71.7%
39,040
51,830
75.3
%
Itália LMELT
Total DP
% LMELT
1,016
7,755
13.1
%
1,371
8,549
16 %
1,651
8,734
18.9 %
1,524
8,032
19 %
2,025
7,329
2.6 %
2,316
7,379
31.4
%
Rep. Checa
LMELT
Total DP
% LMELT
634
1,751
36.2
%
552
1,677
32.9
%
562
1,600
35.2 %
518
1,558
33.3
%
375
1,388
27 %
557
1,400
39.8
%
Suécia LMELT
Total DP
% LMELT
4,409
11,94
5
36.9
%
4,174
12,545
33.3 %
3,650
12,37
0
29.5
%
3,575
11,27
5
31.7%
3,965
11,825
33.5
%
Fonte: EUROGIP, 2007
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
17
2.3.1 - Dados referentes a LMELT por género na UE
Mais de um quarto dos homens (26.6%) e 22.3% das mulheres na UE-27
sofre de ―dores de costas‖ enquanto as dores musculares apresentam valores
mais baixos: 24.3% e 20.8% respectivamente.
As LMELT entre homens e mulheres apresentam padrões diferentes,
provavelmente por reflectir a segregação que existe ao nível dos diferentes
tipos de trabalho que cada um exerce.
A taxa de incidência de LMELT nos homens é maior do que nas mulheres mas
em proporção as restantes doenças profissionais assumem-se com valores
maiores nas mulheres: LMELT + Síndrome do Túnel do Canal Cárpico
representam 85% do leque das doenças profissionais entre as mulheres
(média de 59%).
A percentagem de LMELT + Síndrome do Túnel do Canal Cárpico aumentou
39% entre as mulheres de 2002 até 2005, numa média de 32% (Schneider &
Irastorza, 2010; Serranheira et al., 2004, 2008).
2.3.2 - Dados referentes a LMELT por idade na UE
A probabilidade de aparecerem LMELT aumenta com a idade. Os
trabalhadores europeus mais velhos referem ter mais LMELT. Por exemplo
24.2% dos trabalhadores com idade acima dos 55 anos queixam-se de dores
nas costas. Contudo os trabalhadores com idades abaixo dos 25 anos também
apresentam queixas significativas de LMELT, isto é, 17.7% sofrem de dores
nas costas e 16.5% de dores musculares. Esta situação parece ocorrer
sobretudo porque os trabalhadores mais jovens estão maioritariamente
empregados em sectores onde o trabalho físico é frequente e onde a
prevalência dos factores de risco pode ser maior, nomeadamente pelo
trabalho repetitivo, caso de trabalhos na agricultura, construção, restauração,
entre outros (Schneider & Irastorza, 2010).
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
18
2.3.3 - Dados referentes a LMELT por sectores de trabalho
na UE
De acordo com Schneider e Irastorza (2010) a taxa de maior incidência de
LMELT foi encontrada nos trabalhadores da saúde, serviço social, transportes,
armazenamento, comunicações, construção e agricultura (1.2 a 1.6 vezes
maior que a média). A agricultura e a pesca apresentam valores iguais de
50.5%, na construção (36.5%) e transportes, armazenamento e
comunicações (28.4%) seguidos da saúde e serviço social (26.3%).
2.3.4 - Dados referentes a LMELT por trabalho dependente
vs independente na UE
Os trabalhadores da UE-27 em regime de trabalho independente parecem
apresentar mais problemas com a saúde (42.8%) do que os trabalhadores
dependentes (34%). Um terço dos trabalhadores independentes (31.3%)
refere ter dores nas costas enquanto os dependentes mostram apenas 23.3%.
Em relação às dores musculares, os dados referem 29.9% para os
trabalhadores independentes e 21.4% para os dependentes (Schneider &
Irastorza, 2010).
3 – Aspectos Gerais da Etiopatogenia das Lesões
Músculo-esqueléticas Ligadas ao Trabalho
As lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho constituem um conjunto
de patologias profissionais já muito antigo: Imothep, 2 500 a.c. descreveu o
primeiro caso de lombalgia aguda num escravo que trabalhava na edificação
duma pirâmide (Golberg & Imbernon, 2005).
Com base no conhecimento cientifico, poder-se-á afirmar que as exigências
físicas e/ou biomecânicas dos diversos tipos de trabalho, podem estar na
génese das LME (Serranheira et al., 2004).
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
19
Segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2003), as LMELT são um
conjunto de doenças inflamatórias e degenerativas, de natureza multifactorial,
ao nível do aparelho músculo-esquelético e ocorrem no contexto de uma dada
actividade profissional, repetitiva, com manutenção postural e/ou
manuseamento de cargas (Serranheira et al., 2004). Localizam-se
normalmente no membro superior e na coluna vertebral, mas podem ocorrer
noutras localizações, como joelhos ou tornozelos, dependendo da área corpo
afectada e da actividade de risco desenvolvida pelo trabalhador. O tratamento
e a recuperação são normalmente insatisfatórios, especialmente nas situações
crónicas. Em certos casos, as LMELT podem levar a situações de incapacidade
permanente e perda de emprego (Schneider & Irastorza, 2010).
O sistema músculo-esquelético é composto por ossos, músculos, tendões
ligamentos, cartilagens, nervos e vasos sanguíneos. Este é um sistema
dinâmico que absorve e distribui as cargas e suporta o corpo (EUROGIP,
2007; Schneider & Irastorza, 2010; Yamalik, 2006). Estas lesões resultam de
fenómenos inflamatórios, vasculares e degenerativos em proporções e
localizações diferentes de indivíduo para indivíduo (Clot, 2005).
Qualquer zona corporal pode ser afectada, apesar dos membros superiores e
a coluna vertebral serem as áreas mais atingidas (Schneider & Irastorza,
2010). Estas lesões representam uma ampla gama de alterações, que variam
em severidade, desde sintomas leves até aos crónicos severos e mesmo a
condições debilitantes (Bernard, 1997).
As LMELT abarcam um largo número de doenças inflamatórias e
degenerativas do sistema locomotor, onde se incluem:
- Inflamação dos tendões e das bainhas que envolvem os tendões (tendinites
e tenossinovites) especialmente no antebraço, cotovelo, punho e ombro, e
mais evidente em profissões que envolvam longos períodos de trabalho
repetitivo e estático.
- Mialgias, i.e. dor e limitação funcional dos músculos, que ocorre
predominantemente na região do pescoço e ombros. Surgem em profissões
com o trabalho estático de grande exigência.
- Compressão dos nervos. Surge especialmente no pulso e antebraço.
- Lesões degenerativas ao nível da coluna vertebral, geralmente ao nível do
pescoço e região lombar e ocorrem especialmente em trabalhos com
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
20
movimentos manuais de carga ou em trabalhos físicos pesados. Contudo
estas lesões também podem aparecer na anca ou joelhos (EUROGIP, 2007;
Schneider & Irastorza, 2010).
Os sintomas mais associados às LMELT englobam frequentemente a dor, a
maior parte das vezes localizada mas que pode irradiar para áreas corporais,
as parestesias, na área afectada ou em área próxima, a sensação de peso, a
fadiga ou desconforto localizado a determinado segmento corporal e a
sensação de perda ou mesmo perda de força (Kuorinka & Forcier, 1995). Nas
situações clínicas com evolução crónica pode também aparecer edema e
alodínia. Estes sintomas são referenciados em diferentes associações e em
diversos graus de intensidade, consoante o quadro clínico presente e o seu
estadio, salientando que a dor quase sempre está presente (Serranheira et
al., 2004).
De forma geral os sintomas surgem de maneira insidiosa com maior evidência
no final do dia de trabalho ou durante os picos de produção, ocorrendo o
alívio dos sintomas com o repouso e os períodos de descanso, tais como
folgas ou fins-de-semana. A contínua exposição aos factores de risco
desencadeantes leva a que os sintomas iniciais, que são descontínuos,
possam tornar-se persistentes e mantidos, arrastando-se muitas vezes pela
noite e nos períodos de repouso, afectando por vezes o sono. Estes sintomas
podem inclusive ser desencadeados por esforços mínimos, provocando
interferência com o próprio trabalho e alterando as actividades do quotidiano
e outras actividades extra-profissionais (Serranheira et al., 2008).
Sabe-se que, e através de vários estudos, que as LME surgem pela
intensificação do trabalho imposto por diversos factores, mas é importante
não esquecer que os factores profissionais psicossociais também têm de ser
valorizados. É por esta razão que as LMELT são muitas vezes chamadas
doenças psicossomáticas, sabendo também que é a doença profissional mais
indemnizada e a que causa mais dias de trabalho perdido (Hélis, 2005).
Na base do desenvolvimento do risco de LMELT está o que se designa por
―dose de exposição‖ e esta é determinada por (1) a intensidade, (2) a
duração e (3) a frequência. Estas dimensões relacionam-se com o tempo de
recuperação e podem ser condicionantes do desequilíbrio entre as solicitações
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
21
biomecânicas e os tempos de recuperação. Desta forma é importante
perceber que a presença de factores de risco no local de trabalho, não
determina por si só, o risco de desenvolver LMELT, visto que a ―dose de
exposição‖ é determinante (Serranheira et al., 2004, 2008).
A bibliografia apresenta uma vasta nomenclatura na designação das LMELT de
acordo com cada grupo de investigação. Cada país tem uma denominação
diferente e esta relaciona-se com a história do processo de reconhecimento
da doença, como ocupacional. No meio científico actual, a tendência mundial
é utilizar cada vez mais a denominação Work Related Musculoskeletal
Disorders (WRMD) (Serranheira et al., 2008).
O quadro 2 faz a referência dos vários exemplos de designações de LMELT ao
nível dos diversos países.
Quadro 2 – LMELT: exemplos de designações
País Designação
EUA Cumulative Trauma Disorders (CTD)
Canadá e
Reino Unido
Repetitive Strain Injuries (RSI)
Austrália Occupational Overuse Syndrome (OOS)
Japão e Suécia Cervicobrachial Syndrome / Occupational Cervicobrachial
Disorder
França e Canadá Troubles Musculosqueletiques (TMS) / Lésions
Attribuables aux Travaux Répétitifes (LART)
Brasil Lesões por Esforços Repetitivos (LER) / Distúrbios
Osteomusculares Relacionados com o Trabalho (DORT)
Portugal Lesões Músculo-esqueléticas Ligadas ao Trabalho
(LMELT) ou Relacionadas com o Trabalho (LMERT)
Fonte: Serranheira, Uva, Lopes, 2008
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
22
A designação para doenças ―ligadas‖ ao trabalho deve ser entendido como um
conjunto de entidades, onde se engloba os acidentes de trabalho, as doenças
profissionais, as doenças ―relacionadas‖ com o trabalho e as doenças
―agravadas‖ pelo trabalho (Serranheira et al., 2008; Uva & Graça, 2004).
Trata-se de situações em que o trabalho interfere negativamente, e de
diferentes formas, na saúde dos trabalhadores e de forma necessária nos
profissionais de saúde (Uva, 2009).
3.1 - Factores de risco das LMELT
Um factor de risco é um elemento da situação de trabalho que pode provocar
um efeito negativo (Serranheira et al., 2008; Uva & Graça, 2004).
A manter-se um quadro evolutivo cada vez mais ―mecanicista‖ do trabalho, é
possível prever o aumento da competitividade e o aumento de factores de
risco principalmente relacionados com a actividade profissional. Serão
factores de risco não tão ligados ao trabalho físico intenso, como aconteceu
no passado, mas sobretudo ligados à repetitividade de gestos e movimentos,
à adopção de atitudes de trabalho anti-fisiológicas ou à imposição de
cadências e ritmos de trabalho (Serranheira et al., 2008).
As causas das lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho são de origem
multifactorial e os factores de risco estão bem definidos e englobam factores
físicos, da actividade e psicossociais (Bernard, 1997; Schneider & Irastorza,
2010).
Desta forma é importante salientar que na etiologia das LME são factores a
considerar: (1) aspectos físicos, organizacionais, sociais, no exercício do
trabalho e no local de trabalho, (2) aspectos físicos e sociais fora dos local de
trabalho, incluindo as actividades físicas, trabalhos extras e valores culturais
(3) as características individuais, físicas e psicológicas do indivíduo, onde se
inclui a idade o género, a massa corporal, hábitos pessoais como o hábito
tabágico, e provavelmente alguma predisposição genética (Serranheira & Uva,
2002; WHO, 1985).
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
23
O essencial é avaliar os factores de risco que resultam da exposição
profissional, tendo em conta os factores individuais fora do exercício
profissional. A complexidade do problema torna-se maior porque todos estes
factores interagem e variam ao longo do tempo e de situação para situação
(WHO, 1985).
Desta forma, e segundo a Organização Mundial de Saúde, as ―Doenças
Ligadas ao Trabalho‖ (―Work-related diseases‖) são patologias com natureza
multifactorial onde o ambiente e a actividade profissional contribuem
largamente, mas apenas como um entre uma série de factores, para a
etiologia da doença (WHO, 1985).
Os factores de risco (profissionais) mais evidentes e que podem levar ao
desenvolvimento de LMELT são: trabalho repetitivo (movimentos
estereotipados), posturas extremas e dor, gestos frequentes, aplicação de
força, levantamento e transporte de cargas, ausência de períodos de
descanso entre actividades e tempos prolongados de pé ou a andar. É
importante salientar que outras actividades de natureza extra-profissional
também podem estar na origem dessas lesões e provocarem factores de
confundimento (Schneider & Irastorza, 2010 Serranheira et al., 2004).
É importante salientar que uma grande proporção de trabalhadores está
exposto a factores de risco de LMELT e muito provavelmente a mais do que
um em simultâneo (Schneider & Irastorza, 2010). Ao nível da UE, o trabalho
repetitivo é o factor de risco mais frequente no desenvolvimento de lesões
músculo-esqueléticas (Miranda, 2002; Schneider & Irastorza, 2010).
De uma forma suportada e sintética e apoiado no modelo multifactorial de
risco para as LMEMSLT (Hagberg et al., 1995; Schneider & Irastorza, 2010)
destacam-se: (1) factores de risco relacionados com a actividade,
insuficientemente valorizados pelas organizações e responsáveis pela saúde
dos trabalhadores; (2) factores de risco individuais ou relativos à
susceptibilidade individual, também chamados co-factores de risco (Malchaire,
1999); (3) factores de risco organizacionais/psicossociais, dentro do contexto
do trabalho, que embora sejam também factores de risco profissionais, não
são considerados como os ―clássicos‖ profissionais (ver quadro 3)
(Serranheira et al., 2004, 2008).
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
24
A exposição ao factor de risco pode causar (ou não) doença ou lesão,
dependendo de vários factores adicionais ou seja a exposição a um factor X.
O factor de risco só é importante na etiologia da doença se a exposição do
trabalhador for acima dos níveis considerados aceitáveis. Assim sendo, a
exposição deverá ser avaliada em função da duração, relativamente ao tempo
de trabalho e/ou frequência da exposição (Serranheira et al., 2008).
Quadro 3 – Principais factores de risco de LMELT
Factores de risco de LMELT
Actividade Individuais Organizacionais/psicossociais
aplicação de força idade ritmos intensos de trabalho
levantamento e
transporte de cargas
sexo baixa latitude decisional;
monotonia de tarefas; ausência
de controlo
choques e impactos peso pressão temporal; ausência de
pausas
repetitividade (gestos
e/ou movimentos)
características
antropométricas
estilo de chefia; relacionamento
com os colegas
posturas estáticas ou
repetidas no limite
articular
situação de
saúde
avaliação do desempenho
contacto com
ferramentas
vibratórias
patologias
(ex.diabetes)
exigências de produtividade
temperaturas
extremas-frio
estilos de vida
não saudáveis
trabalho por objectivos;
insatisfação profissional
Fonte: Serranheira, Lopes & Uva, 2008
Os principais factores de risco físicos da actividade de trabalho são: a postura,
a repetitividade, a força e a exposição a vibrações (Serranheira et al., 2008).
No que respeita à postura adoptada pelo trabalhador nas suas tarefas
profissionais, Serranheira et al. (2008) entre outros, defendem que esta é um
factor de risco de LME quando ultrapassa, pelo menos, metade da amplitude
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
25
de movimento da articulação envolvida na actividade e quando se verifica
durante um período considerável do dia de trabalho, habitualmente por mais
de 2 horas num período diário de trabalho de 8 horas (Serranheira et al.,
2004, 2008). A postura e os movimentos dos membros superiores são muitos
importantes no risco de várias LMELT. A lesão deriva de posições extremas e
de movimentos de cada articulação devido a posturas mantidas durante muito
tempo (mesmo não extremas) bem como de movimentos específicos e
fortemente repetitivos dos vários segmentos corporais. De forma geral a
aceitabilidade relaciona-se com a frequência e a duração (Miranda, 2002).
Existe repetitividade sempre que se façam movimentos idênticos mais de
duas a quatro vezes por minuto, em ciclos de trabalho de duração inferior a
trinta segundos ou realizados durante mais de quatro horas, no total de um
dia de trabalho (Serranheira et al., 2004, 2008).
A força traduz o movimento biomecânico necessário para atingir uma dada
acção ou sequência de acções. Estas acções podem ser estáticas ou
dinâmicas. A dinâmica parece ser a mais importante como factor de risco
(Miranda, 2002). A força, como factor de risco profissional, está relacionada
com a intensidade da sua aplicação, com o tempo de duração e respectivos
períodos de recuperação, sobretudo em acções de trabalho
predominantemente estático (Serranheira et al., 2004, 2008).
Nos factores individuais destaca-se a idade, que pode ser ou não um
potencial factor de risco pelo facto de acumular os riscos do trabalho e o
envelhecimento biológico, que acarreta uma diminuição da força muscular e
mobilidade articular (verdadeiros factores de risco).
Outro dos factores é o sexo. Sabe-se através de alguns estudos que existe
uma maior prevalência de sintomas no sexo feminino. Esta situação parece
existir pelas características biológicas distintas entre homens e mulheres, ou
seja nas mulheres a capacidade física é inferior, o que implica uma carga de
trabalho maior quando estas assumem postos de trabalho semelhantes aos
dos homens. Referem-se ainda as alterações hormonais relacionadas com a
menopausa, onde há perda óssea e consequentemente diminuição de força. A
acrescentar ainda o facto de a maior parte das mulheres estarem em postos
de trabalhos menos diferenciados, ou seja, mais repetitivos e com elevadas
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
26
cadências o que pode fomentar o desenvolvimento de LMELT. É ainda
importante perceber o papel que as mulheres mantêm nas actividades
domésticas, o que lhes confere mais solicitações biomecânicas dos membros
superiores e coluna vertebral (Schneider & Irastorza, 2010; Serranheira et al.,
2008).
Ainda nos factores individuais é de acrescentar que as características
antropométricas dos trabalhadores, sobretudo o peso e altura, podem
contribuir para a génese de LMELT, principalmente quando se tratam de
indivíduos com uma morfologia que se afasta dos ―padrões médios‖ da
população. Os hábitos e estilos de vida também podem concorrer para o risco
de lesões, designadamente actividades desportivas, condução (exposição a
vibrações), actividades de ocupação de tempos livres, e actividades
domésticas, por exposição extra-profissionais, com frequência a factores de
risco de LMELT, Cole & Rivilis (2004, como citado em Serraheira et al., 2008,
pág. 43). Paralelamente, também se julga que algumas doenças (entre
outras, o hipotiroidismo, a diabetes mellitus tipo II, as doenças renais e do
foro reumatológico), contribuam para o aparecimento de LMELT. O consumo
de álcool e o tabaco podem também aumentar a vulnerabilidade músculo-
esquelética pelo aparecimento de neuropatias, miopatias, e de alterações da
circulação sanguínea (Serranheira et al., 2004, 2008). A gravidez parece
predispor para estas lesões por haver um desequilíbrio osmótico, de
alterações hormonais, o que potencia o aparecimento da síndrome do túnel do
canal cárpico (Weimer, Yin, Lovelace, & Gooch, 2002).
Relativamente aos factores de risco organizacionais/psicossociais, a evidência
científica levou tempo a relacionar as influências psicossociais com o
desenvolvimento de LMELT. O facto é que existem estudos epidemiológicos
que apresentam provas de relação entre a incidência de LMELT e os ritmos
intensos de trabalho, a monotonia das tarefas e o reduzido suporte social
(Bernard, 1997).
Apesar de se conhecerem os diversos factores de risco na génese das LMELT,
a aplicação de medidas de prevenção envolve sempre aspectos de grande
complexidade (Serranheira & Uva, 2002).
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
27
Essa complexidade reside, desde logo, no frequente desconhecimento ou pelo
menos insuficiente conhecimento, sobre o nível de exposição abaixo do qual
não se observam efeitos adversos (NOAEL – no observed adverse effect level)
(Uva & Graça, 2004; Uva, 2006) na exposição a factores de risco, mesmo
quando considerados isoladamente (Westgaard & Winkel, 1996). Por outro
lado, a interacção entre os diversos factores de risco, na complexidade das
suas interdependências, é estimada como substancialmente acrescida,
eventualmente exponencial, para o risco de desenvolvimento das lesões e, de
forma muito particular, quando se verifica a exposição simultânea a factores
de risco como a repetitividade e a aplicação de força (Silverstein, Fine, &
Armstrong, 1986). Estes aspectos, entre outros, condicionam o processo de
diagnóstico das situações de risco resultando alguma incerteza e a
consequente dificuldade no processo de gestão (ou controlo) do risco dessas
lesões.
Desta forma é pois necessário identificar os factores de risco, avaliar o risco e
as suas eventuais consequências (no trabalhador e nos organismos) que o
trabalho pode desencadear (Serranheira et al., 2004). Para além disto,
importa conhecer as variáveis individuais que podem constituir situação de
susceptibilidade ou de vulnerabilidade (ou não) na ocorrência das lesões, tais
como os factores anátomo-fisiológicos relacionados com a idade, o sexo ou a
capacidade física de cada trabalhador (Uva, 2009).
3.2 - As principais lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho
As LMELT definem-se como síndromes de dor crónica, que afectam uma ou
mais partes do corpo, com maior frequência na região cervical, os ombros, os
membros superiores, incluindo braço, cotovelo, antebraço, punho, mão e
dedos e de modo geral, a coluna vertebral, com particular evidência a nível da
região lombar (Bernard, 1997).
As principais queixas, como já dito anteriormente, são a dor, o desconforto,
as parestesias, a fadiga, a sensação de peso e a perda de força. De referir
que a dor aparece geralmente na região das estruturas afectadas, caso das
tendinites e tenossinovites, e agrava pela mobilização da articulação
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
28
subjacente ou pela pressão local. No caso das lesões de compressão nervosa,
a dor estende-se a toda a zona do nervo lesado. Se houver continuação da
exposição aos factores de risco, os sintomas que inicialmente eram
intermitentes podem persistir de forma mantida, alterando o sono e mesmo
os períodos de repouso do trabalhador. Os sintomas podem ser exibidos
mesmo com esforços mínimos (Serranheira et al., 2004).
As principais LMELT, segundo vários autores (Serranheira et al., 2007), são
agrupadas de acordo com as estruturas anatómicas afectadas (quadro 4).
Quadro 4 - As principais LMELT
Ombro
e
Pescoço
Síndrome do desfiladeiro
torácico
Mialgia do trapézio
Síndrome cervical
Tendinite bicipital
Tendinite do supra-
espinhoso
Tendinite da coifa dos
rotadores
Bursite sub-acromio-
deltoidea
Cotovelo
Epicondilite
Epitrocleite
Síndrome do
canal radial
Síndrome do
canal cubital
Bursite do
cotovelo
Coluna
Vertebral
Cervicalgias
Dorsalgias
Lombalgias
Hérnias discais
Joelho
Bursite pré-
patelar
Gonartrose
Mão e
Punho
Síndrome do túnel cárpico
Síndrome do canal de Guyon
Tendinites dos flexores/extensores do punho
Doença de De Quervain
Higroma da mão
Tenossinovite estenosante digital
Rizartrose
Doença de Kienböck
Osteonecrose do escafóide (Doença de Köhler)
Fenómeno de Raynaud
Contratura de Dupuytren
Cãibras da mão
Fonte: Serranheira, 2007
As lesões músculo-esqueléticas podem ser classificadas em três categorias
Putz-Anderson (1988 como citado em Serranheira, Uva, & Lopes, 2008, pág.
65) e de acordo com a tipologia das patologias:
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
29
1) - Lesões localizadas ao nível dos tendões e bainhas, que incluem de
modo geral, as tendinites, as tendinoses e as tenossinovites, a doença de De
Quervain e os quistos das bainhas dos tendões.
2) - Lesões dos nervos que abarcam todas as síndromes canaliculares, onde
há lesão de um nervo, como acontecem na Síndrome do Túnel Cárpico e na
Síndrome do canal de Guyon.
3) - Lesões neuro-vasculares que englobam todas as patologias onde exista
contacto entre nervos e os vasos sanguíneos (lesão nervosa e vascular em
simultâneo), e ainda as síndromes de exposição a vibrações.
De acordo com Hagberg et al. (1995) esta classificação não contempla as
lesões osteo-articulares (raquialgias) e as lesões das bolsas articulares
também consideradas lesões músculo-esqueléticas ligadas ao trabalho.
Neste contexto é importante fazer uma descrição sumária das LMELT mais
comuns e sobretudo das mais frequentes nos HO, nomeadamente, ao nível do
membro superior (Hamann, 2004; Serranheira et al., 2004).
As lesões músculo-esqueléticas do membro superior ligadas ao trabalho são
as LMELT mais frequentes e manifestam-se no seu inicio por desconforto ou
mal-estar, fadiga, relacionados por esforço intenso, esforços consecutivos ou
ainda com esforço sem intervalos de recuperação. São vários os casos em que
a sintomatologia persiste, podendo agravar-se e muitas vezes traduzirem-se
em situações patológicas que podem levar à incapacidade (Serranheira et al.,
2008).
As LMEMSLT abrangem um conjunto grande de lesões distribuídas pelas
diferentes áreas anatómicas. Neste sentido e não pretendendo haver uma
forma exaustiva na apresentação de todos os quadros clínicos faz-se uma
abordagem de algumas lesões músculo-esqueléticas (Tabela 1), dando
destaque às seguintes: Tendinite da Coifa dos Rotadores, Síndrome do
Túnel do Canal Cárpico, Doença de De Quervain.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
30
Tabela 1 - Patologias dos membros superiores
Patologia Sintomas Sinais Factores de risco
laborais
Tenossinovite de
De Quervain
(Mão)
Dor ao nível do polegar Manobra de Finkelstein
positiva
Edema e palpação
dolorosa
Actividades laborais
que impliquem
movimentos finos de
pinçar acompanhados
de movimentos de
rotação do punho
Dedo em “gatilho”
(tenossinovite
estenosante digital)
(Mão)
LME mais frequente na
mão.
Dor local acompanhada
por um movimento de
―gatilho‖ do dedo
afectado, por vezes
com bloqueio
Dor ao longo do trajecto
do tendão com a flexão e
extensão resistida e
alongamento passivo.
Empastamento, palpação
dolorosa e edema da
bainha tendinosa
Flexão ou extensão
excessivas,
movimentos de
apertar (rato de
computador, pistolas
de ar comprimido)
Síndrome do túnel
cárpico
(Mão)
Parestesias e
adormecimento das
mãos no território do
nervo mediano (mais
nocturno), atinge
ambos os punhos
sendo a fraqueza e a
atrofia muscular sinais
tardios
Manobra de Phalen e
sinal de Tinel positivos
no território do nervo
mediano, confirmação do
quadro através da
electromiografia
Desvio repetido do
punho da posição
neutral,
repetitividade,
vibração, stress
mecânico
Síndrome do túnel
de Guyon
(Mão)
Parestesias e
adormecimento das
mãos no território do
nervo cubital
Manobra de Phalen e
sinal de Tinel positivos
no território do nervo
cubital
Prolongada
extensão/flexão do
punho e pressão na
eminência hipotenar
(carimbar)
Contratura de
Dupuytren
(Mão)
Dor pouco intensa e
uma função mantida,
com curso variável, até
quadros com grave
deformidade e
incapacidade num
curto período de tempo
Espessamento nodular e
contracção da fáscia
palmar levando um ou
mais dedos a uma flexão
mantida ao nível das
articulações
metacarpofalângicas:
4º dedo é mais afectado
Relaciona-se com a
utilização de
ferramentas vibráteis
(martelos
pneumáticos, brocas,
serras, etc.)
Síndroma do túnel
radial
(Cotovelo)
Parestesias no
território de
distribuição do nervo
radial
Sinal de Tinel positivo
sobre o nervo radial
Movimentos repetidos
de rotação do
antebraço, flexão
repetida do punho
com pronação ou
extensão do punho
Tendinite da Coifa
dos Rotadores
(Ombro)
Dor ao nível do supra-
espinhoso
Elevação com
abdução dos ombros
associada a elevação
de força
Fonte: Miranda, 2002
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
31
Tendinite da Coifa dos Rotadores
É uma das mais frequentes patologias do ombro e resulta da realização de
actividades que exigem a elevação mantida ou repetida dos membros
superiores ao nível dos ombros ou acima deles ou ainda da realização de
movimentos de circundação com os braços elevados. A coifa dos rotadores
(conjunto de tendões dos músculos supra-espinhoso, infra-espinhoso e
pequeno redondo) é frequentemente atingida. As actividades que exigem
elevação mantida ou repetida dos membros superiores ao nível dos ombros
ou acima deles ou os movimentos de circundação com os membros superiores
elevados e ainda as contracções estáticas dos músculos do ombro, provocam
um conflito entre a coifa, principalmente do tendão do músculo supra-
espinhoso, contra a arcada acrómio-coracoideia, levando a micro
traumatismos do tendão e desencadeando uma situação inflamatória e
possível degenerescência do mesmo, Pujol (1993 como citado em Serranheira
et al., 2004, pág. 25).
O diagnóstico é feito através da anamnese com uma boa caracterização da
dor. Os exames complementares são a ressonância magnética e a ecografia
do ombro. A radiografia simples do ombro só serve para situações tardias da
lesão.
Manifestações clínicas: dor quase sempre intermitente, localizada na região
anterior ou lateral do ombro, por vezes irradiando para o braço, sem
parestesias, podendo ser agravada pelo movimento de abdução activa do
braço ou em contra-resistência e ainda pela rotação interna ou externa do
cotovelo em flexão (Serranheira et al., 2004, 2008).
Síndrome do Túnel Cárpico
A síndrome do túnel cárpico é uma neuropatia, isto é, uma lesão de um nervo
periférico, provocada pela compressão do nervo mediano num espaço
limitado, o túnel cárpico, localizado no punho. O túnel cárpico é uma estrutura
inextensível, delimitada pelo ligamento cárpico transversal e pelos ossos do
punho. Este túnel conduz o nervo mediano e os tendões flexores dos dedos
desde o antebraço até à mão. Esta neuropatia é, assim, caracterizada pela
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
32
restrição da sensibilidade e movimento das zonas, à partida, controladas pelo
nervo lesado (Selley, Stephens, & Tate, 2001).
Etiologia: o factor mais comum no aparecimento da síndrome do túnel cárpico
é a componente traumática, que pode lesar o nervo ou mesmo suprimir a
irrigação sanguínea do mesmo. É através de movimentos repetidos e em
posições articulares anatomicamente anormais, como a extensão excessiva do
punho, que ocorre a compressão do nervo mediano a nível do canal cárpico. A
vibração excessiva é também factor que desencadeia a lesão do nervo
mediano (Berkow, Beers, & Fletcher, 1947).
Manifestações Clínicas: o nervo mediano é responsável pela sensibilidade das
zonas que enerva, e os sintomas vão incluir parestesias (i.e., dormência,
formigueiro) e por vezes disestesias (i.e., sensação de queimadura, pressão
no corpo) no primeiro, segundo e terceiro dedos e numa porção do quarto. E
podem irradiar para o antebraço (Lopes & Uva, 2002).
Os indivíduos que sofrem desta neuropatia queixam-se, inclusivamente, de
perda de destreza nas mãos e de dor. A dor geralmente é aliviada pelo
movimento e pelo ―sacudir das mãos‖, que se pode alastrar para o antebraço.
Os sintomas ocorrem essencialmente de noite e de manhã (Selley et al.,
2001).
De modo geral, a sensibilidade é a primeira a ser afectada, enquanto o
controlo motor sofre degradação numa fase mais avançada da doença,
tornando-se indicador de uma situação grave e de longa evolução.
Nas fases iniciais da síndrome, os sintomas podem ser episódicos e
geralmente estão relacionados com a exposição aos factores desencadeantes.
No entanto, nos estados mais avançados da patologia, a disfunção não é
passível de ser observada e sentida apenas durante a exposição às causas, e
sim permanentemente, uma vez que a lesão do nervo é já definitiva. Desta
forma, o paciente com síndrome do túnel cárpico sente melhorias com a
fisioterapia e com o afastamento dos factores principiantes apenas nas fases
iniciais, enquanto nas fases mais tardias, somente a cirurgia atenua
totalmente a sintomatologia e a disfunção (Boyling & Wilson, 2002). O meio
auxiliar mais importante para o diagnóstico é a electromiografia.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
33
Doença de De Quervain
A doença de De Quervain resulta da inflamação do longo abdutor e do curto
extensor do polegar, no 1º compartimento dorsal do punho.
Histologicamente, a bainha tendinosa e o tendão sofrem metaplasia
fibrocartilagínea com aumento dos condrócitos e da matriz de
glicosaminoglicanos. O uso do polegar em pinça término-lateral ou o desvio
repetitivo no plano transversal (radial ou cubital) são factores potencialmente
desencadeantes deste tipo de lesões (Hutson, 1999).
A sintomatologia passa pela dor e esta surge inicialmente localizada às
estruturas afectadas, mantendo-se durante o desenvolvimento da actividade
desencadeante, mas progressivamente irradia (distal e proximal) e prolonga-
se no tempo, persistindo aquando da realização de outras actividades e
mesmo em situações de repouso. A ecografia é o exame complementar de
diagnóstico de eleição para estabelecer o diagnóstico definitivo e
caracterização da fase em que a lesão se encontra.
4 - As Lesões Músculo-esqueléticas Ligadas ao
Trabalho em Saúde Oral
Na base das LMELT existem três factores envolvidos no seu aparecimento – o
trabalhador, o trabalho e o local de trabalho (Guay, 1998).
As LMEMSLT nos profissionais de saúde (dentistas, higienistas e assistentes
dentários) apresentam elevadas prevalências, sobretudo ao nível do pescoço
e ombros (Hygienists`Association, 2007; Puriene, Aleksejuniene,
Petrauskiene, Balciuniene, & Janulyte, 2008). São consideradas entre muitas
outras, uma das mais importantes doenças profissionais na saúde dos
trabalhadores (Hayes, Smith, & Cockrell, 2009). Estas estão associadas a um
grande número de factores de risco tais como posições extremas,
movimentos repetitivos, posições musculares estáticas e em carga e ausência
de pausas (Akesson, Hansson, Balogh, Moritz, & Skerfving, 1997), além da
precisão de trabalho com as mãos e os movimentos do punho (Hayes et al.,
2009a).
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
34
Os factores de risco de LME em medicina dentária são vários, pois os
procedimentos mais comuns envolvem precisão e destreza manual,
nomeadamente ao nível do campo visual e muitas vezes em simultâneo com
aplicações de força com mãos/dedos. Estas tarefas podem levar a alterações
posturais, especialmente ao nível da cabeça, pescoço, braços e mãos
(Haslegrave, 1994; Hayes et al., 2009a). Apesar do tratamento dentário
diferir de um trabalho de produção de linha, onde os trabalhadores fazem
repetidamente as mesmas tarefas, de forma rápida e por períodos longos de
tempo, o trabalho do HO requer uma elevada precisão nas actividades,
nomeadamente, na destartarização e polimento profiláctico, procedimentos
que podem durar cerca de 20 minutos do total da consulta habitual de HO de
50 minutos, onde os factores de risco estão presentes (Guay, 1998). Neste
contexto é também importante referir que os factores psicológicos podem
estar associados à prevalência de LMELT (Hayes, et al., 2009a).
De acordo com investigação nesta área, reconhece-se que as LMELT na
medicina dentária podem contribuir de forma elevada para que estes
profissionais possam vir a ter alterações nas actividades da prática clínica,
dias de absentismo e ainda a uma baixa produtividade do trabalho (Guay,
1998; Hayes et al., 2009a).
Desde a década de 70 e 80 que a higiene oral e a medicina dentária são
consideradas profissões, em que as LMELT são referidas como a doença
profissional com maior incidência. Estima-se existir uma prevalência entre os
64% e os 93% de LMELT nestes profissionais (Hayes et al., 2009a).
Em relação aos médicos-dentistas a LMELT mais detectada situa-se ao nível
zona lombar (36.3-60.1%) e pescoço (19.8-85%), enquanto nos HO, as
zonas corporais mais afectadas são ao nível das regiões da mão e do punho
com percentagens a rondar os 70% (Hayes et al., 2009a) sobretudo a
síndrome do túnel do canal cárpico (Guay, 1998; Sanders, 2010). Em relação
à prevalência de LMELT nos estudantes de higiene oral, e de acordo com as
pesquisas, este assunto parece ser contraditório e limitado. Num estudo feito
com alunos de Michigan a percentagem de sintomas ao nível da parte superior
do corpo revelou-se reduzida (Werner et al., 2005), enquanto num estudo
feito com alunos de Connecticut, foram referidos, e ainda durante o treino
escolar, sintomas ao nível do braço e mão (Morse et al., 2003) deste grupo.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
35
No grupo dos assistentes dentários a prevalência de LMELT parece ser
igualmente reduzida (Guay, 1998).
Estes registos têm sido feitos ao longo dos tempos (Akesson et al., 1999;
Lalumandier & McPhee, 2001; Liss, Jesin, Kusiak, & White, 1995; Macdonald,
Robertson, & Erickson, 1988; Oberg & Oberg, 1993), justificando o
aparecimento de LME, em cada ano que passa, ao atingir os 70% de
profissionais a referir sintomas mais evidentes ao nível da zona lombar,
pescoço e ombro (Akesson et al., 1999 Oberg & Oberg, 1993).
De acordo com uma avaliação feita pelo Bureau of Labor Statistics (Leigh &
Miller, 1998), os HO foram classificados como os profissionais que tinham
mais lesões ao nível do túnel do canal cárpico por cada 1.000 trabalhadores.
Sabe-se que a síndrome do túnel do canal cárpico (STCC) e outras LME
podem ter o seu aparecimento pela exposição repetida a factores de risco
dentro da profissão dos HO. Neste contexto, dá-se como exemplo a
destartarização manual, actividade que exige movimentos repetitivos e de
força para manter um contacto seguro dos instrumentos com os dentes do
paciente (Anton, Rosecrance, Merlino, & Cook, 2002). Os profissionais de
saúde oral trabalham a maior parte do tempo com posturas estáticas da
cabeça, pescoço e ombros (Akesson et al., 1997; Oberg, Karsznia, Sandsjo, &
Kadefors, 1995).
Vários autores referem que a síndrome do TCC, é mais prevalente nas
mulheres que nos homens, Silverstein et al. (1986 como citado em Guay,
1998, p.186) e encontraram algumas dificuldades em determinar se o género
era um factor mais prevalente nas mulheres em relação à Síndrome do Túnel
do Canal Cárpico, mas concluiu-se haver um ratio de 3:1 desta doença entre
mulheres e homens. Desta forma parece haver uma predisposição maior para
esta doença ao nível do sexo feminino (Guay, 1998).
4.1 - O perfil na profissão dos Higienistas Orais
Os Higienistas Orais são profissionais de saúde especializados em higiene oral
(Yee, Crawford, & Harber, 2005).
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
36
A profissão de Higienista Oral teve o seu início no princípio do século XX nos
Estados Unidos e depressa se estendeu à Europa.
Em Portugal, o programa de Higiene Oral data de 1984, em Lisboa, e foi
criado com o objectivo primário da prevenção de doenças que afectam a
saúde oral e a promoção de estratégias que visam melhorar a saúde oral
(Luis, Ribeiro, & Albuquerque, 2003). O maior objectivo foi criar HO que
clinicamente tivessem competências para promover os cuidados de saúde oral
e a gestão das necessidades de higiene oral de pacientes de todas as idades,
incluindo os pacientes com condições especiais, ou medicamente
comprometidos.
Segundo o código de ética da Federação Internacional de Higienistas Orais
(IFDH) a responsabilidade fundamental dos HO é a promoção da saúde e o
restabelecimento da saúde oral através de intervenções clínicas, terapêuticas
e de educação para a saúde. Os HO servem o público como profissionais de
saúde oral e assim contribuem para a saúde pública geral e o seu bem-estar.
A necessidade de serviços de HO é universal e estes são chamados a
ministrar cuidados aos indivíduos, à família e a comunidade (IFDH, 2003).
Em Portugal, o programa de Higiene Oral foi desenvolvido com o apoio da
Universidade de Washington e o seu objectivo de estudo foi o de dar igual
proporção de interesse ao trabalho clínico e comunitário, e esta característica,
constituiu uma das suas particularidades a nível internacional (Luis et al.,
2003).
Os HO estão integrados nas equipas de saúde e trabalham sobre a supervisão
de um médico ou médico-dentista. Entre muitas outras responsabilidades,
fazem parte do perfil profissional as seguintes funções: participar em
programas de educação para a saúde e sensibilizar a população para a
prevenção das doenças orais, participar no planeamento, implementação e
avaliação de programas de saúde pública e realizar tratamentos clínicos com
o objectivo de prevenir e controlar as doenças periodontais (gengivite e
periodontite) e a cárie dentária (Luis et al., 2003).
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
37
4.2 - Áreas de actuação
Os HO em Portugal têm a oportunidade de trabalhar em consultórios
dentários, centros de saúde, unidades hospitalares, organismos de saúde,
nacionais e regionais, empresas de produtos de higiene oral, na investigação
e no ensino nas universidades.
Na prática privada, os HO realizam actividades de promoção da saúde oral,
educação e tratamento de pacientes com o objectivo de atingir-se o mais alto
nível de saúde oral.
4.3 - Caracterização da profissão
A profissão do HO remete-se à legislação descrita no Decreto-Lei 564/99, que
diz que o conteúdo funcional dos HO tem por base «a realização de
actividades de promoção da saúde oral dos indivíduos e das comunidades,
visando métodos epidemiológicos e acções de educação para a saúde; e
prestação de cuidados individuais que visem prevenir e tratar doenças orais».
A nível dos cuidados individuais, mais propriamente o trabalho clínico, o HO
tem como objectivo major a prevenção das doenças orais (cárie e doença
periodontal) e de forma mais concreta, o tratamento da doença periodontal,
como forma de remover o factor etiológico principal, a placa bacteriana e
ainda o cálculo dentário da superfície dos dentes (Allen, McFall, & Jenzano,
1987; Luis et al., 2003).
O trabalho clínico do HO requer níveis posturais exigentes e elevados. O nível
de precisão e a área de trabalho restrita (cavidade oral) podem tornar o
trabalho cansativo, no qual a fadiga pode conduzir a factores de risco
profissionais (Phagan-Schostok & Maloney, 1988).
A Higiene Oral é uma profissão que exige, sobretudo a nível clínico, um
número elevado de tarefas repetidas por cada paciente, onde a remoção de
depósitos dentários constitui uma das principais actividades.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
38
Esta remoção de depósitos, duros e moles (cálculo e placa bacteriana), é feita
através de técnicas que envolvem de forma regular, movimentos repetitivos e
vibratórios (Hamann, 2004) sendo os procedimentos de trabalho mais
habituais: 1- a destartarização, 2- o alisamento radicular e 3- o polimento
profiláctico dos dentes (Allen et al., 1987).
1- A destartarização é o procedimento mecânico de fractura, pelo qual os
depósitos são removidos das superfícies dentárias. Este procedimento
pode ser feito supragengival ou subgengival (Allen et al., 1987;
Phagan-Schostok & Maloney, 1988).
2- O alisamento radicular é o procedimento no qual o cálculo e cemento
necrosado são removidos, criando uma superfície radicular lisa, dura e
livre de depósitos.
3- O polimento profiláctico é o procedimento que remove depósitos moles
e manchas extrínsecas da superfície dentária e alisa a superfície
radicular.
Para a remoção de depósitos supra e subgengival são usados instrumentos
manuais (curetas, foices e outros instrumentos suplementares) e mecânicos
(aparelhos ultrasónicos=destartatrizadores, contra-ângulo, aparelho de jacto
de bicarbonato de sódio)
Na instrumentação manual a Cureta é o instrumento mais usado (Allen et al.,
1987; Phagan-Schostok & Maloney, 1988). O seu manuseamento requer
vários movimentos verticais, oblíquos, circunferenciais e horizontais.
Outro dos procedimentos referido na literatura como promotor de LMELT é a
execução da técnica do Fio Dentário no paciente, por exigir movimentos
repetidos de flexão e extensão, pela força e frequência dos movimentos
executados (Bramson, Smith, & Romagnoli, 1998).
Para este trabalho destacam-se as actividades de destartarização, alisamento
radicular e polimentos profilácticos, por serem os procedimentos descritos
potencialmente mais elevados em provocar LME, por gestos repetitivos.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
39
5 – Objectivos do Estudo
- Identificar sintomatologia de LMELT referida pelos higienistas orais.
- Verificar se factores sócio-demográficos e antropométricos se relacionam
com as queixas referidas.
- Procurar associações entre a sintomatologia e as actividades próprias dos
higienistas orais.
- Comparar a sintomatologia de LMELT auto-referida neste estudo com outros
estudos a nível internacional.
- Esboçar possíveis propostas de alteração organizacional que permitam
modificar o comportamento dos HO durante a actividade de trabalho.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
40
6 - Metodologia
Um dos possíveis métodos de recolha de informação sobre sintomas de LMELT
é através de questionários de aplicação geral com base na avaliação de
sintomas auto-referidos e consequente monitorização dos níveis de
desconforto, incómodo ou dor por zonas corporais (Stuart-Buttle, 1994). Esta
análise da avaliação do desconforto e incómodo corporal faz-se com relativa
frequência através deste tipo de questionários.
A informação recolhida foi introduzida numa base de dados, especificamente
criada para este estudo através do programa Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS) ®, na versão 17.
Optou-se por um estudo descritivo e transversal (cross-sectional) com o
objectivo de se estudar a prevalência das LMELT na classe profissional dos HO
(observação duma população num tempo determinado).
6.1 - Delineamento do estudo
O estudo teve como grupo alvo, todos os higienistas orais que tivessem
concluído o curso de Higiene Oral, desde o ano de 1986 (início do curso em
Portugal) até finais de 2008. Foram contactados todos os HO formados pela
FMDUL e os HO formados no ISAVE de 2004 (ano de abertura do curso) até
2008, num total de 415 profissionais. Estes profissionais estão distribuídos de
norte a sul do país e ainda ilhas.
O estudo fez-se através da recolha de respostas a um questionário enviado
aos higienistas orais, por uma lista de e-mails, obtida pelo método de ―passa
palavra‖ e do efeito bola de neve.
O questionário foi introduzido numa ferramenta designada por SurveyMonkey
(www.surveymonkey.com) para facilitar a recolha de dados.
O SurveyMonkey é uma ferramenta on-line de recolha sistematizada de
informação, que permite a criação de questionários de uma forma simples e
rápida.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
41
Esta ferramenta permite contactar os participantes directamente através do
seu endereço de correio electrónico, facilitando o controlo do número de
respostas obtidas e o tratamento da informação.
Os dados recolhidos foram posteriormente combinados e agrupados para
análise estatística.
A lista de e-mail obtida desta forma foi unicamente usada para a realização
deste estudo e de acordo com o Anexo 1.
A participação no estudo foi voluntária e a confidencialidade foi resguardada.
O primeiro e-mail de solicitação à participação no estudo foi enviado em
Agosto de 2009 e houve um segundo envio em Outubro do mesmo ano, no
sentido de atingir um maior número de respostas. O limite de aceitação das
respostas foi até Dezembro de 2009.
6.2 - Recolha de dados
A Saúde Ocupacional nas suas actividades de vigilância activa da saúde
necessita de informação sobre o estado de saúde dos trabalhadores
(Serranheira, Uva, & Lopes, 2008).
A investigação deste estudo foi feita através dum inquérito que tem por base
uma adaptação do Questionário Nórdico músculo-esquelético — QNM
(Kuorinka et al., 1987; Serranheira, Uva, & Lopes, 2008) para a língua
Portuguesa (Fernandes, 1999). A estrutura original foi mantida mas o
conteúdo foi alterado particularmente no ―módulo de trabalho‖ pela
especificidade das actividades e de acordo com as exigências de trabalho dos
higienistas orais.
O questionário usado neste estudo é um inquérito que abrange os sintomas
genéricos da saúde e os factores de trabalho da população baseado na
caracterização sócio-demográfica, na identificação da sintomatologia
músculo-esquelética e na caracterização das principais actividades
desempenhadas pelos higienistas orais e identificação da
sintomatologia associada.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
42
Na primeira secção do questionário foram identificadas características sócio-
demográficas e profissionais de cada higienista oral, nomeadamente o género,
idade, peso, altura, membro dominante, anos de profissão, número de horas
de trabalho por semana, regime de trabalho (fixo, independente ou ambos),
número de horas de trabalho com o paciente e realização de algum tipo de
actividade fora da profissão. A segunda secção consistiu na caracterização do
estado de saúde e nas questões acerca das lesões músculo-esqueléticas
relatadas nos últimos 12 meses. Foram abrangidas nove zonas corporais
(coluna cervical, coluna dorsal, coluna lombar, ombros, cotovelos,
punhos/mãos, coxas, joelhos e tornozelos/pés) e os higienistas foram
questionados se nos últimos 12 meses tiveram fadiga, desconforto, dor ou
inchaço nalguma das zonas corporais, e se ―sim‖, qual a intensidade numa
escala de 1-4 (1- ligeiro a 4- muito intenso) e frequência (1- uma vez até 4-
mais de 6 vezes). A terceira secção pretendeu caracterizar o tipo de trabalho
que o HO desempenha e identificar sintomatologia associada. Fez-se de
seguida e tendo em conta uma margem de subjectividade própria do
preenchimento individual, a caracterização relativa à exposição biomecânica
exigida durante a realização da actividade de trabalho (Anton et al., 2002;
Serranheira et al., 2008).
É importante salientar que este tipo de método aplicado, inquérito através de
questionário proporciona algumas vantagens, pois permite quantificar um
largo número de dados, apesar de também oferece desvantagens,
nomeadamente pelo facto do inquirido responder de forma isolada e não
poder tirar dúvidas, de haver questões que não são respondidas e ainda
existir a subjectividade de cada um perante as respostas (Gil, 1999).
6.3 - Análise de dados
A descrição dos dados fez-se de forma sequencial às perguntas do
questionário, com base na estatística descritiva.
Na análise descritiva foram utilizadas medidas de tendência central - média,
desvio padrão e medidas de dispersão – amplitude para as variáveis
quantitativas contínuas e frequências relativas para as variáveis nominais e
ordinais.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
43
Para a análise de correlações foi usado o teste de coeficiente de correlação de
Pearson. Para avaliar as associações entre as variáveis dos sintomas com as
variáveis de interesse foram utilizados os testes estatísticos, nomeadamente,
os testes de kruskal Wallis e de Mann-Whitney U. Nos testes utilizados, o nível
de significância foi de 5%.
Através da avaliação dos dados obtidos pode constatar-se que a todas as
variáveis registaram ausências de resposta (missing values) à excepção do
―género‖.
Na base de dados existem valores de ―99‖ = não se aplica e ―999‖ = não
respondeu.
6.4 - Pré – Teste do questionário
Foi aplicado um pré-teste do questionário a uma amostra de 10 médicos-
dentistas que tiraram o curso de higiene oral mas que não exercem a
profissão actualmente, e que permitiu avaliar o desempenho e funcionalidade
do questionário. Este procedimento também permitiu identificar questões que
não conduziam a dados relevantes e que incluísse todos os aspectos
importantes relativos ao tema.
De acordo com os comentários resultantes da aplicação do pré-teste foram
anuladas duas questões que continham a mesma informação e foi mudada a
escala das variáveis de tempo com actividades da profissão de ―muitas
vezes‖, ―algumas vezes‖ e nunca‖ para ―ocasional‖, ―pouco frequente‖,
―frequente‖ e ―muito frequente‖.
6.5 - Limitações do estudo
O desenho deste estudo, transversal, não permite fazer inferências causais
uma vez que não há grupo de comparação. Os resultados obtidos têm sempre
por base as limitações ligadas aos estudos transversais que usam
instrumentos de auto-preenchimento, pelo facto de poder haver interferência
de factores não controlados.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
44
Os viézes nos inquéritos por questionário podem resultar da forma de como
as questões estão desenhadas, pelo desenho do questionário em si e de como
o questionário é gerido.
O questionário Nórdico é um instrumento comummente aceite e válido para
medir a prevalência das lesões. Embora os métodos auto-relatados possam
introduzir viés de memória, trata-se de métodos convenientes e simples.
Este estudo também poderá ter um viés de selecção introduzido pelos não-
respondentes. É possível que os que responderam, o terem feito por sofrerem
de LME, o que poderá inflacionar os resultados.
O formato do questionário também permitiu que alguns dos inquiridos
pudesse escapar a uma ou outra pergunta, por ser demasiado extensa e não
obrigatória. Desta forma foram perdidos alguns dados que poderiam ter sido
contabilizados.
O facto de o questionário ter sido enviado, via electrónica, também pode ter
limitado o número de respondentes por não estarem familiarizadas com este
procedimento.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
45
7 - Resultados
Do total dos 415 questionários enviados foram respondidos 254, o que
corresponde a uma taxa de resposta de 61,2%.
Pelo facto de existirem perguntas não respondidas, as percentagens
apresentadas são sempre em função do número de respostas obtidas e não
da totalidade da população em estudo.
7.1 - Variáveis demográficas e antropométricas
Dos 254 inquiridos, maioritariamente são do género feminino (80,7%) e 49
(19,3%) do género masculino.
A idade média dos inquiridos é de 34,96 anos (dp=±6,93). O inquirido mais
jovem tem 23 anos e o mais velho 55. Trata-se de uma população jovem com
mais de 2/3 dos inquiridos a terem menos de 40 anos (Gráfico 1)
Gráfico 1 - Representação gráfica da idade por classes nos Higienistas Orais
26%
51%
20%
3%
< 29 anos
30-39 anos
40-49 anos
≥ 50 anos
Através da tabela 2 faz-se a apresentação os dados antropométricos dos
inquiridos. O peso médio da amostra é de 63,58 Kg (dp=± 12,31) e a altura
média de 1,65 m (±7,97cm). Quando calculado o índice de massa corporal
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
46
(IMC) da amostra verifica-se que varia entre 16,53 e 39,84 com um valor
médio de 23,13 (± 3,29), o que demonstra uma relação peso/altura normal
dos inquiridos. Contudo, observa-se uma percentagem de 23,2% com um IMC
igual ou superior a 25, o que revela excesso de peso ou obesidade.
Tabela 2 - Características antropométricas dos inquiridos
Média
(x)
Desvio padrão
(s)
Amplitude
(Max. -mín.)
Peso (Kg) 63,58 12,31 45-130
Altura (m) 165,38 7,97 149-193
IMC (Kg/m2) 23,13 3,29 16,53–39,84
Quanto ao membro superior dominante, o direito é relatado em 95,1% dos
casos (232) e cinco dos inquiridos (2,0%) reportam ser ambidextros.
7.2 - Caracterização do estado de saúde
Quanto ao estado de saúde geral, 21% (53) dos inquiridos relatou ser
portador de uma ou mais doenças, mas apenas 18 (7,3%) faz algum tipo de
tratamento de reabilitação. Das doenças encontradas, 35 (66%) não tinham
relação com LME, 14 (26,4%) poderão ter alguma relação e 4 (7,5%) são
LME.
No último ano 85,1% dos respondentes consultaram um médico por razões
diversas, e 134 (54,3%) tomaram medicamentos com regularidade.
A actividade física é praticada de forma regular por sensivelmente metade dos
higienistas (123 - 49,4%), contudo 26,5% (31) dessas actividades
apresentam algum risco acrescido no desenvolvimento de LME.
Os hábitos tabágicos e o consumo de álcool são observados em 47 indivíduos
(48,9%) e 27 indivíduos (10,6%), respectivamente.
A frequência de consumo de café regista-se em 61,7% dos respondentes.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
47
7.3 - Caracterização profissional
Na Tabela 3 verifica-se que a média de anos de profissão é inferior a 10, com
83,6% da amostra a ter menos de 15 anos de profissão. Observa-se uma
ligeira diferença entre o número de anos de profissão e os anos de trabalho
principal (efectivo), o que pode indicar uma entrada na profissão mais tardia.
As horas de trabalho com paciente variam entre zero e 50 horas, com uma
média de 27 horas por semana.
Tabela 3 - Características profissionais dos Higienistas Orais
Média
(x)
Desvio padrão
(s)
Amplitude
Anos de profissão 9,15 6,19 0-25
Horas por semana com paciente 26,67 12,12 0-50
Anos de trabalho principal 8,98 6,03 0-25
Quando questionados sobre o trabalho predominante, alguns higienistas
responderam mais do que uma opção. Maioritariamente os inquiridos exercem
a actividade profissional em trabalho clínico (n=219, 86,2%), com uma média
de 16,15 horas por semana, nesta actividade. A actividade comunitária é
exercida por 87 higienistas (34,3%), com uma média de 10,40 horas
semanais. O trabalho pedagógico foi assinalado por 34 higienistas (13,4%)
num total de 7,71 horas por semana dedicadas a esta actividade. Vinte e
nove (11,4%) higienistas assinalaram outro tipo de trabalho, como actividade
predominante, nomeadamente, marketing, publicidade, membros de
organismos oficiais, consultoria, com uma média de 5,69 horas semanais.
De referir que a maioria dos higienistas divide o seu tempo de trabalho por
mais do que uma das áreas de actividade das suas competências,
despendendo 35 ou mais horas por semana (82,1%).
Quanto ao regime de trabalho, o mais observado é a combinação do fixo com
o trabalho independente (ambos) com 38,6% (93), havendo a registar 32,8%
(79) e 27,2% (69) dos HO que trabalham em regime somente fixo ou
somente independente, respectivamente.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
48
Quarenta e quatro higienistas (18,2%) exercem também outra actividade
profissional fora da profissão.
Ainda de referir que 14 (31,8%) dos respondentes representam risco
potencial de desenvolvimento de LME.
7.4 – Prevalência de lesões músculo-esqueléticas
Os resultados demonstraram que dos 254 respondentes, 214 (86,6%)
relataram a ocorrência de sintomatologia músculo-esquelética em diferentes
partes do corpo em relação aos últimos 12 meses, dos quais 202 inquiridos
referiram sintomatologia na parte superior do corpo, 52 inquiridos
apresentavam sintomatologia na parte inferior do corpo e 45 inquiridos com
sintomatologia concomitante na parte superior e inferior do corpo.
Quando analisada a sintomatologia da parte superior do corpo (pescoço, zona
dorsal, zona lombar, ombros, cotovelos e mão/punho) verifica-se que 202
(81,8%) dos inquiridos apresentou alguma ocorrência nos últimos 12 meses,
com um quarto da amostra a registar sintomatologia em 3 localizações
superiores diferentes. Nenhum inquirido reportou sintomatologia em todas as
localizações superiores do corpo (Gráfico 2).
Gráfico 2 - Percentagem de inquiridos com sintomas na parte superior do
corpo
0
5
10
15
20
25
30
sem sintomas em nenhuma localização
1 zona sintomática
2 zonas sintomáticas
3 zonas sintomáticas
4 zonas sintomáticas
5 zonas sintomáticas
18,2
24,7
19,4
25,1
11,3
1,2
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
49
No Gráfico 3 são apresentadas as áreas com sintomatologia de desconforto,
fadiga ou dor por ordem decrescente: pescoço, n=129 (52%), punho/mão,
n=118 (48%), zona dorsal, n=112 (45%), zona lombar, n=107 (44,5%),
ombros, n=100 (41%), tornozelos/pés, n=29 (12%), joelhos, n=23 (9%),
cotovelos, n=13 (6%) e coxas, n=10 (4%).
Gráfico 3 - Frequências relativas (%) à sintomatologia por zona corporal nos
últimos 7 dias e nos últimos 12 meses
Em relação à sintomatologia especificamente ao nível do pescoço (ver Tabela
4), dos 248 respondentes cerca de metade (52,0%) referiram ter tido dores
ao nível do pescoço nos últimos 12 meses, relatando uma frequência maior de
2 ou mais vezes (38,1%) com uma intensidade de sintomas de forma
moderada (49,5%). Foi ainda referido que 51 dos 129 respondentes (39,5%)
teve sintomatologia ao nível deste segmento corporal, nos últimos 7 dias e
que 13 indivíduos (10,1%) faltaram ao trabalho, nos últimos 12 meses em
aproximadamente uma semana.
40%
39%
38%
34%
1%
30%
2%
4%
3%
52%
45%
44,5%
41%
6%
48%
4%
9%
12%
Pescoço
Zona dorsal
Zona lombar
Ombros
Cotovelos
Punho/mão
Coxas
Joelhos
Tornozelos/pés
12 meses Nos últimos 7 dias
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
50
Tabela 4 - Frequências absolutas e relativas (%) da sintomatologia músculo-
esquelética para a região do pescoço
PESCOÇO n (%)
Nos últimos 12 meses teve algum problema (fadiga/desconforto/dor
inchaço), que estivesse presente por 4 dias seguidos no pescoço?
Não 119 48,0
Sim 129 52,0
Se sim, frequência anual:
1 vez 17 13,2
2 ou 3 vezes 44 38,1
4 a 6 vezes 31 24,0
Mais de 6 vezes 37 28,7
Se sim, qual a intensidade:
Ligeiro 20 15,5
Moderado 60 49,5
Intenso 32 24,8
Muito intenso 17 13,2
Esteve impedido de fazer o seu trabalho normal por problemas no
pescoço?
Não 116 89,9
Sim 13 10,1
Durante quanto tempo os problemas no pescoço o impediram de
fazer o seu trabalho normal?
0 dias 116 89,9
1 a 7 dias 8 6,2
8 a 30 dias 4 3,1
Mais de 30 dias 1 0,8
Teve algum problema no pescoço durante os últimos 7 dias?
Não 78 60,5
Sim 51 39,5
Ao nível da região dorsal, 112 indivíduos responderam ter sintomas ao nível
da coluna dorsal (45,2%), com maior frequência de 2 a 3 vezes por ano
(39,3%), seguida de mais de 6 vezes com 26,8%. A intensidade do
desconforto/dor referem ser mais evidente, de forma moderada (44,6%).
Existem mais indivíduos sem sintomas nos últimos sete dias (60,7%) e foi
baixa a percentagem daqueles que estiveram impedidos de trabalhar nos 12
meses anteriores (9,8%), por problemas na coluna dorsal (Tabela 5).
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
51
Tabela 5- Frequências absolutas e relativas (%) da sintomatologia músculo-
esquelética para a zona dorsal
ZONA DORSAL n (%)
Nos últimos 12 meses teve algum problema (fadiga/desconforto/dor
inchaço), que estivesse presente por 4 dias seguidos na zona dorsal?
Não 136 54,8
Sim 112 45,2
Se sim, frequência anual:
1 vez 10 8,9
2 ou 3 vezes 44 39,3
4 a 6 vezes 28 25,0
Mais de 6 vezes 30 26,8
Se sim, qual a intensidade:
Ligeiro 22 19,6
Moderado 50 44,6
Intenso 26 23,2
Muito intenso 14 12,5
Esteve impedido de fazer o seu trabalho normal por problemas na
zona dorsal?
Não 101 90,2
Sim 11 9,8
Durante quanto tempo os problemas na zona dorsal o impediram
de fazer o seu trabalho normal?
0 dias 101 90,2
1 a 7 dias 8 7,1
8 a 30 dias 2 1,8
Mais de 30 dias 1 0,9
Teve algum problema na zona dorsal durante os últimos 7 dias?
Não 68 60,7
Sim 44 39,3
Na Tabela 6, e especificamente ao nível da coluna lombar, a média de
respondentes com sintomatologia é 43%, com frequência relatada de 2/3
vezes ao ano (34,5%) e com uma intensidade moderada (50,9%). Dos 107
indivíduos respondentes só 42 (38,2%) referiram ter tido sintomatologia nos
últimos 7 dias e só 11,8% ficaram impedidos de trabalhar nos 12 meses
anteriores ao inquérito.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
52
Tabela 6 – Frequências absolutas e relativas (%) da sintomatologia músculo-
esquelética para a zona lombar.
ZONA LOMBAR n (%)
Nos últimos 12 meses teve algum problema (fadiga/desconforto/dor
inchaço), que estivesse presente por 4 dias seguidos na zona lombar?
%
Não 140 56,7
Sim 107 43,3
Se sim, frequência anual:
1 vez 13 11,8
Duas ou 3 vezes 38 34,5
Quatro a seis vezes 29 26,4
Mais de 6 vezes 30 27,3
Se sim, qual a intensidade:
Ligeiro 11 10,0
Moderado 56 50,9
Intenso 27 24,5
Muito intenso 16 14,5
Esteve impedido de fazer o seu trabalho normal por problemas na
zona lombar?
Não 97 88,2
Sim 13 11,8
Durante quanto tempo os problemas na zona lombar o impediram
de fazer o seu trabalho normal?
0 dias 97 88,2
1 a 7 dias 12 10,9
8 a 30 dias 1 0.9
Mais de 30 dias 0 0
Teve algum problema na zona lombar durante os últimos 7 dias?
Não 68 61,8
Sim 42 38,2
Em relação à sintomatologia ao nível dos ombros, dos 247 respondentes,
100 (41%) afirmaram ter sintomas, com maior registo no ombro direito
(51,5%), onde a frequência registada entre as 2 ou 3 vezes (35,6%) era mais
evidente e com uma intensidade de desconforto/dor de forma moderada
(39,6%).
Esta sintomatologia só foi referida por 34,0% dos inquiridos nos últimos 7
dias anteriores ao inquérito e só 5,9% teve impedido de cumprir o seu
trabalho nos últimos 12 meses (Tabela 7).
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
53
Tabela 7 -- Frequências absolutas e relativas (%) da sintomatologia
músculo-esquelética para os ombros
OMBROS n (%)
Nos últimos 12 meses teve algum problema (fadiga/desconforto/dor
inchaço), que estivesse presente por 4 dias seguidos nos ombros?
Não 147 59,5
Sim 100 41,0
Se sim, em qual?
Ombro direito 35 51,5
Ombro esquerdo 17 25,0
Ambos 16 23,5
Se sim, frequência anual
1 vez 15 14,9
2 ou 3vezes 36 35,6
4 a 6 vezes 26 25,7
Mais de 6 vezes 24 23,8
Se sim, qual a intensidade:
Ligeiro 16 15,8
Moderado 40 39,6
Intenso 27 26,7
Muito intenso 18 17,8
Esteve impedido de fazer o seu trabalho normal por problemas nos
ombros?
Não 95 94,1
Sim 6 5,9
Durante quanto tempo os problemas nos ombros o impediram de
fazer o seu trabalho normal?
0 dias 95 94,1
1 a 7 dias 4 4,0
8 a 30 dias 2 2,0
Mais de 30 dias 0 0
Teve algum problema nos ombros durante os últimos 7 dias?
Não 66 66,0
Sim 34 34,0
A Tabela 8 é relativa à sintomatologia apresentada ao nível dos
punhos/mãos. Dos 247 inquiridos, cerca de metade (47,8%) refere ter tido
sintomatologia nesta zona corporal nos últimos 12 meses, mais ao nível do
punho/mão direita (67,4%), e com uma frequência ao ano de 2/3 vezes mais
evidente (39,0%). A intensidade mais referida foi a moderada, em 41,5% dos
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
54
casos. Somente sete inquiridos responderam ter faltado ao trabalho por
problemas neste segmento corporal (5,9%), dos quais 6 em cerca de uma
semana. Apenas 35 referiram ter tido sintomas nos últimos sete dias.
Tabela 8 - Frequências absolutas e relativas (%) da sintomatologia músculo-
esquelética para punhos/mãos
PUNHOS/MÃOS n (%)
Nos últimos 12 meses teve algum problema (fadiga/desconforto/dor
inchaço), que estivesse presente por 4 dias seguidos nos
punhos/mãos?
Não 129 52,2
Sim 118 47,8
Se sim, em qual?
Punho/mão direita 60 67,4
Punho/mão esquerda 8 9,0
Ambos 21 23,6
Se sim, frequência anual:
1 vez 27 22,9
2 ou 3 vezes 46 39,0
4 a 6 vezes 21 17,8
Mais de 6 vezes 24 20,3
Se sim, qual a intensidade:
Ligeiro 27 22,9
Moderado 49 41,5
Intenso 26 22,0
Muito intenso 16 13,6
Esteve impedido de fazer o seu trabalho normal por problemas nos
punhos/mãos?
Não 111 94,1
Sim 7 5,9
Durante quanto tempo os problemas nos punhos/mãos o
impediram de fazer o seu trabalho normal?
0 dias 111 94,1
1 a 7 dias 6 5,1
8 a 30 dias 1 0,8
Mais de 30 dias 0 0
Teve algum problema nos punhos/mãos durante os últimos 7 dias?
Não 83 69,6
Sim 35 30,4
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
55
Uma vez que a maior parte dos sintomas apresentados são na parte superior
do corpo foram recodificados os dados para permitir comparações estatísticas.
Assim foram criadas duas variáveis ―a soma de sintomas‖ com um intervalo
de 0 a 5 sintomas e a variável ―qualquer sintoma‖ na parte superior do corpo
(sim ou não). Duzentos e dois (81,8%) dos higienistas apresentaram
sintomas na parte superior do corpo nos últimos doze meses com uma média
de 1,9 sintomas. No Gráfico 4 apresenta-se a distribuição do número de
sintomas na parte superior do corpo.
Gráfico 4 – Representação percentual do número de sintomas na parte
superior do corpo
Procuraram-se associações entre a presença de ―qualquer sintoma na parte
superior do corpo‖ e diferentes variáveis de interesse, nomeadamente o
género, o IMC, horas semanais com paciente, a idade, outra actividade fora
da profissão ou actividade física, que pudessem promover o desenvolvimento
de LME, ser portador de doença e anos de profissão.
A variável género foi a única que revelou diferença estatisticamente
significativa com a ―presença de sintomas na parte superior do corpo‖
(Z=-3,291: p=0,001).
18,5
24,6
19,4
25
11,3
1,2
sem sintomas
1 sintoma
2 sintomas
3 sintomas
4 sintomas
5 sintomas
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
56
As mesmas variáveis foram cruzadas com a ―soma de sintomas‖ e a única que
se revelou estatisticamente significativa foi o número de horas com paciente
(χ2=11,903; p=0,036).
Relativamente aos factores que podem diminuir o risco de desenvolvimento
de LME encontram-se as pausas diárias, o trabalho a quatro mãos e a posição
de trabalho sentado.
As pausas diárias de 5 minutos são feitas pela maioria dos inquiridos (146,
59,8%), com um máximo de 10 pausas e uma média de 3 pausas diárias. Já
o trabalho a quatro mãos com colaboração de assistente é praticado sempre
ou frequentemente por 78 (32,3%) dos inquiridos e raramente ou nunca por
164 (67,7%). Existe uma correlação entre a percentagem de tempo de
trabalho com assistente e a presença de ―qualquer sintoma‖ e o ―número de
sintomas‖ (r=.162; p=.012 e r=.137; p=.033), respectivamente.
A posição de trabalho sentado é prática comum em 150 (61,7%) inquiridos
correspondendo a 70 ou mais percentagem do tempo e 38 (15,6%) trabalha
sentado em 50% ou menos do tempo. Não se encontraram correlações
significativas entre esta variável e a ―presença de qualquer sintoma‖ e o
―número de sintomas‖.
Na Tabela 9 observa-se a distribuição em termos de percentagem diária de
tempo em que são tomadas diversas posições de trabalho e com movimentos
repetidos bem como a aplicação de força com os dedos e mão. A repetição de
movimentos de mãos/dedos é observada em mais de 70% do tempo, bem
como a precisão com os dedos e a aplicação de força com as mãos e dedos.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
57
Tabela 9 - Percentagem diária de tempo gasto em determinadas condições
Actividade <30%
n (%)
30 a < 50%
n (%)
50 a < 70%
n (%)
≥ 70%
n (%)
Braços acima dos
ombros
176
(72,4)
34 (14,0) 23(9,5) 10 (4,1)
Inclinação do tronco 28
(11,5)
56(23,0) 99 (40,7) 60(24,7)
Rodar o tronco 39 (16,0) 71 (29,2) 93 (38,3) 40 (16,5)
Movimentos repetidos
c/ braços
20 (8,2) 44(18,1) 73 (30,0) 106 (43,6)
Movimentos repetidos
mãos/dedos
15 (6,2) 33(13,6) 70(28,8) 125(51,4)
Precisão com os dedos 19 (7,8) 24(9,9) 71 (29,2) 129 (53,1)
Aplicação de força
com mãos/dedos
28
(11,5)
50(20,6) 80(32,9) 85(35,0)
Verifica-se uma correlação positiva fraca entre a % de tempo de trabalho em
pé e os sintomas relacionados com essa posição (r =.223; p< .000).
As correlações, entre os sintomas relacionados com os diferentes tipos de
posição ou movimento, são positivas moderadas e significativas a 0,001 para
o trabalho com os braços acima da altura dos ombros (r =.390; p< .000), a
inclinação do tronco (r =.505; p< .000), a rotação do tronco (r =.479; p<
.000), a repetividade dos movimentos dos braços (ρ =.457; p< .000), com os
movimentos repetidos das mãos e dedos (r =.428; p< .000), a precisão com
os dedos (ρ =.395; p< .000) e a aplicação de forças com as mãos e dedos (ρ
=.425; p< .000).
No Gráfico 5 mostra-se a frequência com que os inquiridos exercem as
diferentes actividades clínicas. A actividade que é exercida com maior
frequência é o polimento profiláctico seguido da destartarização. A actividade
que requer mais esforço a nível manual (alisamento radicular) é aquela que é
praticada com menor frequência.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
58
Gráfico 5 - Frequências relativas (%) das diferentes actividades clínicas
Observa-se uma associação estatisticamente significativa entre a ―soma de
sintomas‖ na parte superior do corpo e a percentagem de ―tempo com
inclinação do tronco‖ (χ2=24,203; p <.000), a percentagem de ―tempo gasto
com movimentos repetidos das mãos/dedos‖ (χ2=12,055; p=.034), a
percentagem de ―tempo com movimentos de precisão com os dedos‖
(χ2=11,823; p=.037) e ainda a percentagem de tempo com alisamento
radicular (χ2=14,188; p=.014).
Para explorar a sintomatologia presente em cada uma das localizações da
parte superior do corpo com as diferentes variáveis relativas ao trabalho do
higienista oral utilizou-se o teste U de Mann-Whitney (Z) e obtiveram-se as
seguintes associações significativas:
PESCOÇO
- Percentagem de tempo diário com os braços acima da altura dos ombros
(Z=-3,200; p=.001)
- Percentagem diária de inclinação do tronco (Z=-2,478; p=.013)
- Percentagem diária de movimentos repetidos com os braços
(Z=-2,202; p=.028)
- Tempo gasto com alisamento radicular (Z=-2,519; p=.012)
- Tempo gasto com polimento (Z=-2,354; p=.019)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Mto Frequente
Frequente
Pouco frequente
Ocasional
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
59
ZONA DORSAL
- Horas de trabalho clínico (Z=-2,691;p=.007)
- Percentagem diária de inclinação do tronco (Z=-4,073;p=0,000)
- Percentagem diária de rotação do tronco (Z=-2,551; p=.011)
OMBROS
- Percentagem de tempo diário com os braços acima da altura dos ombros
(Z=-2,438; p=.015)
- Percentagem diária de inclinação do tronco (Z=-4,009; p=.000)
- Percentagem diária de movimentos repetidos com os braços
(Z=-3,392; p=.001)
- Percentagem diária de movimentos repetidos com as mãos e dedos
(Z=-2,946; p=.003)
- Percentagem diária de movimentos de precisão com os dedos
(Z=-3,529;p=.000)
- Percentagem diária de aplicação de força com mãos e dedos
(Z=-2,164; p=.030)
- Tempo gasto com destartarização (Z=-2,460; p=.014)
- Tempo gasto com alisamento radicular (Z=-2,573; p=.010)
- Tempo gasto com polimento (Z=-2,077; p=.038)
PUNHO/MÃO - Percentagem diária de movimentos repetidos com as mãos e dedos
(Z=-1,978; p=.048)
- Tempo gasto com destartarização (Z=-2,148; p=.032)
- Tempo gasto com alisamento radicular (Z=-2,693; p=.007)
Dos 215 inquiridos que apresentaram ―qualquer tipo de sintoma‖ 34 (15,8%)
referiram impedimento ao trabalho pela sintomatologia apresentada. De
salientar que a sintomatologia provocou impedimento ao trabalho mais do que
uma vez em alguns inquiridos (média de 1,92). No Gráfico 6 observa-se o
número de inquiridos que registaram impedimento ao trabalho por
sintomatologia dolorosa nos últimos 12 meses.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
60
Gráfico 6 – Número de inquiridos com impedimento ao trabalho por
sintomatologia dolorosa nos últimos 12 meses.
Não houve nenhum inquirido que tenha registado impedimento ao trabalho
por sintomatologia nos joelhos ou cotovelos (Tabela 10).
Relativamente aos dias de absentismo ao trabalho por sintomatologia nas
diferentes regiões anatómicas verifica-se que é pelo pescoço e zona dorsal
que se regista maior absentismo tendo um inquirido reportado 330 dias de
impedimento ao trabalho em ambas as localizações.
Tabela 10 - Absentismo ao trabalho por localização anatómica
Localização
anatómica
Nº total de dias
de absentismo
Média de dias de
absentismo
Mínimo-Máximo
dias de
absentismo
Pescoço 414 31,84 1 -330
Zona Dorsal 339 36,28 1-330
Zona Lombar 48 3,7 1-21
Ombro 57 9,5 2-21
Punho/mão 52 7,42 2-30
Coxas 15 3 3-8
Tornozelos/pés 30 30 30
Foram apenas encontradas correlações significativas entre o absentismo ao
trabalho e a percentagem de tempo diário em posição sentado (r =-139;
p=.031) e ainda com a percentagem de tempo diário com os braços acima da
altura dos ombros (r =.140; p=.029).
13
11
13
7
7 3 1 Pescoço
Zona Dorsal
Zona Lombar
Ombro
Punho/mão
Coxas
Tornozelos/pés
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
61
8 - Discussão
Este estudo teve como objectivo, identificar a prevalência de sintomatologia
auto-referida de LMELT em diferentes localizações corporais, em higienistas
orais portugueses, que é do nosso entendimento ser pioneiro.
O estudo foi feito através de um questionário, frequentemente referido na
literatura, e validado internacionalmente, fazendo-se dele inúmeras aplicações
em estudos de situações reais de trabalho. No presente estudo foi feita uma
adaptação à realidade dos higienistas orais.
Vários factores de risco têm sido identificados na literatura que contribuem
para o desenvolvimento de LME. A prática da higiene oral é um trabalho que
requer coordenação motora fina, com uma zona de trabalho pequena e
elevada, com falta de suporte dos antebraços, usando movimentos repetitivos
e de precisão do punho e da mão e com o uso de aparelhos de vibração.
Estas características do trabalho clínico são a base para posições estáticas do
pescoço, flexão do pescoço, inclinação e rotação do tronco, todas associadas
com queixas músculo-esqueléticas. Para além destes factores relacionados
directamente com as actividades praticadas, outros têm sido sugeridos tais
como, os anos de profissão, o maior tempo de consulta e o género feminino
(Hayes et al., 2009a).
A sintomatologia ao nível do pescoço foi a relatada em mais de metade do
grupo estudado, o que vai de encontro ao referido por Hayes et al. (2009b) e
Anton et al. (2002) onde referem, em vários estudos, que os HO têm maior
experiência de sintomas de LME ao nível do pescoço, ombro e punho/mão
comparados com outros profissionais de saúde oral.
É de salientar neste estudo que a presença de frequências de sintomatologia
músculo-esquelética é superior às referidas em estudos semelhantes (Anton
et al., 2002; Hayes et al., 2009b; Lindfors, von Thiele, & Lundberg, 2006;
Werner et al., 2005).
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
62
Neste estudo os valores de prevalência auto-referida de sintomas nos últimos
12 meses na parte superior do corpo, traduziu um quarto da amostra 81,8%
(52% para o pescoço, 48% para o punho/mão, 45% para a zona dorsal, 43%
para a zona lombar, 41% para os ombros), o que parece estar similar noutros
estudos: Akesson et al. (1999), Anton et al. (2003) e Morse et al. (2003)
onde são referidos valores respectivamente de 64%, 69% e 60% ao nível do
punho/mão; Oberg & Oberg (1993) e Anton et al. (2002) apresentam valores
para o pescoço de 62% e 68% respectivamente. Ylipaa et al. (1999) referem
64% para estudos com pescoço e ombros em simultâneo.
Por outro lado também a evidência de sintomatologia da zona cervical,
pescoço e ombros, é atribuída às componentes posturais e biomecânicas
exigidas pelas actividades no desempenho da higiene oral, nomeadamente a
flexão cervical, pela exigências visuais, a elevação dos membros superiores,
muitas vezes acima da altura dos ombros, o trabalho muscular estático ao
nível da articulação dos ombros, a extensão repetida do braço e antebraço e a
repetitividade de movimentos ao nível do punho/ mão. É importante neste
contexto referir que estes sintomas estão relacionados com a duração e o
ritmo do trabalho executado. Talvez por estes factos, tenha havido uma
correlação significativa entre o absentismo e a percentagem de tempo diário
em posição sentado (r =-139; p=.031) e a percentagem de tempo diário com
os braços acima da altura dos ombros (r =.140; p=.029).
De acordo com a literatura o género constitui um factor de influência na
sintomatologia de LMELT (Hagberg et al., 1995), aplicável neste estudo visto
a população em causa ser maioritariamente do sexo feminino (80,7%). Esta
referência é apresentada num estudo semelhante (Ylipaa et al., 1999) onde
se constatou que dos 471 HO respondentes, 99.7% eram do sexo feminino e
0.3% do masculino. De acordo com Osuna, 98% dos higienistas orais são
mulheres (Osuna, 2006).
Como dito anteriormente a sintomatologia do pescoço (52%) revelou ser o
problema mais importante ao nível dos higienistas orais portugueses. Esta
prevalência foi semelhante a um estudo realizado com alunos de HO
australianos, com 64,3% dos participantes a apresentarem sintomatologia
músculo-esquelética nos últimos 12 meses. Estudos semelhantes, também
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
63
com alunos suecos e americanos reportam a sintomatologia do pescoço como
a mais referida, respectivamente 62% e 68,5%.
Analisando as relações entre a sintomatologia ao nível da zona lombar (43%),
no presente estudo, e comparando com estudos semelhantes (Hayes et al.,
2009b) nos alunos australianos, com percentagens de 57,9%, este risco pode
existir pelo facto da actualidade fazer os profissionais dedicarem muitas horas
ao computador, onde se adoptam posições estáticas recorrentes, que podem
estar na origem do aparecimento de LME.
A maioria dos higienistas orais tem actividade física regular (123 – 49,4%), e
26,5% dessas actividades apresentam risco acrescido para a sintomatologia
músculo-esquelética, tal como é referenciado na literatura (Schneider &
Irastorza, 2010).
Estudos anteriores noutros países referem que os higienistas orais exercem a
sua prática profissional estabelecendo posturas inadequadas e prolongadas,
as quais podem conduzir a dores musculares. Por outro lado, tem sido
sugerido que o uso de instrumentos e equipamentos ergonomicamente bem
desenhados ajuda a promover posturas correctas limitando
consequentemente o potencial desenvolvimento de LME (Hayes et al, 2009).
Um estudo que analisou o efeito do uso de lupas ópticas na postura verificou
que este dispositivo poderá ter um efeito positivo no posicionamento correcto
da cabeça e pescoço (Morse, Dillon, Warren, Levenstein, & Warren, 1998),
sendo sugerido como um complemento promotor da saúde músculo-
esquelética dos higienistas orais (Osuna, 2006; Warren, Dillon, Morse, Hall, &
Warren, 2000).
É importante que a prevenção das LMELT se inicie logo na formação e que os
estudantes durante o seu treino clínico sejam educados na ergonomia,
incluindo o uso de equipamentos e instrumentos que suportem posturas
óptimas e cuidados corporais. Este cuidado holístico deve incluir não só estes
aspectos, mas também os aspectos relacionados com o calçado e vestuário
apropriados e a protecção dos riscos ambientais.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
64
Apesar do presente estudo proporcionar uma visão global sobre as LME, trata-
se de um primeiro estudo exploratório, com todas as limitações a ele
inerentes. Estudos longitudinais de profissionais e estudantes são necessários
para estabelecer os padrões epidemiológicos das LMELT.
A investigação sobre intervenções ergonómicas e bem-estar físico podem
igualmente ter algum impacto nos problemas músculo-esqueléticos deste
grupo profissional.
No presente estudo não foram encontradas associações entre a presença de
sintomatologia músculo-esquelética aos 12 meses com as variáveis
demográficas: idade, peso, altura e nem com as variáveis profissionais:
número de horas de trabalho semanais, número de anos de profissão, horas
de trabalho com o paciente. Isto pode remeter-nos para o facto da população
em estudo ser uma população jovem, fazer uma média de 30 horas de
trabalho, o que pode diminuir a exposição à fadiga e ao stress.
Perante estes resultados pode ser possível afirmar que a avaliação dos níveis
de desconforto e incómodo ou dor com origem no sistema músculo-
esquelético está relacionado com o trabalho e as condições em que ele é
desenvolvido e de acordo com o descrito na literatura internacional (Schneider
& Irastorza, 2010).
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
65
9 - Considerações Finais
Este estudo teve como principal objectivo identificar a prevalência de
sintomatologia auto-referida no grupo profissional dos Higienistas Orais.
De acordo com a literatura e em vários estudos feitos com profissionais e
estudantes de saúde oral, as LMELT representam um enorme problema na
profissão dos higienistas orais (Hayes, Cockrell, & Smith, 2009a).
No presente estudo os resultados obtidos permitem referir a existência de
sintomatologia músculo-esquelética nas diferentes zonas corporais dos HO,
manifestada nos últimos 12 meses, com maior prevalência ao nível da parte
superior do corpo, nomeadamente com (52%) para o pescoço, (48%) para o
punho/mão, (45%) para a zona dorsal, (43%) para a zona lombar e (41%)
para os ombros. Esta prevalência vai de encontro a estudos internacionais,
onde a ocorrência de sintomas nos 12 meses anteriores eram semelhantes
(Akesson et al., 1997; Atwood & Michalak-Turcotte, 1992; Hayes et al.,
2009b).
As correlações encontradas foram significativas (para um nível de significância
de p=0,001) para o trabalho com os braços acima da altura dos ombros (r
=.390; p<.000), a inclinação dos ombros (r =.390; p<.000), a inclinação do
tronco (r =.505; p<.000), a rotação do tronco (r =.479; p<.000), a
repetividade dos movimentos dos braços (r =.457; p<.000), com os
movimentos repetidos das mãos e dedos (r =.428; p<.000), a precisão com
os dedos (r =.395; p<.000) e a aplicação de forças com as mãos e dedos (r
=.425; p<.000), factores que influenciam a sintomatologia de dor,
desconforto e incómodo relatadas na zona superior do corpo e que estão
relacionados com a actividade desenvolvida pelos HO.
Só uma pequena percentagem de respondentes (15,8%) referiu impedimento
ao trabalho pela sintomatologia dolorosa apresentada nos últimos 12 meses e
foi no pescoço e zona dorsal que se registou maior absentismo. As correlações
significativas no absentismo fizeram-se entre a percentagem de tempo diário
em posição sentado (r =-139; p=.031) e a percentagem de tempo diário com
os braços acima da altura dos ombros (r = 140; p=.029), o que demonstra
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
66
existirem factores de riscos evidentes na prática clínica destes profissionais,
que levam ao aparecimento da sintomatologia músculo-esquelética referida.
Foram muitos os estudos que utilizaram questionários na identificação dos
factores de risco e das actividades que podem levar ao agravamento de
sintomatologia nas regiões superiores do corpo. Os maiores problemas nas
actividades dos HO passam, precisamente, por haver uma prática clínica que
envolve movimentos muito repetitivos e procedimentos sempre muito
semelhantes comparados com os outros profissionais da saúde oral.
Embora os métodos de identificação de sintomas auto-relatados possam
introduzir viés de memória, trata-se de métodos convenientes e simples.
Apesar do método de auto-relato poder levar a respostas enviesadas, não
deixa de ser uma técnica prática e pouco onerosa (Hayes e al., 2009b).
Talvez medidas mais precisas, como avaliações físicas, possam levar a
resultados mais fiáveis apesar de serem mais caras e mais demoradas. Este
estudo também poderá ter um viés de selecção introduzido pelos não-
respondentes. É possível que os que responderam o terem feito por sofrerem
de LME, o que poderá inflacionar os resultados (Hayes et al., 2009b).
É evidente através da literatura existente, que as LMELT são um problema
complexo e multifactorial que atinge os componentes pessoais, familiares e
sócio-organizacionais deste grupo de profissionais de saúde.
Uma completa compreensão da progressão destas patologias está longe de
ser esclarecida devido à falta de estudos longitudinais e métodos
estandardizados de investigação. Estudos futuros devem incluir uma
triangulação de métodos em estudos longitudinais (Hayes et al, 2010),
contribuindo para a intervenção ao nível da prevenção destas lesões e, por
consequência, para uma melhor qualidade de vida e maior integração social,
assim como para a existência de melhores organizações do trabalho e melhor
e mais efectiva saúde ocupacional.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
67
10 - Recomendações
As LMELT são uma realidade no seio dos profissionais de saúde oral mais
propriamente no grupo dos higienistas orais.
Os factores de risco que levam ao aparecimento destas lesões desempenham
um papel muito importante num plano organizacional, o que força a que a
prevenção deva ser feita, com o objectivo de minimizar os danos a que os
higienistas orais possam estar sujeitos.
Desta maneira o primeiro passo deve ser dado com os alunos, logo no inicio
das sua escolaridade para que se possam optimizar os espaços, os
equipamentos, o ambiente e a actividade de trabalho, enquanto alunos e na
sua vida profissional futura, para que aprendam a ter noções posturais que
diminuam a probabilidade de instalação de LMELT. Neste sentido é preciso
que haja um conjunto de situações que promovam esta prevenção, ou seja,
não só é importante ter um bom equipamento dentário como é necessário
que haja desde cedo instrução e treino sobre os princípios ergonómicos. Deve
dar-se especial atenção às posturas de trabalho e aos movimentos exercidos,
que possam influenciar a posição da cabeça e punhos e reduzir as posições
estáticas e extremas ao nível dos ombros (Akesson et al., 1997).
É importante que haja um investimento ao nível do plano organizacional que
implique a educação e o treino sobre as LMELT aos profissionais, para que
haja uma prevenção atempada (Michalak-Turcotte, 2000).
Para além disso, a formação e informação sobre LMELT permitirá reconhecer
os sintomas de forma precoce evitando estádios avançados de lesões.
Utilizando estratégias conservativas, incluindo um ritmo de trabalho mais
baixo ou mudando estratégias nas actividades clínicas, reduzindo factores
stressores (instrumentos, luvas, etc.) e as posturas incorrectas ao nível da
mão, braço, e pescoço é possível prevenir estas doenças profissionais
(Hamann, 2004).
Torna-se muito importante que neste contexto, se inicie um programa de
prevenção das LMELT, orientado para uma intervenção ergonómica
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
68
sistemática e integrada, que crie medidas para alterar a organização do
trabalho de forma a minimizar as posturas ortostáticas, a ter menor
repetitividade, ou diminuição dos movimentos dos braços e punhos, de modo
a permitir que haja recuperação fisiológica do profissional.
Deve existir também outra vertente da intervenção ergonómica que diminua
as exigências das zonas da parte superior do corpo, pela prevalência de
LMELT apresentadas neste estudo, que inclua mecanismos de diminuição da
intensidade de exposição aos factores de risco, tais como: luvas específicas
para cada mão, e não ambidextras (que não obriguem a tanto esforço das
mãos), sistemas de afiação de instrumentos mais fáceis para que sejam
diminuídos o número de movimentos de trabalho, iluminação melhorada,
cadeira do paciente e do clínico mais ergonómica, material de protecção e uso
de lentes no trabalho de alta precisão. Finalmente a existência de um
programa de exercícios de relaxamento entre pausas para compensação do
trabalho esforçado permitirá a prevenção efectiva das LMELT nos Higienistas
Orais (Osuna, 2006).
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
69
11 - Bibliografia
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Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
76
ANEXO 1
Carta aos Colegas para preenchimento do questionário sobre LMELT.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
77
Pedido de apoio ao preenchimento de questionário sobre LMELT (doenças
profissionais), nos Higienistas Orais
Caro(a) colega [FirstName] [LastName],
No âmbito da minha dissertação de mestrado (Mestrado em Intervenção Sócio
-Organizacional na Saúde, Especialização em Tecnologias e Qualidade da
Saúde) estou a desenvolver uma investigação sobre lesões músculo-
esqueléticas ligadas ao trabalho (LMELT) nos Higienistas Orais.
As lesões músculo-esqueléticas, como todos sabem, são referenciadas como
um dos maiores problemas de saúde profissional dos Higienistas Orais.
As LMELT provocam dor, perda de força e edema, e são responsáveis pela
diminuição do desempenho e do rendimento profissional.
Face à inexistência de estudos nesta área em Portugal, no delineamento
metodológico deste trabalho optou-se pela aplicação de um questionário a
todos os Higienistas Orais que se formaram até à data.
A divulgação do questionário vai ser realizada via correio electrónico. Este
meio é, actualmente, a forma mais fácil de chegar a todos.
Ficarei muito grata pela sua participação e espero partilhar consigo os
principais resultados. Se conseguirmos chamar a atenção para este problema
de saúde ocupacional e encetar o início de uma linha de investigação,
esperamos que seja possível culminar numa efectiva prevenção de LMELT nos
Higienistas Orais.
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
78
Agradeço a sua compreensão, o seu tempo e a sua colaboração em prol de
um grupo profissional.
Sugere-se que o questionário seja respondido após um dia de trabalho
(preferencialmente numa 5ª feira) em que os sintomas estejam mais
evidentes.
Este é a hiperligação para o questionário:
http://www.surveymonkey.com/s.aspx
Este hiperligação está exclusivamente ligado a este questionário e ao seu
endereço de correio electrónico. Por favor, não encaminhe esta mensagem.
Muito obrigada pela colaboração,
Fátima Duarte
4º Curso de HO da FMDUL
PS: para qualquer esclarecimento adicional deixo o meu endereço electrónico,
Atenção: se não quiser receber mais emails, por favor clique na hiperligação
abaixo. Será automaticamente removido da nossa mailing list.
http://www.surveymonkey.com/optout.aspx
Prevalência de LMELT nos higienistas orais: contributo para a saúde e
segurança no local de trabalho
79
ANEXO 2
Questionário Final enviado aos Higienistas Orais
80
Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-
Este questionário pretende conhecer aspectos da sua saúde, hábitos e actividade profissional. A utilização é exclusivamente para fins de investigação, estando assegurada a confidencialidade das suas respostas e a sua não utilização para outros fins. Seja, por favor, o mais preciso possível nas suas respostas. A sua contribuição é indispensável. O questionário depende da sua cooperação e estimamos que deverá ocupar apenas cerca de 10 minutos. Fique perfeitamente seguro, porque as suas respostas são totalmente confidenciais. Regras de Preenchimento: Seleccione o campo correspondente à sua opção na chave de respostas. Complete as suas respostas quando existir essa oportunidade.
1. Nome (facultativo)
2. Género
3. Ano de Nascimento
4. Peso (Kg)
5. Altura (cm)
6. Membro superior dominante
7. Há quanto tempo exerce a profissão?
Introdução
A - Caracterização sócio-demográfica
Anos
Meses
Feminino nmlkj
Masculino nmlkj
Dextro nmlkj
Esquerdino/canhoto nmlkj
Ambidextro nmlkj
Sim,
81
Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-8. Numero de horas de trabalho por semana?
9. Regime de trabalho
10. Numero de horas por semana que trabalha directamente com o paciente?
11. Realiza algum tipo de actividade fora da profissão de H.O.?
12. Realiza regularmente algum tipo de actividade fisica?
13. Fuma?
14. Bebe habitualmente bebidas alcoólicas?
15. Bebe habitualmente café?
B - Caracterização do estado de saúde
< 35h nmlkj
35 a 40 nmlkj
> de 40 nmlkj
Fixo nmlkj
Independente nmlkj
Ambos nmlkj
Não nmlkj
Sim, qual?
nmlkj
Não nmlkj
Sim, qual?
nmlkj
Não nmlkj
Sim, nº de cigarrros p/ dia
nmlkj
Sim nmlkj
Não nmlkj
Sim nmlkj
Não nmlkj
Sim,
82
Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-16. Sofre de alguma doença?
17. Qual das seguintes?
18. Está a receber algum tratamento de reabilitação ? (ex. Fisioterapia, Terapia ocupacional...)
19. Toma medicamentos regularmente (incluindo calmantes ou pílula)?
20. Consultou algum médico no último ano?
*
B - Caracterização do estado de saúde
B - Caracterização do estado de saúde
C - Caracterização da sintomatologia ligada ao trabalho [PESCOÇO]
Sim nmlkj
Não nmlkj
Diabetes gfedc
Hérnia discal gfedc
Hipertensão gfedc
Sindrome do túnel cárpico gfedc
Gota gfedc
Tendinite gfedc
Osteoporese gfedc
Artrose gfedc
Outra
gfedc
Não nmlkj
Sim, qual?
nmlkj
Sim nmlkj
Não nmlkj
Sim nmlkj
Não nmlkj
Porquê?
83
Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-Para responder por todos os Higienistas Orais. Teve algum problema durante os últimos 12 meses (fadiga, desconforto, dor, inchaço), que estivesse presente pelo menos 4 dias seguidos? Se SIM, refira qual a sua intensidade e frequência, marcando o valor correspondente
21. PESCOÇO
Preencha a tabela seguinte, assinalando com uma cruz o quadrado correspondente ao estado de fadiga, desconforto ou dor, em função dos segmentos corporais considerados. No caso de referir sintomas, indique qual a sua intensidade e a sua frequência anual, de acordo com as escalas que se seguem, marcando o valor correspondente:
*
C - PESCOÇO
Não nmlkj
Sim nmlkj
Sim,
84
Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-Intensidade do desconforto /dor: 1- Ligeiro 2- Moderado 3- Intenso 4- Muito intenso Frequência (nº de vezes por ano): 1- Uma vez 2- 2 ou 3 vezes 3- 4 a 6 vezes 4- Mais de 6 vezes 22. PESCOÇO
23. Os sintomas referidos estão presentes ou estiveram presentes durante os últimos 7 dias?
24. Nos últimos 12 meses, esteve impedido de realizar o seu trabalho normal devido a esse problema?
Para responder por todos os Higienistas Orais. Teve algum problema durante os últimos 12 meses (fadiga, desconforto, dor, inchaço), que estivesse presente pelo menos 4 dias seguidos? Se SIM, refira qual a sua intensidade e frequência, marcando o valor correspondente
* 1 2 3 4
Frequência nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Intensidade nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
C - Caracterização da sintomatologia ligada ao trabalho [ZONA DOR...
Não nmlkj
Sim nmlkj
Não nmlkj
Sim, quantos dias?
nmlkj
85
Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-
25. ZONA DORSAL
Preencha a tabela seguinte, assinalando com uma cruz o quadrado correspondente ao estado de fadiga, desconforto ou dor, em função dos segmentos corporais considerados. No caso de referir sintomas, indique qual a sua intensidade e a sua frequência anual, de acordo com as escalas que se seguem, marcando o valor correspondente:
Intensidade do desconforto /dor: 1- Ligeiro 2- Moderado 3- Intenso 4- Muito intenso Frequência (nº de vezes por ano): 1- Uma vez 2- 2 ou 3 vezes 3- 4 a 6 vezes 4- Mais de 6 vezes 26. ZONA DORSAL
*
C - ZONA DORSAL
* 1 2 3 4
Frequência nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Intensidade nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Não nmlkj
Sim nmlkj
Sim,
86
Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-27. Os sintomas referidos estão presentes ou estiveram presentes durante os últimos 7 dias?
28. Nos últimos 12 meses, esteve impedido de realizar o seu trabalho normal devido a esse problema?
Para responder por todos os Higienistas Orais. Teve algum problema durante os últimos 12 meses (fadiga, desconforto, dor, inchaço), que estivesse presente pelo menos 4 dias seguidos? Se SIM, refira qual a sua intensidade e frequência, marcando o valor correspondente
29. ZONA LOMBAR
Preencha a tabela seguinte, assinalando com uma cruz o quadrado correspondente ao estado de fadiga, desconforto ou dor, em função dos segmentos corporais considerados. No caso de referir sintomas, indique qual a sua intensidade e a sua frequência anual, de acordo com as escalas que se seguem, marcando o valor correspondente:
C - Caracterização da sintomatologia ligada ao trabalho [ZONA LOM...
*
C - ZONA LOMBAR
Não nmlkj
Sim nmlkj
Não nmlkj
Sim, quantos dias?
nmlkj
Não nmlkj
Sim nmlkj
Sim,
87
Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-Intensidade do desconforto /dor: 1- Ligeiro 2- Moderado 3- Intenso 4- Muito intenso Frequência (nº de vezes por ano): 1- Uma vez 2- 2 ou 3 vezes 3- 4 a 6 vezes 4- Mais de 6 vezes 30. ZONA LOMBAR
31. Os sintomas referidos estão presentes ou estiveram presentes durante os últimos 7 dias?
32. Nos últimos 12 meses, esteve impedido de realizar o seu trabalho normal devido a esse problema?
Para responder por todos os Higienistas Orais. Teve algum problema durante os últimos 12 meses (fadiga, desconforto, dor, inchaço), que estivesse presente pelo menos 4 dias seguidos? Se SIM, refira qual a sua intensidade e frequência, marcando o valor correspondente
* 1 2 3 4
Frequência nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Intensidade nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
C - Caracterização da sintomatologia ligada ao trabalho [OMBROS]
Não nmlkj
Sim nmlkj
Não nmlkj
Sim, quantos dias?
nmlkj
88
Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-33. OMBROS
34. Indique em qual dos lados.
Preencha a tabela seguinte, assinalando com uma cruz o quadrado correspondente ao estado de fadiga, desconforto ou dor, em função dos segmentos corporais considerados. No caso de referir sintomas, indique qual a sua intensidade e a sua frequência anual, de acordo com as escalas que se seguem, marcando o valor correspondente:
Intensidade do desconforto /dor: 1- Ligeiro 2- Moderado 3- Intenso 4- Muito intenso Frequência (nº de vezes por ano): 1- Uma vez 2- 2 ou 3 vezes 3- 4 a 6 vezes 4- Mais de 6 vezes 35. OMBROS
36. Os sintomas referidos estão presentes ou estiveram presentes durante os últimos 7 dias?
*
C - OMBRO(S)
* 1 2 3 4
Frequência nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Intensidade nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Não nmlkj
Sim nmlkj
Direito nmlkj
Esquerdo nmlkj
Ambos nmlkj
Não nmlkj
Sim nmlkj
Sim,
89
Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-37. Nos últimos 12 meses, esteve impedido de realizar o seu trabalho normal devido a esse problema?
Para responder por todos os Higienistas Orais. Teve algum problema durante os últimos 12 meses (fadiga, desconforto, dor, inchaço), que estivesse presente pelo menos 4 dias seguidos? Se SIM, refira qual a sua intensidade e frequência, marcando o valor correspondente
38. COTOVELOS
39. Indique em qual dos lados.
Preencha a tabela seguinte, assinalando com uma cruz o quadrado correspondente ao estado de fadiga, desconforto ou dor, em função dos segmentos corporais considerados. No caso de referir sintomas, indique qual a sua intensidade e a sua frequência anual, de acordo com as escalas que se seguem, marcando o valor correspondente:
C - Caracterização da sintomatologia ligada ao trabalho [COTOVELO...
*
C - COTOVELO(S)
Não nmlkj
Sim, quantos dias?
nmlkj
Não nmlkj
Sim nmlkj
Direito nmlkj
Esquerdo nmlkj
Ambos nmlkj
Sim,
90
Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-Intensidade do desconforto /dor: 1- Ligeiro 2- Moderado 3- Intenso 4- Muito intenso Frequência (nº de vezes por ano): 1- Uma vez 2- 2 ou 3 vezes 3- 4 a 6 vezes 4- Mais de 6 vezes 40. COTOVELOS
41. Os sintomas referidos estão presentes ou estiveram presentes durante os últimos 7 dias?
42. Nos últimos 12 meses, esteve impedido de realizar o seu trabalho normal devido a esse problema?
Para responder por todos os Higienistas Orais. Teve algum problema durante os últimos 12 meses (fadiga, desconforto, dor, inchaço), que estivesse presente pelo menos 4 dias seguidos? Se SIM, refira qual a sua intensidade e frequência, marcando o valor correspondente
* 1 2 3 4
Frequência nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Intensidade nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
C - Caracterização da sintomatologia ligada ao trabalho [PUNHO/MÃO]
Não nmlkj
Sim nmlkj
Não nmlkj
Sim, quantos dias?
nmlkj
91
Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-43. PUNHO/MÃO
44. Indique em qual dos lados.
Preencha a tabela seguinte, assinalando com uma cruz o quadrado correspondente ao estado de fadiga, desconforto ou dor, em função dos segmentos corporais considerados. No caso de referir sintomas, indique qual a sua intensidade e a sua frequência anual, de acordo com as escalas que se seguem, marcando o valor correspondente:
Intensidade do desconforto /dor: 1- Ligeiro 2- Moderado 3- Intenso 4- Muito intenso Frequência (nº de vezes por ano): 1- Uma vez 2- 2 ou 3 vezes 3- 4 a 6 vezes 4- Mais de 6 vezes 45. PUNHO/MÃO
*
C - PUNHO(S)/MÃO(S)
* 1 2 3 4
Frequência nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Intensidade nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Não nmlkj
Sim nmlkj
Direito nmlkj
Esquerdo nmlkj
Ambos nmlkj
Sim,
Outra
92
Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-46. Os sintomas referidos estão presentes ou estiveram presentes durante os últimos 7 dias?
47. Nos últimos 12 meses, esteve impedido de realizar o seu trabalho normal devido a esse problema?
Para responder por todos os Higienistas Orais. Teve algum problema durante os últimos 12 meses (fadiga, desconforto, dor, inchaço), que estivesse presente pelo menos 4 dias seguidos? Se SIM, refira qual a sua intensidade e frequência, marcando o valor correspondente
48. COXAS
49. Indique em qual dos lados.
Preencha a tabela seguinte, assinalando com uma cruz o quadrado correspondente ao estado de fadiga, desconforto ou dor, em função dos segmentos corporais considerados. No caso de referir sintomas, indique qual a sua intensidade e a sua frequência anual, de acordo com as escalas que se seguem, marcando o valor correspondente:
C - Caracterização da sintomatologia ligada ao trabalho [COXAS]
*
C - COXA(S)
Não nmlkj
Sim nmlkj
Não nmlkj
Sim, quantos dias?
nmlkj
Não nmlkj
Sim nmlkj
Direito nmlkj
Esquerdo nmlkj
Ambos nmlkj
Sim,
93
Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-
Intensidade do desconforto /dor: 1- Ligeiro 2- Moderado 3- Intenso 4- Muito intenso Frequência (nº de vezes por ano): 1- Uma vez 2- 2 ou 3 vezes 3- 4 a 6 vezes 4- Mais de 6 vezes 50. COXAS
51. Os sintomas referidos estão presentes ou estiveram presentes durante os últimos 7 dias?
52. Nos últimos 12 meses, esteve impedido de realizar o seu trabalho normal devido a esse problema?
Para responder por todos os Higienistas Orais. Teve algum problema durante os últimos 12 meses (fadiga, desconforto, dor, inchaço), que estivesse presente pelo menos 4 dias seguidos? Se SIM, refira qual a sua intensidade e frequência, marcando o valor correspondente
* 1 2 3 4
Frequência nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Intensidade nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
C - Caracterização da sintomatologia ligada ao trabalho [JOELHOS]
Não nmlkj
Sim nmlkj
Não nmlkj
Sim, quantos dias?
nmlkj
94
Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-
53. JOELHOS
54. Indique em qual dos lados.
Preencha a tabela seguinte, assinalando com uma cruz o quadrado correspondente ao estado de fadiga, desconforto ou dor, em função dos segmentos corporais considerados. No caso de referir sintomas, indique qual a sua intensidade e a sua frequência anual, de acordo com as escalas que se seguem, marcando o valor correspondente:
*
C - JOELHO(S)
Não nmlkj
Sim nmlkj
Direito nmlkj
Esquerdo nmlkj
Ambos nmlkj
95
Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-Intensidade do desconforto /dor: 1- Ligeiro 2- Moderado 3- Intenso 4- Muito intenso Frequência (nº de vezes por ano): 1- Uma vez 2- 2 ou 3 vezes 3- 4 a 6 vezes 4- Mais de 6 vezes 55. JOELHOS
56. Os sintomas referidos estão presentes ou estiveram presentes durante os últimos 7 dias?
57. Nos últimos 12 meses, esteve impedido de realizar o seu trabalho normal devido a esse problema?
Para responder por todos os Higienistas Orais. Teve algum problema durante os últimos 12 meses (fadiga, desconforto, dor, inchaço), que estivesse presente pelo menos 4 dias seguidos? Se SIM, refira qual a sua intensidade e frequência, marcando o valor correspondente
* 1 2 3 4
Frequência nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Intensidade nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
C - Caracterização da sintomatologia ligada ao trabalho [TORNOZEL...
Não nmlkj
Sim nmlkj
Não nmlkj
Sim, quantos dias?
nmlkj
96
Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-58. TORNOZELOS/PÉS
59. Indique em qual dos lados.
Preencha a tabela seguinte, assinalando com uma cruz o quadrado correspondente ao estado de fadiga, desconforto ou dor, em função dos segmentos corporais considerados. No caso de referir sintomas, indique qual a sua intensidade e a sua frequência anual, de acordo com as escalas que se seguem, marcando o valor correspondente:
Intensidade do desconforto /dor: 1- Ligeiro 2- Moderado 3- Intenso 4- Muito intenso Frequência (nº de vezes por ano): 1- Uma vez 2- 2 ou 3 vezes 3- 4 a 6 vezes 4- Mais de 6 vezes 60. TORNOZELOS/PÉS
*
C - TORNOZELO(S)/PÉ(S)
* 1 2 3 4
Frequência nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Intensidade nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Não nmlkj
Sim nmlkj
Direito nmlkj
Esquerdo nmlkj
Ambos nmlkj
97
Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-61. Os sintomas referidos estão presentes ou estiveram presentes durante os últimos 7 dias?
62. Nos últimos 12 meses, esteve impedido de realizar o seu trabalho normal devido a esse problema?
Responda às seguintes questões sobre o tipo de trabalho que desempenha na profissão.
63. Classifique o seu tipo de trabalho predominante (assinale apenas as actividades que realiza)
64. Tempo diário (horas)
65. Há quanto tempo desempenha o trabalho principal?
66. Costuma fazer pausas de pelo menos, 5 minutos seguidos, durante o seu dia de trabalho (excluindo a pausa para almoço)?
D - Caracterização dos aspectos relacionados com o exercício...
Clinico
Comunitário
Pedagógico
Outra
Anos
Meses
Não nmlkj
Sim nmlkj
Não nmlkj
Sim, quantos dias?
nmlkj
Clinico gfedc
Comunitário gfedc
Pedagógico gfedc
Outra
gfedc
Não nmlkj
Sim, quantas?
nmlkj
98
Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-67. Executa o seu trabalho a quatro mãos?
O seu posto de trabalho principal envolve algumas características; Classifique-as de acordo com os sintomas referidos anteriormente.
68. Percentagem do tempo diário
69. Relação com sintomas
E - Relação dos sintomas com a actividade de trabalho
* < 30% ≥ 30% < 50% ≥ 50% < 70% ≥ 70%
Trabalho sentado nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Trabalho de pé nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Braços a cima da altura dos ombros
nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Inclinar o tronco nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Rodar o tronco nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Repetitividade de movimentos dos braços
nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Repetitividade de movimentos das mãos/dedos
nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Precisão com os dedos nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Aplicar força com as mãos ou dedos
nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
* Sem relação
Pouco relacionado
Muito relacionado
Totalmente relacionado
Trabalho sentado nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Trabalho de pé nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Braços a cima da altura dos ombros
nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Inclinar o tronco nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Rodar o tronco nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Repetitividade de movimentos dos braços
nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Repetitividade de movimentos das mãos / dedos
nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Precisão com os dedos nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Aplicar força com as mãos ou dedos
nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
F - Tempo diário gasto na execução das actividades mais frequentes
Sempre nmlkj
Frequentemente nmlkj
Raramente nmlkj
Nunca nmlkj
99
Questionário de identificação de sintomas de lesões músculos-
70. Seleccione qual a proporção de tempo diário gasto na execução das seguintes actividades:
Ocasional Pouco frequente Frequente Muito frequenteTécnicas de Higiene Oral nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Destartarização nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Alisamento radicular nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Polimento profilático nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj
Outra nmlkj nmlkj nmlkj nmlkj