UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE ENERGIA E …200.144.182.130/iee/sites/default/files/Lucas Antonio Providelo.pdf · 4.1 ESTUDO DE CASO DE IDENTIFICAÇÃO DE UM SITE EÓLICO:

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  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    INSTITUTO DE ENERGIA E AMBIENTE

    CURSO DE ESPECIALIZAO EM GESTO

    AMBIENTAL E NEGCIOS NO SETOR ENERGTICO

    LUCAS ANTONIO PROVIDELO

    DESAFIOS FUTUROS PARA PROJETOS DE PARQUES

    ELICOS EM TERRITRIO BRASILEIRO.

    So Paulo

    2014

  • LUCAS ANTONIO PROVIDELO

    DESAFIOS FUTUROS PARA PROJETOS DE PARQUES ELICOS EM

    TERRITRIO BRASILEIRO.

    Monografia para concluso do Curso de

    Especializao em Gesto Ambiental e

    Negcios no Setor Energtico do Instituto

    de Energia e Ambiente da Universidade de

    So Paulo.

    Orientador: Msc.. Luis Fernando Kruger

    So Paulo

    2014

  • AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL OU PARCIAL DESTE

    TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRNICO, PARA FINS

    DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

    FICHA CATALOGRFICA

    Providelo, Lucas Antnio.

    Desafios Futuros para Projetos Elicos em Territrio Brasileiro/Lucas

    Antonio Providelo; orientador Luis Fernando Kruger So Paulo, 2014.

    80f.. il; 30cm

    Monografia (Curso de Especializao em Gesto Ambiental e Negcios

    no Setor Energtico) Instituto de Energia e Ambiente da Universidade

    de So Paulo.

    1. Territrio 2. Setor Eltrico 3. Potencial Elico

  • RESUMO

    PROVIDELO, L. A.: Desafios Futuros para Projetos Elicos em Territrio Brasileiro.

    Monografia de especializao Curso de Especializao em Gesto Ambiental e Negcios

    no Setor Energtico do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de So Paulo.

    2014. 80 fl.

    Estudo sobre as barreiras encontradas para desenvolvimento de Projetos Elicos, como

    a qualidade base de dados somado aos aparatos tcnicos cientficos de identificao e

    viabilizao do recurso elico atuais,podero ser insuficientes frente a ocupao do

    territrio brasileiro, onde os desafios gerados pela malha fundiria irregular,

    esgotamento dos principais sites com fator de capacidade elevado, adensamento de

    projetos, falhas no planejamento do sistema eltrico para escoamento da energia elica

    e alternativas tecnolgicas de aerogeradores , podero torna-se as premissas mais

    importantes na tomada de deciso, para empreendedores do setor. Deste modo foi

    utilizado como estudo de caso o Projeto Tapuia da CPFL Renovveis, localizado no

    municpio de Corao de Jesus/MG , como exemplo das premissas adotadas atualmente

    para no viabilizar um projeto e ao mesmo tempo foi construdo um cenrio futuro

    escala macro /Brasil, demonstrando o esgotamento do melhores sites por restries

    ambientais, adensamento e dificuldade aos pontos de conexo.

    Palavras-chave: Territrio. Energia Elica. Setor Eltrico Brasileiro.

  • ABSTRACT

    PROVIDELO, L. A.: Future challenges for Wind Projects in Brazilian Territory

    Specialization Monography Environmental Management and Energy Sector Business of

    the Institute for Energy and Environment at the University of So Paulo. 2014.

    Study on barriers encountered in development of Wind Projects , as the base data quality

    added to the scientific technical apparatus for the identification and feasibility of the

    current wind resource may be insufficient against occupation of Brazilian territory ,

    where the challenges posed by irregular land mesh depletion of major sites with high

    capacity factor , density projects , failures in planning the power system for disposal of

    wind energy and alternative technologies of wind turbines , may become the most

    important assumptions in decision making for entrepreneurs in the sector . Thus was

    used as a case study the Project Tapuia CPFL Renewable , located in the municipality of

    Coracao de Jesus / MG , as an example of the assumptions currently adopted not to

    make a project viable and at the same time built a scenario macro scale / Brazil ,

    demonstrating the depletion of the best sites for environmental restrictions , density and

    difficulty to the connection points .

    Keywords: Territory. Wind Energy. Brazilian Electricity Sector.

  • 1

    SUMRIO

    1 INTRODUO ................................................................................................................. 3

    2 OBJETIVO GERAL. ........................................................................................................ 4

    2.1 Objetivos Especficos. ............................................................................................................................... 4

    3 REVISO BIBLIOGRFICA. ........................................................................................ 5

    3.1 EXPLORAO DO CAPITAL NATURAL ELICO. ....................................................................... 5 3.1.1 RECURSO ELICO E SUA TRANSFORMAO EM CAPITAL NATURAL ELICO. ....... 6

    3.1.1.1 Recurso Natural Elico. ................................................................................................................ 6 3.1.1.2 Capital Natural Elico. .................................................................................................................. 8

    3.1.2 BASE DE DADOS METEOROLGICOS E GEOGRFICOS. .................................................. 12 3.1.2.1 Informaes Climticas. .............................................................................................................. 12 3.1.2.2 Informaes Fsico Territoriais . ................................................................................................. 13

    3.1.3 REGULARIZAO FUNDIRIA. ................................................................................................. 15 3.1.3.1 Sistema de Cadastro ou Sistema de Livro da Terra. .................................................................... 15 3.1.3.2 Sistema Cadastro de Imveis da Propriedade. ............................................................................ 17

    3.1.4 FERRAMENTAS E INSTRUMENTOS DE IDENTIFICAO DO POTENCIAL ELICO. 20 3.1.4.1 Ferramentas. ................................................................................................................................ 20 3.1.4.2 Instrumentos. ............................................................................................................................... 23 3.1.4.3 Capital Natural Construdo ou Manufaturado. ............................................................................ 26

    3.2 O USO DO CAPITAL NATURAL CONSTRUDO. .......................................................................... 29 3.2.1 POLTICA PBLICA REGULAO, INCENTIVOS E INVESTIMENTOS. .......................... 30

    3.2.1.1 Poltica Pblica. ........................................................................................................................... 30 3.2.1.2 Regulamentao. ......................................................................................................................... 32 3.2.1.3 Incentivo ...................................................................................................................................... 33 3.2.1.4 Investimento. ............................................................................................................................... 35

    3.2.2 PLANEJAMENTO ENERGTICO LONGO PRAZO, INFRAESTRUTURA ENERGTICA E ARRANJO INSTITUCIONAL. ................................................................................................................. 37

    3.2.2.1 Planejamento Energtico Longo Prazo. .................................................................................... 37 3.2.2.2 Infraestrutura Energtica. ............................................................................................................ 39 3.2.2.3 Estaes Transformadoras. .......................................................................................................... 40 3.2.2.4 Linhas de Transmisso. ............................................................................................................... 40 3.2.2.5 Arranjo Institucional. .................................................................................................................. 41

    3.2.3 FATOR DETERMINANTE E CONDICIONAMENTO DA VARIVEL AMBIENTAL. ........ 43 3.2.3.1 Fator Determinante. ..................................................................................................................... 43 3.2.3.2 Condicionantes. ........................................................................................................................... 45

    4 CENRIOS DE PROSPEO E DESENVOLVIMENTO DE PARQUES

    ELICOS. ............................................................................................................................... 48

    4.1 ESTUDO DE CASO DE IDENTIFICAO DE UM SITE ELICO:. ................................... 48 4.1.1 Caractersticas Fsicas. ......................................................................................................................... 49 4.1.2 Infra Estrutura. ..................................................................................................................................... 50 4.1.3 Procedimentos. ..................................................................................................................................... 50 4.1.4 Atlas Elico de Minas Gerais. .............................................................................................................. 51 4.1.5 Prospeco Elica. ............................................................................................................................... 51 4.1.6 Situao Fundiria. .............................................................................................................................. 53 4.1.7 Medies Anemomtricas. ................................................................................................................... 54 4.1.8 Torre. ................................................................................................................................................... 54

  • 2

    4.1.9 Sensores. .............................................................................................................................................. 56 4.1.10 Anlise de Conformidade de Instalao da Torre e dos Sensores. .................................................. 57 4.1.11 Dados Medidos. ............................................................................................................................... 57 4.1.12 Sumrio Mensal de Dados Medidos. ............................................................................................... 57 4.1.13 Taxa de recuperao de Dados. ....................................................................................................... 58 4.1.14 Histogramas e Rosa dos Ventos. ..................................................................................................... 59 4.1.15 Dados Medidos longo Prazo. ........................................................................................................ 61 4.1.16 Sumrio Mensal a longo Prazo. ....................................................................................................... 63 4.1.17 Micrositing ...................................................................................................................................... 66

    4.2 DESAFIOS ATUAIS PARA DESENVOLVIMENTO NO TERRITRIO BRASILEIRO. ........... 70 4.2.1 Disponibilidade de Terra Regularizada sem Restrio Ambiental. ...................................................... 70 4.2.2 Acesso ao SIN para escoamento da Energia ........................................................................................ 74

    5 RESULTADOS E DISCUSSES. ................................................................................. 78

    6 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS. ......................................................................... 80

  • 3

    1 INTRODUO

    Durante a dcada de 70 com crise energtica a exemplo de outros pases, o Brasil inicia os

    estudos do aproveitamento energtico do Vento, com o processamento de dados

    anemomtricos medidos em aeroportos realizados pelo Instituto de Atividades Espaciais no

    Centro Tcnico Aeroespacial, IAE/ CTA, e o primeiro Atlas do levantamento Preliminar do

    Potencial Elico Nacional em 1979 (CRESB, 2001).

    Durante a dcada de 80 e 90 os estudos foram mais detalhados, aliado a medies acima de 20

    m e modelos computacionais, a CHESF apresenta em 1996 o estudo sobre Potencial Elico do

    Rio Grande do Norte e Cear. Dois anos depois, em 1998, com o apoio da ANEEL e do

    Ministrio de Cincia e Tecnologia MCT, o Centro Brasileiro de Energia Elica CBEE da

    Universidade de Pernambuco, publica a primeira verso do Atlas Elico da Regio Nordeste

    resultando no Panorama do Potencial Elico no Brasil, e em 1999 a COPEL lana Atlas do

    Potencial Elico do Paran com torres de 64 m de altitude.

    O cenrio evolutivo do mapeamento do Potencial Elico no Brasil, aliado a Reestruturao do

    Setor Eltrico brasileiro, resultou em investimentos em estudos de modelos representativos da

    paisagem em escala de detalhe, instalao de torres meteorolgicas em grandes alturas,

    estimulando assim a publicao dos Atlas Do Potencial Elico Brasileiro e Atlas de Potencial

    Elico dos Estados do Cear em 2001, Bahia 2002, Rio de Janeiro 2002, Rio Grande do Sul

    2002, Rio Grande do Norte 2003, Paran 2007, Esprito Santo 2009, Minas Gerais 2010, So

    Paulo 2012 e Bahia 2014. Com objetivo subsidiar os novos investidores de energias

    renovveis em todo territrio brasileiro.

    Entretanto, as respostas do territrio brasileiro, frente ao novo processo de ocupao, revelou

    problemas originados por anos de polticas pblicas falhas relativas regularizao fundiria,

    falta de investimento em infraestrutura, atraso tecnolgico e cultura de planejamento a longo

    prazo. Demonstrando desta forma a fragilidade e inexperincia das instituies

    governamentais para conduzir a explorao de um recurso energtico estratgico.

  • 4

    2 OBJETIVO GERAL.

    Apresentar os Desafios Futuros para Projetos de Parques Elicos em Territrio Brasileiro.

    2.1 Objetivos Especficos.

    Apresentar como a infraestrutura energtica e as polticas de incentivo e investimento, para

    energia elica atuam no cenrio atual e futuro;

    Demonstrar por meio de um estudo de caso, tomada de deciso frente viabilizao de um

    parque Elico;

    Identificar como os indicadores atuais de tomada de deciso de um projeto, podero ser

    alterados conforme a ocupao do territrio.

  • 5

    3 REVISO BIBLIOGRFICA.

    A reviso Bibliogrfica apresentada buscou estabelecer a base conceitual para o

    desenvolvimento do Estudo de Caso e Discusso Final.

    3.1 EXPLORAO DO CAPITAL NATURAL ELICO.

    Segundo Zimmermann (1966) Os recursos no so: eles se tornam. Assim um aspecto da

    natureza para tornar-se um recurso preciso que ele esteja em uso ou exista uma demanda por

    ele. Porem, o acesso a ele est ligado s condies tecnocientficas, econmicas e

    geopolticas. Deste modo, a identificao e transformao de um recurso natural em capital

    natural no garante sua apropriao, uso ou modificao em capital construdo.

    Com as crises do petrleo de 1973 e de 1978, pode-se afirmar que o vento apresenta-se como

    um recurso, ao tornar-se uma alternativa energtica possvel, por meio de programas de

    pesquisa e desenvolvimento de vrios pases, com destaque para Dinamarca. Esse esforo

    global buscou estudar, quantificar, classificar e representar o vento e desenvolver a melhor

    tecnologia para extrair sua energia e diminuir a dependncia energtica de outros pases.

    No Brasil a capacidade instalada atual de 3,6 GW, e chegar a 8GW at 2015, o que colocar

    o pas entre os dez maiores produtores de energia elica do planeta segundo Tolmasquim

    (2012), no entanto esses valores so pequenos, quando comparados ao Potencial Elico de

    143GW, apresentado no primeiro mapeamento em 2001, ainda menores em relao a

    expectativa de uma potncia superior a 300GW, de acordo com o novo mapeamento do

    potencial elico brasileiro.

    Um novo mapeamento, para Martins e Pereira (2008), utilizando Base de Dados

    Meteorolgicos e Geogrficos em melhor resoluo possibilita maior exatido na predio do

    recurso elico, e ter maior preciso e confiabilidade na estimativa de gerao elica e na

    identificao das melhores reas para a implantao de usinas elicas.

    Por outro lado, questes limitantes para explorao do capital natural elico encontram-se no

    somente na melhoria da coleta de dados ambientais, mas em como essa materializao do

    capital se d no espao geogrfico e sua contribuio com a formao e ocupao do

    territrio, atravs do dilogo com o direito de propriedade e a Regularizao Fundiria.

  • 6

    Deste modo, alm de um maior entendimento dos regimes de vento em mesoescala e

    materializao do espao a ser ocupado, a acurcia dos resultados afetada diretamente pela

    qualidade das Ferramentas e Instrumentos de Identificao do Potencial Elico empregados,

    que so fortemente influenciados pelas caractersticas locais como topografia e rugosidade do

    terreno, obrigando diminuir a escala de estudo e ampliar resoluo dos dados coletados por

    meio de medies locais, para explorar o Capital Natural Construdo ou Manufaturado para

    Berkes e Folke (1992) aquele produzido por meio da atividade econmica e das mudanas

    tecnolgicas atravs de interaes entre o Capital Natural.

    3.1.1 RECURSO ELICO E SUA TRANSFORMAO EM CAPITAL

    NATURAL ELICO.

    O Capital Natural pode ser definido como um conjunto de funes ambientais (bens e

    servios) que a sociedade humana pode converter em produtos teis, com o objetivo de

    manter ou elevar seu bem estar, no presente e no futuro, porm ambos dependem da

    identificao e explorao dos Recursos Naturais, todavia segundo Costanza e Daly (1992)

    sua revogabilidade comprometida quando a taxa de extrao supera a reproduo natural do

    elemento do capital natural.

    3.1.1.1 Recurso Natural Elico.

    Em 1735 George Hadley, desenvolveu um dos primeiros estudos da circulao geral da

    atmosfera, onde sugeriu que sobre a Terra sem rotao, o movimento do ar teria a forma de

    uma grande clula de conveco em cada hemisfrio, onde a transferncia de energia do

    equador para os polos poderia, de acordo com Hadley, ser efetuada por uma clula

    convectiva, com movimento ascendente nos trpicos, movimento na direo dos polos em

    altitude, movimento descendente sobre os plos e em direo ao equador superfcie.

    Posteriormente o modelo de Hadley foi melhorado por William Ferrel - 1856, Tor Bergeron -

    1928 e Carl-Gustav Rossby 1941, ao incluir o eixo de rotao da rbita da Terra e a

    zonalmente, ao longo dos paralelos, havendo faixas alternadas de baixas e altas presses,

    dando origem ao modelo Circulao Atmosfrica Geral Tricelular conforme a Figura 1:

    Direo dos Ventos/ Circulao Atmosfrica Geral Tricelular

  • 7

    Figura 1: Direo dos ventos/ circulao atmosfrica geral tricelular.

    Fonte: http://www.climate4you.com/ClimateAndHistory.

    Atualmente Circulao Atmosfrica Global, definida de acordo com Burroughs, Crowder,

    Robertson,Vallier-Talbot e Whitaker (2006) como resultado de fenmenos de convergncia e

    divergncias das correntes de ar, num movimento contnuo, devido ao aquecimento desigual

    da superfcie da terra, gerando zonas de alta e baixa presso em alta altitude e baixa altitude

    com clulas de circulao nas diferentes latitudes, efeito da fora de Coriolis, transportando o

    calor para os polos enquanto que o excesso de frio dos plos trazido para as latitudes mais

    baixas, de maior ou menor intensidade conforme a estao do ano, tendo como resultado os

    ventos caractersticos superfcie:

    Os ventos alsios (latitude dos Trpicos 10-25N e 5-20S) ou Trade Wind: que sopram de

    Nordeste, no Hemisfrio Norte e de Sudeste, no Hemisfrio Sul, convergem para a depresso

    baromtrica equatorial.

    Os ventos predominantes do Oeste (latitudes mdias 10N e 5S): predomina dinmica da

    interao entre o centro de altas presses Anticiclone Subtropical do Atlntico Sul e as

    incurses de massas polares, conhecida como Zona de Convergncia Intertropical ou ZCIT

    (ou Zona Intertropical de Convergncia, ZITC).

    Os ventos de Leste ou ventos Polares (Latitudes Altas em torno de 30N e 30S): de Sudeste,

    no Hemisfrio Sul soprando em altas latitudes, junto aos Polos.

    Para os estudos do recurso elico aplicado gerao de energia, no entanto realizado um

    corte vertical da atmosfera, tendo a temperatura do ar como critrio de diviso e classificao

    em quatro camadas homogneas de acordo com Silva (2006) (Tropopausa, Estratopausa e

    http://www.climate4you.com/ClimateAndHistory.htm

  • 8

    Mesopausa), sendo abaixo da Tropausa a Troposfera ou Camada Limite da Atmosfera onde os

    eventos climticos, meteorolgicos e sua interao com as caractersticas geogrficas,

    classificam os ventos em escalas espaciais e temporais em microescala, mesoescala e

    macroescala conforme Figura 2: Escala de tempo e espao de eventos meteorolgicos.

    Figura 2: Escala de tempo e espao de eventos meteorolgicos.

    Fonte: (Silva, 2003).

    Sendo os ventos, formados na mesoescala que assumem caractersticas especficas conforme

    interagem com o oceano e continente denominadas brisas martima, terrestre ou continental,

    lacustre, de vale e montanha so estudados para o aproveitamento elico.

    3.1.1.2 Capital Natural Elico.

    A partir da crise energtica da dcada de 70 o aspecto natural vento, j edificado como um

    recurso transforma-se em Capital Natural denominado de Potencial Elico, porm limitado

    aos pases da Comunidade Europeia onde as polticas de incentivo a produo de

    conhecimento sobre o tema tiveram amplo investimento.

    O primeiro passo segundo Meroney (1991) foi o uso de dados de estaes meteorolgicas,

    normalmente situadas em zonas planas. A intensidade do vento era ento extrapolada para

    locais de interesse energtico tais como os topos de colinas e montanhas. Nestas zonas,

    verificou-se que o potencial elico era subestimado, dada a dificuldade em reproduzir os

    efeitos de concentrao do vento.

  • 9

    Para contornar o problema, de acordo com Mortensen (1993), foi elaborado um amplo estudo

    da paisagem, comandado pelo Laboratrio Nacional Ris na Dinamarca, responsvel pela sua

    coordenao e metodologia, tendo por base a meteorologia, geografia, cartografia e fsica,

    aliado a ferramentas de engenharia e tcnicas computacionais para compreender melhor o

    fenmeno, e qual seria a melhor maneira de extrair a sua energia, para o beneficio da

    sociedade.

    Como resultado, foi apresentado o primeiro Atlas Europeu do Vento, demonstrado na figura

    2- Atlas Europeu do Vento obtido para a cota dos 50m. . Este mapa de acordo com Troen

    (1989), combinado de velocidade e fluxo de potncia foi modelado para cinco classes de

    terreno, caracterizadas por diferente rugosidade.

    Figura 3: Atlas Europeu do Vento obtido para a cota dos 50m.

    Fonte: (Troen, 1989)

    A metodologia espacial de avaliao do recurso energtico proposta pelo Ris serviu de base

    segundo Mortensen (1993), para o desenvolvimento do modelo numrico WAsP Wind

    Atlas Analysis and Application Program, tornando-se num modelo de referncia para a

    energia elica, mais utilizado mundialmente, devido a capacidade de reproduzir, embora com

    grande simplificao, os princpios fsicos da Camada Limite da Atmosfera 1 junto da

    superfcie terrestre.

    1 Segundo Stull (1988), camada limite da atmosfera a parte da troposfera que diretamente influenciada pela presena da superfcie da Terra, e responde aos forantes superficiais com uma

    escala de tempo de uma hora ou menos"

  • 10

    Com o desenvolvimento da indstria energia elica nas dcadas seguintes, os estudos para

    desenvolver ou adaptar modelos meteorolgicos com objetivo de mapear o Potencial Elico,

    aliado a dados metrolgicos mais precisos e geotecnologias como sensores remotos, permitiu

    a realizao dos estudos em escala global, como apresentado na Figura 4: Potencial Elico

    Mundial 3Tier Energy.

    Figura 4: Potencial Elico Mundial 3tier Energy.

    Fonte: http://www.3tier.com/en/

    A experincia dos pases lderes do setor de gerao elica, mostra que o rpido

    desenvolvimento da tecnologia e do mercado, teve por base a formao de recursos humanos

    e a pesquisa cientfica, com a finalidade de dar o suporte necessrio para a indstria de

    energia elica identificar capital natural do vento.

    Para que a energia elica seja considerada economicamente vivel, necessrio que sua

    densidade seja maior ou igual a 500 W/m, a uma altura de 50 metros, o que requer uma

    velocidade mdia mnima anual do vento de 7 a 8 m/s (GRUBB; MEYER, 1993). Segundo a

    Organizao Mundial de Meteorologia, o vento apresenta velocidade mdia igual ou superior

    a 7 m/s, a uma altura de 50 m, em apenas 13% da superfcie terrestre (MMA, 2014).

    Em 2001 a identificao do Potencial Elico deixa de ser apenas um recurso natural, com a

    publicao Atlas Do Potencial Elico Brasileiro (Figura 5) para tornar-se um recurso

    economicamente aproveitvel , pelo Centro de Referncia para Energia Solar e Elica -

    CRESESB/CEPEL. Este estudo, utilizando modelo e base de dados de sensoriamento remoto

    http://www.3tier.com/en/

  • 11

    e reanlises aliado a tcnicas de geoprocessamento, tornou-se a base para explorao do

    recurso elico para os empreendedores de energias renovveis nas dcadas seguintes.

    Figura 5: Potencial Elico Brasileiro

    Fonte: (Atlas elico brasileiro, 2001)

  • 12

    3.1.2 BASE DE DADOS METEOROLGICOS E GEOGRFICOS.

    A base de dados meteorolgicos e geogrficos de uma regio, compreendida por duas

    camadas de informaes ambientais: Primeira Informaes Climticas: derivadas de torres

    anemomtricas, estaes meteorolgicas, cartas sinticas, boias, bales, avies, modelos

    meteorolgicos, imagens de satlites e radar, tem por finalidade identificar as variveis de

    velocidade e a direo do vento, temperatura, umidade e a presso do ar atmosfrico a

    Segunda Informaes Fsico Territoriais: obtidas por meio de levantamentos a laser (lidar),

    imagens de satlite, fotografias areas, modelos digitais do terreno e levantamento de campo e

    com tcnicas de geoprocessamento e sensoriamento Remoto possvel extrair dados

    topografia, hidrografia, uso e ocupao das terras e rugosidade.

    3.1.2.1 Informaes Climticas.

    Estas informaes so em geral, armazenadas em grandes bancos de dados de centros de

    pesquisa e servios operacionais para serem utilizadas em estudos e no auxlio para diversas

    finalidades dentro as mais conhecidos em escala mundial so National Centers for

    Environmental Prediction e National Center for Atmospheric Research.

    www.cdc.noaa.gov/cdc/reanalysis/, European Centre for Medium Range Weather

    Forecasting. www.ecmwf.int/research/era/. No Brasil vrias universidades, centros de

    pesquisa e rgos estaduais municipais, produzem informaes climticas, no entanto, apenas

    alguns esto voltados para o desenvolvimento do setor de energia elica com dados

    confiveis:

    Projeto SONDA - Sistema de Organizao Nacional de Dados Ambientais Espaciais (INPE)

    com objetivo implementar infraestrutura fsica e de recursos humanos destinada a levantar e

    melhorar a base de dados dos recursos de energia solar e elica no Brasil, conta uma rede 13

    estaes de medio meteorolgicas prpria e 5 parcerias distribudas por todo o territrio

    brasileiro, disponvel em http://sonda.ccst.inpe.br/

    BDMEP - Banco de Dados Meteorolgicos para Ensino e Pesquisa abriga dados

    meteorolgicos dirios em forma digital, referentes a sries histricas da rede de estaes do

    INMET (291 estaes meteorolgicas convencionais) num total de cerca de 3 milhes de

    informaes, referentes s medies dirias, de acordo com as normas tcnicas internacionais

    http://www.cdc.noaa.gov/cdc/reanalysis/http://www.ecmwf.int/research/era/http://sonda.ccst.inpe.br/http://www.inmet.gov.br/projetos/rede/pesquisa/lista_estacao.php

  • 13

    da Organizao Meteorolgica Mundial, desde de 1961, disponvel em

    http://www.inmet.gov.br/projetos/rede/pesquisa/.

    Banco de Dados Climatolgicos da rede de Meteorologia do Comando da Aeronutica tem a

    funo de prover o Sistema de Controle do Espao Areo Brasileiro SISCEAB de uma base

    estatstica de dados climatolgicos, de superfcie e altitude, aplicveis aviao e ao

    planejamento estratgico, tcnico e operacional. Disponvel em http://clima.icea.gov.br/clima/

    Banco de Dados Climatolgico um acervo idealizado para que os usurios possam recuperar

    dados observados dirios e mensais adquiridos de centenas de estaes meteorolgicas

    distribudas por todo o Brasil e Amrica do Sul. Algumas delas possuem dados desde 1888.

    Disponvel em http://www.cptec.inpe.br/

    SWERA (Solar and Wind Energy Resource Assessment): O projeto, iniciado em 2001 com

    objetivo principal promover o levantamento de uma base de dados confivel e de alta

    qualidade visando auxiliar no planejamento e desenvolvimento de polticas pblicas de

    incentivo a projetos nacionais de energia solar e elica; e atrair o capital de investimentos da

    iniciativa privada para a rea de energias renovveis. Disponvel em

    http://en.openei.org/wiki/SWERA/Getting_Started#

    3.1.2.2 Informaes Fsico Territoriais.

    O mapeamento da paisagem local de acordo com Castro (2002), por tcnicas de

    geoprocessamento e sensoriamento remoto, das entidades nela inserida (casa, florestas, rio,

    montanha, etc.) representados por pontos, linhas (conjunto de pontos ligados) e polgonos

    (srie de linhas ligadas ou pontos contguos), seguido da listagem de seus atributos (dados

    matriciais) com limites e localizao, que possuem uma escala nominal, ordinal ou intervalar,

    sendo assim, a informao espacial segundo Cmera e Medeiros (1996) possui

    propriedades de localizao no espao por meio de conceitos topolgicos (vizinhana,

    pertinncia), mtricos (distncia) e direcionais (ao norte de acima de), apresentado uma

    ideia de conjunto de objetos georreferenciados.

    Dentre as tecnologias mais sofisticadas utilizadas pelo Geoprocessamento, est o Sistemas de

    Informaes Geogrficas - S.I.G que de acordo com Druck; Carvalho; Cmara; Monteiro

    (2004) um SIG definido como um complexo Banco de Dados, que permite armazenar e

    gerenciar uma enorme quantidade de dados, dispostos, coletar informaes por imagens

    http://www.inmet.gov.br/projetos/rede/pesquisa/http://clima.icea.gov.br/clima/http://www.cptec.inpe.br/http://en.openei.org/wiki/SWERA/Getting_Started

  • 14

    orbitais (Sensoriamento Remoto) e outros perifricos como G.P.S, Bases Totais, Fotografias

    Digitais, em diferentes pocas, produzindo informaes espaciais em diferentes formatos

    como tabelas, grficos e mapas.

    Devido ao avano tecnolgico das ltimas dcadas, as informaes espaciais esto

    disponveis em quantidade e qualidade nas plataformas de softwares livre ou pagas, para

    serem utilizadas em larga escala tanto por governos quanto pela iniciativa privada, em varias

    fases de um projeto energia elica.

    A plataforma mais utilizada e distribuda aos estados a i3Geo, desenvolvida para o acesso e

    anlise de dados geogrficos, em softwares livres, principalmente MapServer, tem como

    objetivo difundir o uso do geoprocessamento como instrumento tcnico-cientfico e

    implementar uma interface genrica para acesso aos dados geogrficos existentes em

    instituies pblicas, privadas ou no governamentais, utilizada por: Acervo Fundirio/

    INCRA (MAPAS.FUNDIARIO), Mapas IPEA/IPEA (MAPAS.IPEA), FUNAI

    (MAPAS.FUNAI), MMA (MAPAS.AMBIENTAIS) entre outras inmeras secretarias de

    meio ambiente, agncias, ONGs e ministrios.

    Enquanto a plataforma paga ESRI, desenvolvida anteriormente ao i3Geo, utilizada pela

    ANEEL (SIGEL) e DNPM (SIGMINE).

    Alm do acesso a base de dados do site do IBGE (CARTOGRAFIA), onde possvel extrair

    informaes de curvas de nvel, fotografias areas, de vegetao entre outros.

    Deste modo possvel observar que h uma grande disponibilidade de informaes, para os

    estudos de projetos elicos presentes e futuros.

    http://acervofundiario.incra.gov.br/i3geo/interface/incra.html?d00atuubv2qq6nleo1k2vdbpi2http://mapas.ipea.gov.br/i3geo/aplicmap/geral.htm?d5a870282100a7b86f1383e5995d04e5http://mapas2.funai.gov.br/i3geo/ms_criamapa.phphttp://mapas.mma.gov.br/i3geo/mma/openlayers.htm?kuk0peknst25n0b9177194oph6http://sigel.aneel.gov.br/sigel.htmlhttp://sigmine.dnpm.gov.br/webmap/http://www.ibges/

  • 15

    3.1.3 REGULARIZAO FUNDIRIA.

    O processo de regularizao fundiria que diz respeito posse e uso da terra para imvel

    rural, est compreendido em dois sistemas, o Sistema de Registro ou Sistema de Livro da

    Terra sob responsabilidade dos Cartrios de Registro de carter jurdico e o Sistema Cadastro

    de Imveis da Propriedade sob Responsabilidade do Instituto de Colonizao e Reforma

    Agrria (INCRA) de caractersticas legais, fiscais e de uso da terra, entretanto ambos os

    sistemas no conseguiram, segundo Gobbo (2011), contornar a irregularidade da estrutura

    fundiria brasileira, que resulta da consolidao de distintos processos de ocupao do

    territrio ocorridos ao longo da histria, que contaram com a inexistncia, a inexecuo e a

    ineficincia de polticas pblicas, somadas ineficcia de algumas legislaes.

    3.1.3.1 Sistema de Cadastro ou Sistema de Livro da Terra.

    O regime de cadastro ou sistema de livro da terra um documento jurdico, segundo Arruda

    (2011), sujeito nulidade de provas, onde se concentram e atesta direitos de propriedade

    sobre imveis declarados, representados por meio da matrcula imobiliria inclusive nos

    casos de posse com ou sem ttulo , o imvel rural a que se refere, quer seja representada por

    uma nica propriedade imobiliria, quer seja pelo grupamento dessas propriedades ( 3, do

    art. 46, da Lei 4.504, de 30/11/1964), devendo nela constar: a descrio do imvel,

    confrontantes; o cdigo do imvel e os dados constantes do CCIR; medidas perimetrais e

    certificao do INCRA CCIR.

    Cada matrcula, segundo Arruda (2011), representa uma unidade imobiliria, mas nada

    impede que o proprietrio requeira ao oficial de registro a unificao das reas descritas em

    suas matrculas, desde que a fuso dessas matrculas (ou transcries) seja juridicamente

    possvel, providncia esta que resultar em uma nova matrcula com a descrio do permetro

    total dessas reas, formando-se, assim, uma nova unidade imobiliria.

    Para o Registro Imobilirio, como instituio encarregada de conferir segurana jurdica,

    corresponde a um imvel, segundo IRIB (2013) (princpio da unitariedade da matrcula),

    mesmo se tratando de reas contguas, sero tantos imveis quantas forem as matrculas. O

    princpio da unitariedade da matrcula impede que uma matrcula englobe mais de um imvel

    ou que seja matriculada frao de imvel.

  • 16

    Para Guedes e Reydon (2003) o processo de registrar os direitos legais sobre a propriedade da

    terra se d por meio dos seguintes mecanismos: a) registro do documento de compra e venda;

    b) registro do ttulo da propriedade ou outro documento associado ao direito de propriedade.

    Com frequncia, os ttulos registrados dos imveis tm como suporte mapas topogrficos, que

    no necessariamente tm as divisas legais ou mapas cadastrais, pois so oriundos da taxao e

    no do registro dos imveis.

    De acordo com IRIB (2013), os tabelies e seus prepostos, na lavratura de atos notariais

    envolvendo imveis rurais, em relao s matrculas tero de observar normas especficas,

    alm daquelas inerentes a todo em qualquer ato notarial como:

    a) O imvel dever ser integralmente descrito no ato notarial, no se permitindo

    meramente a consignao do nmero do registro ou da matrcula, a localizao do

    imvel, o logradouro, o bairro, a cidade e o Estado, como sucede com os imveis

    urbanos, nos termos da Lei no 7.433/1985 e seu decreto regulamentador de no

    93.240/1986. o que determina o art. 2o da Lei n

    o 7.433/1985, a contrrio sensu: ficam

    dispensados, na escritura pblica de imveis urbanos, sua descrio e caracterizao,

    desde que constem, estes elementos, da certido do Cartrio do Registro de Imveis.

    b) Deve ser apresentado o ltimo Certificado de Cadastro de Imvel Rural (CCIR). A

    apresentao dele atualizado impensvel para a prtica de vrios atos, entre os quais

    atos notariais e registrais.

    c) Necessria a prova da quitao do imposto sobre a propriedade territorial rural

    correspondente aos cinco ltimos exerccios, ressalvados os casos de imunidade, iseno,

    inexigibilidade e dispensa previstos nos arts. 2o, 3

    o e 20

    o da Lei n

    o 9.393/199.

    d) A frao mnima de parcelamento (FMP) h de ser observada. A norma que veda a

    diviso de gleba rural em reas menores que o mdulo de ordem pblica, importa em

    indivisibilidade legal e tem por fim impedir o surgimento de minifndios antieconmicos.

    Apesar da apresentao do Certificado de Cadastro de Imvel Rural (CCIR) ser determinada

    pela Lei no 4.947/1966 e pelo Decreto n

    o 93.240/1986, segundo IRIB (2013), a no

    coincidncia da rea do imvel com a informao cadastral no impeditiva da lavratura do

    ato notarial da elaborao da matricula, somando-se a cobrana vultosos emolumentos dos

    usurios. Alm da remunerao do agente notarial, promoveu segundo Dias (2009) um grande

    distanciamento do Brasil Legal do Brasil Real.

  • 17

    Esse retrato denunciado em pesquisa, realizada em 2013 pelo Sindicato Nacional dos

    Peritos Federais Agrrios, identificando que dos 5.565 municpios brasileiros, 1.354 tem

    sobrecadastramento, o que representa cerca de um em cada quatro, ou ganho de rea de dois

    estados de So Paulo ou 600 mil km ao territrio brasileiro de 8,5 milhes de km. Como

    exemplo citado o caso do municpio de Ladrio - MS com rea de 34.250 hectares segundo

    o IBGE, porem a soma dos 139 imveis registrados chega a 397.999 hectares.

    Desde o Decreto no 72.106, de 18 de abril de 1973, a rigor, todo imvel rural deve ter

    matrcula junto ao INCRA, a partir da qual este emite o Certificado de Cadastro de Imvel

    Rural (CCIR), atestando a existncia do imvel rural.

    Portanto, segundo IRIB (2013), para o Registro Imobilirio, no prevalece o conceito agrrio

    de imvel rural, sendo de total convenincia que se alcance um conceito comum para perfeita

    aplicao de toda a legislao, em especial a que determina a interconexo cadastro-registro

    (Lei no 10.267/2001, que alterou os 7

    o e 8

    o do art. 22 da Lei n

    o 4.947/1966).

    3.1.3.2 Sistema Cadastro de Imveis da Propriedade.

    O Sistema de Cadastro de Imveis da Propriedade de responsabilidade do Instituto de

    Colonizao e Reforma Agrria (INCRA), onde so encontradas informaes sobre o

    tamanho fsico, a forma, a data, os valores e os usos da terra, caractersticas fsicas do imvel,

    foi institudo por razes eminentemente fiscais, vinculadas cobrana do Imposto Territorial

    Rural (ITR).

    Em geral, segundo Guedes e Reydon (2003) os cadastros podem ser descritos como legal

    (com foco na propriedade), fiscal (voltado aos valores da terra e do imvel para taxao), uso

    da terra (armazenando as diferentes formas como a terra usada) e multiuso (utilizado para

    diferentes objetivos), tendo como principal ferramenta de controle os mapas ou plantas

    cadastrais, cuja funo dar suporte a um livro de registros de imveis, referindo-se a um

    imvel em particular, ou a vrios imveis em uma regio para identificar cada um deles.

    Porem, segundo Arruda (2011) a identificao do imvel rural referida nos 3 e 4 do

    artigo 176 da Lei de Registros Pblicos requisito da matrcula. Portanto, a Lei n 6.015/73,

    com as alteraes introduzidas pela Lei n 10.267/2001 nem nos decretos que a

    regulamentaram, no se dirige ao cadastro do INCRA, mas ao Registro de Imveis, pois no

    existe a obrigao para quem for comprar ou vender algum imvel rural apresentar o cadastro

  • 18

    georreferenciado para lavrar a escritura pblica, gerando conflito entre as duas (INCRA e

    Cartrios) instncias institucionais.

    Para Guedes e Reydon (2003) a regularizao fundiria apresenta trs dimenses que

    reforam sua realizao de forma eficaz: Primeira, em seus efeitos sobre o desenvolvimento

    do sistema financeiro, viabilizando o uso da terra legal como garantia hipotecria; Segunda o

    crescimento econmico em geral, ao impulsionar o investimento, reforar uma alocao mais

    eficiente e menos custosa dos recursos e transformar a terra em um ativo; Terceira: o bem-

    estar ao reduzir ou eliminar o conflito fundirio.

    Por essas razes, e tambm devido ao sistema de garantias e direitos estabelecido pela

    Constituio Federal de 1988 (CF/88), a regularizao fundiria foi alada prioridade nas

    agendas das instituies governamentais ligadas aos Poderes Executivo, Legislativo e

    Judicirio, que em conjunto vm buscando alternativas para a resoluo deste grave problema,

    com criao de leis, normas e infraestrutura firmando uma mudana radical e uma completa

    reestruturao no Sistema Fundirio Brasileiro envolvendo setores fundamentais como o

    Cadastro e o Registro.

    Neste esforo coletivo a Lei n 10.267/01 e seus instrumentos legais complementares, so

    considerados o marco regulatrio no Processo de Regularizao Fundiria, pois estabelece a

    implementao gradativa de moderna tecnologia de preciso com georreferenciamento, para

    levantamento e registro das delimitaes e contornos dos imveis rurais, no referido cadastro

    e nos registros imobilirios das propriedades rurais.

    O procedimento de certificao de imveis rurais passar a ser realizada de forma

    automatizada, por meio do Sistema de Gesto Fundiria (SIGEF), uma plataforma online de

    parceria com Cartrios de Registro de Imveis e INCRA trazendo maior dinamismo ao

    procedimento e possibilita a gerao de documentos (planta e memorial descritivo)

    atualizados com os dados de domnio do imvel.

    Em paralelo ao SIGEF o Ministrio do Meio Ambiente por meio Lei 12.651/2012 e Decreto

    7.830/2012, no mbito do Sistema Nacional de Informao sobre Meio Ambiente SINIMA,

    criou o SICAR - Sistema Cadastro Ambiental Rural, de mbito nacional destinado ao

    gerenciamento de informaes ambientais dos imveis rurais, que tem por finalidade integrar

    as informaes ambientais e das reas consolidadas das propriedades e posses rurais do pas,

  • 19

    sendo a inscrio dos imveis rurais no CAR obrigatria e dever ser requerida junto ao rgo

    ambiental competente do Estado em que se localiza o imvel rural, mediante fornecimento

    dos dados e informaes de identificao do proprietrio ou possuidor rural e do imvel rural.

    Segundo Gobbo (2011), o mosaico de irregularidades fundirias tornou-se gerador de

    conflitos e entrave ao desenvolvimento socioeconmico do pas, uma vez que, destitudo de

    registro imobilirio ou sendo este precrio, o imvel no gera segurana jurdica quanto aos

    direitos e nus a ele referentes no se pode falar em direito de propriedade e, portanto,

    torna-se deficiente ao integrar o mercado formal como bem capaz de gerar e distribuir riqueza

    (desenvolvimento).

    A partir deste cenrio, a EPE (Empresa de Pesquisa Energtica), lanou em 2012 uma

    Metodologia para a Anlise Socioambiental Integrada. Onde fica claro o conhecimento desta

    realidade, definindo a regularizao fundiria como um dos temas prioritrios para gesto

    ambiental do setor energia. Identificando no Nordeste, a regio como maior potencial elico,

    rea crtica para trabalhos de regularizao fundiria de propriedades, onde o histrico de

    ocupao irregular e as dificuldades de regularizao fundiria, especialmente nas reas

    litorneas, podem dificultar a viabilizao do aproveitamento do seu grande potencial elico,

    devido a falta de documentao e ao registro de propriedades para a habilitao tcnica nos

    leiles de energia.

  • 20

    3.1.4 FERRAMENTAS E INSTRUMENTOS DE IDENTIFICAO DO

    POTENCIAL ELICO.

    As principais Ferramentas para o estudo do potencial elico de uma dada regio so as

    simulaes numricas de escoamento do vento, atravs de modelagem atmosfrica na meso e

    micro escala, realizados por softwares especialistas. Enquanto os Instrumentos so um

    conjunto de equipamentos com foco nas medies de microescala, que seguem uma srie de

    rgidas regras para o tipo de equipamento, instalao e manuteno com objetivo de diminuir

    a incerteza na coleta dos dados meteorolgicos, tendo como objetivo identificar e transformar

    o potencial elico em Capital Natural Construdo ou Manufaturado.

    3.1.4.1 Ferramentas.

    Os estudos de simulao do comportamento da atmosfera usando modelos meteorolgicos

    computacionais, de acordo com Musk (1988), parte da aplicao de equaes matemticas,

    resolvidas por mtodos numricos, para as leis que governam o comportamento da atmosfera

    como as leis do movimento, as leis da termodinmica, a equao hidrosttica e o princpio da

    continuidade dentro da atmosfera, sendo assim possvel prever/conhecer as variveis

    atmosfricas: presso, umidade, temperatura, direo e intensidade do vento, tanto em

    superfcie quanto em outros nveis da atmosfera em um determinado instante. (por exemplo,

    com 1 minuto ou 1 hora de antecedncia).

    Por outro lado, os modelos matemticos nunca incluiro todos os processos existentes no

    sistema; seu principal uso de acordo com Musk (1988), tentar simplificar a realidade e, em

    particular, examinar a contribuio de fatores e processos especficos como voltados para

    escoamento do vento.

    Estes modelos por sua vez tm como maior desafio a simulao do comportamento dos ventos

    em uma regio sem uma medio real, recorrendo deste modo a extrapolao de medidas

    realizadas em um ponto para calcular e estimar recurso de uma regio.

    Porm os movimentos atmosfricos e os sistemas meteorolgicos aos quais esto relacionados

    possuem, segundo Lutgens e Tarbuck (1995), padres heterogneos de circulao, que podem

    ser recortados em diferentes escalas de dimenses espaciais e tempos de vida, sendo possvel

    assim estudar os fenmenos climticos individualizados porm conectados ao sistema de

    circulao atmosfrica global, conforme Tabela 1: Escalas de tempo e espao Atmosfricos x

  • 21

    Modelos Atmosfricos, tornando-se a base para estabelecer a quantidade e quais dados

    devero estar no modelo a ser adotado.

    Tabela 1 - Escalas de tempo e espao Atmosfricos x Modelos Atmosfricos.

    Escala Tamanho (km) Durao Fenmeno Modelos Mtodo Terreno

    Microescala Menos que 1 km Segundos

    minutos Turbulncia

    WindSim AS ,MC2,WAsP

    CFD,3DWind,GWS MICRO

    No

    linear, atm

    neutra,

    CFD

    Complexo,

    Simples

    Mesoescala 1 a 100 km Minutos a dias

    Tempestades,

    tornados e brisas

    terrestres.

    WAsP, RAMS,

    WRF,KAMM,ETA,MM5,MA

    SS,MS-Micro/3, Analytical, DHSVM, ARPS, MERRA

    Empirical , GESIMA ,GWS

    MESO

    Linear,

    atm no neutra

    ,PNT

    simples

    Sinptica 100 a 5.000 km Dias a

    semanas

    Ciclones de

    latitudes mdias,

    anticiclones e furaces.

    NCEP,ECMWF,JMA CPTEC

    Linear,

    atm no

    neutra, PNT

    simples

    Planetria 1.000 a 40.000 km Semanas anos

    Ventos alsios e ventos oeste

    NCEP,ECMWF,JMA CPTEC

    Linear,

    atm no neutra,

    PNT

    simples

    Fonte: Dorado ,2013, adaptado.

    Os modelos meteorolgicos utilizados para realizar simulaes numricas de escoamento do

    vento atravs de modelagem atmosfrica na meso e micro escala podem ser divididos em dois

    grupos, mtodo Massa Consistente Linear ou Previso Numrica de Tempo (PNT) e o mtodo

    de Elementos Finitos ou Modelos Computacionais de Dinmica de Fluido (CFD), ambos so

    utilizados no processo de prospeco e desenvolvimento do projeto elico, mas apresentam

    limitaes de detalhe (microescala) no caso dos PNT em terrenos complexos e regional

    (mesoescala) quando utilizado o CFD devido a grande quantidade de informaes.

    Estudos recentes como de Ator (2011) em que utilizou a combinao dos modelos WRF

    (PNT) com Wind sim (CFD) demonstrou melhor desempenho, devido a complementaridade

    das limitaes apresentadas por ambos os modelos chegando a uma reduo de 50% na

    incerteza para terrenos complexos.

    No entanto para estudos de meso e micro escala, a fora, direo e o contedo da umidade dos

    fluxos de ar so bastante influenciados pela topografia, podendo ser desviados ou

    encaminhados pelas ondulaes da superfcie terrestre tendo assim a necessidade de conhecer

    a geografia em diferentes escalas de detalhe.

    Deste modo outra componente essencial para input de modelos meteorolgicos utilizados

    para realizar simulaes numricas de escoamento do vento, a rugosidade entendida

  • 22

    segundo Schultz e Amarante (1999) como uma medida da aspereza de uma superfcie, e um

    fator de reduo da velocidade do vento, tendo um comprimento diferente para cada tipo de

    terreno, conforme demonstrado na Figura 6 Comportamento do vento sob a influncia das

    caractersticas do terreno .

    Figura 6: Comportamento do vento sob a influncia das caractersticas do terreno.

    Fonte: (Atlas Elico do Brasil, 2001)

    Por meio de tcnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento, a rugosidade levantada

    com a quantidade de detalhes, necessria para abastecer o modelo adotado.

    Apoiado nos mtodos, segundo Shafiqur e Alabbadi (2007), Morofomtrico (ou geomtricos)

    baseados em algoritmos que relacionam parmetros aerodinmicos com parmetros

    associados a morfometria superficial ou Micrometeorolgicos (ou anemomtricos) que usam

    observaes de vento ou turbulncia para determinar parmetros aerodinmicos onde se inclui

    relaes tericas derivadas de perfis logartmicos de vento. O objetivo o mesmo modelar a

    paisagem local atribuindo aos elementos valores, que representem obstculos maiores ou

    menores no escoamento do vento na superfcie terrestre, conforme a Tabela 2:

    Tabela 2 - Tipologia de Paisagens Europa x Brasil para Rugosidade.

    Classe de

    Rugosidade Tipologia de Paisagem (Brasil)

    Tipologia de Paisagem

    (Europa) Rugosidade

    reas Urbanizadas

    Cidades grandes com prdios

    City Forest Suburbs Gap

    1

    Cidades mdias com poucos prdios 0,8

    Cidades pequenas casas 0,5

    Vilarejos, povoados 0,4

    Fragmentos

    Florestais

    Florestas deciduas semideciduas, Mata

    Atlntica e Caatinga shelter belts 0,3

    Campo Sujo Restinga aluvial, Mangue, Campo de

    altitude e Campo rupestre mown grass 0,008

    Cerrado Cerrado tpico, Cerrado, Veredas,

    Caatinga, Cerrado ( ralo denso) many trees and bushes 0,2

    Matas e

    Reflorestamentos

    Pinus, Eucaliputs Coqueiros Floresta

    Tropical (UCS TI) forest 0,8

  • 23

    Culturas (porte

    mdio) Milho, Cana, Sorgo, Citrus (pomares), Caf

    farmland wtih closed

    appearence 0,1

    Culturas (forrageiras) Soja, Batata, Algodo, Arroz, Feijo, Trigo farmland wtih open

    appearence 0,05

    Pequenas

    propriedades rurais

    (pastagens)

    Pastagens de forma geral (grama,

    braquiria, capim gordura etc.), colnias e

    chcaras

    farmland wtih very few

    buildings/ trees 0,3

    Solo Exposto Desertos e Terras cultivveis bare soil 0,005

    Hidrografia Lagos e Mar aberto water areas 0,0001

    Litoral Esturio e Praia sand surfaces 0,0003

    Fonte: Wind Energy Association (2000), adaptado.

    3.1.4.2 Instrumentos.

    Com investimento aproximado de R$ 300.000,00, prazo de 4 meses para instalao e

    operao, a Torre Anemomtrica (equipada) o principal instrumento de medio de dados

    utilizado atualmente para identificar o potencial elico.

    A viabilidade de um projeto elico depende diretamente da qualidade dos dados

    compreendidos quatro termos: representatividade, exatido, confiabilidade e taxa de

    recuperao tornando assim, a medio de dados anemomtricos um ponto crtico no

    desenvolvimento dos estudos de um site.

    Neste sentido o processo de aquisio de equipamentos, instalao de instrumentos e coleta de

    dados para torres anemomtricas, segue uma srie de normas indicativas e obrigatrias de

    rgos reguladores IEA-International Energy Agency, IEC-International Electrotechnical

    Comission, OMM- Organizao Meteorolgica Mundial , MEASNET - Measuring Network of

    Wind Energy Institutes EPE - Empresa de Pesquisa Energtica e o MME - Ministrio de

    Minas e Energia encontrados na seguintes publicaes;

    IEA - INTERNATIONAL ENERGY AGENCY: 11. Wind speed measurement and use of cup

    anemometry; 1. Edition; Glasgow; 1999.

    MEASNET: Cup Anemometer Calibration Procedure; Version 1; Sep 1997.

    IEC INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMISSION: Wind turbines - Part 12 1:

    Power performance measurements of electricity producing wind turbines (IEC 61400-12-

    1:2005); 2005.

    MEASNET: Evaluation of site-specific Wind conditions; Version 1, Nov 2009;

  • 24

    MINISTRIO DA DEFESA, Comando da Aeronutica Portaria N 256/GC5, de 13 de maio

    de 2011.

    Os principais tpicos devem ser considerados:

    MEASNET (2009) para definio de representatividade do terreno onde raio mximo partindo

    do local de instalao da torre onde o registro dos dados de vento seja representativo,

    adotando um raio de 10 km para terrenos homogneos com ressalvas em relao a direo e

    de 2 km para terrenos heterogneos.

    IEC 61400-12 e IEA: recomenda que os equipamentos de medio devem ser posicionados de

    modo a minimizar os efeitos de interferncia aerodinmica da torre e estrutura de suporte e

    devem apresentar certificao de calibrao, vlidos no perodo de aquisio dos dados.

    IEC 61400-12-1: recomenda a utilizao de anemmetros Classe 1 pois considera as

    condies locais de velocidade do vento, intensidade de turbulncia, temperatura, densidade

    do ar e inclinao do escoamento incidente.

    MEASNET, IEA e DIN EN 45.001: as calibraes devem ser feitas a cada seis meses por

    instituies competentes e credenciadas cumprindo padres de qualidade e acordos

    internacionais, e devem ser protocolados em um certificado oficial.

    Portarias MME n 21, 18/01/2008, e MME n 29, de 28/01/2011: devendo ser informados o

    incio e o fim do perodo de aquisio dos dados.

    EPE-DEE-017/2009-r11: medies devero ser feitas em pelo menos duas alturas distintas,

    sendo uma a partir de 50 metros, por perodo no inferior a 24 (vinte e quatro) meses

    consecutivos, sempre iniciado a partir de dados vlidos, devendo ser integralizadas a cada 10

    (dez) minutos e ter uma taxa de perda de dados inferior a 10% (dez por cento), destacando-se

    que o perodo contnuo de ausncia de medies no poder superar 15 (quinze) dias.

    Deste modo a estao de medio deve conter, alm do registrador de medies (data

    logger), pelo menos os seguintes medidores:

    03 (trs) anemmetros de concha;

    02 (dois) medidores de direo dos ventos (wind vanes);

  • 25

    01 (um) medidor de umidade do ar;

    01 (um) medidor de presso baromtrica; e

    01 (um) termmetro.

    O posicionamento dos equipamentos de medio deve estar em conformidade com as

    recomendaes das Normas e publicaes. Em especial deve-se observar (Figura 7):

    Um anemmetro dever ser instalado no topo da estao de medio (anemmetro superior),

    em altura do solo igual do eixo das turbinas do parque elico e, no mnimo, a 50 (cinquenta)

    metros de altura do solo;

    O anemmetro superior deve estar livre de perturbaes e interferncias causadas por outros

    instrumentos de medio ou de sinalizao;

    O segundo anemmetro (anemmetro intermedirio) deve ser instalado distncia de at 2,5

    (dois vrgula cinco) metros abaixo do anemmetro superior;

    O terceiro anemmetro (anemmetro inferior) deve ser instalado distncia mnima de 20

    (vinte) metros abaixo do anemmetro superior e, preferencialmente, na altura inferior da

    ponta da p das turbinas;

    O medidor superior de direo de vento deve ser instalado distncia mnima de 1,5 (um

    vrgula cinco) metros abaixo do anemmetro superior e mxima de 10% da altura do eixo das

    turbinas do parque elico;

  • 26

    Figura 7: Distribuio dos instrumentos de medio na torre.

    Fonte: (Nota tcnica DEA 10/13 EPE 2013)

    Atualmente o mercado oferece uma srie de alternativas tecnolgicas sofisticadas, para a

    Torre Anemomtrica como Sodar Sound dtection and Ranging e Lidar Light Detecting

    and Ranging, capazes de medir o perfil vertical do vento e a temperatura pelo efeito Doppler.

    E para os equipamentos convencionais como anemmetros, anemmetros snicos

    recomendado para medio de turbulncia em rea de relevo complexo e no precisam de

    recalibrao. Entretanto os rgos reguladores no apresentam normas reguladoras para sua

    utilizao no reconhecendo os dados coletados por eles.

    3.1.4.3 Capital Natural Construdo ou Manufaturado.

    O capital natural construdo a explorao do capital natural, na forma de Parques Elicos

    constitudos de um sistema com vrias Turbinas Elicas, que convertem energia do vento em

    energia eltrica, sua estrutura composta por rotor, ps e respectivas ligaes mecnicas,

    podendo ser classificadas em turbinas elicas com eixo horizontal HAWT (Horizontal Axis

    Wind Turbine) (Figura 8) e com eixo vertical VAWT (Vertical Axis Wind Turbine), de

    velocidade fixa ou varivel e configuraes de altura e dimetro do rotor e potncia.

  • 27

    Figura 8: Evoluo tecnolgica das turbinas elicas comerciais.

    Fonte: (CEMIG,2010).

    A estimativa do potencial elico na rea do parque elico, conhecido como estudos de

    Micrositing, consiste em determinar as caractersticas do vento em toda a rea da fazenda

    elica, de forma a estimar a produo de energia em cada um dos aerogeradores, sendo

    utilizado dois mtodos conforme a complexidade do terreno Estimativa na posio de cada

    turbina (terrenos complexos) e Diviso da rea em sub-reas (terrenos simples) com objetivo

    de maximizar a Produo Anual de Energia (PAE).

    Porem a adequabilidade das turbinas elicas a um determinado local deve passar por uma

    anlise das condies do ambiente, de acordo com parmetros estabelecidos pela Norma IEC

    61.400-1: 2005-08 (Wind Turbine Generator Systems. Part 1: Safety Requirements. Third

    Edition). As classes so definidas em funo dos dados de velocidade do vento e turbulncia.

    Os dados que formam a base para o projeto so caracterizados por: Vref mxima velocidade

    mdia de 10 minutos, Vmdia velocidade mdia anual com mdia a cada 10min,

    Intensidade de turbulncia caracterstica a uma velocidade de vento de 15m/s (I15), A,B -

    categoria para maior e menor intensidade de turbulncia respectivamente

    A estimativa dos ventos extremos de fundamental importncia no projeto e segurana das

    edificaes e estruturas que sejam expostas ao dos ventos atmosfricos. No Brasil, as

    diretrizes para clculo dos efeitos do vento nas edificaes foi padronizado pela Associao

    Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT), conforme os procedimentos descritos na Norma

    Brasileira NB-599/1987 e NBR 6123/1988 "Foras Devidas ao Vento em Edificaes"

  • 28

    Deste modo possvel determinar o Fator de Capacidade FC, indicador da produo

    energtica e consequentemente do potencial de instalao de turbinas elicas em um local.

    Que ao mesmo tempo gera Incertezas na produo de energia, devido a Incertezas na

    velocidade do vento, Incerteza na curva de potncia da turbina, e Incertezas no clculo das

    perdas aerodinmicas do parque, entretanto as mesmas podem ser calculadas como uma dada

    probabilidade ou nvel de confiana, apresentadas em 50, 75, 90 e 95% ( P50, P75,P90 e P95).

  • 29

    3.2 O USO DO CAPITAL NATURAL CONSTRUDO.

    Devido a estruturao de uma Poltica Pblica Regulatria para Incentivar o setor de energia,

    o Brasil ocupa hoje segundo o GWEC (2012) a 21 posio no ranking dos pases produtores

    de energia elica no mundo, e est entre as quatro naes que mais crescem no setor elico,

    ficando atrs somente da China, Estados Unidos e ndia. A energia elica atraiu em menos de

    uma dcada grandes investimentos como, 82 parques elicos em operao (1,8 GW), 79

    parques elicos em construo (1,9 GW), e 208 parques elicos outorgados (5,6 GW)

    (ANEEL, 2013).

    O capital alocado pela indstria elica em todos os leiles realizados no Brasil, entre 2004 e

    2011, alcanou R$ 25 bilhes e at o fim de 2016, a meta inserir no sistema eltrico

    nacional 8,4 GW de potncia elica, o que significar 5,4% de participao na matriz eltrica

    brasileira, contra os atuais 1,5%, da retomada do Planejamento Energtico Longo Prazo

    entre 2005/2009, denominado como o Novo Modelo Institucional do Setor Eltrico (NMISE),

    o que permitiu o desenvolvimento das atividades relacionadas Gerao, Transmisso,

    Distribuio e Comercializao de Energia que compem o Sistema Eltrico Brasileiro (SIN)

    e entendidas como Infra Estrutra Energtica Agncia Brasil (2012).

    A partir do novo Modelo Institucional do Setor Eltrico (NMISE) foi criado um amplo

    Arranjo Institucional voltado para o desenvolvimento, regulao e planejamento do setor, com

    destaque para Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL) que excerce o papel de

    reguladora especialmente no atual regime tarifrio, e a Empresa de Pesquisa Energtica EPE

    que formula estratgias de mdio e longo prazo para a evoluo do setor eltrico brasileiro.

    Deste modo, o territrio brasileiro passa a ser ocupado e transformado por projetos de energia,

    modificando estruturas regionais gerando conflitos de interesse de uso da terra e presso aos

    recursos naturais, refletindo diretamente de como os Fatores Determinantes voltados para

    explorao do capital construdo est Condicionado aos instrumentos comando e controle ou

    instrumentos regulatrios ambientais, sendo Licenciamento Ambiental o mais expressivo.

  • 30

    3.2.1 POLTICA PBLICA REGULAO, INCENTIVOS E

    INVESTIMENTOS.

    O setor eltrico a exemplo de outros grandes setores de infraestrutura, depende segundo Lynn

    (1980), do Planejamento a Longo Prazo, apoiado por um conjunto de aes de governo para

    produzir efeitos especficos, entendidas como Polticas Pblicas e Regulado atravs de um

    conjunto de leis, instrumentos, normas e instituies de controle e sendo Incentivado por

    planos e programas por meio de Investimento pblico e privado.

    3.2.1.1 Poltica Pblica.

    A partir da dcada de 90 com Programa Nacional de Desestatizao (PND-1991), foi criado o

    Projeto de Reestruturao do Setor Eltrico Brasileiro (RE-SEB -1996/1998), com principal

    objetivo de privatizar o setor eltrico. Essa iniciativa teve um grande impulso, com crise

    energtica em 2001 obrigando o poder pblico elaborar um Novo Modelo Institucional do

    Setor Eltrico (NMISE- 2005/2009) pautado em duas premissas elementares segundo Cuberos

    (2008),

    1) Assegurar a eficincia econmica das empresas operando no setor;

    2) Garantir a realizao dos investimentos necessrios expanso da matriz energtica no pas

    por meio de uma Gerao competitiva com definio de valores pelo mercado; Transmisso

    independente e com livre acesso e a Comercializao livre com a expanso do parque gerador

    como responsabilidade dos prprios agentes e no mais somente do Estado.

    De acordo com Oliveira (2002) e Vieira (2009), essa restruturao favoreceu o crescimento

    do setor de energias renovveis, abrindo espao para o incio da utilizao de fontes

    renovveis, inclusive a elica, e sua insero na matriz energtica.

    A reestruturao seguiu o seguintes passos:

    Lei n 8.631/93: determinava o fim da tarifa nica de energia eltrica e a obrigatoriedade de

    contratos de suprimento de energia entre geradores e distribuidores e pela emenda

    constitucional que permitia a entrada de empresas estrangeiras no setor;

  • 31

    Lei 8987/95: atribuiu ao Estado a obrigao do fornecimento de servios pblicos, seja

    diretamente ou por concesso e estabeleceu os processos de concesso e permisso dos

    servios pblicos;

    Lei 9074/95: cria a figura do Produtor Independente de energia, definido como pessoa

    jurdica ou empresas reunidas em consrcio que recebam concesso ou autorizao do

    poder concedente, para produzir energia eltrica destinada ao comrcio de toda ou parte da

    energia produzida, por sua conta e risco. Com acesso garantido s redes eltricas de

    distribuio e transmisso por parte do produtor independente e do autoprodutor de energia,

    mediante o pagamento dos custos de transporte envolvidos;

    Lei 9074/96: especificou esses processos para o setor eltrico;

    Lei 9427/96: criou a Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL), reguladora do sistema

    eltrico;

    Lei 9648/98: criou o Operador Nacional do Sistema (ONS), responsvel pela coordenao e

    controle da operao das instalaes de gerao e transmisso de energia eltrica no SIN, e o

    Mercado Atacadista de Energia (MAE), o mercado spot brasileiro de eletricidade;

    Lei 94 9.648/98: permitu utilizao da Conta de Consumo de Combustveis (CCC), para

    fontes renovveis como elica;

    Resoluo ANEEL n 245/99: autorizou a substituio total ou parcial entre as termeltricas e

    usinas de fontes renovveis em sistemas isolados.

    Porm foi com a Resoluo n 281 da ANEEL (Agncia Nacional de Energia Eltrica) que

    estipulou uma reduo de 50% a ser empregada nas tarifas cobradas pelo uso das redes de

    distribuio e transmisso ou eliminao destes encargos de transporte de energia para os

    projetos de energia elica que entrassem em operao at o dia 31 de dezembro de 2003, foi

    estimulo necessrio para esta fonte (ALVES, 2010).

    Nesse sentido, segundo IPEA (2012) o governo federal buscou, consolidar um novo

    arcabouo normativo para o setor de energia eltrica que permitisse a consecuo dos

    objetivos de planejamento, monitoramento e coordenao para a rea, articulando ao mesmo

    tempo a regulao, incentivos e investimentos.

  • 32

    3.2.1.2 Regulamentao.

    Assim surge um novo marco regulatrio para promover a garantia do suprimento, a

    modicidade tarifria e a universalizao do acesso energia eltrica. Para isso, define as

    regras para o funcionamento dos segmentos de gerao, comercializao, transmisso e

    distribuio da energia eltrica (Figura 9).

    Figura 9:Modelo Simplificado dos Segmentos do setor Eletrico.

    Fonte: (ANEEL, 2008).

    A regulamentao para novo mercado tem por base no Decreto n 2.003, de 10 de setembro de

    1996, para integrao das novas plantas no sistema eltrico e institui normas de fiscalizao e

    penalidades. E mesmo no especificando regulamentaes para as fontes renovveis, a

    Resoluo n 266, de 13 de agosto de 1998 da ANEEL, tratou do processo de repasse dos

    custos da energia pelas concessionrias aos seus consumidores, estabelecendo os limites do

    repasse com base no Valor Normativo (VN), definido pela ANEEL em cima dos preos das

    compras de energia eltrica de curto prazo no MAE. O VN por sua vez foi especificado para

    cada fonte na Resoluo n 233, de 29 de julho de 1999. Para o caso da fonte elica, o VN

    referente ao ano de 1999 foi de R$ 100,90/MWh, valor estipulado levando-se em

    considerao as condies de implantao locais e parmetros internacionais e pode ser

    revisado anualmente pela ANEEL (ANEEL, 1999).

    O Mercado Atacadista de Energia Eltrica (MAE), atual Cmara de Comercializao de

    Energia Eltrica (CCEE), corresponde instncia na qual so negociados de forma livre os

    contratos de compra e venda de energia, bem como sua contabilizao e posterior liquidao

    financeira. Embora as tarifas de energia para os consumidores cativos continuem a ser

  • 33

    reguladas pelo Estado, os grandes consumidores passaram a ter liberdade para definir o preo

    da energia junto s empresas fornecedoras na CCEE.

    Dessa forma, as polticas tarifrias e a estratgia de expanso do sistema energtico so

    elementos fundamentais na consecuo dos objetivos do planejamento, que deve incorporar

    os elementos de coordenao da regulao e dos incentivos para que suas metas sejam

    alcanadas.

    Atualmente o setor segue diretivas mais recentes publicadas pelos orgos reguladores, para as

    operaes realizadas no mercado, como compra e venda de energia, penalidades, fiscalizao

    entre outras.

    3.2.1.3 Incentivo

    A partir da dcada de 2000, segundo Ferreira (2008), foram criados planos e incentivos fiscais

    e econmicos para estimular as fontes renovveis no pas como: a compra governamental de

    energia elica, o financiamento apoiado pelo governo para os custos de construo dos

    projetos, o programa de preo fixo de compra de energia, a solicitao de uma quantidade

    mnima de energia proveniente de fontes renovveis, garantia de premiao de financiamento,

    reembolsos e incentivos fiscais.

    Os planos de incentivos surgiram com a criao do Programa Emergencial de Energia Elica

    (PROELICA) atravs da Resoluo n24, de 05 de julho de 2001, considerado o primeiro

    programa brasileiro criado para incentivo do desenvolvimento da energia elica, com a meta

    de instalao de 1.050 MW de capacidade de modo a conectar esse montante ao Sistema

    Interligado Nacional (SIN) at o ms de dezembro de 2003.

    Contudo o programa apresentava entraves regulatrios e legais sendo obrigado a passar por

    uma reformulao, que deu origem ao Programa de Incentivo s Fontes Alternativas de

    Energia Eltrica (PROINFA) criado em 2002 por meio da Lei n10.438, sendo revisado e

    ajustado diversas vezes pelas Leis n10.762/2003, 11.075/2004 e 11.488/2007, tinha os

    objetivos de contratar 3.300 MW de energia no SIN, produzidos pelas fontes elica, biomassa

    e pequenas centrais hidreltricas, distribuidos inicialmente em 1.100 MW por fonte,

    diversificar a matriz energtica brasileira aumentando a segurana do abastecimento interno;

    criar empregos e formao de mo de obra e diminuir as emisses de gases de efeito estufa.

  • 34

    Ambos os programas consistiam aos produtores de energia, acesso rede eltrica e iniciado

    um incentivo financeiro instalao de plantas de fontes renovveis, formou-se uma base

    para o desenvolvimento desse setor, evoluindo atualmente para Sistema de Leiles

    Competitivos, onde o governo define uma parte da demanda do mercado de eletricidade a ser

    suprida pelas fontes renovveis e escolhe a capacidade de cada tecnologia que pretende

    contratar, por meio da menor tarifa oferecida.

    Assim realizado um planejamento para a demanda futura das distribuidoras, de modo que

    os leiles sejam realizados com antecedncia, sendo criada uma nomenclatura para os leiles

    (Figura 10), indicando o ano em que o empreendimento vencedor dever iniciar a entrega de

    energia distribuidora (CCEE, 2011).

    Figura 10: Estrutura dos Leiloes de Energia Eletrica.

    Fonte: (IPEA,2012)

    A pequena central hidreltrica, a gerao de energia solar fotovoltaica, a biomassa e a energia

    elica so classificadas como fontes incentivadas de energia, cujo potencial para o sistema

    eltrico no pode exceder 30 MW.

    O incentivo central se caracteriza com um desconto de 50% ou 100% na tarifa de energia,

    percentual que varia de acordo com as determinao da ANEEL. Em caso de infrao das

    regras de comercializao, a central perde o desconto.

  • 35

    3.2.1.4 Investimento.

    A ampla anlise econmico-financeira realizada por meio de modelos criteriosos para projetos

    elicos, devido aos investimentos elevados, sujeitos a condies extremas de incerteza.

    Dentre as principais ferramentas que compem o modelo esto:

    Valor Presente Lquido VPL considera o valor do dinheiro no tempo. Um investimento deve

    ser aceito quando possuir VPL positivo. Se o VPL for negativo, dever ser rejeitado. Se o

    VPL nulo, existe um ponto de indiferena entre realizar ou no o projeto, o critrio mais

    recomendado;

    Taxa interna de retorno (TIR): A taxa interna de retorno de um fluxo de caixa a taxa de

    desconto que torna o valor presente lquido desse fluxo de caixa igual zero, uma taxa

    intrnseca ao projeto, dependente apenas dos fluxos de caixa projetados. a taxa que

    remunera o investimento taxa de desconto utilizada, zerando, o VPL;

    Custo Mdio Ponderado de Capital (CMPC): uma ponderao entre o custo do capital

    prprio da empresa e o custo do capital de terceiros, sendo custo de capital prprio reflete a

    expectativa de remunerao dos acionistas da empresa, que deve ser compatvel com o nvel

    de risco assumido;

    Anlise de sensibilidade: procedimento que verifica qual o impacto nos indicadores

    financeiros, tais como Valor Presente Lquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR),

    quando se varia um determinado parmetro relevante do investimento;

    ndice de cobertura do servio da dvida (ICSD): que consiste na razo entre a gerao de

    caixa e a dvida a ser paga.

    Assim os modelos de anlise econmico-financeira tem por objeto o financiamento, que por

    sua vez se constitui como elemento crucial para a deciso do investimento, em especial

    quando esta tomada na esfera privada em opes de financiamento de longo prazo, tais

    como estruturas de Corporate Finance onde a avaliao baseada majoritariamente no fluxo

    de caixa da empresa e Project Finance onde primordialmente a qualidade do projeto, e no a

    sade financeira do tomador do emprstimo, que neste caso geralmente uma empresa

    recm-criada Sociedade com o Propsito Especfico (SPE), sem histrico de ndices

    financeiros a serem analisados.

  • 36

    Por sua vez a estrutura Project Finance se faz necessrio uma srie de arranjos-garantia de

    modo a assegurar que de fato o empreendimento ser bem sucedido, como garantias de

    demanda de longo prazo; garantia dos fornecedores para assegurar que de fato o projeto

    consiga operar para vender esta demanda que deve estar garantida; e garantia de construo

    para assegurar que o projeto de fato ser implementado no prazo acordado.

    Segundo Melo (2012), o BNDES somente em 2010, destinou R$ 13,8 bilhes para o setor

    eletrico, no caso da energia elica o valor foi aproximadamente R$ 1,8 bilhes entre os anos

    de 2005 e 2010, podendo chegar a investimentos futuros para esta fonte em torno de R$ 12,5

    bilhes.

    Assim em um cenrio de crescente esforo de polticas pblicas e empreededorismo, em 2009

    segundo Salino (2011), linhas de emprstimos e baixas taxas de juros, bancos como o KfW da

    Alemanha, Banco de Investimento Europeu (EIB), Banco de Desenvolvimento Asitico e o

    BNDES no Brasil ajudaram a financiar investimentos e projetos em energias renovveis e

    impulsinar toda cadeia produtiva da energia elica no Brasil.

    Para Melo (2011) o momento agora de consolidao e sustentabilidade da indstria, sendo

    necessrio pensar em um modelo que priorize as fontes renovveis e limpas de energia, tendo

    em conta o quesito segurana do suprimento.

  • 37

    3.2.2 PLANEJAMENTO ENERGTICO LONGO PRAZO,

    INFRAESTRUTURA ENERGTICA E ARRANJO INSTITUCIONAL.

    Um Planejamento Energtico Longo Prazo, permite integrar e aproveitar, de forma racional,

    flexvel e contnua, os recursos distribudos no seu territrio possibilitando a produo de

    bens e servios na sociedade, determinados assim onde, quando e como as grandes obras de

    Infraestrutura Energtica, como Gerao e Transmisso e a manuteno e ampliao da

    Distribuio vo estar e bem como o Arranjo Institucional entender e promover o uso do

    capital construdo de forma sustentvel.

    3.2.2.1 Planejamento Energtico Longo Prazo.

    A capacidade do Estado criar, gerir e executar planos de investimento na rea de

    infraestrutura de energia, esta presente nas primeiras experincias de planejamento econmico

    realizadas em 1945, devido certeza, segundo Costa (1996), de que o desenvolvimento s

    seria alcanado por meio da industrializao, para atingir e manter relativa autonomia e no

    ficar na dependncia de pases com desenvolvimento tecnolgico mais avanado.

    A elaborao do planejamento deve ser negociado e coordenado de forma eficiente com a

    sociedade, pois ele estabelece a interlocuo permanente entre as esferas pblica e privada e

    busca pelo progresso econmico e social de uma nao.

    Para Rezende (2010), entretanto, somente a partir de 2007 com o Programa de Acelerao

    do Crescimento (PAC) (2007-2011) e a atual Poltica Industrial, denominada Poltica de

    Desenvolvimento Produtivo (PDP), lanada em maio de 2008, o governo retoma os

    instrumentos e a capacidade de interveno estatal, por meio do planejamento econmico ao

    menos no mbito setorial em prol do desenvolvimento.

    Neste sentido Projeto de Reestruturao do Setor Eltrico Brasileiro (RE-SEB), 1996,

    promoveu um Novo Modelo Institucional do Setor Eltrico (NMISE), com a criao de amplo

    arranjo institucional, dentre as quais a Empresa de Pesquisa Energtica EPE, empresa

    pblica, vinculada ao MME, instituda pela Lei n 10.847, de 15 de maro de 2004, com

    finalidade prestar servios na rea de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o

    planejamento do setor energtico, tais como energia eltrica, petrleo e gs natural e seus

    derivados, carvo mineral, fontes energticas renovveis e eficincia energtica, sendo de sua

  • 38

    responsabilidade elaborar estudos necessrios para o desenvolvimento dos Planos de

    Expanso da Gerao e Transmisso de Energia Eltrica de curto, mdio e longo prazos.

    Assim no perodo 2005/2009 foi adotado segundo Filho (2009), uma viso estratgica de

    longo prazo, horizonte de at 30 anos, com a elaborao dos Plano Nacional de Energia 2030

    e a Matriz Energtica Nacional 2030, ambos com uma periodicidade de atualizao no

    mnimo a cada trs anos, com o objetivo de estabelecer as polticas e as alternativas de

    expanso do sistema energtico nacional, definidas no mbito do CNPE- Conselho Nacional

    de Poltica Energtica, rgo de assessoramento ao Presidente da Repblica para as questes

    de energia do pas.

    Por sua vez a elaborao do Plano Decenal de Expanso de Energia PDE, so atualizados

    anualmente e contemplam os horizontes de cenrios futuros decenais, tendo a ultima verso

    publicada em 2014, ele incorpora uma viso integrada da expanso da demanda e da oferta de

    diversos energticos para o perodo de 2013 a 2022.

    Plano Decenal de Expanso de Energia PDE 2013 2022, demonstra a significativa

    participao das fontes renovveis na matriz eltrica a partir do ano de 2016, expanso mdia

    anual de 10%, 18%, no incio de 2017, para 21%, em dezembro de 2022, distribudos

    basicamente entre as regies Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e Sul, com destaque para as

    usinas elicas, conforme a Tabela 3 .

    Tabela 3 - Evoluo da Capacidade Instalada por Fonte de Gerao

    Fonte: (EPE, 2014)

    As energias renovveis exibem um crescimento mdio anual de 4,7%, destacando-se o

    crescimento 8,5% para a energia elica.

  • 39

    Entretanto o PDE indica a expanso do parque gerador, com termeltricas a gs natural a

    partir de 2018, totalizando 1.500 MW, devido disponibilidade e competitividade dos

    projetos de gs natural nos futuros leiles para compra de energia nova, apresentando um

    ganho substancial de participao na oferta de energia, saindo de 11% em 2013 para 16% em

    2022, resultante de sua taxa mdia anual de crescimento de 9% no perodo.

    Por outro lado a participao do petrleo e seus derivados na oferta interna total de energia,

    cai de 38,5% em 2013 para 34,9% em 2022. Apesar do incremento na produo de petrleo

    bruto, as perspectivas de substituio da gasolina por etanol e do leo combustvel por gs

    natural so os principais determinantes da diminuio da participao.

    A metodologia empregada pela EPE, denominada planejamento estratgico ou de cenrios

    prospectivos, consiste basicamente na construo de trs cenrios hipotticos, cada qual

    representando hipteses agregadas de evoluo de fatores econmicos, sociais e polticos

    cujas consequncias possam trazer algum impacto, em termos positivos ou negativos, para a

    oferta ou a demanda de energia no pas.

    3.2.2.2 Infraestrutura Energtica.

    A primeira grande alterao introduzida pelo NMISE, segundo Benedito e Pinto (2011), foi a

    segregao das atividades relacionadas Gerao, Transmisso, Distribuio e

    Comercializao de Energia, antes operadas de forma conjunta por uma nica empresa estatal

    em cada regio do pas, permitindo assim o desenvolvimento da cadeia produtiva de cada

    etapa do fornecimento de energia e a identificao dos pontos crticos da infra - estrutura

    energtica que compem o Sistema Eltrico Brasileiro (SIN).

    Segundo a ANEEL (2008) o Sistema Eltrico Brasileiro atende aproximadamente 95% da

    populao do pas, o que representa 61,5 milhes de unidades consumidoras e 99% dos

    municpios. O sistema dividido em dois tipos: o Sistema Interligado Nacional (SIN) e os

    Sistemas Isolados. O SIN responsvel por transmitir 96,6% da eletricidade gerada no pas e

    atende as regies Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da regio Norte (ONS, 2010),

    A principal qualidade do SIN segundo IPEA (2012) sua capacidade de realizar trocas de

    energia eltrica entre as regies, balanceando a gerao de acordo com a disponibilidade

    hdrica das usinas, que esto localizadas em diferentes bacias hidrogrficas, com diferentes

    regimes hidrolgicos, e sua estrutura composta por Instalaes de Conexo e Transmisso,

  • 40

    compreendidas em um amplo complexo de estaes transformadoras e de redes de linhas de

    transmisso, chamado de Rede Bsica de Transmisso, que conecta os consumidores maior

    parte das instalaes de gerao existentes no Pas.

    3.2.2.3 Estaes Transformadoras.

    Segundo Arantes (2013), o acesso Rede Bsica pode ser atravs do seccionamento de uma

    linha de transmisso ou da conexo a uma subestao existente, quer seja em carter

    exclusivo por meio da Instalao de Transmisso de Interesse Exclusivo de Centrais de

    Gerao para Conexo Compartilhada (ICG), destinado a grandes produtores de energia de

    propriedade da concessionria de transmisso ou compartilhado atravs da Instalao de

    Transmisso de Interesse Exclusivo de Centrais de Gerao para Conexo Compartilhada

    (IGC) de responsabilidade do Concessionrio de Servio Pblico de Transmisso de Energia

    dententor da Rede Bsica e destinada a possibilitar, mediante o pagamento de encargo

    especfico, a concexo de centrais de gerao a partir de fonte elica, biomassa ou pequenas

    centrais hidreltricas. Equanto no Sistema de Distribuio podem se dar por meio de

    instalaes de conexo de propriedade das centrais de gerao.

    3.2.2.4 Linhas de Transmisso.

    As Linhas de Transmisso so dimensionadas (reforo ou ampliao) conforme a oferta de

    energia apresentada em leiles de gerao, pela Empresa de Pesquisa Energtica (EPE), e

    implantada para conectar atravs das subestaes coletoras essa energia Rede Bsica do

    Sistema Interligado Nacional (SIN), atravs de leilo especifico de linhas de transmisso e

    estaes transformadoras.

    Arantes (2013) em seu estudo, demonstra, entretanto, que o primeiro Leilo de Transmisso

    n 008/2008, ocorrido em 12 de junho de 2008, ou seja, antes do LER 2008, que ocorreu em

    14 de agosto de 2008, sobredimensionou o sistema por contemplar todas as fontes geradores

    habilitadas e no somente as vencedoras. Porem o sucesso das usinas elicas nos leiles de

    energia, gerou um espraiamento dos pontos de gerao em locais no contemplados pelo

    sobredimensionado realizado em 2008, gerando pontos cegos de conexo, impossibilitando o

    escoamento dessa energia.

  • 41

    Para tanto, faz-se necessria segundo EPE (2005), uma integrao completa do sistema de

    gerao, transmisso e distribuio de energia, de modo a assegurar a qualidade da prestao

    do servio no tempo sem incorrer em custos proibitivos.

    3.2.2.5 Arranjo Institucional.

    O Novo Modelo Institucional do Setor Eltrico (NMISE) criou um amplo arranjo

    institucional, compreendido em agncias, empresas pblicas, secretaria e conselhos para

    auxiliar a gesto do setor energtico pelo MME, esto relacionadas abaixo:

    A Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL): que sucedeu o Departamento Nacional de

    guas e Energia Eltrica (DNAEE), uma autarquia vinculada ao Ministrio de Minas e

    Energia (MME) encarregada das atividades de regulao e fiscalizao das atividades

    relacionadas ao setor eltrico, a qual atua como interlocutora do Estado na gesto tarifria e

    na formulao de normas e instrues, e como mediadora de potenciais conflitos entre

    empresas fornecedoras e consumidores de energia.

    O Operador Nacional de Sistema (ONS), sucedeu o GCOI (Grupo de Controle das Operaes

    Integradas, subordinado Eletrobrs), responsvel pela coordenao da operao das usinas

    e redes de transmisso do Sistema Interligado Nacional (SIN), realiza estudos e projees

    com base em dados histricos, presentes e futuros da oferta de energia eltrica e do mercado

    consumidor, para decidir quais usinas devem ser despachadas, opera o Newave, programa

    computacional que, com base em projees, elabora cenrios para a oferta de energia eltrica.

    Empresa de Pesquisa Energtica (EPE), sucedeu O Comit Coordenador do Planejamento da

    Expanso (CCPE), sua funo principal realizar o planejamento para o setor a mdio e

    longo prazo, por meio da construo de trs cenrios hipotticos, c