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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DE RIBEIRÃO PRETO Desenvolvimento e caracterização de creme para as mãos contendo cristais líquidos para auxílio no tratamento de doenças ocupacionais Érika Cristina Vargas de Oliveira Ribeirão Preto 2010

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP · Eliane Candiani Arantes Braga e Lorena Gaspar Rigo, pela ... lar de paz e aconchego. Às amigas Ana Lúcia e Francinalva, ... in small concentrations

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DE RIBEIRÃO PRETO

Desenvolvimento e caracterização de creme para as mãos

contendo cristais líquidos para auxílio no tratamento de

doenças ocupacionais

Érika Cristina Vargas de Oliveira

Ribeirão Preto

2010

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DE RIBEIRÃO PRETO

Desenvolvimento e caracterização de creme para as mãos

contendo cristais líquidos para auxílio no tratamento de

doenças ocupacionais

Orientada: Érika Cristina Vargas de Oliveira

Orientador: Prof. Dr. Pedro Alves da Rocha Filho

Ribeirão Preto

2010

Dissertação de mestrado, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências Área de Concentração: Medicamentos e Cosméticos

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE

TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO,

PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA

Oliveira, Erika Cristina Vargas de Desenvolvimento e caracterização de creme para as mãos contendo cristais líquidos para auxílio no tratamento de doenças ocupacionais. Ribeirão Preto, 2010.

108p.; 30cm.

Dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade de Ciências

Farmacêuticas de Ribeirão Preto/USP – Área de concentração:

Medicamentos e Cosméticos.

Orientador: Rocha-Filho, Pedro Alves da

1. doenças ocupacionais. 2. Hidratação. 3. manteigas e óleos vegetais. 4. creme para as mãos. 5. cristal líquido.

FOLHA DE APROVAÇÃO

Erika Cristina Vargas de Oliveira

Desenvolvimento e caracterização de creme para as mãos contendo cristais

líquidos para auxílio no tratamento de doenças ocupacionais

Orientador: Prof. Dr. Pedro Alves da Rocha Filho Aprovado em:

Banca Examinadora

Prof. Dr.

Instituição: Assinatura:

Prof. Dr.

Instituição: Assinatura:

Prof. Dr.

Instituição: Assinatura:

Dissertação de mestrado, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências Área de Concentração: Medicamentos e Cosméticos

Dedico este trabalho aos meus pais

Filomena e WorneyFilomena e WorneyFilomena e WorneyFilomena e Worney e à minha irmã Ana Ana Ana Ana

ThaisThaisThaisThais por serem a força que me faz

continuar.

AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Pedro Alves da Rocha Filho, pelo acolhimento, orientação e pela

confiança no meu trabalho. Obrigada por abrir as portas da vida científica.

À Profa. Dra. Lia Queiroz do Amaral, do IFUSP-USP pelo interesse no meu

trabalho, a boa vontade em colaborar e ajudar sempre, sou muito grata em tê-

la no meu caminho.

Á Profa. Dra. Márcia Carvalho de Abreu Fantini, do LCr-IFUSP-USP, por ter

aberto as portas de seu laboratório para execução dos testes de Difração de

Raios-X.

Às Profas. Dras. Eliane Candiani Arantes Braga e Lorena Gaspar Rigo, pela

disponibilidade e colaboração no exame de qualificação.

À Profa. Dra Marilisa Guimarães Lara, pela colaboração como assessora

científica.

À Profa. Dra Vera Lúcia Borges Isaac Rangel, da FCFAR-UNESP, pela

colaboração e sugestões na discussão de resultados

Aos amigos e colegas de laboratório: Cindy, Daniela, Fernando, Tatiana,

Mônica, Naira, Talita e Viviane, pela boa convivência, por tornarem o dia-a-

dia mais leve e divertido. Agradecimento especial à Naira, que tanto nos

ajudou e ajuda sempre.

À aluna de iniciação científica Íris, pela colaboração, boa vontade e

persistência no trabalho. Ás demais alunas de iniciação: Natália, Luciana,

Manuela, Carolina, Gisely, Odila e Josiane pela agradável convivência.

Ao técnico Manoel Eduardo Bortolin pelo apoio e auxílio no dia-a-dia.

Ao técnico Antônio Carlos Franco da Silveira do IFUSP-USP, pelo apoio e

disponibilidade

Às amigas Fábia e Fabiana, pela companhia, amizade fora do trabalho.

Às amigas Vivian, Michele, Cristina e Valéria, por fazerem da nossa casa um

lar de paz e aconchego.

Às amigas Ana Lúcia e Francinalva, pela acolhida e companhia.

Aos voluntários que consentiram em participar do teste de avaliação in vivo,

muito obrigada.

À Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto – USP, pela valiosa

oportunidade de aprimoramento profissional.

Às empresas: Beraca, Croda do Brasil, Chemyunion e Oxiteno, por gentilmente

cederem as matérias-primas para o desenvolvimento desta pesquisa.

À CAPES, pelo apoio financeiro.

À todos que contribuíram e torceram direta ou indiretamente, para o sucesso

desta pesquisa.

MUITO OBRIGADA!!!

...que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica

nem com balanças nem barômetros etc.

Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo

encantamento que a coisa produza em nós.

Manoel de BarrosManoel de BarrosManoel de BarrosManoel de Barros

i

RESUMO OLIVEIRA, E. C. V. Desenvolvimento e caracterização de creme para as mãos contendo cristais líquidos para auxilio no tratamento de doenças ocupacionais. 2010. XXf. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2010 Atualmente doenças ocupacionais manifestadas nas mãos, como hiperqueratinização, escamação, desidratação e fissuras profundas são frequentemente relatadas por profissionais como médicos, enfermeiros, dentistas, mecânicos e donas de casa. O uso frequente de luvas e o contato constante com substâncias químicas como detergentes e sabões são as principais causas. O tratamento é feito pelo uso de corticóides tópicos, o que a longo prazo pode causar aumento das infecções no local de aplicação, devido ao efeito colateral de inibição do sistema imune destes fármacos. Isto exposto, fica evidenciada a importância da profilaxia e boa hidratação como alternativas de tratamento. O emprego de matérias-primas vegetais em formulações cosméticas atende ao apelo de sustentabilidade e biocompatibilidade tão buscado pelas empresas do setor. Óleos como o de andiroba e copaíba são tradicionalmente empregados pois podem apresentar potencial antibiótico e antiinflamatório. As manteigas de cacau e cupuaçu possuem alto teor de ácidos graxos, o que lhes confere potencial poder hidratante. Óleos e manteigas vegetais apresentam ainda potencial na formação de estruturas lamelares, as quais melhoram a estabilidade e aumentam o poder hidratante da formulação onde estão presentes. Esta pesquisa teve como objetivo o desenvolvimento de um creme à base de matérias primas vegetais, destinado à profissionais acometidos de doenças ocupacionais nas mãos. Foram manipuladas formulações com os óleos de copaíba e andiroba, aditivadas de manteigas de cacau e cupuaçu. Diversos pares de tensoativo foram pesquisados a fim empregar aquele que produzisse melhor estabilidade e permitisse a formação de estruturas lamelares. Quando empregados os tensoativos PEG-80 Sorbitan

Laurate / Steareth-2 em emulsões com valores de EHL final 7 e 9, foi obtida boa estabilidade preliminar e observada presença de estruturas lamelares. Foi avaliado o comportamento destas frente à evaporação da água e foi observado que mesmo em pequenas concentrações ou após evaporação da água livre do sistema, as estruturas lamelares se mantêm presentes, sugerindo armazenamento de água entre as lamelas. A caracterização por difração de raios-X em alto ângulo (WAXS) permitiu observar que as cadeias carbônicas que compõem a bicamada ao redor dos glóbulos internos da emulsão estão dispostas em um estado ordenado denominado fase gel. A análise por difração de raio-X a baixo ângulo (SAXS) confirmou que os tensoativos estão organizados em multicamadas lamelares intercaladas por camadas de água que se mantiveram estáveis mesmo após três meses de envelhecimento em temperatura ambiente. A avaliação reológica mostrou comportamento pseudo-plástico com tixotropia e ligeiro aumento da viscosidade com o tempo, porém, não confirmou boa estabilidade. Por meio dos testes in vivo observou-se que as formulações desenvolvidas promoveram aumento da hidratação a qual foi prolongada em relação à formulação de mercado. Palavras-chave: doenças ocupacionais, hidratação, manteigas e óleos vegetais, creme para as mãos, cristal líquido.

ii

ABSTRACT OLIVEIRA, E. C. V. Development and characterization of hand cream containing liquid crystals to aid in the treatment of occupational diseases. 2010. XXf. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2010

Currently occupational diseases manifested in the hands, as hyperkeratinazation, scaling, dehydration and deep fissures are frequently reported by professionals such as doctors, nurses, dentists, mechanics and housewives. The frequent use of gloves and constant contact with chemical such as detergents and soaps are the main cause. The treatment is done by the use of topical steroids, which in the long term may cause increased infections in the application site, due to side effect of inhibiting the immune system of these drugs. This exposed, the importance of proper hydration as prophylaxis and treatment alternatives is evidenced. The use of vegetable raw materials in cosmetic formulations attends the sustainability and biocompatibility appeal so sought by the cosmetics business sector. Oils such as Andiroba and Copaiba are traditionally used for their antibiotic and anti-inflammatory potential. Cocoa and Cupuassu butters have high levels of fatty acids, giving them potential moisturizing power. Vegetable oils and butters have yet a potential in formation of lamellar structures, which improve stability and increase the moisturizing power of the formulations where they are present. This research aimed to develop a cream based on vegetable raw materials destined to professionals suffering from occupational disease in the hands. Formulations were manipulated with Copaiba and Andiroba oils added with Cocoa and Cupassu butter. Several pairs of surfactant were investigated to employ one that produces better stability and allow the formation of anisotropic lamellar structures. When employed the following pair of surfactants PEG-80 Sorbitan

Laurate / Steareth-2 in emulsions with required HLB of 7 and 9, good preliminary stability was obtained and lamellar structures were observed. We evaluated their behavior against water evaporation and we observed that even in small concentrations or after free water evaporation, lamellar structures are still present, suggesting water storage between the lamellae. Characterization by X-ray diffraction at wide angle (WAXS) elucidated that he carbon chains composing the bilayer around the emulsion’s internal globules are disposed in an ordered state called gel phase. The analysis by small angle X-ray diffraction (SAXS) confirmed that the surfactants are arranged in multilayered lamellae intercalated by layers of water that remained stable even after three months aging at room temperature. The rheological evaluation showed pseudo-plastic behavior with thixotropy and slight increase in viscosity with time, however, not confirmed good stability. The in vivo tests showed that the formulations caused an increase in hydration which was prolonged in relation to the formulation from the market. Key words: occupational diseases, hydration, vegetable oils and butters, hand cream, liquid crystals.

iii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Camadas da pele e seus anexos................................................. 8

Figura 2: (A): camadas da epiderme; (B): melanócito em atividade............ 10

Figura 3: Células que compõem a epiderme............................................... 11

Figura 4: Localização dos receptores da pele............................................. 15

Figura 5: Estrutura do envelope lipídico protéico...................................... 17

Figura 6: Ilustração de palma da mão ressecada e com rachadura............ 18

Figura 7: Ilustração de palma de mão com DCI ......................................... 19

Figura 8: Esquema representando cadeias carbônicas na fase cristal

líquido......................................................................................................... 23

Figura 9: Esquema demonstrando cadeias carbônicas ordenadas na fase

gel....................................................................................................... 24

Figura 10: Representação da área do diagrama ternário onde foi feita a

variação das concentrações ao redor da formulação original.................... 37

Figura 11: Esquema representando a difração de Raios-X e distância

interplanar (d). Adaptado de Eccleston (2000)........................................... 41

Figura 12: Representação das regiões do antebraço demarcadas para a

avaliação in vivo......................................................................................... 42

Figura 13: Princípio de medida do Sebumeter®........................................... 44

Figura 14: Representação da região do diagrama selecionada.................. 48

Figura 15: Fotomicrografias sob luz polarizada das amostras (A) And7

(PEG--80 Sorbitan Laurate / Ceteth-2) e (B) And8 (PEG-80 Sorbitan

Laurate / Steareth-2). Aumento de 200X.................................................. 49

iv

Figura 16: Fotomicrografias sob luz polarizada da emulsão com EHL final

igual a 7 submetida ao teste de variação da fração aquosa no diagrama

de fases. (A)-(F) conteúdo de 70 a 20% de água na formulação. Aumento

de 200X.........................................................................................................

58

Figura 17: Fotomicrografias sob luz polarizada da emulsão com EHL final

igual a 9 submetida ao teste de variação da fração aquosa no diagrama

de fases. (A)-(F) conteúdo de 70 a 20% de água na formulação. Aumento

de 200X......................................................................................................... 59

Figura 18: Fotomicrografias sob luz polarizada da emulsão com EHL final

igual a 7 submetida ao teste de perda de massa por evaporação. (A)-(H)

perda de 10% a 80% de massa. Aumento de 200X.....................................

60

Figura 19: Fotomicrografias sob luz polarizada da emulsão com EHL final

igual a 9 submetida ao teste de perda de massa por evaporação. (A)-(H)

perda de 10% a 80% de massa. Aumento de 200X..................................... 61

Figura 20: Difratograma (adaptado) referente à amostra 29 com EHL final

igual a 7 (WAXS). No detalhe, difratograma original.................................... 64

Figura 21: Difratograma (adaptado) referente à amostra 29 com EHL final

igual a 9 (WAXS). No detalhe, o difratograma original................................. 65

Figura 22: Esquema representando a transição de cristal líquido para

fase gel de acordo com a temperatura de transição (Tt)............................ 66

Figura 23: Representação da distância interplanar (d).............................. 67

Figura 24: Difratograma referente à amostra 29 com EHL final igual a 7

(SAXS)........................................................................................................ 68

Figura 25: Difratograma referente à amostra 30 com EHL final igual a 7

(SAXS)........................................................................................................ 69

Figura 26: Difratograma referente à amostra 6 com EHL final igual a 7

(SAXS)........................................................................................................ 70

v

Figura 27: Difratograma referente à amostra 29 com EHL final igual a 9

(SAXS)........................................................................................................ 71

Figura 28: Difratograma referente à amostra 30 com EHL final igual a 9

(SAXS) 72

Figura 29: Difratograma referente à amostra 6 com EHL final igual a 9

(SAXS)........................................................................................................ 73

Figura 30: Organização das cadeias de óxido de etileno na água

interlamelar................................................................................................. 75

Figura 31: Esquema representando a estabilização do sistema

emulsionado por tensoativos com cadeias de óxido de etileno de

tamanhos diferentes. Adaptado de Kunieda (2001)................................... 75

Figura 32: Fotomicrografias sob luz polarizada da emulsão com EHL final

igual a 7 submetida ao teste de estabilidade acelerada............................... 78

Figura 33: Fotomicrografias sob luz polarizada da emulsão com EHL final

igual a 9 submetida ao teste de estabilidade acelerada............................... 79

Figura 34: Representação da análise dos valores de pH da emulsão com

valor de EHL final 7 nas diferentes condições de armazenamento em

função do tempo. Sendo: TA = Temperatura ambiente (25±2ºC); GEL =

Geladeira (4±2ºC) e EST = Estufa

(45±2ºC)........................................................................................................

81

Figura 35: Representação da análise dos valores de pH da emulsão com

valor de EHL final 9 nas diferentes condições de armazenamento em

função do tempo. Sendo: TA = Temperatura ambiente (25±2ºC); GEL =

Geladeira (4±2ºC) e EST = Estufa

(45±2ºC)........................................................................................................ 82

vi

Figura 36: Representação da análise dos valores de pH da emulsão com

valor de EHL final 7 adicionada de preservante BHT nas diferentes

condições de armazenamento em função do tempo. Sendo: TA =

Temperatura ambiente (25±2ºC); GEL = Geladeira (4±2ºC) e EST =

Estufa (45±2ºC)............................................................................................

83

Figura 37: Gráficos demonstrando o comportamento pseudo-plástico das

formulações com valores de EHL final 7 e 9....................................... 85

Figura 38: Áreas de histerese das formulações estudadas ao 01º e 90º

dias após a manipulação. Sendo: TA = Temperatura ambiente (25±2ºC);

GEL = Geladeira (4±2ºC) e EST = Estufa (45±2ºC).................................. 86

Figura 39: Gráfico representando o resultado da avaliação do potencial

hidratante das formulações.......................................................................... 88

Figura 40: Gráfico do resultado da avaliação da oleosidade cutânea das

formulações................................................................................................... 90

Figura 41: Gráfico do resultado da avaliação dos valores de pH cutâneo

após aplicação das formulações................................................................... 91

vii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Receptores da superfície da pele e respectivas funções.

Adaptado de Bear (2002)........................................................................... 14

Tabela 2: Componentes do NMF.............................................................. 16

Tabela 3: Descrição das proporções (% p/p) dos componentes das

emulsões selecionadas do diagrama de fases.......................................... 47

Tabela 4: Pares de tensoativos testados e suas proporções para o óleo

de Andiroba EHL= 7................................................................................... 48

Tabela 5: Pares de tensoativos testados e suas proporções para o óleo

de Copaíba EHL = 15................................................................................ 48

Tabela 6: Resultados dos testes de estabilidade preliminar das

formulações selecionadas......................................................................... 50

Tabela 7: Composição das formulações adicionadas das manteigas de

cacau e cupuaçu. Tensoativos: 83,72% de Steareth-2 e 16,28% de PEG-

80 Sorbitan Laurate........................................................................... 51

Tabela 8: Composição das formulações variando a porcentagem das

manteigas de cacau e cupuaçu em relação aos óleos.Ttensoativos:

83,72% de Steareth-2 e 16,28% de PEG-80 Sorbitan Laurate................. 52

Tabela 9: Composição das formulações variando a porcentagem das

manteigas de cacau e cupuaçu entre si. Tensoativos: 83,72% de

Steareth-2 e 16,28% de PEG-80 Sorbitan Laurate.................................... 52

Tabela 10: Resultados dos testes de estabilidade preliminar das

amostras representadas nas Tabelas 11 e 12, referentes à variação das

proporções das manteigas de cacau e cupuaçu....................................... 53

Tabela 11: Proporção dos tensoativos para estudo do EHL final............. 54

viii

Tabela 12: Resultados dos testes de estabilidade preliminar do estudo do

EHL requerido pela formulação....................................................................

54

Tabela 13: Proporção dos componentes das formulações geradas da

variação ao redor da formulação original número 29 do diagrama de

fases.............................................................................................................. 56

Tabela 14: Formulações estudadas segundo a variação da fração

aquosa. Tensoativos: 83,72% de Steareth-2 e 16,28% de PEG-80

Sorbitan Laurate........................................................................................... 57

Tabela 15: Amostras submetidas ao teste de difração de raios-X............... 62

Tabela 16: Dados referentes às medidas de WAXS da amostra 29 com

EHL final igual a 7................................................................................................... 64

Tabela 17: Dados referentes às medidas de WAXS da amostra 29 com

EHL final igual a 9......................................................................................... 65

Tabela 18: Dados referentes às medidas de SAXS da amostra 30 com

EHL final igual a 7......................................................................................... 68

Tabela 19: Dados referentes às medidas de SAXS da amostra 29 com

EHL final igual a 7...................................................................................... 69

Tabela 20: Dados referentes às medidas de SAXS da amostra 6 com

EHL final igual a 7......................................................................................... 70

Tabela 21: Dados referentes às medidas de SAXS da amostra 29 com

EHL final igual a 9......................................................................................... 71

Tabela 22: Dados referentes às medidas de SAXS da amostra 30 com

EHL final igual a 9......................................................................................... 72

Tabela 23: Dados referentes às medidas de SAXS da amostra 6 com

EHL final igual a 9......................................................................................... 73

Tabela 24: Exemplificação da proporção obtida entre os picos da amostra

29 EHL 7 em relação ao valor teórico segundo Luzatti (1962).................... 74

ix

Tabela 25: Resultados da análise reológica das formulações com valor

de EHL final 7 e 9......................................................................................... 87

x

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS %p/p = porcentagem peso em peso

d = distância Interplanar de Bragg

λ = comprimento de onda do aparelho de difração de Raios-X

2θ = ângulo de reflexão de Bragg

A/O = Água em Óleo

BHT = Butil-Hidroxi-Tolueno

CTFA = Cosmetic, Toiletry and Fragrance Association

DCA = Dermatite de Contato Alérgica

DCI = Dermatite de Contato Irritativa

DSC = Diferential Scanning Calorimetry, Calorimetria Exploratória Diferencia

DTA = Differential Thermal Analysis, Análise Térmica Diferencial

EHL = Equilíbrio Hidrófilo-Lipófilo

EST = Estufa

GEL = Geladeira

HR = Hidratação Relativa

INCI = International Nomenclature of Cosmetic Ingredients

Mc = Média da capacitância das leituras das regiões controle

Mp = Média da capacitância das leituras das regiões de aplicação do produto

NMF = Natural Moisturizing Factor

O/A = Óleo em Água

OE = Óxido de Etileno

PAL = Porcentagem de Água Ligada

PEG = Polietileno Glicol

SAXS = Small Angle X-Ray Scattering, Difração de Raios-X a baixo ângulo

TA = Temperatura Ambiente

Tt = Temperatura de transição entre cristal líquido e fase gel.

T0 = Tempo inicial da análise por difração de raios-X

Tf = Tempo final da análise por difração de raios-X

TEWL = Transepidermal Water Loss

UA = Unidade Arbitrária

UR = Umidade Relativa

WAXS = Wide Angle X-Ray Scattering, Difração de Raios-X a alto ângulo

xi

SUMÁRIO

Resumo.................................................................................................... i

Abstract..................................................................................................... ii

Lista de Figuras........................................................................................ iii

Lista de Tabelas........................................................................................ vii

Lista de Abreviaturas, Siglas e Símbolos.............................................. x

1. INTRODUÇÃO....................................................................................... 2

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................. 8

2.1. PELE................................................................................................... 8

2.1.1. Funções da pele............................................................................... 13

2.1.1.1. Proteção........................................................................................ 15

2.1.2. Hidratação e desidratação da pele................................................... 18

2.2. DERMATITE DE CONTATO IRRITATIVA (DCI).................................. 19

2.3. EMULSÕES......................................................................................... 20

2.3.1. Cristais líquidos e estruturas lamelares na fase gel....................... 21

2.3.1.1. Cristais líquidos............................................................................ 22

2.3.1.2. Estruturas lamelares em fase gel.................................................... 23

2.3.2. Difração de raios-X............................................................................. 22

2.3.3. Análise reológica................................................................................ 23

2.4. MATÉRIAS PRIMAS VEGETAIS........................................................ 26

2.4.1. Óleo de copaíba............................................................................... 26

2.4.2. Óleo de andiroba.............................................................................. 27

2.4.3. Manteiga de cacau........................................................................... 27

2.4.4. Manteiga de cupuaçu....................................................................... 27

xii

3. OBJETIVOS........................................................................................... 30

3.1 Objetivos Específicos........................................................................... 30

4. MATERIAL E MÉTODOS...................................................................... 32

4.1. MATERIAL.......................................................................................... 32

4.1.1. Tensoativos...................................................................................... 32

4.1.2. Fase Oleosa..................................................................................... 33

4.1.3. Fase Aquosa.................................................................................... 34

4.1.4. Aditivos............................................................................................. 34

4.1.5. Preservantes.................................................................................... 34

4.2. MÉTODOS.......................................................................................... 34

4.2.1. Obtenção das formulações............................................................... 34

4.2.1.1. Desenvolvimento das formulações................................................ 34

4.2.1.2. Escolha do par de tensoativos...................................................... 35

4.2.1.3. Adição dos ativos.......................................................................... 35

4.2.1.4. Estudo do EHL requerido pela formulação................................... 35

4.2.1.5. Variação das concentrações do diagrama de fases.................... 36

4.2.1.6. Análise macroscópica das formulações........................................ 37

4.2.1.7. Análise microscópica das formulações......................................... 37

4.2.1.8. Teste preliminar de estabilidade das emulsões............................ 38

4.2.1.8.1. Teste de centrifugação............................................................... 38

4.2.1.8.2. Estresse térmico......................................................................... 38

4.2.1.8.3. Determinação do valor de pH..................................................... 39

4.2.2. Estudo do comportamento microscópico das amostras frente à evaporação da fase aquosa....................................................................... 39

4.2.2.1. Variação da fração aquosa............................................................. 39

4.2.2.2. Teste de perda de massa por evaporação.................................... 39

xiii

4.2.3. Caracterização das emulsões por difração de raios-X................... 40

4.2.4. Testes de estabilidade acelerada..................................................... 41

4.2.4.1. Análise reológica........................................................................... 41

4.3. Avaliação in vivo do potencial hidratante, oleosidade e valor de pH cutâneo.........................................................................................................

42

4.3.1. Avaliação do potencial hidratante...................................................... 43

4.3.2. Avaliação da oleosidade cutânea...................................................... 43

4.3.3. Avaliação dos valores de pH cutâneo................................................ 44

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................. 46

5.1. Obtenção das formulações.................................................................. 46

5.1.1. Desenvolvimento das formulações................................................... 46

5.1.2. Variação dos tensoativos................................................................. 47

5.1.3. Adição dos ativos............................................................................. 50

5.1.4. Estudo do EHL requerido pela formulação...................................... 53

5.1.5. Variação das concentrações no diagrama ternário.......................... 55

5.2. Estudo do comportamento das formulações frente à evaporação da água............................................................................................................

56

5.2.1. Variação da fração aquosa................................................................ 59

5.2.2. Teste de perda de massa por evaporação....................................... 57

5.3. Caracterização das emulsões por difração de raios-X........................ 62

5.3.1. Difração de raios-X em alto ângulo (WAXS).................................... 63

5.3.2. Difração de raios-X em baixo ângulo (SAXS)................................. 67

5.4. Testes de estabilidade acelerada......................................................... 76

5.4.1. Análise reológica................................................................................ 83

5.5. Avaliação in vivo do potencial hidratante, oleosidade e valor de pH cutâneo.........................................................................................................

88

5.5.1. Avaliação do potencial hidratante...................................................... 88

5.5.2. Avaliação da oleosidade cutânea...................................................... 89

xiv

5.5.3. Avaliação dos valores de pH cutâneo................................................ 90

6. CONCLUSÕES........................................................................................ 93

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................... 96

8. ANEXOS................................................................................................ 109

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

2

1. INTRODUÇÃO

A pele, maior órgão do corpo humano, desempenha três funções principais:

transmissão de estímulos e sensações, regulação da temperatura corporal e

proteção. Além de barreira física contra agressões externas, protege contra

desidratação excessiva por meio de uma mistura de lipídios (colesterol, ácidos

graxos livres e esfingolipídios) e suor denominada manto hidrolipídico presente

sobre a epiderme. Neste manto ainda são encontrados aminoácidos livres,

uréia e ácido lático, substâncias estas muito hidrossolúveis e higroscópicas.

Este é o chamado Natural Moisturizing Factor (NMF) que é facilmente removido

por detergentes e solventes (BOWSERT et al., 1994). Na ausência deste

manto hidrolipídico a pele fica susceptível à descamação, dermatites e

infecções.

A mão com polegares opositores foi uma aquisição evolutiva (segundo a

teoria da evolução) que permitiu ao homem a execução de tarefas importantes,

como utilização de instrumentos e a modificação do ambiente o que

proporcionou maior sobrevivência. A partir daí, o aperfeiçoamento dos

movimentos e capacidades das mãos consagrou-as como fundamentais na

vida humana. Quaisquer danos às mesmas, como doenças de pele, fraturas,

inflamações e infecções podem afetar a execução de tarefas e por conseguinte

a vida do ser humano.

Atualmente doenças ocupacionais das mãos, aquelas adquiridas no

trabalho e que resultam em danos e dificultam a realização de quaisquer

tarefas, têm sido frequentes e responsáveis por afastamentos temporários do

indivíduo do seu local de trabalho, resultando em prejuízos financeiros para si e

para a empresa. As reações na pele das mãos são frequentemente relatadas

por médicos, dentistas, enfermeiras, mecânicos e donas de casa, necessitando

de cuidados especiais. Hamman et al. (2003) observaram hiperqueratinização

na parte posterior dos dedos, além de escamação, secura e fissuras profundas.

A dermatite de contato irritativa (DCI) é a que mais prevalece no diagnóstico de

doenças associadas à ocupação (BARTOLO et al., 1996) sendo considerada a

desordem dermatológica mais frequente entre as enfermeiras. Os principais

causadores da DCI são os tensoativos aniônicos presentes em cosméticos

seguidos dos solventes orgânicos, sabões e detergentes. A maioria dos casos

de dermatite ocupacional é devida à exposição crônica a estes produtos, que

3

podem causar distúrbios na constituição natural da pele (SZEPIETOWSKI e

SALOMON, 2005). Os fatores que aumentam o risco de desenvolvê-la são os

seguintes: frequência de lavagem das mãos, uso de desinfetante, condições de

umidade excessiva, exposição a detergentes e uso de luvas. Uma forma de

amenizar os efeitos da desidratação e mesmo preveni-la é o emprego de

produtos hidratantes. Quando há falhas na composição química do manto

hidrolipídico, o hidratante penetra na pele e preenche os espaços vazios entre

as células ocluindo-os, evitando assim a evaporação da água além do normal e

a pele recupera o aspecto saudável.

Cremes hidratantes na forma de emulsões consistem na mistura de dois

líquidos imiscíveis onde um líquido está disperso em outro na forma de

pequenos glóbulos. A formação de uma emulsão é possível devido à ação do

emulsificante, que forma uma camada com propriedades eletrostáticas ao redor

dos glóbulos do líquido disperso, impedindo que coalesçam e separem- se do

dispersante (BOOCK, 2007). Quando o liquido disperso (fase interna) é um

óleo e o líquido dispersante (fase externa) é a água, a emulsão é classificada

como O/A. No caso inverso a emulsão é classificada como A/O. As emulsões

mais adequadas para uso tópico como cosméticos são do tipo O/A por terem

aspecto menos oleoso sendo, portanto mais confortáveis (MORRISON, 2002).

Também são mais facilmente espalhadas e têm maior afinidade com as

camadas da pele (MARTI-MESTRES, 2002). Porém, as emulsões são sistemas

termodinamicamente instáveis sendo que a presença de estruturas lamelares

melhora a estabilidade destas (ECCLESTON, 1990).

Em emulsões formadas por tensoativos não-iônicos o filme interfacial é

composto por bicamadas lamelares do surfactante separadas por água. As

cadeias carbônicas que as compõem podem estar dispostas em dois estados

físicos: estado ordenado (fase gel), ou desordenado (estado líquido cristalino).

As características físico-químicas do tensoativo empregado e a temperatura do

sistema determinam em que estado se encontrarão as cadeias carbônicas nas

bicamadas.

A conformação em múltiplas camadas com água retida entre as cadeias

hidrofílicas é característica semelhante às membranas das células humanas.

Isto confere à formulação que as contêm propriedades como (i) proteção dos

ativos incorporados frente à foto e termodegradação, (ii) aumento da retenção

4

de água e consequente hidratação do estrato córneo e, (iii) aumento da

estabilidade físico química, por exemplo, viscosidade e poder solubilizante e

dispersante (ENGELS & RYBINSKI, 1998; BOOCK, 2007).

A técnica de difração de raios-X tem se mostrado eficiente na elucidação

da interação entre as porções parafínicas e aquosas em sistemas complexos

como as emulsões. Por meio dela é possível determinar a disposição das

cadeias carbônica (fase gel ou líquido cristalina) e, se os glóbulos das mesmas

são estabilizados por filme monomolecular ou por estruturas lamelares.

Para ser considerada apropriada para o uso, uma emulsão precisa

apresentar alguns critérios, tais como estabilidade prolongada e consistência

adequada para aplicação e liberação de ativos. Tão decisivas características

podem ser avaliadas por meio da análise reológica que permite determinar

aquelas desejáveis às formulações cosméticas tais como a tixotropia. Esta

propriedade é interessante, pois quando presente determina que o produto se

torna menos viscoso no momento da aplicação facilitando o uso da formulação

cosmética (GAO, 2003).

A diversidade da flora brasileira permite a multiplicidade de matérias

primas no desenvolvimento de novos produtos para a indústria farmacêutica

(PENIDO et al, 2005). Componentes naturais como óleos derivados de plantas

e animais têm sido usados em formulações cosméticas. A tendência do

consumo de produtos naturais e a elevação dos preços dos produtos derivados

do petróleo colaboram ainda mais para o desenvolvimento de estudos para

aplicação de produtos vegetais (SILVA & SOARES, 1996).

Os óleos, ceras e manteigas vegetais possuem propriedades

emolientes, são substâncias que mantêm a suavidade, a maciez e a

flexibilidade da pele. A incorporação de emolientes vegetais como

componentes de uso tópico proporciona efeitos de reposição e proteção da

matriz lipídica da pele sendo capazes de auxiliar no tratamento de dermatoses

como DCI (SILVA, 2002). Os óleos vegetais ainda possuem vantagens como

boa penetração cutânea, capacidade de liberação de ativos, baixos valores de

viscosidade e peso molecular, sendo menos oclusivos que óleos minerais.

(ANDRADE, 2008).

O óleo de copaíba é uma resina extraída do tronco das árvores de

diversas espécies do gênero Copaífera. São atribuídas a ele atividades

5

analgésica, antialérgica e antiinflamatória, é também rico em triterpenos,

tetraterpenos, alcalóides e limonóides (PENIDO et al, 2005).

O óleo de andiroba é extraído das sementes produzidas pela árvore

Carapa guyanensis, da família das Meliáceas. A alta porcentagem de ácidos

graxos tais como palmítico (28%), palmitolêico, esteárico, oléico (52%),

linolêico e araquídico, o torna interessante para a indústria cosmética. São

atribuídas ainda ações anti-reumática, antiinflamatória e cicatrizante

(OLIVEIRA, 2008).

A manteiga de cacau é o material graxo natural da semente do cacau

(Theobroma cacau L.). É bastante estável, com ponto de fusão baixo, em torno

de 35°C, tem propriedades emolientes e antioxidantes. Apresenta boa

biocompatibilidade e baixa toxicidade para a pele humana sendo empregada

em formulações para pele, lábios e cabelos (BOOCK, 2007).

A manteiga de cupuaçu é extraída das sementes da árvore Theobroma

grandiflorum L.. O alto conteúdo em ácidos graxos saturados e insaturados lhe

confere baixo ponto de fusão (± 30°C) e boas propriedades emolientes e

hidratantes. Possui grande capacidade de absorção de água,

aproximadamente 240% superior à da lanolina, sendo um importante substituto

vegetal desta (BOOCK, 2007).

Tendo em vista a larga aplicabilidade das matérias-primas vegetais em

formulações com potencial hidratante, a capacidade das estruturas lamelares

em aumentar essa propriedade e a importância desta no tratamento das

doenças ocupacionais, o objetivo geral desta pesquisa foi o desenvolvimento

de formulação hidratante contendo estruturas lamelares que auxilie de forma

eficaz no tratamento de DCI. Foram avaliados aspectos físico-químicos do

produto, caracterizadas as estruturas lamelares, estudado o comportamento

destas frente à evaporação da fase aquosa da emulsão além do

comportamento reológico e capacidade hidratante do produto final. Os

resultados obtidos demonstraram que o produto desenvolvido apresenta ao

redor dos glóbulos da fase interna bicamadas multilamelares cujas cadeias

carbônicas estão dispostas em uma estrutura ordenada denominada fase gel.

Estas se mantiveram estáveis nos testes de estabilidade conduzidos. A

avaliação reológica revelou que todas as formulações apresentavam

comportamento pseudo-plástico com tixotropia, porém, não confirmou a

6

estabilidade das mesmas. O teste in vivo confirmou a capacidade hidratante da

formulação desenvolvida e mostrou uma hidratação prolongada em relação à

formulação de mercado.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICAREVISÃO BIBLIOGRÁFICAREVISÃO BIBLIOGRÁFICAREVISÃO BIBLIOGRÁFICA

8

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. PELE

A pele é o maior órgão do corpo humano. Em uma pessoa de 70

kg é responsável por cerca de 12 kg do seu peso. (representa quase 15% do

peso de nosso corpo) com área de 20.000 cm2 e volume de 4000 mL; a

espessura varia de 0,5 a 5 mm (região orbital), sendo mais espessa (1,5 mm)

na planta do pé e na palma da mão. Constitui barreira impermeável

intermediária entre o meio interno e o ambiente, além de ser importante órgão

de comunicação e desempenhar funções muito importantes como regulação da

perda de água e isolante térmico.

A pele é formada por três camadas unidas entre si: epiderme, derme e

hipoderme (Figura 1) tendo cada uma características e funções diferentes.

Figura 1: Camadas da pele e seus anexos (NATURA, 2009)

9

1ª) Epiderme

É a camada mais externa da pele, constituída também por camadas

denominadas estratos (Figura 2). Formada por células achatadas denominadas

queratinócitos, ricas em queratina ajuda a evitar a desidratação, ou perda de

água, do organismo, Estas células estão envolvidas pelo envelope lipídico

protéico que as mantêm unidas e, consequentemente, com menos espaço para

permitir a perda de água por evaporação.

A epiderme está em constante renovação: à medida que envelhecem tornam-

se achatadas e preenchidas por queratina, sendo substituídas por novas

células que atingem à superfície (Figura 3). Este deslocamento para a parte

mais externa acontece porque as células são “empurradas” pelas mais novas e

este processo de renovação celular ocorre em intervalo de tempo de um a dois

meses. Na epiderme existem outras células, chamadas melanócitos que

produzem a melanina, responsável pela pigmentação da pele. A quantidade de

melanina determina a cor da pele de cada indivíduo protegendo-a dos efeitos

nocivos do sol.

10

Figura 2: (A): camadas da epiderme; (B): melanócito em atividade (P&G

beauty & grooming, 2010)

B A

11

Figura 3: Células que compõem a epiderme (BioSkinCare, 2010)

Estrato basal ou germinativo: é a camada mais profunda e recebe este nome

porque há divisão contínua de células que asseguram a renovação da

epiderme. É formado por uma fileira de células dos seguintes tipos:

- Células Basais ou Queratinócitos: a função principal é a produção de

queratina (proteína elástica e flexível que consiste no principal componente da

camada córnea) que forma, também, uma barreira contra os agentes externos

físicos e/ou químicos;

- Melanócitos: células responsáveis pela produção de melanina, cuja função

pigmentogênica apresenta obstáculo na ação das radiações solares, sendo

considerada como proteção solar natural. O processo pelo qual forma-se a

melanina é conhecido por melanogênese;

- Células de Langherans: localizadas na parte externa do folículo piloso e

glândula sebácea, desempenha papel fundamental no sistema imunológico da

pele, atuando no processo primário de antígenos exógenos que atingem a pele;

12

Estrato espinhoso: é também conhecido como camada malpighiana ou corpo

mucoso de Malpighi, formado por células que se achatam progressivamente

em direção à superfície. As células são ligadas umas às outras por pontes

intercelulares denominadas desmossomas;

Estrato granuloso:é formado pelas células granulosas que recebem este

nome devido ao grande número de grânulos em seu interior, formados por

queratina, que são continuamente produzidas pelos queratinócitos;

Estrato lúcido: de estrutura compacta e resistente, apresenta grande

quantidade de eleidina (substância oleosa responsável pelo tom translúcido da

pele). É praticamente inexistente nas regiões palmo-plantares;

Estrato córneo: repleto de queratina e em constante escamação. É a camada

mais superficial da pele.

2ª) Derme

A derme é a camada intermediária da pele com espessura entre 1 e 4

mm, formada por fibras e por grande quantidade de vasos sanguíneos e

linfáticos e terminações nervosas. As fibras são produzidas pelos fibroblastos e

podem ser elásticas ou colágenas. As elásticas permitem que a pele retome as

características normais após estiramento, enquanto as colágenas conferem

maior resistência à pele, formando uma rede que sustenta outras estruturas:

pêlos, unhas, glândulas sebáceas e sudoríparas.

As terminações nervosas localizadas na derme recebem os estímulos do

meio ambiente, e os transmitem ao cérebro, através dos nervos. Estes

estímulos são traduzidos em sensações, como dor, frio, calor, pressão,

vibração, cócegas e prazer.

Vasos sanguíneos nutrem e regulam a temperatura da pele. A

termorregulação é o resultado de contínua alternância entre vasoconstrição e

vasodilatação dos capilares em função da situação ambiental, contribuindo

para o controle da temperatura corporal.

A musculatura da pele é lisa e compreende os músculos eretores dos

pêlos, os dardos do escroto e a musculatura da auréola mamária sendo

importantes na geração de calor.

Os folículos pilosos são estruturas constituídas por células

queratinizadas. Existem dois tipos de pêlos: velus (pêlos tipo lanugem), e

13

terminal (mais espesso e pigmentado como cabelo, barba, pilosidade pubiana e

axilar).

As glândulas sudoríparas liberam o suor que é incolor, inodoro,

composto de 99% de água e solutos encontrados no plasma. O forte odor do

suor é causado por bactérias comumente presentes nas regiões sudoríparas.

Também devido ao suor da pele é mantida a temperatura do corpo e

eliminadas substâncias como uréia, ácido láctico, etc. As glândulas sudoríparas

podem ser:

- ÉCRINAS, que estão dispersas por todo o corpo, existindo em maior

quantidade nas regiões palmo-plantares e axilas. Desembocam diretamente na

superfície da epiderme, cujo orifício por onde é eliminado o suor chama-se poro

ou crossiríngio e se apresenta rodeado de queratina;

- APÓCRINAS, que desembocam nos folículos pilossebáceos e não

diretamente na superfície. Localizam-se na axila, área perimamilar e região

anogenital, e, modificadamente, no conduto auditivo externo, nas pálpebras

(glândulas de Moll) e nas mamas (glândulas mamárias).

As glândulas sebáceas estão: presentes em toda a pele, com exceção

das regiões palmares e plantares. Desembocam sempre no folículo

pilossebáceo com ou sem pêlo. O sebo diminui a perda de água, tem

propriedades antimicrobianas e substâncias precursoras de vitamina D.

3ª) Hipoderme

Camada mais interna da pele é formada por células preenchidas por

material graxo, tendo espessura bastante variável. Dá suporte e une a

epiderme e a derme ao restante do corpo e permite que as duas primeiras

camadas deslizem livremente sobre as outras estruturas do organismo. Além

disso, a hipoderme também mantém a temperatura corporal, acumula energia

para o desempenho das funções biológicas, protege o organismo contra

agressões mecânicas e facilita a mobilidade da pele em relação às estruturas

subjacentes.

2.1.1 Funções da pele:

A pele desempenha três funções principais: transmissão de estímulos e

sensações, regulação da temperatura corporal e proteção.

14

A transmissão de estímulos e sensações é de responsabilidade das

terminações nervosas da derme que captam os estímulos externos e enviam

ao cérebro onde serão traduzidos em sensações como dor, frio, calor, pressão

e vibração (Tabela 1 e Figura 4). Tais sensações permitem a percepção do

ambiente ao redor e uma rápida reação contra perigos e ameaças. As

terminações nervosas concentram-se em maior ou menor quantidade,

dependendo da região do corpo. Quanto maior o número de terminações,

maior é a sensibilidade, olhos e língua são exemplos de regiões bastante

sensíveis. Os tipos de terminações nervosas também variam de acordo com o

local. Nos lábios, por exemplo, há maior concentração de nervos sensíveis à

dor e pressão. Na língua, existem terminações (papilas gustativas) que

diferenciam os gostos dos alimentos: amargo, salgado, doce, ácido.

Tabela 1: Receptores da superfície da pele e respectivas funções. Adaptado

de Bear (2002).

RECEPTORES DE SUPERFÍCIE SENSAÇÃO PERCEBIDA

Receptores de Krause Frio

Receptores de Ruffini Calor

Discos de Merkel Tato e pressão

Receptores de Vater-Pacini Pressão

Receptores de Meissner Tato

Terminações nervosas livres Principalmente dor

15

Figura 4: Localização dos receptores da pele. Adaptado de

Bear (2002).

A regulação da temperatura é feita por dois mecanismos: o suor e o

arrepio. O suor, produzido pelas glândulas sudoríparas, resfria o corpo ao

evaporar-se, já o arrepio objetiva evitar a perda do calor armazenado na

camada de ar formada entre os pêlos. A temperatura ainda pode ser regulada

pela camada adiposa da hipoderme, importante isolante térmico, conservando

o calor interno.

2.1.1.1 Proteção

Além de barreira física contra agressões externas, a pele protege contra

desidratação excessiva por meio de uma mistura de lipídios (colesterol, ácidos

graxos livres e esfingolipídios) e suor denominada manto hidrolipídico presente

sobre a epiderme. Neste manto ainda são detectados aminoácidos livres, uréia

e ácido lático, substâncias estas muito hidrossolúveis e higroscópicas. O manto

hidrolipídico lubrifica a pele e os pêlos tornando a pele mais resistente às

infecções. Este é o chamado Natural Moisturizing Factor (NMF) que é

facilmente removido por detergentes e solventes (BOWSERT et al., 1994). Na

ausência deste a pele fica susceptível a descamação, dermatites e infecções.

16

O NMF é encontrado exclusivamente entre as células do estrato córneo e

sua função é devida aos seus constituintes químicos altamente solúveis em

água e suas características higroscópicas (Tabela 2). Em estados patológicos

cutâneos constata-se a ausência de NMF juntamente com anormalidades

associadas ao estrato córneo. Nos casos em que há ausência de NMF as

manifestações ocorrem como rachaduras severas, escamação da pele e uma

falha da descamação normal (BOWSERT et al, 1994).

Tabela 2: Componentes do NMF (CORTE, 2006)

Componentes Concentração

(%)

Aminoácidos 40

Ácido pirrolidônico carboxílico 12

Lactato de sódio 12

Açúcares 8,5

Uréia 7

Eletrólitos (sódio, cálcio, potássio, magnésio, fosfatos e

cloretos)

18

Amônia, ácido úrico, glicosamina, creatinina 1,5

Outros 1

A secreção sebácea é uma mistura de triglicerídeos, ácidos graxos livres,

colesterol e ésteres responsáveis pela oleosidade da pele. Atua como camada

protetora e plastificante sobre o estrato córneo e impede parcialmente a perda

de água e o excesso desta sobre a pele evitando assim a proliferação de

fungos e bactérias aumentando a resistência a ácidos e álcalis (HARRIS, 2003;

COSTA, 2009). Os lipídios intercelulares componentes do sebo também são

constituintes da barreira natural da pele mantendo-a hidratada e macia. Esses

lipídios formam multilamelas (Figura 5) que envolvem as células do estrato

córneo e incorporam água à sua estrutura (MARINO, 2001) sendo de grande

importância na prevenção de perda do NMF no interior dos corneócitos

(BOWSERT et al, 1994). São oriundos da degradação das células da camada

granular da epiderme e consistem em colesterol, ácido graxo livre e

esfingolipídios. As ceramidas são os maiores componentes dos lipídeos

17

intercelulares do estrato córneo e são fundamentais na construção da

bicamada lipídica e importante para a as forças de coesão-adesão do estrato

córneo e consequentemente da função de barreira (IDSON,1992). A coesão

entre os corneócitos também depende da ação de proteínas como integrina,

involucrina e filagrina as quais em quantidade insuficiente, estão envolvidas no

desenvolvimento de doenças como ictiose, dermatite atópica e psoríase

(PEREDA, 2010).

Figura 5: Estrutura do envelope lipídico protéico.

A maioria dos fatores responsáveis pelo ressecamento (Figura 6),

rachadura e dermatite de contato irritativa, pode ser devida à perda de água do

estrato córneo. Fatores como contato com solventes, detergentes, uso

excessivo de água e sabão e outros irritantes químicos, podem contribuir para

perda da função da barreira de proteção pela desnaturalização da queratina,

remoção do NMF e alteração na bicamada lipídica (MARINO, 2001). A

severidade do dano é dependente do tipo e intensidade de exposição a esses

fatores irritantes que pode aumentar pela penetração de irritantes e alérgenos

promovendo inflamação (TUPKER, 1997).

18

Figura 6: Ilustração de palma da mão ressecada e com rachaduras (Medscape

Today, 2010)

2.1.2 Hidratação e desidratação da pele

O conteúdo de água da pele é consideravelmente superior nas camadas

basais da epiderme (± 75%) e diminui à medida que as células se diferenciam

e migram em direção ao estrato córneo (10-15% de água). A hidratação

adequada dos corneócitos depende da integridade do conteúdo intercelular,

pois através do estrato córneo o corpo humano perde água (BOURY-JAMOT,

2006).

A evaporação fisiológica é denominada de perda da água

transepidérmica normal (Transepidermal Water Loss-TEWL). Esta acontece

quando a barreira de proteção da pele, o manto hidrolipídico e toda a fisiologia

da pele estão intactos. Já a desidratação acontece quando a perda de água

através do estrato córneo está acima do normal. Neste processo patológico

podem estar envolvidos fatores intrínsecos e extrínsecos como genética, idade,

hábitos pessoais e condições climáticas.

Todos os tipos de pele precisam de cuidados para evitar a desidratação.

A pele oleosa também pode ficar desidratada, pois, a hidratação é resultado de

um equilíbrio entre quantidade de óleo e água presentes na pele. Portanto, a

maior produção de sebo não impede a perda da água (HARRIS, 2003). O

envelhecimento também causa a desidratação da pele: quanto mais idoso,

menor a quantidade de água no organismo.

Com menos água, há menor proteção e, portanto, maior a facilidade de

irritação por substâncias químicas, ou mesmo pela poeira que está no ar. A

19

pele reage com inflamação: surgem as manchas vermelhas, chamadas de

eczemas ou dermatites que podem inflamar formar bolhas e produzir exsudato.

2.2. DERMATITE DE CONTATO IRRITATIVA (DCI)

Dermatite ou dermatose ocupacional é qualquer alteração da pele ou

mucosa e anexos, direta ou indiretamente causada, condicionada, mantida ou

agravada por agentes presentes na atividade ocupacional ou no ambiente de

trabalho. Podem ser de natureza alérgica ou irritativa, sendo esta última a mais

freqüente na proporção de 4:1(ALCHORNE, 2010).

As doenças ocupacionais que acometem a pele somam 60% de todas

aquelas relacionadas às condições de trabalho nos países industrializados

sendo 90% delas Dermatites de Contato (ALCHORNE, 2010). Dificultam a

realização de quaisquer trabalhos e têm sido responsáveis pelo afastamento

temporário do indivíduo de seu local de trabalho causando prejuízos para o

mesmo e para a empresa (CURR et al., 2008).

A Dermatite de Contato Alérgica (DCA) requer a ativação da imunidade

adquirida antígeno-específica levando ao desenvolvimento de células T

efetoras, mediadoras da inflamação cutânea. Já a Dermatite de Contato

Irritativa (DCI) (Figura 7) é decorrente dos efeitos tóxicos de xenobióticos

capazes de ativar a imunidade inata da pele (HENNINO, 2005).

Figura 7: Ilustração de palma de mão com DCI (Medscape Today, 2010).

Irritantes químicos são responsáveis por 75 a 80% dos casos de

dermatite (PIMENTEL, 1998). São considerados irritantes: solventes, sabões,

detergentes, sumos vegetais, antioxidantes, ácidos, bases, agentes redutores,

20

etc. Os irritantes considerados mais fortes são bem conhecidos e evitados,

como ácidos e solventes, porém, a ação dos irritantes mais fracos, como

sabões e detergentes, é muitas vezes ignorada. São ainda considerados

fatores de irritação (i) o contato constante com água, como para profissionais

da área de saúde; (ii) trabalhos que envolvam fatores mecânicos ou físicos

como calor, radiação e frio; e (iii) trabalhos envolvendo agentes biológicos,

como os relacionados à agricultura.

A prevenção primária à DCI consiste em treinamentos periódicos

abordando os cuidados no manuseio de substâncias irritantes, rotulagem

correta dos produtos manipulados indicando a substância presente e uso dos

equipamentos de proteção adequados (BARBAUD, 2005).

O diagnóstico de DCI é feito por meio de história clínica detalhada

observando o tempo de aparecimento das lesões, atividades profissionais

desenvolvidas assim como outras atividades habituais. Pode ser realizado o

teste epicutâneo que consiste em aplicar pequena quantidade da substância

suspeita na região afetada e observar a formação ou não de reação. Este

também é empregado para diferenciar entre DCI e DCA (DUARTE, 2000,

BORDEL-GOMÉZ, 2010).

Na DCI a retirada do irritante causal conduz, na maioria dos casos, a

melhora do quadro. Compressas úmidas com substâncias adstringentes são

usadas em casos apresentando bolhas ou vesículas. Os corticóides tópicos

podem sem empregados para diminuir o processo inflamatório. Cremes

hidratantes contendo uréia e silicones auxiliam na proteção da pele (DUARTE,

2000).

2.3. EMULSÕES

Emulsão é a mistura de dois líquidos imiscíveis onde um líquido está

disperso em outro na forma de pequenos glóbulos. Esta é possível devido à

ação do emulsificante, que forma uma camada com propriedades eletrostáticas

ao redor dos glóbulos do líquido disperso impedindo que eles coalesçam e se

separem do dispersante (LACHMAN, 2001; BOOCK, 2007). Quando o liquido

disperso (fase interna) é um óleo e o líquido dispersante (fase externa) é a

água, a emulsão é classificada como O/A. No caso inverso a emulsão é

classificada como A/O.

21

As emulsões mais adequadas para uso cosmético são as do tipo O/A

por terem aspecto menos oleoso sendo, portanto mais confortáveis

(MORRISON, 2002). Também são mais facilmente espalhadas e têm maior

afinidade com as camadas da pele (MARTI-MESTRES, 2002).

As emulsões podem ser obtidas por dois métodos principais:

emulsificação direta, onde as fases são simplesmente adicionadas uma à outra

sob intensa agitação, e emulsificação por inversão de fases que consiste em

adicionar a fase externa sobre a fase interna sob agitação até que a inversão

das fases ocorra. Durante este processo um sistema inicialmente A/O torna-se

O/A e vice-versa (OLIVEIRA, 2008)

De acordo com Cunha (1970) e Morais et al. (2006) uma emulsão

estável deve manter as mesmas características que possui quando da

fabricação mesmo se submetida a condições desfavoráveis de temperatura,

umidade, luz e agitação. A estabilidade de um sistema emulsionado depende

do equilíbrio entre os componentes, da ação do agente emulsionante, das

forças eletrostáticas formadas ao redor dos glóbulos, impedindo que ocorram

processos de instabilidade como floculação, cremeação e coalescência. Na

floculação os glóbulos da fase dispersa se aproximam, mas ainda se mantém

separados por uma fina camada de líquido. Na cremeação os glóbulos

assentam ou flutuam na porção superior do sistema disperso devido a

diferenças de densidade entre as fases. A coalescência é a separação total das

fases interna e externa pela remoção da camada interfacial. Tanto a floculação

quanto a cremeação são processos reversíveis, porém, em longo prazo

causam coalescência (ROLAND, 2003). Para garantir a estabilidade e

determinar o prazo de validade de um sistema emulsionado são realizados

testes que simulam condições inadequadas de armazenamento e situações

extremas de força da gravidade.

2.3.1. Cristais líquidos e estruturas lamelares em fase gel.

As cadeias carbônicas do tensoativo organizado em bicamadas

lamelares nas emulsões, podem estar no estado ordenado (fase gel), ou

desordenado (estado líquido cristalino).

Muitos artigos da literatura discutem a presença de bicamadas lamelares

em emulsões chamando-as de fases líquido-cristalinas (LUZATTI, 1957;

22

SKOULIOS, 1977; CIOCA & CALVO, 1990; CORMELLES et al., 1989;

AUVRAY et al., 1997; FORSTER et al., 1997; FRIBERG, 1997; BRINON et al.,

1998; ENGELS & RYBINSKY, 1998; NESSEEM, 2001; KUNIEDA, 1999, 2001;

AL-BAWAB & FRIBERG, 2004; SAULNIER et al., 2008, KUDLA, 2010), porém,

as características físico-químicas e composição das formulações sugerem que

se trata de estruturas lamelares cujas cadeias se encontram na fase gel, o que

não invalida os resultados acerca das propriedades a elas atribuídas tais como

(i) proteção dos ativos incorporados frente à foto e termodegradação, (ii)

aumento da retenção de água e conseqüente hidratação do estrato córneo e,

(iii) aumento da estabilidade físico química (ENGELS & RYBINSKI, 1998;

BOOCK, 2007; ECCLESTON, 1990).

A transição da fase cristalina para a fase gel ocorre em uma

determinada temperatura e depende das características da porção lipofílica do

tensoativo. Quanto maior for a cadeia carbônica e/ou quanto menos

insaturações esta tiver, maior será a temperatura de transição (ECCLESTON,

1990).

2.3.1.1. Cristais líquidos

São caracterizados como fluidos complexos que se encontram em um

estado intermediário da matéria. Também conhecidos como mesofase ou

estado mesomórfico, têm propriedades óticas típicas do estado sólido

(anisotropia e birrefringência) e propriedades mecânicas típicas do estado

líquido (fluidez e tensão superficial) (CIOCA & CALVO, 1990; BECHTOLD,

2005).

Podem ser classificados em duas grandes categorias:

� Termotrópicos: são constituídos por substâncias orgânicas, dependem

do aumento da temperatura do sistema. São pouco estáveis (TYLE,

1989). Têm aplicação na fabricação de dispositivos eletro-ópticos e

sensores de temperatura e pressão (BECHTOLD, 2005).

� Liotrópicos: dependem da interação entre moléculas anfifílicas dos

tensoativos e da água. Quando o tensoativo e a água são submetidos a um

aumento na temperatura, as cadeias lipofílicas rearranjam-se em um estado

líquido desordenado e a água penetra entre as cadeias hidrofílicas. Após o

resfriamento as cadeias hidrofílicas se reorganizam e mantém a água entre si.

23

Essa nova conformação é a estrutura líquido-cristalina liotrópica. Têm

capacidade de refletir a luz polarizada apresentando birrefringência a qual pode

ser observada por meio de microscopia de luz polarizada (SANTOS, 2006).

Podem estar presentes em emulsões contendo um único surfactante,

misturas de surfactantes não iônicos de cadeias curtas (menos de 12 átomos

de carbono) e lecitinas. Nestes casos as cadeias carbônicas das bicamadas

lipídicas estão desordenadas, semelhantes a líquidos (Figura 8) (ECCLESTON,

1990).

Figura 8: Esquema representando cadeias carbônicas na fase cristal líquido.

Adaptado de Eccleston (1990).

2.3.1.2. Estruturas lamelares em fase gel

Consistem em bicamadas de moléculas do tensoativo separadas por

água livre (BARRY, 1989). Podem ser formadas em meio aquoso por uma

gama de agentes de superfície submetidos a condições específicas. As

cadeias carbônicas na bicamada estão agrupadas em uma sub-célula

hexagonal onde as cadeias estão ordenadas (Figura 9).

Água

Cristal Líquido

24

Figura 9: Esquema demonstrando cadeias carbônicas ordenadas na fase gel.

Adaptado de Eccleston (1990).

Misturas de tensoativos iônicos ou não iônicos derivados de álcoois ou

ácidos graxos de cadeia longa tendem a formar estruturas lamelares na fase

gel quando empregados em emulsões. Estas apresentam boa estabilidade e

consistência que podem ser explicados pela presença de tais estruturas

(KÓNYA, 2003, 2007; ECCLESTON, 1990).

2.3.3. Análise reológica

Para ser considerada apropriada para o uso, uma emulsão precisa

atender a alguns critérios, tais como ter estabilidade prolongada e consistência

adequada para aplicação e liberação de ativos. Tão decisivas características

podem ser determinadas e ajustadas por meio da análise reológica que

consiste no estudo das propriedades de fluxo e deformação da matéria. As

propriedades de fluxo de uma emulsão são características físicas

determinantes para o equilíbrio do sistema, pois fornecem informações sobre

estabilidade física e aspecto estético do produto. A correlação entre a avaliação

reológica e estes aspectos físicos e de aceitação comercial é de grande

importância na predição do desempenho e no desenvolvimento de novos

produtos (BARNES, 1994; TADROS, 2004).

O comportamento reológico de uma emulsão depende da interação

entre os componentes do sistema. Os parâmetros básicos que o determinam

são: reologia da fase contínua, natureza das partículas da fase dispersa

Água

Fase Gel

25

(tamanho, concentração e deformabilidade) e as interações entre elas

(BARNES, 1994).

Em sistemas emulsionados por tensoativos não-iônicos e álcoois graxos

onde há formação de bicamadas lamelares na fase gel, a reologia é

influenciada pelo deslocamento da água entre o espaço interlamelar e fase

dispersante (RIBEIRO et al., 2004). Segundo Eccleston (1988) e Ribeiro (2004)

a capacidade de armazenar água entre as lamelas e, consequentemente as

propriedades reológicas destas emulsões são determinadas pelo tamanho da

cadeia lipofílica e número de etoxilações do surfactante. De acordo com

estudos realizados por Kónya (2003) é possível determinar a quantidade de

água armazenada entre as lamelas por estudos reológicos.

Por meio de caracterização reológica pode-se determinar se uma

amostra apresenta fluxo Newtoniano ou não-Newtoniano. Fluidos Newtonianos

obedecem à lei de Newton que estabelece que a velocidade do fluxo é

diretamente proporcional à tensão aplicada, portanto, a viscosidade independe

da taxa de cisalhamento. Geralmente este comportamento é observado em

soluções de moléculas com baixo peso molecular e soluções diluídas.

Sistemas emulsionados geralmente apresentam fluxo não-Newtoniano.

Nestes, a viscosidade depende da taxa de cisalhamento, ou seja, diferentes

viscosidades podem ser obtidas de acordo com a variação da velocidade e da

força aplicada em função do tempo. Este comportamento se deve a desvios da

lei de Newton. São conhecidos três tipos diferentes de comportamento não-

Newtoniano dependendo do tipo de desvio: fluxo plástico, fluxo pseudo-plástico

e fluxo dilatante, estes apresentando ou não tixotropia (BARNES, 1994).

Para produtos cosméticos é de interesse o fluxo pseudo-plástico

apresentando tixotropia. Materiais que apresentam este comportamento

mostram uma diminuição da resistência ao escoamento à medida que a taxa

de cisalhamento cresce. A viscosidade diminui com o aumento da velocidade

de deformação. Esta diminuição da viscosidade é reversível quando diminuída

ou cessada a taxa de cisalhamento. É interessante para produtos cosméticos,

pois estes se tornam menos viscosos no momento da aplicação facilitando o

uso da formulação (GAO, 2003).

26

2.4. MATÉRIAS PRIMAS VEGETAIS

A diversidade da flora brasileira permite a multiplicidade de matérias

primas no desenvolvimento de novos produtos para a indústria farmacêutica

(PENIDO et al, 2005). Componentes naturais como óleos, derivados de plantas

e animais, têm sido usados em formulações cosméticas. A tendência do

consumo de produtos naturais e a elevação dos preços dos produtos derivados

do petróleo colaboram ainda mais para o desenvolvimento de estudos para

aplicação de produtos vegetais (SILVA & SOARES, 1996).

Os óleos, ceras e manteigas vegetais são substâncias que possuem

propriedades emolientes mantendo a suavidade, a lisura e a flexibilidade da

pele. A incorporação de emolientes vegetais como componentes de uso tópico

proporciona efeitos de reposição e proteção da matriz lipídica da pele sendo

capazes de auxiliar no tratamento de dermatoses, como a Dermatite de

Contato Irritativa (DCI) (SILVA, 2002). Os óleos vegetais ainda possuem

vantagens como baixa viscosidade e baixo peso molecular, sendo menos

oclusivos que o óleo mineral, com boa penetração cutânea e capacidade de

liberação de ativos (ANDRADE, 2008).

2.4.1 Óleo de copaiba

A copaíba (Copaifera L.), pertencente à família Meliacea, é largamente

empregada na medicina popular brasileira principalmente na região amazônica.

O gênero Copaifera possui 72 espécies das quais 16 são encontradas no Brasil

(OLIVEIRA, 2008).

O óleo de copaíba é uma resina líquido-viscosa, de odor característico e

coloração amarelo-pálido, extraída do tronco das árvores de diversas espécies

do gênero, como por exemplo Copaifera reticulata, Copaifera multifuga e

Copaifera cearensis, por exemplo. O óleo comercializado no Brasil não possui

caracterização botânica definida e pode variar muito em seus componentes

químicos e farmacológicos (VEIGA JUNIOR et al, 2007). São atribuídas

atividades analgésica, antialérgica e antiinflamatória, é rico em tri e

tetraterpenos, alcalóides e limonóides (PENIDO et al, 2005). Outras pesquisas

ainda demonstram ação larvicida e repelente frente ao mosquito Aedes aegypti

(OLIVEIRA, 2008; MIOT, 2004). Não foram observadas irritações ou

sensibilização potencial quando do uso tópico (BERACA, 2008).

27

2.4.2 Óleo de andiroba

É extraído das sementes produzidas pela árvore Carapa guyanensis, da

família das Meliaceas. Tem coloração amarela, odor característico, sabor

amargo e rancifica rapidamente (SILVA, 2005). A alta porcentagem de ácidos

graxos tais como palmítico (28%), palmitolêico, esteárico, oléico (52%),

linolêico e araquídico, o torna interessante para a indústria cosmética

(OLIVEIRA, 2008).

Possui ação anti-reumática, antinflamatória e cicatrizante. Também é

bastante empregado na fabricação de velas repelentes de insetos (SILVA,

2005). Os índios tropicais ainda empregam o óleo de andiroba como solvente

para extrair corante de plantas com que pintam seus rostos (BERACA, 2008).

2.4.3 Manteiga de cacau

A manteiga de cacau é a gordura natural da semente do cacau. É

considerada a parte mais importante do fruto da árvore Theobroma cacau L.

devido às propriedades físicas e químicas que permitem amplo emprego na

indústria alimentícia e cosmética (LIENDO et al, 1998)

É uma gordura bastante estável, com baixo ponto de fusão, em torno de

35°C, tem propriedades emolientes e antioxidantes. Apresenta boa

biocompatibilidade e baixa toxicidade para a pele humana. Muito empregada

em formulações para pele, lábios e cabelos (BOOCK, 2007).

2.4.4 Manteiga de cupuaçu

Das sementes da árvore Theobroma grandiflorum L é extraído um óleo

que é filtrado e refinado para então formar a manteiga de cupuaçu a qual

apresenta aspecto de sólido macio, com odor característico, que funde ao

contato com as mãos.

O alto conteúdo em ácidos graxos saturados e insaturados lhe confere

baixo ponto de fusão (± 30°C) e boas propriedades emolientes e hidratantes.

As pontes de hidrogênio entre as moléculas de água e os fitoesteróis conferem

à manteiga de cupuaçu grande capacidade de absorção de água,

aproximadamente 240% superior à da lanolina, sendo um importante substituto

vegetal desta (BOOCK, 2008). Tem aspecto de sólido macio, com odor

característico, que funde ao contato com as mãos.

28

Os fitoesteróis insaponificáveis presentes na manteiga atuam a nível

celular regulando o equilíbrio e a atividade dos lipídeos da camada superficial

da pele podendo ser úteis no tratamento de dermatites e afecções similares por

estimularem o processo de cicatrização. Dentre os fitoesteróis destacam-se:

beta-Sitosterol, Estigmasterol e Campesterol (BERACA, 2008).

OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOS

30

3. OBJETIVOS

Desenvolver, analisar e avaliar a capacidade hidratante de cremes para as

mãos contendo cristais líquidos a partir de óleos vegetais.

3.1. Objetivos específicos

1) Desenvolver formulações de cremes para as mãos contendo cristal líquido

à base de matérias primas da biodiversidade brasileira: manteigas e óleos

vegetais que além da atividade hidratante inerente, ainda, possuem

atividade antioxidante e antiinflamatória complementares; tensoativos e

preservantes;

2) Analisar aspectos fisico-químicos das formulações: estabilidade preliminar

e acelerada;

3) Estudar o comportamento da emulsão frente a perda de água por

evaporação;

4) Analisar as estruturas lamelares anisotrópicas por meio da difração de

raios-X, microscopia óptica de luz polarizada;

5) Realizar análise reológica das formulações;

6) Analisar o desempenho do produto in vivo frente à avaliação da

hidratação, oleosidade e valor de pH.

MATERIAL MATERIAL MATERIAL MATERIAL E E E E MÉTODOSMÉTODOSMÉTODOSMÉTODOS

32

4. MATERIAL E METODOS

4.1. MATERIAL

4.1.1. Tensoativos:

A. Hidrofílicos:

A.1. Lanolina etoxilada com 75 OE (solução aquosa 50%) (INCI: PEG- 75

Lanolin) (Croda do Brasil S. A.). Apresenta-se como cera hidrofílica de cor

amarela com propriedades emoliente, condicionadora e sobre engordurante

sendo classificada como lanolina hidrossolúvel. Tem característica não iônica,

podendo suportar altas concentrações de eletrólitos permanecendo estável.

Solução a 50,0% de solan em água destilada pode ser usada em substituição

ao solan. Valor de EHL igual a 16,6. Designado com o nome Solan 50

(MAPRIC INFORME TÉCNICO).

A. 2. Álcool ceto-estearílico 20 OE (INCI: Ceteareth 20) (Oxiteno). É a mistura

dos álcoois cetílico e estearílico adicionada de 20 moles de óxido de etileno.

Tem aspecto de flocos de cor branca e sólidos à temperatura ambiente. Possui

valor de EHL igual a 15,4. Comercializado com o nome Ultrol CE 200 F

(OXITENO BOLETIM TÉCNICO, 2007).

A.3. Álcool estearílico 20 OE (INCI: Steareth-20) (Oxiteno). É constituído de

álcool estearílico etoxilado com 20 moles de óxido de etileno. Possui valor de

EHL igual a 15,3. Comercializado sob o nome Unitol E 200 (OXITENO

BOLETIM TÉCNICO, 2004).

A.4. Álcoo ceto-estearílico 5 OE (INCI: Ceteareth 5) (Oxiteno). É a mistura dos

álcoois cetílico e estearílico adicionada de 5 moles de óxido de etileno. Tem

aspecto sólido à temperatura ambiente e valor de EHL igual a 10.

Comercializado com o nome Ultrol CE 50 (OXITENO BOLETIM TÉCNICO,

2007).

A.5. Álcool cetílico 20 OE (INCI: Ceteth 20) (Oxiteno). É o álcool cetílico

etoxilado com 20 moles de óxido de etileno. Aspecto sólido à temperatura

ambiente. Possui valor de EHL igual a 15,4, confere estabilidade e viscosidade

33

às emulsões. Comercializado sob o nome de Ultrol C200 (OXITENO BOLETIM

TÉCNICO, 2007).

A.6. Monolaurato de sorbitan 80 OE (INCI: PEG-80 Sorbitan Laurate) (Oxiteno)

Possui valor de EHL igual a 17,8. Baixa toxicidade. Aspecto líquido viscoso a

temperatura ambiente. Comercializado sob o nome Alkest TW 327 (OXITENO

BOLETIM TÉCNICO, 2000)

B. Lipofílicos:

B.1 Alcool laurilico 2 OE. (INCI: PEG lauryl alcohol) (Cognis do Brasil). É o

álcool laurílico etoxilado com dois moles de óxido de etileno. Líquido incolor à

temperatura ambiente. Tem valor de EHL igual a 6,2. Comercializado sob o

nome Dehydol LS.

B.2. Álcool estearílico 2 OE (INCI: Steareth-2) (Beraca). É o álcool estearílico

adicionado de dois moles de óxido de etileno. Aspecto sólido transparente à

temperatura ambiente. Confere boa estabilidade, viscosidade e brilho às

formulações. Tem valor de EHL igual a 4,9. Comercializado sob o nome BRIJ

72.

B.3. Álcool cetílico 2 OE (INCI: Ceteth 2) (Oxiteno). É constituído pelo álcool

cetílico adicionado de dois moles de óxido de etileno. Sólido à temperatura

ambiente. Possui valor de EHL igual a 5,3. Comercializado sob o nome Unitol

C20.

4.1.2. Fase Oleosa

A. Óleo de Copaíba (INCI: Copaifera oil) (Beraca). Valor de EHL = 15

(OLIVEIRA, 2008)

B. Óleo de Andiroba (INCI: Carapa guyanensis) (Beraca). Valor de EHL = 7

(OLIVEIRA, 2008)

34

4.1.3. Fase Aquosa

Água recentemente purificada (INCI: Aqua) (CTFA INTERNATIONAL

BUYER GUIDE, 1999).

4.1.4. Aditivos

A. Manteiga de Cacau (INCI: Theobroma cacao seed butter) (Croda do Brasil)

B. Manteiga de Cupuaçu (INCI: Theobroma grandiflorum seed butter) (Beraca)

4.1.5. Preservantes

A. Glydant® Plus Liquid (INCI: DMDM Hydantoin (and) Iodopropynyl

Butylcabamate) (Chemyunion). Conservante de alto espectro contra bactérias e

fungos.

B. BHT (INCI: Butylated Hydroxytoluene): é um composto orgânico lipossolúvel

usado em alimentos, cosméticos, medicamentos e combustíveis. O BHT, um

antioxidante primário, reage com os radicais livres interrompendo a reação em

cadeia e assim retardando a oxidação, mantendo as características do material

a proteger (RAMALHO, 2006)

4.2. METODOS

4.2.1. Obtenção das formulações:

4.2.1.1. Desenvolvimento das formulações

As formulações foram desenvolvidas seguindo o método do diagrama

ternário. Este é representado no plano como triângulo eqüilátero onde os três

lados são simétricos. Os três vértices do triângulo correspondem a 100% dos

três constituintes: óleo/ água/ tensoativo. O diagrama é obtido inicialmente

variando as concentrações de 10 em 10%, a fim de cobrir toda a superfície do

35

triângulo, obtendo-se assim 36 formulações para cada sistema proposto. Foi

selecionada a região do diagrama onde podem ser encontradas as formulações

O/A e compostas por no máximo 30% de tensoativos. As formulações

selecionadas para estudo foram desenvolvidas com o par de tensoativos PEG-

75 Lanolin / PEG Lauryl Alcohol. Para a fase oleosa foram empregados,

separadamente, o óleo de andiroba e o de copaíba.

4.2.1.2. Escolha do par de tensoativos.

Os valores de EHL considerados para os óleos de andiroba e copaíba

foram determinados por Oliveira (2008) e correspondem a 7 e 15

respectivamente. Foram empregados 6 tensoativos hidrofílicos e 3 lipofílicos

combinados em pares nas proporções calculadas para os valores de EHL final

de cada óleo.

4.2.1.3. Adição dos ativos

Conforme determinado por Oliveira (2008) e Andrade (2008) foi

verificado que a proporção (2:1) dos óleos (andiroba:copaíba), respectivamente

permitiria a formação de emulsões O/A estáveis. Portanto, esta proporção será

considerada para a sequência de nosso estudo. Após a seleção do par de

tensoativos, foram adicionadas à formulação as manteigas de cacau e

cupuaçu, sendo adicionadas separadamente ou em conjunto na concentração

de 5g. As concentrações destes ativos foram variadas, inicialmente em relação

aos óleos e, posteriormente entre si.

4.2.1.4. Estudo do EHL requerido pela formulação.

Para as formulações que foram preparadas até então foi mantido o valor

de EHL requerido pelo óleo de andiroba, que foi determinado por OLIVEIRA

(2008) e tem valor 7.

Para a determinação do valor de EHL requerido para emulsões O/A

estáveis foram empregadas as equações abaixo:

36

EHL final = (EHLA . %A . 0,01) + (EHLB . %B . 0,01) eq.1

%A + %B = 100% eq. 2

onde,

EHL final = Valor de EHL final, requerido pela formulação;

EHLA = Valor de EHL do tensoativo lipofílico;

EHLB = Valor do EHL do tensoativo hidrofílico;

%A = Porcentagem do tensoativo lipofílico a ser empregada na formulação

%B = Porcentagem do tensoativo hidrofílico a ser empregada na formulação

4.2.1.5. Variação das concentrações no diagrama ternário.

Traçou-se um pseudo-diagrama ao redor da formulação original variando

os componentes 5,0% acima e abaixo dos valores anteriores (mantendo

proporções adequadas á obtenção de emulsões O/A), o que gerou 08 novas

formulações, e foram mantidas duas formulações do diagrama original, onde a

variação entre os componentes foi de 10% (Figura 10).

37

Figura 10: Representação da área do diagrama ternário onde foi feita a variação das concentrações ao redor da formulação original.

4.2.1.6. Análise macroscópica das formulações Esta análise foi realizada em todas as formulações manipuladas vinte e

quatro horas após o preparo (estabilidade intrínseca). Foram observadas

características organolépticas e homogeneidade das formulações, identificando

possíveis processos de instabilidade tais como cremeação, floculação ou

separação de fases.

4.2.1.7. Análise microscópica das formulações

Foi avaliada a homogeneidade da dispersão e, com auxílio de

polarização, analisou-se a presença estruturas anisotrópicas (Olympus BX50,

38

Olympus Optical Co., Ltd., Tokyo, Japan). Somente as emulsões que

apresentaram anisotropia foram selecionadas para continuação dos estudos.

4.2.1.8. Teste preliminar de estabilidade das emulsões

Foram observados indícios de separação de fases (teste de

centrifugação, estresse térmico e valores de pH em triplicata).

4.2.1.8.1. Teste de centrifugação

As amostras (5,0g) foram acondicionadas em tubos cônicos plásticos e

então submetidas a ciclos de 1000, 2500 e 3500rpm (70, 440 e 863 g

respectivamente) durante quinze minutos em cada rotação à temperatura

ambiente (25±2°C). Os testes foram realizados em triplicata centrífuga Fanem

Ltda- Mod. 206R, Excelsa BABY II-440 (RIBEIRO et al., 1996; RIEGER, 1996;

FERRARI, 1998).

4.2.1.8.2. Estresse térmico

As emulsões foram submetidas ao estresse térmico, segundo método

proposto por Braconi et al. (1995). Foi promovido aquecimento em banho

termostatizado (Nova Técnica Ltda-Mod. 281 NT) na faixa de temperatura de

40±2 a 80±2°C, aumentando a temperatura em 5 em 5°C. As amostras foram

mantidas em cada temperatura durante 30 minutos e então avaliadas

macroscopicamente. Após atingir 80±2°C foram analisadas imediatamente e

após arrefecimento. Para os testes de estabilidade, a seguinte nomenclatura foi

empregada para classificá-las (RIBEIRO et al.,1996) :

N = Normal; sem alteração;

LM = Levemente Modificado;

M = Modificado;

IM = Intensamente Modificado.

39

4.2.1.8.3. Determinação do valor de pH

Em um tubo de ensaio foi diluído 1,0g da formulação em 9,0g de água

recém destilada. Com auxílio de um agitador de tubos (Phoenix – mod. AP56) a

amostra foi homogeneizada e então o valor do pH foi determinado à

temperatura ambiente (25±2°C) inserindo o eletrodo diretamente na dispersão

da amostra (Peagômetro Digimed mod. DM 20).

4.2.2. Estudo do comportamento microscópico das amostras frente à

evaporação da água.

Com este estudo pretendeu- se averiguar a manutenção ou não das

estruturas anisotrópicas após a perda de água da formulação, seja por

envelhecimento ou quando da aplicação sobre a pele e foi realizado por meio

de duas técnicas:

1) variação da fração aquosa no diagrama de fases

2) teste de evaporação por perda de massa.

4.2.2.1. Variação da fração aquosa

Foram manipuladas 07 formulações onde as concentrações de óleo e

tensoativos permaneceram constantes, e o conteúdo de água foi diminuído

gradativamente: a partir de 80g iniciais subtraindo 10g a cada formulação até o

valor final de 20g, totalizando 7 amostras, a fim de simular a perda por

evaporação.

4.2.2.2. Teste de perda de massa por evaporação

Foi seguida a metodologia proposta por Santos et al (2006).

Aproximadamente 1g da amostra foi colocada em uma lâmina de vidro sobre

uma área delimitada por duas lamínulas de vidro fixadas em suas

extremidades. A amostra foi então espalhada de forma a obter uma camada

uniforme com aproximadamente 0,2mm de espessura. A evaporação foi

medida por uma balança equipada com luz infravermelha que aquece a

40

amostra a 70°C. A cada 10% de perda de massa foi feita uma fotomicrografia

da amostra sob luz polarizada (Microscópio Olympus modelo BX 50) e então

nova lâmina era preparada para continuação do teste.

4.2.3. Caracterização das emulsões por difração de raios-X.

As amostras foram colocadas em capilar de vidro com diâmetro interno

de 1,5mm e submetidas a medidas de baixo ângulo (SAXS – Small Angle X-

Ray Scattering) e alto ângulo (WAXS – Wide Angle X-Ray Scattering) na

temperatura ambiente. A distância amostra – detector foi 650 mm para o baixo

ângulo e 47,5mm para o alto ângulo. A calibração foi feita com dodecil sulfato

de sódio (SDS) em pó, que apresenta picos de difração tanto na região de

baixo ângulo (~ 30 Ǻ) como de alto ângulo (4 Ǻ). As medidas foram feitas com

40 KV / 30 mA de potência. Foi utilizado o equipamento Nanostar (Bruker),

disponível no LCr - Laboratório de Cristalografia do IFUSP - Instituto de Física

da Universidade de São Paulo. Este equipamento permite medidas de alto e

baixo ângulos (SAXS e WAXS) e consiste de um tubo de raios X, com radiação

Kα do cobre (λ = 0,15418), de 1,5KW, colimado por um sistema de espelhos de

Gobel e um sistema de três fendas. Um banho térmico pode ser utilizado para

controlar a temperatura das amostras num intervalo de -30oC até 300oC

(BRUKER, 2004).

As distâncias interplanares (d) (Figura 11) foram calculadas por meio da

equação de Bragg:

nλ = 2dsenθ eq. 3

onde:

n = ordens de reflexão

λ = comprimento de onda do aparelho

d = distância interpalanar

θ = ângulo de reflexão de Bragg

41

Figura 11: Esquema representando a difração de Raios-X e distância

interplanar (d). Adaptado de Eccleston (2000).

4.2.4. Testes de estabilidade acelerada

As amostras foram acondicionadas em frascos plásticos fechados e

mantidas em condições extremas de temperatura com o objetivo de acelerar

possíveis reações entre seus componentes. Foram então submetidas à análise

macro e microscópica e medidas de valor de pH conforme metodologia

descritas nos itens 4.2.1.6., 4.2.1.7. e 4.2.1.8.3., respectivamente além de

análise reológica. As medidas foram realizadas nos dias 01, 07, 15, 30, 60 e 90

após a manipulação.

As condições foram: temperatura ambiente 25±2°C; geladeira (Clímax-

Mod. RC 240 litros) 4±2°C e estufa (Estufa Fanem Ltda – Mod. 002CB)

45±2°C.

4.2.4.1. Análise Reológica

Foi empregado o viscosímetro digital Brookfield modelo DV-I+ utilizando

a haste S-04. As velocidades foram variadas de 0,3 a 100rpm mantendo a

rotação por 20 segundos. Após a coleta dos dados foram tratados utilizando o

sofware OriginPro 7,5.

42

4.3. Avaliação in vivo do potencial hidratante, oleosidade e valor de pH

cutâneos

A avaliação foi realizada em sala climatizada com umidade relativa e

temperatura controlada (UR: 75±5%; T: 24±2°C). Participaram do estudo, como

voluntárias, 18 mulheres de 21 a 35 anos de idade sem histórico de reações

alérgicas a produtos cosméticos e com a pele dos antebraços íntegra. Duas

horas antes do início do teste o antebraço da voluntária foi lavado com sabão

neutro e, antes da aplicação da amostra, a voluntária permaneceu na sala por

quinze minutos para aclimatação.

As amostras testadas (EHL 7, EHL 9 e uma formulação do mercado)

foram aplicadas com auxilio de bastão de vidro e espalhadas em movimentos

circulares e suaves em regiões previamente determinadas sobre o antebraço

(Figura 12) até que não permanecessem resíduos na pele.

As avaliações de potencial hidratante, oleosidade e valor de pH foram

realizadas de acordo com protocolo proposto por Maruno (1998). Os dados

foram submetidos à análise estatística empregando o método de análise de

variância “one way ANOVA” utilizando o software OriginPro 7,5.

Figura 12: Representação das regiões do antebraço demarcadas para a

avaliação in vivo.

43

4.3.1. Avaliação do potencial hidratante

Foi utilizado o aparelho Corneometer® CM 820 (Courage + Khazaka),

que avalia a capacitância da pele. O método é baseado na variação das

constantes dielétricas da água e outras substâncias. Um capacitor reage a

alterações de quantidade de água, expressando o resultado em unidades

arbitrárias (UA) que é considerado então ao grau de hidratação da pele

(COURAGE + KHAZAKA).

Foram realizadas três leituras para cada região selecionada e então

calculada a hidratação relativa (HR%) segundo a equação 4 abaixo. Esta

consiste na variação percentual entre a capacitância medida em função do

tempo. As leituras foram feitas em intervalos de 30 minutos até completar o

período de 150 minutos. Entre as leituras o eletrodo do equipamento foi limpo

com papel até que a leitura fosse zero.

onde:

HR% = hidratação relativa;

Mp = Média da capacitância das leituras das regiões de aplicação do produto;

Mc = Média da capacitância das leituras das regiões controle.

4.3.2. Avaliação da oleosidade cutânea

Foi empregado o equipamento Sebumeter® SM 810 (Courage +

Khazaka) que mede a oleosidade cutânea baseado na fotometria de uma fita

plástica especial de 0,1mm de espessura disposta em um carretel avançado

manualmente a cada leitura, que se torna transparente quando em contato com

lipídios. Sob esta fita há uma pequena superfície espelhada que reflete a luz

através da fita (Figura 13) medindo indiretamente o volume de secreção

sebácea das glândulas (HARRIS, 2003).

44

A leitura foi realizada aplicando sobre a área de teste a fita e

pressionando por trinta segundos. Em seguida esta foi inserida no aparelho

que fez a leitura fotométrica da transparência. Este dado é convertido pelo

aparelho sendo o resultado expresso em µg de sebo por cm2.

Figura 13: Princípio de medida do Sebumeter®. Adaptado de Harris (2003).

4.3.3. Avaliação do valore de pH cutâneo

A medida do valor de pH cutâneo foi feita diretamente sobre a pele nos

locais selecionados dos voluntários empregando o equipamento Skin-pH-

meter® PH 900 (Courage + Khazaka) que possui um eletrodo adaptado a

leituras de superfícies.

Foram realizadas três leituras de cada região a cada 30 minutos até

completar o período de 150 minutos. Entre as leituras o eletrodo foi lavado com

água destilada e seco com papel.

RESULTADOS E DISCUSSÃORESULTADOS E DISCUSSÃORESULTADOS E DISCUSSÃORESULTADOS E DISCUSSÃO

46

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Obtenção das formulações

5.1.1. Desenvolvimento das formulações

Para o inicio desta pesquisa foi selecionada a área do diagrama ternário

onde poderia ocorrer a formação de emulsões O/A. De acordo com resultados

obtidos por Andrade et al (2008), Engels & Rybinski (1998) e Tyle (1989), em

um diagrama de fases composto por água + tensoativo + óleo, podem ser

observadas emulsões O/A contendo cristais líquidos na mesma região

selecionada para este estudo(Figura 14).

Figura 14: Representação da região do diagrama selecionada

Nela os componentes podem apresentar o equilíbrio que favorece a

formação destes. Estas emulsões O/A têm melhor espalhabilidade e não

deixam sensação oleosa após aplicação justificando a escolha para este

estudo (MARTI--MESTRES, 2002).

Dentre formulações desenvolvidas com o par de tensoativos PEG-75

Lanolin / PEG Lauryl Alcohol, descritas na Tabela 3 abaixo somente a 16A e a

22B, formuladas com o óleo de andiroba, permaneceram macroscopicamente

47

estáveis após 24 horas. Ao serem observadas ao microscópio ótico de luz

polarizada, não apresentaram estruturas lamelares anisotrópicas e quando

submetidas ao teste de centrifugação, cremearam após o primeiro ciclo sendo

então descartadas do estudo.

Tabela 3: Descrição das proporções (% p/p) dos componentes das emulsões selecionadas do diagrama de fases.

Amostras Óleo

(andiroba ou

copaíba)

PEG-75

Lanolin

PEG Lauryl

Alcohol

Água

16A 10 7,5 2,5 60

22A 10 7,5 2,5 70

23A 20 7,5 2,5 60

29A 10 7,5 2,5 80

30A 20 7,5 2,5 70

31A 30 7,5 2,5 60

16B 10 5,0 5,0 60

22B 10 5,0 5,0 70

23B 20 5,0 5,0 60

29B 10 5,0 5,0 80

30B 20 5,0 5,0 70

31B 30 5,0 5,0 60

16C 10 2,5 7,5 60

22C 10 2,5 7,5 70

23C 20 2,5 7,5 60

29C 10 2,5 7,5 80

30C 20 2,5 7,5 70

31C 30 2,5 7,5 60

5.1.2. Variação dos tensoativos

Optou-se por tensoativos não-iônicos pelo fato de serem menos

irritantes para a pele e apresentarem menos incompatibilidades com outros

componentes da formulação, além de provavelmente facilitarem a formação de

estruturas lamelares (ECCLESTON, 1988; KUNIEDA, 2001). Diante dos

48

resultados obtidos com o par inicial de emulsionantes, foi necessária a

realização de estudo para avaliação de outros tensoativos.

Santos (2006), Boock (2007) e Andrade (2008) realizaram estudos de

desenvolvimento de emulsões empregando óleos e manteigas vegetais como

óleo de andiroba, manteigas de cacau e cupuaçu, e tensoativos não-iônicos.

Foram obtidos resultados positivos em termos de estabilidade e formação de

estruturas lamelares quando empregadas as proporções de 80% de água, 10%

de tensoativos e 10% de fase oleosa. Tais concentrações correspondem à

formulação 29 do diagrama de fases. Diante destes resultados, esta

formulação foi selecionada para continuação dos estudos. Os diferentes

tensoativos e as respectivas proporções para o valor de EHL dos dois óleos

empregados estão descritos nas Tabelas 4 e 5

Tabela 4: Pares de tensoativos testados e suas proporções para o óleo de Andiroba EHL= 7.

Amostras Pares de tensoativos Proporções (% p/p)

And 1 PEG-75 Lanolin / Steareth-2 15,04 / 84,96

And 2 PEG-75 Lanolin / Ceteth 2 15,04 / 84,96

And 3 Ceteareth 20 / PEG Lauryl Alcohol 8,42 / 91,58

And 4 Steareth-20 / PEG Lauryl Alcohol 8,42 / 91,58

And 5 Ceteareth 5 / PEG Lauryl Alcohol 21,05 / 78,95

And 6 Ceteth 20 / PEG Lauryl Alcohol 8,42 / 91,58

And 7 PEG-80 Sorbitan Laurate / Ceteth 2 13,6 / 86,4

And 8 PEG-80 Sorbitan Laurate / Steareth-2 13,6 / 86,4

Tabela 5: Pares de tensoativos testados e suas proporções para o óleo de Copaíba EHL = 15.

Amostras Pares de tensoativos Proporções (% p/p)

Cop 1 PEG-75 Lanolin / Steareth-2 85,84 / 14,16

Cop 2 PEG-75 Lanolin / Ceteth 2 85,84 / 14,16

Cop 3 Ceteareth 20 / PEG Lauryl Alcohol 92,63 / 7,37

Cop 4 Steareth-20 / PEG Lauryl Alcohol 92,63 / 7,37

Cop 5 Ceteth 20 / PEG Lauryl Alcohol 92,63 / 7,37

Cop 6 PEG-80 Sorbitan Laurate / Ceteth 2 77,6 / 22,4

Cop 7 PEG-80 Sorbitan Laurate / Steareth-2 77,6 / 22,4

49

A análise microscópica das emulsões da Tabela 4 revela a formação de

fases lamelares nas formulações empregando como tensoativos lipofílicos o

Steareth-2 e o Ceteth-2. Isto corrobora resultados anteriores de Santos (2006)

que também observou cristais líquidos com estes tensoativos combinados com

óleos vegetais. Nas formulações onde se empregou os tensoativos PEG-75

Lanolin e PEG Lauryl Alcohol, mesmo associados a outros tensoativos

(amostras And1 a 4 e And6 da Tabela 4 e amostras Cop1 a 5 da Tabela 5), não

foi observada a formação de estruturas lamelares anisotrópicas e as emulsões

não apresentavam estabilidade. Isto sugere que estes tensoativos não formam

filmes suficientemente coesos ao redor dos glóbulos da fase interna capazes

de impedir os processos de instabilidade.

As formulações And5, And7 e And8 (Tabela 4) submetidas ao teste de

estabilidade intrínseca demonstraram estabilidade macroscopica após as

primeiras 24 horas, porém, a formulação And5 cremeou após o primeiro ciclo

de centrifugação. Na Tabela 6, estão descritos os resultados dos testes de

estabilidade preliminar das amostras And7 e And8 os quais sugerem que os

pares PEG-80 Sorbitan Laurate / Ceteth-2 e PEG-80 Sorbitan Laurate /

Steareth-2 promovem melhor estabilização do sistema. A amostra And8 foi

selecionada para continuação dos estudos por formar estruturas lamelares

mais evidentes e nítidas (Figura 15) e mostrar boa estabilidade. Segundo

Santos (2006) o tensoativo Steareth-2 confere maior estabilidade à formulação

quando comparado ao tensoativo Ceteth-2.

Figura 15: Fotomicrografias sob luz polarizada das amostras (A) And7 (PEG--80 Sorbitan Laurate / Ceteth-2) e (B) And8 (PEG-80 Sorbitan Laurate / Steareth-2). Aumento de 200X

A B

50

Tabela 6: Resultados dos testes de estabilidade preliminar das formulações selecionadas.

Amostras

Centrifugação

(rpm)

Valores de

pH

Estresse Térmico

(°C) E.L.A.

1000 2500 3500 01dia 15dias 55 60 65 70 75

And7 N N N 5,40 5,11 N N N LM M ++

And8 N N N 4,39 4,36 N N LM LM LM ++

Legenda: E.L.A.= Estruturas Lamelares Anisotrópicas; (++) quantidade moderada de E.L.A. N

= Normal, LM = Levemente Modificada, M = Modificada.

Segundo Kunieda (2001), o emprego de tensoativos com cadeias de

óxido de etileno de tamanhos diferentes entre si e em pares, forma emulsões

mais estáveis, pois as camadas de surfactante na interface ficam mais rígidas e

as cargas atrativas e repulsivas estão mais bem organizadas. Isto ocorre com

os pares PEG-80 Sorbitan Laurate / Ceteareth-2 e PEG-80 Sorbitan Laurate /

Steareth-2, sugerindo que a estabilidade depende, além disso, da afinidade

entre as cadeias graxas.

Após a avaliação da estabilidade intrínseca para as formulações

apresentadas na Tabela 6, foi observada separação de fases. Este resultado

pode ocorrer pelo fato do óleo de copaíba ser uma resina coletada de várias

espécies do mesmo gênero o que pode gerar variabilidade dos componentes.

De acordo com informação técnica do fabricante (Material Técnico BERACA,

2008), o óleo de copaíba empregado nesta pesquisa é composto por

quantidade significativa de óleo volátil (formado por sesquiterpenos, entre

outros componentes) fato este que pode ser relevante na instabilidade das

formulações observada com este óleo. O estudo reológico realizado por Pontes

(2003) demonstrou que a presença de sesquiterpenos no óleo de copaíba

poderia interferir na organização das cadeias carbônicas do sistema diminuindo

sua viscosidade.

5.1.3. Adição dos ativos

De acordo com resultados obtidos por Boock (2007) as manteigas de

cacau e cupuaçu em concentrações de até 12% destas, formam emulsões O/A

com boa estabilidade e com estruturas lamelares anisotrópicas. Tendo em vista

51

que as emulsões cuja fase oleosa foi composta somente pelo óleo de copaíba

não foram estáveis com nenhum dos pares de tensoativos estudados e de

acordo com estudos realizados por Oliveira (2008) os quais demonstraram que

é possível empregar o óleo de copaíba como aditivo em formulações

cosméticas, sendo possível obter estabilidade, decidiu-se por empregar como

fase oleosa uma mistura de óleos de Andiroba e Copaíba na proporção de 2:1.

Ao serem adicionados os aditivos, constatou-se que as manteigas

empregadas em conjunto (amostra D, Tabela 7) diminuíram a nitidez das

estruturas lamelares, porém ainda permitiram a formação destas, fez-se

necessário, então, pesquisar qual a proporção ideal entre os componentes

(Tabelas 8e 9) que pudesse melhorar o aspecto ou aumentar a formação de

estruturas anisotrópicas.

Tabela 7: Composição das formulações adicionadas das manteigas de cacau e cupuaçu. Tensoativos: 83,72% de Steareth-2 e 16,28% de PEG-80 Sorbitan Laurate

Componentes Composição das amostras (% p/p) A B C D

Óleos (andiroba e copaíba 2:1) 10,0 5,0 5,0 5,0

Manteiga de cacau - 5,0 - 2,5

Manteiga de cupuaçu - - 5,0 2,5

Tensoativos 10,0 10,0 10,0 10,0

Água 80,0 80,0 80,0 80,0

52

Tabela 8: Composição das formulações variando a porcentagem das manteigas de cacau e cupuaçu em relação aos óleos.Ttensoativos: 83,72% de Steareth-2 e 16,28% de PEG-80 Sorbitan Laurate

Componentes Composição das amostras (% p/p) D1 D2 D3 D4

Óleos (andiroba e copaíba 2:1) 9,0 8,0 7,0 6,0

Manteiga de cacau 0,5 1,0 1,5 2,0

Manteiga de cupuaçu 0,5 1,0 1,5 2,0

Tensoativos 10,0 10,0 10,0 10,0

Água 80,0 80,0 80,0 80,0

Tabela 9: Composição das formulações variando a porcentagem das manteigas de cacau e cupuaçu entre si. Tensoativos: 83,72% de Steareth-2 e 16,28% de PEG-80 Sorbitan Laurate

Componentes Composição das amostras (% p/p) D3a D3b D3c D3d

Óleos (andiroba e copaíba 2:1) 7,0 7,0 7,0 7,0

Manteiga de cacau 2,5 2,0 1,0 0,5

Manteiga de cupuaçu 0,5 1,0 2,0 2,5

Tensoativos 10,0 10,0 10,0 10,0

Água 80,0 80,0 80,0 80,0

Após análise preliminar das amostras representadas nas Tabelas 8 e 9

observou-se que a proporção representada pela amostra D3b (80% de água,

10% do par de tensoativos PEG-80 Sorbitan Laurate / Steareth-2 e 7% de

óleos e 2% de manteiga de cacau e 1% de manteiga de cupuaçu) era a que

apresentava as características mais desejáveis quanto à formação, aspecto e

manutenção ao longo do tempo de estruturas lamelares anisotrópicas sendo

escolhida para a continuidade dos estudos.

Quanto à estabilidade, conforme resultados mostrados na Tabela 10

todas as amostras tiveram comportamento semelhante e satisfatório nos testes

de centrifugação, estresse térmico e valores de pH não apresentando variação

significativa nestes últimos.

53

Tabela 10: Resultados dos testes de estabilidade preliminar das amostras representadas nas Tabelas 11 e 12, referentes à variação das proporções das manteigas de cacau e cupuaçu.

Amostras

Centrifugação

(rpm)

Valores de

pH

Estresse Térmico

(°C)

E.L.A.

EHL 7 1000 2500 3500 01dia 15dias 55 60 65 70 75

D1

N

N

N

4,94

4,93

N

LM

LM

LM

LM

+

D2

N

N

N

4,85

4,87

N

LM

LM

LM

LM

++

D3

N

N

N

5,14

4,82

N

LM

LM

LM

LM

+++

D4

N

N

N

5,02

4,88

N

LM

LM

LM

LM

++

D3a

N

N

N

5,23

5,20

N

LM

LM

LM

LM

++

D3b

N

N

N

5,56

5,15

N

LM

LM

LM

LM

+++

D3c

N

N

N

4,99

4,96

N

LM

LM

LM

LM

++

D3d

N

N

N

5,03

4,73

N

LM

LM

LM

LM

++

Legenda: E.L.A.= Estruturas Lamelares Anisotrópicas; (+) quantidade pequena de E.L.A .; (++)

quantidade moderada de E.L.A.; (+++) quantidade grande de E.L.A., N = Normal, LM =

Levemente Modificada, M = Modificada.

5.1.4. Estudo do EHL requerido pela formulação

Para que o sistema de EHL seja efetivo na estabilização de emulsões

deve existir um equilíbrio entre as cadeias carbônicas dos tensoativos com os

óleos (PRINDERRE, 1998; ZERFA et al., 1999; PASQUALI, 2009). Oliveira

(2008) determinou o valor de EHL requerido pelo óleo de copaíba, sendo este

igual a 15. Portanto, foi considerado o intervalo entre 6 e 15 para determinação

do valor de EHL requerido para a formulação em estudo. Na Tabela 11 estão

descritos os valores de EHL estudados e as proporções dos tensoativos

empregadas.

54

Tabela 11: Proporção dos tensoativos para estudo do EHL final. EHL final A (% p/p) B (% p/p)

6,0 91,47 8,53 7,0 83,72 16,28 8,0 75,97 24,03 9,0 68,22 31,78

10,0 60,47 39,53 11,0 52,71 47,29 12,0 44,96 55,04 13,0 37,21 62,79 14,0 29,46 70,54

Legenda: A = Steareth-2; B = PEG-80 Sorbitan Laurate

As emulsões com valor final de EHL igual a 12, 13, 14 e 15 separaram

as fases em menos de 24 horas a aquela com o valor de EHL igual a 6 separou

após o primeiro ciclo de centrífuga. Para os demais valores de EHL as

emulsões foram submetidas aos testes de estabilidade preliminar (Tabela 12).

Tabela 12: Resultados dos testes de estabilidade preliminar do estudo do EHL requerido pela formulação.

Amostras

Centrifugação (rpm)

Valores de pH

Estresse Térmico (°C)

E.L.A.

EHL 7 1000 2500 3500 01dia 15dias 55 60 65 70 75

7

N

N

N

5,00

4,60

N

N

LM

LM

M

++

8

N

N

N

4,56

4,60

N

N

LM

LM

M

++

9

N

N

N

4,58

4,62

LM

LM

LM

M

M

++

10

N

N

N -

-

LM

LM

LM

M

M

++

11

N

N

N

-

-

LM

LM

LM

M

M

++

Legenda: E.L.A.= Estruturas Lamelares Anisotrópicas; (+) quantidade pequena de E.L.A .; (++)

quantidade moderada de E.L.A.; (+++) quantidade grande de E.L.A. N = Normal, LM =

Levemente Modificada, M = Modificada.

Quanto ao aspecto macroscópico as formulações com EHL final 7 e 8

apresentavam-se bastante similares sendo de cor branca e com brilho e muito

firmes. Já a emulsão com EHL final 9 tinha coloração mais amarelada, mais

brilhante e fluida.

A análise microscópica no período de estabilidade intrínseca revela que

todas as formulações apresentavam estruturas lamelares anisotrópicas nas 24

55

horas após o preparo as quais, nas emulsões de EHL final 7, 8 e 9

permaneceram estáveis e nítidas durante todo período de teste, ou seja, 15

dias após a manipulação. No teste de estresse térmico foi observado que as

emulsões com valor final de EHL igual a 7 e 8, suportaram altos valores de

temperatura, permanecendo estáveis até 65ºC enquanto nos valores de EHL 9,

10 e 11, apresentaram modificação na temperatura de 55ºC. Após

arrefecimento, somente as amostras com valor final de EHL 7, 8 e 9,

mantiveram as estruturas lamelares anisotrópicas, sendo que nas demais

formulações o aspecto lamelar foi descaracterizado, porém, mantiveram a

anisotropia.

Diante destas características foram escolhidos os valores de EHL 7 e 9

para continuação dos estudos por apresentarem características diferentes

entre si, além de boa estabilidade e estruturas lamelares anisotrópicas estáveis

e nítidas.

5.1.5. Variação das concentrações no diagrama ternário

Tendo sido determinados os valores de EHL onde foram obtidas

emulsões que apresentassem características desejáveis, tais como

estabilidade e presença de estruturas lamelares anisotrópicas, foi pesquisada a

influência da variação das concentrações dos componentes nestas

características.

As formulações representadas na Tabela 13 foram manipuladas

empregando como valor final de EHL os valores 7 e 9, perfazendo um total de

16 formulações. Todas foram avaliadas pelos testes de estabilidade preliminar.

56

Tabela 13: Proporção dos componentes das formulações geradas da variação ao redor da formulação original número 29 do diagrama de fases. Óleo (% p/p) Tensoativo (% p/p) Água (% p/p)

29 10 10 80 30 20 10 70 22 10 20 70 1 05 15 80 2 10 15 75 3 15 10 75 4 15 05 80 5 10 05 85 6 05 10 85

Tensoativo: PEG-80 Sorbitan Laurate / Steareth-2

Todas as amostras formuladas com EHL final igual a 7 com o par de

tensoativos PEG-80 Sorbitan Laurate (16,28%) / Steareth-2 (83,72%)

mantiveram as mesmas características da formulação original quanto à

estabilidade e formação de estruturas lamelares, ou seja, permaneceram

estáveis após os testes preliminares. Aquelas formuladas com 5% de

tensoativos (formulações 4 e 5) apresentaram estabilidade diminuída frente ao

teste de estresse térmico, ocorrendo cremeação a 55ºC enquanto que as

demais se mantiveram estáveis até 65ºC.

As amostras formuladas com EHL final igual a 9 com o par de

tensoativos: PEG-80 Sorbitan Laurate (31,78%) / Steareth-2 (68,22%)

apresentaram maior variabilidade de resultados. Comparadas ao valor de EHL

anterior, as formulações com 5% de tensoativo (formulações 4 e 5, Tabela 13)

cremearam após o segundo ciclo de centrifugação, enquanto as amostras com

10% de tensoativo (formulações 30 e 3) mostraram sinais de modificação a

55ºC, e as demais só se modificaram à 60ºC.

5.2. Estudo do comportamento das formulações frente à evaporação da

água

De acordo com Friberg (1997) e Santos (2009), as mudanças ocorridas

em emulsões quando da evaporação da água, influem nas propriedades das

mesmas, como por exemplo, no comportamento da formulação após aplicação

sobre a pele e no mecanismo de atuação na manutenção da hidratação.

57

Para a realização do teste foram manipuladas as amostras empregando

o par de tensoativos PEG-80 Sorbitan Laurate / Steareth-2 e com valor final de

EHL 7 e 9.

5.2.1. Variação da fração aquosa

A Tabela 14 apresenta as frações dos componentes das formulações

estudadas.

Tabela 14: Formulações estudadas segundo a variação da fração aquosa. Tensoativos: 83,72% de Steareth-2 e 16,28% de PEG-80 Sorbitan Laurate

Amostras Óleo(g) Tensoativo(g) Água (g)

01 10 10 80

02 10 10 70

03 10 10 60

04 10 10 50

05 10 10 40

06 10 10 30

07 10 10 20

As amostras 1 a 5, com até 40g de fase aquosa, apresentaram aspecto

brilhante, cor branca e consistência muito firme, enquanto as formulações com

30g e 20g de fase aquosa, amostras 6 e 7, respectivamente, apresentavam

aspecto ceroso.

Para o valor de EHL igual a 7, a microscopia (Figura 16) revelou que as

emulsões com 70g e 60g de água ainda mantinham as estruturas lamelares

semelhantes àquelas da emulsão com 80g de água. Nas emulsões contendo

de 50g a 20g de água, as estruturas eram mais escassas e de menor tamanho

e também foram observadas regiões anisotrópicas não lamelares,

provavelmente compostas de tensoativo não solubilizado. A proporção de 20g

de água não foi suficiente para solubilizar todo o conteúdo de tensoativo,

porém, ainda são observadas algumas estruturas lamelares (SANTOS, 2009).

A microscopia (Figura 17) das emulsões com valor de EHL igual a 9

apresentaram resultados semelhantes

58

Figura 16: Fotomicrografias sob luz polarizada da emulsão com EHL final igual

a 7 submetida ao teste de variação da fração aquosa no diagrama de

fases. (A)-(F) conteúdo de 70 a 20g de água na formulação. Aumento

de 200X.

A B

C D

E F

59

Figura 17: Fotomicrografias sob luz polarizada da emulsão com EHL final igual

a 9 submetida ao teste de variação da fração aquosa no diagrama de

fases. (A)-(F) conteúdo de 70 a 20g de água na formulação. Aumento

de 200X.

5.2.2. Teste de perda de massa por evaporação

Nas fotomicrografias obtidas durante o teste de evaporação por perda de

massa (Figuras 18 e 19) observa-se a manutenção de estruturas lamelares até

70% de perda de água. De 10 a 20% de perda de massa (Figuras 18 e 19 (A) e

(B)) há uma melhora da nitidez das estruturas provavelmente devido à perda

de água livre ao redor dos glóbulos. A partir de 50% de perda de água na

formulação com EHL final 7 e de 30% de perda de água na formulação com

EHL final igual a 9 , Figuras 18 (E) e 19 (C), são observadas outras zonas

anisotrópicas além das lamelares.

A B

C D

E F

60

Figura 18: Fotomicrografias sob luz polarizada da emulsão com EHL final igual

a 7 submetida ao teste de perda de massa por evaporação. (A)-(H)

perda de 10% a 80% de massa. Aumento de 200X

A B

C D

E F

G H

61

Figura 19: Fotomicrografias sob luz polarizada da emulsão com EHL final igual

a 9 submetida ao teste de perda de massa por evaporação. (A)-(H)

perda de 10% a 80% de massa. Aumento de 200X.

A presença das estruturas lamelares mesmo após evaporação da água

livre pode ser explicada pelo fato das mesmas serem capazes de armazenar

água entre suas lamelas, processo este que ocorre durante o preparo da

formulação e é mantido pelo período de armazenamento. Considerada como

água ligada, há necessidade de maior energia para sua remoção. A esta

camada de água aprisionada atribui- se a responsabilidade pelo maior poder

A

C

F

H G

E

D

B

62

hidratante de formulações contendo estruturas lamelares. (ECCLESTON, 2000;

SANTOS, 2009).

As zonas anisotrópicas não lamelares são provavelmente formadas por

tensoativo recristalizado. Quando há aumento de temperatura do sistema, o

tensoativo se solubiliza na fase oleosa. Durante o resfriamento o tensoativo

que não se organizou em camadas ao redor da fase dispersa, recristaliza e

seus cristais são anisotrópicos (ECCLESTON, 1990).

5.3. Caracterização das emulsões por difração de raios-X.

Diversos estudos empregam a difração de raios-X para caracterização de

emulsões, micro emulsões e sistemas binários água/tensoativo (LUZZATI,

1957; FRIBERG, 1997; ECCLESTON, 2000; KUNIEDA, 2001; MINEWAKI et

al., 2001; POLIZELLI et al., 2006). Tal técnica tem se mostrado muito útil na

elucidação da interação entre as porções parafínicas e aquosas em sistemas

complexos submetidos à variação de temperatura, como as emulsões. Por

meio desta técnica é possível verificar se os glóbulos das mesmas são

estabilizados por filme monomolecular ou por estruturas lamelares, determinar

a distância entre as lamelas e ainda, a disposição das cadeias carbônicas

destas.

Sabe-se que a quantidade de água presente na formulação tem

influência sobre a formação e espessura das estruturas lamelares (BARRY,

1989; ECCLESTON, 2000; KÓNYA, 2007). Pesquisou-se então a influência da

variação quantitativa das fases aquosa e oleosa sobre as estruturas lamelares.

Para a produção das amostras, foram adotados os valores de EHL 7 e 9.

O par de tensoativos empregado foi PEG-80 Sorbitan Laurate / Steareth-2.

Foram analisadas no total 6 amostras descritas na Tabela 15

Tabela 15: Amostras submetidas ao teste de difração de raios-X.

Amostras Óleo (% p/p) Tensoativo (% p/p)

Água (% p/p)

EHL 7 29 10 10 80 30 20 10 70 06 05 10 85

EHL 9 29 10 10 80 30 20 10 70 06 05 10 85

63

Todas as seis amostras foram submetidas a medidas de baixo ângulo

(SAXS) no momento próximo à manipulação, denominado de T0 (3-7 dias) e

depois de três meses de envelhecimento à temperatura ambiente (Tf). As

amostras de número 29 também foram submetidas a medidas de alto ângulo

(WAXS) nos mesmos tempos especificados.

5.3.1. Difração de raios-X em alto ângulo (WAXS)

Os resultados das medidas de alto ângulo (WAXS) (Figuras 20 e 21 e

Tabelas 16 e 17) revelam um pico definido em torno de 4,1 Å e outro mais largo

em torno de 3,3 Å. O resultado se repete em ambas as amostras analisadas e

nos dois tempos do teste. Estes resultados indicam presença de bicamadas

lipídicas cujas cadeias carbônicas estão organizadas na fase gel.

Eccleston (2000) submeteu amostras preparadas com água e

surfactantes não-iônicos a medidas de alto e baixo ângulo. Os dados obtidos

das medidas de alto ângulo indicam que, amostras com conteúdo de água a

partir de 47% apresentam um pico largo em torno de 4,04 Å, indicando a

presença de bicamadas lipídicas na fase gel organizadas em sub-células

hexagonais.

Segundo Luzzati (1962) sistemas formados por água e lipídios cujas

cadeias estão organizadas como cristais líquidos quando submetidos a

medidas de difração de raios-X exibem pico largo na região de 4,5 Å.

64

-10 0 10 20 30 40 50 60 70

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

21

Inte

nsid

ade

(un.

arb

.)

2θ (°)

Am29 T0 Am29 Tf

0 10 20 30 40 5030000

40000

50000

60000

2

1

Inte

nsid

ade

(un.

arb

.)

2θ (°)

Am29 T0 Am29 Tf

Figura 20: Difratograma (adaptado) referente à amostra 29 com EHL final igual

a 7 (WAXS). No detalhe, difratograma original.

Tabela 16: Dados referentes às medidas de WAXS da amostra 29 com EHL final igual a 7.

Am29

EHL7 WAXS

Picos T0 Tf

2θ (º) d (Å) 2θ (º) d (Å)

1 21,5 4,13 21,3 4,17

2 27,3 3,3 28,1 3,2

Legenda: 2θ = ângulo de reflexão de Bragg, d = distância interplanar, T0 = tempo inicial da análise, de 3 a 7 dias após a manipulação das amostras, Tf = tempo final da análise, após três meses de envelhecimento da emulsão em temperatura ambiente

65

-10 0 10 20 30 40 50 60 70-10000

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000In

tens

idad

e (u

n. a

rb.)

2θ (°)

Am29 T0 Am29 Tf

1 2

0 10 20 30 40 5040000

50000

60000

70000

80000

Inte

nsid

ade

(un.

arb

.)

2θ (°)

Am29 T0 Am29 Tf

1 2

Figura 21: Difratograma (adaptado) referente à amostra 29 com EHL final igual

a 9 (WAXS). No detalhe, o difratograma original.

Tabela17: Dados referentes às medidas de WAXS da amostra 29 com EHL final igual a 9.

Am29

EHL9 WAXS

Picos T0 Tf

2θ (º) d (Å) 2θ (º) d (Å)

1 21,3 4,1 21,4 4,15

2 28,0 3,2 28,0 3,2

Legenda: 2θ = ângulo de reflexão de Bragg, d = distância interplanar, T0 = tempo inicial da análise, de 3 a 7 dias após a manipulação das amostras, Tf = tempo final da análise, após três meses de envelhecimento da emulsão em temperatura ambiente

66

A fase gel é formada em emulsões compostas por surfactantes não-

iônicos e água. Durante o processo de produção os componentes são fundidos

e em seguida adicionados à água sob agitação. Quando o sistema está na

temperatura de produção (± 75°C) é formada uma monocamada de tensoativo

ao redor dos glóbulos da fase interna da emulsão. Durante o processo de

resfriamento as substâncias anfifílicas tornam-se menos hidrossolúveis e

passam desta fase para a interface água/óleo. São formadas então vesículas

multilameladas denominadas de cristais líquidos. Quando o sistema atinge

temperaturas entre 40° e 50°C ocorre a transformação dos cristais líquidos

para fase gel. É quando as cadeias carbônicas do surfactante na camada ao

redor do glóbulo da fase interna passam de um estado desordenado para um

estado organizado (Figura 22) Esta mudança depende da natureza do

tensoativo, da concentração deste na emulsão e do processo produtivo

(ECCLESTON, 1988, 1990, 1997, 2000).

Figura 22: Esquema representando a transição de cristal líquido para fase gel

de acordo com a temperatura de transição (Tt). Adaptado de

Eccleston (1990).

Água

Fase Gel

Água

Cristal Líquido

Acima Tt

Abaixo Tt

67

5.3.2. Difração de raios-X em baixo ângulo (SAXS)

Os resultados das medidas em baixo ângulo (SAXS) estão dispostos nos

difratogramas das Figuras de 24 a 29 e as Tabelas correspondentes de 18 a 23

Nas Tabelas estão dispostos os valores de 2θ para cada pico observado nos

difratogramas e também as distâncias interplanares calculadas. A distância

interplanar d é formada por uma bicamada lipídica e a água entre esta e a

próxima bicamada (Figura 23).

Figura 23: Representação da distância interplanar (d)

distância interplanar (d)

Água

Bicamada lipídica

68

0 1 2-5

0

5

10

15

20

25

30

35

32

1

Inte

nsid

ade

(un.

arb

.)

2θ (°)

Am29 T0 Am29 Tf

Figura 24: Difratograma referente à amostra 29 com EHL final igual a 7 (SAXS)

Tabela 18: Dados referentes às medidas de SAXS da amostra 29 com EHL final igual a 7.

Am29

EHL 7 SAXS

Picos T0 Tf

2θ (º) d (Å) 2θ (º) d (Å)

1 0,45 195,16 0,45 195,16

2 0,91 194,18 0,93 192,70

3 1,37 193,50 1,37 193,50

4 1,81 195,16 1,81 195,16

Legenda: 2θ = ângulo de reflexão de Bragg, d = distância interplanar, T0 = tempo inicial da análise, de 3 a 7 dias após a manipulação das amostras, Tf = tempo final da análise, após três meses de envelhecimento da emulsão em temperatura ambiente

69

0 1 2

0

10

20

30

40

50

60

321 In

tens

idad

e (u

n. a

rb.)

2θ (°)

Am30 T0 Am30 Tf

Figura 25: Difratograma referente à amostra 30 com EHL final igual a 7 (SAXS)

Tabela 19: Dados referentes às medidas de SAXS da amostra 30 com EHL final igual a 7

Am30

EHL 7 SAXS

Picos T0 Tf

2θ (º) d (Å) 2θ (º) d (Å)

1 0,46 192,70 0,39 226,73

2 0,93 190,30 0,85 208,30

3 1,40 189,50 1,30 211,20

Legenda: 2θ = ângulo de reflexão de Bragg, d = distância interplanar, T0 = tempo inicial da análise, de 3 a 7 dias após a manipulação das amostras, Tf = tempo final da análise, após três meses de envelhecimento da emulsão em temperatura ambiente

70

0 1 2

0

5

10

15

20

25

30

32

1

Inte

nsid

ade

(un.

arb

.)

2θ (°)

Am6 T0 Am6 Tf

Figura 26: Difratograma referente à amostra 6 com EHL final igual a 7 (SAXS)

Tabela 20: Dados referentes às medidas de SAXS da amostra 6 com EHL final igual a 7

Am 6

EHL7 SAXS

Picos T0 Tf

2θ (º) d (Å) 2θ (º) d (Å)

1 0,43 205,50 0,46 192,70

2 0,83 212,70 0,92 191,50

3 1,36 195,20 1,37 193,50

Legenda: 2θ = ângulo de reflexão de Bragg, d = distância interplanar, T0 = tempo inicial da análise, de 3 a 7 dias após a manipulação das amostras, Tf = tempo final da análise, após três meses de envelhecimento da emulsão em temperatura ambiente

71

0 1 2

0

5

10

15

20

25

30

43

21

Inte

nsid

ade

(un.

arb

.)

2θ (°)

Am29 T0 Am29 Tf

Figura 27: Difratograma referente à amostra 29 com EHL final igual a 9 (SAXS)

Tabela 21: Dados referentes às medidas de SAXS da amostra 29 com EHL final igual a 9

Am29

EHL9 SAXS

Picos T0 Tf

2θ (º) d (Å) 2θ (º) d (Å)

1 0,43 205,5 0,43 205,5

2 0,87 202,9 0,89 198,9

3 1,31 202,0 1,33 199,4

4 1,75 202,2 1,78 198,3

Legenda: 2θ = ângulo de reflexão de Bragg, d = distância interplanar, T0 = tempo inicial da análise, de 3 a 7 dias após a manipulação das amostras, Tf = tempo final da análise, após três meses de envelhecimento da emulsão em temperatura ambiente

72

0 1 2

0

5

10

15

20

25

30

35

2

43

1In

tens

idad

e(un

. arb

.)

2θ (°)

Am30 T0 Am30 Tf

Figura 28: Difratograma referente à amostra 30 com EHL final igual a 9 (SAXS)

Tabela 22: Dados referentes às medidas de SAXS da amostra 30 com EHL final igual a 9

Am30

EHL9 SAXS

Picos T0 Tf

2θ (º) d (Å) 2θ (º) d (Å)

1 0,43 205,5 0,46 192,7

2 0,88 200,2 0,93 190,3

3 1,32 201,1 1,40 189,6

4 1,75 202,2 1,86 189,76

Legenda: 2θ = ângulo de reflexão de Bragg, d = distância interplanar, T0 = tempo inicial da análise, de 3 a 7 dias após a manipulação das amostras, Tf = tempo final da análise, após três meses de envelhecimento da emulsão em temperatura ambiente

73

0 1 2

0

2

4

6

8

10

12

14

4

3

2

1

Inte

nsid

ade(

un. a

rb.)

2θ (°)

Am6 T 0 Am6 T f

Figura 29: Difratograma referente à amostra 6 com EHL final igual a 9 (SAXS)

Tabela 23: Dados referentes às medidas de SAXS da amostra 6 com EHL final igual a 9

Am6

EHL9 SAXS

Picos T0 Tf

2θ (º) d (Å) 2θ (º) d (Å)

1 0,43 205,50 0,43 205,50

2 0,85 208,30 0,87 207,40

3 1,30 211,20 1,28 207,40

4 1,69 209,10 1,75 202,20

Legenda: 2θ = ângulo de reflexão de Bragg, d = distância interplanar, T0 = tempo inicial da análise, de 3 a 7 dias após a manipulação das amostras, Tf = tempo final da análise, após três meses de envelhecimento da emulsão em temperatura ambiente

As estruturas lamelares na fase gel apresentam sequência alternada de

camadas planares de lipídios e água. A distância entre as bicamadas, chamada

de distância interplanar de Bragg (d), pode ser calculada por meio dos

resultados obtidos com a difração de raios-X a baixo ângulo. De acordo com

Luzzati (1962) os espaços interplanares de Bragg característicos de uma

estrutura lamelar seguem a seguinte proporção: 1:1 / 2:1 / 3:1 e assim por

diante dependendo do número de ordens de reflexão.

As amostras analisadas nesta pesquisa apresentaram correspondência

com os valores propostos por Luzzati. É possível observar em todas a

74

proporção 1:1 / 2:1 / 3:1, tanto em T0 quanto em Tf o que significa que as

amostras mantiveram a estrutura ao longo do tempo. A proporção encontrada e

a proporção teórica para os picos que representam as lamelas estão

exemplificadas na Tabela 24 abaixo.

Tabela 24: Exemplificação da proporção obtida entre os picos da amostra 29 EHL 7 em relação ao valor teórico segundo Luzatti (1962).

Picos 2θ (obtido) 2θ (teórico)

1 0,45 0,45

2 0,91 0,90

3 1,37 1,35

4 1,80 1,81

Em estudo de Eccleston (2000) com emulsões à base de tensoativos

não-iônicos submetidas a medidas de difração de raios-X em alto e baixo

ângulos, foram observadas diferentes distâncias interplanares de acordo com o

conteúdo de água do sistema. Observou-se que o aumento da distância era

proporcional ao aumento da quantidade de água. Nos sistemas que continham

28% de água a distância interplanar foi de 77Å. Para emulsões com 47% de

água a distância calculada foi de 88Å chegando a aproximadamente 357Å

quando o conteúdo de água atingiu 90%.

O conteúdo de água das amostras analisadas nesta pesquisa variou

entre 70 e 85% (amostra 29 = 80%, amostra 30 = 70%, amostra 06 = 85%). As

distâncias interplanares calculadas são compatíveis com os resultados obtidos

por Eccleston (2000), porém, não foi observada grande diferença entre as

amostras com 70% e 85% de água.

Quando são comparadas as amostras com EHL final 7 e 9 (Tabelas 18,

19 e 20 com Tabelas 21, 22 e 23) percebe-se leve aumento das distâncias

interplanares nas amostras com EHL final igual a 9. Estas últimas são

compostas por maior quantidade de tensoativo com alto grau de etoxilação

(PEG-80 Sorbitan Laurate = 31,78% contra 16,28% nas emulsões com EHL

final igual a 7).

De acordo com Eccleston (1990) a presença de surfactantes não-

iônicos.determina a hidratação das cadeias de óxido de etileno do surfatante

75

interposicionado. Nestes casos as cadeias de óxido de etileno estão orientadas

e posicionadas na camada de água interlamelar (Figura30)

Figura 30: Organização das cadeias de óxido de etileno na água

interlamelar.

A estabilização do sistema ocorre pela repulsão estérica e quanto maior

a cadeia de óxido de etileno, maior será a quantidade de água que é

armazenada entre as bicamadas (Figura 31)

Figura 31: Esquema representando a estabilização do sistema emulsionado

por tensoativos com cadeias de óxido de etileno de tamanhos

diferentes. Adaptado de Kunieda (2001)

Durante o tempo de armazenamento da emulsão contendo tensoativos

não-iônicos etoxilados o sistema continua sofrendo mudanças estruturais.

Distância interlamelar

Bicamada

76

Novas bicamadas lipídicas são formadas e isso implica em organização da

água livre entre elas. Também se supõe a entrada de água entre as bicamadas

já existentes. Ocorre, portanto, um aumento da consistência do sistema

(ECCLESTON, 1990).

Eccleston (2000) submeteu amostras contendo surfactantes não-iônicos

etoxilados a medidas de SAXS nos seguintes tempos após o preparo: 1 dia, 3

dias, 3 semanas, 6 semanas, 6 meses e 3 anos. Observou aumento nas

distâncias interplanares em todas as medidas. Isto pode significar aumento na

viscosidade da emulsão e maior estabilidade, porém, grandes mudanças na

consistência não são comercialmente desejáveis, pois podem interferir em

aspectos como escoamento do produto.

Observando as distâncias interplanares entre T0 e Tf nas amostras

analisadas nesta pesquisa não é observada grande variação. Isto sugere que

não ocorreu a entrada de água entre as lamelas proposta pelos resultados de

Eccleston (2000) e (1990) descritos acima.

5.4. Testes de estabilidade acelerada

Para ser considerada apropriada para uso cosmético a emulsão precisa

classificar-se de acordo com alguns critérios, tais como estabilidade prolongada

sob condições variadas de armazenamento; consistência adequada para

aplicação e componentes seguros e que não causem irritação. Cabe ao

formulador estudar e analisar estes fatores que influenciam e determinam o

sucesso de um produto (TADROS, 2004).

Os parâmetros a serem avaliados devem ser definidos pelo formulador e

dependem das características e finalidade de uso da formulação. De modo

geral avaliam-se características organolépticas (aspecto, odor, cor);

características físico-químicas (valor de pH, viscosidade, densidade) e

características microbiológicas (ANVISA, 2004). O estudo de estabilidade

acelerada é preditivo e serve como auxiliar para a determinação do prazo de

validade do produto. Geralmente tem duração de 90 dias e as formulações em

teste são submetidas a condições extremas de armazenamento.

77

Análise macroscópica

Após 7 dias armazenadas na estufa (45±2°C) as formulações

apresentavam água condensada na superfície e após 30 dias ocorreu a

formação de uma camada cerosa, provavelmente formada por tensoativos e

fase oleosa, solidificados após evaporação da fase aquosa. É possível

distinguir estruturas lamelares características quando observadas sob

microscópio óptico com luz polarizada nesta camada cerosa. Sob esta, a

formulação manteve suas características iniciais, porém, foi possível observar

um aumento na fluidez após 30 dias sob estas condições. Nas outras

condições de armazenamento as formulações mantiveram as características

macroscópicas iniciais até o final dos testes.

Análise microscópica

Nas fotomicrografias obtidas durante o teste de análise microscópica

(Figuras 32 e 33) é possível observar a manutenção das estruturas lamelares

anisotrópicas até o período de 90 dias de teste e nas condições extremas de

armazenamento. É possível observar que nas amostras em estufa as

estruturas são mais nítidas, provavelmente devido à evaporação da água livre

que está ao redor dos glóbulos (ECCLESTON, 1990).

Estes resultados corroboram aqueles obtidos no Estudo do

comportamento das formulações frente à evaporação da água descritos no

item 5.2. onde pudemos observar que a água armazenada entre as

multicamadas das estruturas lamelares não é removida por altas temperaturas,

seja durante o armazenamento por certo período de tempo ou com calor

fornecido ao sistema (ECCLESTON, 1990; SANTOS, 2009).

78

Figura 32: Fotomicrografias sob luz polarizada da emulsão com EHL

final igual a 7 submetida ao teste de estabilidade acelerada.

79

Figura 33: Fotomicrografias sob luz polarizada da emulsão com EHL

final igual a 9 submetida ao teste de estabilidade acelerada.

Análise do valore de pH

A análise dos valores de pH visa investigar alterações que tem origem

intrínseca na estabilidade da formulação , ou seja, determinadas por fatores

inerentes à mesma . A variação destes valores pode indicar ocorrência de

reações químicas indesejáveis (ROLAND, 2003; ANVISA, 2004).

Os ácidos graxos insaturados são os compostos lipídicos mais

susceptíveis ao processo oxidativo. Estas reações oxidativas são responsáveis

pelo desenvolvimento de odores desagradáveis e outras alterações que

comprometem a integridade e segurança dos produtos tornando-os impróprios

para consumo (RAMALHO, 2006). Formulações compostas por matérias

primas vegetais com alto teor em ácidos graxos como as analisadas nesta

pesquisa são, portanto, muito suscetíveis às reações oxidativas como a

hidrólise, gerando radicais livres e causando diminuição nos valores de pH

(ANDRADE, 2008).

Segundo Ramalho (2006) para evitar as reações de oxidação é

necessário diminuir a ocorrência de fatores que as favoreçam, tais como

80

incidência de luz, temperaturas elevadas e contato com o oxigênio além de

empregar antioxidantes. O butil-hidroxi-tolueno (BHT) é um composto fenólico

que promove a remoção ou inativação dos radicais livres. É classificado como

antioxidante primário e um dos mais empregados na indústria alimentíciae

cosmética.

Analisando os resultados dispostos nas Figuras 34, 35 e 36, é possível

observar que ocorreu uma diminuição nos valores de pH em todas as

formulações, mesmo naquela contendo o preservante BHT. As formulações

mantidas em geladeira (4±2°C) foram as que mostraram menor variação.

Quando submetidos à análise estatística (“one-way ANOVA” com 0,05

de nível de significância) foi verificado que houve diferença estatística entre os

valores das emulsões com EHL final 7 e 9 sendo esta última então, menos

estável em relação à possíveis reações que geram radicais livres.

A diminuição dos valores de pH observada na formulação contendo

conservante BHT não foi estatisticamente significativa mostrando que este foi

eficaz em combater as reações de degradação dos componentes da

formulação exceto quando submetida à estufa (45±2°C).

81

0 20 40 60 80 1002,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

5,5

6,0

6,5

pH

Tempo (dias)

TA (25°C) GEL (4°C) EST (45°C)

Figura 34: Representação da análise dos valores de pH da emulsão

com valor de EHL final 7 nas diferentes condições de

armazenamento em função do tempo. Sendo: TA =

Temperatura ambiente (25±2ºC); GEL = Geladeira (4±2ºC) e

EST = Estufa (45±2ºC).

82

0 20 40 60 80 1003,0

3,5

4,0

4,5

5,0

5,5

pH

Tempo (dias)

TA GEL EST

Figura 35: Representação da análise dos valores de pH da emulsão

com valor de EHL final 9 nas diferentes condições de

armazenamento em função do tempo. Sendo: TA =

Temperatura ambiente (25±2ºC); GEL = Geladeira (4±2ºC) e

EST = Estufa (45±2ºC).

83

0 20 40 60 80 1003,5

4,0

4,5

5,0

5,5

6,0

pH

Tempo (dias)

TA GEL EST

Figura 36: Representação da análise dos valores de pH da emulsão

com valor de EHL final 7 adicionada de preservante BHT nas

diferentes condições de armazenamento em função do tempo.

Sendo: TA = Temperatura ambiente (25±2ºC); GEL = Geladeira

(4±2ºC) e EST = Estufa (45±2ºC).

5.4.1. Análise reológica

As propriedades de fluxo de uma emulsão são características físicas

determinantes para o equilíbrio do sistema, pois fornecem informações sobre

estabilidade física e consistência do produto. A correlação entre a avaliação

reológica e estes aspectos físicos e de aceitação comercial é de grande

importância na predição do desempenho e no desenvolvimento de novos

produtos (BARNES, 1994; TADROS, 2004).

O comportamento reológico de uma emulsão depende da interação

entre os componentes do sistema. Os parâmetros básicos que o determinam

são: reologia da fase contínua, natureza das partículas da fase dispersa

(tamanho, concentração e deformabilidade) e as interações entre elas

(BARNES, 1994).

Em sistemas emulsionados por tensoativos não-iônicos e álcoois graxos

onde há formação de bicamadas lamelares na fase gel, a reologia é

determinada pela dinâmica da água entre o espaço interlamelar e fase

84

dispersante (RIBEIRO et al., 2004). Segundo Eccleston (1988) e Ribeiro (2004)

a capacidade em armazenar água entre as lamelas e, consequentemente as

propriedades reológicas destas emulsões são determinadas pelo tamanho da

cadeia lipofílica e número de etoxilações do surfactante.

Por meio de caracterização reológica pode-se determinar se um produto

apresenta fluxo Newtoniano ou não-Newtoniano. Fluidos Newtonianos

obedecem à lei de Newton que estabelece que a velocidade do fluxo é

diretamente proporcional à tensão aplicada, portanto, a viscosidade independe

da taxa de cisalhamento. Geralmente o comportamento Newtoniano é

observado em soluções de moléculas com baixo peso molecular e soluções

diluídas.

Sistemas emulsionados geralmente apresentam fluxo não-Newtoniano.

Nestes, a viscosidade depende da taxa de cisalhamento, ou seja, diferentes

valores de viscosidade podem ser obtidas de acordo com a variação da

velocidade e da força aplicada em função do tempo. Este comportamento se

deve a desvios considerados nos estudos da lei de Newton. São conhecidos

três tipos diferentes de comportamento não-Newtoniano dependendo do tipo de

desvio: fluxo plástico, fluxo pseudo-plástico e fluxo dilatante, estes

apresentando ou não tixotropia (BARNES, 1994).

Para produtos cosméticos o comportamento de fluxo pseudo-plástico

apresentando tixotropia é o mais interessante. Materiais que apresentam este

comportamento mostram uma diminuição da resistência ao escoamento à

medida que eleva- se a taxa de cisalhamento. A viscosidade diminui com o

aumento da velocidade de deformação. Esta diminuição da viscosidade é

reversível quando diminuída ou cessada a taxa de cisalhamento. É

interessante para produtos cosméticos, pois estes se tornam menos viscosos

no momento da aplicação facilitando o uso da formulação (GAO, 2003).

A Figura 37 mostra o comportamento característico de fluxo pseudo-

plástico apresentado pelas formulações estudadas. Observa-se que este foi

mantido durante o período de 90 dias de teste não sendo alterado pelas

condições de armazenamento.

85

Tempo (dias)

T(°C) 01 90

25±±±±2

0 20 40 60 80 1000

200

400

600

800

1000

1200

1400

Vis

cosi

dad

e ap

aren

te (

cP)

rpm

EHL 7 EHL 9

0 20 40 60 80 100

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Vis

cosi

dad

e ap

aren

te (

cP)

rpm

EHL7 EHL9

4±±±±2

0 20 40 60 80 1000

200

400

600

800

1000

1200

Vis

cosi

dad

e ap

aren

te (

cP)

rpm

EHL7 EHL9

0 20 40 60 80 100

100

200

300

400

500

600

700

800V

isco

sid

ade

apar

ente

(cP

)

rpm

EHL7 EHL9

45±±±±2

0 20 40 60 80 10050

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Vis

cosi

dad

e ap

aren

te (

cP)

rpm

EHL7 EHL9

20 40 60 80 10050

100

150

200

250

300

350

400

450

Vis

cosi

dad

e ap

aren

te (

cP)

rpm

EHL7 EHL9

Figura 37: Gráficos demonstrando o comportamento pseudo-plástico das

formulações com valores de EHL final 7 e 9.

86

A tixotropia pode ser representada quantitativamente pela área de

histerese formada entre as curvas, ascendente e descendente, de um

reograma (PIANOVSKI, 2008). É interessante para produtos cosméticos a

recuperação da viscosidade inicial, pois esta contribui para a estabilidade do

produto. Quanto mais elevado o valor de área de histerese, maior o tempo de

retomada da viscosidade. Se este valor varia com o tempo de armazenamento,

pode refletir em variações na estabilidade (FIGUEIREDO, 2005). O aumento da

área de histerese em função do tempo em emulsões com cristal líquido é um

indicativo de aumento da microestrutura da rede líquido-cristalina e, portanto,

de maior estabilidade (SANTOS, 2006).

Todas as formulações estudadas apresentaram área de histerese, e,

portanto, tixotropia, porém observou-se diminuição nos valores com o tempo e

nas temperaturas de armazenamento estudadas como demonstrado na figura

38 e na tabela 26.

TA GEL EST0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

área

de

hist

eres

e (D

/cm

2 .s)

Condição de armazenamento

EHL 7 01 dia EHL 7 90 dias EHL 9 01 dia EHL 9 90 dias

Figura 38: Áreas de histerese das formulações estudadas ao 01º e 90º dias

após a manipulação. Sendo: TA = Temperatura ambiente (25±2ºC);

GEL = Geladeira (4±2ºC) e EST = Estufa (45±2ºC).

87

A floculação ocorre quando as forças de van-der-Waals, atrativas,

superam as forças repulsivas. Segundo Tadros (2004) as áreas de histerese e

a tixotropia são influenciadas pelo grau de floculação das emulsões. Pianovski

(2008) relata que um aumento da frequência de colisão entre partículas

dispersas resulta no aumento da ligação interparticular ao longo do tempo. Os

resultados obtidos podem indicar que este fenômeno de instabilidade é o

responsável pela variação nos valores de áreas de histerese e que pode ser

acarretado pela alta quantidade de materiais graxos sólidos em temperatura

ambiente (manteigas de cacau e cupuaçu) na composição das formulações.

Quando comparados os resultados das formulações com valores de EHL

final 7 e 9 pode-se observar que a variação dos valores da área de histerese

com o tempo foi maior para a formulação com EHL 9, indicando que esta seria

a mais instável. Isto corrobora os resultados do teste de estabilidade preliminar

onde foi observado que à temperatura de 55 ºC no teste de estresse térmico

esta formulação mostrava sinais de instabilidade.

Eccleston (1990) propõe que ao longo do tempo ocorre penetração de

água livre no espaço interlamelar das estruturas em fase gel e que isso

aumenta a viscosidade do sistema. Avaliando os resultados de viscosidade

aparente (Tabela 25) pode-se observar que, embora não estatisticamente

significativo, os valores aumentaram em função do tempo.

Tabela25: Resultados da análise reológica das formulações com valor de EHL final 7 e 9. EHL 7 EHL 9

Tempo Temperatura

(±2ºC)

Viscosidade

aparente

(cP)

Área de

histerese

(D/cm2)

Viscosidade

aparente

(cP)

Área de

histerese

(D/cm2)

01 dia

25 160,7 545,48 118 567,55

4 125 545,48 101 934,6º

45 106 553,38 114 731,65

90 dias

25 181 455,18 87 249,00

4 173 405,78 102 404,70

45 150 350,05 63 389,00

88

5.5. Avaliação in vivo do potencial hidratante, oleosidade e valor de pH

cutâneos

5.5. Avaliação in vivo do potencial hidratante, oleosidade e valor de pH

cutâneo.

5.5.1. Avaliação do potencial hidratante

O grau de hidratação do estrato córneo pode ser avaliado por métodos

simples, rápidos e não invasivos empregando propriedades elétricas e

dielétricas da pele. Um método in vivo comercialmente disponível avalia a

capacitância da pele e proporciona um perfil cinético da hidratação em função

do tempo (ROGIERS, 1990).

0 20 40 60 80 100 120 140 16095

100

105

110

115

120

125

130

135

140

145

150

155

Hid

rata

ção

Rel

ativ

a (%

)

Tempo (min)

Mercado EHL 7 EHL 9Controle

Figura 39: Gráfico representando o resultado da avaliação do potencial hidratante das formulações.

Analisando o gráfico da figura 39 é possível observar que todas as

formulações estudadas promoveram maior hidratação do estrato córneo na

primeira leitura e apresentaram queda ao longo do tempo. Somente a região

89

controle apresentou menores valores no tempo inicial e ligeiro aumento dos

mesmos ao longo do tempo, porém este aumento não foi significativo.

É possível observar que a formulação de mercado foi aquela que

promoveu a maior hidratação durante todo o tempo de teste. Após análise

estatística dos dados foi constatado que a variação dos valores de hidratação

durante o tempo do teste é maior para esta formulação (p = 0,033) quando

comparada com as formulações desenvolvidas (pEHL7 = 0,09 e pEHL9 = 0,10) Isto

significa que as formulações com valor de EHL final 7 e 9 promovem hidratação

mais prolongada. As formulações com EHL final 7 e 9 não apresentaram

diferença estatística quando comparadas entre si. A formulação com EHL 7

apresentava-se mais firme e com menos brilho quando comparada àquela com

EHL 9. Nos resultados de análise reológica foi possível confirmar que esta

última é menos viscosa. A partir do resultado de hidratação é possível concluir

que a diferença de viscosidade não interferiu nesta propriedade.

A formulação de mercado é de marca conhecida e consagrada e

acessível a todos os tipos de consumidor. Na embalagem lê-se que é indicada

para peles secas. Entre os ativos estão a glicerina, o propilenoglicol e o óleo

mineral. Não há indicação de presença de estruturas lamelares ou cristais

líquidos e quando observada sob microscópio de luz polarizada, não foi

possível observar regiões anisotrópicas, confirmando a ausência de tais

estruturas. Portanto A presença das estruturas lamelares devido ao

armazenamento de água entre suas multicamadas, promove aumento da

capacidade hidratante da formulação podendo ser considerada como

“hidratação prolongada” (ECCLESTON, 1988, ENGELS & RYBINSKI, 1998,

RIBEIRO, 2004).

5.5.2. Avaliação da oleosidade cutânea

Nos resultados (Figura 40) é possível observar que as formulações

aumentaram consideravelmente a oleosidade da pele e que os valores

decresceram ao longo do tempo. A região controle não demonstrou mudanças

nos valores. Provavelmente isto ocorre porque as condições de umidade e

temperatura no momento do teste (UR: 75±5%; T: 24±2°C) não foram

favoráveis para que as glândulas sebáceas produzissem secreção suficiente

90

para ser detectada pelo aparelho. Isto mostra que os valores encontrados no

teste são somente decorrentes da aplicação das formulações.

Após análise estatística dos resultados verificou-se que a diminuição dos

valores em função do tempo para as formulações com valor de EHL 7 e 9 (p =

0,009 e p = 0,35 respectivamente) não foram significativas ocorrendo o inverso

para a formulação de mercado (p = 0,78). Assim, pode- se dizer que a

formulações desenvolvidas mantém-se por mais tempo sobre a pele antes de

serem absorvidas. O aumento da oleosidade cutânea é esperado quando são

aplicadas emulsões na pele ocorrendo o inverso com o aspecto oleoso. As

características da composição das formulações desenvolvidas, como por

exemplo, quantidade elevada de material oleoso pode justificar os resultados

encontrados.

20 40 60 80 100 120 140 160-10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

µµ µµg

seb

o/c

m2

Tempo (min)

Mercado EHL7 EHL9 Controle

Figura 40: Gráfico do resultado da avaliação da oleosidade cutânea das formulações.

5.5.3. Avaliação dos valores de pH cutâneo.

Um estrato córneo saudável apresenta um pH ácido, em torno de 5,5

para mulheres e 5,0 para homens. Este manto ácido pode ser gerado por

diversos fatores, entre eles: metabolismo superficial de microorganismos;

ácidos graxos derivados do sebo; e hidrólises generalizadas na epiderme.

91

Exerce um efeito fungicida e bactericida protetor e é essencial para a saúde

cutânea (HARRIS, 2003; SANTOS, 2005).

Na figura 41 pode- se observar que os valores encontrados tanto para as

formulações testadas quanto para o controle, encontram-se próximos do valor

considerado normal para pele feminina. É possível notar também que não

houve variação significativa com o tempo. A aplicação das formulações não

alterou a fisiologia dos locais de aplicação.

0 20 40 60 80 100 120 140 1605,0

5,2

5,4

5,6

5,8

6,0

6,2

6,4

Val

or

de

pH

Tempo (min)

Mercado EHL 7 EHL 9 Controle

Figura 41: Gráfico do resultado da avaliação dos valores de pH cutâneo após aplicação das formulações.

CONCLUSÕESCONCLUSÕESCONCLUSÕESCONCLUSÕES

93

6. CONCLUSÕES

Diante dos resultados obtidos pode-se concluir que:

• Dentre os diferentes pares de tensoativos empregados apenas o par

PEG-80 Sorbitan Laurate / Steareth-2 permitiu a obtenção de emulsões

O/A á base de óleos vegetais (andiroba/copaíba);

• As emulsões desenvolvidas foram aditivadas com manteiga de cacau e

cupuaçu em valores de EHL iguais a 7 e 9;

• Nestas formulações foi observada a formação de estruturas lamelares

que se mantiveram estáveis frente aos testes de estabilidade preliminar;

• O teste de evaporação da fase aquosa demonstrou que ao final ainda é

possível observar estruturas lamelares, sugerindo que a água

armazenada entre as lamelas é resistente à evaporação. O estudo do

comportamento das estruturas lamelares frente à variação da fase

aquosa mostrou que estas foram formadas em todas as formulações

mesmo naquela com menor conteúdo de água (20%);

• Por meio da análise por Difração de Raios-X em alto ângulo (WAXS) foi

possível determinar que as cadeias carbônicas que formam as

bicamadas lamelares estão dispostas em um estado ordenado

denominado de fase gel. Esta conformação foi mantida nos dois tempos

de análise (logo após o preparo e com três meses de envelhecimento

em temperatura ambiente). Também foi possível determinar que a

variação do EHL final da emulsão, nos valores analisados (valores de

EHL final 7 e 9), não interferiu na formação de fase gel;

• As análises por Difração de Raios-X em baixo ângulo (SAXS) mostraram

que o tensoativo ao redor dos glóbulos da fase interna das emulsões

está disposto em bicamadas multilamelares, é independente do

94

conteúdo aquoso do sistema e mantém- se após três meses de

envelhecimento;

• Os valores das distâncias interplanares calculados a partir dos dados

obtidos por SAXS sugeriu que não houve aumento da quantidade de

água armazenada entre as bicamadas lamelares durante os três meses

de armazenamento, ao contrário do que era esperado para sistemas

formados por tensoativos não-iônicos etoxilados;

• Os testes de estabilidade acelerada e a avaliação reológica revelaram o

comportamento pseudoplástico com tixotropia não alterados pelas

condições de armazenamento. A tixotropia diminuiu com o tempo

mostrando certa instabilidade. Foi possível observar que a formulação

com valor de EHL final 7 é a mais estável;

• Os testes de avaliação “in vivo” mostraram que as formulações

aumentaram a hidratação relativa e que esta é prolongada em relação

àquela promovida pela formulação de mercado. A oleosidade tem

aumento inicial e decresce ao longo do tempo. Os valores de pH

cutâneos permanecem dentro dos valores normais após a aplicação das

formulações.

REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBIBLIOGRÁFICASBIBLIOGRÁFICASBIBLIOGRÁFICAS

96

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOSANEXOSANEXOSANEXOS

Anexo B