84
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA DÉBORA DUTRA MENEZES LEAL Estudo da influência de espécies de Lactobacillus sobre a resposta humoral em camundongos BALB/c Lorena - SP 2007

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA …sistemas.eel.usp.br/bibliotecas/antigas/2007/BIT07009.pdf · ABSTRACT LEAL, D.D.M. Study of the influence of Lactobacillus species

  • Upload
    vudieu

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

DÉBORA DUTRA MENEZES LEAL

Estudo da influência de espécies de Lactobacillus sobre a resposta humoral em

camundongos BALB/c

Lorena - SP

2007

DÉBORA DUTRA MENEZES LEAL

Estudo da influência de espécies de Lactobacillus sobre a resposta humoral em

camundongos BALB/c

Tese apresentada à Escola de Engenharia de Lorena

da Universidade de São Paulo para a obtenção do

título de Doutor em Biotecnologia Industrial.

Área de Concentração: Microbiologia Aplicada

Orientador: Prof. Dr. Ismael Maciel de Mancilha

Lorena – SP

2007

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Catalogação na Publicação Biblioteca Universitária

Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo

Leal, Débora Dutra Menezes

Estudo da influência de espécies de Lactobacillus sobre a resposta humoral em camundongos BALB/c / Débora Dutra Menezes Leal ; orientador Ismael Maciel de Mancilha. -- 2007

83 f. : fig.

Tese (Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial. Área de Concentração: Microbiologia Aplicada) – Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo

1. Microbiologia Aplicada 2. Lactobacillus 3. Camundongos BALB/c 4. Resposta humoral. I. Título.

579.62 - CDU

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Amauri (in memorian) e Enancy, por terem sido os pais da minha filha

enquanto estive ausente, pelo incentivo constante me apoiando em todos os momentos com

infindável carinho e por terem sido um grande exemplo.

AGRADECIMENTOS

À Mariana e Henrique, pela compreensão, paciência e incentivo.

Aos meus irmãos Denise, Amauri e Alberto e cunhados, Inácio, Elisângela e Janaína,

pelas palavras certas nas horas difíceis.

Ao Prof. Dr. Ismael Maciel de Mancilha, pelo profissionalismo, oportunidade e

valiosa orientação durante a realização deste trabalho.

Aos professores Dr. Antonio José Piantino Ferreira e Drª. Claudete Serrano Astolfi

Ferreira do Departamento de Ornitopatologia da Faculdade de Medicina Veterinária e

Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP), pelos ensinamentos, apoio técnico e

carinho com que me receberam.

Aos amigos e colegas de laboratório, Laura, André, Eliana, Amarílis, Marcelo, Sibele,

Jorge, Liliana, e em especial Larissa e Carina, pelo carinho e horas de trabalho compartilhadas.

Ao amigo Antonio Carlos Pedroso pelo auxílio durante a análise estatística.

Aos funcionários da FMVZ/USP, Alexandre (Laboratório de Virologia), Maria José

(Laboratório de Ornitopatologia), Claudia, Lílian (Laboratório de Técnicas Imunológicas),

Cláudio e Luciano (Laboratório de Histologia) e Claudia Mori (Biotério) pela colaboração.

Aos Professores da Escola de Engenharia de Lorena (EEL), Drª. Bernadete, Drª. Maria das

Graças, Dr. Arnaldo Márcio, Drª. Adriani e Dr. João Batista, pelos conhecimentos transmitidos.

Aos funcionários da EEL, Lilian Marton, Sandra Borges, Regina Horta e Maria Auxiliadora

Midões pela colaboração.

Aos amigos do Debiq da EEL, em especial, Carlos Sanches e Daniela Cortez, pelo

carinho e por compartilharem os momentos difíceis.

À Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela

bolsa concedida.

RESUMO

LEAL, D.D.M. Estudo da influência de espécies de Lactobacillus sobre a resposta humoral em camundongos BALB/c. 2007. 83f. Tese de Doutorado (Biotecnologia Industrial), Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo.

No presente trabalho avaliou-se a influência de sete cepas de Lactobacillus pertencentes às espécies L. casei pseudoplantarum (30b e 30c), L. plantarum (11fb, 22c e 41b) e L. reuteri (18fa e 19fa) sobre a resposta humoral de camundongos BALB/c. Para tanto as cepas foram cultivadas individualmente e em co-cultura e caracterizadas quanto à susceptibilidade a antibióticos; resistência ao pH; produção de ácido láctico; proteínas secretadas e produção de IgA e IgG total sérica e na mucosa intestinal. Utilizou-se o método de difusão em disco para determinação do padrão de susceptibilidade das cepas de lactobacilos a 17 antibióticos de importância clínica em humanos e animais, observando-se que os lactobacilos cultivados em co-cultura (pool) apresentaram resistência a 76% dos antibióticos testados. A tolerância ao pH foi avaliada através do cultivo das cepas em caldo Man Rogosa e Sharpe (MRS) com valores de pH variando entre 4,0 e 6,0. Foi verificado crescimento de todas as cepas estudadas em todos os valores de pH testados. A avaliação da produção de ácido láctico foi realizada através do método de Cromatografia Líquida de Alta Eficiência, permitindo-se verificar que o pool de lactobacilos apresentou a maior concentração de ácido láctico (19,14 g/L). A análise do gel de poliacrilamida pelo método da eletroforese revelou poucas bandas protéicas no pool de lactobacilos em relação às cepas de L. casei pseudoplantarum (30b e 30c) e L. reuteri (18fa e 19fa), cultivadas individualmente. Para a determinação da resposta humoral utilizou-se os lactobacilos cultivados em co-cultura. Cento e vinte camundongos BALB/c foram submetidos a oito diferentes tratamentos: a) suspensão bacteriana contendo 109 UFC/mL (SB) via oral; b) sobrenadante sem tratamento térmico (SN1) via oral; c) SN1 via subcutânea (SC); d) sobrenadante tratado termicamente (SN2); e) SB via oral + 100 �g de ovalbumina (OVA) via SC; f) SN1 via oral + 100 �g de ovalbumina (OVA) via SC; g) SN1 via SC + 100 �g de ovalbumina (OVA) via SC; h) SN2 via SC + 100 �g de ovalbumina (OVA) via SC e determinada a produção de IgA e IgG sérica e da mucosa intestinal através do método de ELISA. Demonstrou-se que as espécies de lactobacilos utilizadas nesta pesquisa foram ineficazes na indução da resposta humoral em camundongos BALB/c.

Palavras-chave: Lactobacillus, camundongos BALB/c, resposta humoral

ABSTRACT

LEAL, D.D.M. Study of the influence of Lactobacillus species on the humoral immune response in BALB/c mice. 2007. 83f. Thesis (Doctoral in Industrial Biotechnology), Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo.

The present work evaluated the effect of seven strains of Lactobacillus: L. casei pseudoplantarum (30b and 30c), L. plantarum (11fb, 22c and 41b) and L. reuteri (18fa e 19fa) on the immune humoral response of BALB/c mice. For this purpose, the strains were cultivated individually and in co-culture. They were characterized in relation to the susceptibility to antibiotics; resistance to pH; lactic acid production; production of total IgA and IgG in serum and in the gut mucosal and proteins. The method of disc diffusion for determination of the susceptibility standard of Lactobacillus strains to 17 antibiotics of clinical importance in human beings and animals was used. The Lactobacillus cultivated in co-culture (pool) presented resistance to 76% of the tested antibiotics. The tolerance to pH was evaluated through the strains grown in MRS (Man Rogosa and Sharpe) broth pH range between 4.0 and 6.0. Growth of all studied strains was verified for all tested pH values. The evaluation of lactic acid production was carried out by High Efficiency Liquid Chromatography. The pool of Lactobacillus showed the highest concentration of lactic acid (19,14 g/L). The analysis by polyacrylamide protein gel electrophoresis revealed few proteinaceous bands in the pool of lactobacillus in comparison to the L. casei pseudoplantarum (30b and 30c) and L. reuteri (18fa and 19fa) strains cultivated individually. For the determination of the immune response, lactobacillus cultivated in co-culture were used. One hundred-twenty BALB/c mice were submitted to eight different treatments: a) the bacterial suspension with 109 UFC/mL (SB) via oral; b) supernatants without thermal treatment (SN1) via oral; c) SN1 via subcutaneous (SC); d) thermically treated supernatants (SN2); e) SB via oral +100 µg of ovalbumim (OVA) via SC; f) SN1 via oral +100 µg of ovalbumim (OVA) via SC; g) SN1 via SC +100 µg of ovalbumim (OVA) via SC; h) SN2 via SC +100 µg of ovalbumim (OVA) via SC. The production of IgA and IgG in serum and in the gut mucosal was determinated by ELISA method. The Lactobacillus species used in this research were found to be inefficacious in the induction of humoral immune response in BALB/c mice.

Key-words: Lactobacillus, BALB/c mice, humoral immune response

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Colônias de espécies de Lactobacillus em agar MRS......................................... 43

Figura 2 – Perfil eletroforético das proteínas secretadas pelas cepas de Lactobacillus....... 55

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Fermentação de carboidratos pelas cepas de Lactobacillus.................................. 44

Tabela 2 – Perfil de susceptibilidade das cepas de Lactobacillus a antibióticos.................... 45

Tabela 3 – Crescimento de Lactobacillus em caldo MRS a diferentes condições de pH...... 50

Tabela 4 – População de Lactobacillus cultivados em caldo MRS a 37ºC/18 h – 40 rpm..... 51

Tabela 5 – Produção de ácido láctico pelas cepas de Lactobacillus em caldo MRS a

37ºC/18 h – 40 rpm................................................................................................

52

Tabela 6 – Concentração média de IgA total no soro e mucosa intestinal de camundongos 57

Tabela 7 - Concentração média de IgG total no soro e mucosa intestinal de camundongos 58

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................ 11

2 REVISÃO DA LITERATURA....................................................................................... 14

2.1 PROBIÓTICOS – CONCEITO...................................................................................... 14

2.2 CONSTITUIÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PROBIÓTICOS............................................. 15

2.3 MODO DE AÇÃO DOS PROBIÓTICOS..................................................................... 18

2.4 FATORES QUE INTERFEREM NA UTILIZAÇÃO DE PROBIÓTICOS.................. 20

2.5 AÇÃO IMUNOMODULADORA DOS PROBIÓTICOS............................................. 20

2.5.1 Sistema imunológico.................................................................................................. 20

2.5.2 Interferência no sistema imunológico...................................................................... 23

3 MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................... 30

3.1 MICRORGANISMOS.................................................................................................... 30

3.2 TESTES PARA CONFIRMAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DAS ESPÉCIES

DE Lactobacillus...........................................................................................................

30

3.3 AVALIAÇÃO DA SUSCEPTIBILIDADE A ANTIBIÓTICOS................................... 32

3.4 ADAPTAÇÃO E AVALIAÇÃO DA TOLERÂNCIA AO pH DAS CEPAS DE

Lactobacillus..................................................................................................................

32

3.5 CARACTERIZAÇÃO QUANTO À PRODUÇÃO DE ÁCIDO LÁCTICO................. 33

3.6 FORMAÇÃO DO POOL DE Lactobacillus.................................................................. 33

3.7 OBTENÇÃO DO SOBRENADANTE DOS CULTIVOS DE Lactobacillus................ 34

3.8 TRATAMENTO DOS ANIMAIS.................................................................................. 34

3.9 OBTENÇÃO E DETERMINAÇÃO DE PROTEÍNAS DE Lactobacillus.................... 36

3.10 CARACTERIZAÇÃO DAS PROTEÍNAS EM GEL DE POLIACRILAMIDA

COM DODECIL SULFATO DE SÓDIO (SDS-PAGE)............................................

37

3.11 AVALIAÇÃO DA RESPOSTA IMUNOLÓGICA..................................................... 38

3.11.1 Obtenção do soro..................................................................................................... 39

3.12 OBTENÇÃO DO MUCO INTESTINAL DOS ANIMAIS......................................... 39

3.13 QUANTIFICAÇÃO DE IgA E IgG TOTAL SÉRICA E DE MUCOSA

INTESTINAL..............................................................................................................

40

3.14 ANÁLISE ESTATÍSTICA........................................................................................... 41

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................................... 42

4.1 CONFIRMAÇÃO DA IDENTIDADE DAS ESPÉCIES DE Lactobacillus.................. 42

4.2 SUSCEPTIBILIDADE A ANTIBIÓTICOS.................................................................. 44

4.3 TOLERÂNCIA AO pH.................................................................................................. 49

4.4 PRODUÇÃO DE ÁCIDO LÁCTICO............................................................................ 51

4.5 PERFIL ELETROFORÉTICO DAS PROTEÍNAS SECRETADAS PELAS CEPAS

DE Lactobacillus...........................................................................................................

54

4.6 AVALIAÇÃO DA RESPOSTA IMUNOLÓGICA....................................................... 56

4.6.1 Concentração de IgA e IgG total presente no soro e na mucosa intestinal.......... 56

5 CONCLUSÕES................................................................................................................ 63

REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 64

APÊNDICES....................................................................................................................... 80

11

1 INTRODUÇÃO

As propriedades benéficas conferidas aos lactobacilos foram observadas por

Metchinikoff, no início do século passado, quando este verificou melhor qualidade de vida e

longevidade em indivíduos que consumiam diariamente iogurte contendo tais bactérias. Desde

então, vários estudos foram desenvolvidos buscando esclarecer os mecanismos responsáveis

pela ação das bactérias lácticas na promoção do bem-estar do hospedeiro.

Sabe-se, atualmente, que outras espécies microbianas como leveduras e fungos

também são capazes de estabelecer o equilíbrio da microbiota intestinal, e conseqüentemente,

o benefício à saúde do hospedeiro. Este grupo de organismos é denominado probiótico, termo

que se refere aos suplementos microbianos vivos, não patogênicos, que afetam beneficamente

o hospedeiro, por melhorar o balanço da microbiota do trato digestivo.

Vários efeitos têm sido atribuídos aos probióticos, dentre os quais destacam-se a

reposição da microbiota intestinal; efeito hipocolesterolêmico, aumento da absorção de alguns

minerais, efeito anticarcinogênico e modulação do sistema imune.

A contribuição dos probióticos sobre o sistema imune é de grande interesse na

medicina humana e animal, pois o sistema imune que apresenta uma homeostasia normal

contribui para que indivíduos sejam mais resistentes às doenças a que estão constantemente

expostos.

De acordo com Nicoli e Vieira (2000), investimentos expressivos têm sido envolvidos na

comercialização de probióticos para aplicações em seres humanos e animais, principalmente na

Europa, Estados Unidos e Japão, bem como em países em desenvolvimento como o Brasil. No

Brasil grandes empresas comercializam produtos lácteos fermentados ou suplementados, além de

produtos farmacêuticos com propriedades probióticas.

12

No setor animal, como conseqüência à restrição ao uso de antibióticos como

promotores de crescimento, houve uma intensificação em pesquisas envolvendo probióticos.

Na avicultura os probióticos foram muito utilizados no final dos anos 90, entretanto, os resultados

sobre os benefícios de seu uso em rações avícolas foram contraditórios (ROSTAGNO et al.,

2003).

Estudos realizados com ruminantes e suínos, visando a melhoria no desempenho

zootécnico, características de carcaça e controle de diarréias em animais jovens, também

demonstraram a necessidade de maiores esforços na investigação para o entendimento do

mecanismo de ação desses microrganismos. Estudos têm evidenciado a eficácia da utilização de

camundongos como modelo para predizer a imunogenicidade em bovinos (VALLE et al., 2001).

É importante considerar que o mercado consumidor tornou-se mais exigente,

preocupando-se com a qualidade dos alimentos que consomem, pois existe a consciência de que a

origem e qualidade dos alimentos estão diretamente relacionadas à qualidade de vida. O mercado

externo de carnes tem revelado a grande necessidade de investimento em pesquisas para que

possa garantir um produto saudável para o consumidor, e ao mesmo tempo contribuir com a

economia do país.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, (ABEF, 2005),

no ano de 2005 o Brasil apresentou uma receita cambial de US$ 8,195 bilhões,

correspondendo a 7% do volume total das vendas externas do País. A carne de frango teve

uma participação de 42,8%, a bovina de 37,9%, a suína de 14,3%, a de peru 3,1% e de outras

a participação foi de 1,9%, evidenciando, portanto, um mercado promissor, ávido pela

aplicação de novas tecnologias para atender às exigências do mercado externo.

Visando contribuir para o entendimento do mecanismo de ação dos probióticos sobre o

sistema imunológico de camundongos, e promover a obtenção de informações que possam

13

colaborar com avanços tecnológicos nesta área de conhecimento, o presente trabalho teve

como objetivos caracterizar espécies de Lactobacillus quanto à susceptibilidade a antibióticos,

resistência ao pH e produção de ácido láctico. Determinou-se também o perfil de proteínas

secretadas pelas espécies de lactobacilos e as concentrações de IgA e IgG totais presentes no

soro e mucosa intestinal dos animais.

14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 PROBIÓTICOS – CONCEITO

No início do século 20, foi proposto que bactérias específicas exerciam benefícios à

saúde do hospedeiro. Elie Metchnikoff, prêmio Nobel por sua descoberta da fagocitose e

diretor do Instituto Pasteur, lançou a idéia de que as bactérias lácticas presentes no iogurte

exerciam efeito benéfico ao organismo receptor, após observar que camponeses búlgaros, cuja

dieta incluía a ingestão diária de iogurte, apresentavam uma vida mais prolongada e saudável

em relação às populações que não consumiam iogurte. A partir de então, vários estudos foram

desenvolvidos para esclarecer a relação destas bactérias na promoção da saúde do hospedeiro

(SHORTT, 1999).

A palavra probiótico foi citada pela primeira vez por Lilley e Stillwell em 1965,

caracterizando substâncias secretadas por um microrganismo, as quais estimulavam o

crescimento de outro (VANBELLE; TELLER; FOCANT, 1990; FULLER, 1992).

Vários conceitos foram atribuídos à palavra probiótico desde então, a fim de ajustá-los

às descobertas científicas. Em 1971, Sperti, definiu probiótico como extrato de tecidos que

estimulavam o crescimento microbiano. Posteriormente, Parker em 1974 redefiniu o conceito

como sendo organismos e substâncias que contribuíam para o equilíbrio microbiano intestinal.

Em 1995, na Alemanha, em um seminário sobre probióticos, surgiram dois novos

conceitos, compreendendo, “uma preparação de microrganismos vivos ou estimulantes

microbianos que afetavam a microbiota indígena de um animal, planta ou alimento receptor

de uma forma benéfica” e “uma preparação microbiana que contém bactérias vivas ou

inativadas, incluindo seus componentes e produtos, que administrada por via oral ou por outra

15

superfície (mucosa) melhorava o balanço microbiano ou enzimático nessas superfícies ou

estimulava mecanismos imunes específicos ou não” (JANSEN; VAN DER WAAIJ, 1995).

Entretanto, a definição atual aceita internacionalmente descreve que se trata de

microrganismos vivos, não patogênicos, que administrados em quantidades adequadas,

conferem benefícios à saúde do hospedeiro (FOOD AND AGRICULTURE

ORGANIZATION OF UNITED NATIONS, WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2001;

SANDERS, 2003).

Qualquer fator que leve ao desequilíbrio da microbiota intestinal, como o uso indevido

de antimicrobianos e estresse de qualquer natureza do hospedeiro, poderá permitir a instalação

e a multiplicação de microrganismos patogênicos. Dessa forma, o equilíbrio da microbiota

intestinal terá reflexo direto sobre o estado de saúde do hospedeiro (MILES, 1993).

Segundo Nicoli et al. (2003), os probióticos apresentam possibilidades de aplicação

para compensar uma perturbação prevista (prevenção) ou instalada (tratamento) das funções

da microbiota digestiva.

2.2 CONSTITUIÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PROBIÓTICOS

A colonização do trato intestinal ocorre logo após o nascimento, sendo que os

primeiros microrganismos a colonizarem o intestino, são as bactérias aeróbicas e anaeróbicas,

como Escherichia coli, Clostridium spp., Streptococcus spp., Lactobacillus spp., Bacterióides

spp. e Bifidobacterium spp. Todos os componentes da microbiota do trato gastrintestinal

(TGI) são necessários para o intestino desenvolver suas funções específicas (SERVIN, 2004;

ISOLAURI; SALMINEN; OUWEHAND, 2004).

16

Nas primeiras investigações com bactérias probióticas, avaliou-se Lactobacillus

acidophilus porque pensava-se ser esta espécie dominante no intestino, e era preciso assegurar

que o organismo sobrevivesse nesse ambiente. Estudos posteriores demonstraram a existência

de outras espécies de lactobacilos no intestino contrariando a idéia inicial (FULLER, 1992).

As bactérias lácticas são os principais constituintes de um produto probiótico. Essas

bactérias apresentam algumas características comuns, são Gram positivas, normalmente

catalase negativa, asporogênicas e produtoras de ácido láctico como resultado de seu

metabolismo primário (FERREIRA, 2003).

No mercado, os probióticos disponibilizados são aqueles cujas bactérias pertencem ao

grupo das bactérias lácticas, embora algumas leveduras (Saccharomyces boulardii) e fungos

(Aspergillus sp.) possam ser usados. O termo “bactéria láctica” inclui atualmente 15 gêneros:

Aerococcus, Atopobium, Bifidobacterium, Brochothrix, Carnobacterium, Enterococcus,

Lactobacillus, Lactococcus, Leuconostoc, Oenococcus, Pediococcus, Streptococcus,

Tetrogenococcus, Vagococcus e Weissella (FERREIRA, 2003).

Os suplementos probióticos para alimentos destinados aos humanos são constiuídos de

bactérias pertencentes aos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium e, em menor escala,

Enterococcus faecium, uma vez que elas têm sido isoladas de todas as porções do trato

gastrintestinal de humano saudável. O íleo terminal e o cólon parecem ser, respectivamente, o

local de preferência para a colonização intestinal dos lactobacilos e bifidobactérias

(CHARTERIS et al., 1998; BIELECKA; BIEDRZYCKA; MAJKOWSKA, 2002). Entretanto,

deve ser salientado que o efeito de uma bactéria é específico para cada cepa, não podendo ser

extrapolado, inclusive para outras cepas da mesma espécie (GUARNER; MALAGELADA,

2003).

17

Os probióticos, geralmente, são usados em terapia oral e profilaxia de desordens

gastrintestinais, promovendo o equilíbrio da microbiota intestinal. Uma microbiota desejável

equilibrada influencia a transformação de moléculas produzidas pelo hospedeiro e o estado

fisiológico do seu trato intestinal, por meio da modulação da renovação de células epiteliais e do

estado imunológico do hospedeiro. Distúrbios nesse equilíbrio, resultante da dieta, consumo de

drogas, situações de estresse, tratamentos quimioterápicos ou tratamentos com antibióticos podem

provocar diferentes problemas gastrintestinais (FERREIRA, 2001a; FORESTIER et al., 2001;

MAIA et al., 2001).

Para que o probiótico seja efetivo, além da seleção cuidadosa de cepas, as bactérias

deverão ser capazes de passar pelo trato gástrico sem sofrer perda de sua função e atingir a

mucosa intestinal, onde desempenharão papel benéfico pela promoção de respostas

imunológicas, e/ou combatendo organismos patogênicos no trato intestinal do hospedeiro

(KOZASA, 1989).

Frente a isso, pode-se dizer que a eficácia de produtos probióticos se dará pelas

seguintes características: capacidade de ser preparado como produto viável em escala

industrial; permanecer estável e viável por longos períodos em condições de estocagem e a

campo; capacidade de sobreviver, não necessariamente crescer, no intestino e produzir efeito

benéfico no hospedeiro (FULLER, 1992; APOSTOLOU et al., 2001).

Estas são as condições desejáveis de um probiótico, entretanto, outros cuidados,

muitas vezes determinantes para o sucesso de um produto, também devem ser observados,

como a origem dos microrganismos probióticos. Há necessidade de que as bactérias sejam

não patogênicas, ou seja, possuam status GRAS (generally recognised as safe). No caso de

uso em humanos, o gênero ao qual pertence a bactéria deverá ser de origem humana, não estar

18

associada a doenças como endocardite, além da ausência de genes de resistência aos

antibióticos (COLLINS; THORNTON; SULLIVAN, 1998; SAARELA et al., 2000).

2.3 MODO DE AÇÃO DOS PROBIÓTICOS

O conhecimento da microbiota intestinal e suas interações levaram ao desenvolvimento

de estratégias alimentares, objetivando a manutenção e o estímulo de bactérias normais ali

presentes (GIBSON; FULLER, 2000). Segundo Crittenden (1999), é possível aumentar o

número de microrganismos promotores da saúde no trato gastrintestinal (TGI), através da

introdução de probióticos pela alimentação ou com o consumo de suplemento alimentar

prebiótico, que irá modificar seletivamente a composição da microbiota, fornecendo ao

probiótico vantagem competitiva sobre outras bactérias do ecossistema.

Estas vantagens competitivas já haviam sido observadas por Fuller (1989), que

enumerou três possíveis mecanismos de atuação dos probióticos. O primeiro mecanismo é a

supressão do número de células viáveis mediante a produção de compostos com atividade

antimcrobiana, a competição por nutrientes e por sítios de adesão. O segundo é a alteração do

metabolismo microbiano pelo aumento ou diminuição de atividade enzimática, e o terceiro

mecanismo é o estímulo da imunidade do hospedeiro, por meio do aumento dos níveis de

anticorpos e o aumento da atividade dos macrófagos.

A partir dos mecanismos enumerados por Fuller, diversos autores propuseram os

seguintes mecanismos de ação aos probióticos (DE SIMONE et al., 1986; VANBELLE;

TELLER; FOCANT, 1990; HAVENAAR; HUIS INT VELD., 1992; LINK-AMSTER et al.,

1994; ISOLAURI; SALMINEN; OUWEHAND, 1998; OUWEHAND, 1998; NAIDU;

BIDLACK; CLEMENS, 1999; NICOLI et al., 2003):

19

• Inibição da proliferação de bactérias patogênicas pela produção de ácidos

orgânicos e bacteriocinas, ou pela redução do pH;

• Produção de H2O2 prevenindo a adesão das bactérias patogênicas;

• Produção de metabólitos capazes de neutralizar toxinas bacterianas in situ ou

pela inibição de sua produção;

• Produção de enzimas que melhorariam a digestão e utilização dos alimentos, ou

promoveriam a detoxificação resultante da presença de metabólitos produzidos

pela microbiota intestinal;

• Estímulo do sistema imunológico;

• Produção de vitaminas e aumento da atividade celular no tocante à síntese de

lactase, sacarase e maltase;

• Proliferação no trato digestivo do hospedeiro e competição com as bactérias

patogênicas;

• Redução do catabolismo microbiano, promovendo um melhor equilíbrio da

microbiota, tendo como conseqüência a redução na produção e adsorção de

substâncias como amônia e aminas;

• Alívio dos sintomas de intolerância à lactose;

• Melhora da motilidade intestinal;

• Efeito anti-hipertensivo, hipocolesterolêmico; anti-diabético e anticarcinogênico.

O mecanismo pelo qual bactérias probióticas previnem a instalação e multiplicação de

microrganismos patogênicos na mucosa intestinal é conhecido como exclusão competitiva, ou

seja, bactérias probióticas irão competir por sítios de ligação e nutrientes, impedindo a ação de

bactérias patogênicas (HAVENAAR; HUIS INT VELD, 1992; OUWEHAND et al., 1999).

20

2.4 FATORES QUE INTERFEREM NA UTILIZAÇÃO DE PROBIÓTICOS

De acordo com O’Sullivan et al. (1992), existem poucos dados consistentes

cientificamente para evidenciar os efeitos benéficos dos probióticos incorporados em produtos

comerciais. Isso está relacionado a desenhos experimentais insatisfatórios, análise estatística

inadequada dos resultados, escolha inadequada da cepa probiótica e controle de qualidade

insatisfatório da cultura e do produto. O ceticismo existente em relação ao uso de probióticos

pode ser explicado em parte às pretensões exageradas e insubstanciadas usadas na propaganda

e venda destes produtos.

2.5 AÇÃO IMUNOMODULADORA DOS PROBIÓTICOS

2.5.1 Sistema imunológico

O sistema imunológico compreende células e moléculas responsáveis pela imunidade

de um indivíduo, ou seja, conferem proteção ao indivíduo através da ativação da resposta

imunológica. O contato do indivíduo com substâncias irritantes, toxinas, agentes infecciosos e

células neoplásicas ativam mecanismos imunológicos apropriados, incluindo a inflamação,

fagocitose, síntese de anticorpos ou ativação de linfócitos T para eliminar esses desafios

(CARLOS et al., 2003). O sistema imune apresenta diferentes funções como conseqüência de

interações que ocorrem nos órgãos linfóides (PHILLIPS; MURRAY; CROCKER, 1995).

Este sistema apresenta células específicas para o antígeno, compreendendo os linfócitos

timo-dependentes (linfócitos T) e linfócitos timo-independentes (linfócitos B). Funcionalmente

associadas a estes linfócitos encontram-se as células apresentadoras de antígenos, tais como

21

macrófagos, células dendríticas e as células epiteliais dos órgãos linfóides primários (ABBAS;

LICHTMAN, 2005).

Os linfócitos B constituem 5-10% do total de linfócitos do sangue; estes quando ativados

pelo antígeno diferenciam-se em plasmócitos que são células formadoras de anticorpos ou

imunoglobulinas. Os anticorpos são moléculas glicoprotéicas, apresentam dois pares de cadeias

polipeptídicas, denominadas cadeias leves e cadeias pesadas. Classificam-se em diferentes

isótipos e subtipos com base nas diferenças de amoinoácidos que compõem a região constante das

cadeias pesadas, estas classes e subclassses possuem propriedades funcionais diferentes. As

classes ou isótipos de anticorpos são: IgG, IgA, IgM, IgD e IgE (ROITT; DELVES, 2004;

ABBAS, LICHTMAN, 2005).

Os linfócitos T diferenciam-se no timo e compreendem os linfócitos T auxiliares (Th),

linfócitos citotóxicos (Tc) e linfócitos T reguladores, constituem 65-75% dos linfócitos do sangue

(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2001; ROITT; DELVES, 2004; ABBAS, LICHTMAN, 2005; LA

CAVA et al., 2006).

As células B são diferenciadas na medula óssea e consistem de duas populações, a primeira

constitui 15% dos linfócitos B, identificadas por um marcador de superfície celular denominado

CD5+, encontrado na cavidade peritoneal. A outra população constitui 85% das células B, sendo

encontrada no sangue e em todos os órgãos do sistema imune. Existe também a população de

células nulas, ou seja, não são consideradas células B nem células T, e sua diferenciação não está

estabelecida. Estas células, chamadas células natural killer (NK), apresentam importantes funções

na defesa do hospedeiro contra tumores (UYTDE HAAG; VAN DER HEIJDEN; OSTERHAUS,

1991, PERDIGÓN, 1995).

A entrada de antígenos pelas vias naturais de infecção (oral, respiratória, genital) garantem

a sua exposição a grandes regiões de tecidos linfóides, promovendo a ativação imunológica,

22

mediada pela secreção de IgA. A IgA é a principal classe de anticorpo que pode ser

eficientemente secretada através dos epitélios, desempenhando papel crítico na defesa contra

patógenos, neutralizando estes agentes (MCGHEE et al., 1992; SALMINEN; VON WRIGHT,

1998). Além da IgA sérica, a IgA secretora (sIgA) está presente na forma dimérica no intestino. A

sIgA é resistente à proteólise, não participa da resposta inflamatória, sua principal função é mediar

a exclusão imune de antígenos invasores, impedindo sua ligação às células epiteliais e penetração

de microrganismos (ERICKSON; HUBBARD, 2000).

Dentre os mecanismos de defesa inespecífico do hospedeiro inclui-se a fagocitose, que

é efetuada por monócitos, macrófagos, leucócitos polimorfonucleares e histiócitos, que atuam

removendo antígenos estranhos. O estado de ativação de macrófagos é uma medida da

resposta imune inespecífica, e pode ser quantificada pelo cálculo da atividade de enzimas

liberadas como uma conseqüência da ativação celular, ou por um teste funcional

(PERDIGÓN; ALVARES, 1992; PERDIGÓN et al., 1995).

As células fagocíticas dos mamíferos pertencem a dois sistemas complementares,

denominados mielóide e mononuclear. O mielóide consiste principalmente dos neutrófilos,

que agem e morrem rapidamente, enquanto que as células do sistema mononuclear agem mais

lentamente, mas são capazes de uma fagocitose repetida (TIZARD, 1998).

Os macrófagos recebem nomes diferentes conforme sua localização. Àqueles imaturos

encontrados no sangue são chamados de monócitos; no tecido conjuntivo são chamados histiócitos;

células de Kupffer no fígado; micróglia no cérebro; macrófagos alveolares nos alvéolos pulmonares

e macrófagos intravasculares pulmonares quando presentes nos capilares pulmonares (TIZARD,

1998; ROITT & DELVES, 2004). Estas células apresentam várias funções, como a endocitose,

citotoxidade (NORTH, 1978; ADAMS; HAMILTON, 1992), geração de óxido nítrico, liberação de

peróxido de hidrogênio, secreção de muitas proteínas diferentes como lisozima, componentes do

23

complemento, proteases lisossomais, colagenases, elastases e ativadores do plasminogênio; na

presença de antígeno secretam citocinas (interleucinas e fator de necrose tumoral-alfa) que regulam

a imunidade (TIZARD, 1998; CARLOS et al., 2003).

As mudanças no delicado equilíbrio do sistema imune podem ser refletidas por

mudanças nos níveis de citocinas detectadas no plasma ou soro. Todas as citocinas

desempenham várias atividades, e todas as células imunes apresentam receptores de membrana

específicos para determinadas citocinas, permitindo uma interação precisa e íntima entre os

vários tipos de células. As citocinas atuam de maneira similar aos hormônios, no entanto,

regulam o sistema imune (MIYAJIMA, et al., 1992; MATSUURA; FIOCCHI1, 1993 apud

PERDIGÓN et al., 1995, p.1598; CARLOS et al., 2003).

Os antígenos que atravessam o trato intestinal, representado pela microbiota natural que

funciona como barreira no processo de defesa do organismo, são absorvidos através da camada

epitelial, podendo sofrer redução da imunogenicidade ou serem transportados e induzirem uma

resposta imune. A integridade desta barreira é necessária para prevenir o transporte de antígenos

inadequados (PERDIGÓN; FULLER; RAYA, 2001).

2.5.2 Interferência no sistema imunológico

Em condições normais, inúmeras espécies de bactérias estão presentes no intestino, a

maioria delas anaeróbias estritas. Essa composição torna o intestino capaz de responder a

possíveis variações anatômicas e físico-químicas (LEE et al., 1999).

De acordo com Fuller (1992), a base científica para o isolamento de microrganismos

1MATSUURA, T.; FIOCCHI, C. Cytokine production in the gastrointestinal tract during inflammation. In: WALKER, W.; HAEMATZ, P.; WESHILL, B. Immunophysiology of the gut. NewYork: Acad. Press, 1993. p.145.

24

probióticos parte do conhecimento de que a microbiota intestinal esteja envolvida na proteção do

hospedeiro contra a colonização do trato intestinal por microrganismos não comensais. Segundo

este autor, três tipos de estudos experimentais fornecem este embasamento: animais livres de

germes são mais susceptíveis às infecções intestinais do que os animais com a microbiota

estabelecida; a administração de antibióticos aos animais os tornam mais susceptíveis a doenças

intestinais; o efeito protetor da microbiota intestinal pode ser restaurado pela administração ao

animal de uma suspensão preparada a partir das fezes de animais adultos da mesma espécie.

O trato gastrintestinal é um complexo ecossistema constituído de três principais

componentes que estão permanentemente em contato e interagem entre si, células do

hospedeiro, nutrientes e microbiota. A ecologia intestinal resultante de um equilíbrio

dinâmico, remodelado pela dieta ingerida, entre os habitantes do lúmen intestinal, abriga mais

de 400 espécies bacterianas diferentes (DOGI; PERDIGÓN, 2006).

A microbiota intestinal exerce influência considerável sobre uma série de reações

bioquímicas do hospedeiro, em contrapartida, quando em desequilíbrio pode favorecer a

proliferação de patógenos com conseqüente infecção bacteriana (ZIEMER; GIBSON, 1998).

De acordo com Isolauri et al. (1995), a barreira intestinal representada pela microbiota

comensal, quando perturbada por antígenos, patógenos, substância química ou radioativa,

sofre alterações na sua permeabilidade e no processo inflamatório da mucosa.

Acredita-se que as células de defesa sejam ativadas no intestino e transportadas para

outros locais como as mucosas do trato respiratório e urogenital (HAVENAAR; HUIS INT

VELD, 1992). O tecido linfóide associado ao intestino (GALT), o qual conecta-se a outros

sistemas de mucosa e imunidade sistêmica, é um dos primeiros contatos dos componentes da

dieta, antígeno dos alimentos, bactérias patogênicas e benéficas, além de outros componentes

25

estranhos. No trato intestinal, a bactéria probiótica aderente entrará em contato com esse

tecido (ISOLAURI; SALMINEN; SALMINEN, 1998).

A mucosa intestinal só pode exercer seu papel na assimilação de antígenos porque

possui mecanismos de transporte especializados presentes nas vilosidades do epitélio e

particularmente nas placas de Peyer (aglomerados de nódulos linfóides localizados na parede

do intestino delgado), essenciais para estimular a resposta imune específica (ABBAS;

LICHTMAN, 2005). Perdigón et al. (1999) demonstraram que Lactobacillus casei e L.

plantarum interagiam com as células das placas de Peyer, além de promoverem aumento nas

concentrações de IgA, células CD4+ e anticorpos específicos para a cepa estimulada.

A parede intestinal também contém macrófagos e linfócitos (células T e B) em íntimo

contato com os alimentos no processo de absorção. Os linfócitos na cavidade peritonial fornecem

uma proteção imediata contra microrganismos invasores que podem penetrar na área abdominal

devido à agressão intestinal ou lesão (PERDIGÓN et al., 1995; ELIAS; SOUZA, 2001).

Várias pesquisas têm ressaltado o caráter imunomodulador às bactérias probióticas.

Bloksma et al. (1979), observaram que a administração de Lactobacillus plantarum (células

viáveis e não viáveis) a camundongos induzia o aumento dos volumes do fígado e baço sugerindo

um aumento de atividade imunoadjuvante pelo sistema reticuloendotelial. Em estudo conduzido

em humanos acometidos de diarréia aguda, tratados com L. acidophilus LB demonstrou-se que a

duração da diarréia era reduzida significativamente comparada com os indivíduos reidratados

oralmente (MICHIELUTTI et al., 1996). Link-Amster et al. (1994), observaram ação

imunoadjuvante de L. acidophilus (La1) e bifidobacteria fornecidos no leite fermentado para

humanos num período de três semanas.

Perdigón et al. (1986a, b, 1987) constataram que bactérias lácticas administradas oral ou

intraperitonealmente ativam macrófagos intraperitoniais de camundongos, e que a dose ótima

26

para a via oral era de 6,0 x 109 células, e 2,4 x 109 células para a via intraperitonial. Estes

autores não observaram diferenças na ativação de macrófagos quando utilizaram células viáveis

e não viáveis nos animais tratados com L. delbrueckii bulgaricus e S. sallivarius thermophilus,

embora no caso de camundongos tratados com L. casei e L. acidophilus a resposta tenha sido

um pouco maior quando bactérias viáveis foram usadas. Em estudo posterior, Perdigón et al.

(1991), verificaram que a mistura de L. casei e L. acidophilus potencializava a resposta imune, e

também, que L. casei mostrou-se eficiente como imunoadjuvante na prevenção de infecções

entéricas pela secreção de IgA no lúmen intestinal, sendo este efeito de L. casei observado

também para animais desnutridos (PERDIGÓN et al., 1995).

Plant e Conway (2002), observaram que as linhagens de Lactobacillus fermentum

KLD e L. casei 393, interagiram com o trato gastrintestinal de camundongos e o colonizaram

por um período extenso comparado com outras linhagens. Considerando-se o fato que L.

acidophilus e L. casei são capazes de sobreviver no trato intestinal, o efeito sobre a resposta

imune específica e inespecífica da mistura desses microrganismos em leite fermentado e não

fermentado, também foi estudado. Os resultados mostraram que a administração oral de L.

casei, L. acidophilus e L. delbrueckii bulgaricus aumentaram as respostas imunes celular e

humoral (PERDIGÓN et al., 1986c, d, 1988a, b).

Em experimento conduzido com camundongos, Iannello et al. (1984) observaram que

a microbiota associada à mucosa pode influenciar o nível de ativação de macrófagos

peritoniais. Gauffin, Agüero e Perdigón (2002), demonstraram que a administração de L.

casei em animais desnutridos, promoveu a recuperação da função imune da mucosa e também

da barreira intestinal que se encontrava debilitada.

27

No entanto, Vitiñi et al. (2000) verificaram que o uso de bactérias lácticas como

imunoadjuvantes não deve ser generalizado para todos os gêneros e espécies, pois apresentam

diferentes comportamentos, em especial, sobre a resposta imune na mucosa intestinal.

Estudos em camundongos com L. casei Shirota e L. casei administrados via oral e intravenosa,

respectivamente, demonstraram efeito imunopotencializador (SAITO et al., 1983; HORI et al., 2002).

Em humanos também foi observado aumento nos mecanismos de defesa do hospedeiro, em

voluntários que consumiram leite fermentado com as cepas La1 (L. acidophilus) e Bb12

(Bifidobacterium bifidum) por um período de três semanas (SCHIFFRIN et al., 1995).

O polissacarídeo peptideoglicano de várias espécies bacterianas, incluindo o da microbiota

normal e patogênica, pode induzir respostas imunológicas no hospedeiro (STEWART-TULL, 1980;

STIMPSON; SCHWAB, 1989; SCHWAB, 1993). Em estudo com porquinhos da índia Namba et

al. (1981), chegaram a resultados que sugeriam que as bactérias intestinais deviam ser solubilizadas

por enzimas bacteriolíticas administradas oralmente, e que o N-acetilmuramil-L-alanil-D-

isoglutamina (MDP) presente na parede celular dessas bactérias seria o responsável pelo aumento da

resposta imune. Sabe-se que a lisozima age no peptideoglicano da parede celular e que a

mieloperoxidase dependente de peróxido de hidrogênio, na presença de íons cloreto, remove os

peptídeos da parede celular (STEWART-TULL, 1980). Em Candida albicans, a estrutura mínima

necessária para que atue como adjuvante é o componente insolúvel presente na parede celular, β-

glucan (CASSONE et al., 1981). Estruturas como o ácido teicóico e lectina, presentes nas cepas de

Propionibacterium acidopropionici CRL 1188 e L. casei CRL 431, podem participar do processo

de adesão às células intestinais, conferindo caráter imunoadjuvante (AMBROSINI et al., 1998).

O efeito anticancerígeno da fração celular de L. acidophilus 606 inativado por aquecimento

foi observado em estudo conduzido por Choi et al. (2006). Os pesquisadores observaram que os

28

polissacarídeos solúveis derivados da cepa exerceram atividade antioxidante significativa, assim

como, atividade anticarcinogênica sobre uma variedade de linhagens de células cancerígenas.

LeBlanc et al. (2006) estudaram a ação anticarcinogênica de kefir (bebida láctea fermentada

que contém uma mistura de microrganismos benéficos) e sua fração protéica em camundongos

Balb/c, e verificaram que ambos aumentaram os níveis séricos de IL-10 e diminuíram os níveis de

IL-6 (envolvidos na síntese de estrogênio) em glândulas mamárias, concluíram que os tratamentos

foram capazes de retardar o crescimento do tumor devido à sua capacidade imunoreguladora.

Segundo Carlos et al. (2003), ratos alimentados com produto de soja fermentado

(Enterococcus faecium e Lactobacillus helveticus), estimulados com lipopolissacarídeos

(LPS), apresentaram maior capacidade de indução de liberação das citocinas IL-1, IL-6, IL-

12, INF-γ, TNF-α e da indução da liberação de peróxido de hidrogênio e de ácido nítrico.

Constatou-se também que os componentes da soja participariam da liberação de citocinas.

Shu e Gill (2002) estudaram a proteção imunológica mediada por Lactobacillus

rhamnosus HN001 (DR20�) frente à infecção por Escherichia coli 0157:H7 em

camundongos, e observaram menor severidade da infecção sugerindo que este efeito poderia

estar relacionado com o aumento das respostas imune celular e humoral.

A via de degradação de carboidratos utilizados pelas bactérias lácticas reduz a

quantidade de carboidratos disponíveis, e conseqüentemente, acumula moléculas orgânicas

que exibem atividade antimicrobiana, sendo as mais comuns os ácidos láctico, acético e

propiônico (BLOM; MÖRTVEDT, 1991). Entretanto, outros componentes antimicrobianos,

como o peróxido de hidrogênio, dióxido de carbono, diacetil, bacteriocinas e óxido nítrico,

podem ser formados ou estimulados pela presença de diferentes bactérias lácticas

(OUWEHAND, 1998). De acordo com Freese; Shen e Galliers (1973), os ácidos láctico,

29

acético e propiônico interagiriam com as células da membrana neutralizando o potencial

eletroquímico.

Segundo Mercenier, Muller-Alouf e Grangette (2000), existe um considerável interesse

em comparar as respostas imunes induzidas pelas linhagens recombinantes de bactérias lácticas

produtoras de antígenos em três localizações celulares diferentes: citoplasma, meio extracelular e

próxima à parede celular, para, então analisar qual forma seria mais imunogênica e ainda observar

a duração da resposta induzida por essas linhagens quando administradas nas mucosas.

Nos últimos anos a contribuição do sistema imune das mucosas na defesa contra uma

grande variedade de microrganismos patogênicos aliado ao conhecimento da microbiota intestinal

levou ao desenvolvimento de estratégias alimentares, objetivando a manutenção e o estímulo das

bactérias normais ali presentes (PERDIGÓN et al., 1990; GIBSON; FULLER, 2000).

Erickson e Hubbard (2000), revisaram a função dos probióticos na imunomodulação.

Segundo os autores, os probióticos que possuem influências favoráveis nos processos

fisiológicos e patológicos no hospedeiro por seu efeito na microbiota intestinal, poderiam agir

na promoção da saúde humana. Embora sua aplicação tenha demonstrado tendências em

relação à alteração de alguns aspectos relativos à resposta imune, os mecanismos pelos quais

isto ocorre não estão esclarecidos.

30

3 MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Ornitopatologia da Faculdade de

Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo – São Paulo-SP.

3.1 MICRORGANISMOS

Foram avaliadas no presente trabalho sete cepas de Lactobacillus caracterizadas

parcialmente como probióticas, pertencentes às espécies L. casei pseudoplantarum (30b e

30c), L. plantarum (11fb, 22c e 41b) e L. reuteri (18fa e 19fa), da coleção de culturas do

Laboratório de Ornitopalogia da FMVZ – USP, São Paulo, isoladas de cama de frango por

Paço et al. (2003). Estas cepas foram mantidas em Leite Desnatado Reconstituído (LDR) 10%

contendo 5% de glutamato de sódio. Para ativação as culturas foram repicadas três vezes

consecutivas em caldo Man Rogosa e Sharpe (MRS) por 18 horas a 37°C sob agitação de 40

rpm.

3.2 TESTES PARA CONFIRMAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DAS ESPÉCIES DE

Lactobacillus

As cepas foram ativadas em agar MRS constituído por 10 g/L de peptona

(BACTOTM), 8 g/L de extrato de carne (BBLTM), 4 g/L de extrato de levedura (OXOID), 20

g/L de glicose (SYNTH), 2 g/L de fosfato dipotássico (RIEDEL-DE HAËN), 5 g/L de acetato

de sódio.H2O (SYNTH), 2 g/L de citrato triamoniacal (SYNTH), 0,2 g/L de sulfato de

magnésio.7H2O (RIEDEL-DE HAËN), 0,05 g/L de sulfato de manganês.4H2O (ECIBRA), 1

mL/L de Tween 80 (SYNTH) e ágar 15 g/L, a pH 6,2. Em seguida as cepas foram

31

caracterizadas quanto ao tamanho da colônia (2 - 5 mm), formato convexo, superfície lisa,

lustrosa e sem pigmentos (KANDLER; WEISS, 1986), e foram submetidas às provas

bioquímicas incluindo verificação da produção de catalase, coloração de Gram (MADIGAN

et al., 2000) e fermentação dos principais açúcares.

Para avaliação das propriedades de diferentes açúcares empregou-se meio

constituído de 10 g/L de citrato de amônio, 5 g/L de extrato de levedura, 5 g/L de fosfato

dipotássico , 2 g/L de citrato de amônio, 5 g/L de acetato de sódio, 0,5 g/L sulfato de

magnésio.7H2O, 0,2 g/L de sulfato de manganês.4H2O, 1 ml/L de Tween 80, 0,1% de

vermelho de fenol (MERCK) e 10 g/L do açúcar teste (arabinose, celebiose, frutose,

galactose, glicose, lactose, maltose, manitol, manose, melezitose, melibiose, rafinose,

rhamnose, salicina, sorbitol, sacarose, trealose e xilose) a partir de soluções a 20%

esterilizadas por filtração em membranas de 0,2 �m (AC020DB3, Sartorius, Minisrt High-

Flow). Um volume de 1,9 mL deste meio foi transferido para tubos de ensaio esterilizados

que receberam em seguida 0,1 mL da solução do açúcar teste e duas alçadas da suspensão

dos microrganismos previamente ativados. Em seguida foram incubadas a 37oC por um

período de sete dias para observação da mudança de coloração, em função da redução do

vermelho de fenol pelo ácido presente no meio em que o açúcar foi metabolizado

(KANDLER; WEISS, 1986).

A atividade da catalase foi determinada pelo gotejamento de peróxido de hidrogênio

(H2O2) 30% sobre as colônias frescas dos lactobacilos e observação do desprendimento de

oxigênio (MAC FADDIN, 1980).

32

3.3 AVALIAÇÃO DA SUSCEPTIBILIDADE A ANTIBIÓTICOS

Para a determinação do padrão de susceptibilidade a antibióticos das cepas avaliadas

empregou-se o método de difusão em disco (Dispens-o-Disc-Susceptibility Test System –

DIFCO).

Dezessete antibióticos foram testados, a saber: aztreonam (30 �g), canamicina (30 �g),

ceftazidima (30 �g), cefalotina (30 �g), cefoxitina (30 �g), ciprofloxacina (5 �g),

cloranfenicol (30 �g), enrofloxacina (5 �g), eritromicina (15 �g), fosfomicina (200 �g),

gentamicina (10 �g), imipenem (10 �g), neomicina (30 �g), nitrofurantoína (300 �g),

teicoplanina (30 �g), tetraciclina (30 �g) e trimetropim (5 �g).

As cepas foram cultivadas em agar MRS e uma colônia foi transferida para 2 mL de

caldo MRS por 24 horas a 37ºC, sob agitação de 40 rpm. Uma suspensão bacteriana com

densidade 1 na escala de McFarland foi obtida diluindo-se as cepas em PBS 0,1M, pH 7,4.

Após a semeadura de 0,1 mL desta suspensão, com o auxílio de alça de Drigalsky, em placa de

Petri contendo 20 ml de agar MRS, acrescentou-se os discos com os respectivos antibióticos. A

placa foi incubada a 37ºC por 24h e a susceptibilidade a antibiótico foi verificada por meio da

formação de halo de inibição (DANIELSEN; WIND, 2003), medidos e interpretados conforme

tabela fornecida pelo fabricante dos respectivos antimicrobianos (DIFCO).

3.4 ADAPTAÇÃO E AVALIAÇÃO DA TOLERÂNCIA AO PH DAS CEPAS DE

Lactobacillus

Neste experimento, as células de lactobacilos foram cultivadas em tubos de ensaio

contendo 5 mL de caldo MRS pH 6,5 e incubados sob agitação de 40 rpm por 18h a 37ºC. Em

33

seguida foram repicadas para tubos contendo 5 mL de caldo MRS pH 6,0 (corrigido com

ácido clorídrico 10%) nas mesmas condições e assim sucessivamente numa escala decrescente

de 0,5 até pH 4,0. Nesta condição as células foram repicadas três vezes consecutivas para se

adaptarem a este meio.

3.5 CARACTERIZAÇÃO QUANTO À PRODUÇÃO DE ÁCIDO LÁCTICO

As suspensões de células foram centrifugadas a 10.000 x g por 10 min, 4ºC cepas e os

sobrenadantes avaliados quanto à produção de ácido láctico que foi determinado por

Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (Waters 786), nas seguintes condições: coluna BIO

RAD Aminex HPX-87H (300 x 7,8 mm); temperatura da coluna 45ºC; detector de índice de

refração WATERS 410, eluente H2SO4 0,01M, fluxo de 0,6 mL/min; volume de amostra

injetada, 20 µL. As amostras devidamente diluídas foram filtradas em filtro Sep Pak C18

(Millipore) e o eluente filtrado a vácuo em membrana HAVP 0,45 µm de poro, 47 mm de

diâmetro (Millipore) e simultaneamente desgaseificado por ultra-som (Thorton) por 25

minutos.

3.6 FORMAÇÃO DO POOL DE Lactobacillus

Para obtenção do pool das respectivas cepas de Lactobacillus cada cultura foi

individualmente ativada três vezes consecutivas em caldo MRS. Na primeira ativação, cada

isolado foi inoculado separadamente em tubos contendo 5 mL de caldo MRS, sendo que após

18 horas de incubação a 37ºC sob agitação (40 rpm), alçadas das respectivas suspensões

celulares foram transferidas, individualmente, para tubos contendo 10 mL de caldo MRS.

34

Decorridas 18 horas nas mesmas condições, os conteúdos destes tubos foram transferidos

conjuntamente para frascos com tampa rosqueável contendo 400 mL de caldo MRS e

incubados novamente por 18 horas nas mesmas condições para a formação do pool de

lactobacilos. Posteriormente, a suspensão celular resultante deste pool foi centrifugada a

10.000 x g por 10 min a 4ºC, lavadas três vezes consecutivas em solução PBS 0,1M, pH 7,4,

ressuspensa em solução de sacarose a 20% para conferir uma concentração de 109 UFC/mL e

estocadas a -80ºC em microtubos de 1,5 ml (Eppendorf).

3.7 OBTENÇÃO DO SOBRENADANTE DOS CULTIVOS DE Lactobacillus

Ao sobrenadante resultante da centrifugação da suspensão celular referente ao pool de

lactobacilos, conforme descrito no item anterior, foram adicionados individualmente

inibidores de proteases, nas concentrações de 0,3 mg de ácido etilenodiamino tetra acético

(EDTA), 75 µg de fluoreto de fenilmetilsulfonil (PMSF), 2 µg de aprotinina e 0,7 µg de

pepstatina por mL de sobrenadante. Estas concentrações foram pré-determinadas para evitar a

degradação das proteínas produzidas pelas cepas de Lactobacillus (BOLLAG; ROZYCKI;

EDELSTEIN, 1996). Em seguida o sobrenadante foi filtrado em membrana 0,2 µm

(AC020DB3, Sartorius, Minisart High-Flow) e acondicionado em microtubos de 1,5 ml

(Eppendorf) a -80ºC.

3.8 TRATAMENTO DOS ANIMAIS

Cento e vinte camundongos Balb/c fêmeas, com idade entre 8 e 14 semanas, foram

divididos em 2 grupos (A e B) de 60 animais, sendo que cada grupo foi subdividido em 4

35

grupos com 15 animais cada e submetidos aos respectivos tratamentos. Os grupos controle,

totalizando 48 animais foram subdivididos em grupos de 6 animais. Os animais foram

mantidos em gaiolas plásticas em temperatura ambiente, receberam água e ração ad libitum.

Cada grupo constituiu uma unidade experimental.

Os experimentos, A e B, foram conduzidos paralelamente. Os animais tratados oralmente

receberam o pool de células ou sobrenadante por sonda intragástrica conforme proposto por Perdigón et

al., (1988a, 2002). O período de experimentação teve duração de 42 dias.

Os animais devidamente agrupados foram submetidos a oito diferentes tratamentos,

onde foram testados suspensão bacteriana (SB) contendo 109 UFC/mL, sobrenadante sem

tratamento (SN1), sobrenadante tratado a 100 oC / 10 minutos (SN2) e solução salina (0,85%

de NaCl) da seguinte forma:

Grupo A:

a) Tratamento 1: 0,1mL de SB via oral por 8 dias consecutivos.

Controle: 0,1 mL de solução salina via oral por 8 dias consecutivos.

b) Tratamento 2: 0,2 mL de SN1 via oral por 8 dias consecutivos.

Controle: 0,1 mL de solução salina via oral por 8 dias consecutivos.

c) Tratamento 3: 0,2 mL de SN1 via subcutânea (SC) por 3 dias consecutivos a intervalos

de 24 horas.

Controle: 0,2 mL de solução salina via SC por 3 dias consecutivos a intervalos de 24

horas.

d) Tratamento 4: 0,2 mL de SN2, via SC durante 3 dias consecutivos a intervalos de 24

horas.

Controle: 0,2 mL de solução salina via SC por 3 dias consecutivos com intervalos de 24

horas.

36

Grupo B:

Neste grupo os animais foram imunizados via SC com 100 �g de ovalbumina (OVA) no 1o

e 28o dias de tratamento conforme proposto por Lauterslager, Luuk e Hilgers (2003), e

submetidos aos seguintes tratamentos:

e) Tratamento 5: 0,1mL de SB via oral por 8 dias consecutivos + 0,1 mL de OVA via SC.

Controle: 0,1 mL de solução salina via oral por 8 dias consecutivos.

f) Tratamento 6: 0,2 mL de SN1 via oral + 0,1 mL OVA via SC .

Controle: 0,1 mL de solução salina via oral por 8 dias.

g) Tratamento 7: 0,2 mL de SN1 via SC por 3 dias consecutivos a intervalos de 24 horas +

0,1 mL OVA via SC.

Controle: 0,2 ml de solução salina via SC por 3 dias consecutivos a intervalos de 24

horas .

h) Tratamento 8: 0,2 ml de SN2, via SC durante 3 dias consecutivos a intervalso de 24

horas + 0,1 mL OVA via SC.

Controle: 0,2 ml de solução salina via SC por 3 dias consecutivos a intervalos de

24 horas.

3.9 OBTENÇÃO E DETERMINAÇÃO DE PROTEÍNAS DE Lactobacillus

As cepas de lactobacilos foram cultivadas em frascos contendo 100 mL de caldo MRS

a 37ºC/18h sob agitação de 40 rpm e centrifugadas a 10.000 x g por 10 minutos, 4oC. Em

seguida, foram adicionados, individualmente, ao sobrenadante os inibidores de proteases, nas

concentrações de 0,3 mg de ácido etilenodiamino tetra acético (EDTA), 75 µg de fluoreto de

fenilmetilsulfonil (PMSF), 2 µg de aprotinina e 0,7 µg de pepstatina por mL de sobrenadante

37

(BOLLAG; ROZYCKI; EDELSTEIN, 1996).

O sobrenadante obtido foi filtrado em membrana milipore 0,2 µm (AC020DB3,

Sartorius, Minisrt High-Flow), subdividido em alíquotas e mantido a –80°C. Para

confirmação da ausência de células no sobrenadante, o mesmo foi plaqueado em ágar MRS

(FERREIRA, 2001b).

A concentração de proteína no sobrenadante foi determinada por meio da reação com

o ácido bicinconínico empregando-se kit comercial Micro BCA Protein Assay Reagent Kit,

Pierce, conforme proposto por Ferreira (2001b).

3.10 CARACTERIZAÇÃO DAS PROTEÍNAS EM GEL DE POLIACRILAMIDA COM

DODECIL SULFATO DE SÓDIO (SDS-PAGE)

As proteínas presentes no sobrenadante foram devidamente caracterizadas por

eletroforese conforme metodologia proposta por Laemmli (1970). Para tanto, o gel de

poliacrilamida foi preparado com solução de acrilamida e bis-acrilamida (30% e 0,8%,

respectivamente) obtendo-se uma porosidade de 12,5% para o gel de separação e 5% para o gel

de empilhamento. A este gel foi aplicado um volume de sobrenadante correspondente a 80 µg

das proteínas produzidas pelas cepas de lactobacilos. A eletroforese foi conduzida com

aplicação de voltagem constante de 100 volts enquanto as cepas passavam pelo gel de

empilhamento, sendo aumentada para 200 volts quando as cepas alcançaram o gel de

separação. Utilizou-se como marcador de massa molecular a fosforilase b (94 KDa), albumina

sérica bovina (67 KDa), ovalbumina (43 KDa), anidrase carbônica (30 KDa), inibidor de

tripsina (20,1 KDa) e α-lactoalbumina (14,4 KDa) (Amersham Pharmacia Biotech. Sweden).

38

Após o término da eletroforese, o gel foi tratado em soluções específicas e impregnado com

nitrato de prata a fim de revelar as bandas protéicas, de acordo com metodologia descrita por Blum

et al. (1987).

3.11 AVALIAÇÃO DA RESPOSTA IMUNOLÓGICA

A resposta imunológica nos camundongos foi avaliada por meio da determinação da

concentração de IgA e IgG sérica e da mucosa intestinal, conforme demonstrado no Quadro 1.

Quadro 1 – Avaliação da preparação de probiótico como imunomodulador

Experimentos Fração

Probiótica

Vias de

Administração

Dose e

Freqüência

Resposta

Imune

Lactobacillus In natura Oral 1,0 x 109 UFC/8dias

Oral 0,2 mL/8dias SN1

Grupo A

Sobrenadante

SN2 SC 0,2 mL/3dias

Lactobacillus

In natura

+

OVA

Oral

1,0 x 109 UFC/8dias

+

100µg

Oral 0,2 mL/8dias + 100µg SN1 +

OVA

Grupo B

Sobrenadante SN2 +

OVA

SC 0,2 mL/3dias

+ 100µg

IgA/IgG sérica

IgA/IgG mucosa

intestinal

SC = subcutânea; SN1 = sobrenadante sem tratamento térmico; SN2 = sobrenadante tratado termicamente; OVA = ovalbumina

39

3.11.1 Obtenção do soro

Para obtenção do soro sangüíneo 5 camundongos foram sacrificados a intervalos de 14

dias de tratamento por deslocamento cervical, e sangrados por punção cardíaca. O sangue

coletado foi centrifugado em microtubos de 1,5 mL (Eppendorf) a 3.000 x g por 5 minutos a

4ºC. Os soros obtidos foram acondicionados em microtubos de 1,5 mL (Eppendorf) e

mantidos a –20ºC até a realização dos testes.

a) Soro controle positivo

O soro controle positivo para o teste de ELISA foi preparado a partir do sangue de

camundongos que receberam por via oral o pool de lactobacilos contendo 109 UFC/mL. Os

soros obtidos do sacrifício dos cinco animais foram juntados e armazenados a –20ºC até

realização das análises.

b) Soro controle negativo

O soro controle negativo foi obtido a partir do sangue de camundongos no primeiro dia do

experimento. Os respectivos soros foram juntados e armazenados a -20°C até serem analisados.

3.12 OBTENÇÃO DO MUCO INTESTINAL DOS ANIMAIS

Para a avaliação da concentração de anticorpos presentes na mucosa intestinal dos

animais, realizou-se a extração do órgão seguindo as seguintes etapas:

a) remoção do intestino desde o duodeno até o jejuno;

40

b) remoção de toda gordura lateral do intestino;

c) remoção do conteúdo intestinal injetando-se 1mL de tampão fosfato (PBS 0,1 M pH

7,4) e inibidores de proteases PMSF 0,01 M (0,3 �g/mL), Pepstatina A (0,7 �g/mL)

e EDTA (0,3 mg/mL), sendo recolhido em um tubo de boca larga para facilitar

manuseio, mantendo-o sempre em banho de gelo;

d) centrifugação do conteúdo intestinal a 10.000 x g por 10 minutos a 4°C;

e) armazenamento do sobrenadante em microtubo de 1 mL a –20°C até a realização

das análises.

3.13 QUANTIFICAÇÃO DE IgA E IgG TOTAL SÉRICA E DE MUCOSA INTESTINAL

Os soros obtidos de cada grupo foram misturados em igual volume, para a realização

do teste de ELISA. A mistura resultante, cujo volume totalizou 100 µL, foi diluída de acordo

com a recomendação do fabricante do kit para a detecção de IgG ou IgA total (ELISA Starter

Accessory Package, Bethyl Laboratories, Inc), e os soros correspondentes aos controles

positivo e negativo foram distribuídos nos respectivos poços da placa de ELISA.

Após a realização das cinco etapas descritas no protocolo do kit para a detecção dos

anticorpos produzidos, procedeu-se a leitura de absorbância a 450 nm em leitor de ELISA

(Elx800, Universia Microplate Reader, BIO-TECK Instruments) e os resultados foram

calculados de acordo com a curva padrão fornecida pelo kit e expressos em mg de IgA ou IgG

por mL de soro.

3.14 ANÁLISE ESTATÍSTICA

41

Os dados obtidos foram analisados por meio do software Graphpad InStat

(GRAPHPAD, 1998). Utilizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar se os dados

encontravam-se dentro da distribuição normal e o teste “t” de Student (p<0,05) para

demonstrar a diferença entre os grupos.

42

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 CONFIRMAÇÃO DA IDENTIDADE DAS ESPÉCIES DE lactobacillus

As colônias de lactobacilos cultivadas em agar MRS apresentaram características

morfológicas descritas por Kandler e Weiss (1986), como coloração esbranquiçada, lisas,

convexas lustrosas, bem delimitadas e diâmetros variando entre 2 a 4 mm (Figura 1). Dentre

as espécies estudadas no presente trabalho a cepa de L. plantarum (22c) apresentou colônia

com diâmetro de 4 mm, o maior observado, e as cepas de L. reuteri (18fa e 19fa)

apresentaram colônias com o menor diâmetro, 2 mm. Foi verificado também que as cepas

pertencentes à mesma espécie apresentaram diâmetros de colônias semelhantes. Por meio do

teste de coloração de Gram foi possível confirmar que as espécies estudadas eram Gram positivas e

apresentavam células em forma de bacilo.

43

11fb 22c

18 fa 19 fa

30b 30c

41b Pool

Figura 1 – Colônias de espécies de Lactobacillus em agar MRS

Na Tabela 1 encontram-se apresentados os resultados referentes à fermentação de

açúcares e atividade da catalase das cepas de lactobacilos. Observa-se que todas as cepas

foram catalase negativas e apresentaram perfil de fermentação de açúcares conforme descrito

por Kandley e Weiss (1986) confirmando, portanto, a identidade das respectivas espécies.

44

Tabela1 - Fermentação de carboidratos pelas cepas de Lactobacillus

Lactobacillus plantarum Lactobacillus reuteri Lactobacillus casei pseudoplantarum Carboidratos

11fb 22c 41b 18fa 19fa 30b 30c Amygdalin + + + - - + +

Arabinose - + - - - - -

Celobiose + + + - - + +

Frutose + + + + + + +

Galactose + + + + + + +

Glicose + + + + + + +

Lactose + + + + + + +

Maltose + + + + + + +

Manitol + + + - - + +

Manose + + + - - + +

Melezitose - + + - - + +

Melibiose + + + + + - -

Rafnose + + + + + - -

Ramose - - - - - - -

Ribose + + + + + + +

Salicina + + + - - + +

Sacarose + + + + + + +

Sorbitol + + + - - + +

Trealose + + + - - + +

Xilose + - - - - - -

Catalase - - - - - - -

4.2 SUSCEPTIBILIDADE A ANTIBIÓTICOS

Várias pesquisas (TEUBER; MEILE; SCHWARZ, 1999; ROJO-BEZARES et al., 2006;

HUMMEL et al, 2007) têm demonstrado que a resistência a antibióticos pode ser intrínseca e não

transmissível, no entanto, genes de resistência presentes no DNA bacteriano de algumas cepas podem

ser transmitidos às bactérias comensais e estas podem transferir horizontalmente às bactérias

patogênicas presentes na microbiota intestinal do hospedeiro.

Desta forma, a susceptibilidade das cepas de lactobacilos em estudo, isolados e na forma de

45

pool (cultura mista), a antibióticos mais relevantes na terapia humana e animal, foi analisada e os

resultados encontram-se apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 - Perfil de susceptibilidade das cepas de Lactobacillus a antibióticos

Lactobacillus plantarum

Lactobacillus reuteri

L. casei pseudoplantarum Pool Antibióticos

11fb 22c 41b 18fa 19fa 30b 30c P Beta lactâmicos Cefalosporina de 1a geração Cefalotina S R R S S R MS MS

Cefalosporina de 2ª geração Cefoxitina R R R S R R R R

Cefalosporina de 3a geração Ceftazidima R R R S S R R R

Imipenem Imipenem S S S S S S R S Fluorquinolonas Ciprofloxacina R R R R R R R R Enrofloxacina R R R R R R R R Aminoglicosídeos Gentamicina R R R R R R R R Canamicina R R R R R R R R Neomicina R R R R R R R R Vancomicina Teicoplanina R R R R R R R R Tetraciclina Tetraciclina R R R R S R S R Cloranfenicol Cloranfenicol S R S S S R S S Monobactâmicos Aztreonam R R R R R R R R Macrolídeo Eritromicina R R R MS MS R MS S Fosfomicina Fosfomicina R R R R R R R R Derivados Nitrofurânico Nitrofurantoína MS R R R S R R R

Inibidor de redutase Trimetropim R R R R R R R R R= resistente; S= sensível; MS= moderadamente sensível.

Nota-se que 100% das cepas de L. plantarum (11fb, 22c e 41b) apresentaram

sensibilidade ao imipenem, e 67% (11fb e 41b) ao cloranfenicol. As cepas de L. reuteri (18fa

e 19fa) apresentaram perfil de susceptibilidade diferenciado para cefoxitina, tetraciclina e

nitrofurantoína, enquanto que L. casei pseudoplantarum (30b e 30c) revelou diferenças na

46

susceptibilidade por cefalotina, imipenem, tetraciclina, cloranfenicol e eritromicina.

O pool formado pela co-cultura das cepas de lactobacilos apresentou sensibilidade a

imipenem, cloranfenicol e eritromicina, e moderadamente sensível a cefalotina. Verifica-se

também que a susceptibilidade aos antimicrobianos cefoxitina, tetraciclina, cloranfenicol,

eritromicina e nitrofurantoína, apresentou-se diferenciada para cepas da mesma espécie,

sugerindo, portanto, que a resistência seja específica da cepa.

Os antimicrobianos imipenem e cloranfenicol são compostos que têm ação sobre a

síntese da parede celular e síntese de proteína, respectivamente, apresentando atividade

bactericida e bacteriostática. Sabe-se que o imipenem apresenta maior atividade contra

bactérias Gram positivas, justificando a sensibilidade do lactobacilo a este agente

(GÓRNIACK, 2002).

Em geral as cefalosporinas são os antibióticos de preferência para o tratamento de

infecções bacterianas mistas, entretanto, muitas bactérias têm se apresentado resistentes, daí a

necessidade da administração do imipenem como alternativa viável para o controle de

infecções graves, demonstrando a importância de se conhecer a susceptibilidade bacteriana a

este composto.

No que se refere ao cloranfenicol, a susceptibilidade das cepas de L. plantarum (11fb e

41b), L. reuteri (18fa e 19fa), L. casei pseudoplantarum (30c) e do pool de lactobacilos foi

condizente com seu modo de ação, uma vez que se trata de antibiótico que apresenta amplo

espectro de atuação, entretanto, as cepas 22c e 30b exibiram resistência ao antimicrobiano,

conforme proposto por Delgado, Flórez e Mayo (2005) e Vay et al. (2007).

Segundo Spinosa (2002) a resistência ao cloranfenicol em geral é mediada por

plasmídeos, os quais são capacitados a produzir a cloranfenicol-acetiltransferase que inativa o

antibiótico. Neste sentido, as cepas 22c e 30b não seriam recomendadas para compor um

47

produto probiótico, porém, analisando-se o pool de lactobacilos verifica-se que este exibiu

susceptibilidade ao cloranfenicol, demonstrando que o cultivo das cepas de lactobacilos em

co-cultura apresentou o mesmo comportamento de 71% das cepas cultivadas individualmente.

Este comportamento frente ao cloranfenicol provavelmente ocorreu porque as cepas de

lactobacilos estudadas não apresentaram genes de resistência, à semelhança do estudo

conduzido por Hummel et al. (2007) que verificaram que as espécies L. pentosus BFE 7437 e

L. plantarum BFE 7440, embora apresentassem resistência ao agente não foi constatado a

presença do gene de resistência.

A ação da cefoxitina sobre as cepas 18fa e 19 fa pode ser explicada levando-se em

consideração o seu modo de atuação que se dá principalmente sobre as bactérias Gram

negativas, embora possa atuar sobre Gram positivas como demonstrado na Tabela 2, à

semelhança do proposto na literatura (CEBECI; GÜRAKAN, 2003; DANIELSEN; WIND,

2003; VAY et al., 2007).

No tocante a resistência à tetraciclina e nitrofurantoína pela cepa 18fa e 30b também

foram verificadas por outros autores (TEUBER; MEILE; SCHWARZ, 1999; CEBECI;

GÜRAKAN, 2003; DANIELSEN; WIND, 2003; ROJO-BEZARES et al., 2006). Em

contrapartida, Hamilton-Miller e Shah (1998) constataram em cepas de lactobacilos mais de

90% de sensibilidade à nitrofurantoína e tetraciclina. Scott et al. (2000) relacionaram a

resistência à tetraciclina pelas bactérias intestinais ao aumento do uso destes antimicrobianos.

Teuber, Meile e Schwarz. (1999), publicaram uma revisão sobre este tema onde citam

que a resistência à tetraciclina por L. plantarum pode ser observada em queijos fabricados

com leite in natura. A resistência à tetraciclina também foi demonstrada em estudo conduzido

com diferentes cepas de L. plantarum, realizado por Cebeci e Gürakan (2003). Estes autores

verificaram que 100% das cepas avaliadas apresentaram resistência a cefoxitina, aztreonam e

48

nitrofurantoína, enquanto que para eritromicina o perfil apresentado foi de sensível a

moderadamente sensível.

Rojo-Bezares et al. (2006) fazem uma consideração importante com relação à detecção

de genes de resistência em lactobacilos, pois estes podem ocorrer com outras funções

metabólicas, além daquela de proteção da bactéria frente aos antimicrobianos, e desta forma,

chamam a atenção para a necessidade da realização de estudos visando o entendimento das

funcionalidades das proteínas codificadas pelos genes de resistência a antibióticos.

Segundo Teuber, Meile e Schwarz (1999) a resistência a eritromicina está ligada à

presença de plasmídeos, conforme verificado por Hummel et al. (2007), que detectaram a

presença de gene de resistência a eritromicina em L. salivarius BFE 7441.

É interessante notar que o pool de lactobacilos apresentou sensibilidade moderada a

cefalotina e sensibilidade a eritromicina, enquanto que 43% e 57% das cepas cultivadas

individualmente foram resistentes aos respectivos antibióticos, demonstrando que a

resistência a estes antimicrobianos apresentada pelas cepas individuais provavelmente não

está ligada a gene de resistência.

O pool de lactobacilos apresentou resistência a 76% dos antimicrobianos testados. É

importante salientar que dois fatores podem ter influenciado nestes resultados, sendo que o

primeiro diz respeito a ocorrência de resistência intrínseca, como é o caso da teicoplanina e

aminoglicosídeos, e o segundo diz respeito à origem das cepas avaliadas no presente trabalho,

que foram isoladas de cama de frango. É sabido que na avicultura os antimicrobianos estão

presentes nas dietas das aves para controle e tratamento de doenças infecciosas e também

como promotores de crescimento (MOREIRA; MORAES, 2002; DIBNER RICHARDS,

2005; SMIRNOV et al., 2005)

Embora os antibióticos utilizados como promotores de crescimento tenham tido seu

49

uso proibido em muitos países, problemas decorrentes da aplicação indiscriminada dessas

substâncias continuam causando prejuízos à saúde pública e no controle de infecções

bacterianas, devido à resistência as várias classes desses compostos (ENDTZ et al., 1991;

REINA; ROSS; SERRA, 1994; SÁNCHEZ et al.1994; VELÁZQUEZ et al., 1995;

AARESTRUP et al., 1997; MOREIRA; MORAES, 2002; MONET et al., 2000).

Uma vez que a resistência aos antibióticos seja uma característica passível de ser

transmitida para bactérias patogênicas, este é um parâmetro importante na seleção de bactérias

probióticas. Embora não se tenha estudado a presença de plasmídeos nos lactobacilos, o perfil

de resistência encontrado para o pool das cepas (Tabela 2) aos antimicrobianos cefoxitina,

ceftazidima, ciprofloxacina, enrofloxacina, gentamicina, canamicina, neomicina, teicoplanina,

tetraciclina, aztreonam, fosfomicina, nitrofurantoína e trimetropim, também é reportado na

literatura (TEUBER; MEILE; SCHWARZ, 1999; HUMMEL et al, 2007), e na maioria das

vezes, sem ligação à presença de plasmídeos.

4.3 TOLERÂNCIA AO pH

As bactérias probióticas durante crescimento no trato intestinal competem com outras

bactérias pela disponibilidade de substrato, assim como liberando produtos metabólicos,

acetato e lactato, que promovem a redução do pH e conseqüente inibição de espécies

patogênicas (NAIDU; BIDLACK; CLEMENS, 1999). A habilidade de resistir ao stress ácido

é um importante fator para colonização e estabelecimento dos organismos comensais no trato

gastrintestinal do hospedeiro (LORCA; VALDEZ, 2001). Desta forma, analisou-se no

presente trabalho o crescimento das cepas de Lactobacillus em caldo MRS a diferentes pH,

cujos resultados encontram-se apresentados na Tabela 3.

50

Tabela 3 - Crescimento de Lactobacillus em caldo MRS a diferentes condições de pH

pH Cepas 6,5 6,0 5,5 5,0 4,5 4,0

Lactobacillus plantarum 11 fb + + + + + + 22c + + + + + + 41b + + + + + +

Lactobacillus reuteri 18fa + + + + + + 19fa + + + + + + Lactobacillus casei pseudoplantarum 30b + + + + + + 30c + + + + + + Pool de Lactobacillus + + + + + +

Verifica-se que todas as cepas estudadas cresceram nos diferentes meios cujos pH

variaram de 4,0 a 6,5.

Neste estudo foi observado que as cepas de lactobacilos cultivadas nos meios a pH, 4,0 e

4,5, cresceram apenas após adaptação, ou seja, as cepas foram repicadas três vezes em meio a pH

4,5 e posteriormente a pH 4,0. A tolerância ao pH está ligado à indução de síntese de proteínas,

conforme observado por De Angelis et al. (2001), que verificaram que as cepas adaptadas em pH

5 cresceram em meio a pH de 3,4, enquanto que as cepas tratadas com cloranfenicol (100

�g/mL) durante a adaptação apresentaram baixa tolerância a pH inferior a 4,0.

Por outro lado, Lorca et al. (1998) relataram que L. acidophillus CRL 639 sobrevive

em pH baixo em função da fase de crescimento, ou seja, as células na fase estacionária são

naturalmente tolerantes ao ácido, enquanto que as células na fase exponencial necessitam de

adaptação ao meio ácido.

Em trabalho conduzido com as mesmas cepas avaliadas no presente trabalho, Poppi

51

(2005) determinou a população individual e em co-cultura (pool após 18 horas de cultivo) em

tubos de ensaio contendo 5 mL de caldo MRS e pH final variando entre 3,83 e 4,29, e

observou que a população bacteriana ao final da fermentação (Tabela 4) apresentou uma

variação na ordem de 107 a 109 UFC/mL à semelhança dos resultados obtidos por Avonts et

al. (2004), embora estes autores tenham conduzido a fermentação a pH constante 6,5.

Tabela 4: População de Lactobacillus cultivados em caldo MRS a 37ºC/18 h - 40 rpm

Cepas de Lactobacillus População pH

L. plantarum – 11fb 6,2 x 108 UFC/mL 4,10

L. plantarum – 22c 8,0 x 108 UFC/mL 3,83

L. plantarum – 41b 3,9 x 108 UFC/mL 3,88

L. reuteri– 18fa 2,2 x 108 UFC/mL 4,29

L. reuteri – 19fa 1,0 x 107 UFC/mL 3,96

L.casei pseudoplantarum –30b 3,3 x 109 UFC/mL, 3,95

L. casei. pseudoplantarum – 30c 7,9 x 109 UFC/mL 3,98

Pool (co-cultura): 8,3 x 108 UFC/mL 3,90

Fonte: POPPI (2005)

Em estudo conduzido por Lorca e Valdez (1999) foi constatado maior tolerância das células

de L. acidophilus CRL 639 ao pH 3,0 em cultivo a 25ºC, tanto na fase exponencial quanto na fase

estacionária de crescimento quando comparada ao cultivo a 37ºC. Estes autores concluíram que a

temperatura e idade da cultura de Lactobacillus interferiram na tolerância da cepa ao ambiente

ácido.

4.4 PRODUÇÃO DE ÁCIDO LÁCTICO

A fermentação envolvendo as bactérias lácticas resulta no acúmulo de ácidos

52

orgânicos (acético, fórmico e láctico), destacando-se o ácido láctico como principal

metabólito gerado a partir do piruvato pela lactato desidrogenase (NAIDU; BIDLACK;

CLEMENS, 1999).

A ação inibitória dos ácidos orgânicos na forma não dissociada é de 100 a 600 vezes

maior do que a forma dissociada. O ácido láctico não dissociado pode permear a membrana

celular por difusão e liberar prótons na célula. O influxo de prótons parece induzir a

acidificação do citoplasma e dissipar o potencial de prótons na membrana (EKLUND, 1983;

GOBBETTI et al., 2005).

A produção de ácido láctico pelas cepas de Lactobacillus estudadas encontra-se

apresentada na Tabela 5.

Tabela 5 – Produção de ácido láctico pelas cepas de Lactobacillus em caldo MRS a 37ºC/18 h - 40 rpm

Cepas Ácido Láctico (g/L)

Lactobacillus plantarum -11 fb 15,00

Lactobacillus plantarum – 22c 18,39

Lactobacillus plantarum – 41b 18,36

Lactobacillus reuteri – 18 fa 16,12

Lactobacillus reuteri – 19 fa 17,79

Lactobacillus casei pseudoplantarum – 30b 8,71

Lactobacillus casei pseudoplantarum – 30c 16,72

Pool de Lactobacillus 19,14

As concentrações de ácido láctico produzido pelas cepas estudadas variaram entre 15 e

19,14 g/L, com exceção da cepa L. casei pseudoplantarum (30b) que apresentou produção de

8,71 g/L de ácido láctico. O pool constituído por sete cepas de lactobacilos apresentou a maior

produção de lactato.

Sabe-se que o gênero Lactobacillus apresenta três grupos distintos quanto à forma de

53

degradação de hexoses, homofermentativos obrigatórios que degradam as hexoses e

apresentam conversão quase que exclusiva de ácido láctico; heterofermentativos obrigatórios,

os quais convertem as hexoses em quantidades equimolares de ácido láctico, etanol e/ou ácido

acético e gás carbônico, e por fim os heterfermentativos facultativos que fermentam as

hexoses de maneira semelhante ao grupo homofermentativo, contudo, sob condições de

limitação de glicose, a bactéria pode converter as hexoses em ácido láctico, ácido acético e/ou

etanol (KANDLER; WEISS, 1986).

Desta forma pode-se inferir que a maior concentração de ácido láctico obtida pelas

cepas quando foram cultivadas em co-cultura (19,4 g/L), provavelmente se deve ao

metabolismo heterofermentativo facultativo encontrado em 71,43% das cepas estudadas, L.

plantarum (11fb, 22c e 41b) e L. casei pseudoplantarum (30b e 30c), os quais seguiram o

metabolismo homofermentativo, uma vez que a glicose não foi fator limitante.

No presente trabalho, a maior produção de ácido láctico foi observada pelo pool de

lactobacilos, o que também foi verificado por Lee (2005) que constatou uma produção de 110

g/L de ácido láctico em cultivo contendo cinco cepas de Lactobacillus após 70 horas de

fermentação contra 90 g/L no mesmo tempo para L. casei (NRRL-B1445). Segundo o autor,

este resultado se deve a um provável sinergismo entre as cepas avaliadas.

As concentrações de ácido láctico obtidas pelo cultivo individual das cepas de L.

plantarum 11fb, 22c e 41b, estão de acordo com os resultados encontrados por Ogunbanwo et

al. (2004) que estudaram a produção de compostos antimicrobianos produzidos por

lactobacilos isolados de mandioca e verificaram que a cepa de L. plantarum F1 produziu 16,4

g/L de ácido láctico em meio MRS após 48 horas de fermentação e pH final de 3,1.

54

Zhao et al. (2007) estudaram as propriedades funcionais de duas cepas de L.

acidophilus, La-1 e La-2, e verificaram uma produção de ácido láctico de 12,73 g/L e 13,33

g/L, respectivamente, em leite desnatado a 37ºC por 36 horas. Foi observado também que a

conversão da lactose a ácido láctico foi superior a 90%, à semelhança dos resultados

encontrados para as cepas 22c, 41b e pool de lactobacilos estudados no presente trabalho.

Devido à ação antagônica do ácido láctico sobre bactérias patogênicas, Poppi (2005),

analisou este efeito sobre Escherichia coli O157:H7 e Listeria monocytogens, utilizando as

mesmas cepas de lactobacilos avaliadas neste trabalho, e verificou que o ácido láctico não

influenciou no efeito bacteriostático ou bactericida sobre as bactérias patogênicas.

4.5 PERFIL ELETROFORÉTICO DAS PROTEÍNAS SECRETADAS PELAS CEPAS DE

Lactobacillus

Por meio da eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE), foi possível estudar o

perfil de proteínas produzidas pelas cepas cultivadas individualmente e em co-cultura (pool).

Dessa forma, pode-se observar uma grande concentração de proteínas com massa molecular

entre 43-94 KDa nas cepas de L. reuteri, L. casei pseudoplantarum e no pool de

Lactobacillus.

55

Nota-se que existe uma banda com massa molecular próximo a 67 KDa em todas as

cepas estudadas, sugerindo que esta seja uma proteína normalmente presente neste gênero de

bactérias. As cepas de mesma espécie, L. reuteri (18fa e 19fa) ou L. casei pseudoplantarum

(30b e 30c) apresentaram um perfil protéico muito semelhante. Kanashiro (2002) determinou

as massas moleculares de proteínas de Lactobacillus sp. (amostras 55-1 e 129) e verificou

maior concentração de proteínas entre 25,74 – 93,02 KDa, semelhante, portanto, ao obtido

neste estudo.

O pool de Lactobacillus expressou poucas proteínas em relação às cepas individuais, a

cepa 18 fa apresentou a maior diversidade de proteínas, enquanto as amostras de L. plantarum

11fb, 22c e 41b expressaram a menor concentração de proteínas. Estes resultados encontram-

se na figura 2.

11fb 18fa 19fa 22c 41b 30b 30c Pool

FIGURA 2 - Perfil eletroforético das proteínas secretadas pelas cepas de Lactobacillus

94KDa 67KDa 43KDa 30KDa 20,1KDa 14,4KDa

56

A caracterização protéica representou as proteínas que podem atuar como antígenos

estimuladores da resposta imune detectada, ou seja, de anticorpos, IgA e IgG, sendo, portanto,

fundamental para as análises de quantificação de imunoglobulinas nos camundongos.

4.6 AVALIAÇÃO DA RESPOSTA IMUNOLÓGICA

O efeito dos probióticos sobre a resposta imune foi bastante estudado (DE SIMONE, et al,

1986; MAASEN et al., 1998; PERDIGÓN et al., 1999; PERDIGÓN et al., 2002; PAVAN;

DESREUMAUX; MERCENIER, 2003). Existem evidências em sistemas in vitro e em modelos

animais e humanos que sugerem que os probióticos podem estimular tanto a resposta imune

específica quanto a inespecífica. Acredita-se que esses efeitos sejam mediados por uma ativação de

macrófagos, aumento nos níveis de citocinas e aumento da atividade de células natural killer e/ou

dos níveis de imunoglobulinas (SAAD, 2006).

4.6.1 Concentração de IgA e IgG total presente no soro e mucosa intestinal

Embora se tenha observado pequenas diferenças na concentração de imunoglobulinas

sérica e de mucosa intestinal com relação aos controles, a análise estatística revelou que não

houve diferenças significativas (p < 0,05), portanto, as proteínas produzidas pelo pool de

lactobacilos não estimularam a resposta imune nos camundongos. Não houve diferenças

significativas (p< 0,05) entre os grupos A e B, demonstrando que as proteínas de

Lactobacillus também foram ineficazes como adjuvantes da resposta humoral.

Os resultados da concentração de IgA e IgG presentes no soro e mucosa intestinal

estão apresentados nas tabelas 6 e 7, respectivamente.

57

Tabela 6 – Concentração média de IgA total no soro e mucosa intestinal de camundongos

Concentração de IgA (mg/mL)

Soro Mucosa Intestinal

Tratamentos

Grupo A 14 dias 28 dias 42 dias 14 dias 28 dias 42 dias

1 0,3906 0,5923 0,2879 2,5138 1,6454 2,9141

Controle 0,3748 0,5304 0,2326 2,3274 1,6189 2,4378

2 0,3562 0,4792 0,1346 2,8117 1,7970 2,2037

Controle 0,3310 0,4364 0,1306 2,2605 1,5135 1,9373

3 0,4435 0,3713 0,4565 1,5391 1,5271 2,4685

Controle 0,4322 0,3475 0,4312 1,4416 1,4782 2,1290

4 0,3809 0,4498 0,2249 1,7504 1,4136 2,3320

Controle 0,3529 0,4038 0,2222 1,5985 1,2210 2,4145

Grupo B 14 dias 35 dias 42 dias 14 dias 35 dias 42 dias

5 0,3788 0,3465 0,1777 2,4732 1,4648 2,7383

Controle 0,3555 0,3029 0,1975 2,3274 1,2780 2,3410

6 0,1931 0,2187 0,1878 2,5770 2,3229 2,7905

Controle 0,1691 0,1937 0,2151 2,1650 1,8500 2,2849

7 0,3749 0,3996 0,1750 2,5186 1,6101 2,6315

Controle 0,3535 0,3856 0,1883 2,4285 1,4515 2,3342

8 0,2256 0,3996 0,1663 2,9361 1,2378 2,5549

Controle 0,2182 0,3896 0,1826 2,6016 1,2042 2,3274

58

Tabela 7 – Concentração média de IgG total no soro e mucosa intestinal dos animais

Concentração de IgG (mg/mL)

Soro Mucosa Intestinal

Tratamentos

Grupo A 14 dias 28 ddias 42 dias 14 dias 28 dias 42 dias

1 0,6210 2,4171 1,2728 0,0434 0,0400 0,0290

Controle 0,5541 2,1788 2,4171 0,0408 0,0383 0,0321

2 2,4171 1,2728 2,4171 0,0172 0,0079 0,0268

Controle 2,2187 1,1121 2,2471 0,0148 0,0070 0,0269

3 1,2728 2,4171 2,4171 0,0155 0,0092 0,0128

Controle 1,1315 2,3951 2,3262 0,0145 0,0090 0,0088

4 1,0449 0,8550 0,9689 0,0037 0,0055 0,0050

Controle 0,9515 0,8249 0,9024 0,0034 0,0053 0,0048

Grupo B 14 dias 35 d 42 dias 14 dias 35 dias 42 dias

5 1,2728 1,3435 1,5393 0,0228 0,0094 0,0106

Controle 1,1579 1,2848 1,0865 0,0222 0,0092 0,0059

6 0,9767 1,0449 1,4706 0,0083 0,0043 0,0031

Controle 0,9117 0,9767 1,4071 0,0078 0,0042 0,0038

7 1,0387 2,4171 1,1164 0,0203 0,0104 0,0096

Controle 0,9767 2,1986 0,8267 0,0200 0,0099 0,0103

8 0,7566 0,6981 0,8676 0,0031 0,0037 0,0031

Controle 0,7173 0,6391 0,9458 0,0028 0,0036 0,0038

Sabe-se que o tecido linfóide associado ao intestino (GALT) apresenta como

principais funções a apresentação de antígenos, produção de anticorpos e ativação da

imunidade celular, logo, a imunização com antígenos viáveis ou não viáveis estimula a

produção de anticorpos locais e respostas celulares, iniciadas por captura, processamento e

apresentação de antígenos (ISOLAURI; SALMINEN; SALMINEN, 1998).

A ausência de diferença estatística com o grupo controle quanto à produção de

anticorpos totais detectada neste estudo pode ser conseqüência da administração de espécies

de lactobacilos isolados de aves. Os resultados encontrados corroboram aquele obtido por

Vinderola et al. (2004), que determinaram o número de células produtoras de IgA em

59

camundongos tratados oralmente com cepas de lactobacilos comensais e não comensais, e

observaram que as bactérias exógenas administradas em uma concentração de 104 células/dia

por 5 dias tiveram valores similares aos encontrados para o grupo controle, demonstrando que

não houve efeito deste tratamento.

Revolledo Pizarro (2005) estudou a resposta imune em frangos desafiados com

Salmonella enterica sorotipo Typhimurium Nalr e tratados com probiótico composto por

Bifidobacterium bifidus, quatro espécies de Enterococcus e doze espécies de Lactobacillus

isolados de aves, dentre as quais, duas cepas de L. reuteri, duas cepas de L. plantarum e duas

de L. casei pseudoplantarum, foram as mesmas cepas utilizadas no presente trabalho, e

verificou que os níveis de IgG total no conteúdo intestinal mantiveram-se estáveis durante o

tratamento, enquanto que a produção de IgA total apresentou-se significativa.

Outra possibilidade da ineficácia de indução da resposta imune poderia ser a falta de

adesão bacteriana ao epitélio intestinal, assim como o tempo de passagem pelo trato

gastrintestinal insuficiente para que pudesse exercer ação imunomoduladora (NAIDU;

BIDLACK; CLEMENS, 1999). Vários componentes da superfície celular bacteriana

participam da aderência das cepas às células epiteliais intestinais. Fernández, Boris e Barbés

(2003) estudaram as propriedades probióticas de L. gasseri e L. acidophilus e observaram que

a aderência dependia da presença de proteínas, carboidratos e cátions divalentes,

provavelmente o Ca2+. Outros pesquisadores (CHAUVIÉRE et al., 1992; COCONIER et al.,

1992; BERNET, et al., 1993) reportaram que Lactobacilli aderem às células intestinais

humana através de mecanismos que envolvem diferentes combinações de carboidrato e

proteína na superfície da parede celular.

Muitos organismos procarióticos, incluindo-se algumas espécies de lactobacilos,

secretam um material viscoso denominado glicocálix que é depositado na superfície celular. O

60

glicocálix apresenta em sua constituição o ácido N-acetilglucosamina, que também está

presente na parede celular das bactérias Gram positivas. A composição monossacáride do

hidrolisado celular tem sido um critério para a diferenciação química deste grupo de bactérias.

Estudos envolvendo a análise de carboidrato em Lactobacilli têm mostrado que

monossacarídeos como N-acetilglucosamina e N-acetilgalactosamina estão presentes no

glicocálix em quantidades significativas. Além disso, a presença destes e outros

monossacarídeos em glicopolímeros sobre o glicocálix de Lactobacilli foram associados às

propriedades adesivas das cepas (POMAZANOV et al., 1998 apud ANNUK et al., 2001).

Alguns pesquisadores concordam que além da propriedade de adesão à mucosa

intestinal, uma cepa probiótica também precise ser comensal, pois nesta situação, é esperado

que apresente maior eficácia no ambiente em que foi isolada (APOSTOLOU et al, 2001;

SAARELA et al., 2000). Em contrapartida, Dogi, Perdigón (2006) demonstraram que tanto

cepas comensais como não comensais foram capazes de induzir respostas imunes no intestino

sem produzir efeitos colaterais como uma resposta imune inflamatória.

O efeito probiótico de bactérias lácticas está relacionado às propriedades da

superfície celular, que determina sua capacidade em aderir às células entéricas, aumentando a

capacidade bacteriana de seqüestrar compostos tóxicos ou enviar sinais de ativação para a

produção de citocinas (GÓMEZ-ZAVAGLIA et al., 2002), prevenindo-se sua eliminação pelo

peristaltismo (GRANATO et al., 1999).

A adesão de microrganismos, ingeridos oralmente, ao intestino é um fenômeno

complexo que pode ser um processo constituído de várias etapas, envolvendo mecanismos

específicos e inespecíficos. O efeito sobre o hospedeiro dependerá da internalização de

POMAZANOV, V.V.; OXIPOV, G.A; SHABANOVA, E.A; DEMINA, A,M.; MOROZOV, OV. Potential use of the monosaccharide composition of bactéria for their identification. Mikrobiologia, v.57, p.107-113, 1998.

61

alimentos ou espécies bacterianas para interagir com as células linfóides associadas aos sítios

indutores de uma resposta imune no intestino (PERDIGÓN et al., 2000).

Por outro lado, a falta de uma produção aumentada de anticorpos no grupo tratado

poderia ser devido à constituição do pool bacteriano usado, pois existiam duas cepas da

espécie L. reuteri e de acordo com Christensen et al. (2002), esta espécie inibe a síntese de IL-

6, IL-12 e TNF-� por células dendríticas, ou seja, inibe a síntese de IL-6 que está associada à

produção de anticorpos. Maasen et al. (2000) administraram a camundongos, por via oral, L.

reuteri e verificaram que não houve indução de citocinas IL-4 e IL-10, a não ser quando os

animais foram imunizados parenteralmente com antígenos. A administração de L. plantarum

também não influenciou os níveis de IL-4 no cólon e íleo de camundongos (PAVAN et al.,

2003). As citocinas IL-6 e IL-4 são responsáveis pela multiplicação de linfócitos B e

diferenciação em plasmócitos que produzem anticorpos. Dessa forma, a presença destas

espécies bacterianas no pool administrado pode ter interferido na ação destas citocinas, que

em conseqüência inibiu a síntese de anticorpos. Entretanto, Perdigón et al. (2002) observaram

que o tratamento de camundongos com L. casei, L. delbrueckii bulgaricus e L. acidophilus

afetou a resposta humoral sistêmica e foram detectados altos níveis de IL-4 em animais

tratados com L. delbrueckii bulgaricus e L. casei.

Kanashiro (2000) observou que frangos tratados com cepas de Lactobacillus sp

isolados de aves livres de patógenos específicos (SPF) apresentaram pouco estímulo de

produção de IgG específica para as proteínas bacterianas e relacionou este resultado à

capacidade de colonização da espécie e produção diferenciada de proteínas in vitro e in vivo.

O grupo B (Tabela 6 e Tabela 7) demonstra que o pool de lactobacilos não agiu

como adjuvante, pois os níveis de IgA e IgG em relação ao grupo A não se apresentaram

aumentados. He et al. (2005) verificaram que a administração oral de Lactobacillus GG

62

inativado termicamente aumentava a resposta imune sistêmica e de mucosa favorecendo a

produção de IgA secretora.

A administração oral de um antígeno protéico freqüentemente induz acentuada

supressão das respostas imunes sistêmicas celulares e humorais à imunização pelo mesmo

antígeno, fenômeno este conhecido como tolerância (ABBAS; LICHTMAN, 2005). A

tolerância está ligada a microbiota natural do hospedeiro, uma vez que camundongos normais

apresentaram tolerância a antígenos da dieta por um período de aproximadamente três meses,

enquanto que em camundongos Germ-Free a tolerância observada foi de 20 dias (MOREAU;

CORTHIER, 1988).

É importante salientar que os animais utilizados no experimento foram criados sem

isoladores, podendo justificar as diferenças nas concentrações de IgA e IgG observadas entre

os grupos A e B.

63

5 CONCLUSÕES

Os resultados obtidos no presente trabalho permitem concluir que:

• O pool de lactobacilos apresentou resistência a treze antimicrobianos, representando

76,47% dos antibióticos testados;

• Todas as cepas de lactobacilos cultivadas invidualmente e em co-cultura apresentaram

crescimento nos diferentes meios com valores de pH variando entre 4,0 e 6,5;

• O cultivo em co-cultura de Lactobacillus (pool) apresentou a maior concentração de

ácido láctico quando comparado com as cepas individuais;

• O perfil protéico do pool de Lactobacillus expressou poucas proteínas em relação às

cepas individuais de L. reuteri (18fa e 19fa) e L. casei pseudoplantarum (30b e 30c);

• O pool de Lactobacillus foi ineficaz tanto para induzir a resposta humoral pela

produção de IgA e IgG, quanto para atuar como adjuvante.

64

REFERÊNCIAS

AARESTRUP, F.M.; NIELSEN; E.M.; MADSEN, M.; ENGBERG, J. Antimicrobial susceptibility patterns of thermophilic Campylobacter spp. from humans pigs cattle and broilers in Denmark. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, v.41, n.10, p.2244-2250, oct.1997.

ABBAS, A.K.; LICHTMAN, A.H. Imunologia Celular e Molecular. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2005

ABEF. Relatório Anual 2005. Disponível em: <http://www.abef.com.br>. Acesso em: 04 abr. 2007

ADAMS, D.O.; HAMILTON, T.A. Macrophages as destructive cells in host defense. In: GALLIN, J.I.; GOLDSTEIN, R.S.; SNYDERMAN, R. Inflamation: Basic Principles and Clinical Correlates. New York: Raven, 1992. p.637-632.

AMBROSINI, M.V.; GONZALEZ, S.; RUIZ HOLGADO, A.P.; OLIVER, G. Study of the morphology of the cell walls of some strains of lactic acid bacteria and related species. Journal of Food Protection, v.61, n.5, p.557-562, may1998.

ANNUK, H.; HYNES, S.O.; HIRMO, S.; MIKELSAAR, M.; WADSTRÖM, T. Characterisation and differentiation of lactobacilli by lectin typing. Journal of Medical Microbiology, v.50, p.1069-1074, 2001.

APOSTOLOU, E.; KIRJAVAINEN, P.V.; SAXELIN, M.; RAUTELIN, H.; VALTONEN, V.; SALIMINEN, S.J.; OUWEHAND, A.C. Good adhesion properties of probiotics: a potential risk for bacteremia? FEMS Immunology and Medical Microbiology, v.31, n.1, p.35-39, jul.2001.

AVONTS, L.; VAN UYTVEN, E.; DE VUYST, L. Cell growth and bacteriocin production of probiotic Lactobacillus strains in different media. International Dairy Journal, v.14, n.11, p.947-955, nov.2004.

BIELECKA, M.; BIEDRZYCKA, E.; MAJKOWSKA, A. Selection of probiotics and prebiotics for synbiotics and confirmation of their in vivo effectiveness. Food Research International, v.35, n.2/3, p.125-131, 2002.

65

BLOKSMA, N.; HEER, E.; VAN DIJK, H.; WILLERS, J.M. Adjuvanticity of lactobacilli – I. Differential effects of viable and killed bacteria. Clinical and Experimental Immunology, v.37, n.2, p.367-375, 1979.

BLOM, H.; MÖRTVEDT, C. Anti-microbial substances produced by food associated micro-organisms. Biochemical Society Transactions, v.19, n.3, p.694-698, aug.1991.

BLUM, H.; BIER, H.; GROSS, H.J. Improved silver staining of plant protein, RNA and DNA in polyacrilamide gel. Electrophoresis, v.8, n.2, p.93-99, 1987.

BOLLAG, D.; ROZYCKI, M.D.; EDELSTEIN, S.J. Protein Methods. 2. ed.. New York: Wiley-Liss. 415p., 1996.

CARLOS, I.Z.; VENDRAMINI, A.P.; VENDRAMINI, R.C.; DÂMASO, E.R.; ROSSI, E.A. Influência de Nutrientes no Sistema Imune: Papel das Citocinas, Peróxido de Hidrogênio e Óxido Nítrico. In: FERREIRA, C.L.F. Prebióticos e Probióticos: Atualização e Prospecção. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2003. p.135-154.

CASSONE, A.; MARCONI, P.; BISTONI, F.; MATTIA, E.; SBARAGLIA, G.; GARACI, E.; BONMASSAR, E. Immunoadjuvant effects of Candida albicans and its cell wall fractions in a mouse lymphoma model. Cancer Immunology Immunotherapy, v.10, n.4, p.181-190, apr.1981.

CEBECI, A.; GÜRAKAN, C. Properties of potential probiotic Lactobacillus plantarum strains. Food Microbiology, v.20, n.5, p.511-518, oct. 2003.

CHARTERIS, W.P.; KELLY, P.M.; MORELLI, L.; COLLINS, J.K. Ingredient selection criteria for probiotic microorganisms in functional dairy foods. International Journal of Dairy Technology, v.51, n.4, p.123-136, nov.1998.

CHOI, S.S.; KIM, Y.; HAN, K.S.; YOU, S.; OH, S.; KIM, S.H. Effects of Lactobacillus strains on cancer cell proliferation and oxidative stress in vitro. Letters in Applied Microbiology, v.42, n.5, p.452-458, may 2006.

CHRISTENSEN, H.R.; FROKIAER, H.; PESTKA, J.J. Lactobacilli differentially modulate expression of cytokines and maturation surface markers in murine dendritic cells. The Journal of Immununology, v.168, n.1, p.171-178, jan. 2002.

66

COLLINS, J.K.; THORNTON, G.; SULLIVAN, G.O. Selection of probiotic strains for human applications. International Dairy Journal, v.8, n.5-6, p.487-490, may1998.

CRITTENDEN, R.G. Prebiotics. In: TANNOCK, G.W. Probiotics: a critical review. Wymondham: Horizon Scientific, 1999. p.141-156.

DANIELSEN, M.; WIND, A. Susceptibility of Lactobacillus spp. to antimicrobial agents. International Journal of Food Microbiology, v.82, n.1, p.1-11, apr.2003.

DE ANGELIS, M.; BINI, L.; PALLINI, V.; COCCONCELLI, P.S.; GOBBETTI, M. The acid-stress response in Lactobacillus sanfranciscensis CB1. Microbiology, v.147, n.7, p.1863-1873, jul. 2001.

DELGADO, S.; FLÓREZ, A.B.; MAYO, B. Antibiotic susceptibility of Lactobacillus and Bifidobacterium species from the human gastrointestinal tract. Current Microbiology, v.50, n.4, p.202-207, apr. 2005.

DE SIMONE, C.; BIANCHI SALVADORI, B.; NEGRI, R.; FERRAZZI, M.; BALDINELLI, L.; VESELY, R. The adjuvant effect of yogurt on productio of gama-interferon by com A-stimulated human peripheral blood lymphocytes. Nutrition Reports International, v.33, n.3, p.425-432, marc.1986.

DIBNER, J.J.; RICHARDS, J.D. Antibiotic growth promoters in agriculture: history and mode of action. Poultry Science, v.84, n.4, p.634-643, apr. 2005.

DOGI, C.A.; PERDIGÓN, G. Importance of the host specificity in the selection of probiotic bacteria. Journal of Dairy Research, v.73, n.3, p.357-366, aug. 2006.

EKLUND, T. The antimicrobial effect of dissociated and undissociated sorbic acid at different pH levels. Journal of Applied Bacteriology, v.54, n.3, p.383-389, jun. 1983.

ELIAS, C.C.; SOUZA, H.S.P. Imunologia da mucosa intestinal – Da bancada ao leito. Rio de Janeiro: Ateneu, 2001. 187p.

67

ENDTZ; H.P. ; RUIJS, G.J.; VAN KLINGEREN, B.; JANSEN, W.H.; VAN DERREYDEN, T.; MOUTON, R.P. Quinolone resistance in campylobacter isolated from man and poultry following the introduction fluorquinolones in veterinary medicine. The Journal of Antimicrobial Chemotherapy, v.27, n.2, p.199-208, feb. 1991.

ERICKSON, K.L.; HUBBARD, N.E. Probiotic immunomodulation in health and disease. The Journal of Nutrition, v.130, n.2, p.403S-409S, feb. 2000.

FERNÁNDES, M.F.; BORIS, S.; BARBÉS, C. Probiotic properties of human lactobacilli strains to be used in the gastrointestinal tract. Journal of Applied Microbiology, v.94, n.3, p.449-455, marc. 2003.

FERREIRA, C.L.L.F. Tecnologia para produtos lácteos funcionais: Probióticos. In: PORTUGAL, J.A.B.; CASTRO, M.C.D.; SILVA,J.H.F.; SAVINO, A.C.; NEVES, B.S.; ARCURI, E.F. O agronegócio do leite e os alimentos funcionais. Juiz de Fora: Epamig. v.181, 203p., 2001a.

FERREIRA, C.L.L.F. Grupo de Bactérias Lácticas – Caracterização e aplicação tecnológica de bactérias probióticas. In: FERREIRA, C.L.F. Prebióticos e Probióticos: Atualização e Prospecção, Viçosa: UFV. p.7-34, 2003.

FERREIRA, C.S.A. Detecção de imunoglobulinas séricas a proteínas de Salmonella enterica sorotipo Enteritidis em aves infectadas experimentalmente. 2001. 85f. Tese (Doutorado em Patologia Experimental e Comparada), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001b.

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS, WORLD HEALTH ORGANIZATION. Evaluation of health and nutritional properties of probiotics in food including powder milk with live lactic acid bacteria. Córdoba, 2001. 34p. Disponível em: <ftp://ftp.fao.org/es/esn/food/probioreport_ en.pdf>. Acesso em: 03 fev. 2005.

FORESTIER, C.; DE CHAMPS, C.; VATOUX, C.; JOLY, B. Probiotic activities of Lactobacillus casei rhamnosus: in vitro adherence of intestinal cells and antimicrobial properties. Research in Microbiology, v.152, n.2, p.167-173, marc. 2001.

FREESE, A.C.; SHEN, C.W.; GALLIERS,E. Function of lipophilic acids as antimicrobial food additives. Nature, v.241, n.5388, p.321-325, feb. 1973.

68

FULLER, R. Probiotics in man and animals. Journal of Applied Bacteriology, v.66, n.5, p.365-378, may 1989.

FULLER, R. The effect of Probiotics on the gut micro-ecology of farm animals. In: WOOD, B.J.B. The Lactic acid bacteria – The lactic acid bacteria in health and disease. Vol I. London: Chapman & Hall. p.171-192. 1992.

GAUFFIN, C.P.; AGÜERO, G.; PERDIGÓN, G. Adjuvant effects of Lactobacillus casei added to a renutrition diet in a malnourished mouse model. Biocell, v.26, n.1, p.35-48, apr. 2002.

GIBSON, G.R.; FULLER, R. Aspects of in vitro and in vivo research approaches directed toward identifying probiotics and prebiotics for human use. The Journal of Nutrition, v.130, 2S Suppl., p.391S-394S, feb. 2000.

GOBBETTI, M; DE ANGELIS, M.; CORSETTI, A.; DI CAGNO, R. Biochemistry and physiology of sourdough lactic acid bacteria. Trends in Food Science & Technology, v.16, n.1-3, p.57-69, jan.-mar. 2005.

GÓMEZ-ZAVAGLIA, A.; KOCIUBINSKY, G.; PÉREZ, P.; DISALVO, E.; DE ANTONI, G.L. Effect of bile on the lipid composition and surface properties of bifidobacteria. Journal of Applied Microbiology, v.93, n.5, p.794-799, may 2002.

GÓRNIAK, S.L. Quimioterápicos. In: SPINOSA, H.S.; GÓRNIAK, S.L.; BERNARDI, M.M. Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p.398-408.

GRANATO, D., PEROTTI, F., MASSEREY, I., ROUVET, M., GOLLIARD, M., SERVIN, A., BRASSART, D. Cell surface-associated lipoteichoic acid acts as an adhesion factor for attachment of Lactobacillus johnsonii La1 to human enterocyte-like Caco-2 cells. Applied and Environmental Microbiology, v.65, n.3, p.1071–1077, mar. 1999.

GRAPHPAD INSTAT SOFTWARE. Statisitcal analysis systems for personal computers. San Diego: GraphPad Software, 1998.

GUARNER, F.; MALAGELADA, J.R. Gut flora in health and disease. Lancet, v.361, n.9356, p.512-519, feb. 2003.

69

HAMILTON-MILLER, J.M.T.; SHAH, S. Vancomycin susceptibility as an aid to the identification of lactobacilli. Letters in Applied Microbiology, v.26, n.3, p.153-154, feb. 1998.

HAVENAAR, R.; HUIS INT VELD, J.H.J. Probiotics: A General View. In: WOOD, B.J.B. The Lactic Acid Bacteria – The Lactic Acid Bacteria in Health and Disease. London: Chapman & Hall, 1992. v.1. p.151-170.

HE, F.; MORITA, H.; KUBOTA, A.; OUWEHAND, A.C.; HOSODA, M.; HIRAMATSU, M.; KURISAKI, J.C. Effect of orally administered non-viable Lactobacillus cells on murine humoral immune responses. Microbiology and Immunology, v. 49, n.11, p.993-997, nov. 2005.

HORI, T.; KIYOSHIMA, J.; SHIDA, K.; YASUI, H. Augmentation of cellular immunity and reduction of influenza virus titer in aged mice fed Lactobacillus casei strain shirota. Clinical and Diagnostic Laboratory Immunology, v.9, n.1, p.105-108, jan. 2002.

HUMMEL, A.S.; HERTE, C.; HOLZAPFEL, W.H.; FRANZ, C.M.A.P. Antibiotic resistances of starter and probiotic strains of lactic acid bacteria. Applied and Environmental Microbiology, v.73, n.3, p.730-739, feb. 2007.

IANELLO, D.; BONINA,L., DELFINO,D.; BERLINGHIERI, M.C.; GISMONDO, M.R.; MASTROENI, P. Effect of oral administration of a variety of bacteria on depressed macrophage functions in tumour-bearing rats. Annales d’Immunology, v.135C, n.3, p.345-352, may-jun. 1984.

ISOLAURI, E.; SALMINEN, S.; OUWEHAND, A.C. Probiotics. Best Practice & Clinical Gastroenterology, v.18, n.2, p.299-313, apr. 2004.

ISOLAURI, E., JOENSUU, J., SUOMALAINEN, H., LUOMALA, M., VESIKARI, T. Improved immunogenicity of oral D x RRV reassortant rotavirus vaccine by Lactobacillus casei GG. Vaccine, v.13, n.3, p.310-312, 1995.

ISOLAURI, E.; SALMINEN, E.; SALMINEN,S. Lactic Acid Bacteria and Immune Modulation In: SALMINEN,S.; VON WRIGHT, A. Lactic Acid Bacteria – Microbiology and Functional Aspects. New York: Marcel Dekker, 1998. p.255-68.

70

JANSEN & VAN DER WAAIJ, 1995. Disponível em: <http:www.microbiologia2000.hpg.ig.com.br/ciência_e_educacao/7/index_int_8.html>. Acesso em: 10 de fevereiro de 2003.

JOHNANSEN, F.E.; PEDNA, M.; NORDERHAUG, I.N.; HANEBERG, B.; HIETALA, M.A.; KRAJCI, P. Absence of epithelial immunoglobulin A transport, with increased mucosal leakiness, in polymeric immunoglobulin receptor/secretory component-deficient mice. The Journal of Experimental Medicine, v.190, n.7, p.915-921, oct. 1999.

JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara & Koogan, 2001. p.220-240.

KANASHIRO, A.M.I. Influência da administração contínua de probiótico a frangos de corte (Gallus gallus, LINNAEUS, 1758) sobre a imunidade humoral específica, atividades, enzimáticas séricas e concentração de colesterol plasmático. 2000. 78f. Tese (Doutorado em Clínica Cirúrgica Veterinária). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000.

KANDLER, O.; WEISS, N. Bergey’s Manual Systematic Bacteriology. Baltimore: Williams, 1986. p.1208-1234.

KATLA, A.K.; KRUSE, H.; JOHNSEN, G.; HERIKSTAD, H. Antimicrobial susceptibility of starter culture bacteria used in Norwegian dairy products. International Journal of Food Microbiology, v.67, n.2-3, p.147-152, jan-feb. 2001.

KONEMAN, E.W.; ALLEM, S.D.; JANDA, W.M.; SCHRECKENBERGER, P.C.; WINN, P.C. Other miscellaneous fastidious gram-negative bacteria. Diagnostic microbiology. Philadelphia: J.B. Lippincott Company, p.433-486. 1997.

KOZASA, M. Probiotics for animal use in Japan. Ver. Sci. Tech. Off. Int. Epiz., v.8, n.2, p.517-531, 1989.

LA CAVA, A.; VAN KAER, L.; SHI, F.D. CD4+ CD25+ Tregs and NKT cells: regulators regulating regulators. TRENS in Immunology, v.27, n.7, p.322-327, jul.2006.

LAEMMLI, U.K. Cleavage of structural protein during the assembly of the head of bacteriophage T4. Nature, v.227, n.5259, p.680-685, aug. 1970.

71

LAUTERSLAGER, T.G.M; WIL STOK, L.A.T.H. Improvement of the systemic prime/oral boost strategy for systemic and local responses. Vaccine, v.21, n.13-14, p.1391-1399, mar. 2003.

LEBLANC, A.M; MATAR,C; FARNWORTH, E.; PERDIGÓN, G. Study of cytokines involved in the prevention of a murine experimental breast cancer by kefir. Cytokine, v.34, n.1-2, p.1-8, may 2006.

LEE, K. Comparision of fermentative capacities of Lactobacili in single and mixed culture in industrial media. Process Biochemistry, v.40, n.5, p.1559-1564, apr. 2005.

LEE, Y.K.; NOMOTO, K.; SALMINEN, S.; GORBACH, S.L. Handbook of probiotics. New York: Wiley, 1999. 211p.

LINK-AMSTER, H.; ROCHAT, F.; SAUDAN, K.Y.; MIGNOT, O.; AESCHLIMANN, J.M. Modulation of a specific humoral immune response and changes in intestinal flora mediated through fermented milk intake. FEMS Immunology and Medical Microbiology, v.10, n.5, p.55-63, nov. 1994.

LORCA, G.L.; RAYA, R.R.; TARANTO, M.P.; VALDEZ, G.F. Adaptative acid tolerance response in Lactobacillus acidophilus. Biotechnology Letters, v.20, n.3, p.239-241, marc. 1998.

LORCA, G.L.; VALDEZ, G.F. The effect of suboptimal growth temperature and growth phase on resistance of Lactobacillus acidophilus to environmental stress. Cryobiology, v.39, n.2, p.144-149, sep. 1999.

LORCA, G.L.; VALDEZ, G.F. A low-pH-inducible, stationary-phase acid tolerance response in Lactobacillus acidophilus CRL 639. Current Microbiology, v. 42, n.1, p.21-25, jan. 2001.

MAASEN, C.B.M.; VAN HOLTEN-NEELEN, C.; BALK, F.; DEN BAK-GLASHOUWE, M.J.; LEER, R.J.; LAMAN, J.D.; BOERSMA, W.J.A.; CLAASSEN, E. Strain-dependent induction of cytokine profiles in the gut by orally administered Lactobacillus strains. Vaccine, v.18, n.23, p.2613-2623, may 2000.

MAC FADDIN, J.F. Pruebas Bioquimicas para la Identificacion de Bacterias de Importancia Clinica. Buenos Aires: Panamericana, 1980, 301p.

72

MAIA O.B.; DUARTE, R.; SILVA, A.M.; CARA, D.C.; NICOLI, J.R. Evaluation of the components of a commercial probiotic in gnotobiotic mice experimentally challenged with Salmonella enterica subsp. enterica ser. Typhimurium. Veterinary Microbiology, v.79, n.2, p.183-189, mar. 2001.

MADIGAN, M.T.; MARTINKO, J.M.; PARKER, J. Brock Biology of Microorganisms. 9ª Ed., London: Prentice-Hall, 2000, p.51-53.

MARAGKOUDAKIS, P.A.; ZOUMPOPOULOU, G.; MIARIS, C.; KALANTZOPOULOS, G.; POT, B.; TSAKALIDOU, E. Probiotic potential of Lactobacillus strains isolated from dairy products. International Dairy Journal, v.16, n.3, p.189-199, mar.2006.

MCGHEE, J.R.; MESTECKY, J.; DERTZBAUGH, M.T.; ELDRIDGE, J.H.; HIRASAWA, M.; KIVONO, H. The mucosal imunu system from fundamental concepts to vaccine development. Vaccine, v.10, n.2, p.75-88, 1992.

MERCENIER, A.; MULLER-ALOUF, H.; GRANGETTE, C. Lactic acid bacteria as live vaccines. Current Issues in Molecular Biology, v. 2, n.2, p.17-25, jan. 2000.

MICHIELUTTI, F.; BERTINI, M.; PRESCIUTTINI, B.; ANDREOTTI, G. Valutazione clinica di un nuovo batterioterapico orale in pazienti di età pediatrica com diarrea acuta. Minerva Medica, v.87, p.545-550, 1996.

MILES, R.D. Manipulation of the microflora of the gastrointestinal tract.: natural ways to prevent colonization by pathogens. In: ALTECH BIOTECHNOLOGY IN THE FEED INDUSTRY, Florida, 1993. Proceedings. p.133-150.

MIYAJIMA, A.; KITAMURE, T.; HARADE, N.; YOKOTA, T.; ARAI, K. Cytokine receptors and signal transduction. Annual Review Immunology, v.10, p.295-331, apr.1992.

MONET, D.L.; EMBORG, H.D.; ANDERSEN, S.R.; SCHÖLLER, C.; SORENSEN, T.L.; BAGER, F. Vigilância da resistência aos antibióticos na Dinamarca. Eurosurveillance Monthly, v.5, n.12, p.129-132, dec. 2000.

MOREAU, M.C.; CORTHIER, G. Effect of the gastrointestinal microflora on induction and maintenance of oral tolerance to ovalbumin in C3H/HeJ mice. Infection and Immunity, v.56, n.10, p.2766-2768, oct. 1988.

73

MOREIRA, M.A.S.; MORAES, C.A. Resistance to antibiotics in Gram-negative bactéria isolated from broiler carcasses. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária, v.54, n.1, p.1-7, feb. 2002.

NAIDU, A.S.; BIDLACK, W.R.; CLEMENS, R.A. Probiotic spectra of lactic acid bacteria (LAB). Critical Reviews Food Science and Nutrition, v.38, n.1, p.13-126, jan. 1999.

NAMBA, Y.; HIDAKA, Y.; TAKI, K.; MORIMOTO, T. Effect of oral administration of lysozyme or digested bacterial cell walls on immunostimulation in guinea pigs. Infection and Immunity, v.31, n.2, p.580-583, feb. 1981.

NICOLI, J.R.; VIEIRA, L.Q. Probióticos, prebióticos e simbióticos – Moduladores do ecossistema digestivo. Ciência Hoje, v.28, n.163, p.34-38, ago. 2000.

NICOLI, J.R.; VIEIRA, E.C.; PENNA, F.J.; VIEIRA, L.Q.; RODRIGUES, A.C.P.; NEUMANN, E.; SILVA, A.M.; LIMA FILHO, J.V.M.; BAMBIRRA, E.A.; ARANTES, R.M.E.; MACHADO, D.C.C. Probióticos: Experiências com animais gnotobióticos. In: FERREIRA, C.L.L. Prebióticos e Probióticos: Atualização e Prospecção. Viçosa: UFV, 2003. p.123-133.

NORTH, R.J. The concept of activated macrophage. Journal of Immunology, v.121, n.3, p.806-809, sep. 1978.

O’SULLIVAN, M.G.; THORTON, G.; O’SULLIVAN, G.C.; COLLINS, J.K. Probiotic bacteria:myth or reality? Trends in Food Science & Technology, v.3, p.309-314, 1992.

OGUNBANWO, S.T.; SANNI; A.I.; ONILUDE, A.A. Effect of bacteriocinogenic Lactobacillus spp. on the shelf life of fufu, a tradiotional fermented cassava product. World Journal of Microbiology & Biotechnology, v.20, n.1, p.57-63, feb. 2004.

OUWEHAND, A.C. Antimicrobial components from lactic acid bacteria. In: SALMINEN,S.; VON WRIGHT, A. Lactic Acid Bacteria – Microbiology and Functional Aspects. New York: Marcel Dekker, 1998. p.139-159.

OUWEHAND, A.C.; KIRJAVAIEN, P.V.; SHORTT, C.; SALMINEN, S. Probiotics: mechanisms and established effects. International Dairy Journal, v.9, n.1, p.43-52, jan. 1999.

74

PAÇO, R.S.; LEME, I.L.; BOTTINO, J.A.; FERREIRA, A.J.P. Identification of Lactobacillus spp. from broiler litter in Brazil. Brazilian Journal of Microbiology, v.34, n.3, p.236-237, jul-sep. 2003.

PAVAN, S.; DESREUMAUX, P.; MERCENIER, A. Use of mouse models to evaluate the persistence, safety, and immune modulation capacities of lactic acid bacteria. Clinical and Diagnostic Laborotory Immunology, v.10, n.4, p.696-701, jul. 2003.

PERDIGÓN, G.; ALVARES, S. Probiotics and the immune state. In: FULLER, R. Probiotics – The cientific basis. London: Chapman & Hall.1992. p.145-180.

PERDIGÓN, G.; ALVAREZ, S.; NADER DE MACIAS, M.E.; MARGINI, R.A.; OLIVER, G.; PESCE DE RUIZ HOLGADO, A.A. Lactobacilli administered orally induce release of enzymes from peritoneal macrophages in mice. Milchwissenschaft, v.41, n.6, p.344, 1986a.

PERDIGÓN, G.; ALVAREZ, S.; NADER DE MACIAS, M.E.; PESCE DE RUIZ HOLGADO, A.A. Actividad adyuvante de bacterias bácticas: perspectivas para su uso en vacunas orales. Revista Argentina Microbiologia, v.20, p.141-146, 1988a.

PERDIGÓN, G.; ALVAREZ, S.; NADER DE MACIAS, M.E. et al. The oral administration of lactic acid bacteria increases the mucosal intestinal immunity in response to enteropathogens. Journal of Food Protection, v.53, v.5, p.404-410, may 1990.

PERDIGÓN, G.; ALVAREZ, S.; OLIVER, G. PESCE DE RUIZ HOLGADO, A.A. Immunoadjuvant activity of oral Lactobacillus casei: influence of dose on the secretory immune response and protective capacity in intestinal infections. The Journal of Dairy Research, v.58, n.4, p.485-496, nov. 1991.

PERDIGÓN,G.; ALVAREZ, S.; RACHID, M.; AGÜERO, G.; GOBBATO, N. Immune system stimulation by probiotics. Journal of Dairy Science, v. 78, n.7, p.1597-1606, jul. 1995.

PERDIGÓN, G.; FULLER, R.; RAYA, R. Lactic acid bacteria and their effect on the immune system. Current Issues in Intestinal Microbiology, v.2, n.1, p.27-42, 2001.

PERDIGÓN, G.; MALDONADO GALDEANO,C.; VALDEZ, J.C.; MEDICI, M. Interaction of lactic acid bacteria with the gut immune system. European Journal of Clinical Nutrition, v.56, Supl.4, p.S21-S26, 2002.

75

PERDIGÓN G.; NADER DE MACÍAS, M.E.; ALVAREZ, S.; MEDICI, M; OLIVER, G.; RUIZ HOLGADO, A Effect of a mixture of Lactobacillus casei and Lactobacillus acidophilus administered orally on the immune system in mice. Journal of Food Protection, v.49, n. 12, p.986-989, dec. 1986d.

PERDIGÓN, G.; NADER DE MACÍAS, M.E.; ALVAREZ, S. et al. Actividade imunopotenciadora de bacterias lácticas administradas por vía oral. Su efecto beneficioso en diarreas infantiles. Medicina, v.46, p.751-754, 1986c.

PERDIGÓN, G.; NADER DE MACÍAS, M.E.; ALVAREZ, S.; OLIVER, G.; PESCE DE RUIZ HOLGADO, A.A. Enhancement of immune response in mice fed with Streptococcus thermophilus and Lactobacillus acidophilus. Journal of Dairy Science, v. 70, n.5, p.919-926, may 1987.

PERDIGÓN, G.; NADER DE MACÍAS, M.E.; ALVAREZ, S. et al. Systemic augmentation of the immune response in mice by feeding fermented milks with Lactobacillus casei and Lactobacillus acidophilus. Immunology, v.63, n.1, p.17-23, jan. 1988b.

PERDIGÓN, G.; NADER DE MACIAS, M.E.; ALVAREZ, S.; OLIVER, G.; PESCE DE RUIZ HOLGADO, A.A. Effect of perorally administered lactobacilli on macrophage activation im mice. Infection and Immunity, v.53, n.2, p.404-410, feb. 1986b.

PERDIGÓN, G.; PESCE DE RUIZ HOLGADO, A. Mechanisms involved in the immunostimulation by lactic acid bacteria. In: Probiotics Immunomodulation by the gut microflora and probiotics. 3ed. Dordrecht: Kluwer Academic. 2000. p.213-233.

PERDIGÓN, G.; VINTIÑI, E.; ALVAREZ, S.; MEDINA, M; MEDICI, M. Study of the possible mechanisms involved in the mucosal immune system activation by lactic acid bacteria. Journal of Dairy Science, v.82, n.6, p. 1108-1114, jun. 1999.

PHILLIPS, J.; MURRAY, P.; CROCKER, J. The biology of disease. Cambridge: Blackwell Sci., 1995. 310p.

PLANT, L.J.; CONWAY, P.L. Adjuvant properties and colonization potential of adhering and non-adhering Lactobacillus spp. following oral administration to mice. FEMS Immunology and Medical Microbiology, v.34, n.2, p.105-111, jun. 2002.

76

POPPI, L.B. Avaliação do efeito antagônico de espécies de Lactobacillus sobre Escherichia coli O157:H7 e Listeria monocytogenes. 2005. 113f. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia Industrial) – Departamento de Biotecnologia, Faculdade de Engenharia Química de Lorena, Lorena, 2005.

REINA,, J.; ROS, M.J.; SERRA, A. Susceptibilities to 10 antimicrobial agents of 1220 Campylobacter strains isolated from (1984) to (1987) from feces of pediatric patients. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, v.38, n.12, p.2917-2920, dec. 1993.

REVOLLEDO PIZARRO, L. D.C. Estudo da resposta imune e da colonização e invasão por Salmonella enterica subsp enterica sorotipo Typhimurium Nalr, em frangos de corte, tratados com glucano, probióticos e produtos de exclusão competitiva. 2005. 116p. Tese (Doutorado em Patalogia Experimental e Comparada), FMVZ, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

ROITT, I.M.; DELVES, P.J. Fundamentos de Imonologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004, 489p.

ROJO-BEZARES, B.; SÁENZ, Y.; POETA, P.; ZARAZAGA, M.; RUIZ-LARREA, F.; TORRES, C. Assessment of antibiotic susceptibility within lactic acid bacteria strains isolated from wine. International Journal of Food Microbiology, v.111, n.3, p.234-240, oct. 2006.

ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; FERES, F.A.; TOLEDO, R.S. Utilização de probióticos e prebióticos em aves: In: FERREIRA, C.L.F. Prebióticos e Probióticos: Atualização e Prospecção. Viçosa: UFV, 2003. p.181-202.

SAAD, S.M.I. Probióticos e prebióticos: o estado da arte. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v.42, n.1, p.1-16, jan.-mar., 2006.

SAARELA, M.; MOGENSEN, G.; FONDÉN, R.; MÄTTÖ, J.; MATTILA-SANDHOLM, T. Probiotic bacteria: safety, functional and probiotic properties. Journal of Biotechnology, v.84, n.3, p.197-215, dec. 2000.

SAITO, H.; SATO, K., HORIKAWA, Y.; JIN, B.W.; TOMIOKA, H.; WATANABE, T. Enhanced humoral antibody production and delayed type hypersensitivity response in mice by Lactobacillus casei. Hiroshima Journal of Medical Sciences, v. 32, n.2, p.223-226, 1983.

77

SALMINEN, S.; VON WRIGHT, A. Lactic Acid Bacteria – Microbiology and Fuctional Aspects. New York: Marcel Dekka. 1998. 615p.

SÁNCHEZ, R.; FERNÁNDEZ-BACA, V.; DÍAZ, M.D.; MUNOZ, P.; RODRÍGUES-CRÉXEMS, M.; BOUZA, E. Evolution of susceptibilities of Campylobacter spp. to quinolones and macrolides. Antimicrobial Agents Chemotherapy, v.38, n.9, p.1879-1882, sep. 1994.

SANDERS, M.E. Overview of functional foods: emphasis on probiotic bacteria. International of Dairy Journal, v.8, p.341-347, 1998.

SANDERS, M.E. Probiotics: considerations for human health. Nutrition Reviews, v.61, n.3, p.91-99, marc. 2003.

SCHIFFRIN, E.J.; ROCHAT, F.; LINK-AMSTER, H.; AESCHLIMANN, J.M.; DONNET-HUGHES, D. Immunomodulation of human blood cells following the ingestion of lactic acid bacteria. Journal of Dairy Science, v.78, n.3, p.491-497, mar. 1995.

SCHWAB, J.H. Phlogistic properties of peptidoglycan-polysaccharide polymers from cell walls of pathogenic and normal-flora bacteria which colonize humans. Infection and Immunity, v.61, n.11, p.4535-4539, nov. 1993.

SCOTT, K.P.; MELVILLE, C.M.; BARBOSA, T.M.; FLINT, H.J. Occurrence of the new tetracycline resistance gene tet(W) in bacteria from the human gut. Antimicrobial Agents Chemotherapy, v.44, n.3, p.775-777, marc. 2000.

SERVIN, A.L. Antagonistic activities of lactobacilli and bifidobacteria against microbial pathogens. FEMS Microbiology Reviews, v.28, n.4, p.405-440, oct. 2004.

SHORTT, C. The probiotic century: historical and current perspectives. Trends in Food Science & Technology, v.10, n.12, p.411-417, dec. 1999.

SHU, Q.; GIL, H.S. Immune protection mediated by the probiotic Lactobacillus rhamnosus HN001 (DR20TM) against E. coli O157:H7 infection im mice. FEMS Immunology and Medical Microbiology, v.34, p.59-64, 2002.

78

SOZZI, T.; SMILEY, M.B. Antibiotic resistances of yogurt starter cultures Streptococcus thermophilus and Lactobacillus bulgaricus. Applied and Environmental Microbiology, v.40, n.5, p.862-865, nov. 1980.

SPINOSA, H.S. Antibióticos: Tetraciclinas, cloranfenicol e análogos. In: SPINOSA, H.S.; GÓRNIAK, S.L.; BERNARDI, M.M. Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária, 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2002. p.420-424.

STAVRIC, S. Defined cultures and prospects. International Journal of Food Microbiology, v.15, n.3-4, p.245-263, mar-apr. 1992.

STEWART-TULL, D.E.S. The immunological activities of bacterial peptidoglycans. Ann. Ver. Microbiology, v.34, p.311-340, 1980.

STIMPSON, S.A.; SCHWAB, J.H. Chronic remitent erosive arthritis induced by bacterial peptidoglycan-polysaccharide strutures. In: CHANG, J.Y.; LEWIS, A.J. Pharmacological methods in the control of inflammation. New York: Alan R. Liss. p.381-394, 1989.

TEUBER, M.; MEILE, L.; SCHWARZ, F. Acquired antibiotic resistance in lactic acid bacteria from food. Antonie van Leeuwenhoek, v.76, p.115-137, 1999.

TIZARD, I.R. Imunologia Veterinária – Uma Introdução. 5. ed. São Paulo: Roca. 1998. 546p.

TOWBIN, H.; STAHELIN, T.; GORDON, J. Elctrophoretic transfer of proteins from plyacrilamide gels to nitrocellulose sheets> procedure and some applications. Procceedings National Academy Science USA, v.76, p.4350-4, 1979.

UYTDE HAAG, F.; VAN DER HEIJDEN, R.; OSTERHAUS, A. Maintenance of immunological memory a role for CD5+ Bcells? Immunology Today, v.12, p.439, 1991.

VALLE, M.R.; MONTERO, C.; MACHADO, H.; JOGLAR, M. The evaluation of yeast derivatives as adjuvants for the immune response to the Bm86 antigen in cattle. BMC Biotechnology, v.1, n.1-3., may 2001.

VANBELLE, M.; TELLER, E.; FOCANT, M. Probiotics in animal nutrition: a review. Arch. Anim. Ntri., v.40, n.7, p.543-567, 1990.

79

VAY, C.; CITTADINI, R.; BARBERIS, C.; RODRÍGUEZ, C.H.; MARTÍNEZ, H.P.; GENERO, F.; FAMIGLIETTI, A. Antimicrobial susceptibility of non- enterocociccal intrinsic glycopeptide-resistant Gram-positive organisms. Diagnostics Microbiology and Infectious Disease, v.57, n.2, p.183-188, feb.2007.

VELÁZQUEZ, J.B.; JIMÉNEZ, A.; CHOMÓN, B.; VILLA, T.G. Incidence and transmisión of antibiotic resístanse in Campylobacter jejuni and Campylobacter coli. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, v.35, n.1, p.173-178, jan. 1995.

VINDEROLA, C.G.; MEDICI, M.; PERDIGÓN, G. Relationship between interactions sites in the gut, hydrophobicity, mucosal immunomodulating capacities and cell wall protein profiles in indigenous and exogenous bacteria. Journal of Applied Microbiology, v.96, p.230-243, 2004.

VITIÑI, E.; ALVAREZ, S.; MEDINA, M.; MEDICI, M.; DE BUDEGUER, M.V.; PERDIGÓN, G. Gut mucosal immunostimulation by lactic acid bacteria. Biocell, v.24, n.3, p.223-232, 2000.

WALKER, W.; HAEMATZ, P.; WESHILL, B. Immunophysiology of the gut. NewYork: Acad. Press, 1993. p.145.

ZHAO, R.; SUN, J.; MO, H.; ZHU, Y. Analysis of functional properties of Lactobacillus acidophilus. World Journal Microbiology Biotechnology, v.23, p.195-200, 2007.

ZIEMER, C.J.; GIBSON, G.R. An overview of probiotics, prebiotics and synbiotics in the functional food concept: perspectives and future strategies. International of Dairy Journal, v.8, p.473-479, 1998.

80

APÊNDICES

81

APÊNDICE A - Biografia

Débora Dutra Menezes Leal, filha de Amauri Menezes Leal e Enancy Dutra Menezes

Leal, nasceu em 30 de dezembro de 1971, na cidade de Lorena, São Paulo.

Graduou-se em Zootecnia pela Universidade Federal de Lavras em setembro de 1996.

Em setembro do mesmo ano iniciou o curso de pós graduação em nível de mestrado em

Ciência dos Alimentos na mesma Universidade, defendendo a dissertação intitulada

“Caracterização e Identificação de Listeria monocytogenes e Bactérias Gram Negativas em

Mastite Clínica e Subclínica” em maio de 1999.

Em maio de 2003 ingressou no curso de doutorado na Escola de Engenharia de Lorena

na área de Biotecnologia Industrial, defendendo a tese: “Estudo da influência de espécies de

Lactobacillus sobre a resposta humoral em camundongos BALB/c” em junho de 2007.

82

APÊNDICE B – Perfil eletroforético das proteínas secretadas pelas cepas de Lactobacillus

11fb 18fa 19fa 22c 30b 30c 41b Pool

Concentração de proteína aplicada no gel = 20 �g/mL

83

APÊNDICE C – Perfil eletroforético das proteínas secretadas pelas cepas de Lactobacillus sem

adição dos inibidores de proteases

Neste perfil eletroforético foi possível visualizar apenas o padrão de massa molecular, pois as

proteínas foram degradadas.