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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS COMUNICAÇÃO E DIDÁTICA DO PATRIMÓNIO EM MUSEUS REGIONAIS - MUSEU MUNICIPAL DE ALCOCHETE ANDREIA AMORIM Relatório de Estágio orientado pelo Professor Doutor Fernando Grilo e pela Técnica Superior Elsa Guerreiro, especialmente elaborado para a obtenção do grau de mestre em História da Arte e Património 2019

UNIVERSIDADE DE LISBOA · 2020. 12. 16. · de visita orientada pelo serviço educativo do museu, à Igreja de São Brás, situada no Samouco, concelho de Alcochete, na qual me apoiei

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE LETRAS

COMUNICAÇÃO E DIDÁTICA DO PATRIMÓNIO EM

MUSEUS REGIONAIS - MUSEU MUNICIPAL DE

ALCOCHETE

ANDREIA AMORIM

Relatório de Estágio orientado pelo Professor Doutor Fernando Grilo e pela

Técnica Superior Elsa Guerreiro, especialmente elaborado para a obtenção

do grau de mestre em História da Arte e Património

2019

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“ (…) Os museus constituem instrumentos indispensáveis no domínio da fruição e

criação cultural, estimulando o empenhamento de todos os cidadãos na sua salvaguarda,

enriquecimento e divulgação.”

In, Lei nº 47/2004 de 19 de Agosto, Diário da República, Série I, nº 195, art. 2.º, alínea b

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Agradecimentos

Primeiramente é imprescindível agradecer a todas as pessoas envolvidas na realização

deste relatório de estágio, tornando-o possível, superando todas as adversidades

encontradas.

Ao Professor Doutor Fernando Grilo deve-se o reconhecimento e agradecimento, pela

sua disponibilidade, no acompanhamento e orientação deste trabalho curricular.

Aos professores de mestrado em História da Arte e Património, da Faculdade de Letras,

da Universidade de Lisboa, que clarificaram sempre todas as dúvidas que surgiram,

através das suas aulas elucidativas que simplificaram a decisão do tema do relatório.

Seguidamente é essencial agradecer ao Museu Municipal de Alcochete, a toda a equipa

que me aconselhou e auxiliou durante os meses de estágio, principalmente à sua diretora

Elsa Afonso, que me acompanhou durante toda a minha investigação.

Um grande agradecimento ao arqueólogo Miguel Correia, que me ajudou com a

realização da visita guiada à Igreja de São Brás e ao técnico superior Marto Alves pela

amabilidade e disponibilidade para esclarecer as inúmeras dúvidas que foram surgindo.

Agradeço à Marta, a minha colega de estudos, desde a licenciatura que me acompanhou

e motivou neste caminho até ao mestrado.

Finalmente um obrigado à minha família, que nunca duvidou de mim e incessantemente

me encorajaram a persistir. Ao meu pai e à minha mãe, que sempre tiveram uma palavra

de apoio.

Obrigado ao Rúben, pela paciência em escutar todos os progressos durante este

processo de escrita e investigação, pois esteve permanentemente disposto a me

influenciar positivamente para conquistar o meu objetivo.

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Índice

Agradecimentos 2

Resumo 5

Abstract 6

Abreviaturas e Siglas 7

Introdução 8-9

1. CAPÍTULO 1 – O estágio

1.1 A Vila de Alcochete 10-11

1.2. A entidade de acolhimento 12-21

1.3. Objetivos 22

1.4. Metodologia / Estado da Arte 23-25

Folha de Sala da Nave 26-29

Folha de Sala do Coro (Casa do Despacho) 30-34

Guião para a Visita Orientada à Igreja de São Brás 35-56

2. CAPÍTULO 2 – A Igreja de São Brás

2.1. Contexto histórico do local 57

2.2. Iconografia 58

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São Brás

São Pedro

Santo Antão

2.3. O Revestimento azulejar 59-61

3. CAPÍTULO 3 – A Igreja da Misericórdia

3.1. Contexto histórico do local 62

3.2. Iconografia 71-73

São João Batista

Santa Catarina

Santa Inês

Santa Lúzia

Santa Apolónia

4. CAPÍTULO 4 – Comunicação e Didática

4.1. A Problemática 74-75

4.1.2. O Museu Municipal de Alcochete 76-80

Considerações Finais 81

Fontes e Bibliografia 82-84

Anexo I 85

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Resumo

Este relatório foi desenvolvido com o propósito de ilustrar o estágio curricular,

realizado no Museu Municipal de Alcochete, em virtude do tema “Comunicação e

Didática Do Património em Museus Regionais – Museu Municipal de Alcochete”.

Este tema surge numa atualidade onde cada vez mais existem cidades polarizadoras

sobre as demais, onde o grande fluxo de turismo dita quase forçosamente a relevância

de um museu em relação a outro. Porém, esta realidade está neste momento a ser

contrariada pelos pequenos museus regionais, que estão a apostar cada vez mais no seu

público, com a realização de diversas atividades e exposições para várias faixas etárias.

Os tópicos abordados neste relatório irão assentar no trabalho realizado durante o meu

estágio no MMA. Em primeira instância, a história do concelho de Alcochete onde o

museu se insere, o porquê da necessidade da sua criação e a especificidade da coleção

que alberga, tanto no Núcleo Sede como no Núcleo de Arte Sacra.

O estágio consistiu numa investigação a nível iconográfico, histórico e artístico de

várias peças, que analisei em duas fases distintas. A primeira na elaboração de um guião

de visita orientada pelo serviço educativo do museu, à Igreja de São Brás, situada no

Samouco, concelho de Alcochete, na qual me apoiei principalmente no revestimento

azulejar da mesma e também na estatuária. A segunda fase subsistiu na recolha de

informação para a concretização de duas folhas de sala para o Núcleo de Arte Sacra do

MMA. Na sala da nave os principais objetos de estudo foram, o retábulo de século XVI

presente no altar-mor e o teto em caixotões. Na sala do coro os objetos selecionados

foram as pinturas de século XVI-XVII.

Palavras-chave: iconografia, museu, património, arte-sacra, herança cultural.

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Abstract

This report was made to illustrate my intership, held at the Alcochete Municipal

Museum, with the theme “Communication and Didactics of Heritage in Regional

Museums - Municipal Museum of Alcochete”.

The importance of this theme comes up today mainly because of the increasing

differences regarding some bigger cities over the smaller ones, due to the fact that some

a have larger flow of tourism dictating almost inevitably the relevance of one museum

regarding the other. However, this is being changed by a number of small regional

museums, which are increasingly attracting their audience, with the holding of various

different activities and exhibitions for various age groups.

The topics covered in this report are based on the work done during my internship at

MMA. In the first instance, the history of the municipality of Alcochete where the

museum is located, why it needed to be created and the specificity of the collection it

houses, both at the Headquarters and at the Sacred Art Division.

The internship consisted of an iconographic, historical and artistic investigation of

several pieces, which I analyzed in two distinct phases. The first part was to develop a

guided tour script in collaboration with the museum's educational service for São Brás

Church, located in Samouco, integrated in the Alcochete municipality, mainly about its

tiling and statuary.

The second phase consisted on collecting information for the making of two room

sheets for the MMA Sacred Art Division. In the nave room the main objects of study

were the 16th century altarpiece on the high altar and the coffered ceiling. In the choir

room the selected objects were the paintings from the XVI-XVII century.

Key-words: iconography, museum, patrimony, sacred-art, cultural heritage.

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Abreviaturas e Siglas

MMA: Museu Municipal de Alcochete

NAS: Núcleo de Arte Sacra do Museu Municipal de Alcochete

NS: Núcleo Sede do Museu Municipal de Alcochete

CMA: Câmara Municipal de Alcochete

Séc/s.: Século/s

Atrib.: Atribuído

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Introdução

Este relatório de estágio reflete não só o trabalho desenvolvido no Museu Municipal de

Alcochete, como também uma posterior investigação, mais detalhada, sobre os temas

abordados no mesmo e diz respeito à avaliação final do mestrado em História da Arte e

Património.

Para melhor compreensão do tema escolhido, “Comunicação e Didática Do Património

em Museus Regionais – Museu Municipal de Alcochete”, temos que perceber o

significado de comunicação, cujo princípio consiste na transmissão de uma determinada

mensagem1 a um público-alvo, permitindo a união entre dois pontos, o emissor e o

recetor. Em relação à didática, estamos perante um instrumento fulcral utilizado no

ensino e em qualquer meio onde seja necessária a passagem de informação de forma

mais eficaz, com recurso a métodos específicos para um melhor resultado.

A escolha desta entidade de acolhimento, resulta de uma curiosidade pessoal pela

atividade dos museus regionais e a sua influência na comunidade local. Algo que me

impele a desenvolver o meu trabalho nesta área da Comunicação e Didática do

Património, em Museus Regionais. Estes são os museus que detém frequentemente na

sua coleção a história de uma região e com isso o dever de conservar e divulgar os seus

costumes e tradições, tratando-se de património imaterial, passado de geração em

geração.

No caso do Núcleo Sede - MMA, a coleção patente é de caráter etnológico e

arqueológico, onde é possível descobrir vários momentos da história do concelho de

Alcochete; Os trajes dos Forcados do Barrete Verde, medalhas dos Círios dos

Marítimos de Alcochete, o modelo da embarcação Bote Leão, formas de pães de sal e

outros instrumentos para carrego do sal, ânforas e o Foral de Alcochete e Aldeia Galega.

Relativamente ao Núcleo de Arte Sacra - MMA, instalado na Igreja da Misericórdia, a

sua coleção é de caráter exclusivamente religioso. Na sala da nave permanece o retábulo

de Diogo Teixeira e António Da Costa no altar-mor e as catorze bandeiras processionais

1Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, Academia de Ciências de Lisboa, I Volume A-F,

Verbo; Lisboa, 2001, pp. 897-898.

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atribuídas a André Gonçalves. Na sala do coro estão cinco pinturas de século XVI-XVII

e uma das bandeiras da Misericórdia mais antigas do país, atribuída a Francisco de

Campos, séc. XVI.

Para além das salas referidas, temos ainda outras duas no primeiro andar, que se

encontram neste momento encerradas ao público devido a infiltrações graves no teto

que danificaram significativamente a estrutura das mesmas.

Existe ainda muito património por explorar e estudar nestas regiões mais afastadas da

capital, algo com que sou confrontada nas atividades que me foram propostas no

estágio. Numa primeira fase, a criação de duas folhas de sala para o NAS, onde o

principal objeto de estudo são pinturas de século XVI-XVII e o teto de caixotões com

pintura sobre madeira, restaurado na última intervenção de restauro à igreja, em 1992-

1993. Numa segunda fase, foi elaborado um guião para uma visita orientada à Igreja de

São Brás, no Samouco, onde os painéis de azulejo que revestem as paredes do interior

da igreja e a estatuária religiosa, captaram a minha maior atenção no âmbito da

investigação, pois não estão ainda inventariados nem estudados.

Ambas as atividades resultam de uma compilação de dados históricos, artísticos e

iconográficos dos objetos em questão, pois alguns destes objetos não estão ainda

inventariados, como referido anteriormente.

A minha experiência neste estágio será descrita em pormenor, para um melhor contexto

do dia-a-dia no MMA. Será também feito um enquadramento histórico do museu no

concelho de Alcochete.

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A Vila de Alcochete

A atribuição do topónimo Alcochete a esta região, prende-se com a abundância de

fornos na zona devido à sua riqueza em lenha, um dos recursos naturais mais

importantes da província2. A utilização destes fornos é ancestral e está comprovada

através de descobertas arqueológicas realizadas nesta zona.

Fundada no ano 850 a.C. esteve à mercê dos Suevos, Vândalos e Mouros.3 Foi com D.

Sancho I4 que se repovoou toda a região de sul do Tejo, traçando o caminho que aí viria

a ser construído pelos seus sucessores.

Durante Reconquista, toda a Península de Setúbal esteve sobre o domínio da Ordem de

Santiago de Espada (séc. XII-XIII). Posteriormente o Infante D. João, mestre da Ordem

de Santiago, filho de D. João I, estabeleceu aqui a sua residência, traçando uma

tendência para os reis que viriam a seguir.

No séc. XV, Alcochete tornou-se popular entre a realeza, quando o Infante D.

Fernando5 se instalou nesta região. Foi erguida a Igreja Matriz e posteriormente nasce o

seu filho e futuro rei, D. Manuel I. Após D. João II escolher também este local para

residir, foi aqui que Alcochete alcançou o estatuto de vila portuguesa. Contudo foi o seu

primo D. Manuel I que atribuiu o Foral a Alcochete e Aldeia Galega em 1515.

Alcochete foi no início do séc. XVI a vila com maior número de habitantes desta

margem do rio Tejo, provando a sua popularidade, onde o sal e o vinho eram os

principais produtos exportados para Lisboa via marítima6.

O sal tal como anteriormente referido, tornou-se numa das maiores matérias-primas

desta zona, devido às características geográficas e climatéricas adequadas á sua

2 SILVA, Francisco, Alcochete, Um Passeio à Beira-Tejo, CMA, 2007, p.11;

3 Selecções do Reader’s Digest, Tesouros Artísticos De Portugal, Lisboa, 2ª reimpressão, 1982, pp. 69-

71; 4COSTA, Eduardo Avelino Ramos Da, O Concelho d’Alcochete, CMA, 1988, p.1; 5 GRAÇA, Luís Maria dos Santos, Edifícios e Monumentos Notáveis do Concelho de Alcochete, ELO –

Publicidade, Artes Gráficas, Ld.ª, Lisboa-Mafra, 1998, pp. 9-10; 6 NABAIS, António J. C., Foral de Alcochete e Aldeia Galega (Montijo), - 1515, Câmaras Municipais de

Alcochete e Montijo, 1995, p. 73

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extração, algo que marcou extremamente o desenvolvimento económico da vila até ao

séc. XX.

Hoje em dia os visitantes desta vila são atraídos pelas salinas, tauromaquia, gastronomia

e pelo seu grande passadiço à beira rio.

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A Entidade de Acolhimento

O Núcleo Sede do Museu Municipal de Alcochete foi criado em 1988, precedendo o

Núcleo de Arte Sacra. Expõe peças que retratam a história local apoiando-se na

arqueologia e etnografia, como base na valorização do património cultural.

É desde 2001 que o Museu Municipal de Alcochete faz parte da Rede Portuguesa de

Museus.

A linha cronológica aqui presente vai desde o período do Paleolítico, ao Neolítico e até

à época da conquista romana, porém o museu está organizado por temas, não seguindo

uma cronologia.

Assim que entramos no NS a nossa atenção é transportada para a sala intitulada “Rituais

e Celebrações”, onde podemos encontrar peças representativas de crenças e festividades

praticadas no concelho. Sendo que duas das festas mais populares nesta vila, são ainda

alusivas ao seu carácter marítimo, o Círio dos Marítimos de Alcochete em honra da

Nossa Senhora da Atalaia, que decorre na época da Páscoa e as Festas do Barrete Verde

e das Salinas, na segunda semana de Agosto, em homenagem ao forcado, ao salineiro e

ao campino, onde é realizada uma procissão por terra e mar, em que é transportada a

imagem da Nossa Senhora da Vida a bordo da embarcação tradicional “Alcatejo” até à

vila. Realizam-se também vários espetáculos taurinos durante esta ultima festividade

referida, algo que é transportado para a exposição permanente do museu, com dois

trajes típicos do Barrete Verde.

Seguindo para a sala “Vestígios do Passado”, onde estão expostos exemplares da

produção de cerâmica local, especialmente de ânforas que datam da presença romana

nesta região. Serviam para envase de preparados de peixe e vinho. Alguns destes

exemplares foram descobertos no agora conhecido como “Porto dos Cacos”, um centro

oleiro da maior importância para a história local. A sua produção data desde o séc. I até

ao séc. V7.

7 SILVA, Francisco, Alcochete, Um Passeio à Beira-Tejo, CMA, 2007, p.13

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O Foral Manuelino tem o maior destaque na terceira sala do museu, dedicada

exclusivamente ao mesmo. É apresentado um pequeno resumo da vida de D. Manuel I,

tal como a sua árvore genealógica, para um melhor entendimento e contextualização

histórica que deu origem à criação do Foral.

O mesmo encontra-se exposto nesta sala, para todos os visitantes o poderem

contemplar.

O pelourinho original de Alcochete está aqui também apresentado, resguardado das

intempéries e oscilações de temperatura do exterior que lhe poderiam causar estragos

irreparáveis, estando assim conservado e preservado para as próximas gerações ainda o

poderem ver e estudar.

Encontramos também uma pequena escultura de D. Manuel I, alusiva à estátua de pedra

que se encontra no Largo Marquês de Soydos em Alcochete, que data de 1970 e com

um restauro concretizado no passado ano de 2018.

Passando para a quarta sala do MMA, denominada “Alcochete e o Tejo”, onde estão

patentes várias peças respeitantes á atividade marítima da vila. A outra vertente desta

sala é relativa á salicultura, estando visíveis alguns objetos próprios para o trabalho nas

salinas e também alguns pães de sal e as suas formas. O desenvolvimento exponencial

desta atividade, está ligado principalmente á produção de conservas de peixe (garum)8

nesta zona do estuário do Tejo.

O ecrã de televisão presente nesta sala serve principalmente para auxiliar nas visitas

temáticas com grupos escolares, reproduzindo alguns vídeos e power points alusivos ao

tema da visita, desde a salicultura às escavações arqueológicas.

Para uma maior otimização do espaço expositivo disponível e pelas dimensões das

peças, o corredor de acesso à última sala tem exposto um mastro de um bote tradicional

de Alcochete. Relembrando a história de construção naval e do transporte fluvial desta

zona.

8 DIAS, Mário Balseiro, Monografia do Concelho de Alcochete (Sécs. XIII-XVI), Vol II (Economia),

CMA, 2009, pp. 18-19

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A última sala designada por sala de exposições temporárias, é aproveitada para esse

efeito e também para a realização de workshops e pequenas visitas didáticas com os

grupos escolares de várias faixas etárias.

Durante o decorrer do estágio, a exposição patente era a dos 30 anos do MMA,

intitulada “A história da nossa história”, com fotografias que ilustram a memória destes

30 anos do museu.

Figura 1 – Museu Municipal de Alcochete, fachada do Núcleo Sede.

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Figura 2 – Sala “Rituais e Celebrações”, Museu Municipal de Alcochete, Núcleo Sede

Figura 3 – Sala “Rituais e Celebrações”, Museu Municipal de Alcochete, Núcleo Sede

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Figura 4 – Sala “Vestígios do Passado”, Ânforas e cacos, Museu Municipal de Alcochete, Núcleo Sede

Figura 5 – Sala “Vestígios do Passado”, Carta Arqueológica do Concelho de Alcochete, Museu

Municipal de Alcochete, Núcleo Sede

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Figura 6 – Sala “Vestígios do Passado”, O Porto dos Cacos, Museu Municipal de Alcochete, Núcleo

Sede

Figura 7 – Sala “O Foral Manuelino de Alcochete”, Museu Municipal de Alcochete, Núcleo Sede

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Figura 8 – Sala “O Foral Manuelino de Alcochete”, Museu Municipal de Alcochete, Núcleo Sede

Figura 9 – Sala “O Foral Manuelino de Alcochete”, Pelourinho de Alcochete, Museu Municipal de

Alcochete, Núcleo Sede

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Figura 10 – Sala “Alcochete e o Tejo”, Museu Municipal de Alcochete, Núcleo Sede

Figura 11 – Sala “Alcochete e o Tejo”, Pães de Sal e outros objetos de salicultura, Museu Municipal de

Alcochete, Núcleo Sede

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Figura 12 – Corredor de acesso á Sala de Exposições Temporárias, Mastro de uma embarcação, Museu

Municipal de Alcochete, Núcleo Sede

Figura 13 – Sala de Exposições Temporárias, “A história da nossa história”, Museu Municipal de

Alcochete, Núcleo Sede

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Figura 14 – Sala de Exposições Temporárias, “A história da nossa história”, Museu Municipal de

Alcochete, Núcleo Sede

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Objetivos

Alguns dos objetivos que pretendo atingir com a realização deste relatório são: O

aprofundamento dos temas que desenvolvi no estágio e um melhor levantamento

fotográfico das peças, especialmente dos azulejos da Igreja de S. Brás, para desta forma

contribuir para o inventário dos mesmos, pois trata-se de algo difícil de concretizar

devido à iluminação presente no local, que reflete bastante nos painéis.

Apesar de algumas atividades propostas no estágio não terem uma ligação direta com o

meu tema de relatório, irei analisa-las de forma a compreender melhor a comunicação e

didática utilizada no MMA.

A importância do património imaterial irá também ser estudada, concretamente em

ambos os núcleos do MMA, como caso específico.

Procurarei expor o estado da arte relativo à azulejaria em Portugal, mais

especificamente dos sécs. XVII-XVIII, conseguindo desta forma implementar a melhor

inventariação possível dos painéis azulejares, presentes na Igreja de S. Brás e realizando

uma investigação mais detalhada, com bibliografia específica.

Relativamente ao teto da Igreja da Misericórdia, pretendo investigar com detalhe alguns

dos significados menos óbvios retratados no mesmo.

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Metodologia / Estado da Arte

No primeiro contacto que tive com a entidade de acolhimento foram-me propostas

algumas atividades para o estágio, que teria início dia dezasseis de Outubro de 2018 e

término a dia cinco de Dezembro de 2018, perfazendo as 210 horas recomendadas pela

faculdade e 28 horas semanais. Posteriormente o estágio acabou por terminar a dia 10

de Dezembro, com 212 horas, devido à minha participação na primeira visita guiada à

Igreja de São Brás no Samouco, realizada com base no guião que elaborei para a

mesma.

O meu trabalho no museu assentaria na atualização de fichas de inventário, utilizando o

MatrizNet, na conceção de atividades de Serviço Educativo e/ou sobre a coleção de

pintura exposta no NAS do MMA e no acompanhamento da montagem das peças

presentes no NAS, após o final das obras de restauro.

No primeiro dia de estágio estas atividades alteraram-se, devido a um adiamento das

obras de restauro que iriam ter início na Igreja da Misericórdia, em Alcochete. Foi-me

então proposta a elaboração de duas folhas de sala, para a mesma igreja, uma para a sala

da nave e outra para a sala do coro. Numa segunda fase, foi-me sugerida a realização de

um guião para uma visita guiada à Igreja de São Brás, no Samouco.

Durante o estágio, o ambiente no museu era demasiado descontraído, o que se revelou

prejudicial na realização de um trabalho de forma ininterrupta.

Relativamente à primeira fase referida anteriormente, a coleção que se encontra no

interior da igreja está inventariada, com algum detalhe, algo que me ajudou na

elaboração das folhas de sala. Realizei também posteriormente, a minha própria

investigação a nível iconográfico das peças, que irei partilhar nos próximos dois

capítulos deste relatório, pois não seria possível colocar toda a informação que reuni nas

folhas de sala.

Ambas as folhas de sala foram criadas para serem impressas em formato A5, que é o

formato escolhido pelo MMA, nas suas folhas de sala do NS e tentando também colocar

toda a informação possível apenas numa única página, para não se tornar demasiado

enfadonho para os visitantes.

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Figura 15 – Nave da Igreja da Misericórdia, Alcochete.

A segunda fase deste estágio baseou-se principalmente em duas visitas à Igreja de São

Brás, no Samouco, para realizar um levantamento fotográfico, o mais detalhado

possível, tendo em conta que esta é uma igreja que não está permanentemente aberta ao

público.

A partir deste levantamento fotográfico iniciei a minha pesquisa a nível histórico e

iconográfico do local, pois neste caso não existe qualquer tipo de inventário realizado,

para a arte móvel e integrada.

Comecei por estudar o revestimento azulejar presente no nártex e na nave a nível

iconográfico. Após uma pesquisa feita sobre a história de São Brás, percebi que os

azulejos de séc. XVIII refletiam a sua biografia por ordem cronológica, desde a sua

nomeação como bispo de Sebaste até ao seu martírio.

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Os atributos que caracterizam São Brás, são também repetidamente representados em

todas as cenas retratadas nos painéis, a sua mitra e o báculo. Na capela-mor, encontram-

se azulejos de séc. XVII policromados e de padrão geométrico.

Posteriormente analisei a estatuária presente na igreja, tanto nas paredes do cruzeiro

como na capela-mor. Começando pelas paredes do cruzeiro onde nos deparamos com

dois altares, um com a Nossa Senhora do Carmo e outro com a Nossa Senhora do

Rosário. De seguida temos na capela-mor São Brás, São Pedro e Jesus Cristo no altar-

mor.

Devido à minha contribuição a nível da análise iconográfica dos painéis figurativos, foi-

me ainda sugerido, uma colaboração na própria visita guiada à Igreja de S. Brás, onde

realizei a visita com o Dr. Miguel Correia, arqueólogo do MMA.

Figura 16 – Nave da Igreja de São Brás, Samouco.

Segue agora o meu trabalho realizado no MMA, relativamente às folhas de sala da nave

e do coro, da Igreja da Misericórdia.

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Folha de Sala da Nave

Esta é uma igreja de planta longitudinal, com uma só nave. O teto é composto por 15

caixotões de madeira, decorados com símbolos da paixão de Cristo e Obras da

Misericórdia: a escada que foi usada para retirar o corpo de Jesus Cristo da Cruz, o galo

que canta três vezes anunciando a negação de Pedro, o cálice da Última Ceia, a Cruz

utilizada no seu martírio, o tambor com que Deus julgaria as nações e no centro um

escudo bipartido da Misericórdia, encimado pela coroa real que remete para a origem

régia da instituição. No interior do escudo da Misericórdia referido anteriormente, à

esquerda está a cruz latina com resplendor e por baixo uma caveira com as duas tíbias

em aspa, imagem que alude ao calvário de Jesus e também à missão da Misericórdia, de

conforto e paz aos desprotegidos e enfermos, com a sigla M.I.Z.A que significa

Misericórdia e á direita as armas de Portugal, que denotam a proteção régia de que as

Misericórdias usufruíram desde a sua fundação. No chão da nave estão sete sepulturas:

A de Álvaro Bernardes Leite (1580), António e Inês Fernandes (1585), Pedro Lopes,

Rui Viegas, Aires Batalha (1602) e D. João de Almeida (1588).

As bandeiras processionais expostas nos alçados da nave retratam o Ciclo da Paixão de

Cristo e as respetivas anunciações feitas pelos anjos, “Anjo Anunciando Cristo no

Jardim das Oliveiras”, “Cristo no Jardim das Oliveiras”, “Anjo anunciando Beijo de

Judas”, “Beijo de Judas”, “Anjo anunciando Flagelação”, “Flagelação”, “Anjo

anunciando Coroação de Espinhos”, “Coroação de Espinhos”, “Anjo anunciando Ecce

Homo”, “Ecce Homo”, Anjo anunciando Cristo a caminho do Calvário”, “Anjo

anunciando Nossa Senhora das Dores” e “Nossa Senhora das Dores”.

No altar-mor encontra-se um retábulo maneirista, constituído por 6 tábuas, na fila de

baixo da esquerda para a direita está retratada “A Anunciação”, seguida por “A

Visitação” e “A Adoração dos Pastores”; em cima está “Cristo com a Cruz”, o

“Calvário” e “A Deposição no Túmulo”, atribuído a Diogo Teixeira e António Costa

entre 1586 e 1588.

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Figura 17 – Teto da Igreja da Misericórdia, Alcochete.

Figura 18 – Detalhe do teto da Igreja da Misericórdia, Alcochete, com o cálice à esquerda, estandarte da

legião romana com a inscrição SPQR (Senatus Populus Que Romanus) ao centro e o caixão à esquerda.

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Figura 19 - Detalhe do teto da Igreja da Misericórdia, Alcochete, com a coluna onde Cristo foi flagelado

à esquerda, o Véu de Verónica ao centro e o círio pascal à direita.

Figura 20 - Detalhe do teto da Igreja da Misericórdia, Alcochete, com a Lança de Longino à esquerda, o

brasão da Misericórdia ao centro e o galo à direita.

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Figura 21 - Detalhe do teto da Igreja da Misericórdia, Alcochete, com uma pedra tumular à esquerda, a

escada, a Santa Esponja, o Titulus Crucis com a inscrição INRI e a lança ao centro e o tambor à direita.

Figura 22 - Detalhe do teto da Igreja da Misericórdia, Alcochete, com a coroa de espinhos e a palma à

esquerda, a cruz ao centro com a faixa, aludindo à Ressurreição e os pregos, o martelo e alicate à direita.

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Figura 23 – Retábulo do Altar-Mor, Diogo Teixeira e António da Costa, séc. XVI, Igreja da

Misericórdia, Alcochete.

Folha de Sala do Coro (Casa do Despacho)

Devido ao restauro que decorreu entre 1992 e 1993 na Igreja da Misericórdia, a antiga

sala do coro foi transformada em sala de exposição de pintura dos sécs. XVI e XVII.

Assim que entramos na sala deparamo-nos com uma pintura de Cristo abençoando a

comida de São João Baptista, padroeiro de Alcochete, de autor desconhecido. Logo

após encontra-se uma pintura representando Santa Catarina e Santa Inês da autoria de

Diogo Teixeira, representadas com os seus atributos iconográficos, ambas com a palma

do martírio. A coroa de Santa Catarina, princesa de Alexandria, com a espada e a roda

com que foi martirizada aos seus pés. Santa Inês apresenta-se com um cordeiro tal como

foi vista uma ultima vez, aquando da aparição sobre a sua sepultura. Justamente à direita

complementando o quadro anterior, está Santa Luzia com os seus olhos numa bandeja,

como oferenda ao seu noivo para que a mesma não pudesse olhar para mais nenhum

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homem, esta oferenda surge aquando da renúncia ao seu casamento, sendo ela fruto

resultante da anunciação do seu futuro martírio.9 Por fim, Santa Apolinária, que foi

uma princesa de Alexandria, aparece com um alicate com um dente, representativo do

seu martírio. Ambas carregam a palma do martírio.

Mais à direita está a pintura de “A Virgem com o Menino e Doadores”, de Lucas

Leyden, onde se encontra representada a Virgem com o Menino ao colo e São José, com

a particularidade de estarem também retratados os Doadores, Afonso de Figueiredo e a

sua mulher.

A última pintura afixada perto da porta, intitula-se de “Calvário”, de autor

desconhecido.

Por fim, no centro da sala está a “Bandeira da Misericórdia” de Francisco de Campos,

no anverso está Nossa Senhora da Piedade no centro com Jesus sentado em primeiro

plano, ladeados por três anjos com os instrumentos da Crucificação, a cruz, o martelo,

os pregos, a lança e a santa esponja. No último plano à esquerda, está representado o

Calvário, Cristo na Cruz com cavaleiros em seu redor. No verso está Nossa Senhora da

Misericórdia, com o seu manto aberto a cobrir os seus fiéis, onde estão representadas

várias figuras da população, entre elas estão alguns clérigos, cavaleiros e também

algumas figuras da realeza.

9 JÖCKLE, Clemens, Encyclopedia of Saints, Alpine Arts Collection (UK) Ltd, 1995, pp. 281-283.

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Figura 24 – Cristo abençoando a comida de S. João Baptista, autor desconhecido, séc. XVII, Igreja da

Misericórdia, Alcochete.

Figura 25 – Santa Catarina e Santa Inês, Diogo Teixeira, séc. XVI, Igreja da Misericórdia, Alcochete.

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Figura 26 – Santa Luzia e Santa Apolónia, Diogo Teixeira, séc. XVI, Igreja da Misericórdia, Alcochete.

Figura 27 – Virgem com o Menino e Doadores, Lucas de Leyden, séc. XVI, Igreja da Misericórdia,

Alcochete.

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Figura 28 – Calvário, autor desconhecido, séc. XVI, Igreja da Misericórdia, Alcochete.

Figura 29 – Bandeira da Misericórdia (anverso), Francisco de Campos, séc. XVI, Igreja da Misericórdia,

Alcochete.

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Figura 30 – Bandeira da Misericórdia (verso), Francisco de Campos, séc. XVI, Igreja da Misericórdia,

Alcochete.

Segue-se a segunda fase do trabalho desenvolvido durante o estágio, a do guião que fora

elaborado para a realização de um modelo standard que pudesse ser aplicado a futuras

visitas, orientadas pelo serviço educativo do MMA à Igreja de S. Brás, no Samouco.

Guião para a visita orientada à Igreja de S. Brás

• Designação:

Conhecer a Igreja de São Brás – Visita Orientada.

• Destinatários:

Público não especializado.

• Objetos selecionados:

Revestimento azulejar dos séculos XVII-XVIII e estatuária, que se encontram no

interior da igreja.

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• Percurso:

Nártex, nave e capela-mor.

• Objetivos:

Conhecer melhor a igreja de São Brás, tanto a nível da sua história como a nível da

iconografia presente no seu interior.

• Conteúdos:

- Fazer um contexto histórico do Samouco;

- Qual a origem do nome Samouco;

- Quem foi São Brás;

- Explicar qual a origem do culto de São Brás nesta zona;

- Comparar a antiga igreja com a atual;

- Descrever os painéis de azulejo que retratam a vida de São Brás;

- Comparar a estatuária presente no retábulo-mor e na parede do cruzeiro com a

estatuária primitiva que se encontrava nesse local.

Contexto histórico do Samouco

A ocupação humana no concelho, remonta ao Paleolítico inferior, com alguma

ocupação também no Neolítico, porém foi após a Reconquista Cristã que começa a

existir uma exploração do território mais acentuada, com a vinicultura e a salicultura,

que nesta zona esteve muito ligada à conserva de “garum” (conserva de peixe) que era

exportada para fora do país.

É em 1241 que surge a primeira referência ao Samouco, referido em “Sabonha e S.

Francisco” por José Manuel Vargas.

O concelho do Ribatejo é criado posteriormente pela Ordem de Santiago no séc. XIII,

que administrava entre a Ribeira das Enguias e a Ribeira de Coina, este concelho

primitivo deu origem aos atuais concelhos de Alcochete, Montijo, Moita e Barreiro.

Começaram então a surgir as primeiras freguesias no Ribatejo, Santa Maria de Sabonha

e S. Lourenço de Alhos Vedros. Com o desenvolvimento de algumas povoações

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ribeirinhas nos sécs. XIV e XV, deu-se a desagregação do território e a suplantação do

poder administrativo de novas áreas como Alcochete, face a outras mais antigas como

Sabonha, contudo em 151210 a igreja de Santa Maria de Sabonha era ainda matriz.

Origem do nome Samouco

Surge em 1241, durante o séc. XIII no reinado de D. Sancho I, o nome de Çamoquo; a

sua origem tem por base duas possíveis teorias. A primeira assenta na especulação do

primeiro habitante/família desta zona ter como seu nome “Sá”, e que posteriormente

teriam unido a este nome, o nome “mouco”, devido à falta de audição do individuo.

A segunda teoria remonta a uma época mais primitiva desta zona, onde existira em

abundância nesta região uma espécie botânica rara, que se denominava de “Samouco”,

a planta Miricácea (Myrica faya), que acabou por se extinguir. Esta segunda teoria é a

mais provável, pois antigamente as povoações tinham o nome de algo que era comum

na zona e que a caracterizava, como por exemplo neste caso a vegetação. Outro

exemplo é o termo Ribatejo, que deriva de Riba do Tejo que significa literalmente

margem do Tejo.

Quem foi São Brás

Viveu entre os séculos III e IV, foi médico e posteriormente eleito para bispo de Sebaste

pela população, algo que deu origem aos atributos que o definem, o báculo e a mitra.

Durante as perseguições de Diocleciano, São Brás refugiou-se numa gruta e viveu uma

vida de ermita, onde abençoava, curava e protegia animais selvagens. Um dos seus

episódios mais conhecidos consiste na história de ter salvado o filho de uma viúva, que

tinha uma espinha presa na garganta. Mais tarde, foi preso pelo governador de uma

cidade, suspeitando-se dos seus milagres e confraternizações com animais selvagens.

Enquanto esteve preso os seus seguidores levavam comida e velas à sua cela, porém

acabou por ser martirizado pelas tropas romanas e por fim decapitado.

10 VARGAS, José Manuel, Sabonha e S. Francisco, CMA, Tipografia Belgráfica, Lda, 2005, p. 32.

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É nos dias de hoje é celebrado a 3 de Fevereiro, pois foi o dia da sua morte.

Origem do culto de São Brás no Samouco

O Samouco tinha como sede paroquial a igreja de Nossa Senhora de Sabonha,

localizada na atual aldeia de São Francisco, nesta igreja existia uma pequena capela,

onde estaria exposta uma imagem de São Brás; inicialmente seria uma imagem em

pedra e que posteriormente seria substituída por uma imagem em madeira. Tanto a

imagem primitiva de São Brás como a de Santo Antão encontram-se hoje expostas no

Núcleo de Arte Sacra de Alcochete, resistiram até à atualidade pois estiveram soterradas

até ao séc. XXI, ambas foram descobertas na mesma escavação. Não se pode ainda

precisar se o culto a São Brás nasceu primeiro em Sabonha ou no Samouco, é uma

questão que fica ainda em aberto, pois os registos datados que existem de ambas as

igrejas são muito semelhantes.

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Figura 31 – São Brás, Autor desconhecido, NAS, Alcochete, séc. XIV-XV, MMA 199.

Figura 32 – Santo Antão, Autor desconhecido, NAS, Alcochete, séc. XIV-XV, MMA 200.

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Comparação entre a antiga igreja e a atual

Esta é uma igreja cuja construção inicial foi realizada no século XVI, com

predominância estilística de barroco e rococó no seu interior, com planta longitudinal de

nave única, com nártex e capela-mor. O chão era empedrado apenas no centro da igreja

e à volta tinha terra, pois servia de cemitério para os cristãos; hoje em dia o chão está

todo empedrado.

Os azulejos cerâmicos presentes na capela-mor são policromados, de cor azul-cobalto e

amarelo, de padrão geométrico estilo tapete, com folhagens e datam do séc. XVII.

Figura 33 – Revestimento azulejar da capela-mor estilo tapete, séc. XVII, Igreja de S. Brás, Samouco.

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Os azulejos figurativos da nave datam do séc. XVIII, são de tonalidade azul sob esmalte

branco e retratam episódios da vida de São Brás. Nas Visitações de 151211 da Ordem de

Santiago temos uma descrição da ermida nessa época, as paredes teriam pinturas murais

e “em cima da porta principal está um campanário onde está um sino pequeno”.

A capela-mor tinha de comprimento 4,95 metros por 4,4 metros de largura e a nave

tinha de comprimento 10,23 metros por 5,83 metros de largura.

Atualmente a capela-mor tem de comprimento 6,60 metros por 4,4 metros de largura e a

nave tem 14,2 metros de comprimento por 8 metros de largura, demonstrando que

houve um aumento das suas dimensões em campanhas de obras posteriores.

Figura 34 – Planta da Igreja de São Brás entre o séc. XVI e o XXI.

De acordo com as Visitações de 155312 as paredes eram de alvenaria, a capela-mor era

“quadrada e um pouco esconsa na traseira”, existe também referência aos dois altares

transversais na parede do cruzeiro e ao campanário, “No cunhal do Sul, ao poente,

erguia-se o campanário de alvenaria” que é a sua atual localização.

11 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Ordem de Santiago, Convento de Palmela, Livro 155 12 PINHEIRINHO, José António dos Santos, De Çamoquo a Samouco – Sua história, suas gentes,

Belgráfica Lda, 2006, pp. 206-208.

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Nas Visitações de 1564 não existia ainda pia batismal, obrigando desta forma os fiéis a

se deslocarem ainda à Igreja de Nossa Senhora de Sabonha, para se batizarem.

Em 1758 a igreja é descrita nas Memórias Paroquiais, com o teto todo pintado a fresco,

as paredes já são referidas com os painéis de azulejo sobre a vida de São Brás “em

azulejo fino de última moda; a capela-mor é toda de azulejo antigo”, fazendo desta

forma uma distinção cronológica entre os dois tipos de azulejo presentes no interior da

igreja. Na capela-mor existia um retábulo dourado com dois nichos e um painel da ceia

do Senhor ao centro, existe também referência a “duas capelas laterais, ambas de talha,

pintadas de cor de madrepérola (…) com duas colunas de pedra fingida”, que seriam os

retábulos laterais que estão atualmente na parede do cruzeiro, porém pintados agora de

branco com a talha dourada. Já existia nesta altura uma pia batismal e uma menção tanto

à sacristia como também a uma outra divisão com dimensões semelhantes, que hoje em

dia é onde se situa a capela mortuária.

Os painéis de azulejo que retratam a vida de São Brás

São seis os painéis de azulejo figurativos na igreja de São Brás e estão presentes no

nártex e na nave, estão divididos em dois níveis: no nível superior estão representadas

as cenas da vida de São Brás, com uma tonalidade azul sob o esmalte branco, no nível

inferior estão estruturas arquitetónicas com festões, folhas de acanto e querubins.

Este tipo de azulejos figurativos, tinham uma função artística e também didática, com

finalidade passar uma mensagem aos cristãos que frequentavam a igreja, e neste caso a

mensagem que está retratada é a história de São Brás, o padroeiro da vila.

Todos estes painéis têm um emolduramento que imita uma estrutura arquitetónica e têm

uma dimensão que vai desde o nível do chão até ao topo das pilastras.

O lambril inferior é comum a todos os painéis, no seu centro está uma cartela com a

mitra e o báculo de São Brás, ladeada por duas folhas de acanto, encimada por volutas e

arrematada com um mascarão. Nas laterais da cartela central estão elementos

arquitetónicos e dois querubins segurando as grinaldas com elementos fitomórficos.

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Figura 35 – Cartela com a mitra e báculo de São Brás, secção inferior do último painel da Vida de São

Brás presente na nave da igreja, séc. XVIII, Igreja de S. Brás, Samouco.

Figura 36 – Festões com elementos fitomórficos e um querubim no lado direito, secção inferior do último

painel da Vida de São Brás presente na nave da igreja, séc. XVIII, Igreja de S. Brás, Samouco.

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Tanto no topo como no nível inferior do lambril superior, ao centro do emolduramento,

estão mascarões em todos os painéis figurativos, a dividir cada painel estão cariátides

que adotam o lugar de um pilar.

Nártex: No lado do Evangelho está um dos principais momentos da vida de São Brás, a

sua ordenação como bispo de Sebaste, onde aparece ajoelhado a receber o seu báculo e

mitra de bispo, rodeado pelos altos dignitários da Cúria Romana.

Figura 37 – 1º Painel da Vida de São Brás que se encontra no nártex no lado do Evangelho, onde está a

ser nomeado bispo de Sebaste, séc. XVIII, Igreja de S. Brás, Samouco.

Nave: Começando pelo lado do Evangelho, no primeiro painel está São Brás ajoelhado,

retratado já com as suas vestes de bispo, rodeado por animais selvagens, abençoando-os

e protegendo-os. No segundo painel está São Brás na sua gruta onde continua

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acompanhado por animais selvagens, porém este está a ser surpreendido por tropas

Romanas que o observam a conviver com os animais e que de seguida alertam o rei

Tirídates III (c.287-330), da Armênia Arsácida, passando assim para a segunda parte do

painel, onde está representado o rei a falar com as suas tropas, ordenando-lhes a captura

de São Brás; no fundo desta cena está um edifício fortificado.

No lado da Epístola, podemos já observar São Brás preso pelas tropas Romanas a ser

levado até ao imperador e no plano de fundo alguma vegetação. Na segunda parte deste

painel, está São Brás ajoelhado aos pés de Constantino I (c. 306-337), com as tropas

Romanas em seu redor e uma seguidora de São Brás a fazer uma oferenda de comida ao

santo, podemos também observar um edifício no fundo.

Ao centro do lado da Epístola, a fazer uma divisão entre painéis, está uma cartela

emoldurada, onde aparece no plano principal um querubim com o báculo de São Brás e

no plano de fundo alguma vegetação.

No último painel da nave da igreja, aparece São Brás com os seus atributos de bispo e

exibindo auréola, revelando o seu carácter de santidade. Encontra-se já numa cela,

rodeado pelos seus seguidores que pedem auxílio para serem curados de diversas

enfermidades. Ao seu lado esquerdo está uma senhora com vestes de aristocrata, com

um véu sobre o cabelo e um menino a seu lado, que remete para a história mais

conhecida do Santo, de que uma senhora viúva lhe teria pedido ajuda para tratar do seu

filho que tinha uma espinha presa na garganta. São Brás acabou por conseguir tirar a

espinha da garganta da criança, salvando-a. Podendo então ser esta senhora aristocrata,

a viúva que lhe pediu auxílio, aparecendo neste painel ao lado de São Brás com o seu

filho, agradecendo-lhe e rezando por ele.

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Figura 38 – 2º Painel da Vida de São Brás que se encontra na nave no lado do Evangelho, rodeado por

animais selvagens, séc. XVIII, Igreja de S. Brás, Samouco.

Figura 39 – 3º Painel da Vida de São Brás que se encontra na nave no lado do Evangelho, rodeado por

animais selvagens a ser surpreendido pelas tropas romanas, séc. XVIII, Igreja de S. Brás, Samouco.

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Figura 40 – Continuação do 3º Painel da Vida de São Brás que se encontra na nave no lado do

Evangelho, onde as tropas romanas estão a alertar o rei Tirídates III, séc. XVIII, Igreja de S. Brás,

Samouco.

Figura 41 – 4º Painel da Vida de São Brás que se encontra na nave no lado da Epístola, onde São Brás já

se encontra preso a ser levado ao imperador para ser julgado, séc. XVIII, Igreja de S. Brás, Samouco.

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Figura 42 – Continuação do 4º Painel da Vida de São Brás que se encontra na nave no lado da Epístola,

onde São Brás está ajoelhado aos pés de Constantino I, séc. XVIII, Igreja de S. Brás, Samouco.

Figura 43 – Cena de transição entre o 4º painel da Vida de São Brás e o 5º, na nave no lado da Epístola,

com um querubim com o báculo de São Brás, séc. XVIII, Igreja de S. Brás, Samouco.

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Figura 44 – 5º Painel da Vida de São Brás que se encontra na nave no lado da Epístola, onde São Brás já

se encontra preso na sua cela, séc. XVIII, Igreja de S. Brás, Samouco.

Figura 45 – Continuação do 5º Painel da Vida de São Brás que se encontra na nave no lado da Epístola,

onde estão retratados os enfermos na sua cela e uma paisagem no lado direito, séc. XVIII, Igreja de S.

Brás, Samouco.

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Nártex: Por fim no lado da Epístola, em primeiro plano está São Brás, já como santo,

com os seus atributos, a abençoar os mártires cristãos, vítimas de perseguições pelos

Romanos. Em segundo plano, no fundo, está retratada uma cena que alude ao martírio

de São Brás, em que este aparece a ser decapitado por tropas Romanas.

Figura 46 – 6º Painel da Vida de São Brás que se encontra no nártex no lado da Epístola, onde São Brás

abençoa os cristãos perseguidos e em plano de fundo o seu martírio, séc. XVIII, Igreja de S. Brás,

Samouco.

Comparação entre a estatuária exposta atual e a primitiva

Na Visitação da Ordem de Santiago de 1512 existe uma descrição da ermida onde na

capela-mor existiria um altar “forrado de azulejos e em cima dele está a imagem de São

Brás (…) E da parte do Evangelho está um cirío quadrado”, na parede do cruzeiro

estaria no lado do Evangelho um altar de invocação aos Reis Magos pintados na parede

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a fresco por cima de um altar com Santo António e no lado da Epístola, um altar forrado

a azulejo com um crucifixo e em cima estava pintada a imagem de Nossa Senhora e do

Anjo Gabriel.

Em 1553 os visitadores da Ordem de Santiago registaram na capela-mor, ao centro a

imagem de São Brás e no lado do Evangelho (esquerda, observando a partir da entrada

principal) a imagem de Santo Antão. Nos dois altares transversais à parede do cruzeiro,

estaria S. Pedro e a Nossa Senhora do Rosário.

Já em 1758 nas Memórias Paroquiais, estava no lado do Evangelho São Brás, ao centro

um painel com a Ceia do Senhor e no lado da Epístola Santo António. Na parede do

cruzeiro já existiam duas capelas de talha dourada, pintadas de madrepérola, com duas

colunas de pedra fingida. No lado do Evangelho estaria a Nossa Senhora do Rosário e

no lado da Epístola, São Pedro.

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Figura 47 – Retábulo em talha dourada de séc. XVIII e a escultura de roca de Nª Sra. do Rosário, Igreja

de S. Brás, Samouco.

Atualmente São Brás continua situado no lado do Evangelho no altar-mor, no centro

está Jesus Cristo e no lado da Epístola, São Pedro. Na parede do cruzeiro encontramos

Nossa Senhora do Carmo no lado da Epístola e Nossa Senhora do Rosário no lado do

Evangelho.

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Figura 48 – Altar-mor com o retábulo em talha dourada, séc. XVIII, Igreja de S. Brás, Samouco.

Figura 49 – Retábulo em talha dourada de séc. XVIII com a escultura de São Brás em vulto redondo,

Igreja de S. Brás, Samouco.

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Figura 50 – Retábulo em talha dourada de séc. XVIII com a escultura de São Pedro em vulto redondo,

Igreja de S. Brás, Samouco.

Figura 51 – Retábulo em talha dourada de séc. XVIII e teto pintado com Agnus-Dei ao centro da cartela,

com a imagem de Jesus Cristo de vulto redondo, sob o trono eucarístico, Igreja de S. Brás, Samouco.

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Figura 52 – Retábulo em talha dourada de séc. XVIII e a escultura de roca de Nª Sra. do Carmo, Igreja de

S. Brás, Samouco.

(A imagem de São Pedro foi objeto de restauro em 1999, algo que justifica a sua

ausência nas fotografias existentes no site do SIPA).

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• Materiais de apoio:

- Plantas: reconstituição da planta primitiva e planta atual;

- Imagem com a área do adro marcada sobre a cartografia atual da igreja de São Brás;

Figura 53 – Área do adro sobre a cartografia atual da Igreja de São Brás, Samouco

- Fotografia da escultura de São Brás que se encontra no Núcleo de Arte Sacra (MMA

199);

- Fotografia da escultura de Santo Antão que se encontra no Núcleo de Arte Sacra

(MMA 200);

- Azulejo hispano-árabe encontrado nas escavações da Igreja de Sabonha, pois seriam

azulejos deste género que estariam presentes na capela-mor antes dos que lá estão

atualmente, que são do séc. XVII.

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Figura 54 – Azulejo hispano-árabe recolhido nas escavações de Santa Maria de Sabonha, São Francisco,

2010

- Fotografias dos painéis azulejares da vida de São Brás;

- Fotografias das esculturas religiosas presentes no altar-mor.

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A Igreja de São Brás

Contexto histórico do local

A Igreja de São Brás está situada na vila de Samouco, foi considerada em 1997

Monumento de Interesse Histórico e Artístico de âmbito local.

Possui uma planta longitudinal de nave única, com nártex e capela-mor, a sua primitiva

construção data do séc. XVI, o teto de caixotões branco tem no centro uma cartela com

a representação do seu orago. O revestimento azulejar na nave e no nártex que retratam

a vida de São Brás são figurativos, contrapondo com os azulejos cerâmicos que

podemos observar na capela-mor com um padrão geométrico estilo tapete.

Este foi um dos monumentos que sofreu inúmeras remodelações ao longo das décadas,

tornando-a num misto de estilos, desde a arquitetura quinhentista, à estatuária rococó.

Figura 55 –Fachada principal da Igreja de São Brás, Samouco

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Iconografia

São Brás

São Brás viveu entre os séculos, III e IV e foi médico e posteriormente bispo de

Sebaste, situado na atual Arménia. Conseguiu esconder-se das perseguições de

Diocleciano aos cristãos, vivendo uma vida de ermita rodeado pela natureza e pelos

animais selvagens. Foi mais tarde martirizado pelas tropas romanas, após ter sido

suspeito de realizar milagres junto da população. A sua celebração acontece no dia 3 de

Fevereiro, data do seu martírio.

Representações: animais selvagens, dois círios em cruz, tenazes, tocha e vestimentas

próprias de bispo.

São Pedro

São Pedro foi um dos 12 apóstolos de Jesus Cristo e foi o primeiro bispo de Roma,

consequentemente o primeiro Papa. Originário da Betsaida, na Galileia, o seu nome era

Simão, antes de ser Pedro, que significa pedra em aramaico, este nome foi-lhe atribuído

por Jesus, justificando que Pedro era o seu alicerce e que através dele iria construir a sua

Igreja.

Morreu entre 64 e 67 e é celebrado a 29 de Junho, uma das mais antigas celebrações da

igreja católica.

Representações: chaves do céu.

Santo Antão

Santo Antão nasceu em Coma no Egipto, em 251 aos vinte anos decidiu vender tudo o

que tinha para viver uma vida ascética de abstinência, travando sempre todas as

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tentações que passavam pelo seu caminho de devoção. A origem do mito das tentações

de Santo Antão cresceu com a sua fama, por todo Egipto.

Em 311 viajou até Alexandria para auxiliar os cristãos perseguidos e sobreviveu,

morrendo aos 105 anos de idade. A sua celebração acontece no dia 17 de Janeiro13, data

do seu martírio em 356.

Representações: chamas nas mãos e pés, cruz em tau, fogo ardente e um bastão em

forma de tau.

O Revestimento azulejar

O revestimento azulejar presente na nave da igreja de São Brás data do séc. XVIII e

uma das suas características do revestimento deste período que também se verifica neste

caso concreto, é a sua tonalidade azul sobre o esmalte branco, algo que é comum em

igrejas dessa cronologia, por todo o país.

Na Igreja Matriz do Espírito Santo, situada na cidade do Montijo, podemos observar as

cercaduras dos painéis na capela-mor com a utilização de querubins segurando grinaldas

de flores, que datam também do séc. XVIII.14

Na Igreja de Santa Catarina no Porto, os painéis datam de 1929, porém são uma boa

reprodução dos painéis originais que datam do séc. XVIII, que estariam no exterior

desta igreja central na cidade.

Tal como anteriormente na igreja Matriz do Montijo, estes painéis apresentam

querubins como moldura no lambril.

13 JÖCKLE, Clemens, Encyclopedia of Saints, Alpine Arts Collection (UK) Ltd, 1995, pp. 37- 38; p.74; 14 PIRES, Isabel, CARVALHO, Rosário Salema de, O Património Azulejar Do Concelho De Montijo,

Edições Colibri, Lisboa, 2008, pp. 42-48

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Figura 56 – Pormenor decorativo, Igreja Matriz do Espírito Santo, Montijo

Figura 57 – Pormenor decorativo, Igreja Matriz do Espírito Santo, Montijo

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Figura 58 – Pormenor exterior, Igreja de Santa Catarina, Porto

Figura 59 – Pormenor exterior, Igreja de Santa Catarina, Porto

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A Igreja da Misericórdia

Contexto histórico do local

Este foi o local eleito pelos duques de Beja para habitar numa residência apalaçada, em

que a Igreja da Misericórdia estava anexada. D. Manuel I terá nascido nesta casa que se

situava na zona voltada para a foz do Tejo. Atualmente, junto ao antigo cais da vila

pode ler-se no edifício da Misericórdia a inscrição “Maria Mater Gratiae / Mater

Misericordiae / Tu Nos Ab Hoste Protege Et Hora Mortis Suscipe”, que significa

“Maria, Mãe cheia de graça / Mãe de Misericórdia / Protege-nos dos nossos inimigos e

defende-nos na hora da morte”.15 Subsiste ainda a data 1563 gravada sobre a porta que

está voltada a sul, algo que nos ajuda a datar este monumento religioso.

O Núcleo de Arte Sacra do MMA está instalado na Igreja da Misericórdia desde 1993,

após um protocolo estabelecido entre a Santa Casa da Misericórdia de Alcochete e a

CMA, decorreram também obras de recuperação da igreja, pois devido á sua tipologia e

local onde se insere, necessita de uma constante preservação.

O interior é de apenas uma nave com o teto de madeira de três planos e quinze

caixotões, com pinturas alusivas à missão da Misericórdia e à Paixão de Cristo. O altar-

mor está mais elevado e alberga o retábulo de pintura e talha maneirista, que é composto

por seis painéis, organizados em dois níveis, da autoria de Diogo Teixeira e com a

intervenção de António Costa.

Nas paredes da nave estão colocadas catorze bandeiras processionais que retratam o

Ciclo da Paixão de Cristo, atribuídas a André Gonçalves.

A sala do coro tem expostos seis exemplares do maior nível, de pintura do séc. XVI,

dando ênfase á “Bandeira da Misericórdia” de Francisco de Campos, que se encontra no

centro da sala e tem no verso a Nossa Senhora da Piedade com Jesus.

No exterior existe uma sinalética explicativa do monumento, como forma de atrair o

público e identificar melhor o edifício.

15 GRAÇA, Luís Maria dos Santos, Edifícios e Monumentos Notáveis do Concelho de Alcochete, ELO –

Publicidade, Artes Gráficas, Ld.ª, Lisboa-Mafra, 1998, pp.19-24

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Figura 60 – Entrada original da igreja, Igreja da Misericórdia, Alcochete

Figura 61 – Entrada de acesso ao NAS, Igreja da Misericórdia, Alcochete

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Figura 62 – Sinalética exterior, Igreja da Misericórdia, Alcochete

Figura 63 – Anjo anunciando Flagelação, atrib. André Gonçalves, Igreja da Misericórdia, Alcochete

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Figura 64 –Anjo anunciando Beijo de Judas, atrib. André Gonçalves, Igreja da Misericórdia, Alcochete

Figura 65 - Beijo de Judas, atrib. André Gonçalves, Igreja da Misericórdia, Alcochete

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Figura 66 – Anjo anunciando Cristo no Jardim das Oliveiras, atrib. André Gonçalves, Igreja da

Misericórdia, Alcochete

Figura 67 – Cristo no Jardim das Oliveiras, atrib. André Gonçalves, Igreja da Misericórdia, Alcochete

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Figura 68 – Nossa Senhora das Dores, atrib. André Gonçalves, Igreja da Misericórdia, Alcochete

Figura 69 –Anjo anunciando Nossa Senhora das Dores, atrib. André Gonçalves, Igreja da Misericórdia,

Alcochete

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Figura 70 – Cristo a caminho do Calvário, atrib. André Gonçalves, Igreja da Misericórdia, Alcochete

Figura 71 – Anjo anunciando Cristo a caminho do Calvário, atrib. André Gonçalves, Igreja da

Misericórdia, Alcochete

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Figura 72 – Anjo anunciando Ecce Homo, atrib. André Gonçalves, Igreja da Misericórdia, Alcochete

Figura 73 –Ecce Homo, atrib. André Gonçalves, Igreja da Misericórdia, Alcochete

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Figura 74 – Coroação de Espinhos, atrib. André Gonçalves, Igreja da Misericórdia, Alcochete

Figura 75 – Anjo anunciando Coroação de Espinhos, atrib. André Gonçalves, Igreja da Misericórdia,

Alcochete

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Figura 76 – Flagelação, atrib. André Gonçalves, Igreja da Misericórdia, Alcochete

São João Batista

São João foi o filho de Zacarias e Isabel, prima de Maria, mãe de Jesus. Decidiu desde

cedo que iria dedicar a sua vida á penitência no deserto, foi o antecessor de Jesus, pois

viveu como ermita pregando a sua palavra e batizando os demais, até que Jesus se

aproximou e pediu que o batizasse. Acabou por ser decapitado por Herodes Antipas. A

sua celebração acontece em dois dias, 24 de Junho, dia do seu nascimento, 29 de Agosto

data da sua decapitação.

Representações: cordeiro (Agnus Dei), cruz de cana, favo de mel (alimentava-se de mel

silvestre no deserto) e vestido de peles de animais.

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Santa Catarina

Filha do Rei Costus, nasceu em 287 em Alexandria, no Egipto. O imperador romano

Maximino Daia tentou persuadir a sua fé, enviando 50 pagãos filósofos para a demover

da sua fé cristã porém alguns destes homens acabaram por ser convertidos ao

cristianismo por Santa Catarina. Todos os convertidos tiveram a sua sentença executada,

tal como a santa, que foi martirizada com uma roda dentada que se partiu por divina

intervenção. Contudo acabou por ser decapitada.16 A sua celebração acontece no dia 25

de Novembro, data do seu martírio.

Representações: espada, roda vertical dentada e partida, gesto de contar pelos dedos

(símbolo da sua discussão com os filósofos pagãos) e a palma do martírio.

Santa Inês

Santa Inês nasce em 291, em Roma, Itália. A sua história é a combinação de duas

versões, uma em que Santa Inês tem 12 anos que é assassinada durante as perseguições

de Diocleciano. A outra versão prende-se numa história onde já é adulta e se recusa a

adorar uma deusa pagã e é então que a tentam castigar, obrigando-a a entrar num bordel

nua, porém Deus fez com que o seu cabelo crescesse e a tapasse completamente.

Posteriormente, outras tentativas de martírio foram realizadas em vão, até ser finalmente

degolada. A sua celebração acontece no dia 21 de Janeiro, data do seu martírio em 304,

com apenas 13 anos.

Representações: cordeiro, palma do martírio e o cabelo comprido que cobre o seu corpo.

Santa Lúzia

Santa Lúzia nasceu em 283 em Siracura, Itália. Apesar de estar prometida em

casamento, decidiu nunca casar e dar tudo aos pobres. O seu futuro marido denunciou-a

depois de ter sido abandonado e pouco depois foi decapitada, pois nunca a conseguiram

dissuadir da sua fé. A sua forte crença e lucidez, foi o que lhe deu um dos seus atributos

16 GIORGI, Rosa, Saints in Art, The J. Paul Getty Museum, Los Angeles, 2003, pp. 33-230

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de santa, os seus olhos, que nunca lhe conseguiram tirar. A sua celebração acontece no

dia 13 de Dezembro, data do seu martírio em 304.

Representações: a segurar os seus olhos, palma do martírio e a espada.

Santa Apolónia

Santa Apolónia nasceu em Alexandria no Egipto. Foi martirizada durante as

perseguições do Imperador Filipe, arrancando-lhe os dentes e partindo-lhe o queixo.

Além do sofrimento que já sentia, foi-lhe exigido que recitasse blasfémias ou seria

queimada viva. Santa Apolónia conseguiu libertar-se e foi direta ao fogo

voluntariamente, para não abdicar da sua fé. A sua celebração acontece no dia 9 de

Fevereiro, data do seu martírio em 249.

Representações: tenazes, dentes extraídos e palma do martírio.

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Comunicação e Didática

A Problemática

O critério principal de escolha de peças em qualquer museu prendia-se principalmente

com a beleza do objeto, porém num museu regional como o MMA, esta escolha é feita

com base na importância do mesmo a nível cultural e histórico para a vila em que se

insere.

Um dos fatores importantíssimos para a otimização da comunicação e didática dos

museus, é a realização de um inventário rigoroso e em constante atualização, com

fotografias atuais das peças, para uma melhor identificação não só das fichas mas

também como medida de prevenção e conservação das mesmas.

“O inventário museológico deve ser complementado por registos subsequentes que

possibilitem aprofundar e disponibilizar informação sobre os bens culturais, bem como

acompanhar e historiar o respetivo processamento e a atividade do museu.” (art. 25.º)17

O público que visita o museu tem indispensavelmente que ser estudado e analisado, pois

só assim se consegue adaptar o discurso e as atividades ao interesse do mesmo.

Uma das questões que coloquei a mim própria durante a realização desta análise á

didática e comunicação em museus regionais é, porque é que os museus se focam tanto

no público das escolas? E a resposta a esta questão é até bastante óbvia. A atenção a esta

faixa etária deve-se não só á própria missão do museu como também á sua dimensão,

pois este é o extrato mais numeroso que um museu pode captar e por isso, tem como seu

dever adaptar o seu discurso a esta faixa etária, tornando a passagem de informação

mais acessível e didática.

17 Lei nº 47/2004 de 19 de Agosto, Diário da República, Série I, nº 195;

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O público mais erudito não carece de tanto esforço para atrair ao museu, por ser

tendencialmente mais interessado em visitá-lo á partida e frequentemente até já

pesquisaram sobre o museu e criaram o seu próprio itinerário de peças que querem ver.

A importância que reside no impacto que o museu tem numa criança do ensino

primário, tem uma relação direta posteriormente com a sua educação e respeito pelo

património.18 Através das visitas guiadas podemos desde logo incorporar no

pensamento das crianças o que é certo e errado, e que vandalizar e desrespeitar o

património é de facto errado, porém para este pensamento ser verdadeiramente bem

conseguido, não é necessário apenas corrigir a criança quando tenta tocar numa peça do

museu, é preciso explicar a razão por que não o pode fazer.

A programação de workshops no museu, onde as crianças podem construir algo e levar

para casa é muito apelativa, tanto para as escolas como para os alunos, que podem

usufruir de uma aula prática.

O museu de Alcochete aborda esta questão por exemplo, através de uma visita guiada,

direcionada ao ensino básico, onde a temática abordada é o “Sal”, onde têm numa

primeira instância uma parte mais teórica da visita onde observam um vídeo sobre a

história das salinas e da salicultura em Alcochete, onde lhes é também exemplificado

como eram feitos os pães de sal, mostrando as ferramentas utilizadas para tal e os

próprios pães, e numa segunda parte fazem sais de banho com recurso a sal grosso,

alecrim apanhado fresco no jardim do museu e cascas de tanjas também colhidas no

jardim.

A importância social de uma obra de arte tem que ser devidamente comunicada ao

público, tem que ser retratada como uma expressão de uma vivência, que caracterizou

uma sociedade a uma determinada altura.19

Uma outra questão relevante relativamente à comunicação nos museus, é a importância

do conhecimento jornalístico, pois é este conhecimento que leva o público a

efetivamente ler um artigo sobre determinado museu, seja em formato de papel ou

digital, algo que também vai captar a curiosidade do público para o visitar.

18 FINLAY, Ian, Priceless Heritage: The Future Of Museums, Faber and Faber Limited, Great Britain,

1977, pp. 93-95; 19 Atas do Colóquio da APOM 75, Museus Para Quê?, Associação Portuguesa de Museologia, Figueira

da Foz, 1975, pp. 37-43;

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Uma das formas de captar a maior atenção dos jornalistas prende-se também com a

questão da exclusividade das notícias, que irá garantir uma maior atenção do jornalista

na execução da notícia e de quem posteriormente a irá ler.

O Museu Municipal de Alcochete

Este museu alberga uma coleção material porém com uma dimensão imaterial20

subsequente, pois tem como objetivo expor e divulgar as tradições típicas de Alcochete

e os seus costumes. Esta passagem de informação conta maioritariamente com a ajuda

de um técnico com formação adequada, para a realização das visitas guiadas, que ajuda

bastante na compreensão deste museu, que de outra forma se torna estático.

A coleção de memórias imateriais, tem um enorme peso na didática deste museu, pois

subsiste sempre uma dificuldade acrescida, quando se expõe uma coleção de memórias,

inerentes a determinadas peças, que nos dias de hoje podem já não ser tão facilmente

compreendidas para as novas gerações de visitantes. Gerações que não tiveram contacto

por exemplo, a pães de sal e subsequentemente com todas as ferramentas necessárias

para a sua criação. É neste contexto que se destaca o guia do museu, que vai conseguir

ilustrar a trans-memória destas peças, características de Alcochete.

A ligação ao passado alcançado através destes objetos é de extrema importância. Tem

que ser cultivada e desde logo incutida na educação das novas gerações, o apreço pela

história e tradição, como medida preventiva de proteção do património.

A salvaguarda do património começa desde logo com a educação nas escolas, sendo

desta forma do maior interesse, que as crianças comecem desde cedo a estabelecer

contacto com os museus e monumentos em visitas de estudo frequentes, onde podem

ver de perto peças de arte que de outra forma só lhes seriam apresentadas nos livros.

As visitas temáticas e com um caráter lúdico são tendencialmente as que deixam uma

marca maior na memória das crianças, onde sentem que é de certa forma divertido

conhecer estas peças e que não são apenas peças que não podem mexer, sem perceber

20 CARVALHO, Ana, Os Museus e o Património Cultural Imaterial, Estratégias para o desenvolvimento

de boas práticas, Edições Colibri, 2011, pp. 128-129

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muito bem o porquê, originando sempre situações em que existe a tentação para tocar

em alguma delas.

É necessário e urgente que este tipo de programas de educação patrimonial, faça parte

dos conteúdos programáticos em todas as escolas do país, pois até nas mais pequenas

vilas existem museus e património que necessita de ser conhecido, preservado e

relembrado.

As novas tecnologias podem também ser utilizadas, como ferramenta fulcral numa

estratégia de valorização21 das coleções e revitalização das tradições. A utilização das

redes sociais tanto do município, como do próprio museu poderiam ser mais exploradas

para seu proveito. O município tem efetivamente um site atualizado, tal como uma

página de facebook, onde são colocadas as diversas atividades organizadas todos os

meses. Não tem porém uma página de instagram por exemplo e tal também se aplica ao

próprio museu, que neste caso não possui nem facebook, nem instagram, sendo que

desta forma apenas tem as suas iniciativas divulgadas, através das plataformas do

município e em formato de papel, com a newsletter/agenda mensal que é distribuída por

vários pontos da vila. São também distribuídos flyers no âmbito de divulgação de

algumas visitas e atividades pontuais, como por exemplo, a visita à Igreja de São Brás.

Em anexo ao relatório, podemos encontrar um excerto da agenda do mês de Novembro

de 2018, onde é divulgada a visita guiada à Igreja de São Brás.

A exploração das redes sociais em virtude da divulgação do museu, seria algo que iria

melhorar a comunicação feita para o exterior, onde poderiam anunciar as iniciativas e

exposições, atraindo o público mais jovem. Esta ideia está presente num dos artigos da

Lei de Quadro dos Museus Portugueses, que data de 2004, porém 15 anos depois ainda

existem lacunas na sua execução.

“O museu utiliza, sempre que possível, novas tecnologias de comunicação e

informação, designadamente a Internet, na divulgação dos bens culturais e das suas

iniciativas.” (art. 39.º)22

21 CARVALHO, Ana, Os Museus e o Património Cultural Imaterial, Estratégias para o desenvolvimento

de boas práticas, Edições Colibri, 2011, pp. 157-158 22 Lei nº 47/2004 de 19 de Agosto, Diário da República, Série I, nº 195

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Uma das soluções para atrair os visitantes ao museu, é levar o museu de encontro com

público, com peças itinerantes e rotativas entre os espaços disponíveis.

O Museu de Alcochete realiza vários tipos de exposições temporárias, com o objetivo

de captar o interesse do público. Uma das exposições que tive oportunidade de

contemplar foi a dos 30 anos do MMA, onde surgiu a ideia de pegar em várias peças

que não fazem parte da coleção permanente do museu e transportá-las para vários

espaços estratégicos do concelho.

Alguns dos espaços escolhidos foram a biblioteca de Alcochete, o NS e o NAS, as três

juntas de freguesia do concelho, a galeria municipal e as sedes do Grupo Desportivo da

Fonte da Senhora e da Associação Cultural, Recreativa e Desportiva do Rancho

Folclórico Danças e Cantares do Passil.

As fotografias que se seguem pretendem ilustrar esta exposição, com objetos da

memória de muitos pais e avós, que contam a história de um tempo passado, onde eram

utilizadas máquinas fotográficas analógicas, rádios analógicos, bicicletas pasteleiras

para distribuir leite e onde os passatempos da juventude passavam por aprender o ofício

da família e construir por exemplo, botes em miniatura, que são autênticas obras de arte

características da região de Alcochete.

A promoção e divulgação deste tipo de iniciativas é fundamental para a continuação de

execução das mesmas.

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Figura 77 – Pulverizador Hipólito, séc. XX, Igreja da Misericórdia, Alcochete

Figura 78 – Pulverizador Hipólito, séc. XX, Igreja da Misericórdia, Alcochete

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Figura 79 – Bote José Cristiano 1º, Igreja da Misericórdia, Alcochete

Figura 80 – Bote José Cristiano 1º, Igreja da Misericórdia, Alcochete

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Figura 81 – Bicicleta Pasteleira Leiteira, Biblioteca Municipal de Alcochete

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Considerações Finais

Reconhecendo que existe ainda muito por desenvolver neste relatório de estágio,

nomeadamente a nível histórico, artístico e cronológico dos painéis de azulejo da Igreja

de S. Brás e não esquecendo o teto da Igreja da Misericórdia, onde nos deparamos com

o desconhecido, que tantas vezes é a alavanca que nos despoleta a curiosidade. Procuro

nesta capacidade inata adquirir conhecimento contribuindo para revelar o património

material e imaterial regional.

Existe muito pouca bibliografia referente à vila do Samouco e à sua igreja,

contrariamente à vila de Alcochete, que está bem documentada e estudada, este facto

dificultou a investigação, tanto iconográfica como histórica da mesma. Mais

concretamente nos painéis de São Brás, onde estão retratadas duas personagens que não

constam na história da vida do santo, sendo sempre referidas como “o governador da

cidade” ou “o rei”, executei uma dedução suportada em factos cronológicos, históricos e

iconográficos. Delimitei por estes motivos a pesquisa temporalmente entre os séculos

III e IV e geograficamente à região em que São Brás viveu, em Sebaste, na Arménia.

Concluí então desta forma que as figuras de poder retratadas nos painéis representam

Tirídates III e Constantino I.

Consegui ainda conciliar a minha experiência no estágio, com uma vertente mais ligada

à investigação e á realização das atividades propostas pela entidade de acolhimento,

com o tema a que me propus de “Comunicação e Didática do Património em Museus

Regionais”, refletindo um pouco sobre a atividade do MMA, enquanto museu regional,

tendo em conta as iniciativas que organizam e o capacidade que ainda existe para

melhorar algumas lacunas na área de divulgação e comunicação.

Concluo a realização deste relatório de estágio em tom de reflexão: que mesmo perante

todas as adversidades, a perseverança dita o passo e reflete-se diretamente na

investigação e no desenvolvimento das atividades propostas.

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Fontes e Bibliografia

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- BASTO, A. De Magalhães, O Pintor Quinhentista Diogo Teixeira (Da Sua Actividade

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- CALADO, Rafael Salinas, MANGUCCI, António Celso, PINTO, Luís Fernandes,

Ferreira, Paula, O Revestimento Cerâmico Na Arquitectura Em Portugal, ESTAR

EITORA, LDA, Lisboa, 1998;

- CARVALHO, Ana, Os Museus e o Património Cultural Imaterial, Estratégias para o

desenvolvimento de boas práticas, Edições Colibri, 2011;

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Concelho, CMA, 2003;

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(Economia), CMA, 2009;

- Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, Academia de Ciências de Lisboa, I

Volume A-F, Verbo; Lisboa, 2001;

- Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, Academia de Ciências de Lisboa,

II Volume G-Z, Verbo; Lisboa, 2001;

- EVELYN, Hugh, Training of Museum Personnel, W & J Mackay & Co Ltd, Great

Britain, 1970;

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- FERNANDES, Clara Varela, Três imagens medievais exumadas na antiga igreja de

Sabonha: primeiras reflexões, CMA, 2004;

- FERNANDES, Paulo, O património artístico religioso do concelho de Alcochete,

CMA, 2003;

- FERREIRA, Mafalda, Ficha de Inventário, D.16, CMA, 2007;

- FERREIRA, Mafalda, Ficha de Inventário, D.17, CMA, 2007;

- FERREIRA, Mafalda, Ficha de Inventário, D.18, CMA, 2007;

- FERREIRA, Mafalda, Ficha de Inventário, D.19, CMA, 2007;

- FERREIRA, Mafalda, Ficha de Inventário, D.20, CMA, 2007;

- FERREIRA, Mafalda, Ficha de Inventário, D.21, CMA, 2007;

- FERREIRA, Mafalda, Ficha de Inventário, D.38, CMA, 2007;

- FERREIRA, Mafalda, Ficha de Inventário, MMA 87, CMA, 2007;

- FINLAY, Ian, Priceless Heritage: The Future Of Museums, Faber and Faber Limited,

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Anexo I

- Agenda do mês de Novembro - Alcochete 2018 (frente e verso)